Leonor Sá Machado Manchete PolíticaTiago Pereira, secretário-coordenador do PS em Macau: “Não queremos promover a emigração” O engenheiro Tiago Pereira foi nomeado secretário-coordenador da secção do Partido Socialista em Macau em Janeiro deste ano. Ao HM, diz concordar com António Costa no regresso dos emigrantes para Portugal que, diz, são dos mais qualificados da História [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omeço por lhe pedir um balanço dos trabalhos desde Janeiro, mês em que assumiu a pasta de secretário-coordenador da secção do PS em Macau. Desde Janeiro, o que procurámos fazer – e que acho que, em certa medida, temos estado a conseguir – foi aumentar e dinamizar a secção. Isto é algo que não foi levado a cabo exclusivamente pelo novo Secretariado da secção, mas sim já planeado anteriormente e sido feito com todos os simpatizantes e militantes. Criámos um blogue, um grupo no Facebook e fazemos, como sempre, jantares e tertúlias onde se juntam todos e que conta com a participação de 25 a 30 pessoas. Sempre que possível temos convidados também. Julgo que temos andado a conseguir atrair a atenção e o interesse das pessoas, que é o principal objectivo, o de dar a conhecer e discutir política portuguesa em Portugal e em Macau. Que planos estão agendados para o futuro do PS de Macau, pós-Legislativas? Esta dinamização não tem sido feita a pensar nas eleições. Queremos continuar a sensibilizar o partido em Portugal e que em princípio tem interesse nos problemas fora de Portugal. Neste caso, nos de Macau, mas também de outras regiões da Ásia. Estamos muito longe de Portugal, mas existe a convicção do PS que tem que ser dada outra atenção às comunidades portugueses residentes no estrangeiro. É preciso dinamizar a política de internacionalização do país e isso ao nível da economia, do desenvolvimento e da promoção e divulgação da marca Portugal. Isso de um ponto de vista global, incluindo Portugal… O programa do PS tem várias coisas relacionadas com isto e falámos precisamente da RTP Internacional, que está no programa. É preciso fazer uma reprogramação completa do canal. Que é uma coisa que tem vindo a ser discutida há vários anos. É urgente, porque a RTP Internacional não está a cumprir, nem de perto, o propósito que tem de, fundamentalmente, prestar serviço às comunidades portuguesas no estrangeiro e promover a marcar de Portugal. Diria que representa muito mal o país? Sim. Claramente, precisa de ser repensada. Estes são os principais objectivos do PS? Não exactamente. No PS de Macau temos vindo a desenvolver contactos com associações e instituições de matriz portuguesa e aproveitámos a vinda da nossa cabeça de lista para fazer avançar estes contactos e promover a mensagem que o PS quer fazer passar a essas associações. Queremos ouvir as comunidades portuguesas no estrangeiro e perceber, da parte delas, o que é que gostariam de ver no Governo português e, ao mesmo tempo, a política que o PS quer implementar no próximo Governo. A secção de Macau quer reunir toda a informação possível e trabalhar com os pontos de ligação em Portugal a quem queremos passar a mensagem. Queremos ainda atrair a participação local dos portugueses em Macau. É este o objectivo, dentro das limitações que temos por sermos uma comunidade estrangeira e termos que respeitar a legislação e Governo locais, que consideramos decisivo. Ainda para mais sabermos o problema que temos da abstenção. Nas últimas eleições foi elevadíssima. Se pensarmos nos jovens que emigraram, teremos o dobro de abstenções nestas eleições. Isso é um problema muito grande, porque tem origem em vários outros. Como por exemplo? Por um lado, podemos falar da descredibilização dos partidos e, por outro, da banalização de ideias comuns, que não são exactamente verdade. Há, por exemplo, aquela ideia muitas vezes promovida de que não vale a pena uma pessoa pensar muito nisso, porque é tudo igual. Como é que seria possível dar a volta a essa situação? Estamos em campanha e isto vai soar a isso mesmo, mas a verdade é que é procurando não fazer promessas sem saber se as conseguimos efectivamente cumprir. Ainda há pouco tempo criticavam António Costa por não fazer promessas e ele disse “eu não gosto de fazer promessas. Pode-se olhar para a Câmara de Lisboa, porque prefiro fazer mais do que aquilo que prometo”. A verdade é que a própria evolução das eleições assim o demonstrou: começou com 29%, depois cerca de 40% e, finalmente, nas últimas eleições, teve maioria absoluta. Ganhou esse capital junto da população reconhecendo esta postura. Por outro lado, o programa eleitoral do PS é dito normal. Lista as propostas do partido, mas depois tem o tal aspecto inovador através do complemento de um estudo do impacto financeiro das propostas que são feitas. Isto provocou a situação caricata da campanha a que estamos a assistir. Que situação? Depois do primeiro debate televisivo, a campanha está centrada no programa do PS. É o único programa que está devidamente estruturado. É preciso procurar ganhar credibilidade, mas mostrando seriedade na forma como se faz política. Este é um trabalho lento e passa muito pela promoção da participação das pessoas. É essa tendência negativa que queremos contrariar. Como é que vê Alzira Silva como cabeça de lista do círculo Fora da Europa do PS? É um enorme prazer trabalhar com a professora Alzira, que conheci pessoalmente há um mês. O círculo Fora da Europa é, obviamente, muito vasto. Estamos a falar de uma política para as comunidades que vão desde o Canadá, passando por Angola e Macau e ter uma cabeça de lista que tenha experiência com comunidades de vários pontos do mundo é uma mais-valia. É uma pessoa com muitos anos de experiência nesta área. Ponderou a hipótese de ser cabeça de lista deste círculo? Não e nem ambicionava fazer parte da lista de candidatos. Fui eleito e isso faz com que seja uma honra ainda maior. Quais foram as principais preocupações que lhe foram transmitidas por cidadãos portugueses residentes em Macau? Esta questão é fácil, porque também sou um. Não há nada que nós, enquanto partido, possamos fazer alguma coisa em relação ao custo de vida e aos preços do imobiliário. Depois é a ligação com Portugal. Muitos novos residentes portugueses em Macau vieram para cá há pouco tempo e pensam qualquer dia voltar, portanto a preocupação com a política não existe. Vivendo em Macau, há um desejo de atraírem a atenção de Portugal, ao nível da instituições respectivas como é o caso do Consulado, mas também de visitas de membros do Governo a Macau. Há algum desejo de ter uma atenção especial porque estamos longe e Macau é uma cidade muito importante para Portugal, tanto cultural como comercial e diplomaticamente. Não queremos ver situações como a que aconteceu no ano passado, com a vinda de Paulo Portas a Macau. Foi um caso extremo, de enorme desrespeito pelas autoridades de Macau. Uma das principais preocupações da comunidade está relacionada com o excesso de tempo de espera na emissão de documentos oficiais, que por sua vez tem que ver com a falta de recursos humanos. O PS tem alguma medida em mente para resolver esta situação? O PS tem um plano geral para a maioria dos serviços consulares e a utilização de plataformas informáticas para melhorar a eficiência dos serviços. Depois há a questão dos próprios funcionários consulares, o que constitui um grande problema. Esta situação acontece só em Macau ou noutros consulados? Não será só aqui, mas duvido que haja um caso tão extremo como o de Macau, dada a receita que o Consulado de Macau gera. Já para não falar nos investimentos brutais que passam por Macau. Isto, contraposto com a subida do nível de vida e com os cortes orçamentais feitos ao Consulado, sem qualquer critério. As coisas não podem ser feitas assim. O PS pretende corrigir situações como a de Macau. Diria então que se trata de um problema do Governo português e não de má gestão do Consulado… Isto é público, até porque toda a gente conhece os cortes orçamentais que foram feitos. O Cônsul-geral já várias vezes veio falar sobre isso. [quote_box_left]“O PS recusa-se terminantemente a aceitar, como este Governo claramente aceita, taxas de desemprego na ordem dos dois dígitos. Não nos conformamos com esta situação, de todo. Isto é o que põe em causa o actual sistema de segurança social”[/quote_box_left] António Costa tem vindo a defender o regresso dos emigrantes portugueses a viver no estrangeiro. Qual é a sua perspectiva sobre esta vontade do candidato? Apoio esta medida. Por um lado, muitos destes emigrantes são jovens altamente qualificados. Há uma questão básica: não queremos promover a emigração, como este Governo fez. Por outro lado, a saída destas pessoas fez com que perdêssemos uma grande massa de trabalhadores. Em Portugal, temos um problema de fundo na nossa economia. Ao contrário do que este Governo pretende dizer – aliás, não diz porque não toca no assunto –, passámos quatro anos a ouvir falar de reformas estruturais nenhum delas foi realmente feita. Que reformas estruturais? Um dos problemas chave da economia portuguesa e que depois está ligado a várias outras coisas, é que é muito baseada na procura interna. Mudar o paradigma da economia do país passa pelo desenvolvimento de mais-valias e por uma mudança sectorial da nossa indústria e nos nossos serviços. Isto implica investimentos na área do desenvolvimento e da investigação no ensino, o que por sua vez exige jovens altamente qualificados. Temos a geração melhor qualificada da história portuguesa e desenvolver o país passa por isso, por empregar estes jovens nesta reforma estrutural da qual precisamos. A forma de ultrapassar a crise e implementar estas reformas passa precisamente por isso: por tomar partido das infra-estruturas que Portugal hoje em dia tem, por tomar partido do capital humano do país e apostas decisivas nestes sectores podem representar mais-valias para a nossa indústria. O regresso dos emigrantes faz parte desta necessidade de reestruturação. E que consequências teve a saída das pessoas para fora? Esta saída massiva de pessoas contribuiu para criar este problema sério que temos com a sustentabilidade de segurança social. O PS recusa-se terminantemente a aceitar, como este Governo claramente aceita, taxas de desemprego na ordem dos dois dígitos. Não nos conformamos com esta situação, de todo. Isto é o que põe em causa o actual sistema de segurança social. Acha que a coligação “Portugal À Frente” não está disposta a alterar esta tendência? É isso mesmo que o programa da coligação mostra. Em vez de combater esta questão, de querer combater a baixa natalidade… É que problema da segurança social põe-se a médio-prazo, não é agora. Em projecções futuras do desemprego do FMI, o desemprego só volta às taxas de 2008, em 2035… Nós não aceitamos isto e temos que mudar o cenário. Se mantivermos as políticas como estão, o actual será o futuro cenário de Portugal. O programa da coligação assume estes cenários e a resposta que encontra é fazer cortes, como o de 600 milhões (de euros), que o PS já assumiu que não vai cumprir. Qual é a natureza das propostas do PS? As propostas do PS são progressivas e que favoreçam a mudança do paradigma económico português, que aposta no emprego e na mudança sectorial da nossa economia. A integração de José Pereira Coutinho no partido “Nós, Cidadãos!” vem colocar Macau no mapa político de Portugal? O PS Macau já disse o que tinha a dizer sobre isto. Quando Pereira Coutinho anunciou a sua intenção de se candidatar, imediatamente emitimos um comunicado em que referimos várias coisas que nos fizeram tomar uma posição. Não queremos discutir porque este assunto ultrapassa a questão das eleições. A candidatura de Pereira Coutinho não é acompanhada por qualquer projecto político. O debate político não entra nesta questão e isto pode ganhar outros contornos, pelo que é algo que não julgo que deva ser discutido neste contexto. É algo que tem sido discutido na comunicação social em Portugal, mas não é posto em termos políticos. Há muita gente que acusa os partidos políticos portugueses de só se preocuparem com Macau de quatro em quatro anos. Como comenta esta questão? Em relação ao PS, acho que essa questão nunca se pôs, porque estamos aqui em Macau, desenvolvendo a actividade cá como sempre fizemos. Simplesmente estamos agora em período de eleições e temos Alzira Silva de visita ao território. Macau nunca foi um local com grande expressão eleitoral, com a Venezuela ou o Canadá a reunirem muito mais votantes. Isto poderá mudar, com o aumento do número de recenseados? Possivelmente sim. À partida, isto fará com que mais gente vá votar.
Leonor Sá Machado SociedadeSS | Distribuídos 24,5 milhões. Mais de 30 grávidas com rastreios gratuitos Os SS gastaram, no segundo trimestre deste ano, mais de 20 milhões de patacas na atribuição de subsídios a associações locais no âmbito da saúde. Entre esta despesa, estão 27,5 mil patacas destinadas à realização de exames de diagnóstico do Síndrome de Down para grávidas residentes, que não conseguiram ser feitos no público [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) distribuíram 24,5 milhões de patacas por várias associações locais no âmbito da saúde. A lista de subsídios atribuídos foi publicada em Boletim Oficial esta quarta-feira e mostra que ao Hospital Kiang Wu foram atribuídas 275 mil patacas na forma de apoio financeiro para a prestação do serviço de análise laboratorial do cancro cervical em mulheres. Só a Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) teve direito a 11,31 milhões de patacas em subsídios para apoio financeiro à Clínica dos Operários. A Associação de Beneficência Tung Sin Tong voltou a arrecadar uma soma elevada de 5,8 milhões de patacas para consultas infantis e de estomatologia. Também a Associação de Estudantes do Instituto de Enfermagem Kiang Wu de Macau teve direito a 11,9 mil patacas para as suas actividades. Este ano, os cuidados de saúde relacionados com a SIDA tiveram uma grande ajuda do Governo, tendo este despendido um montante total de 669,2 mil patacas para um “projecto educativo sobre a SIDA”, que teve lugar em 2014. A Cruz Vermelha conseguiu cerca de um milhão para o transporte de doentes, com a Associação Nova Juventude Chinesa de Macau a arrecadar montante semelhante. Gravidez assegurada Outro dos abonos com significativa expressão foi aquele atribuído às clínicas e hospitais de associações privadas destinado a financiar o rastreio do Síndrome de Down em mulheres grávidas. O Executivo gastou um total de 27,5 mil patacas nos actividades de rastreio a 31 mulheres. Este plano foi anunciado em Janeiro deste ano pelos SS, notícia que surgiu depois de várias pré-mamãs se terem queixado da inexistência deste teste gratuito. De acordo com o manual de cuidados das grávidas do organismo estatal, está em causa a oferta de um exame entre as 10 e as 14 semanas de gestação. Estes exames foram complementados com um teste ao sangue entre as 15 e as 20 semanas, tudo no sentido de perceber se o feto sofre alguma deficiência. “Ambos os exames têm uma taxa de fiabilidade de 70% para o diagnóstico do Síndrome de Down e quando feitos conjuntamente, podem aumentar esta percentagem até aos 86%”, disse o director do Hospital Conde S. Januário, Chan Wai Sin, à data da implementação desta medida. “Ambos serão fornecidos a mulheres grávidas até aos 35 anos e, para mães mais velhas, lançámos um serviço de teste de ADN como alternativa, uma vez que tem uma taxa de fiabilidade ainda maior”, destacou.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaLegislativas | Coutinho diz que erro em boletins de voto não é inocente José Pereira Coutinho, cabeça da lista do círculo Fora da Europa do partido “Nós, Cidadãos!” diz-se indignado com os erros detectados nos envelopes para as Legislativas 2015 enviados para os portugueses no estrangeiro. Acrescenta ser “uma pouca vergonha”, pedindo a interferência do Consulado numa questão que, diz, “não é inocente” [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho mostrou-se ontem indignado com a existência de erros no envio dos boletins de voto destinados aos portugueses no estrangeiro, no âmbito das eleições Legislativas portuguesas. O candidato diz mesmo que este não foi um erro inocente. “É uma pouca vergonha que uma coisa destas aconteça, ainda por cima quando em Macau se vai ter um fim-de-semana prolongado com feriados”, atira o também deputado da Assembleia Legislativa local. Pereira Coutinho diz-se “triste” e pede a intervenção do Consulado Geral de Portugal em Hong Kong e Macau, no sentido de providenciar mesas de voto no local para que a comunidade possa votar. Tal é, no entanto e de acordo com a legislação portuguesa em vigor, proibido. As informações fornecidas no website oficial do Portal do Eleitor são claras: “o direito de voto nesta eleição é exercido por correspondência, via postal, sendo para o efeito a documentação necessária remetida pelo MAI para a morada da residência que consta da sua inscrição no recenseamento eleitoral”. Falam falam, mas… Para o deputado da AL, os erros não foram “inocentes”, mas sim criados para que menos pessoas votem. “Há, inclusivamente, retenção dos votos no país de origem”, denuncia. Pereira Coutinho diz-se “descrente nas instituições” para resolver o problema, referindo-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e aos Correios de Macau. “Isto parece uma brincadeira de crianças”, lamenta o cabeça de lista. Pereira Coutinho acusa o Governo português de falar mais do que faz e fazer promessas que não vê cumpridas. A razão? É que os Correios de Portugal – entidade privada – vieram recentemente notificar a população de que existem erros nos boletins de voto enviados para o estrangeiro, incluindo os círculo Europeu e Fora da Europa. Em causa está a omissão, no endereço de envio no envelope, da palavra “Portugal”, não estando assim indicado o país para onde os documentos devem ser enviados. “Os envelopes não têm Portugal como destinatário, alguns endereços incluem o nome do votante em duplicado e há cartas que nem o boletim de voto trazem”, exemplifica Pereira Coutinho. Até agora, só a omissão de “Portugal” no destinatário foi confirmada pelo MNE, que já enviou uma comunicado formal, prometendo resolver a situação. Neste momento, explica o deputado da AL, o problema é escassez de tempo, uma vez que o próximo fim de semana é prolongado e os Correios de Macau também descansam nestes dias. Pereira Coutinho não poupa críticas ao Governo, dizendo que “é uma grande desilusão as pessoas quererem participar no acto eleitoral” e não ser possível. País que está meio atado Da parte da “Nós, Cidadãos!” pelo círculo Fora da Europa, Pereira Coutinho assegura já ter em marcha uma reclamação escrita dirigida à Comissão de Eleições, mas não fica por aqui: “Não se brinca assim com as pessoas e tem que se ter responsabilidade”. O também presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) critica ainda o Governo pelo envio, “aos pingos”, dos boletins. Pereira Coutinho garante mesmo que ainda não recebeu o seu e o mesmo diz do de Rita Santos. O líder da ATFPM aponta Portugal como um país “que não ata nem desata” para explicar a inércia nestas situações. Soluções, diz não as haver. Pelo menos a título imediato. Em cima da mesa colocou a hipótese de serem colocadas mesas de voto no Consulado, mas esta medida é, como já referido, proibida por lei. Ao HM, deixa a ideia de que o voto por correio “dá espaço a falcatruas e todo o tipo de vícios, defendendo que “o acto de ser presencial”, nos consulados ou embaixadas. Em declarações ao HM, o Cônsul-Geral Vítor Sereno assegura que já foram tomadas medidas para facilitar o envio directo para Portugal do impressos. Assim, todos os subscritos que cheguem aos Correios, devem ser remetidos para aquele país, a pedido do Consulado. O organismo terá também contactado o Governo português para esclarecer a situação.
Leonor Sá Machado EventosVenetian | Fish Leong em concerto romântico [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cantora malaia Fish Leong pisa o palco da Cotai Arena às 20h00 do dia 7 de Novembro, com um repertório de músicas românticas, dado ser conhecido como “a rainha das músicas de amor”. Este aguardado concerto em Macau faz parte da digressão da artista “Your name is Love”, remetendo para a paixão da autora por músicas de amor. Mandopop é o estilo musical que veio popularizar a música popular mandarim. O termo começou a ser usado na década de 80, depois da democratização do Cantopop, que serve para designar um estilo de música tradicional cantonesa, com origem nos conceitos da sociedade consumista e pós-modernista de Hong Kong, mais tarde espalhando-se pelo resto do país. “Enquanto ídolo de Mandopop adorada por milhões, o seu espectáculo promete ser uma delícia para os seus fãs (…) Leong vai tocar alguns dos seus mais conhecidos hits, como são ‘Love Song’, ‘Sadly It’s Not You e ‘Let it Go’”, escreve a organização. No total, a cantora lançou 11 discos preparados em estúdios, tendo iniciado carreira neste mundo em 1999, com o álbum “Grown Up Overnight”. Fish Leong já esteve em Macau, mas é a primeira vez, em três anos, que os seus fãs poderão voltar a vê-la em palco, pelo que esta se prepara para “fazer serenatas” a quem ocupa aquela sala. A plateia terá ainda direito de assistir a um “mágico filme a três dimensões que leva toda a gente numa viagem pelo mar para uma noite memorável de música”. Os bilhetes vão das 280 às 880 patacas e o custo por um lugar VIP cifra-se nas 1280 patacas.
Leonor Sá Machado PolíticaGPDP | Informações à PJ apenas para investigações correntes, diz Vasco Fong Vasco Fong rejeita as acusações da ANM de que o GPDP forneceu informações à PJ. A troca existe, sim, mas no caso de investigações abertas, afirma o coordenador que considera que a lei deve ser revista [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Coordenador do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) Vasco Fong assegura que não foram passadas quaisquer informações confidenciais à Polícia Judiciária (PJ) sem que de uma investigação fizessem parte. A acusação veio da Associação Novo Macau, quando o vice-presidente Jason Chao disse que o GPDP estaria a dar informações ao organismo policial, após um relatório do GPDP ter mostrado que houve autorização para passar às autoridades dados pessoais “sensíveis” e sobre a convicção política, entre outros, de agentes das associações cívicas. “Nessa base de dados não encontrámos qualquer informação sobre a visão mundial, convicção política ou religiosa, porque o que está em causa – quando foi formulado o parecer sobre o pedido da PJ – foi uma chamada de atenção sobre a possibilidade de chegar à conclusão sobre determinada pessoa ou matéria”, esclarece. “Quando for instaurado o inquérito e na fase de recolha de prova, se a entidade encarregada pela investigação achar que precisa de mais informação, pode ter acesso”, disse o líder do Gabinete. O responsável garante, no entanto, que qualquer processo de divulgação de dados é registado em computador. Vasco Fong valida a necessidade de chegar a informações deste género somente quando relacionadas com o caso a ser investigado. Natureza da pessoa Vasco Fong acrescentou que a ideia é saber a natureza da pessoa. “Quem tem acesso àquela base de associações cívicas em Macau, através da natureza do estatuto desta, pode-se chegar à conclusão da natureza da pessoa”, frisou o Coordenador. A base, garantiu, “não contém nenhum desses elementos”. “Suponhamos que uma pessoa pretende constituir uma associação de carácter religioso (…), daí pode-se concluir a convicção religiosa de quem, precisamente, a fundou”, afirmou. Tudo não passou de uma chamada de atenção para apenas uma “eventualidade” da publicação destes dados, diz Vasco Fong, que esclarece a situação: as únicas informações que podem eventualmente ter sido divulgadas à PJ dizem respeito a investigações em curso com provas que requerem a necessidade de mais dados. “Há um desentendimento relativamente a esta situação. O pedido da PJ, na altura, dirigiu-se ao acesso à base de dados sobre associações constituídas em Macau, mas quem tem controlo sobre esta é o DSI, nem é o Gabinete”, diz. O Coordenador falava à margem de um seminário sobre protecção de dados pessoais que teve lugar ontem. Actualizar legislação O Coordenador do GPDP, Vasco Fong defende que a Lei de Protecção dos Dados Pessoais tem que ser revista e actualizada, já que está em vigor “há quase dez anos ou mais”. De acordo com o Coordenador, “estamos a assistir a uma evolução muito rápida desta matéria”. Fong compara com a legislação em vigor na União Europeia. “As coisas mudam de um dia para o outro e falando na realidade de Macau, se se reunirem condições para essa finalidade, penso que é o tempo adequado para fazer a revisão desta legislação”, confirmou o responsável. “Estamos atrasados em relação a determinadas matérias e por isso não se afasta a possibilidade de avançar com um plano de revisão da matéria”, acrescentou Vasco Fong.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteXing Danwen, artista contemporânea, chama a atenção para inversão de valores na China Xing Dawen nasceu na província de Xi’an durante a Revolução Cultural e os seus trabalhos roçam o estilo pós-modernista e comportam uma forte crítica às mudanças sociais que a China tem vindo a sofrer. Exemplo disso são as colecções Duplication ou Urban Fictions. A culpa é não só da globalização, mas também do crescimento acelerado do país, diz Um dos seus trabalhos mais recentes é “Urban Fictions”, uma série composta de fotografias alteradas em computador e que têm como principal elemento maquetes de arquitectura. Como é que a ideia para esta obra surgiu? Antes de mais, é importante perceber as minhas origens. Vim de uma cidade muito antiga na China, em Xi’an. Ao crescer, acabei por me afastar da minha terra natal e mudei-me para Pequim e fora da China, para a Europa. Para mim, assistir à modernização das cidades foi uma experiência única, falo da minha experiência enquanto emigrante de uma província chinesa para uma grande cidade e, mais tarde, para a Europa. Depois da viagem, quando voltei para Pequim, apercebi-me de que a cidade já não era aquilo que eu tinha deixado: uma cidade pequena. Transformou-se num local contemporâneo e foi assim que comecei a ficar muito interessada acerca da mudança e desenvolvimento urbano. Essas mudanças tiveram um grande impacto na minha geração. A ideia em si surgiu a partir da observação do indivíduo e a parte da maquete tem como base a prática das agências imobiliárias chinesas terem o hábito de mostrar, a possíveis clientes, as maquetes dos apartamentos à venda. Às vezes até um andar modelo, de como aquela casa poderia ficar decorada. Tudo isto transmite às pessoas o ideal de vida que ali podia nascer. Mas de que forma representam a sociedade actual? Além das maquetes serem réplicas das construções, têm nomes ocidentais como Upper East Side, SoHo, MoMa, que em Nova Iorque é um museu, mas em Pequim significa ‘riqueza’. Basicamente é desta forma que entram e atraem o mercado. Tem temas específicos que digam respeito não só à vivência em cada um dos apartamentos, mas à própria mudança urbana? À mudança urbana em si, penso que não. É mais acerca da alteração do estilo de vida e da inversão do conceito de valor e daquilo que tem valor na sociedade. A casa no apartamento do SoHo, por exemplo, retrata uma família tipicamente yuppie. O meu objectivo é expor a solidão nesta enorme cidade. Nas fotografias, estão várias figuras pequeninas e várias delas sozinhas. Mesmo as que estão acompanhadas, não têm ligação entre si, mesmo naqueles pequenos apartamentos. Grande parte dos seus trabalhos acontece em suporte fotográfico. Como é que o interesse começou? Enquanto adolescente, estudei Pintura na Academia de Belas Artes de Xi’an, mas não fotografia. Sempre me dediquei à pintura e a fotografia veio depois. Nos seus trabalhos, parece imperar a lógica do ready-made, dos elementos do mundo globalizado. Um dos exemplos é Duplication, uma série com partes do corpo de bonecos. Como é que a ideia surgiu? Essa série começou depois da Disconnection, uma série onde junto peças de computador e questões relacionadas com formas de reciclagem muito primitivas. Este trabalho começou com uma série fotográfica em Cantão. Fui lá várias vezes e percebi que se tratava de um negócio muito grande de reciclagem, com muito lixo diferente. Um dia por acaso descobri a parte dos brinquedos, mas acho que a vontade de criar este projecto já existia antes. De que forma? Tenho-me vindo a aperceber de uma tendência crescente da sociedade actual, que tem a possibilidade de ser tudo o que quiser, de se moldar e transformar. A ideia de nos querermos transformar em algo que não somos tem origem na vontade de ser parte do standard. Tudo isto está relacionado com o conceito de estética que, por sua vez, tem origem no mundo ocidental, no padrão do mundo ocidental. Este tem vindo a influenciar cada vez mais o mercado de consumo oriental, principalmente na China. Tudo tem que ter um nome ocidentalizado, as revistas têm sempre celebridades europeias na capa. As pessoas começam a acreditar que serão mais bem sucedidas se seguirem estes conceitos. Para Duplication, pus-me a pensar na forma como a sociedade está actualmente categorizada, a noção de indivíduo está a desaparecer. Isso quer dizer que a rota conceptual do estilo de vida e de consumo começa no Ocidente e acaba aqui? Sim, exactamente. Uma das coisas que mais me surpreendeu foi o facto de não haver Barbies chinesas: 99% delas são caucasianas e têm olhos azuis, as restantes são africanas, mas não há nenhuma chinesa. Cheguei a ir a uma feira de bonecos, onde é possível ver que todas as encomendas de grandes lojas são de Barbies brancas. Porquê? Parti desta premissa. Sente que as tradições estão a ser postas de lado na China? As pessoas continuam a usar a Medicina Chinesa e a não querer apanhar sol para permanecer com a pele branca… Penso que, ao nível da Medicina, a tradição continua forte. Mas isto é porque reavivar o antigo é a nova tendência. Antigamente, os tecidos sintéticos eram os mais caros, usados só por quem tinha dinheiro e o algodão significava que se era pobre. O mesmo acontece com a alimentação. Quando era criança, era tão caro comer pão branco e o escuro era muito mais barato e posto de lado. Hoje em dia é ao contrário. As prioridades inverteram-se. É muito interessante perceber isto. Os valores foram-se invertendo devido à influência do exterior e outro dos exemplos é o da lã e da seda. Na altura, eram produtos muito baratos, mas hoje em dia encareceram bastante devido à popularidade que ganharam no Ocidente. Existe então um retorno às origens no Ocidente e uma cópia desta tendência na China. Sim, de certa forma. A sociedade chinesa é interessante na fusão que faz do tradicional com o moderno. O Google está banido da China e o único motor de busca que temos é o Baidu. Esta estratégia não faz sentido, porque as pessoas acabam por só ter conhecimento das coisas através de uma fonte altamente filtrada. Os meus tios e primos estariam dispostos a pagar 2000 yuan por uma caxemira e eu pago 300 pela mesma porque sei onde comprar mais barato. A questão está no valor: dá lugar a uma distorção num ambiente realmente controlado. Ou seja, as pessoas conhecem uma realidade que não é a real. Hoje em dia, a sociedade chinesa dá valor ao que custa mais. Em Macau, os supermercados colocam grandes avisos a mostrar quais as embalagens de carne que vêm do estrangeiro e aquelas que vêm da China e as de fora são sempre mais caras. Acho que a China padece de falta de credibilidade. As pessoas estão a começar a perder a confiança e a credibilidade umas nas outras. Perdem-se tradições, cultura e até a alma. Perde-se a alma e deixa de se ter ideologia. E esta tendência deve-se a quê? Julgo que se deve ao crescimento acelerado e deficiente da sociedade. Se todos nós sentirmos mais segurança dada pelo país, acredito que as pessoas podem estabelecer melhores relações pessoais. Mas acredito que é uma fase transitória. Nasceu durante a Revolução Cultural e fez parte da primeira vaga da sub-cultura de artistas de Pequim. Havia, no entanto, uma barreira a todas as pessoas do exterior… E eu era parte da própria cultura como artista. Na década de 90, tinha acabado de me formar na Academia e a cena cultural em Pequim era muito reduzida, com umas cem pessoas. Também me formei numa das melhores academias de arte chinesas e lidava com uma série de artistas que hoje são conhecidos. No final, claro que as minhas ligações e os meus amigos eram todos da mesma origem. Como era viver um pouco à margem de tudo isso e ser parte do início? Éramos um grupo problemático, estávamos sempre metidos em confusões com a polícia. Não éramos bem aceites pela sociedade devido à forma como pensávamos, vivíamos muito à margem, sim. Foram tempos muito difíceis, porque não tínhamos dinheiro e o futuro era incerto, havia ainda muita censura. Tínhamos, contudo, um forte sentimento de paixão e a vontade de ser famosos. Não acha que é, de certa forma, irónico que actualmente Pequim tenha dedicado um único distrito à arte e cultura? A arte contemporânea noutros locais tem, frequentemente, uma forte componente de crítica social ou política, algo que na China é ainda impensável. Antigamente, a comunidade artística era diminuta, éramos uma sub-cultura escondida. Mas hoje em dia democratizou-se. Quando mostro as fotografias da altura aos meus amigos, eles não acreditam, porque não conseguem imaginar aquelas coisas a terem lugar na Pequim de antigamente. Acho positivo que agora haja uma plataforma aberta à cultura, à venda no mercado cultural. Isto desempenha um papel fundamental para a cultura de massas, porque este é o tipo de pessoas que não paga para ir a museus ou galerias. Curiosamente, o Distrito 798 parece um zoo, sempre cheio. E o que quer isto dizer? Que a cultura se democratizou? Sim, como se as pessoas assumissem o nome do MoMa a tudo o que tivesse ‘riqueza’ implícita e não ao museu nova-iorquino. Tudo o que é especial e fashion, é aceite. O 798 está sempre cheio de gente jovem e tem vários turistas, como se fossem fazer compras em grupo num distrito cultural. Tornou-se num ponto turístico essencial. Mas isto é positivo? Julgo que sim, porque é uma forma fácil de dar a conhecer a arte aos mais jovens, só assim é que eles se tornam parte do mundo da arte contemporânea. Esta democratização é inegável. Terá também trazido mais abertura ou ainda há censura? Continua a haver censura, mas ela existe em todo o lado. Mas sente-se livre para fazer os seus trabalhos na mesma? Sim, até porque a censura só se foca em duas coisas: política e pornografia ou sexo. Se os artistas não trouxerem o seu trabalho a público – a maioria prefere ser discreto a esse nível – e se o fizerem na sua privacidade, está tudo bem. Se quiserem expor algo, terão, naturalmente, que ir ao encontro das directrizes governamentais. Prefere expor na Europa ou na China? Deixou de ser importante para mim. O que interessa é que em todos os meus trabalhos consigo detectar as minhas próprias experiências. Estas, por sua vez, tiveram origem no conflito social e cultural no meu país, entre o tradicional e o contemporâneo. De quando voltou da Europa para Pequim… Sim, acredito que todos estes elementos desempenham um papel fundamental em todos os meus trabalhos. E no que toca a Macau. Já cá tinha estado? Sim, no ano passado, através de José Drummond. Faz parte do projecto Influxus, da Babel, como? Através de convite, mas estava nervosa porque não sabia bem que trabalho devia desenvolver no âmbito deste projecto. Devo dizer que me sinto agradecida por fazer parte do Influxus. É um programa que nos permite viajar pelas raízes da cultura portuguesa e foi nesse âmbito que fui ao Porto pela primeira vez. Talvez seja da minha má memória, mas recordo-me da primeira vez que fui a Itália. Em Roma, fiquei com a impressão de que tudo era muito velho e saí de lá com uma impressão negativa do conceito de cidade antiga. Desta vez, no Porto, senti-me bem por estar numa cidade do género. Talvez pelo facto de Roma estar pouco cuidada… Não sei porque não fiquei com vontade de lá voltar. Agora no Porto, as pessoas parecem viver contemporaneamente dentro da cidade antiga. Aí gostava de voltar.
Leonor Sá Machado EventosFIIM | Concertos clássicos a abrir Outubro O FIMM abre as hostes com concertos liderados por maestros locais, de Hong Kong e da China, contando ainda com a presença de nomes internacionais. O clássico é o estilo mais forte no FIIM, que arranca a 4 de Outubro [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]O XXIX Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) tem início no próximo dia 4 de Outubro e abre com concertos de música clássica por maestros locais e da região. Pelas 20h00 do primeiro dia de FIMM, a Orquestra de Macau e o Coro Juvenil apresentam Gustav Mahler – Sinfonia No 3, uma das obras mais extensas da história da música. “Nesta magnum opus, Mahler expressa com mestria o seu profundo afecto pela natureza, pela humanidade e por Deus, celebrando, no final da obra, o estado supremo para o qual Deus e o homem confluem”, explica a organização em comunicado. Esta é a mais longa de todas as sinfonias de Mahler e requer, diz o CCM, uma orquestra de grandes dimensões com mais de cem músicos e quase uma centena de cantoras e um coro infantil. O concerto de abertura conta com a participação da meio-soprano de renome mundial Charlotte Hellekant, que dá voz aos solos da sinfonia, sendo que a Orquestra de Macau é liderada pelo maestro Lü Jia. Integrados no Festival estão ainda dois concertos liderados por maestros da China e de Hong Kong. O primeiro acontece às 20h00 de 6 de Outubro e trata-se de uma performance da Orquestra Chinesa de Hong Kong. O segundo, que pretende ser em jeito de comemoração da vitória na Guerra de Resistência Contra a Agressão Japonesa, terá lugar às 20h00 de dia 15, sendo conduzido por Xian Xinghai e Liu Tianhua. “Apresentando uma série de maestros e solistas de renome, estes são dois concertos que os entusiastas da música tradicional não vão querer perder”, adverte a organização. O concerto da orquestra da RAEHK, intitulado Jing • Qi • Shen, vai contar com música folclórica tradicional, mas também com obras contemporâneas. O maestro principal do colectivo “foi agraciado com o título de Maestro Nacional de 1ª Classe na Primeira Avaliação Profissional da China em 1987”, destaca o Instituto Cultural, entidade responsável pela organização do FIMM. O segundo espectáculo é fruto de uma colaboração musical entre a Orquestra Chinesa de Macau, a Orquestra Chinesa do Grupo de Artes Performativas da Província de Jiangsu, a Orquestra Chinesa Zhonghua de Taiwan e o Ensemble de Música Chinesa de Sopros de Hong Kong. Sob a batuta dos maestros Pang Ka Pang, Wang Aikang, Huang Kuang-Yu e Ho Man-Chuen, as orquestras irão interpretar clássicos como “O Rio Amarelo”, “Noite Bela”, “Cavalos de Guerra Galopantes” e “Canto de Uma Vida de Lazer”. A 30 de Outubro às 20h00 segue-se a ópera Fausto, com a Orquestra de Macau, sob a direcção de Lü Jia, a juntar-se ao Coro Lirico Siciliano e à Lyric Opera of Chicago. “Charles Gounod criou uma fusão extraordinária de melodia sublime, desafio vocal e poder dramático. O drama centra-se num académico desiludido que vende a sua alma ao diabo em troca da juventude e do amor de uma bela rapariga”, explica o CCM. A entrada para cada um dos espectáculos vai das cem às 200 patacas.
Leonor Sá Machado SociedadeEspectáculos de Rua | Artistas apoiam legalização mas com limitações Si Ka Lon quer mais espectáculos pelas ruas desta cidade fora e alguns artistas apoiam a iniciativa, mas há quem prefira que o Governo resolva primeiro outros problemas antes de licenciar quem tem talento na calçada [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon defende a desburocratização dos espectáculos de rua e pede uma legislação que regulamente esta prática. Prova disso é uma interpelação escrita do deputado, pedindo ao Governo que considere esta prática, através de uma legislação que permita a emissão de licenças. A ideia é clarificar e simplificar o sistema em vigor e em jeito de apoio à ideia do deputado está o director do Centro de Design de Macau (CDM), James Chu, e a co-fundadora da Babel, Margarida Saraiva. Esta iniciativa já existe em cidades como Londres, Paris ou Lisboa. No entanto, James Chu adverte para a questão de que Macau precisa de resolver “muitos outros assuntos” antes de dar atenção a esta matéria. Em causa está, por exemplo, a desburocratização dos pedidos para realização de espectáculos. Margarida Saraiva partilha da mesma opinião. “É absolutamente imprescindível que os processos [de aprovação] sejam facilitados”, começa a também curadora por dizer. A Babel está neste momento a organizar um evento que compreende um “conjunto de intervenções no espaço público da cidade” e que passam, naturalmente, por todos os trâmites legais. “Encontrámos muitas dificuldades”, informa a fundadora da organização cultural. Entre eles estão, no caso do aluguer de um espaço, o preenchimento de um formulário e aprovação do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. Muitas vezes, o sistema obriga a que os papéis passem por terceiras entidades, como o Instituto Cultural, as Obras Públicas ou até mesmo os Serviços para os Assuntos de Tráfego. Para a Babel, a par da impossibilidade de ir ao encontro dos preços “completamente incomportáveis” praticados pelas entidades privadas, estão as barreiras governamentais. “A obtenção de licenças para instalar obras de arte são muito complexas”, explica Margarida Saraiva. James Chu não deixa, contudo, de defender os benefícios de uma ideia deste género. “Claro que é bom [para Macau]”, explicou. Ao HM, disse ainda lamentar que os processos de aluguer e aprovação sejam tão lentos e tenham “de passar por tantas entidades” até levarem um carimbo verde. “Há demasiada gente a gerir um só assunto ou problema”, acrescentou o director do CDM. O artista acredita que a cidade não está totalmente preparada para receber esta iniciativa, embora reconheça ser “bastante positiva”, destacando benefícios para as indústrias culturais e criativas. Na rua, mas sem baldas Si Ka Lon pediu ainda que sejam levantadas várias restrições impostas aos artistas de rua, nomeadamente a obrigatoriedade de pagamentos de multas quando detidos a executar uma performance sem pedido prévio. Sobre este assunto, James Chu aponta para uma outra questão: geralmente é o Governo quem contrata artistas para tocar ou expor obras de arte. Este pode, disse, ser um sinal de que a cidade é ainda pouco madura na matéria. Já para o deputado, basta apenas que os actos de artistas locais sejam legalizados, através de uma lei que possibilite a emissão de licenças. Além disso, afirma já ter recebido cartas de vários cidadãos a denunciar a realização de espectáculos ilegais que não passaram pela aprovação do Governo. Esta prática só tem lugar, na sua opinião, devido à existência de “uma zona cinzenta” na legislação actual. Sobre esta questão, Margarida Saraiva sugere ainda a criação de uma licença especial para as associações dedicadas às artes visuais e performativas e justifica a medida pela vontade de “aproximar a arte do cidadão através da utilização do espaço público”. A curadora destaca ainda que “não há nesta utilização qualquer intenção política”. Sensibilização de consciências Questionada sobre se a população local está aberta a este tipo de iniciativa, a fundadora da Babel coloca duas hipóteses em cima da mesma: ou se educa as pessoas a irem a museus e galerias, ou se trazem estas eventos para a rua. “Isto tem a vantagem de abarcar um público muito diversificado, pessoas que à partida não estariam interessadas em arte contemporânea de, quase sem querer, passarem na rua e beneficiarem dessas intervenções”, explica Margarida. Adjacente à realização de actividades no espaço público está a preocupação de criar nas pessoas a motivação para irem mais longe. No fundo, de aguçar o seu interesse. “É de acesso mais fácil e imediato porque [este método] já de si está preparado para popularizar a arte”, esclarece. Para Si Ka Lon, as artes de rua ajudam à tomada de consciência colectiva da sociedade, melhorando a comunicação entre as pessoas. O deputado destaca a arte de rua enquanto elemento crucial do lema de Centro Mundial de Turismo e Lazer e questiona o Governo se será possível ter os exemplos de Taiwan ou Singapura como base. No mesmo documento, o deputado pede ainda ao Governo que repense a questão de abrir mais espaços ao ar para a realização de actividades por associações.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeCaso Dore | Lesados podem seguir para tribunal. Depósitos podem ter sido ilegais A ATFPM pede ao Governo que investigue o caso do roubo de milhões da empresa de junkets Dore. Mais de 60% dos lesados são residentes e há quem se assuma perto da ruína. Pereira Coutinho vai mais longe e pede a responsabilização das concessionárias e a revisão da Lei do Jogo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] escândalo do roubo de milhões de patacas de investidores da uma sala VIP da Dore na Wynn continua a trazer caras novas a público. Desta vez, foi na sede da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) que várias vítimas pediram o seu dinheiro de volta, mas também uma investigação oficial. Para o líder da Associação, esta deve ser levado a cabo pela Autoridade Monetária (AMCM), pelo Governo e pela Polícia Judiciária, na qual já se encontram parte das queixas. Cerca de 66% das vítimas são residentes da RAEM, seja por terem nascido no território ou simplesmente por cá terem investido avultadas quantias na compra de casas ou outro tipo de investimentos. Até ao passado dia 17, a empresa contabilizava uma perda de mais de mil milhões de dólares de Hong Kong, valor contido num comunicado onde a própria Dore se considerava como uma das entidades lesadas. As vítimas – presentes numa conferência na ATFPM na sexta-feira – confirmaram que existem mesmo comprovativos, em papel, das transacções e depósitos efectuados. Sem legislação Indiscutível é o facto destes investidores – alguns deles com três milhões de patacas lá colocados – terem perdido grandes somas de forma repentina e sem aviso prévio. Mas será este tipo de investimento totalmente legal? O HM contactou um jurista do território especialista na área do Jogo e a resposta é clara: “Actualmente, não há qualquer regulamentação desta actividade”. Tal significa, então, que o investimento em salas VIP de empresas de junkets, com sucursais em funcionamento dentro de casinos locais, não é fiscalizado por uma entidade oficial. Assume-se, portanto, que quem investiu do seu bolso – sejam as poupanças de uma vida ou os frutos de uma aposta sortuda – fê-lo por sua conta e risco, sem que qualquer entidade tenha agora a obrigação legal de monitorizar o percurso deste dinheiro. E a culpa é minha? São ainda desconhecidas as percentagens de juro de retorno que os investidores podem receber e o trajecto que estes milhões fazem desde que são depositados em contas da empresa até voltarem ao bolso dos seus proprietários. “As pessoas depositam dinheiro na sala VIP e os junkets utilizam os montantes como ‘cash-flow, que é normalmente utilizado para emprestar aos jogadores e pagar ao casino”, explica o advogado, que não quis ser identificado, contactado pelo HM. A culpa, neste momento, é atribuída a Chao Ioc Mei, ex-contabilista chefe da Dore Entertainment. No entanto, a quem deverá ser atribuída a responsabilidade judicial? De acordo com o jurista, estarão três hipóteses em cima da mesa. “Quem comete o crime é aparentemente a responsável pelo desvio (…). A haver responsabilidade dos junkets e alguma irregularidade por parte destes, não implica, necessariamente, a responsabilização da operadora”, destaca o mesmo especialista. No entanto, acrescenta, “em determinadas circunstâncias, a operadora responde solidariamente”. Isto faz com que a dívida dos junkets “deva também ser imputada à operadora” em questão. Tudo dependerá da infracção em causa, que está ainda por apurar. O HM tentou contactar a Polícia Judiciária, mas tal não foi possível. Uma é pouco, três são demais Pereira Coutinho insiste que também a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) e a MGM têm salas VIP desta empresa nas suas instalações. E todas elas ainda em funcionamento. O HM tentou obter confirmação deste facto junto das duas operadoras, mas desde quinta-feira que nenhuma resposta chegou à redacção. Na passada sexta-feira, estavam na sede da ATFPM cerca de 60 pessoas, quase todas de cara tapada e todas dizendo-se vítimas de roubo de milhões de patacas. Em regime de anonimato, três dos lesados falaram publicamente, pedindo o seu dinheiro de volta. Duas das vítimas – residentes, com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos – queixavam-se de terem investido na Dore as suas poupanças. O homem e mulher, visivelmente indignados, expuseram o seu caso: em causa estavam poupanças de uma vida e até a hipoteca de uma casa. “Em Setembro do ano passado, tirei o dinheiro do banco, hipotecando a minha casa para obter um valor que depositei na sala do Wynn”, confessou uma das mulheres, que perdeu agora três milhões. Em Mandarim, expôs a sua história, contando que usava aquele dinheiro para emprestar a jogadores que vinham do continente. “Este ano, tive vários registos e, a 10 de Setembro, fui lá para tirar o dinheiro e disseram-me que a minha conta não tinha mais dinheiro, pelo que fiquei muito surpreendida e não quis acreditar”, lamentou. Sem mais esclarecimentos por parte da empresa, mostrou-se indignada pelo facto do Governo não fiscalizar estas matérias. “O Governo dá a licença ao Wynn e [a operadora] pode fazer o que quiser?”, questionou. Em seguida foi a vez de um outro lesado falar da sua situação. O idoso investiu 300 mil dólares de Hong Kong na sala Dore do Wynn. “No passado dia 10 fui lá verificar e o montante continua registado, mas não há dinheiro para devolver”, explicou. “O dinheiro faz-me muita falta porque preciso de tratar da minha saúde.” Os intervenientes pedem que os princípios de protecção de propriedade e herança da Lei Básica sejam respeitados. Há ainda quem some perdas até quatro milhões. Um mar de soluções Entre desgraças tantas, Pereira Coutinho sugere que sejam tomadas uma série de medidas. O deputado da AL aproveitou para insistir, uma vez mais, na necessidade da revisão da Lei do Jogo. “Tenho vindo a lutar para que as apostas de Jogo sejam reconhecidas como empréstimo. Muitas salas de Jogo estão endividadas até ao pescoço porque não conseguem cobrar, por via legal, os empréstimos concedidos aos jogadores”, apontou. “Não podemos dizer que o Governo desconhece o que se passa dentro das salas de Jogo”, sublinha Pereira Coutinho. O deputado argumenta que, para efeito do imposto sobre o Jogo e contagens mensais das receitas, o Executivo terá que saber tudo o que se passa nos casinos. O líder da ATFPM alega “irracionalidade” na lógica da cobrança do imposto de Jogo às operadoras, mas um pulso pouco firme na cobrança das dívidas dos junkets. Os lesados presentes na ATFPM asseguram que poderão vir a tomar outras medidas para reaver o dinheiro, entre as quais seguir para tribunal. Pedida transformação de salas VIP em instituições de crédito O deputado Si Ka Lon quer saber se o Governo considera classificar as futuras salas VIP e empresas junket como instituições de crédito de forma a facilitar a supervisão destes locais. O deputado pede ainda que sejam emitidas licenças para os colaboradores dos promotores de jogo. Numa interpelação escrita, Si Ka Lon faz uso do caso de desvio de mil milhões de dólares de Hong Kong por uma contabilista da empresa Dore para dizer que se deveria ajustar o sector. Para o deputado, as salas VIP contribuíram muito para o desenvolvimento da indústria de Jogo, mas, devido ao ajustamento do sector, os problemas de “angariar capital através da oferta de juros altos” e “a dificuldade em recuperar os empréstimos oferecidos pelos colaboradores de promotores” tem-se demonstrado cada vez mais. O número três de Chan Meng Kam considera que o Governo necessita de consolidar a supervisão das salas VIP aproveitando a revisão das licenças de Jogo que agora está a ser levada a cabo. O deputado quer saber como é que o Executivo vai ajudar as vítimas do caso Dore a recuperar o dinheiro investido nas salas VIP e diz que considerar transformar as empresas junket em instituições de crédito, poderá proteger o investimento dos residentes de melhor forma, uma vez que funcionaria como forma de depósito num banco. Além disso, como actualmente existem colaboradores de promotores de Jogo a oferecer empréstimos e a receber comissões, o deputado questiona se o Governo vai rever o Regime de Jogo de forma a emitir licenças e exigir tributação destes. DICJ identifica ilegalidades e colabora com PJ Depois dos lesados da Dore terem pedido ao Governo para dar a cara e falar sobre o caso, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) lançou um comunicado onde assegura que a recolha de dinheiro pela empresa promotora de jogo é ilegal. “De acordo com o Regime Jurídico de Sistema Financeiro, só as instituições de crédito regularmente constituídas e autorizadas nos termos do mesmo diploma ou em legislação especial podem exercer uma actividade que compreenda a recepção, do público, de depósitos ou outros fundos reembolsáveis”, começa por apontar o organismo. Ainda assim, pouco ou nada haverá a fazer face ao dinheiro perdido pelos lesados. É que, como diz a DICJ, a “angariação de fundos” através da contrapartida “de se tornar sócio de um promotor de jogo” deve ser feita por uma entidade que submeta à DICJ um formulário que comprove a sua idoneidade e dos seus sócios. “Ou seja, qualquer sócio ou administrador que não tenha sido sujeito ao processo de verificação de idoneidade realizado pelo Governo não será reconhecido legalmente”, explica o organismo. A DICJ afirma que vai colaborar com a Polícia Judiciária, ainda que “dentro das suas competências”. O organismo liderado por Manuel Joaquim das Neves assegura ainda que a PJ já está a investigar. J.F.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaAR | Coutinho diz ter sido pressionado por “grande partido” para não se candidatar Pereira Coutinho diz ter sido pressionado por um “grande partido” português para não se candidatar a deputado pela Assembleia da República lusa. O líder da ATFPM não revela nomes, mas lamenta a “muita ignorância” que existe em Portugal [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado da Assembleia Legislativa (AL) José Pereira Coutinho, que agora se encontra na lista “Nós, Cidadãos!” para as Legislativas na Assembleia da República (AR) portuguesa, diz ter sido pressionado por um “grande partido” luso para não se candidatar. “Houve um alto dirigente de um dos maiores partidos políticos [portugueses] que nos disse que se desistíssemos destas eleições, viria cá antes de 4 de Outubro”, começou o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau por dizer. “Por várias vezes, até disse que iria ser uma das pessoas mais importantes dentro do partido e assumir funções de responsabilidade governativa, que nunca se sabe as voltas que o mundo dá. Foi uma forma de dizer ‘pensem duas vezes, porque candidatarem-se pode prejudicar a vossa vida política no futuro”, acrescentou. O responsável preferiu manter o anonimato do líder português, mas sublinha haver, em Portugal, “muita ignorância” da parte da classe política sobre Macau e a vida na região. “Têm realmente uma visão errada de quem somos e daquilo que estamos a fazer aqui”, destacou. O presidente da ATFPM lamenta ainda que haja “muita gente em Portugal que não faz a mínima ideia do que é a comunidade portuguesa” do território. “A ignorância é de tal modo que as pessoas pensam que estas atitudes e comportamentos levam a melhor (…). Talvez isto funcione em Portugal, onde as pessoas nunca sabem quando vão precisar dos políticos para um tacho ou um ‘job for the boys’”, ironizou Pereira Coutinho. O deputado afasta qualquer relação com a referida figura política, dizendo que a sua lista “não precisa disto”. Campanha à vista A campanha de Pereira Coutinho tem início oficial no próximo dia 20 de Setembro e prolonga-se até 2 de Outubro. Só a partir de hoje é que a equipa pode começar a enviar os formulários para casa dos residentes recenseados, incluindo o boletim de voto. Questionado sobre as previsões para as Legislativas, o líder da ATFPM afirma que “já ganhou” pelo simples facto de ter conseguido integrar a lista portuguesa. “Aqui nesta zona [do mundo] passamos despercebidos e já é muito bom termos oportunidade para participar”, justificou. Pereira Coutinho sublinhou que respeita a lei e por isso só começará a fazer campanha esta semana, mas reforça que a angariação de adeptos é feita “desde 2003”, ano em que se tornou figura activa no Conselho das Comunidades Portuguesas. “Faço campanha todos os dias”, acrescentou. As declarações foram feitas na passada sexta-feira, depois da conferência da ATFPM acerca do caso Dore.
Leonor Sá Machado EventosMAM | Exposição de cartazes de Guan Huinong até Novembro São cartazes históricos que mostram uma das formas mais comuns de publicidade da China. Estão, agora, em exposição no MAM [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Museu de Arte de Macau (MAM) inaugurou na passada sexta-feira uma mostra de ilustrações de calendários antigos da autoria de Guan Huinong. A galeria está aberta das 10h00 às 19h00 de terça-feira a domingo e a entrada custa cinco patacas. As 40 peças em exposição foram doadas pela família deste artista chinês, que dominava, de acordo com comunicado do MAM, “a mestria da pincelada, traço e palete”, estando os originais com estas características mais vivas do que as suas versões impressas. “Alguns dos originais são mostrados ao lado do correspondente cartaz impresso, para o público poder apreciar as diferenças e a relação entre as fases de pré e pós-produção deste tipo de ilustrações”, informa a organização. O chamado “calendário-cartaz” foi, durante o século XX na China, uma das formas mais comuns de publicidade, divulgando produtos de consumo e que comummente mostravam mulheres jovens da classe alta em ambientes urbanos modernos. Os exemplares agora nas mãos e ao cuidado do MAM servem para datar uma época histórica em que o país assistiu a uma forte evolução, com grande influência do mundo ocidental. “[As obras providenciam] informação essencial para compreendermos hoje o panorama social, estilos de vida, tendências e produtos de consumo dominantes no início do século XX”, acrescenta o MAM no comunicado. Publicidade desenhada O artista Guan Huinong nasceu em 1878 e morreu em 1956, em Xiqiao, cidade na província de Guangdong e ficou conhecido pelas sua mestria na área da ilustração. No entanto, o talento parece ser hereditário, uma vez que já o seu bisavô, Guan Zuolin, ficou igualmente famoso em Cantão, no século XIX. “Huinong nasceu no seio de uma família conhecedora de pintura ocidental e por isso cedo se familiarizou com a utilização da perspectiva e da luz e sombra como elementos de composição”, explica a organização. O autor estudou Pintura com o mestre Ju Lian, da escola de Lingnan. Foi com base na fusão das culturas ocidental e oriental que Huinong começou a aperfeiçoar a sua técnica de pintura nas ilustrações de calendários. As personagens neles integrados são maioritariamente mulheres jovens e femininas, com aspecto sofisticado e moderno. Reconhecidas ficaram algumas das suas obras, como é o caso de “Duas Jovens”, usado para publicitar a marca de cosméticos chinesa, Kwong Sang Hong Limitada. A mostra sai de cena a 8 de Novembro.
Leonor Sá Machado PolíticaTurismo | Roteiros “Passo-a-Passo” podem desaparecer [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s roteiros de excursões turísticas “passo-a-passo” correm o risco de ser eliminados se as próximas semanas não trouxerem melhorias, diz Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo (DST). “Já estamos a trabalhar com uma agência de viagens (…) e vamos ver se há possibilidade de melhorias”, começou a responsável por dizer aos média. “Se assim não for, também deixa de haver possibilidade de atrair mais pessoas e vamos discutir com a agência (…) há pedidos que resultam e outros que não”, frisou. Embora “o produto só esteja em funcionamento há cinco semanas”, não há ainda sinais de melhorias. Os números mais recentes apontam para uma escassez de adeptos neste sistema de transporte turístico, implementado há pouco mais de um mês pela DST. Helena de Senna Fernandes disse que será dado ainda algum tempo para perceber se a adesão pode crescer, mas garantiu que os percursos podem ter um fim à vista caso a situação não se altere. A responsável referiu que há medidas na calha, como são a introdução, nas diferentes rotas, de mais autocarros, e a alteração de alguns destes caminhos. Só na península existem duas rotas disponíveis, pelo que a DST pretende aglutiná-las numa só. “As duas rotas de Macau vão ser simplificadas para apenas uma, no sentido de criar mais rentabilidade”, justificou. DST quer manter número de entradas de 2014 A directora dos Serviços de Turismo (DST) foi ao encontro da intenção já expressa pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de manter o número de turistas nos 31,5 milhões de pessoas. “Não estamos a querer aumentar o número [de visitantes] de um dia para o outro porque também temos que ter um equilíbrio”, afirmou a responsável da DST. “Vamos manter o nível do ano passado”, disse, ou seja, de 31,5 milhões de pessoas. “Até agora, registámos uma queda de 3,5% em Julho e já estamos a trabalhar com agências de viagens de diferentes fontes porque não estamos a trabalhar para um só mercado, mas sim vários”, frisou.
Leonor Sá Machado BrevesFórum de Economia de Turismo Global 2015 focado na cultura [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ansy Ho critica a indústria do turismo por considerar que esta é “muito convencional”, almejando uma melhoria através da implementação de medidas mais avançadas, com enfoque nas novas tecnologias. “Somos muito convencionais, temos que ser mais progressistas”, disse a directora-executiva do MGM Macau, que falava ontem, durante a apresentação do Fórum de Economia de Turismo Global, do qual é vice-presidente e secretária-geral. O fórum terá lugar de 12 a 14 de Outubro, no Venetian. A próxima edição do Fórum, que surge sob o mote de “promover o turismo cultural e agarrar as oportunidades trazidas por ‘Uma Faixa, Uma Rota’”, vai focar-se no turismo cultural, continuando a promover a RAEM como destino turístico noutros países. Este ano, estreiam-se enquanto participantes o Chile, o Perú, a Colômbia e o México. Estes países deverão fazer parte do evento com uma série de oradores em debates e painéis de discussão, mas também estão previstas bolsas de contactos para promover Macau como destino turístico nestes países e vice-versa. A ideia, no fundo, é a de alterar a perspectiva que o mundo tem, de que a RAEM é apenas a capital asiática do Jogo. “Tem muito potencial”, argumentou Pansy Ho. O evento vai compreender ainda a representação de países como Camboja, Coreia, África do Sul, China, entre vários outros. Também o sector privado desempenha um forte papel no Fórum deste ano, com a presença da TripAdvisor, da UnionPay, do grupo Jumeirah, da Fosun, Security, entre outros. Informação que tem valor O Fórum abre com discursos de boas-vindas de sete intervenientes, que vão falar sobre o estado do turismo em várias partes do mundo e sob várias perspectivas. A tarde começa com três apresentações das cidades chinesas de Zheijiang, Fujian e Tianjin, contando com a participação de Yang Shihao, director-geral da Administração de Turismo de Tianjin. O dia 13 arranca com uma bolsa de contactos que dura até ao final tarde. No entanto, os participantes vão ter oportunidade de participar em cinco diferentes palestras. A primeira, intitulada “Aproximando os países através de pontes de ligação”, explora a relação e diferenças entre as perspectivas de Ministros – sector público – e os CEO de várias empresas internacionais, representantes do sector privado. São 14 os intervenientes, incluindo Ministros, empresários e moderadores do painel. À tarde está prevista a realização de uma palestra intitulada “Compreender o comportamento de consumo dos chineses e o investimento destes no estrangeiro”, com seis oradores. “Explorar o potencial do turismo cultural – património cultural” conta com a intervenção de oito diferentes especialistas. O dia encerra com um painel sobre a expansão do turismo nas redes sociais, no qual participarão cinco oradores. O dia 14 foi reservado para a realização de parcerias de negócios e bolsas de contacto, incluindo uma tour pelo património cultural de Macau. Os bilhetes de acesso ao Fórum podem ser comprados online ou na sede do evento, por três mil patacas por pessoa.
Leonor Sá Machado SociedadeEPM | Novos estatutos excluem Fundação Oriente como accionista [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Fundação da Escola Portuguesa (FEPM) alterou há dois dias os seus estatutos e a Fundação Oriente deixou, vários anos depois, de ser accionista. Estes lugares são ocupados agora pelo Ministério da Educação português e pela Associação Promotora de Instrução dos Macaenses (APIM), continuando o Governo local a atribuir à Fundação uma verba de nove milhões de patacas. De acordo com declarações de Roberto Carneiro, líder da FEPM, à Rádio Macau, é conveniente que o próximo presidente nomeado seja residente no território, embora se tenha mostrado disposto a continuar igualmente ligado à Escola Portuguesa. O dia, frisou o responsável, “foi histórico”. O afastamento da Fundação Oriente do corpo de administração da Fundação da EPM vem apenas em jeito de oficialização, já que a vontade para tal já havia sido manifestada antes. “A Fundação Oriente já tinha manifestado a vontade de sair há muito tempo e agora formalizou-se a saída”, afirmou Roberto Carneiro ao jornal Tribuna de Macau. “Não muda nada”, reiterou, uma vez que a FO já nem fazia parte do orçamento para a EPM. Mudanças na calha Carneiro defende que a EPM precisa de obras, estando pensada a construção de uma terceira ala, localizada onde estão o actual campo de jogos e ginásio. Esta zona deverá compreender três ou quatro andares e conter um novo pavilhão, um auditório e salas de aulas. Está ainda pensada a construção de um parque de estacionamento subterrâneo. A obra, referiu, vai contar o apoio do Executivo. O líder disse ainda que foi instaurado um processo de auditoria pelo Ministério da Educação português no sentido de perceber quanto é que a Fundação Oriente deve à FEPM. Roberto Carneiro acrescentou, no entanto, que as finanças da Escola vão de vento em popa. “A partir de agora é tudo negócios e matérias macaenses”, acrescentou Roberto Carneiro ao jornal Tribuna de Macau, referindo-se ao facto desta alteração de estatutos ter estabelecido a relação mais forte da Fundação com Macau. Ao mesmo periódico, o administrador e porta-voz da FEPM, José Luís Sales Marques, disse que o Ministério da Educação e Ciência luso “continua a contribuir com 51% para financiar a escola no que são as suas necessidades normais, nomeadamente na diferença ente as receitas e as despesas”. Outra das hipóteses em cima da mesa interfere no currículo oferecido já que há a possibilidade de serem criados cursos de ensino vocacional, também conhecidos como profissionais ou especializados. “Os cursos vocacionais não existem aqui. A nível universitário e do politécnico sim, mas não no ensino secundário. A escola pode preencher esse vazio. Pode ser uma boa oferta que a escola abra”, declarou Carneiro.
Leonor Sá Machado EventosMGM promove gastronomia chinesa com menu Huaiyang [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] MGM vai, em parceria com o restaurante de Yangzhou Yechun Teahouse, criar um menu de degustação Huaiyang, um dos estilos tradicionais de gastronomia chinesa. O complexo hoteleiro vai ainda disponibilizar o Banquete da Mansão Vermelha, cujo nome alude precisamente a um romance tradicional chinês do século XVIIII, conhecido como “um dos quatro grandes romances”. Tudo isto, garante a organização, será criado por uma equipa de chefs nacionalmente reconhecidos. A gastronomia Huaiyang desempenha um papel “fulcral” na organização de banquetes de grandes eventos, à luz daquele que foi o jantar da cerimónia da fundação da República Popular da China, em 1949. Serão dois os restaurantes do MGM que partem nesta aventura de oferecer localmente uma gastronomia nacional. O certame tem ainda em conta o aniversário dos 2500 anos de criação da cidade de Yangzhou. A culinária de Huaiyang é uma das Quatro Grandes Tradições, complementadas com a de Shangdong, de Cantão e de Sichuan, conhecida por ser particularmente picante. A de Huaiyang, contudo, baseia-se no uso de marisco fresco e ingredientes próprios desta estação, geralmente acompanhados de dumplings, sopa ou caldos quentes. As iguarias de Huaiyang estão disponíveis de 7 a 31 de Outubro, no restaurante Imperial Court. Já o banquete Red Mansion existe no Grand Imperial Court, de 7 a 16 do mesmo mês, com o custo de 13,8 mil patacas por uma mesa de dez pessoas. Os interessados deverão ligar para o MGM para reservar mesa.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteMacau Sailing organiza festa em barco [dropcap style=’circle]A[/dropcap] viagem de barco “Bye Bye Summer”, organizada pela empresa local Macau Sailing, acontece já no próximo domingo e pretende ser um adeus ao Verão. Também conhecida como “junk boat party”, vai começar num cais portuário da cidade, continuando para a zona este de Qingzhou Shuidao e passando por, como afirma a organização, “cenários bonitos e limpos de ilhas e águas que tanto caracterizam aquela área”. O evento foi criado por Henrique Silva, ou Bibito, e pretende juntar pessoas com um mesmo propósito: o de apreciar as vistas circundantes, com comes e bebes e mergulhos à mistura. “Não se esqueça da máquina fotográfica”, adverte. Com sorte, será possível avistar uns quantos golfinhos cor-de-rosa, espécie rara e só existente por estes lados do globo. O pacote – que inclui a viagem de barco, com direito a comes e bebes, música e paragens em locais cénicos – custa 700 patacas por pessoa. Até Qingzhou A experiência deverá durar das 13h00 às 18h00 horas, com uma travessia até à ilha de Qingzhou, uma paragem de duas horas para mergulhos, banhos de sol e descanso, com regresso a Macau marcado para as 16h30, viagem durante a qual deverá ser possível ver o pôr-do-sol. E porque os mais novos também são bem-vindos, a organização oferece um desconto de 50% nos bilhetes para crianças, ficando estes por 350 patacas. Os interessados deverão inscrever-se até às 12h00 deste sábado, enviando um email para info@macausailing.com. No entanto, a página do evento no Facebook pede que os interessados não se demorem na reserva devido à existência de lugares marcados.
Leonor Sá Machado BrevesIFT | Cooperação com Faculdade de Arquitectura de Hong Kong O Instituto de Formação Turística (IFT) e a Faculdade de Arquitectura da Universidade de Hong Kong assinaram um acordo que irá permitir o intercâmbio dos estudantes desta faculdades. O programa é dedicado aos alunos do IFT inscritos na licenciatura de Gestão de Património. Fanny Vong, presidente do IFT, e Chris Webster, reitor da Faculdade de Arquitectura da região vizinha, assinaram na terça-feira o acordo numa cerimónia nas instalações do instituto. “Através da cooperação, o IFT espera promover o intercâmbio académico e de alunos, assim como outras formas de interacção entre o Departamento de Programas de Conservação Arquitectónica, da Faculdade de Arquitectura, e com a licenciatura de Gestão de Património”, indica o instituto em comunicado. Com dez anos de existência, o curso de Gestão de Património vê agora a sua oferta mais enriquecida com a cooperação com a região vizinha. O IFT reforça assim os seus acordos de cooperação com outras instituições de ensino e organizações na área de turismo, que ultrapassam os 85 contratos de 27 países e regiões.
Leonor Sá Machado BrevesDengue | SS pedem que população tenham mais cuidado Os Serviços de Saúde lançaram ontem um apelo para que a população tome medidas preventivas quanto à febre de dengue, com base nos números registados em Taiwan. Os valores mais recentes detectaram um aumento de 59% de casos – face ao período homólogo do ano passado – de febre de dengue na Ilha Formosa, o que representa 9400 casos até ao passado dia 13. “A maior parte dos casos é grave e já foram registados 20 casos mortais. Mais de 90% dos casos de febre de dengue registados ocorreram na zona sul”, esclarecem os SS em comunicado. Também em Guangdong foram registados 334 casos, mas é na Malásia e Vietname que o nível é mais grave. Em Macau, depois de várias inspecções e limpezas em prédios e locais públicos, foram apenas registados dois casos importados desta infecção, no início do ano. Ainda assim, os SS alertam para o aumento da existência de mosquitos, situando-se actualmente nos 68,9%. Por isto, os SS referem que “a RAEM encontra-se num período de alto risco de transmissão da febre de dengue”, pedindo às pessoas que reforcem as medidas de prevenção para que não sejam picadas por animais portadores deste vírus.
Leonor Sá Machado EventosMúsica | “Rainha da Pop” integra Macau em digressão de 2016 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cantora Madonna, conhecida mundialmente como a “Rainha da Pop”, já tem palco reservado no ainda por inaugurar Studio City para os dias 20 e 21 de Fevereiro do próximo ano. Os concertos estão integrados na digressão mundial para levar ao mundo o seu 13º álbum, “Rebel Heart”. É a primeira vez que Madonna dá um concerto no território, incluindo o destino na tour que começou este mês na cidade canadiana de Montreal. A artista norte-americana ficou conhecida pela sua audácia em palco, com arrojadas coreografias nas quais ainda participa, mesmo tendo já mais de 50 anos. “Like a Virgin”, “Material Girl”, “Papa Don’t Preach” ou “Isla Bonita” são apenas alguns dos seus mais aclamados hits. O mais recente disco da artista inclui “Bitch, I’m Madonna” e músicas que contam com a participação de Nicki Minaj, Kayne West, Beyoncé, Miley Cyrus e Katy Perry. “Rebel Heart, tal como a sua criadora, ultrapassa o sofrimento e, mais frequentemente do que se pode pensar, aterra solidamente de pé e cheio de graça”, refere uma crítica do LA Times. Madonna é uma das mais influentes artistas do mundo e vendeu mais de 300 milhões de álbuns, sendo, desde a década de 80, um ícone para milhões de fãs. O presidente do Studio City, JD Clayton disse estar “extremamente orgulhoso” com a vinda de Madonna e com o facto do empreendimento vir representar Macau enquanto destino que vai acolher a artista. O Centro de Eventos do complexo hoteleiro e de entretenimento foi desenhado para albergar 5000 pessoas sentadas.
Leonor Sá Machado DesportoDesporto | CrossFit Kids arranca a 4 de Outubro Em Outubro chega a Macau a vertente CrossFit Kids, que nasceu da empresa-mãe, nos EUA. A ideia é cortar o mal pela raiz no que diz respeito à questões de postura e alimentação dos mais pequenos. E tudo seriamente a brincar, garante António Barrias, representante da marca em Macau [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o CrossFit Macau já está tudo a postos para a implementação do projecto CrossFit Kids. As aulas, que arrancam já no dia 4 do próximo mês, vão compreender uma série de exercícios dedicados aos mais pequenos, com idades entre os quatro e os 13 anos. Ao HM, o representante da marca em Macau, António Barrias, fala deste novo projecto como uma revitalização do desporto, enquanto conceito. “Lidando com crianças, o nosso objectivo é fazer com que estas aprendam a mexer o seu corpo da forma mais saudável possível. Infelizmente, vivemos numa sociedade na qual os problemas [de saúde] começam a surgir muito antes da adolescência. Há tanta informação que os pais deixam de saber o que é realmente melhor para alimentar as suas crianças”, começa por dizer. “As crianças passam várias horas seguidas sentadas, na escola por exemplo, e começam a desenvolver problemas posturais”, ilustra o também instrutor. Barrias fala ainda da taxa de diabetes entre os mais novos que, diz, tem vindo a crescer exponencialmente. Em jeito de acrescento, reforça que “é preciso cortar o mal pela raiz”. O projecto conta já com “várias pré-inscrições”, cujo prazo teve início ontem, e incluem filhos de alunos do já existente CrossFit. Mas como é que a ideia passou da teoria à prática? Tudo partiu da empresa-mãe, nos EUA, que se focou em Análise Psicológica, cujos resultados levaram à conclusão de que uma boa teoria de desporto leva a treinos eficazes, dando azo à criação do CrossFit Kids. “Os princípios são os mesmos e estão lá inerentes, que são movimentos funcionais e desenvolvimento do corpo humano”, explica. No entanto “há uma grande diferença no que toca à intensidade dos treinos” para adultos, confirma o responsável. Quem não gosta de brincar? As sessões não obrigam apenas ao movimento do corpo e ao exercício físico, mas também a conhecimentos básicos sobre alimentação. “Temos movimentos que o treinador aprende, na sua formação para este projecto, e a fingir que é, por exemplo, um macaco”, exemplifica o representante. Para António Barrias, é importante que as crianças se mentalizem de que o desporto deve ter presença assídua no quotidiano de todos nós, desde e para sempre. Neste momento, são três os treinadores formados para dar as aulas de CrossFit Kids: Amanda Ho, Nicole Bernardes e Hélder Ricardo. O projecto já poderia ter arrancado há um ano, mas António Barrias preferiu esperar “pelo momento certo”. É importante, na sua óptica, que os pais percebam as vantagens de incutir nos seus filhos o gosto pelo desporto e um estilo de vida saudável. Sucesso garantido Questionado sobre previsões para este projecto, António Barrias refere que o número de inscrições já feitas mostra que o CrossFit Kids tem já “sucesso garantido”. O instrutor justifica, no entanto, que o mais importante não é o dinheiro que cai ao final do mês, mas antes os resultados que vai ter. “Não estamos à procura de sucesso financeiro, porque a nossa missão é trazer saúde aos residentes de Macau”, sublinha. “A fonte da juventude está nas crianças e temos que mantê-las saudáveis”, acrescentou, em conversa com o HM. As aulas custam entre as mil e as 2400 patacas, dependendo do pacote de aulas pretendido. Os horários parecem ser versáteis, de forma a também corresponder àquilo que o instrutor diz ser a “rigidez” de horas nas escolas e colégios da RAEM. Assim, os pais podem aderir à aplicação para smartphone computador, onde é possível reservar e cancelar aulas, no prazo de dois meses. “Dá muita liberdade aos pais”, destaca. O CrossFit é uma empresa dedicada ao fitness mas que, de acordo com António Barrias, que conta já com dois ginásios da modalidade em Macau, é muito mais do que isso. Trata-se de uma filosofia desportiva que pretende estabelecer o eterno conceito de “mente sã, corpo são”. António Barrias foi, enquanto desportista, treinador e empreendedor, o primeiro a abrir um ginásio de CrossFit na cidade.
Leonor Sá Machado SociedadeSands China | Wilfred Wong, ex-APN, nomeado presidente [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sands China nomeou o ex-membro da Assembleia Popular Nacional (APN) do Governo Central, Wilfred Wong, para presidente do grupo. Wong ocupa também o lugar de Director de Operações na Sands China. O líder fez parte da APN durante 15 anos até 2012, ano em que iniciou funções na empresa de construção Hsin Chong. Além disto, fez também parte do Comité Consultivo para a Lei Básica da RAEHK e do Grupo de Trabalho Preparatório para a implementação deste mesmo documento. Wilfred Wong inicia funções a título oficial em Novembro próximo, substituindo Rob Goldstein, o actual COO e presidente que está à frente do grupo desde o começo deste ano. “Wong também ocupou outras posições de topo e de gestão em várias outras empresas de renome na área da construção como são a K. Wah International Holdings Limited, a Henderson China Holdings Limited e a Grupo Shui On”, refere a Sands China em comunicado. “Wilfred Wong tem uma combinação única de experiência nos sectores privado e público, que acreditamos ser valiosa para a empresa neste momento da nossa história”, começou Sheldon Adelson por dizer. “Temos feito parte da comunidade de Macau há mais de uma década e as nossas necessidades, tal como as responsabilidades para com a população, mudaram drasticamente desde que inauguramos o Sands Macau, em 2004”, concluiu o fundador da empresa-mãe. “Acredito que ter uma pessoa chinesa influente no leme do barco será um elemento positivo, já que surge no momento da renovação das concessões, já para não falar de outras aprovações ao longo do caminho”, disse à Bloomberg o analista do Grupo Union Gaming, Grant Govertsen.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaSaúde | Profissionais estrangeiros só por convite Os profissionais de saúde não residentes só poderão exercer funções na RAEM mediante convite do Governo e apenas com uma licença máxima de três anos. O presente regime devia, para um jurista dos SS, ter sido “para ontem” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Ficou ontem confirmado que as propostas do Governo para o Regime da Qualificação e Inscrição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de Saúde deverá cortar as asas aos não residentes que pretendam exercer funções na área da Saúde no território, mesmo depois do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ter referido que a RAEM sofria com a escassez de recursos humanos neste sector. Tal como o HM noticiou há dois dias, os profissionais não residentes não estão elegíveis para efectuar o exame, teste este obrigatório para a obtenção de uma licença. O intuito desta nova proposta, explicaram ontem o director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, e a Secretária-geral Leung Pui San, é uniformizar o nível de qualificações exigidas nos sectores público e privado. À luz de algumas opiniões, tal poderá vir a dificultar a entrada dos profissionais no privado. De acordo com Leung, os estrangeiros a quem for atribuída a licença limitada terão que “adquirir muita experiência na área (…), ser especialista em determinada área” e a contratação “depende da necessidade de Macau”. Os profissionais já em exercício de funções podem descansar: embora tenham que actualizar os seus dados junto dos SS no prazo de um ano após aprovação do Regime, estão isentos da realização de novo exame e estágio. Por um serviço melhor Facto é que, pelo menos para Rui Amaral, jurista dos SS, uma legislação deste teor é necessária “para ontem”. Embora não haja ainda uma calendarização dos trabalhos ao nível desta proposta de lei, certo é que os SS querem que a sua aprovação aconteça “o mais rápido possível”. Entre os pontos que mais questões levantaram durante uma auscultação pública que ontem decorreu, estão a obrigatoriedade de programas de formação contínua, nomeadamente após aposentação. “Se me reformar do sector público como médico, mas quiser continuar actividade no privado, sou obrigado a fazer uma formação?”, questionou Fernando Gomes, profissional do Hospital Conde de S. Januário. “É estranho que a pessoa se esqueça de tudo”, ironizou. O médico discorda ainda da sugestão de estabelecer a multa máxima para sanções nas 50 mil patacas. “É muito baixo, cada ano podemos aumentar um pouco [o valor], de acordo com a inflação”, acrescentou. E tudo a modernização levou Segundo Rui Amaral, entre as mudanças mais relevantes deste novo documento está a criação de um regime de deveres e direitos e de sanções a atribuir aos profissionais que infringirem as regras. “[Uma das coisas mais importantes] é o regime disciplinar, que é uma coisa que não existia aqui”, informou o jurista, em declarações aos média. Rui Amaral falou ainda sobre a importância da avaliação de qualificações: os existentes, explica, “são de natureza parcelar, regulam apenas alguma parte da matéria relativa”, quer seja relativamente à actividade de farmacêutico, ou outros profissionais de saúde. “Neste momento, unifica-se tudo, aplica-se aos profissionais do sector público e privado”, acrescentou o jurista dos SS. Nova é ainda a abolição, para quem viu a sua licença suspensa – seja por opção própria ou da entidade patronal –, da realização de segundo exame e estágio. A presente versão da proposta apenas obriga à realização do CPD – sistema que avalia a progressão na carreira através do desenvolvimento contínuo profissional – para reingresso na profissão. O que vai e o que fica A proposta de lei determina a cessação de emissão de licenças para seis especialidades, incluindo Mestre de Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Acunputurista e Massagista. A Secretária-geral do organismo justifica a abolição destas categorias pelo facto de parte destes profissionais terem obtido “as suas habilitações académicas somente através da forma do regime ancestral”, ou seja, sem um curso superior devidamente acreditado. No entanto, os profissionais que tenham já as suas licenças de uma destas três especialidades, poderão continuar a exercer. “Após a data de publicação da lei deixam de ser emitidas licenças (…), mantendo-se, contudo, válidas as licenças que até à data da publicação da lei tenham sido emitidas”, refere o documento de consulta. A proposta determina também a entrada de duas novas especialidades no regime de inscrição: farmacêutico de MTC e nutricionista. A presente consulta pública decorre até 15 do próximo mês.
Leonor Sá Machado Desporto MancheteSporting de Macau festeja 89 anos. Presidente defende vinda de profissionais portugueses O presidente do Sporting Clube de Macau, António Conceição Júnior, defende que a contratação de profissionais de Portugal pode ajudar na formação e na melhoria do estado do futebol em Macau. Amador será sempre, mas há sempre margem, diz, para elevar o grau de profissionalismo Que balanço faz desde a mais recente reactivação do Sporting Clube de Macau? Desde a última reactivação, em 2009, parece que os principais objectivos, que era chegar à primeira divisão e ganhar o título de vice-campeão – a primeira vez que subimos à primeira divisão – foram atingidos. Claro que procuramos sempre ser campeões, mas tudo depende de muitos factores que são hoje diferentes daqueles que existiam antes da chamada “onda de profissionalização do futebol” de Macau. Que factores, por exemplo? Exactamente com o poder económico de cada clube. É normal e acontece em todo o lado, seja Portugal, Alemanha ou Inglaterra, embora em Inglaterra as coisas estejam mais equilibradas. Aqui em Macau, essa diferença ainda se sente muito, porque é tudo uma questão de orçamento. Como seria possível dar a volta a essa questão? Neste momento, ainda mais difícil se torna, uma vez que, como é sabido, o clima económico de Macau não é o mais famoso, o que implica uma reflexão sobre os gastos. Por exemplo, cada jogador sente-se – e é compreensível – o centro do mundo, mas para o Sporting, enquanto clube, não é. O clube tem determinado número de jogadores e tem que tratar de todos. Que mudanças acredita terem sido determinantes para uma melhoria do estado do futebol em Macau? Acho que ainda não houve as mudanças que gostaríamos que tivessem acontecido. Começaria por dizer que o desporto, no geral, seja ele motorizado, náutico ou de outro tipo, deveria ter padrões. Muito em breve vão começar os trabalhos do Grande Prémio e como toda a gente em Macau sabe, o piso da pista é verificado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Isto é de extrema importância no sentido de evitar acidentes. Macau e o Grande Prémio têm sido o padrão pelo qual se deveriam reger todos os outros desportos. Isto é, reger pela qualidade e não pela mediocridade. É nesta perspectiva que o Sporting tem vindo a lutar, não para seu benefício, mas para benefício do futebol de Macau. Que futuras mudanças são precisas? Considero, como representante do Sporting, que existem demasiadas divisões. Não faz sentido em Macau haver tantas divisões de futebol de 11. Há três campos e julgo que um ou dois deles podiam ter relvado sintético porque permitem uma utilização intensiva, que é o que faz falta em Macau. É curioso porque o campo dos Operários tem um relvado sintético que, ainda que de má qualidade, existe. Isto só mostra que existem precedentes, que existe quem reconheça que o tipo de piso é importantíssimo. Neste momento, não há em Macau um campo onde as equipas possam treinar regularmente. A responsabilidade de criar e gerir esta matéria caberá ao Instituto do Desporto? Penso que sim. Compete ao Governo, por meio deste Instituto que o representa, proporcionar condições e tomar decisões. O que é importante, em todas as áreas de governação, é a existência de uma ideologia. Este conjunto de pensamentos, com uma orientação credível e consistente, deve funcionar em benefício da cultura, do desporto, entre outras áreas. Como por exemplo… Tive oportunidade de assistir às comemorações do aniversário do Instituto Cultural de Macau, no Tap Seac, e que contou com espectáculos de orquestras. No fim houve um vídeo que mostrou o percurso da cultura nos últimos anos. O que se viu é que houve uma evolução positiva da cultura na região. Estou mais ligado à área cultural do que à desportiva, mas acho que essa distância também me confere uma visão menos contaminada, por assim dizer. Nos anos 90 só havia o campo do Canídromo onde jogavam duas divisões. A qualidade era boa, mas hoje em dia, são três campos não há espaço para treinar. Não será esta escassez de recursos reflexo da falta de popularidade do futebol enquanto desporto em Macau? Pode-se implementar a popularidade no que quer que seja. Não o Sporting em si, mas sim as instituições com responsabilidades. Em todo o lado o futebol é dos desportos mais populares. Porque é que nos anos 90 o campo do Canídromo estava sempre cheio e, actualmente, o da Taipa está quase sempre vazio? O Sporting ainda ajuda a encher com cerca de 20 adeptos. Mas terão os clubes um papel activo nisso mesmo? Penso que não compete aos clubes promover a modalidade; os clubes praticam-na, mas alguém tem que a promover. Em termos da escassez de recursos físicos… À parte da necessidade de relvado sintético, faltam campos? O importante no futebol, em Macau, não é o prestígio de ter campos de relvado, mas sim da qualidade das equipas e sobretudo da selecção de Macau. Esta não se pode medir pelo relvado. Trata-se de uma questão de gestão. No que respeita à gestão. Num artigo de Março passado, refere que a gestão e organização desta modalidade desportiva estão “num autêntico lamaçal”. O que quis dizer com isto? A ideia está relacionada, antes de mais, com a chuva. Depois, com o facto de que basta um mês para o campo estar completamente careca. Sabemos que entre a relva e a terra que ficou calva há dois centímetros de diferença, que podem causar lesões num jogador que pisar metade de cada tipo de terreno. Isto é, em si, um perigo. Depois, porque às tantas, com a chuva, já não é futebol, é um jogo na lama. Os jogos e os campeonatos acabam com o campo praticamente careca. Relativamente à já discutida possibilidade da criação de uma Comissão Coordenadora para o Futebol. Qual é a sua opinião sobre isto? Não concordo com comissões e explico por quê: quando não se quer resolver um assunto, cria-se uma comissão. Prefiro considerar a opção de escolher técnicos conhecedores e com capacidades organizativas. Devo mesmo dizer que Portugal é um local de onde não se recrutam apenas médicos, mas também é um das grandes potenciais mundiais ao nível do futebol. Tem imensa gente – se calhar muita desempregada, até – que seria capaz de organizar o futebol em Macau e quem diz este, diz qualquer outro desporto. Não venho da área desportiva, mas acredito que sempre tentei rodear-me de pessoas com qualidade, muitas das quais sabiam mais do que eu e isso deixava-me feliz, porque só assim se aprende e se desenvolvem projectos, fosse no Museu (de Macau), ou noutro local. A opção passaria por criar um grupo de trabalho para gerir todo o sistema? Não sei, mas seria interessante aprofundar-se a questão de tempos. Isto tem que ver com o facto inaudito de haver bolinha e depois o bolão, que é futebol de 11. De que forma podia isto ser diferente? Não sei porque é que não é dado à Associação de Futebol Miniatura de Macau a gestão do campeonato bolinha (futebol de sete) e o futebol de 11 deveria começar, como acontece em todo o lado, em Agosto/Setembro, prolongando-se até acabar. Isto faria com que se contraíssem as actualmente existentes três divisões em duas. Acho que se há três divisões com 30 equipas, as primeiras 15 qualificadas passariam para a primeira divisão e as restantes 15, para a segunda. Tal permitiria um campeonato mais longo e mais competitivo, que deixaria um campo livre para treinos. Não faz sentido que só possam jogar no bolão, as equipas que participarem no bolinha, porque é um bocado como se só se pudesse jogar ténis se primeiro se jogasse badmington. São coisas distintas. Sobre o quê ou quem recai a responsabilidade de chamar mais gente para ver os jogos? Parte das instituições estabelecer isso, mas também depende de uma outra coisa: da rever vários elementos. Os árbitros dependem, directamente, da Associação de Futebol de Macau. Em lado nenhum o sistema judiciário depende do Governo, é completamente independente e em Macau isso não existe, são contratados árbitros que trabalham para a Associação e não devia nem podia ser assim. Isso torna a mecânica da arbitragem um pouco parcial… Exactamente. Sempre me preocupou – e sempre fui muito exigente – que as coisas não funcionem correctamente. Outra questão é o acesso aos campos. Defendo que todas as equipas devem ter o mesmo acesso e não apenas aquelas que são patrocinadas pela própria Associação. Acho que não faz qualquer sentido que uma Associação patrocine equipas que participam nos campeonatos em que ela mesma participa. Que previsões tem para esta próxima temporada da bolinha? Da minha parte, temos sempre o objectivo de ganhar o mais possível, mas a bolinha nunca foi uma prioridade para o Sporting. Jogamos sempre para ganhar, mas procuramos, sobretudo, seguir o conceito do Desporto de “mente sã, corpo são”. Principalmente aqui, onde existe um assomo de profissionalismo. Se o houvesse, não aconteciam aquelas situações com os árbitros, as jornadas teriam que ser do conhecimento dos clubes do início ao fim e isso não acontece… Sabem-se de mês a mês. Tem então que haver mais profissionalismo… Mais profissionalismo, mas também uma renovação radical da forma como o futebol em Macau é conduzido. Ao contrário do que disse que aconteceu com a cultura, o futebol sofreu uma regressão. Nos anos 50, o futebol teve a possibilidade de mandar dois jogadores para Portugal e eles tinham qualidade suficiente, num único campo, para jogar no Sporting e ambos foram internacionais. Depois disso, de facto, houve alguns jogadores que jogaram em Portugal, mas não vingaram. Há, então, memória de tempos em que o futebol tinha uma lógica mais profissional? Era futebol amador, mas era muito bem organizado, comparando com a actualidade. Faz agora um ano que o Sporting fez uma parceria com o Osaka Futebol Clube. Em que pé está essa ligação? Tentámos trazer três jogadores japoneses para a bolinha, mas infelizmente não foi possível. Ainda estamos no início desta parceria e é preciso ter atenção aos timings, que não são iguais. Os campeonatos começam em alturas diferentes nas duas cidades, o que às vezes cria problemas. Isto também prejudica os jogadores locais que eventualmente queiramos promover, enviando-os para o Japão. O facto de não haver ajustamento e não obedecemos a um calendário internacional pode ser prejudicial. E relativamente à ligação com o Sporting de Portugal. Qual é a sua posição quanto à contratação do ex-treinador do Benfica para o clube? Acho muito bem e pelos vistos está a dar frutos. Penso que o futebol português deveria espalhar-se para esta área do mundo porque há em Portugal técnicos e jogadores muito competentes. Seria interessante trazê-los a Macau para organizar o próprio campeonato. No que toca à direcção do Clube… A ideia é continuar na presidência por mais anos? Não estou preso ao lugar. Fomos reeleitos à falta de outra lista, mas seria bom que houvesse continuidade. Desde sempre que quisemos cativar o maior número de sócios e faço, por isso, um apelo para que os sportinguistas de Macau se façam sócios. Somos não só os representantes do Sporting em Macau, como representamos Portugal via desporto. Deviam existir mais listas? Penso que sim. Não penso eternizar o lugar, nem esta é a minha área de especialidade, faço-o por prazer. Aniversário com jantar de convívio no Miramar O Sporting Clube de Macau faz 89 anos no próximo dia 25 e terá, para celebrar o aniversário, um jantar no restaurante Miramar, no dia 30, aberto a todos os sportinguistas. Os interessados deverão contactar a direcção para inscrição no evento.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeUSJ | Criada licenciatura de Design de Moda em Inglês A USJ vai ter a primeira licenciatura do território em Design de Moda. Até já há uma lista das cadeiras: Teoria da Moda, novas tendências e desenho de clássicos masculinos e femininos são alguns dos enfoques [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de São José vai ter uma licenciatura em Design de Moda, o primeiro curso do género no território. Para a co-fundadora da LinesLab, Clara Brito, esta é uma iniciativa de louvar, já que vem abrir, na RAEM, mais uma porta ao nível do ensino superior. “Parece-me que é importante que haja um curso ligado à área da Moda, até pelo historial da cidade nas indústrias têxtil e fabril”, começou Clara Brito por dizer. “É preciso dar alguma continuidade a esse património, nomeadamente na área da formação.” A criativa considera que este curso vem acrescentar valor à indústria que o Governo diz querer desenvolver. Também Bárbara Dias vê com bons olhos a criação da licenciatura. “É positivo, até porque no meu tempo não havia nenhum instituto que tivesse este tipo de cursos e acho que quanto mais, melhor”, começa por dizer, em declarações ao HM. A designer de Moda detém a marca Bárbara Diaz, que funciona no território. Contas feitas ao currículo disponível em Boletim Oficial, a criativa argumenta que o curso deveria conter outras disciplinas que servissem como base relacionadas com tecidos. Embora o Instituto Politécnico de Macau tivesse já oferecido formação nesta área, nenhuma instituição de ensino superior local abriu um curso de Licenciatura. O anúncio, publicada em despacho de Boletim Oficial, determina que serão precisos quatro anos para a conclusão deste curso, leccionado em língua inglesa e que além de disciplinas práticas e direccionadas para o mundo da Moda, também inclui aulas de Mandarim, Português e Inglês. Entre as outras cadeiras estão Materiais Têxteis, Teoria da Moda e Análise de Tendências, História de Arte, Estética Cultural, Produção de Malhas, Design de jeans e casual wear, Modelagem e Confecção, entre outras. São precisos 148 créditos para concluir este curso, que deverá dar acesso às profissões de Estilista, Gestor de Marcas e de Moda ou Designer. Formação lá fora dá entrada cá dentro Questionada sobre a existência de pessoas que possam servir como professores ou instrutores neste novo curso, Clara Brito afirma que esta pode ser uma oportunidade para residentes permanentes de Macau a residir no estrangeiro voltarem e remarcarem a sua pisada na terra natal. “Pessoas que nasceram cá ou que tenham ligações [ao território] e que se formaram fora”, exemplifica. A criação desta licenciatura abre, na óptica da designer, fronteiras não só no próprio mundo da Moda, mas também do empreendedorismo e da gestão. Já Bárbara Dias mostra-se menos confiante na existência de profissionais disponíveis para leccionarem cadeiras neste novo curso. Principalmente em língua inglesa. “Penso que uma ou outra pessoa que conheço possam dar algumas disciplinas, mas não me parece que haja cá muita gente qualificada para o efeito”, lamentou.