Nova linha aérea liga Macau à Rússia

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]partir de agora é possível viajar directamente para Moscovo graças à nova linha aérea inaugurada ontem no aeroporto de Macau e que será operada pela companhia russa Royal Flight. Os voos iniciaram-se ontem, com um serviço charter bissemanal entre as duas cidades. Gradualmente, a empresa espera que o serviço se transforme numa carreira regular. A empresa promete lançar três voos por semana a partir do dia 3 de Julho.
Macau passa a ser o primeiro destino da empresa na região da grande China. Na cerimónia que marcou a partida do voo inaugural, Eric Fong, Director de Marketing do Aeroporto Internacional de Macau (CAM), disse que “com o aprofundamento dos laços económicos, culturais e de turismo entre a China e Rússia, esta linha aproxima as relações e o nível de cooperação entre os dois países”.
Fong destacou ainda “os recursos turísticos da Rússia” e o papel de Macau como “uma plataforma fascinante para as trocas culturais entre a China e Portugal”, o que, na opinião do executivo, “atrairá residentes de ambos os países a viajarem para o estrangeiro”.
A Rússia é a terceira maior fonte de turistas para a China que, por contrapartida, assume-se como o segundo maior fornecedor de turistas para a Rússia. A CAM refere ainda em comunicado a sua vontade para “continuar a manter uma colaboração próxima com as companhias aéreas e expandir a rede de destinos”.
A Royal Flight é uma empresa de charters fundada em 1993, com sede em Abakan, Rússia. Actualmente, opera voos charter entre várias cidades chinesas e destinos turísticos como Egipto, Turquia, Índia, Emiratos Árabes Unidos, Espanha, Itália, Tailândia e Marrocos.

18 Mai 2016

Artista Vhils recebe prémio Personalidade do Ano da AIEP

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, recebeu em Lisboa o prémio Personalidade do Ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), por ter contribuído “para levar o nome do país ao exterior”, em 2015.
“O país – e a grande Lisboa em particular – afirmou-se como um centro da Arte Urbana. O contributo do Vhils para isso foi essencial”, afirmou a presidente da AEIP, Alison Roberts, na sessão de entrega do prémio Martha de La Cal, que decorreu no IADE – Instituto de Arte e Design, em Lisboa.
Alexandre Farto, de 28 anos, captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo, como Hong Kong.
Para Alison Roberts, no trabalho de Vhils “impressiona não só a sua habilidade com métodos e materiais, simbolicamente aliando a destruição à criação, mas a sua sensibilidade, a história do meio urbano e as vidas humanas nas comunidades onde ele trabalhou”.
Alexandre Farto contou que recentemente esteve, com a sua equipa, no México, onde fez “uma série de intervenções em várias cidades”.
“É interessante perceber como a arte tem o poder de criar uma relação com o ser humano e, a partir daí, criar diálogo e por o foco em situações nas quais a arte serve quase como uma arma para essas pessoas. É nesse sentido que o trabalho se tem espalhado e tem feito sentido em diversos sítios do mundo”, afirmou.

Do Seixal para o mundo

O prémio foi entregue pelo Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, que disse ser “admirador da obra de Vhils”. Segundo o governante, Vhils “encarna com grande brilho a dimensão internacional que os portugueses sabem assumir, não só pelas muitas exposições que tem feito, mas também pela obra notável” que espalhou pelas ruas de cidade como Nova Iorque, Berlim, Paris, Moscovo, Hong Kong e até a estação espacial internacional.
“A forma como interpela os cidadãos e as cidades assume uma linguagem universal e essa capacidade para transformar a paisagem urbana degradada num espaço de diálogo sobre a condição humana, que a APEI lhe reconhece na atribuição do prémio, vai continuar a aprofundar-se cada vez mais e a engrandecer a nossa arte”, defendeu.
Vhils cresceu no Seixal, onde começou por fazer graffiti em comboios, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins, depois de não ter conseguido média para uma faculdade portuguesa.
A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

Ano marcante

Em 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses.
Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”.
Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.
No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4), uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”.
Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa.

18 Mai 2016

China: Um olhar desassombrado | 1972年

* por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hung Kuo, Cina é um filme realizado por Michelangelo Antonioni. Em 1972, o primeiro-ministro Chu En-lai convidou o realizador italiano, conotado com a esquerda, a deslocar-se a Pequim para produzir um documentário que viria a ter uma duração de 217 minutos.
Em declarações posteriores Antonioni afirmou: “Pretendi focar-me nas relações humanas e nos comportamentos, no povo, nas famílias e na vida comunitária. Este objectivo foi a minha linha condutora durante a realização do documentário. É uma observação material e cultural a partir do olhar de um estrangeiro vindo de muito, muito longe.”
Antonioni e a sua equipa filmaram em cinco locais diferentes, Pequim, Lin County, Suzhou, Nanjing e Xangai. Encarados com desconfiança, durante as deslocações foram constantemente vigiados e controlados e foram necessários três dias para discutir o guião com as autoridades chinesas. Por fim, o realizador desistiu do plano inicial de filmar durante seis meses e terminou o projecto em apenas 22 dias.
Contudo, o documentário oferece-nos uma visão clara e detalhada das escolas, das fábricas, dos jardins de infância e dos parques. O rigor dos exercícios matinais, pessoas a correr, mulheres a trabalhar, rostos jovens iluminados por sorrisos confiantes e crianças entregues aos seus cânticos. Descobrimos ainda, no pátio de uma fábrica, um grupo de operários têxteis que após um dia de trabalho árduo em vez de irem para casa ficam para aprender citações de Mao e para discutir a situação política. Antonioni também nos leva a visitar uma sala de cesarianas onde as parturientes são sujeitas a anestesia por acupunctura, com detalhes visuais extraordinários. A câmara dá-nos imagens tão verdadeiras como se dum filme científico se tratasse, pormenorizadas e respeitadoras. O documentário termina com uma exibição de acrobatas ao longo de 20 minutos.
O filme de Antonioni, um diário da vida chinesa, foi posteriormente proibido pelas autoridades por ser considerado uma apresentação injusta do “atraso” nacional. Antonioni contrapôs nunca ter sido sua intenção ser ofensivo. Afinal de contas o realizador italiano não sabia nada sobre a China nem sobre a sua História. Este projecto tinha uma perspectiva puramente etnográfica. Podemos por isso concluir que, para Antonioni, Chung Kuo foi uma forma de compreender a China, de aprender sobre o País e o povo através da sua câmara.
Antonioni: “Fiquei muito desapontado por as autoridades chinesas terem avaliado o meu filme de forma tão ríspida e me terem sujeitado a críticas tão intensas, compararam-me mesmo aos “maus da fita”, como Confúcio e Beethoven!”
Em baixo transcrevo um poema chinês dos anos 70 que ilustra a desilusão chinesa com o simpatizante de esquerda Antonioni:
红小兵,志气高,
要把社会主义祖国建设好。
学马列,批林彪,
从小革命劲头高。
红领巾,胸前飘,
听党指示跟党跑。
气死安东尼奥尼,
五洲四海红旗飘。

Somos jovens Pioneiros Vermelhos com enormes ambições,
Iremos construir a nossa Pátria socialista.
Aprendemos Marxismo e Leninismo e condenamos Lin Biao,
Somos jovens, mas o nosso espírito revolucionário é indomável.
Com os lenços vermelhos ondulando ao peito,
Escutamos as instruções do nosso Partido e seguimos o seu caminho.
Faremos com que Antonioni fique verde de raiva,
Até ao dia em que ele veja bandeiras vermelhas desfraldadas,
por esse mundo fora.

Penso que para nós, que vivemos num mundo assombrado por “glamorosas” selfies, assistir ao realismo fotográfico de Antonioni é de certo modo outra forma de “violência”. O REAL torna-se um mito que fere como uma mentira.
Esse mundo, essa raça, há muito que morreram.
Veja fragmentos em:
bit.ly/1Ou55rr
bit.ly/1TeuIyr

18 Mai 2016

Hong Kong | “Número três” chinês promete ouvir reivindicações

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]“número três” do regime chinês, Zhang Dejiang, prometeu ontem ouvir as reivindicações políticas da população de Hong Kong, no primeiro dia de uma visita à antiga colónia britânica.
Zhang, presidente da Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês, é o mais importante responsável chinês a visitar Hong Kong nos últimos quatro anos, numa altura em que aumenta a preocupação no arquipélago de que as liberdades do período britânico possam estar em risco.
A visita já foi aliás criticada pelo impressionante dispositivo de segurança mobilizado, que implica, nomeadamente, manter quaisquer manifestações longe do dirigente chinês.
Várias organizações pró-democracia convocaram uma marcha para quarta-feira contra a crescente influência de Pequim.
Zhang Dejiang chegou a meio do dia de ontem ao aeroporto, onde foi recebido pelo chefe do executivo, Leung Chun-ying.
Num breve discurso na pista, o dirigente chinês disse iniciar a visita num “espírito de boa vontade” e transmitir “as saudações calorosas e bons votos” do presidente da China, Xi Jinping.
“[Escutarei] as pessoas de todos os estratos da sociedade quanto às suas sugestões e petições sobre a aplicação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, disse, referindo-se ao sistema de que gozam Hong Kong e Macau desde a reunificação com a China, respectivamente em 1997 e 1999, e que assenta numa ”ampla autonomia” em relação a Pequim.
A visita de Zhang, oficialmente para uma conferência económica, é considerada por observadores como um gesto para acalmar as tensões e o dignitário tem nomeadamente previsto reunir-se com deputados pró-democracia.

18 Mai 2016

Analista americano vê Jogo em Macau com potencial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Associação Americana de Jogo, Geoff Freeman, manifestou optimismo relativamente ao “potencial a longo prazo” da principal indústria de Macau, pese embora o declínio continuado das receitas dos casinos. A aposta no lado extra-jogo é apontada pelo especialista como uma medida brilhante.
“O mercado em Macau está a estabilizar, estamos a ver isso. Os números ainda são bastante fortes, ainda é um mercado [que gera receitas brutas anuais] de 27/28 mil milhões de dólares norte-americanos – o maior do mundo”, afirmou Geoff Freeman, à margem da abertura da 10.ª edição da Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que decorre até quinta-feira.
Para o presidente da Associação Americana de Jogo (AGA, na sigla em inglês), o facto de as empresas estarem “a fazer investimentos a longo prazo” demonstra que pretendem estar em Macau “durante muitos e muitos anos” e estão, portanto, “muito optimistas em relação ao futuro”.
Isto apesar da curva descendente das receitas dos casinos, encetada há aproximadamente dois anos.
Incertezas sobre o futuro “há em todos os mercados”, compreendendo-se que vivam “altos e baixos”, apontou. “Este mercado é único, há algumas questões que se têm de resolver, mas as empresas que estão a investir aqui têm confiança no potencial a longo prazo do mercado”, realçou o presidente da AGA, ao assinalar que muitas decisões foram tomadas a pensar nisso, que “é o que se deve ter em consideração”.
Além disso, Geoff Freeman vê já notas de que o mercado do jogo de Macau está “a estabilizar”.
“O primeiro trimestre do ano foi muito forte e estamos optimistas em relação ao segundo”, disse o presidente da AGA, para quem há bastante margem para crescimento do mercado de Macau e de outras jurisdições de jogo da Ásia em geral e em simultâneo, ao destacar o “óbvio interesse” que existe em torno da potencial legalização do jogo em casino no Japão.
Os casinos de Macau encaixaram entre Janeiro e Março receitas de 56.176 milhões de patacas – menos 13,3% face aos primeiros três meses do ano passado.

O outro lado

Sobre a crescente aposta – impulsionada pelo Governo – no segmento extra-jogo por parte dos operadores de casinos, com vista a uma evolução no sentido do modelo de Las Vegas, Geoff Freeman afirmou ver “um futuro brilhante”.
“Macau está já a gerar milhares de milhões em receitas não-jogo”, sublinhou, dando o exemplo da Las Vegas Sands, em que “mais de 20% das receitas vêem do não-jogo”, o que mostra que esse segmento constitui “um produto em desenvolvimento em Macau”.
“Há um futuro brilhante pela frente, o não-jogo tem enorme potencial, mas tem de se mover em consonância com o cliente, para aquilo em que ele está interessado. Está a desenvolver-se aqui em Macau, as pessoas deviam sentir-se bem com o desenvolvimento que está já a acontecer no não-jogo”, sublinhou o presidente da AGA.
Segundo dados do relatório da revisão intercalar sobre o setor do jogo em Macau após a liberalização – o primeiro estudo do tipo –, as seis operadoras geraram, em 2014, receitas operacionais de 23,2 mil milhões de patacas através de projectos não associados ao jogo.
De acordo com o documento, apresentado na semana passada, “o montante total do consumo nas actividades não jogo efectuado pelos visitantes no território pode ser comparável com o apurado em Las Vegas”. Só que “com uma receita bruta do jogo tão elevada, a percentagem proveniente dos projectos não relacionado com o jogo foi diluída”, segundo ressalva o mesmo estudo.
Esse valor representa pouco mais de 6,5% do total das receitas dos casinos apuradas no mesmo ano.

18 Mai 2016

Oficializado curso de Serviço Social na UCM

O curso de licenciatura em Serviço Social, em Chinês, da Universidade da Cidade de Macau foi oficializado, ontem, em publicação no Boletim Oficial. O despacho assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indica que a licenciatura é de quatro anos, em regime de aulas presenciais, e conta com disciplinas como Política Social e Bem-estar Social, Serviço Social para a Família, Serviço Social e Serviços de Reabilitação, Técnicas e Estratégia de Comunicação Internacional.

18 Mai 2016

Revolução Cultural | Incidentes em Macau trouxeram problemas à relação luso-chinesa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s incidentes em Macau provocados pela Revolução Cultural, como o “1,2,3”, tiveram “profundas consequências” nas relações entre Portugal e China, nomeadamente com a política externa portuguesa a ser condicionada pelos interesses de Pequim, defende o investigador Moisés Silva Fernandes.
Como exemplos dados estão duas votações de Portugal favoráveis a Pequim na Assembleia-Geral das Nações Unidas no início da década de 1970 e a adopção de uma “política de silêncio” da diplomacia portuguesa em relação ao continente. O primeiro voto foi sobre o reconhecimento da República Popular em vez de Taiwan (República da China) na ONU em Outubro de 1971.
“Portugal foi pressionado a apoiar a admissão da República Popular da China” por líderes da comunidade chinesa de Macau alinhada com Pequim, sustenta o professor universitário. “Em Portugal a questão não era falada, mas através do Governador da altura, Nobre de Carvalho, houve influências muito grandes, nomeadamente dos líderes chineses de Macau Ho Yin e Roque Choi, que foram claros na posição de que Portugal tinha que votar favoravelmente a questão chinesa”, para prevenir problemas no território.
O voto a favor de Pequim causou “grande satisfação em Macau”, informou Nobre de Carvalho em comunicação para Lisboa, diz o investigador, que fala à Lusa a propósito dos 50 anos da Revolução Cultural.
No ano seguinte, Pequim volta a marcar pontos na ONU, ao conseguir a aprovação da resolução que retira Macau e Hong Kong da lista de territórios a descolonizar – datada de Dezembro de 1960 –, na tentativa de evitar que fosse levantada a questão de uma eventual auto-determinação ou independência, refere Moisés Silva Fernandes.
Mais uma vez, os líderes da comunidade chinesa de Macau transmitiram a mensagem de Pequim de que Portugal “não devia dizer nada, ou o mínimo possível”. A resolução foi aprovada, mas a postura do Reino Unido e de Portugal foi “bem diferente”: Londres rejeitou-a publicamente e Lisboa remeteu-se a um “silêncio hermético”.

Início para o 1,2,3

A Grande Revolução resultou, em Macau, nos chamados incidentes do “1,2,3” (3 de Dezembro de 1966). Para João Guedes, o eco da Revolução por cá foi um golpe de morte para a presença nacionalista no território, palco durante anos de uma “guerra surda” entre comunistas e nacionalistas.
O jornalista e investigador da História de Macau assinala que, depois da proclamação da República Popular da China em 1949, “a luta entre comunistas e nacionalistas só continuou em Macau”, onde os dois grupos encontraram um refúgio.
“Era uma situação difícil para a China resolver – dado que Macau era administrado por portugueses. Eles não podiam tocar em Macau, porque se não também tinham de tocar em Hong Kong. A diferença é que a Inglaterra era uma superpotência e, portanto, a China não tinha hipótese”, explica.
No início dos anos 1960, com a fundação da Polícia Judiciária, os agentes lançaram uma série de raides e apreenderam “quantidades industriais” de armamento trazido pelos nacionalistas para Macau.
“O ataque da PJ vem provocar o vazio que é ocupado pelos comunistas que começam a tomar conta” desses núcleos e ficam em pé de igualdade”, adianta João Guedes.
Entre as exigências feitas ao governo português no âmbito do ‘1,2,3’ – além da expulsão de dirigentes, de pedidos de desculpas ou de indemnizações – figurava a “eliminação de todas as organizações nacionalistas”, uma reivindicação “menos falada, mas não menos importante”. “E, de repente, Macau deixa de ser nacionalista e passa a ser comunista”, realça o historiador.
Daí existirem em Hong Kong “aqueles partidos todos anti-comunistas e a bradar pela democracia”, algo que não existe por cá “porque os nacionalistas [cá] acabaram em 1966”, observa. “Isto da História não é uma coisa passada sem consequências. É por essa e por outras razões que um movimento como o Occupy seria absolutamente impossível cá”, avalia João Guedes.

O que és?

Meio século depois continuam a existir divergências sobre as causas dos chamados incidentes do “1,2,3” em Macau.
Na obra “Macau na Política Externa Chinesa (1949-79)”, publicada em 2006, o investigador Moisés Silva Fernandes divide em quatro as correntes de pensamento de autores portugueses sobre as causas do incidente, um assunto ainda hoje considerado “tabu” na comunidade chinesa local.
A primeira atribui a ocorrência dos acontecimentos à tentativa gorada de reconhecimento e estabelecimento de relações diplomáticas com o regime de Pequim em 1964, a segunda às actividades subversivas do Kuomintang em Macau, a terceira remete para a “incompetência política” da administração portuguesa e a quarta “avalia os acontecimentos como um conflito entre uma classe média chinesa em ascendência e uma classe média macaense defensora do status quo”.
Para o jornalista José Pedro Castanheira, na obra “Os 58 dias que abalaram Macau”, tudo começou “com uma concentração de estudantes e professores junto ao Palácio do Governador” no dia 3 de Dezembro. A intervenção da polícia resultou em “manifestações um pouco por toda a cidade, acompanhadas de desacatos e tumultos de violência crescente, provocados pelos sectores comunistas mais extremistas e radicais”.
Esses confrontos entre populares e polícia generalizaram-se, “edifícios públicos foram saqueados, estátuas derrubadas”, foram decretados a lei marcial e o recolher obrigatório.
O saldo foi de oito mortos e de mais de uma centena de feridos. Fotos da época mostram marchas de jovens com o livro vermelho de citações de Mao Zedong, um dos símbolos da Revolução Cultural, em riste.
“Durante 58 dias, os sectores comunistas mais radicais, inspirados pelos Guardas Vermelhos, impuseram a sua lei e a sua ordem no território até à satisfação integral das suas reivindicações e à capitulação do governador Nobre de Carvalho, obrigado a assinar um acordo humilhante para as autoridades portuguesas”, escreveu José Pedro Castanheira, resumindo o “1,2,3”.
A Grande Revolução Cultural Proletária, que agitou a China de Maio de 1966 até à morte de Mao Zedong dez anos depois, pretendeu purgar a República Popular da “infiltração de elementos burgueses” nas estruturas do governo e da sociedade. Por todo o país, os Guardas Vermelhos, na larga maioria grupos de adolescentes e jovens sempre acompanhados pelo “livro vermelho” com os ensinamentos de Mao, ocuparam todas as estruturas da sociedade para impor o novo modelo, enquanto milhões de estudantes e intelectuais foram enviados para os campos para “reeducação” pelo trabalho.
Milhões de pessoas sofreram humilhação pública, prisão arbitrária, tortura, confiscação de bens. A tradição cultural milenar foi renegada, museus, monumentos e livros foram destruídos. Estimativas falam em 750 mil mortos. Diana do Mar (agência Lusa) / editado por HM

Lição para HK

Hong Kong aprendeu com Macau “uma lição valiosa” sobre o que não fazer para reagir aos motins durante a Revolução Cultural chinesa, defende Peter Moss, antigo quadro dos serviços de informação da região. “Graças à humilhação infligida à administração portuguesa em Macau no ano anterior, o governo de Hong Kong aprendeu uma lição valiosa sobre como não tratar os esquerdistas quando tentaram os mesmos estratagemas em Hong Kong em 1967”, disse, referindo-se ao 1,2,3. “Sentimos que foi uma vantagem para Hong Kong que Macau tenha tido aquela experiência, porque ensinou-nos o que não devíamos fazer quando encontrássemos o tipo de oposição que Macau encontrou. Eles humilharam o vosso governador, fizeram-no ficar de pé no pátio. E nós aprendemos bastante com essa lição”, afirmou à Lusa.

 

17 Mai 2016

Io Lou Ian e Emily Chan entre os premiados do Macau Indies

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram apresentados este domingo os filmes vencedores do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau. O “Prémio do Júri” foi atribuído a “Projecto Miúdos” de Io Lou Ian, uma ficção sobre um grupo de crianças do jardim de infância que participa num show de talentos. A obra é uma reflexão sobre o sistema educativo e os valores que lhe estão associados. Io Lou Ian volta, assim, a receber um primeiro depois de a sua curta metragem “A Senhora Cogumelo” ter recebido a “Menção Honrosa do Júri” em 2012.
O “Prémio de Louvor para Melhor Longa-Metragem” coube a Emily Chan com “Uma Década de Blademark”, um filme que regista o percurso artístico da banda rock liderada por Fortes Pakeong Sequeira. A “Melhor Curta-Metragem” foi para Hong Heng Fai com o filme “Choque”, uma ficção baseada na perda e no reconhecimento social.
“Leno”, de Leong Kin e Cobi Lou, foi considerada “A Melhor Animação”. Uma brincadeira onde se falam de temas sérios como a protecção ambiental da cidade.
O Macau Indies distinguiu ainda o “Melhor Argumento”, com o prémio a ser entregue a Hugo Cheong pelo filme “Orpheus”, uma história à volta da conquista de sonhos e da percepção da realidade.
O júri foi composto por Sunny Luk, cineasta e argumentista de Hong Kong, Song Wen, fundador do FIRST – Festival Internacional de Cinema do continente chinês, e Derek Tan, impulsionador da plataforma para curtas-metragens asiáticas Viddsee, sediada em Singapura.
A concurso estiveram 25 produções, do cinema de animação às curtas, das longas-metragens aos projectos experimentais e documentais.
O Festival Internacional de Cinema e Vídeo 2016 prossegue com o desafio vídeo “Filme a La Minute”, onde os participantes têm 24 horas para criar um filme com a duração máxima de um minuto utilizando um telefone inteligente. Continua agendada a projecção de sete filmes internacionais de 1 a 5 de Junho.

17 Mai 2016

I Liga | Benfica Tricampeão

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Benfica conquistou categoricamente o seu 35.º nacional de futebol, o primeiro ‘tri’ desde 1976/77, graças a 20 vitórias nas últimas 21 jornadas e à capacidade para aguentar a pressão, exercida de todas as formas, pelo rival Sporting. Com Rui Vitória no lugar de Jorge Jesus, que transitou para os ‘leões’, e uma mudança de paradigma, para uma clara aposta na formação, no Seixal, os ‘encarnados’ tiveram um começo de época muito complicado, criando desconfiança, mas deram uma resposta que ninguém, se calhar, pensava ser possível.
Já foi há muito tempo, e a memória é curta, mas, após oito rondas, o Benfica era oitavo – com menos um jogo, que empataria -, a oito pontos do líder Sporting, que acabava de vencer na Luz por 3-0. Nessa altura, Jesus disse que “era fácil pôr o Rui Vitória deste ‘tamanhinho’ (muito pequeno, pelo forma como colocou os dedos). Estaria, certamente, longe de pensar que o treinador do Benfica ‘cresceria’ e faria ‘crescer’ a sua equipa, ao ponto de ser capaz de ir ‘roubar’ a liderança a Alvalade.
Com Novembro a chegar ao fim, houve um momento de mudança, a entrada do jovem Renato Sanches no ‘onze’ (a titularidade chegou antes, na ‘Champions’, com o Astana) e a colocação de Pizzi no lado direito do ataque. Foi um detalhe que revolucionou o futebol dos ‘encarnados’, num plantel castigado por lesões (Nelson Semedo, Luisão, Lisandro López, Júlio César, Salvio, Fejsa e, às vezes, Gaitán), mas que teve o mérito de se reinventar. Foram muitos os momentos em que o treinador Rui Vitória ganhou as apostas que fez, algumas de risco: André Almeida, Lindelöf, Renato Sanches, Ederson, Carcela a espaços ou Raul Jiménez.

Assalto ao leão

Uma volta depois, de facto, tudo tinha mudado e, à 25.ª jornada, os ‘encarnados’ foram mesmo ‘assaltar’ a liderança ao reduto do Sporting. Um golo do grego Mitroglou, aos 20 minutos, selou o triunfo das ‘águias’, que, na frente, não mais perderam qualquer ponto, só parando no ‘35’.
Nos derradeiros nove jogos, o Benfica teve, porém, de sofrer, e muito, nomeadamente para ganhar no Bessa (resolveu Jonas, aos 90+3 minutos) e em Coimbra e Vila do Conde, onde o mexicano Raúl Jiménez saltou do banco para marcar os golos da vitória, aos 85 e 73, respectivamente. 18423590_IejVE
A penúltima ronda, no reduto do Marítimo, também foi um teste imenso, com a expulsão de Renato Sanches ainda na primeira parte, com o resultado em ‘branco’, mas o Benfica foi ‘grande’ (2-0), para na última ronda, fazer o que, então, já parecia inevitável, bater o Nacional (4-1) e selar o título.
O colectivo, a união do grupo, junto com o sempre poderoso ’12.º jogador’, os adeptos, foram determinantes na conquista do ceptro, selado sob o signo do ‘88’, um novo recorde de pontos e o melhor registo de golos desde 1990/91 (89 do Benfica, de Sven-Goran Eriksson, mas em 38 jornadas).

Benfica Mundis – A festa global em tons de vermelho

Macau
Dezenas de benfiquistas encheram o bar RoadHouse no Cotai para assistir ao jogo que deu o tri-campeonato aos encarnados. Depois de alguma inquietação enquanto não chegavam os golos, a festa foi-se fazendo à medida do desenrolar do encontro, acabando em autêntica euforia com os adeptos encarnados a entoar cânticos de “Campeões, Nós Somos Campeões”!

Moçambique
A praça Robert Mugabe, na baixa de Maputo, vestiu-se novamente de vermelho na noite do 35.º título do Benfica, e fez, pelo terceiro ano consecutivo, do mais antigo líder africano um Marquês. Centenas de pessoas juntaram-se na praça repetindo os cânticos, glorificando o Benfica, que voltaram a passar persistentemente na televisão por cabo em Moçambique. “As nações são feitas assim, não escolhemos, nascemos nelas e esta é envolvência delas”, justifica Gilberto Mendes, 50 anos, um actor moçambicano que ajudou a compor a festa vermelha no centro de Maputo. “Benfica é o mundo inteiro”, declara Sarmento Fernandes. “Olha para aqui, é só olhar”, prossegue o hoteleiro moçambicano de 36 anos, apontando para a praça e avenidas adjacentes cheias. 

Cabo Verde
Buzinões, batucada, gritos, cânticos, abraços, muita música e dança marcou a festa dos benfiquistas na cidade da Praia, em Cabo Verde, numa manifestação de orgulho pela conquista do tricampeonato nacional de futebol. Os sinais da festa benfiquista começaram a sentir-se mesmo antes do fim do jogo com o Nacional, com alguns buzinões, mas a animação ganhou mais força no final da partida após Luisão levantar a taça do 35º título de campeão do Benfica. Nas principais ruas e pontos de encontro da capital cabo-verdiana há crianças, jovens e adultos vestidos a rigor com o vermelho do Benfica, empunhando bandeiras e cachecóis, a pé ou dentro dos carros, entoando gritos, trocando beijos e abraços e vibrando ao som do funaná, género musical do país.

Guiné-Bissau
O Benfica deu a muitos guineenses uma razão para esquecer a crise política no país e festejar, com muitos gritos de vitória, cantigas improvisadas e abraços em vários locais de Bissau. “Hoje temos esta vitória para festejar. Estou muito, muito contente”, dizia em voz alta um adepto na sede do Sport Bissau e Benfica. Ali, como noutros pontos da capital, um ecrã de televisão juntou dezenas de adeptos até ao apito final da partida em Lisboa, a 3.000 quilómetros de distância, mas para os benfiquistas da Guiné era como se lá estivessem. “Foi difícil, mas conseguimos”, dizia um dos presentes por entre a gritaria, enquanto uma das poucas mulheres no local referia que tinha sido “Jorge Jesus quem deu mais vontade para conquistar o título”. A festa continuou à porta do Benfica de Bissau, onde os carros passavam a apitar e onde os adeptos se começaram a juntar em maior número. “O Benfica deu-me 35, o Benfica já me deu 35”, foi o refrão de uma música improvisada no local pelo benfiquistas que desvalorizaram a conquista na última jornada.

Angola
Algumas centenas de angolanos e portugueses festejaram, ao som do kuduro, num hotel de Luanda, o título de campeão nacional português do Benfica, esquecendo, por momentos, a crise que marca o dia-a-dia de Angola. “Neste momento não há crise nenhuma. O Benfica faz esquecer tudo, a crise e os problemas”, disse o apresentador da televisão angolana Pedro N’zagi, que foi o animador de serviço da festa na conhecida “Casa 70”, local de concentração dos benfiquistas em Luanda. Ao ritmo do kuduro e regada com muita Cuca, a cerveja angolana, a festa foi animada ainda pelos cânticos de apoio ao Benfica, repetidos a uma só voz por angolanos e portugueses. “Uma das coisas mais impressionantes é estar fora do país, fora de Portugal, fora da sede do clube e esta família estar aqui como se fosse ao estádio. Essa é a força do Benfica”, rematava Pedro N’Zagi, enquanto já lançava ao microfone da “Casa 70” o desafio: “Benfica dá-me o 36”. Numa ronda pela cidade de Luanda, em vários outros restaurantes era possível ver a festa de angolanos e portugueses, sobretudo no exterior, com todos equipados a rigor e entoando o cântico “Benfica campeão”.
 

As Figuras

Rui Vitória
Treinador e Cavalheiro

Rui Vitória foi a grande figura entre os 27 treinadores que exerceram na I Liga portuguesa de futebol em 2015/16, ao levar o Benfica ao ‘tri’, superando Jorge Jesus e até José Mourinho. Numa luta que se dividiu entre o campo e as conferências de imprensa, onde nunca respondeu aos insultos e desconsiderações do treinador do Sporting, Vitória começou na mó de baixo, mas recuperou e foi buscar a liderança precisamente a ‘casa’ de Jesus, numa 25.ª ronda que marcou o campeonato. Depois desse encontro, o Benfica venceu tudo e selou o ‘tri’, com um novo recorde de pontos (88), superando os 86 do FC Porto, de Mourinho, em 2002/2003. A sua conferência de imprensa, na hora da vitória, foi de uma dignidade exemplar.


Jonas
O Pistoleiro Implacável

Jonas foi a grande figura da I Liga portuguesa de futebol no que respeita a golos, ao totalizar 32. O brasileiro, que a época passada perdeu ‘in-extremis’ o título de ‘rei’ dos marcadores, não deu hipóteses à concorrência, contribuindo decisivamente para os 88 do Benfica, o melhor registo colectivo desde a versão 1990/91 das ‘águias’, que, sob o comando de Eriksson, marcaram 89, em 38 jogos. O avançado logrou apenas um ‘hat-trick’, mas foi o ‘rei’ dos ‘bis’, com 10.

Renato Sanches
Revelação Explosiva
Renato Sanches entrou para a equipa principal do Benfica por volta do Natal e a sua presença mudou o modo de jogar da equipa. Foi nítida, sobretudo nos primeiros jogos que disputou, a forma como levava a bola para a frente e demonstrava um vigor físico que lhe permitia disputar o esférico durante todo o tempo de jogo. O jovem médio teve assim um papel fundamental na conquista deste campeonato. De tal modo deu nas vistas que Carlo Ancelotti pediu ao Bayern Munique a sua contratação por 35 milhões de euros (+ 45 milhões por objectivos). “Tendo em conta a sua idade e a sua qualidade, Renato Sanches tinha propostas de vários clubes europeus, mais concretamente de Inglaterra. Uma das principais razões pelas quais ele decidiu vir para o Bayern Munique foi, não só o clube, mas também o nosso novo treinador [Ancelotti] e o facto de ele o querer contratar», afirmou Karl-Heinz Rummenigge, director do Bayern.à FCB.tv.

Assistências
O Outro Jogador

O Benfica dominou de forma ‘esmagadora’ o campeonato das assistências na I Liga portuguesa de futebol, tendo marcado presença nos 10 jogos mais vistos da edição 2015/16. Os nove encontros com maior número de espectadores realizaram-se no Estádio da Luz, e, a fechar o ‘top 10’, os ‘encarnados’ também estiveram presentes, na maior enchente da época no Estádio José Alvalade. A casa das ‘águias’, cuja capacidade oficial é de 64.642 lugares, foi o palco que contou maior assistência (855.474, à média de 50.322 por jogo). Além de dominar em casa, o Benfica também foi o clube mais visto em quase todos os campos, sendo excepções as deslocações a Braga, Tondela e Setúbal. A recepção do Benfica ao Nacional, na última jornada, foi o jogo mais visto do campeonato, com 64.642 espectadores, registo que superou os 63.534 do Benfica-FC Porto da época passada.

Paixão asiática

Há adeptos apaixonados e depois há… Emma Runyun Zhang. A chinesa havia viajado de Los Angeles, nos EUA, onde reside, para Portugal em Fevereiro especialmente para dar os parabéns a Nico Gaitán (seu jogador preferido) pelo seu 28.º aniversário e agora esteve novamente Lisboa para ver o Benfica ser tricampeão. emma ruyun_1Dyyt9Q

17 Mai 2016

Som do cinema em palestra na Cinemateca Paixão

O cinema é muito mais do que apenas a imagem, existindo muitos a defenderem que constitui mesmo 50% de qualquer filme. Por isso, dominar a técnica de produção e aplicação dos efeitos sonoros é essencial no processo de construção de um filme. Assim, se pretender entrar neste mundo aproveite a palestra intitulada “O Encanto dos Efeitos Sonoros Cinematográficos”, proferida por Phyllis Cheng Wing-Yuen, veterana do design sonoro e da mistura de som de Hong Kong. Vai acontecer na Cinemateca Paixão no próximo dia 21 de Maio, sábado, pelas 15h00.
Nesta palestra, Phyllis vai abordar os efeitos sonoros em cinema desde a sua criação ao fluxo de trabalho requerido, apresentando vários exemplos. Phyllis Cheng possui uma vasta experiência no domínio do design acústico e da mistura de som no processo de pós-produção, tendo participado na produção do som dos filmes Full Strike, Angel Whispers, To The Fore, Insanity, As The Light Goes Out, The Four II, Out of Inferno, Little Cheung e Durian Durian, entre outros.
Em 2012, ganhou o prémio Best ADR Recordist no âmbito dos Golden Reel Awards.
Estão disponíveis apenas 60 lugares, pelo que se estiver interessado deve apressar-se com a inscrição que pode ser efectuada online gratuitamente no sítio do Instituto Cultural.

17 Mai 2016

DST em Cannes para “divulgar” a RAEM

Intercâmbio, absorção de experiências, divulgação do Festival Internacional de Cinema são os objectivos da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) que, em conjunto com a Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau, participa no 69.° Festival de Cannes que se iniciou no passado dia 11 e termina a 22.
A delegação, que não conta com a participação de cineastas ou produtores locais, está representada com um stand no Mercado do Filme (Marché du Film) para promover Macau como um local ideal para filmagens. O Mercado do Filme reúne milhares de profissionais da indústria de cinema de várias partes do mundo, como produtores, realizadores e outro agentes.
Segundo a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, pretende-se com esta iniciativa “elevar o nome de Macau nos circuitos internacionais de cinema”. Assim a DST, garante que vai “encetar um intercâmbio directo com a indústria internacional de cinema” e “divulgar as características únicas e o ambiente cultural de Macau como um local ideal para cinema”.
Foi também já anunciada a presença da DST no Festival Internacional de Cinema de Xangai e no Festival Internacional de Cinema de Busan, “entre outros festivais de renome”, segundo a nota divulga à imprensa.
O objectivo destas presenças, segundo a DST, passa por “intensificar as ligações de Macau com a indústria internacional de cinema, impulsionando o desenvolvimento da indústria turística de Macau e promovendo o turismo cultural, beneficiando o desenvolvimento sustentável da indústria turística de Macau no longo prazo”.

17 Mai 2016

DST quer aproveitar rede ferroviária para atrair mais turistas

As cidades de Nanning e Guilin, na província de Guangxi, foram os locais escolhidos para a promoção do uso da rede ferroviária para o aumento de turistas para Macau. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em conjunto com a Administração do Turismo de Zhongshan e o Gabinete para a Cultura, Desporto e Turismo do Município de Zhuhai organizaram, na semana passada, uma promoção turística entre as três cidades, cuja intenção é “expandir as fontes de visitantes ao longo da rede ferroviária de alta velocidade”, numa iniciativa no âmbito da temática “Xiangshan no passado, Zhongshan e Zhuhai e Macau hoje”, visando o reforço da cooperação regional.
“Dada a conveniência em viajar trazida pela linha ferroviária de alta velocidade, as autoridades do turismo prosseguem com a realização de iniciativas promocionais conjuntas, para atrair visitantes das cidades ao longo da rede e das regiões vizinhas a visitarem os três locais, expandindo em conjunto a diversificação do mercado de visitantes”, indica um comunicado à imprensa da DST.

17 Mai 2016

Infecção colectiva de gripe em 31 crianças

Foi uma sexta-feira negra para 31 crianças detectadas com infecção colectiva de gripe. Num comunicado à imprensa, os Serviços de Saúde (SS) indicam que se registaram casos de infecção colectiva na Escola da Ilha Verde, na Escola Keang Peng e na creche Missionária da Caridade. Ao todo estavam envolvidas 31 crianças, mas apenas duas precisaram de internamento. “Um dos alunos da Escola da Ilha Verde foi internado devido a bronquite, tendo já tido alta. Um outro aluno da mesma escola também foi internado por motivos de febre contínua e diarreia. O seu estado clínico é considerado estável”, pode ler-se no documento, que acrescenta que “alguns alunos infectos não tinham administrado a vacina contra a gripe sazonal”.

17 Mai 2016

Cursos e escolas de formação profissional aumentam

O Inquérito à Formação Profissional referente ao ano de 2015 mostra que houve o ano passado um total de 42 instituições de formação profissional, um aumento de 11 face a 2014. Quanto ao número de cursos, foram realizados pouco mais de 1500, mais 9% face a igual período. Também o número de formandos aumentou 6%, tendo-se registado mais de 55 mil alunos. Segundo dados dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de alunos diminuiu nas áreas do “turismo, jogos, convenções e exposições”, bem como na “hotelaria e restauração”, enquanto nas áreas da informática e saúde houve um aumento. A taxa de aprovação foi de 87%, um decréscimo de 1%.

17 Mai 2016

Pequim pressiona Tóquio contra ideias de militarismo

Aproveitando a vista de Obama a Hiroxima, a China aproveitou para dizer ao Japão para não pensar em militarismos de novo pois só trazem sofrimento. A visita do Presidente americano, entretanto, está a ser utilizada para retomar as ideias de desnuclearização global

A China instou o Japão a não tomar o caminho do militarismo de novo, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros esta quarta-feira durante o seu comentário à visita que o presidente Barack Obama fará a Hiroxima.
“Esperamos que, ao convidar outros líderes a visitarem Hiroxima, o Japão mostre ao mundo que nunca mais vai seguir pelo caminho do militarismo, facto este que infligiu forte sofrimento ao seu próprio povo, aos povos dos países vizinhos e ao resto do mundo” disse o porta-voz Lu Kang em conferência de imprensa.
“As duas bombas atómicas que os Estados Unidos lançaram sobre Hiroxima e Nagasaki antes do final da segunda Grande Guerra Mundial esmagaram as ilusões militaristas dos japoneses de uma vez por todas, causando enormes perdas humanas”, disse Lu.
Os civis japoneses que sofreram com as bombas nucleares merecem toda a nossa simpatia, disse ainda.
“Uma importante lição que a segunda Grande Guerra nos deu é que devemos usar a história como um espelho, prevenir que a tragédia da guerra aconteça novamente e fortalecer a ordem internacional do pós-guerra,” acrescentou Lu.

Reavivar a desnuclearização

A viagem a Hiroxima do presidente Barack Obama, é uma oportunidade para reavivar o debate sobre o desarmamento nuclear no mundo, disseram nesta quarta-feira as autoridades da cidade.
Obama poderá perceber pessoalmente o impacto que o bombardeamento nuclear de 1945 teve sobre a cidade, explicaram aquelas fontes oficiais.
A 27 de Maio, Obama ficará na História como o primeiro Presidente americano em exercício a visitar Hiroxima, anunciou na terça-feira a Casa Branca, salientando, todavia, que o objectivo não é apresentar desculpas por uma decisão tomada por Harry Truman há 71 anos.
Obama, que viajará ao Japão para uma cimeira do G7, visitará o local onde ocorreu o primeiro bombardeamento nuclear da história acompanhado do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.
“Espero que aqui, em Hiroxima, Obama proponha medidas concretas na direcção de um mundo sem armas nucleares”, declarou a presidente da câmara de Hiroxima, Kazumi Matsui.
Aproximadamente 140.000 pessoas morreram devido à bomba nuclear lançada no dia 6 de Agosto de 1945 pelos Estados Unidos às 8h15 locais. Dezenas de milhares morreram pela explosão da bola de fogo e outras devido aos ferimentos e doenças provocados pelas radiações nas semanas, meses e anos posteriores.

13 Mai 2016

Revolução Cultural | Meio século depois a memória ainda perdura

Passaram 50 anos, mas as memórias ainda perduram e são descritas por um ex-“pequeno guarda vermelho” e por um jornalista que rumou até África. São Yao Jingmin e Li Changsen, dois tradutores da língua de Camões que têm em Macau a sua casa

Reportagem de Diana do Mar, da Agência Lusa

[dropcap dtyle=’circle’]Q[/dropcap]uando a Revolução Cultural começou, Yao Jingming tinha oito anos. Como milhares de crianças chinesas foi um “pequeno guarda vermelho”, enviado para o campo para aprender grandes lições de vida.
“Ainda me lembro de quando era um ‘pequeno guarda vermelho’, das escolas paralisadas, de professores ‘derrubados’, humilhados com uma placa ao pescoço com o nome riscado e o crime cometido, como serem espiões e coisas do género”, contou Yao Jingming à agência Lusa, a propósito dos 50 anos do início da Grande Revolução Cultural.
“Passaram-se coisas horríveis… Assistia com um olhar curioso e, como era pequenino, até achava interessante. Na minha mentalidade, Mao Zedong tinha sempre razão. Ainda não sabia distinguir o bem do mal”, relata.
Yao Jingming nasceu em 1958 em Pequim. Após terminar a escola primária, foi “seleccionado” – eufemismo para obrigado – para estudar Espanhol numa escola ligada ao Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim. A primeira expressão que aprendeu na língua de Cervantes foi: “¡Viva el Presidente Mao!”.
O Espanhol acabaria por ficar na gaveta e no final do ensino secundário, em plena adolescência, foi enviado com os colegas de turma para o campo, onde esteve cerca de um ano e meio para ser “reeducado” pelos “mestres”.

Sorte no caos

Foi só com o final da Revolução Cultural em 1976 e a restauração do sistema de exames nacionais para o acesso ao ensino superior, que Yao Jingming ingressou no então Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim, onde se licenciou em Língua Portuguesa e iniciou a sua vida profissional como tradutor.
Mas, antes dele, em 1965, Li Changsen já tentava aprender a língua de Camões e teve a sorte de poder entrar na licenciatura de Português de uma universidade chinesa. “Uma rara oportunidade” para Li que nunca abandonou os estudos, mesmo quando um ano depois irrompeu o caos da Revolução.
Entrou no Instituto da Radiodifusão de Pequim (actual Universidade de Comunicação da China). Com a chegada da Grande Revolução “toda a ordem pedagógica deixou de existir. Tudo dependia, de facto, de cada turma, da vontade dos alunos. Era a anarquia”, relembra.
Metade dos 40 alunos das turmas de Português desistiu dos estudos para se dedicar ao movimento revolucionário, mas os outros decidiram não desperdiçar a oportunidade de terem conseguido entrar na universidade.
“Por isso, apesar do caos em todo o país e também dentro do instituto, eu e outros continuámos”, conta Li, recordando as vezes que foi ao hotel da professora Rosália “só para aprender mais umas palavras, conversar, praticar a língua”, em conturbados tempos em que os materiais didácticos não passavam de uma miragem.

Arroz da memória

Seguindo directivas decretadas por Mao, quase todos os estudantes da escola secundária iam para o campo ou para as fábricas, como relembra Yao Jingmin.
“Aprendemos coisas boas, mas também outras muito negativas. Permitiu conhecer a realidade do mundo rural e, depois, conhecer a humanidade dos camponeses”, conta Yao, considerando que até teve “sorte” porque foi mandado para uma comuna popular nos subúrbios de Pequim.
“Havia duas camponesas experientes para nos guiar. Todos os dias levavam-nos para o campo para trabalhar no arrozal. Sei tudo sobre como cultivar! Mas foi muito duro”, lembra, descrevendo dias que começavam às cinco da manhã e a “enorme fome” no final da jornada: “Comíamos muito, sempre cereais, não havia muita carne”.
“Tenho ainda uma impressão muito clara daquela experiência. Para mim foi positiva porque aprendi muita coisa que não se podia aprender na escola”, sublinha Yao, ainda com as mensagens, músicas e instruções da propaganda transmitidas pelos altifalantes da aldeia presentes na memória.

Outros ensinamentos

A Revolução Cultural paralisou todo o ensino na China. No caso dos cursos de Português, as novas admissões foram suspensas durante sete anos, até ser colocada em marcha uma nova política que veio facilitar a entrada de camponeses, operários e soldados e resgatou os “bem-comportados” que haviam sido enviados para o campo.
Em 1969, “apesar de toda a turma ter sido transferida da cidade para o campo”, Li continuava a estudar, mas apenas de manhã, “porque à tarde ia para a lavoura”. Foram oito meses a aprender o “espírito revolucionário dos camponeses”, num templo antigo e abandonado transformado em sala de aula.
No ano seguinte, foi “felizmente” escolhido para trabalhar na Rádio Pequim – hoje Rádio Internacional da China –, na secção de Língua Portuguesa, onde fez carreira durante mais de duas décadas, como intérprete/tradutor e jornalista. Outros continuaram a receber “reeducação ideológica”.
Em 1973, ainda corria a Revolução Cultural, partiu para África, onde teve o primeiro contacto real com falantes de Português. Foi designado pelo Governo Central para trabalhar em dois centros de treino militar, na Tanzânia, para onde eram enviados guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola e da Frente de Libertação de Moçambique, trabalhando como intérprete durante quase dois anos. Já como jornalista teve um dos pontos altos da carreira em 1987, quando testemunhou a assinatura da Declaração Conjunta sino-portuguesa. Foi para Macau que foi destacado, de seguida, para colaborar no processo de transição. Nunca mais deixou o território.
O caminho foi diferente para Yao, que no final da década de 1980 partiu para Portugal para trabalhar na Embaixada da China. O impacto foi “grande” para quem pouco sabia do mundo.
Conheceu Eugénio de Andrade, o primeiro poeta que viria a traduzir para Chinês. Seguir-se-iam Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Miguel Torga ou Sophia de Mello Breyner.
Depois de Lisboa, ainda regressou a Pequim mas por um curto período de tempo e no início dos anos 1990 mudou-se para cá, onde ainda vive.

Já chega

A Grande Revolução Cultural Proletária, que agitou a China entre Maio de 1966 até à morte de Mao Zedong dez anos depois, pretendeu purgar a China da “infiltração de elementos burgueses” nas estruturas do Governo e da sociedade.
Por todo o país, os Guardas Vermelhos – grupos de adolescentes e jovens sempre acompanhados pelo “livro vermelho” com os ensinamentos de Mao – ocuparam todas as estruturas da sociedade para impor o novo modelo, enquanto milhões de estudantes e intelectuais foram enviados para os campos para “reeducação” pelo trabalho.
Milhões de pessoas sofreram humilhação pública, prisão arbitrária, tortura, confiscação de bens. A tradição cultural milenar foi renegada, museus, monumentos e livros foram destruídos. Estimativas colocam em 750 mil mortos o resultado da violência da Revolução Cultural.
Hoje, à distância de 50 anos, Yao não tem dúvidas de que as repercussões negativas da Revolução Cultural perduram.
Foi um movimento que, “de certo modo, explorou ao máximo o mal da humanidade: pais que denunciavam filhos, homens que denunciavam as mulheres, tudo para se salvarem a si próprios de consequências muito graves, que podiam ser até a morte. A confiança acabou”.
Yao Jingming ainda reflecte sobre momentos que viveu durante aquele tempo, a partir dos quais constrói poemas.
“Acho que só percebi realmente as consequências negativas da Revolução Cultural, que foi um desastre, na universidade, com a leitura de escritores, também porque tinha o pensamento mais maduro e capacidade para distinguir as coisas”, afirma Yao, confessando não gostar de falar sobre o tema, embora lhe seja “tão familiar”.
Yao Jingming não tem dúvidas em afirmar que “foi pior do que qualquer desastre natural, porque destruiu muitas coisas boas da tradição chinesa. Não só a nível material, mas também espiritual”.
“A nossa moral, o nosso espírito de nação foram fortemente arruinados. Fez-se em nome da cultura, mas foi um movimento puramente político, com o objectivo de arruiná-la”, afirma.
E a lição que fica é simples, é a de que “uma vez já chega. Não pode voltar a acontecer”.

Gary Ngai, o tradutor de Mao Zedong

De necessário a espião

Quando deixou a Indonésia rumo à China, Gary Ngai Mei Cheong mudou para sempre a sua vida. O cargo de tradutor de Mao Zedong não o protegeu da Revolução Cultural e acabou enviado para o campo, acusado de ser “espião imperialista”. 13516P12T2
Nascido na Indonésia em 1932, Gary Ngai tornou-se o primeiro membro da sua família de seis gerações de chineses ultramarinos a partir para a China, onde nunca havia estado.
Foi inserido num grupo de 80 alunos de escolas chinesas da Indonésia “escolhidos” para prosseguir estudos na China, o primeiro grupo de estudantes estrangeiros a chegar à nova China comunista.
“Estávamos em Agosto de 1950, em pleno início da República Popular da China quando cheguei a Pequim”. O sentimento era o de que se vivia “uma época dourada” e que os líderes eram como Edgar Snow os descrevera na obra “Estrela Vermelha sobre a China”.
Após um período de “doutrinação”, foi seleccionado para participar no programa da Reforma Agrária em curso, indo inicialmente para Cantão. “Fiquei surpreendido com a China que encontrei. Éramos apenas jovens estudantes e não sabíamos muito bem o que estava realmente a acontecer, mas havia um extremismo que ia contra a política de que Mao falava”, relata Gary Ngai, 83 anos, à Lusa.
Depois de se graduar, em 1956, iniciou a carreira profissional no Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista da China (PCC).

Algo de errado

Inicialmente afecto à secção do sudeste asiático, foi depois transferido para a da Europa ocidental, em que uma das rotinas passava por traduzir jornais estrangeiros, do Holandês, Sueco, Inglês, Alemão e Italiano para dirigentes do partido.
Esteve com Mao Zedong “poucas vezes, sobretudo quando líderes comunistas da Europa visitavam Pequim”, mas ficava “nervoso por estar muito perto”, porque “ele era, afinal, um líder”.
Com Deng Xiaoping a relação foi diferente. “Traduzia para ele e para os filhos os filmes de ‘cowboys’ a preto e branco que adoravam. A relação era boa e a amizade continuou mesmo depois de Mao ter posto Deng de parte.
Gary Ngai começou a perceber que “algo estava a ficar errado”, no início de 1959, quando lhe foi negada autorização para se juntar a uma delegação que iria partir para Suíça.
“Soube mais tarde que fui discriminado por ser um chinês ultramarino. Foi um amigo meu que trabalhava no gabinete que fazia a selecção que me disse que só foram escolhidos os que não tinham qualquer tipo de relação com o estrangeiro”, recorda.
Seguiu-se uma perseguição no trabalho, buscas em casa, interrogatórios durante dias a fio pela suspeita de “conluio com estrangeiros contra a China”, e violência física e psicológica por parte dos próprios colegas de trabalho que estavam do lado político oposto.
Com a Revolução Cultural (1966-76) em marcha, Gary Ngai foi enviado para a província de Heilongjiang, perto da fronteira com a Rússia, notória pelos invernos rigorosos, com temperaturas que atingiam os 36 graus negativos, sendo transferido depois para Henan. No total foram aproximadamente quatro anos.
“Éramos vistos como pessoas que deixaram de ser de confiança. Os chineses ultramarinos tinham conexões com o exterior e, por isso, consideravam-nos ‘espiões imperialistas’”, diz hoje Gary Ngai entre risos, à distância de 50 anos.
Em 1972, com a histórica visita do Presidente dos Estados Unidos Richard Nixon à China, foi “chamado” a Pequim, voltando antes do que seria suposto, por causa da falta de especialistas em línguas estrangeiras.
Em 1979, mudou-se para Macau, onde continua radicado até hoje.

13 Mai 2016

Consulado quer Junho como mês de Portugal em Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s comemorações do 10 de Junho vão prolongar-se por várias semanas e o objectivo é fazer de “Junho o mês de Portugal” no território a partir deste ano, disse ontem o Cônsul-geral de Macau e Hong Kong. O Consulado e algumas entidades de matriz portuguesa no território apresentarão em breve ao Governo local a ideia da adopção “do conceito de Junho – o mês de Portugal” no território.
A ideia é fazer de Junho “um momento de mobilização efectiva” e conjunta de “vários agentes culturais, económicos e institucionais em torno da promoção de Portugal” em Macau “e das estreitíssimas relações de amizade” que unem Portugal ao território, afirmou o Cônsul.
Vítor Sereno defendeu que este será um contributo “de matriz portuguesa para a afirmação de Macau como centro irradiador de cultura” e “de criação artística” e que “está em plena consonância” com alguns objectivos estratégicos definidos pelas autoridades locais, como o da diversificação da economia.
“Queremos ajudar a essa diversificação”, sublinhou, dizendo que o conceito de “Junho – mês de Portugal” pode ser, por exemplo, “mais um chamariz” para visitantes de Macau.
Para as comemorações do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades deste ano em Macau, de 1 a 30 de Junho, juntaram-se ao Consulado de Portugal a Casa de Portugal em Macau, o Instituto Português do Oriente (IPOR), a Fundação Oriente, o Clube Militar e a Livraria Portuguesa de Macau. O programa é ainda patrocinado pelo BNU Macau.

Música, pintura e futebol

As actividades deste ano arrancam no dia 1 de Junho com a inauguração de uma exposição de pintura de Graça Morais no Clube Militar de Macau, com o título “Trás-os-Montes, terra mágica”. Ao longo do mês haverá outras três exposições: uma de cerâmica (no Consulado), outra de tapetes de Arraiolos (na residência consular) e uma outra de Natália Gromicho, na Fundação Oriente, onde a artista manterá uma residência artística e um ateliê aberto.
Entre as actividades que se sucedem ao longo do mês há ainda um concerto dos The Gift (no dia 2), um festival de gastronomia e vinhos de Portugal (no Clube Militar, de 3 a 13), uma “mostra do livro português” na Livraria Portuguesa, uma mostra de cinema português (de 11 a 13), a peça de teatro “Meu jantar com André” (dia 19, no teatro D. Pedro V) e a abertura do café do IPOR, durante a madrugada, para a transmissão em directo dos jogos da selecção portuguesa no Europeu de futebol.
No dia 10 de Junho, decorrerão as cerimónias institucionais habituais, que incluem o içar da bandeira portuguesa no Consulado e a deposição de flores na gruta de Camões. Pelo segundo ano consecutivo, a banda da PSP de Macau tocará o hino português na cerimónia do içar da bandeira.

12 Mai 2016

Momentos de descontracção: grafittis, WC & Wu Wei 亲密无间(为)

* por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]u Wei (无为, (literalmente “não-fazer”) é um importante conceito Taoista e significa acção natural, ou por outras palavras, acção que não implica qualquer luta ou esforço excessivo. Na cultura ocidental dos nossos dias, eminentemente competitiva, este conceito pode vir a ser muitíssimo útil e eu proponho que a noção exótica de Wu Wei passe a significar tout court “sucesso sem esforço”.
Ruth Benedict, pioneira da Antropologia, escreveu: “Ninguém olha para o mundo de forma despreconceituada. O que vemos é filtrado por um conjunto de tradições, instituições e maneiras de pensar.”
Posto isto gostaria de vos guiar numa visita a alguns graffitis que podem ser encontrados em urinóis chineses, para compreenderem o Wu Wei e como este conceito tem tudo a ver com as expressões de intimidade, fenómeno raramente observado na China.

Na China, em todas as casas de banho públicas existem cartazes a avisar que é proibido fumar. Mas o meu preferido foi escrito pela senhora que faz a limpeza de uma casa de banho masculina. Reza assim:
“Cavalheiros de bom coração, por favor não fumem no WC, OK? Esta irmãzinha pede [vos].” Por favor reparem no bonequinho de joelhos e a chorar, que está no canto.
E porque será que a maioria dos homens chineses adora fumar na casa de banho? Se partirmos do princípio que no Leste o que se passa na privacidade é considerado vergonhoso, escondendo e revelando simultaneamente essa mesma “vergonha” – e o equivalente da vergonha, penso eu, no Ocidente será o pecado – então o mistério resolve-se facilmente: funciona como um consolo que acompanha um momento de descontracção. Este momento desafia duas regras sociais ao mesmo tempo, a exigência de ser deixado em paz, porque a privacidade é praticamente algo nunca visto, e a insubordinação (fumar), sem que isso ponha realmente em causa a reputação de uma pessoa. E isto, apesar do ambiente (casa de banho) não ser propriamente propício a.… digamos, pensamentos poéticos.
A propósito lembrei-me que Sigmund Freud, cujo 160º aniversário do nascimento se celebra este mês, teria tido muito trabalho na minha terra natal. Na verdade, os estrangeiros podem dar-se conta destas “rebeliões” em todo o Império do Meio; são estas pequenas transgressões e consolos que as pessoas procuram que, paradoxalmente, mantêm o equilíbrio da sociedade chinesa, como cuspir para o chão e atravessar a rua onde não se pode. Muitas pessoas (decentes) o fazem, mas ninguém pensa nisso com um comportamento anti-social, excepto, talvez, Lee Kuan Yew, natural de Singapura, mas que estudou em Cambridge, no Reino Unido!
Os avisos que se encontram nas casas de banho públicas em toda a China são uma amostra dos consideráveis esforços desenvolvidos pelo Governo para incentivar os cidadãos a comportarem-se em sintonia com as grandiosas aspirações do País, enquanto super-potência emergente. Hoje em dia na China, em todos os centros urbanos, estão a ser implementadas novas formas de comportamento, através de um projecto patrocinado pelo Governo, que tem como objectivo a criação de “Cidades Civilizadas” (文明城市). A responsabilidade de orientar este “nobre anseio civilizacional” fica sob a alçada do Comité Central para a Civilização, em colaboração com o Departamento de Propaganda. A finalidade deste programa é a construção de uma consciência cultural que complemente a visão do antigo Presidente Hu Jintao de uma “Sociedade Harmoniosa” (和谐社会), a súmula teológica da ideologia do “Desenvolvimento Científico” (科学发展观).

向前一小步/ 文明一大步
Um pequeno passo para um homem/Um salto gigantesco para a Humanidade

Na verdade, o que diz literalmente, é: um pequeno passo em frente (em prol de) um grande passo (em frente) até à civilização. Podemos ver este slogan em diversos urinóis ao longo de toda a China continental.
Por isso se chegar a ser convidado para uma casa chinesa, quando estiver de visita ao País, não deixe de ver a casa de banho. É a expressão máxima do Wu Wei chinês – “Tentar Não Tentar” – a derradeira forma da intimidade chinesa. Juro-vos que passarão a compreender muito melhor o País e o seu povo e a estar preparados para desculpar os seus defeitos mais facilmente, ou então para esquecê-los de todo. Mas por favor partilhem comigo as vossas descobertas, gentis leitores!

E finalmente, para vocês, um conselho sábio:
Ilu3

11 Mai 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 12 – Ele

*por José Drummond

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap], de repente, o tempo pára. Porque estás aqui? O que aconteceu? Porque me perguntas se te vou magoar? Porque me perguntas isso quando esse tipo de coisa não pode ser previsto? Quando provavelmente vou-te magoar. Porque é isso que acontece com as pessoas. As pessoas magoam-se quando se tornam mais íntimas. Porque me preocupo? Tu ficaste mais brilhante e bonita. Será a maravilha da idade? Porque tenho este apetite? Porque se tornou mais agudo?
Perguntas-me porque tinham as coisas corrido mal com aquela que toda a gente julgou ser a mulher da minha vida. E eu não te soube responder. Porque queres saber isso? O que importa? Quando me perguntaste eu pensei que foi porque eu deveria ter sido mais aberto e compreensivo com ela. Eu deveria ter correspondido os sentimentos dela e deveria ter sabido como a manter sempre interessada em mim. Quando me perguntaste eu pensei que a única coisa que ela queria era ser amada, e aceite incondicionalmente. Ser consolada por alguém. Por alguém como eu. Alguém que fizesse sentido. E eu fazia sentido. Ou fiz sentido mesmo que apenas por um momento. Mas o meu instinto de destruição fez evaporar tudo é todo o sentido já não existia.

Porque estás aqui? Neste quarto? Comigo? Porque me deixei levar? Não é para lhe fazer ciúme. Não gosto de usar o ciúme como arma. Porque estás aqui quando eu não consigo falar sobre alguém que amo com alguém como tu? Porque estás aqui? Começo lentamente a odiar-te e pergunto-me por que a deixei ir. Estou a falar sério. Tu és um erro. Um erro que provavelmente me vou arrepender pelo resto da minha vida. Para com isto! Não te mexas. Deixa-me agarrar-te pelos ombros e sacudir-te. Estremeces convulsivamente e vomitas. Comias de novo. Algo amarelo. Colocas as mãos no rosto e choras em voz alta.
Porque se recusou ela a ouvir-me. Bastou apenas uma semana estudo se estragou. Tudo teve de ser terminado. Podia dizer-te que ela teve um aborto espontâneo. E que foi essa a razão. Podia dizer-te que a causa foi o choque emocional da solidão. Podia dizer-te que ela permaneceu na cama dias e dias, e que o seu cabelo macio fiou sujo e que tudo parecia diluído, incolor. Podia dizer-te que está tudo enterrado no passado. Que a relação de duas vidas foi arquivada, que esse arquivo foi enterrado na escuridão.
Provavelmente não estarias aqui se eu não tivesse saído naquela noite. E em todas as noites depois. E me tivesse sentado sempre no mesmo banco do bar. E se tu não mendigasses servido sempre. Até nós poderíamos ter conhecido de modo diferente. Poderíamos ter ido a um lugar diferente.

Mas a verdade é que são quase quatro horas da manhã, e imagino que ela descobre que já não suporta ficar sozinha no nosso apartamento. Que calça um par de sandálias e sai, sem rumo, pelas ruas da dor, vestindo apenas shorts e um top. Imagino que alguém lhe grita. Que ela está no meio da estrada, mas que continua a andar para a frente. Que anda e anda sem destino até que fica com sede. Que pára numa loja de conveniência, e, que repentinamente tudo se torna laranja, como se a luz florescente se tivesse tornado num receptor das suas emoções. Um sinal que ela pressente e agarra e quer seguir. Porque a deixa interpretar as emoções. Imagino que ela entra como que atraída pela luz que mudou de tom para um rosa pálido. Que depois de minutos e minutos de indecisão resolve comprar aquilo que, por ela nunca beberia, mas que seria aquilo que eu beberia nas minhas isoladas deambulações nocturnas. Imagino que sai com uma garrafa grande de cerveja Tsingtao. Que tenta imaginar-me à porta da loja e, na sua cabeça, imito-me bebendo rapidamente por entre um cigarro toda a garrafa. Imagino-a a deambular e a esconder-se dos olhares das pessoas. E que volta para o apartamento. E que continua a chorar. Eu amei-a. Amei-a mais do que percebi na altura. Hoje sei que ela queria tocar. Hoje sei que deveria tê-la deixado tocar-me, em qualquer lugar que quisesse, tanto quanto quisesse. Imagino tudo isto mas não te digo nada.
Porque quando me perguntas porque tinham as coisas corrido mal com ela e eu não te soube responder eu pensei em tudo isto e não poderia nunca contar. O que estás aqui a fazer? Perguntas-me se te vou magoar? Apetece-me dizer-te que as pessoas que te conseguem magoar, aquelas que te magoam mesmos, são aquelas que estão perto de ti o suficiente para o fazerem. São aquelas te entram no coração e que o rasgam. São aquelas que te fazem sentir que nunca vais recuperar. Isso não acontece muitas vezes. Apetece-me dizer-te que se alguma vez tiveres para te agarrares com todo o teu corpo e coração porque não existem muitas pessoas que consigam viver no nosso coração dessa forma e que a maior parte das vezes o coração cresce frio e indiferente. Mas não digo nada. Irritas-me. Dou-te palmadas no rabo até começares a ficar com a pele vermelha. Chupa, digo com um rosnado, e puxo os teus lábios quentes contra o meu pénis. Irritas-me. Mas dás-me tusa.

11 Mai 2016

Festival de Artes | Espectáculos de todos e para todos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Festival de Artes de Macau (FAM) soma e segue com mais espectáculos dedicados a Shakespeare, ópera, teatro e dança.
De 12 a 15 a Praça Jorge Álvares é palco de um espectáculo de entrada livre dedicado a Shakespeare. A companhia espanhola Teatro Laitrum vem com “Micro-Shakespeare”, numa produção em que condensa cada uma das obras do dramaturgo em cinco peças de oito minutos que contam com interactividade com o público. O espectáculo entra em palco dias 12 e 13 às 12h30 e 14 e 15 às 15h00.
Na Casa do Mandarim, no mesmo dia pelas 15h00 e 20h00, a Trupe de Ópera Yue Zhejiang Xiaobaihua, do interior da China, volta a subir ao palco, desta feita com excertos de “O Pavilhão das Peónias”. Este é um dos Quatro Grandes Dramas Clássicos Chineses em que, através dos sonhos e da morte é narrado um drama de amor, desta que também é considerada a mais famosa peça Tang.
Os dias que vão de 13 a 15 de Maio continuam com Shakespeare também em formato condensado, com a Godot Art Association a apresentar “As Obras Completas de William Shakespeare (Resumidas)”, sempre às 20h00. Segundo a organização é uma interpretação feita a três em que as obras são interpretadas através de vários meios, entre os quais o canto, a esgrima o malabarismo ou a magia.
Jerome Bel vem de França com o Teatro HORA da Suíça para apresentar “Disabled Theater” também de 13 a 15 no Edifício do Antigo Tribunal, em que os primeiros dois dias contam com sessão às 20h00 e no domingo às 15h00. Sendo do interesse do coreógrafo francês o que fica para além da representação, em Disabled Theater, Jerome Bell conta com a companhia suíça que trabalha com actores com deficiência de modo a “lançar luz sobre a dinâmica da exclusão”. Para tal expõe antes a sua capacidade em questionar os mecanismos de representação, sendo que a peça levanta questões relativas à representação da deficiência no domínio público num espectáculo “honesto e altamente provocador”, adianta a organização.
Domingo às 20h00 no Centro Cultural é também altura de dança com 6&7 pela companhia vinda do interior da China Tao Dance Theater. Descrito pela New York Times como “extraordinário e atraente” a companhia do coreógrafo Tao Ye promete fazer os encantos dos apreciadores do espectáculo do movimento.
Os preços dos bilhetes são diversos.

Exposição incluída

A Exposição Anual de Artes Visuais de Macau 2016, iniciativa promovida anualmente pelo Instituto Cultural (IC) que integra o FAM, será inaugurada a 13 de Maio pelas 18h00 no Edifício do Antigo Tribunal. Esta é uma iniciativa que pretende promover o desenvolvimento nesta área bem como encorajar e cultivar o talento e a inovação local. Desde 2013 que a exposição é dividida em duas categorias, nomeadamente “Pintura e Caligrafia Chinesa” e “ Meios de expressão Ocidentais”. Este ano é mais um evento dedicado à expressão ocidental e inclui trabalhos de pintura, fotografia, gravura, cerâmica escultura, meios de expressão mistos, instalações e vídeo. A organização recebeu cerca de 361 obras candidatas ao evento das quais o júri, composto por cinco artistas provindos de diferentes áreas, seleccionou 83. A organização adianta que nas dez melhores obras estão “Série Árvores Pessoa” de Lee On Yee; “Estaleiro de Coloane” de Sam Pak Fai; “Camisola de Malha” de Wu Hin Long; “Séries 1 e 2 – Criaturas” de Cheong Hang Fong; “Refúgio para Todos” de Leong Wai Lap; “Biombo” de Chan Un Man; “Cidade em Mudança” de Chan Hin Io; “Ruínas de S. Paulo n.º 1” de Mak Kuong Weng; “Shushan 02” de Ieong Man Pan; e “Transversal” de Cai Yi Lang.

11 Mai 2016

USJ | A arte nos sons do quotidiano

“Compor com paisagens sonoras – Capturar e analisar o som urbano para uma interpretação musical crua” é o nome da palestra que terá lugar no auditório da Universidade S. José a 20 de Maio às 18h30.
Promovida pela Faculdade das Indústrias Criativas desta instituição, a palestra é presidida por José Alberto Gomes e pretende abordar a importância do som ambiente na cultura contemporânea, representado para o orador também a sua “imagem”. Será aqui apresentado o projecto de pesquisa de José Alberto Gomes, que terá surgido do desejo em encontrar paisagens sonoras como fonte de projectos artísticos usando para tal o estudo da captura e catalogação dos sons que nos rodeiam bem como a sua descrição ecológica. Tendo como foco principal o uso dos mesmos, a proposta é a reinterpretação artística do material sonoro e a sua influencia no quotidiano.
José Alberto Gomes é formado em Composição pela Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do Porto e tem desenvolvido trabalho e investigação na área das possibilidades sonoras. Dedicado ao estudo da tecnologia musical e da sua aplicação ao teatro, filmes ou instalações, o autor nutre de um interesse especial na busca de novas formas e lugares no mundo do som. A entrada é livre.

11 Mai 2016

Acordo para coordenar aviação no Delta

A Autoridade de Aviação Civil de Macau assinou ontem um acordo sobre o reforço da cooperação na gestão do tráfego aéreo na Região do Delta do Rio das Pérolas com as suas congéneres da China continental e de Hong Kong. O acordo, intitulado “Planeamento e Implementação da Gestão do Tráfego Aéreo na Região do Delta do Rio das Pérolas” foi formulado com o objectivo de estabelecer progressivamente uma estrutura racional do espaço aéreo, com instalações que são garantidas como suficientes. A cerimónia, realizada em Hong Kong, reuniu as três partes que concordaram ainda em passar a realizar reuniões regulares e estreitarem os vasos comunicantes para a coordenação do tráfego aéreo na região. Da reunião saiu ainda que uma delegação da Administração da Aviação Civil da China, liderada pelo seu administrador adjunto, Wang Zhiqing, irá visitar Macau entre os dias 12 e 14 de Maio, para um encontro com o Chefe do Executivo.

10 Mai 2016

Parquímetros geram 300 queixas por dia

A Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT) confirmou que os parquímetros públicos de Macau não funcionaram normalmente ontem devido à insuficiência do fornecimento de electricidade e ao facto das caixas de moedas estarem cheias. Os parquímetros passaram a ser geridos pela Sociedade de Administração de Parques Foieng há mais de uma semana, sendo que a empresa afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que todos os dias recebe 300 a 400 queixas ou consultas sobre o mau funcionamento dos parquímetros.

10 Mai 2016

Funcionário público reformado suspeito de abusar da filha

O canal chinês da Rádio Macau noticiou ontem que um funcionário público já reformado, de 63 anos, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) sendo suspeito de abusar sexualmente da sua filha de quatro anos. O crime terá sido cometido cinco vezes. A mãe da vítima revelou este caso no passado dia 5. A criança deveria ter sido levada a casa pela empregada do centro de explicações onde se encontrava, mas o seu pai acabou por ficar com a filha no mesmo dia até às 21h00. Mais tarde a mãe acabaria por questionar a filha, que confessou que o pai a tinha violado nas escadas do prédio onde residem. O suspeito negou todas as acusações.

10 Mai 2016