Estudantes | GAES assegura estar a “clarificar” situação de vistos com DSI

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) prometer “clarificar” com a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) o alegado caso desta entidade estar a tratar os alunos chineses de instituições de ensino locais como imigrantes ilegais. O Coordenador do GAES, Sou Chio Fai, diz ainda não ter “informações actualizadas” que confirmem esta notícia, mas assegura que o seu Gabinete “vai tomar a iniciativa” de tratar, juntamente com a DSI, de quaisquer queixas que possam surgir por parte de estudantes estrangeiros a frequentar instituições de ensino superior locais.
A notícia foi avançada na edição da passada sexta-feira do jornal Ponto Final, que dava conta de casos de estudantes estrangeiros a quem estavam a ser dadas 24 horas para deixar a região no caso do seu período de permanência ir além daquele a que o seu curso obriga, mesmo com um visto ainda válido. O caso envolve situações de alunos estrangeiros que, após completarem o curso no qual estavam inscritos em Macau, foram obrigados a abandonar o território em 24 horas, sob pena do seu processo ser encaminhado para a DSI.
Esta acção conta ainda com o aval das universidades e do Governo, já que as instituições enviam às autoridades a lista de alunos inscritos que se formaram antes do seu visto caducar. De acordo com resposta do Executivo ao Ponto Final, a prática é comum e tem cobertura legal, já que, explicam, o visto caduca com a finalização do curso. No entanto, o mesmo jornal aponta para o total desconhecimento dos alunos sobre esta norma, não sendo estes notificados com antecedência. Alguns dos alunos ficaram mesmo impedidos de voltar a entrar na RAEM durante um período que pode ir até cinco anos.
Até agora, Sou Chio Fai destaca que o GAES não recebeu qualquer reclamação. “Da parte dos alunos não locais, não recebemos qualquer tipo de queixa”, esclareceu ontem à margem de uma conferência do Instituto de Formação Turística.
Questionado sobre a legalidade de todo o processo, Sou Chio Fai preferiu não comentar. Pelo menos para já. É que, segundo disse, falta esclarecer toda a situação junto das entidades competentes.

Capacidade das universidades

Na semana passada, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Alexis Tam mostrou vontade em atrair mais alunos estrangeiros para instituições de ensino superior locais. O Coordenador do GAES, Sou Chio Fai, anunciou que o Gabinete já pediu a uma instituição um plano sobre esta matéria. “Estamos a encomendar um plano – a médio e a longo prazo – a uma instituição científica sobre o ensino superior de Macau, mas também tem que ver com o número dos alunos. Neste momento, temos um mecanismo em vigor que é eficaz para gerir os alunos que vêm da China”, acrescentou. Sou prevê que o número de alunos pré-universitários possa descer para metade do número actual em 2020. “Segundo as nossas previsões, o número de alunos finalistas das escolas secundárias complementares é de cinco mil a seis mil por ano e vai descer até aos 3500 entre 2020 e 2021, mas depois vai aumentar e isto tem que ver com a taxa de natalidade”, disse o Coordenador.

13 Out 2015

Subsídios de invalidez passam para 7500 e 15 mil patacas

O Executivo actualizou os montantes dos subsídios de invalidez normal e especial para as 7500 e para as 15 mil patacas, respectivamente. O anúncio, publicado em despacho de Boletim Oficial, explica que a decisão foi feita após reunião com a Comissão para os Assuntos de Reabilitação. Este subsídio foi criado com o intuito, refere o Instituto de Acção Social no seu website, de apoiar “os indivíduos e famílias que se encontrem em situação de carência, com vista ao estabelecimento da sua função social”, mas também prestar “assistência técnica e apoio de recursos” a instituições de cuidado particulares.

13 Out 2015

Turismo | Chui Sai On quer junção à cultura

Turismo e cultura combinados para um maior crescimento do sector e mais recursos humanos. É o que defende o Governo, no dia em que abriu o Fórum de Economia Global. O IFT vai ter um papel principal no turismo de Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo, Chui Sai On, defendeu ontem que é preciso “combinar turismo e cultura” para fomentar o crescimento do sector e “desenvolver os recursos humanos”. O líder do Executivo falava na abertura do 4.º Fórum de Economia de Turismo Global, uma cerimónia que terminou com a assinatura de acordos e de um memorando de entendimento com a Organização Mundial de Turismo para o estabelecimento de um Centro Global para Educação e Formação em Turismo em Macau.
“Temos de combinar turismo e cultura para que isso possa trazer maior crescimento ao sector. O turismo hoje dá-nos muitos desafios e oportunidades e temos de agarrar estas oportunidades, no sentido de desenvolver mais os recursos humanos”, afirmou Chui Sai On.
Segundo a informação divulgada à imprensa, “este novo projecto permitirá aprofundar a cooperação entre as partes, providenciar programas de educação e formação, realizar estudos em turismo, bem como oportunidades de estágios para melhorar a qualidade dos recursos humanos de Macau, elevando assim a sua competitividade internacional enquanto destino turístico”.
Na cerimónia de abertura, Chui Sai On sublinhou que “os cidadãos de Macau podem usufruir dos frutos do desenvolvimento que o turismo traz à cidade”, observando que a região “tem a vantagem de [ser governada sob o princípio] ‘Um país, dois sistemas’ e de ter registado um desenvolvimento económico muito rápido”.

Olhar para o futuro

“Tudo isto são boas características para podermos construir um centro de turismo internacional e também uma plataforma de parcerias económicas entre a China e os países de língua portuguesa”, acrescentou, invocando que já “há bastante cooperação” regional e internacional.
Para Chui Sai On, o facto de este fórum ser organizado pela quarta vez em Macau vai permitir “mostrar as vantagens de Macau a promover a cultura diversificada e as trocas internacionais”.
Já Edmundo Ho, antigo chefe do Executivo de Macau e presidente do fórum, sublinhou que o espectro da cooperação foi estendido desde os países que integram a antiga rota marítima da seda até às nações emergentes da América Latina.
“‘Uma faixa, uma rota’ é uma ideia e uma proposta e nós gostaríamos de ver algumas parcerias com os países a nível mundial. Não simplesmente aqueles que estão directamente ligados à rota da seda antiga”, afirmou.
Edmundo Ho referiu-se em particular aos países parceiros desta edição do fórum – os quatro membros da Aliança do Pacífico: Chile, Colômbia, México e Peru, nações com que a China tem vindo a “aumentar as trocas”.
“Esperamos que, ao utilizarmos esta plataforma que é o fórum, possamos ser capazes de promover o turismo entre a China e os países da América Latina e de construir novos interesses para um crescimento ulterior neste sector”, defendeu, apontando o turismo como “o pilar estratégico na economia” chinesa. LUSA/HM

IFT na linha da frente com dois grupos de investigação

O Instituto de Formação Turística (IFT) está a ganhar cada vez mais terreno no mundo da investigação a nível mundial, com a assinatura de um memorando para a criação do Centro Global para a Educação e Formação Turística e o anúncio da criação da Comissão da Aliança Global para a Pesquisa em Turismo (GReAT Alliance, na sigla inglesa).
O Executivo assinou ontem um memorando de entendimento com a Organização Mundial de Turismo da ONU para a criação do referido Centro, no qual o IFT deverá desempenhar o papel principal, segundo a presidente do Instituto, Fanny Vong. “Para já, o IFT é o único que está a colaborar”, informou Vong. “Assim que o Centro foi criado, ambas as partes vão trabalhar conjuntamente para implementar projectos que incluem a realização de programa educativos e de formação, projectos de investigação turística e criação de programas de estágio”, esclarece o IFT. estudantes
A responsável explica ainda que a GReAT Alliance – da responsabilidade do IFT – se vai focar precisamente nisso: em debater os principais problemas da actualidade no mundo do turismo através da criação de uma rede de universidades mundial. Coincidência ou não, a verdade é que GReAT quer dizer “óptimo” em inglês, resultado que Fanny Vong diz esperar do trabalho daqui para a frente desenvolvido. “Já temos o nosso próprio centro de investigação, mas sentimos que não é suficiente para fazer face a vários problemas no sector do Turismo, pelo que precisamos de olhar a nível global, convidando vários outros centros de investigação universitários para criar esta aliança”, esclareceu a líder. Em causa está a discussão de assuntos como Turismo e Paz Mundial, Turismo e Afiliação à pobreza.
A assinatura do primeiro memorando teve lugar durante a manhã de ontem, no Fórum Global de Turismo e o anúncio da criação da GReAT foi feita à tarde, durante a cerimónia de inauguração oficial do seu novo campus, na antiga Universidade de Macau.

Cooperação regional importa, diz Secretário da OMT

O Secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT) disse ontem que “a Ásia é o motor do mundo” e sublinhou a importância do turismo cultural e da cooperação para dinamizar o sector de Macau. “Somos um parceiro comprometido com este fórum. E queremos continuar. É muito importante estarmos aqui convosco por três razões. A primeira é que aqui é a Ásia, é o nosso futuro, o futuro do mundo. De facto, a Ásia é o motor do mundo, daquilo que acontece na direcção certa”, disse Taleb Rifai na abertura do 4.º Fórum de Economia de Turismo Global, que decorre até quarta-feira, em Macau.
“E depois também porque é a China: o futuro da China é o nosso futuro (…) E em terceiro lugar porque é Macau. De facto, Macau é uma história de sucesso dos séculos XX e XXI”, acrescentou.
O 4.º Fórum de Economia de Turismo Global tem como tema “Agarrar as oportunidades de ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, tema que o responsável diz ser muito importante: falta, de facto, ‘Uma faixa, uma rota’ divulgando as novas dinâmicas do turismo global. “O primeiro aspecto é o elemento do turismo cultural e o outro é a cooperação regional. Sem a cooperação regional, [a iniciativa] ‘Uma faixa, uma rota’ não tem grande sentido”, disse.
Taleb Rifai recordou que Macau celebra este ano o décimo aniversário desde a inscrição do centro histórico da cidade como património mundial pela Unesco, salientando que essa distinção “traz oportunidades”, mas também implica “uma maior responsabilidade para encontrar o equilíbrio entre o aumento da procura turística e a preservação” desses locais.
Além de observar a importância de reforçar a conectividade entre as regiões e países da Ásia-Pacífico, Taleb Rifai apelou à facilitação dos vistos para estimular o crescimento económico e a criação de empregos através do turismo.
 

13 Out 2015

IEEM acolhe workshop sobre cidadania e identidade cultural

[dropcap]O[/dropcap] Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) acolhe, entre os dias 5 e 7 de Novembro, um workshop sobre Cidadania e Identidade Cultural, a ter lugar na Livraria do IEEM. Nos dias 5 e 7, a iniciativa acontece das 18h30 às 21h30 e no dia 7, das 9h30 às 12h30, em língua inglesa. O workshop vai custar 1000 patacas com o professor Thomas Meyer, da Universidade alemã de Dortmund. O curso encontra-se dividido em três diferentes módulos, cada um dizendo respeito aos três dias de duração. Entre as matérias abordadas estão Cultura e Sociedade, Religião e Cultura, Níveis de Identidade Cultural, Culturas Abertas, Valores Sócio-Culturais, Conceito de Cidadania, Política da Cultura Democrática, Política Identitária, entre várias outras. O prazo para a entrega de inscrições termina a 28 deste mês e em caso de dúvidas, o IEEM pede que se contacte Beatrice Lam. Os alunos que estiverem presentes em 80% das aulas terão direito a um diploma.

13 Out 2015

BABEL e FRC organizam debate sobre arquitectura municipal

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap] organização cultural BABEL e a Fundação Rui Cunha (FRC) vão organizar um debate às 18h30 da próxima quinta-feira sobre a arquitectura municipal de Macau e que conta com a arquitecta Maria José de Freitas e o artista visual Yves Etienne Sonolet como oradores. Intitulada “Dos edifícios municipais às praças: o Leal Senado como Modelo de gestão e poder local”, a palestra pretende explorar “diferentes estilos arquitectónicos dos edifícios municipais portugueses dos séculos XIV a XVIII” e da época dos Descobrimentos.
“É, pois, neste contexto que será analisado, muito concretamente, o Edifício do Leal Senado e a sua praça”, refere a organização. O Leal Senado é um prédio cuja construção data do século XVI, “altura em que toda a cidade de Macau crescia intramuros”, pelo que será interessante focar o desenvolvimento do território até aos dias de hoje. “Já no século XIX, o crescimento da cidade ultrapassou o limite muralhado, estendendo-se, por um lado, até às Portas do Cerco, fronteira terrestre com a China continental e, por outro lado, construindo-se novos aterros”, adiantam a BABEL e a FRC. BABELcartaz
Maria José de Freitas é uma arquitecta portuguesa radicada em Macau e que tem participado numa série de projectos de restauro e preservação arquitectónica na cidade e em Portugal. A profissional foi ainda galardoada com o prémio ARCASIA, na categoria de renovação arquitectónica em 2002. O francês Yves Etienne Sonolet nasceu em Paris e é mestre em Belas Artes pela universidade de Toulouse. A iniciativa faz parte da Macau Architecture Promenade, um evento levado a cabo pela BABEL e que leva a arte aos cidadãos, espalhando pelas mais variadas zonas da cidade.

12 Out 2015

FIMM | Semana arranca com violinista letão Gidon Kremer

O violinista letão Gidon Kremer estreia-se hoje no CCM num concerto integrado no Festival Internacional de Música de Macau. Kremer traz consigo o Kremerata Baltica, grupo por si formado. Seguem-se os norte-americanos Chanticleer

[dropcap style=’cricle’]O[/dropcap]Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) traz hoje ao grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) o violinista da Letónia Gidon Kremer. No entanto, o artista não vai actuar sozinho, porque traz consigo o grupo que formou em 1997, o Kremerata Baltica.
De acordo com a organização, o músico é “considerado um dos violinistas mais originais e emocionantes da sua geração”, tendo vencido uma série de concursos como o Queen Elisabeth, o Paganini ou o Tchaikovsky. Kremer é igualmente prolífico quando se fala no número de obra publicadas, tendo lançado um total de 120 álbuns originais.
Os Kremerata Baltica são uma orquestra com jovens da Estónia, Letónia e Lituânia. O colectivo deu o seu primeiro concerto no Festival de Música de Câmara Lockenhaus, na Áustria e desde então “são conhecidos pela sua energia e alegria em palco”, explica a organização. O grupo foi fundado com propósitos educacionais com uma visão a longo prazo: por um lado, Kremer pretendia passar a sua mestria aos mais novos e, por outro, ensinar ao mundo que os Países Bálticos também têm música que vale a pena ouvir. fiim_CCM

Uma obra contemporânea

O grupo dedica o seu tempo a obras “contemporâneas de compositores russos e da Europa de Leste”, apresentando em palco obras de Arvo Part, Giya Kancheli, Peteris Vasks, Leonid Desyatnikov, Alexander Raskatov e Meiczyslaw Weinberg. Ao CCM trazem “Máscaras e Rostos”, um concerto pensado para cativar o público pela visão e pela audição. É que o espectáculo consiste numa confluência de cenários contemporâneos através do emprego de elementos multimédia e a interpretação musical de Frates, obra de Arvo Part.
“Reunindo música e artes visuais contemporâneas, a obra expressa-se numa língua altamente emocional que reflecte os nossos tempos políticos conturbados e atitudes sociais actuais”, define a organização. Os bilhetes para este concerto, que começa às 20h00, custam entre 200 e 300 patacas, dependendo do lugar escolhido.

Dias cheios de alma

Terça-feira o mesmo agrupamento volta ao Grande Auditório, desta vez para apresentar “Novas Estações”, com uma série de interpretações de Piazzolla, Vivaldi, Pushkarev e Raskatov. Todo o programa consiste em sinfonia relativa às quatro estações do ano.
“O programa do seu segundo concerto no XXIX FIMM, intitulado Novas Estações, inclui desde novas interpretações de Vivaldi e Piazzolla à estreia asiática do Segundo Concerto para Violino de Philip Glass”, explica o FIMM no seu programa do Festival. Este espectáculo acontece às 20h00 no CCM e os bilhetes custam entre 200 e 300 patacas.
No entanto, as actuações desta semana não acabam por aqui: a noite de quarta-feira é dedicada à música à cappella. Os norte-americanos Chanticleer actuam às 20h00 no Teatro D. Pedro V para cantar e encantar a plateia, com bilhetes que vão das 200 às 250 patacas. O colectivo, composto por 12 membros, foi fundado em 1978 e tem vindo a desenvolver uma série de novos arranjos musicais, passando do género inicialmente preferido de música renascentista para interpretações de jazz e gospel.
“O empenho de longa data do grupo em encomendar e executar obras novas resultou em mais de 90 peças escritas por mais de 70 compositores”, informa a direcção do FIMM. O programa já está definido e chama-se “Acima da Lua”, espectáculo que se dedica a homenagear a música de Nico Muhly, mas inclui também obras de Monteverdi, Mantyjarvi, Porter, Mancini e Elbow. O grupo recebeu, em 1999 e 2002, o prémio de Melhor Pequeno Agrupamento, e de Agrupamento do Ano 2008.

12 Out 2015

Educação | Jovens de Macau dão prioridade a dinheiro e bens materiais por “influência social”

Os jovens de Macau não se assumem como consumistas e materialistas, mas estudos de académicos da RAEHK e da DSEJ dizem o contrário: os valores já não são o que eram e quem está agora na universidade prefere um emprego com boa remuneração a uma carreira de sonho

[dropcap style=’cricle’]É[/dropcap]comum ouvir-se dizer que a sociedade chinesa está, há já alguns anos, imersa numa era de consumismo, onde as pessoas valorizam os bens materiais e o dinheiro acima de qualquer outra coisa. E há estudos que o comprovam – as tradições continuam, certamente, bastante demarcadas no país, mas é aos bens materiais que os mais novos se aliam.
o HM foi tentar perceber se esta tendência também acontece em Macau ou se se cinge somente ao continente. Para os estudantes por nós ouvidos as coisas não são bem assim, mas para a professora do departamento de Comunicação da Universidade Baptista de Hong Kong, Kara Chan, esta é uma realidade já bastante visível. Há ano e meio, Chan publicou um estudo onde explora as diferentes fontes para a aquisição de valores materialistas entre os jovens da RAEM e a pesquisa, que data de final de 2013, mostra que o elemento que mais fomenta o materialismo entre os jovens – entre os 13 e os 20 anos de idade – é a relação entre pais e filhos e colegas de escola. Mas o documento enfatiza ainda uma forte influência da própria cultura.
“A cultura Chinesa coloca muito ênfase na faceta social, pelo que a comparação social de consumo entre amigos é promovida”, refere Chan. Apoiado pelo Instituto Cultural, o estudo “Desenvolvimento de Valores Materialistas entre as Crianças e Adolescentes” determina que a grande maioria dos jovens debate, em conversas corriqueiras, as últimas compras e novidades de conhecidas marcas de roupa e sapatos.
“A troca de experiências de consumo espoleta o desejo de saber se os seus colegas e amigos compraram, ou não, determinados objectos de certas marcas”, informa.

Os valores aqui tão perto

Um dos obstáculos à obtenção de dados honestos foi, de acordo com Chan, o facto do estudo consistir num questionário preenchido pelos alunos: estes sentem a necessidade de fazer com que as suas respostas correspondam à ideia social que se quer fazer passar. Foi precisamente isso que aconteceu com os alunos entrevistados pelo HM: a grande maioria não se perspectiva como consumista, mas admite viver num ambiente escolar do género. estudante educação alunos universidade
O intervalo para almoço varia de escola para escola, mas os jovens de t-shirt branca e calções azuis, do Instituto Salesiano de Macau, enchem as ruas de São Lourenço das 12h00 às 13h00. A meio caminho, o HM encontrou meia dúzia deles – literalmente –, mas só três puseram a vergonha de lado e decidiram dar o seu testemunho. Em causa está a vontade de seguir os estudos numa instituição de ensino superior ou, por outro lado, a preocupação em arranjar um emprego que pague bem ao final do mês.
“Todos queremos ir para a universidade”, declararam, sem hesitações. O primeiro no palanque foi Larry, que admite querer um bom ordenado, mas não sem primeiro estar a fazer o que gosta. “O ideal seria poder juntar as duas coisas”, explica.
A ideia, dizem todos, é ingressar na faculdade. Uns querem o curso de Comunicação e há mesmo quem vejo nos seus docentes um modelo a seguir: “quero estudar para um dia ser professor”, diz-nos Ronaldo. “Quero estudar fora, mas depois voltar para Macau e exercer aqui a minha profissão enquanto professor.”
No que diz respeito ao valor dado ao dinheiro, Larry afirma não dar “grande importância”, pelo que prefere saber que faz o que gosta ao invés de ter um cheque chorudo ao final do mês. Os estudantes, que frequentam os 11º e 12º anos do Instituto Salesiano, afirmam que o dinheiro não traz felicidade, mas dois dos cinco amigos já têm um part-time e usam o ordenado para comprar “coisas na internet”.
A Escola Secundária Estrela do Mar, junto ao Largo do Lilau, é, ao contrário dos Salesianos, mista. À porta estavam Catarina e Leong Iok I, que contam histórias diferentes para um futuro próximo. Ainda o 11º vai a meio e a primeira aluna está certa do que quer: “Quero estudar Medicina fora de Macau”, começa Catarina por dizer. “Não me importo onde tiro a licenciatura, mas o mestrado tem que ser tirado num sítio de renome”, acrescenta. Questionada sobre as suas prioridades, Catarina aponta que prefere um “emprego adequado às suas capacidades do que um que pague bem”.
O estudo de Kara Chan determina que a atitude dos pais face ao consumismo influencia em muito a forma como os jovens perspectivam o futuro e reagem em sociedade. “Uma vez que a comparação social de consumo tem um forte efeito directo no apoio de valores materialistas, os pais e educadores deviam desencorajar as crianças e os jovens a comparar padrões de consumo e bens com os seus amigos”, aponta Chan. Mas os pais de Catarina não se identificam neste padrão… pelo menos não totalmente.
“Os meus pais são liberais nessa matéria, preferem que escolha uma coisa que eu goste, mas também já deixaram a ideia de que seria bom juntar uma boa carreira com um bom ordenado”, adiantou a jovem.

De dentro para fora

“Os jovens de Macau estão, definitivamente, mais materialistas”, começa por dizer ao HM um professor de apelido Au. Especialista em Música e membro de um grupo de aconselhamento juvenil dos Salesianos, Au confessa debater-se frequentemente com este problema.
“Os jovens fazem comparações, entre si, dos bens materiais que têm e isso vê-se nos trabalhos que os professores mandam fazer”, explica. “Entre eles, focam-se muito no dinheiro e olham para os bens materiais como símbolo de riqueza”. O docente vê a sociedade e o ambiente familiar como os principais influenciadores desta tendência. E diz que esta começa a tornar-se visível entre o 8º e o 9º ano.
Questionado sobre a existência de valores sociais entre estes alunos, Au refere que ainda não conseguiu determinar se os jovens seguem algumas destas premissas, como são a preocupação com os mais velhos, a contribuição para a economia do lar, entre outras.
Além de alunos de escolas secundárias, o HM também entrevistou jovens universitários. Célia é estudante de Tradução no Instituto Politécnico de Macau (IPM) e concorda com a tendência de consumismo desenfreado em Macau.
“A maioria dos jovens, incluindo eu, quer ganhar mais dinheiro para gastar em coisas de que realmente gostamos, até porque há quem compre só porque os outros têm também, como casas ou automóveis”, começou por dizer. Célia criticou esta vertente social que, diz, tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos. “Conheço muita gente que age por imitação, por vezes sem pensar no seu próprio poder de compra”, adiantou. “Há mais pessoas a querer frequentar cursos, mas por crerem que dá um certo status quo”, acrescentou a finalista.

Remuneração acima de tudo

Em 2012, num universo de mais de 3100 jovens residentes, nota-se uma clara propensão para priorizar uma alta remuneração e uma carreira estável. Estes dois elementos sobrepõem-se às preocupações com a saúde ou as relações interpessoais. As informações foram publicadas num estudo realizado há dois anos e meio pelo Gabinete Coordenador dos Serviços Sociais Sheng Kung Hui Macau. Embora apenas 2% da população juvenil tenha sido inquirida, os dados não enganam: uma esmagadora maioria destes jovens concorda com a persecução dos estudos – 77,5% – e mais de metade deles concorda que “quando escolhem um emprego, a primeira coisa a ponderar é a remuneração”, um resultado que o Gabinete afirma ser semelhante ao verificado em 2010. Quando questionados acerca das prioridades futuras, uma esmagadora maioria de 84,2% aponta os estudos e uma carreira como o elemento mais importante.
Comparativamente, a vontade de formar família através da contracção do matrimónio parece ter crescido cerca de 5%, com 65,3% dos inquiridos a concordarem com o casamento. O mesmo estudo parece mostrar uma maior confluência entre os valores tradicionais na China e da globalização: assim, junta-se a vontade de esperar para ter relações sexuais depois do casamento, com a de optar por um emprego que pague bem. É que o mesmo estudo mostra um claro aumento nos alvos das despesas destes jovens : cerca de 58,7% e 48,7% dos jovens dão prioridade à compra de acessórios de entretenimento e peças de vestuário.

Um curso no papel

Se se tomar como base as declarações do professor Au e dos dois estudos aqui referidos, pode dizer-se que um curso superior é das etapas mais importantes para os jovens locais, mas nem sempre para seguir à risca as saída profissionais que dita. Isto porque, de acordo com o estudo do Gabinete, a maioria pretende ter uma conta bancária gorda, a desempenhar o trabalho dos seus sonhos sem grandes expectativas salariais. estudantes ensino
Segundo dados fornecidos ao HM pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, o número de novos alunos locais em instituições universitárias pouco cresceu desde há cinco anos. No ano lectivo 2010/2011 estavam 17.300 pessoas inscritas em instituições de ensino superior locais, número que não difere em muito com os 18.600 que deram entrada no ano lectivo passado. A área que mais estudantes junta é a de Comércio e Gestão. Há cinco anos, 16.400 dos mais de 17 mil optaram por esta área. Já o curso mais requisitado é o mestrado em Gestão de Empresas, no qual entraram 4400 alunos na Universidade Cidade de Macau (UCT) em 2010 e outros três mil na Universidade de Ciência e Tecnologia (MUST).
Ao contrário do que se poderia pensar, são estas as duas universidades que lideram o ranking de inscrições, segundo o GAES. Os dados não mostram sequer a Universidade de Macau, que no ano passado estreou o seu novo campus na Ilha da Montanha, prevendo aumentar exponencialmente o seu corpo estudantil.

Ajuda externa

De entre as soluções de Kara Chan para colmatar este problema que considera estar a “crescer progressivamente”, está uma maior atenção dos pais e professores às crianças, de forma a que seja possível moldar-lhes os valores fora do círculo do consumismo e da comparação social. “Os pais e educadores deviam ajudar os jovens a distinguir entre ‘querer’ e ‘precisar’, discutindo com eles como lidar com o seu próprio estatuto social de bens materiais”, aponta a académica de Hong Kong.
A directora do departamento de Comunicações adianta uma outra sugestão interessante, desta vez dirigida ao Governo local. “O Executivo deve dar início a um programa educativo para as crianças de Macau no sentido destas desenvolverem uma atitude saudável em relação ao dinheiro, à gestão financeira e à aquisição de bens materiais”.

12 Out 2015

MGM | Empresa promove iniciativas de parceria com PME locais

[dropcap style=’cricle’]A[/dropcap]MGM pretende criar uma série de parcerias com PME locais, de forma a promover esta indústria. No passado dia 7, a operadora anunciou a organização, juntamente com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e a Câmara do Comércio de Macau, da realização da Sessão de Bolsas de Contacto de Negócios de PME e do MGM, a ter lugar no dia 30 de Novembro. A mesma conferência serviu ainda para discutir o eventual estabelecimento de um Comité de PME com a MGM.
A MGM tem vindo, de acordo com um comunicado, a promover o desenvolvimento de indústrias locais de pequena dimensão, assim “nutrindo e trabalhando com negócios locais emergentes para manter a sua visão de ‘Criar uma Macau Melhor’”, explica a empresa. De acordo com dados oficiais, cerca de 80% das suas compras foram efectuadas com negócios locais de Macau, no sentido de reforçar a expansão dos dois lados: tanto as PME lucram, como a MGM fortalece a sua imagem junto do mercado e expande as suas possibilidades.
De entre as várias áreas de cooperação, a MGM tem-se focado na segurança, limpeza, restauração, iluminação, decoração e mobiliário. As pequenas empresas que mais importam à operadora são aquelas que empregam até 15 funcionários, as que contratam pessoal até aos 45 anos e as que promovem as marcas de Macau. Grant Bowie é um dos primeiros a aplaudir este tipo de iniciativas: “As PME locais são importantes para a economia de Macau e a MGM China tem vindo a desenvolver negócios e relações com PME de Macau desde 2007”, disse o director-executivo da empresa.
Para que o sucesso seja atingido, esclarece, “é preciso que todos trabalhemos conjuntamente” com o Governo e o IPIM. “O sucesso da região será feito pelas pessoas de Macau”, frisou.

Uma bolsa para não esquecer

A bolsa de contacto do próximo mês vai compreender um conjunto de apresentações de empresas locais. Durante a iniciativa, os empresários presentes vão ter dez minutos para apresentar as suas ideias de negócio e os seus produtos. “A empresa também refere que o evento vai fornecer uma lista de itens que vai querer comprar em negócios locais”, informa a MGM em comunicado. No entanto, esta não será uma bolsa única, já que está prevista a realização de uma sessão deste género trimestralmente.
A criação da já referida Comissão vai servir para discutir formas de expandir esta relação entre a gigante do Jogo e os negócios mais pequenos do território. O deputado e presidente da Câmara do Comércio de Macau explicou que a MGM China tem exercido “a sua responsabilidade social” através da promoção de um mercado diversificado. “Ao seu mercado, acrescentaram Micro PME, Marcas de Macau e Jovens Empresários no seu programa de PME, o que permitir expandir as oportunidades oferecidas a estas empresas”, começou por dizer. Isto, refere, é benéfico para a economia local e nutre as pessoas que estão interessadas em desenvolver o mercado empresarial.

Negados problemas com a Dore

De acordo com o jornal Ponto Final, a MGM negou a existência de problemas com a empresa de junkets Dore. A operadora tinha sido acusada como sendo uma das visadas no rombo de milhões de patacas por uma funcionária da Dore, mas aos jornalistas negou que isso tenha acontecido, como aconteceu com uma das salas VIP da empresa na Wynn. “Não tivemos nenhum caso semelhante como o que aconteceu na Wynn. Vamos continuar a seguir a lei para prevenir essas situações”, disse Grant Bowie, director-executivo do MGM.

10 Out 2015

Joana Dillon, licenciada em Gestão Empresarial: “Macau é a minha casa”

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi no restaurante de comida portuguesa e macaense do casal Dillon que o HM se encontrou com Joana, uma jovem local de 27 anos. Em Londres, tirou uma licenciatura em Gestão Empresarial, mas não sem primeiro experimentar o curso de Hotelaria e Gestão na Suíça.
“Era muito aborrecido e percebi que não era aquilo que queria e foi então que mudei para Londres”, começou por dizer. Ainda de tenra idade, não sabe exactamente, como milhares de jovens por esse mundo fora, o que quer fazer no futuro. Entre os serões passados em casa dos pais e de amigos, Joana entretém-se a passear os cães e a ouvir música. Questionada sobre o seu percurso, a jovem confessa ter sempre sentido que Macau simboliza conforto e à vontade. Enfim, tudo aquilo que procuramos quando falamos de um lar. “Macau é a minha casa”, diz sem hesitações.

Por esse mundo fora

Ir para fora sempre esteve nos seus planos, mas não para sempre. É que é com os nossos que mais queremos estar quando o tempo passa pelo corpo e pela alma. Ao contrário de vários residentes locais, viajar é uma das coisas que a licenciada mais gosta de fazer. Nos planos futuros estão caminhadas pela Índia e pelo Egipto, mas os pais temem que ambos sejam territórios “perigosos”. Será, certamente, um assunto a discutir em seio familiar.
Entre uma vida (agora) pacata, Joana ajuda os pais no restaurante, aceitando pedidos nas mesas e fazendo as contas ao final da hora de ponta. O restaurante, mesmo ao pé dos Lagos Nam Van, enche a olhos vistos às horas de almoço e jantar. São os macaenses, portugueses e turistas chineses que mais lucro dão à casa.
A jovem gosta de ajudar a família, mas sabe que não será para sempre. “Estou aqui e de momento não estou a trabalhar, por isso ajudo-os no restaurante, acho que é uma coisa normal”.

Supermercados à maneira

Embora Macau seja o lar de Joana, a licenciada macaense gostou muito da sua experiência na Europa, continente que visita com uma regularidade a que poucos têm acesso. Seja por falta de interesse, posses ou horizontes. No entanto, há uma coisa em particular da qual tem realmente saudades: “Os supermercados europeus são enormes, tão grandes que sou capaz de lá estar a ver produtos durante umas três horas”. Comparativamente, prefere os portugueses e espanhóis aos de Londres ou Suíça. Primeiro, por serem mais perto do centro das cidades, mas também por terem “produtos de qualidade a preços muito acessíveis”. Para Joana, é lamentável que não haja em Macau locais como aqueles. “O único que temos é o New Yaohan e mesmo assim nem é muito grande, só tem um piso e é muito caro”, explica.
A capital inglesa e a Suíça são países nos quais o Inverno é lei e muitas vezes acompanhado de neve. Por contraste, Macau é um território virado ao lado exótico, onde o tempo frio faz das suas, mas que passa quase sem que percebamos. Talvez parte da vontade de sair tivesse sido motivada pela diferença de climas e culturas. Foi graças à frequência do antigo Colégio Canadiano de Macau que Joana hoje em dia fala Inglês fluentemente, a juntar ao Cantonês de língua materna e Mandarim de língua segunda.

A pequenez faz a regra

Não é novidade dizer que Macau se pode tornar um tanto ou quanto claustrofóbico. Tratando-se de um território com pouco mais de 30 quilómetros quadrados, traz em si o espírito de aldeia, onde cada passo é um cumprimento ao transeunte que nos passa ao lado. Nascida em Hong Kong, mas a viver no território desde bebé, Joana não vê as mudanças sofridas na cidade como algo negativo. Antes, como um factor “natural” de qualquer sociedade que se quer evoluída. “Macau é muito pequeno”, explica Joana.
No entanto, aponta que esta característica pode funcionar bem e mal para a sua população. Por um lado, torna-se pouco possível fugir ao efeito de aldeia aqui criado, mas por outro, “sabe bem porque é uma cidade muito familiar, faz-me sentir em casa”.
Por estas paragens, mais especificamente na Universidade de São José, frequentou o curso de Design, mas rapidamente percebeu que “não era aquilo para o qual havia sido talhada”. Neste momento, contenta-se com serões com a família e amigos a descobrir novos nomes da música electrónica e rock mundial e a dar longos passeios na zona das Casas-Museu da Taipa.
“É um dos espaços mais calmos e bonitos da cidade”, diz. “Antigamente, saía muito à noite, mas cansei-me desse tipo de vida e já não consigo achar piada aos bares e discotecas de Macau. Temos pouca escolha e a música não é muito boa”, queixa-se. Quando o intuito é comprar produtos mais internacionais, diz, Hong Kong é a cidade a frequentar. “O ambiente nocturno dos bares, a música, as lojas, os supermercados e os centros comerciais são todos muito maiores e sempre que quero comprar uma coisa específica, é a Hong Kong que vou”, acrescentou.
Para já, Joana desconhece aquilo que o futuro lhe reserva, mas sabe que será certamente sumarento. Entre temporadas na Europa, serões bem passados em família e a falta de supermercados grandes, Joana lá se vai entretendo nesta cidade que considera ser sua. Como é já de todos nós um pouco.

9 Out 2015

SIDA | Registados 25 novos casos. Incidência menor que em 2014

Continuam a surgir novos casos de pessoas infectadas com o VIH, mas há registados menos casos este ano do que em 2014. As relações sexuais continuam a ser a principal via de transmissão e os homens são os mais afectados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de pessoas infectadas com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) registou 25 novos casos entre Janeiro a Setembro deste ano. No entanto, a incidência tem sido menor, já que durante todo o ano 2014 foram registados quase o dobro dos casos, 48. De acordo com declarações de Lam Chong, Secretário-geral da Comissão de Luta Contra a SIDA, à margem de uma cerimónia de entrega de prémios, 18 dos novos casos deste ano dizem respeito ao sexo masculino, enquanto outras sete vítimas são mulheres. “Catorze são residentes de Macau e os restantes são não residentes”, acrescentou o responsável.
A principal via de transmissão foi, como tem sido em anos anteriores, o contacto sexual, com oito dos residentes infectados a declararem terem contraído o VIH através de relações homossexuais.
Não obstante a diminuição em termos anuais, o número de pessoas infectadas continua a crescer a dever-se principalmente ao contacto sexual, por sua vez relacionado com a indústria da prostituição na RAEM. “Cada novo caso que surge é tão importante [como os outros] porque é preciso prestar apoio a estas pessoas durante toda a sua vida”, disse Lam Chong.

Luta premiada

A cerimónia serviu para premiar vários cidadãos que contribuíram, através de criação de campanhas de sensibilização, para a prevenção contra a SIDA e o VIH. De acordo com os números dos Serviços de Saúde (SS), de 1986 a 2000 foram registados 256 casos de pessoas infectadas com VIH ou SIDA, o que demonstra que a taxa anual de contágio não subiu. O mesmo já não acontece em anos seguintes: os dados de 2006 contam 402 casos de infecção desde 1986, concluindo-se que em seis anos o vírus se propagou mais facilmente do que em 15. Isto porque as estatísticas revelam um aumento de 146 de 2000 a 2006.
Olhando para os mesmos valores, é possível perceber que a principal via de transmissão é, desde 1986, o contacto sexual. No entanto, embora as relações entre homem e mulher continuem na linha da frente, tem-se verificado um aumento de casos do vírus contraído através de relações homossexuais. Comparando os valores desde há 29 anos, a tendência também tem vindo a sofrer alterações: é a classe de residentes que mais contrai o vírus e tem SIDA, enquanto os primeiros números indicam uma incidência de 69,4% no grupo de trabalhadores não residentes dos casinos. Na década de 80, um dos poucos casinos erigidos era o Hotel Lisboa, que foi construído em 1970.

8 Out 2015

CTM já reparou cabo que causou problemas de ligação

A Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) já reparou o cabo SEA-ME-WE3 que causou problemas de acesso à internet por ter sofrido uma danificação a 24 de Setembro. A reparação teve lugar entre a meia-noite e as 5h00 de ontem e a CTM assegura que foram tomadas “medidas de contingência para fazer face aos problemas” verificados por vários clientes, ainda que se tenha notado falhas na ligação. O referido cabo está localizado perto de Singapura e afectou as ligações de Shan Tou, Macau, Hong Kong, Singapura, Filipinas e Vietname. Foi ainda enviado um navio com uma equipa de manutenção ao local para verificar o grau de danos causados ao cabo.

8 Out 2015

Função Pública | Mulheres são mais na Administração. Inglês à frente do Português

A tendência é clara: a Administração tem cada vez mais cargos ocupados por mulheres na Administração, ainda que o sexo masculino continue a imperar nas Forças de Segurança. O número de falantes portugueses aumentou, ainda que fique aquém dos que dominam o Inglês

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té Junho deste ano trabalhavam nos serviços públicos de Macau – que englobam a Administração Pública (ADM) e as Forças de Segurança (FSM) – 29 mil pessoas e 16500 eram do sexo masculino. No entanto, a realidade está dividida: na verdade, é apenas nas FSM que os homens imperam, perfazendo uns claros 76,8% do total, enquanto as mulheres ocupam mais de metade dos cargos na Administração, totalizando 52,5% dos funcionários.
O Cantonês e o Mandarim continuam, como esperado, a ser as línguas mais faladas pelos funcionários da ADM. No entanto, e apesar da percentagem de pessoas que falam e escrevem em Português estar a crescer, o Inglês parece ter ultrapassado a segunda língua oficial da RAEM.

Português ganha e perde

Dados reunidos na revista de Recursos Humanos dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) indicam que 4,7% dos trabalhadores tem o Português como língua materna, valor que difere com aqueles funcionários nascidos em Portugal, que é de apenas 1%. Comparando com os dados de 2005, não só o número total de trabalhadores aumentou exponencialmente – dos 18300 então verificados -, como também o rácio entre os sexos feminino e masculino diminuiu. Nestes últimos dez anos foram contratadas mais mulheres do que homens para a Função Pública, especialmente no sector da Administração.
Os dados mostram que 4,7% dos quase 30 mil trabalhadores tem a língua de Camões como materna. A esmagadora maioria – mais de 28 mil pessoas – fala e escreve em Chinês, mas quase metade destes também sabe Português, perfazendo que, no total, cerca de 11400 pessoas falam e escrevem nesta língua. Mas, o Inglês continua a ser a segunda língua mais falada, com mais de 19 mil dos funcionários a saber falá-la e escrevê-la. Em termos de naturalidade, os residentes da RAEM continuam a perfazer uma maioria significativa face aos residentes de outros países. No entanto, 28,7% dos trabalhadores da ADM eram, em Junho passado, provenientes do continente, enquanto apenas 1% nasceu em Portugal.

Técnico superior, precisa-se

Os dados mostram que a função mais requerida pelo Governo na passada década foi de Técnico Superior e os números não enganam: em 2005 estavam em funções 1707 funcionários nesta posição e o valor mais do que duplicou. Até Dezembro de 2014, havia 4918 técnicos superiores. Também a posição de Técnico de Apoio foi altamente requisitada pela Administração, que conta agora com 7874 trabalhadores deste sector, comparando com os pouco mais de 4200 de 2005. O mesmo com a função de operário, que tende a crescer com o passar do tempo, mas não muito. Os valores indicam a existência, em Dezembro passado, de apenas 102 operários ao serviço do Executivo, comparando com os nove existentes há seis anos.
Os números não incluem trabalhadores contratados além-quadro para funções e tarefas específicas, tendência crescente tanto no sector público como no privado. A percentagem de trabalhadores não-residentes (TNR), por exemplo, representa actualmente uma grande fatia no sector laboral da região, mas não são incluídos nos números de pessoal contratado a título permanente.

7 Out 2015

Mando-pop | Studio City traz nove artistas taiwaneses ao território

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]tudio City vai organizar uma espécie de festival de mando-pop, género musical popularizado em Taiwan. Nove estrelas da Formosa vão subir ao palco do novo complexo hoteleiro entre os dias 14 e 28 de Novembro e alguns bilhetes já estão à venda, enquanto outros podem ser adquiridos a partir de dia 16.
Os fãs deste estilo musical poderão ver Show Lo, JJ Lin, A-Lin e Hebe Tien, autores que são considerados estrelas em Taiwan. O Centro de Eventos do Studio City abre assim as hostes com a Série de Música de Taiwan, que consiste na organização de três concertos “electrizantes” por dia. A produção é da responsabilidade de Chen Cheng Chuang, conhecido produtor daquela região. 71015P10T3
“Produzi vários concertos de topo e cerimónias de entrega de prémios, mas é a primeira vez que sou convidado para organizar um concerto tão pormenorizado com um conceito tão único”, explicou. “O primeiro conjunto de concertos, liderado pela minha cantora preferida, Show Lo, caracteriza-se pela extravagância musical e muita dança e ritmo. O segundo, com JJ Lin e A-Lin, vai ser um banquete de romance para os amantes da música e o final trata-se de um concerto de assinatura com música ao vivo de Yoga Lin e Hebe como cabeças de cartaz”, acrescentou o produtor.
O primeiro set de concertos acontece no dia 14 do próximo mês e tem como foco a música hip-hop e R&B, seguindo-se a dupla de JJ Lin e A-Lin junta no palco, a 21 de Novembro. Finalmente, o festival encerra a 28 do mesmo mês, com as estrelas Hebe Tien, Yoga Lin e Janice Yan. A música de Hebe ganhou fama há cinco anos, com êxitos como “Insignificance”, “Love” e “The Most Important Thing in Life”.

7 Out 2015

Lusofonia | Virgem Suta são escolha lusa para festa no fim do mês

Vêm aí os Virgem Suta para representar Portugal e animar o Festival da Lusofonia, quase à porta. O fim de semana de 23 a 25 deste mês promete ser animado, com actividades para todos os gostos e idades, desde insufláveis e passeios de pónei, a concertos ao vivo e barraquinhas com produtos de cada país do mundo lusófono

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]direcção do Festival da Lusofonia escolheu os Virgem Suta para representar Portugal nesta 18ª edição. Durante os dias 23 e 25 deste mês, a zona das Casas-Museu da Taipa volta a encher-se de cores e sabores lusófonos, apresentando gastronomia, cultura, música, costumes e danças de Portugal, Angola, Cabo Verde, Goa, Damão e Diu, S. Tomé e Príncipe, Timor, Macau, Guiné-Bissau, Moçambique e Brasil. O evento vai custar ao Governo 2,4 milhões de patacas. “Poupámos 400 mil patacas comparando com o ano passado, em que gastámos 2,8 milhões”, informou a organização. Prevê-se que lá marquem presença 20 mil pessoas.
Em destaque está a já tradicional organização de passeio de pónei para crianças, mas a população pode esperar mais variedade na zona de restauração e sessões de “música ligeira”, onde artistas de Macau estarão presentes ao longo dos três dias para animar o espaço. É entre as 19h30 e as 21h30 de sexta-feira, sábado e domingo que os 80&tal, Mané Crestejo, Fabrizio Croce e o Grupo de Fado e de Música Popular Portuguesa vão estar num pequeno palco montado para o efeito.
Como em anos anteriores, a Rádio Carmo estará presente no local para ir dando à população as mais recentes novidades e falar sobre os acontecimentos que terão lugar no festival. “Esta rádio será transmitida através de aparelhagem sonora instalada na zona do Carmo, sendo a emissão da responsabilidade de uma equipa de animadores profissionais que farão a locução em Chinês, Português e Inglês”, explicou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na conferência de apresentação do evento, ontem.

Música de todo o mundo

Este ano, a Lusofonia vai compreender actuações do Brasil, de Timor, Portugal, Cabo Verde e vários outros países. Em palco estarão a brasileira Mariene de Castro, o moçambicano Massukos, os Versatyle de Goa, Damão e Diu, Binhan Quimor e Star Candinha da Guiné-Bissau, os Mesô Dance de S. Tomé e Príncipe, o angolano Master Jake, o cabo-verdiano Bitori Nha Bibinha, os timorenses D’Voices Talik Murak e, finalmente, os Virgem Suta, de Portugal. A banda portuguesa de rock é de Beja e foi criada por Jorge Benvinda e Nuno Figueiredo. O primeiro CD do colectivo, de nome homónimo, foi lançado em 2009, e o mais recente álbum, Doce Lar, chegou às prateleiras em 2012. Um dos seus maiores êxitos chama-se “Maria Alice” e já surgiu em telenovelas portuguesas.
Além da música, o Festival apresenta uma série de outras actividades. Entre as barracas de comida e bebida, estará o já conhecido balcão do Brasil, com caipirinhas de fazer fila. Serão ainda organizados torneios de matraquilhos e de futebol de cinco, para o qual os interessados devem inscrever-se. Os torneios de matraquilhos sub15 e acima dos 16 anos dão direito a prémios, com os três primeiros classificados a receber 800, 600 e 400 patacas respectivamente. Estes realizam-se das 19h00 às 22h00 na sexta-feira e das 12h00 às 16h30 de sábado.
No sábado e domingo o espaço encontra-se equipado com um local recreativo infantil, das 15h00 às 18h00, onde serão realizados jogos e workshops para os mais novos. Os passeios equestres, igualmente destinados às crianças, podem ser feitos entre as 15h00 e as 18h00 de sábado e domingo. A actividade é patrocinada pelo Jockey Clube de Macau, que cedeu os animais. Entre a música e os expositores de cada país, há ainda insufláveis para distrair as crianças e um simulador do Grande Prémio no local.

7 Out 2015

Eleições | “Portugal À Frente” vence com 38,5% dos votos, mas sem maioria absoluta

A coligação PAF já negoceia um programa de governo depois de vencer as eleições do passado domingo com 38,5% dos votos. O PS ficou em segundo na corrida, o BE conquista 19 assentos na Assembleia e o partido Pessoas-Animais Natureza tem o seu primeiro deputado parlamentar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]coligação Portugal À Frente (PAF) venceu estas Legislativas com 38,5% dos votos. Mas, ainda sem dados da votação dos círculos Europeu e Fora da Europa, a Coligação vence sem maioria absoluta. O Partido Socialista (PS) de António Costa fica assim em segundo na corrida, com 32,4% dos votos.
“Sendo [o PSD] um partido europeísta (…) está disponível, segundo a regras europeias, para possibilitar que reformas importantes ainda possam ter lugar no nosso país nos próximos anos, com destaque para a reforma da Segurança Social”, afirmou Passos Coelho, líder da Coligação, no seu discurso de vitória.
Em noite eleitoral, Passos Coelho destacou que será rapidamente negociado um “programa de Governo” e mostrou-se aberto para entendimentos com o PS na área de reformas como a da Segurança Social. Já Paulo Portas, parceiro da Coligação de Passos Coelho, prometeu saber “ler e respeitar” a falta de maioria absoluta. O presidente do CDS/PP deixou ainda o aviso à esquerda parlamentar, de que os portugueses não terão confiança numa coligação formada pós-eleições: “Não vale a pena apelar a qualquer insurreição (…) os portugueses não perdoariam que a sua vontade fosse desrespeitada e não compreenderiam que, uma vez apurados os resultados das urnas, se promovesse uma qualquer guerrilha a crédito”, advertiu Portas.
Durante o discurso de vitória, o líder do PAF disse respeitar “profundamente a decisão que os portugueses tomaram”, deixando a promessa de oficializar brevemente um acordo com o CSD de Paulo Portas no sentido de formar Governo.
“E com toda a humildade não deixarei de fazer tudo o que está ao nosso alcance [para cumprir] o desejo inequívoco dos nossos eleitores de poder governar para todos, procurando os compromissos que são indispensáveis para dar estabilidade às políticas de que necessitamos”, destacou. Passos Coelho entra agora no seu segundo mandato.

PS forte, mas não tanto

“Manifestamente, não me vou demitir”. Foi assim que António Costa garantiu que não se iria afastar da liderança do PS. “Ninguém conte connosco para viabilizar a prossecução pela coligação da sua política como se essa política fosse a nossa política e a política dos portugueses. Ninguém conte connosco para sermos só uma maioria do contra, sem condições de formar um governo credível e alternativo ao da direita”, afirmou António Costa, quando questionado pelos jornalistas acerca de uma eventual coligação à esquerda.
O tom da campanha do líder socialista soou, a vários militantes, incoerente. “É que um dia [Costa] falava à Bloco de Esquerda, no outro chamava ao discurso a sua experiência de autarca que sabe fazer pontes. O eleitor moderado confundia-se (ou assustava-se?)”, escreveu Bernardo Ferrão no Expresso de segunda-feira.

Esquerda reforça posição

No rescaldo das eleições, ficam duas novidades na linha da frente: o Bloco de Esquerda (BE) reconquista a popularidade de outrora, voltando à carga em quatro distritos, e o partido Pessoas-Animais Natureza (PAN) elege o seu primeiro deputado desde sempre. André Silva vence pelo partido de esquerda com 1,39% dos votos.
Este foi também um ano em que a esquerda parlamentar ganha uma força sem precedentes. O BE volta em força, com o aumento de oito para 19 deputados na Assembleia Legislativa. Em 2011, o BE perdeu metade da bancada parlamentar, elegendo apenas oito deputados, tendo conseguido 5,17% dos votos. Em quinto lugar nas eleições de há quatro anos, só conseguiu eleger em Lisboa, Porto, Faro, Setúbal e Aveiro. Outra das conquistas expressas por Catarina Martins, líder do partido, foi a estreia do BE pelo círculo eleitoral da Madeira.
Em valores globais, o partido conquistou 558 mil votos. Nas eleições do passado domingo, reconquistou Coimbra, Braga, Santarém e Leiria, tendo conseguido cinco deputados por Lisboa e cinco pelo Porto, duas deputadas por Setúbal e um mandato pela Madeira, Aveiro e Faro. Em termos gerais, o BE teve uma subida significativa nos votos de 2015, somando 10,66% do total, face aos 4% conseguidos em 2011. No Porto, o BE duplicou a votação, tendo direito a mais três deputados do que nas eleições anteriores, e é agora a terceira força política do distrito nortenho.
A taxa de abstenção foi, segundo a imprensa nacional, a maior de sempre, com 43,07% comparando com os 41,9% verificados em 2011.
A imprensa internacional opta, no geral, por apenas referir a vitória da Coligação e explicar que é a primeira vez que um mesmo colectivo partidário é reeleito. Contudo, a imprensa espanhola faz questão de sublinhar o facto dos portugueses terem dado “o aval nas urnas às políticas de austeridade”, validando “o triunfo da Coligação conservadora”.

6 Out 2015

Recenseamento | Desfasamento em número de inscritos é “normal”, diz CNE

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de residentes portugueses recenseados a viver no estrangeiro, divulgado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) portuguesa e pelo Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, é discrepante. No entanto, a CNE afirmou ao HM que a diferença nos valores é “normal” e acontece “em todo o lado”.
O porta-voz da Comissão, João Almeida, dá sentido à celeuma, justificando que pode tudo ser fruto de “uma confusão”. Segundo João Almeida, os cidadãos nacionais residentes no estrangeiro que pretendam recensear-se através do Consulado do local onde vivem podem fazê-lo com outros objectivos que não o de votar nas eleições portuguesas. “Há uma confusão entre os dois sistemas de registo que existem em todas as Embaixadas [e Consulados] do país. Há quem esteja inscrito no Consulado para efeitos de assistência e recepção de informações, mas que não declarou que queria inscrever-se no recenseamento eleitoral e é por isso que a Comissão Nacional de Eleições não tem acesso a todos aqueles inscritos no Consulado, mas sim apenas aos que pretendem votar [nas eleições legislativas]”, esclareceu o porta-voz ao HM. Consulado
“O facto das pessoas não receberem mais o sobrescrito com o boletim não determina o abate ao recenseamento”, garante o responsável. No entanto, alertou, se houver novas eleições para as Legislativas, “continuam a não lhes ser enviados os boletins de voto enquanto não forem ao Consulado actualizar a morada”.
Depois de uma análise rápida à Lei do Recenseamento Eleitoral de 2002, salta à vista o artigo 49º, que determina a cessação do envio de boletim de voto a quem, por duas vezes consecutivas, não levantar o documento eleitoral. No entanto, apenas uma nota do advogado António de Sousa Guedes parece esclarecer os leitores: é que a alínea 2 do referido artigo não determina que os cidadãos deixem de estar recenseados, mas sim apenas impedidos de votar. “No caso de devolução, por duas vezes consecutivas, dos sobrescritos contendo os boletins de voto para eleitores recenseados no estrangeiro, o STAPE cessa oficiosamente o envio de boletins de voto até que o eleitor informe do novo endereço postal”, lê-se no documento.

6 Out 2015

Rádio-Táxis | Concurso público para cem alvarás abre em “breve”

O Governo anunciou finalmente que vai abrir o concurso para cem licenças de rádio-táxis. Quando, ainda não se sabe mas a DSAT garante que vai acontecer em breve

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou que o concurso público para a atribuição de cem alvarás de rádio-táxis está para breve. A autorização foi ontem dada pelo Chefe do Executivo, através de um despacho publicado em Boletim Oficial, e surge depois de, no ano passado, o Governo ter cancelado o contrato com a empresa Vang Iek.
Em comunicado, a DSAT explica que a concessão de cada licença especial deverá durar oito anos e o referido concurso serve para colmatar a falta deste transporte em Macau. “O Governo irá realizar, dentro de curto prazo, o concurso público para a concessão de licença especial [e] será realizado sob a forma de sociedade comercial. Essa licença tem um número não superior a cem alvarás de táxis especiais e a concessão tem um prazo de oito anos”, explica a DSAT em comunicado.
Tudo isto, diz o organismo, surge no seguimento da “caducidade de cem licenças especiais de táxis em 6 de Novembro” do ano passado. A polémica dos rádio-táxis estalou há cerca de dois anos, quando os taxistas destes transportes se queixavam de não ter lucro por falta de popularidade junto dos residentes e, por muitas vezes, serem chamados sem que o cliente ainda lá esteja. Em sentido contrário, o Governo decidiu cancelar o contrato com a Vang Iek por considerar que esta não cumpria os requisitos do contrato. Requisitos que pediam, entre outros, que a companhia tivesse carros para deficientes físicos, que apenas atendesse chamadas telefónicas e que circulasse nas estradas da zona norte.
Cheang Wing Chio, director da Companhia de Rádio-Táxis Vang Iek, disse ontem ao canal chinês da Rádio Macau que só se vai decidir pela candidatura ao concurso quando foram divulgadas mais informações, uma vez que as ontem anunciadas são, disse, “apenas preliminares”.
Para o presidente da Associação Geral dos Proprietários de Táxis, Ieng Sai Hou, os investidores locais “com capacidade” podem ter vontade de se candidatar à atribuição de licenças especiais caso as condições oferecidas sejam razoáveis. Mas, o responsável apela a que as regras de concurso público sejam transparentes, algo que deve ser estipulado através da realização prévia de consultas públicas.
Ieng Sai Hou sugere que estes alvarás devem ser obtidos por pelo menos por duas empresas, as quais devem ser locais. Ieng acrescenta que a concessão deve esclarecer bem a relação laboral entre as empresas concessionárias e os taxistas, criando cláusulas de penalização. A título de exemplo, refere casos de infracção onde o castigo pode ser a retirada das licenças já atribuídas.
Em Maio passado, o Executivo atribuiu 200 novas licenças de táxis pretos, sendo que 230 anteriores veriam a sua licença caducada até ao final deste ano. A estes, vão, agora, juntar-se mais cem. Ontem, contudo, não foi divulgada qualquer data para a realização do concurso, apenas sendo referido que vai acontecer “brevemente”.

6 Out 2015

Yoga Loft | Workshop de estilo de fusão com inscrições abertas

O estúdio Yoga Loft – que, tal como o nome indica, se especializa em aulas de yoga e outros géneros de bem-estar corporal – está a organizar um workshop de Fusion Yoga para acontecer no final do mês, dia 31. Com o custo de 300 patacas, o curso vai das 15h00 às 17h00 e pretende dar a conhecer aos interessados este estilo diferente de yoga. Serão duas as instrutoras, incluindo a proprietária do estúdio, Rita Gonçalves, e Shal Motwani, que também lá lecciona algumas sessões. De acordo com a página de Facebook do workshop, a presente sessão pretende ensinar movimentos corporais básicos através de uma primeira parte de aquecimento, seguida de danças Fusion com muita música à mistura. A banda sonora é inspirada “em tradições Sufi” e o workshop ensina todo o conceito de “vinyasa”, onde “o movimento e a respiração se transformam num só”. Os interessados devem inscrever-se enviando um email para rita@yogaloftmacau.com.

6 Out 2015

Secret Island Party | Festival regressa a 16 de Outubro para três dias de música

A Secret Island Party volta a Hong Kong, num conceito que embora não seja novo, continua a conquistar fãs pelas regiões circundantes. De Macau, sobem aos palcos de uma qualquer praia paradisíaca os DJs Devlar e Ryoma e a banda Concrete/Lotus

[dropcap style=circle’]O[/dropcap]festival de três dias Secret Island Party volta a Hong Kong entre os dias 16 e 18 deste mês para trazer aos fãs de boa música e ambiente exterior mais de uma centena de performances musicais em cinco diferentes palcos. Os artistas de Macau também vão estar presentes, com o palco Once Upon a Boom a acolher a música techno do DJ Devlar às 00h00 de sábado. No dia seguinte, bem cedo, chega a vez do DJ Ryoma subir ao mesmo palco, às 9h00, para ajudar os festivaleiros a acordar com música ambiente e chill out. Já o palco Sunsets abre o final de tarde com os Concrete/Lotus, num concerto também marcado para domingo, às 16h15. O cartaz compreende ainda as bandas The Haywood Sisters, Mouse FX, The Brown Note Collective, Salvaje, 9 Maps, Dr. Eggs, Sushi Robot, PUSH, Boomsma, The Lamma Jazz Quartet e muito mais.
O festival – que este ano tem como tema “Contos de Fada, Folclore e Fábulas” – não tem um estilo musical definido, abrangendo desde electrónica e techno, a sets acústicos, indie, pop e tributos a bandas dos anos 80 e 90.

Muito mais do que música

A Secret Island Party inclui muito mais do que concertos ao vivo: incluídos no bilhete estão workshops de dança e pintura facial, jogos no exterior, sessões de yoga, de massagens e de meditação, entre outras actividades que cultivam a paz de espírito e o aproveitamento do espaço verde.sip
Na sexta-feira, o recinto abre os palcos às 19h00, no sábado às 8h00 e domingo às 7h30. O palco Sunsets oferece duas sessões de meditação seguidas no domingo de manhã, entre as 7h00 e as 8h00. E porque campistas numa ilha deserta sobrevivem mal sem comer, a organização conta com a presença das cadeias Koh Thai, Beef & Liberty, Cali Mex, Flaming Frango, The Candy Stand, CAFE O, Boom Boom Food, Anything But Saladas e L’Ami Cafe Nomad, oferecendo poder de escolha a vegetarianos, amantes de carne ou de massas.
Os bilhetes têm diferentes preços, dependendo do dia preferido, ficando a sexta-feira a 250 dólares de Hong Kong, o sábado a 550 e o domingo a 380 dólares de Hong Kong. O passe para os três dias soma 850 dólares de Hong Kong, valor que sobe mais 200 com o aluguer de uma tenda para dois, se os festivaleiros não trouxerem o seu próprio equipamento. Os lugares para montar a tenda são gratuitos, bem como o acesso a duches.
A maioria das actividades além-concerto estão incluídas no pacote, mas outras não, como as bancas de massagens e a comida. A localização, claro está, é desconhecida, pelo que os festivaleiros devem comparecer no porto de ferries de Central para embarcar na aventura de três dias. Os interessados devem dirigir-se à página de Facebook do evento, que tem disponível toda a informação acerca dos preços, horários e bandas que vão actuar.

5 Out 2015

Vídeo-Mapping | Equipa de Macau vence concurso no Japão

[dropcap style=circle’]A[/dropcap]equipa de Macau Neba Studio venceu o prémio para Melhor Espectáculo de Mapping no concurso internacional Niigata Minatopika, que teve lugar no Japão no final do mês passado. Esta é a quarta edição do espectáculo onde são avaliadas equipas de todo o mundo – incluindo Brasil, Indonésia, México, Roménia ou Alemanha – pela realização de um vídeo de mapping na parede.
Ao prémio concorreram equipas de 15 países com 42 peças de arte, que consistem em vídeos com duração de 60 a 119 minutos. A entrega de prémios teve lugar no passado dia 22 de Setembro e o concurso foi organizado na cidade de Niigata, pela Associação de vídeo mapping do Japão. Foi a primeira vez que uma equipa de Macau participou neste evento, com Casher U, Nico Liu e Grace Wong na produção de vídeo e Kaze Patrício Chan na musical.
O colectivo foi convidado a entrar na próxima edição do Niigata Minatopika, que terá lugar na mesma cidade nipónica. O segundo e terceiro lugares ficam reservados às selecções mexicana e brasileira, com a plateia a escolher a equipa do Japão. O tema deste ano foi “Cruzamento”, que implica a exploração de temas relacionados com Comunicação e Intersecção, incluindo intercâmbio cultural, inclusão racial e comunicação artística. O painel de jurados tinha especialistas do Japão, Indonésia, Coreia e Bélgica e estes primaram pela habilidade na projecção, expressão estética, enquadramento do tema e reacção do público.
“A Neba Studio foi fundada por três designer de multimédia locais e foca-se na animação, projecção, mapping, publicidade e instalação de design interactivo, tendo estabelecido um estúdio no Centro de Design de Macau em 2014”, escreve o Centro de Design de Macau (CDM) em comunicado. De entre os vários projectos no seu currículo estão “Um sonho de luz: 25º Festival de Artes de Macau”, prevendo-se a sua participação no 3º Festival de Luz de Taichung e a realização de um espectáculo de vídeo-mapping organizado pelo CDM. Os custos da viagem da equipa até ao Japão foram cobertos pelo Instituto Cultural e pelos Serviços de Turismo.

5 Out 2015

CTM | Internet novamente afectada

Às 12h16 horas do passado dia 2, a Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) voltou a ter um incidente com o serviço de internet, no mesmo cabo submarino do incidente anterior. Em comunicado, a empresa explica que detectou uma “anomalia na performance” do cabo e que tal pode ter provocado alguns problemas no acesso à internet. “Alguns utilizadores de Macau podem ter sido ligeiramente afectados ao tentar entrar em websites estrangeiros como o YouTube”, explica a CTM. A empresa já veio garantir que foram activadas medidas de contingência, incluindo o redireccionamento da transmissão através de outra rede de telecomunicações, de forma a tornar o tráfego mais fluente e minimizar o impacto sentido pelos clientes. “Após contacto com o Comité de Administração do SMW3 para trabalhos de reparação e substituição de materiais, o serviço foi normalizado às 2h15 horas”, garante a CTM. Este não é, contudo, o primeiro incidente que a CTM tem com cabos e que resulta em falhas no serviço de internet aos cibernautas locais.

5 Out 2015

EPM | Pinturas vão custar quase dez milhões

As obras de renovação de pintura da ala masculina do Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) vão custar cerca de 9,9 milhões de patacas e ficam à responsabilidade da Companhia de Construção San Pou Lei Limitada. Este ano, o Governo vai pagar 2,4 milhões de patacas e os restantes 7,5 milhões de patacas serão pagos em 2016.

5 Out 2015

Jogo | Grupo Neptuno pondera abandonar Macau

O Grupo Neptuno anunciou, num recente relatório, a sua intenção de abandonar o mercado VIP de Macau caso as receitas continuem a descer drasticamente. A culpa, dizem, é da campanha anti-corrupção da China e da desvalorização do yuan

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Grupo Neptuno, que detém várias salas VIP em casinos do território, está a ponderar abandonar o mercado local devido à queda de lucros anuais. A intenção já tinha sido referida anteriormente, mas agora foi feita num anúncio à Bolsa de Hong Kong.
“O Grupo pode optar por não prolongar a sua presença na indústria VIP do Jogo em Macau se a situação não melhorar nos próximos anos (…). A administração enfrenta preocupações graves ao tentar manter um cash flow saudável que possibilite a exploração de outras oportunidades de negócio”, explica a empresa no seu mais recente relatório.
De acordo com a administração, o Grupo Neptuno sofreu um golpe nas receitas de quase 50%. As receitas de Junho de 2014 cifraram-se nos 710,3 milhões de patacas. Este ano e contas feitas, o grupo ficou-se pelos 473,5 milhões.
O documento, que indica os lucros, despesas e prejuízo até Junho passado, destaca que este foi o pior ano desde 2010. “O Grupo poderá considerar a entrada no mercado do empréstimo de dinheiro no sentido de utilizar os recursos financeiros do Grupo de forma efectiva e diversificar a fonte de receitas”, adiantam.
A Neptuno detém salas em vários casinos de Macau, mas tem visto várias das salas a encerraram, bem como mesas. De acordo com os números, foram 27 mesas que o Grupo perdeu só este ano, valor que representa uma queda significativa em termos anuais. “Falando dos nossos investimento nos cinco casinos, os junkets também já diminuíram o seu valor de negócios no Venetian, no Sands Macau, no Grand Lisboa e no Galaxy”, acrescenta o Grupo Neptuno. Inicialmente, detinha um total de 62 mesas.

Campanha que assusta

A campanha anti-corrupção levada a cabo pelo Presidente chinês Xi Jinping é um dos pontos apontados pelo Grupo como causa para estes valores. Isto, a juntar à crise da bolsa chinesa, faz com que o Neptuno assuma uma posição proteccionista relativamente aos próximos passos a dar dentro deste mercado.
“Este ano, as condições do mercado em Macau continuaram a ser desafiantes, em especial quando o impacto das medidas anti-corrupção e as condições de suavização da macroeconomia na China surgiram a partir da segunda metade deste ano financeiro”, explica a administração. Como consequência, dizem, o mercado VIP da empresa “sofreu com a situação macro de tudo isto, fazendo com que todos os investimentos deste ano descessem” abruptamente.
“Os lucros desceram e pensámos que conseguíamos lidar com este ciclo vicioso que tem vindo a devastar a indústria do mercado VIP (…). A desvalorização do yuan e o reajustamento dos movimentos financeiros do Governo vieram agravar as preocupações da indústria”, justifica o Grupo no documento.
Adiante, explicam que caso sejam adoptadas medidas mais restritivas neste mercado, é possível que um impacto negativo no volume de receitas VIP seja “inevitável” devido ao crescente encerramento de salas junkets. “Devemos ter uma atitude simultaneamente céptica e prudente relativamente ao desenvolvimento da indústria do Jogo de Macau neste caminho de recuperação, quando novos casinos inaugurarem em 2016 e as restrições à entrada de cidadãos chineses forem suavizadas”, afirmam.

29 Set 2015

Aurelio Porfiri, compositor e autor, diz não haver competitividade no mundo da cultura

O compositor e director do coro de Santa Rosa de Lima Aurelio Porfiri abandona Macau para ingressar em novos projectos, como investir na sua carreira de edição discográfica. Para trás deixa um coro de “anjos”, mas também várias desilusões

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ete anos depois da sua chegada a Macau, anuncia que vai deixar o território para embarcar em novos projectos. Qual é a principal razão para esta decisão?
Optei por me ir embora, principalmente por não me querer tornar numa pessoa frustrada. Sei que, especialmente para pessoas com a minha experiência e passado, Macau não é um local capaz de oferecer uma carreira profissional no mundo das artes. Vi outras pessoas que já estão frustradas e se sentem “presas” e consegui relacionar-me com a situação delas. Esta é a principal razão: Macau não consegue oferecer-me aquilo que quero e outra das justificações é que sinto que o meu ciclo aqui acabou. Fiz bastante enquanto cá estive, nomeadamente lançamento de vários trabalhos em diversos países. É tempo de abrir um novo capítulo na minha vida.

Há quem diga que essa pequenez de Macau faz com que haja mais oportunidades para os mais talentosos singrarem. Qual é a sua opinião?
Infelizmente, o que acontece é que esse aspecto aqui se reflecte da forma mais negativa. Algumas pessoas disseram-me que se ficasse em Macau, seria sempre considerado o melhor porque não existe competitividade. Mas o problema é precisamente esse. Quero crescer e isso só acontece quando o ambiente é desafiante e quando temos oportunidade para nos superarmos a nós próprios e a terceiros. Se não estivermos perto dos melhores, não crescemos. Aqui não há essa oportunidade, porque é demasiado fácil sermos os melhores.

Em retrospectiva… Quais foram as suas maiores conquistas aqui?
A maior delas todas foi manter-me vivo. Julgo que é uma coisa que se dá como garantida, mas não. Senti-me muitas vezes frustrado e desiludido e não importa com quem, porque acredito que o problema está no tipo de mentalidade. Faz-me rir quando as pessoas dizem que Macau é uma cidade internacional, porque basta viver aqui um dia para perceber que é um sítio com uma mentalidade provinciana. O exemplo mais simples disso é apanhar um táxi: se não soubermos falar um pouco de Chinês, o condutor nunca vai perceber porque não fala Inglês. Mesmo nas clínicas privadas… É preciso mostrarmos onde nos dói e onde os médicos devem procurar, porque também não sabem. Hong Kong e Londres são cidades internacionais, mas Macau não o é e não o digo num tom ofensivo. Assim sendo, toda a gente funciona como de uma vila se tratasse. Os meus pais têm casa numa pequena aldeia italiana e há lá um músico considerado pela população como Beethoven, mas só porque é o único. Isto acontece em Macau.

Em que sentido?
Como não existe nível de comparação, mesmo aqueles que estão abaixo do nível de mediocridade, são considerados muito bons. Quando as pessoas de fora chegam, sentem-se assim presos e começam a lutar contra o sistema. Isto torna a vida dos estrangeiros muito complicada. Por outro lado, posso dizer que ensinar os meus alunos foi das melhores coisas que me aconteceram. São realmente brilhantes e falo de forma enfática, porque sinto que eles são puros, no sentido criativo. E só o são porque são ainda muito novos, porque o sistema social de Macau tende a matar o espírito criativo. O talento de muitos deles está bastante acima de crianças de Singapura ou da China.

Recentemente, houve um maestro de Macau que disse que os locais não tinham capacidade suficiente para ingressar na Orquestra de Macau. Concorda?
Quando as pessoas dizem isso, acredito que estejam a referir-se às academias de música locais. Se os professores, o ensino e a escola não forem boas, como é que os alunos podem singrar? Sem querer puxar a brasa à minha sardinha, a verdade é que o coro de Santa Rosa de Lima, que dirijo, canta como anjos. Isto acontece com muito treino e o problema está no desenvolvimento do potencial que têm à priori, que não acontece porque não têm quem potencie isto. Aqui acontece ao contrário.

De que forma?
As pessoas estrangeiras têm oportunidades profissionais, mas nunca serão inteiramente bem-vindas, parte integrante da comunidade. Seremos sempre “de fora”. A mentalidade é muito semelhante à da China. Perguntaram ao Padre Teixeira porque é que se ia embora de Macau depois de quase 60 anos em Macau, ao que respondeu que não queria ver a cidade morrer. As comunidades chinesa e portuguesa vivem paralelamente. Aurelio Porfiri_GLP_01

Não existe, então, homogeneidade…
Gostava de acreditar nisso, mas não. É uma ideia metafísica, platónica, que seria bonito, mas que nunca aconteceu.

Acredita que o facto dos seus alunos serem brilhantes advém do facto de terem um professor ocidental?
Diria que são bons quando têm um professor muito bom, é assim que as coisas se fazem. Mesmo que tenhamos que lutar contra o sistema, incluindo pais e corpo académico. Sabemos que o universo musical local é muito pobre e os pais nem se interessam pela música que os filhos desenvolvem. Tive sorte, porque tive o apoio da escola, mas tive que lutar muito por determinadas coisas. Provavelmente esta cidade não vai numa direcção positiva de crescimento, mas sim negativa. Não é uma sociedade na qual quero viver, porque que sei as minhas limitações, reconheço que posso ter um mau temperamento enquanto músico e por isso sinto que tenho que evoluir.

A cultura chinesa é conhecida por ter o culto da disciplina e rigor na educação. Também são assim na aprendizagem de música?
A mentalidade europeia prima pela criatividade e a oriental pela disciplina. Veja-se o pianista chinês Lang Lang: na sua autobiografia, fala da severidade com que o pai o obrigava a estudar. Um dia, foi até ao Canadá e ouviu um pianista russo a tocar… Disse que foi quando finalmente se apercebeu do que era realmente a música. Os artistas chineses podem ser tecnicamente muito bons, mas a música ocidental é, como a expressão indica, ocidental, com uma filosofia, teologia, religião e linguagens associadas. Não se pode simplesmente misturar as duas coisas. Se perguntar a alguns dos meus alunos o nome do compositor e a história da peça que estão a tocar, não sabem, porque nunca ninguém lhes ensinou esta parte, só a técnica.

Um outro maestro disse que, devido ao estilo de aprendizagem da música na Ásia, é provável que o Ocidente perca vários talentos da música clássica por causa da incapacidade de concentração no estilo educativo europeu. Concorda?
Em termos de quantidade, talvez seja verdade. Contudo, tenho as minhas reservas relativamente à qualidade destes artistas. A maioria dos melhores artistas de música clássica continua a ser dos EUA ou da Europa. Os poucos chineses que lá estão começaram noutros locais que não na Ásia. O problema é quando se fica no mesmo sítio. Não se evolui. Os melhores compositores de Macau vão embora porque sabem que aqui não conseguem singrar e o problema é pequenez de mentalidade.

Não será possível alterar esta mentalidade?
Penso que não, porque as pessoas estão conscientes do mundo onde vivem e não têm uma posição reactiva, mas sim passiva. Ninguém aqui faz o que deve ser feito.

Falou sobre a diferença entre as culturas da música europeia e oriental. Como é possível ensinar estes dois estilos musicais, sendo um professor ocidental e tendo alunos chineses?
O principal é a confiança. Eles sempre confiaram cegamente em mim e fiquei muito feliz quando, no outro dia, passei por dois alunos meus na rua e disseram-me que tinham estado a acabar de cantar uma peça que lhes tinha ensinado. Isto mostra que consegui chamar a atenção dos alunos e fazê-los sentir-se especiais. Eles gostam da cultura europeia, mas temos é que os manter interessados.

Deu aulas em países ocidentais, nomeadamente Itália. Qual é a grande diferença entre ensinar crianças ocidentais e orientais?
Pela minha experiência, posso dizer que os chineses são certamente mais disciplinados. Em Itália, a sala de aula às vezes assemelhava-se a um campo de guerra, mas julgo que este é o outro lado da moeda. Isto só acontece porque somos mais emocionais e criativos. Por outro lado, isto é também o que potencia que façamos grandes coisas no mundo das artes. Aqui são mais silenciosos, mas temo que isto em parte seja dificuldade de comunicação. Egoisticamente prefiro os mais disciplinados, mas confesso que, em termos de talento e desenvolvimento pessoal, os mais entusiásticos fazem mais sentido.

O Festival Internacional de Música de Macau não deveria englobar mais estilos musicais além da clássica e do jazz?
Julgo que seria interessante, mas a ideia da organização é apresentar trabalhos que possam ter algum impacto real em Macau, uma coisa que chame mesmo a atenção da população local. Não sei quantas pessoas, exactamente, conhecem Placido Domingo em Macau e por isso percebo que a organização prefira fazer algo que chame a atenção. Não sei é se vai mudar os ventos. É um grande evento anual, mas o resto do ano continua tudo igual, seja na educação musical, na oferta de cultura…

Numa entrevista à TDM, referiu-se à música como uma forma de comunicação. O que quis dizer?
Precisamente isso. É uma forma de conhecimento, tão válida como as ciências exactas. Beethoven disse que a música é a forma mais elevada de conhecimento, mas porquê? Porque a música entra, muitas vezes, enquanto substituta das palavras, traduzindo emoções. A música não é uma linguagem conceptual, mas sim imagética e de emoções. O que temos que perceber é que somos precisamente isso: emoções. Se virmos um filme com uma cena de amor muito intensa e a imaginarmos sem a banda sonora, perde grande parte do seu impacto.

Fecha agora este capítulo de Macau. O que vem aí?
Não tenho uma mente fechada e experimento coisas novas se achar que faz sentido. Futuramente, quero desenvolver a minha empresa discográfica, com toda a série online. Depois, é ver o que surge. Tenho tantos livros que quero publicar…

Que publicações tem planeadas?
Tenho mais um para ser publicado já em Outubro, em italiano. É sobre Macau e a minha experiência na Ásia, sobre a mentalidade e nada que ver com aprendizagem da música. Vou continuar também a minha colaboração com o jornal O Clarim, como correspondente a partir de Roma.

29 Set 2015