Leonor Sá Machado SociedadeIAS | Conselho de avaliação de deficiência só em 2017 IAS vai ter um conselho de especialistas inteiramente dedicados à avaliação da deficiência, mas só em 2017. Segundo o relatório de uma Comissão especializada, o sistema actual precisa de várias mudanças e menos burocracia. Também o subsídio de invalidez vai ser aumentado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) vai mesmo criar um conselho de especialistas dedicado à avaliação do grau da deficiência em Macau, mas só entre o próximo ano e 2017. A informação chegou ontem através do chefe do Departamento de Solidariedade Social, Choi Sio Un, que falou com os jornalistas à margem da primeira sessão plenária da Comissão para os Assuntos de Reabilitação. A sugestão de criar um conselho deste teor foi feita no relatório final de uma revisão que o Executivo encomendou ao Grupo Especializado de Peritos da Federação das Pessoas com Deficiência da China, com Qiu Zhuoying a carga das operações. “Propõe-se que seja constituída uma comissão composta por especialistas da avaliação de diversos tipos de deficiência, incumbida de criar uma estrutura de apoio técnico à avaliação”, esclarece o IAS, pela voz do grupo de trabalho. Ainda neste âmbito, o mesmo colectivo sugere que as unidades avaliadoras troquem informações entre si, como se de um grupo interdepartamental se tratasse, “para incrementar ainda mais a permuta de experiências”. Por sua vez, no seio deste grupo deverão ser seleccionados alguns funcionários que lidem somente com a questão das avaliações. Outra das sugestões que teve bastante eco junto do IAS foi a necessidade de criar mais sistemas de transportes de pessoas com deficiência, como os shuttle bus. Ontem, Choi assegurou que “o Governo vai pensar nisso”. Mudar de rumo A revisão teve início em 2013 e só agora foi concluída, mas a lista de sugestões é vasta. Entre elas está a clarificação da redacção legislativa que regula os critérios de avaliação de deficiência, seguidas pelo IAS. Também a deficiência mental deve seguir novos trâmites, de acordo com indicações da nova versão de um documento oficial da Associação Americana de Psiquiatria, o mesmo acontecendo com pessoas com problemas de audição. Entre as recomendações estão uma série de acções que deverão vir a facilitar os trabalhos e métodos burocráticos da avaliação da deficiência de residentes na RAEM. Outra das sugestões é a criação de um serviço one-stop inteiramente dedicado à avaliação do grau de deficiência, mas tanto o grupo de trabalho como o Executivo admitiram ontem ser impossível implementar tal medida para já, pelo que se espera que seja uma tarefa a desenvolver a partir de finais de 2017. Este envolve uma série de recursos humanos e técnicos de que neste momento, de acordo com o relatório, Macau não dispõe. Autismo no cartão de portador de deficiência este ano Os cidadãos que sofram de autismo vão ter, já a partir deste ano, uma nota no seu Cartão de Registo de Avaliação de Deficiência que designa a doença da qual padecem, por “forma a corresponder à expectativa e à preocupação dos encarregados de educação dos autistas”, mas não só: outro dos objectivos é permitir uma maior inclusão no mercado de trabalho, no sentido de maximizar a aceitação por parte dos empregadores, diminuindo o preconceito que envolve as pessoas com deficiência. “A sugestão relativa à menção de ‘autismo’ no Cartão de Registo de Avaliação de Deficiência das pessoas com autismo e entre outras que são possíveis de accionar de imediato, serão concretizadas em 2015”, assegurou ontem o IAS. Deficientes | Autocarros do IAS com horário estendido O Instituto de Acção Social vai prolongar o horário de funcionamento dos autocarros que servem para transportar os utentes de reabilitação das suas casas para os centros de saúde ou hospital até às 18h00. No entanto, de acordo com o chefe do Departamento de Solidariedade Social, Choi Sio Un, o horário pode mesmo estender-se até às 19h15. O IAS está ainda a ponderar a introdução, na sua frota, de mais autocarros de reabilitação, com o intuito de fazer deslocações entre a casa dos utentes e os centros de saúde e hospitais. No entanto, o IAS também vai criar um serviço – desta feita, pago – de aluguer de veículos para a organização de actividades e que podem ser requeridos por associações ou outros grupos. A ideia é promover a participação dos cidadãos com deficiência neste tipo de actividades. Além disso, está em estudo a criação de um regime de shuttle bus para transporte de pessoas com deficiência. À semelhança do que já acontece com os autocarros das operadoras, estes estão devidamente equipados para fazer deslocações com pessoas com problemas, mas saem de um determinado sítio a horas certas. Esta foi uma das sugestões de um estudo sobre o sistema de avaliação de deficiência em vigor na região. O chefe de departamento disse ainda haver necessidade de aumentar a frota em cerca de dois autocarros, que actualmente conta com nove. Subsídios de invalidez aumentados até Dezembro Os mais de 11,2 mil beneficiários dos subsídios de invalidez normal e especial verão os montantes – atribuídos anualmente em Outubro – aumentados ainda este ano em 500 e cerca de 1000 patacas, respectivamente. Os números do Governo apontam para um gasto de mais de 117 milhões de patacas na atribuição desta ajuda. De acordo com as previsões do IAS, o número de portadores de deficiência registados aumentou desde o ano passado, beneficiando do subsídio normal mais de 6700 pessoas e do especial, cerca de 4400. No subsídio normal serão gastos 50,6 milhões de patacas e no especial, 67 milhões. Os beneficiários do subsídio normal recebem este ano 7500 patacas e os do especial têm direito a 14 mil.
Leonor Sá Machado EventosMAM | Ciclo de exposições engorda cultura local com arte contemporânea O Museu de Arte de Macau apresenta uma série de exposições que abarcam fotografia, pintura a óleo, multimédia, caligrafia e pintura chinesas. É até Setembro que inauguram, mas muitas podem ser vistas ainda em 2016. A ideia é dar aos visitantes várias opções [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe uma série de exposições, algumas já inauguradas e outras por estrear. Em destaque está certamente a arte contemporânea, à qual o MAM parece estar a dedicar grande parte do seu tempo e orçamento. Neste momento, estão em exposição duas mostras de fotografias de autores locais que, de algum modo, retratam a história de Macau. A primeira, intitulada “Chuvadas e Cheias” compreende uma série de fotografias da autoria de Choi Vun Tim, que fez mais com os dias chuvosos da cidade do que apenas calçar as galochas e correr de casa para o trabalho. As películas revelam intensidade de movimento das pessoas e das próprias gotas gordas. “Chuvadas e Cheias” inaugurou em Maio passado e está aberta ao público até 8 do próximo mês. “Até há relativamente pouco tempo, as fortes chuvadas de estação causavam frequentes inundações em Macau. Nas décadas de 1969 e 1970, devido à sua localização ribeirinha, quando havia tempestades, infiltração de água salgada ou a forte pluviosidade típica dos tufões, as zonas da Rua do Visconde Paço de Arcos, Rua de Cinco de Outubro, Avenida de Almeida Ribeiro e o bairro San Kiu ficavam rapidamente inundadas, com o nível das águas a chegar aos joelhos”, explicou o director do MAM, Chan Hou Seng, na apresentação da mostra. Em jeito de agradecimento, Chan refere que as fotografias do autor servem para partilhar memórias, nomeadamente entre os mais idosos, que viveram estas questões, e os mais novos, que pouco sabem sobre eles. A segunda mostra foca-se na história dos templos de Macau, monumentos típicos da cidade. A mostra “Templos de Macau” fica no MAM até final deste ano e abriu em Junho, mas não se centra apenas nos edifícios em si, mas sim em rituais, vontades e tradições, algumas delas existentes há mais de 400 anos. Vai muito além da vista Além de se dedicar à fotografia, o MAM guardou espaço para a pintura, neste caso moderna. Desta vez, expõe numa galeria 26 retratos a óleo dos séculos XIX e XX, do artista chinês Lam Qua e outros 14 também nacionais e estrangeiros. A grande maioria, de acordo com nota da curadora da mostra, Weng Chiao, são realistas, mas há também impressionistas, expressionistas e da era moderna. Lam Qua é de Cantão e especializava-se em pinturas de estilo ocidental, sobretudo encomendadas por estrangeiros. As suas obras estão espalhadas um pouco por todo o mundo, desde galerias na China até à Universidade de Yale ou espaços artísticos em Londres. Entre 1836 e 1855, o autor dedicou-se à pintura de retratos de pacientes do médico missionário norte-americano, Peter Parker. A mostra começou no início deste ano e encerra em Dezembro. Por último, seguem-se duas exposições distintas relacionadas com caligrafia e pintura chinesa. “Artefactos de Excelência” estreou-se no passado fim de semana e prolonga-se até 28 de Fevereiro de 2016, compreendendo obras de Luo Shuzhong, famoso calígrafo e gravador de sinetes. “Shuzhong criou uma nova técnicas de gravação, o corte da escola Zhe, que combina as técnicas amadurecidas pela Escola de Yishan e a técnica de corte da Escola Zhe. Para ele, a estética da gravação de sinetes residia na simplicidade e contenção”, adianta uma nota de apresentação da organização. Por outro lado, “A Tensão do Talento” tem inauguração marcada para 11 do próximo mês e inclui pinturas e caligrafias de Wu Rangzhi e Zhao Zhiqian. Em exposição estão 220 peças da época da Dinastia Qing. Finalmente, Gigi Lee apresenta “Atonal”, uma peça que prioriza o elemento multimédia, ao qual se juntam imagens e música para dar sentido a uma exposição que se estreia a 10 de Setembro. Lee pretende, com esta peça abstracta, explorar o conceito de atonalidade, ou seja, de um tom “desfocado” e que “desafia a técnica tradicional”.
Leonor Sá Machado PolíticaJason Chao é o novo vice-presidente da Novo Macau [dropcap=’circle’]J[/dropcap]ason Chao é oficialmente o novo vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM), segundo refere um comunicado enviado no passado dia 14. Há dois anos, o activista já havia pertencido ao Conselho de Administração do colectivo, mas na qualidade de presidente, com Scott Chiang como seu braço direito. As posições trocam-se agora, mas Chao admitiu ontem ao HM que “não há grandes diferenças”, excluindo uma tentativa, desde o ano passado, de tornar a estrutura interna da Associação mais justa. “Sob as novas normas, implementadas desde que Sou Ka Hou foi nomeado presidente, todos os membros passam a ser informados de que se não pagarem as quotas que lhes dizem respeito, não poderão votar em decisões da responsabilidade da Assembleia Geral”, começou Chao por explicar. É que de acordo com o agora vice-presidente, houve uma série de acontecimentos que considera “injustos”. Um deles, exemplifica, deu-se quando alguns dos membros mais antigos, que deixaram de pagar as quotas durante vários anos, surgiram recentemente a querer reivindicar a sua posição dentro da Associação. “Muitos deles estiveram inactivos durante décadas e voltaram, mas sem nunca participarem nas actividades da Associação, apenas marcando presença nas reuniões e sessões de votação da Assembleia-Geral, algo que considero injusto”, defendeu, em declarações ao HM. Nada muda, para já Jason Chao não adiantou nomes e preferiu comentar mais pormenores quando as actividades da estrutura estiverem mais alinhadas. A direcção, como está, é bastante semelhante àquela existente há cerca de dois anos. Questionado acerca das eventuais mudanças com este factor, Chao afirma que quer “manter as coisas mais ou menos parecidas”, mas com mais disciplina. Os planos e calendarização, explica, “alteraram-se bastante”, mas não a estrutura interna. Além disso, Jason Chao mostrou-se orgulhoso do trabalho desenvolvido por Sou Ka Hou, que agora se retira do cargo de presidente para continuar os estudos. No que diz respeito à obrigatoriedade do pagamento de quotas por todos os membros, Chao justifica-as com a necessidade de todos participarem de forma a que as decisões sejam partilhadas irmãmente. Questionado sobre as suas actuais funções no novo cargo que ocupa há apenas uns dias, Chao esclarece: “Tenho dois assuntos entre mãos e um deles está relacionado com o Planeamento Urbano [dos novos aterros], sendo que o outro tem que ver com a entrega de relatórios à Organização das Nações Unidas sobre a Comissão Contra a Tortura”. Alguns destes terão que ser entregues já em Outubro, mas não é apenas isto que está na calha. O activista irá em Novembro a Genebra para reunir com as Nações Unidas sobre o mesmo tema, mas agora na qualidade de número dois da ANM.
Leonor Sá Machado SociedadeAutocarros | Concessionária obrigada a ter veículos ecológicos até final do ano [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma das três concessionárias de autocarros será obrigada, até final deste ano e através de uma cláusula num novo contrato, a introduzir veículos pró-ambiente na sua frota. O anúncio é feito no relatório final da V sessão legislativa da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas. “Prevê-se que vão estar reunidas as condições, ainda durante o corrente ano, para a celebração de um novo contrato com [uma das] empresas concessionárias, no qual serão introduzidas cláusulas desse tipo, exigindo-se o aumento gradual do número de autocarros a gás natural”, informa a Comissão. O Governo tem de celebrar novos contratos com a Transmac e TCM, devido a estas duas empresas ainda circularem com contratos que são, aos olhos do Comissariado contra a Corrupção, ilegais por não darem poder ao Executivo na prestação dos serviços das operadoras. De acordo com informações contidas num outro relatório do mesmo colectivo, um desses novos contratos deverá ser celebrado este ano com a TCM, com quem, referiu o Executivo, “as negociações estão a decorrer melhor”. Deverá ser esta operadora que será obrigada a ter veículos ecológicos na sua frota, uma vez que, de acordo com o mesmo relatório, as negociações com a Transmac face ao novo contrato não estão a correr bem. O relatório aponta ainda para a escassez de recursos humanos no sector dos transportes públicos. De acordo com previsões das três operadoras, “o sector necessita de mais 80 a cem motoristas” do que os que tem actualmente. Mais carregadores em edifícios novos O Governo quer ainda que sejam instalados carregadores de veículos eléctricos “em todos os lugares de estacionamento dos edifícios recém-construídos”, de acordo com o documento da Comissão liderada por Ho Ion Sang. O documento refere que a obrigatoriedade deverá ser introduzida aquando da alteração do Regulamento Geral da Construção Urbana. Uma das justificações do Executivo para a fraca adesão da população a este tipo de veículos é a inexistência destes postos de abastecimento. A isso, acrescenta a Comissão, acresce o facto de o Governo os considerar pouco atractivos por serem duplamente mais caros que os normais.
Leonor Sá Machado BrevesGás natural | Comissão duvida que contrato com Sinosky seja celebrado Os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas mostraram ter dúvidas sobre a implementação efectiva de uma rede de gás natural em Macau, uma vez que ainda não foi celebrado qualquer contrato que assegurasse o fornecimento desta fonte de energia. Em 2007, foi celebrado, entre o Governo e a Sinosky um contrato de concessão para a importação de gás natural. No entanto, este tem a duração de 15 anos e passado já mais de metade do prazo, ainda nada foi feito no sentido de potenciar esta fonte de energia na região. “Esse prazo já passou de metade e ainda não foi celebrado um contrato de fornecimento a longo prazo de gás natural (…) duvidando-se assim da possibilidade de concretização da política de gás natural, lançada pelo Governo”, lamenta a Comissão, naquele que é o seu último relatório da presente sessão legislativa. Além disso, “alguns membros” deste grupo de trabalho frisaram que, “provavelmente existirão no mercado outras empresas com mais capacidade” para assegurar a aquisição de gás natural. Actualmente, apenas o complexo de Seac Pai Van e o campus da Universidade de Macau usufruem deste tipo de energia. Em suma, os deputados não parecem confiantes com o estabelecimento de um contrato com a Sinosky, referindo mesmo que querem saber, pelo Governo, qual o peso do gás natural no total de energias em Macau, já que hoje em dia representa apenas uma percentagem irrisória, de 0,13%.
Leonor Sá Machado EventosMúsica | FIIM deste ano conta com Pedro Moutinho e divas do Jazz [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) celebra a seu 29ª edição com um programa “muito semelhante” ao de anos passados, mas com novos workshops e um concerto com Pedro Moutinho e os Danças Ocultas. O tema desta ano é “Somtástico”, na tentativa de reproduzir o sentimento fantástico que a música traz. Centrado na melodia de uma concertina, o espectáculo de dia 16 quer faz jus à música portuguesa folk e conta com o grupo de fado de Pedro Moutinho e os Danças Ocultas, constituído por quatro membros. O fim de semana de 30 de Outubro a 1 de Novembro será inteiramente dedicado à representação de Fausto, uma peça musical de cinco actos, por Charles Goudon. A organização refere que o autor “criou uma fusão extraordinária de melodia sublime, desafio vocal e poder dramático”, fazendo com que o grupo tenha ficado internacionalmente conhecido com origem em França. Juntos estarão a Academia de Teatro de Xangai, o Estúdio de Ópera Cénica de San Diego, a Ópera de Chicago e vários outros artistas. Os bilhetes vão das 200 às 600 patacas para os três concertos agendados para as 19h30 de sexta-feira, sábado e domingo. Além do programa geral, o FIMM oferece um vasto conjunto de workshops e conversas com artistas. Entre eles está um curso de música para deficientes auditivos e outro com Janis Siegel e Elisa Chan. O programa tem uma base sólida de ópera e música clássica, no entanto, não foge muito ao que se tem assistido em anos passados, com uma série de concertos de música clássica. Para abrir as festividades, entram no palco do Centro Cultural de Macau (CCM), a mezzo-soprano Charlotte Hellekant, que acompanha a Orquestra de Macau através da condução do maestro chinês, Lu Jia. Os bilhetes para este concerto de dia 4 de Outubro, às 20h00 custam entre 200 e 300 patacas. É com a Sinfonia nº3 de Gustav Mahler que o grupo espera encher aquele auditório. Segue-se um concerto da Orquestra Chinesa de Hong Kong, cuja existência remonta a 1977, tendo já pisado vários palcos mundiais com um grupo de 85 músicos no total. São descritos pela organização do FIMM como “líderes da música étnica chinesa” e sobem ao palco do Grande Auditório do CCM a 6 de Outubro, com bilhetes entre as 100 e as 200 patacas. A Orquestra é conduzida pelo maestro Yan Huichang e tem feito uma série de parcerias com outros músicas internacionais, no sentido de aliar a música chinesa à ocidental. Os interessados poderão assistir a um concerto baseado nos conceitos de Bem e Mal, Ying e Yang. No dia seguinte, o mesmo auditório dá lugar à orquestra de música clássica Mahler Chamber, grupo formado em 1997. Com residência permanente em Itália, conta com músicos de vários países, 28 discos lançados e uma média de 60 a 70 concertos anuais. Nos dias seguintes e até 1 de Novembro vão subir ao palco a Filarmónica BBC, o grupo acapella Chanticleer, da cidade norte-americana de São Francisco, Rimsky Karkasov, entre vários outros artistas. A esmagadora maioria dos concertos acontecem no Grande Auditório do CCM e no Teatro D. Pedro V, com actuações a terem lugar também na Igreja de S. Domingos e na Fortaleza do Monte.
Leonor Sá Machado SociedadeMacau sem possibilidade de energia eólica e hidráulica [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo assume que a RAEM não tem viabilidade para utilizar as energias renováveis eólica e hídrica. O relatório final da Comissão de Acompanhamento dos Assuntos de Terras e Concessões Públicas – entregue ontem aos jornalistas, no dia que termina mais uma sessão legislativa – afirma que o Governo não crê ser possível utilizar as energias de forma democratizada, depois de vários estudos por ele levados a cabo. “[O Executivo] entende ser relativamente difícil a utilização da energia hídrica para a produção de electricidade de Macau e, como os recursos eólicos em Macau não são ricos, depois de estudada a situação da produção de electricidade à energia eólica em Hengquin, o Governo concluiu que o desenvolvimento desta última não será economicamente eficiente”, revela o relatório. Quanto à solar, o Governo também parece mostrar-se reticente quanto à sua implementação, principalmente em prédios mais antigos. “Quanto à generalização e utilização da electricidade a energia solar na comunidade (…) não existem, provavelmente, problemas técnicos nos prédios altos em geral (…) mas quanto à possibilidade de produção de electricidade a energia solar nos prédios antigos, o Governo vai ter em conta a realidade e assegurar o rigor na aprovação das respectivas plantas, com vista a salvaguardar a segurança dos prédios e das interligações”, aponta o relatório.
Leonor Sá Machado EventosVenetian | Exposição New Art Wave com curadores e galeristas internacionais [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] no Hall D do Cotai Expo que acontece a New Art Wave, uma exposição que pretende dar a conhecer e explorar “o trabalho de artistas contemporâneos, ajudando-os a estabelecer-se enquanto isso mesmo”, como explica a organização. A mostra tem lugar entre os dias 28 e 30 deste mês e destina-se à partilha de ideias e experiências entre alunos licenciados ou interessados nas Artes. Entre estes dias, vão ser entregues prémios de várias categorias, mas trata-se também de uma oportunidade que os mais jovens têm de conhecer uma série de galeristas, autores de trabalhos conhecidos e influentes, coleccionadores, críticos de arte e curadores, assim encurtando a ponte que é normalmente necessária entre artista e vendedor. De acordo com a organização, a exposição é também uma “boa ocasião para potenciais investidores encontrarem potenciais talentos artísticos, não esquecendo que se trata de uma oportunidade para a compra de novos trabalhos”. Os visitantes podem esperar ver uma série de novos trabalhos desenvolvidos recentemente por autores de várias idades, desde os recém-licenciados em cursos de Arte, até aos criadores mais maduros. Envolvidos no planeamento deste evento estão uma série de personalidades do mundo das Artes, como são a curadora e crítica de arte Sandra Walters, o director e professor do Museu de Arte da Academia Central de Belas Artes de Pequim Wang Huangsheng, ou Chan Kam-shing, parte integrante do Conselho para o Desenvolvimento das Artes de Hong Kong. Na ocasião vão ainda ser seleccionados cem finalistas que apresentaram obras e todos eles vão ter a oportunidade de ter uma cabine de nove metros para a sua própria exposição e vendas, juntamente com reconhecimento, no catálogo da exposição, das suas obras vencedoras. Os três melhores trabalhos vão receber 50 mil, 80 mil e 100 mil patacas, respectivamente. Seminários não faltam A New Art Wave vai compreender uma outra parte dedicada aos seminários e conversas colectivas. Estas acontecem a 29 e 30, todo o dia. O primeiro seminário tem Homer Lee, fundador da galeria de arte taiwanesa Lee, como orador. A sessão acontece das 11h30 às 12h30. Segue-se uma palestra sobre como as academias e organizações artísticas fomentam e cultivam os artistas, liderada por quatro professores de Pequim, Hong Kong, Taiwan e Macau. Esta tem lugar das 14h00 às 15h30 e vai ser moderada por Chan Yuk Keung, professor do departamento de Belas Artes da Universidade de Hong Kong. O dia encerra com a sessão das 16h00 às 17h30, “No berço do artista”, onde quatro membros de conceituadas instituições asiáticas relacionadas com as artes sobem a palco para falar sobre espaços alternativos e locais de inspiração. O dia seguinte começa às 11h30, com a sessão “Mercado das Artes comercializada online”, com a Associação de Indústrias das Artes Visuais de Macau a servir de moderadora para uma conversa com Deng Bin, director geral do Distrito Sudoeste da China e da Artron.net. O círculo de conversas fecha com uma conversa entre três gestores de galerias e associações e que se prolonga das 14h30 às 16h00, moderada por Chang Tsong-zung, fundador da galeria Hanart TZ. A entrada para o espaço de mais de três mil metros quadrados é livre.
Leonor Sá Machado PolíticaBairros Antigos | Regime de Renovação Urbana concluído em seis meses A lei que vai ditar a reforma dos bairros antigos poderá estar pronta até ao final do ano, disse ontem o líder do Governo na AL [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo anunciou ontem que a nova comissão que vai tratar da renovação dos bairros antigos deve entrar em funcionamento ainda este ano, a par com a conclusão, até daqui a seis meses, da proposta do Regime de Renovação Urbana. “Vamos fazer os possíveis para que o processo legislativo seja lançado daqui a seis meses”, admitiu Chui Sai On. “Estamos determinados a maximizar os recursos turísticos dos bairros antigos e vamos esforçar-nos por levar os turistas a essas zonas (…) vai ser criado um departamento inter-serviços no próximo ano no seio da Direcção dos Serviços de Finanças”, continuou. O anúncio foi feito na sessão plenária da Assembleia Legislativa de ontem, em resposta aos deputados Kou Hoi In e Si Ka Lon. Os trabalhos, confirmou, estão a ser desenvolvidos pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, devendo saber-se mais novidades “muito em breve”. “O Governo vai continuar com os trabalhos para reconstruir os bairros antigos (…) há que ter em conta a legislação e esses trabalhos, que vão ser feitos logo que seja criada a tal comissão (…)”, informou o dirigente. A Comissão deverá, de acordo com declarações do líder do Governo, “ser criada ainda este ano”. A pergunta surgiu depois de, há menos de dois anos, o Executivo ter decidido extinguir o Conselho Consultivo para o Reordenamento dos Bairros Antigos, após também ter retirado a Lei de Reordenamento dos Bairros Antigos da AL. Vários têm sido os deputados a insurgir-se contra a extinção do referido Conselho, argumentando necessidade de monitorizar esta questão, nomeadamente de utilizar os bairros antigos renovados enquanto promoção turística e de “desenvolvimento urbano”. O deputado Kou Hoi In queixa-se do número de prédios antigos a aumentar “há medida que os anos passam”, considerando necessário remodelá-los. Na sua resposta, Chui Sai On acrescentou que serão “alocados” alguns recursos para a “renovação urbana” algures nos cinco novos aterros. “Como se sabe, temos cinco novos aterros e vamos pensar em como é que alguns recursos de terra podem ser alocados para renovação urbana”, disse, referindo-se à eventual transferência de pessoas que moram nos actuais bairros antigos para esses locais.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaIec Long | André Cheong admite existência de “indícios” para investigação André Cheong admitiu ontem existirem indícios para que o organismo investigue mais a fundo a questão da antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa. Em causa está uma permuta cujo meandros são pouco claros. Chui Sai On insiste que as dívidas têm de ser pagas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Comissário Contra a Corrupção, André Cheong, admitiu ontem haver “indícios” para que a investigação relativa ao terreno da antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa, continue a ser levada a cabo pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC). Chui Sai On admitiu ontem que foi Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas, quem detectou problemas na troca de lotes. Mas o Chefe do Executivo também insistiu que os restantes 133 mil metros quadrados de lotes tinham de ser “pagos” a Sio Tak Hong, representante da Fábrica. “Segundo o estudo preliminar, achamos que há indícios para continuar a acompanhar o processo e fazermos as nossas averiguações”, admitiu o Comissário, que falou aos jornalistas à margem da sessão plenária de ontem na Assembleia Legislativa, que contou com a presença do Chefe do Executivo, Chui Sai On. André Cheong afirmou ainda não haver qualquer conclusão acerca do processo do terrenos da antiga Fábrica de Panchões, mas questionado acerca da justificação pela qual o processo foi parar às mãos do CCAC, André Cheong responde: “Quando os serviços públicos ou os cidadãos queiram submeter algum documento ao CCAC, é porque têm dúvidas sobre a legalidade desse processo, documento ou assunto e é isso que se passa porque o Secretário tem dúvidas sobre a legalidade desse processo (…) [isso] cabe à competência do CCAC”, disse. O Comissário não adiantou muito mais pormenores, uma vez que diz ter recebido o processo apenas no início desta semana. “Estamos a fazer uma análise preliminar e é nesse cenário que o caso está, recebemo-lo há dois dias. Compreendemos que o assunto está a reunir grande interesse público por isso vamos dar prioridade”, acrescentou. Dívidas que têm de se pagar A permuta de terrenos foi assinada pelo ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long, alegadamente para preservar a antiga fábrica de panchões. O terreno de 152 mil metros da Iec Long foi trocado por terrenos onde se encontram o Mandarim Oriental, o MGM e o One Central, depois da Sociedade de Desenvolvimento da Nossa Senhora da Baía da Esperança – administrada por Sio Tak Hong, do Conselho Executivo – ter cedido estes lotes à Shun Tak. Mas, a empresa ainda tem de receber 133 mil metros quadrados de terreno. Ontem, falando sobre o caso no hemiciclo, Chui Sai On insistia que as dívidas de terrenos têm de ser pagas, uma vez que a permuta aconteceu devido ao interesse público. “Houve troca de terrenos e eles têm de ser pagos, tem de ser tudo transparente e público e deverá ser publicado em Boletim Oficial”, disse, admitindo contudo “que é normal [irregularidades] nestes processos” e que “tem de se perceber quando há dúvidas e há que encaminhar para o CCAC”. Iec Long | Associação Kong Mun cancelou conferência para esclarecimentos A Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau cancelou uma conferência de imprensa onde ia responder às questões da permuta de terrenos entre os responsáveis da antiga Fábrica de Panchões e o Governo. A Associação, dirigida por Sio Tak Hong, presidente também da Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança. S.A., com quem foi feita a troca de terrenos, explica que já não vai prestar esclarecimentos aos jornalistas, por causa da investigação do caso pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), avança o Jornal Exmoo. “Como o caso está a ser investigado pelo CCAC, decidiu-se cancelar a conferência de imprensa”, frisou. F.F.
Leonor Sá Machado BrevesJogo | Revisão Intercalar dos Contratos pronta em Setembro Chui Sai On confirmou ontem que a Revisão Intercalar dos Contratos de Jogo estará pronta “em final de Setembro”. Foi em resposta ao deputado Cheang Chi Keong que o Chefe do Executivo disse que esta terá em conta oito aspectos essenciais, incluindo o impacto do Jogo no desenvolvimento de Macau e da sociedade, bem como das PME. “Creio que em finais do ano vamos concluir este trabalho”, disse. Chui Sai On adiantou ainda que a população vai ser ouvida sobre o assunto, de forma a que o Governo possa perceber “qual o feedback da sociedade”. Sobre o impacto da queda das receitas na economia, o dirigente explicou que a região entrou agora numa fase mais estável e que por isso será necessário proceder a alguns “ajustamentos”, frisando que estes não irão afectar a vida da população. A ser efectuados, disse, terão impacto junto da Administração Pública. “Temos capacidade para suportar a actual situação, mas caso isto mude (…) vamos implementar medidas de austeridade na Função Pública”, frisou. Já quanto à reserva financeira, Chui prevê que o bolo monetário da entidade se cifre nos 308 mil milhões de patacas no final deste ano. “As receitas brutas do jogo, continuam num nível elevado e assim sendo, a nível de competitividade, temos que conter elementos de jogo e extra jogo (…) podemos não conhecer crescimento todos os meses, mas todos os anos vamos então conhecer 200 mil milhões por ano e, como podem verificar, a nossa situação financeira é estável”, acrescentou.
Leonor Sá Machado BrevesChui Sai On admite lentidão em reforma judicial e promete contactar TUI O Chefe do Executivo admitiu ontem que a reforma judicial está lenta, concordando com a deputada Kwan Tsui Hang, que questionou o dirigente acerca dos apoios do Governo aos órgãos judiciais “no sentido de criar um sistema justo e imparcial”. Na mesma resposta, o líder da RAEM prometeu à deputada que iria transmitir a sua opinião ao presidente do Tribunal de Última Instância (TUI). De acordo com Chui Sai On, o ano judiciário passado teve aumentos significativos no número de processos em cada um dos tribunais da região, nomeadamente o TUI, que terá contado com um aumento de 61% dos processos. Uma das medidas para aliviar a pressão nos tribunais será a criação de um portal, tendo no entanto ficado por explicar a sua natureza. “Queremos criar um portal para [elevar a eficácia dos tribunais], para elevar a transparência judicial”, disse o Chefe do Executivo. Além disso, sublinhou que será necessário ouvir mais opiniões de associações e personalidades.
Leonor Sá Machado BrevesChefe do Executivo dá novidades sobre Uma Faixa, Uma Rota em Setembro O Chefe do Executivo disse ontem que para próximo mês serão entregues aos deputados da AL documentos sobre o papel de Macau na estratégia do Governo Central ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Para Chui Sai On, Macau representa, “como último destino” desta iniciativa, “um enorme valor histórico e cultural”, pelo que deve desempenhar um papel preponderante. “Vamos definir uma série de fóruns para promover o nosso destino nesta faixa económica para então desenvolver os nossos recursos (…) estamos a iniciar os trabalhos nesse sentido”, garantiu, acrescentando que os deputados deverão ter mais pormenores em mão no mês que vem. O dirigente respondia à deputada Angela Leong, que se questionou acerca da existência de instalações e mecanismos que pudessem colmatar as necessidades sentidas nessa altura. L.S.M.
Leonor Sá Machado BrevesAmbiente | Governo lança consulta pública sobre destino de resíduos de construção O Governo vai lançar, de acordo com declarações de Chui Sai On na AL, uma auscultação pública para apurar a opinião da população sobre a forma de tratamento dos resíduos de construção. As obras de aterros sanitários na região devem estar finalizados em 2016 e a China é o principal recipiente do “nosso lixo”, mas não sem antes este ser processado e tratado de acordo com as normas exigidas pelo continente.
Leonor Sá Machado BrevesSaúde | Chefe do Executivo diz que leis não garantem qualidade O Chefe do Executivo disse ontem que a legislação imposta nem sempre é sinónimo de qualidade nos serviços de saúde. Em resposta à deputada Kwan Tsui Hang, que se questionava acerca da reforma destes, Chui Sai On disse que um dos maiores problemas reside na falta de recursos físicos e humanos. “As leis não conseguem garantir que os serviços oferecidos sejam de grande qualidade”, disse. Sobre o Hospital das Ilhas, adiantou que o projecto deste poderá estar pronto ainda em meados deste mês. “Creio que o ponto de situação é que em meados de Agosto já penso que já se vai poder ter o design concluído e depois o concurso público e vai-se entrar, de seguida, numa fase de formação (…) como temos mais instalações físicas, também temos que contar com mais pessoal”, acrescentou ontem, durante uma sessão de perguntas e respostas na AL. Quanto à criação de uma Faculdade de Medicina, o dirigente afastou a possibilidade de tal vir a acontecer em breve, referindo que é preciso o apoio da China para o efeito. “Precisamos do Governo Central para isso e se calhar ainda temos que percorrer um longo caminho para termos uma Faculdade de Medicina em Macau, mas o mais premente é resolver questões de instalações físicas, quadros e qualidade”.
Leonor Sá Machado BrevesTurismo | Capacidade perto do limite, diz Chui. Estudo apresentado este ano “Há sempre um limite”. Foi assim mesmo que Chui Sai On respondeu ontem à pergunta de Ho Ion Sang acerca do número de turistas verificados nos últimos meses. O Chefe do Executivo admitiu que a capacidade do território está perto do limite e diz que Macau terá que se preparar com uma série de medidas preventivas, seja quanto ao aumento de residentes, como de turistas. “Temos que nos preparar para o aumento populacional e assim sendo, temos que planear a dois níveis: turistas e habitantes. Trinta e dois milhões de visitantes de facto é muito e todos concordam que em todas as regiões há um limite para o acolhimento de pessoas”, começou por advertir. Chui Sai On depositou as suas esperanças na criação de mais alojamentos para os turistas que continuam a querer vir a Macau. Recorde-se que os números mais recentes apontam para uma população de mais de 600 mil pessoas e uma entrada de dois milhões de turistas em termos mensais, desde Janeiro deste ano. O líder do Governo anunciou ainda que deverá ser publicado, até ao final do ano, um estudo sobre Macau como Centro Mundial de Turismo e Lazer, da responsabilidade do Gabinete de Estudo das Políticas.
Leonor Sá Machado SociedadeDoca dos Pescadores | Construção de edifício de 90 metros novamente atrasada O CPU continua sem aprovar a construção do edifício de 90 metros previsto para a Doca dos Pescadores e são cada vez mais as vozes contra o projecto de David Chow. A Novo Macau manifestou-se à porta do CPU [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]construção do empreendimento pensado por David Chow, na Doca dos Pescadores, foi novamente atrasada, de acordo com declarações de Frederick Ip, vice-presidente da Macao Legend, aos jornalistas. Foi ontem, à porta da reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), que o representante referiu que o projecto respeita a lei, mas não vai ficar concluído para abrir em 2016, como previsto inicialmente. Na reunião de ontem do CPU foram mais de oito os vogais que discordaram da construção do hotel naquela zona. Uma das vozes é de Rui Leão, arquitecto local que acredita que o edifício de 90 metros é demasiado alto para o local. “Todo este lote está directamente sobre a água e é inclusivamente construído em cima da água, uma construção em estacas (…). Apesar de estar imediatamente fora do cone visual do Farol da Guia, está contígua a esse plano e por isso é uma zona sensível, porque não está longe desse cone visual”, explicou à Rádio Macau. Na generalidade, os edifícios ali construídos são relativamente baixos e com várias zonas pedonais e essa é a principal razão pela qual mais de oito membros do Conselho se opõem à decisão de construir um empreendimento tão alto. De acordo com Rui Leão, o referido espaço pedonal pode vir a extinguir-se com a sua existência. Inicialmente, o projecto previa um edifício de 60 metros, que mais tarde foi aumentado para 90. Leão opõe-se ainda ao acréscimo do Índice de Ocupação de Solo (IOS): “Não vejo fundamento para o aumento do IOS, que estava em 42 e passa agora a 55, porque este índice de 42 assegurava que houvesse uma grande quantidade de espaço ao nível do chão e que continuasse a criar este tipo de espaço pedonal qualificado (…) a meu ver, não faz sentido aumentar o IOS porque implica menos espaços público e acessibilidade à água”, explica. Além disso, defendeu que o caso do Ponte 16 não deve voltar a acontecer, pois corta o acesso à água. A discussão sobre a construção deste empreendimento, refere a Rádio Macau, durou várias horas e deverá continuar numa próxima reunião do Conselho. Também um outro vogal do Conselho, Manuel Wu Ferreira, está contra a construção, acusando o Governo de ter criado, propositadamente, condições de planeamento daquela zona que fossem ao encontro dos desejos da Macau Legend, empresa concessionária. Segundo a publicação All About Macau, Manuel Wu um citou relatório anual de 2014 da Macau Legend, que menciona o desenvolvimento de um “Hotel Legend”, onde também se pode ler: [a Macau Legend] vai apresentar um pedido de aumento da altura para ser aprovada pelo Governo de Macau”. No entanto, o vogal disse estranhar que a ordem dos processos de aprovação seja realmente esta. “A 1 de Agosto de 2014, na sexta reunião do CPU foi discutida a planta de condições urbanísticas do projecto e o lote A tinha 60 metros da altura, com uma taxa de cobertura máxima permitida de 42%. No entanto, estes dois indicadores importantes foram aumentados em muito e de forma repentina. Queria saber se as autoridades criaram estas condições propositadamente para a empresa ou se existem coisas que nós [membros do CPU] ou público desconhecemos?”, questionou. A mesma publicação avançou que o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, já pediu à DSSOPT e à concessionária que entreguem uma série de informações suplementares para que sejam discutidas novamente no CPU. ANM organiza protesto para criticar construção A Associação Novo Macau (ANM) organizou ontem, na sede do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), um protesto contra a construção. Foi também entregue uma carta ao CPU a exortar à proibição de construir um edifício de 90 metros. Além de Sou Ka Hou, presidente da ANM, estiveram presentes outros membros, munidos de um modelo do edifício feito em cartão, para representar o polémico projecto discutido.
Leonor Sá Machado Ócios & Negócios Pessoas“Lemon Lemon”, restaurante | Jaime Lai, co-fundador e gerente Foi com o irmão e três amigos que Jaime Lai decidiu abrir o “Lemon Lemon”, um restaurante mesmo no centro da cidade, num canto pacato e bem arranjado. A ideia é aproximar a clientela à cultura de Londres, sem esquecer o gosto da comunidade [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi ali mesmo, ao virar da esquina do Cine Teatro, que Jaime Lai decidiu, juntamente com o irmão e três amigos, abrir o “Lemon Lemon”. A chegada ao local não é inteiramente fácil, uma vez que fica num beco escondido, mas os azulejos pretos e a emblemática sinalização do metro londrino que decora a entrada do restaurante aguçam o apetite e a vontade de experimentar algo diferente. O espaço está bem decorado, a branco e amarelo, e até uma imitação da conhecida Mona Lisa lá está. O menu está perfilado de comes e bebes dos mais variados que por aí há, desde pão com parmesão que se assemelha aos típicos pães de queijo brasileiros, aos nachos espanhóis, omeletes, chás com leite e batidos de frutas. À conversa com o HM, Jaime Lai explica que tudo começou devido à experiência do fundador em Londres. “Vivi em Londres durante oito anos e quando voltei, não sabia bem o que havia de fazer em Macau, até que nos lembrámos do tempo que passávamos na Regent Street, em Londres”, começou por contar. “A cultura é mais aberta e desenvolvida e sempre passei muito tempo sentado cá fora, nas ruas, com os meus amigos e a ver as pessoas passar”, continuou. O proprietário juntou-se aos amigos por sentir que era a coisa certa para fazer agora que está em Macau. “Queríamos um espaço calmo num cidade atarefada”, resumiu ao HM. E agora, o que fazer? Voltou há cerca de um ano para o território que o viu nascer, mas não tinha uma ideia sólida do que quereria fazer com o seu futuro. Até que tudo aconteceu. A ideia nasceu, assim, do objectivo de tentar criar nesta cidade um espaço onde as pessoas pudessem relaxar, com um espaço exterior em condições. Por um lado, Jaime confessa que gostaria de ter uma espécie de esplanada, mas a lei não permite e o proprietário também preferiu que assim não fosse, por duas razões: a comunidade chinesa não é fã de espaços exteriores e o local, lamenta, “não é muito bonito”. Em Londres, Jaime Lai estudou Contabilidade e Gestão, essa sendo uma ferramenta “adequada” para o funcionamento lógico que um espaço como o “Lemon Lemon” exige. O restaurante pertence a Jaime, ao irmão e outros três amigos, todos eles sendo já sócios de uma outra empresa, à excepção do recém-chegado residente. “Têm uma empresa de decoração de interiores e foram eles que decoraram o espaço”, acrescenta. Entre imagens de uma Regent Street estampada na parede e de um quadro da Mona Lisa, estão pinturas a amarelo e branco e um vidro decorado com desenhos abstractos de várias cores. O primeiro é sempre o pior O “Lemon Lemon” abriu em Outubro do ano passado e tem já uma vasta legião de fãs, ou pelo menos é isso mesmo que as fotografias da página oficial no Facebook transmitem. Questionado sobre as dificuldades que um novo negócio enfrenta em Macau, Jaime é claro e directo: “no primeiro mês e meio foi muito complicado, porque ninguém sabia onde isto ficava e estávamos sempre sem clientes, mas agora que sinalizámos melhor e temos mais visibilidade, estamos bem”, desabafou o jovem. Hoje em dia, a ideia passa por proporcionar às pessoas um bom início de todos os dias, antes do trabalho ou mesmo a meio deste. “As sandes são a nossa especialidade e assim as pessoas podem vir cá comer refeições mais leves, relaxar e depois voltar para o trabalho”, diz Jaime Lai. Para já, a ideia é manter apenas um “Lemon Lemon”, mas nada exclui a possibilidade de virem a ser mais daqui a uns tempos. Para expandir a marca, os quatros sócios decidiram fazer uma série de publicações com festas, eventos especiais e casa cheia à hora de almoço para mostrar que este é um dos restaurantes-sensação do momento. Isto, juntamente com o patrocínio que o “Lemon Lemon” dá aos concertos de uma banda de artistas locais faz com que cada vez mais pessoas se juntem ali para aproveitar o descanso que uma boa refeição deve proporcionar. O local pode ainda ser arrendado para festas privadas, mas está limitado a dez ou 15 pessoas, uma vez que o espaço não é muito grande. “Isto não se parece com Macau e é precisamente essa a imagem que queremos passar”, frisou. Actualmente, o espaço encontra-se aberto das 10h00 às 21h00, tendo o horário sido esticado recentemente, para fazer a vontade aos fãs que lá queriam ir jantar. Entre sumos frescos, café quente que aconchega a alma e muita comida das mais variadas origens, este restaurante e coffeeshop vai agradando a gregos e troianos, locais e estrangeiros. A malta que atende a clientela fala relativamente bem Inglês e por isso mesmo a barreira da língua é facilmente quebrada. A eficiência é também dado adquirido, já que se espera pouco tempo e a conta ao final da barrigada não é extensa, mas sim justa.
Leonor Sá Machado BrevesGabinete de Apoio ao Secretariado do Fórum Macau no activo até 2019 O Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa vai continuar em funções, pelo menos até Março de 2019. De acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial, a prorrogação da sua existência é precisa para “prestar apoio e serviços logísticos ao Secretariado, por forma a que possam ser concretizados os planos e projectos que este órgão pretenda promover”, refere o despacho. O Fórum Macau existe desde Outubro de 2003 e pretende fomentar, através de uma série de actividades, a relação entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Macau serve, assim, de plataforma de exercício dessa mesma relação.
Leonor Sá Machado EventosCCM | Companhia espanhola em Macau para apresentar “A Floresta dos Grimm” La Maquiné é uma companhia de teatro espanhola que apresenta, a 15 e 16 de Agosto, um espectáculo de marionetas da “Floresta dos Grimm” destinada aos mais novos. O CCM apresenta três espectáculos, a 180 patacas cada [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]companhia de teatro espanhola La Maquiné vem a Macau nos dias 15 e 16 de Agosto para apresentar a peça “A Floresta dos Grimm”, uma peça inteiramente original e com recurso a histórias e contos de fadas tradicionais. Os espectáculos acontecem às 15h00 e às 19h30 de sábado e às 15h00 de domingo, com bilhetes disponíveis a 180 patacas para o pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM). De La Maquiné fazem parte o seu director artístico e visual, Joaquin Casanova, e Elisa Ramos, artista e produtora da peça. “A Floresta dos Grimm” foi primeiramente encenada em Espanha e versa sobre uma série de personagens como a Branca de Neve, o Capuchinho Vermelho ou a Princesa e o Sapo. “Descrito como uma das melhores produções de sempre dedicada às crianças, este espectáculo musical e visual é desenvolvido a partir de A Minha Mãe Ganso, obra musical de Ravel inspirada pela fantasia dos contos de fada”, explica o Centro Cultural de Macau em comunicado. Haverá direito a marionetas, objectos e projecções na parede para toda a família, mas especialmente dedicado aos mais novos. O CCM refere que se trata de uma peça que faz os mais velhos “reinventarem” um mundo “encantado de muitas paisagens e emoções”. A La Maquiné foi fundada em 2008 e tem já arrecadado uma série de prémios entre as digressões por França, Irlanda e Chile. Em 2014, receberam mesmo o galardão MAX, que premeia o Melhor Espectáculo Infantil do ano. “As suas produções contemporâneas são excelentes formas de introduzir os miúdos às artes de palco, como vamos ter oportunidade de descobrir, através deste conto de sonhos, estrelas vermelhas, sapos saltitantes e lobinhos muito maus, que nos transporta a um mundo de sensações, imagens fantásticas e poesia visual”, acrescenta a organização. A vinda da companhia de teatro espanhola está integrada na mais recente edição do InspirARTE, uma série de actividades desenvolvidas pelo CCM para entreter crianças e jovens durante as férias. Na calha estão mais de 200 eventos com marionetas, dança, teatro e outras artes performativas, que acontecem entre Junho e final deste mês. Leonor Sá Machado leonor.machado@hojemacau.com.mo
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaIec Long | Raimundo do Rosário quer caso investigado pelo CCAC Raimundo do Rosário quer que o caso da antiga Fábrica de Panchões Iec Long siga para investigação no CCAC. O Secretário confessou desconhecer os pormenores do caso, mas quer tudo em pratos limpos, pela promessa de um Governo transparente [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]caso dos terrenos trocados pelo da antiga Fábrica de Panchões Iec Long vai seguir para o Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) para investigação. A decisão foi tomada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “[O Secretário] entendeu propor que o processo seja submetido ao CCAC para os efeitos que tiver por convenientes”, escreveu o Gabinete de Raimundo do Rosário ontem, em comunicado. O responsável justifica a sua decisão com o facto de ser ter comprometido, no início do seu mandato a “sempre actuar em conformidade com a lei e em respeito pelos interesses da RAEM”. Até ontem, tanto Raimundo do Rosário como Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, afirmavam desconhecer os pormenores do caso em questão, uma vez que teve início quando nenhum dos dois ocupava as actuais posições. No entanto, Chui Sai On, Chefe do Executivo, e o Secretário para os Transportes e Obras Públicas mostraram-se disponíveis e com vontade de esclarecer este caso. “Até ao momento, nenhum terreno desocupado foi recuperado, nem tenho as informações respectivas às permutas do terrenos, mas tenho vontade de explicar a questão na Assembleia Legislativa”, disse Raimundo do Rosário ao Jornal do Cidadão, depois de uma reunião plenária na semana passada. O caso resume-se ao facto de serem desconhecidos vários pormenores sobre as trocas feitas num caso que remonta a 2001, quando Ao Man Long dirigia a Secretaria para os Transportes e Obras Públicas. Nessa altura, foi feita uma troca com a Sociedade de Desenvolvimento Predial da Baía da Nossa Senhora da Esperança, S.A. Esta encontrava-se na “qualidade de representante dos titulares” do terreno da Fábrica de Panchões. A empresa tem dois administradores: Tat Choi Kong, membro do quadro da Administração da Universidade de Macau e da Câmara do Comércio, e Sio Tak Hong, membro do Conselho Executivo. Com o objectivo de preservar o local, o Governo acabou por negociar com a Sociedade de Desenvolvimento Predial da Baía da Nossa Senhora da Esperança: em troca da fábrica, daria 152 mil metros quadrados aos representantes. Esses lotes iriam ficar na Taipa, mas a empresa acabou por ficar com 19 mil metros quadrados de terra nos NAPE, que cedeu à Shun Tak para construção dos empreendimentos One Central, Mandarim Oriental e MGM, sendo ainda tem de receber 133 mil metros quadrados.
Leonor Sá Machado SociedadeUrbanismo | Conselho de profissionais em funcionamento ainda este ano O Conselho Executivo anunciou na passada sexta-feira o Regulamento que legisla o novo Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo. Este deve entrar em funcionamento ainda este ano e serve para assegurar a acreditação e registo destes profissionais, tarefa que cabe ainda à DSSOPT [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]recentemente criado Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo entra em funcionamento ainda este ano e vem servir de agente de acreditação e registo de todos os profissionais desta área. Actualmente, estas funções cabem à Direcção de Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). De acordo com declarações de Leong Heng Heng, porta-voz do Conselho Executivo, na passada sexta-feira, o CAEU começa “de certeza [a funcionar] ainda este ano”. O referido Conselho vai ser constituído por 13 elementos, sete deles representantes da Administração Pública e seis profissionais do sector privado. Todos eles serão em breve nomeados pelo Chefe do Executivo e os seus mandatos têm a duração de dois anos. O regulamento respeitante ao CAEU entra em vigor após data de publicação em Boletim Oficial, mas é possível que demore mais alguns meses até que o Conselho comece a exercer funções efectivas relativamente a quatro pontos. O primeiro está relacionado com procedimentos de acreditação e registo, no qual se enquadram as normas de um exame e estágio obrigatórios para os novos profissionais, da escolha do orientador do estágio, entre outras. O Conselho vai ainda ser responsável pela promoção e criação de acções de formação contínua e especial e pela emissão de uma cédula profissional. “Adicionalmente, a inscrição de técnicos na DSSOPT depende da obtenção de cédula profissional emitida pelo CAEU”, lê-se no documento relativo ao Conselho. Assim, o CAEU deverá funcionar mediante apoio financeiro e técnico da DSSOPT. Mais de mil Até hoje e de acordo com os dados anunciados na semana passada por Leong Heng Teng, estão 1500 profissionais registados na DSSOPT, o que pode não traduzir o número efectivo de arquitectos, urbanistas e engenheiros em funções em Macau. Em média, são entre 150 e 200 os profissionais inscritos por mês. De acordo com Lei Hon Kei, Chefe da Divisão de Apoio Técnico da DSSOPT, hoje em dia só os profissionais que assinam ou submetem projectos àquela entidade têm que estar obrigatoriamente registados na sua base de dados. Assim, todos os outros arquitectos, engenheiros ou urbanistas que cumpram estas funções, mas não estejam aptos para assinar projectos, estão livres de registo. De acordo com as informações disponíveis no website oficial do CAEU, quem não estiver registado não poderá apresentar ou submeter projectos oficialmente. “A qualificação para o exercício de funções profissionais é obtido através de inscrição na DSSOPT, não podendo as pessoas que não possuem qualificação legal, exercer funções no âmbito da elaboração de projectos, da direcção e fiscalização de obras”, frisa o Conselho no website.
Leonor Sá Machado Entrevista Manchete“Macau deu o poder da indústria aos junkets e ao resto do sector VIP” [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o seu livro “Chopsticks and Gambling”, refere que o Jogo e o vício são vistos negativamente na cultura chinesa, mas que os números revelam ser os chineses quem mais joga. Como é que esta disparidade acontece? Tem mais que ver com a história da população, em termos de dinastias. Vemos que em cada uma delas, há uma série de medidas e políticas para banir o jogo, mas continua a existir, naturalmente. Aqueles que são normalmente acusados de jogar são, afinal, oficiais de Estado e membros do Governo. Penso que os chineses não vêem o jogo como uma doença ou um vício, como os ocidentais. Os chineses entendem é quem joga como sendo uma má pessoa. No mundo ocidental, os apostadores são vistos como psicologicamente doentes e na China, quem não consegue controlar os impulsos, é visto como sendo uma má pessoa. Julgo que esse é um problema grave, em termos da ajuda e do apoio que estas pessoas poderiam ter. É muito complicado fazer com que as pessoas viciadas em jogo peçam ajuda e dêem a cara. Mas porque é que é na população chinesa que a percentagem de viciados é maior? Esta é a pergunta decisiva: é muito complicado de explicar, mas na perspectiva da própria indústria percebemos que o vício afecta mais os chineses porque são quem mais joga. Não se sabe ainda é porque é que são quem mais joga… Pode ter causas biológicas ou de etnia, por ser uma questão cultural ou causa de forças exteriores. Talvez uma combinação das três. E é uma coisa que não é de agora, tem vindo a acontecer há séculos. Xangai tinha uma série de casinos que acabaram por desaparecer, embora haja uma faixa suburbana de jogo ilegal muito forte. Nas minhas pesquisas, concluí que a cultura chinesa que vem a Macau tem propensão para ver o jogo como uma forma de investimento. Assim, não vêem o facto de perderem como um “perda” em si, mas sim como uma actividade que terá retorno: “Jogo para ter uma taxa de 20% ou 30% de retorno”. Antes do ‘crash’ da bolsa [de Xangai], claro, o negócio do imobiliário estava a crescer exponencialmente e as pessoas procuram dinheiro extra para ficar mais ricas e subir na escada social. Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é “um aspecto cultural”. O factor cultural entra em termos da forma como se joga, como é o exemplo das superstições que ganham vida entre as quatro paredes dos casinos. Que tipo de superstições existem? Uma série delas, mas é muito comum os chineses usaram lingerie vermelha ou banharem-se em água com flores e extractos de plantas antes de irem para as mesas, para trazer sorte. A superstição tem que ver com o reforço e atracção da sorte. O Feng Shui também desempenha um papel importante e as pessoas muitas vezes estão logo à espera de encontrar “emboscadas” de Feng Shui nos casinos. Normalmente também não se entra pelas portas principais… São tudo questões de sorte e azar. O número quatro também está presente nas mesas. Existe o número quatro nos baralhos, mas não existem quatro elementos de uma mesma coisa, sejam cartas, copos ou fichas. Como disse, há séculos que os chineses jogam e os governos têm vindo a banir o Jogo sucessivamente ao longo de várias dinastias. Acredita que isto possa vir a acontecer um dia em Macau? Dizer “banir” é um pouco drástico. Tem havido várias medidas de controlo do jogo, como são as punições para oficiais do Governo que joguem. Antigamente, não havia capacidade para regular esta actividade, mas em Macau há. Na China, acredito é que a legislação vigente não está em consonância com o seu reforço. As pessoas podem não admitir, mas existem, de facto, casinos ilegais na China. Nos últimos dez anos, temos andado a crescer a um ritmo demasiado rápido. [quote_box_right]“Os casinos são, tal como o imobiliário ou as acções em bolsa, um investimento. Acredito que esta perspectiva faz mais sentido nos dias de hoje do que dizer apenas que é um aspecto cultural”[/quote_box_right] Em que sentido, exactamente? Quando o Jogo se começou a expandir, em 2002/2003, a ideia era transformar Macau numa cidade diversificada e internacionalizada, mas a verdade é que isso foi uma coisa que só começou a acontecer muito mais tarde. O Governo tem apostado muito no desenvolvimento do mercado VIP e não no mercado de massas, mas esse é que está fortemente associado ao entretenimento, como acontece em Las Vegas. Até nisso creio que se tomaram escolhas não tão acertadas e o sector VIP tornou-se num mercado tão vasto, que só se associa à camada social mais endinheirada. Isto significa que Macau deu o poder desta indústria aos junkets e ao resto do sector VIP. Isto não é algo necessariamente negativo, mas implica termos menos poder que está agora nas mãos de terceiros. Nem os promotores de junkets têm controlo sobre quem vem cá jogar e tudo isto traz consequências para a indústria. Mas o sector VIP tem tido grandes quedas nas receitas nos últimos meses… Sim e tudo devido à campanha anti-corrupção do Governo Central, que está a ganhar cada vez mais força. A pergunta que devíamos fazer é porque é que as receitas descem com uma campanha deste género? Por que afectam Macau? Quem são, então, as pessoas que têm vindo a entrar em Macau nos últimos anos e que agora não vêm? Qual será a solução para colmatar a falta de jogadores? Não creio que devamos olhar para trás e querer que seja igual. Acho é que temos que tornar a indústria mais transparente e limpa e fazer com que o Jogo seja visto como um entretenimento. É importante começar a atrair pessoas que pretendam vir cá e sentar-se às mesas para se divertirem, mesmo que apostem menos dinheiro do que aqueles que antes vinham jogar para as salas VIP. Transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado. Diz-se que a queda das receitas está muito relacionada com o receio que muitas pessoas agora têm de vir até Macau… Sim, claramente. No entanto, também acredito que o sector VIP deve estar sempre presente em Macau, porque faz parte. A actividade do Jogo é um dos elementos que distingue esta cidade de outras semelhantes e creio que sem ele, Macau não sobreviveria. Temos uma série de actividades não relacionadas com o Jogo, mas é esta actividade que realmente faz com que as pessoas cá venham. Esta pode é ser vista como algo divertido, feliz e saudável. Não tem que ser algo negativo. Considera que a proibição total de fumo nos casinos tem ajudado à queda das receitas? Julgo que a proibição total pode vir a ter efeitos negativos no mercado VIP, sim. No entanto, depois de estar numa série de sítios onde é proibido fumar nos casinos, apercebi-me que nos primeiros dois anos após a implementação da lei as receitas têm quedas entre os 10% e os 20% e isto é drástico para as operadoras. Mas com o tempo, vemos que a população que frequenta estes locais começa a alterar-se e passa a ser maioritariamente constituída por aquelas pessoas que nunca jogavam por não gostarem do cheiro a tabaco e do ambiente e agora o fazem por ser livre de fumo. Mas respondendo à pergunta: acho que o que realmente está a afectar a queda é a campanha do Governo Central e não esta proibição. Mas a solução não seria integrar as salas de fumo, como já se fez no ano passado? Essa é uma questão que deixo para a própria indústria responder. Só ela pode dizer, de uma perspectiva de negócio, se isto resulta ou não. No entanto, acho que neste momento, com a queda, faz bastante mais sentido permitir que todos beneficiem dos casinos, fumadores e não fumadores. [quote_box_left]“[É importante] transformar a indústria numa coisa sustentável e que não esteja relacionado com branqueamento de capitais ou com oficiais de Estado”[/quote_box_left] Como é que vê a abertura dos novos casinos e hotéis? Estamos a falar de coisas diferentes, porque se trata de empreendimentos com uma componente muito mais forte de entretenimento e elementos não jogo do que casinos e mesas propriamente ditas. O que é uma coisa boa, algo que se tem andado a tentar fazer desde 2002. Acha que vai funcionar? Ainda não se sabe, porque estão muitas coisas por abrir. No entanto, acredito que há mercado suficiente, feito de pessoas como nós, que estão dispostas a gastar umas cem ou 200 patacas no casino para se divertirem. Numa perspectiva exterior, é preciso diminuir as nossas expectativas. Sempre fomos a cidade do Jogo, mas passaremos a ser uma cidade onde o Jogo é uma das suas componentes. Acredita que Macau algum dia vai ser uma cidade internacional? Sim e é por isso que cá estou. Acho que não tem que ser só Jogo ou só qualquer outra coisa. A verdade é que o Jogo nunca vai desaparecer, nem deve. Tem é que se gerir esta indústria de forma inteligente, para a tornar transparente e fazer com que apostar não seja mais visto como uma actividade negativa. Acho que é preciso dar às pessoas várias razões para virem a Macau. O que considera que vale a pena em Macau, da perspectiva do turista? As pessoas acreditam que existe uma série de coisas interessantes aqui, desde locais protegidos pela UNESCO, prédios preservados do tempo do Governo português e uma componente tipo Las Vegas, com resorts com piscinas e, em breve, a roda gigante do Studio City. Macau é Las Vegas com quatro mil anos de história. Quanto tempo vai demorar até chegarmos a essa internacionalização? Não é possível fazê-lo de um dia para o outro. Não podemos é esperar que a indústria do Jogo, embora seja forte, continue a crescer tanto como nos últimos anos durante 20, 30 ou 50 mais. Temos que parar e desacelerar este crescimento para desenvolver. Não acredita então que é possível virmos a ter uma crise financeira em Macau? Enquanto residente, não consigo sequer imaginar uma crise aqui, até porque os casinos continuam cheios de gente a jogar e nas lojas. A única coisa que falta são jogadores e isso não afecta directamente o resto das pessoas, como os residentes e os turistas. O Governo mencionou já várias vezes que poderão ser precisas medidas de austeridade. Não creio que sejam necessárias, se deixarmos o mercado seguir o seu curso. Quando tivemos aqueles cinco a sete anos de crescimento exacerbado, ninguém nunca disse que era preciso um plano de contingência, mas acho que sim. A certo ponto, cerca de 40% ou 50% é demais e as pessoas deviam ter reclamado. Houve uma série de coisas que não se desenvolveram porque tudo andou demasiado rápido. É preciso resolver os problemas de tráfego, dos transportes e as questões laborais antes de voltar a impulsionar as receitas. Na altura em que o mercado começou a crescer, as indústrias sentiram que precisavam de se adaptar e restaurantes, hotéis de luxo e mesas novas cresciam em todos os cantos, mas outros aspectos da vida social continuam por resolver. Havia dinheiro para dar a vender e era fácil e hoje em dia talvez não seja tanto e é onde a inteligência é precisa. Quanto à polémica de construir casinos em bairros comunitários ou zonas de periferia. Qual é a sua opinião? O Louis XIII é um caso à parte, porque se trata de um complexo para as “grandes baleias”. O perigo são os espaços de lazer como o Mocha. Num sentido geral, não julgo que seja boa ideia ter casinos nem sítios com slot machines junto destas zonas porque atraem pessoas que recebem pouco mensalmente, como pensões. As leis e fiscalização têm que ser boas. A revisão dos contratos de concessão está aí à porta. O que acha que vai mudar? Sinceramente não sei, porque é uma questão política, que me ultrapassa. Pessoalmente, acho que nada vai mudar. Poderá entrar uma nova operadora no sistema? David Chow considera que sim… Acho que não vai ser bom se isso acontecer, se será boa ideia injectar mais competição no mercado. Acho que devia ficar como está. Também não estou a ver o Governo a tirar alguém da corrida. É preciso é reinventarmos a indústria, estar sempre a inovar e atrair pessoas, como Las Vegas tem feito há tantos anos. O Governo tem, de facto, falado muito na reinvenção e diversificação. Será possível fazer isto somente com mão-de-obra local? Não posso falar pelo Governo, mas acredito que os estrangeiros [profissionalmente] trazem para Macau conhecimentos que os residentes, certamente, não têm. Quando se quer inovar nesta cidade, não se pode contar com os residentes ou mesmo com quem cá vive, mas não é residente. Continuamos a precisar de sangue novo. Mas isso não será tirar oportunidades para os locais? Temos estado a fazê-lo durante estes anos todos, mas é preciso trazer quem lhes mostre que o caminho é para cima, que se saiba gerir a sério. No fundo, é preciso mostrar aos residentes que existe mais para além daquilo que vêem. A mão-de-obra local é muito reduzida e na altura de expandir o mercado do entretenimento, vai ser preciso ter quem saiba do assunto. O conhecimento é essencial e o ideal seria formar o nosso próprio pessoal, mas isso leva tempo. Há pouco talento numa população de 600 mil pessoas e, em termos globais, os mais talentosos, não o são assim tanto.
Leonor Sá Machado BrevesCCP pede reforço da participação dos jovens na política O Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e a Escola Portuguesa de Macau (EPM) sentem necessidade de reforçar a participação dos jovens lusos da região na política. Durante uma reunião do representante do Conselho das Comunidades Portuguesas José Pereira Coutinho com o director da Escola Portuguesa de Macau (EPM), Manuel Machado, “foi referida a necessidade de incentivar os jovens a uma maior participação cívica e política na RAEM como parte extra-curricular da aprendizagem”, como sublinha o presidente do Conselho em comunicado enviado ontem. Em cima da mesa estiveram ainda eventuais parcerias na organização de serviços comunitários e divulgação de informações políticas.