Covid-19 | Recusada investigação internacional sobre origem do vírus

[dropcap]A[/dropcap] China recusou ontem uma investigação internacional sobre a origem do novo coronavírus, apontando como prioridade travar a pandemia, numa altura em que os Estados Unidos acusam o regime chinês de negligência.

“A primeira prioridade é concentrarmo-nos no combate à pandemia até à vitória final”, defendeu o embaixador chinês nas Nações Unidas, Chen Xu, numa videoconferência de imprensa.

Questionado sobre um possível convite pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para enviar especialistas a Wuhan, o berço da pandemia, Chen disse que o contexto diplomático não o permite, denunciando as declarações dos líderes norte-americanos, que garantem que o vírus saiu de um laboratório situado na cidade.

“Não podemos tolerar que este tipo de vírus político se alastre livremente (…) quando todos os esforços devem ser feitos para combater o vírus real”, afirmou.

“Em princípio, não somos alérgicos a nenhuma forma de investigação ou avaliação”, que permitam “preparar futuras emergências de saúde”, mas “não temos tempo a perder para salvar vidas”, sublinhou o diplomata.

“Para saber se e como um convite [à OMS] pode funcionar, temos, por um momento, de definir as prioridades certas e, por outro, precisamos de um bom ambiente”, acrescentou.

Dedos apontados

O diplomata acusou o presidente dos EUA, Donald Trump, e o secretário de Estado Mike Pompeo, que afirmam ter provas de que o novo coronavírus teve origem num laboratório de virologia em Wuhan, de “dificultarem a luta contra a pandemia” por “tentarem desviar a atenção sobre a sua própria responsabilidade” pela propagação do vírus nos Estados Unidos.

Pressionado a negar as alegações norte-americanas, Chen argumentou que não está na posição para isso.
“Se o Presidente Trump ou Pompeo tiverem provas, eles que revelem ao mundo, em vez de apontarem o dedo. Só os cientistas podem responder a estas perguntas”, afirmou.

7 Mai 2020

Pequim diz que não vai “ficar sentada” a ver protestos em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] gabinete do Governo chinês encarregue dos assuntos de Hong Kong classificou ontem os manifestantes antigovernamentais da cidade como “vírus político” e alertou que Pequim não vai ficar “sentada a olhar” se os protestos violentos forem retomados.

O Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau da China disse que os manifestantes violentos e a sua mentalidade “se ardermos, vocês ardem connosco” constituem um vírus político e um inimigo do princípio ‘um país, dois sistemas’, que garante alto grau de autonomia às duas regiões semiautónomas da China.

O Gabinete referiu os protestos do 1.º de Maio e a descoberta de uma bomba suspeita pela polícia no fim de semana, numa altura em que os manifestantes voltam ao activo, depois da pandemia do novo coronavírus.

O porta-voz avisou que, se a “violência” não parar, Hong Kong não terá paz, e que o Governo central não vai ficar “sentado a olhar” ao ser confrontado com “forças destrutivas”.

A antiga colónia britânica atravessou, no ano passado, a sua pior crise política desde a transferência da soberania para as autoridades chinesas, em 1997, com protestos diários, marcados por cenas de vandalismo e confrontos entre a polícia e os manifestantes.

A abrir

As regras que proíbem reuniões públicas de mais de quatro pessoas vão ser relaxadas e as empresas fechadas para impedir a propagação do vírus poderão reabrir no final desta semana. Hong Kong não regista novas infecções locais desde meados de Abril.

A economia de Hong Kong contraiu 8,9 por cento, no primeiro trimestre, devido às medidas de distanciamento social adoptadas pelos moradores e à queda no turismo, que atingiu o consumo.

7 Mai 2020

HRW | ONG apela ao fim da discriminação da China para com africanos

[dropcap]A[/dropcap] organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) pediu ontem a Pequim que acabe com a discriminação aos africanos na China no âmbito da pandemia da covid-19. “O Governo chinês deve parar com o tratamento discriminatório aos africanos relacionado com a pandemia de Covid-19”, afirmou a ONG em comunicado.

“As autoridades também devem proteger africanos e pessoas de ascendência africana em toda a China contra discriminação no emprego, moradia e em outros domínios”, defendeu a HRW.

Um dos membros da organização na China, Yaqiu Wang, citado na mesma nota, argumentou que “as autoridades chinesas reivindicam ‘tolerância zero’ à discriminação, mas o que estão a fazer com os africanos em Cantão é apenas um exemplo”.

“Pequim deve investigar imediatamente e responsabilizar todos os funcionários e outros responsáveis pelo tratamento discriminatório”, acrescentou.

A ONG recordou que a 12 de Abril as autoridades da província de Guangdong, onde se situa Cantão, anunciaram que todos os estrangeiros deviam aceitar as medidas de prevenção e contenção da pandemia da covid-19.

Mas, na prática, as autoridades tinham como alvo os africanos para testes e quarentena forçado, alegou a HRW: “Visitaram casas de residentes africanos, testando-os no local ou instruindo-os a fazer um teste em um hospital. Alguns receberam ordens para se confinarem em casa com câmaras de vigilância ou alarmes instalados fora dos seus apartamentos”.

O que não se justificava, para a ONG, já que “não havia base científica evidente para esta política”.
Afinal, “a maioria dos casos importados da covid-19 para a província eram cidadãos chineses que regressavam ao país” e “muitos africanos já haviam testado negativo para o coronavírus, não tinham histórico recente de viagens ou não tinham contacto com pacientes”, acrescentou a HRW.

Bem-vindos

Em meados de Abril, o Governo chinês garantiu ter “tolerância zero” para com tratamento discriminatório, depois de países africanos terem protestado formalmente contra a alegada discriminação sofrida pelos seus cidadãos em Cantão, devido à pandemia do novo coronavírus.

“Os nossos amigos africanos podem contar com uma recepção justa, cordial e amigável na China”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian.

O porta-voz respondeu assim a uma carta enviada pelos embaixadores africanos ao ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, e ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Outros relatos

Os embaixadores africanos denunciaram ainda alegadas quarentenas forçadas para africanos, apesar de testarem negativo, ameaças de anulação do visto de residência e deportação pelas autoridades chinesas, apesar de terem os documentos em dia.

Portugueses a residirem na China, precisamente em Cantão, queixaram-se também à Lusa em meados de Abril de discriminação por parte de chineses por medo da covid-19, uma realidade que já então a HRW disse que afectava a comunidade estrangeira e que estava a ser ignorada por Pequim.

“O Governo central tem o dever de proteger toda a gente (…) Este racismo tem de ser parado”, afirmou também em meados de Abril à agência Lusa o vice-diretor da HRW para a Ásia, acrescentando que a ONG tem recebido várias denúncias de estrangeiros barrados em vários serviços e que estão a sofrer ataques xenófobos nas ruas e nas redes sociais do país.

A mesma organização denunciou casos em que proprietários expulsaram residentes africanos, forçando muitos a dormir na rua, e de hotéis, lojas e restaurantes que recusaram clientes africanos.

6 Mai 2020

Coreia do Norte | Kim Jong Un aparece em público

[dropcap]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, apareceu sexta-feira em público pela primeira vez em mais de um mês, acabando assim com rumores acerca do seu estado de saúde, indicou a agência de notícias oficial KCNA. Segundo aquela agência, Kim Jong Un participou na inauguração de uma fábrica.

O líder norte-coreano “assistiu à cerimónia” e “todos os participantes gritaram ‘urra’” quando ele apareceu, indicou a KCNA. Kim Jong Un não aparecia em público desde que presidiu a uma reunião em 11 de Abril.

Nos últimos dias, vários órgãos de comunicação apontaram que Kim se encontra em estado crítico, depois de ter sido, alegadamente, sujeito a uma cirurgia cardíaca, algo que as autoridades sul-coreanas designaram de “notícias falsas”.

4 Mai 2020

AI | Pedido a Governos asiáticos para que recebam barcos com rohingya

[dropcap]A[/dropcap] Amnistia Internacional enviou uma carta aberta a diversos governos asiáticos e ao australiano para que ajudem barcos com rohingyas, à deriva no golfo de Bengala, recusados por diversos países por medo de que sejam portadores de covid-19.

A Organização Não-governamental (ONG) enviou a carta depois de um navio, que havia sido rejeitado pelas autoridades da Malásia, ter chegado à costa de Bangladesh com 396 rohingya desnutridos, após dois meses no mar, tendo morrido pelo menos 28 pessoas.

Uma semana depois, as autoridades do Bangladesh indicaram que, devido à covid-19, não aceitarão a entrada de mais navios com rohingya, uma minoria muçulmana perseguida na Birmânia (Myanmar).

“Vários barcos de pesca com centenas de homens, mulheres e crianças – que se acredita serem rohingya – estão actualmente à deriva no mar, depois de serem rejeitados pelos Governos que mencionam a pandemia da covid-19”, afirma-se na carta, assinada na sexta-feira por Clare Algar, directora de Investigação, Advocacia e Política da Amnistia Internacional.

Algar afirmou que há actualmente cerca de 800 refugiados e emigrantes em alto mar e instou as autoridades da região a protegerem estas vidas por razões humanitárias e também a cumprirem as suas responsabilidades perante as leis e acordos internacionais.

A carta é dirigida aos Governos da Austrália, Bangladesh, Brunei, Camboja, Índia, Indonésia, Laos, Malásia, Birmânia, Paquistão, Filipinas, Singapura, Timor-Leste, Tailândia, Sri Lanka e Vietname.

Minorias em sofrimento

Mais de 700.000 refugiados rohingya vivem no Bangladesh desde a limpeza étnica que sofreram entre 2016 e 2017 às mãos do exército birmanês, que está a ser julgado por alegado genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (Haia).

A situação da covid-19 também provocou reclamações de várias ONG em países como a Malásia, onde cerca de 700 imigrantes e refugiados foram esta semana presos e amontoados em centros de detenção temporária pelas autoridades.

Na Tailândia, a ONG Fortify Rights pediu ao Governo que libertasse os refugiados e os migrantes que se encontram em centros de detenção, depois de 42 deles terem dado positivo para o novo coronavírus na província de Songkhla, no sul.

4 Mai 2020

Governo de Hong Kong prevê pior crise financeira em mais de 20 anos

[dropcap]A[/dropcap] economia de Hong Kong pode encolher entre 4% e 7% neste ano fiscal devido ao impacto prolongado da pandemia da covid-19, alertou hoje o Governo da região.

O secretário para as Finanças, Paul Chan Mo-po, reviu as previsões de Fevereiro, altura em que tinha afirmado que o Produto Interno Bruto (PIB) podia cair, este ano, 1,5% ou crescer 0,5% no máximo, de acordo com o diário de Hong Kong South China Morning Post.

“A magnitude da recessão económica de Hong Kong no primeiro trimestre pode ser pior do que no tsunami económico global de 2008, ou no impacto da crise financeira asiática [1997-1998]”, declarou o responsável no debate do orçamento para este ano, no Conselho Legislativo.

Chan salientou que o impacto da pandemia na economia da cidade foi “mais grave e prolongado” do que o previsto. “O desempenho económico de Hong Kong vai inevitavelmente ser pior do que o esperado”, disse o secretário.

Perante um eventual regresso dos protestos antigovernamentais, na sequência de uma diminuição dos casos da covid-19 identificados no território, Chan avisou que a estabilidade social é crucial para a recuperação económica da cidade.

“Se os confrontos violentos… da segunda metade do ano passado ressurgirem, levarão seguramente ao encerramento de mais lojas e ao fim do investimento de capital estrangeiro em negócios em Hong Kong”, advertiu.

Com 1.037 casos da covid-19, Hong Kong está sem novas infecções pelo quarto dia consecutivo. A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 215 mil mortos e infectou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.

29 Abr 2020

China | Assembleia Nacional Popular reúne a 22 de Maio

[dropcap]A[/dropcap] sessão plenária do parlamento chinês vai realizar-se em 22 de Maio, após ter sido adiada por dois meses e meio devido ao surto do novo coronavírus, informou hoje a agência noticiosa oficial Xinhua. O mais importante evento anual da agenda política chinesa, que deveria ter ocorrido no início de Março, foi adiado no final de Fevereiro, no auge da crise epidémica na China.

A sessão plenária da Assembleia Nacional Popular deve permitir ao Presidente chinês, Xi Jinping, proclamar a vitória do país sobre a epidemia do novo coronavírus, que começou na cidade chinesa de Wuhan, em Dezembro passado, mas que, entretanto, espalhou-se por todo o mundo.

Durante a sessão anual, que dura 10 dias, os quase três mil deputados órgão máximo legislativo da China, oriundos de todo o país, e eleitos por cinco anos, a partir das assembleias das diferentes províncias, regiões autónomas, municípios, regiões administrativas especiais e das forças armadas do país, estão encarregues de aprovar projectos de lei, o relatório do Governo ou o orçamento de Estado.

Face à ameaça de casos importados e dos casos assintomáticos, a capital chinesa permanece vigilante, e qualquer pessoa que chegue a Pequim ter que realizar uma quarentena de pelo menos 14 dias. A Xinhua não detalhou se todos os deputados estariam fisicamente presentes em Pequim ou se alguns poderiam participar na sessão plenária via ‘online’.

Constitucionalmente, a ANP é o “supremo órgão do poder de Estado na China”, mas cerca de 70% dos deputados são membros do Partido Comunista Chinês (PCC).

29 Abr 2020

Covid-19 | China regista 22 casos de infecção nas últimas 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] China registou 22 casos de infecção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, 21 deles oriundos do exterior, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Trata-se de um aumento significativo face ao dia anterior, quando o país registou seis casos. O único caso de contágio local foi detectado na província de Guangdong.

Não há registo de mais vítimas mortais até às 23:59 de terça-feira na China, segundo as autoridades chinesas. O número de infectados activos no país fixou-se em 647, depois de 23 pessoas terem tido alta, nas últimas 24 horas.

Desde o início da epidemia, a China registou, no total, 82.858 infectados e 4.633 mortos devido a Covid-19. Até ao momento, 77.578 pessoas tiveram alta. As autoridades chinesas referiram que 731.910 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 8.283 permanecem sob observação.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 215 mil mortos e infectou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios. A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

29 Abr 2020

UE | Negada cedência a pressão chinesa sobre desinformação

[dropcap]A[/dropcap] União Europeia rejeitou ontem liminarmente ter cedido a pressões de Pequim para ‘suavizar’ as referências à China no seu mais recente relatório sobre desinformação no quadro da pandemia da covid-19, garantindo que expõe sem interferências os factos sobre ‘fake news’.

Segundo várias publicações que tiveram acesso a um ‘rascunho’ do relatório do Serviço Europeu de Acção Externa (SEAE), o documento original era muito mais crítico relativamente à actuação das autoridades chinesas do que a versão final que acabou por ser publicada, com atraso, na última sexta-feira, 24 de Abril.

De acordo com o jornal New York Times, o relatório do SEAE, o corpo diplomático da UE, foi alterado depois de pressões da China para que a linguagem fosse “suavizada”, apontando a publicação norte-americana que foram retiradas referências como a que aludia a uma “campanha de desinformação global” empreendida pelas autoridades chinesas, com o intuíto de “desviar as culpas do surto da pandemia e melhorar a sua imagem internacional”.

O jornal indica também ter tido acesso a um correio electrónico enviado por um diplomata europeu a colegas na véspera da publicação do relatório, no qual este escreve que “os chineses já estão a ameaçar com reacções se o relatório for publicado”.

Ontem, na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, no qual o assunto esteve em destaque, o porta-voz principal para os Negócios Estrangeiros rejeitou vigorosamente as notícias sobre a cedência a pressões de Pequim, apontando que “não houve alterações e não houve várias versões do documento que foi tornado público”.

Segundo Peter Stano, tal como acontece em muitas instituições e organizações, incluindo órgãos de comunicação social, há documentos que são para “consumo interno” – o que era o caso daquele a que tiveram acesso algumas publicações – e outros elaborados de forma autónoma para publicação externa, que são sujeitos a procedimentos editoriais, caso do relatório publicado na sexta-feira.

“O SEAE lidera as actividades com o objectivo de expor a desinformação. Fazemo-lo regularmente através de um site dedicado a tal, com o endereço www.euvsdisinfo.eu , e eu espero francamente que quem quer que tenha dúvidas sobre a transparência e a qualidade do nosso trabalho relativamente à desinformação consulte este sítio de Internet”, declarou.

“Por isso, refuto e contesto em absoluto quaisquer acusações de que estamos a ceder a qualquer tipo de pressão externa”, insurgiu-se.

Insistindo que estes relatórios sobre desinformação, que têm sido actualizados regularmente à luz das últimas tendências observadas a nível global, não hesitam em “nomear os actores” que promovem as ‘fake news’, o porta-voz lembrou também que estes relatórios são feitos com base em fontes abertas, pelo que nem faria sentido tentar ‘maquilhar’ os factos.

“Atendendo a que trabalhamos com fontes abertas e basicamente com informação que está aí fora ao dispor de toda a gente que queira verificar, pensar que omitir ou não dizer algo vai fazer com que isso desapareça ou agradar a alguém é não só ingénuo, mas até absurdo, peço desculpa”, declarou o porta-voz.

Outras narrativas

De acordo com o relatório actualizado publicado na passada sexta-feira sobre desinformação no quadro da pandemia da covid-19 – que se segue a outros documentos já publicados em 19 de Março e 1 de Abril -, “apesar do seu impacto potencialmente grave na saúde pública, fontes oficiais e estatais de vários governos, incluindo a Rússia e – em menor grau – a China, continuaram a visar amplamente as narrativas de conspiração e a desinformação, tanto junto das audiências públicas da UE como da vizinhança mais ampla”.

Focado sobretudo nas campanhas de desinformação fomentadas pelo Kremlin, o relatório aponta que “há também provas de um esforço coordenado por parte de fontes oficiais chinesas no sentido de desviar qualquer responsabilidade pelo surto da pandemia, de divulgar anúncios e entregas de assistência bilateral, com sondagens em certos países a mostrar que a China é vista como mais útil no combate à pandemia do que a UE”.

28 Abr 2020

Coreia do Sul assegura que Kim Jong-un está “vivo e de boa saúde”

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades sul-coreanas consideram que o líder da Coreia do Norte está “vivo e de boa saúde”, minimizando a seriedade dos rumores sobre os alegados de problemas de saúde de Kim Jong-un. “A posição do nosso Governo é firme”, disse Moon Chung-in, conselheiro especial do Presidente sul-coreano em segurança nacional, à emissora de televisão norte-americana CNN, no domingo.

O conselheiro acrescentou ainda que o líder norte-coreano está hospedado desde 13 de abril em Wonsan, um resort à beira-mar no leste do país. “Nenhuma acção suspeita foi detectada até agora”, reforçou. A imprensa internacional noticiou este domingo que o suposto comboio de Kim Jong-un foi avistado em imagens de satélite entre os dias 21 e 23 de Abril parado numa estação reservada à sua família, na cidade de Wonsan.

As fotografias foram publicadas pelo portal especializado em assuntos norte-coreanos, 38 North, e, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, a locomotiva está estacionada, naquele local, pelo menos desde terça-feira.

De acordo com o portal norte-americano 38 North, a presença do comboio “não prova nada sobre o paradeiro do líder norte-coreano nem indica sobre o seu estado de saúde”, adiantando, por outro lado, que “dá credibilidade de que Kim está numa zona balnear na costa leste”.

Na semana passada, a cadeia de televisão norte-americana CNN tinha noticiado, citando um responsável norte-americano, que os EUA tinham acesso a informações de que Kim Jong-un estaria “em estado grave”, devido a complicações pós-operatórias.

As dúvidas sobre os possíveis problemas de saúde do líder norte-coreano surgiram após a sua ausência na tradicional visita ao mausoléu de Pyongyang onde permanece o corpo do seu avô Kim Il-sung, de acordo com as imagens divulgadas pelos média do país.

Por tradição, no dia 15 de Abril, aniversário do nascimento do seu avô e a principal festividade nacional, Kim Jong-un visita o Palácio do Sol de Kumsusan e presta tributo ao fundador da Coreia do Norte, com ampla cobertura dos media controlados pelo regime.

O Daily NK, um meio de comunicação administrado por norte-coreanos desertados, informou que o líder norte-coreano havia sido operado em Abril devido a problemas cardiovasculares, e estava a recuperar numa vila da província de Pyongan Norte. Com 36 anos, o líder norte-coreano tem problemas de obesidade e é um fumador compulsivo. O estado de saúde de Kim Jong-un permanece em grande mistério, de acordo com a agência EFE.

27 Abr 2020

Alunos do ensino médio e secundário voltaram hoje à escola na China

[dropcap]O[/dropcap]s alunos do último ano no ensino médio e básico voltaram hoje a ter aulas presenciais na China, ao fim de dois meses de encerramento das escolas, devido às medidas de prevenção contra a propagação do novo coronavírus.

O ministério da Educação chinês informou que a maioria das escolas de ensino médio e secundário retomaram as aulas, mas apenas para alunos do último ano, visando a preparação para os exames de acesso ao ensino secundário e superior, respetivamente, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

A mesma fonte não especificou quantas escolas autorizaram o regresso às aulas ou quantos alunos foram abrangidos pela medida.

Segundo a televisão estatal CGTN, só em Pequim, 49.000 alunos do ensino secundário voltaram hoje a ter aulas presenciais, visando a preparação para o ‘gaokao’, o exame de acesso ao ensino superior na China, que foi adiado por um mês, para os dias 07 e 08 de julho.

No entanto, no distrito de Chaoyang, que inclui o centro da capital chinesa, o retorno dos estudantes não foi integral, já que esta área foi designada de alto risco, devido a um surto nos últimos dias originado por um estudante chinês que regressou dos Estados Unidos.

A Xinhua informou ainda que as escolas vão sujeitar os alunos a “medidas usuais de controlo e prevenção da epidemia”, que incluem medições de temperatura e a obrigação do uso de máscara cirúrgica ou de proteção respiratória.

O jornal oficial em língua inglesa China Daily indicou ainda, através da sua conta oficial no Twitter, que “trinta províncias e municípios da China, incluindo Pequim e Xangai, reabriram as suas escolas”. O retorno às aulas dos diferentes níveis educacionais está a ser realizado de forma diferente e gradual nas diferentes províncias chinesas, dependendo da situação epidémica.

Durante as semanas em que as escolas estiveram encerradas, muitos estudantes chineses continuaram a ter aulas via ‘online’.

A China registou três casos de infecção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, dois deles oriundos do exterior, e uma vítima mortal, informou a Comissão de Saúde do país. Trata-se de uma queda face a sexta-feira e sábado, quando o país registou doze e onze casos, respectivamente. Desde o início da epidemia, a China registou, no total, 82.830 infetados e 4.633 mortos. Até ao momento, 77.474 pessoas tiveram alta.

27 Abr 2020

Covid-19 | Últimos doze pacientes em Wuhan receberam alta no domingo

[dropcap]A[/dropcap] cidade chinesa de Wuhan, de onde o surto do novo coronavírus é originário, não tem mais pacientes hospitalizados, depois de os últimos 12 terem tido alta no domingo, informou a Comissão de Saúde da província de Hubei.

A cidade, que esteve isolada entre 23 de Janeiro e 8 de Abril, foi o epicentro do surto antes de este se tornar global, somando, no conjunto 3.869 mortos – mais de 80% das vítimas mortais em toda a China -, segundo os dados oficiais. O acontecimento foi reportado pela imprensa local como um “dia histórico”,

Nas restantes cidades da província de Hubei, da qual Wuhan é capital, também não há mais casos nos hospitais, embora 1.728 pessoas que tiveram contacto próximo com uma pessoa infetada permaneçam sob observação médica, informou a Comissão de Saúde. Pacientes permanecem hospitalizados em outras partes da China, incluindo 67 em Xangai e três em Pequim.

Muitas cidades viram um influxo de casos oriundos exterior, levando o Governo a reduzir os voos internacionais e a banir a entrada de cidadãos estrangeiros.

A China registou três casos de infeção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, dois deles oriundos do exterior, e uma vítima mortal, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Trata-se de uma queda face a sexta-feira e sábado, quando o país registou doze e onze casos, respectivamente

O novo caso de contágio local foi detectado na província de Heilongjiang, no nordeste da China, onde se registou recentemente um aumento de infecções causado por cidadãos chineses oriundos da Rússia.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 204 mil mortos e infectou mais de 2,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

27 Abr 2020

Pequim | Proibidos comportamentos ‘não civilizados’ a partir de Junho

[dropcap]P[/dropcap]equim vai proibir a partir de 1 de Junho um conjunto de comportamentos considerados “incivilizados” para melhorar a higiene em locais públicos como medida de combate à pandemia de covid-19, indicaram ontem autoridades municipais.

Espirrar ou tossir sem cobrir o nariz ou a boca e andar sem máscara em locais públicos, em caso de doença, são comportamentos que passam a fazer parte de uma nova lista de infracções na capital chinesa, segundo avançou ontem a AFP.

Os cidadãos passam também a necessitar de se “vestir adequadamente” quando estão em público, sendo proibido estar em tronco nu – sendo esta uma medida aparentemente relacionada com a prática conhecida por ‘biquíni de Pequim’ quando, no Verão, muitos homens passeiam com a camisola levantada.

Os novos regulamentos delineados pelas autoridades de Pequim também exigem a instalação de marcações para o distanciamento social em locais públicos.

Maus créditos

Com mais de 20 milhões de habitantes, Pequim tem vindo a desencorajar uma série de comportamentos considerados ‘não civilizados’ nomeadamente cuspir em público, deixar o lixo em qualquer lugar, passear os cães sem coleira ou fumar em locais onde é proibido.

A realidade mostra, contudo, que os regulamentos nem sempre são respeitados e que certos hábitos ainda não desapareceram.

O novo conjunto de regras, adoptado na sexta-feira, também incentivam a Polícia a tomar nota de infracções graves que possam afectar o ‘crédito social’ de uma pessoa.

Nos últimos anos a China começou a aplicar vários sistemas de ‘crédito social’ que apontam os cidadãos ‘bons’ e que podem fazer com que outros fiquem impedidos de viajar de avião ou de comboio ou fazer uma reserva num hotel.

27 Abr 2020

Diplomacia | Adoptado novo tom para defender resposta de Pequim ao surto

Analistas de política internacional consideram que os diplomatas chineses têm adoptado uma postura combativa para defender a resposta de Pequim ao surto do novo coronavírus, ilustrando a nova postura do país, que se quer assumir como grande potência.

 

[dropcap]O[/dropcap] novo perfil diplomático é atribuído à governação do Presidente chinês, Xi Jinping, que assumiu o desejo de aproximar o país do centro da governação dos assuntos globais, abdicando do “perfil discreto” na política externa chinesa que vigorou durante décadas.

“Se alguém tentar atacar a China, a China reagirá resolutamente”, explica Shi Yinhong, professor de Estudos Internacionais na Universidade Renmin, norte de Pequim. “Os líderes chineses pensam que se a China não reagir, isso prejudicará ainda mais o país”, disse.

O editorial desta semana do Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês transmite isso mesmo, ao referir que “os dias em que a China podia ser colocada numa posição submissa são parte do passado”. “O povo chinês já não está satisfeito com um tom diplomático fraco”, apontou.

Na Suécia, o embaixador chinês, Gui Congyou, menosprezou os jornalistas locais ao compará-los com pugilistas peso-leve a tentar fazer frente a um peso-pesado quando escrevem notícias negativas sobre a China.

Especialistas dizem que o Partido Comunista vê as críticas como um ataque à sua liderança e direito de governar.

A diplomacia chinesa tem recorrido cada vez mais a redes sociais bloqueadas no país, como Twitter e o Facebook, seguindo os passos de Zhao Lijian, um dos primeiros diplomatas chineses a ter conta no Twitter, e cujos comentários, quando era embaixador no Paquistão, levaram a ex-embaixadora norte-americana na ONU, Susan Rice, a considerá-lo um “racista” que devia ser demitido.

Em vez disso, a China promoveu-o a porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
Carl Minzner, especialista em política chinesa na Fordham Law School, em Nova Iorque, aponta uma preferência “clara” de Xi Jinping por diplomatas “lobos guerreiros”, referindo-se a “Wolf Warrior II”, o filme mais visto de sempre na China.

O filme conta a história de um soldado chinês numa zona de guerra em África, onde salva centenas de pessoas de uma chacina conduzida por mercenários ocidentais, que tentam apoderar-se do país.

Estes diplomatas “usam uma linguagem agressiva no exterior como forma de atrair a atenção do público nacionalista em casa – tanto entre a elite do Partido como entre a sociedade em geral – independentemente do impacto que possa ter na imagem da China no exterior”, disse Minzner.

Desgosto ocidental

Além-fronteiras, o tom é menos apreciado: o ministro francês dos Negócios Estrangeiros convocou, na semana passada, o embaixador chinês, depois de a embaixada em Paris ter publicado uma crónica que acusa os trabalhadores franceses em lares de desertarem e “deixarem os seus residentes morrerem de fome e doenças”.

As autoridades chinesas irritam-se com o que consideram hipocrisia ocidental, acusando o Presidente norte-americano, Donald Trump, e outros líderes, de ignorarem a pandemia do novo coronavírus e usarem depois a China como bode expiatório.

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o Presidente francês, Emmanuel Macron, questionou a resposta da China ao vírus, afirmando que “há claramente coisas que aconteceram que não sabemos”.
A diplomacia britânica disse já que a relação com a China vai ter de ser repensada.

A voz dos duros

Sob a governação de Xi, Pequim lançou ainda esforços coordenados para moldar a narrativa sobre a China no exterior, nomeadamente ao mobilizar internautas para comentar nas redes sociais e investir nos órgãos estatais que transmitem em línguas estrangeiras.

“No passado, a diplomacia chinesa estava longe do povo”, disse Chu Yin, professor da Universidade de Relações Internacionais da China. Agora, os diplomatas chineses sentem que “ser duro não é errado”.

Os diplomatas de Pequim vêem o vírus como uma oportunidade de afirmarem a liderança do regime entre países críticos do Ocidente. Muitos líderes elogiaram a China por enviar equipamento e médicos, com o Presidente da Sérvia inclusive a beijar a bandeira chinesa.

Na década de 1990, alguns chineses referiam-se à diplomacia chinesa como “Ministério dos Traidores”, irritados com a deferência mostrada para com as potências ocidentais.

“Chegamos ao centro da governação mundial como nunca estivemos antes, mas ainda não temos o alcance total do microfone nas nossas mãos”, explicou a porta-voz da diplomacia chinesa Hua Chunying. “Temos de exigir o nosso direito de falar”, apontou.

27 Abr 2020

Covid-19 | Médicos alertam sobre colapso dos serviços de urgência no Japão

[dropcap]O[/dropcap]s serviços de urgência médica do Japão estão a “começar a colapsar” por falta testes de despistagem de covid-19 e escassez de equipamento de protecção sanitária pondo os profissionais em risco de contágio, alertaram hoje organizações médicas japonesas.

Takeshi Shimazu, presidente da Associação Japonesa de Cuidados Primários, e Tetsuya Sakamoto, que dirige a Sociedade Japonesa de Emergência Médica, alertaram hoje, através de um depoimento gravado em vídeo, que a falta de centros de urgência está a provocar um aumento de pessoas internadas nos hospitais fazendo colapsar o serviço e as intervenções dos profissionais de saúde.

“Não podemos operar normalmente e, nesse sentido, eu afirmo que os serviços de urgência estão a começar a colapsar”, disse Shimazu demonstrando preocupação em relação à falta de tratamentos aos doentes em situação considerada crítica.

Inicialmente, o Japão mostrava sinais de controlo sobre a pandemia de covid-19 através da utilização de espaços específicos mas, segundo organizações médicas, a situação está a agravar-se com o aumento do número de pessoas contagiadas e a alegada falta de recursos.

Especialistas indicam que os números sobre contágios são superiores ao balanço que é divulgado pelo Governo de Tóquio. Segundo o Ministério da Saúde do Japão morreram no país até agora 300 pessoas devido à covid-19, doenças provocada pelo novo coronavírus, e 12.400 estão infectadas.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 190 mil mortos e infectou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 708 mil doentes foram considerados curados.

24 Abr 2020

Covid-19 | Laboratório chinês anuncia primeira vacina com larga protecção em macacos

[dropcap]U[/dropcap]ma vacina experimental em macacos “protegeu-os largamente”, pela primeira vez, contra o coronavírus, anunciou um laboratório chinês que está na origem da investigação. A vacina, que utiliza agentes patogénicos inertes do vírus na origem da doença covid-19, foi administrada a oito macacos, que foram contaminados artificialmente três semanas mais tarde, segundo a investigação publicada pelo gigante farmacêutico Sinovac Biotech.

“Os quatro macacos que receberam a vacina em dose elevada não apresentaram qualquer traço detectável do vírus nos pulmões, sete dias após a contaminação”, assegurou o laboratório, que publicou os resultados a 19 de Abril no ‘site’ bioRxiv. Outros quatro símios, aos quais a vacina foi administrada em dose menos forte, apresentaram uma elevada carga viral no organismo, mas conseguiram resistir à doença.

Estes resultados devem agora ser objecto de uma nova avaliação pelos especialistas, antes de serem validados pela comunidade científica. A Sinovac, uma empresa cotada no Nasdaq, iniciou os ensaios clínicos da mesma vacina no homem a 16 de Abril.

Questionado pela agência de notícias francesa AFP, o laboratório escusou-se a comentar este assunto. “Estes são os primeiros dados pré-clínicos sérios que já vi sobre uma vacina experimental”, comentou no Twitter o virologista Florian Krammer, da Escola Icahn, de medicina, em Nova Iorque. “A questão é saber se esta protecção é de longa duração”, observou a imunologista Lucy Walker, da Universidade College, em Londres.

Além do projecto da Sinovac, Pequim aprovou duas outras vacinas experimentais lançadas, por um lado, pela Escola Militar de Ciências Médicas e pelo grupo de biotecnologia CanSino, cotado em Hong Kong, e, por outro lado, pelo Instituto de Produtos Biológicos e pelo Instituto de Virologia de Wuhan, a cidade onde o coronavírus surgiu, no final do ano passado.

O laboratório americano Moderna anunciou simultaneamente em meados de Março que estava a proceder igualmente a ensaios clínicos para uma vacina experimental nos Estados Unidos.

Grupos farmacêuticos e laboratórios de investigação em todo o mundo lançaram-se numa corrida contra o tempo para desenvolver tratamentos e vacinas contra a covid-19, que matou mais de 190.000 pessoas, em cerca de 2,7 milhões de cidadãos contaminados. Os peritos estão a usar várias novas tecnologias. O prazo estimado para uma vacina é de entre 12 a 18 meses, no mínimo.

24 Abr 2020

China sem registo de mortos com covid-19 pelo nono dia consecutivo

[dropcap]A[/dropcap] China registou seis casos de infecção pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas, dois deles oriundos do exterior, e voltou a não ter novas mortes, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Trata-se do terceiro dia consecutivo que o número de novos casos na China desce e o nono sem mortos pela doença.

Três casos de contágio local foram detectados na província de Heilongjiang, no nordeste da China, onde se regista, desde a semana passada, um aumento de infecções causado por cidadãos chineses oriundos da Rússia. Outro caso foi registado em Guangdong, província adjacente a Macau, no sudeste da China.

Dois casos importados foram ambos diagnosticados em Xangai, a “capital” financeira da China. O número de infectados activos no país fixou-se em 915, entre os quais 57 em estado grave. Desde o início da epidemia, a China registou, no total, 82.804 infectados e 4.632 mortos. Até ao momento, 77.257 pessoas tiveram alta.

As autoridades chinesas referiram que 728.590 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 8.362 permanecem sob observação.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias France-Presse, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 190 mil mortos e infectou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 708 mil doentes foram considerados curados.

24 Abr 2020

China regista seis novos casos de contágio local de covid-19 e quatro importados

[dropcap]A[/dropcap] China registou 10 casos de infecção pelo novo coronavírus, nas últimas 24 horas, incluindo seis oriundos do exterior e quatro de contágio local, informou hoje a Comissão de Saúde do país. Trata-se de uma queda significativa face ao dia anterior, quando foram detectados trinta novos casos.

Três casos de contágio local foram detetados na província de Heilongjiang, no nordeste da China, onde se regista, desde a semana passada, um aumento de infeções causado por cidadãos chineses oriundos da Rússia. O outro caso foi registado em Guangdong, província adjacente a Macau, no sudeste da China.

Até às 23:59 de quarta-feira não houve novas vítimas mortais e 56 pacientes receberam alta. O número de infectados “activos” no país fixou-se em 959, entre os quais 63 em estado grave. O número total de infectados diagnosticados no país desde o início da epidemia, detectada em Dezembro passado no centro da China, é de 82.798, incluindo 4.632 mortos. Até ao momento, 77.207 pessoas tiveram alta.

As autoridades chinesas referiram que 728.049 pessoas que tiveram contacto próximo com infectados estiveram sob vigilância médica na China, entre as quais 8.429 permanecem sob observação.

A nível global, a pandemia da covid-19 já provocou mais de 182 mil mortos e infectou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.

23 Abr 2020

Covid-19 | Projectos da Grande Baía e Uma Faixa, Uma Rota paralisados

O surto da covid-19 paralisou a economia mundial e os grandes projectos de cooperação da China não escapam. Analistas afirmam que esta é a altura de o país olhar primeiro para a economia interna para controlar o desemprego e aumentar o consumo interno, o que poderá estagnar a evolução de iniciativas como a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e Uma Faixa, Uma Rota. Ainda assim, a área da saúde pode constituir uma oportunidade

 

[dropcap]A[/dropcap]s economias mundiais aguardam expectantes por uma vacina que possibilite recuperar da crise gerada pela pandemia da covid-19. Enquanto isso não acontece, empresas param a produção e o desemprego aumenta, tal como as necessidades de financiamento e ajuda aos Estados. Os grandes projectos de cooperação da China, como a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e Uma Faixa, Uma Rota estão estagnados, à espera de melhores dias.

Na opinião da economista Fernanda Ilhéu, também presidente da Associação dos Novos Amigos da Rota China, esta é a altura em que a China tem de olhar primeiro para si própria.

“O projecto da Grande Baía é algo estrutural a médio prazo. Ele vai continuar, pode ser menos intenso, pode ter algum compasso de espera, mas estou convencida de que vai continuar”, frisou ao HM.

“Há aspectos essenciais da economia chinesa que vão ter de ser estabelecidos prioritariamente para equilibrar a economia, mas também os orçamentos e as contas públicas. O emprego é uma prioridade importantíssima neste momento. A China fará um grande esforço para restabelecer essa mão-de-obra e a procura interna, uma vez que a procura externa vai ser menor.”

Fernanda Ilhéu destaca o possível “arrefecimento dos projetos que estão em curso, mas que não são abandonados e que vão continuar a ser trabalhados pelas entidades e responsáveis políticos e económicos”. “Não sabemos ainda se vão existir medidas proteccionistas e como é que as cadeias de valor se vão reorganizar”, acrescentou.

Paulo Duarte, académico e autor do livro “Faixa e Rota Chinesa – A Convergência entre Terra e Mar”, defende que, numa altura que a China começa a recuperar da crise gerada pela pandemia e a vender material médico a países estrangeiros, a área da saúde pode ser uma aposta forte nestes projectos de cooperação.

“Prevejo uma estagnação decorrente da conjuntura que se está a viver. Enquanto não se discutir a vacina, a população vai viver com receio e a produtividade não vai estar no seu auge como estava antes, e é normal que isso se reflicta no projecto da Grande Baía. Mas a China está a dar a volta por cima e será um caso de estudo para a humanidade, e poderá ser um sucesso para a iniciativa da Grande Baía”, adiantou.

Paulo Duarte acredita mesmo que a crise de saúde pública pode servir de balão de ensaio para a cooperação na área da saúde entre a China e outros países. “Esta liderança de Xi Jinping está particularmente atenta a essas novas ameaças, que não são necessariamente militares. Temos a questão da solidariedade, em que o Presidente Xi Jinping propôs a construção de uma nova rota da seda da saúde, que já não é apenas marítima ou terrestre.”

Queda no imobiliário

O trabalho desenvolvido pela Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal – Grande Baía pode exemplificar o possível protagonismo da saúde no projecto da Grande Baía. Tiago Pereira, representante da associação em Macau, explicou ao HM como tem funcionado a comunicação com a Liga dos Chineses em Portugal, a Associação de Jovens Empresários Portugal-China e a Federação Sino PLPE. Trata-se de uma “plataforma logística de apoio à aquisição e angariação de materiais para os profissionais de saúde e outros serviços de resposta à pandemia em Portugal”.

O representante acredita que, tendo em conta a queda da procura externa a curto prazo, vamos assistir a uma “viragem para dentro” por parte da China, para estimular a economia interna “com vista à recuperação da produção que caiu devido à paragem da actividade económica”.

O responsável estima que, num futuro próximo, “o investimento externo chinês caía consideravelmente”, e que “a iniciativa Uma Faixa, Uma Rota sofra uma queda temporária no seu ímpeto”.

“No que concerne à Grande Baía, a construção de infra-estruturas continuará. A China tem dado sinais nesse sentido, lançando nos primeiros meses deste ano projectos nos sectores de transportes, tecnologia e comunicações”, frisou Tiago Pereira.

Noutro aspecto, o representante da Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal – Grande Baía considera possível uma quebra no sector imobiliário, sobretudo nos espaços de escritório. “Esta é uma área onde a pandemia poderá ter importantes consequências, com possíveis alterações de padrões de comportamento social. O mesmo poderá ser dito, porventura, de investimentos ligados à indústria de lazer”, adiantou.

Com meses de existência, a Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal – Grande Baía depende também da evolução da covid-19. “Tínhamos várias actividades em agenda para este ano. Mantemos a ambição de este ano marcar presença na Feira Internacional de Macau e organizar uma conferência em Macau, em paralelo com a nossa actividade em Portugal. É possível que, à semelhança do que está a ser feito por outras organizações, adoptemos plataformas virtuais para algumas das nossas actividades.”

Projectos parados

Uma reportagem da Reuters, publicada no último sábado, dá conta da desaceleração do projecto Uma Faixa, Uma Rota devido à crise gerada pela covid-19 e, sobretudo, devido às proibições e restrições nas fronteiras, um entrave para qualquer tipo de cooperação. Estas medidas impedem, por exemplo, que trabalhadores chineses se desloquem ao estrangeiro para acompanhar projectos de investimento e obriga fábricas dos sectores de importação-exportação a fechar portas ou reduzir pessoal.

“Muitas fábricas na China mantêm-se fechadas; as que estão abertas não podem atingir a total capacidade”, disse à Reuters Boyang Xue, analista. “Uma vez que muitos projectos têm como fonte equipamento e maquinaria de fábricas sediadas na China, as interrupções na produção industrial e no fornecimento de equipamento pode levar a atrasos”, adiantou.

Como exemplo de estagnação do projecto Uma Faixa, Uma Rota está a linha de comboio de alta velocidade na Indonésia, onde a empresa estatal China Railway International Group investiu seis mil milhões de dólares americanos.

Por altura do Ano Novo Chinês, quando rebentou a pandemia, a empresa exigiu aos trabalhadores o regresso rápido à China para férias, sem possibilidade de retorno para a Indonésia, disse um executivo da empresa à Reuters, que não quis ser identificado por não estar autorizado a falar com os média. No total, mais de 100 trabalhadores e funcionários deixaram o projecto em Jakarta parado.

“Temos de nos focar nas partes menos importantes do projecto até ao regresso de alguns trabalhadores fundamentais ao trabalho”, disse o mesmo executivo. “Estamos a ter um mau começo este ano. O projecto tem sido afectado por atrasos e controvérsias, e o novo coronavírus trouxe maiores desafios.”

A Reuters escreve ainda que a crise do novo coronavírus causou o retrocesso a 2018, quando foram assinados contratos em países como a Malásia, Indonésia e Sri Lanka que foram alvo de críticas, devido a valores considerados elevados e desnecessários.

Na zona económica especial Sihanoukville, no Camboja, os escritórios estão fechados naquele que foi anunciado como um “projecto de referência” da iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, com 20 mil trabalhadores e 160 empresários. Empregados disseram à Reuters que a maior parte dos trabalhadores eram locais, mas permanece a dependência de materiais oriundos da China. Isso pode “prolongar os calendários dos projectos, por exemplo, o que pode aumentar os custos”, disse Nick Marro, analista especialista em China e ligado à Economic Intelligence Unit.

Outro exemplo das consequências negativas da covid-19 sente-se no Bangladesh, onde foi anunciado o atraso de vários projectos, incluindo da fábrica de carvão Payra, que deveria começar a funcionar em Fevereiro. Mais de dois mil chineses trabalhavam no local e cerca de 40 por cento teve de voltar a casa devido à pandemia.

23 Abr 2020

Covid-19 | Pequim aumenta período de quarentena para três semanas

[dropcap]A[/dropcap]s pessoas que cheguem a Pequim vindas do exterior vão ter de cumprir três semanas de confinamento obrigatório, e não os 14 dias que vigoraram até agora, informou hoje a imprensa local. Actualmente, a entrada de estrangeiros no país está interdita, com excepção de diplomatas e alguns empresários profissionais da área da saúde médica, como medida de prevenção contra a pandemia do novo coronavírus.

A decisão surge depois de um estudante chinês vindo dos Estados Unidos, e que cumpriu 14 dias de quarentena num centro designado na capital, ter infetado três membros da sua família, dois dias após regressar a casa.

Após 14 dias de quarentena, as análises de ácido nucleico do coronavírus deram negativo, mas o estudante acabou por revelar sintomas mais tarde. Outras 62 pessoas que tiveram contacto próximo com o aluno foram isoladas e estão sob observação médica.

O caso levou as autoridades a elevarem o nível de risco do distrito de Chaoyang, no centro de Pequim, para alto. O distrito inclui o centro financeiro da capital chinesa, quase todas as embaixadas no país e é onde reside grande parte da população estrangeira radicada em Pequim.

Em Chaoyang também foi registado outro caso de uma mulher chinesa que chegou a Pequim, em 20 de março, oriunda de Londres, e que testou positivo para o coronavírus após o período de quarentena. A mulher teve sintomas durante os 14 dias de confinamento, mas tomou medicação por conta própria e não informou a equipa de observação no centro designado. Foi diagnosticada com o vírus em 04 de abril e internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Chaoyang.

Segundo as autoridades de saúde de Pequim, o facto de não ter relatado os sintomas inicialmente contribuiu para agravar a sua condição.

A maioria dos especialistas e estudos científicos estima que o vírus pode ter um período de incubação no corpo humano de entre um e 14 dias, antes de os sintomas se manifestarem. No entanto, alguns casos locais na China e em outros países revelaram que o patógeno pode ser transportado de forma assintomática por mais tempo.

22 Abr 2020

Crédito mal parado sobe na China entre Janeiro e Março

[dropcap]O[/dropcap] crédito malparado subiu na China no primeiro trimestre do ano, à medida que a segunda maior economia do mundo paralisou devido ao surto do novo coronavírus, segundo dados oficiais hoje divulgados. O rácio de crédito em risco subiu para 2,04% no final de março, um aumento de 0,06% em relação a dezembro, informou a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China (CBIRC), em conferência de imprensa.

A subida ocorre apesar das moratórias acordadas com os credores, sobretudo pequenas empresas, num valor total de 880 mil milhões de yuan e reestruturação de 576.800 milhões de yuan em dívidas, durante o mesmo período, segundo o regulador. Os bancos chineses, liderados pelo Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), estão a preparar-se para uma queda sem precedentes nos lucros, este ano, ao mesmo tempo que enfrentam as consequências do surto de Covid-19.

Os maiores bancos do país divulgarão os resultados do primeiro trimestre na próxima semana, já depois de outros credores globais revelarem fortes perdas nos resultados trimestrais. Os norte-americanos JPMorgan e Wells Fargo divulgaram, na semana passada, as maiores perdas com empréstimos no espaço de uma década.

Face à pressão exercida pelos reguladores, os bancos adoptaram uma abordagem mais branda na classificação dos empréstimos com ratings baixos, numa tentativa de manter as linhas de crédito e dinamizar a economia.

O Governo chinês está assim a pressionar os bancos a fornecer mais crédito para resgatar pequenas empresas, que foram as mais afectadas pelo bloqueio.

O rácio de crédito em risco vai continuar a aumentar, no segundo trimestre, mas os riscos gerais estão sob controlo, segundo o diretor de risco da CBIRC, Xiao Yuanqi. Cerca de 7,1 biliões de yuan em novos empréstimos foram concedidos nos três primeiros meses do ano, uma subida homóloga superior a 20%, segundo dados oficiais.

No primeiro trimestre deste ano, a China sofreu a pior contracção económica desde 1970, após ter paralisado durante quase dois meses, devido às medidas para travar a epidemia de covid-19, segundo dados anunciados na sexta-feira. O consumo doméstico, que no ano passado compôs 80% do crescimento económico da China, afundou 19%, em termos homólogos, entre Janeiro e Março, abaixo da maioria das previsões.

22 Abr 2020

Executivo de Hong Kong com cinco novos secretários

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês nomeou hoje cinco novos secretários do Executivo de Hong Kong, região que no ano passado foi abalada durante meses por protestos pró-democracia. O Conselho de Estado da China anunciou a nomeação dos cinco novos responsáveis pela execução das linhas do Governo local nas áreas da Tecnologia, dos Serviços Financeiros, dos Assuntos Internos, da Função Pública e dos Assuntos da China continental.

De acordo com o Governo central, a mudança teve como base as recomendações da chefe do Executivo, Carrie Lam, e surge depois de uma remodelação similar nos dois gabinetes de Pequim que supervisionam os assuntos de Hong Kong.

O actual mandato de cinco anos de Lam termina em Junho de 2022. O anúncio confirmou relatos da imprensa local, no dia anterior, de que o secretário de Assuntos Constitucionais e do Continente, Patrick Nip, foi substituído no cargo pelo diretor de Imigração, Eric Tsang. Nip, por sua vez, sucedeu a Joshua Law na área da Função Pública.

O subsecretário do Trabalho e Bem-Estar, Caspar Tsui, foi promovido a secretário dos Assuntos Internos, área dirigida por Lau Kong-wah. Alfred Sit, que liderou o Departamento de Serviços Elétricos e Mecânicos, substituiu o Secretário de Inovação e Tecnologia, Nicholas Yang. Christopher Hui, diretor executivo do Conselho de Desenvolvimento de Serviços Financeiros, sucedeu a James Lau como secretário dos Serviços Financeiros e Tesouraria.

Continuam no executivo a secretária da Justiça, Teresa Cheng, e o ministro da Segurança, John Lee, ambos alvo dos protestos anti-governamentais motivados pelo projeto de lei de extradição, que iria permitir que suspeitos fossem enviados para a China continental para serem julgados, entre outras jurisdições.

Sobre esta remodelação, Carrie Lam disse que a substituição de vários secretários visa revitalizar a economia, afectada pela epidemia da covid-19, sem estar relacionada com comentários recentes do Gabinete de Ligação do Governo central no território, nos quais o órgão reafirmou a autoridade de Pequim sobre os assuntos da cidade.

“Posso dizer categoricamente que este exercício de nomeação e transferência não tem nada a ver com comunicados de imprensa emitidos recentemente”, salientou Lam, citada pela imprensa local.

“Hong Kong atravessa um momento difícil e eles estão dispostos a integrar o Executivo. Admiro o espírito para aceitar o desafio”, afirmou a líder da cidade sobre a nova equipa.

22 Abr 2020

Portugal | Equipamento médico oriundo da China está assegurado

[dropcap]O[/dropcap] embaixador português na China disse ontem que a compra e fornecimento a Portugal de equipamento médico essencial no combate à epidemia do novo coronavírus, incluindo ventiladores, “está a ser garantida”, apesar da forte procura mundial.

José Augusto Duarte justificou o atraso na entrega dos ventiladores e outro equipamento com a competição entre Estados pelo acesso a material e interrupções nas cadeias de fornecimento, numa altura em que vários países se encontram em estado de emergência.

Sessenta e cinco ventiladores comprados pelo Governo português a uma empresa chinesa chegaram no fim de semana a Lisboa, com alguns dias de atraso.

Há uma semana, a ministra da Saúde portuguesa disse que a entrega de 508 ventiladores encomendados à China estava atrasada.

A forte procura por equipamento médico criou disfunções no mercado, numa altura em que a crise de saúde pública, que começou em Wuhan, no centro da China, se alastrou à Europa, Estados Unidos e outras regiões do planeta, resultando numa escassez global.

Em entrevista à agência Lusa, em Pequim, o diplomata garantiu que Portugal tem tido “toda a atenção por parte das autoridades chinesas e respectivos produtores no processo de compra e transporte de equipamento. “Nas existe tratamento menos favorável a Portugal em detrimento de outros estados”, apontou. “Temos conseguido de facto comprar o material que procurávamos e garantir o fornecimento”, disse.

A falta de ventiladores, face ao súbito aumento de pacientes em cuidados intensivos, levou a situações dramáticas em vários países, que foram forçados a fazer triagem dos pacientes no acesso aos cuidados intensivos e a deixarem morrer outros.

“É uma situação extremamente grave e dramática, que felizmente não temos em Portugal, nem estamos perto de ter”, disse José Augusto Duarte.

Lembrando que Portugal tem, neste momento, “mais ventiladores do que pessoas nas unidades de cuidados intensivos”, o diplomata ressalvou que é “importante continuar a procurar e enviar todo o material” para assegurar que, “caso haja um surto que se descontrole”, o país está “totalmente preparado para situações mais dramáticas”.

Portugal regista 735 mortos associados à covid-19 em 20.863 casos confirmados de infecção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia. Das pessoas infectadas, 1.208 estão hospitalizadas, das quais 215 em unidades de cuidados intensivos.

Antes e depois

Questionado sobre as acusações feitas ao regime chinês por alguns líderes mundiais, de encobrimento nos estágios iniciais do surto e subsequente manipulação do número de infectados e mortos, o embaixador português respondeu que a análise sobre aquilo que se passou deve ser deixada para depois.

“Quando estamos no turbilhão dos acontecimentos, tirar conclusões pode ser precipitado”, notou.
“Devemos deixar passar os acontecimentos, para, de forma fria e analítica, ver efectivamente o que poderá ter acontecido, e tomar as devidas medidas correctivas”, acrescentou.

As autoridades de Wuhan, a cidade no centro da China onde começou o surto do novo coronavírus, em Dezembro passado, reviram na sexta-feira o número de mortos em mais 1.290, num aumento de cerca de 50 por cento, para 3.869.

Mesmo com esta actualização, a taxa de letalidade da doença em quase todos os países europeus e nos Estados Unidos é quase o dobro do registado na China. Admitindo que há dados “contraditórios”, que devem ser “investigados” e “explicados”, o diplomata lembrou que as autoridades em todo o mundo conheciam já o “suficiente” para “pelo menos ficarem preocupadas com o assunto”.

“Eu convido as pessoas a verificarem também o que se dizia na Europa há três meses: os alertas que as comunidades médica e científica europeia deram sobre o assunto são hoje completamente diferentes do que eram”, notou.

22 Abr 2020

Pequim | Caso importado de covid-19 infecta familiares após quarentena

[dropcap]U[/dropcap]m estudante chinês vindo do estrangeiro que cumpriu 14 dias de quarentena num centro designado, em Pequim, acabou por infectar três membros da sua família dois dias após regressar a casa, revelaram ontem as autoridades chinesas.

O caso levou as autoridades a elevarem o nível de risco do distrito de Chaoyang, no centro de Pequim, para alto. O distrito de Chaoyang inclui o centro financeiro da capital chinesa, quase todas as embaixadas no país e é onde reside grande parte da população estrangeira radicada em Pequim.

O vice-director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças de Pequim, Pang Xinghuo, afirmou tratar-se de um estudante chinês que chegou à capital chinesa oriundo de Miami, nos Estados Unidos, em 24 de Março passado, e ficou em quarentena num hotel, cumprindo com os regulamentos chineses.

Após 14 dias de quarentena, as análises de ácido nucleico do coronavírus deram negativo.
No entanto, em 10 de Abril – dois dias após ser transferido para casa, onde mora com os pais, o avô e um irmão mais novo, o aluno sentiu febre, dores de garganta e outros sintomas. Em 13 de Abril, a sua condição deteriorou-se e o pai levou-o a um hospital, onde foi submetido a novo teste de ácido nucleico, que deu positivo.

Em 14 de Abril, após radiografias pulmonares e exames de sangue, foi diagnosticado como um caso confirmado e, posteriormente, a sua mãe, a avô e o irmão mais novo também foram confirmados.
Outros 62 contactos próximos do aluno e pais foram isolados e estão sob observação médica.
Os infectados vivem numa comunidade com 25 prédios e habitada por mais de 3.000 famílias.

22 Abr 2020