Doze milhões para receber medalhados olímpicos

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão se sabe ainda quem são, mas a comitiva que trará os medalhados olímpicos a Macau para uma visita de quatro dias incluirá, com certeza, os atletas chineses condecorados com o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e abre ainda portas para outros medalhados “dependendo da preferência da população e das autorizações dadas pela delegação da China”, afirma Pun Weng Kun, presidente do Instituto do Desporto (ID).
A visita, que decorre entre 29 de Agosto e 1 de Setembro, tem o custo de cerca de 12 milhões de patacas pagos pelo Governo local e pretende promover o gosto pelo desporto no território. Depois da recepção dos atletas no próximo dia 29, o dia seguinte começa às 10h00 com um encontro com cerca de 1500 estudantes no Pavilhão do Fórum, seguido de uma visita aos locais que integram o “património mundial de Macau”, como afirma José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.
Para acabar o dia em grande terá lugar uma exibição na Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental. A plateia será de seis mil lugares e os bilhetes disponíveis para os residentes são quatro mil, sendo os restantes atribuídos a convidados. A distribuição de bilhetes para este serão tem lugar amanhã no Pavilhão Desportivo do Tap Seac a partir das 19h00.
A manhã de dia 31 é dedicada à comunidade e a delegação olímpica será dividida em três grupos que andarão em contacto directo com as gentes da terra. O objectivo é proporcionar a todos o exemplo, nomeadamente às classe mais desfavorecidas.
A tarde do mesmo dia é passada com os jovens locais. O acontecimento tem lugar no Pavilhão Desportivo do Tap Seac e visa promover a interacção entre os jovens do território e os exemplos do desporto. Para o efeito serão levadas a cabo competições através de jogos de equipa entre os profissionais e admiradores.
Os bilhetes para esta actividade estão disponíveis no Tap Seac a partir de 26 de Agosto às 10h00 e Leong Lai, directora dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), espera a presença massiva dos mais novos da terra. Os alunos que estão a estudar fora não foram esquecidos e a DSEJ coloca em prática um serviço de comunicação online para que “todos possam participar”, afirma Leong Lai.
Cada residente pode levantar um máximo de dois bilhetes sob apresentação do BIR. A nadadora Fu Yuanhui, que conquistou o bronze no Rio de Janeiro, poderá integrar a equipa que visita a RAEM.

24 Ago 2016

Entena | IAS rejeita acusações de proprietário de loja danificada

O IAS assegura o apoio necessário às vítimas do acidente da Rua da Entena, mas diz não compactuar com más gestões de negócio. É a resposta do Governo às acusações do proprietário de uma clínica de medicina tradicional chinesa na qual embateu o autocarro e que se queixa de ser “desprezado” pelo Governo, que acusa de ser irresponsável

[dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Relativamente às solicitações apresentadas pelos proprietários das lojas sobre as perdas de operacionalidade é de referir que tal assunto trata-se de um tema relativo aos lucros e, portanto, não é abrangido pelo serviços de acção social.” É assim que o Instituto de Acção Social (IAS) responde ao HM em reacção a uma carta enviada pelo proprietário de uma clínica de medicina tradicional chinesa que ficou danificada pelo acidente da Rua da Entena.
Na missiva dirigida ao Executivo, em que se queixa de desprezo e falta de fonte de sustento, o homem diz que está a perder o seu ganha-pão. Para o IAS, o proprietário da “Policlínica de Traumatologia Sai Long” não teve qualquer diferenciação de tratamento relativamente aos restantes lesados e tem acesso ao mesmo tipo de apoios. O Instituto considera ainda que neste caso em concreto a inoperacionalidade da loja é devida não à presente situação pós-acidente, mas antes a uma má gestão anterior.
“No caso de os proprietários das lojas se depararem com problemas de sustento ou com dificuldades para a manutenção da vida, poderá ser contactado o IAS para efeitos do pedido de apoio económico”, adianta o Instituto.
O proprietário da “Policlínica de Traumatologia Sai Long” dirigiu, na passada terça-feira, uma carta aberta ao Chefe de Executivo em que demonstra o seu descontentamento com a forma como tem sido tratado no caso do acidente da Rua da Entena, que envolveu um autocarro turístico e destruiu parte da sua clínica.
Do conteúdo da missiva pode ler-se que “o Governo deve assumir uma maior parte das responsabilidades”, sendo que quando este planeou a passagem de autocarros de turismo pelas ruas mais estreitas de Macau, o Executivo foi “à procura de crescimento económico e ignorou a segurança da área histórica e dos residentes da área”.
O proprietário considera-se a maior vítima deste acidente, afirmando que até agora “só recebeu um telefonema do IAS a perguntar pelas suas necessidades”. O facto de, até à data, já terem sido registados “quatro acidentes” como este, e sendo permitida a continuidade da circulação deste tipo de veículos, confere ao Governo uma “responsabilidade iniludível”, afirma o proprietário.
São ainda de registo na carta enviada a Chui Sai On os longos processos legais no que respeita a indemnizações que possam vir a ser pagas. O proprietário da clínica refere que está perante a destruição do seu “ganha-pão” e que se encontra sem qualquer fonte de rendimento. Por outro lado, afirma ainda que o acidente veio desvalorizar o edifício mesmo tendo em conta a reparação garantida pela  Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSOOPT) e espera que o Governo “promova a demolição e reconstrução do edifício”.
O acidente ocorreu há duas semanas, quando um autocarro de turismo desceu a Rua da Entena e embateu no edifício, enquanto o motorista estaria fora do veículo. Do acidente resultaram 32 vítimas, uma delas continua em estado grave.

Simulacro com condutor

A fim de conhecer melhor as causas do acidente, a PSP e a DSAT fez ontem um simulacro com um autocarro de turismo do mesmo modelo do acidentado, com o mesmo número de passageiros e bagagem. O simulacro foi realizado num período de uma hora e meia sob a observação de técnicos especialistas em estruturas de autocarros e na presença do condutor.

Quatro vítimas com alta

Entre os 11 turistas internados no Hospital Kiang Wu vítimas do acidente na Rua da Entena, quatro tiveram alta. Em relação às sete pessoas ainda hospitalizadas, a mulher que foi submetida a uma cirurgia craniofacial encontra-se ainda na unidade de cuidados intensivos e em estado clinicamente estável, apesar de ainda necessitar de apoio das máquinas para respirar, sendo que o Hospital teve de a operar para efectuar uma traqueostomia, de forma a servir de apoio às máquinas de ventilação respiratória. Os feridos que ainda se encontram internados registam um quadro clínico estável, adianta um comunicado do Executivo.

Guias querem autocarros na rua

Em carta aberta enviada ao Instituto Cultural (IC) e à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), a Associação de Promoção de Guias de Turismo de Macau e a União dos Guias Turísticos de Macau opõem-se à proposta recentemente apresentada que sugere que o parque da Tap Seac seja utilizado para recolha e largada de passageiros dos autocarros de lazer. As associações, que dizem falar em nome de todos os guias de turismo do território, sugerem que se mantenha a circulação de autocarros na Rua de Entena mas com uma supervisão mais exigente e rigorosa. Dada a distância entre as Ruínas de S. Paulo e a Tap Seac – de cerca de um quilómetro -, o facto dos passageiros terem que andar este percurso pode ser fonte de inconvenientes, afirma a carta, ao mesmo tempo que refere que os moradores do trajecto também serão afectados. Foram ainda solicitados mais lugares para autocarros turísticos, bem como a proibição ao estacionamento de veículos ligeiros no horário da manhã e mesmo a existência de mais formação para motoristas.

24 Ago 2016

Crime | Drogas e desobediência lideram casos no primeiro semestre

Mais casos de consumo e tráfico de droga e de desobediência às autoridades, mas menos no sector da emigração ou estadia ilegal na RAEM. São os dados fornecidos pelo Secretário para a Segurança relativos ao balanço da criminalidade no primeiro semestre

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e uma forma geral, a criminalidade aumentou em Macau no primeiro semestre de 2016. A informação foi dada em conferência de imprensa, ontem, presidida por Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança. A liderar as infracções estão os casos de desobediência e consumo e tráfico de drogas. A emigração ilegal apresenta, por seu lado, um decréscimo.
A primeira metade deste ano teve instaurados por parte da polícia um total de 7125 inquéritos criminais, o que representa um aumento em cem casos relativamente ao período homólogo do ano passado e que em percentagens representa um acréscimo em 1,4%.
Os inquéritos levantados por consumo e tráfico de droga apresentam um aumento significativo em cerca de 16,3% e 16,7 %, respectivamente, de Janeiro a Junho. Apesar da diminuição do número de casos de condução sob o efeito de álcool ou drogas – que desceu e 129 para 97 -, Wong Sio Chak admite que o Governo possa vir a proceder a uma revisão da lei de trânsito de modo a atentar neste aspecto e tomar medidas mais efectivas.
Os crimes relacionados com menores registaram um acréscimo de mais dois casos no que respeita à delinquência juvenil, mas envolveram menos três jovens do que em igual período no ano passado. O aspecto que integra os actos de desobediência e as falsas declarações não pendem para o mesmo lado da balança. Se os inquéritos levantados por desobediência aumentaram em 47,7%, de 428 para 632, já os respeitantes a falsas declarações diminuíram de 127 para 77 casos.
Questionado acerca das últimas detenções por desobediência associadas a manifestações ou entregas de petição na Assembleia Legislativa (AL) e a sua possível relação com um estreitamento à liberdade de expressão, o Secretário para a Segurança assegura que nestes casos se segue a lei.
A desobediência insere-se nos crimes contra o território, em que no ano passado foram registados um total de 583 casos e, este ano, aumentou 28,1% com um total de 747 casos.
Dos resultados do balanço, o foco vai também para os crimes contra pessoas. O item que compreende ofensas simples e graves à integridade física, bem como crimes de ameaça registou um total de 1387 casos contra 1298 no ano passado. Ainda dentro dos crimes contra pessoas, as ofensas graves tiveram o mesmo número, cinco casos. Segundo o mesmo balanço, a criminalidade violenta teve um acréscimo de 14,8%.

Mais boleias ilegais e mais taxistas cumpridores

No primeiro semestre deste ano foram 290 os casos de transporte ilegal detectados pela PSP. O número representa um aumento de cerca de 55,9% relativamente ao período homólogo do ano passado, em que foram registados 186 casos. A informação foi dada pelo Secretário para a Segurança Wong Sio Chak em conferência de imprensa que apresentou o balanço da criminalidade referente ao primeiro semestre de 2016.
A operadora Uber inclui-se neste espectro de transportes não abrangido pela lei e tem sido um dos alvos de multas, razão pela qual estará de saída do território, como indicou o HM na semana passada. O Governo confirma que “rejeita que haja este serviço em Macau”, salientando que – tal como outros – é um serviço que precisa de uma licença especial e sem ela não está dentro do quadro legal da RAEM.
“Apesar da empresa dizer que está a ser pressionada para sair, quando temos uma lei temos que a fazer cumprir”, destaca o Secretário. No caso da operadora foram registados 379 casos, sendo que 346 já pagaram a sanção a que foram sujeitos. Cada multa tem o valor de 30 mil patacas, o que perfaz um total de cerca de dez milhões de patacas.
Dentro destas indicações foi ainda adiantado que foram apreendidos alguns carros e que há quatro casos ainda com processos a decorrer. No que respeita a casos referentes a utilização de aplicações móveis ilegais, o Comandante da PSP, Leong Man Cheong, informa que foram registados 170.

Menos multas

Por outro lado as sanções aplicadas a taxistas desceram. Das operações de fiscalização levadas a cabo pela PSP e pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), os números ligados a infracções relacionadas com más condutas por parte de taxistas baixaram em cerca de 30,5% no primeiro semestre de 2016 relativamente ao mesmo período de 2015. No ano transacto foram registados 3037 autuações contra as 2112 deste ano. Dos casos registados, 773 tiveram como causa a recusa de tomada de passageiros e 729 foram devido a cobrança excessiva pelo serviço.
Questionado se haveria alguma co-relação entre o aumento das multas para o transporte ilegal que utiliza aplicações móveis mas que representa uma concorrência aos táxis, o que levaria os mesmos a ter uma melhor conduta, Wong Sio Chak afirma que não havendo “factos científicos” que o demonstrem não pode confirmar o facto. Mas acredita “que os taxistas venham de facto a mudar para melhores hábitos”.

Um sequestro por dia no jogo

Os primeiros seis meses deste ano foram marcados pelo aumento dos crimes associados ao Jogo, uma subida que tem vindo a ser sucessiva. Os crimes de usura e extorsão aumentaram cerca de 52,3% e 20%, respectivamente, e a criminalidade associada ao sector registou um aumento de 13,5% comparativamente ao período homólogo do ano passado.
Mas o primeiro semestre fica ainda marcado pelo facto de, pelo menos um sequestro, ter ocorrido diariamente, num total de 215 casos relacionados com os casinos. Os casos de sequestro envolveram mais de 600 suspeitos (588 do sexo masculino e 36 do sexo feminino), tendo sido detidas 321 pessoas. Segundo as autoridades, a maioria dos ofendidos e suspeitos não são residentes de Macau. Wong Sio Chak acrescentou que no primeiro semestre foram registados 11 casos de “associação criminosa”, mais cinco casos em relação a 2015.
Os dados adiantados ontem por Wong Sio Chak não são, para o Secretário para a Segurança, elementos capazes “de colocar em causa a segurança da sociedade”. No entanto, a saída de delitos do interior dos casinos registada no passado Julho, mês que não integra o balanço apresentado ontem, merece um reforço de atenção por parte do Executivo.

23 Ago 2016

Cantonês | IPM integra ensino do dialecto no curso de Mandarim

O que é que se fala em Macau? A resposta parece óbvia: Chinês. No entanto, o Chinês de Macau é diferente do de Pequim e há quem venha para cá não só estudar Mandarim, como aproveitar uma nova licenciatura que contém a disciplina de Cantonês e alargar o conhecimento no espectro a que se chama de Chinês. Não oficial, o dialecto do território é procurado e tido como um passo para o abrir de novas portas

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau e Hong Kong são duas regiões administrativas especiais que em comum têm o Cantonês. A língua oficial por estes lados é o Mandarim, mas nas ruas, no Governo e nos negócios é falado um dos dialectos mais populares do Sul da China. O Cantonês é forma de comunicação, essencialmente oral, mas tem passado ao lado dos currículos académicos. O argumento é, na sua maioria, o facto de não ser língua oficial. Mas, sendo a voz que dá tom às ruas e actividades da terra seria ou não importante abordá-lo nos planos curriculares?
Se quando se fala das traduções Português para Chinês, por exemplo, o alvo cai de imediato no Mandarim, dentro do território confundem-se ambas e para os locais é óbvio que se fala de Cantonês. “Está implícito.” Então, como é que ficam aqueles que se vêem no território a estudar Mandarim e, pelas ruas, meios de comunicação e palavras do Executivo acabam por perceber que não é isso que, de facto, se fala por cá?
Em pleno início de ano lectivo e no arranque de mais uma temporada em busca da formação para concretizar sonhos ou obrigações, há alunos para quem esta questão não só parece evidente como até vieram para cá em busca do Cantonês e de um leque mais alargado de aprendizagem.
Ao chegar à cerimónia de abertura do ano lectivo do Instituto Politécnico de Macau não foi só a diversidade de pessoas vindas de fora que atraiu a atenção, nem a expectativa dos alunos que integram a nova licenciatura em Mandarim. O foco foi que, pela primeira vez, o Cantonês foi integrado no plano curricular nesta mesma licenciatura.

Passos que aproximam

A integração de duas disciplinas semestrais de Cantonês com carácter optativo é “um passo arriscado e ainda um pouco tímido, mas que tinha que ser feito”, afirma Luciano de Almeida, director da Escola Superior de Línguas e Tradução do IPM. “A introdução da disciplina de Cantonês no plano de estudos correspondeu a uma opção muito clara que a escola tomou de introduzir o idioma que é mais falado pelos residentes de Macau.”
O curso que já marca há muito a diferença e que estabelece o protocolo com o Politécnico de Leiria – tendo sido o primeiro de língua chinesa em Portugal – tem também prevista uma revisão no futuro, que pretende dar aos alunos que todos os anos passam no território a possibilidade de aprender objectivamente o que ouvem nas ruas da cidade.
“Há uma aposta clara no sentido da aproximação com a terra e com a identidade de Macau. Ainda são apenas duas disciplinas, mas Roma e Pavia não se fizeram num dia e direi que o difícil foi introduzir as duas primeiras”, explica o director.

Manuais em construção

Para Luciano de Almeida, a realidade de Macau é vista como muito particular. Uma mescla de línguas faladas e escritas que fizeram com que “fosse muito importante a produção de manuais pedagógicos que são feitos tendo em conta essa preocupação”.
Os manuais que têm em conta a escrita tradicional e simplificada ainda estão a ser concebidos e isso é um processo que “será feito passo a passo”. Para Luciano de Almeida, “o facto de utilizarmos as primeiras cinco ou seis lições que temos preparadas sem ter o manual impresso permite-nos, no contacto com os alunos, percebermos se temos que fazer ajustes ou não”.
“É uma missão pioneira, é um desafio e é um desafio que tem que ser ganho”, afirma o responsável. “Corresponde a uma identificação com a terra e esta é uma aposta que queremos e vamos ganhar.”
Enraizar-se em Macau e servir melhor todos os cidadãos é um dos lemas pedagógicos que rege o IPM. O presidente da instituição, Lei Heong Iok, não esconde a satisfação num início de ano lectivo em que “o dialecto que não é só deste território, mas mais que isso tem muita influência já em vários países” tem nome nos planos académicos. “Este ano começamos com uma novidade, um curso com essa opção que já está à disposição dos nossos estudantes.”
Com os olhos postos nesta iniciativa de identificação local e projecção global, Lei Heong Iok refere que “alguns [alunos] já escolheram este curso para ter Cantonês e oxalá que tenha futuro”. O curso de Mandarim é, no entanto, e pelas “razões óbvias”, o mais solicitado. “Vamos levar em consideração o que os estudantes querem”, diz.
São estudantes do Brasil, Portugal e Cabo Verde e “começaram agora as aulas de Mandarim e que, no futuro, se quiserem já têm ao seu dispor aulas de Cantonês.
Para o presidente esta é uma forma de dar mais um passo na concretização da “grande plataforma entre a China e os países de expressão portuguesa”.

Pelo Cantonês

Daniel Dutra é professor do ensino básico e vem do Brasil para integrar a nova licenciatura de Mandarim. Faz parte do grupo de alunos que vieram frequentar este novo curso abrangidos por um protocolo com a Universidade de Lajeado, no Rio Grande do Sul.
Antes de fazer esta escolha de mudar de vida e de lado do mundo, Daniel analisou o plano curricular que o podia esperar e não tem dúvidas: “o Cantonês é um acréscimo porque dentro dos vários dialectos que se falam na China é, com certeza, o principal”.
Com quatro anos pela frente, não faria sentido para Daniel Dutra aprender o Mandarim “sem passar pelo Cantonês também”. “Sem isso não conseguimos comunicar com a população local e é importante nestes quatro anos sabermos como conversar com as pessoas que são de cá através da sua língua natal.”
O novo aluno argumenta ainda que “é uma forma de pôr os anfitriões temporários” mais à vontade e de também se sentir mais incluído. Daniel não sabia que era a primeira vez que a língua estava a ser ensinada nesta instituição e recebe a informação com surpresa e alegria “porque não faria sentido ser de outra forma”.
Artur tem 25 anos e estava a estudar Engenharia Ambiental quando, perante a oportunidade de vir para Macau, abandonou o projecto inicial e resolveu “começar tudo outra vez”. Ingressou no novo curso de Mandarim do IPM, também vem do Rio Grande do Sul e escolheu o Mandarim “pela relevância económica que cada vez é mais notável a nível mundial”. A possibilidade de ter duas disciplinas de Cantonês é algo que agrada ao aluno, porque sem dúvida nenhuma, o Cantonês, segundo o que pesquisou, “apanha cerca de 30% da China contando com Hong Kong e Macau”.
Estudava Relações no Brasil e fez o mesmo que alguns dos seus colegas. Januário mudou de área para vir aprender Mandarim e se a bolsa foi um grande incentivo para que a decisão fosse tomada, a procura de uma experiência internacional foi mais um motivo aliado à situação incerta que o país natal está a viver. Depois veio o Chinês que é uma língua muito falada e muito importante na área dos negócios. “Quem não faz negócios, hoje em dia, com a China é porque está parado”, ilustra. Maravilhado com Macau e o seu “cosmopolitismo” e segurança, coisa a que “nem está acostumado”, Januário considera que “dado estarmos num sítio onde o Cantonês é a língua falada, claro que há a necessidade de o aprender para justamente conseguir comunicar aqui”.
Januário adianta ainda que Hong Kong e Macau são dois territórios extremamente desenvolvidos e que tendem a crescer na sua perspectiva e, por isso, “só há vantagens em aprender este dialecto”.

Talvez mais tarde

Gonçalo tem 20 anos e está no terceiro ano do curso de Tradução Português/Mandarim. Para o aluno de Leiria, integrar o Cantonês na licenciatura a esta altura do campeonato faria sentido e não só em Macau mas também na província de Guangdong. No entanto a melhor aposta seria um mestrado integrado após o curso de Mandarim ou vir a existir uma especialização no dialecto dada a sua importância no território.
Já Patrícia, da turma de Gonçalo, considera que “de certa forma seria bom integrar o Cantonês no seu curso, seria uma coisa boa e diferente”. Pedro Monteiro, aluno da mesma licenciatura, não descurando a importância do Cantonês, considera que estando no terceiro ano de Mandarim “seria um factor de confusão”. No entanto, salvaguarda a possibilidade de vir a ser uma opção a ter em conta no que respeita a futuras especializações.
“Uma pós-graduação iria abrir mais portas no sul da China e, isso sim, seria uma excelente hipótese”, remata.

Línguas à parte

Mesmo para quem não estuda línguas esta perspectiva de aprender Cantonês parece ser bem acolhida. Tiago Martins é licenciado em Serviço Social e mestre em Educação Social e está com nova licenciatura nas mãos, desta feita em Engenharia Informática. O português não hesitou quando apareceu a oportunidade de vir para a RAEM estudar e diz que “gostaria de aproveitar e aprender algum Mandarim e Cantonês por ser uma mais valia”. “É uma forma de comunicar e conhecer melhor esta cultura”, afirma ao mesmo tempo que considera que “além de enriquecimento de CV, faria possível abrir mais portas mesmo em Portugal, porque na área das tecnologias estamos a lidar com pessoas da China Macau e Hong Kong e a barreira da linguagem é muito grande”.
O HM tentou auscultar a opinião do Governo acerca da necessidade de tradutores que aprendam tradução que contenha o Cantonês, bem como a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude para saber se os serviços poderão ou não vir a pensar no ensino do Cantonês de forma sistemática. No entanto, e até ao fim da edição, não se obteve resposta.

22 Ago 2016

Rua da Entena | Coutinho quer fundo e pede relatório sobre acidente

O deputado da ATFPM quer que o Governo publique na íntegra o relatório sobre o acidente com um autocarro de turismo na Rua da Entena e ainda que seja criado um fundo de emergência para que quem sofreu danos possa ser ressarcido sem esperar pelos tribunais

[dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho quer que o Governo publique de imediato o relatório do acidente na Rua da Entena. O deputado fez o pedido no mesmo dia em que sugeriu a criação de um fundo de emergência para apoiar os proprietários que se vejam na mesma situação daqueles que viram os seus espaços danificados com o recente acidente de autocarro de turismo.
Pereira Coutinho entregou na sexta-feira, na Sede do Governo, uma petição que exige a divulgação, na íntegra, do relatório referente ao incidente. No mesmo documento, o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) fala na necessidade de se criar um fundo de emergência para casos destes. “É necessário porque o proprietário vai pagar honorários extremamente elevados do seu próprio bolso, além de ter de reparar o espaço, enquanto as seguradoras e a agência de turismo que danificou (no prédio) vão ficar à sombra da bananeira à espera da decisão dos tribunais, o que é muito mais cómodo”, afirmou o deputado, citado pelo canal de rádio da TDM.
É por isso que o deputado considera a necessidade de um “fundo de emergência para acudir situações desta natureza, até que os tribunais resolvam o assunto”, referindo-se, em concreto, ao caso do consultório de medicina tradicional chinesa que se viu danificado pelo acidente.
O processo irá seguir para os tribunais, adianta o deputado, no entanto, “o proprietário vai ficar três ou cinco anos à espera para que seja ressarcido dos danos. Há que criar um sistema de compensação imediato e rápido”, defende Pereira Coutinho.

Relatório completo

O caso está associado ao acidente recentemente ocorrido com um autocarro de turismo, que colidiu com um prédio na Rua da Entena e que causou mais de 30 vítimas e danos no edifício. O deputado pede a divulgação do relatório na sua totalidade na petição dirigida ao Governo.
Para Pereira Coutinho, o Executivo tem sido passivo perante a situação e por isso tem “permitido que estes acidentes aconteçam com alguma regularidade”.
“É nesse sentido que apresentámos uma petição para exigir a divulgação do relatório integral da situação destes acidentes”, frisou.
Além deste relatório é ainda solicitada a entrega de todos os relatórios que existirem acerca do mesmo tipo de problemas e pedido que os autocarros, “por questões de segurança, sejam parqueados no silo do Tap Seac”.

22 Ago 2016

Patane | Biblioteca abre este ano. Custa 180 mil patacas mensais

Estará pronta até ao final do ano a Biblioteca do Patane, quatro anos depois do início das obras. O Governo investiu 26 milhões de patacas na reparação dos prédios e ainda paga 180 mil patacas mensais de renda. Ung Vai Meng assegura que o novo espaço promete ser uma valência que aposta no serviço aos residentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Biblioteca do Patane estará ao dispor dos residentes até ao final do ano. É o que garante Ung Vai Meng, presidente do Instituto Cultural (IC), que diz que este “é um investimento para a população de Macau”.
As obras custaram ao IC 26 milhões de patacas, sendo que o Governo paga ainda ao proprietário dos prédios 180 mil patacas mensais de renda, ainda que durante 11 meses.
O presidente do IC assegura que este é exemplo de requalificação do património, que acontece através da transformação num espaço de cultura que alberga um conjunto de actividades, desde os livros aos espaços multimédia ou salas para os mais pequenos.
Os sete edifícios que compõem a biblioteca em construção foram tratados “como se de uma mulher se tratasse”, afirma Ung Vai Meng.
“Uma mulher com 80 anos e já debilitada, como é a idade dos edifícios que datam dos anos 30 do século passado. As obras não pretendem “remendar” os sinais do tempo, mas antes conferir-lhes uma nova vida. Os ossos são os pilares que foram mantidos e reforçados, a pele está nas paredes e “o olho do porto interior” é uma janela especial que pretende relembrar a trazer para dentro do edifício as memórias associadas àquele lugar. Os músculos são os tijolos em cerâmica que segundo foi dito à imprensa foram dos primeiros a ser usados em construção nesta região”, como afirma o presidente. Nas paredes há “buracos” no reboco para que se possam ver e dar conhecimento de como eram feitas as casas de outros tempos.

Contrato em aberto

As sete casas por fora são coloridas e por dentro albergam três andares que vão dispor de várias valências. No rés-do-chão estarão localizadas a recepção e a sala multimédia. No primeiro andar uma sala para as crianças, uma sala de estudo e uma de amamentação são os espaços que estão a ser preparados. O terceiro piso dá lugar aos 30 mil livros e uma colecção de dvds.
O contrato de arrendamento tem a validade de cinco anos, sendo que Ung Vai Meng fez questão de mencionar a intenção do proprietário de fazer deste acordo um contrato de longa duração para o futuro. As condições de renovação estão, no entanto, ainda em aberto.

Leitores suficientes?

Cerca de 130 mil pessoas tinham, em 2015, cartão de leitor das bibliotecas públicas do Instituto Cultural (IC). São os resultados de um estudo feito pelo Centro para Estudos de Macau da Universidade de Macau sobre os serviços da Biblioteca Pública de Macau em 2015. Os dados do inquérito, conduzido entre Novembro e Dezembro do ano passado, mostram que, das mais de duas mil pessoas questionadas, a “maioria dos leitores” (53,6%) assegurou ter frequentado as bibliotecas nos três meses anteriores ao questionário. Quanto ao horário de abertura das bibliotecas, 43,1% dos inquiridos considera que o horário ideal deveria ser das 9h00 às 21h00, mas 19% apoia o funcionamento das mesmas 24 horas por dia. Relativamente ao serviço dos bibliotecários, 62,4% dos inquiridos declarou-se satisfeito com o profissionalismo dos funcionários, sendo que 34% dos inquiridos consideram o acervo das bibliotecas satisfatório face ao número de volumes e 39,3% mostra-se satisfeito com a diversidade de leitura. Os números mostram ainda que os residentes de Macau leram, em média, 6.6 livros em 2015. Mas 70.9% dos inquiridos assumiu não ir à biblioteca para o efeito.

22 Ago 2016

IC | Actividades para promover a comunicação entre a comunidade

Integrar artistas, agentes sociais e comunidade é o objectivo da iniciativa do IC “Ligar as peças da comunidade”. São quatro dias de trocas de conhecimentos e experiências que pretendem criar um mundo mais fácil e mais capaz de comunicar através da utilização da arte

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]comunidade é um todo dinâmico e com necessidade de comunicar entre si e a arte pode ser um veículo ao serviço de todos. “Ligar as peças da comunidade” é o tema de um ciclo de actividades que teve início ontem e se prolonga até ao próximo domingo, dias em que vão ser debatidos e experimentados estes e outros temas. A iniciativa promovida pelo Instituto Cultural (IC) quer, através de um conjunto de palestras, seminários e workshops debater a forma como a comunidade no seu todo pode expressar as suas preocupações tendo em conta a via da criatividade e da arte.
As actividades que têm lugar durante quatro dias vão dar a oportunidade a diferentes pessoas e entidades de partilharem as suas experiências de forma a que seja construída uma “plataforma de criação conjunta que ligue as pessoas”, informa o site do IC que anuncia o evento.

Comunicar melhor

Depois de ontem ter tido lugar o “Contador de histórias da cidade”, um espectáculo acompanhado de palestra acerca dos traços de memória locais, tem lugar hoje – das 10h00 às 17h00 – o workshop de formação de instrutores de arte para pessoas com deficiência. A iniciativa conta com a participação de professores experientes da “Associação de Arte com pessoas com deficiência de Hong Kong” e pretende que os cuidadores que prestam serviços nesta área possam aprofundar conhecimentos acerca dos diferentes tipos e formas artísticas e, ao mesmo tempo, estudar técnicas de comunicação mais eficazes no ultrapassar dos desafios que a área representa. O evento tem lugar na Escola de Música do Conservatório de Macau e é limitado a 15 participantes.
Para o serão está agendada a palestra “A viabilidade das artes intervirem na sociedade”, a partir das 20h00. O evento a ter lugar no edifício do IC tem como oradores Yeung Sau Churk, também vindo da vizinha RAEHK. A intenção da palestra é fomentar o debate acerca da participação da arte contemporânea que para muitos ainda é um “lugar vedado” à participação social. É objectivo ainda mostrar que é necessário pôr a arte ao serviços das causas sociais e serão abordadas algumas das possíveis formas de o fazer.

Não escolhe idades

Amanhã tem lugar “A visita ao museu com velhos amigos”. A actividade que decorre no Museu de Macau é dirigida aos mais velhos com idade igual ou superior a 65 anos. Os 15 participantes serão orientados por monitores da “Arte no Hospital” de Hong Kong de modo a juntar “um grupo de velhos amigos” na visita a uma exposição. No final são todos convidados a partilhar as suas reflexões pessoais acerca do que viram numa demonstração de que a arte é para todos.
A tarde será preenchida com a temática do teatro participativo. O evento tem lugar na Escola de Música do Conservatório de Macau com a realização de um seminário que demonstra a experiência já vivida em Taiwan entre a comunidade de Gouziwei e a iniciativa ShanDongYe. O objectivo é ilustrar como é que o teatro pode reunir a comunidade incluindo os moradores como actores e público, de modo a que possam sentir as dinâmicas de cada um dos lados. Os exemplos serão dados com o que já aconteceu com a peça “Passeios nocturnos” e conta com a participação de uma das actrizes do espectáculo, Shu-chin Lai, e Li-hua Chang, uma residente da comunidade.

Encontros criativos

A iniciativa termina no domingo com uma edição de “Speed dating”. A actividade tem lugar das 15h00 às 18h00 no Conservatório de Macau. A intenção é colocar em contacto artistas e elementos da comunidade para trocar experiências e responder a questões que possam surgir de parte a parte.

19 Ago 2016

ATFPM | Balanço de ano legislativo pede mais transparência

José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai querem mais transparência nas Comissões da AL. A sugestão é que estas passem a ter presentes a comunicação social para que não exista manipulação ou omissão de dados importantes

[dropcap style=’circle’]D/dropcap]eixar entrar os jornalistas durante as reuniões das Comissões que analisam na espacialidade as propostas de lei ou outros assuntos é a sugestão dos deputados José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai. O desejo foi mais uma vez manifestado ontem, em conferência de imprensa promovida por ambos e que teve como objectivo fazer um balanço do ano legislativo de 2015/16.
Mais transparência nos trabalhos da Assembleia Legislativa é a solicitação feita pelos deputados, que consideram que a presença dos jornalistas durante as reuniões das Comissões é importante.
“Abram as portas à comunicação social”, pede José Pereira Coutinho. Para o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) não se entende porque é que as reuniões de Comissão são “à porta fechada”, porque “não se está a falar de bombas, nem de sexo”, mas sim de assuntos que a todos dizem respeito. Para Pereira Coutinho, “há deputados que dizem uma coisa na Comissão e outra na AL” porque o encontro que dá a saber aos jornalistas os conteúdos abordados nas reuniões por parte do presidente desta não é suficiente.
O presidente de cada Comissão não tem tempo para fazer um relato completo do que foi falado porque isso até é “humanamente impossível”, afirma. A solução passa por abrir as portas aos jornalistas, para assim a transparência ser total.

Sessões que dão sono

O dirigente associativo afirma ainda que as sessões de perguntas e respostas da AL são “mornas, sonolentas e sem interesse”. O motivo é óbvio para o deputado, sendo que depois de entregues previamente as perguntas a Chui Sai On não é dado tempo durante estas sessões para que sejam questionadas as respostas que vêm preparadas. Tal, não dá motivação aos deputado. Pereira Coutinho pede que sejam dados nas sessões de perguntas e respostas “mais dois ou três minutos”, para que possa ser feito “o follow up” às respostas do Chefe do Executivo.
A participação fraca dos deputados e política à margem da sociedade também fizeram parte do balanço. “É necessário que o Governo incentive ao recenseamento eleitoral”, afirma Coutinho, enquanto adianta a necessidade de esclarecer os funcionários públicos que se podem candidatar sem que com isso percam os seus direitos. O presidente da ATFPM mostra-se preocupado com a escassez de interesse pela política por parte dos trabalhadores da Função Pública.

Campanhas camufladas

O deputado Pereira Coutinho não foi também de falas mansas com o que diz ser pré-campanha. Tendo como exemplo um caso de um programa da Associação de Conterrâneos de Jiangmen transmitido pela TDM, o deputado diz que é óbvio que se trata de deslealdade no que respeita a campanha eleitoral e o dedo é apontado por um lado à TDM, que produziu o programa. Para o dirigente associativo se a televisão “tem uns tem que ter outros” e lamenta o facto de nunca ter sido convidado para fazer um programa também. Por outro lado, ressalva que cabe também ao Governo supervisionar este tipo de conteúdos. Os doces e vales que andam a ser distribuídos por determinadas associações também são condenados pela ATFPM, pois “representam uma forma de pré-campanha também desleal por parte daqueles que mais podem”. Cabe ao Governo pôr mão na situação e estar atento ou mesmo sancionar quem comete este tipo de “falta de respeito” ou ilegalidade, diz.

19 Ago 2016

Wynn Palace | Quatro mil milhões para um “lugar de todos e para todos”

Um resort que não é só para massas, nem para VIPs. Um espaço que traga as pessoas a Macau, não pelo jogo mas pela experiência no que concerne à hospitalidade. São estes os objectivos maiores do Wynn Palace, que tem data de abertura marcada para a próxima segunda-feira

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]azáfama fora e dentro de portas faz-se notar com o ultimar das obras, dos últimos retoques, dos últimos candeeiros ou do colocar dos últimos tapetes de relva que virão dar as boas-vindas aos que assim o escolherem. É o Wynn Palace que se maquilha para a grande abertura que terá lugar já na próxima segunda-feira.
Steve Wynn foi claro nas afirmações que fez aos jornalistas ontem durante o encontro que pretendia esclarecer e apresentar a “menina dos olhos” do empresário. Para o magnata, o complexo “é de todos e para todos”. O Wynn Palace, primeiro projecto da operadora no Cotai, está nos últimos preparativos para abrir ao público e o proprietário mostra-se satisfeito com o resultado.
O empreendimento tem como principal objectivo proporcionar o “disfrutar de uma experiencia única ao nível da hospitalidade”, como diz Steve Wynn. “Mais que um negócio é um lugar de interesse”, afirma, enquanto exulta o novo empreendimento como sendo, talvez, o “melhor hotel do mundo”. E “não é em Roma ou Paris mas sim na RAEM”.
O complexo, à semelhança do “irmão” Wynn Macau, integra não só o jogo e os quartos de hotel, como põe à disposição dos visitantes uma rede de lojas “escolhidas a dedo”, mas que podem servir todos, explica o magnata. Mantém-se a aposta na boa mesa, com uma selecção de restaurantes e menus. Mas promete ainda outras novidades.

Assinatura florida

Um espaço embrenhado pela natureza através das presença permanente de flores naturais é uma das imagens de marca que o resort pretende ter. As entradas norte e sul têm os lobbies preenchidos por duas esculturas floridas e Steve Wynn fez questão que os arranjos acompanhem toda a experiência do palácio.
Do lado norte, pode ver-se uma roda gigante multicolor e a sul um carrossel que integra uma série de cavalos, entre os mais reais ou mitológicos – como o Pegaso ou o unicórnio. No seu conjunto, as duas esculturas integram 196 mil flores e estão sobre um palco elevatório para que possam ser devidamente mantidas. As obras são uma criação do próprio Wynn, em conjunto com o designer Preston Bailey. wynn lago
Paralelamente à natureza, o Wynn Palace quer ser “não um museu, mas antes uma galeria de arte”. Para o efeito – e durante cinco anos – foi efectuada uma escolha minuciosa de obras de arte. De antiguidades, a arte contemporânea muitas são as opções para os olhos dos visitantes e outras mais cingidas às áreas privadas a convidados.
A entrada oeste abre-se com um conjunto de tulipas criado entre 1995 e 2004 pelo artista premiado Jeff Koons e que terá custado cerca de 23 milhões de dólares americanos.
Painéis ao longo dos corredores, vasos e tapeçarias nas paredes e o pandã com os arranjos florais pretendem ser cartão de visita para todo o tipo de visitantes e integrar a experiência que Steve Wynn diz querer proporcionar. Será com os objectos que integram o complexo que irá nascer o livro com todos os detalhes que o magnata quer publicar sobre as obras.
A iniciativa pretende dar relevo a esta vertente extra-jogo e de diversidade, que está agora, “mais que nunca”, em destaque no resort. O livro estará posteriormente acessível aos hóspedes para que conheçam melhor o espaço onde estão e o possam apreciar da melhor maneira.
A arte chinesa e evocativa do Oriente é uma constante. Na visita feita com os jornalistas foram dados a conhecer não só as evidências, como os pormenores. Um quarteto de vasos Qing do séc. XVIII está a caminho para exposição. Este conjunto é semelhante a um outro, que pertence à rainha de Inglaterra.

Água nas alturas

Mas, a experiência não fica por aqui. O espectáculo da água no Wynn Macau é conhecido e uma imagem da marca. No empreendimento do Cotai, a escala aumenta em muito. Um lago que cobre uma área de 26.783 m2 é o palco de um espectáculo de repuxos sincronizados com música, que vai desde clássicos a temas populares contemporâneos. Não sendo suficiente, a contornar o lago – e mais nas alturas – está uma linha de teleférico, da qual fazem parte 34 cabines. O passeio pretende não só dar a conhecer o espectáculo de água visto de cima. como proporcionar uma vista sob a paisagem da zona. O teleférico tem a capacidade de transportar cerca de 1200 pessoas por hora e está aberto a todos sob o pagamento de cem patacas por viagem.

Passivo VS Activo

Para Steve Wynn, o foco do empreendimento não está nas mesas de jogo mas sim na experiência de hospitalidade que o Palácio pretende proporcionar. O empresário e magnata afirmou que o lado do casino e dos quartos são factores passivos no empreendimento e que é nos factores activos que quer apostar.
Na sua opinião, o que motiva as pessoas a viajar “não é o jogo mas sim quererem experimentar o lugar”. Destaca ainda que o que levou “apenas 120 meses a construir em Macau demorou anos a ser conseguido em Las Vegas”.
Casinos e quartos, particularidades à parte, “são iguais em todo o lado”, afirma, o que pode diferir é tudo o resto em que quer apostar. Neste sentido, Wynn não deu aparentemente particular importância ao número de mesas de jogo atribuídas.
São entre 50 ou 60 as mesas para o segmento VIP e o total de mesas que estará disponível entre o jogo de massas e as salas de grandes apostas é de 350 e inclui as cem conferidas pelo Governo durante os primeiros dois meses. Serão acrescentadas mais provenientes do hotel na península.
Apesar de o serviço de quartos estar nas alíneas consideradas “passivas” do negócio, a nata da nata está nas suites fechadas ao público em geral e dirigidas a convidados. Mesmo estas estão divididas em especiais e muito especiais.
As primeiras, as Penthouse, são quatro e incluem todos os luxos que o complexo reserva, desde as áreas com grande tamanho, à decoração com antiguidades e flores nos espelhos, banhadas a folha de ouro. As Garden Villa são cinco e têm uma área exterior que inclui uma piscina com 45m de comprimento e um jardim circundante. Em ambos, e além do luxo inerente, destaca-se um piano de cauda a servir pelos convidados virtuosos ou a ser interpretado pelos músicos contratados pelo Wynn.
Spa privado, salão de beleza ou ginásio incluído são apenas algumas das infra-estruturas destes espaços. Na decoração, destacam-se tapeçarias de séc. XVIII de origem francesa, porcelanas chinesas e esculturas contemporâneas.
Para as últimas – e também as mais especiais – o corredor tem uma sala de jogo ainda mais exclusiva para os convidados que optam pela privacidade. Com duas mesas capazes de mudar conforme o jogo de preferência, este é um espaço personalizado para os mais exigentes.

Mas é para todos

Além destes compartimentos, o hotel dispõe de quartos para “todos os bolsos” desde quartos “baratos e mais caros”, de modo a não restringir o acesso a ninguém, afirma Steve Wynn. São 1706 e todos eles estão decorados ao pormenor, com temáticas sempre ligadas ao Oriente, mas onde, de alguma forma, está assinalada a ponte com o Ocidente.
A diversidade também se aplica à restauração. Os sabores e preços podem agradar a todos conforme as carteiras ou preferências. Para o efeito. o Wynn Palace dispõe de cerca de 13 espaços para comer e beber. Dos noodles ao Ramen executados por Chef estrelado pela Michelin, à pastelaria mais delicada, há de tudo neste novo espaço. Um bar em tons de verde, por exemplo, cujo interior pretende imitar uma caixa de jóias é a característica do Wing Lei, enquanto que outros têm vista privilegiada para o lago. Há ainda um restaurante homónimo do seu proprietário, que contém uma parede deslizante que providencia seis espectáculos.

Jardim botânico pode ser realidade

A operadora é ainda concessionária de dois terrenos adjacentes ao resort. De modo a alargar a oferta no que diz respeito à diversidade para o turismo, Steve Wynn considera a hipótese de transformar um deles com cerca de sete hectares, num jardim botânico. O homem que põe totalmente de parte a integração de parques temáticos nos seus investimentos admitiu ontem que “um jardim botânico pode ser uma hipótese para um dos terrenos” e assim ser uma mais valia para o empreendimento e para a população.
Para o empresário, a possibilidade de um parque temático não faz sentido. “As famílias podem ficar aqui e dar um pulo à Disney de Hong Kong por exemplo”, afirma, enquanto diz que “parques temáticos não podem ser confundidos com atracção turística familiar”. Para Steve Wynn, a atracção está por exemplo nas flores que são “únicas” e, estas sim, integram aquilo a que se quer chamar de diversidade. “Flores que não existem em mais lado nenhum do mundo são diversidade”, remata.

Macroeconomia e diminuição de lucros não são preocupação

A diminuição do crescimento macroeconómico da China, a baixa nos lucros do Jogo ou a concorrência que se constrói à volta do Wynn Palace não assustam Steve Wynn.
“Os números, ainda assim, continuam muito bons”, afirma, considerando que o negócio não é afectado em profundidade por questões macroeconómicas. Por outro lado, e face à diminuição de receitas de Jogo, Steve Wynn também não se mostrou apreensivo. Na sua opinião, o que se assistiu em Macau não foi a uma grande crescimento mas sim a “um crescimento gigantesco” e agora o que está a acontecer é uma estabilização para números normais. que ainda assim denotam que o Jogo está de boa saúde e “continua a dar lucros”.
Dada a concorrência que se regista na construção de empreendimentos idênticos na vizinhança, o medo da concorrência e a aposta numa possível guerra de preços também não estão em cima da mesa.
“Os meus hotéis não estão a competir com os outros”, afirma, adiantando que “não quer ser o maior mas sim o melhor” e que não faz parte dos planos entrar numa guerra de preços. O novo empreendimento no Cotai teve um custo de quatro mil milhões de dólares.

Números

196 mil flores em duas esculturas
23 milhões de dólares para escultura de túlipas
26.783 m2 de lago
1200 pessoas por hora no teleférico
4 mil milhões de dólares americanos de investimento total

18 Ago 2016

Inglês | Deputados não o querem como língua oficial, mas pedem promoção

Encontrar um “enquadramento legal” para o Inglês de modo a facilitar traduções de documentos e evitar atrasos é uma sugestão deixada por deputados, que dizem que o Governo concorda com uma maior preponderância da língua de Shakespeare em Macau. A ideia não é transformar o idioma numa língua oficial, mas sim dar-lhe mais importância

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]questão de dar mais importância ao Inglês já levou a alguma discussão mais que uma vez, mas uma notícia avançada ontem pelo diário Ponto Final referia que um dos pontos constantes do relatório da Comissão de Acompanhamento das situação das Obras do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas era precisamente a transformação da língua inglesa num idioma oficial. Ho Ion Sang, presidente da Comissão, desmente contudo essa intenção: não explica exactamente o que quer dizer com “enquadramento legal”, mas assegura que a ideia é apenas promover a língua.
No documento, assinado pela totalidade dos deputados da Comissão e que ilustra alguns dos problemas associados às demoras do projecto de serviços de saúde da Taipa, pode ler-se que “o Inglês não tem estatuto legal em Macau, por isso, as opiniões em Inglês podem ter problemas de tradução”. A afirmação segue uma explanação relativa a consultas externas que têm sido feitas dentro do projecto e o relatório refere que é sugestão da Comissão “o incentivo a uma maior utilização da língua inglesa, ponderando a atribuição de um estatuto legal a esta língua”. Algo que poderia ter sido entendido como tornar a língua num idioma oficial, mas que Ho Ion Sang rejeita.
“Não me lembro de quem propôs a ideia, mas foi um deputado que reparou que, durante a tradução de algumas palavras de uma companhia de consultaria, existiam problemas na tradução de Inglês para as línguas legais. Se se mudou para uma companhia de Hong Kong [na consultoria] também é porque as nossas culturas são semelhantes, mas ele não quer dizer que quer tornar o Inglês como língua oficial. O que há é o desejo de, como o Inglês é agora a língua internacional, é necessário ter em conta a sua popularização e futura promoção”, explicou ao HM.

Especial mas nem tanto

Em resposta, segundo ainda os deputados, o Executivo admitiu que “o Inglês deve ter uma maior preponderância” no território. Ao que o HM pôde apurar, há efectivamente um consenso quanto à importância do Inglês em Macau, como em qualquer outro país, uma vez que é a língua considerada internacional. Mas, a possível moldura legal proposta não é, para analistas, necessária.
Melinda Chan, deputada que integra a Comissão que sugere esta legalização, afirma veemente que “as línguas a ter em conta na RAEM são efectivamente o Chinês e o Português”. Na sua opinião, “já há muita gente também fluente em Inglês”, mas não seria sequer bom para Macau considerar oficialmente a língua inglesa. O Inglês é usado na RAEM mas, essencialmente, em empresas privadas, como língua interna, adianta a deputada.
A presidente da Casa de Portugal, Amélia António, confessa ter ficado surpreendida, se de facto a intenção é criar um enquadramento legal.
“Se há instituições de que se dedicam ao ensino de línguas, não entendo porque é uma Comissão de Acompanhamento de um outro assunto é que vem fazer sugestões deste tipo.”
Para a dirigente da Casa de Portugal em Macau não são claros os fundamentos para este tipo de sugestão. O Inglês é de facto uma língua importante, considera Amélia António, “porque é a língua dos negócios”. Mas há um senão. “Quando temos duas línguas oficiais e uma delas é sistematicamente menosprezada e maltratada não entendo como é que se pretende dar a uma terceira língua um estatuto especial.”

Prioridade aos da casa

Outra questão levantada por Melinda Chan é a prioridade que deve, antes de mais, ser dada ao Português. “Mesmo enquanto legisladora encorajo os jovens ao estudo do Português”, admite ao HM.
Para a deputada é claro que é a língua de Camões que dá a Macau a “sua especificidade”. Enquanto plataforma sino-portuguesa, Macau é diferente de todas as regiões, o que é “uma coisa boa e é uma característica a manter”.
Também para Amélia António “prioritário é tratar a língua que é realmente oficial, como deve ser tratada”. A plataforma tantas vezes badalada é também chamada a discussão pela advogada. Falar-se do Inglês é “remar contra a maré numa altura em que se continua a falar sistematicamente em Macau como plataforma nomeadamente entre a China e os países de língua portuguesa”, sendo a tónica da necessidade a criação de condições “para que isso seja realidade”.
Não está em causa a necessidade de melhorias do ensino de outras línguas no território, nomeadamente da língua inglesa. No entanto, Melinda Chan considera ainda que “não só o ensino do Inglês, mas também o ensino do Português deve ser melhorado”. A escassez de professores de Língua Portuguesa em Macau não é admissível para a deputada, que ilustra a situação com o facto de “até na China continental haver mais pessoas a falar fluentemente Português do que em Macau”.
Amélia António também partilha da opinião de Melinda Chan: não está em causa o ensino do Inglês, que já é prática corrente em grande parte das escolas, mas o facto de a língua oficial “não ser tratada como deveria ser e é essa a prioridade”.

Um bocadinho mais

Dar mais importância ao ensino do Inglês faz sentido para o sociólogo e ex- professor de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Larry So. Mas, para o académico, RAEM e RAEHK são diferentes e cada uma tem as suas particularidades histórico-culturais que devem ser respeitadas.
O uso do Inglês em questões públicas também é questionável, ainda que necessário. Tendo em conta as afirmações de José Pereira Coutinho, deputado e dirigente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), “se Macau quer, de facto, internacionalizar-se, é evidente que a língua inglesa é um pressuposto fundamental para a consolidação das estruturas de uma cidade que pretende atrair turistas de outras partes do mundo”, como afirma peremptoriamente ao HM. Na sua opinião, é indubitável o maior reconhecimento que é dado à língua inglesa, sendo que o deputado destaca que é preciso ter em conta os investimentos que colocam muitas vezes os interessados em confronto com a barreira da língua.
“Uma das línguas oficiais é o Chinês, que não é acessível a muitos, e a outra é o Português que tem as mesmas características ao nível da acessibilidade para os estrangeiros no geral”, ilustra José Pereira Coutinho. O facto dos serviços públicos também só utilizarem as duas línguas oficiais também poderia na opinião do dirigente associativo, “ser revisto, nomeadamente no que respeita a politicas de sinalização”. Coutinho admite que por parte destes serviços tem “existido um esforço para disponibilizar informação nos meios, nomeadamente online, que já utilizam uma versão inglesa”.
Por outro lado, o deputado destaca ainda a vertente oficial de uso de línguas. “Muitos dos documentos que chegam a Macau provindos do estrangeiro carecem de uma tradução oficial para as línguas da região”, afirma, e “é por isso que existem os tradutores habilitados”. No entanto estes profissionais ainda são em número reduzido e não têm mãos a medir para “dar conta do recado e traduzir devidamente a quantidade enorme de documentos”.
O deputado é a favor de aumentar a utilização da língua inglesa nomeadamente no que respeita aos serviços públicos, à sinalização e indicações nas ruas, à semelhança do que se faz noutras partes do mundo. “Há margem de manobra e campo para investir para que a língua inglesa seja mais levada em consideração na RAEM”, remata.
O HM tentou averiguar junto do Executivo acerca do que que planeia vir a fazer acerca desta matéria, no entanto não obteve qualquer resposta até ao final da edição.

17 Ago 2016

Jogo | Campeonatos online “podem ser via” para a diversificação

A inclusão de jogos online na diversificação das actividades turísticas de Macau e por parte dos casinos é uma ideia a considerar por parte da Associação Grow Up eSports. Se noutras paragens o jogo no ecrã é um desporto a ter em conta, em Macau não é reconhecido como tal. Um negócio de milhões, com profissionais qualificados e uma modalidade ainda sem concepção legal ou operacional para integrar o negócio dos casinos, mas que não deixa de dar cartas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s jogos online são actualmente uma indústria de milhões. Milhões em gente e dinheiro. Já há atletas dos ecrãs e equipas especializadas. Para uns é um desporto, para outros nem por isso, mas na RAEM as cartas estão dadas para que, no futuro, se abram portas a uma actualização da indústria do Jogo e do Turismo.
Em Macau há pelo menos uma entidade empenhada em fazer valer uma nova modalidade na caminhada para a diversificação do turismo e das áreas associadas ao Jogo. Numa sociedade cada vez mais ligada à rede, e em que a vida física dá tantas vezes lugar a uma outra dentro de ecrãs, a Associação Grow Up eSports quer abraçar esta nova tendência no seu lado “saudável”. A Associação sem fins lucrativos, “filha” da homónima em Portugal, tem como objectivo “o desenvolvimento de actividades atentas às novas tendências e que promovam as preferências de entretenimento digital de uma comunidade maioritariamente jovem, incentivando a participação em eventos sociais e competitivos”, como afirma o presidente, Fernando Pereira, ao HM.
A Grow Up eSports, que teve início em terras lusas em 2002, conta por lá com cerca de mil membros e é reconhecida oficialmente pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) “como uma das Associações mais inovadoras de Portugal”. Em Macau, a competição virtual ainda está longe de ser vista como uma actividade desportiva, muito menos capaz de colocar desporto e Jogo no mesmo saco. Em resposta ao HM, o Instituto do Desporto (ID) afirma que “a prática do desporto visa a promoção da saúde física e mental enquanto que o Jogo pode trazer efeitos adversos à mesma”, lê-se.
No entanto, Fernando Pereira juntou-se a Frederico Rosário, membro da Associação, e os dois estão de mãos na massa. Para o presidente é claro que “a tendência dos Desportos Electrónicos como nova forma de entretenimento é inquestionável”. Numa actualidade em que o tempo dos mais jovens é passado em grande parte a jogar Playstation, telemóvel ou computador, é altura de assegurar que esta prática – em vez de acrescentar maleitas sociais – possa entes representar, com a ajuda de entidades como a Grow up, uma prática “saudável e que os benefícios da mesma sejam devidamente aproveitados”.

Perícia VS Sorte

De modo a diversificar também o público e o leque de apostadores daquela que é a indústria rainha da RAEM, Fernando Pereira realça que “as apostas em eSports já estão a começar a ser vistas como uma alternativa às tradicionais slot-machines”. Para o presidente da Associação de jogos online esta é uma área que pode vir a colorir com outros tons não só o tipo de apostas no Jogo, como ainda vir a representar uma área apelativa para faixas mais jovens, sendo que “além de serem acerca de jogos que os próprios jogam ou seguem em casa, são totalmente dependentes de habilidade e não do acaso”.
Também é baseado na habilidade que Frederico Rosário fala ao HM. Para além de membro da Associação, Frederico é um jogador. “Não sou profissional, sou um jogador amador”, apresenta-se. No entanto também lhe é óbvio que “enquanto nas máquinas, que já nem dão moedas mas sim o recibo para quem ganha, o apostador apenas depende da sorte, se falarmos de jogos online não estamos a apostar nas habilidades dos jogadores que são conhecidos”.
Para Frederico Rosário os jogos agora implicam aptidões de processamento cognitivo. “Já não é como no Super Mário”, jogo em que deu os primeiros passos na consola. “Os jogos agora podem incluir cerca de 780 acções por minuto”, diz, enquanto ilustra a complexidade que se vive no mundo virtual. Num minuto, o jogador tem que falar com a equipa de que faz parte e fazer um número de acções conjugando os instrumentos de que dispõe para atingir os objectivos.

Outros hábitos

Frederico Rosário é filho de um engenheiro e lembra-se de, aos dois anos, o pai “ter comprado a máquina” com que jogava na altura Super Mário. Se hoje em dia os jogos são muitas vezes apontados como alguma conotação anti-social, dado o número crescente, apesar de indefinido, de jovens que cada vez mais se fecham nos seus quartos ligados à rede, para este jogador o contentamento não é disfarçado quando fala nos tempos de meninice.
“Quando havia tufões os miúdos juntavam-se todos a jogar.” Agora esta vertente social acontece de outra forma. “Enquanto jogamos em rede não são raras as vezes em que acabamos por partilhar com os outros elementos da nossa equipa o que nos vai acontecendo na vida”, afirma o jogador. Por outro lado, Fernando Pereira refere ainda que, ao trazer os jovens para competições destas modalidades online, também se está a trazer estas pessoas para o convívio social.

Um desporto para fazer vida

Frederico joga por lazer mas também começa a participar em torneios. Em vésperas de competição em Hong Kong, já considera que “se passar a primeira etapa já é um vencedor”. Também é de vencedores que se trata quando se fala das competições online dirigidas por profissionais. “Cada vez mais se pode viver de jogos online.”
Em Macau já há quem o faça e participe nas equipas da China. E não se está a falar de tostões de ordenado. “São pagos cinco ou seis milhões ao ano”, afirma o jogador. No mundo da rede, que não se vê, existem equipas – como a Coreia do Sul, por exemplo – que, tal como no futebol, “roubam os melhores jogadores com contratos mais prometedores. “Quem é bom vai sendo contratado por equipas que pagam cada vez mais”, ilustra.
Para Frederico é como qualquer outro desporto. Há treinadores, equipas e mesmo nutricionistas e psicólogos para manterem em forma estes atletas virtuais. “Macau costuma ser mais lento do que os outros”, afirma, e a Grow Up quer trazer as modalidades para serem por cá disputadas como se faz nos outros sítios. “Acho que um dia o ID vai ver o nosso trabalho e reconhecer que somos uma Associação de desporto”, afirma o jogador.
Trazer a Macau cada vez mais eventos dentro dos parâmetros das competições online e com eles atrair os vizinhos espectadores da Coreia do Sul, China e Japão e das regiões de Taiwan e Hong Kong é um objectivo mais que definido da Associação. Tal como nos desportos com atletas de carne e osso, também aqui uma “grande maioria dos entusiastas destes jogos gosta de assistir aos seus ídolos jogar, tal como acontece em qualquer outra modalidade desportiva”, afirma Fernando Pereira.

Casinos de olho aberto

Frederico Rosário refere ainda que o MGM Cotai já pensou nesta área e o Studio city também estará a fazer o mesmo. O HM tentou resposta das operadoras, mas não conseguiu até ao final da edição. Ainda assim, o entusiasmo dos casinos é reiterado pelo presidente da Associação.
“Os casinos têm-se demonstrado muito abertos à introdução de eventos de eSports nas suas arenas, pois está comprovado serem espectáculos com elevada projecção, tanto offline como online.”
Para o promotor desta modalidade, é fundamental que as operadoras que queiram manter a sua relevância apostem nas novas tendências e comuniquem na língua que os seus possíveis futuros clientes comunicam. “Neste momento, essa língua são os eSports.”
Em Las Vegas, um outro epicentro do sector do Jogo que muito trouxe a Macau, “já existe a vontade de se avançar com esta componente de apostas”, como esclarece Fernando Pereira.

Dúvidas

Até este momento, Davis Fong, académico da área do Jogo da Universidade de Macau, “não consegue ver que exista ainda um modelo legal e operacional de cariz internacional capaz de regular esta área nos casinos. É necessário para Macau que existam estas molduras operacionais e legais em que o território se possa apoiar para eventualmente levar o jogo virtual ao casino. Mas “ainda é cedo” para que isso aconteça em Macau.
Para o investigador, o mercado local “ainda é muito pequeno e, por outro lado, ainda não há uma empresa de tecnologia local envolvida nos jogos virtuais”. Por isso, antes da existência de uma configuração legal e de uma estrutura económica dedicada ao desenvolvimento de meios necessários a esta área, não será fácil o seu estabelecimento no território. Davis Fong não põe de parte que no futuro possa ser uma área a considerar por cá.
Fernando Pereira alerta, por seu lado, para esta necessidade que também já foi pensada em Vegas. “Antes que isso seja possível, é necessário que todo um sistema de regulação e inspecção de jogos seja colocado em prática, de forma a que possa haver controlo sobre possíveis batotas, doping, ou mesmo resultados combinados”, remata.

Números

20 milhões de USD em prémios monetários no evento “The International 2” é o montante que bate todos os recordes estabelecidos até à data em iniciativas do género

200 milhões de RMB definido para 2016 definidos pela World Cyber Arena na China

670 milhões de internautas envolvidos

370 milhões de jogadores

325 milhões de USD em patrocínios em 2016

800 milhões de USD em patrocínios previstos para 2019

32 milhões de espectadores sendo que 8,2 milhões são telespectadores concorrentes

16 Ago 2016

Metro | Definição de trajecto para a península no fim do ano

A definição do trajecto para a linha da península de Macau, que continua inexistente, será apresentada no fim do ano. Previsões para o final das obras na Taipa continuam a apontar para 2019 e o Governo vai mesmo implementar o novo sistema que pretende evitar atrasos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]definição da linha do metro ligeiro na península de Macau ainda não está completa e o Governo não sabe como irá articular algumas ligações. No entanto, ficou a promessa de que a definição deste trajecto estará concluída até ao final do ano.
“O Governo vai definir ainda este ano qual o trajecto da península da Macau”, afirmou Ho Ion Sang, ontem, após a reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas que o deputado preside. Na reunião, que contou com membros do Governo, foram assinados relatórios relativos às obras do metro, terrenos desaproveitados e hospital das Ilhas.
As obras do Centro Modal de Transportes da Barra estão “a ser executadas de forma contínua e em grande escala”, como afirma o deputado, e o Governo está ainda a discutir com os “serviços competentes do interior da China as questões da interconexão à Ilha da Montanha”, como se poder ler no relatório.
No entanto, a Comissão adianta que ainda não há pormenores acerca desta ligação. Por outro lado, e até ao final do ano, será analisada “novamente a ligação a Zhuhai pelas Portas do Cerco”.

Cumprir para evitar castigo

Foi ainda garantida a atenção sobre o novo mecanismo instituído pelo Executivo relativo ao sistema de punição e recompensa aplicado às empresas encarregues das obras. O presidente da Comissão reiterou que o objectivo é “castigar” as concessionárias a quem é entregue obra aquando do incumprimento de prazos, enquanto se atribui recompensas àquelas que realizam os seus trabalhos atempadamente. O mecanismo visa “tentar resolver os problemas associados ao cumprimento de prazos e excesso de despesa”, como afirma Ho Ion Sang.
Este é um método que já tinha sido anunciado anteriormente e que vai, agora, andar para a frente.

Taipa dentro de prazo

A entrada em funcionamento da linha da Taipa foi mais uma vez apontada pelo Governo para o ano de 2019. A construção do trajecto que integra 9,3km de extensão tem neste momento mais de 6,5 km com obra concluída. Também findas estão seis das 11 estações que integram o projecto da ilha.
Segundo o relatório assinado ontem, está prevista a conclusão da construção do viaduto do metro da Taipa na sua totalidade e das estações ainda em falta ainda este ano.
Após estes trabalhos ficarão ainda por dar por concluídas as obras relativas à conclusão do Parque de Materiais e Oficina da Taipa. O regresso aos trabalhos para a continuidade da construção do Parque está previsto para o último trimestre de 2016. Quanto à oficina, o concurso já foi lançado e a Comissão garante que vai “continuar a acompanhar o processo”.
Foi ainda transmitida a intenção do Governo em “tutelar 100% da exploração do metro ligeiro”.

16 Ago 2016

Votação alternativa para nomes dos pandas

Uma consulta pública alternativa para dar nome aos pandas bebés que nasceram no parque de Seac Pai Van é proposta pela Associação Novo Macau. A entidade pró-democrata juntou-se à publicação Macau Concealers e pôs ao dispor dos residentes a oportunidade de escolher nomes para os bebés da terra. A iniciativa é dada a conhecer em comunicado de imprensa e a razão que levou a esta atitude foi o facto de que, para a ANM, o processo de dar nomes aos pandas bebés por parte do Governo não é claro e a população só pode sugerir cabendo ao Chefe do Executivo, Chui Sai On, o baptismo final. O processo de votação alternativo garante a protecção dos dados pessoais daqueles que nele participarem e estará aberto até 28 de Agosto em endereço electrónico criado para o efeito e que pode ser visto no Facebook do grupo. Entre 1 e 7 de Setembro decorre a votação entre as sugestões dadas em maior número.

16 Ago 2016

Tailândia | Explosões fazem mais de 30 feridos e quatro mortos em locais turísticos

O final da semana passada foi marcado pelo retorno às explosões na Tailândia. O país que desde 2014 é governado pelo poder militar viu parte dos seus destinos turísticos serem ameaçados por uma vaga de explosões ligadas entre si e que acontecem uma semana após o “Sim” ao referendo que legitima e reforça o poder dos soldados

[dropcap]O[dropcap]fim da passada semana foi de susto para residentes e turistas na Tailândia, que voltou a sofrer explosões com recurso a bombas. Quatro mortos e mais de 30 feridos, entre 11 turistas, é o balanço dos incidentes, que ainda não foram reivindicados mas para os quais a polícia já tem suspeitos. O país é governado por uma junta militar e assiste recorrentemente a este tipo de incidentes, sendo que este teve lugar uma semana após o referendo e a vitória do “Sim” à Constituição reformulada pelo poder do Exército. Ainda não se sabe se estará relacionado, mas alguns dos destinos afectados tentaram dizer “Não” ao referendo.

A noite de quinta-feira e a manhã de sexta foram de turbilhão na Tailândia. A explosão de duas bombas na cidade tailandesa de Hua Hin fazia notícia da véspera do fim-de-semana. A estância turística localizada a 200 quilómetros de Banguecoque começava o dia com uma primeira explosão em frente a um bar. Segundo a AFP, citada pela agência Lusa, “a primeira bomba explodiu em frente a um ‘pub’”, localizado na zona turística de Hua Hin. A segunda bomba explodiu 30 minutos depois e a 50 metros da primeira.

O rol de explosões continuou, com um total de 11 registadas. Duas explodiram à porta de uma estação de polícia em Surat Thani e mais dois dispositivos explodiram na praia de Patong, em Phuket, uma das zonas mais populares enquanto destino turístico internacional.

O mercado de Trang também foi atingido enquanto que em Phang Nga foi desactivado um dispositivo antes da sua detonação. Estes foram os alvos ligados a pontos turísticos e onde se registaram cerca de metade das explosões.

Sem responsáveis, mas…

Numa sucessão “aparentemente coordenada”, segundo noticiaram as autoridades tailandesas na imprensa internacional, todos os alvos estão situados no sul do país e em zonas conhecidas por albergarem movimentos separatistas. Até à data ainda nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelos ataques, sendo que os meios de comunicação locais sugerem que os movimentos separatistas muçulmanos possam eventualmente estar por detrás destes ataques, não incluindo no rol os grupos internacionais associados aos atentados que têm ocorrido na Europa.

“A polícia está ainda a tentar apurar se os múltiplos ataques estão efectivamente relacionados mas excluem para já a ligação a qualquer grupo terrorista internacional”, avança o canal de televisão da TDM. Representantes das autoridades tailandesas afirmaram em conferência de imprensa que “ainda é cedo para tirar conclusões em relação ao que terá provocados estes incidentes”, sendo que o que se sabe é que não estão directamente ligados a qualquer acto de terrorismo. “É de facto sabotagem local.”

Até ontem, duas pessoas foram presas sob suspeita de estarem ligadas aos ataques que têm “ligação entre eles”, como informa a imprensa, sendo que as autoridades interrogavam seis pessoas e encontraram três telemóveis até ao fecho desta edição.

Medidas tomadas

“As bombas destinam-se a criar o caos e confusão”, disse o Primeiro-Ministro e também General Prayuth Chan-ocha. O dirigente apelou à calma da sociedade e dos turistas, que contribuem para 10% do PIB do país.

Um turista que estava num dos locais afectados pelas explosões afirma que foi para férias e “não estava à espera disto”. “É muito estranho ver as ruas completamente vazias neste momento e as pessoas, penso, estão com medo que isto volte a acontecer”, explica.

É também no sentido de promoção da calma que a polícia avança a informação de que está a criar uma equipa especial para investigar as explosões ocorridas em catadupa e ao mesmo tempo monitorizar de perto os locais marcados como atracção turística.

Lugares do “Não” e separações

A imprensa local não abandona a hipótese dos atentados estarem ligados aos movimentos separatistas do sul do país. A maioria dos eleitores nas províncias de Pattani, Yala e Narathiwat votou, na semana passada, no “Não” no referendo que teve o “Sim” como vitória e que mostra a aprovação popular da Constituição que reforça o poder militar no país. Os ataques são comuns na região e o cenário de um conflito separatista já custou mais de 6500 vidas desde 2004.

Estes incidentes não costumam ocorrer fora da zona sul do país, no entanto já se registaram noutras localizações, o que aconteceu também desta vez. De acordo com as investigações iniciais, os explosivos estavam mais preparados para servir de aviso “que para causar o máximo dano”, disse Sarawut Tankul, superintendente da polícia de Hua Hin. As bombas utilizadas são semelhantes às que foram detonadas noutras ocasiões grupos separatistas do sul e terão sido accionadas por telemóvel.

Gestão de crises acompanha

O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo diz estar a acompanhar a situação na Tailândia sendo recebeu apenas dois pedidos de informação mas nenhum de assistência, não havendo indicações de grupos da RAEM que tenham sido afectados pelos incidentes. No entanto, o Gabinete “aconselha os residentes de Macau que viajem ou estejam na Tailândia a fazerem uma avaliação às condições de segurança” e garante que vai continuar a acompanhar o desenvolvimento da situação.
 

Um ano depois de ataque sangrento em Banguecoque

As 11 explosões ocorreram a dias do primeiro aniversário do ataque sem precedentes que teve lugar no santuário de Erawan, no centro de Banguecoque, que matou mais de 20 pessoas e deixou uma centena de feridos.

O incidente teve lugar a 17 de Agosto de 2015 e ficou registado na história do país como sendo dos mais graves. Uma bomba colocada dentro do templo budista  de Erawan, um dos mais famosos de Banguecoque, deixou um rasto de vítimas. Entre os cerca de 20 mortos contavam-se dois chineses e um filipino, afirmava na altura a agência Reuters. A imprensa nacional chegou a elevar o número de mortos para 27, incluindo quatro estrangeiros.
O chefe da polícia, Somyot Poompanmuang, explicou, na altura, que a explosão foi provocada por uma bomba “colocada dentro do templo de Erawan”, situado em Ratchprasong, uma das vias mais transitadas da capital tailandesa. Segundo o ministro da Defesa, Prawit Wongsuwong, o ataque foi dirigido contra “turistas” com o objectivo de “prejudicar o turismo e a economia do país”. O templo budista de Erawan, dedicado ao deus Brahma, recebe a visita diária de milhares de devotos. O tempo situa-se no distrito de Chidlom, perto de vários hotéis de cinco estrelas e de pelo menos três centros comerciais.

“Parecia um matadouro. Havia corpos por todo o lado. Alguns estavam em pedaços. Havia pernas onde deveriam estar as cabeças. Era horroroso”, disse Marko Cunningham, um enfermeiro neozelandês que trabalha no serviço de ambulâncias da capital tailandesa. Segundo Cunninghan, as pessoas que estavam a centenas de metros do local da explosão também ficaram feridas.

As forças tailandesas combatem insurgentes muçulmanos na zona sul do país, mas os rebeldes não costumam ampliar as suas acções fora da área da etnia malaia. O país também foi sacudido nos últimos anos por intensas rivalidades políticas que desencadearam, em Maio de 2014, um golpe militar.

15 Ago 2016

CTM | Possíveis alterações nos valores de indemnização

O Governo pode vir a alterar a equação em caso de indemnização à CTM, apesar dos activos da empresa ainda não estarem bem definidos. Conclusões só em Dezembro

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]e o Governo rescindir o contrato de dez anos que mantém com a Companhia de Telecomunicações de Macau – e que vai agora a meio – poderá, em vez do montante inicialmente estimado em três mil milhões de patacas, passar a pagar uma indemnização de cerca de 700 ou 800 milhões de patacas. A mudança na equação tem por base uma alteração de cálculo dos activos.
Segundo Chan Chak Mo, presidente da Comissão de Acompanhamento para dos Assuntos da Administração Pública, que acompanha este assunto, “o montante deve ser avaliado tendo como referência 2,5% dos activos da empresa e não o total do lucro da operadora de telecomunicações”, como anteriormente referido. “Estes activos estão essencialmente concentrados na exploração das condutas de comunicação.”

Contas difíceis

Na passada sexta-feira, Raimundo do Rosário frisou, em declarações após a reunião da Comissão com o Governo na AL, que a “avaliação de activos com a operadora de telecomunicações não é simples”.
“Se não ocorrerem infracções graves ou imperiosas motivações de interesse público, o contrato será automaticamente renovado”, afirma. Por isso, o Governo pretende manter os contactos com a CTM de forma a “melhorar o serviço e os preços e a esclarecer a questão dos activos” que definem o que é do Executivo e o que é pertença da operadora. “Não há ainda conclusões quanto à situação”, remata o Secretário para os Transportes e Obras Públicas.
Outubro é a data agendada para nova reunião entre a Comissão e o Executivo. “O que esperamos é que no futuro o Governo possa assumir uma função de orientação para os assuntos nesta matéria”, afirma o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. “A postura contratual do Governo é fraca e por isso tem uma margem de actuação limitada.”
Para o presidente é claro que “o Governo deve tomar medidas eficazes de forma a melhorar os serviços de comunicação e dar respostas à sociedade”, sendo que nesse sentido a Comissão vai assinar o relatório onde consta o balanço acerca destas matérias.
Sendo a operadora de telecomunicações detentora de propriedade dos serviços, a Comissão considera que a CTM “tem o dever de manter e actualizar os activos em utilização que também contam com a propriedade do Governo. Será com base nos mesmos que irá ser revista a equação em caso de necessidade de indemnização por alterações ao contrato”, mas, alerta, “urge a necessidade de um papel mais presente e orientador por parte do Executivo”.
Dezembro é a data limite para chegada a conclusões e a tomada de decisões. Segundo Raimundo do Rosário “até 31 de Dezembro o Governo terá que decidir de renova ou não o contrato com a CTM”.

Governo exige redução das tarifas

Depois da reunião, Chan Meng Kam assegurou que o Governo exigiu à empresa que as tarifas pelos serviços de internet e aluguer de cabos sejam reduzidas. Segundo a imprensa chinesa, CTM terá até Outubro para apresentar o plano de preços, uma vez que “o Governo vai continuar a negociação com a CTM para garantir uma maior redução” dos preços, dado não estar satisfeito com os praticados até agora. Se não houver mudanças, o próprio Governo vai ser responsável pela decisão.

Raimundo do Rosário desmente Ho Ion Sang

Terrenos dos “novos aterros não vão ser utilizados para pagar dívidas”. A afirmação é do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, em declarações prestadas na sexta-feira à margem da Reunião da Comissão de Acompanhamento da Situação da Fiscalização dos Serviços de Telecomunicações.
O responsável contraria assim Ho Ion Sang. A possibilidade das terras criadas pelos novos aterros serem moeda de pagamento das dívidas de terrenos por parte do Governo foi adiantada na quinta-feira pelo deputado. O presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas afirmou que o Governo admitia poder vir a utilizar os novos aterros em caso de necessidade para saldar dívidas.
Na sexta-feira, Raimundo do Rosário reiterou as afirmações proferidas no dia anterior em que confirmou que “o que disse é que as dívidas de terras seriam pagas com os terrenos cuja caducidade tem vindo a ser declarada”.
Muitas destas concessões estão neste momento a passar por processos judiciais pelo que, aquando da sua conclusão e no eventual retorno ao Governo, servirão, dentro das necessidades, para pagar as dívidas do Executivo.

15 Ago 2016

Tesla instala carregadores eléctricos

A aposta da Tesla no desenvolvimento sustentável vai estar pela primeira vez com uma iniciativa pop up de promoção do transporte ecológico em Macau. A parceria é com a Studio City onde serão instalados quatro abastecedores de electricidade para “encher o depósito” dos utilizadores dos veículos “verdes” da marca na RAEM. O serviço é acompanhado de um atendimento “excepcional e de uma ampla gama de ofertas”, como anuncia um comunicado de imprensa da Melco Crown. A iniciativa tem lugar após a abertura do centro de serviços da Tesla no início do mês e pretende afirmar o compromisso da marca no investimento num ambiente melhor.

 

12 Ago 2016

Governo | Aterros podem vir a pagar dívidas 

A possibilidade de utilizar terrenos dos novos aterros para pagar as dívidas de terra do Governo foi admitida ontem após a Reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras. Ho Ion Sang admite que Raimundo do Rosário considera que “em caso de necessidade pode recorrer-se aos novos aterros”, ao contrário do que tinha sido prometido anteriormente

 
[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ovos aterros podem ser, em caso de necessidade, moeda de pagamento para as terras que o Governo deve. Se até agora os novos aterros não tinham este fim, com a abertura a novas soluções para as dívidas de terra por parte de Chui Sai On, Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, admitiu ontem que “em caso de necessidade estes terrenos (novos aterros) podem ser utilizados para pagar as terras em dívida”. 
A informação foi adiantada aos jornalistas por Ho Ion Sang, ontem, depois de uma reunião da Comissão de Acompanhamento dos Assuntos da Administração Pública, na AL.  
As informações não vão, no entanto, ao encontro do que o Secretário disse à saída aos jornalistas. “A dívida será paga através dos terrenos recuperados por via da caducidade”, afirmou. Raimundo do Rosário adiantou ainda que “já foram declaradas cerca de 40 situações de terrenos caducados que neste momento estão em processos judiciais”  e “se e quando esses processos terminarem e se por ventura a decisão final for regressar à posse da região, nessa altura trata-se das dívidas”.
 Em análise, na reunião, estiveram ainda seis processos que no seu todo perfazem a dívida em terras contraída pelo Executivo sendo que “cada um deles poderá integrar mais do que um terreno”, esclarece Ho Ion Sang .
Dos 88.806 m2 de terra em dívida mais de metade foi terra “retirada” aos seus concessionários iniciais para ser integrada na “cedência de terreno para a liberalização da indústria de jogo”. As operadoras que usufruem agora das terras são a Wynn, MGM e Galaxy.
Às operadoras, o Governo cedeu cerca de 54 801 m2 que não eram seus para liberalizar o Jogo. Estes processos já têm compromisso de concessão para com os concessionários originais. Os terrenos a devolver serão “um ou mais situados na zona C e D de Nam Van” no que respeita ao processo do Wynn e MGM. Quanto ao compromisso com a cedência de terreno à Galaxy, o Governo avança que será entregue ao concessionário original um outro terreno também cuja área e dados de localização “serão definidos na altura” visto se for “numa zona boa a área será menor e se for numa zona má, será maior”.
Os processos três e quatro, que também já possuem compromisso de concessão, são referentes aos projectos que vieram a concretizar a Habitação Pública no Bairro da Ilha Verde e de Seac Pai Van. O Executivo compromete-se a conceder ao concessionário inicial, ao primeiro, “um outro terreno quando reunir as devidas condições de concessão” e ao segundo “um terreno situado na ilha de Coloane junto à estada de Ka Hó”.
Todos as cedências concessionárias são por arrendamento.
Os dois últimos processos ainda não têm compromisso de concessão, mas são referentes às áreas da praça Flor de Lótus e a três lotes do Pac On que se destinaram a “uma parte da ampliação da Central de Incineração de Resíduos Sólidos da Taipa”.
 
 

12 Ago 2016

FRC | Exposição de banda desenhada local na próxima semana

Uma mostra de banda desenhada e encontros com os criadores vão preencher o cardápio da exposição que inaugura no próximo dia 18, na Fundação Rui Cunha. A iniciativa pretende incentivar o gosto pelas aventuras lidas e desenhadas das tiras aos quadradinhos

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]istórias aos quadradinhos são coisas para todos. Da banda desenhada (BD) temática à infantil, à característica de determinada zona geográfica, passando pela mais séria e sofisticada, muitas são as pranchas que deleitam os mais diversos fãs.
Macau não foge à regra e 18 de Agosto é a data agendada para a abertura de uma exposição de BD de Macau e Hong Kong. A iniciativa tem lugar na Fundação Rui Cunha (FRC) numa organização conjunta com a Associação de Banda Desenhada, Quadradinho e Brinquedos de Macau (MACT, na sigla inglesa). O objectivo é a promoção desta forma de arte junto da população juvenil e adulta, bem como o incentivo ao desenvolvimento criativo. Para o efeito, e paralelamente, o evento integra ainda um encontro com cartoonistas convidados.
Edward Loi é o fundador da MACT e fala ao HM da origem da associação e dos seus fins. A ideia surgiu porque era “super fã de BD”. Com o gosto vieram os contactos e o responsável começou a conhecer artistas de Hong Kong criadores de pranchas. A curiosidade foi crescendo e Edward Loi, ao analisar o que se passava em Macau, verificou que não havia escassez de amantes da leitura em balões, mas reparou também que o alvo era essencialmente a BD japonesa e com poucas referências para o que se fazia por cá.
Juntou-se a alguns amigos e começaram a “organizar actividades com ilustradores locais e de Hong Kong porque curiosamente”, como afirma Edward Loy, “a BD mais vendida em Macau era as revistas semanais da região vizinha que estavam em exibição entre as molas de todos os quiosques”.
“À parte de compra de livros aos quadradinhos, não existiam actividades que envolvessem a criação e os que dela gostam”, afirma Loi. E foi isso que o fez por mãos à obra. “Achava que era uma pena não existirem encontros e outros actividades que impulsionassem e desenvolvessem a BD local.”
Nasce a Associação e as actividades que promove, onde está incluída a mostra que terá lugar na FRC. Y.E.A.C.H
Edward Loy convidou três escritores de HK e três locais. São todos profissionais na criação de BD, o que “é algo muito raro por aqui”. O evento resulta ainda da cooperação com uma revista de BD fundada em Macau, mas que encontra a sua publicação em Hong Kong.
De entre os convidados está o artista que conta já com dez anos de carreira J-Head, (Cheung Dun Yoi) que, apesar das dificuldades, consegue ver os seus desenhos publicados. Mas a exposição conta ainda com as presenças de Tam Yok Meng, conhecido por UMAN, e Lei Ka Chun, de Macau. De Hong Kong estão as presenças e trabalhos de Sam Tse , Tung Tung e Lei Long Kwan.
É no encontro com os artistas que a organização pretende “partilhar a imaginação e a experiência obtida durante a produção até o produto final das obras”.

Bonecos em risco

Para Edward Loi, a sobrevivência desta arte poderá “estar em risco, dadas as dificuldades dos artistas em se afirmarem no sector”. É com tristeza que afirma que a BD tem vindo a perder terreno na popularidade, salvaguardando que na região vizinha ainda existe um forte grupo de amantes desta arte.
Os dinheiros que financiam a Associação, além das cotas dos membros que a integram, baseiam-se no apoio do Governo e fundações. Apesar da entidade pretender trazer artistas de outras zonas do globo “não consegue” porque os apoio que tem só financia o local, mesmo que “por vezes não seja da melhor qualidade”. Não é o caso dos convidados para este encontro, mas também esta mostra “poderia ser enriquecida com a vinda de gente de outras paragens e a troca de conhecimentos entre todos”. 李家進(筆名:安東尼)
 A Associação quer combater a tendência e tem na agenda a continuidade de trabalhos através da organização de “exposições, seminários e competições” de modo a receber mais “aceitação por parte da população”. Para isso anseia mais apoio, nomeadamente do Governo, para que esta arte não fique exposta nas criações mais “vulgares” afirma.
Para o responsável, a preferência dos consumidores de BD da região é “definitivamente a BD japonesa”, sendo que “ultimamente se regista um crescendo de adeptos de tiras curtas publicadas online”. Para Edward Loi, a razão por detrás do sucesso da “fast BD” é o facto de poder ser facilmente divulgada nas redes sociais e ser leitura fácil e rápida. A mostra, que inaugura pelas 15h30, termina a 2 de Setembro e conta com entrada livre.

11 Ago 2016

Incêndios | Já há cinco vítimas mortais dos fogos que fustigam o país Portugal a arder

Mais parece um disco de terror riscado que a cada chegada do Verão teima em tocar. Chamas consomem Portugal repetidamente e reduzem recursos a cinza, desalojam gente e forçam os soldados da paz a dias e noites frente a frente com o inferno

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]no após ano, o Verão português inflama. As televisões abrem o telejornais com o que vai restando de Portugal a arder. É a voracidade das chamas a ganhar terreno, a destruir florestas, casas e tudo o que lhes passa pela frente. Quem de fora vê, observa rostos incrédulos e em choque dos que vivem o drama e a força inesgotável dos bombeiros, os soldados da paz que, sem mãos a medir, tentam fazer o que podem para que os estragos não sejam ainda maiores. Este ano o cenário mantém-se. Portugal está a arder e as labaredas não poupam terreno.
Ontem eram 34 os concelhos em “risco máximo” de incêndio em Portugal continental. A informação foi dada pela agência Lusa, tendo em conta a informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O Instituto colocou também em risco ‘Muito Elevado’ e ‘Elevado’ de incêndio vários concelhos de todos os 18 distritos de Portugal continental.
O número de operacionais no terreno a tentar combater os nove maiores focos de incêndio do continente era de 960 e as chamas lavravam nos distritos de Aveiro, Braga, Guarda, Porto e Viana do Castelo, de acordo com a informação disponibilizada pela Autoridade de Protecção Civil.

De lés a lés

De norte a sul, Portugal arde. Em Aveiro estavam em curso três incêndios, sendo que o maior estava localizado no concelho de Arouca, onde 206 bombeiros combatiam as chamas, apoiados por 48 meios terrestres. Ainda em Aveiro, as chamas atingiam o concelho de Santa Maria da Feira, localidade de Canedo, com 56 operacionais no terreno apoiados por 14 viaturas e também na localidade de Real, com 52 operacionais e 16 meios terrestres.
Em Viana do Castelo há igualmente três incêndios de dimensão considerada significativa. O maior é no concelho de Vila Nova de Cerveira, localidade de Covas, onde 183 operacionais e 61 meios terrestres combatem o fogo que começou na tarde de domingo e tinha, no fecho desta edição, duas frentes activas.
Em Travanca, no concelho de Arcos de Valdevez, estavam 167 operacionais e 55 viaturas. A Protecção Civil destaca ainda o fogo com duas frentes activas em Igreja Vilar Murteda, combatido por 93 operacionais e 27 veículos.
O incêndio mais recente teve início na terça-feira, poucos minutos antes da meia-noite, no distrito da Guarda, na localidade de Pena Lobo. O fogo com duas frentes é combatido por 75 operacionais e 19 meios terrestres.
Em Braga, as chamas lavram, desde o início da noite de terça-feira, em Encourados onde estão 70 operacionais, e no distrito do Porto são 58 os operacionais que combatem as chamas em Milhundos, no concelho de Penafiel.
Para já, há registos de duas vítimas mortais no território de Portugal continental e que ocorreu na segunda-feira em Valongo. Uma das vítimas era um homem de 57 anos e a sua morte deveu-se a uma paragem cardio-respiratória na sequência das chamas que ameaçavam casas e fábricas perto do prédio onde vivia. A outra é um homem entre os 40 e 50 anos, vigilante do Parque Dormes, Santarém, que ardeu e cujo fogo destruiu ainda duas viaturas dos Sapadores.

Jardim queimado

Este ano nem o chamado jardim de Portugal escapou. À parte do continente, a ilha da Madeira está a ser assolada pelas chamas e, ontem, até ao fecho desta edição já tinha feito três vítimas mortais. As mortes tiveram lugar na terça-feira, segundo fonte do Governo Regional da Madeira, e ocorreram na zona da Pena, na freguesia de Santa Luzia, sendo moradores de duas das residências atingidas pelo fogo.
Os incêndios que deflagraram pelas 15h30 de segunda-feira no Funchal provocaram ainda dois feridos graves, cerca de mil desalojados, entre residentes e turistas, muitas casas e um hotel, o Choupana Hills, foram consumidos pelas chamas, tendo o fogo descido à cidade do Funchal na noite de terça-feira. O centro histórico de S. Pedro é descrito na imprensa nacional como um cenário dantesco.
As autoridades tiveram ainda de evacuar dois hospitais, estando cerca de 600 pessoas num Regimento de Guarnição, 300 no estádio dos Barreiros e 50 no centro cívico de São Martinho.
Cerca de 135 efectivos, 115 oriundos de Lisboa e outros 20 dos Açores, foram enviados para a Madeira para reforçar as equipas no combate aos incêndios.

Do outro lado

O Partido Ecologista “Os Verdes” exigiu ontem que seja decretada a situação de calamidade na sequência dos incêndios que lavram no Funchal, considerando que podem ser accionados junto da União Europeia pedidos de apoio.
Em comunicado, o colectivo regional da Madeira diz que “a situação dramática decorrente da propagação” do incêndio no Funchal, “atingindo o seu núcleo histórico, destruindo centenas de habitações e pondo em perigo milhares de pessoas e património inestimável”, tornou-se “um verdadeiro drama sem par na história dos incêndios nos últimos cem anos em Portugal”, em declarações citadas pela Lusa.
Segundo “Os Verdes”, além dos impactos sociais e económicos destes incêndios e da dimensão humana dramática que revestem, “estes têm ainda impactos ambientais profundos com uma perda de património natural, de biodiversidade e de património paisagístico que levarão muitos anos a recuperar”.

Mão humana

As causas para o que está a acontecer e que se repete ano após ano são variadas. Desde as altas temperaturas, ao descuido humano até mesmo à intenção de atear as chamas por diversos motivos são sempre pontos em cima da mesa.
No entanto, e para o Comandante Operacional de Agrupamento Distrital do Norte, Paulo Esteves, 35% dos incêndios florestais que fustigam o Alto Minho deflagraram à noite e “têm mão humana”.
“É fácil de ver que há mão humana quando se reportam incêndios nocturnos na ordem dos 30% a 35%. Termos seis focos no espaço de um quarto de hora, em quatro freguesias seguidas do concelho de Ponte de Lima, é um facto”, referiu aquele responsável.
Paulo Esteves, que falava em conferência de imprensa no Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Viana do Castelo, adiantou que “o número de ignições” registadas nos últimos dias do Alto Minho “é que está na génese de tudo”.

Portugueses testemunham a dor de ver a terra a arder

Denisa Alencastre vive em Macau e é natural da Madeira. Estar a ver as chamas na terra que a viu nascer é fonte de preocupação e tristeza. Em jeito de alívio, refere ao HM “felizmente com a família está tudo bem”. A informação que tem acerca do que se está a passar vem do feedback por parte da família.
“Sei de pessoas que tiveram de abandonar as suas casas porque o fogo estava demasiado perto” e que só no despertar de ontem é que saberiam se ainda tinham casa para viver, conta.
Para esta madeirense, a situação que se está a viver “não é de agora” e “sempre foi um problema”. Denisa relembras os incidentes dramáticos de 2010 com o temporal e incêndios e agora a “história repete-se”. Na sua opinião, o mais grave que se regista no momento prende-se com o facto das chamas estarem “mesmo no centro do Funchal”.
“É uma verdadeira dor de alma”, desabafa a madeirense enquanto ilustra que “parte do colégio perto de S. Pedro ardeu e a escola secundária na Pena também”, instituições que frequentava. São as memórias que ardem.
Já Alice Dias assiste ao comer da sua bonita Serra do Gerês repetidamente. Natural de Arcos de Valdevez, a jovem que está em Inglaterra conta ao HM a “muita raiva e tristeza” que sente.
“Tristeza pelos danos causados, por saber que chegarei lá em breve e em vez de ver o verde lindo do meu Minho vou encontrar tudo negro, coberto de cinza”, explica a uma semana antes de voltar à terra mãe para umas pequenas férias. Por outro lado, Alice Dias não concebe brandamente o facto de ter noção que a “população idosa é posta em risco e tem de ser repetidamente deslocada por motivos de segurança”. A raiva que sente é por “saber que muitos dos incêndios começam por mão criminosa ou descuido”.
O contacto com quem está em casa é permanente e “quem lá está diz que é o inferno”. Os locais que tão bem conhece, como a Serra do Soajo e muitas áreas do parque natural da Peneda Gerês, “estão reduzidos a nada, ardeu tudo”.
O cenário é repetido e Alice já “perdeu a conta às vezes” que viu a sua terra arder. Para a jovem minhota, o maior dos problemas reside na ausência de prevenção. Neste sentido, ilustra com a necessidade “de mais limpeza florestal”. Por outro lado, e volta a referir, está “a mão criminosa”, sendo Alice a favor de penas pesadas para quem incorre neste tipo de crimes. É a destruição de hectares de terreno, da sua fauna e flora e do pouco património das aldeias que ainda vivem isoladas, remata com tristeza e desânimo. S.M./A.S.S.

Governo reage

Perante a situação, o Primeiro-Ministro português António Costa fez uma interrupção nas suas férias e recusou a existência de qualquer problema na eficácia da resposta aos incêndios, sublinhando que “o dispositivo tem estado a responder às ocorrências de acordo com aquilo que é o padrão normal”.
As declarações foram dadas num encontro com os jornalistas acompanhado pelo comandante operacional nacional da Proteção Civil, a Ministra e o Secretário de Estado da Administração Interna e citado na Lusa.
No entanto, Costa não deixou de sublinhar que perante “picos extraordinários”, como os que aconteceram no domingo e segunda-feira, existiram “dificuldades na resposta”, referindo-se o Primeiro-Ministro ao alerta emitido para ajuda internacional. Mas
António Costa recordando a “grande reforma no sector da protecção civil” realizada há dez anos, classificou como “essencial” a reforma da floresta. “É altura de, dez anos volvidos, não perder mais tempo para fazermos aquilo que é essencial fazer, a reestruturação da floresta de forma a termos uma floresta mais resistente, mais sustentável”, defendeu, considerando que esta é uma prioridade política a que terá de ser dada execução “tão rapidamente quanto possível”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Primeiro-Ministro acordaram em conjunto deslocar-se à Madeira.

Soldados com pouca paz

“Não há dois fogos iguais”, diz o bombeiro Rui ao HM. “Há pequenos focos de incêndio onde tudo se consegue fazer e há outros com várias frentes e que são autênticos infernos”.
Chega ao ponto de haver corporações inteiras a fugir e a abandonar o material e as mangueiras, homens adultos a chorar de pânico. É a descrição do homem que vê os Verões ocupados com este cenário e que lá está para apaziguar agruras alheias.
Em jeito ilustrativo, refere que já esteve num incêndio em que os soldados da paz estiveram lá 38 horas seguidas em trabalho, “sem qualquer descanso ou paragem”.
As dificuldades são muitas e ninguém quer saber dos bombeiros voluntários no Inverno, afirma Rui, que faz da vida uma divisão entre o dia a dia normal e o combate das chamas. O bombeiro diz ao HM que “são necessários mais carros, mais fardas, mais homens e mulheres”. São estas pessoas que saem de um trabalho remunerado e da segurança e conforto familiar para ajudar outros, que por vezes até “os tratam mal quando lá chegam”.
Rui é da zona centro, mas corre o país onde for preciso. Relativamente aos apoios aos bombeiros voluntários, refere que “até há câmaras que dão apoio ao voluntariado, mas não é o caso desta”.
Para Rui é frustrante ter que passar por estes episódios ano após ano sem que nada mude. “Todos os anos se fala sobre as obrigações dos proprietários e os erros continuam a ser os mesmo”, afirma. Isto, aliado a “um péssimo ordenamento territorial, queimadas fora de prazo e sem controlo e a terras completamente ao abandono e sem acesso”, que acabam com o ramalhete por detrás da tragédia anual.
Para o bombeiro o cenário é claro: “há muitos interesses dos produtores de papel, dos que gerem meios aéreos e até de alguns dirigentes dentro dos bombeiros” para que tal continue a acontecer.

11 Ago 2016

PME mostram-se satisfeitas com ajuda das grandes empresas

A cooperação com as PME foi o tema em destaque no fórum que se realizou ontem no MGM Macau. O evento visou concretizar uma plataforma em que os benefícios para ambas as partes sejam evidentes e apelativos. As operadoras de Jogo estavam lá todas e apresentaram os números e projectos em que estão envolvidas

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]eve ontem lugar no MGM Macau o “Fórum para as Indústrias de Turismo e Lazer de Macau e a sua Responsabilidade Social”. O evento reuniu as operadoras locais numa apresentação de “serviço feito” no que respeita ao apoio às PME. Na tónica esteve a cooperação crescente entre uns e outros, sendo que representa não só um mote para o desenvolvimento do sector do turismo mas também fonte de benefícios para ambas as partes.
A polémica da sobrevivência das PME num mercado cada vez mais dominado pelas grandes superfícies não é novidade e muito têm sido as lutas que se registam um pouco por todo o lado e em prol de um ou outro lado. “Na RAEM há um Fórum que ambiciona crescer e promover as boas relações entre grandes e as PME numa relação “win win” que traz vantagens a todos”. As palavras são de Lei Heong Iok , presidente do Instituto Politécnico Macau (IPM), ao HM, à margem do evento.
No encontro, realizado ontem, as operadoras fizeram questão tanto de apresentar as suas iniciativas integradas na plataforma que pretende ser este fórum, bem como os números e resultados advindos das mesmas.
O objectivo de promover o empreendimento jovem, de incentivar o consumo de produtos locais, dar azo a uma maior diversidade da economia e turismo e a realização de parcerias com as PME são os pilares partilhados pelas seis operadoras presentes e que mantêm programas especiais em que reforçam os laços e negócios com os retalhistas locais.
Desde que o MGM iniciou actividade em Macau que mais de 80% dos produtos e serviços têm sido fornecidos por negócios locais num valor total de 23,3 mil milhões de patacas, segundo dados da empresa. A operadora criou, em Novembro de 2015, a Comissão de Pequenas e Médias Empresas, a primeira do sector de turismo e lazer, de modo a aprofundar e alargar a cooperação com as PME locais.
A operadora Sands China tem seguido o princípio da prioridade ao local e em 2015 o investimento em aquisições “Made in Macau” foi de 14,2 mil milhões de patacas.
Mais de 90% do valor total da aquisição de bens, realizada pela Galaxy Entertainment Group, nos anos 2014 e 2015, veio de empresas criadas em Macau com um valor superior a 85% do total das aquisição em alimentos e bebidas.
Já a Wynn Macau tem vindo a colaborar com as PME locais mesmo antes da sua abertura oficial em 2006. Através do Programa de Parceria para Fornecimento para PME locais, a Wynn providenciou uma lista dos produtos que tem interesse em adquirir em mais de 36 categorias. A companhia tem também organizado bolsas de contacto regulares. Em apenas três meses, desde a primeira bolsa de contacto em Abril e até Junho último, os acordos já abrangiam mais de 200 PME com valores na ordem dos 68 milhões de patacas.
A Melco Crown não divulgou números, mas salientou o cumprimento da sua responsabilidade social, tendo como lema “Envidar os esforços conjuntos para o ganho mútuo resultante da cooperação”. De acordo com os princípios da aquisição da Melco Crown Entertainment, as PME locais poderão ser prioritariamente selecionadas “caso os seus produtos tenham o preço, a qualidade e outras condições idênticos aos de outros fornecedores”.
Por seu lado, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) dá o seu apoio com o objectivo de criar “emprego para os residentes e melhorar a qualidade de vida da população para promover a harmonia social, proporcionar aos visitantes mais opções e manter recordações históricas”. O valor da aquisição local da empresa atinge 80% do seu valor total. A SJM tomou ainda outras medidas para apoiar as PME locais. A título de exemplo a operadora refere a disponibilização do Kam Pek Community Centre às empresas pequenas, para que possam organizar as suas actividades culturais e recreativas. Outra medida que a operadora considera de relevo é a redução e isenção de rendas e melhoramento da forma de pagamento para as PME.

PME satisfeitas

A importância das PME no desenvolvimento económico da região e na criação de postos de trabalho foi ponto assente no evento de ontem. Na RAEM, 90% das empresas registadas são PME, pelo que na opinião do presidente do IPM o investimento por parte dos “grandes” é “sem sombra de dúvida, um forte contributo para o desenvolvimento das mesmas”.
O turismo e lazer é considerado um pilar da economia de Macau e as indústrias do sector têm prestado apoio e colaboração à implementação das respectivas políticas do Governo. No Fórum, o sector apresentou as medidas que apoiam as PME e os casos concretos que permitem aos participantes conhecer detalhadamente os resultados do desenvolvimento comum entre as indústrias de turismo e lazer e as PME. Além de proporcionar às PME locais oportunidades de negócios, o sector ainda ajuda os “mais pequenos” a enriquecer as experiências e aumentar a competitividade.
Exemplo disso é a Broadway, empreendimento da Galaxy. Linda Wong, vice- presidente assistente que tem a cargo o departamento de projectos especiais promovidos pelo grupo, dá a conhecer através da apresentação de um vídeo a situação “vencedor –vencedor” testemunhada por três das empresas que ali detêm o seu negócio.
Sendo todas dedicadas a serviços alimentares, dois dos restaurantes apresentados sublinham que “apesar dos receios contratuais que sentiram no início avançaram para o aluguer de espaço naquela localização integrados no projecto de apoio a PME”. Como tal, o grupo deu início a todo um plano de acção que incluiu formação nas áreas de gestão, marketing, finanças, segurança e higiene que, segundo os proprietários, foi “uma grande mais valia”.
Um dos testemunhos afirma que foi ainda “uma possibilidade de aprender “novas técnicas gastronómicas que possibilitaram a renovação da ementa”. “Os pratos são os tradicionais mas com outro ar”, afirma, são “mais apelativos e logo mais vendáveis”. Já a proprietária de um pequeno quiosque situado no espaço da Broadway dedicado às PME locais e que vende doçaria e pequenos snacks diz satisfeita que “aquele espaço tem como vantagem a animação de rua promovida pela operadora”, sendo que “com animação os clientes são mais e acabam por se rentabilizar melhor o negócio”.

Fruta com sorte

O HM apenas encontrou no evento uma PME local, a Luxury Fruits & Gifts. Os proprietários são marido e mulher que, depois de “se cansarem de trabalhar na indústria do jogo resolveram dar um novo rumo à vida”, como afirmam. A ideia que veio a concretizar-se foi a abertura de uma loja de fruta, que neste momento é fornecedora de um restaurante japonês que integra o espaço do MGM.
Para a esposa, “este tipo de iniciativas são muito importantes. Estavam ali a convite do MGM e também para prestar depoimento no evento acerca do seu sucesso. Para o casal a ajuda dada pelas grandes empresas tem sido muito importante porque representa também “uma oportunidade de aprender e cooperar com as empresas grandes e experientes”, como afirmam ao HM.
Já o marido, em palco, falava das dificuldades que sentiu e como este contrato de venda de produtos ao restaurante do MGM foi um passo importante para o “pulo da pequena empresa” ao mesmo tempo que incentiva os jovens a “arriscar mais nos seus negócios e a procurarem nesta plataforma uma forma de ajuda e trampolim para voos mais altos e seguros”.

Novo alinhamento

O vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Choi Kam Fu, afirmou, na sua intervenção, que “o período de ajustamento económico que Macau está a viver contribui para o acelerar do ritmo de reestruturação industrial e diversificação económica”, lê-se num comunicado. Para a FAOM, as PME locais desempenham um papel importante na promoção da diversificação económica adequada e no constante desenvolvimento económico da região. A Federação acredita ainda que os planos e programas que as indústrias de turismo e lazer lançaram para estreitar a cooperação com as PME locais, são complementares às medidas promovidas pelo Governo sem deixar de referir os tempo que se avizinham: a “inauguração de grandes complexos localizados em Cotai, prevista para o segundo semestre do ano corrente, trará ainda mais oportunidades de negócios às empresas locais”, refere.
Já o professor-adjunto Zhou Jinquan, do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do IPM, salientou também citado em comunicado que “o Fórum para as Indústrias de Turismo e Lazer e a sua Responsabilidade Social que teve o início em Abril do ano corrente despertou a atenção da comunidade de Macau”. Na sequência desta edição com o lema “Apoios às Pequenas e Médias Empresas Locais para o Desenvolvimento Comum” fica a promessa que mais virão com o intuito de “intensificar o intercâmbio do sector do turismo e lazer e que permitirão a residentes e visitantes conhecer os trabalho que o sector tem realizado no cumprimento da sua responsabilidade social bem como os afeitos que daí vêm”. Tudo, pela almejada diversificação económica, desenvolvimento comunitário e pela “caridade pública de Macau”.

10 Ago 2016

Armazém do Boi apresenta caligrafia de Aquino da Silva

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]caligrafia não é uma arte que se resuma às técnicas milenares que pautam a escrita em caracteres. No ocidente o “bem escrever” também é uma mestria e Aquino da Silva vem a Macau apresentar isso mesmo. A “The Renaissance of Pen
and Ink – Exhibition of Calligraphy and Lettering Art” é a exposição que inaugura a 13 de Agosto no Armazém do Boi.
A mostra, dedicada ao renascimento da escrita com caneta e tinta, insere-se no segundo evento do programa New Art People Project 2016 e traz à casa Aquino da Silva e os seus trabalhos e conhecimento.
“Aquino é um dos poucos artistas que utilizam a caligrafia criativa na língua inglesa”, afirma o Armazém do Boi em comunicado de imprensa.
O artista com formação em Design Gráfico é entusiasta da arte de pintar e escrever à mão. Faz parte do seu trabalho explorar as texturas dos diferentes papéis e dos diferentes traços. Após alguns anos de exploração e estudo, Aquino da Silva atribui uma perspectiva comercial à caligrafia atribuindo-lhe uma maior exposição .
Na presente exposição, Aquino da Silva confere à caligrafia uma “nova dimensão”. O artista passa a explorar as combinações da escrita com cerâmica e utensílios do dia a dia, num processo de fusão e criação de instalações em que funde o trabalho da caligrafia com o juntar de peças partidas. O público estará perante uma exposição muito além de uma mostra de palavras em Inglês. Tem à sua frente objectos que ganharam uma nova vida com a aplicação caligráfica.
Para uma melhor preparação, Aquino esteve no Japão, antes de conceber esta exposição, a produzir as suas próprias peças em cerâmica. Chegou também a criar objectos em madeira no pátio do Armazém do Boi.
No seu conjunto, o artista concebeu uma mostra que mistura arte, artesanato e experimentalismo.
Aquino da Silva vai também realizar três workshops nos dias 20 e 21 de Agosto e 4 de Setembro, onde partilhará os seus conhecimentos relativos a conceitos básicos aplicados à caligrafia ou a aplicação de força na arte da escrita. A exposição estará patente até 18 de Setembro e conta com entrada livre.

9 Ago 2016

Acidente de autocarro faz 32 feridos e desaloja residentes

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma mulher em estado crítico e mais duas em estado grave é o balanço de um acidente ocorrido ontem na Rua da Entena. A informação foi dada ontem por Ma Hok Cheung, director do Hospital Kiang Wu, em conferência de imprensa.
A estas vítimas que se encontram na Unidade de Cuidados Intensivos, juntam-se mais seis pessoas hospitalizadas com múltiplas fracturas, sendo no total 30 os feridos que resultaram do acidente. Todos integravam uma excursão que passava em Macau e eram provenientes da China continental.
A chamada que dava conta do acidente, que aconteceu ontem por volta da hora do almoço, chegou aos Bombeiros pelas 14h40, como afirmou Chao Ka Cheong, segundo-comandante.
Um autocarro de turismo desceu a rua sem o condutor lá dentro e chocou com um edifício, mas as causas ainda não foram definitivamente apuradas. Para Wong Chi Fai, segundo-comandante substituto da PSP, e tendo em conta uma primeira investigação, o acidente terá ocorrido porque o travão de mão não funcionou ou poderá não ter sido activado. autocarro_FACEBOOK
Segundo a PSP, o motorista terá saído do veículo por ter sido “alegadamente atingido por um outro nas traseiras do autocarro”. Ao sair, pode não ter levantado o travão de mão, o que fez com que o autocarro começasse a descer a rua tendo acabado por colidir violentamente com um pilar mestre de um prédio.

Sem casa

O prédio em que o autocarro embateu foi de imediato evacuado. Aquando do acidente encontravam-se no edifício dez pessoas. Neste momento, e segundo Li Canfeng, Director dos Serviços de Solos, Obras Públicas Transportes, vai ter lugar uma inspecção ao edifício para averiguar a sua segurança através da monitorização das estruturas.
Esta monitorização está a ser levada a cabo por máquinas até existirem condições de segurança para que possam entrar equipas no terreno. Até lá, as famílias não poderão entrar em casa por razões de segurança, pelo que o Instituto de Acção Social está a disponibilizar alternativas e, até ontem, quatro famílias precisaram de ser acolhidas.
O motorista é local, tem mais de 50 anos e conta com anos de experiência, como afirma a PSP. O autocarro é novo e só começou a ser conduzido a partir deste ano. As vítimas em estado grave receberam a visita do Chefe do Executivo, Chui Sai On, no Hospital Kiang Wu.

9 Ago 2016

Inspecção a infiltrações custa cinco milhões

Foi adjudicada ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau a prestação do serviço de inspecção de infiltração de água nos edifícios por um montante total de 4,9 milhões de patacas. O prazo para os serviços começa em Setembro e finda em Agosto de 2017, de acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial.

9 Ago 2016

Lei Eleitoral | Novo Macau não quer associações a financiar campanhas

A Assembleia Legislativa (AL) analisa hoje a Lei Eleitoral e, ao mesmo tempo, é entregue uma carta por parte da Associação Novo Macau a solicitar um encontro com a comissão que tratará da análise do diploma. Em causa estão os patrocínios à campanha e o montante necessário para se ser candidato

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ai ser entregue hoje no hemiciclo uma carta da Associação Novo Macau (ANM) a solicitar uma reunião com a Comissão que ficará encarregue da análise na especialidade da proposta de Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa. Em dia de discussão do diploma na generalidade, a ANM não quer deixar passar a oportunidade para apontar os aspectos que considera “pouco transparentes”.
Jason Chao, vice-presidente da Associação, criticou ontem os artigos que permitem que associações financiadas por dinheiros públicos possam ser autorizadas a patrocinar campanhas eleitorais, o que, defende, não contribui para a transparência do processo.
A proposta admite que indivíduos e empresas privadas se possam constituir apoiantes de listas candidatas, podendo, desta forma, ter peso e intervenção no que respeita às campanhas eleitorais. Instituições de carácter social, associações ou mesmos bancos podem escolher e realizar apoios eleitorais.
Para a ANM, as associações que são também beneficiárias de dinheiros públicos não deveriam poder, de todo, apoiar campanhas políticas. O motivo é óbvio para Jason Chao, dada a dificuldade em “estabelecer uma linha” que separe os financiamentos públicos e privados às campanhas. Jason Chao diz que estas entidades se deveriam juntar à proibição que também contempla as operadoras de jogo e as empresas de capitais públicos.
“Só devem participar nas acções eleitorais pessoas particulares e sem financiamento público”, afirma Jason Chao. “Infelizmente, esta lei vai legalizar a zona cinzenta de usar os recursos públicos nas campanhas eleitorais. Por isso, a Novo Macau está a propor a inclusão das associações empresariais e de associações que recebem subsídios públicos na lista dos que não têm elegibilidade para o papel de apoiante da campanha eleitoral.”

Outros conflitos

Outro ponto de discórdia está no montante de 25 mil patacas que é solicitado aos interessados para que possam apresentar uma lista às eleições para a Assembleia. Para Jason Chao, numa cultura democrática como a de Macau, que ainda se “apresenta frágil”, o facto de ser pedido um montante, mesmo que pequeno, pode ser inibidor aos interessados com “poucos recursos”.

Voto contra

O deputado Ng Kuok Cheong aforou claramente que hoje votará contra a proposta que estará a votos no hemiciclo. Para o deputado membro da ANM, a revisão feita à Lei Eleitoral “não traz desenvolvimentos democráticos” e, por isso, vai “votar contra”. Ng Kuok Cheong adianta ainda que, na sua opinião, Au Kam San também irá optar pelo mesmo.

9 Ago 2016