Quebra no comércio externo

O comércio externo de mercadorias de Macau atingiu 20 mil milhões de patacas nos primeiros três meses deste ano, registando uma queda de 19,7%, em termos anuais homólogos. Segundo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), Macau exportou bens avaliados em 2,70 mil milhões de patacas – menos 0,2% face ao primeiro trimestre de 2015 – e importou mercadorias no valor de 17,30 mil milhões de patacas, menos 22,1% face ao período homólogo do ano passado. Em termos de destino, nos primeiros três meses deste ano aumentaram as exportações para a China, que atingiram os 400 milhões de patacas ou mais 3,5%. Em contrapartida, diminuiu o valor dos bens vendidos para Hong Kong, União Europeia e Estados Unidos, em 0,5%, 23,1% e 48,2%, respectivamente. Já do lado das importações, registaram-se descidas nas compras à China e à União Europeia, cujo valor diminuiu 24,4% e 21,8, respectivamente, face aos primeiros três meses de 2015.

3 Mai 2016

Edifício do Lago sem alojamento ilegal

O Instituto da Habitação (IH) garantiu estar atento ao caso de duas fracções no Edifício do Lago que estariam a ser usadas como alojamento ilegal, mas, segundo a Rádio Macau, os Serviços de Turismo (DST) já descartaram essa possibilidade, tendo referido que “a denúncia não tinha fundamento”, depois de uma investigação feita em conjunto com a Polícia de Segurança Pública (PSP). A denúncia partiu após a existência de um alegado anúncio na plataforma online Airbnb. “Não foram identificados nem os proprietários nem as fracções registadas na página Airbnb”, disse a DST à Rádio Macau. O anúncio foi apagado, inclusivamente no Facebook, tendo sido feita outra investigação. Mas também aqui se comprovou que a suspeita “não tinha fundamento”.

3 Mai 2016

Os homens do meu país

Carlos André

vêm da raiz do tempo
os homens do meu país
já não sabem
já não lembram
a raiz com sua chama

[…………………..]

foram ossos a arder em piras de chamas que chispam ódio
ódio surdo e cego de lei
que manda que se não diz
que nos homens deste povo
há país e há raiz!
mas na cinza desses ossos
nos restos desses brasidos
crepitam olhos e gritos com ecos na voz do vento:
‘ainda não fomos vencidos!’

sentiram correr nos corpos a seiva do pensamento
tiveram nome de antero de martins ou de queirós
e viram que a voz de dentro
só é viva se for voz
deram tiros
conspiraram no segredo das conjuras
e mataram
e gritaram ao seu povo que era sua a praça pública
que viesse
que estivesse
que dissesse que era gente
e que ser dono de um país
seu
era imperioso
e urgente

acreditaram
na força de sua mão
e ao porem pedra por pedra
nessa nova construção
descobriram que um país
com homens feitos raiz
não é vão

rasgaram em barcos novos os sonhos despedaçados
fincaram olhos num gongo ouvido em nambuangongo
estiveram em bissau
em terras desconhecidas
foram alcântara-partidas
e alcântara-chegadas
e partiam
regressavam
e iam
e não voltavam
combateram sem vontade
contra a vontade dos outros
e mataram
e espancaram
incendiaram queimaram ceifaram e deceparam
deitaram fogo a choupanas
sem saber serem humanas
uns foram voz de metralha
voltaram outros mortalha

ficava a terra viúva
dos homens que ia perdendo
dos homens que iam partindo
rumo ao norte
em busca doutras paragens
outro vento
outras aragens
com a sorte a soprar mais forte
saíram em austerlitz
povoaram champigny
construíram com suor
o futuro de morrer aqui

também ficaram
apodreceram aos poucos nos poços doutras masmorras
perderam o sono
e o sangue
no sol que nunca viam
mas mantiveram de pé a certeza da vontade
doutro sol que acreditavam
com nome de liberdade

uns foram nomes pra sempre
outros pra sempre sem nome
nome de sérgio
de bento
de humberto
de catarina
nas balas doutra metralha
mandada ser assassina
usaram armas
e redes
e martelos
pás
enxadas
terras crestadas de sedes que esperam ver saciadas
e de novo guitarras
e violas
e vozes que valem balas
e esfarrapam as mordaças com que as querem caladas
voz de zeca
voz de graça
de zé gomes
de adriano
palavras que a gente ouvia
sentia
repetia
que a vontade de ser dia
não pode chamar-se engano

foram alvoradas novas
nas ruas
nas avenidas
nos canos das espingardas
empunhadas
por esperanças reacendidas
e floridas

acreditaram possível uma nova construção
e em volta da liberdade
com vontade de querer
apertaram mão com mão

sem estar certos do caminho estão certos de caminhar
e nas veias misturadas
no sangue que ferve fundo
a esperança
a vontade
a certeza
de ser gente
de ser mundo

vêm da raiz do tempo os homens do meu país
sem que saibam
sem que lembrem
têm bem fundo de si a raiz e sua chama

2 Mai 2016

Lei reguladora das ONG estrangeiras aprovada

A Assembleia Nacional Popular aprovou ontem a lei que regula o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONG) estrangeiras a actuar no país, e que poderá pôr em causa a sua manutenção no continente.
Apesar das duras críticas da União Europeia e dos Estados Unidos da América, foi aprovada com 147 votos a favor e um contra.
O texto ainda não foi publicado, mas a proposta de lei, avançada pela agência oficial Xinhua no início desta semana, previa que o trabalho das ONG passe a estar dependente da aprovação da polícia.
Englobadas neste regime estão as instituições de caridade, associações empresariais, instituições académicas e outras organizações estrangeiras a actuar na China que serão obrigadas a trabalhar em parceria com agências controladas pelo Governo chinês.
O projecto de lei outorgava poderes à polícia para interrogar o director ou representante de uma ONG a “qualquer momento” e estipulava que as autoridades possam interromper qualquer actividade que coloque em perigo a segurança nacional.
Segundo a Xinhua, o mesmo documento apontava a criação de uma “lista negra” das ONG que “incitem à subversão” ou “separatismo”, prevendo a proibição de operarem no país.

Ligações perigosas

Segundo dados oficiais, existem cerca de 7.000 ONG estrangeiras a operar no país, em áreas tão diversas como o meio ambiente, ciências, educações ou cultura.
Nos últimos anos, a imprensa estatal chinesa tem acusado as ONG estrangeiras de ameaçar a segurança nacional ou tentar desencadear uma “revolução colorida” contra o Partido Comunista Chinês.
Em Janeiro passado, as autoridades chinesas detiveram e deportaram um activista sueco, co-fundador da ONG China Action, que oferecia assistência jurídica a advogados que recorriam ao sistema judicial chinês para tentar punir abusos das autoridades.
Desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, no final de 2012, o número de presos políticos na China quase triplicou, enquanto o controlo sobre a sociedade civil tornou-se ainda mais apertado

2 Mai 2016

Pequim “não permitirá deterioração da segurança na península coreana”

O Presidente chinês não quer ver a península coreana transformar-se num cenário de guerra e pede calma às partes. Mantém-se firme na implementação das sanções da ONU, quer ver a península desnuclearizada mas desconfia dos mísseis americanos. E volta a garantir que o Mar do Sul… é da China

O Presidente chinês, Xi Jinping, assegurou ontem que o seu país “não permitirá a deterioração da segurança na península coreana”, após as últimas provocações de Pyongyang, e instou todas as partes “a manter a calma”.
Xi, que falava durante a inauguração em Pequim do quinto fórum ministerial da Conferência para as Medidas de Interacção e Construção da Confiança na Ásia (CICA), apelou ainda a um “regresso à mesa de negociações”.
A China está “comprometida com a paz e a segurança na península coreana”, afirmou Xi, acrescentando que Pequim não permitirá que a região “mergulhe na guerra e no caos”.
A Coreia do Sul prevê que a Coreia do Norte faça o seu quinto teste nuclear nos próximos dias. Os anteriores ocorreram em 2006, 2009, 2013 e Janeiro de 2016.
Xi Jinping garantiu que a China implementou “plena e absolutamente” as sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte, após o teste nuclear de Janeiro, seguido de um ensaio encoberto de mísseis balísticos.
As sanções incluem a inspecção obrigatória dos carregamentos para o país, a restrição nas exportações de materiais, o embargo ao comércio de armas ligeiras e a proibição de venda de combustível aeroespacial.

Desconfiar dos americanos

A China é o aliado mais importante da Coreia do Norte e é responsável por 90% do comércio externo daquele país. Até há pouco tempo, as relações entre Pequim e Pyongyang eram descritas como “unha com carne”.
Xi afirmou que a China promoverá a desnuclearização da península “através do diálogo e das consultas”, enquanto Pequim se opõe a sanções unilaterais impostas pela Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão.
Outra preocupação da China diz respeito à instalação do sistema antimísseis norte-americano THAAD na península coreana, que acusa de ter como verdadeiro alvo o país.
Xi reiterou a sua “visão de segurança para a Ásia”, insistindo que os problemas da região “devem ser resolvidos entre os asiáticos”, numa crítica velada à interferência dos Estados Unidos da América, que nos últimos anos reforçaram a presença militar na região.

Mare Nostrum

O Presidente chinês referiu-se ainda às disputas territoriais que a China mantém com outros países no Mar do Sul da China, defendendo que “devem ser resolvidas através de negociações com os países envolvidos”.
Xi defendeu a postura da China, independentemente da decisão do Tribunal Internacional de Haia, que aceitou mediar o caso a pedido das Filipinas, que disputa a soberania de várias ilhas com o Continente.
Pequim reclama a soberania de quase todo o Mar do Sul da China. Nos últimos meses, construiu ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em recifes disputados, total ou parcialmente, pelas Filipinas, Vietname, Taiwan, Malásia e Brunei.
Estabelecida em 1992, a CICA dedica-se à segurança regional e conta actualmente com 26 países membros da Ásia e sete Estados observadores, entre os quais os EUA e o Japão.

2 Mai 2016

Catarina Cortesão Terra e Tomé Quadros: “Há uma identidade própria de Macau através do cinema”

Catarina Cortesão Terra e Tomé Quadros dão voz e imagem à identidade de Macau e “Tempo de Bambu” não é excepção. Uum trabalho que vai ao que nunca foi escrito e que pretende eternizar uma já quase memória num filme, que passa no Festival de Cinema e Vídeo de Macau a 13 de Maio, no CCM, às 21h30

[dropcap]A[/dropcap] Catarina vem do Direito. Como é que apareceu a realização na sua vida?
O Direito sempre foi uma paixão e sempre gostei muito da parte jurídica ligada à reflexão e ao diálogo do pensamento. O Direito baseia-se sempre em vários pontos de vista e é necessário perceber as suas ligações e encontrar uma solução justa, tendo em conta também a sociedade em que se está integrado, os seus valores e as suas regras, deveres e garantias. Esta passagem para o cinema em termos de pensamento é um bocadinho parecida.

E porquê a opção pelo documentário?
O documentário também acaba por aparecer na minha vida por esse interesse e essa reflexão social que me caracteriza desde a adolescência, a partir do momento em que despertei para todas as questões da sociedade e dos espaços urbanos e históricos. Estudei em Coimbra onde havia uma reflexão diária acerca da cidade e do seu património. Depois vim para Macau e essa reflexão continuou, agora também relativa ao desaparecimento de algum património inicial com que eu identificava Macau. Queria procurar formas de dialogar com essa memória e apontar soluções contemporâneas à sociedade que ia surgindo, porque eu própria também ia mudando. Constitui família, desenvolvi a minha própria profissão e isso também se reflecte no olhar que uma pessoa tem sobre a própria cidade. Em Coimbra também já tinha uma actividade associativa muito grande em que estava ligada ao teatro e à fotografia, portanto já estava ligada ao cinema. Isso sempre fez parte da minha vida.

Esta associação com o Tomé Quadros tem sido uma constante em todos os filmes que tem feito. Como é que apareceu e o que é que a mantém?

TQ – Em primeiro lugar surgiu de uma vontade comum relativamente à fotografia e ao cinema em particular. Surgiu a vontade de fazer cinema e tínhamos ideias muito próximas. Em segundo lugar, em 2008 o Centro Cultural de Macau lança a primeira iniciativa de financiamento na área e decidimos concorrer porque tínhamos uma ideia muito forte ligada à questão da identidade de Macau, que se tem desenvolvido ao longo deste tempo. Se repararmos, a questão da identidade de Macau está sempre presente no nosso trabalho.

É uma constante…
TQ – Ao início, com [o nosso primeiro documentário] “Music Box”, era a questão da música. De que forma é possível cartografar Macau, as suas gentes e comunidades e a forma como elas se expressam ou não. Isto através da música e da sua tipicidade. Em segundo lugar foi o “Chá Gordo”, através do qual conseguimos ver as diferentes camadas da viagem que foi feita de Portugal e que passou por Macau através da mesa. Conseguimos ter um mapa mundo das descobertas através dos ingredientes e da apropriação das cozinhas portuguesas e chinesas e por aí fora. Agora é a questão do bambu, sendo que é um projecto essencialmente concebido pela Catarina, mas em que ambos temos abordagens idênticas. Introduzimos características da ficção no documentário. Os entrevistados são como se de personagens se tratasse que depois conduzem o espectador ao longo da narrativa.

O documentário como forma de alerta para o desaparecimento da identidade de Macau e, neste caso, do bambu? O que nos diz “ O Tempo do Bambu”?
CCT– Não gostamos de criar aquele argumento escrito em que depois vamos colando imagens. Para nós, o documentário é uma concepção dialógica entre todas as personagens que o constituem. Esta reflexão que fazemos sobre o ofício do bambu é integrada nesta travessia galopante da urbanização de Macau, neste crescimento em que se interroga se o ofício do bambu tem lugar numa sociedade contemporânea e, se o tem, como é que isso está a acontecer agora. Resolvemos fazer uma radiografia entre todos os intervenientes que se interligam e trabalham juntos. Por um lado temos as estruturas como se de personagens se tratasse, como o pavilhão de Á-Ma. Já abordámos o Pak Tai e o Tou Tei. Ainda estamos a trabalhar no de Coloane que é o maior.

Como é feito este caminho por um ofício já tão raro?
CCT – Partimos destas figuras que são estes pavilhões e depois os seus mestres. Os mestres locais já são muito poucos. Contactamos com mestre Chio, responsável pela estrutura de Á-Ma, o mestre Leong de Coloane e depois o mestre Chan que é o responsável das grandes obras provisórias do Cotai. Isto num diálogo com os arquitectos que já trabalharam, e ainda o fazem, com o bambu como é o caso de Carlos Marreiros, Carlos Couto, etc. Tentamos ao mesmo tempo perceber como é que o bambu, numa linguagem contemporânea, se poderia adaptar ao futuro. Numa continuidade do seu uso tradicional mas também em estruturas actuais, em instalação, por exemplo. Falámos com o João Ó e a Rita Machado que viram nisto o seu nicho de mercado, ou mesmo com Kristoff Crolla que agora está em Hong Kong a usar o bambu em estruturas provisórias.

O vosso trabalho vai buscar a memória, quase num alerta da possibilidade do desaparecimento. Querem ir além do registo da memória? Querem intervir na preservação e transformação?
CCT – A nossa abordagem parte sempre da nossa observação da cidade, não como “voyeurs”, mas como participantes que sentem a responsabilidade de acrescentar alguma coisa à cidade a que pertencem. Queremos de alguma forma ajudar, porque também temos essa vontade de permitir a continuidade. Como agentes que somos, sabemos que o crescimento é muito rápido e que as coisas aparecem e desaparecem de uma forma quase invisível. Sempre que fazemos um documentário, costumamos colocar várias questões e ir à procura das respostas para as mesmas. Sentimos também necessidade de apontar soluções. Não é meramente contemplativo, é também uma observação criativa e construtiva mas que não parte de nós como realizadores, mas sim dos próprios intervenientes. Ao serem solicitados para participar nesta reflexão é uma forma de apontarem soluções para a mesma, sendo eles as personagens principais que lidam directamente com o bambu. Já no “Chá Gordo” fizemos isso com a própria comunidade macaense: pusemos a própria comunidade a pensar em “então e isto vai acabar? A identidade macaense vai durar? O que é que é a identidade macaense? Isto a partir da comida [que tinha] a história da comunidade macaense que é a história dos 400 anos do crescimento desta comunidade. Aqui é a história de 200 anos do ofício do bambu.

TQ – Ao estarmos a falar de identidade estamos realmente a falar de memória e este é um trabalho da memória dentro da sua memória. A memória vista como futura é algo que corresponde ao passado e o presente é algo que corresponde ao futuro. Acontece na construção da memória de Macau. Devido a este crescimento tão esmagador quanto invisível, uma pessoa acaba por não o sentir. Mas esse desaparecimento acaba, segundo dizem, entre cinco e 10 anos e é algo que não vemos mas é verdade. Por isso este documentário é algo que no fundo é um cancioneiro de um conhecimento que tem passado de mão em mão, de geração em geração que não se encontra escrito.

Estamos a falar de um conhecimento que não se encontra registado…
TQ – Não. Os personagens dos nossos documentários também não trabalham a partir de um registo escrito, trabalham a partir de uma memória visual. Não há ciência. Tal como em todos os documentários que fizemos não há ciência escrita.

CCT- Na sociedade macaense há muito pouca coisa escrita. Por exemplo os livros de receitas não saem da família, não passam, não se partilham. A história do bambu também é um pouco isso. Começamos a notar que o uso do bambu estava a começar a ser substituído em Macau, que era cada vez menor. Quisemos investigar o bambu e não encontramos nada escrito, nada científico. O material não é analisado. É associado a um material pobre, de estrutura provisória, não é um material nobre. Uma arquitectura popular.

Este documentário apresentou vários desafios. O que ficou e como os ultrapassaram? Qual a receptividade dos mestres da terra?
CCT – A aproximação foi difícil. Houve uma certa desconfiança, olharam inicialmente para nós com a expressão do género “mas porque é que vocês têm interesse nisto? Vocês nem são de cá.” Tivemos que abordar muitas vezes mesmo com intérprete, porque só falam Chinês. Devido ao analfabetismo não há escrita e o próprio Chinês é um pouco rudimentar. O mais interessante foi que, dada a nossa insistência, conseguimos transmitir a nossa paixão e eles foram confiando. A partir desse momento houve uma abertura total. Foram simpatiquíssimos. Também os abordámos em várias facetas. Não só no seu trabalho, como no seu espaço de lazer, a nível pessoal em que partilhámos refeições. Outro aspecto foi o facto de os termos posto em contacto com outros mestres. Acabou por ser muito gratificante e eles já começam a ter a sensibilidade de que o bambu pode ter outra vertente e poder ser associada a contemporaneidade, criatividade e à imaginação. Que não é meramente mecânico e funcional e que pode ter um função contemplativa através de um conceito que eles entendem que é o de “belo”.

Em suma, Macau tem sido efectivamente a fonte de toda a vossa inspiração e caminho.
CCT – O meu tema é realmente sempre o mesmo. Ando sempre a reflectir nesta cidade e nos seus paradigmas. Somos curiosos e acabamos por estar muito atentos ao que vai acontecendo à nossa volta. O obstáculo linguístico, o ser outra comunidade com outros valores. Todos fazemos parte de uma só humanidade que convém ser partilhada e o nosso trabalho passa por aí. Partilhar o nosso conhecimento através de uma experiência visual é algo que sempre me fascinou.

TQ – É uma cidade que tem muitas camadas. Pode parecer um lugar comum mas é verdade. Tem muitas camadas e tem várias cidades dentro do mesmo território. No entanto não estão propriamente entrecruzadas. Coabitam e depois surgem as tais camadas. Ainda há muito por descobrir. É como o guardador de memórias, todos sabemos que em 2049 o território terá outra configuração formal, que, naturalmente, já está a ser construída. Assim sendo acho que se torna ainda mais pertinente este papel activo através do cinema.

Como olham para o futuro de Macau?
CCT – Macau tem características próprias e uma coisa que estou assistir hoje em dia é essa “achinecização” de Macau. Aquilo a que chamamos de mosaico humano em Macau, com a toda a diversidade histórico-cultural, pode estar a ser homogeneizado. É uma pena porque assim será igual a qualquer outra cidade chinesa. Por isso é também interessante perceber esta cidade que é construída sobre os aterros, sobre a natureza, tem possibilidade de continuar a assumir a sua diferença num contexto contemporâneo. De alguma forma, queremos contribuir para isso com uma mensagem de continuidade, de memória e património e de felicidade também.

Através da vossa experiência como é que vêem a produção cinematográfica em Macau?
TQ – Macau é um território jovem na produção de uma forma sistematizada. Representado pelo cinema tem uma vastíssima obra ao longo dos anos 40 a 60, por parte de realizadores de todo o mundo. Macau na primeira pessoa já é mais nos 70 e 80 e de uma forma mais acentuada na viragem do século e na transição da soberania. Estas iniciativas que vão acontecendo por parte do CCM ou por parte do IC que chama agora a si essa produção ou por parte de associações como por exemplo a CUT – Audiovisual, através da Macau Stories. Estes contributos vão ser fundamentais para configurar aquilo que se pode vir a entender como a indústria cinematográfica de Macau. Pode e deve-se falar de projectos audiovisuais, de projectos cinematográficos, que estão a acontecer de uma forma mais espontânea. Vão a breve trecho ter lugar outro tipo de situações através de associações. Quando falamos do cinema chinês falamos forçosamente dos cinemas chineses. Isto é, da china continental, de Hong Kong, de Taiwan e do cinema ultramarino. E agora, a propósito da minha tese de doutoramento, eu e outras pessoas estamos a analisar o cinema chinês e o cinema chinês em Macau para o colocar no mapa. Faz sentido. Macau faz parte da China, desta reconfiguração. Há uma identidade muito própria de Macau através do cinema.

2 Mai 2016

Advogados de Portugal só exercerão em Macau após exame

A Associação dos Advogados de Macau aprovou na quarta-feira à noite novas regras para a entrada de portugueses no mercado, fixando que terão de ser submetidos ao mesmo exame dos advogados locais, segundo a Rádio Macau. Depois da suspensão, em 2013, do protocolo com a Ordem de Portugal que facilitava a entrada de advogados portugueses nos escritórios de Macau, motivada pelo elevado número de recém-chegados, a associação aprovou em assembleia-geral novas regras que permitem a entrada de profissionais, mas impõem limitações.
Em declarações à Rádio Macau, o presidente da associação, Jorge Neto Valente, explicou que os advogados portugueses que queiram exercer no território terão de se submeter a um exame em Macau, o mesmo realizado pelos candidatos locais, independentemente de terem passado no exame da Ordem dos Advogados portuguesa.

Diferenças que contam

Já em 2014, quando a Associação dos Advogados de Macau discutia os novos requisitos para retomar a admissão no território de profissionais vindos de Portugal, que teria de apresentar à Ordem dos Advogados portugueses, Neto Valente explicou que se pretendia que os profissionais realizassem um curso prévio de três meses, assente sobretudo nas diferenças entre o sistema jurídico de Macau e o de Portugal, com exame final, bem como o estabelecimento de um limite anual do número de novos profissionais oriundos de Portugal.
Ainda não se sabe quando as novas regras entram em vigor, mas Neto Valente explicou à Rádio Macau que a avaliação será feita por um júri composto por advogados bilingues com mais de 15 anos de experiência. Mantêm-se os critérios anteriores que obrigam os advogados portugueses a terem um mínimo de três anos de experiência e a obterem autorização de residência em Macau.
“Vão fazer o exame igual ao dos candidatos locais que se consideram preparados, vão fazer o exame para ingressar na profissão efectiva. É um progresso”, disse à Rádio.

Cartão azul não dá

Neto Valente voltou a salientar a importância de os advogados terem Bilhete de Identidade de Residente e não visto de trabalho, considerando que só assim é assegurada a sua independência. “Não se pode ser advogado com cartão azul, consideramos que não estão garantidas condições de independência económica, haverá condições de dependência de uma entidade que é o patrão do cartão azul e isso não dá suficiente independência ao exercício da profissão por um advogado”, afirmou.
A decisão de suspender o protocolo com a Ordem dos Advogados que anteriormente estava em curso partiu de Macau prendeu-se com o número de recém-chegados, considerado superior às capacidades de absorção do território.

2 Mai 2016

FAM | Arranca este fim-de-semana 27ª edição

Este fim-de-semana marca o início da 27ª edição do Festival das Artes de Macau (FAM) e, na semana de abertura, haverá espectáculos que integram teatro, música, dança e produções a pensar na família

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ob o mote do “Tempo” e da passagem do mesmo em data que celebra a morte do dramaturgo William Shakespeare, está agendado para abrir as hostes do Festival de Artes de Macau (FAM) o “Sonho de Uma Noite de Verão” pela Shakespeare Theatre Company que vem dos Estados Unidos. Segundo a organização, a peça integra, sob a direcção e encenação de Ethan McSweeny, a mistura de sonhos e realidade em que “é utilizada alguma da mais provocante e deslumbrante poesia dramática” do autor.
O espectáculo tem lugar nos dias 30 de Abril e 1 de Maio, às 20h00. Ainda no Dia do Trabalhador, pelas 16h00 e 16h30, a produção abre as portas dos bastidores aos interessados em conhecer os adereços e cenários mais de perto. A participação é limitada a 25 pessoas por horário, segundo a ordem de inscrição.
A rubrica “Essência e Tradição” vai ocupar o Cinema Alegria no domingo às 19h30, com o espectáculo “A luta de Mu Guiying na Cidade de Hongzhou”. Uma peça que enquadra o canto e as artes marciais num transbordar de vitalidade enquanto narra a história de um casal guerreiro durante a dinastia Song do norte. A peça é interpretada pelo Grupo Juvenil de Ópera Cantonesa dos Kaifong.
Na dança, haverá “Prazo de Validade”, no edifício do Antigo Tribunal no sábado e domingo, pelas 20h00. É uma coreografia que “combina uma variedade de artes e instalações visuais” e retrata a possibilidade de deterioração da relação entre indivíduos. Depois do espectáculo de dia 30 está ainda agendada uma conversa com o público.

Todos juntos

O FAM não esqueceu a família e a 1 e 2 de Maio, numa produção da Casa de Portugal em Macau, é apresentado “Em Cantos” , que conta com seis mini histórias acompanhadas de música que lhes vai dando a devida vida. Este é um momento que convida crianças entre os seis meses e os três anos de idade a virem no colo dos pais para ver e ouvir a actriz e encenadora Elisa Vilaça, acompanhada por Tomás Ramos de Deus em viagens de encantar. Este momento tem lugar no auditório do conservatório de Macau e conta com três apresentações diárias, às 11h00, 15h00 e 17h30.
Ainda para os mais pequenos, 5 e 6 de Maio pelas 20h00 no edifício do Antigo Tribunal tem lugar a “Montagem de Animais” que vem do Reino Unido e junta ciência e fantoches para criar uma série de “esculturas performativas”. Aqui, os artistas procedem à montagem e animação de um conjunto de animais particularmente construídos com materiais invulgares. Após o espectáculo é lançado o convite ao público para, pessoalmente, explorar os objectos e o seu funcionamento. O FAM continua até final de Maio.

28 Abr 2016

Música dos Andes na Torre de Macau

A Associação de Intercâmbio Ásia-Pacífico e América Latina de Macau (MAPEAL) tem vindo a trabalhar na promoção da expressão cultural sul-americana na região e é neste contexto que a RAEM irá receber os “SISAY” às 12h45, hoje, na Torre de Macau. “SISAY” é uma banda já muito premiada que, segundo a organização, se concretiza enquanto embaixadora da cultura e música do Equador. As suas interpretações pretendem criar uma sonoridade inovadora, marcada pela mistura entre o tradicional, latino e mesmo jazz dos Andes. O resultado é uma criação musical repleta de vida e de energia. Já correram mundo em diversas digressões, sendo no momento considerados um dos maiores representantes da música do Equador e dos Andes na Ásia. O espectáculo conta com entrada livre e para os que desejem jantar hoje e amanhã no Tromba Rija, também na Torre de Macau, podem contar com a presença dos “SISAI” entre as 18h30 e as 21h15.

28 Abr 2016

BNU | Aumento dos lucros em 2015

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s lucros do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Macau alcançaram 443,3 milhões de patacas no ano passado, mais 15,1% do que em 2014, revelou à Lusa o presidente-executivo do banco, Pedro Cardoso. Pertencente ao grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), o BNU teve em 2015 um crescimento próximo da média dos últimos anos (cresceu 16% anualmente desde 2012) num “enquadramento económico claramente menos positivo face [ao ano anterior”, sublinhou Pedro Cardoso.
Segundo Pedro Cardoso, o segmento do sector do jogo e da hotelaria no BNU tem “uma importância assinalável” e “teve uma evolução menos positiva, claramente, em 2015” mas que “foi claramente compensada pela evolução positiva dos outros segmentos”.
“Temos aí um negócio importante (…) que em 2015 muito se ressentiu da evolução do sector do jogo”, admitiu Pedro Cardoso que, porém, não quis quantificar esse impacto, dizendo apenas que foi “razoável”. A estratégia do BNU passa pela segmentação do mercado, com enfoque na fidelização de clientes, e a “evolução bastante positiva” dos segmentos que estão para além do jogo ditaram o resultados de 2015, explicou.
Neste contexto, destacou o segmento das Pequenas e Médias Empresas (PME) e o do retalho. Segundo os resultados do exercício de 2015 que revelou à Lusa – e que são publicados no Boletim Oficial de Macau – o volume de negócios do banco cresceu 21,6%, tanto em termos de crédito como de depósitos.
A liquidez também se manteve “muito sólida”, com um rácio de transformação “de apenas” 53,1% (semelhante à do ano anterior). A margem financeira aumentou 22,6% e mesmo com o impacto no sector do jogo, os proveitos líquidos de comissões também cresceram 3,6% no seu conjunto, com destaque para o aumento em 9,5% no volume de vendas dos cartões de crédito e de 25% no dos cartões de débito.

Mais casas

Considerando que 2015 foi um “ano bastante positivo” para o banco, Pedro Cardoso afirmou que 2016 será “o ano de consolidação de uma série de projectos”. Em 2016, o BNU vai abrir mais duas agências em Macau, as primeiras desde 2013, e passará a ter um total de 20 no território.
O BNU fechou 2015 com 213 mil clientes (tinha 205 mil no final de 2014) e está neste momento perto dos 220 mil, quase um terço da população de Macau. Os resultados do BNU Macau representaram 43% da actividade internacional da CGD em 2015.
Sobre a situação da economia de Macau, Pedro Cardoso disse ter “uma visão bastante positiva para o futuro”, “de afirmação de Macau como centro de turismo e lazer” e “da capacidade do território se diversificar ainda mais na actividade económica”. Pedro Cardoso acrescentou que as infra-estruturas que estão a ser construídas em Macau e em redor da região, em especial a ponte que vai ligar Macau, Hong Kong e a China continental terão “um impacto muito significativo” na atracção de turistas e Investimento.

Negócio da lusofonia

Os negócios do BNU com clientes ligados aos países lusófonos cresceram 153% no ano passado. “Demos passos muito significativos e muito positivos em termos de utilização da plataforma financeira única que o grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem nos países de expressão portuguesa. O nosso volume de negócio com clientes neste espaço geográfico cresceu 153% em 2015″, disse Pedro Cardoso, presidente-executivo do banco. Segundo explicou, trata-se de clientes de Macau ou chineses que “estão a investir ou têm projectos de investimento ou actividade em países de expressão portuguesa ou vice-versa, clientes de países de expressão portuguesa que têm investimentos em Macau ou na China continental”. No caso específico de clientes apenas de Portugal, o volume de negócio do BNU cresceu 395%, disse Pedro Cardoso, que não avançou com outros números. “Esta é uma das áreas em que o BNU tem uma claríssima vantagem competitiva face à concorrência e obviamente é nesta área que estamos a crescer de forma ainda mais acelerada e mais acentuada face ao crescimento global do banco”, acrescentou. O BNU vai continuar a criar essa ponte entre a China e a lusofonia a partir de Macau, mas também a partir da própria China, com a abertura de uma agência na província de Guangdong (adjacente a Macau), no final deste ano ou no início de 2017.

27 Abr 2016

Conselheiros das Comunidades tomaram posse em Lisboa

José Pereira Coutinho, Armando de Jesus e Rita Santos tomaram posse, ontem, em Lisboa, como membros do Conselho das Comunidades Portuguesas. Ontem e hoje o órgão português reúne-se para as tomadas de posse e eleição do presidente do Conselho, com um mandato de um ano. Ainda não se sabe se um dos três conselheiros irá candidatar-se, sendo que só hoje decorre o plenário com a eleição. Os conselheiros vão ainda ficar mais uns dias em Portugal para vários encontros com entidades governamentais portuguesas, apesar de ainda não existir uma agenda oficial.

27 Abr 2016

Lembranças de longe: ou a música chinesa de intervenção 遥远的呐喊

*Por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ste ano comemora-se o 50º aniversário do movimento, formalmente designado por Grande Revolução Cultural Proletária, que teve uma duração de 10 anos.
A Revolução Cultural começou oficialmente em Maio de1966, quando Mao Tsé Tung lançou um ataque contra os seus adversários na liderança do Partido Comunista e promoveu uma vaga de crítica estudantil à classe docente. A década sangrenta e anárquica que se seguiu desacreditou o líder aos olhos de muitos chineses e abriu caminho às reformas económicas levadas a cabo por Deng Xiaoping, após a morte de Mao.
A última revolução do Presidente Mao tornou-se um dos acontecimentos mais controversos na história da China moderna. A campanha política desencadeada a nível nacional, e que incentivava a juventude e a classe trabalhadora a rebelarem-se contra o aparelho de Estado resultou, em finais de 1966 e durante o ano de 1967, em confrontos violentos entre as diversas facções. Para restaurar a ordem Mao convocou o Exército de Libertação do Povo o que deu origem a um período de grande repressão. Muitas das pessoas que apoiaram Mao no início da Revolução Cultural acabaram posteriormente por ser seus mártires.
A Revolução Cultural deixou traumas e feridas profundas. Foi preciso esperar pela década de 80 para que muitas das vítimas pertencentes às elites política e intelectual fossem reabilitadas pelo Partido Comunista e para que decisões dos Tribunais contra cidadãos comuns fossem revistas. No entanto, ainda hoje em dia muitas das pessoas ligadas a antigas facções se sentem discriminadas pelo PCC, o que faz com que seja tabu falar sobre a Revolução Cultural. O Partido evita o assunto e prefere falar sobre a abertura da China, as reformas económicas de Deng Xiaoping, e por aí fora. A censura dificultou desde sempre uma discussão pública e aberta sobre o assunto e o povo, quer por ignorância, no caso dos jovens, quer por apatia, no caso das pessoas de meia idade, evita-o. A crítica pública de matérias sensíveis não é tolerada. No entanto, em privado, as línguas soltam-se com mais facilidade.
Num reality-show, em Novembro do ano passado, um homem grisalho pegou na guitarra e fez ouvir o seu lamento, numa canção em que falava da morte do pai e da dissolução da sua família durante a Revolução Cultural. Yang Le楊樂,conhecido como o Johnny Cash chinês, actuou ao vivo, demonstrando publicamente uma rara expressão de dor por um dos mais trágicos episódios da história recente da China.

A canção de Yang Le, “Desde então” 從那以後 diz o seguinte:
bit.ly/1SvPTB8

Letra:
Quando era criança,
Eramos seis,
Irmãos e irmãs mais velhos, eu era o benjamim.
O pai era belo e valente,
A mãe, jovem e linda.
Trabalhavam honradamente e eram bondosos,
Depois da Revolução Cultural, ficámos apenas cinco.
O pai, vítima de um erro, acabou por morrer.
A mãe não teve alternativa, casou com alguém doutro lugar.
Os meus irmãos espalharam-se por montanhas e vales.
Desde então, a minha família dispersou-se,
Irmãos e irmãs pelos quatro cantos da Terra.
Nos feriados, só podíamos enviar lembranças de longe
Lembranças de longe,
Lembranças de longe,
Muitos anos depois, ao olhar para trás,
Meus irmãos e minhas irmãs, não precisamos de nos consolar,
Todos nos lembramos, o Pai queria que fossemos honestos e amáveis,
Nunca devemos mudar.
Lembramo-nos, a Mãe queria que fossemos fortes
E felizes
Mesmo hoje,
Cantamos a canção preferida dos nossos pais
Fortes e felizes
Amáveis e Honestos
Cantamos a canção preferida dos nossos pais
Bons e Amáveis
Com vidas felizes

É preciso mencionar que Yang Le foi descoberto num programa de televisão apresentado pelo célebre Cui Jian, o Godfather of Chinese rock-n-roll (saiba mais em:on.wsj.com/1WFOF6c), que em 1986 agitou as águas e expressou os sentimentos de toda uma geração com a sua canção icónica Nada Em Meu Nome 一无所有, que pode ser ouvida aqui:
bit.ly/1rl1p6B
(A letra encontra-se no link do youtube)

27 Abr 2016

Zhang Bin, pintor : “Encontrei neste trabalho um esconderijo”

“O Sonho do Pavilhão Vermelho”, de  Cao Xueqin, foi a obra literária que serviu de inspiração a Zhang Bin, para que começasse a pintar. O artista diz ter encontrado neste trabalho uma utopia para fugir às questões políticas da China e à rotina do dia-a-dia, ainda que veja no continente uma sociedade mais desenvolvida. O trabalho ainda não acabou, mas até 19 de Maio vai poder ver algumas das pinturas na Casa Garden

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]asceu em Harbin, no norte da China, uma cidade também conhecida pelo frio e brancura. O que veio desses tempos para o seu trabalho?
Sim, nasci em Harbin e já na altura passava o tempo a desenhar as montanhas cobertas de neve. Por outro lado, Harbin também pode ser considerada um lugar de passagem, por onde circularam vários povos diferentes que com eles trouxeram novas culturas, ideias e cores. Era uma espécie de “colónia”. Por lá passaram judeus da Europa que deixaram características, por exemplo, na construção. Passaram também russos e japoneses que deixaram a sua marca cultural. Neste sentido até se poderia fazer uma comparação com Macau, enquanto ponto de passagem e cruzamento entre diferentes povos provindos de diversas origens e que me deram acesso também a uma grande variedade humana e cultural. Como fica no norte da China, também é uma região com estações muito distintas e com elas a paisagem também adquire uma riqueza de cores particular a cada estação. Este factor também foi muito importante para a minha criação artística, na medida em que me deu oportunidade de começar a sentir as cores. Aos 20 anos fui para Pequim, para a Universidade, e foi a partir daí que comecei a utilizar outras técnicas e que comecei a pintar a óleo.

Também é um conceituado designer de palco. Que ligação há entre a cenografia e a pintura?
Durante os cinco anos em que frequentei a Universidade em Pequim onde me licenciei em Design de Palco, tive oportunidade de ter um treino, apesar de não muito longo, muito intensivo, na área da pintura, onde aprendi a técnica de pintar a óleo e onde tínhamos formação no desenho de modelo clássico. Por outro lado, a minha formação em Design de Palco acrescentou-me um espaço para uma outra dimensão da imaginação que posteriormente transportei para a pintura. O pensar um palco também é uma ajuda a alargar a criatividade e a visão para que depois tenha um conteúdo adicional para o trabalho de pintura.

“O Sonho do Pavilhão Vermelho” é uma das quatro grandes obras clássicas da literatura chinesa. É também uma obra muito explorada tanto internamente como no estrangeiro. Porquê voltar a interpretá-la?
Já entes de me dedicar à pintura era um grande apreciador da mesma. Frequentava muitas exposições mas, no entanto, não encontrava nada em especial que me inspirasse para pintar. “O Sonho do Pavilhão Vermelho” é de facto uma das quatro grandes obras clássicas da literatura chinesa e, para mim, a melhor de todas. Foi nesta obra que encontrei a possibilidade da imaginação e inspiração que ainda não tinha encontrado antes. Também acho que é uma obra importante até no desenvolvimento da arte contemporânea que junta elementos factuais a imaginários, assentes em características tradicionais não só da cultura chinesa como ao nível estético da paisagem característica dos clássicos chineses. Já foram realmente feitas diversas abordagens, do teatro à ópera e estudos culturais ou vários tipos de dramatização. Eu peguei no óleo e fiz uma série de pinturas baseadas nos cenários que imaginei ao ler as várias passagens do livro. A utilização do óleo também é uma técnica que acaba por realçar as características das paisagens clássicas chinesas, nomeadamente aquelas que depois da leitura são criadas pela imaginação. Foi o que fiz, criar a paisagem e os seus actores ou personagens.

Há partes da obra que incluem poesia. Isso serviu de inspiração?
[Sim], um outro aspecto consiste no facto de ser uma obra que integra poesia. Em que o autor inicia capítulos com um poema, por exemplo, ou então faz da poesia um tipo de comentário. Estes poemas são para mim muito sugestivos e muito do meu agrado e foi neles que também encontrei grande parte da inspiração que precisava para o meu trabalho na pintura. É uma obra repleta de ideias capazes de pôr a imaginação a trabalhar. A pintura da época também representa um tempo de auge dourado na história da pintura chinesa em que as personagens são inseridas na paisagem natural, o que também é muito característico da pintura tradicional chinesa em que há um mundo entre o céu, o homem e a terra, em que recorro ao óleo para melhor o ilustrar. SOFIAMOTA_ZHANG_BIN

Trabalha nesta obra há oito anos. Porquê tanto tempo? Que desafios?
Fazer este tipo de trabalho também é um tipo de fuga para mim, uma busca do lugar da natureza utópica de modo a fazer face às coisas medíocres do dia a dia, como determinadas situações políticas ou mesmo a mercantilização da arte ou do mercado da pintura que não me agrada nada. Encontrei na realização deste trabalho o que há muito procurava, um esconderijo de tranquilidade e segurança, uma espécie de utopia em que posso viver. Continuo a trabalhar na mesma série. Aqui só estão algumas das obras que fazem parte do meu “O Sonho do Pavilhão Vermelho”. Este livro tem um sentido que não se esgota e, como pintor, trabalhar esta obra é algo contínuo. Noutras áreas esta é também uma obra infinitamente explorada, eu faço o mesmo na minha pintura. Sem fim.

Nesta exposição encontramos uma sociedade chinesa que remonta há 200 anos. Como era e como é?
Ao contrário da sociedade espelhada na obra, agora estamos não num sistema feudal, mas socialista. Faz este ano 300 anos que Cai Xueqin nasceu. A sociedade naquele tempo e no contexto onde se passa o romance era mais realista, até no que se refere à história nuclear à volta dos protagonistas. Apesar de ainda só existir um partido na China, comparativamente a outros países em que existem vários, penso que a sociedade de agora tem vindo a ter um grande progresso. Um outro aspecto é também o desejo de uma sociedade ideal, sem maldade, em que até na perversão poderá haver limitações. O modelo social desta obra agrada-me particularmente. Esta obra reflecte também um processo vital, do nascimento à morte. Para pintar esta obra é necessário o furor do espírito. Gostaria também de passar mais tempo a criar livremente. Pessoalmente também aspiro a afastar-me das banalidades e da mediocridade da vida, o que me é possível fazer enquanto pintor.

Projectos futuros, que continuidades e que mudanças?
Pretendo continuar a trabalhar nesta obra, mas agora de uma forma diferente. No regresso a Pequim se calhar irei proceder a algumas alterações, por exemplo ao nível da paisagem, tornando-a mais abstracta e ambígua. Pretendo também uma melhor representação das personagens, com mais complexidade. Se calhar dar-lhes mais efeitos dramáticos. Dar mais energia vital às minhas pinturas, para que os meus quadros reúnam a vitalidade que pretendo tornando-os mais ricos. Dar-lhe mais vitalidade através da criação de uma estrutura mais complexa e ao mesmo tempo fugir da cultura pop que pessoalmente não gosto e da qual me tento sempre afastar, por ser muito virada para o mercado o que também não me agrada.

27 Abr 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 10. A empregada do bar

* Por José Drummond

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uarenta e cinco minutos e muitas bebidas depois, levantas-te. Dispersas-te até à varanda do bar e inclinas-te contra uma parede. Acendes um cigarro. Está abafado. Apesar disso tens um blusão de cabedal vestido sobre uma camisa preta. És um homem não muito alto e magro. Quando fumas dá ideia de que estás ainda mais perdido. Imagino que muitas vezes as tuas noites sejam completadas com prostitutas ou mulheres desesperadas e que tu entediado as permitas preencher os seus desejos. Não que me ache desesperada. Mas se calhar estou. Se calhar estamos todos. És um homem que, como defesa, irás  ferir mais os outros do que curar as tuas feridas. Como se as tuas feridas se alimentassem das feridas que infliges. Como se essas feridas fossem a razão da tua existência. Sopras uma nuvem de fumo no ar e vejo-te em profundo suspiro. Vou ter contigo. Sorrio. Mas tu não me vês. Sorrio de novo. Nervosamente. Passando com a mão pelo meu longo cabelo preto que hoje está mais rebelde. Finalmente olhas para mim e é como se o tempo parasse.
Sem que me dê realmente conta da sequência acabo no teu quarto. Um quarto confuso e desarrumado que espelha bem aquilo que sinto passar-se na tua cabeça. As tuas intenções são claras quando me agarras e me empurras para a cama.  Tínhamos acabado de chegar, e, como que apanhado no rodopio da tua própria confusão, paras. Por um momento ficas imóvel como se não soubesses o que fazer de seguida. Tomo eu conta da situação e rapidamente liberto-me da minha camisa, expondo parte dos meus seios por entre as rendas do meu sutiã. Os teus olhos mudam de expressão, como que em surpresa pelo meu movimento rápido.


Lanças-te na cama, cativado pelo inchaço dos meus seios, mal contidos no sutiã. Sem falar aproximas-te de mim e olhas-me profundamente nos meus olhos cor de avelã. Deixo os teus dedos frios acariciar o meu rosto. Os nossos lábios encontram-se, e tu, mordes-me gentilmente o lábio inferior. Sinto o sangue a fervilhar e não resisto ao impulso de te empurrar de leve e rodopiar sobre ti. Agarras a parte de trás da minha cabeça e puxas-me para ainda mais junto.
Com dedos ágeis soltas-me o sutiã, deixando-o cair no chão. Os meus mamilos roçam endurecidos contra a tua camisa. Os teus lábios quentes beijam-me. Sinto o hálito a whisky e tabaco a inundar-me a boca. Os teus dedos acariciam-me os seios e descem lentamente até às minhas ancas. Sussurras que a minha pele macia e quente te está a pôr louco. Os teus lábios descem ao longo do meu pescoço e em modo animalesco voltas a rodopiar assumindo de novo a posição de topo. Eu tento  empurrar-te em falso porque quero que me agarres ainda com mais força. Os teus dedos prosseguem de modo livre o reconhecimento do meu corpo. Solto um pequeno gemido e não consigo resistir à vontade de  te desapertar a camisa e arranhar-te as costas. A tua boca desenha um círculo à volta do meu mamilo direito antes de o chupar fazendo-me gemer ainda mais.
A minha mente está num sentido permanente de rebelião. Preciso disto. Preciso tanto disto. As tuas mãos não param e retiram-me a saia fazendo com que me contorça até aos tornozelos. As minhas cuecas rosa estão húmidas, e  grito quando as tuas mãos acariciam delicadamente o clítoris. Vejo-te sorrir levemente. Pela primeira vez tens outra expressão e toda a tua dor parece momentaneamente esquecida. Observas-me a gemer. Voltas a beijar-me enquanto nos libertamos da roupa restante. A tua erecção está no auge, pressionando firmemente contra o meu corpo. As minhas mãos empurram-te um pouco até que te agarro o pénis. Sinto-o na minha mão a pulsar violentamente. Dirijo-o para o ponto certo. Mordes-me a língua com força quando me penetras. Começas a apertar-me o pescoço. Não consigo respirar. Não consigo gemer. Não consigo fazer nada. Os teus olhos são agora de um animal. Estou perto do clímax quando subitamente te retiras. Olho para ti confusa. Mas essa confusão dissipa-se quando me voltas a penetrar. Choramingo. Recomeças cuidadoso e lento mas, de repente, sinto -te ofegante a aumentar o ritmo, sorrindo, como um louco, sem retirar as tuas mãos do meu pescoço. É neste momento que tudo se torna vago e perco os sentidos…

Dou comigo a abrir os olhos. Estás a olhar para mim. Choras. Como secar uma face cheia de lágrimas? Não sei quanto tempo estive inconsciente. Sinto uma dor na cabeça. As constelações impávidas que antes observei na varanda estão agora esquecidas. Os teus olhos não são duas luas cheias. Leio culpa nos teus olhos. Uma mulher sabe quando um homem olha nos seus olhos e vê outra pessoa. Tu tens problemas. És complicado como a maior parte das pessoas. Uma pessoa difícil de conhecer, de saber o que se passa no teu interior. Sinto os teus sentimentos como um turbilhão com imensas coisas. Ingredientes estragados de um qualquer prato amargo. Não é amor. Tu és o tipo de homem que magoa as pessoas, que as parte, que as danifica. És o tipo de homem do qual  as mulheres devem ficar afastadas. Percebo que tudo foi um erro. Quero-me ir embora. Quero-me levantar. Não consigo. Não me consigo mexer.

27 Abr 2016

Festival de Documentários continua com histórias de todo o mundo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Festival Internacional de Cinema Documental de Macau (FICDM) continua na Cinemateca Paixão e hoje é dia de exibição de “Wansai Back Home” às 14h00 e “First Cousin Once Removed” pelas 16h30.
O primeiro é uma co-produção do Japão e Taiwan realizada por Huang Ming-cheng. Wansai é referente aos filhos de japoneses nascidos em Taiwan durante o período colonial. Quase todos os japoneses foram repatriados aquando da rendição, tendo como resultado um conjunto de histórias marcadas pela dor da separação. Esta produção é o resultado de 12 anos de investigação e cinco de filmagens e conta a história dos laços familiares e de amizade que transcendem a vida e a morte. Uma história de descoberta e coragem perante a adversidade.
“First Cousin Once Removed” é uma produção norte-americana de Alan Berliner em que o realizador se propõe a fazer retrato pessoal do seu “bom amigo, primo e mentor” Honig, ao longo do processo de perda de memória deste devido à doença de Alzheimer. Um lembrete acerca do papel da memória na vida de cada um, em que a fragilidade de se ser humano é contemplada. Filmado ao longo de cinco anos, este trabalho documenta “com carinho e compaixão o percurso” de Hodig.

Sessão tripla

Quarta-feira conta com três sessões. “Chuck Norris V Communism” é exibido às 14h00 e tem realização de Ilinca Calugareanu. Uma produção romena, alemã e do Reino Unido, que retrata a vida ou falta dela, reduzida ao isolamento e à censura. A determinado momento foi aberta uma janela a todos os que se atravessem a espreitar um mundo livre quando, em meados dos anos oitenta, mil filmes de Hollywood dão entrada clandestina na Roménia através de uma operação criteriosamente preparada. Estes filmes terão sido traduzidos por uma tradutora destemida que acabou por cativar toda uma nação e ser símbolo de liberdade.
Às 19h30 é hora de “China Heavyweight” de Yung Chang que acompanha o treinador de boxe Qi Moxiang na sua viagem à China rural em busca de crianças que representassem potenciais atletas olímpicos. Neste documentário é acompanhada a sua visita a Huili, na província de Sichuan, onde encontra dois talentos, Miao Yunfei e He Zhongli.
Quinta-feira é dia de “Death Japanese Salesman”, às 14h30, um filme em que Mami Sunada conta a história do seu pai, Tomoaki Sunada. A película é baseada num diário que mostra a vida do progenitor após ter sido diagnosticado com um cancro incurável.

26 Abr 2016

Le French May | Degas, cinema e muito mais

Tem por lema “tocar em tudo” e apresenta diversas formas de arte: do património ao contemporâneo, passando também por vários estilos musicais, a edição de Macau do “Le French May” deste ano inclui esculturas de bronze de Degas, um ciclo de cinema, pintura de Borget e a música clássica de Michel Dalberto

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]ançado em 1993 em Hong Kong, como um evento cultural multidisciplinar para a Ásia, o “Maio Francês”, organizado pela Alliance Française, entra agora na sua 24ª edição. Em conferência de imprensa, a organização revelou a intenção de explorar a imaginação de novas regras, novas histórias e novos mundos na pintura, na escultura, no design, música, teatro, cinema e gastronomia sob o tema “Sonhos e Maravilhas”.
O programa de actividades de Macau inclui uma mostra da colecção de 74 esculturas em bronze de Edgar Degas: “Figuras em Movimento” estará exposta no MGM de 29 de Abril a 16 de Novembro, com entrada livre.
Um recital de piano de Michel Dalberto pode ser visto e ouvido no Clube Militar, pelas 20h00 de dia 2 de Maio. Os bilhetes custam 50 patacas para o recital e 250 com jantar.
O evento conta ainda com um ciclo de cinema francês, com a apresentação de oito películas. Intitulado “Sonhos de um outro mundo – Utopias”, tem lugar nos Cinemas do Galaxy, onde está em exibição até 31 de Maio. Os bilhetes custam 90 patacas.
Na calha, está ainda uma exibição de pinturas do sul da China de Auguste Borget, que vão estar patentes de 29 de Junho a 29 de Outubro, no Museu de Arte de Macau.

FAM e vinho
A edição deste ano colabora com o Festival de Artes de Macau (FAM), sendo a partir desse acordo que surge a peça do Disabled Theater desempenhada por actores com deficiências cognitivas. E também o encontro do inovador coreógrafo francês Jérôme Bel e dos artistas do Teatro de Zurique HORA.
O Maio francês entrará ainda pelo mundo da gastronomia, com emparelhamentos de menus com vinhos da Alsácia em vários restaurantes locais e a participação de chefs cotados no guia Michelin e vários negociantes de vinho.
Para o Cônsul-Geral de França, Eric Berti, “o festival é conhecido por ser um emblema” do país, “na medida em que pugna pela inovação, diversidade e excelência.”
Julien-Loïc Garin, o grande responsável do evento, destacou a singularidade das obras que vão ser apresentadas e afirmou que “esperam atrair turistas para região e oferecer mais conteúdo cultural aos residentes locais.” Mais detalhes do evento no seu sítio oficial em www.frenchmay.com.

26 Abr 2016

DSAT | Tarifas de estacionamento actualizadas

Sete parques de estacionamento público vão actualizar tarifas em Junho, indica a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Será a quarta fase da actualização de tarifas dos parques de estacionamento público e, à semelhança das últimas três, as tarifas devidas pela utilização dos lugares de estacionamento destinados a automóveis ligeiros, são, respectivamente, de seis patacas por hora, durante o período diurno, e três por hora durante o período nocturno. Os motociclos e ciclomotores pagam duas patacas por hora durante o dia e uma pataca à noite. Em simultâneo, será ainda cancelado o regime de passe mensal, como já tinha sido anunciado. Esta é a última fase de actualização das tarifas e marca a conclusão do processo de actualização das tarifas de todos os parques de estacionamento público.

26 Abr 2016

IPIM | Meia centena de bolsas de contacto assinadas

O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) organizou de 5 a 12 de Abril uma delegação composta por empresas de Macau para visitas de estudo e de intercâmbio a Portugal e à Guiné-Bissau. Nesse contexto, o “Fórum Empresarial das Oportunidades de Negócios entre Portugal, China e Região Administrativa Especial de Macau”, realizado em Lisboa, e o “Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que teve lugar em Bissau, capital da Guiné-Bissau, contribuíram para a realização de 51 bolsas de contacto entre as associações comerciais e empresas da China, dos Países de Língua Portuguesa e de Macau.
Estiveram envolvidos sectores da indústria florestal, pesca, castanha de caju, lacticínios, bebidas alcoólicas, materiais de construção, consultadoria de investimento, serviços educativos, serviços financeiros e fomento imobiliário, entre outros.
Para além disto, teve lugar, no decorrer do Encontro de Empresários, a assinatura de protocolos de cooperação referentes a 11 projectos.

26 Abr 2016

Na apresentação de Li Bai – A poesia é o lugar do espírito onde a alma dos povos tem a sua morada

Intervenção inédita de Natália Correia sobre o poeta Li Bai (701-762) e a poesia clássica chinesa, na apresentação dos Poemas de Li Bai, trad. António Graça de Abreu, na Missão de Macau em Lisboa, a 6 de Julho de 1990

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ui convidada para dizer algumas palavras sobre Li Bai, mas eu não sou especialista em literatura chinesa, sou uma pessoa curiosa como qualquer poeta, e mais nada.
Li na imprensa que vinha aqui fazer uma palestra sobre o poeta Li Bai, imaginoso exagero que me força a esclarecer que as palavras sobre esse magnífico anjo abolido da poesia chinesa, as palavras que ouvireis, nem de longe, nem de perto têm uma dimensão palestrante. Feito este esclarecimento que me iliba da precariedade do meu discurso, começo por lamentar que a actividade editorial portuguesa não venha acompanhando a larga difusão que editoras estrangeiras, nomeadamente em Inglaterra, têm dado à literatura chinesa, lacuna porventura ou certamente causada pelo velho fantasma da exiguidade de recursos económicos — para não dizer a palavra exacta que é miserabilismo —, que ensombra a nossa cultura.
Contudo, em boa hora desta omissão nos vem ressalvar o Instituto Cultural de Macau, dando-nos a conhecer através da excelente tradução acompanhada de valioso prefácio e notas, de António Graça de Abreu, a poesia de Li Bai.
Este poeta é considerado pelo seu tradutor “talvez” o maior poeta da China. A reserva do “talvez” não será alheia ao reconhecimento do génio de outro poeta, Du Fu, coevo de Li Bai no século VIII, ao tempo da dinastia Tang, período de “ouro” da poesia chinesa, florescendo num universo de paixões, refinamentos e extravagâncias que atingiu a perfeição numa produtividade espantosa.
A China bem se podia orgulhar de possuir este extraordinário património poético quando o pensamento europeu obscuramente ruminava aristotelismos ou devocionismos agustinianos à volta de sentenças patrológicas. Mas não me cabe aqui dilatar conhecimentos em que não passo de modesta amadora, e que são da área de António Graça de Abreu a quem já devíamos, de resto, o grande préstimo cultural de dar a conhecer, por iniciativa do Instituto Cultural de Macau, a peça de Wang Shifu “O Pavilhão do Ocidente” que também nos convida à humildade de reconhecer que já no século XIII o teatro era um património da cultura chinesa quando na Europa germinava em dramas litúrgicos, tutelados pela igreja.
Não resisto a realçar na poesia de Li Bai, esse grande poeta chinês, dois aspectos que algo têm a ver com a nossa literatura.
O primeiro constitui um traço importante da poética chinesa enaltecendo como valor supremo da poesia a brevidade, valorizá-la-á mais pelo que sugere do que pelo que diz. A quadra tem assim um relevo muito significativo no discurso poético chinês, pois que cessando a palavra por imposição da economia formal, o sentido prossegue. Ora é de assinalar que esta valorização da quadra dentro do conceito do “pouco que diz muito” é idêntico ao critério que na nossa poética popular elege a estância de quatro versos, a redondilha menor, como a quinta essência da expressão lírica conceptualista e satírica, ou seja, tudo aquilo que realmente traduz o génio português, Um elemento que a sabedoria popular agrega ao valor da quadra é o dom de a improvisar. Do repentismo de Li Bai nos dá notícia o seu tradutor que nos informa que as quadras breves de cinco caracteres por verso eram improvisadas pelo poeta, sendo só depois passadas ao papel.
Outro aspecto incide sobre Fernando Pessoa, sobretudo na sua hipóstase Alberto Caeiro. Observa com justeza António Graça de Abreu que este verso de Pessoa, enquanto Caeiro “a vida é sombra que passa sobre um rio” podia ser da autoria de Li Bai. Assim é. E direi mais, a identificação entre a temática da perenidade da sábia natureza e da fugacidade da vida no lirismo de Li Bai, e a tópica que caracteriza a poesia do heterónimo de Pessoa, Alberto Caeiro, mesmo a de Ricardo Reis, pode ser reduzida a este principio taoista “se queres conhecer o Tao, expulsa de ti o teu pensamento, tal como a serpente larga a sua pele.” É o que por outras palavras Caeiro nos diz “compreendi isto com os olhos, não com o pensamento.” Ora neste apelo ao outro compreender que o pensamento interdita, seria de estimar o vinho como desorganizador da máquina pensante. Li Bai – outro paralelo com Fernando Pessoa que era beberrão –, junta assim à glória de astro da poesia chinesa, a fama de emérito beberrão. Fama e proveito pois que na sua errática biografia são pitorescamente frequentes as bebedeiras que o poeta translada, de forma encomiástica, para os seus versos. E nisto, repelindo o moralismo confuciano como muito bem acentua António Graça de Abreu, o poeta Li Bai prossegue na senda da poesia dos taoistas em que anteriormente brilha entre os sete Sábios do Bosque de Bambus o amante do vinho Liu Ling, numa busca da evasão que liberta o espírito dos entraves da visão racional. 01
O fundador do espírito da poética moderna, Arthur Rimbaud, far-se-á eco, sem o assumir, sem o conscencializar, desta conexão da embriaguez e do olhar poético ao dizer “Proceda-se ao desregramento dos sentidos para atingir o desconhecido.” A prática poética do surrealismo que em Portugal foi uma cumeada da poesia das últimas décadas seguiu esse princípio criador do desconcerto dos sentidos que, libertando a imaginação, a investe de plenos poderes.
Por fim uma importantíssima e pouco conhecida identidade nos alvores do nosso lirismo, nas Cantigas de Amigo, as paralelísticas, com as poesias chinesas do Shi Jing, o clássico Livro das Odes. O processo rítmico é idêntico e para a semelhança ser perfeita ambas executavam-se por coros alternados. Nas poesias do Shi Jing, tal como nas Cantigas de Amigo, a voz era dada à mulher. Prova-o este poema traduzido para o francês por Marcel Granet:

“Oh, tu, senhor de belo rosto,
que me esperavas na rua,
ai de mim,
não te segui…

Oh, tu, senhor bem talhado,
que me esperavas na sala,
ai de mim,
não te segui…

Compare-se com esta cantiga que Pêro Gonçalves Portocarrero pôs na boca da amiga, como era habitual nas cantigas de mulheres do nosso lirismo medieval, visto que não faziam mais do que reproduzir temas arcaicos, uma poesia arcaica em que era a mulher quem compunha as poesias. Os trovadores eram muito gentis com as damas, como se sabe, de maneira que lhes faziam essa homenagem. Eis, portanto a poesia comparada:

O anel do meu amigo
perdi-o sob o verde pino
e choro,
eu, bela.

O anel do meu amado
perdi-o sob o verde ramo
e choro,
eu, bela.

O facto de uma poesia semelhante à nossa Cantiga de Amigo paralelística ter aparecido na China alguns séculos antes de Cristo tem causado perplexidade aos historiadores, aos investigadores dos cancioneiros medievais. Atenua-se porém essa perplexidade se averiguarmos, como eu averiguei em porfiados estudos, que a nossa cantiga paralelística tem remotas origens, o que é confirmado por Theodore Frinz que enriqueceu os estudos desse lirismo demonstrando que a cantiga feminina é o género lírico mais arcaico com que deparamos nas mais diversas culturas. Pergunto: Um ponto comum, esse perdido ponto do espírito? Um horizonte de poetas, uma desaparecida unidade, todos os povos despedaçados por catástrofes e guerras?
A poesia tem direito a admitir que é sua vocação unir o que está separado. E a própria realidade histórica que vivemos nestes dias de aceleradas mudanças aconselha-nos, a nós ocidentais, que abdiquemos desse logocentrismo, dessa encapotada transferência do moribundo imperialismo histórico para o imperialismo do pensamento ocidental que tem dado frutos aberrantes. Vou citar só um. Recordarei o conceito de primitivo adoptado por Lévy Bruhl, nomeadamente no seu livro As Funções Mentais nas Sociedades Inferiores. Pois bem, esse pilar das teorias sobre a mentalidade primitiva tratou, por assim dizer, como primitivos e inferiores todos os antigos povos extra-europeus, incluindo nestes os chineses e japoneses.
Importa pois varrer, de uma vez para sempre, das mentes europeias os resíduos deste dasaforado logocentrismo que até se metamorfoseia agora na inculcação de modelos políticos em territórios culturais a que eles são espúrios. O mesmo é dizer que devemos acolher as mensagens de outras culturas como uma dádiva feita ao universalismo que se alimenta de diversidades culturais, políticas e civilizacionais.
É dentro deste espírito que deve iluminar todas as nações que saúdo o Instituto Cultural de Macau e o António Graça de Abreu por revelarem aos portugueses os Poemas de Li Bai, expoente da poesia dessa China que, passando por enigmática, nela, poesia, mostra a sua alma, porque a poesia é isso mesmo, o lugar do espírito onde a alma dos povos tem a sua morada.

Lisboa, 6 de Julho de 1990
Por Natália Correia

26 Abr 2016

Morreu o príncipe do Funk, Prince Rogers Nelson

Prince não foi apenas um génio excêntrico da música. Muito mais que isso, era um acumular de talentos em pouco mais de metro e meio. Multi-instrumentista, compositor, actor, performer. Cabe-lhe o reconhecimento consensual enquanto um dos mais influentes artistas desde a década de 1970

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]morte de Prince Rogers Nelson apanhou todos de surpresa, na passada quinta-feira. O príncipe do Funk contava com 57 anos e foi encontrado inanimado no elevador da sua casa-estúdio, em Paisley Park, em Minneapolis, no estado do Minnesota. A morte do cantor foi confirmada à Associated Press pouco depois, pela sua representante, sendo que a causa é ainda desconhecida.
Segundo a Reuters, na semana anterior Prince terá dado entrada no hospital com o que seria, supostamente uma gripe, tendo no sábado seguinte dado o seu último espectáculo numa festa na sua própria casa. Segundo declarações de alguns dos presentes e perante alguma preocupação relativa ao estado de saúde do músico, o mesmo terá dito: “esperem uns dias antes de desperdiçarem as vossas orações”. Ao mesmo tempo, alguns dos concertos da digressão “Piano & A Microphone Tour”, também tinham sido recentemente cancelados.
Outros sites de música, como o TMZ, dão conta de uma possível entrada no hospital com uma overdose, mas ainda não há resultados dos testes toxicológicos ou da autópsia, sendo que a única coisa que se exclui é que a morte foi provocada por suicídio ou agressão. O cantor, entretanto, já foi cremado no sábado numa cerimónia privada, sendo que haverá um evento público ainda com data a anunciar.

Contra a massificação

Conhecido também pelas suas excentricidades, os últimos anos de Prince foram marcados pela sua quase “auto-exclusão” da internet e pelo limite de entrevistas que se disponibilizava a dar, bem como a ausência do mediatismo. Por outro lado associava-se cada vez mais a serviços de streaming como o Tidal, em jeito de protesto à massificação da divulgação musical da internet, sendo que actualmente encontrar Prince online, registos de concertos, fotos ou entrevistas não é tarefa fácil, a pedido do próprio artista.
No entanto, não é por isso que Prince deixa de ser uma referência da cultura musical, do Jazz ao Funk, contando com inúmeras colaborações e excentricidades, mesmo no que respeita às mudanças que o seu nome sofreu. Prince é sem dúvida um nome a ficar na história da música.
Nascido em Mineeapolis, filho de pai pianista e mãe cantora de Jazz, começou a sua carreira no final da década de 70. Pouco depois, em 84, lança “Purple Rain” que marca não só o início do seu sucesso à escala internacional, como ainda a música que lhe valeu o Óscar de melhor banda sonora em 85. O filme homónimo de Albert Magnoli, marca também a estreia do músico como actor. Em 93 muda efectivamente de nome para o símbolo , voltando mais tarde a ser Prince.
Da sua carreira contam 39 álbuns, tanto a solo como com a New Power Generation, nos anos 90, ou com Eye Girl, em 2010. Testemunha de jeová, vegetariano, com milhões de discos vendidos e sete grammys amealhados, Prince tinha o lançamento das suas memórias anunciado para o próximo ano.

25 Abr 2016

Orquestra de Macau celebra Shakespeare com Sayaka Shoji

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]“Concerto para Violino N.o 2 em sol menor” de Prokofiev vai ter lugar no próximo dia 29 de Abril pelas 20h00 no auditório da Torre de Macau. O concerto contará com Lu Jia, director musical e maestro principal da Orquestra de Macau e a participação da violinista japonesa Sayaka Shoji. O evento integra a série de espectáculos promovidos pelo Instituto Cultural (IC) dedicados ao tema “Mundo de Shakespeare”.
Segundo a organização, Sayaka Shoji é descrita pela revista Gramophone como “[uma artista] formidável, capaz de extrair enormes reservas de energia a qualquer coisa que se proponha fazer”.
Vencedora do Concurso Internacional Paganini aos 16 anos de idade, foi a primeira japonesa e mais jovem artista a consegui-lo. É também conhecida internacionalmente como uma revelação no violino contando já com inúmeras participações em orquestras de renome incluindo a BBC Philharmonic de Inglaterra, a Wiener Symphoniker de Viena de Áustria, a Orquestra Sinfónica Nacional da Dinamarca ou a Orquestra Sinfónica NHK do Japão. Em Janeiro de 2016, Sayaka Shoji recebeu o prestigiado Prémio de Arte Mainichi.
O espectáculo na RAEM marca a primeira colaboração com a Orquestra de Macau e a interpretação do concerto de Sergei Prokofiev nas comemorações do 400º aniversário da morte de Sheakespeare, por esta obra ser também conhecida pela sua integração no ballet “Romeu e Julieta”.
Está ainda programada a apresentação de “Aberture de Le Roi Lear de Berlioz”, que se baseia no obra homónima de Shakespeare e que conta com contrabaixos e oboés para promover a dramatização do ambiente. O concerto termina com a “Sinfonia No 4 em ré menor de Schumann”.
Os bilhetes para o espectáculo já se encontram à venda e os preços variam entre as cem e as 200 patacas.

25 Abr 2016

Fotografia | Exposição da Coreia nas Casas-Museu da Taipa

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]streia quinta-feira a exposição “Narrativas”, do fotógrafo sul-coreano Park Seung Hoon. Numa co-organização do Instituto Cultural (IC) e da PYO Gallery, a mostra abre às 18h30, na Galeria das Casas-Museu da Taipa.
A exposição contará com a apresentação de 16 obras do jovem artista coreano e abrange duas séries de trabalhos. Da série “TEXTUS” são exibidas imagens fotográficas capturadas em película de 16mm em que o artista tece várias tiras de película, produzidas durante vários anos pelo mundo fora, que se apresentam aqui unidas numa só imagem, de forma a concretizar “um cenário perfeito”. A série “Uma melhor explicação” , também a mais recente criação de Park Seung Hoon, é uma manifestação também fotográfica da transformação ao longo do tempo e do espaço da paisagem ribeirinha do rio Arno, em Florença. São apresentados cenários momentâneos que retratam simultâneamente o desenvolvimento histórico e social à volta deste rio.
É objectivo da organização que através da presente exposição os visitantes se “sintam inspirados a potenciar a sua própria imaginação bem como a exploração de novas possibilidades artísticas”.
“Narrativas” está patente até 26 de Junho de 2016 e tem entrada livre.

25 Abr 2016

Duas licenciaturas em quatro anos, prevê proposta de lei

A proposta de Lei para o Ensino Superior implementa o conceito de “licenciatura dupla”, quer permite fazer duas licenciaturas no tempo de uma, que é de quatro anos. A ideia é que os alunos possam tirar dois cursos, seja na mesma área ou não, na mesma instituição do ensino ou não, desde que no primeiro ano sejam considerados excelentes alunos e revelem “capacidades especiais”.
“Se conseguir passar no exame ou na prova, tudo bem. Não tem nada que ver com o número de cursos e a qualidade. Um aluno pode ser muito trabalhador, quer tirar um curso. Como no primeiro ano tem uma média boa quer tirar outro curso de licenciatura. Se conseguir gerir o seu horário tudo bem”, explicou Chan Chak Mo, presidente da 2.ª Comissão Permanente, grupo que analisa a proposta de lei na especialidade, à Rádio Macau. A ideia, defendeu, é dar margem de manobra a estudantes e universidades.
A Rádio diz ainda que o acesso e a aprovação da dupla licenciatura vão depender de um sistema de créditos, que será regulado noutro diploma. Os deputados desconhecem as regras, mas Chan Chak Mo diz que o principal problema da Comissão era garantir que os cursos com menos de quatro anos fossem reconhecidos. Está resolvido: “o Governo diz que a norma, redigida desta maneira, é para dar mais flexibilidade, espaço e margem para a realização no futuro de cursos com duração inferior a quatro anos lectivos. Se esta flexibilidade é demais? O Governo diz que vai estudar”, cita o meio de comunicação.
Os estudantes que sigam o sistema de créditos têm ainda a hipótese de fazer o que o Governo chama um “cálculo de resultados da aprendizagem”. As contas permitem que um aluno, com créditos em falta, termine o curso “em tempo oportuno”.

22 Abr 2016

Indústrias culturais | Leilões e hastas públicas são nova aposta do Governo

O Governo vai apostar no sector dos leilões e hastas públicas, dentro da área das indústrias culturais. A notícia foi avançada ontem, por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que indicou que o Governo vai, nos próximos dias, criar um grupo de trabalho dedicado em exclusivo ao sector.
Cortar na carga fiscal, promover a formação de pessoal especializado e criar legislação específica para regular este negócio foram algumas das sugestões que saíram do Conselho para as Indústrias Culturais, que reuniu ontem de manhã pela primeira vez.
No encontro foi ainda apresentado um estudo sobre as expectativas de desenvolvimento em Macau de leilões e de hastas públicas. O Secretário considera que se trata de uma indústria muito promissora. “Achamos que o mercado de leilões de arte e de antiguidades poderá ter um grande sucesso”, afirmou Alexis Tam, citado pela Rádio Macau.
Também a deputada Angela Leong concordou, sendo ela parte interessada, pois é proprietária de leiloeiras no território. A deputada disse, durante a sua intervenção, que é importante que o Governo acabe com o imposto de selo que recai sobre estas transacções. “Acho que Macau deveria pensar em revogar o imposto de selo nas obras de antiguidades”, apontou.
Por sua vez, o deputado Gabriel Tong, também membro do Conselho, reforçou a opinião, já defendida também na Assembleia Legislativa (AL), de maior trabalho na legislação anti-corrupção e branqueamento de capitais para regular estas de transacções. “Nós já temos esta legislação mas temos que ver se é capaz de abranger e regulamentar a actividade desta indústria”, apontou.

22 Abr 2016