Cardeal de Hong Kong pede aos peregrinos em Fátima que tornem Cristo visível na sociedade

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, pediu este domingo aos peregrinos em Fátima para que através do modo de viver e exemplo façam com que Cristo seja visível na sociedade.

“Com o nosso modo de viver e o nosso exemplo devemos fazer com que Cristo seja visível hoje na nossa sociedade”, diz o cardeal na homilia que escreveu, mas lida pelo reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, na missa final da peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima, a que assistem cerca de 300 mil fiéis.

O bispo emérito de Hong Kong aponta o exemplo da Virgem para dizer que Maria ajudará a “levar Cristo ao mundo e o mundo a Cristo”, tornando as pessoas abertas e atentas “às necessidades dos outros” e a partilharem “o tesouro e a alegria” da fé.

Segundo o cardeal, esta tarefa deve ser realizada a partir da Eucaristia, para acrescentar: “A nossa assembleia litúrgica é já testemunho vivo da presença de Cristo”.

“Jesus, com o seu Espírito, forma em nós uma nova humanidade. Ele próprio nos impele na procura da liberdade, da dignidade, da justiça, da responsabilidade, ou melhor, fortalece o nosso próprio desejo de construir um mundo mais justo e mais unido”, afirma o prelado.

Na missa, que está a ser concelebrada por 227 sacerdotes e 18 bispos, o cardeal John Tong refere-se depois à comunidade de crentes que, “consciente de ter recebido um mandato divino, plena de fervor missionário e de alegria pascal, torna-se no mundo testemunha da nova realidade da vida realizada em Cristo”.

“Esta nova realidade manifesta-se nos pequenos gestos que realizamos nas nossas vidas quotidianas, nas realidades terrestres e nos nossos compromissos de cada dia que fazemos com o novo Espírito do Senhor. Acima de tudo, quando nos dedicamos à libertação espiritual e à promoção humana dos outros”, salienta.

O cardeal John Tong menciona ainda o seu percurso pessoal, para destacar o impacto que teve “o exemplo dos serviços caritativos dos missionários estrangeiros quando, em criança, vivia em Cantão, logo depois do final da Segunda Guerra Mundial”.

“O seu espírito missionário e caritativo suscitou em mim o desejo de os imitar, fizeram nascer em mim a vocação sacerdotal e decidi entrar para o seminário em Macau, pouco antes da minha família se refugiar em Hong Kong”, lê-se na homilia, na qual pediu também aos milhares de peregrinos que encheram o recinto de oração para que, ao regressarem à vida quotidiana, se comprometam a “partilhar a fé e o amor”.

A peregrinação internacional aniversária, que hoje termina, um ano depois do Centenário das Aparições, da canonização de Francisco e Jacinta Marto e da visita do papa Francisco, tem como tema “Tempo de graça e misericórdia: dar graças pelo dom de Fátima”.

Segundo informação do santuário, cerca de 37 mil peregrinos deslocaram-se a pé para Fátima para a peregrinação, número que superou as expetativas. Anunciaram-se ainda no santuário 148 grupos, com um total de nove mil peregrinos de 26 países.

Numerosos santuários marianos na China lembram proteção da Virgem – cardeal de Hong Kong

O cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, afirmou no Santuário de Fátima que “os numerosos santuários marianos na China ajudam a relembrar constantemente ao povo” a proteção da Virgem.

“Na História da Igreja na China registam-se várias intervenções de Nossa Senhora. Por exemplo, em 1900, durante a perseguição dos Boxers, ocorreram duas aparições, uma em Pequim, onde a Virgem Maria apareceu acompanhada do arcanjo São Miguel e rodeada por uma multidão de anjos”, refere o cardeal na homilia que escreveu, mas lida pelo reitor do santuário, padre Carlos Cabecinhas, na missa que hoje encerra o primeiro dia da peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima.

Concelebrada por 147 sacerdotes e 13 bispos, na eucaristia, após a procissão das velas, a que assistem o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, e a chefe de Estado da Cróacia, Kolinda Grabar-Kitarovic, o prelado aponta que “a segunda aparição ocorreu na cidade de Donglu, perto de Baoding, na província de Hebei, onde Maria apareceu no céu e, escutando as súplicas do povo, preservou a cidade da destruição”.

“Uma aparição mais recente, pouco depois da perseguição da Revolução Cultural, ocorreu na Basílica de Sheshan, próximo de Xangai, quando, na primavera de 1980, os pescadores católicos lá voltaram encontraram as portas fechadas”, continua o bispo emérito, para acrescentar: “Forçando-as, entraram e ajoelharam-se na igreja vazia, enquanto rezavam e cantavam durante longas horas, Nossa Senhora apareceu diante deles”.

O cardeal John Tong salienta depois que “a causa das piores desgraças humanas é o pecado” e que Maria “sempre mostrou ter uma forte preocupação pelos pecadores”, para sublinhar que “a presença do pecado, da dor e da morte no mundo persiste ainda”.

Referindo-se à Mensagem de Fátima, lembra na homília que Maria “recomendou com insistência aos três videntes que rezassem e fizessem penitência pela conversão dos pecadores, pelo fim da guerra e pela paz no mundo, de forma a evitar tribulações para o mundo e perseguições para a Igreja”.

Depois, John Tong recorda o exemplo dos videntes Francisco, Jacinta e Lúcia, os dois primeiros tornados santos há um ano em Fátima pelo papa Francisco, que aceitaram o convite da Virgem e “empenharam-se na oração, no sacrifício e no jejum”, para perguntar aos milhares de fiéis presentes no recinto de oração qual a sua decisão.

O bispo emérito de Hong Kong dirige, ainda, uma palavra aos doentes, destacando que a Virgem “permanece junto de todos” para lhes “infundir coragem”.

“A Mãe celeste está agora aqui connosco, está ao lado de todos vós, irmãos e irmãs doentes”, lê-se na homilia, na qual o cardeal pede aos fiéis para renovarem a confiança na intercessão e no cuidado da Virgem, e que é a esperança que deve sempre sustentar as pessoas “nas dificuldades e no sofrimento”.

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