Hoje Macau China / ÁsiaEmpresas chinesas querem porto português para canalizar mercadorias para a Europa O embaixador da China em Portugal disse na quarta-feira que o Governo chinês está a estimular as empresas de transporte marítimo chinesas a encontrarem um porto em Portugal para canalizarem mercadorias para o mercado da União Europeia (UE). “Portugal é porta de entrada para a Europa e oceano Atlântico. A cooperação pode ser reforçada na área das infraestruturas. Nesta estratégia há vários projetos importantes”, disse Cai Run, numa referência à iniciativa estratégica “Uma Faixa, uma Rota” lançada por Pequim em 2013 e dirigida à Europa. “Estamos a estimular as empresas de transporte marítimo a encontrarem um porto em Portugal, como um foco para a distribuição de mercadorias para o mercado da UE. Muitas empresas portuguesas também estão a procurar novos canais para a exportação dos seus produtos para a China”, assinalou Cai Run. Durante o debate, o embaixador chinês destacou as “profundas relações pragmáticas em todos os âmbitos” entre os dois países, quando se celebra “o início da segunda década do estabelecimento da parceria estratégica global sino-portuguesa”. 7 mil milhões e a subir Cai Run recordou que o comércio entre os dois países “cresceu 8,58% em 2015 face ao ano anterior” e revelou que Portugal já recebeu “mais de sete mil milhões de euros de investimento chinês, o quinto maior destino de investimento chinês na Europa”, para além de o investimento português na China também registar um “desenvolvimento estável”. O diplomata sublinhou que a iniciativa estratégica “Uma Faixa, uma Rota” vai ser reforçada, com mais de 70 países interessados em participar no projeto. “Portugal é um dos 57 membros fundadores do Banco asiático de investimento em infraestruturas, o objetivo é interligar o plano de investimento da União Europeia à iniciativa ‘Uma Faixa, uma Rota’”, disse. A “cooperação trilateral” entre a China, Portugal e países lusófonos foi também salientada pelo representante de Pequim, nomeadamente a importância da 5ª conferência ministerial do Fórum Macau, que se realiza este ano na Região Administrativa Especial chinesa e que vai juntar a China e os países de língua portuguesa em contactos oficiais e empresariais. O embaixador também vaticinou um reforço da cooperação empresarial bilateral na área ciência e inovação, e prognosticou a “tecnologia científica” como “ponto de crescimento” na futura cooperação bilateral. “As empresas [estatais chinesas] ‘Three Gorges’ e ‘State Grid’ já estabeleceram um centro de investigação conjunta com os parceiros EDP e REN”, recordou a propósito. O que a China quer No início da intervenção, e numa referência ao “desenvolvimento da China”, Cai Run tinha enunciado alguns dos objectivos da liderança de Pequim: Garantir até 2010 uma sociedade “confortável” para os 1,3 mil milhões de chineses, e “aprofundar as reformas nas áreas política, social, cultural, e na construção do próprio Partido Comunista Chinês, incluindo intensificar a reforma estrutural no lado da oferta, assegurando um crescimento económico médio-alto”. De acordo com o embaixador, em 2015 a economia chinesa teve um crescimento de 6,9% e pela primeira vez o sector dos serviços representou metade do PIB, atingindo 50,5%. Informou ainda que o consumo contribuiu 66,4% para o crescimento económico na China, “tornando-se pela primeira vez o maior dos três motores de crescimento, à frente do investimento e exportação”, num país que “deu um contributo de 25%” para a economia global. Cai Run admitiu que o seu país ainda tem um “logo caminho” pela frente: “A nossa meta é que até 2020 o PIB e o rendimento ‘per capita’ dupliquem em relação ao 2010”.
Hoje Macau EventosMacau celebra Dia Internacional do Jazz Martin Luther King Jr. terá dito que o “jazz expressa a vida” e é sob este mote que a Unesco terá criado o Dia Internacional dedicado a este estilo musical. Macau junta-se à celebração com uma programação que convida todos a comemorar o Jazz no mundo O Dia Internacional de Jazz é comemorado a 30 de Abril desde 2012, mas as celebrações vão começar mais cedo em Macau. A Associação para a Promoção do Jazz de Macau apresenta hoje, na Casa Garden, pelas 20h00, um concerto que conta com Zé Eduardo – músico, compositor e pedagogo português. Destacado também pelo seu papel no que respeita à divulgação e promoção deste estilo musical através da criação de escolas e orquestras, Zé Eduardo tem como pontos altos da sua carreira, entre outros, o convite em 2007 para dirigir o European Movement Jazz Orchestra aquando da Presidência Portuguesa na UE. Já tocou também com Mário Laginha, Maria João ou o falecido Bernardo Sassetti e tem um projecto que junta três contrabaixos, onde se alia a Carlos Barretto e Carlos Bica. Ainda em 1988 entrou para o Guinness Book of Records, com a ajuda de outros músicos, estabelecendo o recorde de 24 horas consecutivas a tocar o blues mais longo, num tema da sua autoria. Já a dia 30, também na Casa Garden e numa iniciativa da Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC), tem lugar um workshop de canto a cargo da croata Ines Trickovic. Segundo José Duarte, membro da Associação, o workshop vai “directamente ao encontro de um dos grandes objectivos deste dia, comportando o lado pedagógico do evento”. Acontece às 14h00, antes do concerto de jazz da banda japonesa T-Trip, que é apontada por José Duarte como uma referência do que se faz neste momento no país do sol nascente e que está marcado para as 21h30. O convite é feito para que os interessados que possam e o desejem venham um pouco antes do horário do concerto e assistam em vídeo à comemoração deste dia no ano passado, em Istambul. Todos os anos o Dia Internacional do Jazz tem um local que funciona como “centro”, sendo que este ano é em Washington e conta com a presença de Barak Obama. A noite acaba com o convite para uma ‘jam session’, que está marcada para as 23h00. Já o Clube de Jazz de Macau organiza o concerto dos “Souling”, banda de Zhuhai que, segundo o presidente José Luís Sales Marques demonstra o jazz que também se faz na China. A banda é constituída por Kenny Du na guitarra, Anselmo Luisi na bateria e Katrina Lau na voz, estando também agendada a presença do músico local e professor de guitarra Lobo Ip, mas agora enquanto DJ. O local deste espectáculo ainda não está definido sendo que num primeiro momento foi agendado para o Espaço Fantasia 10. O Dia Internacional do Jazz foi criado pela UNESCO, que pretende lembrar a importância deste género musical, bem como o seu contributo na promoção de diferentes culturas e na luta pela liberdade. Jazz, Macau e associações Promoção conjunta pelo mesmo estilo de música A RAEM conta neste momento com cerca de três associações cujo intuito é a promoção do Jazz. Depois do Clube de Jazz de Macau, associação pioneira na promoção deste estilo musical, aparece a Associação para a Promoção do Jazz de Macau. Mars Lei, membro da mesma, diz ao HM que a natureza desta Associação é tida na perspectiva dos músicos, ao invés de se destinar aos amantes do estilo, como os clubes. Relativamente à universalidade do estilo e em contraponto com a sua criação na China, Mars Lei refere que o jazz não é efectivamente um estilo chinês sendo que agora, dada a sua universalidade, se espalha muito pelo mundo. Salienta também o jazz japonês e o seu estilo próprio de criação. “É como o chá e o café, que apesar de serem já internacionais, são distintos nas várias partes do mundo”. A Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC) afirma-se como uma associação que pretende, mais do que divulgar o jazz, promover actividades ligadas à cultura em vários sentidos. José Duarte, membro do grupo, refere que estão agora a ser dados os primeiros passos, salientando que o próximo ano já tem previsto um plano mais ambicioso. José Duarte refere ainda que “a Ásia é hoje uma área onde existe uma grande actividade na área do jazz” e distingue o género como “uma forma musical capaz de estimular o diálogo entre os músicos, tendo nele uma mensagem de liberdade criatividade e tolerância”. Diferente de outros géneros, o jazz contém elementos de improvisação e diálogo únicos.
Hoje Macau Eventos MancheteDocumentários | Festival arranca hoje na Cinemateca Paixão Este fim-de-semana marca o início do Festival Internacional de Cinema Documental de Macau, que conta no arranque com o trabalho da local Tracy Choi e três projecções de origem portuguesa [dropcap]T[/dropcap]em início hoje, na Cinemateca Paixão, o Festival Internacional de Cinema Documental de Macau (FICDM), com a exibição de “Taste of Youth” de King Wai Cheung, às 20h00. O filme aborda o inevitável conflito geracional em que os desejos de auto-conhecimento e descoberta, característicos da juventude, são confrontados pela ânsia dos pais de que os seus filhos encontrem estabilidade na sociedade, através da vida dos jovens de Hong Kong. King Wai Cheung, realizador premiado, chama a atenção para esta geração tripla em que a X é detentora das preocupações materiais e a Y e Z priorizam a espiritualidade. Domingo dá-se destaque a documentários portugueses com a exibição dos filmes “(Be) Longing”, “Night Without Distance” e Three Weeks in December”, todos com projecção marcada para as 16h30. “(Be) Longing”, uma co-produção entre Portugal, Suíça e França, conta com a realização de João Pedro Plácido e aborda a vida de uma aldeia remota de seu nome Uz, situada nas montanhas do norte de Portugal. Aqui, vive um grupo de cerca de 50 pessoas que reúne quatro gerações e a vida depende da solidariedade interna, sendo que outras dificuldades sentidas são colocadas nas mãos de Deus. Poderiam ter emigrado como tantos outros, mas escolheram antes continuar a viver longe da confusão da modernidade e preservar um estilo de vida já por muitos esquecido. “Night Without Distance” do português Lois Patino aborda a vida dos contrabandistas por entre as montanhas do Gerês no norte de Portugal e a Galiza espanhola. São as rochas, o rio e as árvores que testemunham silenciosamente o negócio, enquanto ajudam os seus actores quando se escondem. A eles, só cabe esperar pela noite para atravessar a distância que separa os dois países. Laura Gonçalves realiza “Three weeks in December”, que conta a história pessoal da formação de laços familiares tendo como referência o seu caderno de esboços pessoal e como conteúdo a sua família. É um filme realizado em formato “diário” que revela uma série de situações e acontecimentos que fazem parte da cultura portuguesa aquando das tradições natalícias em Belmonte, terra natal da realizadora. Estas projecções repetem-se a 28 de Abril à mesma hora. Ainda no domingo, a Cinemateca Paixão exibe às 14h30 “Trucker and the Fox” e às 19h30 “The Look of Silence”. O primeiro vem do Irão e conta com a realização de Arash Lahooti, versando na história de vida do camionista e realizador amador Mahmoud Kiana Falavarjani, que protagoniza as suas produções com animais. Após passar algum tempo internado num hospital psiquiátrico devido ao estado maníaco-depressivo depois da morte de uma raposa, seu animal de estimação e estrela dos seus filmes, Mahmoud recomeça a sua vida à volta de um novo projecto protagonizado pela história de amor de um burro. Será também exibido no domingo, pelas 14h00. O segundo, “The Look of Silence”, é uma co-produção entre Indonésia, Dinamarca e Reino Unido com a realização de Joshua Oppenheimer, em que o realizador segue as pegadas dos perpetradores do genocídio indonésio de 1965. O documentário incide num optometrista de seu nome Adi que decide romper com o sufoco da submissão e terror fazendo o inimaginável dentro de uma sociedade dominada por assassinos. “Sister Kim” é exibido na segunda-feira, às 16h30. Uma realização de Lo Chun Yip de Hong Kong, em que a “irmã Kim”, por detrás da Rua Portland em Mongkok, além dos cafés “artsy” e da música francesa que se vai ouvindo, vive num mundo completamente diferente. Trabalha dia e noite a lavar pratos e é uma das muitas vidas que assim sobrevivem em Hong Kong. À mesma hora há também “I’m here” da local Tracy Choi, e “32+4”, de Chan Hau Chun. No primeiro é abordada a homossexualidade e são focados neste filme os constrangimentos diários de quem vive em cidades pequenas. O segundo retrata a história verídica do realizador, que cresceu separado da família e pouco sabe da sua história. Trauma, tristeza e intrigas num documentário pessoal. O Festival decorre até 1 de Maio.
Hoje Macau Eventos MancheteTashi Norbu, pintor: “O meu trabalho não é político, é cultura” Tashi Norbu é um dos artistas presentes na exposição “Tibete Revelado”, que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN. Nascido exilado no Butão e de ascendência tibetana, Norbu fala do seu percurso e da arte que pretende fazer o upgrade dos tradicionais thangka, uma linguagem universal [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odas as carreiras têm um início. Como é que foi no seu caso o começo do gosto pela pintura? Nasci no exílio. Os meus pais foram para o Butão ainda eram crianças, com os meu avós. Nasci no Butão em 1974. Desde criança que sempre gostei de ver quadros e de desenhar. Há poucos anos reencontrei uma prima minha do Butão que me disse que eu mesmo a dormir sonhava e mexia as mãos como se estivesse a desenhar. Já desenhava a sonhar. Lembro-me também que passava o tempo a desenhar no chão, não havia livros de desenho ou de esboços e os cadernos que existiam era para escrever documentos e coisas importantes. Por isso, eu só tinha o chão para desenhar. Foi também nessa altura que o meu avô me disse que eu iria tornar-me um “Lhabri”, que quer dizer um pintor Thangka, ou pintor de Deus, e isso foi uma grande inspiração para mim. Na altura, fiquei surpreendido porque não sabia grande coisa do que era Arte e ainda hoje acho que esta foi uma situação que me inspirou para o futuro. E como é que começou efectivamente a aprendizagem? Depois do Butão fui para a Índia, para uma para uma escola normal tibetana, que também está na origem de ter feito o livro que lancei recentemente. De onde venho no Butão – e depois na Índia – não havia nenhuma arte contemporânea, lembro-me de ver a arte tradicional que se fazia e que era, para mim, tão aborrecida que não conseguia sequer ver o Buda. Lembro-me que um dia espreitei para o salão onde estavam os pintores e não conseguia ver nada, eram demasiadas coisas, não era inspirador, para mim. Não havia lá nada. Nesta escola havia também um professor de desenho que só nos pedia para desenhar pássaros e coisas do género, para mim não havia nada naquilo. Aprendia mais até por mim, sentava-me e desenhava sem parar, aqui já em papel. Mais tarde entrei para o liceu, mas continuava sem inspiração exterior, tudo o que fazia vinha de mim. Depois comecei a desenhar na escola. Estava num dormitório e comecei a pintar as paredes de lá e a fazer outros desenhos. As pessoas começaram a querer os meus desenhos e mais tarde já me davam comida e outras coisas em troca deles. Digamos que viver como artista terá começado no liceu, o que foi muito engraçado. Depois também tinha o hábito de fazer retratos e toda a gente mos pedia. Mas o estudo de Artes mesmo é devido efectivamente à directora da escola onde andava que foi a primeira mulher a ser directora de uma escola tibetana. Era uma pessoa muito moderna, tendo sido convidada pelo Dalai Lama para trabalhar com ele. Mas ela gostava era de crianças e de ensinar, vindo a ser responsável pelo funcionamento de várias escolas naquela região. Esta directora foi uma influência muito importante para mim e foi ela que me quis mandar para uma escola de Arte na Índia. A ideia no início não me agradou, porque queria era estudar arte ocidental e não era possível ter aceder a ela na Índia. Já tinha então contacto com a arte ocidental… Sim, tinha. Quando andava no liceu tinha conseguido arranjar uma pequena colecção de livros que se chamava “Grandes artistas” e que era referente aos artistas ocidentais da Renascença como Miguel Ângelo, e era o trabalho deles a minha maior inspiração. Na arte do Renascimento o corpo tem movimento. Não era grande adepto de Van Gogh, Cézanne ou Monet, para mim era aborrecido. Gostava mesmo era da arte figurativa dos renascentistas, especialmente de Miguel Ângelo e de Da Vinci. Por exemplo, nos meus “Monges Voadores” (pintura em exposição) penso que se percebe bem a influência desses artistas. A pintura thangka para mim também era uma pintura parada, sem movimento, e eu queria era movimento. Estes artistas renovaram a arte antiga e eu queria fazer o mesmo com os thangkas tradicionais tibetanos. Sair do ouro e do detalhe e fazer o upgrade. Tashi Norbu por Sofia Mota Mas a sua formação também passou pelos thangka… Sim, a directora da minha escola acabou mesmo por me enviar para uma escola de arte na Índia. No início, não queria ir porque já tinha a minha inspiração da pequena colecção que possuía e pensei, sendo esses artistas da Europa, seria para aí que eu deveria ir, para a fonte da minha inspiração. Mas depois pensei que os thangka só existem no Tibete e também na Índia e foi quando achei que poderia ser uma oportunidade de estudar essa arte e foi isso que fiz. E acabou por ser a melhor coisa que fiz na minha vida. Porquê? O que foi que o fez mudar de opinião? Depois do liceu fui então para a Escola de Arte de Dharamsala onde aprendi com um grande mestre thangka, que tinha vindo recentemente do Tibete e que era recomendado pelo próprio Dalai Lama. O seu nome era Ven Sangye Yeshi e ter estudado com ele foi muito positivo durante os cerca de sete anos que essa aprendizagem durou. Foi engraçado eu ter ido estudar Artes porque todos os meus colegas ingressaram na universidade e eu fui para uma escola de pintura e eles riam-se de mim. Na Índia, só se vai aprender Arte se não se for bom para mais nada. Eles pensavam que eu tinha sido um fracasso. Mas não, foi uma escolha minha e foi muito difícil, porque os nossos pais também esperam que sigamos outro tipo de carreiras. Após os sete anos em que estudei arte tibetana, fui para a Bélgica onde estudei arte ocidental. Depois disso, fiquei na Holanda, onde desenvolvi a minha carreira e onde também resido. Aqueles anos que passei na Índia a aprender thangka foram realmente a melhor parte da minha carreira porque há milhões de pessoas a pintar arte ocidental, mas eu era o único que também sabia a arte thangka. E por causa disso, podia combinar ambas e, se não tivesse sido nessa altura, nunca mais poderia ter tanto tempo para a aprender, o que foi óptimo. Como é para si juntar a arte tradicional com a arte ocidental? Os meus estudos ocidentais são talvez os meios que encontrei para falar ao mundo. Com essa linguagem contemporânea utilizo uma forma de comunicar que se entende e o que eu coloco no interior são motivos tibetanos, mais precisamente no que respeita ao desenho ou à cor, ou padrão. Então, estes juntos conseguem comunicar com o mundo. O budismo tibetano neste momento é muito popular em todo o lado, especialmente no sentido em que é uma filosofia que pode ser considerada benéfica para o mundo. É uma filosofia altamente académica que quer servir o mundo inteiro cujas imagens são representadas pela pintura thangka. Eu estudei isso e, então, de alguma forma, também pretendo trazer essa parte artística da teoria budista que muitos não vêem. E quero trazer isto através da minha arte contemporânea, o que faz com que me sinta uma espécie de artista do Renascimento entre os tibetanos. Acho que sou um romântico, no fundo. O que pensa então acerca do conhecimento do mundo sobre a arte no Tibete? A arte tibetana é essencialmente a pintura thangka, feita nos últimos 2000 anos, o que significa que falar de arte contemporânea do Tibete ou thangka, neste sentido, é o mesmo. Penso que o início da arte tibetana contemporânea está a acontecer agora que está a chegar ao mundo. No mundo da Arte em termos gerais, o próximo tópico de discussão será mesmo a arte do Tibete. Nos últimos anos já se sente que as pessoas fazem muita perguntas e isso faz com que eu também esteja mais ciente do meu papel. Neste momento continuo a estudar muito, não é que puxe o assunto da arte do Tibete, mas o mundo procura-o e precisa dele e penso que este será o maior tópico na arte nos próximos cinco a dez anos. Não só por causa do talento artístico mas devido a toda a filosofia que está por detrás dele. Enquanto que outras artes antigas já são exploradas no mundo, como a japonesa ou a coreana que também já passaram por transformações recentes, a nossa ainda continua antiga e ao mesmo tempo muito nova e desconhecida no mundo. Um novo diferente que também está a ser criado e que virá brevemente ao conhecimento geral. Sente que tem um papel nessa história? Se calhar sim. Por exemplo, convivo com cerca de dez ou 12 artistas do Tibete que também levam essa arte ao mundo, o que para mim é muito, mas que para o mundo são muito poucos. Acho que de alguma forma temos muita sorte por isso, mas por outro lado temos que ter muito cuidado na forma como lidamos com isso. Eu e os meus amigos tibetanos discutimos frequentemente este assunto, o que dizer e como. O Tibete é a fonte da sua arte. Já teve oportunidade de o conhecer? Nunca lá fui, mas gostava muito. Não sei como é o Tibete. É a primeira vez que mostra o seu trabalho na China. O que representa para si? Acho que pode ser um bom começo. O meu trabalho não é político, é cultura. Sendo eu tibetano não poderia pintar de outra forma. Infelizmente ser tibetano muitas vezes já implica política. E acho que é muito bom estar a expor em solo chinês, enquanto artista exilado que veio de tão longe para mostrar o seu trabalho. As pessoas na China percebem o meu trabalho. Projectos futuros? Neste momento [estou focado] no livro que lancei recentemente que contém imagens de trabalhos meus dos últimos anos e que quero utilizar para ajudar no desenvolvimento da educação artística, essencialmente na Índia. É um livro que irei distribuir em todas as escola tibetanas e imprimimos cerca de sete mil para distribuir em todo o mundo. Não tive esta inspiração quando estudava, por isso vou fazer isso pelos que estão agora a estudar e sinto-me muito orgulhoso com isso. Em Setembro, Outubro e Novembro vou andar a dar palestras nas escolas tibetanas acerca de arte contemporânea.
Hoje Macau EventosTibete | Mestre thangka pela primeira vez na RAEM A primeira saída do mestre da arte thangka Liben Tashi do Tibete é para marcar presença na exposição “Tibete Revelado” em Macau, que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN. Perante a “surpresa e a alegria”, Tashi salienta o orgulho e importância do seu trabalho enquanto forma de divulgação das especificidades que o compõem [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]iben Tashi é um mestre da arte tradicional dos thangka tibetanos e está em Macau, naquela que é a primeira vez em que sai do Tibete. Chega ao território para apresentar os seus trabalhos na exposição “Tibete Revelado” que inaugura amanhã na Galeria iAOHiN, pelas 18h00. O artista de 29 anos começou a sua aprendizagem quando tinha 13 – idade tibetana, que, como disse ao HM, seriam os 12 na contagem tradicional, uma vez que no Tibete no momento da nascença já se tem um ano. Nesta altura, e ao contrário dos seus contemporâneos, foi aprender com um mestre desta arte que não era um monge, mas sim um local de Rebgong, onde Tashi agora vive e desenvolve o seu trabalho. A sua dedicação aos thangka vem do amor pela cultura tibetana e pela sua comunidade, ao mesmo tempo que representa uma forma de sobrevivência. Sendo a primeira vez que está fora da região, o artista menciona que ainda não teve tempo de detalhar as diferenças mais do que de forma geral e apontando a arquitectura ou o movimento das ruas como algumas delas. Ter a sua arte fora do Tibete não é novidade, visto os seus trabalhos já terem sido expostos várias vezes pelo mundo. Novidade é Tashi poder estar presente visto ser uma oportunidade para que o artista possa conviver com outras perspectivas e outros colegas e assim partilhar experiências e conhecimentos, concretizando um momento muito especial, como confessa ao HM. Perpetuar conhecimento Acerca do papel da arte tibetana, o artista aponta a necessidade de a manter viva, sendo da maior importância este tipo de divulgação bem como o sucesso que com ela se tem registado. Alerta que neste momento há muitas minorias culturais no Tibete a morrer, sendo que esta exposição e este tipo de divulgação crescente representam uma forma de protecção da cultura tibetana no geral por possibilitar o acesso à mesma por cada vez mais pessoas. A arte thangka em particular é tida pelo artista como uma forma especial e única de contar uma história e não pedaços da mesma, visto estas telas de rolo serem sempre a representação do todo. Para o futuro está a vontade de continuar a estudar para que Tashi, agora também ele mestre que ensina, possa transmitir mais e melhores conhecimentos aos seus alunos, no desejo de perpetuação do conhecimento dos thangka.
Hoje Macau BrevesGoverno assegura estar atento a substâncias perigosas O Chefe do Executivo, adianta o Governo em comunicado, deu orientações aos serviços competentes para tomarem mais atenção à gestão das substâncias perigosas em Macau, tendo ainda, em Dezembro, realizado uma reunião plenária do Conselho de Segurança sobre este assunto. A ordem surge depois do incidente ocorrido em Agosto do ano passado em Tianjin, quando um depósito de substâncias inflamáveis explodiu matando 173 pessoas e danificando mais de 17 mil edifícios. O Chefe do Executivo exigiu a todos os serviços que prestem um trabalho de acompanhamento mais avançado e melhorem a gestão da segurança das substâncias perigosas. Adianta ainda o Governo que o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, foi nomeado pelo Chefe do Executivo como responsável para organizar e coordenar o trabalho interdepartamental para revisão e optimização da legislação relacionada com substâncias perigosas que será “criada a curto prazo” pelo Governo. Este é visto como “um mecanismo destinado à gestão de circulação de substâncias perigosas, de comunicação e dos trabalhos de coordenação para resposta a possíveis acidentes, a fim de permitir uma capacidade eficiente para enfrentar riscos que se relacionem com todas as substâncias perigosas”.
Hoje Macau EventosClube Militar | IIM apresenta dois livros de João Guedes no sábado [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]Clube Militar vai ser palco no próximo sábado, pelas 15h45, do lançamento de dois livros recentemente publicados pelo Instituto Internacional de Macau e da autoria do jornalista João Guedes. Intitulados “Padre Áureo Nunes e Castro – Missionário, músico e pedagogo” e “Macau Confidencial”, os dois títulos ajudam a compreender melhor a história de Macau, adianta a organização. O primeiro aborda uma “ilustre” figura, o padre Áureo Nunes e Castro, que nos remete para a identidade cultural de Macau e para a sua vida como missionário e pedagogo, que são acompanhadas por memórias musicais. Já “Macau Confidencial” revela-nos a situação de um clima de conspiração, secretismo e aventura, durante o fim do século XIX, em que Macau foi palco de divergências entre diferentes ideologias até ao período da II Guerra Mundial, ou Guerra do Pacífico, conceito geopolítico que melhor se enquadra na peculiar situação geográfica da cidade do Rio das Pérolas, aquando do domínio da presença de japonesa. A sessão contará com a presença do presidente do IIM Jorge Rangel e do autor João Guedes, enquanto as apresentações serão realizadas pelo Maestro Simão Barreto e por José Rocha Diniz. O evento conta ainda com a actuação do Coro Perosi, que interpretará duas obras do arranjo do Padre Áureo – “Donzela junto do Lago”, uma canção tradicional chinesa, e o “Te Deum”. A entrada é livre.
Hoje Macau BrevesUM | Seminário sobre Shakespeare O Programa Académico da União Europeia em Macau (PAUE-M) promove o seminário “Shakespeare vive e revive em citações e na tradução”, enquanto assinala o 400º aniversário da morte do escritor. O evento tem lugar hoje, às 17h00, na Faculdade de Artes e Humanidade da UM. A iniciativa será orientada pela professora Sylvia Ieong que, segundo a organização, é portadora de um vasto currículo, tendo passado por diversas universidades a nível mundial sendo que os seus interesses académicos incluem a tradução e interpretação sequencial e simultânea. É ainda autora de mais de cem artigos e livros incluindo “Law, Justice and Mercy: Reflecting on Shakespeare’s The Merchant of Venice”, uma obra de referência aceite em 2012 na colecção da “Shakespeare Birthplace Trust Library”. A entrada é livre.
Hoje Macau Breves“Territórios Lusófonos” sexta-feira no Arquivo de Macau “Macau e os Territórios Lusófonos – Colecção Iconográfica Única de Postais Fotográficos”, de João Manuel Loureiro, é o livro a ser lançado nesta sexta-feira, pelas 18h30, no Arquivo de Macau. Segundo o Instituto Cultural, este livro, em Língua Portuguesa, reflecte sobre a colecção de postais fotográficos de países e regiões de língua lusa e Macau no arquivo de imagens, parte do acervo do Arquivo de Macau. Conta com mais de dez mil postais fotográficos entre 1898 e 1999, relatando a geografia, a economia e o comércio, a vida da população, os costumes culturais, as características religiosas, os edifícios da cidade e monumentos de oito países e regiões de Língua Portuguesa, incluindo Macau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e a Índia Portuguesa. A sessão de apresentação será conduzida em Português e conta com entrada livre sendo que os interessados em adquirir o livro beneficiarão, nesta ocasião, de desconto.
Hoje Macau BrevesUM | A informação que alimenta a IA em palestra Numa altura em que a Inteligência Artificial (IA) marca o quotidiano com o seu desenvolvimento, a Universidade de Macau (UM) apresenta a palestra “Para além do Alpha Go: Oportunidades e Desafios para profissionais e não profissionais das tecnologias de informação”. A ser proferida pelo reitor da UM, Wei Zhao, a conferência terá lugar na quinta-feira pelas 17h00. O Alpha Go é um programa que na sua concepção e desenvolvimento tem ao dispor bases de dados capazes de lhe fornecer a informação necessária para poder desenvolver as suas decisões “inteligentes”. A questão colocada e que será debatida nesta palestra, segundo a organização, é dirigida à origem destes dados tão necessários ao desenvolvimento da IA, bem como a forma como são adquiridos ou usados para o benefício tanto de quem os gera, como de quem deles faz uso, levantando também questões relativas ao bom uso da informação. Serão também abordados aspectos referentes ao Direito, Economia e Técnicos que estão implicados neste processo de troca de dados de forma a conceber o mesmo como capaz de ser benéfico para a humanidade em si. A palestra será realizada em Mandarim com tradução simultânea em Inglês e a participação na mesma requer uma inscrição prévia através do site da UM.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasFilhos das montanhas, filhos do mar* 人山人海 * por Julie O’yang [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s carreiras com que sonham ou pais chineses, ou leste asiáticos, para os seus filhos. E porquê. Sou chinesa e vivo no Ocidente, e como tal sou uma destruidora de estereótipos. Há muito tempo atrás reconheci que, apesar de tudo, sou uma artista e que tenho desde sempre tentado suprimir a “cidadã responsável” que me habita. Ou seja: a cidadania existe em todos nós, e talvez seja por isso que o fenómeno da estereotipização me irrita. Estereotipar, na minha opinião, é uma espécie de lei natural em qualquer sistema social vigente, totalitário ou democrata e, como tal, os estereótipos fazem parte duma opressão consensual do dia a dia que ajudam a manter conceitos que reconhecemos. Em primeiro lugar vamos dar uma espreitadela às carreiras que um chinês, ou asiático em geral, mais ambiciona A saber: médico, investigador na área de bio-fármacos, engenheiro, programador informático, contabilista ou cirurgião. E o que têm estas profissões em comum? São estáveis e bem pagas. Mas, acima de tudo, são profissões que requerem especialização intensa e, como tal, são garantia de emprego. Em geral, os pais chineses/asiáticos acreditam piamente que profissões pouco técnicas envolvem qualquer coisa de obscuro e que estão dependentes de atributos nebulosos e ambíguos como a aparência, o talento, a personalidade ou mesmo os relacionamentos pessoais. Em muitos países do Leste asiático, onde se incluem a China e o Japão, quase não se ensina História nas escolas já que esta disciplina não parece ser relevante para formar as “competências” necessárias aos dias que correm. Os engenheiros e programadores asiáticos não possuem a cultura geral que se consideraria adequada na Europa. Para os asiáticos, um certo diletantismo europeu é indissociável de uma educação focada nas artes liberais. É talvez por isto que a maioria dos jovens chineses/asiáticos parecem apolíticos comparados com os seus congéneres europeus. A inércia cultural é um facto. No entanto é preciso recuar bastante para procurar as raízes históricas deste fenómeno recorrente, como foi o caso do comunismo chinês, caracterizado por uma intensificação do autoritarismo. A ausência de qualquer tradição de pluralismo marcou a China dinástica. A primeira dinastia Qin (séc. II AC) trouxe o fim de qualquer pluralismo cultural, artístico, ou político, entendido no sentido formal, e o impacto deste acontecimento fez-se sentir até aos dias de hoje. Durante os últimos dois milénios, os chineses sempre acreditaram que o povo vive sob o poder do Governo, sem esperança de um dia poder ter alguma influência, a menos que passe a fazer parte da classe dominante, o que pressupõe instrumentos. Ferramentas! A China não quer pensadores, pelos quais os chineses “filhos das montanhas, filhos do mar” sentem uma profunda desconfiança. No universo chinês, pensar equivale a ser irresponsável, e, infelizmente, os pensamentos cheiram a… esturro. *Em chinês significa muita gente no mesmo lugar, multidão. O Pidgin chinês exprime de forma dinâmica a ideia de multidão, de uma forma mais precisa. Em minha opinião, articula a preferência chinesa por uma noção de ego difusa, sem rosto, com uma energia anti-criativa e inexpressiva.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasQue estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? – A viúva * por José Drummond [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntes de começarmos, e enquanto ainda tens consciência, quero fazer-te uma proposta. Vai ser necessário que tenhas ambos os cotovelos apoiados naquela mesa baixa. Ali perto do braseiro de carvão quente. Anda, vamos até lá. Isso. Agora, estica os braços, assim, ao longo da mesa. Isso. Deste modo posso prender-te as mãos nestas grilhetas. Perfeito. Reparei como prestaste atenção a esta sala. Assim deste modo terás uma nova perspectiva. Sabes que também eu ouvi o canto de um pássaro. E o bater das suas asas. Oiço tudo. Tanto oiço o sangue a correr-te nas veias como quase sou capaz de ouvir os teus pensamentos. E até de os antecipar. Não acreditas? E se eu te disser que até oiço o som das garrafas que estão a ser descarregadas dos camiões, em frente ao supermercado na esquina. Mas mais importante que isso, oiço, em algum lugar, lá fora, na colina, o canto de cisne, murmúrio atormentado de uma mulher ainda assustada. Oiço o seu ventre aberto a bombear sangue para fora. Oiço o persistente assobio do assassino. Está à entrada ou à saída do túnel. Digo isto pelo ligeiro eco. Oiço o grito fino de um bebé. Oiço tudo. Mas sei que nada pode ser feito para salvá-lo. E nada pode ser feito para salvar a mãe. Já é demasiado tarde. Eu sei que neste momento pensas que eu sou um monstro do mesmo calibre como o deste estripador. Eu sei que neste momento estás pronto para desatar a chorar, implorar perdão, tentar suprimir aquilo que julgas ser raiva em mim. Devo voltar a dizer-te que não tenho qualquer ressentimento em relação a ti ou ao que fizeste. A tua mulher nunca foi realmente importante para mim e aquilo que aconteceu ao meu filho foi apenas resultado da sua fraqueza. Tu estás aqui porque alguém assim o quer. Mas talvez exista uma saída. Uma solução que não envolva eu ter que te fazer aquilo para a qual fui contratada. Tudo depende de ti realmente. Lembras-te que eu te disse que tenho uma filha. Pois bem ela é tudo o que tenho na vida. É realmente a única coisa que me preocupa neste momento. Por isso presta atenção. Presta muita atenção. A minha filha não sabe que eu sei que está grávida. Não existe problema nenhum para mim que ela esteja grávida. O problema é que o pai é um homem que já tem filhos de outra mulher. O problema é que este verme nunca irá proteger a minha filha. E ela precisa de protecção. Agora mais do que nunca. Presta atenção. Presta muita atenção. Os segredos só se contam uma vez e depois devem ficar enterrados. Tenta perceber que a tua capacidade de manter este segredo pode resultar num pacto entre nós. Um pacto que se cumprires a tua parte te pode devolver a liberdade. Presta atenção. Presta muita atenção. Como sabes existe um assassino à solta a estripar mulheres. A escolha dele recai em mulheres com pouco mais que trinta anos. Que idade tinha a tua mulher quando… Estás a tremer? Ahhh! Não sabes! Interessante. Pensei que isso pudesse ter sido a razão maior para fazeres aquilo que fizeste. Estou deliciada com a tua inocência. Sim. É isso mesmo que estás agora a pensar. A tua mulher estava grávida. E o pai do bebé era o meu filho. Dói, não é? Somos sempre os últimos a saber aquilo que se passa na nossa vida. Ela não ousou a injúria. Teve que fazer com que a gravidez ficasse em segredo. Ela não te ia deixar e tu irias ter um filho que não era teu. Quando ela morreu o meu filho ameaçou matar-se. Consegui que ele se acalmasse. Mas infelizmente um dia o segredo veio ao de cima quando a melhor amiga dela lhe contou tudo. Quando ele me encontrou os seus olhos tinham mudado para sempre. Aqueles olhos, que antes tinham lágrimas a brotar nos cantos, não eram olhos. Estavam vazios. Desprovidos de sentimento. “Ela estava grávida, não é? O bebé era meu e também está morto! Odeio-te! Não consigo respirar. Deixa-me ir.” Nunca mais o vi. A pouco e pouco tudo fará sentido. Eu não fui sempre assim. Vou agora contar-te outra coisa. Há muitos anos atrás existiu uma guerra entre as tríades. Ainda Macau era governado por portugueses e era um “território” – a palavra que usavam para disfarçar atitudes coloniais. Muito antes da Taipa ser um asilo psiquiátrico. Foi um dos meus primeiros trabalhos. A minha missão não era simples. Tinha que me infiltrar como se fosse uma jogadora de Xangai, conquistar o líder de determinado subgrupo, extrair informação e acabar com ele sem que ninguém percebesse. Na minha cabeça sabia que as coisas poderiam correr mal. Ainda me lembro de vacilar quando entrei no lobby do hotel com uma mala pequena. Na bagagem tinha uma pequena pistola automática com sete balas, um fio de aço, um pente que continha uma agulha fina e um batom de defesa com uma lâmina. Na minha cabeça repetia as palavras: “Calma. Respira fundo. Tudo vai correr bem. Este trabalho é importante e é mais difícil que o habitual mas tudo vai correr bem.” Mas na verdade não conseguia apagar a estranha sensação de que nada era normal e de que um movimento em falso resultaria na minha morte. A minha respiração, estranhamente controlada, não tinha nada a ver com a velocidade do meu coração. Um fio de suor humedeceu-me as axilas. Os dedos com formigueiros. A tensão transformou-se em premonição, em aviso repetido para eu sair. Mas era tarde demais. Olha há novidades na televisão… “A TDM recebeu um vídeo do “Estripador”. Neste vídeo vê-se uma mulher aprisionada num local indeterminado. O vídeo chegou à nossa redacção com a ameaça de que se não for passado no telejornal a mulher morre. A polícia foi informada de imediato. O governo reuniu-se de emergência e expressou extrema preocupação através do seu porta-voz. Espera-se que novas medidas de segurança sejam anunciadas dentro da próxima hora. O vídeo, que veremos de seguida, contém imagens altamente chocantes que podem ferir a susceptibilidades de pessoas mais sensíveis.”
Hoje Macau EventosNovo livro de António Caeiro conta relacionamento entre Portugal e China [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo livro do jornalista António Caeiro conta histórias do relacionamento Portugal-China entre 1949-1979 e da atracção que a revolução chinesa exerceu sobre alguns actuais líderes portugueses. “A China está hoje muito presente na vida portuguesa, com empresas, lojas chinesas, um grande número de turistas, mas há uma relação mais antiga que não era conhecida do grande público”, desenvolvida ao longo de um período em que os dois países não mantinham relações diplomáticas, mas os contactos oficiosos nunca foram interrompidos, afirmou o antigo correspondente da agência Lusa em Pequim. Foi “uma surpresa” compreender esse relacionamento e a dimensão da influência do maoísmo em Portugal ao longo daquele período, declarou. “Foi uma surpresa para mim e para muitos portugueses da minha geração e mais novos”. “Houve uma grande atracção de Portugal pelo comunismo chinês como não houve em outros países”, disse Caeiro, sublinhando que parte da actual elite portuguesa foi maoísta na juventude. O autor citou o historiador José Pacheco Pereira, na apresentação da biografia do fundador do Partido Comunista Chinês “Mao, a História Desconhecida”, de Jung Chang e Jon Halliday, quando este disse que “a passagem pelo maoísmo é um elemento muito importante da História contemporânea” portuguesa. Pacheco Pereira “passou” pelo maoísmo, no início da década de 1970. Após a queda da ditadura, aderiu à “esquerda liberal” e a seguir filiou-se no Partido Social-Democrata (PSD). Caminho flexível António Caeiro, que viveu mais de dez anos em Pequim, destacou Macau como um “fenómeno único do mundo”, que traduz a relação singular entre Portugal e a China. “Ao longo de muito tempo conseguiram arranjar ali, através daquilo que podemos chamar ‘flexibilidade do bambu’, por muitos tufões políticos e económicos que surgissem, uma maneira de todos saírem bem”, sublinhou. Para contar estas histórias de vários intervenientes portugueses, chineses, macaenses e das ex-colónias, António Caeiro tentou encontrar “todas as pessoas que estiveram em contacto com a China ao longo desses trinta anos”. “Consegui quase todos (…) Alguns poderão aparecer depois da publicação do livro, o que será ainda melhor”, considerou, explicando ter escrito “Peregrinação Vermelha: O Longo Caminho até Pequim” ao longo de uma década. Para o jornalista, a história mais impressionante e dramática que contou foi a de Viriato da Cruz, poeta fundador do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola, actualmente no poder), que viveu e morreu em Pequim. A 1 de Outubro de 1966, Viriato da Cruz discursou na praça Tiananmen perante um milhão e meio de pessoas e ao lado de Mao. Morreu em Junho de 1973, num hospital, depois de ter caído em desgraça e foi abandonado por todos. A mulher e a filha só conseguiram sair do país no verão de 1974, após a polícia política portuguesa ter autorizado a concessão de um passaporte. “A amizade Portugal-China é uma história com ‘H’ grande e estas são as histórias de uma história maior e mal conhecida”, concluiu. Este é o terceiro livro de António Caeiro sobre a China. O primeiro “Pela China Dentro: Uma Viagem de 12 Anos” foi publicado em 2004 e o segundo “Novas Coisas da China – Mudo, Logo Existo” em 2013.
Hoje Macau BrevesPSP | Registo criminal mais simples O pedido de registo criminal vai ser mais simples. A Polícia de Segurança Pública, em conjunto com a Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau e a Direcção dos Serviços de Identificação, estabeleceu um protocolo para um serviço de auto-atendimento vocacionado para o requerimento do Certificado do Registo Criminal, sendo que os cidadãos vão poder fazer o pedido em quiosques. De acordo com um comunicado, estes vão funcionar junto ao Edifício do Serviço de Migração no Pac On a partir de amanhã. Com esta medida, aqueles organismos governamentais pretendem facilitar o requerimento do certificado, um documento essencial para a renovação da Autorização de Residência. O serviço confere ainda a possibilidade ao requerente de escolher o serviço de remessa pelo que o certificado será enviado directamente à PSP, sem necessidade de deslocar-se à DSI para o levantar.
Hoje Macau EventosProjecto dedicado à gastronomia internacional passa pela RAEM Gonçalo Loureiro e João Delicado são os mentores do projecto que quer pôr o mundo a saber o que nele se come, sendo Macau o ponto de partida numa “feliz coincidência”, dado o simbolismo que acarreta [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Nas bocas do mundo” é o projecto de Gonçalo Loureiro e João Delicado, iniciado há cerca de dois anos e meio, que pretende abordar “tudo aquilo que anda literalmente nas bocas do Mundo” como sobressai na apresentação do blogue que concretiza o projecto. O primeiro, publicitário e crítico gastronómico, também colaborador da revista Sábado, e Luís Delicado, colega do mundo da publicidade, querem, através de imagens textos e vídeos, contar as histórias cujo enredo consista “nos segredos da gastronomia no mundo”, como diz Gonçalo Loureiro ao HM. Foi com a introdução do vídeo que João Delicado foi convidado a participar: esta é uma plataforma importante em que, através do registo multimédia, é possível “transportar as pessoas aos lugares”, como afirma João Delicado. Sendo seu intuito percorrer os sabores do mundo, muitos têm sido os esforços para que, nas suas tentativas de apoio, sejam vistos enquanto mais que “uns miúdos que querem comer e beber”, como diz um dos mentores referindo-se às dificuldades que têm tido no que respeita à aquisição das ajudas necessárias à continuidade do projecto. No entanto, e numa “feliz coincidência”, a primeira resposta de interesse veio de Macau por parte do Rudolfo Faustino, coordenador do Centro de Promoção e Informação Turística de Macau em Portugal, que considerou relevante esta iniciativa de querer conhecer e divulgar “mais do que os casinos, museus ou os pastéis de nata de Macau”, adianta Gonçalo Loureiro ao HM. Para os criadores do projecto, a região tem ainda um interesse simbólico a ter em conta, na medida em que terá sido um importante ponto de chegada da gastronomia portuguesa e sendo agora o ponto de partida deste projecto na sua incursão por terras mais distantes. Sem perder a oportunidade, Gonçalo Loureiro e Luís Delicado põem as mãos à obra e tiram férias para vir trabalhar. Ficaram cinco dias na região e, sem serem derrotados pelo jet lag, afirmam a gratificação que sentem com a abordagem nos sabores locais. Da rua ao luxo Em Macau, imperou o improviso num conjunto de experiências que andaram desde a comida de rua aos mais prestigiados restaurantes. Num primeiro momento, com a condução do chef Martinho Moniz, puderam ir à pesca com os pescadores locais e daí, em cooperação com uma loja de comida de rua, fizeram a tradicional cataplana portuguesa, tendo sido também confeccionada a feijoada macaense. Gonçalo Loureiro adianta ainda a surpresa sentida quando verificaram o “crescente número de pessoas que os iam rodeando movidas pela curiosidade”. Por outro lado, e com o gastroenterologista Shee Vá, surgiu a ideia que “no fundo dá mote a toda a iniciativa,” de fazer uma “viagem” que percorra a cozinha de Macau nos estômagos de cada um, sendo que foi ainda uma oportunidade de perceber tanto a autenticidade, como a segurança do que se vai ingerindo com a “comida de rua”. A experiência permitiu ao mesmo tempo salientar outros aspectos, como a ligação que sentiram entre as duas culturas – Portugal e Macau – ilustrada com as semelhanças sentidas entre mercearias e farmácias da medicina tradicional chinesa, bem como este “interface entre a gastronomia e a medicina”. O “Tacho” não foi esquecido e terá sido apreciado por ambos aquando do seu conhecimento por Florinda Morais Alves, da Confraria da Gastronomia Macaense, em que se fica com a sensação, dizem, de “um cozido à portuguesa de cá”. Pela passagem de Macau fica ainda a ideia da necessidade de mais promoção da gastronomia macaense e de Macau, sendo que aqui a comida está “no melhor que se poderá encontrar na Ásia”. Além disso, diz, há que perceber que “as tradições da terra” se possam diluir, remata Gonçalo Loureiro. Os dois mentores do “Bocas do mundo” chegaram a Macau, já passaram por Hong Kong e estão agora na Tailândia, sendo que a descoberta dos segredos das mesas onde se vão sentando podem ser acompanhados em https://nasbocasdomundo.com.
Hoje Macau SociedadeJustiça | Joana Marques Vidal quer aprofundar cooperação A Procuradora-geral da República portuguesa, Joana Marques Vidal, iniciou ontem uma visita oficial a Macau e garantiu que a cooperação vai ser reforçada nas áreas da corrupção e formação de magistrados [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, disse ontem que o Ministério Público (MP) está disponível para aprofundar a cooperação com Macau em áreas como a luta contra a corrupção ou a formação de magistrados. Joana Marques Vidal iniciou uma visita a Macau com um encontro com a Associação dos Advogados de Macau (AAM). À saída da reunião a PGR disse à agência Lusa que “o Ministério Público está consciente e percebe” a importância do legado [do Direito de Macau] e da manutenção da cooperação com as autoridades de Macau, que a AAM e outras vozes no território têm sublinhado, sobretudo nos últimos meses, na sequência da notícia avançada pelo HM sobre a não renovação de licenças ao abrigo das quais magistrados portugueses exercem funções em Macau. “O MP está consciente e percebe essa importância e está disponível para aprofundar essa cooperação que pode passar por muitas formas”, como “acordos de cooperação na luta contra a corrupção” ou pela “formação de magistrados”, disse Joana Marques Vidal, prometendo novas declarações para depois de se reunir com o Procurador de Macau, Ip Son Sang, encontro que decorre hoje. Joana Marques Vidal referiu que ouviu da AAM “o interesse na manutenção da cooperação com o MP”, tendo havido uma troca “de impressões” sobre “a forma como essa cooperação se pode concretizar”. A PGR manifestou também a “intenção de continuação do bom relacionamento e das relações institucionais e não institucionais” entre a associação e a Procuradoria-Geral da República portuguesa. A PGR convidou, neste âmbito, o presidente da Associação, Jorge Neto Valente, a ir a Lisboa para se reunir com os órgãos do MP e da Procuradoria. “E continuaremos depois, após isso, o aprofundamento deste relacionamento”, acrescentou. “Uma honra” Jorge Neto Valente, presidente da AAM, disse à Lusa que, “sobretudo, foi uma honra” receber a PGR e que está satisfeito e optimista em relação à cooperação entre as autoridades de Macau e as de Portugal. “É sempre útil podermos ter a oportunidade de trocar impressões e ver que há uma comunhão fácil de pontos de vista sobre a colaboração com o MP e a necessidade de trazer para Macau magistrados do MP da República portuguesa”, afirmou. Joana Marques Vidal está até amanhã em Macau, a convite das autoridades do território. No âmbito desta “visita oficial”, foi mandatada pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) para “estabelecer com as autoridades da RAEM um acordo relativo ao exercício de funções de magistrados do Ministério Público em tal região”. “Esta visita oficial tem como objectivo prosseguir o aprofundamento da cooperação judiciária entre os dois Ministérios Públicos, designadamente no âmbito da formação de magistrados e do combate à corrupção e ao branqueamento de capitais. Será igualmente abordada a matéria relativa ao exercício de funções de magistrados do MP de Portugal na RAEM”, lê-se ainda numa nota da Procuradoria portuguesa. Depois de Macau, a PGR segue para Pequim, na sequência de um convite da Suprema Procuradoria da China, segundo explicou à Lusa. HM/LUSA
Hoje Macau BrevesBiblioteca de Macau lança semana para promoção da leitura Arranca no próximo sábado a Semana da Biblioteca de Macau, pelas 11h00 horas, no edifício do Antigo Tribunal. O dia serve, ao mesmo tempo, para comemorar o Dia Mundial do Livro, que se celebra anualmente nesta data, e dá início para uma série de actividades que visam a promoção de hábitos de leitura. A iniciativa é subordinada ao tema “Livros que Aguardam a Sua Abertura”, compreendendo uma série de actividades de promoção da leitura a realizar durante os meses de Abril e Maio. As principais actividades estão agendadas entre os dias 23 e 26 de Abril, no edifício do Antigo Tribunal, e incluem acções organizadas pela Biblioteca Pública de Macau – com “Troca de Livros”, “Venda de Revistas Arquivadas para Fins de Caridade”, “Livros Livres” e “Workshop de Histórias Pop-Up” -, actividades organizadas pela DSEJ – com o “Workshop de Acessórios de Leitura”, a “Oficina de Manipulação de Balões” e o “Workshop de Barro Leve” e que são dirigidas a crianças acompanhadas pelos pais – e ainda as “Cabines de Jogos de Leitura” e a “Exposição de Fotografia de Bibliotecas Mundiais”, promovidas pela Associação de Bibliotecários e Gestores de Informação de Macau. Também na agenda estão programas de extensão nos meses de Abril e Maio, nos quais se incluem o “Teatro de Marionetas de Livros Pop-up”, a “Cerimónia de Entrega de Prémios do Concurso Criativo (Macau) do Dia Mundial do Livro 23/04/2016 da Província de Cantão, Hong Kong e Macau”, a palestra “À Conversa com Celebridades”, o programa de promoção da leitura nas escolas, a “Exposição de Obras de Shakespeare”, o Concurso Infantil de Coloração e o 6º Concurso de Conhecimentos para Trabalhadores Voluntários e Trabalhadores-Estudantes da Biblioteca de Macau. A entrada é livre.
Hoje Macau SociedadeDeficientes | Novo centro para crianças em funcionamento para o ano [drocap style=’circle’]S[/dropcap]ão, no total, 366 as medidas que compõem o Planeamento dos Serviços de Reabilitação, que se encontra em processo de consulta pública até ao final do próximo mês de Maio. Sem grandes novidades, do grupo de propostas salienta-se um concurso para formação de 200 médicos especializados entre 2014 e 2018, da competência dos Serviços de Saúde (SS), e a redução do tempo de espera de diagnóstico. Os responsáveis anunciaram que o centro para crianças portadoras de deficiências, prometido pelo Governo, estará pronto até 2017, mas não trará qualquer serviço novo, para além daqueles que já existem no Hospital Conde São Januário. Choi Siu Un assegura que o plano vai trazer melhorias ao sistema de avaliação infantil, mas pede calma: “É preciso ter paciência. Os pais estão sempre preocupados com o período de avaliação. Os pais querem um diagnóstico, uma avaliação, rapidamente. Compreendemos, mas isso tem que ver com o nosso trabalho no futuro”. “Para qualquer projecto novo, é preciso desenvolver com base nas coisas existentes. Alguns projectos já estão a ser desenvolvidos, procuramos melhorar”, explicou o Chefe de Departamento de Solidariedade Social, Choi Siu Un, à Rádio Macau. O responsável do Instituto de Acção Social garante, no entanto, que “há projectos completamente novos”, como a oferta de serviços de reabilitação no Centro de Saúde do Carmo, na Taipa. E isto, destaca Choi Siu Un, é “só um exemplo”. Está também prevista a interpretação de linguagem gestual em alguns programas de televisão e a criação de normas contra barreiras arquitectónicas em obras públicas ou financiadas pelo Governo. O responsável explica ainda que qualquer criança com problemas de desenvolvimento recebe o apoio necessário, antes mesmo de haver um diagnóstico. Só que o resultado pode demorar mais de um ano.
Hoje Macau BrevesAbertas as candidaturas para o MultiFormas 2017 [drocap style=’circle’]E[/dropcap]stão abertas, até 9 de Maio, as candidaturas para a série MultiFormas 2017, numa iniciativa promovida pelo Instituto Cultural com o objectivo de incentivar a criatividade local num convite à exploração de novas possibilidades teatrais capazes de serem levadas a palco no próximo ano. Este ano, a iniciativa envolve, segundo a organização, consultores artísticos já experientes no que respeita à orientação de sessões criativas e audições internas de modo a incentivar e dinamizar a criatividade, qualidade e praticabilidade das ideias apresentadas sendo que, desta forma, é dada aos finalistas a oportunidade de levarem os seus projectos a esta plataforma especialmente concebida para que possam mostrar o seu talento enquanto ousam explorar novos caminhos performativos. Os espaços destinados à apresentação teatral não se resumem a um único local estando disponíveis diversas opções que incluem o Pequeno Auditório, a sala multi-usos ● ART, ou espaços ao ar livre de modo a dar um leque mais abrangente para as necessidades artísticas e criativas dos candidatos bem como estabelecer uma maior proximidade entre o palco e o público, adianta a organização. As produções seleccionadas serão apresentadas no Centro Cultural de Macau em Fevereiro de 2017 e o convite é aberto a todos os artistas de Macau das mais diversas áreas.
Hoje Macau EventosAFA | Tong Chong expõe pinturas na próxima semana “Quanto mais depressa correres mais seguro estarás” dá o mote para “The Good World”. A mais recente exposição de pintura de Tong Chong convida a entrar num mundo em que, não havendo mais onde viver, é altura de fugir, de procurar um novo lar, de regressar a uma segurança desejada [drocap style=’circle’]A[/dropcap]bre ao público no próximo dia 27 de Abril, pelas 18h30, a exposição de pintura de Tong Chong “The Good World”, na Art for All Society (AFA). A mostra inclui um total de 26 trabalhos da série “Wilderness”. Nascido em 1977, Tong mudou-se para Macau em 1984 e tem-se dedicado à criação artística há mais de dez anos, tendo neste momento e segundo a organização, um papel central na arte contemporânea da região. O nome da exposição é inspirado no Cantonês “zau dak fai, ho sai gaai”, cujo significado será “quanto mais depressa correres, mais seguro estarás”. Ao olhar para as criações de Tong podem ser notados alguns elementos humorísticos, sendo que por detrás das suas pinturas há sempre uma questão digna de reflexão, adianta a organização. Tong recorre ao uso de animais enquanto personagens nos seus trabalhos da série “Wilderness”, em que os mesmos apesar de representados com características de felicidade, estão muitas vezes inseridos num fundo desértico e vazio constituindo um conceito marcado pelo contraste em que o artista pretende que o público se debruce, acerca da questão da relação entre o homem e o animal. Numa sociedade contemporânea em que os desenvolvimentos tecnológicos também abarcam o levantamento de questões e dilemas relativos ao progresso e com o aumento das necessidades das pessoas, os animais que anteriormente viveriam entre a natureza também têm que mudar hábitos. Nas pinturas de Tong estes animais são representados constantemente a correr, a fugir, como quem perdeu o seu lar. “Zau dak fai, ho sai gaai”, pode assim ser interpretado como aquando da chegada de problemas o melhor será fugir enquanto possível, levantando ainda a questão de se haverá ou não algum lugar de destino a salvo. A exposição estará patente até 21 de Maio e conta com entrada livre.
Hoje Macau PolíticaCéu – “Perfume do Invisível” “Perfume do Invisível” No dia em que eu me tornei invisível Passei um café preto ao teu lado Fumei desajustado um cigarro Vesti a sua camiseta ao contrário Aguei as plantas que ali secavam Por isso o cheiro impregnava O seu juízo O meu juízo Invisível E o mundo a meu favor Para me despir E ser quem eu sou Logo que o perfume do invisível Te inebriou Você me viu E o mundo também E o que tava quietinho ali Se mostrou, meu bem… Céu
Hoje Macau BrevesÍndice de preços turísticos cai O Índice de Preços Turísticos (IPT) voltou a cair no primeiro trimestre deste ano, depois de em 2015 ter registado a primeira diminuição desde que é divulgado. O IPT caiu 6,67% em comparação com o primeiro trimestre de 2015 e 3,43% em relação aos três meses anteriores, segundo dos dados divulgados pelos serviços de estatística. O decréscimo mais acentuado foi nos preços dos alojamentos em que a queda foi de 23,80% em relação aos mesmos meses de 2015 e de 11,81% comparando com o trimestre anterior. Mantém-se assim a tendência de queda iniciada no terceiro trimestre de 2015 dos preços dos bens e serviços adquiridos pelos visitantes. Em 2015, o PIB de Macau caiu 20,3%, naquela que foi a primeira contracção anual da economia desde 1999.
Hoje Macau Eventos25 de Abril | João Afonso actua terça-feira no CCM [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] músico português João Afonso vai actuar em Macau na próxima terça-feira, num concerto integrado nas comemorações do 25 de Abril em que vai dar a conhecer o seu mais recente álbum “Sangue Bom”. O álbum foi editado em Fevereiro de 2014 e é constituído por 14 canções, todas compostas por João Afonso, exclusivamente com poemas dos escritores José Eduardo Agualusa e Mia Couto, de quem é amigo e “grande admirador das suas obras”. “Neste concerto vamos apresentar as canções de ‘Sangue Bom’ mas iremos também viajar no universo do meu trabalho, desde [o álbum] ‘Missangas’, e apresentar canções do meu tio José Afonso relacionadas com o 25 de Abril e com a liberdade”, disse à agência Lusa João Afonso. “Sangue Bom” é o sexto álbum de João Afonso, seguindo-se a “Missangas” (1997), “Barco Voador” (1999), “Zanzibar” (2002), “Outra Vida” (2006) e “Um Redondo Vocábulo” (2009). “Com a excepção de ‘Um Redondo Vocábulo’, que se compõe de canções de José Afonso, “Sangue Bom” tem a particularidade de não ter palavras ou textos meus, ao contrário dos restantes CD. Este trabalho tem músicas minhas sobre os poemas de dois grandes escritores e grandes amigos: José Eduardo Agualusa e Mia Couto”, destacou. Macau no coração Com várias passagens por Macau e outras partes da Ásia, o músico recordou a actuação na RAEM em 2008 com o pianista João Lucas para fazer a apresentação do trabalho “Um Redondo Vocábulo”. “Macau está presente na minha vida e no meu imaginário desde sempre pois o meu pai viveu aí na infância e ainda hoje tenho familiares muito próximos e alguns amigos em Macau. No ‘Barco Voador’ tenho uma canção dedicada a Macau chamada ‘Rio das Pérolas’”, afirmou. “Todos os públicos são especiais e com características diferentes. Macau é particular e, apesar da distância geográfica, sinto que há uma atenção especial pelo que se faz em Portugal. Tenho sido sempre recebido com muito carinho por um público atento e participativo com o qual tenho muita vontade de partilhar as novas canções”, acrescentou. Por outro lado, considerou emocionante cantar e comemorar em Macau a “Revolução da Liberdade”. O concerto de terça-feira, que acontece no Centro Cultural de Macau às 20h00, é promovido pela Casa de Portugal em Macau. No âmbito das comemorações do 25 de Abril vai ser ainda apresentado um disco com poemas alusivos à data de vários poetas portuguesas e musicados por artistas que trabalham com esta associação, disse a presidente Casa de Portugal, Amélia António, à Rádio Macau. Os bilhetes custam 50 patacas. LUSA/HM
Hoje Macau EventosCasa Garden | Exposição de pintura a óleo inaugura na terça-feira Levou oito anos a ler o livro “O Sonho do Pavilhão Vermelho” e agora retrata-o em diversas pinturas a óleo. Obras para ver na Casa Garden a partir da próxima semana [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] galeria principal da Casa Garden vai inaugurar a 19 de Abril, pelas 18h30, a exposição de pintura a óleo de Zhang Bin “O Sonho do Pavilhão Vermelho”, numa iniciativa da Fundação do Oriente. Segundo o curador Yao Feng, esta exposição tem origem num desafio a que o artista se propôs para uma interpretação do livro homónimo do título da exposição. O “Sonho do Pavilhão Vermelho” de Cao Xueqin é um livro clássico com uma forte conotação cultural. “Na China, não há nenhuma outra obra de literatura que expresse de forma tão magistral a beleza da natureza humana como este livro”, acrescenta o curador, sendo que existe um grande número de artistas na área da literatura, pintura, teatro, cinema e outras formas de arte que têm interpretado este clássico da literatura. Em forma de pintura, Zhang Bin é um dos poucos que terá posto mãos à obra. “Não importa de que forma, para mostrar o profundo significado do Sonho do Pavilhão Vermelho é preciso lê-lo e amá-lo.” Zhang Bin, após oito anos de leitura, mostra agora ao mundo uma série de pinturas inspiradas na obra em que “o objecto da pintura é a alma, tentando, na sua forma original, mostrar uma ideia bonita e irreal através da alternância da cor do mundo, com a expectativa de conduzir o observador através do sonho que ele pretende representar”, remata o curador. Identidade O artista é natural da cidade de Harbin e estudou na Faculdade de Design e Belas Artes e no Centro de Artes Performativas em Pequim, de 1989 a 1994. Em 1994, formou-se e foi destacado pelo Governo Central para o “Orient Song and Dance Group” como designer. Tem desempenhado sempre funções de designer e foi responsável pela concepção de palcos em algumas grandes companhias de arte performativa de música e de dança, como a Beijing TV Party, a Shangai TV Party, a Shanghai International Automobile Expo, etc. Tem exposto na China e em diversas partes do mundo, como nos Estados Unidos, Coreia, etc. As suas obras já foram referidas em diversas publicações e fazem parte de colecções nacionais e estrangeiras. A exposição estará patente até 19 de Maio e conta com entrada livre.