UM | Multilinguismo em conferência internacional

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Departamento de Português da Universidade de Macau (UM) vai realizar, quarta e quinta-feira, uma conferência internacional sobre multilinguismo, com os crioulos de base portuguesa da Ásia a figurarem entre os destaques do programa.
“Línguas em Contacto na Ásia e no Pacífico” tem a sua segunda edição marcada para estes próximos dias e o principal objectivo é a promoção do intercâmbio de conhecimentos na área da investigação que abarca o estudo das línguas e da sua convivência nas regiões da Ásia e Pacífico. A actividade conta com a participação de cientistas no ramo que variam entre nomes conceituados e jovens que se dedicam recentemente à análise aprofundada dos fenómenos do multilínguismo.
A ideia é criar um “espaço de diálogo entre académicos e membros da comunidade em geral, envolvidos na preservação de línguas minoritárias em contextos multilinguísticos”, de acordo com um comunicado divulgado pela UM.
O encontro vai ter quatro oradores principais, incluindo Alan Baxter, especialista em crioulos de base portuguesa, que regressou recentemente a Macau para dirigir a Faculdade de Humanidades da Universidade de São José, depois de ter exercido o cargo de director do Departamento de Português da UM entre 2007 e 2011.
O linguista australiano vai subordinar a sua palestra ao tema ‘Crioulos minoritários de base lexical portuguesa na Ásia: desafios internos e externos à sobrevivência’.
O crioulo português de Malaca (‘kristang’) vai ser documentado por Stephanie Pillai, da Universidade Malaia.
Zuzana Greksáková, investigadora da Universidade de Coimbra, vai falar sobre o tétum praça, que possui empréstimos linguísticos do português.
Na Ásia, a língua portuguesa é idioma oficial em Timor -Leste e Macau, mas é também a mãe de crioulos na Indonésia, Malásia, Sri Lanka, Índia, Paquistão e Macau.

Intercâmbio e minorias

Os temas nesta segunda edição abrangem também um leque variado, onde a organização destaca a descrição de fenómenos linguísticos específicos resultantes de contacto entre línguas (especificamente para estudos de caso em Hong Kong, Taiwan, Filipinas, Malásia, Macau, China continental e Indonésia), as consequências sociais e culturais em contextos de contacto entre grupos de falantes de línguas diferentes em certas regiões do Sudeste asiático e da Ásia oriental ou questões de documentação e preservação relacionadas com as línguas minoritárias em perigo de extinção (especificamente Malásia, Singapura e Macau). A conferência, que vai decorrer em inglês, inicia com uma cerimónia de abertura já no dia 14, às 9h00, na UM.

12 Set 2016

Ambiente | Educação ecológica é realidade em Macau

Apesar da desactualização da legislação ambiental da RAEM, o ensino está “verde” e as escolas reúnem cada vez mais estratégias de funcionamento e sensibilização. Alguns dos representantes do ensino deram a conhecer a importância que dão à passagem do exemplo e do conhecimento aos adultos de amanhã

[dropcap style≠’circle’]“D[/dropcap]e pequenino se torce o pepino” é o dito português que remete para a importância aprendizagem na infância. As crianças são “esponjas” de conhecimento que, abertas ao mundo, aprendem e imitam o que ao seu redor acontece. No que respeita à consciência ambiental o cenário é idêntico. Desde tenra idade o exemplo é adquirido e os hábitos interiorizados. Mas porque educação e conhecimento não ocupam idades o HM quis saber também o que se passa com o ensino da temática também aos mais velhos.
A começar logo na primeira classe, está a Escola Internacional de Macau (EIM) que alerta para as questões do meio com a integração de temáticas ecológicas no ensino primário. Para o estabelecimento “a educação ambiental é fundamental”. Na prática e “na área das ciências, por exemplo, as matérias são dadas tendo em conta o que está na base do que nos rodeia” com o foco posto na importância da natureza, afirma Howard Stribbell, presidente do conselho directivo da EIM. Por outro lado, são também abordados os aspectos éticos e económicos que estão subjacentes às acções e aos seus impactos, desde os níveis regionais a mundiais, na sustentabilidade ecológica.

Gente “verde”

As “equipas verdes” são também uma realidade. A EIM incentiva a organização dos alunos em grupos para a promoção da reciclagem, processos de combustão e redução de desperdícios. Dos planos curriculares constam ainda visitas ao exterior por parte dos alunos do ensino secundário das quais constam actividades de limpeza de praias e reutilização de materiais escolares. “É através do comprometimento com pequenos projectos que se pode contribuir para a consciencialização ambiental”, diz Howard Stribbell, presidente do conselho directivo da EIM.

Curiosidade aguçada

Apesar da ausência de resposta até ao final da edição por parte da Escola Portuguesa de Macau (EPM) relativamente às actividades em curso na área da educação ambiental, Natasha Fidalgo, mãe de dois alunos desta instituição, dá a conhecer que “a sensibilização para a protecção do ambiente faz parte dos conteúdos programáticos do Ministério da Educação em Portugal e a EPM segue-os por cá”. Os filhos, desde cedo, começam a ouvir falar em temas como a reciclagem. Comportamentos sociais de limpeza tanto urbana como rural, animais em vias de extinção, poluição ou aquecimento global também são áreas para as quais as crianças são alertadas. A título de exemplo, Natacha Fidalgo fala de um projecto no qual encontrou os filhos a trabalhar recentemente. O casal de quem é mãe estava numa “rara actividade comum e, juntos faziam uma pesquisa e uma apresentação acerca das causas do constante desaparecimento de pinguins e as medidas a tomar para proteger estes animais” comenta a mãe com orgulho.
Enquanto professora do ensino primário em escolas chinesas de Macau Natacha Fidalgo comenta que no seu percurso todas elas têm nos seus currículos, previsto “alertar para a reciclagem, reutilização de materiais e poluição dentro do currículo”.

Formação no superior

Também o ensino superior parece não estar alheio à importância da protecção do ambiente e da passagem de conhecimento e exemplo neste sentido.
Nunca é tarde para aprender e o Instituto Politécnico de Macau tem uma série de políticas e actividades neste sentido para integrar o ambiente no ensino que proporciona.
Para além da motivação para a participação dos alunos nos Dias da Terra ou em actividades de reciclagem, a temática é ainda integrada dentro dos conteúdos dos próprios cursos. No design, por exemplo, os alunos fazem anualmente uma exposição temática ambiental. O curso tem ainda uma componente curricular dedicada ao design ecológico.
Ainda no que respeita aos alunos, o IPM salienta a estreia na Expedição à Antártica de modo a promover uma consciência mais global da importância ambiental.
Para os que já deixaram a instituição e para o público em geral a entidade promove, regularmente, workshops “verdes” em que os moradores são incentivados a doar para instituições de caridade o que estaria destinado ao lixo e, desta forma, poupar em recursos e desperdícios.
Macau, um lugar que vive de e para o turismo, tem na aposta de profissionais na área um meio de promover o ambiente. O Instituto de Formação Turística (IFT) é disso exemplo e as questões ambientais são “uma prioridade” afirma a instituição ao HM com orgulho nas actividades que desenvolvem na área.
O IFT tem em curso uma série de iniciativas aliadas à formação e em destaque estão actividades como as “compras verdes” em que são usados nas compras e vendas dos produtos utilizados pela instituição acondicionamentos feitos de materiais ecológicos ou reutilizados.

Restos que fertilizam

Um outro aspecto de referência é o pedido que é feito as funcionários e alunos para que sejam aproveitados os desperdícios alimentares. Neste sentido, tanto as cozinhas abertas ao público como as que servem de sala de aula estão instruídas para que os “restos alimentares sejam devidamente separados e integrados num decompositor para que sejam transformados em fertilizantes”.
Para que não haja enganos, existe a segunda-feira que se chama verde. O projecto marca o dia da semana em que a cantina apresenta um menu especial que integra apenas refeições vegetarianas feitas pela casa. A iniciativa é alargada a instituições interessadas e o IPM partilha a cantina, semanalmente com os menus de vegetais para “dar a conhecer alternativas aos seus alunos”.
O IFT refere ainda a “Equipa Verde que integra representantes de todos os departamentos e dos estudantes, e a realização de actividades como o dia da reciclagem ou a participação no desfile moda ecológica”.
O HM entrou em contacto com a EPM, a Universidade de Macau e a Direcção de Serviços de Educação e Juventude mas não obteve resposta até ao final da Edição.

Instituições de Ensino poupam a natureza

É através do exemplo que muitas das medidas de protecção ambiental também são accionadas pelas instituições de ensino da RAEM. A ideia das escolas é implementar no seu funcionamento as medidas que consideram necessárias para que também elas, enquanto referência para o futuro, contribuam para um espaço mais ecológico. Mais do que transmitir conteúdos ou fomentar acções, já há estabelecimentos de ensino que integram a protecção ambiental na vida do quotidiano.
“A nível operacional já temos um sistema associado ao sistema de cópias que elimina fotocópias não necessárias” afirma a direcção da Escola Internacional de Macau. Neste momento, a instituição já tem em curso o processo de substituição da iluminação fluorescente por LED, refere. A medida é também aplicada pelo Instituto de Formação Turística (IFT) no que respeita à iluminação do exterior dos espaços aos quais está associado. O Instituto tem ainda em conta a energia solar que utiliza e que alimenta parte das suas áreas públicas, bem como um sistema de recuperação de calor garantido pelos aparelhos de ar condicionado e que é posteriormente direccionado para o aquecimento de água.
Também internamente, o Instituto Politécnico de Macau dá o exemplo com a promoção de processos administrativos com maior recurso a meios electrónicos e menos uso de papel. A disponibilização digital de manuais e mesmo livros da biblioteca são alguns dos esforços concretos colocados na preservação do ambiente e no passar legado para funcionários e alunos.
Também os dormitórios são dotados de espaços de separação do lixo para incentivar a reciclagem e sensibilizar os alunos que ali vivem temporariamente.

9 Set 2016

Trabalhadores da Uber entregam mais de duas mil assinaturas ao Governo

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de duas mil assinaturas foram ontem entregues por condutores da Uber na Sede do Governo, para que o Executivo permita serviços de transporte privado semelhantes aos prestados pela empresa. A iniciativa foi levada a cargo pela Associação de Transporte por Conveniência dos Povos, composta exclusivamente por condutores da Uber, e que se fez representar por quatro jovens de máscara. Estes deram a conhecer o seu apoio “ao conceito de que qualquer condutor em Macau que queira prestar um serviço de transporte privado, possa estar autorizado a isso”, afirmou Lou Tyler, porta-voz na iniciativa, que defende que serviços como os da Uber em Macau “são muito necessários e o Governo deveria autorizar sempre estas iniciativas”.
As assinaturas ontem entregues foram recolhidas aquando da manifestação de apoio à Uber, organizada pela Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, a dia 4 de Setembro. Na altura, a Uber demarcou-se da manifestação, mas indicou estar a reunir assinaturas “de forma conjunta, de uma forma pacífica e racional, para expressar os pedidos ao Governo”.

Exemplos de fora

O porta-voz argumentava ontem que “os autocarros não são suficientes para o transportes diário das pessoas e muitas têm que recorrer à utilização de carros privados”. Lou Tyler dá como exemplo a China continental, onde há variedade nos serviços de transporte privado e diz que “pode ser copiado o mesmo tipo de políticas para Macau”. No total, havia 2300 nomes que se manifestaram a favor desta forma de transporte. Hoje, a Uber deixa de funcionar, como tinha afirmado anteriormente num comunicado enviado aos deputados.
O Governo não quer legalizar o transporte privado e a empresa foi multada em dez milhões de patacas em menos de um ano de operações. Na manifestação de apoio do início de Setembro, a Associação de Transporte por Conveniência dos Povos não colocou de parte de “tomar outras acções” de manifestação.

9 Set 2016

Wong Sio Chak nega actos ilegais no combate à Uber

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Uber voltou a ser assunto, desta feita com as acções de inspecção que envolvem a consulta dos telemóveis dos motoristas suspeitos de transporte ilegal. As questões foram colocadas após a cerimónia de tomada de posse do novo director dos Serviços Correccionais (DSC), Cheng Fong Meng. A situação em causa tem a ver com a solicitação do telemóvel de um motorista em concreto pela polícia, que queria verificar se este desempenhava uma actividade ilegal.
O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, responde que “todos os actos levados a cabo pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública foram feitos conforme a lei” e que, “naturalmente, quando há indícios que o telemóvel do condutor contenha informações, depois do consentimento do motorista, [este se] inspecciona”.
Apesar da justificação do modus operandi dos agentes fica a afirmação de que “caso o motorista não concorde pode fazer queixa junto das autoridades”.
Em causa estão queixas efectuadas relativamente a este tipo de casos a um canal de rádio enquanto situações de abuso de poder. O caso particular em questão é também referente a uma situação em que o motorista já tinha, no passado, desempenhado funções na Uber, sendo assim “um suspeito”.
Outra preocupação manifestada por Wong Sio Chak foi relativa à segurança dos agentes da polícia. “Este trabalho não é seguro porque os agentes inspeccionam os carros nas ruas e por isso preocupo-me com a sua segurança.” Por outro lado, “só correndo riscos é que as Forças de Segurança podem combater os transportes ilegais”, justifica o Secretário.

8 Set 2016

Militarizados | Revisão de estatutos apaga o “militar”

[dropcap style≠’circle’]“M[/dropcap]ilitarizado” é palavra que pode acabar na RAEM. A notícia foi avançada ontem por Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, no final da cerimónia de tomada de posse do novo director dos Serviços Correcionais de Macau (DSC) Cheng Fong Meng. Em causa está a revisão dos Estatutos dos Militarizados que está em fase de estudo e consulta pública.
“A palavra militarizados vai ser retirada” afirma o Secretário para a Segurança. “A Defesa cabe ao Governo Central e nós somos um serviço de forças de segurança e conforme a Lei Básica, não temos nenhum serviço militarizado”, justifica. As Forças de Segurança continuarão como tal, mas deixando a conotação militar para os responsáveis pela defesa nacional.

Oportunidades iguais

O Secretário refere ainda que “vai ser criado um cargo para articular as carreiras. O objectivo é que os profissionais que ocupam os lugares de base na carreira militar possam aceder a cargos mais altos.
Se antigamente a hierarquia estava dividida em carreiras base e carreiras de alta patente em que as primeiras não podiam ambicionar uma subida de posição, com a revisão dos estatutos que está na calha, a ascensão profissional pode vir a ser uma realidade.
Para o efeito Wong Sio Chak menciona que a sugestão “é que sejam feitos exames e acções de formação”. Um formação não de quatro anos, como as licenciaturas, mas ainda sem se saber ao certo o que é. “Ainda estamos a fazer a recolha de opiniões por parte dos profissionais desta área”, justifica o Secretário enquanto avança que “independentemente de ser possuidor de uma licenciatura, os cargos de altas patentes vão estar abertos a todos” para atrair, não só os colegas da linha da frente como ainda novos talentos para integrar as forças de segurança”.

Tudo a opinar

A consulta interna vai ter lugar num período de três meses e é esperado que no início do próximo ano a revisão possa entrar no processo de legislação.
De segunda-feira a ontem já foram dadas 200 opiniões no que respeita à revisão do Estatuto dos Militares, número inédito de adesão no que respeita a revisões legislativas, segundo Wong Sio Chak.
O estatuto dos militarizados está em vigor desde 1994 e com a revisão anunciada na quarta feira é objectivo do Governo dar origem a “uma lei mais racional que reflicta a afirmação da modernidade” e os trabalhos.

8 Set 2016

Kino|Festival de cinema alemão estreia em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] melhor do cinema alemão vai animar a Cinemateca Paixão. É o KINO, que se estreia em Macau com cartaz de luxo entre 8 e 16 de Outubro. Wim Wenders é o realizador de destaque e Doris Dörrie vai marcar presença e estar em conversa com o público.
Do programa, que conta com a organização da Associação Audiovisual CUT e do Instituto Goethe de Hong Kong, constam oito sessões que integram sete películas e uma maratona de curtas-metragens.
O ecrã abre no dia 8 de Outubro com uma palestra que conta com o crítico de cinema local Leong I On, à qual se seguirá a projecção de “Babai” de Visar Morina. O evento começa as 15h00 e o filme às 16h30.
Do programa destacam-se as exibições de “Paris, Texas” e “Asas do Desejo”, películas icónicas dos anos 80 que contam com a assinatura de Wim Wenders. O último é ainda o filme escolhido para fechar a primeira edição do KINO em Macau.
A passagem de Doris Dörrie pela edição local do KINO não se regista apenas no ecrã. Além da projecção de “Fukushima, Mon Amour”, a mais recente realização da cineasta, está agendada uma conversa com o público para que a autora do filme premiado possa partilhar experiências e responder a questões dos interessados. Theresa Von Eltz, Neele Leana Vollmar e Christian Schwochow são também nomes a ter em conta para a semana do cinema alemão com os filmes “4 Kings”, “The Pasta Detectives” e “Bornholmer Straße”, respectivamente.

Curtas para o fim

A programação termina a 16 de Outubro com a rubrica “Short Export 2016”, que integra dez curtas-metragens. A compilação pretende abordar não só os temas que marcam a actualidade como proceder à sua apresentação sob diferentes linguagens visuais. Do documentário à comédia, a exploração da diversidade das formas de ver os diferentes temas vão encher o ecrã.
Os bilhetes já estão à venda na Cinemateca Paixão, Livraria Pin-to ou através da Easyticket.

8 Set 2016

Macau inteligente com ajuda de versão do “We Chat”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]plicações como o “We Chat”, dada a sua multifuncionalidade na China continental, não estão fora de questão para uma possível integração no conceito de Macau enquanto cidade inteligente. Segundo o vice-reitor da UM Rui Martins “a [UM] também está a pensar nessa linha”.
“O We Chat é, provavelmente, uma das aplicações a ser utilizada porque é muito eficiente”, justifica.
A aposta no conceito inteligente é o cerne de uma das subcomissões adiantadas ontem por Peter Lam, vice-presidente do Conselho de Ciência e Tecnologia e Ma Chi Ngai, presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia e que tem a seu cargo este grupo de trabalho. Macau inteligente vai integrar vários serviços, nomeadamente públicos, e Ma Chi Ngai aponta para já a coordenação entre serviços de transporte, de saúde ou do turismo. O próximo mês de Novembro é a data escolhida “para apresentação de co-propostas por parte de instituições académicas para estudar os diferentes ramos que constituem uma cidade inteligente”, afirma Ma Chi Ngai.
Rui Martins reitera que “vai ser lançada uma nova chamada para propostas só para a área da cidade inteligente. “Para o efeito podem candidatar-se as várias entidades interessadas com os seus projectos nesta área.”
Para já, o campus da UM poderá servir de “protótipo”. A instituição está a implementar um conjunto de medidas de forma a colocar o campus na vanguarda de sistemas integrados. “Este smart campus poderá ser um dos primeiros passos para a cidade inteligente”, afirma Rui Martins.
Já existe actualmente um mapa electrónico dos serviços do turismo e que já está implementado em Macau. O projecto foi feito pela UM e é dirigido ao objectivo inteligente.

7 Set 2016

Ciência e Tecnologia | Conselho quer iniciar processo de rentabilização

O Conselho de Ciência e Tecnologia quer rentabilizar patentes da UM. O projecto pretende associar doutorados e o seu trabalho a uma vertente comercial capaz de divulgar os resultados relativos à investigação científica

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma Subcomissão que virá a ser criada pelo Conselho de Ciência e Tecnologia dedicada ao fomento da investigação tem como objectivo uma futura rentabilização das patentes detidas pala Universidade de Macau (UM). A notícia foi dada ontem após a 14ª reunião ordinária do Conselho através de Rui Martins, o responsável pelo grupo a criar. O também vice-reitor da UM considera que “a ideia principal com a criação da Subcomissão é entrar numa nova fase de apoio à investigação”.
O apoio do Fundo para a Ciência e Tecnologia a projectos de investigação não é novo e há 12 anos que apoia propostas das universidades, mas, e até à data, “são essencialmente projectos científicos de investigação básica”, como afirma Rui Martins. Agora, e provas dadas com os esforços por parte das instituições de ensino superior, é altura de rentabilizar o trabalho que já deu origem, no caso da UM, a cerca de 30 patentes.
“Com o desenvolvimento efectuado nas universidades ao longo deste tempo é altura de ver quais são alguns dos projectos desenvolvidos e como é que se poderão explorar essas patentes comercialmente”, ilustra o vice-reitor.

Laboratórios de renome

O professor refere que a UM já é dotada de dois laboratórios que são referência na China. Um dos espaços tem desenvolvido trabalho de referência no que respeita à Medicina Tradicional Chinesa e um outro tem trabalho reconhecido e dedicado à investigação electrónica.
“Já estamos numa fase em que depois de termos cerca de 30 patentes aprovadas temos de organizar a criação de empresas que, associadas a alunos que se tenham doutorado recentemente e que trabalharam nessas patentes, se possa explorar a sua actuação comercial.”
Este salto do laboratório para a rentabilização dos resultados representa um objectivo maior, o de uma projecção “não só em Macau , como na China continental e mesmo a nível mundial”.
Paralelamente, Rui Martins refere que foi criada recentemente a Faculdade de Ciências da Saúde que tem vindo a registar desenvolvimentos notórios na área da investigação.
Da reunião plenária realizada ontem resultaram ainda a criação de mais duas subcomissões. Uma para a concretização de Macau enquanto cidade inteligente e uma terceira para a área da educação e popularização da ciência. A reunião contou ainda com a presença do Chefe do Executivo, Chui Sai On e com os Secretários Raimundo do Rosário, Lionel Leong e Alexis Tam.

7 Set 2016

CPU | Fórum Macau a caminho dos Nam Van

Os três centros do Fórum Macau poderão ter casa nos Lagos Nam Van. A zona vai acolher escritórios, um pavilhão e uma sala de exposições de modo a também albergar serviços do Executivo e outras actividades para a população

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s três centros que integram a plataforma Fórum Macau irão ter casa nas margens do Lago Nam Van. A informação foi ontem adiantada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, no final da 9ª Reunião Plenária de 2016 do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Raimundo do Rosário afirma que “os terrenos C15 e C16 junto aos Lagos Nam Van estão destinados à construção de escritórios, um pavilhão, uma sala de exposições e poderão ainda albergar os três centros do Fórum Macau”. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas adverte, no entanto, que esta iniciativa ainda não tem um carácter definitivo: “definitivo não sei, mas serão as instalações do Fórum e eventualmente escritórios associados e depois o Centro de Convenções que serve ao Governo e o Pavilhão” que poderá servir a população. No entanto “só quando tivermos o projecto é que se verá rigorosamente o que vai ser”.
Raimundo do Rosário não adianta, no entanto, se o Centro de Produtos Alimentares do Fórum Macau, que neste momento está na Praça do Tap Seac, irá mudar para as instalações nos Nam Van, sendo que “admite que sim, mas sem ser definitivo”.

Tectos baixos

O aproveitamento dos terrenos do Executivo não está isento de críticas que, na sua maioria, são dedicadas à pouca altura que está pensada para o edifício dos escritórios. Para o CPU, os 18 metros previstos ficam aquém das necessidades de instalações que o Governo tem. “O Executivo deverá pensar se, na escassez de terrenos e tendo em conta os montantes avultados destinados ao pagamento de rendas, não será melhor rever o limite de altura e ponderar para que seja mais alto?” questiona o CPU. Por outro lado a não previsão de construção de um parque de estacionamento também gera polémica no seio do Conselho.
Mak Soi Kun dá o exemplo: “Tóquio confrontado com a falta de espaço, é uma cidade agora construída em altura.” O membro do CPU aconselha o Executivo a ir pelo mesmo caminho.
Tendo sido os 18 metros previstos um valor que teve em conta a conservação da paisagem, Paulo Tse sugeriu que “a altura depende da perspectiva e da utilidade e estou de acordo que se pretenda preservar a paisagem mas também precisamos de calcular o que podemos construir pois Macau é uma cidade pequena, pelo que um prédio mais baixo poderá não ser suficiente visto que no futuro o Governo poderá precisar de mais instalações.”

Valores de referência

Em resposta a DSSOPT afirma que os 18 metros são “apenas um número de referência a partir do qual existe uma base para que o projecto possa ser discutido”. Quanto à questão do estacionamento a resposta veio directamente de Raimundo do Rosário que afirma que “também gostaria que cada fracção tivesse um lugar de estacionamento”, mas que tal não é possível. Perante os pedidos de um projecto de pormenor o Secretário reitera que “há uma lei de planeamento urbanístico e precisamos o plano director para depois ter o de pormenor”
O final dos trabalhos não se prevê num futuro próximo, “vai demorar alguns anos para se poder concluir este trabalho” conclui o Secretário.

6 Set 2016

CPU | Biblioteca Central não reúne consenso quanto à localização

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]roblemas de acesso, estacionamento e de trânsito foram algumas das questões levantadas ontem na nona Reunião Plenária do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) quando abordado o projecto para a Biblioteca Central. Se por um lado as opiniões convergem no que respeita à importância de ter esta infra-estrutura na RAEM, a sua localização e as dificuldades de acesso que se levantam são fonte de divergências. O aproveitamento dos terrenos destinados à Fundação Macau foi uma das soluções apontadas.
Chan Chit Kit começa por levantar a questão da localização apontando que, pelo facto de estar numa zona assolada pelo trânsito e com ausência de estacionamentos, a Praia Grande não é o local “mais apropriado para uma infra-estrutura deste calibre”. O membro do CPU não desconsidera uma Biblioteca Central mas considera que “também a biblioteca da Universidade de Macau deveria estar aberta ao público até porque tem estacionamento”, afirma.

Local central

O Instituto Cultural, por seu lado não partilha da mesma opinião. Em resposta às vozes não convencidas Leong Wai Man, substituta do presidente do IC justifica que a escolha da localização “foi porque na altura tivemos que levar em conta o espaço (que o estudo da altura apontava que tinha que ser maior que 25 mil metros quadrados), e outro motivo foi para facilitar a população, porque todos os residentes têm fácil acesso a esta área e a Península é o sitio ideal”. Por outro lado este tipo de infra-estruturas ficam, normalmente situadas no centro de grandes cidades”.
A representante do IC continua, argumentando “o facto de vir a existir ali uma estação do metro ligeiro” é uma mais valia e admite a possibilidade de vir a ser construído um túnel de ligação entre o parque de estacionamento e a biblioteca para facilitar as entradas e saídas dos visitantes.
Uma alternativa de localização apontada por Chan Tak Seng, membro do CPU, foi o aproveitamento do terreno junto ao Centro de Ciência de Macau que tem prevista a ocupação do próprio Centro e de estruturas de apoio à Fundação Macau, como uma boa alternativa para a Biblioteca Central. O membro do CPU não deixa de considerar que é “bom que a FM tenha as suas próprias instalações mas a proximidade do Centro de Ciência e aquele local reúnem as condições para uma possível localização da Biblioteca também”, afirma Chan Tak Seng.

Números inflacionados

A previsão de cerca de oito mil visitantes diários àquele novo espaço também não reúne consenso e as dúvidas acerca da aproximação à realidade deste número são levantas sendo que “os hábitos de leitura têm vindo a mudar e cada vez mais jovens optam por leituras online”. Em resposta, Leong Wai Man refere que para além da vertente do leitor , a Biblioteca Central será um espaço de arquivo que prevê a preservação de mais de cem documentos históricos. Por outro lado, além da sua função normal esta “é uma infra-estrutura que será responsável pela coordenação das restantes bibliotecas do território”.

Concurso internacional

Tendo em conta o papel de coordenação Manuel Ferreira considera então que o projecto não deveria, como a semana passada foi anunciado pelo IC, ser restrito a candidatos locais,. Para o membro do CPU é necessário abrir o concurso “a empresas estrangeiras que ontem com experiência na construção de projectos idênticos”.
Falta ainda saber se a nova biblioteca Central está pensada de modo a conter meios de acesso e circulação para pessoas portadoras de deficiência.

6 Set 2016

Hoje Macau 15 anos | Jornalistas falam da profissão em Macau

Em dia de aniversário, o HM foi saber por quem cá anda, mais ou menos ao mesmo tempo, o que é isto de assinar notícias há década e meia. Uma actividade com várias fases e também uma profissão que tem vindo a desenvolver-se e a ficar mais bonita e mais próxima da comunidade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s últimos 15 anos de imprensa em Macau trazem novidades e desenvolvimento. Apesar de “ter fases” a opinião de quem vive o jornalismo na pele e faz dele profissão é unânime: a actividade em Macau está diferente. Os últimos 15 anos são pautados com sangue novo, gente de fora e profissionais da área que vão revitalizando a profissão numa região que cresceu muito e com ela fez crescer o jornalismo.
Isabel Castro, jornalista da Rádio Macau, também há 15 anos na RAEM, aponta em primeiro lugar o crescimento de gente, “o jornalismo era feito por menos pessoas do que é hoje, em termos gerais as equipas eram bastante menores”. Na sua opinião pessoal e “ao contrário do que muita gente esperaria antes da transferência do território, começaram a vir mais pessoas de Portugal”, factor que veio influenciar as notícias de cá. Com elas veio uma outra forma de ver e pensar o jornalismo e mesmo Macau, considera. Este facto é apontado como positivo, até porque com o passar do tempo “é impossível que o nosso olhar não se vicie e esta renovação é boa”.
É a esta entrada de sangue novo que acontece há 15 anos que Gilberto Lopes, chefe de informação e programas portugueses da Rádio Macau, chama de “geração RAEM” e que terá contribuído para o desenvolvimento da actividade permitindo que, 15 anos depois, se faça o que se faz”.

Mais gente, mais profissional
Não é só o aumento de jornalistas que pautam os últimos 15 anos da RAEM. É a profissionalização dos mesmos que destaca o desenvolvimento da história recente da imprensa. Terá sido após a transição que Rocha Dinis, administrador do Jornal Tribuna de Macau, assinou um protocolo com a Universidade de Coimbra e com isso os jovens recém licenciados do curso de comunicação social começaram a aceder ao território para estágios. “Alguns ficaram, outros não, mas foi, sem dúvida um marco para o desenvolvimento de profissionais no território” afirma.
Questões ligadas à ética e deontologia profissional também são de salientar para Marco Carvalho, director do jornal Ponto Final, “Outra questão relevante é a profissionalização das redacções dos jornais do território” revela, sendo que é “gente nova mas gente qualificada no mister do jornalismo e uma classe já mais ligada a questões de ética e deontologia profissional”.

Não há bela sem senão

Não chega só ter mais gente e mais profissionais. Para Rogério Beltrão Coelho, editor da Livros do Oriente, “se é certo que os jornais dispõem hoje, nas suas redacções, de maiores e melhores equipas de jornalistas, com formação académica específica e, como tem sido verificado, com muito talento e criatividade, a verdade é que nem sempre a exigência de qualidade se faz sentir”.
Conhecer a terra por dentro é factor essencial, porque “é natural que aos jovens profissionais, recém-chegados ou há poucos anos em Macau, lhes falte a memória para compararem, avaliarem, recolherem experiências e usarem o conhecimento do passado para compreender e interpretar o presente e perspectivar o futuro”. Por outro lado o esforço para o aprofundamento de conhecimento “nem sempre é feito e o ritmo a que se processa a vida num jornal diário propicia situações de jornalismo de menor qualidade e de algum facilitismo”, remata Beltrão Coelho”.

Uma questão de línguas

Falar de jornalismo em língua portuguesa não é falar de jornais de Portugal em Macau, mas sim de jornais da terra na sua língua oficial e que é fundamental para a “manutenção da língua portuguesa”. Num território que partilha linguagens, gentes e culturas cada vez são mais os alunos a aprender a língua de Camões e o facto de existir imprensa em português é fulcral “sobretudo para quem está a aprender o que também é o caso do território em que os estudantes podem usufruir deste tipo de ferramentas”, afirma Gilberto Lopes.
Um outro ponto a salientar nesta puberdade da imprensa em Macau foi a inserção de profissionais de língua chinesa numa aproximação à comunidade.
Para Marco Carvalho “os jornais não estariam completos sem estes interlocutores com a comunidade chinesa e, se há uns anos ter estes profissionais era uma excepção, neste momento é o que acontece”.
Gilberto Lopes partilha da mesma opinião, sendo que “no início da década (2001) não havia colegas chineses e agora há, o que é fundamental para que os leitores possam perceber a própria sociedade em que se inserem.
Em jeito de conclusão, Beltrão Coelho não deixa de frisar “a tranquila e promissora durabilidade dos jornais portugueses. É um caso de sobrevivência inédito na História da Imprensa em Macau.”

Por quem lê

Um jornal só se faz com leitores e Mário Duque, arquitecto, refere-se à imprensa de Macau como um “imprensa de fases”. É uma imprensa com flutuações em que há momentos particularmente interessantes em termos de opinião e conteúdos e há momentos de perfeito marasmo que também têm a haver com o marasmo da terra”. Ainda assim a imprensa em Macau não deixou de sofrer um desenvolvimento qualitativo. A opinião é de António Conceição Júnior, criativo, que aborda não só o conteúdo escrito mas também o trabalho gráfico que considera “fundamental para uma boa leitura”. A qualidade e a diversidade dos temas são também aspectos apontados, pelo artista local.

5 Set 2016

Lionel Leong | Atribuição de mesas depende do extra-jogo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] atribuição de mesas de jogo às operadoras, nomeadamente no que respeita aos novos empreendimentos, depende também do investimento no extra-jogo. As afirmações são de Lionel Leong e divulgadas pela agência Lusa. O Secretário para a Economia e Finanças justifica as condicionantes que interferem na autorização de mesas de jogo ao mesmo tempo que salienta que “se o projeto engloba apostas em elementos extra-jogo, incentiva a participação de pequenas e médias empresas locais, contribui para tornar Macau num centro internacional de turismo e lazer e se integra ainda a capacidade de concorrência internacional, entre outros” são os factores que o Executivo tem em conta na ponderação das autorizações a atribuir.
De acordo com Lionel Leong, “o número de mesas de jogo autorizado reflete, até certo ponto, a diferença entre os projetos em termos dos factores de avaliação acima referidos”.

Mais 150 para o Parisian

O novo casino da Sands China, o Parisian, vai abrir portas com 100 mesas de jogo, que passam a 150 em 2018. O anúncio é feito pelo Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong e adiantado pela agência Lusa. Em comunicado, Lionel Leong afirma que “após uma análise e avaliação dos fatores na íntegra, o Governo autorizou ao Parisian, 150 mesas em área comum de jogo, das quais 100 vão entrar em vigor em meados de Setembro deste ano, quando o projeto for inaugurado, enquanto as restantes mesas entrarão em vigor em duas fases, sendo que cada fase corresponde a 25 mesas, até 2017 e até dia 01 de janeiro de 2018, respetivamente”.
Percentagens arredondadas
O número de mesas para o Parisian é igual ao autorizado para o recentemente inaugurado Wynn Palace e que foi tido como abaixo do desejado pelas operadoras. Em média cada operadora terá solicitado cerca de 400 mesas e a justificação da não atribuição é dada com o facto de existir um limite, fixado pelo Executivo, de um aumento anual máximo de 3% de mesas de aposta ao ano até 2022.
No entanto, e como avançado a semana passada pelo HM, após constatação de que o número de mesas tem superado este limite, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos afirma que “estes 3% anuais é um crescimento médio , não é um número definido ou fixo”.

5 Set 2016

Taipa | Abandonado desde 1975, Cineteatro continua com futuro incerto

O Cineteatro da Taipa passa quase despercebido. Um edifício abandonado há tanto tempo que já nem se dá por ele, ainda mostra o resto dos néons que lhe davam nome. Sem classificação e com futuro a ser ainda uma incógnita cabe a alguns desejar que volte a ser um palco da ilha. O proprietário vê a cor do dinheiro com finalidade comercial

teatro[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]aredes meias com o Largo de Camões e a Rua de S. João, impõem-se as ruínas do antigo Cineteatro da Taipa. Há muito que ali está ao abandono a servir de armazém para materiais de construção. Para os curiosos que passem na rua resta uma porta entreaberta que deixa vislumbrar um anfiteatro em ruínas povoado por bambus e restos de um pouco de tudo. Nota-se que um dia foi equipado para que dele se fizesse um espaço de lazer e cultura.

Reza a história documentada no livro “Cinemas de Macau” escrito por Wong Ha Pak e revelado pelo Instituto Cultural ao HM que o “Teatro da Taipa foi construído no dia 8 de Dezembro de 1965”. Da sala que estava equipada para uma lotação de 760 pessoas resta o registo do sucesso da projecção de “Happiness in the Hall”. A estrutura fecha, sem explicação em 1975. Diz a vizinhança que terá sido por falta de afluência. “Já não ia lá ninguém” refere João Isidro que se lembra do espaço enquanto miúdo, ao mesmo tempo que relembra os tempos anteriores em que, ali, se fazia fila à porta, “eram principalmente portugueses.” Mas depois tudo foi mudando e “há os casinos que têm destas coisas”.

Há vida na ilha

Se há 40 anos a população da ilha era reduzida, as estimativas actualizadas não mentem. Segundo os dados do Serviço de Estatísticas e Sensos de Macau, se em 2006 a Taipa acolhia cerca de 62 400 habitantes, em 2015 o número sobe em flecha para cerca de 103 mil.

Não só devido à explosão de casinos no Cotai como de prédios habitacionais, a Taipa é actualmente um local com vida e dinâmicas próprias e detentora de uma população que “não deveria ter que se deslocar a Macau para ter momentos de lazer e cultura.” Esta é a opinião de uma proprietária vizinha do Cineteatro quando questionada acerca deste espaço. A também residente da ilha que prefere não se identificar reconhece que “seria bom voltar a ter ali um teatro” e faria parte do conjunto de actividades capazes de enriquecer este lugar que “tem a sua própria personalidade”.

A reabilitação daquele espaço seria “muito boa” afirma, “não só para o negócio mas, e acima de tudo para a vila que já conta como local de eleição para visitas turísticas e que assim, tinham mais uma alternativa aos casinos”. Aponta para o negócio de bicicletas que anima o largo e refere um mercado muito visitado nas redondezas para ilustrar que a grande afluência àqueles lugares é porque “não há mais nada para além dos casinos e as pessoas sentem necessidade de outras coisas sem ter que se deslocar à península”. Fica revoltada quando se resume a “sua vila a hotéis e casinos” mas, ainda assim, admite que infra-estruturas como o que poderia resultar da renovação daquele teatro acabariam até por beneficiar os “grandes” pois dariam aos seus clientes mais locais de atracção.

O teatro em Macau não tem casa e Miguel Senna Fernandes, fundador do grupo de teatro Dóçi Papiáçam quando abordado pelo HM, não deixou de mostrar surpresa pela lembrança daquele espaço. Também para ele é um local esquecido, mas “importante”. O homem ligado aos Macaenses e ao Teatro “não sabe o que está previsto a nível de lazer e plano urbanístico para a Taipa” mas “obviamente que, do ponto de vista do cidadão é uma boa estrutura e uma coisa para ponderar para ver o que se poderá eventualmente fazer”. Hoje em dia na RAEM não existe a separação municipal que existiu noutros tempos. Miguel Senna Fernandes considera ainda que grande parte da população da Taipa ainda trabalha na península mas que já existe, efectivamente, muita gente a fazer a sua vida na ilha, pelo que se justifica que haja um tratamento a nível local quanto à necessidade deste tipo de infra-estruturas e é neste contexto “que podemos questionar quais as estruturas que dão de si à Taipa”, afirma.

“Porque não esta?” prossegue naquilo a que chamou de pensar alto, “está bem localizada e deveria pensar-se nalguma coisa para aquilo”.

Que sirva de alento

Enquanto pessoa também ligada aos palcos e ao teatro Miguel Senna Fernandes recorda ainda os tempos em que os grupos ainda existiam em Macau mas que têm vindo a diminuir porque “não há estrutura para os albergar”.

“É sempre muito complicado e mesmo frustrante, não conseguirmos nunca ter a ideia de como as peças em que trabalhamos vão resultar até à estreia” refere aludindo à falta de “casa” para que os grupos possam efectivamente criar as suas encenações. “Ensaiamos sempre noutros locais e nós temos tido a benesse da Escola Portuguesa que nos oferece o espaço para os ensaios, mas até ao dia de irmos ao Centro Cultural de Macau, onde são apresentadas as peças, não sabemos como vai ficar” sendo que trabalhar in loco é fundamental. Apesar da “preocupação por parte do IC” relativamente a esta situação, “ainda não é suficiente” e espera que o levantamento desta questão relativa ao teatro abandonado, “seja um novo alento para os novos grupos porque podia haver condições para a criação de companhias e há gente de qualidade”, deixando o apelo para “que venham os grupos porque o teatro é fantástico”.

Já o proprietário do edifício não partilha do mesmo fascínio. O HM falou com Tang Kuok Meng dirigente da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau que alude ao teatro como actividade “fora de moda”. O proprietário que também tem o nome no dossier “Panamá Papers” põe fora de questão a reabilitação para fins culturais. “O teatro actualmente já não está na moda” afirma, pelo que o terreno terá, não se sabe quando “uma função comercial”. Para Tang Kuok Meng o fecho do teatro devido à falta de público, apesar de remontar há cerca de 40 anos, continua a ser uma questão actual. Indiferente às mudanças do quotidiano e da população, continua a achar que o teatro não é rentável e um “espaço comercial” será o destino da estrutura, sem que sejam adiantados pormenores.

“Mono de ratos”

É naquela zona da Taipa Velha que Santos Pinto tem um restaurante e habita há mais de 25 anos. Não se recorda do funcionamento da estrutura mas lembra-se de ver ali desde sempre “aquele mono, ninho de ratos”. Pensar na reabilitação do cineteatro é coisa que “já devia ter sido feita há muito” e mesmo prioritariamente à construção dos casinos”. Sem eira nem beira , é um edifício que não está ali a fazer nada a não ser a “servir de casa para os ratos que depois afectam os vizinhos também”. Para além da saúde pública está também a segurança. Santos refere ainda um outro espaço mais recente também dotado ao abandono e refere que um dia “vem um tufão e leva os vidros deste edifícios, sem segurança nenhuma”. O proprietário do restaurante de comida portuguesa não tem duvidas quanto ao bom aproveitamento caso lhe seja devolvido o destino inicial. Não entende como é que está ali há tanto tempo naquele estado visto que “assim não dá lucro a ninguém a não ser que seja para valorizar o terreno” e “aquilo deveria ser aproveitado e ser do beneficio das pessoas que têm vivido à sombra daquele monstro”. “As pessoas que ali têm vivido deveriam ter alguma mais valia e o espaço deveria ser aproveitado em prol dos residentes que coitados só assistem a este crescimento desmedido com grandes construções que não são pensadas para a população”.

Ficheiro (não) classificado

O edifício do cineteatro da Taipa é ainda referido na compilação de opiniões públicas recolhidas acerca dos dez imóveis propostos a classificação pelo IC. A análise já noticiada pelo HM há cerca de uma semana não deixa passar este espaço. Para João Palla Martins o edifício na Rua de S. João está nas sugestões “urgentes” para abertura de um processo de classificação. O Cineteatro junta-se a outras estruturas que segundo o arquitecto citado no HM “fazem parte da história de Macau” ou “estão em risco sério de desaparecimento”.

A ideia de classificar e dar nova vida ao espaço não é nova. “Houve ideias bastante claras ao longo destes anos para que esse edifício fosse reabilitado para fins culturais”, relembra Carlos Marreiros ao HM. Na opinião do arquitecto haverá uma opinião local que quer apostar na indústria cinematográfica” por um lado, e por outro , para além da Cinemateca Paixão, não há muitos espaços no território, pelo que “este seria um local a considerar”.

O edifício em si, não sendo um edifício de traça arquitectónica local, “traz claramente memórias colectivas associadas àquele local” pelo que “qualquer ideia de recuperação será bem vinda pela população”.

Questionado acerca do abandono do mesmo o IC “não sabe o motivo do seu encerramento”. “Não é um bem imóvel classificado”, afirmam e como tal cabe aos proprietários a responsabilidade pelo seu zelo. O IC não tem este edifício na lista de edifícios passíveis de vir a ser classificados, no entanto adianta ainda que para “determinar o seu valor cultural segundo a Lei de Salvaguarda do Património Cultural, será necessário recolher informações e proceder a um estudo”.

2 Set 2016

Terrenos | Kaifong dizem que dívidas do Executivo podem não existir

Dívidas de terras poderão ser falsas, avança o Centro de Sabedoria Política Colectiva de Macau, da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong). O Centro apresenta um relatório das violações das concessões originais e apela à entrega do documento ao CCAC

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo está assumir dívidas de terra que não deveria. A ideia foi adiantada ontem pelo Centro de Sabedoria Política Colectiva de Macau (CWPC, na sigla inglesa) em conferência de imprensa onde apresentou o relatório da análise dos seis processos referidos pelo Executivo e dos quais constam as falhas contratuais nas terras em dívida.
Para o organismo e após análise do processo facultado pelo Executivo relativo aos terrenos em dívida, as concessões originais que são o cerne das dívidas constituem “violações contratuais graves”. Entre as incoerências o CWPC destaca o facto dos terrenos não terem sido desenvolvidos ou aproveitados segundo o que estava estabelecido, não ter sido paga a diferença de montante quando se tratou de dimensões diferentes das propriedades ou não serem definidos eventuais encargos especiais.
O relatório referente aos seis casos de “dívidas de terras” e mais dois que se prevê que venham a surgir, foram entregues ontem ao Governo. Ho Ion San exige que o Executivo, num acto voluntário, lhes dê o devido seguimento para o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Caso isso não venha a acontecer será Ho Ion San a apresentar a queixa no organismo. Simultaneamente o deputado aguarda ainda que seja dada informação acerca destes casos à população.
Os terrenos concedidos ao Wynn e MGM contam com uma área total de 25.920 metros quadrados e a dívida poderá ser saldada perante os concessionários originais através de terrenos situados na zona C e D do empreendimento designado por “Fecho da Baía da Praia Grande” ou de outros localizados com capacidade de edificação semelhante. Este processo pressupõe que, caso o terreno esteja ligado a um processo de permuta, a área do mesmo não tem limites definitivos sendo que o Executivo poderá vir a retribuir uma área maior do que aquela que levou como emprestada, o que não se adapta à corrente Lei de Terras.
Os terrenos originais que deram origem à concessão destinada ao Galaxy e à habitação pública no Bairro da Ilha Verde já apresentavam violações antes mesmo do contrato de permuta. Ao contrário do previsto não foram devidamente aproveitados dentro dos prazos e a diferença de valor da concessão não foi paga atempadamente. Para Chan Ka Ieong  “qualquer um destes aspectos poderia constituir razão para a caducidade ou cancelamento do contrato”. Segundo o CWPC é claro que o Governo poderia ter tido a posse dos terrenos antes da permuta caso tivesse tido atenção a estas violações.

Permuta repentina

Nos casos referentes à Praça Flor de Lótus e ao Pak On o Governo não tinha autoridade sobre os mesmo pois não seguiu o processo de permuta como seria suposto e tomou directamente as terras. Por outro lado, e para o CWPC, pode existir a suspeita de que os concessionários originais não tenham também concluído o aproveitamento das terras o que significa que as poderiam perder, e , mais uma vez, ser menos uma dívida do Executivo.
O problema com a Pedreira de Coloane é o já apontado por Au Kam San e que motivou uma petição recentemente. Na origem estão as dúvidas que têm sido levantadas e que deram origem em 2012 à entrega de uma queixa no CCAC por suspeitas de tráfico de influências. Em causa está um lote de terreno ainda em dívida a Liu Chak Wan. O proprietário na impossibilidade de ver a função dos terrenos alteradas para construção criou uma nova empresa, a New Hong Yee, para que isso pudesse acontecer. Está neste momento planeada a construção de um edifício com cerca de 12 torres.

Ainda há mais

Para além dos processos efectivos de dívida de terras existem ainda aqueles que podem vir a aparecer. As permutas que remontam a 2010 e 2003 referentes ao Armazém da Ilha Verde e ao estacionamento de shuttle bus nas Portas do Cerco podem vir a ser “mais dois processos a considerar” afirma Ho Ion San. Também para estes casos o CWPC esclarece que já passaram os 25 anos de concessão por arrendamento em 2014 e o Executivo já deveria ter anunciado a caducidade das mesmas.
Dos seis processos em causa estão os casos relativos ao Wynn e MGM e ao Galaxy que foram contraídos “para a liberalização do jogo”, a habitação pública da Ilha Verde, a pedreira de Coloane, em articulação com o plano de construção de habitação pública, a Praça Flor de Lótus para construção pública e os lotes U2,U4 e U5 do Pac-On para ampliação da Incineradora de Resíduos Sólidos da Taipa. No total somam 88.806 metros quadrados a ser devolvidos aos anteriores concessionários dos terrenos originais.

2 Set 2016

Lei de Terras | Gabriel Tong “já fez o que tinha a fazer”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado nomeado Gabriel Tong afirma que “não vai fazer mais do que já foi feito” no que respeita ao projecto de reinterpretação da Lei de Terras, que foi recentemente recusado pelo hemiciclo.
As afirmações são feitas ao HM em reacção ao anúncio por parte do presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, de que vão ser ouvidas as mais de 40 horas de gravações das reuniões na análise na especialidade a que o diploma esteve sujeito.
Questionado se iria continuar com o projecto de reinterpretação que apresentou ao Executivo, o deputado responde que “não é preciso fazer mais nada” porque já fez o que lhe era devido.
“A minha acção já foi tomada há algum tempo e, neste momento, acho que cabe à autoridades saberem o que querem para salvaguardar os interesses (…) públicos”, remata.
O projecto de Gabriel Tong foi apresentado nesta sessão legislativa que agora finda e foi alvo de críticas por parte da população e do hemiciclo. O deputado salvaguardava que o que pretende não é a revisão da Lei de Terras, mas sim uma reinterpretação do diploma, tendo em conta os prazos de concessão de terrenos. A sugestão foi rejeitada mas, no balanço anual do período legislativo, Ho Iat Seng admite que as mais de 40 horas de gravação das reuniões em análise da especialidade vão ser ouvidas novamente. Ainda assim, caberia ao deputado pedir ao Chefe do Executivo a admissão do projecto ou retirá-lo, para resolver o impasse. Mas Tong não admite fazer nem um, nem outro.

1 Set 2016

Olímpicos | Jovens incentivados a fazer mais desporto com contacto com atletas

A Comitiva Olímpica está em Macau para uma visita de quatro dias. Pela primeira vez, e de entre os 60 atletas que a compõem, não estão somente os “ouros”. Depois da chegada na passada segunda-feira, o dia de ontem permitiu o contacto dos atletas com jovens e património. Uma iniciativa de “propaganda” para uns e de promoção de valores para outros. Fu Yuanhui continua a ser a estrela da companhia

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hegaram na segunda-feira ao Terminal Marítimo de Macau. O grupo de atletas medalhados chineses veio acompanhado por representantes do Desporto da China continental e tinha à sua espera cerca de 200 alunos a dar as boas-vindas. Depois da visita a Hong Kong, é a vez de passarem quatro dias em Macau. A noite foi ocupada com um jantar, no qual participou o Chefe do Executivo, e o dia de ontem foi entre os mais novos e visitas ao património da RAEM.
A manhã começou com o encontro de intercâmbio com os jovens alunos das escolas secundárias, universidades e associações de serviço social. Estiveram presentes os atletas Long Qingquan (Levantamento de peso), Zhao Shuai (Taekwondo), Zhu Ting e Hui Ruoqi (Voléibol), Zhang Mengxue (Tiro Desportivo), Ding Ning (Ténis de mesa), Ren Qian (Saltos), Fu Yuanhui (Natação). Estavam presentes para que a juventude pudesse colocar questões e chegar mais perto das estrelas. E, no encontro que contou com a participação do Chefe do Executivo, Chui Sai On, e Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, foi isso que fizeram.
A curiosidade dos alunos da terra incidiu essencialmente sobre as questões do stress associadas às grandes competições, os hábitos alimentares ou como manter a persistência e ajustar a disposição psicológica em tão exigente missiva. Não passou despercebida também a forma como é possível equilibrar estudos e treino de alta competição.
Zhang Mengxue, vencedora do Ouro em Tiro, considera que “só a possibilidade de participação e representação da China já é uma grande honra” e, como tal, o stress terá passado para um plano secundário.
“Perante a necessidade de concentração total, a ansiedade é esquecida naquele momento”, diz.
Hui Ruoqi – que foi operado ao coração – foi questionado acerca da sua condição física. “Quando se tem um sonho vale a pena a persistência”, mesmo quando as condições aparentam não ajudar, respondeu. É agora capitão da equipa de vólei que representa a RPC.
E como é Macau? Para a nadadora Fu Yuanhui, “a menina mística” como lhe chama a população pelo vídeo que se tornou viral após o Bronze, é “engraçado”. “Macau é muito divertido e tem casas muito bonitas”, revela a atleta, pela primeira vez na RAEM, afirmando a curiosidade em experimentar mais sabores da terra. Já para a atleta de vólei Zhu Ting, familiar com o território, este é um lugar que admira porque tem um “ritmo de vida lento e confortável”.

Pela pátria

Dos presentes e representantes da juventude fica uma mensagem patriota. Para Chan Hou Man, assessor do Macau Youth Summit que participou como representantes das associações de jovens, o contentamento era patente.
“Com estas iniciativas ficamos mais próximos dos atletas e eles têm mostrado uma comunicação calorosa connosco.” O assessor afirmou ainda que “estas visitas são importantes porque contribuem para a construção de valores e hobbies”, por um lado, e por outro, porque motiva a “um maior patriotismo”.
O facto da presente Comitiva pela primeira vez não integrar só medalhados com o Ouro é, para Chan Hou Man, “sinal de desenvolvimento social”. Mas a presença destes é mais do que uma visita.
“É preciso aproveitar bem a popularidade e o encanto dos atletas para reforçar o patriotismo dos jovens de Macau e Hong Kong”, disse, adiantado uma referência especial ao vídeo que se tornou viral de Fu Yuanhui, a nadadora que “fez com que todos os chineses, do continente e das regiões, sentissem que faziam parte da mesma família”. Para o membro associativo é importante, tal como fez a nadadora, “ser mais directo e mais energético, tornando-se numa imagem muito útil para incentivar e motivar o patriotismo dos jovens de Macau e Hong Kong”.

Por detrás do brilho

Para Zhang Ieng Man, uma das alunas que teve a sorte de estar perto das estrelas olímpicas, uma das coisas melhores deste encontro foi poder conhecer o outro lado da moeda. “Embora os atletas pareçam brilhantes à frente do público, têm ao longo da sua vida acontecimentos muito tristes também, o que faz com que admire ainda mais a sua persistência.”
Do encontro, a jovem salienta que ficou com mais vontade de praticar desporto. O aluno Chan Chon Ieong, que vem do Colégio Perpétuo Socorro Chan Sui Ki, esteve presente porque o professor de Educação Física o levou, como afirma com satisfação. À semelhança de outros colegas, refere que aprendeu mais sobre o “espírito desportivo”. “Fica o sentimento de que são pessoas reais com histórias e sentimentos”, afirma ainda a universitária Ma Quchen.

Pelos caminhos de Macau

Após o contacto com os mais novos, a Comitiva dirigiu-se ao Centro Histórico onde visitou as Ruínas de S. Paulo e seguiu para o Museu de Macau. A manhã terminaria no Miradouro da Guia.
Junto a S. Paulo, a azáfama era a do costume, com os turistas característicos da zona. Não fosse o aparato de segurança, discreto mas presente, não se saberia que passariam por ali as estrelas do atletismo chinês. Aos poucos – e com o aproximar das 11h00 – as Forças de Segurança iam dispersando as excursões e as Ruínas eram vistas sem ninguém.
Não foi difícil perceber que alguma coisa estava a acontecer e as pessoas começavam a acumular-se por detrás dos jornalistas. A Comitiva deu entrada para admirar as Ruínas e tirar a fotografia do protocolo, por entre saudações. Entre os gritos, era inevitável não perceber o nome da mais recente estrela chinesa, a nadadora que, sem Ouro, conquistou a popularidade entre os seus conterrâneos. Fu Yanhui – com um tempo de 58 segundos – “apenas” trouxe o Bronze olímpico e atribuiu essa posição ao mau estar que sentia na prova devido à menstruação. Caiu em graça e foi, de facto, uma das personalidades mais tidas em conta.
Por entre fotografias de grupo e “selfies” os atletas seguiram para o Museu de Macau. Da população ali à volta, maioritariamente constituída por turistas, o HM falou com An Lin, uma turista chinesa que visitava Macau com o namorado. Para a jovem, a presença do “ouro olímpico” naquele lugar foi “uma surpresa”, “não contava com aquilo”. Satisfeita e com o telemóvel em punho, An Lin considera que estas iniciativas são “muito boas” pois de outra forma ninguém conseguiria conhecer aqueles que conquistaram o palco em nome da China. Já o namorado partilha da mesma opinião, registando alguns nomes que até à data só conhecia pelas transmissões de televisão. “É bom que os atletas percorram a China”, afirma.
Surpresa foi também para um jovem casal polaco Agatha e Adam que “de repente” se confrontaram com o cenário de recepção aos desportistas. Juntaram-se aos turistas, na sua maioria da China, a apreciar a foto de grupo. Acerca deste tipo de acções, Adam afirma que “nunca tinha visto uma iniciativa destas na vida”, enquanto que para Agatha é um acto que se assemelha a “algum tipo de propaganda” em que há uma exibição dos medalhados pelo país de modo a que o “povo todo possa ver a importância e superioridade da China relativamente ao mundo”. “Isto são suposições”, acrescenta, “não tenho a certeza, mas é o que sinto”.
Fu Yanhui também não passou despercebida à jovem turista polaca. “[Ela] pode ser um exemplo para o mundo capaz de representar mais liberdade no que respeita às mulheres na sociedade. É bom que ela tenha feito isso sem vergonha, referindo-se à menstruação, e que, com isso, possa transmitir uma mensagem de normalidade e em voz alta que ainda não é sentida por todos”, remata a polaca. O namorado, sem muito a dizer, concorda que o que a atleta fez é importante para a generalidade das mulheres.

Fundações que dão milhões

Da recolha de donativos particulares que fizeram questão de demonstrar financeiramente o seu apreço pelos atletas Olímpicos resultou o montante de 14 milhões de patacas. O cheque foi entregue directamente por Chui Sai On à comitiva no jantar de boas-vindas na segunda-feira. Segundo adianta a agência Lusa, o valor do cheque resulta de doações da Fundação Henry Fok (cinco milhões de patacas), Associação das Empresas Chinesas de Macau (três milhões de patacas), familiares de Ma Man Kei (dois milhões de patacas), Chan Meng Kam (um milhão de patacas), Lei Chi Keong (um milhão de patacas), Banco Tai Fung (um milhão de patacas) e Fong Chi Keong (um milhão de patacas).

31 Ago 2016

Biblioteca | Projecto vai para empresa local e vai a debate na AL

O projecto que vai a concurso público para a nova Biblioteca Central, em 2019, não será aberto a entidades internacionais. O orçamento de 900 milhões de patacas não é certo, diz ainda o Governo, mas o projecto vai a debate na AL

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Biblioteca Central terá um projecto local. É a única certeza do Governo, que indica que o orçamento previsto – de 900 milhões de patacas – pode diminuir ou aumentar.
A informação foi ontem anunciada em conferência de imprensa, pelo presidente Ung Vai Meng. O projecto – que ainda não existe a não ser na sua versão preliminar – será “a seu tempo” dado a conhecer e está entregue às Obras Públicas desde 2014. Segundo Ung Vai Meng, a infra-estrutura necessita de uma análise interdepartamental de modo a garantir que preenche todos os requisitos a que se propõe.
O projecto arquitectónico para o edifício só irá a concurso em 2019, mas não estará ao dispor de entidades internacionais. O objectivo, frisa o presidente do IC, é “atrair os arquitectos locais” e, como se trata de uma estrutura feita a pensar no ponto de vista do utilizador, “atrair mais profissionais para concorrer”.
Fica prometida uma visita ao tribunal para “dar a conhecer o porquê deste edifício ser “o espaço ideal” para abarcar Biblioteca Central, frisa ainda Ung Vai Meng, que adianta que em Outubro o projecto preliminar estará em debate na Assembleia Legislativa.
O montante previsto para a construção da Biblioteca Central, como já foi noticiado pelo HM, é de 900 milhões mas pode vir a ser maior ou menor. Segundo Tang Mei Lei, chefe do Gabinete de Gestão de Bibliotecas Públicas, este é um valor “apenas de referência”. Tal como o HM avançou, só inclui as actividades de construção.
Projectos à parte, o montante poderá inclusivamente descer. O valor de referência teve como base o projecto preliminar e o valor da subida da inflação, mas, poderá “custar 700 milhões”, adianta.
Para o orçamento daquela que Leung Hio Ming, vice-presidente do IC, classificou ontem como “uma das grandes obras na área da cultura desde o retorno à pátria”, não estão incluídos, contudo, os custos que irá comportar a realização do projecto final. Orçamento disponível ou previsões também não existem ainda.
Os edifícios que vão acolher a Biblioteca Central são os conhecidos espaços do edifício do antigo Tribunal e da antiga Polícia Judiciária. Os cuidados a ter constam na manutenção de ambas as fachadas. Apesar do edifício da Biblioteca Central prever a construção de 11 andares, as fachadas, “pelo seu valor histórico”, serão mantidas, afirma Ung Vai Meng. No total, o espaço de 30 mil metros quadrados alberga 500 mil livros.

31 Ago 2016

Mais 31 mil casas na RAEM

O número de casas continua a aumentar em Macau e cerca de 31.500 ainda estão em projecto ou fase de construção. Os dados foram ontem divulgados pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) em comunicado de imprensa. O Governo dá a conhecer que no terceiro trimestre de 2016 foram licenciados 51 fogos habitacionais em cerca de 13 empreendimentos. Na calha ainda está o grosso das casas que poderão vir a ser habitáveis, sendo que Macau está com 98 empreendimentos ainda em construção dentro dos quais se inclui ou não vistoriados ou que estão nesse processo agora.
No seu total, estes edifícios darão origem a cerca de 11 mil habitações. Além destes estão ainda em fase de projecto uma série de empreendimentos que no seu todo poderão vir a proporcionar à população cerca de 20.406 lares.
A DSSOPT adianta ainda que na área da hotelaria estão neste momento 15 estruturas em construção que no seu todo trarão a Macau mais de 8500 quartos.

30 Ago 2016

Alexis Tam quer mais marcas regionais

Mais marcas regionais e a criação de itinerários culturais chamados de “multidestinos” são as sugestões que Alexis Tam deixou na primeira participação de Macau na Reunião dos Ministros da Cultura da China, Japão e Coreia do Sul (ASEAN). Em comunicado de imprensa é deixada a intenção do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que diz querer “fazer a diferença dando relevo às especificidades da região”.
Tendo como base os 500 anos de história e ligação com os países que integram a ASEAN, o que representa, para o Secretário, uma forma privilegiada de uma região que abraça o oriente e o ocidente, Alexis Tam sugere a criação de marcas da terra que demonstrem as suas características culturais únicas e a sua expansão a mercados internacionais. Por outro lado, a tónica também pairou no aumento da formação para o Turismo através da co-organização de cursos nas área da hotelaria não só com a ASEAN, mas também recorrendo ao mecanismo de cooperação que Macau tem encetado com a Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas.
Ponto de relevo é ainda a aposta no turismo cultural e, para Alexis Tam, é necessário que se estabeleça “um mecanismo de interacção e intercâmbio cultural” em que os países da ASEAN possam participar nos eventos de carácter cultural e artístico na RAEM.

29 Ago 2016

Governo analisa reconstrução de Wa Keong

O Governo vai analisar em pormenor a necessidade de obras mais aprofundadas no edifício Edifício Wa Keong, onde embateu o autocarro de turismo que desceu desgovernado a Rua da Entena. O acidente, que vitimou mais de 30 pessoas, deixou danos visíveis no prédio e os moradores queixam-se de ainda não terem planos concretos para a reparação.
Num comunicado, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) assegura estar a analisar a situação em cooperação com entidades da área, para que possam emitir uma proposta de restauração mais adequada. Tal deve-se ao estado de um dos pilares do prédio, bem como às paredes de uma loja e de uma habitação no primeiro andar. Estes espaços estão mais estragos, pelo que serão alvo de um projecto de reparação diferente.
As restantes áreas já se encontram ao dispor dos moradores, garante a DSSOPT, sendo que “entre as 21 fracções e seis lojas do edifício, foram inspeccionados 24 espaços e dois proprietários dispensaram a verificação das autoridades e um proprietário ainda se encontra incontactável”, pode ler-se em comunicado de imprensa.
Quanto ao número de vítimas e ao seu estado, entre os mais de 30 turistas hospitalizados, seis ainda se encontram no Kiang Wu e a mulher que deu entrada em estado de coma já estará “clinicamente estável”, embora ainda inconsciente.

29 Ago 2016

Cinema | América Latina no grande ecrã esta e próxima semana

Vem aí mais uma semana repleta de cinema da América do Sul. Integrado no Festival da América Latina 2016, os filmes em cartaz convidam a viagens ao Brasil e às suas vicissitudes e alegrias, à Venezuela e ao Chile – de uma forma dramática – e terminam na busca da liberdade pela arte com um filme da Colômbia

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]ontinua a 1 de Setembro o cartaz de filmes que integram o Festival da América-Latina, organizado pela Association for the Promotion of Exchange Between Asia-Pacific and Latin America (MAPEAL). Mais uma semana em que o projector tem guardadas ironias brasileiras, momentos entre o céu e a terra na ditadura chilena, regressos ao passado venezuelanos e grafites e insónias da Colômbia.
O mês abre com “Saneamento Básico, O Filme”, cuja visualização tem lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Macau. A película brasileira, que conta com a realização de Jorge Furtado, retrata o “desenrasque brasileiro”. Numa povoação do Rio Grande do Sul, maioritariamente habitada por emigrantes italianos, os habitantes mobilizam-se para a construção de uma fossa que venha a substituir o esgoto a céu aberto. Sem verba por parte dos governantes, a população aproveita um pequeno orçamento destinado à realização de uma curta-metragem para fazer a fossa. O filme conta com as participações de Fernanda Torres e Wagner Moura. Los_Hongos_4_net
Da comédia ao drama. A 2 de Setembro, no mesmo local, é tempo de cinema da Venezuela. “Una mirada al mar” é o filme de Andreas Rios que traz a história de Rufino, um viúvo de 71 anos que resolve regressar à aldeia onde conheceu a esposa. Chegado, reencontra um velho amigo de juventude, o pintor Gaspar. Numa viagem ao passado, a vida já não é a mesma e “Una mirada al mar” retrata um drama interpessoal que já passou pelas mudanças que acompanham o tempo e a necessidade de reinvenção própria.
Dia 3 de Setembro é para o cinema chileno, com “Nostalgia de la Luz” de Patricio Guzman. Um filme que aborda os desaparecimentos de pessoas em tempos de ditadura de Pinochet. Um grupo de mulheres parte para o deserto de Atacama à procura dos restos mortais dos seus entes queridos que desapareceram. Enquanto isso um grupo de astrónomos internacionais acorrem a este lugar para observar o universo e tentar encontrar o sentido da vida. Um filme entre o céu e a terra e os segredos mais profundos de ambos numa película que já constou da selecção oficial de Cannes.
Todas estas exibições estão agendadas para as 19h00 e contam com entrada livre.
O auditório da Universidade de S. José volta a ter projecção a 6 de Setembro, desta feita às 18h30, com um filme de Oscar Ruíz Navia. “Los Hongos” – ou em Português “Os cogumelos” – vem da Colômbia e mostra a vida de Ras, um jovem que de dia é trabalhador da construção civil, que se vê impelido a deixar a profissão, e à noite pinta os muros do seu bairro na cidade de Cali. Impossibilitado de dormir começa a viver numa espécie de sonho acordado e, com um amigo procurado pela polícia, optam por fazer da vida uma pintura clandestina dos muros da sua cidade. Como “cogumelos contaminaram os seus trajectos de uma imensa liberdade”, anuncia a apresentação da película.

29 Ago 2016

DSPA garante protecção ambiental nas Casas-Museu da Taipa

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]protecção da natureza que rodeia as Casas-Museu da Taipa deu o mote para um parecer por parte da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). A entidade deu a conhecer, em comunicado de imprensa, a emissão do parecer técnico relativo ao controlo da poluição ambiental, bem como as instruções que concernem a protecção.
A medida tem como fim o adoptar de medidas adequadas para o devido “controlo da poluição ambiental”, após a inclusão de restaurantes na zona. O objectivo é “reduzir a influência” nas áreas envolventes, afirmou ontem a entidade.
A DSPA acrescenta ainda que procederá ao mesmo processo sempre que lhe seja solicitada opinião de “modo a melhor proteger a qualidade ambiental circundante”. As Casas-Museu da Taipa encontram-se em obras de reabilitação, sob a alçada do Instituto Cultural (IC) que pretende fazer daquele espaço uma nova zona de lazer e atracção turística do território.

Voltar à carga

Joe Chan voltou ontem a contestar as medidas de protecção ambiental que possam estar a ser tidas em conta no que respeita à requalificação dos espaços. O líder da União Macau Green Student diz ao HM, e mais uma vez, que o facto de ter existido uma avaliação ambiental não diminui o impacto das obras e consequências da reabilitação das Casas-Museu.
Para o líder associativo, o facto do local vir a receber mais visitantes e vir a ter mais luz dadas as actividades previstas vai “aumentar a influência negativa na natureza daquela zona”. O activista ecológico deixa mesmo um conselho aos pássaros que habitam aquela zona: saiam de lá, visto a vossa vida estar em causa.
Já a 13 de Julho o HM dava a conhecer a posição de Joe Chan relativamente ao impacto ambiental e ao risco para a espécies que habitam naquela zona provocados pelo projecto das Casas Museu. Na altura o ecologista mostrava-se indignado com o facto da situação não ter sido sujeita a consulta pública e alertava para as aves que têm aquele espaço para viver.

26 Ago 2016

Eleições LegCo | Macau atento à influência de Hong Kong

As eleições em Hong Kong estão agendadas para o próximo dia 4 de Setembro. Paredes meias com a RAEM, será que o processo que acontece em Hong Kong tem alguma influência por cá? Os ânimos na cidade vizinha já se fazem sentir com os vários movimentos políticos e espontâneos e quem participa na política local está atento ao que se passa aqui ao lado

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau e Hong Kong são as duas regiões especiais da China. Com sistemas políticos diferentes da terra-mãe e mesmo diferentes entre si, os acontecimentos de uns e outros não passam despercebidos. A RAEHK prepara-se para mais um dia de eleições – que acontece a 4 de Setembro – e, apesar das diferenças, parece que o que se passa na região vizinha já se faz sentir na Cidade do Nome de Deus.
Agnes Lam, por exemplo, não tem dúvidas: as influências em Macau do que se passa politicamente em Hong Kong já se sentem e não é necessário aguardar pelas eleições para constatar isso mesmo. A ideia é dada pela presidente da Associação Energia Cívica de Macau ao HM e Lam refere-se aos ecos de independência que têm dominado a actualidade da região vizinha.
Apesar de ainda não ser de forma declarada, a dirigente associativa considera que a camada mais jovem de Macau está mais atenta ao que se passa e à situação do território.
Por outro lado já existe o impacto e a consciência da possibilidade “de uma liberdade política”, afirma a académica. Em Macau já se sente alguma cautela por parte do Governo no que respeita a esta situação. Independentemente das eleições, o alerta já está, de alguma forma, içado.

A proteger-se

As questões relativas ao desejo de independência levantadas pela vizinhança já estão “subtilmente a ser contornadas na RAEM” e de uma forma “muito mais inteligente”, afirma Agnes Lam, referindo-se à estratégia preventiva do território. As acções já se podem ver e reflectem-se com o investimento por parte do Executivo em várias acções: o incremento e promoção de visitas e intercâmbios entre jovens locais e oriundos da China continental, é sem dúvida, uma forma de aproximar ambos e de precaver um desejo de afastamento entre uns e outros, defende.
“O que poderá vir ainda a acontecer é que estas actividades venham a ser mais intensificadas fazendo com que o convívio entre os mais novos de Macau e os da China continental seja mais harmonioso”, ilustra a ex-candidata às eleições legislativas de Macau, acentuando que, desta forma, “não será assim tão fácil que os nossos queiram tanto a separação”.
Isto são questões que “ainda não se podem dizer” e as atitudes não são declaradas, mas são “com certeza já fruto do impacto do que se passa na RAEHK”.
Por outro lado, este tipo de situações, na opinião de Agnes Lam, “vai exigir que o Governo tenha um melhor desempenho e que vá além do seu ‘mero’ trabalho”.

Lições de lá

Também a Associação Novo Macau (ANM) está de olhos postos na região vizinha. Mais do que a situação em si, parece que são as lições que do que se está a passar ali ao lado que chamam a atenção de Scott Chiang. Para o dirigente associativo e activista pró-democrata, o que “há a tirar do que se está a passar na cidade vizinha é mesmo uma grande lição” e que se baseia na união necessária da Associação e dos movimentos pró-democracia, visto que “a segmentação do espectro democrático em Hong Kong é muito séria e este é um facto para ter em mente”, acrescenta.
Outra lição a tomar, e a ter especial atenção, é o que se está a passar no negar de candidaturas a determinados candidatos, o que na opinião de Scott Chiang é uma situação “que não gostaria de ver em Macau”.

Tal filho, tal pai

No entanto “filho de peixe sabe nadar” já se pode assistir a um fenómeno de fragmentação nos mais novos idêntico ao que se passa nos partidos dos mais velhos. “Há mais tempo perdido em discussões entre uns e outros do que o empenho em realmente actuar contra o mal maior”, diz Scott Chiang, que relembra outros tempos da Associação que integra e que “está agora a recuperar disso mesmo”. “Não queremos aqui voltar a ver a situação que se está a repetir em Hong Kong”, frisa.
No que respeita a uma possível maior participação política dos mais jovens há que ter “mais paciência e mais integridade” dadas as limitações da própria legislação vigente que não dá espaço a esta camada, “nem em Hong Kong, nem por cá”.
Já Jason Chao, vice-presidente da ANM, afirma com tristeza que a sociedade civil de Hong Kong tem “mais força do que a de Macau” e neste sentido seria positivo retirar do que se passa no vizinho, como os exemplos de um maior serviço político e um maior empenho da sociedade em geral. A camada mais jovem não é esquecida também e como exemplo a seguir.
“Em Hong Kong há cada vez mais pessoas jovens a candidatar-se a cargos políticos e o Executivo de Macau deveria empenhar-se mais em dar prioridade às mentes e necessidades dos mais novos.”

26 Ago 2016

S. Januário descarta-se de acusação por “negligência”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Hospital de S. Januário afirma não ter tido responsabilidades no processo que levou à morte de uma paciente vítima de cancro e que fez tudo o que estava ao seu alcance para apoiar a vítima. A informação é adiantada em comunicado de imprensa emitido pelos Serviços de Saúde (SS), na sequência da queixa avançada na terça-feira pelo viúvo da vítima, que entregou uma petição na Sede do Governo.
O homem acusa o hospital de não ter dado a devida atenção ao caso da esposa, que viria a falecer a 3 de Abril, e pede agora uma indemnização para cobrir as despesas do funeral.
“O CHCSJ tem acompanhado com enorme atenção esta situação”, lê-se em comunicado dos SS, onde estes avançam que a instituição pública avaliou todo o processo relativo à situação clínica da doente. Para o efeito, procedeu a “várias consultas colegiais de especialidades, recolhendo opiniões e prestando esclarecimentos, por diversas vezes, à família e à doente, sobre o real estado de saúde”.

Acesso dependente

Acusado de não ter efectuado esforços no sentido de enviar a doente para cuidados num hospital no estrangeiro, o São Januário argumenta que “cada caso é proposto pelo médico especialista assistente do doente conforme o seu estado de saúde, ao responsável do respectivo serviço que, caso concorde com a avaliação clínica, irá propor a situação à Junta para Serviços Médicos no Exterior”, que por sua vez homologará o pedido.
“Cada caso é um caso e o acesso aos serviços médicos no exterior depende da decisão clínica da especialidade”, defendem os SS.
O queixoso argumenta que não foi efectuada uma revisão ao estado da sua esposa em 2011, quando foi pedido, e dez anos depois de ter sido sujeita a remoção do peito devido a um cancro de mama. Segundo o cidadão, o que lhe foi dito foi que, não tendo existido reincidências nos cinco anos subsequentes à cirurgia, não haveria regresso da doença.
Mais tarde a esposa acabou por ser diagnosticada com uma metástase nos pulmões em estado avançado que acabou por chegar ao cérebro e provocar a morte da doente. O HM tentou saber junto dos SS mais pormenores sobre o facto do pedido de exames não ter sido continuado, no entanto não obteve resposta até ao fecho desta edição.

25 Ago 2016