Cinema | Festival Sundance chega a Hong Kong e fica até final do mês

Chegou, finalmente, aquela altura do ano em que o Festival de Cinema Sundance se alastra por Hong Kong. Este ano são exibidos, no Metroplex, 11 filmes sobre a revista Rolling Stone, a vida singular de seis irmãos em Manhattan e uma curiosa experiência em prisões

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hegou o aguardado momento em que o Festival de Cinema Sundance se apresenta nas salas de cinema do complexo Metroplex, em Kowloon. É a partir desta quinta-feira e até ao próximo dia 27 que os cinéfilos poderão assistir a vários filmes que ora retratam a vida e obra de artistas musicais, ora exploram problemáticas pouco discutidas.
No certame deste ano são apresentados 11 filmes que brilharam no estado norte-americano do Utah, onde o Sundance teve origem. Este é já conhecido como um dos mais importantes festivais de cinema independente dos EUA, criado pelo Instituto Sundance, e acontece, geralmente, em Janeiro em três diferentes locais. Os filmes nele estreados vão sendo exibidos em iniciativas um pouco por todo o mundo e a edição deste ano contou com 14 diferentes categorias, incluindo documentários e ficção dos EUA, filmes estrangeiros, Novas Fronteiras, curtas-metragens, colecção especial Sundance e estreias mundiais.

O que cá vem

A série começa com “The Wolfpack”, a primeira longa-metragem documental da nova- iorquina Crystal Moselle, que explora a vida do clã Angulo. É entre máscaras feitas de tecido, papel, corte e costura, que seis irmãos se dão conta do mundo exterior, para além das quatro paredes do seu apartamento em Manhattan. A mestria deste documentário está no volver da vida deste colectivo, cuja educação, infância e adolescência foram inteiramente passadas em casa, raras vezes saindo à rua. A trama intensifica-se através do relato de quando um dos irmãos decide fugir de casa, fazendo crescer nos restantes o desejo por uma aventura semelhante. Moselle levou para casa o prémio de Melhor Documentário. The Stanford Prison Experiment
“Dope” também surge em jeito de comemoração de tempos passados, contando a história de Malcolm, um jovem “obcecado com o hip hop dos anos 90 e que sonha em ingressar em Harvard”. A vida do protagonista sofre uma reviravolta quando o seu melhor amigo decide ir à festa de aniversário de um dos mais influentes traficantes de droga do seu bairro, o que o leva numa viagem não tão feliz pelo mundo dos estupefacientes.
“Pelo caminho, Malcolm aprende mais sobre si próprio, a vida e finanças do que em qualquer escola Ivy League”, explica a organização do festival.

O estrangeiro aqui tão perto

“The End of the Tour” é outro dos filmes em exibição e conta a história de uma entrevista de cinco dias de um jornalista da revista Rolling Stone aos romancistas David Lipsky (interpretado por Jesse Eisenberg) e David Foster Wallace. Esta situação teve mesmo lugar em 1996, após publicação do conhecido romance de Wallace “Infinite Jest”.
O filme pode trazer uma lufada de ar fresco na capacidade do actor Jason Segel em criar outras personagens que não sejam unicamente cómicas. O realizador James Ponsoldt licenciou-se num programa de Cinema de Yale e estreou-se com “Off The Black”, em 2006.
“The Stanford Prison Experiment” parece ser das longas metragens que mais promete: baseado em factos reais, é um filme que explora a vida nas prisões norte-americanas e tem como alicerce um estudo feito na Universidade de Stanford em 1971, sobre a escolha de se ser um guarda prisional ou um recluso. Os resultados desta pesquisa podem surpreender os espectadores, mas é certamente um filme a não perder, mais que não seja por Kyle Patrick Alvarez ter levado para casa dois prémios no Sundance.
Na calha estão ainda “Advantageous”, “Cartel Land”, “Me and Earl and the Dying Girl”, “People Places and Things”, “Songs My Brothers Taught Me”, “The Witch”, “James White”, entre outros.
À parte da exibição dos filmes – cuja calendarização está inteiramente disponível no website oficial do festival –, há ainda tempo e espaço para sessões de perguntas e respostas e que juntam críticos desta indústria, cinéfilos ou meros interessados. Cada sessão de cinema custa 90 dólares de Hong Kong, mas há descontos para pessoas com deficiências, crianças e seniores.
As sessões têm lugar a partir da próxima sexta-feira, às 18h00, continuando fim-de-semana fora, com uma programação que agrada a gregos e troianos. O festival de Hong Kong é interrompido durante a próxima semana, para recomeçar a 24 e encerrar a 27, com sessões de exibição das 13h40 às 21h45. A calendarização, informação completas sobre os filmes e realizadores, localização e transporte podem ser consultados em https://hk.sundance.org/eng/index.htm.

15 Set 2015

Turismo | Directora da DST desvaloriza quebra do número de visitantes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]subdirectora dos Serviços de Turismo (DST), Cecilia Tse, afirmou ontem que o sector do turismo não está a sofrer com a queda no número de visitantes. Cecilia Tse rejeita a possibilidade da indústria estar em crise, assegurando que não vai ser necessário rever o orçamento do organismo.
“Os nossos projectos de divulgação e promoção nesta segunda metade do ano estão dentro do orçamento apresentado para este ano, não precisamos aumentá-lo. Apenas fazemos uma gestão flexível do dinheiro e até atrasámos ou cancelámos actividades promocionais e reduzimos despesas que consideramos não serem urgentes”, disse a subdirectora, em declarações à Rádio Macau. “Por isso, não precisamos aumentar qualquer orçamento para reforçar a realização das actividades de divulgação”, explicou. A responsável adiantou que a cidade continua a ser um ponto preferido de visita para os turistas e, argumentou, “vários hotéis e projectos de grande dimensão, que vão ser concluídos progressivamente entre a segunda metade deste ano e 2016” determinam isso mesmo.
“O período médio de permanência dos hóspedes nos estabelecimentos hoteleiros indica que Macau continua a ser atractiva enquanto cidade de turismo”, acrescentou Cecilia Tse. A número dois da DST aproveitou para referir a presença de Macau no top 10 dos destinos recomendados de uma revista da área. As declarações da responsável surgem depois de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura se ter mostrado igualmente confiante nos números, prevendo mesmo que a percentagem de turistas vão aumentar durante a segunda metade de 2015.

Capacidade para mais de 500 mil turistas por dia

O Gabinete do porta-voz do Executivo assegurou ontem que a cidade tem capacidade para receber o actual número de visitantes que chegam diariamente. De acordo com comunicado, o Gabinete garante a eficiência dos serviços de passagem nas fronteiros, da gestão do tráfego automóvel e de questões de segurança. O mesmo documento aponta para uma média diária de 430 mil entradas de turistas na RAEM, com os valores de Janeiro a Agosto a apontarem para 540 mil indivíduos num só dia. Em jeito de tranquilizar a população, o Gabinete informa que pode fazer uso de informações do departamento de tráfego para ajustar roteiros de viagem, de forma a evitar a sobrelotação de certas zonas, o que por sua vez garante um dia-a-dia normalizado para os cidadãos.
 

14 Set 2015

Música | Orquestra de Macau em digressão mundial até 24 deste mês

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Orquestra de Macau (OM) partiu na passada quinta-feira numa digressão mundial que dura até ao próximo dia 24, série que inclui a participação no festival mundial de música Brucknerfest Linz. A OM tem ainda concertos marcados na Áustria, Suíça, Hungria e outros países, “divulgando assim a cultura e artes de Macau perante o público europeu”, explica o IC em comunicado.
O mesmo organismo afirma que a “OM tem assumido o papel de embaixadora cultural de Macau” desde a sua criação. Até 2014, realizou, de acordo com o IC, concertos em mais de 40 cidades da China, sendo o primeiro colectivo musical a percorrer todo o país.
Já nesta digressão pela Europa, a Orquestra sobe a palcos internacionais, participa em múltiplos espectáculos significativos e leva ao exterior quatro programas diferentes especialmente criados para a ocasião”, avança a organização, constituída pelo IC e pelos Serviços de Turismo.
Este fim-de-semana foi passado na Áustria, enquanto no próximo dia 17 ocupam um palco na cidade austríaca de Erl, passando para Zurique no dia seguinte. A 20 de Setembro marcam presença na Liszt Ferenc Zeneművészeti Egyetem, em Budapeste, e a 21 realizam o seu último concerto da digressão, de volta à Àustria. O colectivo será conduzido pelo maestro principal da OM, Lu Jia, mas conta também com a presença de Leong Hio Ming, vice-presidente do IC.
O convite para a actuação da OM veio directamente da direcção do festival Brucknerfest Linz, que ficou com este nome devido ao seu criador, um compositor do século XIX natural desta cidade, Anton Bruckner. Presente estará também uma orquestra do continente, pelo que a OM surge na qualidade de agrupamento representante do país na série de actividade “Foco na China”.
O grupo local apresenta-se em palco com o pianista Zhang Haochen e Wu Wei, “dando a conhecer os êxitos a nível musical da China contemporânea”. A OM convidou ainda Sophia Feinga Su para actuar na digressão. Sophia é uma violinista local com apenas 15 anos de idade.

14 Set 2015

Erro Médico | Diploma concluído “em breve”, diz Governo

A proposta de alteração à Lei do Erro Médico está quase concluída e será entregue à AL brevemente. A confirmação parte de Lei Chin Ion, director dos SS. Vai ser o reclamante o responsável por comprovar a existência de erro médico

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]alteração à proposta de Lei do Erro Médico está quase concluída e a entrega à Assembleia Legislativa está para breve, confirma o director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion. A lei, recorde-se, foi aprovada em 2013 e os deputados ainda não receberam a proposta revista pelo Governo, depois de esta ter estado a ser discutida na especialidade.
“A alteração da proposta da lei entrou já na fase final e está quase concluída, prevendo-se que seja entregue com a maior breve à Assembleia Legislativa para discussão”, garante um comunicado dos SS.
O anúncio foi feito no passado sábado, durante uma conferência de imprensa. O coordenador do Gabinete Jurídico dos Serviços de Saúde, Rui Amaral, aponta a obrigatoriedade das provas de erro médico serem apresentadas pelo reclamante com um dos pontos fulcrais do diploma.
“Em primeiro, é o ‘ónus da prova’, cabe ao reclamante apresentar as provas e, durante a investigação, a Comissão de Perícia Médica irá colaborar com o reclamante”, destacam os SS em comunicado. É de sublinhar que estes pontos convergem com aquilo que o Governo considera serem os mais importantes ao “nível técnico”.

Mais um grupo

A tão discutida criação de uma Comissão de Perícia Médica segue mesmo para a frente e esta vai contar com a presença de especialistas do exterior convidados pelo Executivo, “no sentido de assegurar o nível de perícia médicos em casos de erro médico”. Nova é a introdução de um Conselho para a Resolução de Litígios, grupo responsável por coordenar a comunicação entre as duas partes, quando estas optarem pela resolução directa do caso. O quarto ponto referido é o estabelecimento de um Seguro da Responsabilidade Civil para Profissional de Saúde. Tal, justifica, deve ser de compra obrigatória por parte de “todos os profissionais de saúde” no sentido de se protegerem de eventuais acusações. Fica ainda decidido que as especialidades de Obstetrícia, Ginecologia e Cirurgia Geral têm um risco mais alto por serem mais complexas que as restantes.
A proposta de Lei do Erro Médico foi aprovada pela na generalidade na AL em Outubro de 2013, mas só agora os SS anunciam a sua conclusão.

Erro de diagnóstico que sai caro

A Lei do Erro Médico tem suscitado uma série de opiniões e discórdia, com representantes de várias associações médicas a questionarem a legitimidade da responsabilização dos profissionais de saúde em casos de denúncia de erro médico por parte dos doentes. Só este ano, 11 associações juntaram-se para mostrar o seu desagrado perante o conteúdo da proposta de lei. Um dos casos mais debatidos remonta a Junho passado, quando dois médicos do Hospital Kiang Wu foram condenados pelo crime de ofensa à integridade física. De acordo com as associações, a condenação oficial destes profissionais vai fazer com que os restantes médicos implementem medidas de auto-proteccionismo.
Ainda na semana passada o deputado Cheang Chi Keong se queixava da demora na entrega desta proposta à AL, durante o balanço dos trabalhos da passada sessão. “Entendemos os atrasos na proposta devido às mudanças dos titulares dos principais cargos, mas é raro uma Comissão não ter ainda recebido uma nova proposta depois de se ter concluído as discussões na especialidade”, frisou Cheang Chi Keong. “Os assessores jurídicos da AL já apresentaram as cláusulas que os deputados sugeriram ao Governo em Março, mas é lamentável que até ao momento não haja novidades” afirmou.

14 Set 2015

UM | Número de alunos estrangeiros aumenta face a 2014

O número de estudantes internacionais a ingressar neste ano lectivo na Universidade de Macau é de 300, verificando-se um aumento face ao ano passado. De entre os 1700 novos alunos aceites – entre um universo de nove mil – 300 deles são provenientes da Austrália, da Malásia, da Coreia do Sul, Mongólia, Timor-Leste, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Taiwan e Hong Kong.
“A UM espera que esta diversidade internacional do corpo estudantil venha criar uma atmosfera multicultural vibrante no campus”, refere a universidade em comunicado. Cerca de 12 destes novos estudantes entraram através do programa da Bolsa Grand Lotus, que determina a isenção de realização de testes e a possibilidade de ter tutores nas suas faculdades de entrada. Outros 45 entraram através das bolsas Golden Lotus e Silver Lotus. A UM recebeu cerca de nove mil pedidos de inscrição, mas apenas 1700 tiveram oportunidade de completar uma licenciatura nesta instituição de ensino. Outros sete alunos tiveram a sua entrada aprovada através da bolsa de atletas, que “pretende encorajar estes alunos a continuar os seus estudos, motivando-os a ultrapassar os seus próprios recordes, tanto atlética como academicamente”.

14 Set 2015

Hotel Estoril | Retirada do painel de azulejos satisfaz a população

A maioria das pessoas que opinou acerca do destino do Hotel Estoril está a favor do reaproveitamento do local em prol dos jovens e da cultura, mas quis mesmo banir os azulejos da fachada, como anunciou Alexis Tam na semana passada. E tudo devido ao Feng Shui

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s resultados da consulta pública sobre o destino do edifício do antigo Hotel Estoril mostram que o Governo ouviu a maioria das pessoas quando decidiu, na semana passada, retirar o painel de azulejos do edifício. A maioria disse querer que o local seja reaproveitado enquanto centro recreativo para os jovens, mas representantes da área da Educação e vários jovens mostraram desagrado na manutenção do painel de azulejos da fachada. E tudo devido ao Feng Shui, filosofia de origem chinesa vastamente que determina sorte ou azar de acordo com o posicionamento de objectos, entre outras premissas.
“Tanto o sector educativo como um número considerável de jovens manifestaram a sua discordância em relação à manutenção do painel após as obras de requalificação”, refere o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, em comunicado. Parte das opiniões expressaram igualmente vontade de retirar o painel de azulejos, recolocando-o num museu para apreciação dos turistas, sem que perturbasse o novo design e propósito do Hotel Estoril, “algo que o Governo também considera viável” e que já disse que iria fazer.
Em declarações à imprensa, o responsável mostrou-se agradado com as opiniões expressas durante a consulta pública, uma vez que são conducentes com as do Governo. O edifício está abandonado há vários anos e a intenção é ali construir um centro de actividades culturais, recreativas e desportivas para os mais novos, lá integrando o Conservatório de Macau, “a fim de proporcionar um espaço favorável à educação nas artes para os jovens locais, assim como para o seu desenvolvimento físico e mental”.

Há espaço para todos

O Conservatório não vai apenas servir para os alunos inscritos nas aulas desta escola, mas também para actividades musicais dos residentes ou associações. Serão ainda, “de acordo com as estimativas preliminares técnicas” do Secretário, criados mais mil lugares de estacionamento num auto-silo de três andares, de forma a facilitar o tráfego automóvel naquela zona. “É de acreditar que de entre outros planos de requalificação, este será o mais adequado e vantajoso em termos de benefícios sociais e maior bem-estar para a população”, destaca o Gabinete. A piscina, no entanto, será reconstruída, uma vez que a sua arquitectura está, na opinião do Governo, “ultrapassada”, e as suas instalações “muito envelhecidas e danificadas”, razão pela qual se vai optar pela transformação do local numa piscina que esteja aberta 365 dias por ano.
A ideia não é nova, mas só agora o plano se torna mais concreto. “Nem a distribuição de espaços nem as suas instalações conseguem satisfazer as exigências modernas e assim, entende-se necessário a transformação do local numa piscina que esteja aberta durante todo o ano, permitindo aos cidadãos usufruir de uma instalação desportiva com condições de qualidade”, aponta o comunicado, notando que a piscina tem já 63 anos de existência. Nas mesmas declarações, o Secretário afastou a possibilidade de ali ser construído um museu de Jogo de fortuna ou azar, como algumas opiniões sugeriram. Isto porque, de acordo com Alexis Tam, o local foi abandonado enquanto albergava um casino, salas de sauna, dança, karaoke e hotel. O mesmo comunicado ressalta a opinião, que diz ser de “um reputado arquitecto local”, do edifício ter já perdido a “sua alma e carácter” por estar muito danificado. Alexis Tam confirmou que foram já realizadas 20 reuniões com vários sectores sociais, incluindo sessões de auscultação pública. As opiniões restantes serão analisadas depois do próximo dia 20.

Pedida classificação como património

Uma actividade de recolha de assinaturas a favor da classificação do antigo Hotel Estoril como património cultural foi convocada por uma associação local de planeamento urbanístico. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, defende que “respeita a ideia”. A associação chama-se Root Planning e lançou a actividade numa página do Facebook até ao dia 17 deste mês, sendo que a petição da classificação do antigo Hotel Estoril como património cultural será depois entregue ao Instituto Cultural (IC). “De acordo com a Lei da Salvaguarda do Património Cultural, cada residente de Macau pode apresentar a sua sugestão de classificação de património. A Root Planning já elaborou um documento de justificação do pedido, esperamos que os interessados concordem e assinam a petição [para depois fazermos algo]”, disse ao Jornal Ou Mun Alexis Tam. O Secretário mostrou-se satisfeito com a atitude da associação e diz que já pediu ao IC atenção ao caso.

14 Set 2015

Investimento na Educação vai ser reforçado

Chui Sai On quer reforçar o investimento na Educação na RAEM. Foi na passada quinta-feira que o responsável mostrou que o reforço do investimento neste sector era uma das prioridades da acção governativa. Neste sentido, o Chefe do Executivo prometeu “empenho e rapidez” na “construção de um mecanismo eficiente de longo prazo para a educação” e formação de talentos. Tudo isto, acrescenta o CE no mesmo documento, envolvendo a “promoção do desenvolvimento do ensino especial e do ensino técnico-profissional”, entre outras questões. As declarações tiveram lugar durante o jantar de convívio da Associação de Educação de Macau, por ocasião do Dia do Professor, celebrado no mesmo dia. Além de congratular os professores locais pelo alegado esforço na promoção de um melhor sistema educativo, Chui Sai On lembrou ainda o aperfeiçoamento contínuo de diplomas legais na RAEM. “Aperfeiçoamos continuamente a base legal relativa ao ensino e adoptamos medidas de incentivo para reforçar o reconhecimento das funções dos professores e melhorar o seu desenvolvimento profissional”, disse o líder do Governo no seu discurso.

14 Set 2015

Cinema | Programa experimental na Cinemateca Paixão

É sob o mote do 10º aniversário do Centro Histórico que o IC cria um programa piloto para dar vida nova à Cinemateca Paixão. A experiência arranca hoje, com a exibição de “Guia in Love” e a indústria cinematográfica tem porta aberta para reservar salas no local até Dezembro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) arranca hoje com um programa piloto na Cinemateca Paixão, na Travessa da Paixão, junto às Ruínas de S. Paulo. O programa dura até 31 de Dezembro e oferece à indústria cinematográfica e associações locais a oportunidade de colocarem em acção os seus projectos, reservando o espaço para esse efeito.
O programa experimental prevê a exibição, hoje, de um filme realizado por um artista local. “Guia in Love” é o nome do filme que estreia o projecto, marcado ainda por uma série de actividades abertas ao público até final do ano.
O cinema localiza-se num edifício com três andares e tem diferentes funções como armazenamento de documentos ligados à indústria de filmes, empréstimos de livros e apreciação crítica de cinema. O rés-do-chão reserva-se à bilheteira e às salas de cinema, incluindo ainda uma sala de controlo, inicialmente utilizada para a exibição de filmes sobre arte e cultura. O primeiro andar disponibiliza material sobre filmes locais, como são periódicos e revistas e o escritório fica no segundo piso. “O estabelecimento da Cinemateca pretende promover a cultura cinematográfica em Macau, cultivando a crítica e fornecer uma escolha diversificada de películas”, informa o IC.

Um filme para lembrar

“Guia in Love” é uma obra realizada no território por Sam Leong, com actores de Macau e Hong Kong, incluindo Vivian Chan e Terence Chui. Também a banda sonora conta com o tema “Goodbye My Love”, do produtor local Joe Lei. Trata-se de uma película dentro do género de comédia romântica com passagens em locais históricos da cidade. O filme arranca com um triângulo amoroso entre uma jovem e dois rapazes que são amigos desde pequenos, até que a paixão assola dois deles. Entrelaçadas estão várias outras histórias de amor, a não perder, mais que não seja pelo background cultural que oferecerem.
A sua realização é organizada pela Associação Cultural de Filmes e Produções Televisivas de Macau, sendo que a estreia deverá contar com uma série de representantes desta indústria. O IC assegura ainda que a população pode contar com a organização de workshops e outras actividades aberto ao público entre Outubro e Dezembro, que são anunciadas mais perto da data de realização. A partir de hoje e até Dezembro a bilheteira estará aberta para que os interessados possam reservar espaços com o objectivo de lá realizarem actividades.

14 Set 2015

SS | Enfermeiros estrangeiros só poderão trabalhar mediante convite

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s cidadãos estrangeiros com formação em Enfermagem poderão ser impedidos de exercer funções a título permanente, já que a sua presença no território enquanto profissionais só será válida mediante convite. O anúncio é de Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS). Segundo um comunicado de ontem dos SS, a estes cidadão não será permitida a inscrição para a realização do exame de acreditação. “Foi retirada a parte sobre a participação de residentes não permanentes no exame de acreditação”, informam os SS. Lei Chin Ion explica que as alterações tiveram em conta as “disposições mais controversas”.
O mesmo documento explica que foram feitas alterações ao Regime de Qualificação e Inscrição dos Profissionais de Saúde, tendo sido eliminada a participação de estrangeiros no exame que é agora obrigatório para o cumprimento destas funções na RAEM. Também a cláusula relativa aos tipos de licença existentes foi alterada, havendo apenas três em vez de quatro. As mudanças determinam, assim, que qualquer enfermeiro não residente fica elegível para trabalhar no território apenas a título de “licença limitada” e mediante convite. Este tipo de licença inclui a antiga licença precária. “Foi reduzido de 4 tipos de licença para 3 tipos, integrando a licença precária na ‘licença limitada’ para ser aplicável aos profissionais de saúde não residentes na RAEM”, lê-se no comunicado.
Ao contrário da proposta inicial, o exame é agora obrigatório para todos aqueles que pretenderem ser enfermeiros no território. No entanto, Lei Chin Ion afirma que o novo documento prevê casos excepcionais, onde os profissionais que tenham já capacidade e competência comprovadas ficam isentos da realização do tal exame. Estes terão, contudo, que ser submetidos a análise pela Comissão do Regime. É igualmente eliminada a classificação de “enfermeiro registado”
A questão dos seguros de responsabilidade para os profissionais de saúde passa a estar no âmbito da Lei do Erro médico, “pelo facto de causar divergência e controvérsia sobre a sua aquisição”. Foi retirada a alínea que obriga à realização de um estágio para quem exerce funções há menos de um ano na RAEM. No entanto, o estágio continua a ser obrigatório para os recém-diplomados, mas os finalistas locais dos cursos de enfermagem, farmácia e área laboratorial verão o seu tempo de estágio encurtado, “dado que os mesmos já têm conhecimento sobre o ambiente local de prestação de cuidados de saúde”. O novo documento tem uma postura mais aberta quanto aos enfermeiros sem licenciatura: “irão ser consideradas as hipóteses de realização de formação e exames para os enfermeiros que não possuam o grau de licenciatura, oferecendo-lhes oportunidades de mobilidade ascendente nas carreiras”.

Diploma em consulta pública até 15 de Outubro

O Conselho para os Assuntos Médicos realiza uma consulta pública sobre o Regime de Qualificação e Inscrição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de Saúde, com fim previsto para 15 de Outubro. Esta dura um mês a partir de amanhã e prevê questões relativas à qualificação profissional, realização de exames de admissão e estágio, entre outras. “De acordo com estes serviços, não parecem existir ‘normas muito rigorosas nem limitações concretas’ ao nível da renovação da licença e do código deontológico a seguir por estes profissionais”. Esta é, assim, uma das falhas que os SS pretendem ver colmatada com um novo regime. As apreciações sobre os dados obtidos devem ser compiladas num relatório em meados de Novembro.

14 Set 2015

Shee Vá, médico gastroenterologista

O médico gastroenterologista Shee Vá considera que o diálogo entre médico e paciente é a solução para uma melhoria dos cuidados de saúde e diz que, muitas vezes, os problemas na saúde chegam por causa de desinformações. O médico alerta ainda para o facto de a Ásia estar a ver crescer os números de doentes de Crohn

Comecemos pela performance do Hospital S. Januário. A reputação desta instituição hospitalar tem vindo a ser afectada por uma série de casos de alegado erro de diagnóstico, entre outros. Qual é a sua opinião sobre isto?
Em termos de erro de diagnóstico, as coisas devem ser vistas de uma perspectiva de inserção social. Com isto quero dizer que a informação que o público tem e a informação médico-científica, às vezes, não é a mesma. Comparativamente com Portugal, onde trabalhei durante mais tempo, o que vejo é que em Macau existe muita desinformação. Nem a população tem educação suficiente para compreender o que se passa, nem os médicos por vezes têm tempo para informar os doentes. E estes vêm, muitas vezes, com determinadas exigências.

Como é que isso se pode resolver?
Acho que é preciso encontrar o equilíbrio entre as duas coisas: entre a exigência que os doentes têm relativamente ao hospital e os serviços que o hospital tem para lhes oferecer. Precisamente por causa disso é que há exames de diagnóstico que são feitos e são completamente desnecessários. Em Medicina, podem fazer-se exames complementares, mas estes, normalmente, não indicam aquilo que os doentes têm, clinicamente falando. Pode é descobrir-se outras coisas, mas que não são relevantes o suficiente em relação à razão pela qual o doente foi ao hospital. Conclusão: vamos ter um segundo diagnóstico que não seria o inicial, o que pode ser entendido como erro de diagnóstico. A segunda situação que se põe é perceber se o hospital tem capacidade para lidar com todos estes doentes. Na minha opinião, acho que com diálogo, tudo se consegue. Se nós, como profissionais de saúde, e a população conseguirmos chegar ao diálogo, ficamos no mesmo diapasão, mas isso não acontece. Isto porque a desinformação gera muitos dos problemas relativos à saúde, que pode acontecer aqui no hospital e noutras instituições de saúde.

O S. Januário regista várias centenas de pacientes por dia em termos gerais, mas muitos residentes dizem continuar a preferir a Medicina Chinesa à Ocidental. Acha que ainda há uma certa confusão na forma como as duas são percepcionadas?
Confusão não acho que haja. A ideia geral é que todos os doentes procuram a Medicina Oriental primeiro e só depois a Ocidental. Quase todos mesmo.

Para todo o tipo de doenças?
Para uma gripe tratam-se com os chás, mas também para doenças mais graves. Tem que se perceber – e isto faz parte da cultura chinesa – que os pacientes se sentem doentes pelos sintomas. Isto é, quando não têm sintomas, não sentem que estão doentes e recorrem à Medicina Chinesa para tratar de sintomas e não de doenças. A Medicina Oriental é orientada para uma medicina de sintomatologia e tratamentos deste tipo, que é onde pode haver falhas no estabelecimento da ponte entre a Oriental e a Ocidental, na qual interessa mais tratar a doença e não o sintoma. Tudo isto pode gerar conflitos na relação entre médico e paciente, pelo que estas coisas têm que ser entendidas como diferentes funções do médico, que tem que ter um horizonte aberto para poder compreender este tipo de coisas.Shee Vá

É realmente possível juntar as duas medicinas?
Sim, tem havido avanços nesse sentido, até porque já os Serviços de Saúde têm médicos de Medicina Oriental em funções, nomeadamente sessões de Acupunctura a funcionar nos centros de saúde. Mesmo na área de Oncologia, usa-se muito a Medicina Tradicional, porque algumas pessoas confiam mais neste tipo de tratamentos, por não terem tantos efeitos colaterais. Até em Portugal estamos mais abertos a esta situação.

É médico especialista da área da Gastroenterologia e é também auxiliar activo, enquanto profissional de saúde, da Associação Mútua dos Pacientes de Crohn e Colite Ulcerosa. Qual é o objectivo desta associação?
Esta é uma associação criada de doentes para doentes e que tem por fim o apoio mútuo entre os pacientes de Doenças Inflamatórias do Intestino. É uma doença relativamente nova em Macau e em todo o Pacífico. Há 30 anos, praticamente não existia doença inflamatória do intestino nesta zona do globo e começaram a aparecer um ou outro caso apenas. A incidência e prevalência desta doença na Ásia-Pacífico eram muito reduzidas e, desde há 20 anos, cresceram em flecha. Posso dizer que não existem estatísticas relativas a Macau, mas em Hong Kong triplicaram os casos. Os últimos números apontam para a existência de mais de 2300 doentes, que é muito.

Qual é o perigo deste aumento?
O seu surgimento na Ásia incide sobre pessoas mais novas do que no Ocidente. Em Portugal, costuma acontecer na faixa dos 20 aos 30 anos e aqui estamos a ter cada vez mais casos em adolescentes e em situações mais complicadas.

Que tipo de complicações mais graves podem surgir nestes pacientes?
Os abcessos e as fístulas no sistema digestivo, que são de muito difícil tratamento. O que acontece nos adolescentes é que muitas vezes não se têm em conta as doenças abdominais, por exemplo, esse tipo de patologia. Isto faz com que o período de diagnóstico seja mais demorado, consequentemente piorando o estado do doente. A referida Associação serve então para facilitar a passagem de informação entre os doentes adolescentes, procurar resolver e integrar estes jovens, que muitas vezes têm que faltar ao trabalho ou às aulas, o que afecta muito o seu dia-a-dia. Uma vez que são adolescentes, os pais também têm um papel importante de responsabilização, que também é discutido na Associação.

Tem conhecimento de estudos e investigações que estejam a ser feitos em Macau sobre estas doenças?
Que eu tenha conhecimento, não.

E os serviços de saúde locais, como o S. Januário, têm capacidade para acolher e tratar estes doentes?
Pelo menos da doença inflamatória do intestino, sim. Precisamente porque houve este aparecimento em flecha e se tem chamado muito a atenção para esta zona do globo. Os médicos estão cientes desta patologia e, estando cientes, o diagnóstico é feito de forma mais eficaz, tal como o tratamento.

Da literatura, A primeira obra de ficção

Apresentou esta semana o livro “Uma Ponte para a China”. É a sua primeira obra?
Este é o primeiro livro. Comecei a escrevê-lo quando ainda estava em Portugal e fala sobre a cultura chinesa, principalmente porque comecei a aprender Mandarim. Trata-te de uma homenagem às minhas origens e aos meus professores.

Que conclusões tirou depois do curso de Mandarim?
Que a língua é muito difícil, principalmente porque – e esta é uma visão médica – a sua estrutura é diferente da portuguesa. Tendo isso em conta, é complicado para uma mente ocidental integrar-se no pensamento oriental. Como tenho genética chinesa, pode ter-me sido mais fácil e dediquei-me um bocado mais ao estudo, mas acredito que é preciso muita persistência para se aprender. Quis escrever o livro para demonstrar o quão difícil é aprender a língua e as formas de ultrapassar isso mesmo.

Que língua se falava quando era pequeno?
Os meus pais falavam Cantonês, mas toda a minha educação e mentalidade foi inteiramente ocidental. O que eles me ensinaram, ficou memorizado, mas era um analfabeto em Chinês porque não sabia ler nem escrever. O conhecimento ajudou-me, mas não foi determinante. Comecei a escrever o livro então nestes termos e a explicar como é que os ensinamentos dos meus professores me fizeram a tal ponte para a China, dos países lusófonos.

Como é que o resto do livro se processa?
Depois da aprendizagem da língua, contei histórias de personagens que criei para estabelecer a tal ponte para Macau, que achei importante, e depois de Macau para a China. Para essa passagem, arranjei um casal em que ele é chinês e ela portuguesa. Em seguida, com provérbios e histórias chinesas, abri um bocado a janela para a China.shee va

Em termos de origem… As suas raízes estão na China ou em Macau especificamente?
Os meus pais são da região de Cantão, fui lá visitar a minha família. A minha mulher é aqui de Macau e por isso posso dizer que me sinto um bocadinho chinês, mais do que era há 40 ou 50 anos.

A sua ligação a Macau começou com a Medicina?
Sim. Vim para Macau a primeira vez nos anos 80, através de um colega natural daqui. Na altura, quando se proporcionou, viemos trabalhar depois de acabarmos o curso de Medicina. Foi aqui que conheci a minha mulher e nasceu o meu primeiro filho, portanto logo aí fui criando raízes. No entanto, sinto que há uma enorme diferença entre a Macau dos anos 80 e de hoje em dia.

Que principais diferenças aponta?
São enormes, nomeadamente em termos sociológicos. Apesar de Macau ser um território pequeno, onde várias comunidades parecem conviver, cheguei à conclusão de que isso não acontece realmente. A imagem que tenho de Macau e das comunidades é que todas são rodas dentadas de uma máquina a funcionar. Como tal, funcionam porque ambas vão girando, quase que em paralelo, mas sem intersecções. Contudo, há intersecções, sim, que são os macaenses. Há outras diferenças, mas a que mais sinto é, sem dúvida, nas comunidades. Hoje em dia, com os casinos, há necessidade de mais recursos humanos e vêem-se nacionalidades que quase não existiam cá, como da Indonésia ou Filipinas. Chamaria à comunidade uma mistura, mas é mais uma variedade.

Como é que o bichinho da escrita cresceu?
Talvez por influência dos mestres. No livro não fiz quase referência à minha profissão de médico, até porque não tem nada que ver com Medicina. Existe a ideia – e foi-me transmitida pelos meus professores – de que, e cito o médico Abel Salazar, “O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe”. Isto quer dizer que, como homens da Ciência, também devíamos enveredar por outros caminhos. Talvez tenha sido isso, até porque o professor Mário Quina, que foi um dos meus mestres, foi campeão olímpico de Vela além de exercer Medicina. Posso dizer que sou de uma geração adulta envelhecida que se habituou a olhar para os doentes e inspeccionar e descrever do doente e da doença sofrida. Este armamento descritivo perdeu-se com a introdução das novas tecnologias, onde há análises para tudo. Os médicos escritores são tradição em Portugal, como temos Miguel Torga, Lobo Antunes, Fernando Namora… Vêm todos desta escola. Provavelmente absorvi algo desta academia e quando surgiu a oportunidade de divulgar a cultura chinesa para o mundo lusófono – acho que a China entrou agora para o mundo –, aceitei a ideia. Quis enveredar por este campo para que as pessoas percebam os vários aspectos do que é ser chinês.

E vêm mais livros a seguir?
Sim, já tenho algumas coisas escritas. Provavelmente, serão também para publicar, só ainda não sei quando. É ainda preciso fazer a revisão, mas estão várias coisas escritas.

Serão em que âmbito?
A maioria baseada na cultura chinesa e de ficção. O próximo penso que será mesmo um romance e a seguir tenho já muita coisa escrita sobre Ópera, outra das minhas grandes paixões. Resolvi escrever um livro sobre as óperas que Macau já vi durante todos estes anos do Festival Internacional de Música, desde 87 até agora. A ideia é divulgar a Ópera enquanto género musical, dar os enredos e aquilo a que as pessoas devem ouvir e dar atenção. Mas como não podia deixar de ser, fiz um guia de Ópera aliado a um romance, onde um personagem vai relatar a sua experiência em relação às óperas.

11 Set 2015

Extradição | ANM pede transparência sobre protocolo com Hong Kong

A Novo Macau quer que Sónia Chan esclareça o conteúdo do acordo de extradição entre Macau e Hong Kong, cuja assinatura estará planeada ainda para este ano. O vice-presidente da Associação, Jason Chao, receia que este viole leis internacionais, como o da “dupla criminalidade”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Novo Macau (ANM) pede explicações aos Governos de Macau e Hong Kong quanto ao acordo de extradição cuja assinatura está, de acordo com a Secretária para a Administração e Justiça Sónia Chan, prevista para este ano. Para Jason Chao, vice-presidente da ANM, falta saber uma série de pormenores acerca deste acordo. É que na sua opinião, diz, há leis internacionais que podem ser violadas com esta assinatura, mas também as há na Lei Básica. “O diabo está nos pormenores”, argumenta.
O activista receia que o acordo possa vir a quebrar definições legais internacionais, como a não-extradição de fugitivos condenados para países onde as penas sejam mais pesadas do que aquelas praticadas em Macau, por exemplo. Em Julho passado, Sónia Chan garantiu à Rádio Macau que o Governo estava em conversações com a RAEHK. “Estamos agora a falar com a parte de Hong Kong e com o interior da China sobre este acordo judiciário”, afirmou a responsável. No que diz respeito aos condenados políticos, a lei estava ainda a ser estudada em Julho, não havendo, até hoje, mais novidades.

Todos iguais, penas diferentes

Em causa estão três princípios que Chao considera basilares. Em primeiro lugar está a dupla criminalidade, que impede o acto de extradição de um indivíduo no caso do crime cometido num país não ser considerado crime no país de origem.
“Se determinado acto não é, à luz da lei de Macau, crime, a RAEM não deve extraditar a pessoa que [seja] de outro país ou região”, argumentou o activista.
A segunda premissa aponta que a jurisdição está acima de qualquer outra coisa, ou seja, que um país se pode recusar a extraditar um residente seu para o país onde o crime foi cometido. Finalmente, Jason Chao teme que não seja salvaguardado o princípio da pena, que dita a não extradição de um cidadão para o seu país de origem, caso a pena a aplicar seja mais pesada. “A legislação de Macau proíbe expressamente a extradição de pessoas para países onde possam ser condenados a prisão perpétua ou pena de morte”, explica Jason Chao.

Três casos que em nada são iguais

Para ilustrar o pedido que a ANM faz a Sónia Chan, de melhor clarificar os trâmites do potencial acordo, Jason Chao dá três claros exemplos das premissas acima definidas. O primeiro é o seu próprio caso: “Se o princípio da dupla criminalidade não tivesse efeito, quando eu era considerado um ‘fugitivo’, durante o referendo civil, tinha sido extraditado para Macau para ser julgado pelos alegados crimes de que a PJ e a DSI me acusaram”, começou por dizer.
No entanto, tal não aconteceu porque os actos alegadamente cometidos por Chao no território não eram crimes em Hong Kong. “Temos que saber a natureza deste acordo”, sublinha.
O segundo caso remonta à condenação, a cinco anos de prisão, de Joseph Lau, envolvido no caso La Scala. Lau vive actualmente em Hong Kong, sem qualquer perigo de ser extraditado para Macau, região onde seria detido pelos seus crimes. No entanto, o condenado usufruiu de liberdade devido à falta de um acordo de extradição.
Entre conjecturas várias, Jason Chao prevê uma série de cenários nos quais o possível acordo vem prejudicar os residentes de Macau, nomeadamente no caso de segredos de Estado. Nomeadamente com a China continental. É que em Hong Kong não vigora o conhecido artigo 23º, como em Macau. O referido artigo define que a “RAEM deve produzir, por si própria, leis que proíbam qualquer acto de traição à Pátria, de secessão, de sedição, de subversão contra o Governo Popular Central”. O activista expõe o caso da seguinte forma: “É possível que, à luz deste acordo, as autoridades locais peçam ao Governo de Hong Kong que extradite pessoas que alegadamente roubaram segredos de Estado para Macau, algo que pode ser bastante problemático”, destacou.

GPDP | PJ acusada de agir como “polícia política”

Jason Chao acusou ontem a Polícia Judiciária (PJ) local de actuar como “polícia política” e de perseguir activistas locais. “A PJ tem vindo a desempenhar um papel de polícia política, fazendo a recolha de comentários na internet ou recolhendo panfletos”, defendeu Jason Chao. Em declarações aos jornalistas, censurou a Direcção dos Serviços de Identificação por “vender”, segundo informações do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais, informações de crenças políticas e religiosas à PJ. “É inacreditável”, acrescentou. O mesmo relatório afirma que alguns destes dados atravessaram mesmo as fronteiras da região. Desconhece-se, no entanto, o paradeiros destes já que, como noticiava ontem o HM, a PJ diz não poder revelar os locais devido ao segredo de justiça. “Isto é o mais preocupante”, comentou o activista sobre a transferência destas informações.

10 Set 2015

Turismo | Sugeridas medidas para atrair classes média e alta

A líder do grupo Energia Cívica, Agnes Lam, acha que o Governo não se pode esquecer do problema da capacidade turística que Macau tem, mas sugere o incentivo ao turismo das classes média e alta oriundas do continente e de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente do colectivo Energia Cívica, Agnes Lam, pede que o incentivo à vinda das excursões seja substituído, começando por se traçar um plano de incentivo ao turismo das classes média e alta do continente e de Hong Kong. A também professora pede ao Governo para gerir a situação do decréscimo no número de entradas no território, não a considerando, contudo, preocupante.
Segundo dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de turistas, de Janeiro a Julho passados, diminuiu 3,8% comparado com o período homólogo do ano de 2014. O Chefe do Executivo, Chui Sai On, e a directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, já vieram na semana passada anunciar a implementação de medidas activas para recuperar deste número reduzido de turistas. Tal terá em conta planos de promoção de agências de viagem, hotéis e companhias aéreas.
No entanto, segundo o Jornal do Cidadão, Agnes Lam, também professora de Comunicação da Universidade de Macau (UM), discorda desta necessidade de recuperar números.
“A recessão económica não foi causada pela diminuição de visitantes, mas sim pelas medidas de combate à corrupção do interior da China e a sua influência nos negócios das salas VIP”, começou Lam por dizer. “O que aconteceu é que as receitas de Jogo ficaram abaixo da linha inicialmente prevista, altura em que o Governo começou a entrar em pânico e se esqueceu de que a implementação de certas medidas pode culminar em conflitos de políticas”, defendeu.

Que limites?

A académica acrescentou que, nos últimos anos, o número de visitantes tem vindo a aumentar exponencialmente e as ruas estão sempre cheias, pelo que urge o Governo a repensar a questão da capacidade turística da cidade.
“Na verdade, a redução de turistas não foi significativa, apenas de 3,8%, e segundo o sector turístico, a diminuição mais visível teve lugar na área das excursões, incluindo as de Hong Kong”, explicou Agnes Lam.
A líder do grupo acrescentou ainda que estes colectivos apenas vêm ao território para comprar “lembranças e bolachas” e “nem sequer passar a noite”, pelo que acredita não ser o tipo de turista a atrair em primeiro lugar. “Estes turistas não ajudam à mudança ou à diversificação do sector de turismo”, colmatou.
Agnes Lam defendeu ainda que seria frutífero investir na atracção de turistas das classes médias e altas do interior da China e de Hong Kong, como forma de desenvolver o turismo de alta qualidade, tal como o Governo havia anunciado recentemente.

Turismo | DST quer receber mais visitantes de Taiwan


A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) quer ter em Macau mais turistas oriundos de Taiwan. A ideia foi transmitida durante uma visita de um grupo de trabalho de Taiwan à RAEM e a Zhuhai, que teve como objectivo promover a realização de viagens em pacote multidestinos, abarcando as duas regiões vizinhas. “O objectivo da visita é impulsionar o turismo regional e atrair mais visitantes de Taiwan a fazerem roteiros multidestinos, beneficiando a construção de um Centro Mundial de Turismo e Lazer”, escreve a DST em comunicado. O grupo, acolhido na região entre os dias 4 e 7 deste mês, compreendia 40 responsáveis de agências de viagens e meios de comunicação de Taiwan. Além de visitar uma série de instalações da região, o colectivo teve ainda oportunidade para visitar o Centro Histórico, a vila velha da Taipa, uma exposição de arte e assistir ao concurso de fogo de artifício. Esta viagem surgiu na sequência da assinatura do Acordo entre o interior da China e Macau sobre a Criação de uma Comissão Conjunta de Trabalhos para Impulsionar a Construção de Macau num Centro Mundial de Turismo e Lazer, que permitiu a criação de uma Comissão de Trabalho especializada em lidar com estes assuntos.

9 Set 2015

Festival do Bolo Lunar | Broadway celebra com “enigma da lanterna”

[dropcap style=’circle]A[/dropcap] Broadway Macau comemora o Festival do Bolo Lunar com festas semanais que incluem o jogo “enigma da lanterna”, com direito a vários prémios. É a partir de 12 de Setembro que as hostes abrem.
Todos aqueles que gastarem um mínimo de cem patacas na Broadway ficam elegíveis para participar neste passatempo. Todos os sábados, a organização vai criar workshops de construção de lanternas, com direito a concursos para três grupos: crianças até aos dez anos, jovens entre os 11 e os 18 anos de idade e, finalmente, adultos. O último desafio e oficialização dos premiados será feito no sábado de 26 deste mês.
“Não perca a oportunidade para mostrar o seu talento no Festival do Bolo Lunar e ganhar prémios até às mil patacas no concurso de lanternas”, urge a Broadway.

Artistas coloridos

Não vai faltar, como a tradição bem manda, um desfile “colorido”, a ter lugar todos os fins-de-semana de 12 a 26 deste mês, dias oficiais da celebração. O desfile vai compreender trabalhos feitos por artistas da própria Broadway e encerra com um concerto ao vivo.
“A Broadway é já famosa pelos seus vistosos perfis e esta em especial – com 800 lanternas para oferecer aos visitantes – vai ser um luminoso acrescento às festividades deste mês do Outono”, escreve a organização em comunicado. 20150904-AM4A7192
Finalmente, terá lugar no próximo dia 25 a Full Moon Party, parte do Carnaval do Meio-Outono. O evento tem início marcado para as 21h15 horas, com direito a concertos e performance de DJs pela noite fora. Os primeiros 300 visitantes a fazer o registo online para a festa e os primeiros 300 a visitar a Broadway Macau nessa noite terão direito a sorteio de prémios no valor de cinco mil patacas.

Calendarização das actividades

Enigma das Lanternas: das 18h00 às 22h00 nos dias 12, 13, 19, 20, 25 e 27 de Setembro
Workshops de decoração de lanternas DIY: das 16h00 às 19h00 horas nos dias 12, 13, 19, 20, 25 e 27 de Setembro
Desfile de Lanternas: das 21h15 às 21h30 horas nos dias 12, 19, 25 e 27 de Setembro
Full Moon Party: das 21h30 até tarde, dia 25 de Setembro

9 Set 2015

Nina Dipla em Macau para workshops sobre Pina Bausch

[dropcap style=’cirle’]A[/dropcap] grega Nina Dipla vai estar em Macau a partir de hoje para workshops de dança que vão até à próxima sexta-feira. Na Fundação Rui Cunha (FRC) terá lugar a aula de dança “Seguindo Pina Bausch: Como dançamos?”, às 19h00 de sexta-feira, numa sessão gratuita e aberta ao público, que conta com a participação de Candy Kuok e Stella Ho. A Stella & Artists e o Teatro Aether também integram a organização.
Nina Dipla nasceu em Salónica, na Grécia, tendo sido membro, na década de 80, da Equipa Nacional de Ginástica Rítmica da Grécia, onde aprendeu ballet clássico. Foi aos 17 anos que assinou o seu primeiro contrato de performance com o Teatro Nacional de Salónica para mais tarde seguir para a Alemanha para estudar. Aí, frequentou a Universidade de Artes Folkwang, onde conheceu Pina Bausch, aclamada bailarina de origem alemã. Após conclusão do curso, em 1993, a artista participou no seu primeiro espectáculo de Bausch, o “The Rite of Spring”.

Caminho solitário

“Os contactos frequentes com reputados bailarinos  alemães, sobretudo com Pina Bausch, de quem foi assistente em 1999, inspiraram Nina Dipla a criar o seu próprio sistema educativo e seguir o caminho de ‘solo-dança’”, explica a FRC. Dipla tem feito uma série de digressões pela Ásia e pela Europa. “Apresentou-se em vários programas de dança e assumiu a direcção de performances, tendo cooperado com muitos directores notáveis, entre os quais  o famoso Tadashi Suzuki”, continua a organização.
Pina Bausch foi uma dançarina alemã nascida nos anos 40 e que faleceu em 2009, deixando presente um legado em teoria e história da dança. Entre as sequências mais marcantes está uma das mais recentes, na qual o realizador Pedro Almodôvar se inspirou para uma das sequências do seu filme ‘Habla con ella’. Pina Bausch tem uma biografia extensa, com uma série de peças de dança originais, actualmente desenvolvidas e que ganham vida em palcos por todo o mundo.

9 Set 2015

Literatura | Médico local apresenta obra sobre cultura chinesa

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]hee Vá nasceu em Moçambique e é português, mas tem, desde cedo, uma relação íntima com Macau e a China. Foi nessa perspectiva que decidiu escrever a obra “Uma ponte para a China”, com lançamento marcado para as 18h30 de hoje, na Fundação Rui Cunha. A obra fala sobre a comunidade chinesa e o seu conteúdo foi beber à experiência pessoal do autor, em tempos de aprendizagem do Mandarim, em Lisboa.
“O primeiro capítulo fala sobre a aprendizagem do Mandarim, com a descrição dos caracteres e outras coisas, mas também passa pela cultura chinesa e por elementos como o nascimento, a morte e a vida para além da morte”, começa Shee Vá por explicar ao HM. Escrita em jeito de romance, a obra é conduzida por um só narrador e é de natureza ficcional, embora baseada em factos verídicos. Isto porque, segundo o médico gastrenterologista, podem ferir-se susceptibilidades ao falar de casos reais.
Pode dizer-se que este romance começou numa sala de aulas. “A obra tem uma narradora inventada por mim que vai tomando conhecimento destas coisas à medida que contacta com os outros alunos que também estão a aprender Mandarim”, continua. “A ponte faz-se através de um casal [de estudantes] em que ele é chinês e trabalha em Portugal e ela é portuguesa”, destaca Shee Vá.

Espalhar conhecimento pelo mundo

A ideia principal não é a de somente cingir o gosto por “Uma Ponte para a China” a Macau, mas sim aos quatro cantos do mundo ou, pelo menos, a todas as comunidades por aí espalhadas que falam Português e que contactam com a comunidade chinesa.
“A ponte que se quer criar é com a comunidade lusa, nomeadamente o Brasil e os países africanos que estão neste momento em profundos contactos com a China”, informa. É que, de acordo com o autor, o conhecimento destas pessoas em relação ao tema é superficial, paralelo até.
“A comunidade local que cá está tem, provavelmente, algum contacto com a cultura chinesa, mas este não é muito profundo. O livro explica várias coisas, como a origem dos nomes chineses, algo que à comunidade portuguesa não diz nada”, argumenta o médico especialista. “Mesmo durante a Administração portuguesa, as pessoas tinham conhecimentos das coisas, mas de forma paralela e esta é a tal ponte para perceber como é que os chineses são, como é que gostam de ser tratados e quais são as hierarquias chinesas”, acrescentou, em conversa com o HM.
A obra é inteiramente escrita em Língua Portuguesa, mas compreende uma série de caracteres e frases em Chinês, como são provérbios. Shee Vá aterrou em Macau pela primeira vez em 1982, onde trabalhou até 85. Um interregno de seis anos em Portugal valeu-lhe a especialidade em Gastrenterologia e alguma experiência, para em 1991 voltar ao território. No entanto, o médico esteve outro par de anos fora para voltar recentemente, com a bagagem da experiência na área da Medicina e pronto para lançar um novo livro, que orgulhosamente apelida de romance.

9 Set 2015

‘Maquette’, restaurante | Maggie Chiang, proprietária e chef

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m Português, maquette é a construção, em miniatura, de uma estrutura arquitectónica. Foi exactamente essa a inspiração para Maggie Chiang, a proprietária de um dos poucos restaurantes originalmente franceses em Macau. Tudo começou em 2013, mas foi preciso algum tempo para que as pessoas realmente absorvessem este tipo de conceito: um local de um conforto intimista, que se quer sempre original e fiel aos princípios.
A ideia por trás de ‘Maquette’ tem um conceito básico que se descortina em dois: o sabor e o gosto estão na linha da frente, tanto ao nível da comida servida, como do ambiente que se quer sentido por quem ali entra.
“Primeiro, foi importante reproduzir bem o paladar das cozinhas francesa e italiana e depois fazer com que as pessoas se sintam confortáveis”, conta a proprietária. “É um local que se quer intimista”, destacou, quando questionada sobre aquilo que se quer transmitido naquele espaço.
É sabido que a aceitação de diferentes culturas não é fácil, seja aqui ou em qualquer outro lado do mundo. Exemplo disso foram os primeiros meses de ‘Maquette’, onde Maggie era frequentemente questionada acerca da rigidez das massas, aprimoradas ‘al dente’ para serem tipicamente italianas.
“Quando comecei, tive alguns problemas… As pessoas perguntavam-me porque é que as massas eram tão duras e eu tinha que lhes explicar o conceito por trás da cozedura e daquele tipo de gastronomia”, conta a chef. maquette
Também o tamanho das porções, servidas com menos volume do que o habitual, era estranho para a clientela. “Achavam que eram muito pequenos, mas fui-lhes explicando que eram pratos que em Itália eram entradas e não pratos principais”, justifica Maggie.
De origem asiática, Maggie cresceu em Macau, mas cedo percebeu que existe mundo para além de Hong Kong, tendo-se lançado nos estudos bastante cedo. Actualmente, encontra-se na casa dos 30 e com grande dos seus objectivos profissionais cumpridos: não só gere e prepara o cardápio do restaurante, como também tem oportunidade para continuar a ensinar às pessoas a cultura e paladar de outros povos.

Experiência comprovada

Pode dizer-se que a alma de Maggie vive na cozinha ou, melhor dizendo, na gastronomia ocidental. Em França e Itália estudou Culinária e Gestão Gastronómica, mas este amor não é recente, já que antes, ainda em Macau, tinha um estúdio onde dava aulas sobre estas matérias.
Maggie investiu em estudos no estrangeiro, acreditando que tudo lá fora seria melhor do que por estes lados, só para mais tarde perceber que o seu coração residia na terra-natal. “Dantes, não sentia que tinha raízes em Macau e não dava valor ao facto de ser daqui. Só quando estava lá fora é que me apercebi das saudades que tinha e do quão queria voltar”, confessou.
Geralmente, só quando se perde algo é que se lhe dá valor, mas Maggie foi a tempo de tirar o curso superior e realizar o seu sonho de criança: abrir um restaurante. A identidade de macaense cresceu, neste caso, lá fora. “A ideia de criar o meu próprio espaço surgiu quando ainda estava a acabar o curso e a fazer o estágio em Itália”, começa por dizer. Nessa altura, entre tachos, massas, pizzas e saladas frias, Maggie já se imaginava a gerir um pequeno espaço intimista, como sempre quis.

Ideias pré-cozinhadas

E assim foi. “Já fazia rascunhos de como queria que o restaurante fosse, incluindo o menu e a lista de produtos que lá ia vender”, destaca. Como uma ideia nunca vem só, a proprietária quis não só fazer um restaurante original, mas ensinar às pessoas o significado italiano de bem comer. A ideia principal não é a de saciar a fome da clientela, mas antes fazer com que esta se sinta em casa, confortável e a passar um momento que não teria em qualquer outro lugar. 11917757_847022388727603_2495879445653495904_n
“Julgo que outra das coisas importantes é a apresentação dos pratos e prezo por fazê-la bem”, destaca a proprietária. “Penso que as pessoas gostam disso”.
Naquele espaço perto do Hotel Regency, na Taipa, as mesas costumam estar cheias de clientes já habituais, não fosse Maggie uma boa anfitriã. “A maioria das pessoas é já da casa e acho que isso se deve ao facto de termos criado um espaço intimista e onde se criam relações pessoais”, argumenta.
O espaço está aberto de terça-feira a domingo para almoços e jantares, entre as 13h00 e as 21h30 horas, no 7ºE da Estrada Lou Lim Ieok. Uma refeição pode ir das 200 às 500 patacas, incluindo entrada, prato principal, sobremesa e bebida. A selecção de vinhos é bastante vasta, sejam eles brancos ou tintos. Muitos dos produtos vêm de fora e embora obriguem à subida do preço das refeições, vale a pena provar um pouco da Europa na Ásia profunda. É que aqui não há figos nem azeite como os de Portugal. A não ser no ‘Maquette’.

9 Set 2015

GPDP | Queixas aumentam. Organismo precisa de mais pessoal

Já foi publicado o novo relatório do GPDP e os dados são claros: as queixas de infracções no tratamento de dados pessoais aumentaram substancialmente e são precisos mais funcionários para dar conta do recado

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m 2014, o Gabinete para a Protecção dos Dados Pessoais (GPDP) abriu 194 processos de investigação, número que aumentou 37,6% face ao ano anterior e a maioria diz respeito a casos de falta de legitimidade do tratamento destes dados. De acordo com o mais recente relatório do GPDP, 74,2% dos casos chegaram às mãos do Gabinete através dos próprios titulares da informação, sendo que a grande maioria dos casos remete para entidades privadas e não públicas.
“Incluem principalmente as entidades dos sectores do Jogo e do comércio por grosso e retalho enquanto as entidades dos serviços pessoais e do sector de telecomunicações ocuparam o segundo lugar”, escreve a entidade no relatório do ano passado.
Também no ano passado foram concluídos 143 casos, tendo sido aplicadas sanções a entidades em 16,8% dos processos de investigação. Em termos de trabalho jurídico, o mesmo relatório indica que foram tratados 59 pedidos de parecer, 45 de autorização e 608 notificações de tratamento de dados pessoais.

Mais pessoal

Em comunicado, o GPDP refere que o Coordenador, Vasco Fong, acredita haver “enormes desafios para as autoridades”. No mesmo documento, o Gabinete mostra necessidade de aumentar o volume de recursos humanos.
“[O GPDP] espera reforçar os recursos do Serviço, incluindo o nível técnico e o estatuto da instituição, com o objectivo de se aproximar aos padrões internacionais e se dedicar ao estabelecimento de um regime efectivo de protecção de privacidade”, refere o documento.
Para o Coordenador do GPDP, um dos passos mais importantes é o esclarecimento da população relativamente à importância do tratamento dos dados pessoais.
“O GPDP vai promover, gradualmente, divulgação de informações com conteúdo mais profissional, no intuito de consciencializar os cidadãos sobre as noções dos dados pessoais – formar a consciência da população em geral, elevar os seus conhecimentos até um nível suficiente para saber auto proteger os seus dados pessoais”, explica a entidade no relatório.
Além disso, o GPDP tem feito uma série de cursos e participado em workshops e seminários de actualização de temas, incluindo reforço da privacidade em rede global. Também em 2014 o GPDP marcou presença na Conferência Internacional de Autoridades de Protecção de Dados e Privacidade e na Conferência do Grupo de Orientação do Comércio Electrónico da APEC. Para além disso, o GPDP realizou 160 sessões de esclarecimento, cursos de formação, seminários e palestras com a participação de mais de nove mil pessoas. “Através de várias formas de divulgação, o GPDP espera elevar a consciência da população em geral sobre a protecção de dados pessoais”, escrevem.

8 Set 2015

Cinema | Realizador português aclamado em Veneza

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]jovem realizador português João Salaviza continua a marcar pontos junto da crítica internacional, com o novo filme – “Montanha” – a valer-lhe calorosas críticas na cidade italiana dos canais e do amor, Veneza. A seguir ao Festival de Cannes, a Semana da Crítica do Festival de Veneza é, para o Diário de Notícias, o evento de Cinema mais completo e interessante. Foi aí mesmo que o talento de Salaviza voltou a ter atenções redobradas, depois do lançamento, em 2009 e 2012, de “Arena” e “Rafa”. O novo filme do cineasta é também a sua primeira longa-metragem e a estreia teve lugar ontem, no referido festival italiano. A obra deve chegar às salas de cinema portuguesas a 12 de Novembro. joão salaviza
A nova longa-metragem de João Salaviza foi rodada entre prédios do bairro dos Olivais, ruas alfacinhas sem nomes definidos e uma adolescência em fim de vida. Embora uma pesquisa rápida pela internet não permita encontrar um trailer de qualidade desta obra, a história enternece qualquer coração, mais que não seja pela reflexão de temas como o amor, a traição e a dor própria de todo o ser humano que simplesmente deixa de ser criança. Com recurso a uma câmara de 33mm que se passeia por entre ruas e becos lisboetas, “Montanha” é protagonizado por David Mourato, referido pelo DN como um dos próximos “grandes actores” portugueses. De 14 anos, conta a história de um rapaz de nome homónimo e as relações que mantém com uma mãe ausente e um avô adoentado. Para lá disso, está um triângulo amoroso com o seu melhor amigo, Rafa – protagonista da curta “Rafa”, do mesmo autor – e Paulinha, que coincidência ou não, é vizinha de David. “David está naquela última etapa da adolescência. E dispara para todos os lados, ninguém o controla”, escreve o DN.

O que é de todos os dias

Para quem já viu a obra, o cineasta parece estar mais preocupado com a descrição quotidiana do que é crescer do que com a premissa clássica do cinema de que toda a história obriga a um princípio, meio e fim.
“Há mil e uma ideias de cinema que dão planos milagrosos, quase na ordem do transe – ninguém filma concertos daquela maneira, ninguém filma a tensão sexual daquela maneira”, destaca o diário português DN.
Numa entrevista de Janeiro passado, Salaviza conta que não há grandes referências a elementos digitais da presente era, mas sim de tempos antigos, explica. Um dos exemplos é a cena, já tornada pública, em que o trio de amigos está no sofá à conversa e com a televisão ligada: de acordo com o realizador, esta não transmite qualquer programa específico, mas sim uma mistura de sons pensada à priori. A origem da inspiração é muitas vezes desconhecida, caso esse que aqui se verifica. No entanto, há em “Montanha” uma subtil referência – ainda que inconsciente – a “Fúria de Viver”, filme de 1955 protagonizado por James Dean, lenda do cinema norte-americano. “[A personagem principal] não é inspirada no James Dean, mas há semelhanças físicas, é um tipo bonito a quem corre tudo mal, um tipo que, mais do que interagir com o mundo, deambula por ele, pelos seus tempos e lugares”, responde Salaviza.

8 Set 2015

Tabaco | Quase 29 mil pessoas multadas desde 2012

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]á quase 29 mil pessoas foram multadas, desde Janeiro de 2012 até Agosto passado, por fumarem em locais proibidos. Os dados, que chegam dos Serviços de Saúde (SS), apontam para a realização de 874,8 mil inspecções a estabelecimentos. Os cibercafés continuam a ser os locais onde mais pessoas infringem os regulamentos, havendo cerca de mil casos só nestes primeiros seis meses do ano. Os mesmos dados indicam que a esmagadora maioria dos infractores nos casinos era turista e foi detectado num total de 301 inspecções a estes locais. Entre o total de 298 multados, 239 eram estrangeiros, 58 residentes locais e um TNR. tabaco
No que diz respeito ao resto do território, mais de 188 mil destas fiscalizações foram efectuadas este ano, tendo sido registadas 4683 acusações, sendo a maioria dos casos de pessoas a fumar em locais proibidos, outros 27 casos de “ilegalidades nos rótulos dos produtos de tabacos” e outros seis de estabelecimentos que vendiam tabaco de forma igualmente ilegal.
A esmagadora maioria dos infractores apanhados em locais proibidos era do sexo masculino – cerca de 92,7% do total – residente na RAEM, apenas 214 das situações tendo envolvido TNR. As infracções em espaços públicos exteriores como zonas de lazer e parques e centros comerciais ficaram-se pelas 1200 no total. No entanto, as forças policiais tiveram de intervir em 206 do total de casos, desde Janeiro deste ano. Os SS avançam que 78,9% dos multados já efectuaram o pagamento devido.

8 Set 2015

Metro | Mais três milhões para Laboratório de Engenharia Civil

O Laboratório de Engenharia Civil de Macau viu prorrogados os seus serviços por mais um ano pelo trabalho do segmento da Taipa da primeira fase do metro ligeiro, recebendo por isso mais 2,75 milhões de patacas. O pagamento será dividido em três parcelas e atribuído até 2017. A prorrogação foi publicada em Boletim Oficial e assinada pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. Os encargos para os próximos dois anos serão suportados pelas verbas a inscrever no orçamento da RAEM desses mesmos anos, conforme indicado em Boletim Oficial.

8 Set 2015

Casa Garden | World Press Photo 2015 acontece em Outubro

Este ano, as problemáticas contemporâneas estão no centro do World Press Photo, o maior concurso de fotojornalismo do mundo. A 58.ª edição conta com transsexualidade, relações amorosas e trabalho fabril no pódio. A mostra vai estar em Macau entre 10 de Outubro e 1 de Novembro na Casa Garden

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Casa Garden é novamente palco da exposição itinerante do World Press Photo 2015, mostra de fotografia a nível mundial. O vencedor desta 58.ª edição é o dinamarquês Mads Nissen, um jornalista do jornal diário Politiken, representado pela Panos Pictures.
A exposição, organizada pela Fundação Oriente, acontece entre 10 de Outubro e 1 de Novembro. Este “concurso anual de fotografia jornalística” conta com o apoio da Casa de Portugal. Este ano, participaram na competição quase 5700 fotógrafos profissionais de 131 países, incluindo Austrália, Bangladesh, Dinamarca, China, Bélgica, Eritreia, França, Irlanda, Polónia, EUA, Reino Unido, Turquia e Suécia. world press photo
A fotografia vencedora mostra Jon e Alex, um casal homossexual, num momento íntimo em São Petersburgo, na Rússia. “As minorias sexuais enfrentam discriminações de ordem social e legal, assédio e mesmo ataques violentos de ódio por parte de grupos conservadores nacionais e religiosos”, explica a Fundação em comunicado. A fotografia seleccionada está integrada num projecto pessoal de Nissen, destinado à Scanpix. O dinamarquês ganhou ainda o primeiro lugar no prémio Contemporary Issues.
As películas premiadas são apresentadas em exposições numa centena de cidades por mais de 45 países. As pessoas têm ainda direito a fazer download de uma aplicação móvel gratuita, através da qual é possível aceder às fotografias em nove línguas, conhecer a história de cada uma delas, ter acesso a testemunho dos fotógrafos e outros trabalhos dos autores.

Mundo contemporâneo

As três obras principais inserem-se na temática da presente edição – “Problemáticas Contemporâneas”. Na exposição são assim abordados conceitos relacionados com a orientação sexual ou a fuga de países em guerra.
O segundo prémio foi atribuído ao fotógrafo chinês Ronghui Chen, por ter captado um trabalhador fabril em Yiwu, munido de um chapéu de Pai Natal. A cor encarnada do adereço funciona como acessório à própria fotografia, que coloca o jovem trabalhador numa luz também ela vermelha, junto ao material que utiliza.
O terceiro galardão foi parar às mãos do italiano Fulvio Bugani, fotógrafo há mais de 15 anos e com uma série de trabalhos feitos em associação com organizações não governamentais e de ajuda aos desfavorecidos, incluindo a Amnistia Internacional. A fotografia que valeu o prémio a Bugani faz parte de uma série que versa sobre a problemática da transsexualidade na Indonésia, onde este grupo é apelidado de “waria”, nome que aglutina “homem” e “mulher” na mesma frase. A película em questão não tem cor e mostra várias mulheres originárias daquele país à porta da Pesantren Waria Al Fatah, uma escola inteiramente dedicada aos transsexuais, em Java.

8 Set 2015

AAM | Delegação de advogados desloca-se a Gansu

A Associação de Advogados de Macau (AAM) desloca-se a Gansu numa delegação, entre os próximos dias 6 e 12. O grupo vai participar no seminário ‘Uma faixa, uma rota’, a realizar-se na Universidade de Lanzhou, e numa palestra do Director do Departamento Jurídico do Gabinete para Macau e Hong Kong, do Conselho de Estado, Huang Liuquan. Deverá, de acordo com comunicado da AAM, haver oportunidade para reuniões com a Associação dos Advogados de Gansu e com o Gabinete para os Assuntos de Macau e Hong Kong daquela região. Há ainda espaço para uma visita à Estação de Lançamento de Satélites de Jiuquan.

7 Set 2015

Família com gastroenterite após refeição na Guia

Uma família de cinco pessoas contraiu gastroenterite entre a passada quinta-feira e o fim-de-semana. O casal, avó e duas crianças têm idades compreendidas entre os seis e os 60 anos e os Serviços de Saúde desconfiam que tenham contraído o vírus através da ingestão de massa com carne bovina no restaurante vietnamita Kam Yue, na Rua Nova à Guia. “Durante a madrugada da noite seguinte [sexta-feira], cerca das 5h30, o marido e a mãe dele manifestaram sintomas associados à gastroenterite, nomeadamente diarreia e vómitos”, referem os SS. Mais tarde, foi a esposa quem começou a sentir-se igualmente mal, pelo que os três recorreram às Urgências do hospital Conde de São Januário e Kiang Wu. Segundo os SS, suspeita-se que a gastroenterite tenha sido provocada por bactérias de produtos alimentares que “não foram guardados e manuseados adequadamente”.

7 Set 2015

CCP | Lista de Pereira Coutinho vence lugar no Conselho

José Pereira Coutinho acompanhou de perto as eleições para o Conselho das Comunidades Portuguesas, não tivesse o deputado estado presente para ajudar os votantes. Considera a afluência satisfatória, ainda que preferisse que fossem mais, e tece grandes elogios aos trabalhadores do Consulado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s portadores de passaporte português em Macau já escolheram os seus três novos Conselheiros para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) e são eles José Pereira Coutinho, Rita Santos e Armando de Jesus. O trio completa a única lista que se candidatou este ano, que venceu a eleição com 2158 votos. Ainda a registar 39 votos em branco e 123 nulos nos resultados preliminares, até ao fecho da edição. Os resultados finais serão conhecidos a 16 de Setembro, depois feita a contagem total pelo embaixador português em Pequim, Jorge Torres Pereira. pereira coutinho eleições
José Pereira Coutinho, disse sentir-se “satisfeito” com 2320 votantes que ontem marcaram presença nas mesas de voto, mas lamenta que o número não tenha chegado ao das últimas eleições. Em 2008, mais de 2500 pessoas afluíram ao Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, ano em que concorriam três listas para o Conselho.
Em declarações ao HM, o Cônsul Vítor Sereno mostrou-se “muito satisfeito” com a afluência de pessoas e, enquanto entidade organizacional e que acolheu o evento, diz ter “corrido muito bem”. Embora esta eleição tenha sido diferente das anteriores por ser a primeira em que todos os cidadãos foram obrigados a recensear-se, estavam elegíveis para votar cerca de 15700 pessoas. Este é, note-se, o número de pessoas que também pode votar para as Legislativas e Presidenciais portuguesas.

De “maçãs podres” a bons meninos

Ontem, Pereira Coutinho fez questão de deixar um agradecimento caloroso aos funcionários do Consulado, que atinha apelidado, anteriormente, de maçãs podres.
“Não posso deixar de agradecer profundamente aos funcionários do Consulado, que estão a fazer um belíssimo trabalho lá dentro, tarefa para a qual muito contribuíram o Cônsul Geral e o Chanceler”, disse Pereira Coutinho.
Questionado sobre os recentes comentários que teceu sobre a performance dos funcionários, Pereira Coutinho optou por dizer que “passado é passado”, acrescentando que aqueles trabalhadores conseguiram, ontem, mostrar que sabem fazer bem o seu dever.
“As coisas passadas estão para trás e já estou a ver mudanças. Prova disso é o dia de hoje, que conta com vários apoiantes e voluntários”, acrescentou.

Presente de corpo inteiro

Pereira Coutinho esteve à porta do Consulado desde a abertura até ao fecho das urnas, cumprimentando e indicando as mesas de voto aos que por lá passavam para exercer o seu direito. A maior parte do tempo acompanhado por Rita Santos, Pereira Coutinho manteve-se à porta do espaço, tendo sido, por isso, questionado sobre se não estaria a fazer campanha no dia da votação. O conselheiro nega.
Questionado pelo HM sobre a legalidade da presença do cabeça de lista perto das urnas em dia de eleições, Vítor Sereno disse que a Comissão Eleitoral “não levantou qualquer problema”. A presença de Pereira Coutinho em anos anteriores, a menos de 200 metros do local de voto, gerou polémica pelo facto de ser possível um conflito de interesses e influência nos votantes. “É legal estar ali e a polémica foi levantada porque havia outros candidatos e outras listas”, começou o responsável por dizer. “As pessoas vêm exercer o seu direito de voto e nenhum cidadão levantou problemas”, acrescentou. pereira coutinho eleições
Também durante a tarde vários foram os residentes que receberam mensagens a apelar ao voto. “Desloque-se agora [para votar] que não tem gente” era uma das frases que compunha a mensagem, assinada por José Pereira Coutinho. À TDM, o deputado disse estar “de consciência tranquila” já que, em ambas as situações, estava apenas a tentar fazer com que as pessoas cumprissem o seu direito de voto.
Vítor Sereno deixou ainda um agradecimento às associações e grupos lusos e de matriz portuguesa que apoiaram as eleições de várias formas. “Outra das boas surpresas foi adesão e resposta da nossa comunidade. Voltei a recorrer às associações de matriz portuguesa para me indicarem pessoas que pudessem ajudar e a resposta foi extraordinária”, lembra, em declarações ao HM.
As próximas votações a realizar-se no Consulado servem para eleger o Presidente da República Portuguesa.

Eleitores dizem que votar “é um dever”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]HM esteve à conversa com dois cidadãos portugueses recenseados que se dirigiram ontem ao Consulado Geral para votar nos três novos Conselheiros para as Comunidades Portuguesas, colectivo que deverá representar os portadores de passaportes português na China. Ao HM, Lúcia Araújo disse ter colocado o seu boletim na urna por ser “o dever cívico de todos” e por considerar que é “preciso alguém que defenda os nossos [dos portugueses] direitos aqui em Macau”. A residente com uma longa história na região, vota no território pela primeira vez. Já Vicente Coutinho não falta a uma eleição, tendo sido, em 2003, o primeiro cidadão a votar. “Se não exercermos o nosso direito de voto, não temos nada que abrir a boca para reclamar com as políticas do Governo português”, argumentou o residente da RAEM, quando questionado sobre a razão que ontem o levou às urnas.

Passaporte é porta de entrada

Apesar de muitos cidadãos, como testemunhou a TDM, terem ido votar sem saber ao que iam, Pereira Coutinho disse considerar que muitos chineses se sentem “certamente” mais portugueses do que muitos cidadãos nacionais. “Podemos ver alguns portugueses que preferem tomar uma cerveja em Hac-Sá a vir cá e é triste, porque há chineses que vêm cá e acreditam no nosso Conselheiro, que sabe três línguas e sabe representar as pessoas e os seus interesses”, destacou.
O passaporte português é porta de entrada para a cidadania. De entre as cerca de 2200 pessoas que até perto das 18h00 exerceram o seu direito de voto, uma esmagadora maioria era chinesa ou de origem asiática, poucos falando Português. Não foi possível saber qual o número exacto de cidadãos nascidos em Portugal residentes na RAEM, mas a grande maioria comunicava com os funcionários do Consulado em cantonês. vitor sereno consul
Questionado sobre se o valor de “ser português” pesava de igual forma para os portadores de passaporte luso, Pereira Coutinho assegura nunca ter feito distinções. À pergunta de quantos macaenses, chineses e portugueses marcaram presença, o mesmo responsável respondeu que desconhece números, uma vez que perspectiva todos de “igual forma”.
A mesma visão tem o Cônsul Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno. “Desde que cheguei, sempre considerei que os cidadãos de etnia chinesa com passaporte português e que não falam Português, são tão portugueses quanto nós”, recordou Sereno.. “Independentemente dos caracteres que lá estejam escritos [no passaporte], à luz da lei, é exactamente a mesma coisa, somos todos cidadãos portugueses”, frisou Sereno.

7 Set 2015