Emprego | Feira promove oportunidades para início de carreira

Dias 30 e 31 de Julho os mais jovens vão ter a oportunidade de perceber quais as oportunidades de emprego na RAEM. Lionel Leong vai estar presente

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]fim-de-semana que se aproxima é de oportunidades, com a realização da 11ª edição da Feira de Emprego para jovens. O evento foi anunciado ontem pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e tem lugar a 30 e 31 de Julho no Centro de Convenções e Entretenimento da Torre de Macau.
O subdirector da DSAL, Chan Un Tong, deu a conhecer o programa da iniciativa salientando que representa uma oportunidade bilateral de informação acerca das possibilidades de emprego na RAEM. Para esta edição, é esperada a presença de 61 empresas que põem ao dispor dos interessados três mil ofertas de emprego. Quanto aos jovens, e à semelhança da assiduidade em anos anteriores, são esperados mais de quatro mil, na sua maioria recém-licenciados à procura de uma orientação profissional.
Segundo o subdirector, cabe à iniciativa representar dois objectivos principais: por um lado ser uma plataforma de oportunidades e por outro um meio de avaliação das necessidades dos jovens que entram no mercado, para que se possa proceder ao conhecimento das suas potencialidades.
A feira estará dividida em três zonas: uma área dedicada às empresas, uma outra para informações acerca de vagas a tempo inteiro, parcial e estágios e uma terceira de serviços de aconselhamento profissional. “É importante dar orientações acerca da melhor forma de procurar e gerir a carreira”, afirma a representante da Associação da Nova Juventude Chinesa de Macau.
Neste sentido são ainda disponibilizadas dicas de como procurar trabalho mais eficazmente, “de como redigir uma carta de apresentação, de técnicas a empregar aquando de entrevistas, etc”.

Edição diferente

A grande novidade este ano prende-se com a presença do Secretário para a Economia e Finanças. Além da sua presença na abertura oficial do evento estará ainda em contacto próximo com os jovens de modo a auscultar as suas necessidades.
Chan Un Tong salienta a existência de uma maior procura de trabalhadores para o sector do turismo, sendo que as áreas das empresas e entidades participantes são diversas. Da educação à aviação, os jovens podem ainda escolher, consoante a sua formação e perfil de carreira, empregos nas telecomunicações, seguros, jogo, administração de propriedades, comércio etc.
Para ajudar os mais novos a gerir a sua carreira, a Feira de Emprego 2016 vai ainda contar com a realização de um seminário em que os participantes podem testemunhar as experiências de profissionais que falarão acerca da gestão de tempo, interacção, detecção de pontos fortes e fracos , etc.

27 Jul 2016

Nam Van com várias exposições até Setembro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] arte que se faz por cá e a que vem do interior da China trazem agora mais cultura aos lagos Nam Van. O Instituto Cultural (IC) apresenta duas exposições que promovem os jovens artistas locais, sem deixar de enfatizar nomes já destacados no mercado chinês.
A mostra “Passando e Olhando – Exposição de Arte de um Jovem Artista” estará patente na zona do Anim’Arte Nam Van a partir de hoje e até Setembro. A iniciativa expõe mais de 60 pinturas, esculturas e instalações artísticas de 30 artistas locais, onde se incluem, por exemplo, Allen Wong, Sissi Ho, Kitman Leong, Eric Fok e Bruno Kwan.
Segundo adianta a organização, constituída pelo IC e pela Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau, os artistas esperam que, através da plataforma de exposição do Anim’Arte NAM VAN, o público possa conhecer a sua visão em relação à criação artística e à persistência.
Por outro lado é ainda esperança que este tipo de iniciativa venha a apoiar o desenvolvimento de artistas locais através da venda das obras expostas.
Além desta, os Nam Van recebem ainda a exposição “Memória Sussurra”, mostra das obras de Cai Guo Jie que estará patente no mesmo espaço e apresenta 14 pinturas do artista. A mostra explora módulos culturais, a compilação de artigos e a gravação de imagens, principalmente mediante “registo” e “documentário”, afirma a organização.
As duas exposições estarão abertas ao público até 20 de Setembro e contam com entrada livre.

26 Jul 2016

CPU | Habitação pública em terreno da CEM suscita estudos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s planos para o terreno da Companhia de Electricidade de Macau (CEM) junto à Avenida Venceslau de Morais vão na direcção de construção de habitação pública, mas a planta que prevê a sua construção está já a ser alvo de críticas e reticências por membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU). O problema reside no facto de uma obra deste calibre naquela zona poder trazer ainda mais pessoas à Areia Preta, que já é das mais populosas de Macau.
“Os problemas associados ao trânsito, se já são muitos, tenderão a piorar”, afirmou Manuel Iok Pui Ferreira, ontem, em mais uma reunião do grupo.
O membro do Conselho questiona a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) acerca da existência de um estudo capaz de avaliar o fluxo de carros naquela zona, bem como de prevenir o seu ainda maior congestionamento. Para Leong Chung Io, outro dos membros, é “necessário um estudo de todas as zonas a nordeste e da sua estrutura demográfica de modo a estabelecer um plano concreto”.
O responsável da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) afirma que são assuntos que serão tidos em conta e Li Canfeng, director da DSSOPT, explica ainda que a planta prevê uma zona para bombeiros, para eventuais emergências.

Que impacto?

Leong Chung Io adverte para a ausência de um plano específico para aquela área, sendo que considera que esse plano deveria ser conhecido antes que os processos de demolição tenham início. Por outro lado, e tendo em conta a necessidade de demolição, o membro do CPU quer saber se vai ser feito um estudo de impacto ambiental, algo que considera necessário.
Li Canfeng admite que esse estudo é essencial e argumenta que as próprias demolições dependem da sua conclusão. “Antes de demolir temos que ter os resultados do estudo de impacto ambiental, até podemos não ter condições para as demolições”, afirmou o director.
A CEM tinha entregue ao Governo uma proposta para sair das instalações da actual central térmica que a concessionária ocupa na Avenida Venceslau de Morais. A proposta da CEM visa a destruição das actuais instalações, a limpeza e descontaminação do solo, estando ainda prevista uma avaliação do impacto ambiental do edifício. No local, já tinha sido definida a construção e habitação pública.

Vai tudo abaixo

A Associação Novo Macau entregou ontem uma petição a solicitar aos membros da CPU que se manifestassem relativamente à intenção de demolição da fachada do Hotel Estoril. A entrega ocorreu antes da reunião realizada ontem, onde a defesa da fachada se fez sentir por alguns dos membros do grupo. A DSSOPT continua, contudo, com o parecer positivo para a demolição integral do Hotel e Raimundo Rosário afirmou no final da reunião que o processo está já no Executivo, sendo que o parecer dos seus serviços “apoia a demolição”.

26 Jul 2016

Vozes de ouro no Coro de Macau

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]rês medalhas de ouro vieram de Sochi, na Rússia, para Macau graças ao Coro Juvenil de Macau da Escola de Música do Conservatório. O grupo de canto participou na 9.ª edição dos Jogos Mundiais de Coros e alcançou o primeiro lugar do pódio nas categorias de “Coro Infantil”, “Música Sacra” e “Acompanhamento e Folclore a Cappella”.
Nesta edição, que incluiu o “Concurso Aberto” e o “Concurso dos Campeões”, participaram 283 coros provenientes de 76 países e regiões. O Concurso Aberto incentiva a participação de coros sem pré-requisitos e o Concurso dos Campeões é aberto apenas a vencedores de medalhas de ouro em competições internacionais.
Segundo o Instituto Cultural (IC), que anuncia os resultados em comunicado, nos últimos anos o Coro Juvenil de Macau venceu várias medalhas de ouro no âmbito de concursos internacionais, vendo a sua qualidade artística ser assim reconhecida pelos seus homólogos a nível internacional.
Este concurso, que decorreu entre 5 e 12 de Julho, não foi excepção. Sob a batuta do maestro e director da Escola de Música do Conservatório de Macau, Liu Mingyan, o Coro Juvenil de Macau participou com 44 membros e durante três dias consecutivos no Concurso dos Campeões nas categorias de Coro Infantil, Música Sacra com Acompanhamento e Folclore a cappella, competindo com concorrentes de todo o mundo. Além das três medalhas de ouro nas categorias de “Coro Infantil”, “Música Sacra” e “Acompanhamento e Folclore a Cappella”, o coro do Conservatório conseguiu ainda um quarto lugar na categoria de “Música Sacra com Acompanhamento”.

26 Jul 2016

Turismo | Palácio Imperial Beijing fecha portas por seis meses. Empresa queixa-se de falta de aviso da DST

O Palácio Imperial não reúne as condições mínimas de segurança e por isso vê as suas portas fechadas por seis meses. A decisão foi anunciada na sexta-feira e o hotel fechado no dia seguinte. Do futuro não se sabe e tudo depende de eventuais mudanças. Empresa queixa-se de falta de aviso da DST e já há acções judiciais conjuntas de agências de viagem

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Turismo (DST) obrigou o Hotel Palácio Imperial Beijing a fechar portas provisoriamente, durante um período de seis meses. O estabelecimento que um dia foi o New Century “não cumpre as condições de segurança mínimas”, nomeadamente relativas à prevenção e combate a incêndios.

Segundo a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, a decisão tem por base a detecção de “graves infracções administrativas e a ameaça da segurança pública e da imagem da indústria turística de Macau”. A medida foi implementada no sábado às 14h00, quando ainda estavam hóspedes e funcionários no local.

Estrelas apagadas

A DST diz que os problemas relativos à segurança do hotel, na Taipa, já vêm de 2014. Ainda assim, a renovação da licença do Palácio Imperial foi feita em Janeiro, sob condição de resolução dos problemas encontrados. Em Junho “estava tudo na mesma”, como frisou Helena de Senna Fernandes.

Na conferência de imprensa, que contou também com representantes do Corpo de Bombeiros, Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e Conselho de Consumidores, foi explicado que antes da vistoria conjunta, no dia 12 – em que se deliberou que o hotel “não se encontra em condições para funcionar” – já tinham sido detectadas infracções de diversa natureza incluindo, por exemplo, um grande número de obras de alteração irregulares.

Os incumprimentos administrativos são muitos, mas o “mais grave” e que está na base da decisão para o encerramento, é a falta de segurança no que respeita a medidas de combate a incêndios.

“Verificou-se um número insuficiente de extintores, sistema de iluminação de emergência insuficiente, saídas bloqueadas, vias de evacuação obstruídas, câmaras de fumo inutilizadas, uso de materiais decorativos sem protecção contra o fogo ou existência de combustíveis para além dos limites fixados.”

Desde 2014 que as sanções levadas a cabo por incumprimentos administrativos deram origem a multas de mais de 55 mil patacas. Quanto ao casino instalado no espaço, que opera sob a licença da Sociedade de Jogos de Macau, continua fechado para “renovação” desde o princípio do ano.

Trabalhadores deixam hotel
Trabalhadores deixam hotel
O facto de ser um hotel de cinco estrelas exige o cumprimento de determinadas características que também já não existiam. Várias instalações do hotel, como a sauna, espaços de lazer e restaurantes, tinham encerrado por motivos alheios à DST, mas que contribuem para que o hotel não possa ser classificado com cinco estrelas.

O hotel foi aberto em 1992, com a designação de Hotel New Century, tendo sido local de diversos problemas desde então, como a divergência entre um promotor de jogo que operava no hotel e a administração, que levou até a violência dentro do estabelecimento, que chegou a ser encerrado.

A partir de 2013, o hotel mudou para a actual designação e, em Outubro do ano passado, também mudou de dono e passou a fazer parte da empresa Victory Success Holdings. Esta foi a primeira vez que o Governo ordenou o encerramento de um estabelecimento hoteleiro. O Executivo assegura que se durante o período de encerramento for detectada entrada não autorizada no estabelecimento ou exercício de actividade no local, “independentemente da pessoa envolvida”, o autor incorre em responsabilidade criminal.

palácio imperial

Passa a bola

A empresa gestora do Hotel Palácio Imperial Beijing criticou a Direcção de Serviços de Turismo (DST), que acusa de não a ter informado sobre o encerramento do hotel. A DST tem outra versão.

Num anúncio publicado no sábado e no domingo no Jornal Ou Mun, a empresa diz que a decisão do encerramento temporário do hotel foi “repentina e sem aviso prévio”, mesmo tendo tido um encontro com o Governo um dia antes do anúncio do encerramento. Já a DST justifica que, no encontro, como não estavam representantes legais, algumas informações não puderam ser anunciadas.

A Empresa Hoteleira Macau Lda. diz-se “chocada” com a decisão. “Depois de assumirmos a gestão do Hotel em 18 de Janeiro de 2016, a companhia e todos os empregados do hotel têm estado a tratar das infracções deixadas pela gestão anterior de forma responsável, activa e com o que está ao nosso alcance. Relativamente aos pedidos da DST demos sempre resposta e resolvemo-los de acordo com a lei. Para alguns projectos também já procedemos à entrega de apresentações ao Governo. Desde a entrada da nova gestão que não violámos nenhuma lei ou provocámos qualquer violação. Nos últimos meses, o número de hóspedes também já recuperou, para cerca de cem mil”, pode ler-se. “O organismo forçou o encerramento em 24 horas sem aviso provisório ou explicações, não permitindo aos turistas continuarem nos quartos, nem aos já fizeram reservas fazerem check-in. Quanto a isso, a companhia está chocada. Também lamentamos as influências negativas causadas nos turistas e em Macau como uma cidade turística internacional. Tudo pela decisão repentina do organismo.”

Já, segundo o Jornal Ou Mun, Helena de Senna Fernandes, directora da DST, respondeu que respeita o comunicado, mas nada mais tem a justificar sobre a decisão. A responsável afirmou que é inevitável o encerramento temporário do hotel, bem como é inevitável que o seu encerramento afecte a imagem turística de Macau. Mas descarta que tenha sido uma decisão tão apressada como se descreve no comunicado.

“O organismo anunciou a medida de encerramento depois de [uma análise] compreensiva. Achamos que era uma decisão razoável”, explicou. “Em Junho já avisamos que, se não tomassem medidas de melhoramento oportunas, iríamos tomar medidas de encerramento.”

Senna Fernandes clarificou também que no dia do encontro, como os responsáveis do hotel não eram representantes legais ou autorizados, algumas das informações não puderam ser reveladas. “No dia do encontro deixámos os representantes do hotel saber dos problemas que já existem ao longo do tempo. Recentemente, só recebemos uma carta enviada em nome de quem tem a licença do hotel e todos os restantes contactos foram feitos com os representantes.”
O comunicado do hotel refere ainda que a empresa tentou marcar um encontro com a DST “muitas vezes”, mas Senna Fernandes diz que só recebeu duas chamadas telefónicas dos responsáveis.

Centenas de queixas de empregados e visitantes

Só no dia do encerramento do Palácio Imperial, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) encaminhou cerca de 70 hóspedes e mais de 30 trabalhadores para fora do estabelecimento. No sábado, cerca de mil pessoas tiveram de ser alertadas sobre o encerramento, mas os números continuam a aumentar.

Até às 18h00 de dia 23, os últimos dados disponíveis, o posto de atendimento da DST no Centro de Actividade Turísticas recebeu 19 casos – três relacionados com reservas de quartos, envolvendo 17 quartos, 14 relacionados com trabalhadores do hotel e dois com a filiação do hotel. Já a Linha Aberta para o Turismo recebeu oito pedidos de solicitação de informações. No CAT está ainda um balcão do Conselho de Consumidores, que atendeu três pedidos. Segundo as informações, os consumidores reservaram quartos através da internet ou de agências de viagem, mas também houve casos em que residentes de Macau fizeram adesão às instalações do mesmo hotel. O CC foi ainda informado que há mais turistas com quartos reservados.

O destino dos trabalhadores é incerto. Neste momento o hotel dava emprego a tempo inteiro a 20 trabalhadores e a 30 em tempo parcial, fazendo com que o encerramento do hotel tenha afectado cerca de 50 empregados que se juntam a mais de 300 que já tinham conflitos com a empresa. Muitos só através dos meios de comunicação social é que ficaram a saber que iriam perder o emprego e Ng Wai Han, subdirectora substituta da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) refere que há já 75 queixas recebidas por partes de trabalhadores. Os motivos eram vários, indo da falta de salários a problemas com as compensações de férias. A dirigente da DSAL confirma que o destino dos funcionários é incerto mas assegura que a DSAL vai ajudar os actuais 50 empregados do hotel a reivindicar as compensações devidas, que neste momento ascendem a 20 milhões de patacas.

Segundo informações, 570 quartos do hotel foram reservados para sábado, por nove agências, o que significava lotação quase cheia. A maioria dos clientes veio do interior da China em excursões. As operadoras já estariam ao corrente do sucedido, de modo a diligenciarem as medidas necessárias de realojamentos dos clientes, mas também as agências de turismo têm problemas com o hotel (ver texto).

Considerada acção judicial conjunta

Além das dívidas aos empregados há ainda queixas por parte das agências de turismo que denunciam o pré-pagamento de quartos que depois não podem vir a usar. No total, o hotel terá um montante em dívida que chega aos 27 milhões de patacas e poderá haver processos conjuntos contra a empresa.

Wong Fai, vice-director da Associação de Indústria Turística de Macau, disse que as agências de viagem não excluem a possibilidade de interpor uma acção judicial conjunta. O responsável disse, em declarações ao Ou Mun, que, com a mudança da gestão no início deste ano, muitas empresas do sector não conseguiram obter os quartos segundo os contratos assinados com o hotel, pelo que é inevitável que o caso vá afectar mais turistas.

Helena de Senna Fernandes disse que o organismo não iria envolver-se nas disputas comerciais entre o hotel e as agências turísticas e realçou que segundo a lei de Macau, as agências turísticas têm a responsabilidade de ajudar os turistas afectados. O organismo também já se reuniu com os responsáveis das agências, exigindo-lhes que ajudassem os turistas a encontrar alojamento.

25 Jul 2016

Apoio Judiciário | Regime vai ser revisto para incluir funcionários públicos

O Regime Geral de Apoio Judiciário poderá vir a ser alterado para que os trabalhadores da linha da frente possam dele usufruir. A informação foi dada por Sónia Chan

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]actual Regime Geral de Apoio Judiciário pode vir a ser alvo de revisão. A legislação não contempla o apoio judiciário aos trabalhadores da linha da frente que são lesados no exercício de funções, o que mereceu críticas de Leong Veng Chai, no plenário da semana passada. A Secretária para os Assuntos de Administração e Justiça, Sónia Chan, promete um estudo para analisar mais uma vez a situação.
Em 2010, a questão já tinha sido alvo de análise, mas nada se alterou com a entrada em vigor do diploma, dois anos depois. Na altura não foi encontrado consenso social e a polémica fez com que não fosse alterada. Agora, Leong Veng Chai volta à carga, argumentado que “a situação dos funcionários da linha da frente é injusta”. O deputado diz por exemplo que, em caso de agressão no exercício de funções, estes trabalhadores que “dão a cara na execução da lei” não têm qualquer apoio judiciário. As custas de instauração de um processo contra a agressor são na sua totalidade da responsabilidade do lesado e, estando este ao serviço do Governo, Leong Veng Chai considera que seria obrigação do Executivo apoiar judicialmente.
Estes são trabalhadores que nas suas acções de inspecção estão “mais expostos aos perigos por tratarem da execução legal de serviços”, afirma o deputado. Dadas as suas funções, são ainda vítimas de agressões verbais e físicas e, apesar de em caso de lesões poderem, como qualquer cidadão, instaurar um processo judicial, as custas do mesmo são a seu cargo e não contam, dentro do actual regime, com qualquer ajuda por parte do Governo.
No entanto, e caso o acusado seja o funcionário, o Governo já dá apoio judiciário. Leong Veng Chai vê esta situação como injusta, por considerar ser obrigação do Governo “defender-se a si próprio e aos seus”.
Em 2010, quando a questão foi levantada, não reuniu consenso social e os argumentos estavam ligados a possíveis abusos dos trabalhadores, sendo que foi ainda considerado que não defendia a população. Agora, a Secretária para a Administração e Justiça considera que o actual regime serve o propósito de mitigar os conflitos, mas não descarta uma revisão, esperando que, a avançar, se possa encontrar concordância da sociedade.
“Vamos rever a lei e ver se já não se adapta à realidade, sobretudo quando [estes trabalhadores] são lesados na execução da lei”, frisou Sónia Chan. Nos últimos seis anos, o Executivo recebeu cerca de dez casos de pedido de apoio judiciário de funcionários.

25 Jul 2016

Contratação de TNR | Prometida revisão da lei até ao fim do ano

O Governo promete rever a Lei de Contratação de TNR até ao fim do ano. A ideia é que turistas não possam trabalhar no território sem uma autorização especial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo vai apresentar uma revisão à Lei de Contratação de Trabalhadores Não-Residentes para que pessoas com visto de turista não possam trabalhar em Macau. A proposta de revisão deverá ser entregue até ao final do ano.
A promessa é deixada por Wong Chi Hong, Director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), que respondia a uma interpelação da deputada Kwan Tsui Hang, no plenário de sexta-feira. “O Governo afirma o compromisso que, no fim do ano apresenta uma proposta”, frisou o responsável, salientando que a DSAL tem estado em busca de uma lei “adequada” à situação da RAEM.
“Não nos podemos esquecer que Macau também tem as suas particularidades”, ressalvou Wong Chi Hong, acrescentando que estão planeadas para Agosto uma série de reuniões com associações de modo a definir uma nova proposta.
O Governo alerta, contudo, que é preciso consenso junto da sociedade e que o objectivo é apresentar esta proposta ao Conselho Permanente de Concertação Social, para que seja discutida.

Turista disfarçado

O debate que teve lugar na sexta-feira na Assembleia Legislativa (AL) teve por base a questão da mão-de-obra importada, os salários que a regem e, essencialmente, a situação da entrada de pessoas na RAEM que chegam como turistas e se tornam trabalhadores não-residentes (TNR).
Kwan Tsui Hang considera preocupante “as ilegalidades” que têm vindo a ser cometidas e que considera ainda mais gritante quando se fala de trabalhadoras domésticas. Para Kwan Tsui Hang o Governo está a ser conivente com uma “situação de mentira”. A deputada criticou ainda o tempo de demora a analisar a situação.

Exemplo do lado

Mas o Governo assegura que já foi a Hong Kong “com o intuito de entender o modo usado pela região acerca das disposições de contratação de trabalhadores não residentes” e seu regime de entrada e saída do território. Foi este estudo que trouxe as várias propostas que o Governo tem na mesa: Wong Chi Hong prevê acções semelhantes às da RAEHK, em que os indivíduos que vêm para trabalhar têm que adquirir previamente um visto que a isso os autorize. Este visto é activado com a entrada no território, a alteração de “autorização não nominal” para “autorização nominal” e a introdução de “uma condição de impedimento de permanência no território do não residente que pretende trabalhar em Macau”.
Já o deputado Zheng Anting não deixa de advertir para os estrangeiros “que vêm para Macau para cometer crimes”. O deputado considera que, mais que o prazo de permanência, há que ter em conta eventuais riscos que possam afectar os residentes. “Macau é especial e por isso não deve ser tratado como as regiões vizinhas: há uma grande necessidade e procura de trabalhadores da China continental”, remata.

25 Jul 2016

Lúcia Lemos, Coordenadora do Centro de Indústrias Criativas – Creative Macau

Está à frente da Creative Macau já lá vão 13 anos. Uma ideia que nasce de um sonho misturado com necessidade de fazer de Macau um pólo onde a criatividade pudesse ser mostrada. De poucos artistas, o leque foi crescendo e Lúcia Lemos conta, satisfeita, o progresso a que tem assistido, alertando que há ainda caminho pela frente

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]sta aventura já dura há 13 anos. Como é que surgiu a motivação para a criação deste Centro?
Começámos em 2002, a pensar neste projecto. Naquela altura não se falava ainda muito em indústrias criativas. Havia pessoas que produziam artefactos e outros produtos, que eram aquilo que considerávamos áreas das industrias criativas. Verificámos que havia realmente uma necessidade de tentar criar uma plataforma onde estas actividades pudessem ter uma voz.

O que pretendiam fazer ouvir?
Esta voz seria não só ao nível de poder proporcionar encontros entre os profissionais e amantes da criação artística, como também de possibilitar a exposição, não só no aspecto físico com trabalhos, mas também com conversas e trocas de ideias. Achámos por bem que era urgente reconhecer e criar um projecto destes.

Como é que as coisas aconteceram em termos de apoios?
Foi estabelecido um elo com o Instituto de Estudos Europeus de Macau, que disponibilizou uma verba que, naturalmente, era um extra. O projecto foi levado ao Governo para aprovação. Na altura, a economia vivia um momento de baixa dadas as circunstâncias. A criação do Centro foi concretizar uma abordagem mais positiva. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais era a entidade que tutelava estes casos e concedeu-nos o espaço. Com o pequenino orçamento que temos, conseguimos fazer muita coisa. Cingimo-nos ao que podemos gastar e vamos conseguindo levar a coisa a bom porto.

Foram uma espécie de pioneiros das indústrias criativas em Macau. Agora é assunto que está na moda…
Sim, mas mesmo assim levou muito tempo para que as pessoas se começassem a habituar. Já na altura havia arquitectos e designers e todo um leque de profissões associadas a esta indústria, mas estava tudo muito disperso. Hoje ainda estão, mas já se fala mais e, como em qualquer projecto, é necessário muito tempo para dar algo como estabelecido.

Têm aparecido mais entidades dedicadas a esta área…
Sim, entretanto surgiram outras instituições e organizações nesta área que também vieram criar plataformas importantes. Como exemplo temos o Centro de Design, a Fundação Rui Cunha ou o Armazém do Boi. A própria Fundação Oriente começou também a dinamizar o seu espaço. Tudo isto veio contribuir para um alargamento desta área. Há uma maior partilha e discussão de ideias. Há uma abertura para que os criativos se mostrem e apresentem os seus trabalho.

O que é que os criativos locais têm que fazer para usufruir do vosso apoio?
No nosso caso, as pessoas, para que possamos fazer algo por elas, têm que se registar como membros para que nós possamos saber o que fazem. Esta acção tem como objectivo possibilitar que as possamos distribuir nas diversas áreas que temos e naquelas em que melhor se enquadram. Mas a inscrição é um processo muito simples e é todo ele gratuito.

Só não está quem não quer, é isso?

Exactamente. Não exigimos qualquer currículo académico. Exigimos é trabalho. É o que nós queremos. O que acontece é que muitas vezes as pessoas têm outras ocupações e por isso acabam por não produzir muito. Encaram isto como um hobby. Temos uma lista de membros mas não obrigamos a que as pessoas tenham uma actividade que seja de lucro, quer para nós, quer para eles. É essencialmente para que possam aparecer.

Depois, na prática, como funciona?
Temos uma lista de nomes que fazem isto e aquilo em determinados chamamentos. As pessoas são muitas vezes chamadas a participar num evento ou num projecto profissional e, a nós, há quem peça contactos ou informações acerca de quem faz determinadas coisas. Damos os contactos e as informações que temos e com isso podemos ajudar as partes envolvidas. Acabamos por fornecer uma rede de contactos. Não é um sistema economicista e, por outro lado, também não temos essa obrigação. Não nos responsabilizamos depois pela continuidade de projectos, mas ajudamos na parte que nos toca. Temos um vínculo associativo em que ninguém tem obrigações. Há liberdade.

E para que sejam mostradas?
No que respeita à possibilidade de exposição no espaço [do Centro] temos algumas regras também. A pessoa tem que se disponibilizar em participar em exposições colectivas. Todos os membros são convidados a participar nestas exposições. Mandamos convite a todos. Vamos depois acompanhando a evolução dos trabalhos e dos artistas que nos vão chegando e organizamos os calendários anuais onde eventualmente estão inseridas também as mostras individuais. Se vemos que há gente com pouca produção mas que ainda assim já apresenta um volume de trabalho considerável, convidamos duas pessoas para cada uma das salas. São igualmente exposições individuais. No colectivo, às vezes damos oportunidade àqueles que já expuseram há algum tempo para que voltem a mostrar o que andam a fazer. É muito bom ver a evolução das pessoas ao fim de alguns anos.

Tem assistido efectivamente a essa evolução?
Sim tenho.

Uma das dificuldades que têm sentido é relativa à escassez de profissionais. Ainda tem esse problema ou há mais gente a aparecer?
Acho que cada vez aparecem mais pessoas. As indústrias criativas agora estão na boca do mundo porque apareceram fundos. As pessoas berravam porque não tinham como criar um produto. Para o fazer, há um processo muito grande e que conta com uma despesa para a criação do produto. Tem que haver investidores e não existem assim tantos. lucia lemos

Os fundos foram essenciais, é isso?

Havendo fundos faz com que, por exemplo no Design, se criem projectos. Os projectos têm que garantir viabilidade económica para poderem aceder a esse fundo. São necessários para que as pessoas avancem com uma ideia que possa, eventualmente, vir a ser rentável. Muitas vezes isso acontece com a própria associação entre pessoas. Por outro lado também já há mais formação que pode ser aplicada em diferentes áreas de negócio ou mesmo na criação da sua própria empresa.

Começamos a ter uma indústria em Macau?
Como não há uma indústria em Macau, não conseguem produzir aqui. Não há fábricas. Não há meios de produção. Antigamente havia os industriais que podiam, por exemplo, ter um andar da sua fábrica dedicado à produção de produtos vindos de criadores. Mas, por outro lado, agora começa a aparecer aqui e acolá quem queira fazer isso. Acho que há pessoas interessadas. Aqui, têm que juntar a criação ao empreendedorismo. As pessoas estão realmente a aparecer cada vez mais a criar o seu próprio negócio ou a fazer parcerias.

E há os elementos técnicos necessários?
Isso acho que não. Quando queremos fazer um filme quantos operadores existem? Isto leva-nos a outro problema, que é realmente a falta também de mão-de-obra técnica associada às indústrias criativas. Porque associado ao trabalho do criador há sempre uma equipa técnica. Em Macau como é que isso se faz? Muito dificilmente. Por exemplo, aqui um realizador pode ter que esperar por disponibilidade de técnicos para fazer um filme.

Há mercado em Macau, é isso que está a dizer?
É capaz de não haver ainda um mercado. Vejamos, não há produtos de qualidade capazes de atrair as pessoas. É preciso também criar produtos que atraiam os visitantes que compram porque gostam. Aqui, o que existe à disposição dos turistas como recordação é sempre horrível. As pessoas querem levar um porta-chaves ou um íman de frigorífico e não têm coisas bonitas ou de qualidade. Imaginação não há, de certeza absoluta. Porque é que se insiste no mesmo design que já está velho? Acho que também é necessário criar um produto de Macau que as pessoas gostem e que seja contemporâneo. O que vemos nas lojas não é a nossa cultura. Não é chinesa nem portuguesa, nem é nada. É uma cultura de ninguém. Aquilo é uma imagem errada de Macau e não tem nada a ver com Macau.

O que se poderia fazer?
Quem de direito poderia investir numa fábrica de cérebros criativos, por exemplo.

Quais as áreas que mais precisam de um empurrão?
Tanta coisa. Um exemplo pode ser os caixotes do lixo que são horríveis. É preciso em todo o lado. É preciso criar algo que diferencie a cidade publicamente.

Já afirmou há uns anos que a qualidade do design em Macau era muito boa. Comparando com Hong Kong, muito melhor até. O que acha neste momento?

Lembro-me que quando abrimos isto era um furor. Éramos falados em Hong Kong e essas coisas. Vinha gente de todo o lado. O design de Hong Kong na altura era uma coisa sem identidade ou de uma identidade comum. O que também é importante porque é um design para todos. Mas aqui era diferente. Era uma coisa com assinatura. Era um design de autor muito interessante, bonito, elegante e diferente.

Como é agora?
Acho que agora está também no caminho do anonimato. Está mais ao serviço do cliente sem rosto, que simboliza o potencial cliente. É mais desprendido. É criar um design para ser vendido sem conhecer as pessoas. É menos emotivo e envolve menos o criador no que respeita ao sentido de pertença.

O Centro está de boa saúde e recomenda-se?
Sim (risos). Continuamos a ter sempre novos membros, a casa está aberta a todos. Continuamos a promover sempre o máximo que conseguimos e estamos sempre aqui, abertos a novas ideias.

25 Jul 2016

CCM | Clássico russo para os mais pequenos

Vem aí mais um fim-de-semana de teatro em família. A iniciativa “InspirARTE no Verão” traz, desta feita, um clássico russo dos anos 30, interpretado de todas as formas e sem palavras, para fazer rir miúdos e graúdos

[dropcap style=’circle’]I[/dropcap]nserido na iniciativa “InspirARTE no Verão”, o fim-de-semana traz ao pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) mais uma peça para os mais pequenos e toda a família. A produção que está em palco a 23 e 24 de Julho vem de S. Petersburgo e conta a história dos irmãos “Chook e Gek”.
“Chook e Gek” é um espectáculo teatral em jeito de comédia que combina palhaços, marionetas e instalação de vídeo. A peça baseada num conto clássico de 1939, do autor russo Arkady Gaidar, conta as aventuras de dois irmãos que partem com a mãe rumo ao Norte longínquo para se encontrarem com o pai. Descrita como “uma peça alegre, engraçada e visualmente adorável” pela crítica da imprensa internacional, “Chook e Gek” é concebida para miúdos a partir dos cinco anos. É um espectáculo feito em forma de convite para a descoberta da simplicidade das coisas, da sua força e beleza, ao mesmo tempo que puxa a mão dos mais velhos para um regresso momentâneo à infância.

Técnicas imortais

A forma como os actores se movem e se interagem com a música e adereços proporciona ao público uma viagem no tempo onde o cinema mudo era rei e em que cabia à linguagem corporal um papel maior na representação. Se neste contexto a lembrança tem ligação directa a nomes como Charlie Chaplin ou Buster Keaton, num olhar mais atento o público vê-se num palco que remonta à tradição dos mimos e palhaços russos celebrizados por Slava Polunin.
Reconhecido como “o melhor palhaço do mundo”, Polunin foi o fundador da Escola de Teatro e Mímica TeatrLicedei, a mais conceituada escola de palhaços russa e que já marcou presença no CCM em 2008. O mestre palhaço descreve as suas criações como “teatro de magia ritual de pompa festiva, construído à base de rituais e movimentos, jogos e fantasias”.
Actualmente é mote das produções teatrais modernas a utilização da fusão de novas formas de expressão com as expresses mais tradicionais. “Chook e Gek” não é excepção e junta ao teatro físico e à mímica a técnica do palhaço, tudo entrelaçado com marionetas e novas tecnologias nesta adaptação do clássico de Arkady Gaidar.

Companhia independente

“Chook e Gek” é uma encenação levada a cabo pela Melting Point, um pequeno teatro de São Petersburgo. A companhia inspira-se no conceito de teatro independente e no sonho em criar espectáculos não verbais em que a mímica e outras formas de expressão possam ocupar os palcos e representar a universalidade das encenações, adianta a organização.
Alheios a todas estas influências, aos miúdos basta que se sentem e riam, apreciando um espectáculo que também foi elogiado pelo Festival Internacional de Teatro para Crianças e Jovens – “KORCZAK Festival” – como uma “combinação vanguardista de teatro e instalações vídeo”.

Continua o Verão

Este Verão, o CCM apresenta uma série de produções distintas para miúdos de diversas idades levando ao palco alguns exemplos da força “ilimitada das artes teatrais”. Apesar dos avanços tecnológicos e vagas experimentais, a simplicidade permanece um elemento chave nas artes de palco, adianta a organização, sendo que a expressão física continua muito viva enquanto forma de entretenimento e comunicação.
Sob o mote “InspirARTE no Verão” os palcos já receberam e continuarão a receber até final de Agosto um conjunto de espectáculos e workshops especialmente produzidos para inspirar bebés, miúdos e graúdos, numa série criada para o deleite de toda a família.
No sábado, o espectáculo tem lugar às 19h30 e no domingo às 15h00 e os bilhetes têm o valor de 180 patacas.

22 Jul 2016

Governo quer elites sino-portuguesas bilingues

[dropcap style=’circle’]A[/dropap]Comissão de Desenvolvimento de Talentos pretende continuar com o aprofundar de relações de cooperação com a Universidade de Coimbra e a Universidade Nova de Lisboa de modo a proceder à formação de “elites sino-portuguesas bilingues”. A informação é dada em comunicado de imprensa referente à segunda reunião da comissão presidida por Lao Pun Lap.
Para corresponder às exigências do desenvolvimento social, valorizar o papel de Macau como ponte de ligação entre a China e os países lusófonos e reforçar a capacidade de combinação de língua com a especialização dos quadros qualificados, a Comissão está empenhada na cooperação com as instituições portuguesas de ensino superior. O intuito é formar profissionais capazes de corresponder a elites sino-portuguesas (bilingues) em termos de capacidade profissional.
Actualmente, a Comissão está a preparar, em colaboração com a Universidade de Coimbra, o Programa de apoio financeiro para frequência de mestrado, e abriu mais três vagas para bolsas de mestrado prestadas pela Comissão Técnica de Atribuição de Bolsas para Estudos Pós-Graduados (CTABE).

Mestrado Internacional

A Comissão pretende ainda implementar o Programa de apoio financeiro para frequência do curso de mestrado The Lisbon MBA International, oferecido pela Nova School of Business and Economics em parceria com a Católica Lisbon School of Business and Economics e em colaboração com o MIT. O programa é planeado para formar os profissionais de Macau na área de gestão de empresa.
Durante a reunião, o secretariado da Comissão também reportou a situação do trabalho de acompanhamento da cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Foi ainda assunto em cima da mesa o trabalho desenvolvido pelo Programa Piloto do Regresso a Macau no Curto Prazo de Talentos de Macau no exterior e da construção da Plataforma de Informações e Serviços para o Regresso a Macau dos Residentes de Macau no exterior que continuam em acompanhamento.

22 Jul 2016

Acordo | USJ e FRC lançam mestrados e doutoramentos duplamente reconhecidos

Foi ontem assinado um protocolo de colaboração entre a FRC e a USJ que estabelece a cooperação entre as duas instituições na área do Direito. Com a Universidade Católica a dar a mão e a criação do novo instituto da USJ, esta aliança permite abrir caminho para a possibilidade de mestrados e doutoramentos com duplo reconhecimento

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo Instituto de Estudos Sociais e Jurídicos da Universidade de São José (USJ), que conta com a cooperação da Fundação Rui Cunha (FRC), pode vir a ser um dos passos para materializar a criação de mestrados e doutoramentos com duplo reconhecimento. A informação foi dada ontem, no dia em que as duas entidades assinaram um Protocolo de Cooperação.
Se os mestrados já estavam na calha, os doutoramentos são agora também uma possibilidade, já que com este acordo e com a Universidade Católica portuguesa na retaguarda, a USJ abre caminho à possibilidade de estudos reconhecidos também em Portugal. Resta agora esperar pela aprovação da Lei do Ensino Superior para poder avançar com os respectivos procedimentos administrativos.

Mais investigação e publicações

A cooperação entre a FRC e a USJ foi formalizada com a assinatura do protocolo que acompanha a criação do Instituto de Estudos Sociais e Jurídicos na USJ. O documento prevê a mútua colaboração em busca de “um Direito actuante e moderno enquanto disciplina dinâmica que é”, como afirma Rui Cunha, dirigente da FRC.
Mais ainda, diz Peter Stilwell, reitor da USJ, o objectivo é afirmar o Direito enquanto disciplina “ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento”. Apesar do curso de Direito não fazer parte do plano de estudos da universidade, Peter Stilwell não deixa de referir a forte ligação do estabelecimento à disciplina, salientando não só o leccionar de cadeiras referentes ao Direito, como a integração de professores da área.
Por outro lado, Stilwell vinca a colaboração que a instituição tem com a Universidade Católica Portuguesa onde o Direito é curso de referência. O Instituto em fase de criação pretende ser um núcleo de convergência do estudo e investigação na área do Direito e conta agora com a cooperação do Centro de Reflexão, Estudo e Difusão do Direito de Macau CRED-DM da FRC. Das actividades previstas, Rui Cunha salienta a co-organização de cursos de formação jurídica, colóquios e seminários. A investigação e publicação é ainda ponto forte desta aliança.

Ano novo, vida velha

Ainda não é desta que a Universidade de São José abre o ano lectivo com casa renovada. As novas instalações do estabelecimento de ensino já andam com um ano e três meses de atraso, como adianta o reitor Peter Stilwell. “Estamos na fase final do novo campus e continuamos em negociações”, afirma, enquanto garante que apesar das novas instalações não abrirem portas para receber o ano lectivo, estarão efectivamente em funcionamento Questionado acerca de possíveis indemnizações, Peter Stilwell refere que estão previstas em contrato sendo que é necessário averiguar as responsabilidades.

22 Jul 2016

Caras novas no IPIM

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, nomeou novas caras para a Comissão de Investimentos do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Segundo um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, enquanto membros permanentes, passarão a integrar o grupo a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, Chan Tze Wai, subdirectora dos Serviços de Economia e Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais. Também Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes foi nomeado, ao lado de Shuen Ka Hung representante do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia. Enquanto membros não permanentes estão o director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, a subdirectora dos Serviços de Saúde, Ho Ioc San, e a subdirectora da Direcção do Ambiente, Vong Man Hung, entre outros. As nomeações são válidas por um ano.

21 Jul 2016

Prémio de português para aluna da UM

O Prémio Tomás Pereira 2016 foi atribuído a Zhang Kexin, uma estudante do departamento de Português da Universidade de Macau. O Prémio galardoa o melhor aluno de Português em universidades chinesas baseado nos resultados de exames orais e escritos. A competição teve início no ano passado em Pequim, numa iniciativa da Embaixada de Portugal na capital chinesa e em colaboração com as Universidades de Aveiro, Coimbra, Lisboa e Porto. Este ano a competição contou com a presença de 97 participantes de 20 instituições e decorreu em 13 cidades do país. O nome do prémio deve-se ao jesuíta português que trabalhou com o Imperador Kangxi sendo uma referência nas relações sino-europeias.

21 Jul 2016

iAOHiN | Exposição com obras a preço de saldo

O próximo domingo é dia de saldos nas artes. A proposta vem da Galeria iAOHiN, que vai pôr ao dispor do público várias obras de artistas que por ali têm passado a preços mais reduzidos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]o longo da sua existência a Galeria iAOHiN tem feito uma séria de obras seu património, pondo agora à venda algumas delas, juntamente com peças de autores. A iniciativa tem início no próximo domingo e prolonga-se até Setembro, avança Simon Lam ao HM. Para abrir as hostes, o sócio da galeria propõe uma tarde de domingo recheada com um cocktail a partir das 14h00. “É um momento em que as pessoas também podem discutir e observar as obras que teremos expostas”, afirma.
Os artistas autores das obras fazem parte de uma panóplia de nomes internacionais. De entre obras mais antigas que fazem parte da colecção, há também chegadas recentes de artistas. Para Simon Lam destacam-se alguns nomes pelas suas características específicas.
Em primeiro lugar o proprietário dá relevo à artista local Hong Wai. Um “nome que a galeria já representa há algum tempo”, afirma. A iAOHiN é ainda detentora de cerca de “30 obras da sua autoria” e a “sua pintura a tinta é única”, avanças Simon Lam. “É uma artista chinesa tradicional que utiliza a tinta mas aborda os seus temas de uma forma única”, diz acerca da autora que actualmente vive em Paris.
Outro foco vai para a artista americana Siana A. Ponds. “Ela tem um dom, ela consegue pintar sons.” A artista é portadora de sinestesia – que, se para muitos é um distúrbio neurológico que faz com que o estímulo de um sentido cause reacções noutro, para Siana é um dom. “Ela vê os sons que posteriormente pinta, o que lhe confere também características únicas no seu trabalho.”
A Coreia do Norte estará também representada com algumas pinturas de paisagens. “Uma oportunidade de ver pintados lugares do país misterioso”, avança o curador. De paisagens rurais a apontamentos visuais da capital, Jason Lam considera que constituem no seu conjunto um grupo de obras “que estão muito bonitas”.

Artigos de colecção

Da Ucrânia estarão pinturas já antigas, com pelo menos 15 anos e de autores que já não trabalham. Este facto transforma a oportunidade numa possibilidade rara para as apreciar ou adquirir. “São obras mais caras, de autores que já não pintam e já podem ser considerados artigos de colecção para os apreciadores”, avança Simon Lam. “Queremos dar estes trabalho a conhecer porque consideramos que até agora nunca as apresentámos devidamente. Aproveitamos assim esta oportunidade para o fazer também.”
De Portugal estarão algumas obras de Carlos Farinha, que já esteve com uma exposição individual na galeria em 2014. Da mostra fazem parte alguns trabalhos que o artista criou com inspiração de Macau. “É um artista que pinta o que vê. E pintou Macau como o viu”, o que faz com que resultem “composições com carácter humorístico também”.
Desta iniciativa constam seis obras de Carlos Farinha já expostas anteriormente e duas que chegaram recentemente e que fazem parte da colecção particular da iAOHiN. Também algumas das obras de Tashi Orbu recentemente expostas voltam às paredes. O artista de origem tibetana e sediado na Holanda mostra um mundo entre o oriente e o ocidente e a galeria repete a oportunidade de o apreciar.
Os descontos vão dos 20% aos 50% e no domingo as portas da iAOHiN abrem às 14h00. A entrada é livre.

21 Jul 2016

Simulacro de resposta a MERS este sábado

Os Serviços de Saúde vão realizar um simulacro a 23 de Julho entre as 8h30 e as 13h00 na Pousada de Mong Há. Será encenada uma situação de detecção do Síndrome Respiratório do Médio Oriente (MERS) na Pousada de Mong Há e a partir daí tem lugar a resposta das autoridades. Lei Wai San, médico adjunto da direcção do Hospital de S. Januário, afirma em conferência de imprensa que o simulacro permitirá testar as capacidades do serviço hospitalar no acolhimento de 44 supostos infectados, bem como da eficiência dos procedimentos de isolamento a ter em conta nas valências hospitalares.
Já David Tsang terá em campo 13 bombeiros e refere que é uma oportunidade de teste ao sistema de transporte por ambulância dos doentes num caso específico de MERS. A PSP conta para a operação com 50 soldados, sendo que cinco ou seis estarão no exterior da pousada a coordenar as operações e os restantes na área circundante a dirigir as possíveis alterações de trânsito e segurança a ser feitas.
A iniciativa conta ainda com a colaboração de alunos e professores do Instituto de Formação Turística (IFT) enquanto actores infectados do simulacro. O simulacro vai restringir o acesso de carros àquela zona.

21 Jul 2016

UCM | Novo mestrado. Inclusão de Direito Ambiental agrada à AAM

Foi aprovado um novo mestrado em Direito de norma chinesa para a Universidade Cidade de Macau (UCM). O plano de estudos não parece trazer nada de novo à excepção de uma disciplina de Direito Ambiental, diz Paulino Comandante, ressalvando que esta deveria ser por si só uma área de especialização

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]secretário-geral da Associação de Advogados de Macau, Paulino Comandante, considera que a abrir mais um plano de estudos para mestrado na área do Direito, a prioridade deveria ser dada ao ambiente. As afirmações feitas ao HM surgem na sequência da recente aprovação pelo Executivo do curso de mestrado em Direito na Universidade Cidade de Macau (UCM).
O novo curso, que cumpre com a norma chinesa, parece não trazer grandes novidades aos já existentes no território, adianta Paulino Comandante. O advogado ressalva que ainda não conhece em profundidade o objectivo ou o conteúdo das disciplinas, mas da análise que efectuou é a inclusão da disciplina de Direito do Ambiente que mais salta à vista.
“É uma área que deve ser explorada dada a necessidade que a região tem de profissionais”, afirma. Devido às transformações e desenvolvimento da RAEM, Comandante considera que há falta de mais advogados e profissionais na área da legislação que tenham como objectivo garantir boas políticas ambientais e de aproveitamento de recursos naturais.

Mais do mesmo

O despacho que permite a abertura do mestrado na UCM foi publicado na segunda-feira em Boletim Oficial, tendo sido assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.
Paulino Comandante compara o plano de estudos com os de outras entidades como a Universidade de Macau (UM) e apesar de “algumas diferenças, não encontra nenhuma de carácter substancial, à primeira vista”.
Por outro lado, diz, há disciplinas que se confundem. Dando como exemplo o Direito da Lei Básica e o Direito Administrativo, o responsável da AAM diz ser “redundante” a inclusão de ambas num plano de especialização, sem que se perceba o objectivo.

Inglês que não se entende

A existência das cadeiras opcionais referentes a tradução jurídica de Inglês ou Português não é também clara para o secretário-geral da Associação. Enquanto que na UM o objectivo deste tipo de disciplinas é claro, o de formar quadros de especialidade na área, neste plano “não se entende muito bem”. Paulino Comandante não percebe ainda se este curso é “criado para satisfazer a necessidade de elaboração legislativa ou de tradução jurídica”. Se se concluir que a tradução também faz parte da especialização, a dúvida que levanta é relativa à língua inglesa.
Ficam ainda por esclarecer, para o advogado, os conteúdos e os professores, mas “é um novo curso que pode facultar mais uma especialização aos interessados”, remata.

20 Jul 2016

Pereira Coutinho quer legislação para Homeopatia

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]homeopatia e a legislação que define a sua prática são temas transversais à actualidade de diversos países e, para José Pereira Coutinho, Macau não é excepção. O deputado manifesta a sua preocupação face à falta de leis nesta área, na sua mais recente interpelação ao Executivo.
O deputado pretende saber de forma “clara” para quando o Governo pretende legislar e disciplinar as práticas homeopáticas, visando a protecção dos direitos dos residentes de Macau, já que esta continua a não ser qualificada como um serviço de saúde legalmente licenciável.
“Tais questões não se justificam tendo já decorrido 16 anos de estabelecimento da RAEM por um lado e, por outro, dado o exemplo de outros países na matéria legislativa das práticas homeopáticas”, justificam os deputados.
Desde o estabelecimento da RAEM que tem aumentado o número de profissionais de homeopatia, providenciando uma vasta gama de serviços não só aos residentes de Macau, como também a pessoas provenientes do continente.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a homeopatia pode ser integrada em qualquer sistema público de prestação de cuidados de saúde. Só no Reino Unido existem cinco hospitais homeopáticos integrados no Sistema Nacional de Saúde. Desde 1980 que no Brasil a homeopatia é legalmente qualificada como actividade médica. Na Austrália foi considerada como prática médica e o ensino da homeopatia é ministrado nas mais prestigiadas universidades, segundo informação na interpelação.

20 Jul 2016

Rio2016 | Jogos Olímpicos no Brasil marcados por problemas

A edição deste ano dos Jogos Olímpicos está a ser marcada por graves crises económicas e políticas no país anfitrião. A falência do Estado do Rio de Janeiro e os sucessivos episódios de violência na cidade carioca são algumas das preocupações. O terrorismo e a falta de condições de saúde juntam-se ao ramalhete

[dropcap style=’circle’]O[/drocap]site do comité organizador dos Jogos Olímpicos (JO) 2016 anuncia em contagem decrescente os 17 dias que faltam para a realização do maior evento desportivo do mundo. Pela primeira vez, foi seleccionada uma cidade sul-americana: as hostes cabem ao Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, mas agora falida e dominada pela insegurança. O Brasil vai receber a 31ª edição do evento, mas as expectativas não são muito positivas.
Se quando foi escolhida, em 2009, a insegurança da cidade carioca já era uma preocupação, a situação parece ter vindo a piorar, como relatam alguns portugueses a viver no local.
Segundo a agência Associated Press (AP), aquando da eleição do Rio como sede dos JO, o prefeito Eduardo Paes admitiu existirem “grandes problemas” relativos à segurança, ainda que Paes garantisse que esta iria ser reforçada. O Comité Olímpico Internacional (COI), no entanto, expressou optimismo quanto à capacidade da cidade e do Brasil em responder a estas preocupações, ao afirmar que sete anos seria tempo suficiente para o Rio de Janeiro resolver os problemas de criminalidade.
Mas os anos passaram e o Rio continua a debater-se com uma insegurança constante. Helena Fonseca, portuguesa a residir no Brasil há cerca de três anos, diz ao HM que actualmente conhece até pessoas que, tendo que viajar para o Rio, escolhem trajectos de modo a aterrar a sul da cidade. “Mesmo que tenham que continuar viagem, evitam passar por zonas que estão totalmente dominadas pelo tráfico”, salienta, dizendo porém “que as [autoridades] sabem bem como dominar o tráfico quando querem”.
A AP confirma a existência de um programa para controlar os níveis de criminalidade nas favelas locais. Unidades de Polícia (UPP) estão a ser criadas para reerguer a confiança através do uso de patrulhas de rua e do trabalho cívico. No entanto, apesar da queda no número de homicídios e de violações dos Direitos Humanos, a Human Rights Watch alerta para que o país investigue a ocorrência de assassinatos extrajudiciais.
E antes de chegar às ruas, a insegurança já dá as boas-vindas nos aeroportos. A 4 de Julho, o Jornal Estadão dava a notícia de manifestações a ser realizadas por polícias e bombeiros na zona de chegadas ao aeroporto António Carlos Jobin, também conhecido pelo Galeão. Os manifestantes seguravam cartazes a dizer “bem-vindos ao inferno”. Os elementos das Forças de Segurança argumentavam que o facto de não receberem salários há meses os fazia “estar a morrer”, enquanto perguntavam “como é que uma cidade sem segurança pode sediar os Jogos?”. “Para os Olímpicos há tudo e para nós não há nada”, diziam ainda.
Luís Manuel, português que também está no Brasil há três anos, considera que estas são essencialmente vozes em que “os sindicatos estarão a aproveitar a oportunidade para exigir melhorias nas suas condições de trabalho que são efectivamente precárias”. Para Luís, contudo, numa cidade já tão assolada pela insegurança – como é o caso do Rio de Janeiro – o problema vai manter-se o mesmo. “Mas quando chegar a hora H acredito que não vão deixar de estar nas ruas para manter a segurança”, acrescenta, esperançoso.
Questionado sobre a segurança durante os JO numa área afectada pela falência do governo estadual, o presidente do Comité Organizador Rio2016 vincou que “o projecto de segurança para os Jogos é muito bom”, como refere o canal Sapo. Contudo, tendo em conta o historial do evento, advertiu que “ninguém está imune a um lobo solitário”.

Terrorismo eminente

E, se não era suficiente o medo da criminalidade comum, o terrorismo paira também sobre a cidade do Cristo Redentor. A edição de segunda-feira do Correio da Manhã noticiava que “quatro pessoas com ligações a grupos terroristas pediram credenciais para o Rio2016”. A informação foi avançada pelo programa Fantástico, da TV Globo. Além dos quatro suspeitos, com fortes ligações ao radicalismo islâmico, haveria mais 36 elementos com ligação a outros grupos extremistas que fizeram pedidos de credenciais, todos recusados por orientação do Comando Integrado Anti-Terrorismo (CIANT), um órgão criado na Polícia Federal brasileira.
O terrorismo é também preocupação para Carla Fellini, vice-presidente da Casa do Brasil em Macau, mas que fala ao HM a título pessoal. “Em Abril foi confirmada a ameaça por um terrorista do Daesh de atacar o Brasil”, relembra. “A questão da segurança continua a ser polémica, sendo que 76% da população diz que o país não está preparado para lidar com ameaças reais de terrorismo.”
Relativamente a possíveis medidas que estejam a ser tomadas, Carla Fellini afirma que há tropas das forças armadas a ser treinadas para a segurança dos Jogos. “Por volta de 22.800 membros recebem cem horas para enfrentar a ameaça terrorista e ataques biológicos.”

Biologia de esgoto

Bactérias, água imprópria e Zica também estão na ordem do dia quando se fala de Rio de Janeiro e dos Olímpicos. Segundo notícia da Globo, quase 1400 atletas velejarão nas águas da Marina da Glória na Baía de Guanabara, nadarão na Praia de Copacabana e praticarão canoagem e remo nas águas imundas da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Em Julho de 2015, a AP encomendou quatro testes à qualidade da água em cada um dos locais de competição e também à água da Praia de Ipanema, muito frequentada por turistas. Os resultados dos testes indicaram altas contagens de vários tipos de vírus em muitas das amostras. Os vírus são conhecidos por causar doenças estomacais, respiratórias e outras, incluindo diarreia aguda e vómitos. Outras consequências são doenças cerebrais e cardíacas. As concentrações dos vírus foram aproximadamente as mesmas que são encontradas no esgoto puro. Na candidatura olímpica, as autoridades cariocas prometeram um programa governamental de quatro mil milhões de dólares para expansão da infra-estrutura de saneamento básico. Como parte do seu projecto olímpico, o Brasil prometeu construir unidades de tratamento de resíduos em oito rios para filtrar boa parte dos esgotos e impedir que toneladas de resíduos caseiros fluíssem para a Baía de Guanabara, mas apenas uma foi construída. O governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, reconheceu que “para a Olimpíada, não dá tempo” para terminar a limpeza da baía.

Haja repelente

Já relativamente ao Zica, haja repelente. Segundo o Comité português que está em “contacto directo com a Direcção-Geral de Saúde e a seguir atentamente todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde sobre esta matéria”, todas as recomendações têm sido transmitidas aos atletas que “não manifestaram qualquer preocupação de maior sobre o tema nem levantaram quaisquer questões”, como garantiu o Comité ao HM. Mas os portugueses já estão preparados.
“Vamos seguir as recomendações dadas pelas autoridades competentes, que incluem, entre outros cuidados, o uso recorrente de repelentes, tendo já o COP garantido um acordo com uma marca de repelentes local para o seu fornecimento para toda a comitiva.”

Se fosse hoje era outra coisa

O presidente do Comité Organizador Rio16, Carlos Arthur Nuzman, admitiu, em entrevista ao jornal Globo de segunda-feira que, no cenário actual, o Rio de Janeiro não seria escolhido para sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
“Em toda a candidatura, na hora que entra em processo de julgamento, todos os factores são pesados na balança pelo COI. Na situação que hoje está, eu acho que o Rio não seria escolhido”, afirmou.
A mesma opinião é partilhada pelo Comité Olímpico de Portugal que diz ao HM que “sem dúvida que a realidade é muito distinta daquela que o Brasil vivia quando foi escolhido para acolher os Jogos Olímpicos”.
“O próprio responsável máximo do comité organizador já reconheceu publicamente que se fosse hoje o Brasil não ganharia e provavelmente nem seria candidato. Porém, apesar desta realidade, todos os esforços estão a ser feitos para o sucesso do evento e queremos crer que tudo correrá bem. É naturalmente essa a nossa expectativa e vontade, mas temos alguma expectativa sobre o que vamos encontrar”, afirma o gabinete de comunicação ao HM.

De braços abertos

As questões são muitas e as soluções poucas. Valha a hospitalidade do povo brasileiro que parece ser uma dominante comum, tanto para Helena, como para Carla. “Uma ideia um pouco romântica ou até infantil mas considero que dado o carácter acolhedor do brasileiro, ele irá receber da melhor maneira os visitantes que possam vir a visitar os jogos”, afirma a primeira portuguesa acolhida pelo povo do samba.
Já Carla, que reside em Macau, não deixa de sublinhar que “o Rio de Janeiro estará, apesar de tudo, com os braços abertos como o Cristo Redentor que abençoa aquela cidade, para receber todos os que lá  chegarem”.
“A maior riqueza que ainda temos é  a hospitalidade, o povo sorridente que mesmo enfrentando todas as dificuldades, sabem transformar tudo isso em alegria”, remata.

Com ou sem doping, é igual

O governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, lamentou da o facto de o Rio de Janeiro estar sem laboratório para fazer análises anti-doping a um mês dos Jogos, depois de a Agência Mundial Anti-doping (AMA) o ter suspendido por não cumprir os requisitos internacionais. “A AMA tinha aprovado, houve um erro e suspenderam. A AMA vem fazer a inspecção e esperamos que tenha uma solução positiva. O laboratório é espectacular”, lê-se no Sapo.

China com maior delegação de sempre

O Rio de Janeiro receberá em Agosto a maior delegação de atletas já enviada pela China em toda a história dos Jogos Olímpicos, segundo noticiou a agência Xinhua na passada segunda-feira. Ao todo, 256 mulheres e 160 homens, entre eles 35 campeões, compõem a equipa de 416 atletas chineses. A delegação inteira terá 711 membros, incluindo 29 treinadores estrangeiros, segundo informou Cai Zhenhua, vice-chefe da Administração de Desportos do país asiático.

Rússia pode ser banida

O Comité Executivo da Agência Mundial Anti-doping (Wada) recomendou ao Comité Olímpico Internacional que considere negar a participação de todos os atletas submetidos ao Comité Olímpico Russo, adianta a agência Brasil. A recomendação também vale para os paratletas russos ligados ao seu respectivo comité. O Wada também sugere que o acesso de autoridades do governo russo aos Jogos Rio 2016 seja negado.
As recomendações foram feitas após a divulgação de um relatório assinado por Richard McLaren, nomeado para conduzir a investigação baseada nas denúncias do ex-director do Laboratório de Moscovo, Grigory Rodchenkov, sobre adulteração de testes anti-doping para mascarar o uso de substâncias proibidas pela Wada. O relatório afirma que as fraudes em testes anti-doping foram postas em prática do final de 2011 até Agosto de 2015 na Rússia. Diz ainda que atletas russos “de uma vasta maioria de desportos de Verão e Inverno” eram beneficiados pela “metodologia do desaparecimento positivo”. Além disso, McLaren afirma que as autoridades russas sabiam da prática por atletas participantes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi.

20 Jul 2016

S. Petersburgo traz clássico do bailado ao Venetian

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om data marcada para 2 e 3 de Dezembro, a companhia de Bailado de S. Petersburgo apresenta uma das mais famosas coreografias a nível mundial, que já conta com uma história de mais de 120 anos e com diversas abordagens e finais. O palco é o do Teatro do Venetian onde, ao som de Tchaikovsky, os mais de 60 bailarinos d’ “O Lago dos Cisnes” dançam a história de amor e peripécia de Siegfried e Odette.
Esta é a primeira composição para ballet de Pyotr Ilyich Tchaikovsky. Tal como a história que conta, também a sua não é desprovida de conflitos. A primeira encenação da obra terá sido em 1877 no Teatro Bolchoi, em Moscovo. A coreografia de então, a cargo de Julius Reisinger, não terá tido sucesso e só em 1895 no Teatro Merrinsky, em S. Petersburgo, estreou o espectáculo que até hoje anima os palcos do mundo, agora sob encenação de Marius Pepita e Lev Ivanove com a colaboração do compositor Riccardo Drigo.
Em 1950 foi lançada uma versão pelo coreógrafo Konstantin Sergueiev que dá um final feliz ao enredo baseado num conto de fadas alemão. O “Lago dos Cisnes” conta a história do príncepe Siegfried que se apaixona por Odette, uma rainha transformada em cisne por von Rothbart, o feiticeiro. O destino de Odette enquanto pássaro terminaria quando fosse resgatada pela promessa de amor eterno. A missão caberia a Siegfried, não tivesse o príncipe sido apanhado nas malhas do feiticeiro e declarado, por engano, amor à irmã de Odette, Odile. Quando percebeu o sucedido Siegfried retorna ao lago onde combate von Rothbart, o feiticeiro.
A companhia de S. Peterburgo que dá vida à coreografia é dirigida por Konstantin Tahckin e conta com mais de 60 bailarinos. Iniciou actividade em 1994 e, apesar da sua ainda curta história, é das companhias com maior sucesso internacional. Uma companhia independente e única no seu país sendo que não recebe quaisquer apois governamentais.
A cada ano, a companhia apresenta-se com sucesso pela Rússia e outros países como Espanha, Holanda, Bélgica, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, Coréia do Sul, África do Sul e França. Para o espectáculo em Macau, os bilhetes já se encontram à venda e o seu valor é de 388 a 888 patacas.

19 Jul 2016

Novo Macau | Direcção deverá manter-se igual nas eleições internas

Não se prevê mudanças no que respeita à direcção da Associação Novo Macau. Ainda não há uma lista, mas Scott Chiang afirma que deverá manter-se na presidência, ao lado de Jason Chao e de Ng Kuok Cheong

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]próxima semana é de eleições na Associação Novo Macau e a entidade pró-democrata presidida por Scott Chiang continuará com a mesma direcção. Ao HM, o actual líder afirma que se tiver oportunidade de ocupar a mesma posição “vai continuar a fazê-lo” e nem Chiang, nem Jason Chao falam de qualquer nome diferente para a apresentação de listas à eleição.
Ouvido pelo HM, Scott Chiang diz que a vontade e intenção de permanência resultam do “bom trabalho que a ANM tem vindo a fazer”. Questionado quanto a possíveis mudanças, a uma semana das eleições, Scott Chiang afirma que não se registarão alterações significativas.
O líder associativo prevê a continuidade de Jason Chao como vice-presidente e da maioria dos membros que fazem actualmente parte da direcção. O deputado Ng Kuok Cheong é outro dos nomes que permanecerá porque “faz parte do painel e não há razão porque não continuar”, afirma Scott Chiang.
Por seu lado, Au Kam San continuará ausente. “Tendo decidido pela demissão recentemente, não estará presente agora”, justifica Scott Chiang, considerando que, apesar de ser “uma situação triste, é a realidade”. scott chiang
Contactado pelo HM na semana passada, Jason Chao também disse não existirem ainda nomes ou listas para a direcção. O vice-presidente, que já ocupou o cargo principal do grupo, assegurou, contudo, apoiar Scott Chiang se este decidir recandidatar-se.
A acontecerem no dia 27, as eleições da Novo Macau realizam-se depois de, em Agosto do ano passado, Jason Chao ter subido ao comando.

Na mesma linha

A posição da Associação não muda: o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo continua a ser grande desejo. “É uma meta muito difícil de atingir na RAEM”, mas é importante que se fale dessa possibilidade para consciencializar a população da sua existência, frisa.
À semelhança do que tem defendido Scott Chiang, a Associação mantém como campo de combate de mudanças na RAEM a luta por um melhor sistema de transportes e habitação, bem como a avaliação das medidas implementadas pelo Governo e as suas acções.

Em espera

Scott Chiang continua a aguardar desenvolvimentos do caso avançado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) em que o pró-democrata é suspeito de desobediência na manifestação de 15 de Maio, que pedia a demissão de Chui Sai On, Chefe do Executivo, na sequência da doação de cem milhões de patacas da Fundação Macau à Universidade de Jinan.

19 Jul 2016

Macau Sailing | Sábados com passeios de barco ao fim da tarde

Ver o pôr-do-sol num modelo que neste momento é único nos mares é a sugestão da Macau Sailings. Um barco tradicional do Oriente que já viveu com a pesca do camarão e que foi construído nos estaleiros de Coloane é agora o transporte para um passeio ao largo de Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]“Shrimp Junk Boat” é o barco que convida a um passeio ao largo de Macau. A proposta é avançada pela Macau Sailing, de Henrique Silva, mais conhecido por Bibito, e pelo seu sócio e proprietário do barco, David Kwok. O junco é o único daquele modelo que navega nos mares. Construído nos estaleiros de Coloane, teve até há pouco tempo um homólogo em Inglaterra que, por “problemas de funcionamento, está agora num museu”, explica Bibito ao HM.
A ideia de activar o barco e dar-lhe um uso lúdico surgiu o ano passado. Inicialmente seria para realizar actividades em Hong Kong, mas o mercado de Macau emergiu como terreno capaz de dar ao junco, que um dia foi utilizado na pesca do camarão, uma nova vida.
Se na calha está colocar este serviço ao dispor das operadores turísticas da região, enquanto isso não é possível “dados os tempos de espera para inclusão nas agendas de marketing”, os passeios ao pôr-do-sol apareceram como uma opção a explorar.
São passeios realizados ao sábado, no final do dia, e que permitem “dar oportunidade às pessoas que não conseguindo juntar um grupo para um evento destes, têm assim a possibilidade de desfrutar de um final de sábado diferente” refere o português residente em Macau.
O barco sai da Doca dos Pescadores num passeio de cerca de duas horas e meia, “vai em direcção ao Porto Interior, onde dá a volta e regressa a Macau de forma a apanhar o pôr-do-sol de frente”. bibito_sem creditos
O passeio não é acompanhado de petiscos, mas inclui bebidas e “promete uma actividade alternativa”. “Não há numero mínimo de participantes, sendo que cada um pode ir individualmente adquirir o seu bilhete e entrar para o seu passeio.”

Para todos

O amor pelos barcos é uma paixão partilhada por ambos os sócios, ainda que de formas diferentes. Bibito começa a ser amante da vela “por volta dos anos 90” e David vem de famílias de pescadores, desde sempre ligadas ao mar.
O percurso da ideia não foi fácil, já houve dificuldades em ter o barco atracado em Macau, mas agora a dupla conseguiu um acordo com a Doca dos Pescadores, onde tem garantia que o barco pode estar até Dezembro.
Além destes passeios quase independentes, Bibito refere que o barco também está disponível para outros fins, sendo que tem na mão, e a título ilustrativo, dois pacotes que funcionam como amostra. “São mais sugestões porque as pessoas podem também dizer especificamente o que querem e ser ajustados de acordo com as necessidades de cada um.”
São actividades mais dirigidas a grupos e Bibito adianta como exemplo um passeio pelas “ilhas que rodeiam o trajecto de Macau a Hong Kong”, em que os “navegantes” têm a liberdade de dar uns mergulhos, nadar e mesmo de almoçar a bordo.
O projecto não tem apoio do Governo e Bibito também não quer subsídios. “Sou contra esse tipo de política”, afirma. O apoio do Governo pode ser dado de outra forma, “através da inclusão deste tipo de actividades dentro das novas políticas de mares e turismo local”.

19 Jul 2016

José Luís Peixoto, escritor: “A literatura tem que dialogar com a sua história”

José Luís Peixoto era professor de Inglês. O prémio José Saramago trouxe-lhe o nome para a ribalta e os livros passaram a ser a sua vida. Da poesia à prosa, já conta com títulos publicados em várias línguas e está em Macau para apresentar hoje o seu último romance. “No Teu Ventre” é um livro que vai às aparições de Fátima sem as contar e que reflecte um Portugal ainda rural e de fé. É apresentado hoje, às 18h30 na Livraria Portuguesa

Começou por estudar Literatura Moderna. Como foi o caminho até ser escritor?
Os estudos que fiz foram sempre um pretexto para me aproximar da escrita que sempre foi a área em que me senti bem. A partir de meados da adolescência tornou-se uma vocação muito evidente para mim. Nunca imaginei quando estava a estudar que poderia vir a viver da escrita. Os estudos eram o que me iria permitir ter uma vida profissional. A escrita seria de outro âmbito, algo que faria enquanto hobby, que é o que acontece com muitos escritores em Portugal e noutros lugares.

Como é que se deu a passagem para escritor a tempo inteiro?
Aconteceu tudo muito rapidamente. Publiquei o meu primeiro livro numa edição de autor em Maio de 2000, mas poucos meses depois publiquei o meu primeiro romance, que no ano seguinte ganhou o Prémio Saramago. Na altura teve um impacto enorme na minha vida. Fez com que as pessoas procurassem o meu nome.

Poesia e prosa. O que é que nasceu primeiro?
A poesia foi o género que comecei a escrever ainda na adolescência e que teve uma grande importância. Penso que tem a haver com o facto de ser uma poesia, em muitos aspectos, confessional. Quando a prosa surgiu, incorporou essa experiência e desenvolveu-se a partir dela. Ainda hoje, apesar da poesia ser um género que não publico com tanta frequência, olho para muito daquilo que escrevo na prosa e reconheço alguns critérios que me chegam directamente da poesia: no que diz respeito à linguagem, à concepção e estrutura do texto, à forma como vejo o todo. Em Portugal, a poesia é muito presente na literatura. Há autores que são incontornáveis. Escrever em Português sem os tomar em consideração é impensável. É impossível, por exemplo, não pensar em Fernando Pessoa e os seus heterónimos. Por outro lado, agrada-me muito um lado mais experimentalista da poesia, que cria novas maneiras de dizer. A prosa, em última análise, aspira sempre a essa inovação. Mas, confesso, ao longo do tempo tenho tentado encontrar outras maneiras de escrever e, nalguns casos, também me afastei da linguagem poética. Estou-me a lembrar do livro que fiz depois de uma viagem à Coreia do Norte, que se aproxima mais da crónica jornalística ou do texto documental.

Também é conhecido pelos projectos multidisciplinares em que se envolve. Quais as mais valias que daí advêm?
Penso que uma das grandes vantagens é o contacto com o outro e a vida que se gera a partir daí. Criam-se amizades que são muito importantes e que são presenças que mantenho na vida e que têm um valor difícil de avaliar. Enquanto se está a fazer um trabalho, o contacto tem uma certa profundidade e permite uma partilha especial. Por outro lado trata-se também de aprender com os outros, porque tenho-me apercebido que a grande maioria das questões que são colocadas em outras áreas de trabalho, por mais que tenham contornos específicos, quando mais aprofundadas, são realmente as mesmas questões. Isso passa a ser muito interessante enquanto debate para quem também anda à procura de soluções. Ao mesmo tempo, também é interessante assistir à forma como diferentes artes, em diferentes trabalhos, se complementam. Outros aspectos que me são agradáveis também dizem respeito à partilha das diversas dimensões na construção de um objecto artístico. Há, com as colaborações, um acompanhamento, alguém para dar um outro olhar. Quando isso é harmonioso, é muito bom.

Ultimamente também é conhecido no mundo das viagens. Como é que surgiu?
Quando olho para a minha experiência identifico o interesse pelas viagens logo pela minha infância. Nasci num lugar pequeno e com um certo nível de isolamento. Mas, ao mesmo tempo, sempre com um incentivo por parte dos meus pais, pela descoberta. As viagens que fazia na infância com os meus pais eram mais próximas do que as que tenho feito ultimamente, mas foi aí que esse gosto começou a ser alimentado. A partir do momento em que comecei a ser adulto aproveitei todas as oportunidades que tinha para viajar e, quando não surgiam, inventava-as. A primeira vez que viajei de avião foi por ter ganho um concurso televisivo. A primeira viagem a Cabo Verde – onde vim a dar aulas – foi num Hércules C130 que é um avião de carga. Quando comecei a escrever livros, um aspecto que também me deu um prazer muito especial foi ver os livros a viajar e, quando isso aconteceu, também comecei a ter oportunidade de viajar com eles.

E entre livros e viagens foi à Coreia do Norte, de onde saiu mais uma obra…
As viagens geram viagens e depois da primeira ida à Coreia do Norte para escrever o livro surgiram mais três convites. Já lá fui quatro vezes e essas idas têm transformado a minha relação com aquele lugar e com aquelas pessoas. Ainda assim, ir ali é sempre uma emoção. Mais do que qualquer outro lugar, por muito excêntricas que sejam as características, a Coreia do Norte é muito própria. É um lugar que quanto mais conheço mais dúvidas tenho e é sempre um grande mistério.

Quais são as suas convicções acerca dessa realidade?
É muito difícil. É um país com circunstâncias que para nós são inaceitáveis. Mesmo assim, o ser humano acaba sempre por encontrar formas de sobreviver e de alcançar as suas necessidades básicas que não são só comer, dormir e beber, mas também alguma necessidade de liberdade e realização dos afectos ou algumas formas de expressão. Mesmo ali, as pessoas também vão encontrando as suas formas de viver estes aspectos. Coisas que para nós, com o nosso olhar e os nosso hábitos, são coisas muito curtas visto a liberdade ser muito restrita. Mas para quem lá vive com todos aqueles condicionalismos enquanto única alternativa, torna-se uma questão de sobrevivência. Os seres humanos nunca deixam de ser e ter as suas características enquanto tal, mesmo numa sociedade daquelas. Em contraste com a nossa, há muitos aspectos que nos chocam. Mas se nos despirmos de preconceito também encontramos alguns que deveríamos ter na nossa realidade. Outra coisa, e se calhar o mais importante, é o impacto que as pessoas têm em nós. Estabelecemos alguma relação com algumas e deixa de ser uma abstracção. Por muito que a comunidade internacional se queixe da Coreia [do Norte], quem realmente sofre com aquele regime é o seu povo. Enquanto que em outros lados muita gente é vítima de ameaças, ali as pessoas são vítimas de uma prática permanente de opressão.

Da Coreia a Fátima. Como surgiu a ideia para abordar o milagre de Fátima num romance?
É curioso que, tanto no caso do livro “Dentro do segredo”, que fala da Coreia do Norte, e deste “Em teu ventre”, sinto que quando anunciei estes trabalhos houve uma surpresa por parte das pessoas que se assemelhava. No caso da Coreia eu compreendo, mas no caso de Fátima foi mais surpreendente para mim porque este livro até faz um certo sentido dentro de outros temas que escrevi. Fátima realmente é um tema em relação ao qual, em Portugal, não existe um consenso. É um tema que tem determinadas formas de ser tratado e em que cada uma delas caracteriza rapidamente quem se está a pronunciar sobre isso. Mas sinto que nenhuma das duas formas são algo redutoras. Sinto que são também fruto de um certo tabu que existe à volta do tema, o que no fundo tem a haver com o medo social que o próprio assunto provoca.

Porque é que isso acontece?
Acho que o motivo essencial para que isso aconteça tem a ver com a importância deste acontecimento e da forma com tem sido vivenciado na sociedade portuguesa. É algo que, a meu ver, sintetiza pontos importantes daquilo que é a religiosidade em Portugal e isso faz com que seja um tema muito sensível. As pessoas evocam Fátima em situações muito sensíveis na sua vida, o que faz com que exista uma relação muito pessoal com este fenómeno que para muitos é intocável. Por outro lado, existe uma outra dimensão social e política que, ao longo das décadas, tem tido diversos significados e que em muitos aspectos simboliza um certo Portugal do passado e que é rejeitado pela modernidade. Há ainda um outro aspecto que tem a haver com a dimensão popular do fenómeno que, em muitas circunstâncias e desde o seu início, provoca uma certa resistência para circuitos mais elitistas. Todas estas dificuldades foram muito relevantes para a escolha desse tema.

Como o queria tratar?
Queria tratá-lo de uma forma que fosse exterior às formas anteriormente tratadas. A literatura tem que estar em diálogo com a sua própria história. Olhando para a história recente da literatura portuguesa nós vemos um caso muito marcante de relação entre a literatura e a igreja católica, por exemplo nalguns textos do José Saramago. Nesse caso tratava-se de uma postura de confronto. Também não era essa a minha intenção. Seria muito fácil chocar as pessoas com um tema como este. Bastava uma frase para conseguir ditar esse tom. O meu grande desafio era justamente criar uma terceira narrativa. De qualquer forma, quando anuncio às pessoas que o livro trata desse tema vejo que elas começam logo a tentar identificar se se trata de uma posição contra ou a favor.

E do resultado do livro? Conseguiu isentar-se?
Estou muito contente com o resultado porque efectivamente o livro acaba por se centrar em aspectos que são aceites por todos, porque são históricos e têm a ver com aquelas pessoas que existiram. Não é um livro que entra em descrições das aparições porque descrevê-las já seria tomar uma posição. No livro há um apagão nesses momentos, em que a narrativa se interrompe e se volta a retomar logo a seguir. Mas também acaba por se falar de outras coisas que já tinha falado noutros livros e que se calhar são aspectos que mais me atraíram para este tema.

Quais?
Falo da questão da ruralidade e desse Portugal ligado à terra. Foi um dos aspectos que simbolicamente mais me interessou. A devoção de Fátima sintetiza muito aquilo que acredito como sendo traços próprios da espiritualidade em Portugal, com características particulares como a da promessa ou do sacrifício, ou mesmo da mãe.

É a terceira vez em Macau. Como vê a região?
Até cá vir tinha uma perspectiva como os outros portugueses. A de um lugar misterioso. Acho que por mais que se explique é difícil realmente compreender como existe um lugar assim nesta região, com esta ligação a Portugal. Depois de cá vir pela primeira vez, e na altura já tinha ido a Pequim e Xangai, senti que para um português é realmente um lugar especial. Acaba por ser mais confortável para nós.

Há alguma identificação, é isso?
Sim. Come-se comida portuguesa, ouve-se a nossa língua. É um lugar que me traz uma certa admiração por aqueles que contribuíram para que essa marca ainda seja de cá e que inclusivamente seja entendida como algo de positivo.

18 Jul 2016

Corredor dos BUS da Barra dá multa a partir de hoje

A multa por uso indevido do corredor exclusivo para autocarros entre a Barra e a Doca do Lam Mau começa a ser aplicada hoje. A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) alerta que a polícia passe a autuar os infractores todos os dias da semana e não somente aos sábados e domingos. A execução ao fim-de-semana foi lançada há dois meses a título experimental e em horários determinados, para que os residentes tivessem tempo de se familiarizar com as mudanças no trânsito. Se até agora de segunda a sexta-feira eram dias de aviso, passam a ser também dias de multa para quem não respeitar o corredor. A iniciativa posta em prática desde Maio tem como objectivo optimizar a circulação e eficácia dos transportes. A circulação indevida será punida com multa de 600 patacas.

18 Jul 2016

Insatisfação com casas e telecomunicações

Imóveis e telecomunicações lideram as taxas de queixas ao Conselho de Consumidores (CC). Os dados foram dados em comunicado de imprensa, que anuncia a recepção de 3322 casos na primeira metade de 2016. Da lista constam 832 queixas, 2464 pedidos de informação e 26 sugestões. O número de queixas no primeiro semestre deste ano notou um decréscimo de 6% em comparação com o registado no período homólogo de 2015. As primeiras cinco áreas no ranking da insatisfação, que contabilizaram 383 casos e que representam 46% do total, são os imóveis (105), equipamento de telecomunicações (102), serviços de telecomunicações (79), transportes públicos (49) e comida e bebidas (48).

18 Jul 2016