IC | Abertas inscrições para participação em Bienal de Urbanismo

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stão abertas as inscrições para quem queira participar na Bienal de Urbanismo e Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong deste ano. De acordo com comunicado do Instituto Cultural (IC), a entrega de propostas de projecto acontece até 16 do próximo mês e é a segunda vez que Macau é convidada pela organização da Bienal para lá ter peças de profissionais seus.
O tema deste ano é “Origens da Cidade” e todos os curadores podem participar a título individual ou colectivo. Para a presente edição, pretende-se criar “um mundo melhor” alicerçado na “remodelação do espaço urbano e residencial”, promovendo três “r”: reconsideração, reutilização e reimaginação. A ideia, de acordo com a organização, é reutilizar e inovar espaços e conceitos já existentes.
A Bienal de Urbanismo e Arquitectura teve início há dez anos em Shenzhen, tendo Hong Kong sido convidada dois anos depois, em 2007. Foi nesse ano que inaugurou como mostra bi-citadina, organizada pelas duas cidades.
Até ao momento, foram já realizadas cinco edições deste evento, no total contando com mais de 770 obras internacionais, 310 fóruns e actividades variadas, tudo isto tendo a presença de mais de 860 mil visitantes.
Foi em 2013 que a RAEM se estreou nesta mostra, sendo esta a segunda participação do território na mesma. Este ano, as estimativas apontam para a presença de 300 mil visitantes e mais de cem expositores de 25 países.
De acordo com o mesmo comunicado, o IC espera que a participação da região “promova o intercâmbio cultural entre Macau e o exterior”, além de expandir os seus horizontes ao nível artístico e cultural com as experiências e obras internacionais. “Por outro lado, o IC espera ainda que incentive a criatividade junto da geração mais jovem de Macau, potenciando o nível artístico das suas obras, a fim de aprofundar os seus conhecimentos sobre obras de nível internacional e formar recursos humanos de reserva”, escreve o IC.
A presente edição conta com curadores de Shenzhen e do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique. O projecto a seleccionar será supervisionado pela Comissão Organizadora da Exposição de Macau – Bienal Bi-citadina de Urbanismo e Arquitectura de Shenzhen e Hong Kong 2015. Os interessados podem tirar dúvidas sobre a inscrição e teor do projecto por email até dia 21 deste mês, para pr@icm.gov.mo.

7 Ago 2015

Hospital das Ilhas | Aberto concurso para construção de fundações

Está aberto o concurso público para a construção das fundações de parte do Hospital das Ilhas, situado no Cotai. O anúncio, publicado em Boletim Oficial, prevê um prazo máximo de cerca de ano e meio para a finalização da obra, estando elegíveis “todas as entidades inscritas” na Direcção dos Serviços de Solos, Transportes e Obras Públicas (DSSOPT) para execução de obras. A proposta de abertura do concurso foi feita pelo Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas e está em causa a construção das fundações por estacas e suporte do Edifício do Hospital Geral e do Edifício de Apoio Logístico. A caução apresentada no mesmo despacho é de 25,6 milhões de patacas. O GDI exige que 60% da decisão tenha em conta o critério de razoabilidade de preço.

6 Ago 2015

GP | Costa Antunes fica como Coordenador da Comissão

A Comissão do Grande Prémio (GP) volta a ter, por mais um ano, João Manuel Costa Antunes como coordenador. De acordo com despacho publicado em Boletim Oficial, o português voltou a ser nomeado para cumprir funções à frente da organização do GP, como tem acontecido há já vários anos. O prazo da nova nomeação estende-se de 20 deste mês a 31 de Dezembro.

6 Ago 2015

Fotografia | IFT acolhe exposição de retratos antigos da cidade

O IFT apresentou ontem, no restaurante da escola, uma exposição de fotografias que mostram a cidade antiga, nomeadamente zonas que hoje em dia estão irreconhecíveis. O trabalho é de cinco fotógrafos locais e pretende reforçar a memória colectiva

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Formação Turística (IFT) inaugurou ontem uma exposição de fotografias da cidade e da população, datadas entre as décadas de 60 e 90. A mostra, dividida por duas zonas da escola, mostra uma série de fotografias que congelaram a arquitectura, vivências, objectos, quotidiano e pessoas de um tempo ao qual já não é possível assistir. O mérito concede-se a Tong Ka, Kong Iu Lam, Ao Peng, Tam Kai Hon e Carlos Dias, cinco fotógrafos locais, todos eles com ligações próximas a associações de fomento à arte de fotografar.
Através da memória, o IFT pretende dar a conhecer aos seus alunos e aos visitantes da mostra que Macau nem sempre foi feita somente de luz e caos, jogo e turismo. Uma grande parte desta mostra zonas da cidade actualmente inexistentes, como são as orlas costeiras e bairros mais antigos, como o da Barra.
De entre os artistas consta Tong Ka, fundador da Associação de Fotografia Digital de Macau. Aos média, Tong confessa ainda deambular pela cidade, decifrando-a visualmente com a sua máquina, que ontem carregava orgulhosamente ao pescoço. “Muitos dos prédios ou cenários [que retratei] nas fotografias já não existem, mas estas permitem que a população conheça a cidade de antigamente”, começou o fotógrafo por explicar.
Questionado sobre o sentimento que tem ao olhar para as imagens sem movimento, Tong esclarece: “a vida e as pessoas daqueles tempos eram mais humildes e simples e as suas vidas eram mais duras do que hoje em dia”. fotos ift
Se por um lado, se discerne perfeitamente as duas realidades transformadas da cidade, por outro, compreende-se a beleza destes dois mundos, que coexistem sem grande parte estar já viva. “A maior parte do que captei simboliza o movimento da cidade e das pessoas, não tanto de lugares específicos”, acrescentou.

O congelar do movimento

Uma das paredes, na sala dos fundos, tem pendurada uma série de películas da Rua da Praia do Manduco e da Almirante Sérgio. Chuvadas tropicais que provocam inundações, autocarros como ninguém imaginaria passarem pelas ruas da região, pescadores, mães e filhos e manobras de ginasta em paredões são apenas alguns dos momentos congelados, agora na memória de quem por ali passar os olhos. IFT fotos
Durante a inauguração, a directora da Escola de Hotelaria e Turismo, Diamantina Coimbra referiu que espera uma grande afluência de visitantes, uma vez que a abertura contou com a presença “de mais de cem pessoas”.
Muitos certamente não se recordarão de como era desenhada a cidade nos anos 60, quando Salazar ainda governava Portugal e Macau era vista aos olhos do estrangeiro como uma mera colónia, mas tinha, precisamente por se situar na ponta oposta do mundo, uma natureza e vivências particulares. Entre os vendilhões, as quinquilharias e os tin-tins, havia crianças a brincar na rua, irmãos a beber água de fontes e as mães à coca, sem esquecer paisagens quietas e apaziguadas da região. Vistas do rio e da terra.
A mostra está patente até 30 de Novembro, no Restaurante Educacional, servindo para comemorar o 20º aniversário da fundação do IFT, sem esquecer a celebração do decénio da inscrição do Centro Histórico na UNESCO e da inauguração do curso de Gestão do Património, que também teve início em 2005. Tem entrada livre.

6 Ago 2015

São Lázaro | Filipinos detidos por pinturas em edifício classificado

A Polícia Judiciária (PJ) deteve cinco cidadãos de nacionalidade filipina por alegada pintura de grafittis em edifícios no bairro de São Lázaro. “A nossa investigação concluiu que o caso envolvia sete pessoas e cinco filipinos foram detidos no passado dia 3 [de Agosto]”, informou a PJ. “Quatro dos detidos admitiram ter cometido o crime e foram acusados de ‘dano qualificado’ e a polícia acredita que o quinto também está envolvido”, acrescentou a autoridade.
O caso remonta há cerca de duas semanas, quando o Instituto Cultural (IC) disse ter havido uma violação da Lei de Salvaguarda do Património Cultural com a pintura de grafittis nas fachadas de um edifício na Rua de Sanches de Miranda e outros prédios próximos do bairro de São Lázaro.
De acordo com a PJ, alguns dos acusados defenderam-se, justificando o acto com o facto de estarem alcoolizados, concluindo que se tratava de uma brincadeira. “Alegaram que foi uma brincadeira. O seu comportamento provocou danos no património cultural. Apelamos aos cidadãos que tenham cuidado com o comportamento e não adoptem atitudes que possam violar a lei”, afirmou o porta-voz da PJ, Chan Cho Man, segundo notícia da Rádio Macau.
O caso seguiu já para o Ministério Público. O IC disse criticar “fortemente os comportamentos desadequados”, frisando que a execução de pinturas ou inscrições em paredes exteriores de edifícios protegidos constitui uma violação a um dos artigos da legislação em vigor. A eventual danificação permanente dos edifícios pintados pode mesmo constituir ilícito criminal. De acordo com o canal chinês da rádio, o IC despendeu cerca de 21 mil patacas para recuperar os locais danificados.

5 Ago 2015

Água | Edifícios inspeccionados sem níveis de chumbo acima da média

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo assegurou ontem que os testes feitos à água de mais de 50 edifícios de habitação pública do território descartam a possibilidade do líquido conter níveis de chumbo acima da média permitida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O valor mais elevado de chumbo na água foi registada no prédio Mong Sin, no complexo de habitação social de Mong Há. Aqui, a água apresentava níveis médios, de 3,2 miligramas por litro, quando a OMS fixa os dez miligramas por litro como valor máximo permitido.
De acordo com um comunicado co-publicado ontem por várias entidades, “o resultado da análise mostra que a quantidade de chumbo contida nas amostras de água recolhidas enquadra os padrões de segurança da OMS”. Os resultado do segundo grupo de análises estão “quase concluídos”, de acordo com o mesmo documento.
O Governo deu início à ronda de análises depois de um recente caso mediático ter tido lugar em Hong Kong. Em Junho passado, foi detectado um alto nível de chumbo na água de um complexo de habitação pública da região vizinha, em Kowloon. As três amostras recolhidas revelaram níveis bastante acima daqueles estabelecidos pela OMS e que oscilavam entre os 10,8 e os 35,1 miligramas por litro. Ontem, também um prédio de luxo em Hong Kong registou o mesmo problema.

5 Ago 2015

Tráfego | Número de veículos nas estradas volta a aumentar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té Junho passado, estavam matriculados no território mais de 244 mil veículos, dos quais 51,9% eram motociclos e 41,4% automóveis ligeiros. Os números dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) apontam para um crescimento do número de carros e motas na cidade de mais de 5% quando comparando com o mesmo período do ano passado.
Assim, a DSEC afirma que existiam nas estradas da RAEM mais de dez mil veículos com matrículas novas, o que aponta para um aumento de 2,3% comparando com 2014. Os números do último semestre demonstram que também os acidentes de viação aumentaram 1,3% face ao mesmo período do ano anterior, o que perfaz mais de 7600 acidentes, que resultaram em 2675 vítimas, nove delas mortais.
A DSEC aponta ainda para a passagem transfronteiriça de mais de 418 mil veículos só durante o mês de Junho. Já no primeiro semestre do ano, foram mais de 2,5 milhões os carros que se deslocaram entre Macau e o continente, o que revela um aumento de 5% face a 2014.
No que diz respeito ao sector das telecomunicações, a DSEC aponta para a diminuição do número do utentes de linhas fixas, mas um aumento de 10,5% daqueles que utilizam telemóvel.

Autocarros | Metade das queixas visam a Nova Era

Segundo dados enviados à Rádio Macau pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), a Nova Era liderou no número de queixas recebidas pelos utilizadores de autocarros públicos. De um total de 2218 queixas recebidas em 2014, 1043, ou seja, 47%, dizem respeito à Nova Era. Já a Transmac registou 30% das reclamações, 663, enquanto que a TCM foi alvo de 512 queixas, 23%. A DSAT explicou que as queixas se devem à existência de “carreiras atrasadas, recusa de transporte, desrespeito pelas paragens e a atitude dos motoristas”. A DSAT garante que não só analisa cada queixa recebida como exige às operadoras “esclarecimentos” e o devido “tratamento” dos casos. O Governo explicou ainda à Rádio Macau que as três empresas são sempre alvo de um processo de “melhoria” com base nas queixas registadas, sendo que a “frequência das carreiras”, a “instalação de paragens” e o “ajustamento dos itinerários” são os itens avaliados pelo Governo.

4 Ago 2015

Economia | Lionel Leong descarta medidas de austeridade para já

As receitas de Julho ultrapassaram os 18 mil milhões de patacas, valor-limite estabelecido para a implementação de medidas de austeridade. Para já, o Governo não precisa de efectuar cortes profundos, ainda que o movimento das salas VIP vá ser analisado e as medidas de contenção não estejam completamente fora de questão

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s números do mês passado face às receitas do Jogo apontam para um total de 18,6 mil milhões de patacas em receitas brutas, pelo que o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, assegura que não será preciso empregar medidas de austeridade. Pelo menos para já.
“Neste momento, é ainda e provisoriamente desnecessária a aplicação de medidas de austeridade em relação às finanças públicas”, refere o Gabinete de Leong em comunicado. No entanto, o Secretário afirmou que caso as receitas sofram mais quedas, pode ser necessário proceder a alguns cortes, ainda que assegure que estes não irão “afectar as despesas anunciadas em prol do bem-estar” da população.
“Devido à persistência de grandes incertezas relativamente ao desenvolvimento do sector do Jogo durante o segundo semestre do corrente ano, o Governo continuará a manter-se firme em adoptar uma postura prudente na administração das finanças públicas, cumprindo à letra os princípios de economizar nos gastos”, salienta.

[quote_box_left]“Neste momento, é ainda e provisoriamente desnecessária a aplicação de medidas de austeridade em relação às finanças públicas” – Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong[/quote_box_left]

Da prevenção

No comunicado publicado ontem é referido que “o Governo irá proceder a uma fiscalização rigorosa às operadoras de Jogo” e em especial às actividades das salas VIP, de forma a que sejam “adoptadas atempadamente medidas de contingência para fazer face a qualquer incidente imprevisto” que possa ter lugar.
Tal só não acontece se as receitas do Jogo se mantiverem no patamar dos 20 mil milhões de patacas, como previsto pela Lei da Revisão do Orçamento de 2015. “[O Governo] continuará também a prestar elevada atenção à evolução das receitas brutas do Jogo, lançando, de imediato, medidas de austeridade logo que se verifique [uma queda abaixo dos 18 mil milhões]”, frisa a entidade no comunicado.
Os valores foram apresentados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos, que aponta para um valor acumulado de 140,3 milhões de patacas durante os primeiros seis meses deste ano. Este mês, a queda foi de 34,5% face ao mesmo mês do ano passado.
No final do mês passado, Lionel Leong já havia referido a eventual necessidade de medidas de austeridade, caso as receitas ficassem abaixo dos 18,35 mil milhões. O responsável disse que seria agendada uma reunião com o Chefe do Executivo no início deste mês para discutir a implementação de medidas de contenção.
No comunicado, o Secretário salienta ainda “com regozijo”, que se tem assistido ao um aumento dos valores relacionados com a economia não-Jogo, como são os sectores do turismo, das convenções e exposições e do comércio regional.

4 Ago 2015

Fiscalização | Leong Veng Chai quer cerco apertado a vistoria de obras

Leong Veng Chai quer que as normas dos cadernos de encargos das obras públicas passam a ser obrigatórias, permitindo que os responsáveis por derrapagens e erros possam ser investigados. Em causa estão os problemas do Parque Central da Taipa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Leong Veng Chai pediu ontem ao Governo que fossem definidas e melhor reforçadas as orientações para as vistorias às obras no território. “O Governo deve definir orientações, com carácter obrigatório, para a vistoria das obras”, escreve Leong Veng Chai numa interpelação escrita, ilustrando com o caso do Parque Central da Taipa.
O Comissariado de Auditoria (CA) publicou, em Maio passado, um relatório onde denuncia uma série de anomalias, atrasos e derrapagens orçamentais nas obras daquele parque. No documento, o CA deu exemplos de falhas na obra, como um curto-circuito ocorrido em Abril deste ano na bomba de drenagem de uma piscina. Esta falha fez com que o sistema de escoamento deixasse de funcionar e a água da piscina invadisse o esgoto do auto-silo.

Descuidos e desleixo

É no sentido de colmatar este tipo de falhas técnicas e de manutenção que o deputado pede que as normas dos cadernos de encargos das obras públicas sejam consideradas obrigatórias e os seus responsáveis alvo de penalizações, caso não sejam cumpridos os requisitos. Além disso, Leong Veng Chai argumenta que os serviços públicos mantêm uma “postura de desleixo” perante a segurança dos cidadãos.
“A vistoria e fiscalização às obras, efectuadas pelos serviços respectivos, não respeitaram os procedimentos legalmente previstos. A vistoria foi efectuada de forma apressada e descuidada, porque só se pretendia concluir as obras antes do termo do prazo fixado, tendo-se assim ignorado a segurança do público”, acusa Leong Veng Chai.
O deputado argumentou que as obras da piscina do Parque da Taipa foram defeituosas e que tal se deveu a uma fraca fiscalização por parte do Executivo. Ao mesmo tempo, o deputado questionou o Governo sobre se as disposições constantes dos cadernos de encargos – documentos obrigatórios que descrevem várias acções, materiais e outros elementos de uma obra – são de natureza obrigatória ou simplesmente facultativa.
“O caderno de encargos prevê disposições concretas para a realização das obras e, mesmo que estas não sejam cumpridas, não se coloca qualquer problema de responsabilidades, nem para os serviços, nem para as pessoas. Afinal, aquelas disposições têm carácter obrigatório e efeitos de responsabilização?”, perguntou o deputado ao Executivo no mesmo documento.

Tempo e dinheiro

O relatório do CA admitia mesmo que se “verificaram deficiências na fiscalização da execução dos contratos e no procedimento de recepção provisória da obra, os quais provocaram desperdícios de tempo e de recursos e, em determinadas circunstâncias, colocaram em risco a segurança dos utentes”. A responsabilização foi, na sua grande maioria, atribuída à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), que alegadamente “não actuou de forma adequada no que respeita à consulta aos utentes”, sendo necessário proceder a “trabalhos a mais”. O projecto inicial excedeu em vários dias e milhares de patacas as previsões iniciais, tendo sido adjudicada por 441 milhões de patacas e por um prazo de execução de cerca de dois anos e meio. De acordo com o CA, houve um acréscimo no orçamento da obra de 48,8 milhões de patacas e algumas zonas – como as piscinas – só ficaram concluídas dois anos depois do prazo inicial de finalização da obra.

4 Ago 2015

Wong Sio Chak desmente utilização de equipamentos ilegais pela polícia

O Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, desmentiu no final da semana passada a alegada utilização de “produtos de empresa de hackers” pela polícia. Wong assegurou, em declarações aos média, que “as provas recolhidas através de investigação ilegal [são] consideradas inválidas”, acrescentando que a polícia também está sujeita a responsabilidade criminal.
“É impossível que a polícia adquira quaisquer produtos contra a lei”, frisa um comunicado do Gabinete do Secretário. O caso diz respeito às acusações do mês passado, quando a Associação Novo Macau entregou ao Ministério Público uma série de documentos provenientes da WikiLeaks, que apontam para a alegada compra de material ilegal por parte das autoridades locais.
No que diz respeito ao relatório do Departamento de Estado dos EUA, que aponta para a existência de casos de tráfico humano na RAEM, o Secretário para a Segurança disse não concordar. No mesmo comunicado, o seu Gabinete refere que “a RAEM tem conseguido certos avanços no combate ao tráfico humano e muitas considerações e conclusões constantes do relatório são infundadas e não correspondem à verdadeira realidade do território”.

3 Ago 2015

SAAM | Nova administradora tomou posse sábado

A nova administradora da Sociedade de Abastecimento de Águas de Macau (SAAM) Kuan Sio Peng, tomou posse no passado sábado e ficará responsável pelo aumento significativo de abastecimento de água em Macau, com a construção de uma nova estação de tratamento. A profissional trabalha na SAAM desde 1994, tendo já cumprido funções como directora financeira e outros postos de chefia. Kuan está agora responsável por monitorizar todos os trabalhos relacionados com o fornecimento de água ao território e que devem ser mais desafiantes, tendo em conta a construção de várias infra-estruturas previstas para os próximos anos.
Kuan será igualmente responsável pelos trabalhos que envolvem a construção da Estação de Tratamento de Água em Seac Pai Van. “A SAAM está em pleno andamento para planear de forma significativa a construção da Estação de Tratamento de Água em Seac Pai Van que tenha capacidade para produzir diariamente 200 mil metros cúbicos de acordo com o seu design, significando que o volume total de abastecimento de água aumentará para 590 mil metros cúbicos por dia em Macau”, escreve a SAAM num comunicado publicado ontem.

3 Ago 2015

Emprego | Mais de duas mil pessoas procuravam trabalho até Junho

Os dados de Abril a Junho passados revelam que mais de 2200 pessoas se inscreveram nos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) à procura de emprego e a maioria fê-lo por estar desempregado. O mesmo relatório afirma que 43% destas inscrições se deveram à cessação laboral, enquanto 36% desejam mudar de ambiente de trabalho e outros 11% acabaram de chegar ao território. Comparando com os números de procura de emprego do segundo semestre do ano passado, o recente relatório mostra um ligeiro aumento. A grande maioria dos candidatos inscritos tinha entre 45 e 59 anos, enquanto outros 40% tinham entre os 25 e os 44 anos.
No que diz respeito às habilitações académicas dos candidatos, cerca de 63% deles tinham apenas o ensino secundário e os outros 23% finalizaram o primário. Apenas 13% dos inscritos são licenciados e menos de 1% têm um mestrado ou doutoramento. Tal como em anos anteriores, também nos passados três meses as profissões mais procuradas são trabalhador de casino, empregado administrativo, vendedor e segurança ou porteiro de prédios. Assim, o espectro de salários procurado vai das 10 mil patacas às 15,6 mil patacas, tendo os ordenados oferecidos para cargos semelhantes apenas circulado entre as 7,6 mil e as 12,6 mil patacas.

31 Jul 2015

Design | Jovem local vence competição para decorar fachada do Hotel Roosevelt

Kenny Leong venceu o concurso para decorar parte da fachada do futuro Hotel Roosevelt, na Taipa. Este deverá ser livre de mesas de Jogo, focando-se na temática de Hollywood. A inauguração está prevista para 2016

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau vai ter um novo hotel na Taipa, desta vez livre de mesas de Jogo e totalmente dedicado ao mundo hollywoodesco, onde reinavam estrelas como Marilyn Monroe, Marlon Brando ou James Dean. Este deverá ser inaugurado durante o primeiro semestre do próximo ano e vai, de acordo com um dos investidores, Aaron Iu, dar primazia às gastronomias asiática e ocidental.
“Estamos a planear ter um hotel com um serviço especializado de alta qualidade. Vai ter restaurantes chineses e ocidentais, por isso vai apresentar um bom estilo, mas não [será] para Jogo”, disse o investidor à Agência Lusa. O Roosevelt pertence à mesma cadeia dos hotéis Roosevelt dos EUA, mas com uma componente asiática. “O conceito não é exactamente o mesmo do hotel de Hollywood, onde foi construído o primeiro. Este combina as tradições de Macau e as de Hollywood”, afirmou Iu. A possibilidade de abrir um hotel da cadeia na região foi anunciada em 2013, mas apenas recentemente se soube mais pormenores.
Foi através de um concurso que o realizador local Kenny Leong venceu um prémio pecuniário de 300 mil patacas e a oportunidade de decorar parte da fachada e do terraço do empreendimento. O HM conversou com Leong e percebeu que se trata de um projecto complexo, revolucionário e “no qual poucas grandes cadeias investem”. Isto porque, explicou o artista, preferem ficar-se por elementos mais básicos e de mais fácil e barata manutenção, uma vez que se tratam de espaços frequentados por um grande volume de pessoas.
Questionado sobre a natureza do projecto, Kenny Leong respondeu que demorou cerca de dois meses a completá-lo totalmente e as coisas foram surgindo aos poucos. “Demorei um mês e meio para desenvolver a ideia e acho que não vai ser assim tão caro [montar o projecto]”, disse.
Visualmente, a obra de Kenny é feita de vários materiais e recorre a uma série de técnicas artísticas. Antes de mais, será colocada uma instalação de canos no terraço que ganha vida através da técnica de impressão em espuma em 3D.
“Desenhei uns painéis verticais de [luz] LED com os quais os visitantes podem interagir, por meio de uma aplicação móvel por exemplo”, explica Kenny.

Kenny Leong com a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes
Kenny Leong com a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes

O conceito, diz, gira em torno da relação entre espaço e utilizador. Além de tudo isto, há ainda espaço para colocar painéis de fumo que criam “uma enorme parede de projecção instaladas do hotel cá para fora”, contrariando assim o conceito tradicional de uma projecção, que o faz do projector para uma parede. Para completar, Kenny escolheu imagens de celebridades da “Era Dourada” para figurar nos painéis. “The Era” é o nome da sua invenção, precisamente por aludir aos actores como Marlon Brando e Marilyn Monroe da Hollywood americana.

O talento não abandona o artista

A história de Kenny começa em Macau, mas rapidamente continua do outro lado do mundo, no Canadá. Desde os cinco anos de idade que lá viveu, tendo frequentado a Universidade Ryerson, em Toronto. A sua primeira escolha havia sido Design de Interiores, a segunda Rádio e Televisão, mas o destino deixou que o jovem fosse parar ao curso de Novos Média.
“Na escola, desenvolvi um projecto relacionado com design, mas acabei por não entrar no curso mais tarde, quando me candidatei”, lamenta. Foi há três anos que regressou ao território e confessou-se “muito agradecido” ao Centro de Design de Macau pela oportunidade de poder ter o seu próprio estúdio de produção de vídeo neste local. “É isso que basicamente faço e onde passo quase todas as horas dos meus dias, a trabalhar, pelo que estou muito grato ao Centro”, disse.

Lembrar para não esquecer

Entre os premiados estiveram ainda projectos de Henrique Silva e de Rui Rasquinho, juntamente com uma equipa da Associação Art for All (AFA). O primeiro fez, de acordo com declarações do autor ao HM, uso de resíduos de estaleiros para decorar partes da fachada do prédio, de uma forma original. “A ideia foi pegar no entulho das obras e utilizá-los como elementos decorativos do próprio hotel, embutindo-os dentro de placas de epoxi [plástico semelhante a verniz]”, começa por explicar.
O terceiro projecto foi primeiramente criado por Rui Rasquinho, mas posteriormente desenvolvido por uma equipa de artistas da AFA. No entanto, ao HM, o artista plástico disse que a ideia inicial foi recriar a cultura chinesa, com uma espécie de recursos aos elementos básicos. “Faz parte de uma série que estou a fazer e que se inspira directamente em elementos da pintura chinesa, mas não recria, apenas se inspira, usando elementos como a água, as rochas, as nuvens”, explicou. Apenas Kenny Leong ganhou a oportunidade de ver o seu projecto ganhar vida, mas Henrique Silva e Rui Rasquinho também receberam galardões pecuniários, no valor de 50 mil patacas, ao lado de Ng Hio Wai e Carlos e Pedro Ho.

31 Jul 2015

IAS sugere acordos com empresas para contratação de seniores. Ajuda a idosos em consulta pública

O Governo está a ponderar a criação de acordos com empresas para que estas contratem idosos locais. De acordo com um estudo pedido a uma universidade de Hong Kong, é preciso investir em acessos sem barreiras, mais lares e formação de recursos humanos. Um novo mecanismo de protecção aos idosos vai agora a consulta pública

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) pondera o estabelecimento de acordos com empresas privadas para que estas contratem idosos que tenham capacidade para trabalhar. Esta ideia, explicou ontem o presidente do IAS, Iong Kong Io, serve para ajudar a uma melhor integração destes residentes na sociedade e é uma das sugestões incluídas no Mecanismo de Protecção aos Idosos, que agora avança para consulta pública.
Nenhum dos representantes presentes avançou mais novidades sobre o assunto, referindo apenas que este está em maturação. O anúncio teve lugar durante a sessão de apresentação de um plano decenal para minorar o impacto do envelhecimento da população – o Mecanismo de Protecção aos Idosos da RAEM -, desenvolvido pela mesma entidade, que teve como base um estudo feito pela Universidade Lingnan de Hong Kong.
Foi o professor Alfred Cheung-ming Chan quem ficou responsável pela referida pesquisa, que durou mais de dois anos. As conclusões apontam para a aplicação de um mecanismo com enfoque em quatro pontos principais: serviços médicos e de assistência social, garantia dos direitos, participação social e ambiente de vida. Estes dividem-se, por sua vez, em 14 diferentes questões, como a reabilitação e cuidados a longo prazo, transporte e deslocações, construção e habitação e garantias jurídica e de segurança económica.
Questionado sobre se a criação deste mecanismo estava relacionado com a Lei de Protecção de Bases dos Idosos, que já deveria ter sido entregue à Assembleia Legislativa, mas ainda está atrasada, Iong Kong Io afirmou que se trata apenas de uma medida cumulativa, exterior ao documento da proposta.

Mudanças várias

Tudo isto, assegurou o IAS na apresentação do plano, deve culminar na promoção de “sentimentos de segurança e de pertença, valorizando os idosos”. O Instituto prevê ainda que em 2036 a população com mais de 65 anos possa chegar aos 20,7%, sendo necessário preparar a região e a sociedade para lidar com o aumento progressivo dos seniores.
A consulta pública sobre o novo mecanismo começou ontem e estende-se até 12 de Setembro, embora os resultados só venham a ser conhecidos “no primeiro semestre do próximo ano”, de acordo com um dos responsáveis do IAS ontem presentes na sessão.
O mecanismo a desenvolver deverá implicar mudanças a vários níveis, nomeadamente na formação de recursos humanos na área da Geriatria, dos serviços sociais, dos médicos e enfermeiros, no número de vagas em lares de idosos, entre outras. De acordo com o estudo da universidade da RAEHK, é também necessário proceder ao “aperfeiçoamento da Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos e das medidas para o acompanhamento, estabelecimento do regime de segurança social de dois níveis”. Em termos físicos, o mesmo relatório conclui que é preciso melhorar os acessos para as pessoas mais velhas, como em passagens superiores, passeios e a segurança doméstica.

31 Jul 2015

Sands China e Câmara do Comércio querem comprar a PME

É mais uma demonstração de apoio às PME locais da parte das operadoras de Jogo. Agora foi a Sands China quem fez uma parceria com a Câmara de Comércio local

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Sands China e a Câmara do Comércio de Macau unem-se para criar um programa de incentivo à compra de produtos locais. De acordo com um comunicado, só no ano passado, a operadora comprou cerca de 12,5 mil milhões de patacas a mais de 2200 empresas locais, incluindo pequenos e médios vendedores e distribuidores.
“Ao perceber as dificuldades sentidas pelos pequenos negócios em colaborar com grandes organizações, a Sands contactou a Câmara do Comércio de Macau, levando-a a perceber a importância destas empresas”, refere a empresa em comunicado.
Durante a sessão de esclarecimento, foram mais de cem as PME interessadas em participar neste programa de fomento. Há, de acordo com a equipa gestora do projecto, três diferentes tipos de empresas: pequenas e micro, aquelas que “são feitas e criadas em Macau” e jovens empreendedores locais. O primeiro grupo é constituído por todos os negócios em que mais de 50% do capital seja detido por cidadãos residentes e não empregam mais de 15 pessoas, enquanto aquelas “criadas” no território detêm uma licença de Indústria e um certificado dos Serviços de Economia.
Finalmente, descrevem como jovem empreendedor aquele que detenha mais de 50% do seu negócio e tenha entre 21 e 44 anos de idade. “A Sands acredita no investimento na comunidade local, seja através de esforços de voluntariado com ONG ou iniciativas como esta”, diz a Sands, citando o vice-presidente executivo, Ben Toh.
Na passada quarta-feira, as entidades responsáveis pelo projecto publicaram uma lista de mais de 200 produtos que podem agora ser comercializados localmente, através de empresas de Macau. Estes eram anteriormente importados e a lista – de entre bens alimentares, instalações, iluminação e mobiliário – pode ser consultada online.

31 Jul 2015

CPU | Vogais preferem réplicas a manutenção de fachadas

A reunião de ontem do Conselho do Planeamento Urbanístico apresentou ontem 18 novos projectos, quase todos de fim não industrial. No entanto, houve quem se opusesse à decisão do IC de manter as fachadas originais: alguns vogais preferem a reconstrução dos prédios como réplicas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ntem foram apresentados 18 novos projectos durante a reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico e alguns dos vogais presentes mostraram preferência pela reconstrução de edifícios antigos como réplicas dos originais ao invés de, tal como definido pelo Instituto Cultural, se manterem as fachadas como estão. Entre as preocupações estão os custos acrescidos de manutenção destas fachadas, que ficam a cargo dos proprietários dos edifícios. Sobre esta matéria, o IC comentou apenas que, ao abrigo da Lei de Salvaguarda do Património, o Governo poderá estar disponível para financiar parte dos custos da preservação.
Dois dos projectos sobre os quais foram levantadas várias questões localizam-se na Rua dos Faitiões e na Avenida Almeida Ribeiro. De acordo com a Planta de Condições Urbanísticas (PCU), estes são de carácter não industrial e o primeiro, que tem actualmente 8,6 metros, poderá ir até aos 20,5 metros de altura. Já o número 135 da Almeida Ribeiro terá que ter a sua fachada preservada, abarcando parte do Beco do Senado.
Foi durante a discussão destes projectos que alguns vogais se insurgiram contra a preservação das fachadas actuais, sugerindo que os edifícios fossem demolidos para serem reconstruídos como réplicas dos originais, de forma a que a sua manutenção fosse facilitada. No entanto o IC discorda desta opção, defendendo que é importante preservar aquilo que já lá está. “Emitimos um parecer para tentar respeitar os elementos originais, sugerindo ao proprietário a manutenção da fachada”, referiu um representante do IC, de acordo com a Rádio Macau. “Quando exigimos a manutenção da fachada, queremos é o estilo arquitectónico e ainda tentar utilizar o mesmo material para recompor esse mesmo estilo”, acrescentou o IC.

Um hotel junto às casas

Outro dos projectos apresentado localiza-se em Seac Pai Van e deverá compreender lotes de habitação e outro destino à construção de um hotel, ficando a área maior reservada para edifícios com apartamentos. Em declarações ao HM, o arquitecto Rui Leão disse apenas que a volumetria e altura apresentadas ontem vão ao encontro daquelas que já lá estão construídas. Durante a apresentação deste projecto, alguns dos vogais presentes mostraram-se preocupados com o facto da construção poder vir a toldar a passagem do metro ligeiro naquela zona. Em resposta, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, assegurou os membros de que “está reservado espaço, pensamos que suficiente, para o metro ir até Coloane”, de acordo com a Rádio Macau.

Hotel Estoril | Leung Hio Ming sem posição

O presidente substituto do Instituto Cultural (IC) não quis pronunciar-se sobre a eventual manutenção da fachada do antigo Hotel Estoril, mostrando ainda ter dúvidas sobre se a decisão final fica mesmo a cabo do Conselho do Planeamento Urbanístico. As afirmações tiveram lugar durante a emissão do Programa Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau. Por outro lado, a Chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Lai Ieng Kit, confirmou ontem, durante a emissão do mesmo programa, que o Governo ainda não tomou qualquer decisão definitiva sobre o destino a dar àquele local. A responsável apelou ainda à população para que fosse expressar as suas opiniões na hora e local para esse mesmo efeito, advertindo, no entanto, que esta seria uma matéria que dificilmente iria obter a concordância total da sociedade.

30 Jul 2015

Exposição | Técnicas de marcenaria para celebrar aniversário do Centro Histórico

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ntem teve lugar a inauguração da exposição da Carpintaria de Lu Ban, um dos mais importantes artistas carpinteiros na história da construção da China. A mostra ficou à responsabilidade do Instituto Cultural (IC) e da Associação Seong Ká Môk Ngai de Macau, agora com instalações completamente renovadas e inauguradas recentemente. O evento vem não só “promover o espírito de reflexão e inovador de Lu Ban, expor as técnicas de marcenaria tradicionais locais, revitalizar e pôr em uso edifícios de relevo e de valor cultural da cidade”, mas também celebrar o 10º aniversário do Centro Histórico da RAEM, que tem lugar este mês. O edifício renovado da Associação situa-se na Rua de Camilo Pessanha e é onde a mostra se encontra exposta. De acordo com comunicado do IC, Lu Ban é considerado “um extraordinário inventor e padroeiros dos carpinteiros da China”, tendo sido responsável pela invenção de uma série de novas técnicas de construção ao nível da carpintaria e do uso da madeira.
A mostra encontra-se divida em duas partes. A primeira reúne informações sobre a recuperação e protecção do edifício original. Entre 2013 e 2014, o IC procedeu à remoção de água e sal das paredes de um dos andares do Templo de Lu Ban, igualmente situado naquela zona. Foi ainda feita a reparação dos tijolos, o reforço da estrutura e a reabertura da clarabóia. A actual exposição abarca toda esta secção, mas também uma antiga sala de actividades da Associação e um pátio exterior. A colecção de artigos expostos inclui um “enorme cadeado” de Lu Ban e mais de 80 ferramentas tradicionais para trabalhar madeira, como serrotes, berbequins e marcadores de tinta. Os visitantes podem ainda ver vídeos e ler informações acerca da vida e obra do autor retratado. A mostra conta ainda com alguns documentos e materiais emprestados pelo Instituto Politécnico de Macau. Esta encontra-se aberta ao público das 10h00 às 18h00 horas, incluindo feriados.

30 Jul 2015

SS | Medicamento para hepatite não é para já

Os Serviços de Saúde (SS) emitiram um comunicado, esclarecendo que o medicamento oral Sofosbuvir, para o tratamento da hepatite C é “eficaz”, mas ainda se encontra em fase experimental.
“Em conformidade com o relatório do estudo clínico, o novo medicamento de administração [Sofosbuvir] via oral produz efeito terapêutico. Contudo, o referido medicamento está ainda em fase de terapêutica experimental, sendo obrigatório proceder a uma avaliação rigorosa dos resultados de tratamento e efeitos secundários”, afirmam os SS.
A polémica teve início há cerca de dois meses, quando os Serviços de Saúde alegadamente prometeram aos doentes que receberiam este novo tratamento. No entanto, de acordo com o jornal Macau Daily Times, há quem esteja à espera há mais de um ano. Num comunicado, os SS afirmaram que o Sofosbuvir está já disponível no território, mas não foi ainda utilizado para tratar qualquer doente.
Num comunicado publicado ontem, a mesma entidade veio referir que o Hospital Conde de São Januário “cumpre o plano de tratamento eficaz e administram medicamentos para o tratamento da hepatite C reconhecidos internacionalmente, em consonância com o estado de saúde de cada doente”.

30 Jul 2015

Salário mínimo | Lei aprovada com reservas sobre abrangência

A Lei do Salário Mínimo para os trabalhadores de limpeza e de segurança em prédios habitacionais foi aprovada na especialidade pelo hemiciclo, na passada sexta-feira. No entanto, houve reservas por parte de alguns deputados, que se mostraram preocupados com os ordenados e a exclusão de outros sectores

Foi aprovada por unanimidade a Lei do Salário Mínimo para os Trabalhadores de Limpeza e de Segurança na Actividade de Administração Predial, ainda que com algumas reservas por parte dos deputados. Foi Kou Hoi In quem primeiramente defendeu que o actual regime pode entrar em conflito com duas outras legislações já em vigor: a Lei Laboral e a Lei das Relações do Trabalho.
Numa outra intervenção, Kou falou de terminologia e de possível confusões no que diz respeito às nomenclaturas de guarda e porteiro. “Gostaria de saber mais sobre o trabalho de segurança e sobre o conceito (…) não quero discutir a terminologia, mas em termos legais, pode surgir o problema, se considerarmos um porteiro como tal, estes terão que ser formados, submeter-se a um exame e ter a licença”, disse. “Esses alegados porteiros que não têm licença, podem perder o emprego e os empregadores, ser multados, por falta de licença dos seus funcionários”, advertiu. Kou Hoi In lembrou que pode haver confusão com as várias leis existentes e que regulamentam a actividade de guardas e porteiros na RAEM.

Que se cuidem
Já Song Pek Kei argumentou que o diploma aprovado na passada sexta-feira, na Assembleia Legislativa (AL), exclui os trabalhadores de edifícios industrais e comerciais. “Porque é que os prédios urbanos para fins comerciais não estão aqui incluídos?”, questionou. De certa forma, disse, acaba por excluir uma grande parte dos funcionários de limpeza e segurança de Macau.
O advogado e deputado Leonel Alves juntou-se a Song Pek Kei, apoiando a crítica à exclusão que a lei prevê. “Um casal no qual o marido trabalhe num prédio para habitação e a mulher num edifício de escritórios, [vai sentir] diferença de tratamento e no entanto fazem exactamente a mesma coisa”, criticou Leonel Alves.
Outro dos assuntos que gerou debate esteve relacionado com a remuneração estabelecida pela lei, que se fica nas 6340 patacas mensais, 30 por hora e de 240 por dia.
Para Kwan Tsui Hang, é “injusto” que a remuneração auferida por quem ganha ao mês seja menor do que aquele dada a quem ganha ao dia e à hora. De acordo com o documento, quem aufere o ordenado mensal, ganha apenas 26 patacas por hora. “Não é só a diferença de umas patacas por hora”, criticou a deputada.
De acordo com a estimativa do Governo, a nova proposta deverá abranger mais de 4600 trabalhadores da RAEM. Para tentar colmatar o visível problema levantado pelos deputados, o vice-presidente da AL, Lam Heong Sang sugeriu que a expressão presente na lei “prédios urbanos destinados à habitação” fosse retirada, de forma a tornar o diploma mais abrangente.

Decisão desde sempre
No entanto, o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong argumentou que foram estas as profissões que, desde sempre, estavam estipuladas para incluir na lei. “Se eliminarmos esta expressão ‘prédios urbanos destinados à habitação’ parece que estamos a alargar o âmbito de aplicação da lei. Neste momento não temos suporte ou fundamentos para tal. Nem podemos prever as consequências. Temos de ser cautelosos”, argumentou o dirigente.
Song Pek Kei interviu novamente para perguntar ao Executivo quando seria implementado o salário mínimo universal. Em resposta, o Governo prometeu que em três anos tudo estaria regulamentado. “Qual o rumo em relação à universalização do salário mínimo?”, perguntou a deputada. Em resposta, Lionel Leong disse que “o salário mínimo é uma garantia”. Sobre a universalização desta política, foi o director dos Serviços para os Assuntos Laborais, Wong Chi Hong, que esclareceu os membros do hemiciclo: “No quarto trimestre deste ano vamos começar os trabalhos preparatórios [para o Salário Mínimo Universal], incluindo a recolha de informações para elaborar o projecto. Em 2016, vamos fazer uma apresentação sobre o projecto no Conselho Permanente de Concertação Social. Prevemos que no quarto trimestre de 2016 vamos realizar a auscultação pública. Em 2017, no primeiro trimestre, vamos entrar no processo legislativo. Prevemos que no segundo trimestre de 2017 possamos apresentar essa proposta à Assembleia Legislativa para efeitos de apreciação”, assegurou Wong.
De acordo com o presidente da Comissão da AL que discutiu o assunto na especialidade, Cheang Chi Keong, várias foram as associações locais que se mostraram preocupadas com a eventual pressão económica das empresas. De acordo com o deputado, a Federação das Associação de Operários de Macau, a União Geral dos Moradores de Macau e a Associação Novo Macau referiu, durante reuniões com a Comissão, que a entrada da lei em vigor poderá implicar despesas adjacentes à Assembleia do Condomínio.

Leonor Sá Machado
leonor.machado@hojemacau.com.mo

Destaque
“Um casal no qual o marido trabalhe num prédio para habitação e a mulher num edifício de escritórios, [vai sentir] diferença de tratamento e no entanto fazem exactamente a mesma coisa”
Leonel Alves, deputado

6 Jul 2015

Infiltrações | Kwan Tsui Hang e Song Pek Kei pedem revisão da lei

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s deputadas Kwan Tsui Hang e Song Pek Kei voltaram a trazer à Assembleia Legislativa (AL) a questão das infiltrações de água. Na passada sexta-feira, ambas defenderam a revisão da lei que regulamenta o tratamento destes casos.
Para Song Pek Kei, o mais importante, além da actualização dos diplomas legais, é a realização de acções de sensibilização que ensinem aos residentes as suas “responsabilidades de manutenção, reparação e gestão dos edifícios”. A deputada sugeriu ainda que os casos menos graves de infiltrações sejam resolvidos pelas assembleias de condomínios, de forma a poupar recursos humanos.
“Para além da revisão da legislação, é urgente, na minha opinião, que o Governo e os residentes reflictam sobre as diversas formas eficazes para a resolução deste problema”, disse.
Por outro lado, Kwan pede não só a alteração da legislação, mas que seja dado mais poder ao Tribunal Judicial de Base, no caso de tratamento de casos de infiltração. “Na altura da revisão da lei, o Governo deve considerar o alargamento da jurisdição do referido Juízo e, em conjunto com os serviços competentes, disponibilizar cursos de formação específicos para assegurar aos residentes a possibilidade de encontrar os referidos técnicos no mercado”, expôs a deputada. Isto, justifica, poderia ser parte da solução, aliviando trabalho ao Centro Interserviços que trata destes problemas.
Entre as interpelações orais apresentadas na semana passada, esteve ainda a de Melinda Chan, que, à luz do incidente que teve lugar em Taiwan há alguns dias, pede a realização de acções de simulações para acidentes e catástrofes. A deputada pede que sejam contratados mais profissionais desta área, nomeadamente em quantidade suficiente para fazer face à eventualidade de um desastre natural em Macau. “[Os] hospitais já se deparam com insuficiências para manter o seu funcionamento diário, portanto se ocorresse um caso inesperado com número elevado de vítimas, as consequências seriam inimagináveis”, alertou.

6 Jul 2015

Terrenos | Não recuperados motivam mais críticas duras de deputados

Os deputados continuam insatisfeitos com as respostas do Governo sobre os terrenos e voltam a criticar o que dizem ser falta de transparência

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram seis os deputados que na passada sexta-feira se insurgiram contra aquilo que alegam ser falta de transparência, “conluio” e “troca de interesses” por parte do Governo no que diz respeito à recuperação de terrenos não aproveitados. As intervenções destes deputados surgem depois do anúncio de Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, de que 16 terrenos afinal não seriam recuperados pelo Governo, como estava inicialmente previsto.
Foi através de interpelações orais que vários deputados se queixaram da falta de transparência do Governo, especialmente da pasta de Raimundo do Rosário.
Ella Lei foi uma das que deu início à onda de críticas pelo que considera ser falta de informações à população pelo Governo. “Mesmo que haja o problema dos serviços administrativos não terem dado respostas atempadas, ou se houve má administração, prevaricação de funções por parte de alguns funcionários e até lacunas nos procedimentos, tudo isto tem que ser, claramente, divulgado ao público”, reiterou a deputada.
Recorde-se que o Governo disse que não ia recuperar mais os terrenos por sua culpa, devido a atrasos em procedimentos administrativos que não se imputavam às concessionárias.
Depois de Lei, também José Pereira Coutinho acusou o Governo de “falta de transparência”, algo que justifica com a falta de informações à sociedade. “Dois dos principais ‘flagelos’ da RAEM têm que ver com as ‘derrapagens financeiras’ e a concessão directa dos terrenos por arrendamentos dos terrenos, áreas férteis em abusos de poder e corrupção”, disse o deputado na sessão plenária da passada sexta-feira.
O discurso inicial do também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) serviu para pedir, uma vez mais, que o Governo implemente um portal “especificamente dedicados aos terrenos e contratos públicos”, de forma a aproximar os cidadãos do Executivo. “A existência deste portal constitui um instrumento muito importante” no que diz respeito à responsabilidade e transparência governamentais, duas peças que Pereira Coutinho considera fundamentais. Este portal serviria, de acordo com o deputado, para informar a população, que poderia consultar dados como a entidade construtora, orçamentos e dinheiros gastos, entre outras.

Mais do que estes

Também a celeuma do total de 113 terrenos que não foram aproveitados foi tema quente na passada sexta-feira. Quem primeiramente o focou foi Leong Veng Chai, que pediu ao Governo mais explicações sobre os 65 terrenos que, à parte dos 48, deviam ter já sido devolvidos ao Executivo. Mas Leong Veng Chai não deixou de focar-se também nos 16 agora devolvidos. De acordo com o deputado, a única explicação dada pelas autoridades foi de que esta “libertação” já havia sido aprovada antes de Raimundo do Rosário ter assumido a pasta das Obras Públicas. Leong Veng Chai não gosta.
“Isto é estranho. Já havia uma decisão que o Governo não divulgou, atempadamente, atrasando-a até agora, e encobriu dolosamente a notícia, restringindo o direito à informação do público”, disse. Para Leong Veng Chai, a não recuperação dos 16 terrenos implicou “uma crise de governação e a total perda de confiança da sociedade” no Executivo.
Assim, além de uma fiscalização mais apertada, pediu também mais abertura e transparência, tal como outros seus colegas do hemiciclo.
Ainda sobre o mesmo assunto, Mak Soi Kun levantou diferentes questões: o deputado quer saber o que vai acontecer com os projectos que estão já a ter lugar em terrenos cujo prazo de concessão termina antes da conclusão das obras de construção. “O prazo de concessão termina em breve, e as obras ainda estão em curso, então o que é que vai acontecer àqueles terrenos?”, questionou. O deputado falava num contexto macro da economia local e da forma como o não aproveitamento de terrenos podia agravar a falta de habitação, nomeadamente daquelas pessoas que já compraram casas onde supostamente estão a ser construídos prédios habitacionais.
A ala democrata também interveio, uma vez mais, para acusar o Governo de falta de transparência. Ng Kuok Cheong pediu, além da divulgação das informações sobre os terrenos ao público, que fossem incluídos todos os 113 terrenos na investigação do Comissariado Contra a Corrupção, a ser levada a cabo por ordem de Chui Sai On. De acordo com o Governo, apenas 16 estão a ser alvo disso mesmo.
“Essa instrução (…) não deve apenas centrar-se nos 16 terrenos revelados agora, deve sim, incluir o conjunto dos 113 terrenos que antes foram classificados como não aproveitados dentro do prazo”, sugeriu. Au Kam San, por outro lado, exigindo mais explicações e que os alegados culpados sejam responsabilizados, questionando o Governo sobre a natureza dos referidos terrenos. “Será que houve aqui uma troca e que os 48 terrenos de que estamos a falar agora não são os mesmos de que sempre andámos a falar?”, perguntou. Além disso, Au coloca a hipótese de existir, na não reversão dos terrenos, “conluio entre empresários e governantes”.

6 Jul 2015

Cristiana Su, Relações Públicas no Instituto Cultural

[dropcap]C[/dropcap]ristiana Su é, tal como tantos outros jovens que por cá andam, natural de Macau. No entanto, o seu nome engana quem possa julgar que viveu em Portugal. Na verdade, a história desta jovem é particular, no sentido em que não segue o destino habitual.

Ao invés de ter ido estudar para Portugal, Inglaterra ou EUA como tantos outros, o rumo de Cristiana foi diferente: aos oito anos de idade mudou-se com a família para a região vizinha de Zhuhai, onde cresceu e cumpriu o ensino educativo até atingir a maioridade. Aos 18, retorna ao berço que a viu nascer, com um objectivo claro: licenciar-se. Foi assim que a sua história no território (re)começou.

“Mudei-me para cá e fiz a licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade de Macau”, começou a jovem por explicar ao HM. Viver em Zhuhai, diz, foi bom enquanto durou, mas parece-se mais com “um local de relaxamento e descanso, para onde as pessoas vão quando se reformam”.

Macau tornou-se assim num local onde Cristiana se imaginou a evoluir profissionalmente. Fruto de heranças distintas, tem dupla nacionalidade e nasceu em Macau: duas mais-valias que fazem do mundo a cidade de Cristiana.

Entre estudos e novos conhecimentos, acabou por cumprir um estágio de seis meses na Universidade de Coimbra. Actualmente, trabalha como Relações Públicas e Organizadora de Eventos Culturais no Instituto Cultural, onde se diz “muito feliz”. Isto não só porque gosta de viver em Macau e naquilo em que a cidade se está, aos poucos, a transformar, mas porque muito se interessa por actividades culturais, como são a realização de exposições, peças de teatro, concertos, entre outras.

“Estou no IC desde Agosto [do ano passado] e a adorar o que faço, especialmente porque posso fazer parte da transformação de Macau na área cultural”, diz ao HM. Uma das curiosidades acerca desta jovem é o facto de falar, fluentemente, três línguas.

“Falo Inglês porque é a língua com que comunicamos em casa e Mandarim e Português porque aprendi mais tarde”, esclarece.

Entre ajudar a organizar eventos culturais e comunicá-los aos meios de comunicação, faz algumas traduções e participa activamente em algumas dessas actividades. Questionada sobre o actual panorama cultural na região, Cristiana diz considerar que o Governo “está a fazer um grande esforço” nesse sentido. À parte do trabalho no IC, a jovem sente-se privilegiada por viver em Hac-Sá e poder usufruir daquele zonas, dos seus trilhos de caminhada e da praia e de pequenos cafés que vão surgindo por toda a cidade, o desenvolvimento daquilo a que chama de “crescente cultura de fazer e beber café”.

Ocidentais no Oriente

Não é, no entanto, comum ouvir-se uma jovem notoriamente loira, de traços ocidentais, a falar Mandarim como se de uma nativa quase se tratasse. Natural é, por tudo isso, que a comunidade chinesa se surpreenda ao ouvir Cristiana a comunicar fluente e comodamente na língua da Mãe-Pátria.

“É muito engraçado quando, em trabalho, se combina alguma coisa com alguém por telefone, em Chinês, e depois se chega ao sítio e a pessoa não nos reconhece porque não parecemos a pessoa que atendeu a chamada”, conta Cristiana, entre risos.

A experiência de trabalhar num departamento que faz da cultura personagem principal é, para a jovem, bastante boa, uma vez que não é só possível perceber as mudanças progressivas da cidade, mas também do contexto de mentalidade local. “Acho que nunca vi tantas notícias sobre novas exposições e eventos culturais nos jornais como hoje em dia e isso é um dos sinais de que Macau e a comunidade estão cada vez mais preocupados com a difusão da cultura”, explica.

Pelos olhos de uma criança dos anos 90, esta era uma cidade segura, mais calma e que Cristiana associa à presença lusa. “Antes, relacionava muito Macau à herança cultural portuguesa e a Portugal, porque a diferença entre Macau e Zhuhai, mesmo sendo as duas zonas chinesas, é muito diferente. Mas hoje em dia, associo Macau a toda a indústria do Turismo, aos grandiosos hotéis e casinos”, distingue a jovem, licenciada em Estudos Portugueses. “Vejo Macau como uma cidade internacionalizada”, frisa. Cristiana justifica esta internacionalização com o facto de haver sempre coisas a acontecer, lojas e restaurantes a abrir numa cidade que actualmente pouco pára.

De Zhuhai para o mundo

“A vida é mais fácil. Atravessa-se a fronteira e há mais coisas, mais parques, mais natureza, mais desporto e eu gostei dos anos que lá vivi e acho que Macau hoje é um pouco confuso, com muita gente e trânsito”, confessa ao HM. Ainda assim, embora descreva Macau como um “pouco insuportável para se viver”, gosta de cá estar e não pretende deixar já o território. Hoje em dia prefere Macau a Zhuhai.

“Para pessoas que procuram um emprego e uma vida mais atarefada, este é um sítio melhor”, justifica. A vida de Cristiana começou em Macau, para passar quase dez anos por Zhuhai e simplesmente regressar à região que a viu nascer.

No entanto, não se trata de um caminho sem fim e Macau pode não ser a última casa do jogo. “Gosto muito desta cidade para viver e trabalhar, mas não me imagino a criar família e ter filhos aqui, por isso projecto uma próxima etapa da minha vida noutro sítio e os EUA ou Portugal são duas das possibilidades”. O que importa, diz, “é tentar”, já que a vida são dois dias e um deles está já a passar.

Neste momento, Cristiana parece querer aproveitar aquilo que a cidade e a vida lhe dá, nunca descartando o facto do mundo ser agora global e capaz de acolher quem o quiser abraçar.

5 Jul 2015

BIR | Consulta sobre mudança de género agrada a activistas

A sociedade vai dar a sua opinião sobre a possibilidade de alteração de género nos documentos oficiais. Apesar de ser uma meta difícil, activistas e juristas consideram que este momento político deve ser usado para informar a população sobre o tema

[dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Claro que concordo com a consulta pública”, começa por afirmar Anthony Lam, presidente da Associação Arco-Íris, quando questionado sobre a consulta pública que deverá ser levada a cabo para a possibilidade de mudança de género nos documentos de identificação. O activista admite que “mesmo não sabendo o que surgirá da consulta é sempre bom existir uma oportunidade para a sociedade debater este assunto”.
Em causa está a possibilidade de os transexuais terem o direito de alterar o género nos seus documentos de identificação, depois de fazerem as operações de mudança de sexo. Recorde-se que há pelo menos dois casos conhecidos de pessoas que se submeteram à cirurgia de mudança de sexo e que não podem alterar os dados nos documentos de Macau devido às lacunas da lei.
Jason Chao, activista e membro da mesma Associação, considera “óptimo” que o tema vá a consulta pública, algo “bastante positivo para a Bella [um dos casos mencionados] e para quem defende os seus direitos”, disse ao HM. Questionado sobre a aceitação da matéria pela população, Chao mostrou-se confiante de que os residentes mais novos vão concordar com a possibilidade de mudança de género nos documentos de identificação. “Com os jovens estou bem confiante, mas não tanto com os mais velhos”, disse.
Quanto ao que as pessoas dizem, Jason Chao sublinha que “tudo depende da forma como se explica às pessoas do que se trata”, considerando que uma auscultação social é importante para esclarecer a população sobre um assunto que não parece estar assim tão democratizado.
Para Anthony Lam, a vontade é que a consulta pública seja um caso de sucesso e de aceitação por parte da população, mas sendo a primeira vez que este assunto é trazido para discussão pública torna-se um pouco mais difícil atingir o objectivo. Independentemente do resultado, sublinhou, “a consulta é uma oportunidade para informar a população sobre o assunto”. “Esta é a oportunidade que se pretendia, dar a conhecer à população os direitos dos seres humanos”, rematou.

A lei como ela é

Esta é uma questão marcada pela “mania de dar ideia de uma democracia que não existe”, defendeu o advogado Pedro Leal, sublinhando que “fazem-se consultas públicas por tudo e por nada”. Na opinião do jurista, este é um tema sobre o qual até os próprios profissionais da área de Direito têm dúvidas.
“Tenho muitas dúvidas e nem sei bem como deveria tomar uma decisão e eu sou jurista, tenho alguma formação, portanto penso que a sociedade de Macau não está preparada para dar uma opinião sobre um assunto destes”, argumenta.
Sem formação e preparação, o resultado é claro: opiniões pessoais, do ponto de vista moral e cultural sobre questões jurídicas, que é o que se “pretende com esta consulta”.
“É necessário que a própria sociedade admita culturalmente que se possa fazer essa mudança de sexo. Isto tem consequências a nível moral, ético…. há muita coisa em jogo, e está muito relacionado com a cultura”, começa por esclarecer Miguel de Senna Fernandes, também advogado. Mostrando-se a favor da autorização de mudança de género nos documentos oficiais, Miguel de Senna Fernandes, considera que é de direito e dever de qualquer pessoa ver “este desejo de alteração realizado”.
Quanto aos resultados, o advogado considera que a consulta pública está directamente relacionado com a sensibilidade da população. “Macau continua a ser uma sociedade muito conservadora, portanto há muita coisa que não vai passar porque choca a comunidade. Não há mal nisto, é uma característica desta sociedade”, argumenta, frisando que duvida que “Macau esteja preparado para assumir esta alteração”. Ainda assim é, no seu ponto de vista, “importante que se faça esta consulta pública”.

3 Jul 2015

Saúde | Governo dá mais de 16 milhões a associações

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) concederam, entre Janeiro e Março deste ano, mais de 16 milhões a associações locais para serviços e equipamentos de cuidados de saúde.
Tal como em 2014, também este ano foram a FAOM e a Associação Tung Sin Tong que mais dinheiro arrecadaram. A primeira teve direito a 4,7 milhões de patacas em forma de financiamento para o seu Centro de Recuperação e a Tung Sin Tong arrecadou, dos SS, 5,8 milhões destinados aos serviços de consultas externas e estomatologia para crianças. A Cruz Vermelha conseguiu mais de um milhão de patacas para o serviço de transporte de doentes, enquanto a Special Olympics beneficiou de 1,1 milhões de patacas para a realização de actividades. Embora a soma total de financiamento atribuída pelos SS às mais de 65 associações tenha sido maior em 2014 do que este ano, a FAOM e a Tung Sin Tong conseguiram mais dinheiro do que há um ano.
Um total de 1,194 milhões de patacas foi ainda distribuído sob a forma de subsídio de financiamento das clínicas das associações.
Já para o segundo curso de “prática avançada de medicina clínica”, que teve lugar de Janeiro a Fevereiro e se destinou aos profissionais em funções em várias clínicas de 66 associações, foram gastos mais de 1,296 milhões de patacas. O montante investido na prática de exames de rastreio da Síndrome de Down para mulheres grávidas rondou as 297,5 mil patacas. Estes subsídios foram dados às mulheres que não conseguiram, recorde-se, fazer os exames no hospital público.
Entre os colectivos beneficiários estão ainda a Federação das Associações dos Operários de Macau, a Aliança do Povo de Instituição de Macau, a Santa Casa da Misericórdia e a Cáritas. No ano passado, os SS gastaram quase 38,822 milhões na atribuição de subsídios a associações, igualmente distribuídos durante os primeiros três meses do ano.

2 Jul 2015