AL | Kou Hoi In deverá ser o sucessor de Ho Iat Seng

[dropcap]O[/dropcap] deputado Kou Hoi In está em boa posição para suceder a Ho Iat Seng enquanto presidente da Assembleia Legislativa (AL).

As eleições para o próximo presidente da AL realizam-se esta quarta-feira, 17 de Julho, após a saída de Ho Iat Seng por renúncia ao mandato para concorrer ao lugar de Chefe do Executivo. A reunião plenária foi marcada na passada sexta-feira e irá acontecer antes do fim do prazo legal de 15 dias para a realização da eleição interna.

Kou Hoi In é apontado como a escolha mais provável para a liderança da AL, segundo avançou na sexta-feira a Rádio Macau. Para tal contribui o facto de ser o deputado mais antigo no hemiciclo, onde está desde 1991, assim como os cargos de representante do território na Assembleia Popular Nacional e presidente da Associação Comercial de Macau.

Chui Sai Cheong deverá manter-se no cargo de vice-presidente, adiantou ainda a emissora, não se esperando que chegue à presidência por ser irmão do actual Chefe do Executivo, Chui Sai On.

A deputada Chan Hong, eleita pelo sector dos serviços sociais e educação, deverá ser promovida a primeira secretária da Mesa. Para o lugar de segundo secretário fala-se no nome de Ho Ion Sang, deputado da União Geral das Associações dos Moradores.

15 Jul 2019

Hong Kong | Protestos são também por democracia, refere activista Bonnie Leung

Reforma democrática é o grande objectivo dos protestos que têm marcado a região vizinha, muito além do pedido de retirada da polémica lei da extradição. A próxima manifestação de grande escala está agendada para o próximo domingo

 

[dropcap]A[/dropcap] porta-voz da organização que tem liderado as manifestações em Hong Kong disse em entrevista à Lusa que os actuais protestos são contra a lei da extradição, mas também pela democracia que garanta o sufrágio universal. “Queremos também lutar por uma verdadeira democracia”, sublinhou Bonnie Leung, vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos, que integra 15 organizações não-governamentais e movimentos políticos.

“Precisamos mesmo de ter um sistema democrático: um homem, um voto: Temos de eleger o nosso Chefe de Executivo e os nossos legisladores”, porque “sem uma verdadeira democracia, coisas más podem sempre repetir-se”, defendeu.

A activista ressalvou, contudo, que o foco continua a manter-se no combate à lei da extradição, que desde o dia 9 de Junho motivou manifestações na antiga colónia britânica.

Representações colaterais

Por outro lado, a mediatização dos protestos tem também permitido ao território representar Macau e Taiwan perante a ameaça de Pequim, acrescentou. “Acredito que muitos cidadãos de Macau e de Taiwan apoiam os mesmos valores. Ao alertar o mundo sobre o problema de Hong Kong, como que representamos também esses cidadãos de Macau e de Taiwan porque estamos a enfrentar o mesmo Governo chinês, estamos a enfrentar o mesmo tipo de perigos impostos por Pequim”, sublinhou Bonnie Leung.

A activista admitiu desconhecer contactos directos estabelecidos por grupos, mas confirmou a presença de manifestantes desses dois territórios nos protestos em Hong Kong.

Bonnie Leung diferencia o caso de Taiwan do de Macau, dizendo que na Ilha Formosa se vive em democracia, mas que está a viver uma situação idêntica à de Hong Kong, “com muito dinheiro [chinês] a ser injectado na economia, a tentar comprar mais influência, sobretudo nos ‘media’”.

Contra a informação falsa

Num momento em que passou mais de um mês após os primeiros protestos por causa da lei da extradição, os manifestantes adoptaram novas estratégias, na rua, junto da opinião pública e da comunidade internacional.

“Tivemos de mudar as nossas tácticas porque o lado pró-Pequim já começou com uma campanha de falsa informação”, disse Bonnie Leung, admitindo que esta é também “uma batalha pela opinião pública”.

“Acreditamos que liberdade, Estado de Direito e democracia são valores universais e podem fazer a sociedade e o mundo melhor. O que estamos a tentar fazer é transportar estes conceitos para a população da China”, explicou.

Nas últimas semanas, grupos de voluntários têm-se deslocado para zonas de Hong Kong nas quais se regista um elevado fluxo de turistas chineses, com panfletos e cartazes.

“Queremos partilhar as nossas ideias e explicar a estes turistas o que realmente está a acontecer em Hong Kong, em vez de receberem a informação através dos canais oficiais chineses”, e apesar de toda a censura de Pequim sobre esta matéria, lembrou a porta-voz da organização.

Torcer o braço

No que diz respeito à invasão do Conselho Legislativo, a activista refere que essa situação aconteceu porque o Governo passou a ideia de que as manifestações pacíficas não resultam. “Há um graffiti no Conselho Legislativo que resume a razão pela qual os jovens fizeram o que fizeram: Foram vocês que nos ensinaram que as demonstrações pacíficas não resultam”, disse Bonnie Leung.

Recorde-se que dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balsas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong.

“Obviamente, Pequim e o Governo de Hong Kong querem que a população da nossa cidade e no mundo acreditem que aqueles jovens manifestantes foram indesculpavelmente violentos. Mas estou muito satisfeita e orgulhosa com o facto de que as pessoas de Hong Kong conseguirem descortinar essas táticas”, sustentou Leung.

“Dois milhões [de pessoas] estiveram nas ruas pacificamente e nem um vidro foi partido e as nossas reivindicações não foram atendidas”, lembrou, referindo-se aos protestos de 16 de Junho. “O Governo não estava a ouvir”, acrescentou.

Bonnie Leung disse compreender a razão pela qual “as pessoas podem não concordar com as acções dos jovens” e que o seu movimento também entende que não é necessário que estes coloquem em risco a sua própria segurança”. “Mas estamos solidários e preocupamo-nos com eles”, disse, reafirmando que não são jovens violentos, mas que, em desespero, frisou, destruíram objectos “que simbolizam a tirania do Governo de Hong Kong”, mas que se preocuparam em preservar documentos históricos, exemplificou.

Há mais de um mês que Hong Kong é palco de protestos maciços. O mais concorrido, segundo a organização, aconteceu a 16 de Junho, quando cerca de dois milhões de pessoas (mais de um terço da população) saíram à rua para protestar contra a lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições com as quais não existem acordos prévios, como é o caso da China.

A chefe do Governo, Carrie Lam, depois de pedir desculpa em duas ocasiões distintas, em Junho, chegou mesmo a afirmar já este mês que a lei estava “morta”.

Uma declaração que não conseguiu convencer os líderes dos protestos, que continuam a promover pequenas acções e manifestações na cidade e a exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da Chefe do Executivo, Carrie Lam.

Já os defensores da polémica lei da extradição argumentam que, caso se mantenha a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, tal poderá transformar Hong Kong num “refúgio para criminosos internacionais”.

Mas os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

Na agenda

De resto, uma nova grande manifestação contra a lei da extradição e a violência policial está agendada para 21 de Julho em Hong Kong, uma vez que as reivindicações feitas ao Governo não foram atendidas, segundo os manifestantes. “Como as nossas cinco reivindicações não foram ainda atendidas, acreditamos que é muito importante que continuemos os protestos (…) e temos uma obrigação de juntar as pessoas outra vez”, sublinhou a vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos.

“A 21 de Julho vamos ter uma manifestação para enfatizar as nossas cinco reivindicações e, especialmente, vamos dar destaque ao abuso de poder por parte da polícia e pedir um inquérito independente”, acrescentou. “Esse vai ser o nosso grande tema”, precisou a activista.“Neste momento, os cidadãos de Hong Kong não confiam no Governo, sobretudo não confiamos na nossa polícia, o que não é nada saudável”, afirmou.

“Precisamos de colocar um ponto final a isto com um verdadeiro inquérito independente para saber o que esteve na origem do que aconteceu a 12 de Junho, quem foi o comandante, quem tomou a decisão de disparar sobre os manifestantes e jornalistas”, disse referindo-se ao protesto que ficou marcado pelos actos de violência policial. “E ao saber esta informação e, provavelmente, ao existirem consequências legais sobre as pessoas que tomaram erradamente estas decisões ilegais acreditamos que só assim poderemos seguir em frente. É muito importante e será o nosso grande tema”, concluiu Bonnie Leung.

15 Jul 2019

Suncity volta a negar envolvimento em jogo online ilegal e lamenta impacto em Macau

[dropcap]O[/dropcap] Presidente executivo do Grupo Suncity negou hoje qualquer envolvimento em actividades de apostas ilegais online e lamentou o impacto causado ao Governo de Macau e às concessionarias do território.

“O Grupo Suncity lamenta profundamente todo este inconveniente causado ao Governo de Macau e o possível impacto negativo causado às concessionárias do território”, disse Alvin Chau durante uma conferência de imprensa.

O Grupo Suncity é o maior angariador do mundo de jogadores de grandes apostas, com mais de 40% do mercado das apostas VIP em Macau, com 17 salas no território em todas as grandes concessionárias e subconcessionárias na capital mundial do jogo: Melco, MGM, Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Galaxy, Sands e Wynn.

A empresa voltou a negar qualquer envolvimento em apostas online, ilegais na China continental e em Macau. “A empresa não operou qualquer plataforma online de jogos”, garantiu o presidente executivo do Grupo Suncity, rejeitando assim a notícia avançada na segunda-feira pelo Economic Information Daily, um jornal afiliado da agência de notícias oficial chinesa Xinhua, que noticiou que havia contactado cerca de “30 jogadores” que supostamente usavam serviços de jogos ‘online’ associados ao Grupo Suncity.

O jornal alegou que o grupo, nos locais que explora em Macau, angariou jogadores do interior da China para uma aplicação de jogos ‘online’ disponível fora do território.

“A empresa respeitou sempre as leis e as regulações de Macau”, disse o responsável máximo do Suncity, sublinhando que o grupo “nunca esteve envolvido em negócios que violassem as leis da República Popular da China e de Macau”.

Apesar de negar de forma veemente a notícia avançada pelo Economic Information Daily, Alvin Chau adiantou que não vai processar “nenhum órgão de comunicação (…) por este incidente”.
Representantes do Suncity foram já ouvidos pela Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau (DICJ) por alegada promoção ilegal do jogo ‘online’, indicou aquela entidade a um ‘site’ especializado em informação sobre casinos na Ásia, o GGRAsia.

Na quarta-feira, a DICJ de Macau exortou as operadoras a reforçarem a fiscalização sobre a promoção do jogo ‘online’. “A exploração de qualquer actividade relacionada com jogos de fortuna ou azar na RAEM pode constituir um crime”, advertiu em comunicado a DICJ.

A DICJ “exortou as concessionárias/subconcessionárias para a necessidade de uma fiscalização rigorosa dos promotores de jogo junto delas registados, por forma a prevenir aproveitamento indevido dos casinos da RAEM para a promoção de jogos ‘online’ ou colocação de apostas via telefónica”.

Em declarações à Lusa, em 21 de Maio, o director executivo do Suncity anunciou a pretensão do grupo em concorrer às concessões de novas licenças de jogo em Macau, em 2022.

13 Jul 2019

China vai sancionar empresas dos EUA envolvidas na venda de armas a Taiwan

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou hoje que vai impor sanções às empresas norte-americanas envolvidas na venda de armamento a Taiwan, cuja soberania é reivindicada por Pequim.

“A venda de armas a Taiwan pelos Estados Unidos constitui uma grave violação das normas fundamentais do Direito Internacional e das relações internacionais”, afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Geng Shuang, dias depois do Departamento de Estado norte-americano ter anunciado um acordo de venda de armamento com aquele território insular na ordem dos 2,2 mil milhões de dólares.

“A fim de proteger os interesses nacionais, a China vai impor sanções às empresas norte-americanas envolvidas nesta venda de armas a Taiwan”, referiu o representante, citado num comunicado, mas sem especificar a abrangência das medidas.

Antes deste comunicado, o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, já tinha advertido que os Estados Unidos (EUA) estavam “a brincar com o fogo” ao ter negociado com a ilha de Taiwan, afirmando que com esta política a administração norte-americana estava a imiscuir-se num assunto interno da China.

“Os separatistas de Taiwan actuam contra a História e contra o povo”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, após um encontro com o seu homólogo húngaro, Peter Szijjártó, em Budapeste, exigindo a Washington que respeite o princípio de uma só China.

“Se os Estados Unidos gerarem novos problemas nas relações com a China, as suas acções irão voltar-se contra eles”, avisou Wang Yi, fazendo ainda referência à passagem da líder taiwanesa, Tsai Ing-wen, pela cidade norte-americana de Nova Iorque.

Ainda em Budapeste, o ministro chinês defendeu que os Estados Unidos não deviam ter permitido esta visita e deviam suspender todos os contactos oficiais com a ilha.

Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista, pró-independência, realizou uma paragem de duas noites em Nova Iorque, a caminho das Caraíbas, onde irá visitar aliados de Taipé naquela região.

Em declarações em Nova Iorque, a líder taiwanesa afirmou hoje que o povo daquele território “nunca se sentirá intimidado”. Embora Tsai Ing-wen tenha visitado os EUA em outras ocasiões, esta foi a sua primeira viagem como líder de Taiwan a Nova Iorque, onde o território insular mantém uma representação consular e comercial não oficial, próximo da sede das Nações Unidas.

Taiwan não é membro da ONU, mas 17 países continuam a manter relações diplomáticas com a ilha. O itinerário de dois dias de Tsai Ing-wen em Nova Iorque, aprovado pela administração norte-americana, incluiu um encontro com representantes de empresas de Taiwan e um jantar com membros da comunidade taiwanesa radicada nos EUA.

A actual administração norte-americana, liderada pelo Presidente Donald Trump, tem intensificado os contactos diplomáticos com Taiwan e, segundo o executivo de Taipé, o recente acordo para a venda de armamento demonstra o apoio de Washington perante a ameaça chinesa.

As relações Estados Unidos/China estão actualmente seriamente deterioradas por causa da guerra comercial que Pequim e Washington têm vindo a travar desde o ano passado.
Taiwan reclama a sua independência da China desde a guerra civil de 1949, mas é vista por Pequim como uma província separatista.

12 Jul 2019

Delegação norte-americana vai à China retomar negociações comerciais

[dropcap]U[/dropcap]ma delegação comercial dos Estados Unidos vai à China “num futuro muito próximo” para retomar as negociações entre os dois países e tentar encerrar a guerra comercial que já dura há um ano, disse hoje um conselheiro norte-americano.

Robert Lighthizer, representante norte-americano para o Comércio, e Steven Mnuchin, secretário do Tesouro norte-americano, vão liderar a delegação, disse ao canal de televisão CNBC Peter Navarro, um dos principais conselheiros para a área do comércio do Presidente norte-americano, Donald Trump.

As negociações entre Estados Unidos e China para acabar com a disputa comercial recomeçaram – após uma interrupção abrupta em Maio – na reunião entre Trump e seu homólogo Xi Jinping à margem da cimeira do G20, em Osaka, no Japão, final de Junho.

Navarro recusou-se a dar detalhes sobre as negociações. “Estamos num período de discrição”, disse apenas o conselheiro do Presidente Trump. Na quinta-feira, o Presidente dos Estados Unidos acusou a China de não comprar produtos agrícolas norte-americanos, como Pequim havia se comprometido.

Trump declarou no final da cimeira do G20 que havia concordado em congelar a imposição de tarifas aduaneiras punitivas sobre 300 mil milhões de dólares em importações de produtos chineses ainda não sobretaxados.

Em troca, o Presidente norte-americano disse que a China iria “comprar uma incrível quantidade de alimentos e produtos agrícolas, num período muito breve”.

Pequim divulgou hoje os números de seu comércio externo em Junho. As exportações chinesas caíram em Junho (-1,3%) em relação ao mesmo período no ano passado. No entanto, mantiveram-se em crescendo em maio (+ 1,1%), apesar das novas taxas alfandegárias impostas a muitos produtos chineses exportados para os Estados Unidos.

Quanto às importações, continuaram a sua queda em Junho (-7,3%) muito mais pronunciada do que o esperado pelos especialistas entrevistados pela agência Bloomberg (-4,6%).

12 Jul 2019

Air China encomenda 20 aviões à Airbus

[dropcap]A[/dropcap] companhia aérea estatal chinesa Air China anunciou hoje a compra de 20 aeronaves à construtora europeia Airbus, do modelo A350-900, num valor total de 6.537 milhões de dólares.

Num comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong, a companhia aérea detalha que os aparelhos serão entregues entre 2020 e 2022 e que o pagamento será dividido em parcelas. A Air China reserva ainda a opção de alterar a ordem dos últimos cinco aviões pelo modelo A350-1000, que tem capacidade para mais passageiros, mas não divulgou se, nesse caso, o custo final vai variar.

A empresa explicou que a compra melhorará a sua capacidade de transporte em quase 10% e descartou os impactos na liquidez do grupo.

A Air China, uma das maiores companhias aéreas do país asiático, tinha 669 aeronaves de passageiros, no final do ano passado – 329 da Airbus e 335 da norte-americana Boeing.

Em Maio passado, a empresa e outras duas grandes companhias aéreas do gigante asiático, a China Southern e a China Eastern, reivindicaram uma compensação à Boeing, pelas perdas resultantes de deixarem de utilizar o modelo 737 MAX, a pedido das autoridades de avião civil da China.

A decisão foi tomada logo após o acidente da Ethiopian Airlines, em 10 de Março, que causou 157 mortos. Aquele acidente e o da companhia aérea indonésia de baixo custo Lion Air, em Outubro de 2018, desencadearam uma crise na empresa norte-americana, que suspendeu as entregas do 737 MAX, proibido nos espaços aéreos de praticamente todos os países.

Especialistas acreditam que uma falha num sensor activou o sistema de controlo do voo, em ambos os acidentes, o que acabou por causar a queda. No último dia da exposição aérea Le Bourget, realizada recentemente, em Paris, a Airbus anunciou contratos para a venda de um total de 181 aviões, enquanto a construtora norte-americana se ficou pelos 35.

12 Jul 2019

Banco de Portugal autoriza sucursal do Haitong em Macau

[dropcap]O[/dropcap] Banco de Portugal (BdP) autorizou o estabelecimento de sucursal do Haitong Bank em Macau, estando agora o processo dependente das autoridades locais, indicou hoje a instituição financeira.

“O Haitong Bank, S.A. (“Banco”) informa que o Banco de Portugal autorizou o estabelecimento de sucursal do Haitong Bank, S.A. na República Popular da China, Região Administrativa Especial de Macau, nos termos do projecto apresentado”, avança o banco em comunicado.

De acordo com a mesma fonte, o início de actividade da sucursal do Haitong “está dependente da conclusão do processo de autorização junto das Autoridades de Macau competentes”.

“A abertura desta sucursal constituirá um evento chave no desenvolvimento da estratégia transfronteiriça do banco, permitindo o reforço dos negócios com a China e uma maior coordenação com o restante Grupo Haitong”, sublinha a instituição.

O presidente executivo (CEO) do Haitong, Wu Min, citado no documento, considera que “a abertura da sucursal de Macau irá permitir ao Haitong Bank reforçar um dos seus elementos diferenciadores, que se baseia no acesso ao fluxo de negócio com a China”.

“O Haitong Bank tem uma estratégia muito clara ao combinar a sua experiência local em mercados domésticos na Europa e no Brasil com um profundo conhecimento da China. Esta presença em Macau constitui um pilar fundamental dessa estratégia”, acrescenta Wu Min.

O Haitong Bank (antigo BES Investimento) fechou 2018 com um lucro de 1,2 milhões de euros, recuperando de prejuízos de 130 milhões de euros no ano anterior, divulgou o banco em comunicado ao mercado em Março.

O Grupo Haitong comprou em 2015 o ex-BES Investimento ao Novo Banco, para o qual passou em 2014 aquando da resolução do Banco Espírito Santo (BES). A compra do ex-BESI foi a primeira aquisição do Haitong fora da China.

12 Jul 2019

Filipinas reage a resolução da ONU ameaçando com “consequências”

[dropcap]O[/dropcap] Governo filipino assegurou que terá “consequências de longo alcance” a resolução aprovada ontem pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para abrir uma investigação sobre os abusos cometidos pelas autoridades durante a guerra contra as drogas.

“Não vamos tolerar qualquer forma de desrespeito ou actos de má-fé”, alertou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Teodoro Locsin, em comunicado, acusando os 18 países que votaram a favor de serem “os piores inimigos” das Filipinas ou “falsos amigos”.

Teodoro Locsin salientou que a resolução, com 14 votos contra e 15 abstenções, não foi “adoptada universalmente”, portanto, a sua validade é “altamente questionável”. O Conselho dos Direitos Humanos da ONU pediu ontem a realização de um “relatório completo” sobre as Filipinas e as alegadas transgressões em matéria de direitos humanos cometidas pelas autoridades daquele país, nomeadamente no contexto de uma campanha anti-drogas.

O pedido do Conselho dos Direitos Humanos da ONU consta numa resolução aprovada no seio daquele órgão com sede em Genebra que integra 47 países. Com 18 votos favoráveis, 14 contra e 15 abstenções, a resolução, defendida pela Islândia, foi adoptada com o apoio dos países da União Europeia (UE), do Canadá e da Nova Zelândia.

Visão abrangente

O ministro filipino acusou os países que apoiaram a resolução – entre eles Espanha, Itália, Reino Unido, Argentina, México, Peru ou Uruguai – de votar incitados por “informações falsas de fontes que vendem as suas mentiras por dinheiro”, em alusão às organizações de direitos humanos que fizeram campanha pelo sim antes da votação.

“Esta resolução não é um triunfo dos direitos humanos, mas sim uma paródia”, afirmou o chefe da diplomacia das Filipinas.

A resolução do Conselho salienta que “desde o anúncio da campanha anti-drogas nas Filipinas, em meados de 2016, têm existido denúncias do assassínio de milhares de traficantes e de alegados consumidores de drogas”.

Segundo as autoridades filipinas, 5.300 pessoas foram mortas pela polícia ao abrigo desta campanha, mas as organizações de defesa dos direitos humanos acreditam que este número pode ser multiplicado por quatro.

A resolução do Conselho pede à Alta Comissária para os Direitos Humanos, a antiga Presidente chilena Michelle Bachelet, para preparar “um relatório escrito abrangente sobre a situação dos direitos humanos nas Filipinas”.

O texto também insta o Governo filipino a “tomar todas as medidas necessárias para prevenir execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados, para realizar investigações imparciais e levar os responsáveis à justiça”. A Amnistia Internacional também pediu à ONU que investigasse os assassínios “sistemáticos”.

12 Jul 2019

Corrupção | Chui Sai On demonstrou apoio a Mi Jian

[dropcap]M[/dropcap]i Jian, director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR), afirmou ter ficado surpreendido com a carta enviada ao Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), em que era acusado de corrupção, e revelou ter recebido uma chamada de apoio Chui Sai On.

“As coisas têm decorrido sem sobressaltos e temos tido muito trabalho. Estamos sempre a fazer horas extraordinárias por isso ficámos muito surpreendido [com a carta]. Até agora o que eu senti da carta é que não acho que tenha sido escrita pelos nossos colegas”, disse Mi Jian, ontem, citado pela TDM.

Já de acordo com a Macau News Agency, depois da acusação, Mi Jian recebeu uma chamada de apoio do Chefe do Executivo, Chui Sai On: “O Chefe do Executivo mostrou muito interesse neste assunto, e até me ligou durante a folga para me dar apoio. Enquanto director, acredito que tenho de responder ao Chefe do Executivo e depois aos meus colegas, foi por isso que tivemos uma reunião interna sobre o conteúdo da carta”, revelou, à margem do 10.º aniversário da sucursal de Macau do Banco ICBC.

12 Jul 2019

A grande dama do chá

[dropcap]O[/dropcap]s sons do jazz tornavam ainda mais agradável aquele fim de tarde na varanda do hotel Riviera. Ezequiel de Campos e Marina Kaplan, sentados, bebiam gin tónico e, de pé, Jin Shixin olhava, com ar nostálgico, para o horizonte, enquanto uma ligeira brisa atenuava o calor húmido. Marina disse:

– Saudades de Xangai?
– Sempre.
– Daqueles tempos em que se prometia o céu e em que chegava o inferno?
– Marina, és como aqueles loucos que perseguem sempre a virtude. Ela nunca existiu.

Ezequiel levou a mão ao seu impecável fato branco e fingiu afastar um inexistente insecto que julgou ver na manga. Depois, com ar sério, disse:

– Em Xangai foi possível juntar o Oriente e o Ocidente. Tal como aqui, em Macau.

Jin Shixin voltou a cabeça:

– Não será assim, senhor Ezequiel. O Ocidente subjugou o Oriente. Sequestrou-lhe a alma com o vício e o comércio sem regras. E chama a isso irmandade?

– Os próprios orientais não estão isentos de culpa, menina Jin.
– O que é a culpa, senhor Ezequiel? Pecar muito, rezar e ser, depois, ser absolvido como se nada tivesse acontecido?

Marina Kaplan resolveu intervir. Não gostava quando Ezequiel e Jin começavam a discutir. Sabia que tinham opiniões contrárias. E agora, com os tambores da guerra, ainda aumentava a tensão.

Nem o som do jazz dançante adoçava o ambiente. Ezequiel levou o copo aos lábios e bebeu mais um gole de gin. Os seus olhos estavam vermelhos. Levou a mão à cicatriz. Marina sabia quando a raiva tomava conta dele. Jin acabou por dizer:

– Não há cura para o que o homem faz. Cada acção é absoluta e eternas são as suas consequências.

Dito isto voltou a fixar os olhos no horizonte. Entretanto a actuação da Benny Spade Orchestra parecia ter terminado. A música foi substituída pelo som das vozes, algumas delas já descontroladas pelo álcool. Cândido Vilaça aproximou-se deles. E, pelas suas faces, percebeu que alguma discussão acontecera. Era habitual. Perguntou:

– Que se passou?
Marina, bem-disposta, ripostou:
– O habitual.

Ezequiel voltou a beber um gole de gin e virou-se para Jin:

– Qualquer pessoa com juízo prefere ser tua amiga do que tua inimiga.
– Foi isso que disseram a luz e a escuridão uma à outra quando se encontraram pela primeira vez.

Cândido deu uma gargalhada. Mas Ezequiel nem um sorriso discreto esboçou. Marina, sempre conciliadora, disse:

– Paz, queremos paz!

Cândido sentou-se ao lado de Ezequiel e este sentiu que tinha alguém para desabafar:

– Meu caro, todo este tempo de incertezas faz-me lembrar sempre uma frase do padre António Vieira, esse grande homem que nem sempre é escutado. Dizia ele que “nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos quando fazemos. Nos dias que não fazemos, apenas duramos.”

– É o problema dos portugueses, não é? Perdemos a vontade de fazer.
– Também acho. Perdemos o sonho. Repara, os ingleses hoje fazem subornos com coisas grandes, controlam o mundo. Nós, pelo contrário, só fazemos subornos com pequenas coisas.

Não deixámos nunca de ser comerciantes, de pimenta, de ouro, de almas. Mas perdemos o sonho. E cingimo-nos à nossa aparente pequenez.

Cândido respondeu:

– Cada um por si, não é? Cada um com a sua pequena vida, com o seu pequeno negócio, com a sua pequena vida. Falta-nos o sonho de grandeza do passado.
– É o mundo, meu caro Cândido. Mas, deixa, um dia o dinheiro deixará de ter valor. Tal como a religião deixou de ter. Olha-se à volta e o que vês? O mundo está refém de ilusões, de alucinações. O que são ilusões? Nada, para além de opiniões. Ora, essas opiniões têm de ser alteradas. O passado ajuda-nos sempre a perceber o presente. Apesar de, no Ocidente, haver um período a que se chamou a Idade das Trevas, havia, nesse tempo, homens chamados alquimistas, que eram desprezados pelos outros porque pensavam transformar metais em ouro. Eles pensavam que eram impossível? Nada é impossível. Havia a possibilidade. É isso que falta agora aos portugueses. Serem alquimistas nestes tempos de trevas.

– Ficámos cansados.

Ezequiel fez um sorriso irónico.

– Sim. E esperamos sempre que alguém resolva os nossos problemas. Como ovelhas que não sabem viver sem pastor.

Enfastiada com a conversa, Marina afastara-se e fora ter com Jin. Ambas falavam de outras coisas. Talvez tão sérias como as que motivavam Ezequiel e Cândido. Quando elas se voltaram a aproximar, Marina dizia para Jin:

– Quer dizer que já não vais jantar connosco?
– Tenho um outro compromisso.

Cândido era a desculpa. Ezequiel insinuou:

-Todas as princesas quebram as suas promessas?
– Eu nunca quebrei uma única promessa. Seja para fazer o bem ou o mal.

Estiveram ali até que a noite se pôs. Depois, Jin e Cândido saíram. À porta do hotel Riviera estava um carro, com Potapoff ao volante. Seguiram até ao Porto Interior, onde jantaram frango com arroz numa casa de pasto sombria. Depois seguiram a pé, até chegarem a um edifício sem qualquer luz. Subiram até ao primeiro andar. Dali via-se um pontão. Iam ficar à espera. Jin percebeu o nervosismo dele:

– Há-de chegar um barco. Vês aqueles homens ali? São como sombras vivas, e dançam da mesma forma como as sombras o fazem numa floresta. Mas, na floresta, ninguém os vê. Aqui estamos a espiá-los.

– À espera de quê?
– É o que veremos.

Cândido colocou a mão no braço de Jin. Estava quente e o português sentiu um ligeiro arrepio.

Diz-me Jin, porque me escolheste?

– Se não fosses honesto nunca terias sido escolhido. Se não fizesses sacríficos de vontade própria isso não seria aceitável. Mas ainda há muito para fazer, e os olhos que viveram demasiado tempo na escuridão ficarão cegos com a luz que transmitimos. Aqueles que veem o futuro são sempre fundamentais.

– Um estrangeiro não ofende a tua honra, estando tão perto de ti?
– Como um pássaro no ar, um homem em sarilhos é um estrangeiro. Eu gosto de sarilhos.

Potapoff pediu-lhes silêncio. As sombras moviam-se no porto e, de uma lorcha, saiu um pequeno barco que chegou ao pontão. Vinha cheio de sacas que uma série de carregadores foram transportando para um camião que, entretanto, ali tinha estacionado. Potapoff disse:

– Mais arroz. Não param.

De onde estavam não conseguiam identificar os homens que se afadigavam a transportar as sacas nem os que, parados, davam ordens. Jin não tinha dúvidas:

É o japonês, Toshio Nomura. Sinto-o. Continuam a armazenar arroz.

Não é para vender?
Não. Têm outro objectivo. Estão a criar postos de abastecimento para as suas tropas, quando a guerra for total. Há-de chegar às costas de Macau.

Cândido não ripostou. Jin era a China, o seu coração. Olhou para ela e perguntou:
– Quão velha é a tua organização?
Jin esboçou um sorriso. E depois disse:
– Quão velha é a China? Quantas dinastias pensavam que reinavam? Nada é eterno, querido Cândido. Nem o amor, nem as nossas certezas, nem as ilusões. Nem a nossa vida.
Potapoff interrompeu-os:
– Estão a ir embora. Vamos segui-los?
Jin abanou a cabeça:
– Não vale a pena. É um risco. Já sabemos onde eles armazenam o arroz. Atacaremos quando eles não o esperarem.

12 Jul 2019

MAM | Mostra reflecte intercâmbio entre portugueses, chineses e macaenses

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, a partir de sábado, uma exposição que reflecte três décadas de intercâmbio entre dezenas de artistas chineses, macaenses e portugueses, anunciou ontem a organização. A exposição “Poesia Lírica – Trabalhos de Artistas de Macau e Portugal” reúne 90 obras de mais de 60 artistas “chineses, macaenses e portugueses que se estabeleceram ou exibiram em Macau” desde a década de 1980, indiciou o MAM, em comunicado.

Entre pinturas a óleo, esculturas e instalações, contam-se obras de Júlio Pomar, Vieira da Silva, Bartolomeu dos Santos, Luís Demée, Carlos Marreiros, Mio Pang Fei, Kwok Woon, Manuel Cargaleiro, José de Guimarães, entre outros.

Subordinada a seis temas, a mostra pretende envolver o público numa “viagem poética de intercâmbio”, tendo como pano de fundo o “ambiente de interpenetração mútua entre as culturas chinesa e portuguesa”. A exposição, patente até 4 de Novembro, insere-se em dois eventos de maior dimensão: o “Arte Macau” – que se estende até Outubro – e 2.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

12 Jul 2019

LMA com cartaz diversificado a partir do próximo dia 20

A sala de espectáculos da Live Music Association prepara-se para receber três concertos com diferentes estilos musicais. O primeiro espectáculo está marcado para dia 20, com a banda “Mutant Monster”, do Japão. Segue-se o grupo de jazz “High and Low Speeding DAB”, de Taiwan, que actua a 26 de Julho e no dia 28 é a vez dos norte-americanos “Colin Phils”

 

[dropcap]A[/dropcap] partir do próximo dia 20 deste mês que sala de espectáculos da Live Music Association (LMA) recebe três concertos de géneros musicais diversificados. O primeiro concerto está marcado para sábado, dia 20, e é protagonizado pelo trio de rockeiras Mutant Monster, uma banda de punk no feminino formada no Japão em 2008, e que agora se encontra em digressão pela Ásia.

Be e Meana decidiram formar a banda quando ainda estavam na escola secundária, e em 2012, Chad juntou-se ao grupo. Desde o início que as Mutant Monster foram buscar inspiração aos sons do punk rock dos The Clash, Sex Pistols e Ramones.

Em 2016 a banda actuou na Japan Expo Sud na cidade francesa de Marselha, um evento marcante para o trio por ter sido o primeiro concerto fora do Japão. No ano passado as Mutant Monster tocaram pela primeira vez no Reino Unido, nas cidades de Birmingham, Cardiff, Bristol, Londres e Brighton.

No ano seguinte, fizeram uma digressão em Taiwan, que integrou os festivais “Spring Scream” e “No Fear Festival”. Depois da passagem pela Formosa, a banda japonesa rumou ao Canadá para tomar os palcos de ataque. No ano passado, a tourné das Mutant Monster foi mais abrangente, com espectáculos marcados para os Estados Unidos, Europa e China, movidas pelo registo mais recente da banda. O disco foi lançado em Setembro de 2018, e intitula-se “TO TSU ZE N HE N I”, com a chancela da Angry Cat records.

No fim-de-semana seguinte, no dia 26, é a vez de actuarem os High and Low Speeding DAB, oriundos de Taiwan, e que prometem animar o público do LMA com sonoridades mais ligadas ao jazz.

O grupo é formado por Hao-Wen Cheng, saxofonista, que nasceu na Ilha Formosa e que se licenciou na Universidade Nacional de Taiwan. A sua formação musical completou-se com a ajuda de mestres como Antonio Hart, Tim Armacost, David Berkman, Michael Mossman e Jeb Patton. Na China, tocou em vários espaços até avançar para a produção do álbum, “Monday Morning”, que está previsto para final deste ano.

Na guitarra está Shih-Chun Lee, também de Taiwan e que começou nas lides musicais aos 18 anos. Já tocou em países como EUA, China, Reino Unido e Macau, onde participou em digressões com grupos japoneses e chineses. Actualmente, Shih-Chun Lee reside em Taipei, onde é professor de guitarra de Jazz na universidade. Também é proprietário do Sappho Live Jazz Club, um dos mais conhecidos da capital de Taiwan. O trio fecha-se com Steven Ma na bateria, um músico que se formou na Drummer Collective School, na cidade de Nova Iorque, e com o teclista Mike Tseng.

Americanos com Aki

O ciclo de concertos do LMA encerra a 28 de Julho, domingo, com os Colin Phils, uma banda americana de post-rock formada na Coreia do Sul em 2013. Os Colin Phils juntam-se ao músico Aki, oriundo do Japão e residente em Macau, conhecido pelas suas sonoridades electrónicas e experimentalistas.

O primeiro álbum, “Right at Home”, foi lançado em 2014. Em 2016, a banda lançou “E,R,Som,Sa…” em Hong Kong, iniciando depois uma digressão pelas maiores cidades da China, à qual deram o nome de “Big China Tour”. Em Janeiro do ano passado, a banda voltou a fazer uma digressão pelo país, onde se incluiu a presença no festival MIDI, em Shenzhen. Este ano foi lançada em álbum uma versão acústica da canção “Don Cabs”.

Os Colin Phils misturam as paisagens sonoras típicas do math rock e post-rock, oferecendo “uma complexa música instrumental”, com “linhas de sintetizador, baixo distorcido e uma intricada percussão”.

Os bilhetes são vendidos directamente no LMA e custam entre 100 a 120 patacas, dependendo se são comprados previamente ou à porta da sala de espectáculos.

12 Jul 2019

São Tomé e Príncipe enfrenta um longo caminho no comércio com a China, diz Rodrigo Brum

[dropcap]O[/dropcap] secretário-geral adjunto do Fórum de Macau, Rodrigo Brum, considerou ontem que São Tomé e Príncipe “tem muito caminho a fazer” para atingir um nível satisfatório no contexto do comércio e do investimento com a China.

“São Tomé e Príncipe é um parceiro recente que tem certamente muito caminho para fazer. As condições não são fáceis, o caminho não é fácil, certamente, mas faz-se caminhando”, disse Rodrigo Brum, em declarações à Lusa.

São Tomé e Príncipe foi o último membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), à excepção da Guiné Equatorial, a entrar para o Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os países de língua portuguesa (Fórum de Macau), em Março de 2017.

Brum tem estado na capital são-tomense para participar na 14.ª edição do Encontro dos Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, cujo programa terminou ontem com uma visita ao norte do país.

Trabalho a ser feito

Rodrigo Brum considerou que os países da CPLP “pretendem acompanhar” a “evolução muito intensa” do crescimento económico chinês. O economista considerou, contudo, que os países de língua portuguesa têm que “fazer muito trabalho de casa”.

“Não basta cedermos ao mais fácil que é vender as matérias-primas, vender as madeiras, vender produtos agrícolas ou outros minerais que são não trabalhados, que não têm qualquer mais-valia”, referiu Rodrigo Brum.

“É preciso criarmos as condições para convencer ao investimento chinês que nos ajude a transformar, no local de origem, nos países de língua portuguesa, alguns desses produtos que depois serão exportados, naturalmente, em grande quantidade para a China, mas com mais-valias acrescidas deixadas nos países de origem”, acrescentou.

Em relação particularmente a São Tomé e Príncipe, o responsável garantiu que a China vai investir no país, particularmente no sector das pescas.

“A China vai investir garantidamente no sector das pescas. Há já contactos nesse sentido e digo com alguma segurança que vai investir”, adiantou.

No entanto, advertiu: “Tem que haver um plano da parte de São Tomé e Príncipe para que algum desse pescado, desse produto no investimento das pescas que venha a ser feito, seja aqui transformado”.

12 Jul 2019

Jogo | Wynn Macau anuncia expansão de resort no Cotai

[dropcap]A[/dropcap] Wynn Macau anunciou um investimento de dois mil milhões de dólares americanos na primeira fase de expansão de um ‘resort’ de luxo, segundo uma informação divulgada ontem pela Bolsa de Hong Kong. As obras de expansão do Cristal Pavilion (Pavilhão de Cristal) devem começar no final de 2021.

Trata-se de um projecto – uma mega-estrutura de vidro – no Cotai onde está instalado o resort Wynn Palace, prolongando-se a primeira fase dos trabalhos durante 36 meses. Uma das construções previstas para a primeira fase das obras é uma torre com 650 quartos, bem como uma sala de espectáculos.

A segunda fase de trabalhos integra uma nova torre, com igual número de quartos, sem que tenha sido avançada, neste caso, informação sobre datas, prazos e valores. A empresa estima vir a ter entre sete a dez milhões de visitantes anuais. O Wynn Palace abriu em Agosto de 2016, um investimento que superou os quatro mil milhões de dólares.

12 Jul 2019

Jogo | Grupo Suncity colocou em risco licença para explorar sector

Tendo em conta o recente processo de angariação ilegal de jogadores online protagonizada pelo grupo Suncity, a intenção de conseguir licença para explorar o sector pode estar em causa. A ideia foi defendida pela analista da Bloomberg Intelligence, Margaret Huang

 

[dropcap]A[/dropcap] analista da Bloomberg Intelligence especializada na indústria do jogo, Margaret Huang, disse ontem à Lusa que o Grupo Suncity pode ter colocado em risco a possibilidade de garantir em 2022 uma das licenças para casinos em Macau.

Representantes do Suncity, o maior angariador de apostadores VIP do mundo, foram já ouvidos pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau (DICJ) por alegada promoção ilegal do jogo ‘online’, indicou aquela entidade a um ‘site’ especializado em informação sobre casinos na Ásia, o GGRAsia.

“Penso que a possível violação do jogo ‘online’ poderá colocar em risco as suas possibilidades em termos de garantir uma licença em Macau”, assinalou Margaret Huang.

“Ainda assim, está a fazer progressos para corrigir a situação ao reunir-se com a DICJ, para esclarecer melhor como e se estavam de facto envolvidos”, acrescentou a analista.

Na quarta-feira, o especialista em jogo Changbin Wang disse à Lusa não acreditar que o Grupo Suncity seja afastado da exploração de salas de casinos em Macau, mas admitiu danos na sua reputação.

“Mesmo que se confirme que o Suncity opera [ilegalmente] jogos ‘online’, não creio que seja banido de Macau, pois o jogo ‘online’ é operado fora” do território, afirmou o director do Centro de Pesquisa e Ensino do Jogo do Instituto Politécnico de Macau (IPM).

Danos colaterais

Contudo, admitiu o professor, a confirmar-se a informação de que promoveu ilegalmente o jogo ‘online’ “o dano político pode ser significativo” para o grupo que já expressou a sua vontade de concorrer a uma licença para explorar o jogo em Macau a partir de 2022. A DICJ disse ainda ao GGRAsia, que já ouviu representantes do Grupo Suncity, acusado de actividades de “jogo online” e “apostas por procuração”.

À Lusa, o grupo já negou ter cometido qualquer ilegalidade, após um artigo do Economic Information Daily, um jornal afiliado da agência de notícias oficial chinesa Xinhua, ter denunciado o recrutamento de apostadores no interior da China por parte do Suncity para actividades que estão proibidas em Macau.

Em declarações à Lusa, a 21 de Maio, o director executivo do Suncity anunciou a pretensão do grupo de concorrer às concessões de novas licenças de jogo em Macau, em 2022.

O Sun City é o maior angariador do mundo de jogadores de grandes apostas, com mais de 40 por cento do mercado das apostas VIP em Macau, com 17 salas no território em todas as grandes concessionárias e subconcessionárias na capital mundial do jogo: Melco, MGM, Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Galaxy, Sands e Wynn.

12 Jul 2019

Ilha Verde | Funcionários do IC impedidos de entrar no convento jesuíta

[dropcap]O[/dropcap]s funcionários do Instituto Cultural (IC) foram impedidos de entrar no antigo convento jesuíta localizado na colina da Ilha Verde, espaço que foi investigado pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), devido a falhas de gestão e preservação. O Jornal do Cidadão citou ontem declarações de Leong Wai Man, vice-presidente do IC, que adiantou que, desta forma, não é possível ver de perto o estado de conservação do convento. Foi verificado, no entanto, que há uma coluna do edifício danificada que ainda não foi restaurada.

Desta forma, o IC promete enviar uma carta aos proprietários do terreno exigindo obras de conservação num curto espaço de tempo possível. Estes devem entregar ao Governo um plano de reparação e manutenção do antigo convento no espaço de 30 dias. Caso não o façam, cabe ao IC executar as obras, de acordo com a lei da salvaguarda do património cultural, e aos proprietários pagar as despesas.

Em 2016, o IC emitiu um parecer sobre o antigo convento com regras “claras e rigorosas”, adiantou Leong Wai Man. “Como se trata de uma propriedade privada, comunicámos várias vezes com os proprietários para entender as suas opiniões e dificuldades. No entanto, depois do parecer do CCAC, consideramos que é necessário sermos mais activos e exigir que os proprietários tratem do assunto o mais breve possível”, frisou.

12 Jul 2019

Brasileira Embraer apresenta novo avião em Macau para conquistar mercado asiático

[dropcap]A[/dropcap] fabricante brasileira Embraer apresentou ontem em Macau o novo avião “TechLion”, mais eficiente e silencioso, com o qual pretende reforçar a presença no mercado asiático.

Foi na RAEM que o novo modelo E-195-E2 realizou a segunda paragem de uma demonstração mundial, que arrancou esta segunda-feira em Xiamen, na costa sudeste da China, seguindo depois para mais países na região da Ásia-Pacífico.

“Esperamos que as actuais companhias aéreas e também aquelas interessadas em operar em Macau compreendam a vantagem que este avião pode trazer a este mercado”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o vice-presidente do departamento de Vendas e Marketing para a China da Embraer, Guo Qing.

A maior aeronave comercial já fabricada pela Embraer, com capacidade até 146 assentos e autonomia de 4,8 mil quilómetros, quer ajudar Macau a explorar o mercado secundário, com o aumento de ligações a cidades mais pequenas, explicou o responsável.

“É exactamente o que Macau precisa para expandir a sua rede aérea para cidades secundárias e terciárias”, sustentou, sublinhando que, actualmente, operam essencialmente em Macau aeronaves com mais de 150 lugares.

Mais rotas, mais possibilidades

Para Guo Qing, o aumento contínuo de rotas e de novas companhias aéreas alinha-se com a ambição do território em tornar-se “não só a capital mundial do jogo, mas um centro mundial de turismo e lazer”, contribuindo também para a integração da cidade na região da Grande Baía Hong Kong-Zhuhai-Macau.

Sem avançar se já alguma companhia aérea, nomeadamente a Air Macau, manifestou interesse pelo novo avião, Qing indicou que a fabricante está em negociações e acredita que terá “potenciais compradores” na região.

No entanto, falta ainda a certificação na China – e nas regiões administrativas especiais -, depois de já ter recebido a ‘luz verde’ das Agência Nacional de Aviação do Brasil (ANAC), da Administração Federal de Aviação (FAA – Estados Unidos) e da Agência Europeia para a Segurança da Aviação.

12 Jul 2019

Táxis | Membro dos Kaifong sugere actualização permanente de tarifas

[dropcap]C[/dropcap]hoi Seng Hong, membro da direcção do Centro da Política da Sabedoria Colectiva (CPSC), uma entidade ligada ao universo da União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), defende o estabelecimento de um mecanismo de actualização permanente das tarifas de táxi.

“Com a inflação e o aumento dos custos operacionais, a proposta do aumento das tarifas de táxis é razoável, mas deve estar dentro da capacidade dos residentes e visitantes”, apontou. O sector defende um aumento de 15 por cento da bandeirada inicial, além de um aumento de 15 patacas por viagem durante o Ano Novo Lunar. Choi Seng Hong defende a actualização, porque desde 2017 não são feitos aumentos, mas salientou que o sector deve garantir um serviço de qualidade proporcional aos valores pagos pelos passageiros.

Nesse sentido, deveriam ser implementadas novas fórmulas de cálculo para garantir um mecanismo permanente de aumento e a adopção de equipamentos para melhorar os métodos de pagamento e a emissão de recibos, tendo em conta as diferentes necessidades dos turistas. O responsável exige também a introdução de um sistema público de avaliação do sector dos táxis.

12 Jul 2019

CAECE | Residente pede para verificar a elegibilidade de Ho Iat Seng

[dropcap]C[/dropcap]han Kuok Sam, residente local, pediu à Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo que verificasse a elegibilidade do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, para o cargo de Chefe do Executivo, segundo o canal chinês da Rádio Macau.

Em causa está um processo acerca de um erro médico, em 2014, no Hospital de São Januário que resultou na morte da filha de Chan. Perante esta situação, o residente entregou uma carta à Assembleia Legislativa a denunciar o caso a Ho Iat Seng.

Para o residente, Ho teria a responsabilidade de dar seguimento ao caso, coisa que não fez, pelo que considera que o candidato favorito ao cargo de Chefe do Executivo não reúne condições para avançar na sua candidatura.

12 Jul 2019

Ambiente | Ho Ion Sang quer menos poluição nas águas costeiras

[dropcap]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang pediu por interpelação escrita mais atenção para o problema dos micro-plásticos e para a protecção da biodiversidade marinha em Macau, solicitando esclarecimentos do Governo sobre os estudos e testes à poluição por micro-plásticos no território.

Ho Ion Sang salientou que os danos e a poluição das águas costeiras não podem ser ignorados. Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de Macau, “nos últimos dez anos, o índice de avaliação da exposição não metálica apresentou uma tendência crescente e ultrapassou os valores-padrão. E os índices de eutrofização [mudança de cor] das águas costeiras subiram”, citou.

Ho Ion Sang quer saber o que o Executivo vai fazer para controlar a situação, qual o progresso da pesquisa sobre micro-plásticos nas drenagens e se vai alargar os testes até às praias. Outra preocupação do deputado é a capacidade de filtragem destes materiais pelas Estações de Tratamento de Águas Residuais e o resultado da investigação à morte dos dois golfinhos encontrados nas águas de Macau.

12 Jul 2019

Eleições | TJB aplica multa de 15 mil por fotografia ilegal

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal Judicial de Base (TJB) decidiu multar um indivíduo em 15 mil patacas por ter fotografado, no passado dia 16 de Junho, “um voto branco com o seu telemóvel” numa assembleia de voto, no âmbito das eleições para a Comissão de Assuntos Eleitorais de Chefe do Executivo.

De acordo com um comunicado oficial, “o indivíduo bem sabia que nas áreas das assembleias de voto é proibido o uso de qualquer dispositivo de telecomunicações, ou dispositivo com função de gravar sons, de imagem em fotografia ou vídeo, e o mesmo assim tirou a fotografia dolosamente”.

O valor da multa diz respeito a 200 patacas pagas pelo período de 75 dias, uma pena que pode ser convertível em 50 dias de prisão se a multa não fosse paga ou substituída pelo trabalho, nos termos do Código Penal.

11 Jul 2019

“Igreja de Portugueses negros” na Era Marítima

Ritchie Lek Chi, Chan

 

[dropcap]A[/dropcap] capital da Indonésia, Jacarta, era conhecida na Idade Média como a “Rainha do Oriente”. Hoje tem uma população de mais de 30 milhões e tornou-se a segunda maior área metropolitana do mundo. Esta cidade densamente povoada esconde a história primitiva da Indonésia, a história dos imigrantes chineses e os vestígios dos europeus que pisaram esta terra durante o período da “Descoberta Geográfia”. Não é difícil encontrar materiais históricos preciosos quando se viaja pela a cidade velha de Jacarta.

Apesar da forte atmosfera islâmica, Jacarta preservou igrejas católicas de grande valor histórico. Recentemente, fui a Jacarta e um dos meus familiares que lá mora acompanhou-me na visita a duas igrejas. Uma igreja está localizada no centro da cidade onde os holandeses construíram uma magnífica “Catedral da Assunção” em 1825.

A outra está localizada na cidade velha, a antiga e medíocre igreja de “Sião”*1 . A sua existência testemunha a história do desenvolvimento da cidade de Jacarta, bem como o processo histórico da competição e troca de poder entre as duas grandes potências marítimas, Portugal e Holanda da Idade Média. Portanto, em termos de valor histórico, a igreja de “Sião” é a mais importante.

Durante a minha visita, conheci uma pessoa de Ambon que se encarregava desta igreja* 2. Ele entusiasticamente apresentou a história da igreja e da antiga cidade de Taman Sari, devido a relações estreitas entre as duas.

No início do século XVI, os portugueses antes da sua chegada a Macau, já tinham viajado de Malaca para Maluku e depois para Batávia (o nome antigo de Jacarta). O primeiro local onde os portugueses chegaram foi numa pequena vila de pescadores de Sunda Kelapa (cidade de coco), na cidade velha de Ciliwung, onde construíram uma fortaleza pequena e uma igreja rudimentar fora da muralha antiga da cidade, um seminário e onde residiam escravos vindos da África. Os habitantes locais chamavam de “Igreja portuguesa exterior (muralha)” ou “Igreja de portugueses negros”. De acordo com um documento português, “No século V, foi o Reino Sunda que controlava essa área. Foi o local de nascimento de Jacarta e mais tarde se tornou num importante porto. No século XII, ficou conhecido por seu comércio de pimenta”. No início do século XVII, a igreja de “Sião” foi reconstruída após os holandeses ocuparem Jacarta. Neste momento, o povo Tang (chinês) imigraram e começaram a fazer negócios até ao presente, a região tornou-se numa das maiores Chinatown na Indonésia e no mundo fora.

O interior da Igreja de Sião foi conservado por mais de 300 anos, o distinto altar, órgão, mobiliário, móveis e utensílios utilizados nas cerimónias pertencentes à época holandesa. Antes de deixar a igreja, visitei o cemitério holandês fora da igreja e encontrei um dos túmulos que é do vigésimo governador das Índias Orientais Holandesas, Hendrick Zwaardecroon, que governou a Batávia entre 1718 e 1725. As visitas que fiz às igrejas em Jacarta foram o equivalente a frequentar um curso de “Descoberta Geográfica”. Por lá em aprendi mais sobre a importante relação histórica entre a Indonésia, a Europa e a China.

*1: “Sião” refere-se ao Monte Sião no sul de Jerusalém. O catolicismo refere-se a Jerusalém ou a Israel, e mais tarde usado como o nome geral da nação judaica.

*2: Ambon, a capital das ilhas Molucas, na Indonésia. Explorador português, Francisco Serrão chegou a Ambon em 1512 e tornou-se numa colónia portuguesa em 1526.

Artigo publicado no Macao Daily Newspaper em 12 de Junho de 2019

11 Jul 2019

Xinjiang | Pedido para acabar com violações a muçulmanos junta 22 países

Um total de 22 países apresentou ontem ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU um pedido para que a China acabe com detenções arbitrárias e violações contra muçulmanos na região de Xinjiang, anunciou ontem a Human Rights Watch

 

[dropcap]A[/dropcap] posição tomada perante o organismo da ONU para a defesa dos direitos humanos é classificada pela Human Rights Watch como “inédita” e apela também à cooperação da China com a Alto comissária das Nações Unidas Michelle Bachelet e outros especialistas da organização e à permissão de acesso à região em causa. “Vinte e dois países pediram à China que acabe com o horrível tratamento dado aos muçulmanos em Xinjiang”, afirmou o director da Human Rights Watch (HRW) em Genebra, John Fisher.

“A declaração conjunta é importante não só para a população de Xinjiang, mas também para todas as pessoas do mundo que dependem do organismo da ONU para os direitos humanos para travar até o mais poderoso dos países”, explicou.

Os países expressaram a sua preocupação face a relatórios de detenções arbitrárias em larga escala, vigilâncias generalizadas e outras violações contra uigures (povo de origem turcomana que habita principalmente a Ásia Central) e outros muçulmanos em Xinjiang.

Os 22 Estados apelaram à China para que “permita acesso verdadeiro a Xinjiang” aos observadores independentes e das Nações Unidas e pediram à Alto comissária da ONU que informe com regularidade o Conselho dos Direitos Humanos sobre a situação.

Nos últimos anos, organizações de direitos humanos, como por exemplo a HRW, e vários órgãos de comunicação social denunciaram a existência de campos de “educação política” em Xinjiang, onde cerca de um milhão de uigures e outros muçulmanos turcomanos são detidos sem passarem por qualquer processo legal. Uma vez detidas, estas pessoas são sujeitas a doutrinação política, maus tratos e, por vezes, a tortura.

O Governo chinês ora nega a existência de abusos, ora procura justificar a sua conduta como parte de uma estratégia nacional contra o terrorismo.

Mais do dobro

Em Março, na sua Revisão Periódica Universal – um registo regular do estado dos direitos em cada país da ONU – a China solicitou que fossem retiradas do seu registo as críticas a abusos de direitos. “O país tentou manipular a avaliação, fornecendo descaradamente respostas falsas sobre questões críticas como liberdade de expressão e Estado de Direito, e pediu a delegações que não comparecessem a um painel sobre direitos humanos em Xinjiang ‘no interesse das relações bilaterais’”, adianta a organização.

Para a HRW, o facto de muitos países estarem agora dispostos a pedir uma avaliação independente internacional mostra o cepticismo em relação às declarações da China sobre a situação em Xinjiang.

A última posição conjunta tomada acerca da China no Conselho dos Direitos Humanos da ONU foi liderada pelos Estados Unidos, em Março de 2016, e juntou 12 signatários.

A quase duplicação do número de signatários mostra um aumento das preocupações internacionais com a situação em Xinjinag, considerou a HRW.

A posição conjunta ontem divulgada foi assinada pela Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Holanda, Islândia, Irlanda, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça.

“Os governos estão a reconhecer cada vez mais o sofrimento de milhões de pessoas em Xinjiang, com famílias separadas e a viver com medo e um Estado chinês que acredita que pode cometer violações em massa sem qualquer contestação”, disse o director da HRW em Genebra.

“A posição conjunta demonstra que Pequim está errado em pensar que consegue escapar ao escrutínio internacional dos seus abusos em Xinjiang”, defendeu John Fisher, garantindo que “a pressão vai aumentar até que os aterradores abusos acabem”.

11 Jul 2019

Mão Morta editam novo álbum em Setembro com concertos no Outono

[dropcap]O[/dropcap]s Mão Morta editam em Setembro “No fim era o frio”, um álbum que conta uma história de perda, criada de raiz por Adolfo Luxúria Canibal, e que é apresentado no Outono no Porto, Lisboa, Loulé e Luxemburgo. “No fim era o frio” é, de acordo com o vocalista do grupo, um álbum “diferente do anterior – “Pelo meu relógio são horas de matar” de 2014 –, como é, aliás, apanágio dos Mão Morta”.

“É um disco conceptual, muito centrado numa história, que atravessa todo o disco, uma distopia, uma história de perda”, contou o músico, referindo que, na génese do novo trabalho da banda, esteve “uma ideia musical de construção, de composição a partir de módulos, uma ideia retirada da música electrónica”, e que a banda quis “aplicar à música eléctrica”.

Adolfo Luxúria Canibal fala em módulos, porque as 11 faixas que compõem o álbum “não [são] propriamente músicas”. “São longos ambientes, a que chamamos módulos. Alguns são mais próximos do que podia ser uma canção, apesar de não serem canções, não têm refrões, não têm pontes, não têm estrofes, mas são mais próximas na sua estrutura do que seria uma canção tradicional”, referiu.

A maioria das onze faixas “são grandes espaços ambientais de grande produção, muito mais próximo do que seria o ‘krautrock’, nos anos 1960 e 70, do que propriamente músicas, canções”.

A história contada em “No fim era o frio” foi “criada de raiz” pelo vocalista e, tanto a história como a música serviram o espectáculo de dança, com Inês Jacques, que a banda apresentou este ano em locais como Guimarães e Castelo Branco. “Ou seja, a música desse espectáculo serviu também para ser a música do disco, cerca de 80 por cento, digamos. Há pormenores, há tempos, há coisas que são diferentes, mas o grosso, a base, é a mesma”, explicou.

Novo álbum ao vivo

“No fim era o frio” é apresentado ao vivo entre Setembro e Novembro, nas cidades do Porto, Lisboa, Loulé e Luxemburgo, onde a banda tocará ainda outros temas do repertório que conta com mais de 30 anos de carreira. No palco, em termos cénicos, “a ideia é acentuar o lado frio do disco”.

“Este lado frio da história, este lado de desamparo, criando um cenário que, de alguma forma, faça a ponte com os espectáculos de dança que estivemos a fazer. As coisas são profundamente separadas, mas ao mesmo tempo estão intimamente ligadas”, disse Adolfo Luxúria Canibal.

No espectáculo de dança havia seis bailarinos em palco, “uma componente mais visual”, nestes concertos “não há nada disso, mas há uma espécie de ponte, uma ideia de palco que havia no espectáculo de dança para a ideia de palco de apresentação do disco”.

Os Mão Morta, além de Adolfo Luxúria Canibal (voz), são também Miguel Pedro (bateria), António Rafael (teclados e guitarra), Sapo (guitarra), Vasco Vaz (guitarra) e Joana Longobardi (baixo).

11 Jul 2019