Filipinas | Milhares em manifestação de três dias contra a corrupção

Milhares de filipinos reuniram-se ontem em Manila para iniciar uma manifestação de três dias anticorrupção, enquanto a Justiça investiga um alegado desvio de milhões de dólares destinados a infraestruturas inexistentes ou defeituosas para responder a desastres.

Milhares de cidadãos das Filipinas aguardavam ontem, debaixo de chuva, para o início da manifestação que começa três dias depois de o Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., ter garantido, em declarações à televisão, que os principais responsáveis pela corrupção estariam na prisão antes do Natal.

Segundo as autoridades citadas pela agência de notícias EFE, cerca de 314 mil pessoas aderiram à Marcha pela Transparência e uma Melhor Democracia, uma manifestação que se deve prolongar até amanhã, convocada pelo grupo cristão Igreja Ni Cristo (INC), uma influente comunidade centenária.

O protesto, que contou com a presença de seguidores da INC de várias regiões do arquipélago filipino, ocorre enquanto várias equipas de resgate continuam a procurar mais de 120 pessoas desaparecidas após a passagem de dois tufões que afectaram mais de cinco milhões de pessoas este mês, e que provocaram até ao momento 250 mortos.

As reivindicações anticorrupção foram objecto de mobilizações naquele país asiático e provocaram a queda dos líderes das duas câmaras do Congresso filipino. De acordo com estimativas do executivo, os projectos “fantasmas” de controlo de inundações teriam causado prejuízos ao erário público de 1.771 milhões de euros só nos últimos dois anos.

17 Nov 2025

Três detidos em Hong Kong por alegados pedidos a boicote eleitoral

As autoridades de Hong Kong anunciaram sábado a detenção de três pessoas por alegadamente apelarem ao voto nulo ou ao boicote das eleições para o parlamento local, marcadas para 07 de Dezembro. Os três detidos, entre 55 e 66 anos, “partilharam publicações online que incitavam outras pessoas a não votar ou a votar de forma inválida”, referiu a Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC, na sigla em inglês) de Hong Kong.

O órgão prometeu “conduzir o caso de acordo com a lei e os procedimentos estabelecidos” e, após a conclusão da investigação, decidir, em conjunto com o Ministério Público, sobre a instauração ou não de um processo judicial. No entanto, no mesmo comunicado, o ICAC “condena veementemente os criminosos que tentaram interferir e minar as actuais eleições do Conselho Legislativo [parlamento], divulgando mensagens online para incitar outras pessoas a não votar”.

A comissão recordou que, desde a revisão da lei eleitoral, em 2021, 12 pessoas foram condenadas por “publicamente, incitar os eleitores a não votar, votar em branco ou nulo”, um crime punido com pena de prisão até três anos.

No final de Outubro, o secretário para a Segurança de Hong Kong, Chris Tang Ping-keung, tinha recordado que apelar ao voto em branco nas eleições para o parlamento da região administrativa especial chinesa pode constituir um crime. “Quero reiterar que estas acções não só violam potencialmente a lei eleitoral, mas também a lei de segurança nacional de Hong Kong”, acrescentou Chris Tang.

Na sequência dos protestos, por vezes violentos, de 2019, Pequim impôs uma lei de segurança nacional, com crimes cuja punição inclui a pena perpétua, que reprimiu a dissidência política em Hong Kong. “Tomaremos medidas de fiscalização decisivas com base em provas, se necessário”, acrescentou o secretário.

Por exemplo

Chris Tang deu como exemplo o antigo deputado Ted Hui Chi-fung, que descreveu a votação como “uma farsa, totalmente alheia à opinião pública”, que “merece ser boicotada”, devido à exclusão da oposição. “Se os cidadãos acharem mesmo que um boicote dá demasiado trabalho, talvez simplesmente ignorá-la por completo reflicta melhor os verdadeiros sentimentos dos habitantes de Hong Kong”, escreveu Ted Hui na rede social Facebook.

Ted Hui fugiu para a Dinamarca em Dezembro de 2020 e em Agosto passado recebeu asilo na Austrália, depois de ser acusado de crimes contra a segurança nacional de Hong Kong.

Também no final de Outubro, o líder do Governo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, disse que a cidade iria inspirar-se nas legislativas da vizinha região de Macau, em Setembro, para fazer das eleições de Dezembro “um sucesso”. Nas eleições de Setembro para o parlamento de Macau, o número de votos nulos ou em branco mais do que duplicou em comparação com as últimas eleições, em 2021, ultrapassando 13 mil.

17 Nov 2025

Furtividade crítica

Pavilhão de Vila Franca de Xira • A Reinvenção do Real – Arte Contemporânea Portuguesa na Colecção do Museu do Neo-Realismo

Lam Kongchuen

Pela tarde passei pela Praça do Tap Seac com Carlos Marreiros, um renomado artista de Macau, explorando os segredos de cada canto enquanto discutíamos a nova exposição na Galeria do Tap Seac, «Re-shaping Reality».

À medida que o pano continua a subir sobre os três meses da «Art Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2025», o Pavilhão Português «Pavilhão Sila Free Town: Remodelando a Realidade – Arte Contemporânea Portuguesa da Coleção do Museu do Novo Realismo», na secção Pavilhão da Cidade, representa muito mais do que uma mera mostra de arte contemporânea portuguesa. Intitulada «Re-shaping Reality», ela aproveita o poder de treze artistas portugueses da colecção do Museu do Novo Realismo para construir um «local intelectual» tenso dentro do Museu Tap Seac.

Isto serve não só como um eco continental ao tema geral da Bienal do curador Feng Boyi, «What the hell are you doing here?» (O que raio estás a fazer aqui?), mas também como um acto profundamente relevante de «discrição» e «presença» dentro da posição única de Macau como um caldeirão da cultura sino-portuguesa. A inovação aqui não reside na tecnologia mediática deslumbrante, mas na sua abordagem curatorial e nas conotações das obras. Ela habilmente contorna as narrativas simbólicas frequentemente vistas em exposições de arte ocidentais realizadas em contextos orientais, apontando directamente para a missão central da arte nesta era pós-globalização: como, através de uma reimaginação crítica, encontrar uma âncora «localizada» preciosa e caminhos para a compreensão intercultural dentro das nossas realidades existenciais cada vez mais virtualizadas e fragmentadas.

Quando a minha filha e eu entramos no espaço expositivo de «Re-shaping Reality», ela também se deparou com uma reformulação da realidade. As crianças operam segundo as suas próprias regras da realidade, enquanto os adultos continuam a brincar como crianças.

A aterragem no mundo real do legado «pós-minimalista»

O discurso curatorial da exposição «Re-shaping Reality» está claramente enraizado na tradição crítica emergente do pós-minimalismo desde os anos 60 e 70. Como Hal Foster elucidou, essa tradição libertou a arte do isolamento formalista, comprometendo-a com intervenções e tentativas de transformar a realidade social. A «reconfiguração crítica da realidade» enfatizada pelos curadores David Santos e José Maçãs de Carvalho constitui a continuação contemporânea dessa linhagem. Não se limita a «refletir» a realidade, mas desconstrói-a, questiona-a e recompõe-na através da «desmaterialização» da arte, do «campo expandido» da instalação e da «efemeridade» do processo.

A apresentação desta linhagem em Macau traz uma inovação contextual extraordinária. A própria história de Macau é uma crónica em camadas de realidades continuamente «refeitas». A implantação da cultura católica, a resiliência das suas comunidades, a expansão da indústria do jogo e o seu atual posicionamento estratégico como «Uma Base» formam colectivamente uma realidade extremamente complexa. As obras do Museu da Cidade Vila Franca de Xira não abordam a identidade portuguesa através da nostalgia ou do exotismo, mas apresentam a faceta mais reflexiva e crítica da sua arte contemporânea. Esta abordagem evita precisamente a armadilha da «museificação» comum nas trocas culturais sino-portuguesas, onde a arte é reduzida a artefactos exibiáveis. Em vez disso, apresenta um Portugal vivo e pensante, a debater-se com os seus próprios desafios contemporâneos. Esta postura estabelece uma base igualitária e profunda para o diálogo: não estamos apenas a transmitir informações sobre coleções, mas a partilhar e trocar «métodos» para navegar pelas dificuldades contemporâneas.

Entre elas, a instalação de Miguel Palma explora a delicada interação entre a produção industrial e os ecossistemas. Exibida em Macau — uma cidade altamente artificial que depende de um consumo substancial de energia e recursos —, a sua interrogação sobre «como a tecnologia molda a vida moderna» desvia-se naturalmente do contexto europeu para a Ásia Oriental, ressoando com preocupações comuns sobre sustentabilidade e antropocentrismo. Essa ressonância não decorre do simbolismo cultural, mas de dilemas existenciais comuns.

Do legado do «pós-minimalismo» aos dilemas da «realidade», isto marca a chegada desta linhagem crítica a Macau.

O meio como bisturi da realidade

A conotação «inovadora» de «remodelar a realidade» é igualmente evidente na utilização hábil e profundamente significativa dos meios de comunicação pelos artistas. Empregando diversos meios, como pintura, instalação, fotografia e vídeo, eles não se envolvem em malabarismos formalistas, mas sim transformam cada meio num bisturi para dissecar facetas específicas da realidade. Os artistas participantes incluem: Alice Geirinhas, André Cepeda, Carla Filipe, Pedro Cabral Santo, Fernando José Pereira, Luciana Fina, Luísa Ferreira, Manuel Santos Maia, Miguel Palma, Paulo Mendes, Rita Barros, Valter Vinagre e José Maçãs de Carvalho.

As práticas fotográficas de Luísa Ferreira e Rita Barros representam duas abordagens distintas para lidar com o tempo e a memória. O início da carreira de Ferreira como fotojornalista imbui o seu trabalho com uma sensibilidade documental sóbria. O seu foco nas lojas antigas de Lisboa cria uma curiosa intertextualidade quando exposto em Macau, ressoando com os bairros em desaparecimento e os negócios de longa data da própria cidade. Aqui, a fotografia torna-se uma ferramenta para capturar a «camada em perigo» da realidade, documentando não apenas espaços, mas um ritmo de vida e uma ética comunitária ameaçados pela maré implacável da globalização. Barros, há muito radicado em Nova Iorque, apresenta uma série fotográfica que funciona mais como um arquivo de memória fluido e intercultural. Em Macau — uma cidade de imigrantes — as narrativas da diáspora, do pertencimento e das identidades mutáveis transportadas por estes rostos ressoam diretamente com as emoções complexas dos espectadores sobre o «lar» e as «terras estrangeiras». A sua fotografia não remodela a superfície da realidade, mas sim a estratigrafia temporal e as estruturas emocionais subjacentes. A fotografia e o arquivo tornam-se, assim, a sua «política da memória».

A obra de instalação de Miguel Palma e Manuel Santos Maia, no entanto, direciona a sua crítica para sistemas mais amplos. Os trabalhos colaborativos de Palma com engenheiros e biólogos muitas vezes se assemelham a modelos mecânicos intricados, mas disfuncionais, revelando metaforicamente o absurdo e as crises que se escondem por baixo do otimismo tecnológico da sociedade moderna. A prática multimédia de Maia destaca-se na construção de espaços narrativos ricos em símbolos e metáforas dentro de locais específicos. No espaço branco da Galeria de Arte de Taipa, as suas obras criam «subsistemas» distintos e instigantes, convidando os espectadores a entrar e refletir sobre a lógica operacional do «macrossistema» social externo em que habitam. Esta capacidade de «modelar» realidades sistémicas através de instalações artísticas e submetê-las a crítica representa uma das ferramentas mais potentes da arte contemporânea para o envolvimento social. Como críticos do sistema, eles expandem a relação entre instalação e local.

As explorações de Fernando José Pereira e Luciana Fina no domínio das imagens em movimento dedicam-se a remodelar os nossos padrões de perceção. A investigação de Pereira sobre a relação entre vídeo e música perturba a hierarquia convencional entre o visual e o auditivo, criando uma experiência sinestésica que, por si só, desafia a nossa perceção singular e linear da realidade. Fina navega pela interseção entre cinema e artes visuais, abordando frequentemente temas como migração e identidade. A sua linguagem cinematográfica, imbuída de contemplação poética e efeitos de distanciamento, sacode o público da anestesia das narrativas mainstream, obrigando-o a confrontar indivíduos e realidades marginalizados. Num «mundo saturado de imagens» dominado por vídeos curtos e recomendações algorítmicas, a sua prática defende a dignidade das imagens em movimento como um meio sério e crítico. São reconstruidoras da perceção, redescobrindo a relação oculta entre imagem e som.

A prática de Carla Filipe e Alice Geirinhas tem uma forte fisicalidade e um lado ativista. Filipe constrói híbridos de retratos sociais e autobiografia através da apropriação de artefactos e documentos. O seu trabalho «cresce nas ruas», imbuído do calor do artesanato e da perspicácia política. A exploração do feminismo e da igualdade de género por Geirinhas coloca a política da identidade pessoal no centro da sua criação. Os seus trabalhos lembram-nos que a «remodelação da realidade» diz respeito não só a grandes narrativas e sistemas, mas também a cada corpo e identidade específicos e politizados. Em Macau — um território onde diversas identidades culturais se entrelaçam — a sua arte oferece perspetivas inestimáveis para examinar a interseccionalidade de género, classe e identidade cultural. A pintura e a ação são inseparáveis; a sua prática artística constitui uma intervenção corporal.

Benjamin utilizou o bisturi na obra-prima de Rembrandt, A Lição de Anatomia do Dr. Tulp, como metáfora da tecnologia, utilizando técnicas mediáticas para alcançar uma «proximidade» com a realidade. Como bisturi da realidade, as práticas multidimensionais deste grupo de artistas contemporâneos portugueses representam uma manifestação concentrada da «proximidade» da arte com a realidade.

«Vila Franca de Xira» como metodologia

Vila Franca de Xira não é apenas uma localidade portuguesa; no âmbito curatorial de «Re-shaping Reality», funciona também como uma metodologia. Outro aspeto inovador da curadoria reside na sua utilização habilidosa do ADN cultural local de Vila Franca de Xira. Famosa pela sua tradição taurina, esta prática cultural — imbuída de elementos ritualísticos, da estética da violência e de apostas de vida ou morte — constitui, por si só, uma interpretação altamente simbólica e antiga da «realidade». Embora o discurso curatorial não o afirme explicitamente, os elementos inerentes à cultura das touradas — confronto, ritual, risco, carnaval público e sacrifício individual — exibem uma profunda afinidade estrutural com o espírito que sustenta a prática artística contemporânea crítica.

Os artistas funcionam como os toureiros da nossa era, enfrentando não um touro tangível, mas bestas mais colossais e abstratas: o capitalismo globalizado, a alienação tecnológica, a política de identidade, o esquecimento histórico. Os seus esforços criativos constituem uma competição intelectual — realizada em arenas públicas (o mundo da arte, a sociedade) — rica em adornos ritualísticos (exposições, inaugurações, debates). Considere a lente de André Cepeda capturando «espaços esquecidos ou rejeitados» — não são eles ruínas urbanas «derrotadas» pelas correntes económicas? Da mesma forma, a observação fria, quase antropológica, de Valter Vinagre nas suas obras parece um confronto silencioso com a lenta passagem do tempo.

Colocar a arte originária de uma cidade famosa pela tourada tradicional em Macau — uma cidade carnavalesca moderna que simboliza capitais culturais e a indústria do entretenimento — constitui, por si só, uma metáfora magistral. Tanto a tourada como o jogo envolvem risco, sorte e desempenho, mas a primeira carrega consigo a tragédia clássica e a dignidade ritual, enquanto a segunda se inclina mais para a gratificação instantânea consumista e a probabilidade matemática. Este diálogo latente entre contextos culturais enriquece a exposição com uma camada interpretativa profunda: como é que a «realidade» da nossa era foi remodelada de um confronto ritualístico e direto entre o homem e o destino para uma experiência de consumo imersiva meticulosamente concebida por algoritmos e capital? Os artistas de Hila Free Town resistem e expõem esta «remodelação» através da sua prática crítica.

Como metodologia, «Sila Free Town» incorpora a dialética entre a metáfora da tradição das touradas e a crítica contemporânea.

Remodelar a própria «remodelação»

Remodelar a própria «remodelação» oferece uma revelação inovadora para o paradigma do intercâmbio cultural sino-português. Em última análise, o maior valor inovador da exposição «Remodelar a Realidade» reside no seu potencial para remodelar o próprio paradigma do «intercâmbio cultural sino-português». As práticas do Museu da Cidade Livre de Hila aventuram-se corajosamente nas águas profundas do pensamento. Elas demonstram que a prática artística verdadeiramente vital vai além da exibição de obras acabadas em galerias; envolve partilhar como os artistas, nos seus estúdios, nas ruas e nas profundezas das suas mentes, se envolvem numa «luta» com as realidades complexas em que vivemos. Partilha «métodos», «consciência dos problemas» e «coragem crítica». Quando um espectador de Macau se depara com a instalação de Carla Filipe, construída a partir de tecidos antigos e documentos de arquivo, não percebe apenas uma obra exótica, mas potencialmente uma inspiração sobre como materiais humildes podem produzir comentários sociais poderosos. Quando um estudioso de renovação urbana se depara com a fotografia de André Sepeda, descobre um vocabulário visual novo através do qual pode examinar as transformações urbanas de Macau.

Esta exposição funciona como um «espelho crítico», refletindo tanto as fissuras e perplexidades da sociedade portuguesa contemporânea como convidando simultaneamente o público de Macau a discernir os contornos e texturas da sua própria realidade dentro da sua superfície. Consegue alargar a experiência estética da arte a uma reflexão profunda sobre a própria vida, transcendendo as fronteiras geográficas e culturais. Lembra-nos que a «realidade» nunca é fixa, mas perpetuamente narrada e construída. Uma das funções mais preciosas da arte contemporânea é fornecer-nos as ferramentas e a coragem para remodelar essas narrativas.

No grande quadro da «Art Macau», a exposição Free Town de Hila pode não ter sido a mais impressionante em termos visuais, mas a sua densidade intelectual e engenhosidade curatorial tornaram-na uma «operação secreta» verdadeiramente inovadora. Penetra silenciosamente na superfície do intercâmbio cultural, atingindo as profundezas da ressonância intelectual.

Infunde ao posicionamento estratégico do Centro de Intercâmbio Cultural Sino-Português uma vitalidade crítica indispensável e um espírito contemporâneo. Não só revela o estado atual da arte contemporânea portuguesa, mas, mais significativamente, convida-nos a participar num diálogo contínuo sobre como vemos, como pensamos e como vivemos. Este é, precisamente, o objetivo final perseguido por toda a grande arte.

(Contribuições para este artigo de Cherry Tsang e Lin Kanyi)

17 Nov 2025

Comércio | Tradição do ouro persiste apesar do preço do metal

Reportagem de Jing Wu, da agência Lusa

A tradição da compra e oferta de ouro em Macau está a segurar a actividade das ourivesarias, que, não obstante os preços recorde do metal precioso, mantêm o volume de transações, ainda que com menos peso total transacionado

O comércio do ouro em Macau mantém uma invulgar estabilidade, apesar dos preços recorde nos mercados internacionais deste activo de refúgio, clássico em tempos de turbulência financeira.

“Historicamente, uma mudança dramática no preço do ouro desencadeia uma reacção clara — muitas pessoas ou compram ou vendem”, afirmou à Lusa a vice-presidente da Associação das Ourivesarias de Macau, Lei Cheok Kuan. “Tipicamente, os preços altos incentivam a venda e os preços baixos estimulam a compra. Mas agora não estamos a ver praticamente nenhuma mudança em qualquer direcção”, acrescentou.

O preço do ouro estava a descer na sexta-feira, com a onça a ser negociada a 4.108,59 dólares, abaixo do máximo histórico de 4.347,86 dólares verificado a 20 de Outubro.

Lei, que também é proprietário de uma ourivesaria no coração de Macau, junto às icónicas Ruínas de São Paulo, explicou que a procura, motivada pela cultura local, permanece intocada. As pessoas continuam a comprar ouro “por necessidade”, para os casamentos, onde este metal se assume como pedra angular das tradições matrimoniais chinesas.

Na montra da loja de Lei, grandes braceletes douradas, intricadamente decoradas com dragões e fénices, testemunham esta prática quase ritualística. Um par daquelas argolas é considerado essencial entre os adornos de qualquer noiva, juntamente com brincos, um anel e um colar de ouro a condizer.

“O negócio é sempre bom durante o Ano Novo Chinês e o Festival do Meio do Outono, pois as pessoas compram ouro para terem sorte e para os casamentos”, sublinhou Lei. “Quando as pessoas compram por necessidade, o negócio é bom. Não importa quão alto seja o preço, têm de comprar”, explicou ainda, elaborando sobre o “profundo significado cultural” associado às ofertas em ouro.

“Quando uma filha casa ou um filho toma uma mulher por esposa, é essencial que familiares e amigos testemunhem a ocasião. Não se ver uma única peça de joalharia em ouro seria considerado vergonhoso; os chineses vêem isto como uma questão de honra”, disse.

Dieta dourada

Por detrás das aparências, no entanto, alguma coisa está a mudar nesta actividade que a tradição mantém viva. Embora o número de artigos comprados possa ser elevado, observou Lei, o peso real do ouro nos objectos de ourivesaria está a diminuir, uma tendência acelerada pelo ‘design’ e fabrico assistidos por inteligência artificial (IA).

Em seguida, o empresário apontou para um par de braceletes na montra: “Esta é feita usando artesanato tradicional — mais de 110 gramas cada. Agora, olhe para a de cima. Aquela é feita à máquina, apenas 30 gramas. Qual escolheria comprar?”, perguntou, salientando como as técnicas modernas criam peças de aparência maior com menos ouro. “Assim, surgiu a situação actual em que o número de artigos é grande, mas o peso total comprado está a tornar-se cada vez menos”, concluiu.

Esta mudança foi confirmada pela veterana casamenteira e ‘wedding planner’ Lei Chau Tong, com mais de 30 anos de experiência de aconselhamento, e a quem não passou despercebido o declínio claro na quantidade de ouro comprado para casamentos tradicionais.

“Agora, a maioria das noivas usa apenas dois pares de braceletes de dragão-e-fénix e um colar. Isto é menos de metade da quantidade que víamos quando os preços do ouro estavam mais baixos”, disse. Um par daquelas braceletes pode custar cerca de 40.000 patacas, sublinhou.

“Este ano, com os preços do ouro tão altos, o poder de compra é inevitavelmente menor. Mas para os pais de um casal, a joalharia em ouro é ainda uma ‘peça fundamental'”, sublinhou também.

A mudança é visível, reforçou Lei Chau Tong, desde logo na redução significativa do número de joias de ouro oferecidas pelos familiares, mas também no tipo de prendas que dão. “Antes, os parentes da noiva apresentavam braceletes de dragão-e-fénix grossas e pesadas. Agora, com o preço do ouro a disparar, os presentes são muitas vezes apenas uma bracelete fina ou um par de anéis. Alguns simplesmente dão dinheiro”, disse.

Ouro inteligente

Longe vai a opulência de outros tempos: “Uma vez atendi uma noiva que trouxe uma mala de 28 polegadas apenas para guardar as joias de ouro. Só as ‘braceletes de dragão-e-fénix’ somavam quase sessenta pares — duas a envolver-lhe o pescoço, uma à volta da cintura e uma sucessão delas a cobrir-lhe os braços até cima. Tinha ainda vários colares, mais do que poderia alguma vez usar”, relatou, para em seguida acrescentar que esta tinha sido a família mais abastada que serviu.

Do outro lado do mercado, no dos compradores, um representante da “Gold Smart”, uma empresa que opera sete ATM de reciclagem ‘self-service’ de ouro em toda a península de Macau, sublinhou que o negócio aumentou cerca de 20 por cento em dois meses.

Estas máquinas, algumas localizadas perto de casinos, fornecem preços em tempo real e dinheiro instantâneo em troca de peças em ouro, e “tipicamente servem cerca de 500 pessoas por mês”, disse à Lusa o representante, que não se quis identificar. Ou seja, se a ourivesaria moderna encontrou recursos para manter o volume de negócios, conservando por perto os compradores tradicionais, a verdade é que o momento é também o da emergência de uma nova vaga de vendedores, que não resiste aos preços historicamente elevados.

17 Nov 2025

CPSP | Detido por ameaçar o patrão devido a despedimento

Na quarta-feira passada, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) recebeu a denúncia de um comerciante que terá sido ameaçado pelo seu empregado. Por temer pela segurança, o indivíduo contactou a polícia e o funcionário acabou por ser detido, no mesmo dia, na zona das Portas do Cerco. Segundo um comunicado emitido pelo CPSP, o empregador terá recebido ameaças através de uma aplicação de chat.

A crispação entre os dois indivíduos terá resultado da alegada intenção do patrão em despedir o suspeito, que terá lançado ameaças para que o patrão lhe pagasse, o mais rapidamente possível, os ordenados referentes aos meses que teria ainda a receber até terminar o vínculo laboral.

O suspeito, um trabalhador não-residente do Interior da China, terá ainda subtraído uma faca que estava na loja, e que foi encontrada entre os seus bens pessoais quando foi interceptado pelas autoridades. O caso foi encaminhado ao Ministério Público pelas práticas de detenção não justificada de arma e outros instrumentos, ameaça e furto.

17 Nov 2025

Economia | Associação Económica preocupada com crédito malparado

O rácio de empréstimos e depósito, assim como o crédito malparado e os preços da habitação foram as áreas de maior preocupação demonstrada no mais recente Índice de Prosperidade publicado pela Associação Económica de Macau.

Segundo a entidade, a descida a níveis negativos destas categorias merece a atenção redobrada do Governo de Sam Hou Fai. No relatório que acompanha a actualização do índice, a associação citou dados da Autoridade Monetária de Macau de que revelaram que o rácio empréstimos/depósitos de residentes aumentou anualmente 0,68 pontos percentuais para 4,63 por cento em Setembro, o rácio mais alto desde Novembro de 2004.

Devido ao encerramento gradual dos casinos-satélite, a associação alertou que o valor das lojas nas proximidades destes espaços, assim como a capacidade para pagar empréstimos bancários, pode baixar. Ao mesmo tempo, os preços de habitações e escritórios também continuam a cair, podendo impactar a qualidade dos activos bancários. Ainda assim, a associação prevê que a economia de Macau se vai manter estável entre Novembro e Janeiro.

17 Nov 2025

Grande Baía | Secretário diz que segurança é base fundamental

O secretário para a Segurança, Chan Tsz King, salientou a importância fulcral da área da sua tutela e da cooperação regional para garantir que o projecto de integração da Grande Baía é um sucesso, e para promover o princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Numa publicação divulgada no portal do gabinete de Chan Tsz King, o secretário defende que “a cooperação estreita entre as polícias de Guangdong, Hong Kong e Macau é a força nuclear para construir uma linha de defesa segura da Grande Baía e garantir o desenvolvimento regional de alta qualidade, tornando-se uma garantia indispensável na construção da Grande Baía”.

O governante admite que o aumento dos fluxos transfronteiriça na região, e “as formas de prática de crime cada vez mais complexas e obscuras” constituem grandes desafios para a segurança de Guangdong, Hong Kong e Macau, em particular no que toca a burlas cibernéticas e criminalidade relacionada com droga.

É também elogiada a eficácia da cooperação regional em termos de segurança, em particular em 2025, ano em que se realizaram “em Hong Kong e Macau novas eleições para a Assembleia Legislativa e em simultâneo outros eventos de grande envergadura”, nomeadamente os Jogos Nacionais.

17 Nov 2025

Hong Kong | Condutores de Macau podem estacionar perto de aeroporto

Passou a ser possível, desde sábado, a condutores de Macau e da província de Guangdong deixar os seus veículos num parque de estacionamento automatizado perto do Aeroporto Internacional de Hong Kong antes de apanharem voos.

A iniciativa “Park and Fly”, a primeira fase do programa “Viagens para o Sul para Veículos de Guangdong”, permite a veículos com matrículas da RAEM ou de Guangdong entrarem em Hong Kong através da Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau. Os condutores podem usar autocarros shuttle para o aeroporto, sem terem de passar pela alfândega de Hong Kong.

O parque de estacionamento designado tem cinco andares e actualmente disponibiliza 1.800 lugares, que a longo prazo serão aumentados para 3.000 lugares. Nos primeiros três dias, o estacionamento custa 100 dólares de Hong Kong, e 50 dólares de Hong Kong por dia a partir do quarto dia.

Segundo a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego, até às 18h de sexta-feira, mais de 4.700 automóveis ligeiros particulares de Macau fizeram o registo para usar o parque de estacionamento. Deste total, mais de 270 automóveis ligeiros particulares de Macau já tinham efectuado com sucesso a marcação prévia para utilizar o Parque de Estacionamento para Viajantes Aéreos (“Park & Fly” Car Park) do Aeroporto Internacional de Hong Kong.

Aeroporto | Mais canais de inspecção inteligente

A Autoridade de Aviação Civil (AACM) anunciou ontem o aumento do número de canais de inspecção inteligente no Aeroporto Internacional de Macau, que desde ontem passou para sete passagens. O incremento, segundo a AACM, irá melhorar “a precisão e a eficiência da inspecção, reduzindo o tempo de espera dos viajantes e melhorando ainda mais a conveniência e o conforto da viagem”.

As novas vias estão equipadas com dispositivos de inspecção inteligente, incluindo scanners corporais, prateleiras de bagagem com recolha automática e tecnologia de análise de imagens corporais.

A optimização dos canais centrais de inspecção tem sido feita faseadamente, com os primeiros dois canais a funcionar desde Outubro, e deverá ficar concluída e pronta para prestar serviço após a realização de testes em Dezembro. Os novos equipamentos são a resposta para “o aumento contínuo do número de passageiros” e “crescentes exigências de segurança”.

17 Nov 2025

GP | O programa das corridas deste fim-de-semana

Hoje

06:00 Fecho do Circuito

06:30-07:00 Inspecção do Circuito

07:45-08:45 57.º Grande Prémio de Motos de Macau – Qualificação

09:15-09:55 Corrida de Fórmula 4 de Macau – Taça do Mundo de F4 da FIA – Treinos Livres 2

10:15-10:55 Grande Prémio de Macau – Taça do Mundo de FR da FIA – Treinos Livres 2

11:10-11:40 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) – Qualificação

12:10-12:40 Corrida da Guia Macau – Kumho FIA TCR World Tour Event of Macau – Qualificação 1

12:55-13:10 Corrida da Guia Macau – Kumho FIA TCR World Tour Event of Macau – Qualificação 2

13:30-14:10 Corrida de Fórmula 4 de Macau – Taça do Mundo de F4 da FIA – Qualificação

14:30-15:10 Grande Prémio de Macau – Taça do Mundo de FR da FIA – Qualificação 2

15:40-16:10 Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA – Qualificação 1

16:30-16:55 Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA – Qualificação 2

18:00 Abertura do Circuito

Amanhã

06:00 Fecho do Circuito

06:30-07:00 Inspecção do Circuito

07:10- 07:30 57.º Grande Prémio de Motos de Macau – Aquecimento

09:10-10:00 57.º Grande Prémio de Motos de Macau – Corrida (12 voltas)

10:25-11:05 Macau Roadsport Challenge – Corrida (9 voltas)

11:40-12:45 Corrida de Fórmula 4 de Macau – Taça do Mundo de F4 da FIA – Corrida Classificativa (8 voltas)

13:20-14:00 Corrida da Guia Macau – Kumho FIA TCR World Tour Event of Macau – Corrida 1 (10 voltas)

14:35-15:40 Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA – Corrida Classificativa (12 voltas)

16:15-17:20 Grande Prémio de Macau – Taça do Mundo de FR da FIA – Corrida Classificativa (10 voltas)

18:00 Abertura do Circuito

Domingo

06:00 Fecho do Circuito

06:30-07:00 Inspecção do Circuito

08:00-08:40 Taça GT – Corrida da Grande Baía (GT4) – Corrida (9 voltas)

09:15-10:20 Corrida de Fórmula 4 de Macau – Taça do Mundo de F4 da FIA – Corrida (10 voltas)

11:00-11:40 Corrida da Guia Macau – Kumho FIA TCR World Tour Event of Macau – Corrida 2 (10 voltas)

12:35-13:50 Taça GT Macau – Taça do Mundo de GT da FIA – Corrida (16 voltas)

14:00-14:25 Evento Especial

15:15-15:20 Dança do Leão

15:30-16:35 Grande Prémio de Macau – Taça do Mundo de FR da FIA – Corrida (15 voltas)

18:00

** Abertura do Circuito

14 Nov 2025

Tencent | Lucros de 20,2 mil milhões de euros até Setembro

A tecnológica chinesa Tencent registou um lucro líquido de 166.582 milhões de yuan nos primeiros três trimestres do ano, uma subida de 17 por cento face ao mesmo período de 2024.

Num comunicado enviado ontem à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde está cotada, a empresa indicou que a faturação total cresceu 14 por cento em termos homólogos, para 557.395 milhões de yuan. Entre Julho e Setembro, a empresa aumentou as receitas em 15 por cento e os lucros em 19 por cento, um “crescimento sólido” sustentado por tendências positivas nas áreas dos videojogos, serviços financeiros digitais e publicidade.

Embora outras gigantes tecnológicas chinesas, como a Alibaba, estejam a dominar os destaques na área da inteligência artificial (IA), a Tencent destacou os ganhos da sua “aposta estratégica” no sector, nomeadamente na segmentação de anúncios e retenção de utilizadores nos seus videojogos. A inteligência artificial está também a ser usada para melhorar a eficiência na programação e produção de jogos e vídeos.

A empresa salientou as capacidades do seu modelo Hunyuan, que considera “líder do sector” na geração de imagens e conteúdos em 3D, e anunciou novos investimentos no assistente de IA Yuanbao e na integração de funcionalidades avançadas na rede social WeChat.

Por partes

Entre os três grandes segmentos de negócio da Tencent, a publicidade registou o maior crescimento no terceiro trimestre (+21 por cento), impulsionada pela utilização de IA na alocação de anúncios. Ainda assim, continua a ser o sector com menor peso nas receitas, atrás dos serviços financeiros (+10 por cento) e dos serviços de valor acrescentado (+16 por cento) – que incluem videojogos e redes sociais e representam quase metade do total.

Os videojogos viram as receitas crescer 15 por cento no mercado chinês, com lançamentos como Delta Force, e 43 por cento a nível internacional, graças ao desempenho de títulos da Supercell, como Clash of Clans. As redes sociais aumentaram a faturação em 5 por cento, com destaque para as plataformas de ‘streaming’, música e minijogos.

A WeChat, equivalente chinês ao WhatsApp – bloqueado na China –, atingiu 1.414 milhões de utilizadores activos mensais no final de Setembro, mais 32 milhões do que há um ano. A Tencent é actualmente a empresa com maior capitalização bolsista da China e uma das 20 maiores do mundo, destacando-se como líder global em videojogos e desenvolvedora da popular rede social WeChat.

14 Nov 2025

Crime | Detido por agredir e extorquir ex-namorada

Um residente local foi detido por suspeitas de ter agredido a ex-namorada com bofetadas e por, alegadamente ter extorquido dinheiro à vítima durante o período em que mantiveram uma relação amorosa.

Segundo o jornal O Mun, a Polícia Judiciária recebeu a denúncia da vítima na quarta-feira. As autoridades indicaram que a mulher morava com o suspeito desde 2021, mas que tudo desabou quando tentou terminar a relação na noite da passada terça-feira. O homem terá então agredido a vítima com chapadas na cara e empurrando-a para chão, actos que terão resultado em ferimentos no rosto e joelho.

O suspeito ainda roubou o telemóvel da vítima e pediu o pagamento de 70 mil patacas que a mulher, supostamente, lhe deveria na sequência de gastos que terá desembolsado com a vítima. Receosa com a sua segurança, a mulher terá transferido 20 mil patacas para a conta do suspeito.

Após ter prometido pagar o restante da verba exigida, a família convenceu-a a denunciar o caso às autoridades. O caso foi encaminhado ao Ministério Público pela suspeita de prática dos crimes de exortação e ofensa simples à integridade física.

14 Nov 2025

Japão | Polícia abate ursos com espingardas após subida de ataques

Um regulamento que entrou ontem em vigor no Japão permite à polícia nipónica abater ursos-pardos com espingardas em caso de perigo iminente, numa altura em que uma onda de ataques contra humanos já causou treze mortos. Até agora, as regras só permitiam à polícia a utilização de armas de alto calibre em casos extremos, mas desde ontem, os agentes podem usar caçadeiras contra os ursos, naquilo a que as autoridades chamaram de “caçadas de emergência”.

Uma das províncias para onde as equipas de atiradores da polícia vão estar destacadas é Akita, no norte do arquipélago, onde estava prevista uma cerimónia simbólica ontem para assinalar o início das operações. Akita é uma das prefeituras onde se registou o maior número de ataques de ursos. Desde Abril, pelo menos 13 pessoas foram mortas em 220 ataques em todo o país, de acordo com dados do Ministério do Ambiente.

Foi para a mesma província que o Governo japonês enviou tropas das Forças de Autodefesa (exército), embora estas não estejam autorizadas a disparar e as tarefas se limitem a colocar armadilhas e a prestar apoio. Na quarta-feira, a primeira-ministra, Sanae Takaichi, classificou o aumento dos ataques de ursos como “uma ameaça séria” e prometeu reforçar o apoio financeiro aos governos locais que estão a combater o problema.

A preocupação com os ataques também levou a um alerta da embaixada dos Estados Unidos, que na quarta-feira avisou, numa circular, que os incidentes “aumentaram em algumas partes do Japão”, apelando aos cidadãos norte-americanos para evitarem áreas onde foram avistados ursos.

Os ursos estão a aventurar-se cada vez mais longe dos habitats tradicionais e nas zonas urbanas devido a vários factores, de acordo com autoridades e especialistas. Uma má colheita de bolotas, Invernos mais quentes que atrasam a hibernação ou o despovoamento das zonas rurais e o envelhecimento da população são algumas das causas que explicam o aumento dos ataques, de acordo com o Ministério do Ambiente.

14 Nov 2025

Visita Felipe VI à China | Rainha Letizia homenageia professores de espanhol

A obra “Cem Anos de Solidão” e a cantora Rosalía estão entre os principais motivos que levam milhares de jovens chineses a estudar espanhol, disse ontem a Universidade Beiwai, em Pequim, durante a visita da rainha de Espanha. Segundo dados da universidade, cerca de 60.000 alunos estudam espanhol em toda a China, incluindo 400 na Beiwai (Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim), o principal centro de ensino da língua espanhola no país.

A rainha Letizia participou num evento de homenagem à língua espanhola e aos professores que impulsionaram o seu ensino na China, incluindo docentes espanhóis que, em contextos diversos contribuíram para o desenvolvimento do ensino do castelhano em instituições como a Beiwai desde os anos 1950.

Acompanhada pelo reitor da universidade, Jia Wenjian, e pelo director da Faculdade de Estudos Hispânicos, Chang Fuliang, a rainha ouviu testemunhos de estudantes e professores sobre o crescente interesse pela língua e cultura hispânicas. “Saber espanhol está na moda na China”, disse Chang Fuliang, citado pela agência EFE, sublinhando que o interesse ganhou força sobretudo a partir da entrada da China na Organização Mundial do Comércio, em 2001.

Actualmente, mais de 13.500 estudantes chineses estão matriculados em cursos superiores de espanhol em Espanha.

À entrada do campus, uma faixa com a mensagem “Calorosa boas-vindas a Sua Majestade a Rainha de Espanha, Dona Letizia Ortiz Rocasolano” recepcionou a monarca, que foi aplaudida por centenas de estudantes empunhando bandeiras espanholas e chinesas e registando o momento com os telemóveis.

Durante a cerimónia, foi inaugurada uma placa comemorativa da embaixada de Espanha e da universidade, dedicada à memória dos professores espanhóis pioneiros que leccionaram espanhol na China a partir da década de 1950.

A primeira turma de licenciados em espanhol formou-se em 1973 e, actualmente, existem cerca de 3.000 professores da língua no país, a maioria chineses. Uma reforma curricular de 2018 permitiu a inclusão do espanhol, francês e alemão como línguas estrangeiras no ensino secundário chinês. Cerca de 200 escolas de ensino básico e secundário oferecem aulas de espanhol, cinco das quais com secções bilingues.

De acordo com dados recentes, 106 universidades chinesas possuem departamentos de espanhol, formando anualmente cerca de 5.000 licenciados. Outros 60.000 estudantes frequentam cursos em instituições de ensino não superior, escolas privadas ou cursos extracurriculares. Vários estudantes citados pela EFE disseram que o gosto por autores de língua espanhola ou pela música de artistas como Rosalía esteve na origem da sua escolha académica.

14 Nov 2025

Dia dos Solteiros’ | Subida de 14% nas vendas emedição mais longa de sempre

As vendas no ‘Dia do Solteiro’, o maior festival de comércio electrónico da China, aumentaram 14,2 por cento face ao ano passado, atingindo 1,7 biliões de yuan, segundo estimativas divulgadas ontem. A edição deste ano foi a mais longa de sempre, com 37 dias de duração, começando a 07 de Outubro, uma semana antes do habitual, o que ajuda a explicar parte do crescimento, salientou a consultora Syntun.

Segundo o relatório da Syntun publicado na rede social WeChat, o crescimento foi impulsionado também pela explosão do chamado “comércio instantâneo” – um modelo promovido pela Alibaba que promete entregas em poucas horas não só de refeições, mas também de roupa e outros produtos.

As plataformas que lideraram as transações foram a Tmall (do grupo Alibaba), a JD.com e a Douyin, a versão chinesa do TikTok, refletindo a crescente popularidade do comércio electrónico mediado por vídeos.

Entre as categorias de produtos mais vendidos estiveram os eletrodomésticos (16,5 por cento do total), os telemóveis e dispositivos digitais (14,6 por cento) e o vestuário (14 por cento). A Syntun apontou ainda para um maior interesse dos consumidores por produtos saudáveis – inclusive em alimentos para animais – e pela aplicação de inteligência artificial em tarefas de marketing, logística e atendimento ao cliente.

Apesar do volume recorde, o evento tem perdido parte do seu brilho, não só porque já não se limita ao dia 11 de Novembro – originalmente a única data com grandes descontos – mas também devido à decisão de plataformas como a Alibaba de abandonar as tradicionais galas transmitidas em directo com a actualização em tempo real das vendas.

“Tenho saudades do tempo em que esperávamos pela meia-noite do dia 11 e competíamos para apanhar verdadeiras pechinchas”, escreveu uma utilizadora na rede social Weibo, acrescentando: “Agora os preços mudam constantemente e já nem entendo as promoções”.

14 Nov 2025

Visita | Felipe VI defende diálogo com China

No fim de uma visita à China com forte cariz comercial, o rei espanhol defendeu a importância de manter o diálogo com o gigante asiático sem deixar de abordar questões mais sensíveis como os direitos humanos

O rei Felipe VI encerrou ontem a visita de Estado à China reiterando a importância de manter um “diálogo frutuoso” com Pequim, sem abdicar da defesa dos direitos humanos e da democracia.

Num encontro com a comunidade espanhola em Pequim, no último dia da visita de três dias, o monarca sublinhou que “a Espanha continuará a defender os seus valores – democracia, Direito Internacional, direitos humanos e cooperação multilateral – com confiança em quem é como nação: moderna, solidária, criativa, aberta e comprometida com os grandes desafios do nosso tempo”.

Foi a primeira vez, durante a visita, que Felipe VI abordou publicamente o tema dos direitos humanos, uma das questões mais sensíveis nas relações com a China. Segundo o Governo espanhol, o assunto é regularmente tratado nos contactos diplomáticos bilaterais e no quadro do diálogo específico entre a União Europeia e a China sobre esta matéria.

“A China é hoje um actor-chave na cena internacional, com enormes desafios e transformações em curso”, afirmou o monarca, destacando que Madrid mantém com Pequim “um diálogo europeu e próprio”, assente no respeito e benefício mútuo. O rei manifestou satisfação com o resultado da visita, iniciada na terça-feira na cidade de Chengdu, e considerou que a deslocação simbolizou “a renovação de uma vontade partilhada de construir uma relação pragmática e ambiciosa”.

Felipe VI destacou ainda o papel dos mais de 5.200 espanhóis a viver na China como “ponte viva” entre os dois países. “A Espanha valoriza-vos e sente orgulho em vós”, disse, enaltecendo o contributo da comunidade para o reforço dos laços bilaterais nos domínios empresarial, científico, educativo, cultural e institucional.

“Representam uma Espanha que sabe adaptar-se sem perder a sua identidade, colaborar sem renunciar aos seus valores, estender a mão sem deixar de erguer a voz quando necessário”, sublinhou.

Falar de negócios

Antes do encontro com a comunidade, o monarca participou num pequeno-almoço com o Conselho Empresarial Espanha-China, promovido pela Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) e pelo Ministério da Economia espanhol, em colaboração com o Ministério do Comércio chinês e a associação CHINCA.

No evento, Felipe VI defendeu “previsibilidade” e segurança jurídica para as empresas espanholas, e apelou à criação de um ambiente de confiança. “A concorrência leal, o respeito pelos direitos de propriedade intelectual e industrial, e a reciprocidade no acesso aos mercados são condições essenciais para garantir uma competição justa”, afirmou.

Acrescentou ainda que os benefícios do comércio “devem alcançar toda a população”, defendendo a inserção das empresas nas cadeias locais de valor, a criação de empregos qualificados e uma efectiva transferência de conhecimento.

“Convergência de posições”

A China afirmou ontem que Pequim e Madrid partilham posições semelhantes em vários assuntos internacionais e reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e o papel das Nações Unidas. Durante uma conferência de imprensa em Pequim, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jean, declarou que o Presidente da China, Xi Jinping, e o rei Felipe VI, de Espanha, coincidiram na defesa da resolução de conflitos “através do diálogo e da consulta” e no apoio à ONU como “núcleo do sistema internacional”, durante um encontro em Pequim.

“As duas partes sempre se pautaram pelo respeito mútuo e pela igualdade, promovendo conjuntamente o desenvolvimento contínuo da sua parceria estratégica integral, que trará mais benefícios aos povos de ambos os países e contribuirá para a paz e estabilidade mundiais”, afirmou Lin. O porta-voz destacou ainda a “forte dinâmica interna” das relações bilaterais, visível na intensificação dos laços políticos e quase quadruplicação do comércio bilateral ao longo das últimas duas décadas.

Na quarta-feira, Felipe VI reuniu-se com Xi Jinping no Grande Palácio do Povo, numa cerimónia marcada por fortes componentes protocolares e a assinatura de dez acordos bilaterais nas áreas económica, científica e cultural. O monarca espanhol encontrou-se ainda com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji.

14 Nov 2025

Fotografia | Livro de Ale Ruaro apresentado na Livraria Portuguesa

Nos próximos dias 24 e 25 de Novembro, a Livraria Portuguesa irá acolher um evento dedicado ao fotógrafo brasileiro Ale Ruaro, que inclui a apresentação de um livro e uma palestra sobre fotografia. No primeiro dia, a partir das 18h, terá lugar a apresentação do livro “Vestígios”, publicado pela editora Selo Vertigem.

A obra reúne mais de duas décadas de pesquisa visual e desconstrução da linguagem fotográfica, propondo uma reflexão sobre a fotografia expandida — uma abordagem que ultrapassa os limites da representação tradicional e convida o público a questionar percepções e significados. No dia seguinte, também às 18h, o fotógrafo brasileiro participa numa conversa sobre fotografia e o seu trabalho, partilhando o percurso que tem trilhado e a sua visão artística.

O evento é apresentado pela associação HALFTONE e a Livraria Portuguesa, enquanto a vinda do fotógrafo brasileiro a Macau contou com o apoio da Fundação Oriente e da Com Viagens, assim como o apoio institucional do Consulado-Geral do Brasil em Hong Kong e Macau, da Universidade de São José e do Leitorado do Instituto Guimarães Rosa – USJ Macau.

Com uma carreira de três décadas, Ale Ruaro tem-se dedicado nos últimos anos quase exclusivamente ao retrato. As suas imagens, sempre a preto e branco, são construídas em colaboração com os retratados, criando uma harmonia entre o rosto e a luz que o envolve. A iluminação contrastada e densa é uma das marcas do seu trabalho, evocando os contornos e a atmosfera de pintores holandeses como Vermeer e Rembrandt. Ruaro retrata pessoas do seu tempo com um olhar suave, amoroso e solidário — o olhar de um artista do século XVII em pleno século, descreve a organização dos eventos.

14 Nov 2025

Exposição | Obras de Eduardo Nery no Aeroporto de Macau

A criação do mural de azulejos encomendado a Eduardo Nery pelo Executivo para adornar o terminal de passageiros do Aeroporto de Macau é o mote para a exposição patente no próprio aeroporto. A mostra assinala os 30 anos da inauguração do Aeroporto Internacional de Macau

O Aeroporto Internacional de Macau inaugurou uma exposição sobre a criação do mural de painéis de azulejo por parte do artista plástico português Eduardo Nery (1938-2013). Num comunicado, a companhia gestora da infra-estrutura indica que a mostra, no terminal de passageiros, “apresenta materiais preciosos do processo criativo” de Nery, “incluindo esboços, estudos de cor e projectos gráficos”.

A exposição “Arte Icónica: O Ícone do Terminal” oferece aos visitantes “um olhar aprofundado sobre a metodologia do artista”, acrescentou a CAM – Sociedade do Aeroporto Internacional de Macau.

A mostra concentra-se no mural de azulejos portugueses criado por Eduardo Nery para a inauguração, em 9 de Novembro de 1995, do aeroporto, ainda durante a administração portuguesa do território.

O mural, com 210 metros de comprimento e 2,1 metros de altura, “inspira-se na mitologia, na história marítima, na evolução da aviação e nas trocas culturais entre a China e Portugal”, referiu a CAM. A obra “integra com mestria a essência das culturas chinesa e portuguesa, reflectindo o papel histórico singular de Macau como ponto de encontro das civilizações oriental e ocidental”, acrescentou a empresa.

Trabalho de uma vida

A exposição, que serve também para assinalar os 30 anos do aeroporto, foi organizada em conjunto pela CAM e pela Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de São José. Na cerimónia de inauguração, o presidente da CAM, Ma Iao Hang, agradeceu ao director da faculdade, o português Carlos Sena Caires, “pela estreita colaboração” com a família de Eduardo Nery, que permitiu apresentar ao público “manuscritos e esboços de design gráfico de valor inestimável”.

Nascido na Figueira da Foz, em 1938, Eduardo Nery exerceu a sua actividade nas áreas da pintura, tapeçaria, vitral, mosaico e azulejo, entre outras. Desde a década de 60 realizou diversas intervenções em espaços arquitectónicos, de que são exemplo os painéis de azulejo no viaduto do Campo Grande (Lisboa) ou os vitrais da capela de São José, na Basílica de Fátima.

Entre 1970 e 1972, Eduardo Nery leccionou as disciplinas de Desenho e Texturas no IADE, à altura designado Instituto de Arte e Decoração. Em 1973 integrou a primeira direcção pedagógica do Centro de Arte e Comunicação Visual (Ar.Co), escola onde se manteve até 1975.

Ao longo da carreira artística foi premiado por diversas vezes, com destaque para um galardão atribuído na 1.ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea Europeia (Itália, 1975) ou o Prémio Bordalo da Imprensa, na categoria de Artes Plásticas (1995).

14 Nov 2025

SJM | Operadora culpa fecho de casinos-satélite por queda de lucros

A concessionária do jogo em Macau SJM Holdings anunciou na quarta-feira uma queda homóloga de 91,1 por cento nos lucros durante o terceiro trimestre deste ano e culpou o encerramento de vários ‘casinos-satélite’.

Num comunicado enviado à bolsa de valores de Hong Kong, a empresa revelou um lucro de nove milhões de dólares de Hong Kong entre Julho e Setembro. No mesmo período de 2024, o grupo fundado pelo magnata do jogo Stanley Ho tinha registado um lucro de 101 milhões de dólares de Hong Kong.

“Enfrentámos dificuldades significativas no terceiro trimestre, impulsionadas pela cessação gradual das operações de casinos-satélite e pela intensificação da concorrência de mercado”, admitiu, no comunicado, a presidente da SJM, Daisy Ho Chiu-fung.

Daisy Ho disse ainda que, “apesar das inevitáveis perturbações que acompanham este período de transição”, a empresa irá “entrar em 2026 numa posição mais sólida, com uma plataforma mais integrada e resiliente”.

Apesar da queda homóloga no lucro entre Julho e Setembro, a SJM conseguiu inverter a situação do segundo trimestre, em que registou um prejuízo de 151 milhões de dólares de Hong Kong. As propriedades da operadora arrecadaram 7,03 mil milhões de dólares de Hong Kong no terceiro trimestre, menos 6,2 por cento do que em igual período do ano passado. Mas a SJM sublinhou que as receitas do jogo nos casinos geridos directamente pela empresa aumentaram 0,9 por cento, para 4,79 mil milhões de dólares de Hong Kong.

A operada anunciou também que pagou 724 milhões de yuan para adquirir edifícios de escritórios em Hengqin, que serão transformados num hotel de três estrelas.

14 Nov 2025

Casino-satélite | Casa Real vai encerrar a 21 de Novembro

A concessionária de jogo SJM Resorts anunciou ontem que vai encerrar, em 21 de Novembro, o Casa Real, o quarto ‘casino-satélite’ da empresa a fechar portas. Das quase três centenas de trabalhadores do casino, a operadora sublinhou que os funcionários contratados directamente pela SJM, e que têm estatuto de residente terão emprego garantido

A SJM Resorts emitiu ontem um comunicado a anunciar o encerramento de mais um casino-satélite, desta feita o Casa Real, que fica na esquina na Rua de Malaca e a Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues. O encerramento do casino-satélite Casa Real foi anunciado um dia depois do fecho do Legend Palace, com a cessação oficial das operações marcada para as 23h59 de sexta-feira, 21 de Novembro.

Como tem sido hábito nos fechos anteriores, a SJM sublinhou que todos os funcionários locais directamente contratados pela empresa têm emprego garantido. A operadora explicou que o pessoal com estatuto de residente em Macau será “transferido para outros casinos da empresa para desempenhar funções relacionadas com o jogo, de acordo com as necessidades operacionais”.

Já os funcionários locais que não foram contratados directamente pela SJM Resorts, “são convidados a candidatarem-se a vagas relacionadas” dentro do grupo, “com prioridade para contratação” e com condições iguais às que tinham.

Com toda a atenção

Pouco depois do anúncio da SJM, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) assegurou que vai “supervisionar rigorosamente, in loco, os procedimentos de encerramento” do Casa Real.

No que diz respeito aos 285 funcionários do casino, a DICJ garantiu, numa nota à imprensa, que vai manter a comunicação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, para assegurar o cumprimento das garantias dadas pela SJM, nomeadamente “a recolocação de todos os referidos trabalhadores”.

A SJM sublinhou que “todas as mesas e máquinas de jogo actualmente em funcionamento no local vão ser transferidas para outros casinos da empresa”. Recorde-se que no dia 9 de Junho, o Governo anunciou que as concessionárias de jogo tinham comunicado o fim da exploração dos 11 ‘casinos-satélite’, onde trabalhavam cerca de 5.600 residentes.

No entanto, apenas nove ‘casinos-satélite’ devem fechar portas, uma vez que a SJM quer adquirir os hotéis onde se situam dois – Ponte 16 e Casino Royal Arc – e pedir às autoridades para assumir a gestão directa dos espaços.

Os ‘casinos-satélite’, sob a alçada das concessionárias, são geridos por outras empresas, sendo uma herança da administração portuguesa e que já existia antes da liberalização do jogo no território, em 2002. Quando a legislação que regula os casinos foi alterada, em 2022, estabeleceu-se o final de 2025 como data limite para terminar a actividade destes espaços de jogo.

O primeiro casino a encerrar foi o Grandview, no final de Julho, que estava sob a alçada da SJM. O Emperor Palace fechou portas no final de Outubro, enquanto o Legend Palace encerrou na quarta-feira.

Legend Palace | DICJ afirma que encerramento correu bem

O encerramento do Casino Legend Palace, afecto à SJM Resorts, “decorreu de acordo com os procedimentos previstos, na manhã de hoje, dia 13 de Novembro”, indicou ontem a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), entidade que coordenou o fim das operações do casino-satélite.

Após o encerramento do Casino Legend Palace, às 23h59 de quarta-feira, “a DICJ procedeu, de imediato, à suspensão do funcionamento das mesas de jogo, tendo assegurado a coordenação, de forma activa, com diversos serviços, o acompanhamento do processo de retirada do respectivo recinto, entre outros.

O encerramento do casino decorreu de forma ordenada”, indicaram as autoridades, que enviaram para o local pessoal para prestar esclarecimentos aos trabalhadores. Para garantir a preservação da ordem pública, foi destacado para o local pessoal do Corpo da Polícia de Segurança Pública e da Polícia Judiciária.

14 Nov 2025

Julgamento | Wong Sio Chak não comenta caso de jornalista barrada

O secretário para a Administração e Justiça recusou comentar o caso da jornalista impedida de acompanhar o novo julgamento do ex-procurador-adjunto Kong Chi por corrupção. “Em concreto não sei de nada, só sei o que foi mencionado na reportagem”, justificou Wong Sio Chak, numa conferência de imprensa do Conselho Executivo.

De acordo com o canal em língua portuguesa da televisão pública TDM, na segunda-feira, funcionários do Tribunal de Segunda Instância (TSI) impediram uma repórter do jornal ‘online’ All About Macau de assistir ao julgamento. Os funcionários disseram à TDM ter recebido “ordens superiores” para não permitir a entrada, nem como simples cidadã, de Ian Sio Tou, chefe de redacção do All About Macau e presidente da Associação de Jornalistas de Macau.

Wong Sio Chak disse apenas que a decisão tinha sido tomada pelo Gabinete de Comunicação Social, que está sob a tutela directa do chefe do Executivo, Sam Hou Fai. “Nada tenho a acrescentar”, concluiu.

14 Nov 2025

Publicidade ilegal | Lei eleva multa máxima para 100 mil patacas

O Governo apresentou uma nova lei que, além de regulamentar pela primeira vez a actividade dos influenciadores, duplica a multa máxima por publicidade ilegal para 100 mil patacas. O novo diploma vem actualizar um regime legal com mais de três décadas

A multa mais avultada para quem fizer publicidade ilegal aumentou para 100 mil patacas com a nova lei que irá regular o sector e, pela primeira, a actividade dos chamados influenciadores digitais. O porta-voz do Conselho Executivo, Wong Sio Chak, sublinhou, numa conferência de imprensa, que a actual lei da actividade publicitária, do tempo da administração portuguesa, “tem já mais de 30 anos, é necessário alterar as sanções ou multas”.

A chefe do Departamento de Licenciamento e de Inspecção da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) revelou que a multa máxima, por “violar o princípio da licitude”, será de 100 mil patacas. Choi Sao Leng referiu que passará a ser ilegal fazer publicidade usando o nome da República Popular da China (RPC) ou da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), assim como “imagens de funcionários ou dirigentes públicos”.

Recorde-se que em Abril, a polícia denunciou a existência de vídeos falsos feitos com tecnologia de inteligência artificial para colocar Ho Iat Seng, líder do Governo entre 2019 e 2024, a promover um suposto investimento. Choi Sao Leng sublinhou que será também proibida a publicidade que possa “prejudicar a imagem da RPC ou da RAEM, prejudicar a imagem de outros países ou prejudicar o interesse público”.

A lei, que segue agora para a Assembleia Legislativa, irá, pela primeira vez, regulamentar a actividade dos influenciadores, incluindo o ‘live marketing’, que envolve a interacção em tempo real com o público.

Choi garantiu que, “quando um embaixador publicitário ou influenciador usar a sua imagem para divulgar um produto”, também vai “assumir uma determinada responsabilidade”. A dirigente acrescentou que os influenciadores terão de esclarecer “qual a relação de contrato com o produto” e se “assinaram um contrato para vender” um produto ou serviço.

Verdadeiras intenções

Em Julho, aquando do arranque de uma consulta pública sobre a proposta de lei, o director da DSEDT, Yau Yun Wah, disse que os influenciadores terão de usar primeiro os produtos que apoiam, para garantir o cumprimento do requisito de veracidade.

Para “optimizar ainda mais o ambiente de negócios”, a lei elimina a necessidade de obter uma avaliação e parecer vinculativo do Instituto Cultural (IC) para colocar publicidade em edifícios protegidos, disse Wong Sio Chak.

Mas, horas antes, a presidente do IC, Deland Leong Wai Man, prometeu que a proposta não irá afectar a salvaguarda do património cultural do território. “Não reduzimos a protecção do património e vamos continuar a proteger as ruas pitorescas”, garantiu a também líder do Conselho do Património Cultural de Macau, numa conferência de imprensa. “Há aspectos que já não precisam do parecer do IC”, explicou Leong.

14 Nov 2025

Bairro Internacional Turístico | Três grandes espaços com detalhes

O planeamento do Bairro Internacional Turístico e Cultural Integrado ganhou ontem alguns contornos mais concretos, principalmente dos três grandes projectos: Museu Nacional de Cultura de Macau, o Centro Internacional de Artes Performativas de Macau e o Museu Internacional de Arte Contemporânea.

O plano divulgado ontem, segundo o plano da Academia de Turismo da China, esclarece que o Museu Nacional de Cultura de Macau ficará localizado num terreno a leste da Torre de Macau, com uma área entre 80 mil e 100 mil metros quadrados. O novo museu terá espaços para armazenamento, conservação, investigação do acervo museológico e exposições flexíveis, assim como locais complementares para intercâmbio, ensino, incubação, instalações comerciais e lazer público.

Já o Centro Internacional de Artes Performativas de Macau, terá uma área entre 55 mil e 65 mil metros quadrados na Zona C dos Novos Aterros, e será uma instalação capacitada para acolher vários tipos de artes performativas. Quanto ao Museu Internacional de Arte Contemporânea, contará com uma área entre 35 e 45 metros quadrados e ficará situado no lado leste da Zona C dos Novos Aterros.

14 Nov 2025

Jogos Nacionais | Conselheira de Estado inspecciona instalações

A conselheira de Estado, Shen Yiqin, teve um encontro na quarta-feira com o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, para trocar impressões sobre a realização das provas na Zona de Competição de Macau da 15.ª edição dos Jogos Nacionais. Segundo um comunicado divulgado na noite de quarta-feira pelo Gabinete de Comunicação Social, a reunião contou também na agenda com “o desenvolvimento de alta qualidade da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a construção da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”.

Sam Hou Fai adiantou que as provas de todas as modalidades realizadas em Macau têm decorrido de forma tranquila e segura e que “os atletas de Macau mostraram em plenitude as suas potencialidades e o espírito desportivo”. O governante local indicou também que o Executivo que lidera irá manter uma cooperação estreita com Guangdong e Hong Kong para que as competições da 15.ª edição dos Jogos Nacionais e dos Jogos Olímpicos Especiais para Deficientes, a realizar em Dezembro, decorram de forma “simples, segura e maravilhosa”.

Como é tradição em todos os encontros institucionais, o Chefe do Executivo apresentou ainda o progresso actual de Macau e da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, e repetiu que o seu Governo continua a implementar a estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada da economia 1+4 e potenciar e construir “uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”.

14 Nov 2025

Património Cultural Intangível | Macau quer proteger Chu Pa Pau

O Conselho do Património Cultural de Macau apoiou ontem a protecção da versão local da bifana, o Chu Pa Pau, como Património Cultural Intangível, juntamente com a procissão de Nossa Senhora dos Remédios e o Dia dos Finados católico.
Um representante do Conselho, Wu Chou Kit, disse que os membros “concordaram com o conteúdo da lista” de manifestações propostas para o Inventário do Património Cultural Intangível da região semiautónoma chinesa.
Numa conferência de imprensa, a presidente do órgão e líder do Instituto Cultural de Macau, Leong Wai Man, disse que a lista discutida na reunião de ontem inclui 28 manifestações.
Leong deu como exemplo a “bifana de Macau”, uma costeleta de porco frita servida num pão de estilo português, um item popular nos restaurantes e cafés do território.
A lista inclui a procissão de Nossa Senhora dos Remédios, e os rituais do Dia dos Finados católico, também celebrado em 01 de Novembro, mas que em Portugal é conhecido como Dia de Todos os Santos.
O Inventário do Património Cultural Intangível já inclui o Dia dos Finados chinês, conhecido como ‘Cheng Ming’, no 15.º dia após o solstício de Primavera, no início de Abril, e o ‘Chong Yeong’, o dia de Culto dos Antepassados, a 09 de Setembro.
Na lista de novas manifestações culturais a serem protegidas, constam ainda três propostas por macaenses, uma comunidade euro-asiática composta sobretudo por lusodescendentes com raízes no território.
São elas o chá gordo, um lanche festivo com dezenas de iguarias, a Tuna Macaense, que toca músicas no dialeto crioulo macaense, o patuá, e o batê saia, uma arte decorativa de recorte de papel de seda ou papel rendado.
“Há muitas manifestações porque Macau é ponto de encontro das culturas chinesa e ocidental. Temos várias comunidades étnicas e recursos [culturais] ricos”, defendeu Leong Wai Man.

Inscrições várias
Além de um inventário, Macau tem ainda uma Lista do Património Cultural Intangível, que inclui “as manifestações de maior valor, incluindo aquelas que sejam representativas de tradições sociais relevantes, (…) e passam a usufruir de um maior grau de proteção”.
Em 13 de Outubro, a região inscreveu na lista 12 novas manifestações, incluindo a dança folclórica portuguesa e os pastéis de nata locais, inspirados pelo pastel português.
Em 2019, Macau já tinha inscrito como património cultural intangível as procissões católicas do Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e de Nossa Senhora de Fátima, a gastronomia macaense e o teatro em patuá.
Em 2021, a gastronomia macaense e o teatro em patuá foram também incluídos pela China na Lista de Património Cultural Imaterial Nacional.

13 Nov 2025