BNU | Negados problemas de segurança em aplicação móvel

[dropcap]O[/dropcap] Banco Nacional Ultramarino nega que a aplicação móvel BNU App tenha problemas de segurança, como tinha sido indicado na semana passada pelo programa de antivírus McAfee. Uma imagem da aplicação a ser classificada como de “risco elevado” pelo antivírus tinha sido partilhada nas redes sociais, mas o banco garante que a situação já foi resolvida.
“A BNU App é uma aplicação financeira segura que cumpre com os mais recentes e elevados padrões de qualidade e segurança. Ontem [quinta-feira passada], o software antivírus da McAfee categorizou, erradamente, a nossa aplicação como insegura, o que foi prontamente corrigido da parte deles”, esclareceu o BNU, numa resposta enviada ao HM.
De acordo com a versão da instituição com sede em Macau e que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos, a aplicação foi escrutinada pela Google e Apple, antes de ser aceite nas lojas das marcas para descarregamento. “Não obstante, aproveitamos para esclarecer que a BNU App, para além dos procedimentos de segurança interna adoptados pelo BNU que garantem a sua fiabilidade, é também profundamente analisada pelas duas principais lojas de aplicações nas quais pode ser encontrada para download – a Google Play e a Apple Store”, foi defendido.
Por estes motivos, o BNU mostra-se confiante que a aplicação não representa qualquer risco para os clientes e termina a resposta enviada ao HM a reforçar esse aspecto. “Reiteramos que os clientes do BNU podem utilizar com toda a segurança a BNU App, onde todas as funções úteis para o dia-a-dia podem ser encontradas com toda a conveniência e à distância de um toque!”, é indicado.

Turismo | Ao Ieng U recusa tomar posição sobre taxa turística

[dropcap]A[/dropcap] secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, recusou tomar uma posição sobre a taxa para todos os turistas que visitem Macau, na sexta-feira passada.

Segundo a secretária, em causa está o facto de os resultados mostrarem uma grande diferença de opiniões entre os cidadãos e os operadores do sector turístico, o que faz com que o Executivo não queira ainda tomar uma posição sobre o assunto.

Porém, Ao deixou o desejo que a partir do estudo haja uma discussão e uma análise que possa fazer com que se chegue ao melhor desfecho para todos. Por outro lado, sublinhou a necessidade de o Governo cumprir com as recomendações do documento, como a diversificação das atracções turísticas.

Segundo estudo apresentado na semana passada, que contou com questionários a mais de 14.900 pessoas, 95 por cento dos cidadãos defende a criação de uma taxa para turistas. Já 80 por cento dos representantes da indústria recusa por completo essa possibilidade.

Turismo | Ao Ieng U recusa tomar posição sobre taxa turística

[dropcap]A[/dropcap] secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, recusou tomar uma posição sobre a taxa para todos os turistas que visitem Macau, na sexta-feira passada.
Segundo a secretária, em causa está o facto de os resultados mostrarem uma grande diferença de opiniões entre os cidadãos e os operadores do sector turístico, o que faz com que o Executivo não queira ainda tomar uma posição sobre o assunto.
Porém, Ao deixou o desejo que a partir do estudo haja uma discussão e uma análise que possa fazer com que se chegue ao melhor desfecho para todos. Por outro lado, sublinhou a necessidade de o Governo cumprir com as recomendações do documento, como a diversificação das atracções turísticas.
Segundo estudo apresentado na semana passada, que contou com questionários a mais de 14.900 pessoas, 95 por cento dos cidadãos defende a criação de uma taxa para turistas. Já 80 por cento dos representantes da indústria recusa por completo essa possibilidade.

Venezuela | Caritas Macau e Portuguesa ajudam grávidas e crianças

Da visita do presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, a Macau resultou uma parceria com a Caritas Macau que visa ajudar grávidas e crianças com fome na Venezuela. A organização liderada por Paul Pun vai ajudar com os custos de transporte de medicamentos e outros bens de apoio

 

[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa e de Macau vão enviar nutrientes e medicamentos para ajudar parturientes e crianças subnutridas venezuelanas, disse à Lusa o presidente da instituição de Portugal.

Foi acordado o “envio de nutrientes e também de medicamentos para crianças subnutridas e para parturientes”, afirmou Eugénio Fonseca, após uma reunião com a Caritas Macau no último dia da visita que realizou ao território.

“Os medicamentos foram-nos doados em Portugal e é preciso fazer chegar lá [Venezuela]”, acrescentou, explicando que “a forma mais segura”, por indicação da Caritas venezuelana “é por via postal”, precisou. A Caritas de Macau “vai ajudar a suportar o custo”, acrescentou o responsável da Caritas Portuguesa. Esta é uma das medidas concretas que resultou da visita desta semana a Macau.

“Vamos conseguir apoio financeiro da Caritas de Macau para realizar em Portugal uma acção de formação em empreendedorismo social para pelo menos 40 colaboradores”, numa “área que é importante, face aos novos desafios em termos sociais, resultantes até da crise que vivemos há anos”, declarou.

Mais partilhas

A Caritas Portuguesa e a de Macau vão igualmente avançar com a partilha de experiências na área da reintegração social de reclusos e no intercâmbio de colaboradores.

“Queremos diversificar o protocolo já assinado na área de apoio a reclusos (…) com a Direcção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais em Portugal” e “dos projectos que tenham a ver com a preparação dos reclusos para a sua reintegração social”.

A ideia passa por apresentar um projecto. “E partilharmos experiências que vamos tendo em Portugal para replicar” em Macau, até porque a Caritas local “é a única que faz voluntariado e apoia em termos sociais os reclusos na cadeia em Macau”, esclareceu, adiantando que haverá ainda “intercâmbio entre colaboradores”, estando ainda por acertar “em que moldes”.

Das reuniões resultou ainda um acordo para se estabelecer uma parceria entre as duas Caritas e a Universidade de São José para que seja criado um prémio que passe a distinguir “a melhor tese de mestrado”, com direito a publicação em Macau através da Editorial Caritas.

Quanto ao desenvolvimento de projectos conjuntos em países como São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Bissau, no âmbito da qualificação de quadros qualificados, por exemplo, Eugénio Fonseca explicou à Lusa que a definição destes ficará dependente da reunião interministerial do Fórum Macau agendada para este ano e que vai juntar representantes ao mais alto nível dos países lusófonos. A visita começou na última segunda-feira e serviu para reactivar a colaboração com a congénere de Macau. A Caritas foi fundada em 1945 em Portugal e em 1951 em Macau.

Venezuela | Caritas Macau e Portuguesa ajudam grávidas e crianças

Da visita do presidente da Caritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, a Macau resultou uma parceria com a Caritas Macau que visa ajudar grávidas e crianças com fome na Venezuela. A organização liderada por Paul Pun vai ajudar com os custos de transporte de medicamentos e outros bens de apoio

 
[dropcap]A[/dropcap] Caritas Portuguesa e de Macau vão enviar nutrientes e medicamentos para ajudar parturientes e crianças subnutridas venezuelanas, disse à Lusa o presidente da instituição de Portugal.
Foi acordado o “envio de nutrientes e também de medicamentos para crianças subnutridas e para parturientes”, afirmou Eugénio Fonseca, após uma reunião com a Caritas Macau no último dia da visita que realizou ao território.
“Os medicamentos foram-nos doados em Portugal e é preciso fazer chegar lá [Venezuela]”, acrescentou, explicando que “a forma mais segura”, por indicação da Caritas venezuelana “é por via postal”, precisou. A Caritas de Macau “vai ajudar a suportar o custo”, acrescentou o responsável da Caritas Portuguesa. Esta é uma das medidas concretas que resultou da visita desta semana a Macau.
“Vamos conseguir apoio financeiro da Caritas de Macau para realizar em Portugal uma acção de formação em empreendedorismo social para pelo menos 40 colaboradores”, numa “área que é importante, face aos novos desafios em termos sociais, resultantes até da crise que vivemos há anos”, declarou.

Mais partilhas

A Caritas Portuguesa e a de Macau vão igualmente avançar com a partilha de experiências na área da reintegração social de reclusos e no intercâmbio de colaboradores.
“Queremos diversificar o protocolo já assinado na área de apoio a reclusos (…) com a Direcção-geral de Reinserção e Serviços Prisionais em Portugal” e “dos projectos que tenham a ver com a preparação dos reclusos para a sua reintegração social”.
A ideia passa por apresentar um projecto. “E partilharmos experiências que vamos tendo em Portugal para replicar” em Macau, até porque a Caritas local “é a única que faz voluntariado e apoia em termos sociais os reclusos na cadeia em Macau”, esclareceu, adiantando que haverá ainda “intercâmbio entre colaboradores”, estando ainda por acertar “em que moldes”.
Das reuniões resultou ainda um acordo para se estabelecer uma parceria entre as duas Caritas e a Universidade de São José para que seja criado um prémio que passe a distinguir “a melhor tese de mestrado”, com direito a publicação em Macau através da Editorial Caritas.
Quanto ao desenvolvimento de projectos conjuntos em países como São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Bissau, no âmbito da qualificação de quadros qualificados, por exemplo, Eugénio Fonseca explicou à Lusa que a definição destes ficará dependente da reunião interministerial do Fórum Macau agendada para este ano e que vai juntar representantes ao mais alto nível dos países lusófonos. A visita começou na última segunda-feira e serviu para reactivar a colaboração com a congénere de Macau. A Caritas foi fundada em 1945 em Portugal e em 1951 em Macau.

Centro pagou a idosos por inscrições falsas para obter subsídios


A directora de um centro educativo convenceu, com presentes e lai sis, vários idosos a inscreverem-se ficticiamente nas aulas para poder obter subsídios do programa de educação contínua. A PJ suspeita que a instituição terá lucrado em 869 mil patacas com o esquema

 

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve a directora de um centro educativo na Areia Preta por suspeitas de ter montado um esquema que lhe permitiu receber 869 mil patacas, através do recebimento ilegal de subsídios do programa de educação contínua. O caso foi revelado pelas autoridades na sexta-feira e de acordo com o canal chinês da Rádio Macau a mulher terá confessado a prática do crime.

De acordo com a informação revelada pela PJ, a suspeita terá convencido várias pessoas com mais de 60 anos a inscreverem-se nas aulas disponibilizadas pelo centro. O objectivo da directora, de 51 anos, não era que as pessoas de idade fossem às aulas, mas antes que o centro pudesse receber os subsídios disponíveis no âmbito do programa.

De acordo com a versão das autoridades, o centro educativo oferecia pelas inscrições fictícias presentes e lai sis, os tradicionais envelopes vermelhos com dinheiro.

A investigação começou em Maio do ano passado, após a Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ter verificado que todos os 16 cursos disponibilizados tinham esgotado as vagas. Por esse motivo, houve uma inspecção ao local para verifica a veracidade da informação.

Contudo, quando os representantes da DSEJ se dirigiram ao centro verificaram que o número de alunos a frequentar as aulas era muito inferior aos declarados para o fim do subsídio. Além disso, havia aulas com presenças fantasmas em que o número de alunos a assistir não ultrapassava os quatro ou cinco.

Cerca 370 alunos envolvidos

No total, a polícia suspeita de irregularidades em 16 cursos com 370 alunos, que terão resultado em subsídios indevidos no valor de 869 mil patacas. Os cursos focavam áreas principalmente relacionadas com a saúde.

“Há provas claras que as assinaturas nas folhas de presença não eram dos estudantes. Também descobrimos que o centro educativo subornava com presentes e lai sis as pessoas, para fazer com que se inscrevessem nos cursos”, afirmou Lai Man Vai, porta-voz da PJ, na sexta-feira, citado pelo Canal Macau.

“Com os subornos, o centro educativo podia receber os subsídios do Governo”, foi acrescentado.
A directora de 51 anos foi detida e reencaminhada para o MP, com a PJ ainda a investigar se existe envolvimento de algum dos professores do centro educativo no caso.

Videovigilância | Sulu Sou pede suspensão de “experiência ilegal”

Comparando o nível de concentração de câmaras de videovigilância prevista pelo Governo, com o termo Big Brother introduzido na obra de George Orwell “1984”, Sulu Sou volta a pedir a suspensão da tecnologia de reconhecimento facial enquanto não forem definidos mecanismos eficazes de fiscalização

 

[dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou enviou uma interpelação oral a questionar o Governo sobre a legitimidade da aplicação da tecnologia de reconhecimento facial em modo “background” em 100 câmaras de videovigilância, a título experimental, no primeiro trimestre de 2020.

Recordando que em Março de 2019, naquilo que considerou ser uma “total falta de transparência, consulta pública e fiscalização”, os Serviços de Polícia Unitários adiantaram que iriam testar a tecnologia de reconhecimento facial no início deste ano, Sulu Sou acusa o Governo de ter divulgado os detalhes do sistema a “conta-gotas” e de forma pouco clara, colocando em perigo o direito à privacidade da população. Em causa está o facto de estar estipulado que o modo background obriga os agentes da Polícia Judiciária (PJ) a consultar os dados com credenciais individuais e numa sala específica sem ter, no entanto, de respeitar os dispostos presentes no “Regime Jurídico de Videovigilância em espaços públicos”.

“As autoridades sofismaram que como o modo backgound não faz parte da videovigilância, não precisa de seguir a Lei da videovigilância, isto é, o reconhecimento facial não se sujeita à audição a priori do parecer do [Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais] GPDP e à divulgação dos locais de instalação, nem à destruição automática dos dados pessoais a posteriori”, apontou Sulu Sou. “Com tanta falta de protecção legal e de mecanismos de fiscalização, o direito à privacidade da população é posto em perigo, e são inimagináveis as consequências do abuso e fuga de dados pessoais”, acrescentou.

Na interpelação enviada, Sulu Sou questiona, dadas as implicações para o direito à privacidade e reserva de intimidade privada, o direito à imagem, à palavra e à liberdade de circulação, se o Governo vai suspender “o quanto antes a experiência ilegal do reconhecimento ilegal do reconhecimento facial na videovigilância”.

O deputado pede ainda ao Executivo que forneça explicações pormenorizadas sobre a execução do projecto como “o fluxograma da recolha de dados pessoais” ou “as características técnicas dos dispositivos” e sugere em jeito de pergunta, que o Governo abandone a criação de uma base de dados de grande dimensão para responder às “preocupações (…) da sociedade”.

Debaixo de olho

Estimando-se de acordo com o plano do Governo que até 2028 estejam instaladas 4200 câmaras de vigilância em espaços públicos, Sulu Sou compara mesmo o nível de concentração deste tipo de equipamentos com a sociedade do Big Brother, plenamente vigiada e profetizada por George Orwell, de forma satírica, nas páginas de “1984”. “A concentração é tão grande que a sociedade de Macau está a caminhar para a plena vigilância por parte do Governo, tal como se descreve na sátira ‘1984’ ”, sublinhou o deputado.

Além disso, a execução deste sistema de permanente monitorização implica, segundo Sulu Sou, “trabalhos ocultos”, sobretudo pela forma como as autoridades de segurança recorrem constantemente aos argumentos da “segurança pública” e da “confidencialidade policial”, como pretexto para recusar a divulgação de pormenores.

Por isso mesmo, o deputado faz ainda um apelo ao Governo para que crie um mecanismo de fiscalização “eficaz e independente” que permita assegurar que o direito à privacidade é protegido e que os cidadãos “fiquem facilmente a saber se os seus direitos estão a ser afectados, para poder recorrer, atempadamente, aos meios jurídicos para a respectiva resolução”.

Vigilância no horizonte

Projectado pelo Governo para ser implementado em seis fases, o sistema dispõe actualmente de 820 câmaras correspondentes às três primeiras fases e prevê que a conclusão da quarta aconteça no primeiro trimestre deste ano, altura em que deverão já estar em funcionamento um total de 1620 câmaras. A fase seguinte, de aplicação a curto prazo, contempla a instalação de 2600 câmaras até 2023 e tem como objectivo “reforçar a vigilância de locais de grande concentração de pessoas, designadamente instalações de ensino, estações de autocarro e táxis”. Cinco anos depois, até ao final da 6ª fase em 2028, o número de câmaras vai aumentar para 4200.

Videovigilância | Sulu Sou pede suspensão de “experiência ilegal”

Comparando o nível de concentração de câmaras de videovigilância prevista pelo Governo, com o termo Big Brother introduzido na obra de George Orwell “1984”, Sulu Sou volta a pedir a suspensão da tecnologia de reconhecimento facial enquanto não forem definidos mecanismos eficazes de fiscalização

 
[dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou enviou uma interpelação oral a questionar o Governo sobre a legitimidade da aplicação da tecnologia de reconhecimento facial em modo “background” em 100 câmaras de videovigilância, a título experimental, no primeiro trimestre de 2020.
Recordando que em Março de 2019, naquilo que considerou ser uma “total falta de transparência, consulta pública e fiscalização”, os Serviços de Polícia Unitários adiantaram que iriam testar a tecnologia de reconhecimento facial no início deste ano, Sulu Sou acusa o Governo de ter divulgado os detalhes do sistema a “conta-gotas” e de forma pouco clara, colocando em perigo o direito à privacidade da população. Em causa está o facto de estar estipulado que o modo background obriga os agentes da Polícia Judiciária (PJ) a consultar os dados com credenciais individuais e numa sala específica sem ter, no entanto, de respeitar os dispostos presentes no “Regime Jurídico de Videovigilância em espaços públicos”.
“As autoridades sofismaram que como o modo backgound não faz parte da videovigilância, não precisa de seguir a Lei da videovigilância, isto é, o reconhecimento facial não se sujeita à audição a priori do parecer do [Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais] GPDP e à divulgação dos locais de instalação, nem à destruição automática dos dados pessoais a posteriori”, apontou Sulu Sou. “Com tanta falta de protecção legal e de mecanismos de fiscalização, o direito à privacidade da população é posto em perigo, e são inimagináveis as consequências do abuso e fuga de dados pessoais”, acrescentou.
Na interpelação enviada, Sulu Sou questiona, dadas as implicações para o direito à privacidade e reserva de intimidade privada, o direito à imagem, à palavra e à liberdade de circulação, se o Governo vai suspender “o quanto antes a experiência ilegal do reconhecimento ilegal do reconhecimento facial na videovigilância”.
O deputado pede ainda ao Executivo que forneça explicações pormenorizadas sobre a execução do projecto como “o fluxograma da recolha de dados pessoais” ou “as características técnicas dos dispositivos” e sugere em jeito de pergunta, que o Governo abandone a criação de uma base de dados de grande dimensão para responder às “preocupações (…) da sociedade”.

Debaixo de olho

Estimando-se de acordo com o plano do Governo que até 2028 estejam instaladas 4200 câmaras de vigilância em espaços públicos, Sulu Sou compara mesmo o nível de concentração deste tipo de equipamentos com a sociedade do Big Brother, plenamente vigiada e profetizada por George Orwell, de forma satírica, nas páginas de “1984”. “A concentração é tão grande que a sociedade de Macau está a caminhar para a plena vigilância por parte do Governo, tal como se descreve na sátira ‘1984’ ”, sublinhou o deputado.
Além disso, a execução deste sistema de permanente monitorização implica, segundo Sulu Sou, “trabalhos ocultos”, sobretudo pela forma como as autoridades de segurança recorrem constantemente aos argumentos da “segurança pública” e da “confidencialidade policial”, como pretexto para recusar a divulgação de pormenores.
Por isso mesmo, o deputado faz ainda um apelo ao Governo para que crie um mecanismo de fiscalização “eficaz e independente” que permita assegurar que o direito à privacidade é protegido e que os cidadãos “fiquem facilmente a saber se os seus direitos estão a ser afectados, para poder recorrer, atempadamente, aos meios jurídicos para a respectiva resolução”.

Vigilância no horizonte

Projectado pelo Governo para ser implementado em seis fases, o sistema dispõe actualmente de 820 câmaras correspondentes às três primeiras fases e prevê que a conclusão da quarta aconteça no primeiro trimestre deste ano, altura em que deverão já estar em funcionamento um total de 1620 câmaras. A fase seguinte, de aplicação a curto prazo, contempla a instalação de 2600 câmaras até 2023 e tem como objectivo “reforçar a vigilância de locais de grande concentração de pessoas, designadamente instalações de ensino, estações de autocarro e táxis”. Cinco anos depois, até ao final da 6ª fase em 2028, o número de câmaras vai aumentar para 4200.

Metro Ligeiro | Rosário promete consulta pública sobre traçado da Linha Este

O secretário para os Transportes e Obras Públicas revelou que já há um primeiro esboço para o traçado que deve ter entre sete e oito paragens. Porém, as autoridades só vão revelar pormenores com o documento de consulta

 

[dropcap]A[/dropcap] consulta pública sobre o traçado da Linha Este do Metro Ligeiro, que faz a ligação entre o Pac On e as Portas do Cerco através da Zona A dos Novos Aterros, vai arrancar na primeira metade deste ano. A promessa foi deixada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, na sexta-feira, em declarações aos jornalistas, citadas pelo canal chinês da Rádio Macau.

Segundo Raimundo do Rosário, a consulta pública vai ser lançada durante os primeiros seis meses do ano e as autoridades já definiram um esboço da ligação, que vai ter entre sete e oito estações. Porém, o governante explicou que os detalhes mais aprofundados só serão conhecidos quando for lançada a consulta, também numa altura em que o conceito do Executivo vai estar mais aprofundado.

Ainda de acordo com as declarações, a ligação entre a Linha da Taipa e a Estação Intermodal da Barra vai estar concluído num espaço de dois a três anos, ou seja, entre 2022 e 2023. As autoridades pretendem fazer da Barra um centro de ligação para os turistas que querem ir das Portas do Cerco para o Cotai de forma mais eficaz. Assim, podem apanhar os autocarros para a Barra e a partir de aí entrar no Metro Ligeiro em direcção ao destino desejado, o que poderá a ajudar a alivia o número de passageiros dos autocarros.

Na sexta-feira, Raimundo Rosário abordou igualmente os primeiros tempos de operação do Metro Ligeiro e as avarias registadas desde a inauguração. Segundo o secretário, no primeiro mês de operações o objectivo tem passado por melhorar o sistema e resolver todos os problemas encontrados. Rosário explicou também que o transporte ainda está em fase de ajuste para poder corresponder às expectativas e exigências dos cidadãos.

O secretário foi ainda questionado sobre o facto de o bilhete do Metro Ligeiro aumentar de acordo com as distâncias percorridas e sobre a possibilidade de passar a haver uma tarifa única, tanto para quem percorra uma estação como para que anda quatro ou cinco. O secretário macaense justificou que o custo da infra-estrutura foi relativamente alto e que o preço varia “de forma moderada” segundo a distância percorrida pelos utilizadores. Contudo, admitiu que a situação vai ser analisada e que caso se justifique até pode haver alterações, mas, por agora, não estão previstas.

O Metro Ligeiro de Macau foi aberto ao público a 10 de Dezembro do ano passado e teve um custo de 10,2 mil milhões de patacas. A única grande obra inaugurada por Chui Sai On como Chefe do Executivo ficou marcada por atrasos e derrapagens no orçamento.

Metro Ligeiro | Rosário promete consulta pública sobre traçado da Linha Este

O secretário para os Transportes e Obras Públicas revelou que já há um primeiro esboço para o traçado que deve ter entre sete e oito paragens. Porém, as autoridades só vão revelar pormenores com o documento de consulta

 
[dropcap]A[/dropcap] consulta pública sobre o traçado da Linha Este do Metro Ligeiro, que faz a ligação entre o Pac On e as Portas do Cerco através da Zona A dos Novos Aterros, vai arrancar na primeira metade deste ano. A promessa foi deixada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, na sexta-feira, em declarações aos jornalistas, citadas pelo canal chinês da Rádio Macau.
Segundo Raimundo do Rosário, a consulta pública vai ser lançada durante os primeiros seis meses do ano e as autoridades já definiram um esboço da ligação, que vai ter entre sete e oito estações. Porém, o governante explicou que os detalhes mais aprofundados só serão conhecidos quando for lançada a consulta, também numa altura em que o conceito do Executivo vai estar mais aprofundado.
Ainda de acordo com as declarações, a ligação entre a Linha da Taipa e a Estação Intermodal da Barra vai estar concluído num espaço de dois a três anos, ou seja, entre 2022 e 2023. As autoridades pretendem fazer da Barra um centro de ligação para os turistas que querem ir das Portas do Cerco para o Cotai de forma mais eficaz. Assim, podem apanhar os autocarros para a Barra e a partir de aí entrar no Metro Ligeiro em direcção ao destino desejado, o que poderá a ajudar a alivia o número de passageiros dos autocarros.
Na sexta-feira, Raimundo Rosário abordou igualmente os primeiros tempos de operação do Metro Ligeiro e as avarias registadas desde a inauguração. Segundo o secretário, no primeiro mês de operações o objectivo tem passado por melhorar o sistema e resolver todos os problemas encontrados. Rosário explicou também que o transporte ainda está em fase de ajuste para poder corresponder às expectativas e exigências dos cidadãos.
O secretário foi ainda questionado sobre o facto de o bilhete do Metro Ligeiro aumentar de acordo com as distâncias percorridas e sobre a possibilidade de passar a haver uma tarifa única, tanto para quem percorra uma estação como para que anda quatro ou cinco. O secretário macaense justificou que o custo da infra-estrutura foi relativamente alto e que o preço varia “de forma moderada” segundo a distância percorrida pelos utilizadores. Contudo, admitiu que a situação vai ser analisada e que caso se justifique até pode haver alterações, mas, por agora, não estão previstas.
O Metro Ligeiro de Macau foi aberto ao público a 10 de Dezembro do ano passado e teve um custo de 10,2 mil milhões de patacas. A única grande obra inaugurada por Chui Sai On como Chefe do Executivo ficou marcada por atrasos e derrapagens no orçamento.

Taiwan | Vitória de Tsai Ing-wen faz China clamar contra independência

A enorme participação eleitoral e vitória da candidata do Partido Democrata Progressista, Tsai Ing-wen, nas presidenciais de Taiwan deste sábado levaram a China a reiterar que se opõe a “qualquer forma de independência” da Ilha Formosa. EUA felicitam vitória e União Europeia destaca significativa ida às urnas

 

[dropcap]A[/dropcap] China reiterou este sábado a sua oposição à declaração de Estado soberano por Taiwan, apesar da esmagadora vitória eleitoral da actual presidente, a independente Tsai Ing-wen.
“Nós opomo-nos veementemente a qualquer forma de ‘independência de Taiwan’”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China, num breve comunicado divulgado pela imprensa estatal.

A posição chinesa não mudou apesar da histórica vitória de Tsai, e Ma lembrou que continuarão a procurar a “reunificação pacífica” daquela ilha com a China continental, através do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’.

O porta-voz do governo chinês relembrou que a China aderiu ao chamado “princípio de uma China Única”, num acordo alcançado em 1992, que estabelece que existe apenas um país chamado China e que Pequim e Taipei reivindicam a soberania de todo o território, incluindo a ilha de Taiwan e a China continental.

Após o fim da guerra e o estabelecimento da China comunista, em 1949, o líder da República da China derrotado, Chiang Kai-shek, e as suas tropas exilaram-se na ilha de Taiwan, onde continuaram com seu regime, e nos anos 90 começaram a realizar eleições democráticas. No entanto, Pequim ainda considera a ilha uma província rebelde.

Ma disse que a China está “disposta a trabalhar” com os “compatriotas de Taiwan para promover o desenvolvimento pacífico das relações” entre ambas as partes do Estreito da Formosa, embora tenha repetido imediatamente a ideia de “reunificação pacífica da pátria mãe, de acordo com o consenso atingido em 1992”, negando a possibilidade de um Taiwan independente.

A actual presidente de Taiwan declarou-se vencedora das eleições realizadas no sábado, ao receber mais de 8,1 milhões de votos (57,1 por cento do total), enquanto o seu principal rival, Han Kuo-yu, do partido Kuomintang (KMT), obteve 5,5 milhões de votos, 38,6 por cento.

Com 23 milhões de habitantes, Taiwan levou às urnas 19 milhões de eleitores, tendo sido registada uma participação de 74 por cento, ou seja, 8,6 milhões de pessoas, número inédito na história eleitoral de Taiwan.

Apesar da vitória nas presidenciais, o DPP perdeu sete assentos no parlamento, de acordo com a agência Bloomberg, enquanto que o KMT ganhou três lugares. O presidente da câmara municipal de Taipei, Ko Wen-je, do partido People First Party, estreou-se no hemiciclo com 1,5 milhões obtidos contra os 4,8 milhões de votos do DPP e 4,7 milhões do KMT.

Desde 2012 que as eleições legislativas acontecem ao mesmo tempo que as presidenciais. Uma emenda à Constituição, levada a cabo em 2005, permitiu que o partido que controla o Executivo também controle o parlamento.

Parabéns americanos

Por sua vez, os EUA felicitaram, também no sábado, Tsai Ing-wen pela reeleição para um segundo mandato presidencial em Taiwan, com a União Europeia (UE) a destacar, por sua vez, a alta participação no escrutínio e a encorajar um “diálogo construtivo” com Pequim. “Os Estados Unidos (EUA) felicitam Tsai Ing-wen pela sua reeleição no escrutínio presidencial em Taiwan”, escreveu o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, num comunicado citado pelas agências internacionais.

“Sob a sua liderança, esperamos que Taiwan continue a servir como um brilhante exemplo para os países que lutam pela democracia”, referiu o secretário de Estado norte-americano.

Também em reacção às presidenciais em Taiwan, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, felicitou o povo daquele território pela “alta participação” registada no escrutínio. “Os nossos respectivos sistemas de governança estão fundados num compromisso partilhado com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos”, referiu uma porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, num comunicado.

A mesma nota frisou que a UE acompanha atentamente o desenvolvimento da relação entre Taiwan e a China, lembrando que o bloco comunitário “tem incentivado um diálogo e um compromisso construtivo”.

Relação deteriorada

As eleições presidenciais deste sábado, que serviram também para eleger o parlamento da Formosa, foram marcadas pela deterioração das relações entre Taipei e Pequim, desde que Tsai assumiu o cargo, em 2016. Han, candidato do KMT, foi apresentado como uma alternativa para melhorar as relações com a China.

No entanto, o KMT perdeu a vantagem que as sondagens lhe deram há menos de um ano, devido à repressão dos protestos em Hong Kong e à posição do presidente chinês Xi Jinping, que não excluiu o uso da força para alcançar a aguardada reunificação de Taiwan com a China.

No seu discurso, depois da vitória nas eleições, Tsai disse que espera que Pequim possa “interpretar o sinal” dado pelos resultados eleitorais, o que, defendeu, mostra que os taiwaneses não aceitam as “ameaças” da China.

“Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos o nosso modo de vida livre e democrático, bem como a nossa nação”, afirmou Tsai Ing-wen, em declarações à comunicação social, anunciando a sua vitória nas eleições presidenciais hoje realizadas.

Segundo a agência Reuters, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) emitiu um comunicado onde também reitera que “independentemente das mudanças que ocorram internamente em Taiwan, o facto base é que há apenas uma China no mundo e que Taiwan é parte da China, e isso não irá mudar”, disse o MNE.

Ontem, Tsai Ing-wen reuniu com o chefe da embaixada norte-americana em Taipei, Brent Christensen, tendo referido que, “mais uma vez, a população de Taiwan usou o voto que tinha nas suas mãos para mostrar ao mundo o valor da democracia. A democracia e a liberdade são importantes activos em Taiwan e a fundação de uma longa parceria entre Taiwan e os EUA”, disse a presidente reeleita.

Além das relações tensas com a China, Taiwan tem perdido vários aliados nos últimos anos a favor da China, estando a ilha cada vez mais isolada diplomaticamente, mantendo apenas 15 países aliados. Estas eleições ficaram também marcadas pelos protestos em Hong Kong e pela maior aproximação com Washington.

Tsai Ing-wen rejeitou o chamado “princípio de uma só China”, mediante o qual só existe uma China, abarcando a ilha e o continente, o que levou Pequim e Taipé a reclamar a totalidade do território.

“As relações eram pacíficas até que Tsai chegou ao poder. Se voltar a ganhar, vai continuar uma espécie de ‘paz fria’ ou de ‘confrontação fria'”, afirmou o director do Centro de Estudos de Taiwan da Universidade Jiao Tong em Xangai, Lin Gang.

Em resposta, Pequim ofereceu medidas para multiplicar os vínculos económicos e culturais, insistindo, ao mesmo tempo, na reunificação. No ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na possibilidade de uso de força e lembrou que não será tolerada “qualquer acção para dividir o país”.

Activista detida

As autoridades de Hong Kong detiveram uma activista do partido pró-democracia Demosisto que procurava viajar para Taiwan na quinta-feira para acompanhar as presidenciais de sábado na ilha, indicou o partido. Lily Wong, de 26 anos, foi detida – e depois libertada sob fiança – pelo assalto ao Conselho Legislativo a 1 de Julho e é acusada de “conspiração para cometer danos criminais”, explicou o partido Demosisto numa publicação na rede social Facebook. O secretário-geral do movimento, Joshua Wong, disse à agência de notícias Efe que a activista estava a ir para Taiwan para participar nas eleições como observadora internacional. Segundo o Demosisto, Lily Wong não sabia que a polícia de Hong Kong a havia incluído numa lista de pessoas procuradas. “Pedimos a todas as pessoas envolvidas que tomem cuidado com detenções inesperadas nos postos de controlo de imigração”, acrescentou o grupo.

Deputados pró-democracia de Macau elogiam vitória de Tsai

A vitória expressiva de Tsai Ing-wen nas presidenciais de Taiwan gerou reacções dos deputados do campo pró-democracia de Macau. Na sua página oficial de Facebook, o deputado Sulu Sou escreveu “obrigada Taiwan por seres, mais uma vez, um exemplo”. “Vitórias e derrotas são normais numa eleição directa com sufrágio universal. O que é importante de facto é que a razão ultrapassou o ódio e a intimidação, para que as pessoas possam continuar a viver sem medo”, acrescentou o deputado à Assembleia Legislativa (AL) da RAEM.

Sulu Sou adiantou também que espera “que mais pessoas possam desfrutar da semente da democracia e realizar o seu sonho ao tomar a sua decisão”. “Esperamos ainda que, um dia, as pessoas de todo o mundo possam vir a Macau observar as nossas verdadeiras eleições com sufrágio universal”, frisou.

Também Au Nam San, deputado à AL, congratulou Tsai Ing-wen “pela sua bem-sucedida reeleição”. “Que a paz democrática seja mais estável e que evolua de forma mais rápida. Que se quebre o destino da população chinesa de não desfrutar de direitos democráticos”, apontou, também na sua página de Facebook.

Taiwan | Vitória de Tsai Ing-wen faz China clamar contra independência

A enorme participação eleitoral e vitória da candidata do Partido Democrata Progressista, Tsai Ing-wen, nas presidenciais de Taiwan deste sábado levaram a China a reiterar que se opõe a “qualquer forma de independência” da Ilha Formosa. EUA felicitam vitória e União Europeia destaca significativa ida às urnas

 
[dropcap]A[/dropcap] China reiterou este sábado a sua oposição à declaração de Estado soberano por Taiwan, apesar da esmagadora vitória eleitoral da actual presidente, a independente Tsai Ing-wen.
“Nós opomo-nos veementemente a qualquer forma de ‘independência de Taiwan’”, disse Ma Xiaoguang, porta-voz do gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado da China, num breve comunicado divulgado pela imprensa estatal.
A posição chinesa não mudou apesar da histórica vitória de Tsai, e Ma lembrou que continuarão a procurar a “reunificação pacífica” daquela ilha com a China continental, através do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’.
O porta-voz do governo chinês relembrou que a China aderiu ao chamado “princípio de uma China Única”, num acordo alcançado em 1992, que estabelece que existe apenas um país chamado China e que Pequim e Taipei reivindicam a soberania de todo o território, incluindo a ilha de Taiwan e a China continental.
Após o fim da guerra e o estabelecimento da China comunista, em 1949, o líder da República da China derrotado, Chiang Kai-shek, e as suas tropas exilaram-se na ilha de Taiwan, onde continuaram com seu regime, e nos anos 90 começaram a realizar eleições democráticas. No entanto, Pequim ainda considera a ilha uma província rebelde.
Ma disse que a China está “disposta a trabalhar” com os “compatriotas de Taiwan para promover o desenvolvimento pacífico das relações” entre ambas as partes do Estreito da Formosa, embora tenha repetido imediatamente a ideia de “reunificação pacífica da pátria mãe, de acordo com o consenso atingido em 1992”, negando a possibilidade de um Taiwan independente.
A actual presidente de Taiwan declarou-se vencedora das eleições realizadas no sábado, ao receber mais de 8,1 milhões de votos (57,1 por cento do total), enquanto o seu principal rival, Han Kuo-yu, do partido Kuomintang (KMT), obteve 5,5 milhões de votos, 38,6 por cento.
Com 23 milhões de habitantes, Taiwan levou às urnas 19 milhões de eleitores, tendo sido registada uma participação de 74 por cento, ou seja, 8,6 milhões de pessoas, número inédito na história eleitoral de Taiwan.
Apesar da vitória nas presidenciais, o DPP perdeu sete assentos no parlamento, de acordo com a agência Bloomberg, enquanto que o KMT ganhou três lugares. O presidente da câmara municipal de Taipei, Ko Wen-je, do partido People First Party, estreou-se no hemiciclo com 1,5 milhões obtidos contra os 4,8 milhões de votos do DPP e 4,7 milhões do KMT.
Desde 2012 que as eleições legislativas acontecem ao mesmo tempo que as presidenciais. Uma emenda à Constituição, levada a cabo em 2005, permitiu que o partido que controla o Executivo também controle o parlamento.

Parabéns americanos

Por sua vez, os EUA felicitaram, também no sábado, Tsai Ing-wen pela reeleição para um segundo mandato presidencial em Taiwan, com a União Europeia (UE) a destacar, por sua vez, a alta participação no escrutínio e a encorajar um “diálogo construtivo” com Pequim. “Os Estados Unidos (EUA) felicitam Tsai Ing-wen pela sua reeleição no escrutínio presidencial em Taiwan”, escreveu o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, num comunicado citado pelas agências internacionais.
“Sob a sua liderança, esperamos que Taiwan continue a servir como um brilhante exemplo para os países que lutam pela democracia”, referiu o secretário de Estado norte-americano.
Também em reacção às presidenciais em Taiwan, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, felicitou o povo daquele território pela “alta participação” registada no escrutínio. “Os nossos respectivos sistemas de governança estão fundados num compromisso partilhado com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos”, referiu uma porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, num comunicado.
A mesma nota frisou que a UE acompanha atentamente o desenvolvimento da relação entre Taiwan e a China, lembrando que o bloco comunitário “tem incentivado um diálogo e um compromisso construtivo”.

Relação deteriorada

As eleições presidenciais deste sábado, que serviram também para eleger o parlamento da Formosa, foram marcadas pela deterioração das relações entre Taipei e Pequim, desde que Tsai assumiu o cargo, em 2016. Han, candidato do KMT, foi apresentado como uma alternativa para melhorar as relações com a China.
No entanto, o KMT perdeu a vantagem que as sondagens lhe deram há menos de um ano, devido à repressão dos protestos em Hong Kong e à posição do presidente chinês Xi Jinping, que não excluiu o uso da força para alcançar a aguardada reunificação de Taiwan com a China.
No seu discurso, depois da vitória nas eleições, Tsai disse que espera que Pequim possa “interpretar o sinal” dado pelos resultados eleitorais, o que, defendeu, mostra que os taiwaneses não aceitam as “ameaças” da China.
“Taiwan mostrou ao mundo o quanto amamos o nosso modo de vida livre e democrático, bem como a nossa nação”, afirmou Tsai Ing-wen, em declarações à comunicação social, anunciando a sua vitória nas eleições presidenciais hoje realizadas.
Segundo a agência Reuters, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) emitiu um comunicado onde também reitera que “independentemente das mudanças que ocorram internamente em Taiwan, o facto base é que há apenas uma China no mundo e que Taiwan é parte da China, e isso não irá mudar”, disse o MNE.
Ontem, Tsai Ing-wen reuniu com o chefe da embaixada norte-americana em Taipei, Brent Christensen, tendo referido que, “mais uma vez, a população de Taiwan usou o voto que tinha nas suas mãos para mostrar ao mundo o valor da democracia. A democracia e a liberdade são importantes activos em Taiwan e a fundação de uma longa parceria entre Taiwan e os EUA”, disse a presidente reeleita.
Além das relações tensas com a China, Taiwan tem perdido vários aliados nos últimos anos a favor da China, estando a ilha cada vez mais isolada diplomaticamente, mantendo apenas 15 países aliados. Estas eleições ficaram também marcadas pelos protestos em Hong Kong e pela maior aproximação com Washington.
Tsai Ing-wen rejeitou o chamado “princípio de uma só China”, mediante o qual só existe uma China, abarcando a ilha e o continente, o que levou Pequim e Taipé a reclamar a totalidade do território.
“As relações eram pacíficas até que Tsai chegou ao poder. Se voltar a ganhar, vai continuar uma espécie de ‘paz fria’ ou de ‘confrontação fria'”, afirmou o director do Centro de Estudos de Taiwan da Universidade Jiao Tong em Xangai, Lin Gang.
Em resposta, Pequim ofereceu medidas para multiplicar os vínculos económicos e culturais, insistindo, ao mesmo tempo, na reunificação. No ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, insistiu na possibilidade de uso de força e lembrou que não será tolerada “qualquer acção para dividir o país”.

Activista detida

As autoridades de Hong Kong detiveram uma activista do partido pró-democracia Demosisto que procurava viajar para Taiwan na quinta-feira para acompanhar as presidenciais de sábado na ilha, indicou o partido. Lily Wong, de 26 anos, foi detida – e depois libertada sob fiança – pelo assalto ao Conselho Legislativo a 1 de Julho e é acusada de “conspiração para cometer danos criminais”, explicou o partido Demosisto numa publicação na rede social Facebook. O secretário-geral do movimento, Joshua Wong, disse à agência de notícias Efe que a activista estava a ir para Taiwan para participar nas eleições como observadora internacional. Segundo o Demosisto, Lily Wong não sabia que a polícia de Hong Kong a havia incluído numa lista de pessoas procuradas. “Pedimos a todas as pessoas envolvidas que tomem cuidado com detenções inesperadas nos postos de controlo de imigração”, acrescentou o grupo.

Deputados pró-democracia de Macau elogiam vitória de Tsai

A vitória expressiva de Tsai Ing-wen nas presidenciais de Taiwan gerou reacções dos deputados do campo pró-democracia de Macau. Na sua página oficial de Facebook, o deputado Sulu Sou escreveu “obrigada Taiwan por seres, mais uma vez, um exemplo”. “Vitórias e derrotas são normais numa eleição directa com sufrágio universal. O que é importante de facto é que a razão ultrapassou o ódio e a intimidação, para que as pessoas possam continuar a viver sem medo”, acrescentou o deputado à Assembleia Legislativa (AL) da RAEM.
Sulu Sou adiantou também que espera “que mais pessoas possam desfrutar da semente da democracia e realizar o seu sonho ao tomar a sua decisão”. “Esperamos ainda que, um dia, as pessoas de todo o mundo possam vir a Macau observar as nossas verdadeiras eleições com sufrágio universal”, frisou.
Também Au Nam San, deputado à AL, congratulou Tsai Ing-wen “pela sua bem-sucedida reeleição”. “Que a paz democrática seja mais estável e que evolua de forma mais rápida. Que se quebre o destino da população chinesa de não desfrutar de direitos democráticos”, apontou, também na sua página de Facebook.

Irão pede ao Canadá para partilhar informações sobre avião ter sido abatido por míssil

[dropcap]O[/dropcap] Irão pediu ontem ao Canadá para partilhar as informações sobre o voo 752 de Ukranian International Airlines (UIA) ter sido derrubado por um míssil iraniano, considerando que essas informações são “relatos questionáveis”.

De acordo com a agência France-Presse, Teerão convidou Otava a “partilhar” com a comissão de inquérito iraniana, criada depois de o voo comercial ter caído perto da capital do Irão, na quarta-feira de manhã, provocando a morte dos 176 ocupantes, entre passageiros e tripulação.

O Ministério das Relações Exteriores do Irão convidou também a Boeing, fabricante da aeronave, a “participar” na investigação. O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, afirmou hoje que o seu Governo dispõe de informações de que o voo 752 de UIA foi derrubado por um míssil iraniano. Trudeau, que falava numa conferência de imprensa, acrescentou que a ação “pode não ter sido intencional”.

O aparelho, um Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA, descolou da capital iraniana, Teerão, e tinha como destino a capital da Ucrânia, Kiev. O avião despenhou-se dois minutos depois da descolagem, matando todas as pessoas que estavam a bordo, a maioria de nacionalidade iraniana e canadiana.

Pelo menos 63 cidadãos canadianos estavam a bordo. Onze ucranianos, incluindo nove membros da tripulação, estão, igualmente, entre as vítimas mortais do acidente. Também estavam dentro do avião da UIA cidadãos oriundos da Suécia, Afeganistão, Alemanha e Reino Unido. A Ucrânia enviou para Teerão uma equipa de 45 investigadores para estudar as causas do desastre aéreo.

A tese de que a aeronave foi derrubada por balística iraniana também é partilhada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que disse ter “um conjunto de informações” de que o Boeing 737 ucraniano foi “abatido por um míssil iraniano de superfície para ar”.

Quatro oficiais norte-americanos que falaram sob a condição de anonimato, citados pela Associated Press, referiram que o avião ucraniano poderá ter sido confundido como uma ameaça por parte de Teerão.

Trânsito | Sugerida abertura da Ponte Nobre de Carvalho a particulares

[dropcap]L[/dropcap]o Chong I, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas considera que “a Ponte Governador Nobre de Carvalho deve estar disponível para todos os carros sempre que ocorrerem acidentes nas outras duas pontes”. Segundo as informações citadas no jornal Cheng Pou, Lo Chong I considera que, para além de terem chamado a atenção do público para a segurança rodoviária, os dois acidentes que ocorreram recentemente na Ponte da Amizade, e que acabaram por encerrar a circulação na estrutura, geraram preocupação entre os residentes e entre os membros do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas.

Citada pelo jornal Cheng Pou, Lo Chong I salientou ainda que deve ser incluída a abertura temporária da ponte Governador Nobre de Carvalho a todos os veículos como mecanismo de contingência para aliviar o trânsito em caso de acidente. Além disso, apontando que em 2018 ocorreram 481 acidentes na Ponte da Amizade, Lo Chong I considera que o Governo deve estabelecer medidas para aumentar a consciência de condução segura de condutores.

De acordo com a mesma fonte, Ng Chio Wai, também membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, argumentou que a fissura da Ponte da Amizade e os acidentes ocorridos na mesma estrutura demonstraram a necessidade de construir pelo menos mais uma ligação entre Macau e a Taipa. Ng criticou ainda a falta de planeamento rodoviário e espera que o Governo garanta que a construção da quarta ligação possa começar o mais rapidamente possível e que não ultrapasse o orçamento previsto.

Trânsito | Sugerida abertura da Ponte Nobre de Carvalho a particulares

[dropcap]L[/dropcap]o Chong I, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas considera que “a Ponte Governador Nobre de Carvalho deve estar disponível para todos os carros sempre que ocorrerem acidentes nas outras duas pontes”. Segundo as informações citadas no jornal Cheng Pou, Lo Chong I considera que, para além de terem chamado a atenção do público para a segurança rodoviária, os dois acidentes que ocorreram recentemente na Ponte da Amizade, e que acabaram por encerrar a circulação na estrutura, geraram preocupação entre os residentes e entre os membros do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas.
Citada pelo jornal Cheng Pou, Lo Chong I salientou ainda que deve ser incluída a abertura temporária da ponte Governador Nobre de Carvalho a todos os veículos como mecanismo de contingência para aliviar o trânsito em caso de acidente. Além disso, apontando que em 2018 ocorreram 481 acidentes na Ponte da Amizade, Lo Chong I considera que o Governo deve estabelecer medidas para aumentar a consciência de condução segura de condutores.
De acordo com a mesma fonte, Ng Chio Wai, também membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, argumentou que a fissura da Ponte da Amizade e os acidentes ocorridos na mesma estrutura demonstraram a necessidade de construir pelo menos mais uma ligação entre Macau e a Taipa. Ng criticou ainda a falta de planeamento rodoviário e espera que o Governo garanta que a construção da quarta ligação possa começar o mais rapidamente possível e que não ultrapasse o orçamento previsto.

Há coisas que devem ser copiadas

[dropcap]U[/dropcap]m das áreas que este novo Governo devia prestar uma cuidada atenção é a dos transportes públicos. O metro ligeiro, além dos problemas detectados, é irrelevante para a população. Um brinquedo em que se gastaram rios de dinheiro e pouco mais que isso.

Já os autocarros constituem o mais importante meio de transporte público da cidade. Daí que talvez fosse boa ideia voltar a estudar as rotas de modo a racionalizar o sistema. Quem os utiliza sabe muito bem que primam pela irracionalidade, do tipo passam três seguidos com o mesmo destino e depois só voltam a aparecer 40 minutos depois. Existem linhas em que os condutores guiam como loucos, abusando das travagens bruscas. Seria urgente cursos de condução especializados e aulas de civismo, em que seriam colocadas situações e a sua resolução racional.

A dimensão da cidade torna muito fácil a criação de uma rede de autocarros totalmente eficaz e tal só ainda não foi feito porque certamente iria contra os interesses enraizados. Talvez este Governo não tenha de se curvar a esses mesmos interesses e pense no interesse da população. E, sobretudo, na sua satisfação. São problemas como este e a habitação, entre outros, que motivam mais revolta entre as pessoas. E aqui ninguém quer isso. E já agora esforcem-se por comprar autocarros não-poluentes. Como os que vemos nas cidades da China. Há coisas que devem ser copiadas.

Cristalinos e intricados

[dropcap]N[/dropcap]ão gosto de generalizar, mas por vezes apetece. Facilita a percepção do território, torna mais visíveis os seus limites e define melhor a luz com que invadimos os temas a abordar. Na maior parte das vezes, prefiro ser indutivo nas análises, ainda que a senda de particularizar em demasia conduza ao apagamento de horizontes. Então, o texto – ou a voz – desdobra-se e fá-lo sem a preocupação de um sentido óbvio imediato ou, pelo menos, claro.

O ensaísmo oriundo do mundo anglo-saxónico pertence ao primeiro dos caminhos: clarifica o terreno, estrutura o campo de visão e convida a organizar o olhar. Lemos a divisão dos saberes proposta por Locke, a alegoria da liberdade proposta por Hobbes ou a sequência temática dos ‘Ensaios’ de Francis Bacon e tudo é cristalino.  Entramos nas obras de Harold Bloom, Richard Rorty ou do (oxfordiano) Isaiah Berlin e capta-se imediatamente um esquema de fundo que permite situar o espaço na sua totalidade. Depois a digressão, que pode assumir características chãs e até descentradas, torna-se clarividente e flui particularmente bem.

Já o ensaísmo latino prefere enredamentos: avança com a gula críptica que advém do prazer da palavra e dos seus ecos e, no entanto, galvaniza, contagia, impõe-se pelo eclectismo. Entre Montaigne, Barthes ou Magris sente-se esse tremor da natureza, ou essa inquietação, de que nem sempre se deduz uma matéria óbvia. No seu ‘Ensaio sobre a origem da linguagem’ (1772), Herder escreveu: “os filósofos franceses misturam tudo o que diz respeito a algumas curiosidades aparentes das naturezas animal e humana”. A verdade é que também não existe fascínio sem esse tipo de cocktail e de incompletude. Já se sabe que a mini-saia discursiva é sempre bem mais atraente do que uma saia vitoriana até à flor dos artelhos.

A chamada disposição cartesiana não foge a este espírito ecléctico. Ela é comparável às áleas geométricas dos jardins franceses de seiscentos que vivem sobretudo do aparato visual e da formalidade teatral. Nas suas ‘Lettres Philosophiques’, Voltaire realçou a fértil imaginação de Descartes, chegando a referir que “a natureza fez dele um poeta”, facto que nunca conseguiu dissimular, nem “mesmo nas obras filosóficas onde se vêem a todo o momento comparações engenhosas e brilhantes”. Leibniz apontou o excesso de “hipóteses imaginárias” à física cartesiana, enquanto o holandês Huyghens, autor de uma autobiografia que destacou os avanços ópticos do seu tempo, a comparou a um mero “ensino de quimeras”. O engenho e a reverberação poética a sobreporem-se à linearidade dos canteiros.

Não é por acaso que o mal amado Deleuze destacou em vários dos seus livros a “superioridade” da literatura anglo-saxónica devido à sua vocação para uma espacialidade livre e não sujeita a freios ou a aparatos formais, dando como exemplos, entre outros, Melville, Stevenson, Wolfe, Fitzgerald, James, Lovecraft, Miller, Kerouac, Lawrence ou Virginia Woolf. Por outro lado, não deixou de relegar o imaginário da tradição francesa para o imobilismo, para a previsibilidade e para a extrema centralidade dos seus cenários. Por outras palavras: a cinética a devorar literalmente a inércia.

Esta diferença entre a errância e a determinação é a mesma distância que separa o nómada do sedentário. O primeiro cria um guião para a sua viagem, mas fá-lo em movimento. O segundo encerra todas as viagens no seu habitat projectando o globo num jardim, cujo labirinto se fecha a si próprio. A sobrevivência do primeiro obriga a uma cartografia que deverá ser compreendida com exactidão por terceiros, enquanto a sobrevivência do segundo se bastará aos mais íntimos sortilégios da poética.

Se este é, em suma, o descaminho que afasta o tradicional verbete anglo-saxónico do enredamento latino, não esqueçamos nunca as excepções que muitas vezes ditam aquilo que o mundo afinal é (verdadeiras flechas prontas a arrasar conclusões imprudentes). Não é por acaso que todo o actual discurso do Brexit – mesmo no caudal pós-eleitoral – é a peçonha mais nevoenta que já se viu. Qual dedução, qual indução, qual poética, qual quê! Aquilo é um misto de brumosa apologia com pés de cabra, de insularidade papalva, de contrição trombuda, de ‘cala consente’ sem norte, enfim: um verdadeiro estiolar do que ainda restaria das ossadas da velha ‘Britannia’. Que nos valham figurões como Peter Sellers, John Cleese ou Rowan Atkinson para nos contagiar a rir de toda esta charada. Pois eles é que são a única e verdadeira vaga imperial anti-Brexit.

Joker

[dropcap]O[/dropcap] Acontecimento cinematográfico do ano, ou pelo menos um dos, na minha análise, deu vida a uma biografia desconhecida do icónico vilão da DC comics. Realizado por Tood Phlips, teve estreia em Outubro e ainda permanece em sala. Na lista dos filmes mais vistos neste ano 2019 em Portugal, surge em 2º lugar, logo a seguir ao Rei Leão, o filme da Walt Disney Pictures pensado para toda a família. JOKER, protagonizado por Joaquin Phonix estreou a 3 de Outubro e até 25 de Dezembro teve 18 962 mil sessões com 895 903 mil espectadores, o que faz uma receita bruta em sala de € 4.963.583, 79 euros.

O Budget estimado desta co-produção EUA /Canada, segundo dados do IMDb, é de 55, 000, 00 dólares, e as receitas de bilheteira ascendem a mais de 1,062,994, 002 dólares. Arthur Fleck, o personagem vivido por Joaquin Phonix, é um comediante palhaço que é despedido na agência de eventos onde presta serviço a recibos verdes, a cidade é Gotham City, a cidade que há muito conhecemos através desse outro ícone da BD o Batman, o alter-ego, de Bruce Wayne, herdeiro de enorme fortuna que decidiu dedicar a sua vida ao combate do crime.

Arthur Fleck tem também um alter ego, o JOKER.
A cidade vive o seu quotidiano de indiferença, miséria e crime. Arthur Fleck é espezinhado por um grupo de adolescentes que também lhe destroem o cartaz com publicita um produto comercial, cartaz que vai ter de pagar do seu magro salário de palhaço a horas, mas, mais do os pontapés no corpo, são os pontapés na alma, a solidão que se acumula a cada hora do dia e da noite que passa. E pior, com o passar dos cresce também a percepção da falta de perspectivas para outra realidade mais quente e menos sofrida.

Arthur Fleck tem necessidade de cuidados médicos, os serviços de saúde públicos em Gotham City são degradantes como o é sempre a miséria, a sua saúde psíquica é difícil. O riso descontrolado acontece nele, como a sucessão de atchim(s) quando se está constipado, é um riso nervoso, que acaba por se tornar uma idiossincrasia da sua persona. Vive com a mãe numa decadência alimentada ansiolíticos. A mãe sonha com a ajuda do seu velho amor o milionário Bruce Wayne, escreve-lhe sucessivas cartas, sempre sem resposta. Bruce Wayne, é o pai de Arthur Fleck, segundo ela ele é filho desse amor clandestino quando esteve empregada na mansão do milionário.

Arthur Fleck veste a sua personagem JOKER, é dessa forma, cara pintada de palhaço, que se movimenta na cidade. Um dia no metro, em defesa de vida, mata um assaltante, a sua identidade não é reconhecida, mas a sua figura, comunicada através das tv e jornais encontra eco na população da cidade. Perante a onda de criminalidade da cidade, é percepcionado como um herói.

Tenta aproximar-se do pai, vai à grande mansão, encontra junto do muro fronteira de grandes grades entre a propriedade e a cidade o seu irmão, aquele que, sabe o espectador, anos mais tarde será o herói Batman. É expulso, escorraçado da mansão.

A revolta interior cresce de forma paralela as manifestações violentas dos habitantes da cidade contra as injustiças da governação da cidade. Os manifestantes usam pinturas faciais iguais à sua, é um herói desconhecido.

É convidado num programa de televisão de grande audiência – como sempre, magnifica interpretação de Robert De Niro. Dispara em direto sobre o apresentador.

O filme rodado no Bronx, Harlem, Manhattan, é tudo menos uma comédia leve de fácil digestão. O extraordinário – aparentemente – é a adesão dos públicos a esta narrativa que trabalha o burlesco e o drama da marginalidade social nas grandes cidades da falência do capitalista liberal.

JOKER é cinema maior, se arte é sempre um tempo fora do tempo, o imaginário Comics, é necessariamente território fértil. Este é um filme construído no novo regime estético do cinema, assim denominado por Jaques Ranciére, um regime em que o híbrido e o pós-dramático são o território da materialidade narrativa. A narrativa trabalha com o grotesco e o informe, que como sempre, tem de ser reconhecida na materialidade, na realidade filmada, de forma sublime JOKER convoca e coloca-nos perante o fascínio visual que trabalha o grotesco. O grotesco é uma potência do humano sempre presente e que, em tempos de crise, de transição de regime, tende a emergir com toda a sua dimensão do espetacular. Captura dá-nos a ver a ansiedade vivida individualmente e em grandes massas, sempre presente nos momentos de fractura, de crises de sociedade.

JOKER é o medo do não ser, a procura da forma para o reconhecimento da cidadania, depois da falência da norma.
Freud em 1919 no artigo Das Unheimliche, usualmente traduzido em português por “O Inquietante”, tem uma abordagem psicanalítica na área da estética. A análise parte dos contos Hoffmann “O Homem de Areia” e “Os Elixires do Diabo”. Freud investiga a etimologia da palavra Unheimlich, em diferentes línguas, a qual numa tradução literal é significa desconhecido e, paradoxalmente, encontra por vezes o oposto imediato – conhecido ou familiar. Conclui que atrás de algo atrás de algo incompreensível ou atemorizante está sempre alguma coisa familiar, refere então que existe sempre uma sombra no conhecido, um inominável que foi afastado, reprimido.

É esse reprimido que alimenta o arco dramático da personagem JOKER. É esse desconhecido, conhecido, que permite a identificação mesmo que involuntária do espectador com a vida na tela.

Estamos na presença do herói relutante, este herói que chegou à tela e à literatura na década de 50, o anti-herói, aquele que é herói, protagonista, não porque por decisão própria enfrenta e supera um empreendimento extraordinário, o que quer dizer que se coloca em ação por vontade própria, mas aquele novo herói dos quotidianos modernos que é levado à ação por razões de contexto, movido pela circunstância em que a realidade o envolve.

Estamos também em dois tempos, o tempo do filme, ou melhor o tempo em que o filme se passa, os anos da primeira grande recessão económica, e o tempo dos espectadores, o tempo do “espectador emancipado” como escreve Jacques Rancière, o público do cinema do final da segunda década do século XXI.

JOKER é o cinema da Nova Hollywood neste tempo de hipercinema em que a qualificação distintiva entre cinema arte e cinema indústria deixou de fazer sentido enquanto julgamento estético e de modelo de produção.

São raros, ainda assim bastantes, os heróis negativos que alcançam sucesso inegável na multidão dos públicos, é ainda comum a ideia de que o filme para ter sucesso comercial tem de trazer bons sonhos, distanciar os públicos da realidade e nessa distância oferecer a pílula da felicidade dourada. Basta falar com quem decide das programações em sala e nas televisões, e até de quem tem responsabilidade nas decisões políticas da cultura, e este axioma é apresentado como verdade em altar. JOKER prova de forma incontornável que os senhores do marketing, muitas das vezes, são vendedores de segunda, convencidos de que possuem ciência social e humana. Lembro esse filme com o magistral ator, o Anthony Hopkins em “Silêncio dos Inocentes” de 1991 – filme que ocupa a 74ª posição na lista dos 100 filmes do American Film Institute.

Em todo o caso, JOKER é um caso relevante e de especial interesse, e essa singularidade resulta do eco da personagem indivíduo no colectivo, na comunidade. Esta capacidade de contágio e a figuração da massa urbana em conflito agudo, em batalha nas praças e ruas da cidade Gotham City no ecrã da sala escura, a fazer eco de um tempo agora, um tempo hoje, onde coletes amarelos em Paris, multidões em Barcelona, ou em Hong-Kong, por razões de ordem diversa, confrontam de forma aberta o poder de polícia dos Estados.
JOKER é um homem sem pai, um cidadão sem representação da sua cidadania, vive uma dupla orfandade, pessoal e social.

Neste nosso tempo de vivências atomizadas, de vidas sem laços sociais comunitários, a orfandade é um trauma que irrompe como vulcão.

De alguma forma o trauma da orfandade é subterrâneo ao agitar das bandeiras, seja as da libertação do género da âncoras dos comportamento socialmente bem aceites; mudanças de género, etc, ou bandeiras das vozes minoritárias das etnicidades ao acesso ao exercício do Poder, o facto Édipo, permanece e é central na construção da afectividade humana.

A libertação do pai, processo constitutivo do crescimento individual e social do humano, tem sempre uma carga traumática, e marca a relação do afecto com o próprio e com o mundo.
Freud afirmou que o que move o mundo é o desejo inconsciente. Se a leitura das manifestações do inconsciente no consciente quase sempre é de difícil acesso, mais fácil é verificar que o desejo consciente, em certos casos mais até do que a necessidade, é instrumental para as dinâmicas da ação.

 

* Cineasta, Jornalista.
Doutorando em Estudos Artísticos – Estudos Fílmicos e da Imagem – FL -Universidade de Coimbra
Mestre em Estudos Culturais Aplicados em Cinema – Desenvolvimento de Projecto Cinematográfico – ESTC – Instituto Politécnico de Lisboa. Licenciado em Ciências da Comunicação – ISCSP – Universidade de Lisboa

Circularidades

28/ 12/ 2019

[dropcap]L[/dropcap]i hoje a pauta de “As Orelhas de Karenin”, que a Rita Taborda Duarte interpretou a quatro mãos com o Pedro Proença, e saiu-me nas margens dos poemas este escrito:

«A minha mão é uma ilha negra que extirpa nos galos a sua semente de alvorada.
Guardo os selos mais valiosos, dois, do tempo do rei dom Carlos, na carteira de mão – herdei-os duma avó, vai para nove anos – só para confirmar matinalmente, em tomando o meu chá verde, o enxuto e espigado recorte da serrilha. Miro-os, ainda a manhã anda a monte.

Há quem lhe chame tiques, prefiro resguardos.
Com a mesma pinça que me afina as sobrancelhas puxo-os para fora e examino-os detidamente; às vezes com a ponta da língua – eriçam-se, e as estampas ganham brilho.
Depois atraio um dos galos, com grãos de bico e um segundo antes que a voz da alba lhe ascenda ondulante do papo enforco-o com a linha do horizonte.
Empalho-os e alivio-lhes as penas com um verniz.
Estão-me todos gratos, juro por Deus, que me transmitiu:
se eu capturar em cada dia novas cristas, as serrilhas dos teus selos manter-se-ão incólumes.

Por isso ele não cantam, cá em casa, não é por mal sou até pela agro e pela avicultura biológicas.
Ganhei este hábito há cinco anos quando me vi nua, no quarto, à espera do meu noivo, depois dele – acabara de pôr a tocar na sala o The touch of your lips, do Chet Baker – se ter escapulido pela janela.
Gosto muito dos meus lábios, é do que mais gosto no meu corpo. Ele também, jurava, catucando-me com o seu bico de galo.»

29/12/2019

Como de costume, trouxe para esta semana de recolhimento na praia o dobro dos livros de que serei capaz de ler; trouxemos o dobro de comida de que seremos capazes de consumir; suponho que terei trazido o dobro dos ácaros, o dobro das espectativas, o dobro da impaciência; toda a vida arrastei comigo o dobro dos filhos que os meus amigos aturavam; tive o dobro dos casamentos, o dobro de inconsciência e irresponsabilidade; bebi o dobro do que me era devido (embora agora tenha trazido metade de bebidas do costume, o corpo pede e eu obedeço); escrevo, dizem-me, o dobro do que é comum escrever-se anualmente; tenho uma temperatura corporal, em média, um grau acima da que é comum, tive uma namorada que me chamava A minha botijinha; transpiro o dobro dos comuns mortais, é um ver se te avias; durmo, de comum, metade do que as outras pessoas dormem; peço sempre, numa encomenda, o dobro do tempo que preciso para a cumprir e metade do dinheiro que merecia (houve uma mulher que me chamava O meu idiota de estimação); é-me, pelo que é dado avaliar, duas vezes mais difícil cumprir um dever, tratar de burocracias (acabo sempre por pagar multas), escrever relatórios, etc.; no entanto sinto-me a pessoa mais desocupada do mundo, tortura-me a preguiça, o meu pendor para a procrastinação (nisto, a minha mulher, que acaba de ter uma grande ideia de editora, é absolutamente igual, e por isso levámos dezasseis anos para casar), assusta-me a minha moleza. Se houvesse um epitáfio justo, seria: Quem aqui jaz não conseguiu ter a arte do caracol, apesar da pretensão!

30/12/ 2019

Deito-me um pouco a ler na rede e só ouço o mar, o trinado dos pássaros, grilagens, os espanta-espíritos, zunzum dos besouros que têm a sua casa no tronco, atrás da rede. Não sei nomear nenhum destes pássaros e também o ar me parece inominável. Se olhar detidamente o jardim, não saberei o nome de metade das flores, arbustos e árvores. Este estado lacunar, paradoxalmente, transmite-me uma grande segurança. É como estar rodeado de gente que fala uma língua que desconheço – não me causa angústia. Nem pesar. Só me dá paz aquilo que desconheço. Como adquiri esta confiança no homem, no mundo?
Fosse eu crente e consideraria esta uma das provas da existência de Deus!

30/12/2019

Com as asas de quantos milhares de anjos caídos se fez a espuma do mar? Uma imagem justa para os tempos de Rilke, hoje, para não ser pires, só se ajusta aos entardeceres, em finais de ano muito solitários, como este que viemos passar à Macaneta, só eu, a Teresa e as miúdas.
Deve ser o último ano em que a Luna de 15 não exige passar com as amigas em festas ou discotecas. Temos de o aproveitar.

A Teresa fez um arroz de cogumelos magnífico ( – com cogumelos, curgetes, um nico de bacon, azeite e alho), e fomos depois à preamar tentar apanhar ameijoas.
Da última vez que aqui passámos o “réveillon” (faz dois anos) ouvíamos Toward the sea, de Takemitsu, e eu escrevi:

«É ao fim da tarde que a praia fica dourada,/ quando amansa o coração das dunas/ e os caranguejos reaparecem, na mira / de chorões, catando os últimos pedúnculos da luz.// A noite não retrocede.// Cada dia que nasce é novo, a noite/ é uma e não retrocede./ Decanta-se, porém, a resistência,/ apura-se como o vinho e amola as lâminas/ para o intérmino combate.// Inantecipável, meu amor, a Arca ascende, / da ordenação das vinhas/ para o extático desarme da música.»

As circularidades não nos cercam, bicefalam-nos, no amor, na música, no eterno retorno do dia, no regurgito com que cada final de ano deixa emergir da sua matéria suja o broto de uma nova era – nesta crónica.
Segundo o Youtube, uma profecia muito seguida dava o fim do mundo para 28 de Dezembro de 2019. Escapamo-nos de mais essa, meu amor.
Caiu-me bem o gin desta tarde.

Vida Nova

[dropcap]T[/dropcap]anto era tempo de partida que a avó se foi, sem ninguém dar por ela sair da casa habitada durante oitenta e oito anos. Um último Natal e, dois dias depois, uma ida silenciosa e serena, como quem diz: “Vocês cuidaram de mim mas, agora, finalmente, posso levantar-me e ir, vejam, afinal ainda consigo fazer coisas sozinha”. E lá foi, deixando para trás o eco da sua gargalhada inconfundível e todos os bons conselhos que nos deu. Foi sem falar e sem que as máquinas a traíssem. Foi sem que ninguém percebesse. No entanto, ninguém foi mais notado do que ela, entre a outra casa e o hospital. A doença prolongada faz isso. O amor também. E ela espalhou o seu, no mínimo, por mais três gerações. O que será do tempo e do espaço que ela ocupou aos que lhe eram mais próximos? Talvez nem eles saibam ainda. Talvez ainda seja cedo para fazer mais do que contemplar o vazio. Mas desconfio que as crianças ainda vejam a bisa e se riam com ela. Desconfio que as crianças saberão exactamente o que fazer. Que elas, uma e outra vez, ensinarão aos adultos o que é viver. Que é preciso fazê-lo. E que nem as crianças nem a avó terão lido Valéry.

É outra vez aquela fase em que toda a gente parece estar com um bebé a caminho ou acabado de chegar. As visitas, os vídeos e as fotos ocupam a agenda e o telemóvel. Dou por mim a pensar em como pôde a vida ser antes destas chegadas que parecem, assim de repente, de quem esteve sempre ali. Poderia ser um grande motivo de preocupação, a ameaça de guerra. Mas um bebé ocupa tanto a barriga da mãe como tudo o resto. Em “Conhecereis a Nossa Velocidade”, uma das personagens de Dave Eggers declara: “Há viagens e há bebés. O resto é trabalheira e morte.”

Começa um novo ano e somos obrigados a confrontar-nos com as promessas de falhar à la Pedro Chagas Freitas e a concluir que ele esteve, este tempo todo, a falar das resoluções de ano novo. Em reuniões de trabalho ou no Instagram, as listas são muito semelhantes. Dou por mim a fazer listas para os outros, como todas as pessoas que adoram listas e acham que sabem o que é melhor para alguém. Mas as listas que anunciamos publicamente não são, também elas, para mostrar aos outros? Penso na minha própria lista, evito-a, destruo e refaço-a. Dou por mim a falhar um ou outro aspecto e ainda só passou uma semana da não consensual nova década.

O meu último momento vergonhoso de 2019 foi, ao sair de casa no dia 31 para deixar comes e bebes em casa de uma amiga, ter pedido ao motorista da Uber que me esperasse, pois ainda precisaria de ir ao teatro. Ricardo III, de Thomas Ostermeier, no Dona Maria II. A maravilha total. O motorista acedeu. Subi, desci e dirigi-me ao carro cinzento em quatro piscas frente ao prédio. Porta trancada. Bati e nada. Vidro da frente. Bato. O dono desce o vidro e olha-me, muito sério. Peço desculpa, olho para a frente e vejo um carro cinzento em quatro piscas. Entro. Conto o que acabou de acontecer. Rimos até ao teatro.

O meu primeiro momento vergonhoso de 2020 foi, continuando com o dramatismo que define quer a minha vida quer a cultura que consumo, ter ido assistir ao querido “Que mal fiz eu a Deus agora?”, ver-me a braços com um menu pipoca mais refrigerante e, tendo chegado cedo ao cinema, em pleno dia 1, pousar a bebida no chão, à falta de suporte, e as pipocas no banco ao lado. Equilíbrio perfeito, até o dito ter tombado, sozinho, para o banco e para o colo da ocupante do banco ao lado, num momento em que, já em modo sala cheia, aquele lugar, ainda para mais no topo, se tornou, de repente, mais cobiçado que o trono mais falado dos últimos anos. Até ao filme começar, tive de desiludir umas cinco pessoas que queriam sentar-se ali. Mas só um senhor conquistou o Popcorn Throne. À saída do filme, pediu desculpa por ter-se sentado nas minha pipocas. Como dizia a alguém de quem gosto muito outro dia, estranhamente, não dei por mim a querer ser menos parva em 2020.

Há quem saiba dizer onde se encontra no tempo da sua vida. Eu observei sempre as minhas mãos sem saber ou acreditar que cumpriria o comprimento da linha da vida. Tenho umas linhas bem longas e vincadas. Não sei onde me encontro, se falta muito mais para a frente do que o que esteve para trás. Seria assim, idealmente, não é? No entanto, para tantos e tantas, a dificuldade de viver é tão avassaladora que envelhecer nem é uma hipótese. A mente não chega lá. Quanto a mim, gosto de viver. Apenas nunca me imaginei a envelhecer, como se não fosse lá chegar sem tê-lo imaginado. Como se fosse desenhando a minha existência, ou escrevendo-a, ao longo da própria vida. Independentemente das mãos e de tudo o resto.

Penso no que dizer a todos estes bebés. Mas é tão mais bonito e importante o que eles me dizem quando me olham, quando dormem, quando fazem birras e quando sorriem. É maravilhoso e tolo o tempo que podemos passar a olhar para eles. No fundo, precisamos tanto deles como o contrário, ou mais até.

Parada | Ano Novo Chinês celebrado no centro e no norte de Macau

Orçamentado em 28,3 milhões de patacas, o evento realiza-se no terceiro e no oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro) e conta com um total de 34 grupos de animação, desfile de 18 carros alegóricos, concertos e fogo-de-artifício

 

[dropcap]“2[/dropcap]020, ano do rato, é o ano da dupla Primavera e é o ano propício para o casamento”, foi desta forma que o director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Cheng Wai Tong deu ontem o mote para a apresentação do programa da Parada de Celebração do Ano do Rato, que terá lugar no terceiro e no oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro). A parada, que terá lugar no centro e na zona norte da cidade, vai contar com desfiles de carros alegóricos, espectáculos culturais, fogo-de-artifício e vários passatempos.

“Ao longo do tempo temos vindo a promover o nível da qualidade da parada de recepção do Novo Ano Lunar, esperando melhorar a organização de cada edição (…), pois queremos com este grande evento do ano, proporcione uma atmosfera festiva e repleta de cultura e tradições chinesas a todos”, partilhou Cheng Wai Tong.

Assim, a primeira parada agendada para 27 de Janeiro terá início a partir das 20h no centro da cidade, mais precisamente na Praça do Lago Sai Van, em frente à Torre de Macau. O espectáculo abre com dança aérea e acrobacias que darão início a um desfile de 18 carros alegóricos, acompanhados de 34 grupos de animação locais e estrangeiros, que seguirão pela Avenida Dr. Sun Yat Sen, com ponto de chegada no Centro de Ciência de Macau.

Antes disso, a partir das 17h30 haverá também lugar para actuações diversas que antecedem o evento principal da noite, que irá contar com a presença de celebridades de Hong Kong e Macau como Selena Lee, Paisley Hu e Mandy Wong. Pelas 21h45 haverá um espectáculo de fogo-de-artifício com a duração de 15 minutos, na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau.

Já as celebrações do dia 1 de Fevereiro, oitavo dia do Ano Novo Lunar, terão início pelas 20 horas e contará com um desfile dos 18 carros alegóricos, que partirão da Rua Norte do Patane, passando pela Avenida do Conselheiro Borja, Estrada do Arco, Estrada da Areia Preta, Avenida de Venceslau de Morais, Rua Quatro do Bairro da Areia Preta, Avenida da Longevidade e Rua do Mercado de Iao Hon. O cortejo segue depois em direcção ao ponto de chegada situado no Jardim do Mercado do Iao Hon, onde se realizará um espectáculo de encerramento que conta com actuações de artistas de Hong Kong e Macau como Louis Yuen, Germano Guilherme, Elise Lei, Elvin Chio, BoBo Chan e Kenny Lei.

De referir ainda que A Marcha do Alto do Pina, vencedora da última edição das marchas populares de Lisboa, será um dos 34 grupos que irão participar na parada.

Questionado sobre o número de espectadores esperado para este ano, o director substituto da DST, Cheng Wai Tong, disse esperar uma afluência semelhante à do ano passado, ou seja, entre 80 mil a 90 mil pessoas.

Orçamento inflaccionado

“Temos mais grupos de animação locais e também maior inflação”, foi desta forma que Cheng Wai Tong justificou ontem o orçamento de 28,3 milhões de patacas dedicado à Parada de Celebração do Ano Novo Chinês e que reflecte um aumento de três por cento em relação ao ano passado.

Confrontado sobre as recentes indicações do Governo para controlar as despesas públicas, o responsável disse apenas que os serviços de turismo receberam ordens de Ho Iat Seng “para racionalizar as despesas em função da rentabilidade e em função dos resultados”.

Já sobre tomadas medidas específicas acerca da Pneumonia de Origem Desconhecida de Wuhan, Cheng Wai Tong afirmou que os serviços de turismo estão a acompanhar a situação de perto e que tomarão medidas se vier a ser necessário.

“A DST é um dos membros do grupo de contingência e por isso temos vindo a acompanhar a situação. Até ao dia da parada ainda faltam algumas semanas e por isso vamos dar acompanhamento à evolução da pneumonia e claro que, se, entretanto, a pneumonia agravar iremos tomar as medidas necessárias”

Questionado sobre se poderá estar em causa a realização do evento devido a um surto da doença, Cheng Wai Tong afirmou que terá de ser avaliado na altura “o grau da situação da pneumonia”. “A DST não pode suspender a parada por si só e teremos de entregar um projecto ao grupo de contingência para avaliar a situação”, acrescentou.

Parada | Ano Novo Chinês celebrado no centro e no norte de Macau

Orçamentado em 28,3 milhões de patacas, o evento realiza-se no terceiro e no oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro) e conta com um total de 34 grupos de animação, desfile de 18 carros alegóricos, concertos e fogo-de-artifício

 
[dropcap]“2[/dropcap]020, ano do rato, é o ano da dupla Primavera e é o ano propício para o casamento”, foi desta forma que o director substituto da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Cheng Wai Tong deu ontem o mote para a apresentação do programa da Parada de Celebração do Ano do Rato, que terá lugar no terceiro e no oitavo dia do Ano Novo Lunar (27 de Janeiro e 1 de Fevereiro). A parada, que terá lugar no centro e na zona norte da cidade, vai contar com desfiles de carros alegóricos, espectáculos culturais, fogo-de-artifício e vários passatempos.
“Ao longo do tempo temos vindo a promover o nível da qualidade da parada de recepção do Novo Ano Lunar, esperando melhorar a organização de cada edição (…), pois queremos com este grande evento do ano, proporcione uma atmosfera festiva e repleta de cultura e tradições chinesas a todos”, partilhou Cheng Wai Tong.
Assim, a primeira parada agendada para 27 de Janeiro terá início a partir das 20h no centro da cidade, mais precisamente na Praça do Lago Sai Van, em frente à Torre de Macau. O espectáculo abre com dança aérea e acrobacias que darão início a um desfile de 18 carros alegóricos, acompanhados de 34 grupos de animação locais e estrangeiros, que seguirão pela Avenida Dr. Sun Yat Sen, com ponto de chegada no Centro de Ciência de Macau.
Antes disso, a partir das 17h30 haverá também lugar para actuações diversas que antecedem o evento principal da noite, que irá contar com a presença de celebridades de Hong Kong e Macau como Selena Lee, Paisley Hu e Mandy Wong. Pelas 21h45 haverá um espectáculo de fogo-de-artifício com a duração de 15 minutos, na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau.
Já as celebrações do dia 1 de Fevereiro, oitavo dia do Ano Novo Lunar, terão início pelas 20 horas e contará com um desfile dos 18 carros alegóricos, que partirão da Rua Norte do Patane, passando pela Avenida do Conselheiro Borja, Estrada do Arco, Estrada da Areia Preta, Avenida de Venceslau de Morais, Rua Quatro do Bairro da Areia Preta, Avenida da Longevidade e Rua do Mercado de Iao Hon. O cortejo segue depois em direcção ao ponto de chegada situado no Jardim do Mercado do Iao Hon, onde se realizará um espectáculo de encerramento que conta com actuações de artistas de Hong Kong e Macau como Louis Yuen, Germano Guilherme, Elise Lei, Elvin Chio, BoBo Chan e Kenny Lei.
De referir ainda que A Marcha do Alto do Pina, vencedora da última edição das marchas populares de Lisboa, será um dos 34 grupos que irão participar na parada.
Questionado sobre o número de espectadores esperado para este ano, o director substituto da DST, Cheng Wai Tong, disse esperar uma afluência semelhante à do ano passado, ou seja, entre 80 mil a 90 mil pessoas.

Orçamento inflaccionado

“Temos mais grupos de animação locais e também maior inflação”, foi desta forma que Cheng Wai Tong justificou ontem o orçamento de 28,3 milhões de patacas dedicado à Parada de Celebração do Ano Novo Chinês e que reflecte um aumento de três por cento em relação ao ano passado.
Confrontado sobre as recentes indicações do Governo para controlar as despesas públicas, o responsável disse apenas que os serviços de turismo receberam ordens de Ho Iat Seng “para racionalizar as despesas em função da rentabilidade e em função dos resultados”.
Já sobre tomadas medidas específicas acerca da Pneumonia de Origem Desconhecida de Wuhan, Cheng Wai Tong afirmou que os serviços de turismo estão a acompanhar a situação de perto e que tomarão medidas se vier a ser necessário.
“A DST é um dos membros do grupo de contingência e por isso temos vindo a acompanhar a situação. Até ao dia da parada ainda faltam algumas semanas e por isso vamos dar acompanhamento à evolução da pneumonia e claro que, se, entretanto, a pneumonia agravar iremos tomar as medidas necessárias”
Questionado sobre se poderá estar em causa a realização do evento devido a um surto da doença, Cheng Wai Tong afirmou que terá de ser avaliado na altura “o grau da situação da pneumonia”. “A DST não pode suspender a parada por si só e teremos de entregar um projecto ao grupo de contingência para avaliar a situação”, acrescentou.

Wuhan | Serviços de Saúde mantêm medidas de prevenção

[dropcap]N[/dropcap]o seguimento de uma investigação preliminar que identificou a doença respiratória de Wuhan como um novo tipo de coronavírus, os Serviços de Saúde (SS) de Macau anunciaram que vão manter as actuais medidas de prevenção.

Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de prevenção e doenças infeciosas e vigilância da doença do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SS, revelou que as autoridades locais vão entrar em contacto com os departamentos chineses responsáveis a fim de saber mais sobre a forma de detecção e tratamento da pneumonia.

Citada pela mesma fonte, Leong Iek Hou apontou ainda que as medidas adaptadas pelo Governo são adequadas para doenças infecciosa como o SARS e MERS. No caso de se tratar de uma doença da gravidade da pneumonia atípica, Leong Iek Hou afirmou que Macau está preparado para dar resposta e que são desnecessários ajustamentos enquanto não existirem mais informações quanto à agressividade do novo vírus.

Wuhan | Serviços de Saúde mantêm medidas de prevenção

[dropcap]N[/dropcap]o seguimento de uma investigação preliminar que identificou a doença respiratória de Wuhan como um novo tipo de coronavírus, os Serviços de Saúde (SS) de Macau anunciaram que vão manter as actuais medidas de prevenção.
Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de prevenção e doenças infeciosas e vigilância da doença do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SS, revelou que as autoridades locais vão entrar em contacto com os departamentos chineses responsáveis a fim de saber mais sobre a forma de detecção e tratamento da pneumonia.
Citada pela mesma fonte, Leong Iek Hou apontou ainda que as medidas adaptadas pelo Governo são adequadas para doenças infecciosa como o SARS e MERS. No caso de se tratar de uma doença da gravidade da pneumonia atípica, Leong Iek Hou afirmou que Macau está preparado para dar resposta e que são desnecessários ajustamentos enquanto não existirem mais informações quanto à agressividade do novo vírus.