Habitação | 120 milhões para apoiar candidatos em lista de espera

[dropcap]O[/dropcap] Governo tem um orçamento de 120 milhões de patacas destinado ao plano provisório de atribuição de abono de residência a agregados familiares da lista de candidatos à habitação social, revelou ontem o porta-voz do Conselho Executivo Leong Heng Teng.

A medida está prevista no projecto de regulamento administrativo que altera o prazo de atribuição deste apoio, permitindo que volte a ser posto em prática. Recorde-se que a medida foi aprovada em 2008 e prorrogada até Agosto de 2017.

Assim sendo, os agregados familiares que se encontram na lista de espera para aceder a uma fracção de habitação social publicada a 13 de Fevereiro deste ano, vão beneficiar de um apoio mensal com efeitos retroactivos desde 1 de Março.

O plano tem a duração de doze meses, ao longo dos quais os agregados compostos por uma ou duas pessoas vão receber 1650 patacas mensalmente. Os agregados compostos por mais de duas pessoas têm direito a 2500 patacas por mês.

De acordo com os dados revelados ontem por Leong Heng Teng, existiam a 13 de Fevereiro 6349 agregados em lista de espera. Os interessados têm 90 dias para se candidatar a este rendimento a contar do dia de publicação da lista de espera, um prazo que termina no próximo dia 30 de Julho.

24 Jul 2019

Singapura apreende várias toneladas de escamas de pangolim e marfim

[dropcap]T[/dropcap]reze toneladas de escamas de pangolim pertencentes a cerca de 2.000 desses mamíferos em perigo e quase 10 toneladas de marfim de elefante foram apreendidas na Singapura, anunciaram hoje as autoridades.

O Conselho do Parque Nacional, a Alfândega da Singapura e a Autoridade os Postos de Segurança da Imigração anunciaram hoje que esta foi a terceira maior apreensão de escamas de pangolim deste ano e a maior de marfim de elefante até à data.

Foram apreendidas precisamente 13,1 toneladas de escamas de pangolim, e também presas de quase 300 elefantes, que estavam em contentores que seriam levados para o Vietname.

A quantidade de escamas de pangolim encontradas tinha o valor de 35,7 milhões de dólares e as presas de elefante valiam 12,9 milhões de dólares.

O pangolim é o mamífero mais traficado no mundo e as suas escamas, que contêm queratina, são usadas para medicinas tradicionais.

23 Jul 2019

Boris Johnson eleito líder do partido Conservador será o próximo PM britânico

[dropcap]O[/dropcap] antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson foi hoje declarado em Londres o vencedor da eleição para a liderança no partido Conservador, e vai suceder a Theresa May à frente do governo na quarta-feira.

O resultado da eleição foi anunciado pela deputada Cheryl Gillan, uma das responsáveis pelo escrutínio interno no partido, no centro de conferências Queen Elizabeth II, perto de Westminster.
Boris Johnson ganhou com 92.153 votos, enquanto o outro candidato finalista, o actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, reuniu apenas 46.656 votos.

O resultado é o desfecho de um processo que se prolongou por seis semanas e decidido pelo voto limitado a cerca de 160 mil militantes do partido Conservador.

Foi desencadeado pela renúncia de Theresa May à liderança do partido a 7 de Junho devido à dificuldade em fazer aprovar no parlamento o acordo de saída para o ‘Brexit’ que concluiu em Novembro com Bruxelas.

Boris Johnson só será nomeado primeiro-ministro pela rainha Isabel II após a demissão de Theresa May na tarde de quarta-feira, após o debate semanal com os deputados na Câmara dos Comuns.

23 Jul 2019

Morreu Li Peng, antigo primeiro-ministro chinês, aos 91 anos

[dropcap]O[/dropcap] antigo primeiro-ministro chinês Li Peng, que liderou a “ala dura” do Governo durante os protestos de Tiananmen, em 1989, morreu na noite de segunda-feira aos 91 anos, de doença não especificada, informou hoje a agência Xinhua.

Li Peng, que ocupou o cargo de primeiro-ministro da China entre 1987 e 1998, foi responsável por ordenar o exército a colocar fim aos protestos que ocupavam a praça de Tiananmen, em Pequim, com a aprovação do então Presidente, Deng Xiaoping.

Li Peng era visto como um político aguerrido, que passou duas décadas no topo da hierarquia política chinesa, antes de se aposentar em 2002, deixando um legado de crescimento económico, aliado a um autoritário controlo político.

Embora tenha ficado muito desacreditado internacionalmente com os incidentes dos protestos de Tiananmen, o seu nome ficou ligado ao ressurgimento da China, após um longo período de isolamento diplomático e económico.

“Livrando-se da situação de intimidação imperialista, humilhação e opressão, o povo chinês (…) soube levantar-se”, disse Li, em 1995, num discurso comemorativo do aniversário da revolução de 1949.

Durante os seus últimos anos no poder, Li aprovou o seu projecto de estimação: a gigantesca e controversa barragem das Três Gargantas, no Rio Yangtze, que obrigou 1,3 milhão de pessoas a deixarem o país, depois de as suas casas terem ficado submersas.

Li deixou o cargo de primeiro-ministro em 1998, tornando-se presidente do Congresso Nacional do Povo, o parlamento da China. Li aposentou-se do Comité Permanente do partido, composto por sete membros, em 2002, como parte de uma transferência do poder para uma nova geração de líderes, liderada por Hu Jintao.

Nos seus últimos anos, Li raramente aparecia em público, e geralmente era visto apenas em reuniões oficiais destinadas a mostrar unidade do regime, como aconteceu em 2007, no 80º aniversário da fundação do Exército Popular de Libertação.

23 Jul 2019

Japão | Shinzo Abe sem votos suficientes para reforma constitucional

[dropcap]A[/dropcap] coligação política do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, venceu as eleições parciais de domingo, mas sem conseguir os dois terços necessários na câmara alta do parlamento para levar avante uma reforma constitucional, foi ontem noticiado. Dos 124 lugares que foram a votos, 71 terão sido conquistados pelo conservador Partido Liberal Democrático, de Shinzo Abe, e pelo seu aliado político, Komeito, de acordo com os resultados compilados e divulgados pelo canal público de televisão NHK.

As eleições de domingo foram convocadas para eleger metade dos parlamentares que compõem o Senado, a câmara alta do parlamento (Dieta) nipónico. A restante composição será eleita num escrutínio agendado para 2022.

Assim, e apesar de garantir a maioria naquele órgão legislativo (141 lugares num total de 245), Abe não alcançou o número de assentos necessários para poder pressionar uma revisão constitucional.

O objectivo de Abe é emendar a Constituição, adoptada após a Segunda Guerra Mundial, para alterar o carácter pacifista e também para que as forças militares, actualmente denominadas Forças de Autodefesa, tenham um papel mais activo. Esta alteração tem de ser aprovada por ambas as câmaras e submetida a referendo.

Embora na câmara baixa, Abe e os aliados assegurem dois terços dos lugares, o mesmo não acontecer na câmara alta, desde a votação deste domingo.

“A eleição para a câmara alta não foi realizada para ganharmos dois terços dos assentos, foi para manter a estabilidade”, relativizou Abe, em declarações a outra televisão nipónica.

23 Jul 2019

Bolsa de Xangai | Emissão de títulos de alta tecnologia estreia a subir 520%

O novo mercado para emissão de títulos de tecnológicas chinesas abriu ontem, em Xangai, a subir até 520 por cento, na sessão de estreia, com os investidores animados para comprar acções das primeiras 25 empresas listadas

 

[dropcap]I[/dropcap]nspirado no norte-americano NASDAQ, o STAR Market reflecte o desejo do Partido Comunista Chinês de canalizar capital privado para os seus planos de desenvolvimento, dando aos pequenos investidores chineses uma oportunidade de comprar títulos em indústrias de tecnologia que até agora se voltaram para Wall Street.

No arranque da sessão, as primeiras acções subiram até 520 por cento, face à cotação nas ofertas públicas iniciais.

Mais de 140 empresas de tecnologia e ciência em toda a China inscreveram-se para negociar as suas acções no novo mercado, que é administrado pela Bolsa de Valores de Xangai, a principal praça financeira do continente chinês.

As 25 empresas que começaram ontem a negociar já arrecadaram 37 mil milhões de yuan.
O novo mercado é o único na China com incentivos para empresas de tecnologia, incluindo acções de duas classes, o que garante aos fundadores que mantêm controlo sobre as empresas.

O novo índice é também o único na China continental que permite vendas curtas (“short selling”), prática que pretende tirar partido da queda do valor das acções: os investidores pedem acções emprestadas para as vender no mercado e, posteriormente, adquiri-las a um preço mais baixo.

O valor das acções no novo mercado pode oscilar até 30 por cento, antes de os reguladores imporem uma suspensão de 10 minutos. Nas principais praças financeiras chinesas, os títulos deixam de ser negociados durante o resto da sessão, caso subam ou desçam 10 por cento.

Capital e social

Empresas como a fabricante de módulos de células solares Anji e a fabricante de chips Montage Technology subiram até 520 por cento e 285 por cento, respectivamente, beneficiando da ausência de limites na oscilação dos preços, durante os primeiros cinco dias de negociação.

Durante a sessão da manhã, seis das 25 acções subiram mais de 200 por cento e todas as acções avançaram mais de 100 por cento.

A Star exige que as empresas listadas aloquem pelo menos metade das suas acções listadas para fundos mútuos, previdenciários ou de seguro, e limitam a negociação a investidores com um saldo de pelo menos 500.000 de yuan e dois anos de experiência a negociar em bolsa.

As bolsas de valores da China, em Xangai e Shenzhen, foram criadas no início dos anos 90 para arrecadar dinheiro para a indústria estatal, e passaram mais tarde a incluir empresas privadas, mas continuam a ser dominadas por empresas sob tutela do Governo, como a PetroChina Ltd. e a China Mobile Ltd.

Privadas como os gigantes do comércio electrónico Alibaba e JD.com, ou o motor de busca Baidu, emitiram milhares de milhões de dólares em títulos em Wall Street, numa operação inconveniente e cara para empresas mais pequenas.

As empresas que ainda não registaram lucros podem negociar no novo mercado se gastarem pelo menos 15 por cento das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento ou se tiverem drogas ou outras tecnologias num estágio avançado de desenvolvimento.

23 Jul 2019

Roberto Fernández Retamar morre aos 89 anos

[dropcap]O[/dropcap] poeta e ensaísta cubano Roberto Fernández Retamar, Prémio Nacional de Literatura e presidente da prestigiosa Casa das Américas, morreu este sábado em Havana, aos 89 anos.

“Perdemos um dos maiores poetas e pensadores da nossa América e do mundo: Roberto Fernández Retamar. Deixa-nos um trabalho excepcional, focado na descolonização e anti-imperialismo”, escreveu na rede social Twitter o ex-ministro da Cultura da ilha, Abel Prieto.

Jornalista, poeta, ensaísta, professor universitário e diplomata, Fernández Retamar (1930-2019) começou a trabalhar muito cedo como jornalista na revista “Alba”, para a qual entrevistou o vencedor do Prémio Nobel da Literatura norte-americano Ernest Hemingway.

Na década de 1950 colaborou com a revista emblemática “Origens” e envolveu-se na luta clandestina contra o regime de Fulgencio Batista.

Após o triunfo da revolução liderada por Fidel Castro em 1959, ocupou vários cargos em instituições culturais, incluindo a Casa das Américas, onde dirigiu pela primeira vez a revista da instituição desde 1965 e assumiu a presidência de 1986 até hoje.

Fernández Retamar também fundou e editou até 1964 a revista “Unión” juntamente com os renomados intelectuais Nicolás Guillén, Alejo Carpentier e José Rodríguez Feo.

Foi membro da Academia Cubana da Língua, que dirigiu entre 2008 e 2012, e membro correspondente da Real Academia Espanhola.

Escrita reconhecida

Autor de uma vasta obra em prosa e verso, os seus livros foram traduzidos para uma dúzia de idiomas e o seu ensaio “Caliban, notas sobre a cultura da Nossa América” (1971) é considerado um dos mais importantes da literatura latino-americana do século XX.

Fernández Retamar era membro do Conselho Cubano de Estado – o órgão máximo do Governo no país – e deputado na Assembleia Nacional entre 1998 e 2013.

Em 1989 foi agraciado com o Prémio Nacional de Literatura, o mais importante do género na ilha, e depois o Prémio Nacional de Ciências Sociais em 2012 e o Prémio Internacional José Martí da Unesco em Janeiro passado, entre outras distinções.

Os restos mortais de Roberto Fernández Retamar serão incinerados e, na próxima semana, uma homenagem será preparada como despedida na Casa das Américas.

23 Jul 2019

Ambiente | Agente causador da cólera detectado em Cheoc Van

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades alertaram ontem a população para a presença do agente causador da cólera nas águas da praia de Cheoc Van, em Coloane, o que levou ao hastear da bandeira vermelha.

“Os testes à água da praia de Cheoc Van deram positivo para a presença da bactéria da cólera”, informou, em comunicado, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, após notificação do laboratório do Instituto para os Assuntos Municipais. A cólera é provocada pela bactéria ‘Vibrio cholerae’, transmite-se pelo consumo de água e comida contaminadas, manifesta-se sob a forma de diarreia infecciosa e pode matar em apenas algumas horas.

Segundo o comunicado, na praia de Cheoc Van “está içada a bandeira vermelha que indica a proibição de entrar no mar” e está igualmente “afixado um aviso para alertar o público sobre a situação”, acrescentou. Em Hac Sa não foi detectado qualquer problema, segundo as autoridades autoridades, que prometeram continuar a monitorizar a situação.

23 Jul 2019

Economia | Taxa de inflação fixa-se em 3% em Junho

[dropcap]A[/dropcap] taxa de inflação em Macau foi de 3 por cento nos 12 meses terminados em Junho, em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a subida do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) devido, sobretudo, aos preços da educação (+5,62 por cento) e dos transportes (+5,43 por cento).

Em Junho, o IPC subiu 2,6 por cento em termos anuais, “impulsionado, principalmente, pelo aumento dos preços das refeições adquiridas fora de casa, dos automóveis, da gasolina, da fruta e da carne de porco fresca, bem como pela ascensão das rendas de casa”, indicou a DSEC, em comunicado.

No segundo trimestre deste ano, o IPC cresceu 2,69 por cento, em relação ao trimestre homólogo do ano anterior. Este mês, Pequim anunciou que a inflação no gigante asiático cresceu 2,7 por cento em Junho, em termos homólogos, impulsionada pelo preço dos alimentos, em parte devido à peste suína que afecta o país.

23 Jul 2019

Terminou a fase de investigação do caso Costa Nunes, confirma MP

[dropcap]A[/dropcap] Macau News Agency (MNA) confirmou junto do Ministério Público (MP) que o caso relativo a alegados abusos sexuais cometidos por um funcionário a crianças do jardim de infância D. José da Costa Nunes está em fase de pré-julgamento, depois de concluída a investigação. O processo tinha sido arquivado em Fevereiro, mas foi reaberto, entretanto.

Em declarações recentes, o procurador do MP, Ip Son Sang, deu a entender que as investigações continuavam, mas não soube precisar em que fase estava o processo. “Terminámos a fase de inquérito e está na fase de instrução, mas não tenho a certeza. Temos de consultar o processo”, disse apenas.

Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, que gere o Costa Nunes, mostrou-se satisfeito com o andamento do caso na justiça. “É uma coisa boa porque demonstra que há um certo interesse para, pelo menos, pôr fim a este processo e para que se apure a verdade. É importante que não frustrem expectativas.”

Foi em Maio do ano passado que começou a investigação aos alegados abusos sexuais cometidos por um funcionário do jardim de infância. Um ano depois, e depois do arquivamento temporário do processo, o caso voltou a ser investigado pelo MP, uma notícia que agradou sobretudo aos pais das alegadas vítimas, que nunca se conformaram com o desfecho inicial.

“Tudo o que seja mais alguma coisa por parte da justiça para que se saiba o que aconteceu e para que os pais vejam este problema resolvido. Obviamente que se foi necessário recurso e se o processo reaberto é porque haverá razões para isso e esperamos que seja feita justiça, seja ela qual for, para que estes pais vejam esta situação resolvida”, disse, na altura, Rui Barbosa, presidente da Associação de Pais do Costa Nunes.

Além da investigação judicial, o caso levou também à abertura de processos disciplinares no seio da instituição de ensino, que culminaram na saída da psicóloga clínica, que dava apoio a crianças com necessidades educativas especiais, e da educadora de infância, que estava responsável pela turma a que pertenciam as alegadas vítimas. Marisa Peixoto, directora do jardim de infância, apenas foi alvo de uma advertência, mas manteve-se no cargo.

23 Jul 2019

Crime | Mãe esfaqueada pelo próprio filho

[dropcap]U[/dropcap]ma mãe terá sido esfaqueada pelo filho num apartamento de Seac Pai Van, de acordo com a informação do Corpo de Polícia de Segurança Pública, citada pelo canal chinês da Rádio Macau.

O motivo do ataque não foi revelado, mas as autoridades limitaram-se a dizer que se ficou a dever a problemas familiares, mas que ainda iam tentar perceber o que se passou. Na altura em que a mulher foi transportada para o Centro Hospitalar Conde de São Januário, a vítima estava consciente e tinha ferimentos no braço esquerdo e nas costas.

23 Jul 2019

Burla | Idosa lesada em 1,99 milhões de patacas

[dropcap]U[/dropcap]ma mulher de 62 anos de idade, residente de Macau, queixou-se por ser burlada mais de 1,99 milhões de patacas. Na investigação, a idosa declarou que durante os primeiros seis meses do ano conheceu três homens (os arguidos) através de uma plataforma online, que depois ser tornaram amigos e namorado.

Segundo informação do jornal Ou Mun, o trio de arguidos utilizou diferentes motivos para pedir dinheiro à vítima, como que as prendas enviadas para ela foram apreendidas pelos Serviços de Alfândega ou que faltava de fundo para seu negócio. Após a mulher ter feito várias transferências para as contas bancárias indicadas, achou estranho e pediu auxílio à polícia.

23 Jul 2019

IAS | Idosos e deficientes vão receber 1.500 patacas para comprar telemóveis

[dropcap]O[/dropcap] Instituto de Acção Social (IAS) decidiu criar um novo apoio financeiro para idosos e portadores de deficiência de famílias beneficiárias de subsídio regular, no valor máximo de 1.500 patacas. O novo subsídio destina-se à aquisição de telemóveis “que estejam ou não integrados num plano especial de tarifários”.

Os destinatários do referido plano são os beneficiários do subsídio regular do IAS que, no ano em que fazem o pedido, completem os 65 anos ou sejam portadores do Cartão de Registo de Avaliação da Deficiência válido e completem os 18 anos. As inscrições encontram-se abertas até ao dia 30 de Junho de 2020.

Durante o prazo de requerimento do subsídio, os requerentes devem adiantar o pagamento para a aquisição de telemóveis e, no dia da compra de telemóveis, devem ser beneficiários do subsídio regular do IAS. Além disso, devem entregar os documentos necessários para o pedido na sede do IAS ou num dos centros de acção social ou no Centro de Avaliação Geral de Reabilitação.

23 Jul 2019

ONU | Representante diz que casinos ainda são centro de lavagem de dinheiro

Jeremy Douglas, representante da Agência para os Assuntos de Droga e de Crime das Nações Unidas para a zona da Ásia-Pacífico, disse à Macau News Agency que o sector do jogo em Macau ainda é um dos principais centros de branqueamento de capitais, com o grande contributo dos junkets

 

[dropcap]A[/dropcap] Organização das Nações Unidas (ONU) considera que Macau é ainda um foco de lavagem de dinheiro. O aviso foi feito à Macau News Agency (MNA) por Jeremy Douglas, representante da Agência para os Assuntos de Droga e de Crime das Nações Unidas para a zona da Ásia-Pacífico (UNODC, na sigla inglesa).

“Há muito que Macau tem sido lugar para actividades de branqueamento de capitais e crime organizado e, apesar dos tempos e dos métodos terem vindo a mudar, o território é ainda visto por muitos desta forma”, apontou. O responsável não ignorou o facto de Macau estar situado numa zona do globo onde o jogo tem expandido em países como o Camboja ou o Vietname, entre outros. “Os casinos tem vindo a expandir-se e a proliferar”, disse, enquanto que “os junkets, levemente regulados, tem vindo a financiar aqueles que fazem apostas elevadas”, sem esquecer que aqueles que são considerados os “correios de dinheiro” transportam “elevados montantes”.

A semana passada, um relatório da UNODC deu conta da existência de várias organizações criminais em Hong Kong, Macau, Taiwan e Tailândia, bem como da falta de capacidade legislativa destes territórios para responder ao panorama do tráfico de droga na zona do sudeste asiático. O tráfico faz-se sobretudo com estupefacientes, produtos contrafeitos, medicamentos, espécies protegidas e pessoas. Os traficantes recorrem aos casinos, que a UNODC considera serem mal regulados, ou através dos sistemas bancários de Hong Kong e de Singapura.

Discussões com Pequim

À MNA, Jeremy Douglas disse ainda que a ONU tem vindo a “trabalhar de perto com as autoridades em Pequim, discutindo preocupações sobre os casinos e a indústria junket nesta região”.

Apesar das críticas apontadas por Douglas, o Governo de Macau tem mexido na legislação respeitante a estas matérias. Em 2017, foi feita uma revisão à lei que regula o branqueamento de capitais, tendo sido implementadas também mudanças na forma de registo dos operadores junket e na documentação a entregar junto da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ).

Esta não é a primeira vez que uma entidade relaciona a criminalidade organizada ao mundo do jogo. Em 2016, um estudo da Universidade Cidade de Hong Kong dava conta do domínio das tríades nas salas VIP dos casinos, algo que foi rejeitado pela DICJ. “Até ao momento, não verificámos qualquer ‘tríade seleccionada pelos casinos nem a trabalhar com junkets’”, foi referido.

23 Jul 2019

Banco Chinês de Macau | Governo autoriza sucursal em Cantão

[dropcap]F[/dropcap]oi ontem publicado em Boletim Oficial (BO) um despacho assinado pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que conta autoriza a abertura de uma sucursal do Banco Chinês de Macau na cidade de Cantão, província de Guangdong. O Banco Chinês de Macau nasceu a partir do antigo Finibanco, estabelecido em Macau em 1995.

Actualmente, tem como presidente do conselho de administração Ye Shaokun, que assinou, em Março, o relatório e contas relativo ao ano de 2018. No documento constam os planos que o Banco Chinês de Macau tem para este ano.

Para a entidade bancária, 2019 “é um ano em que existem simultaneamente oportunidades e desafios”, uma vez que será aprofundada “a reforma”, além de se pretender “acelerar a reconversão e valorização, o investimento e exploração da tecnologia financeira do banco”, bem como “elevar geralmente a capacidade de serviço financeiro e suportar, como sempre, o desenvolvimento sustentável de todos os negócios locais”.

23 Jul 2019

Patriotismo | Chui pede aos jovens para retirarem “lições da História”

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, esteve ontem presente em Hebei, na China, onde participou numa sessão de intercâmbio entre estudantes universitários e representantes de jovens de Macau e de Hebei. Citado por um comunicado oficial, Chui Sai On disse “esperar que as novas gerações dos dois territórios retirem conjuntamente lições da história, vivam o presente, enfrentem o futuro e aproveitem a sua juventude”.

Também o director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Fu Ziying, aconselhou os jovens a “não esquecerem a história e a transmitirem o espírito patriótico”, tendo destacado a importância de continuar a implementar o princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Os representantes dos jovens de Macau de Hebei afirmaram que “todos devem estudar com afinco, compreender e colocar em prática os seis desejos do Presidente Xi Jinping para a juventude chinesa na nova era, referidos na sessão comemorativa do 100º aniversário do Movimento Quatro de Maio”.

23 Jul 2019

Trump considera “responsável” atitude de Xi Jinping face aos protestos de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos EUA, Donald Trump, sublinhou ontem que o seu homólogo da China, Xi Jinping, “actuou responsavelmente” nas grandes manifestações em Hong Kong contra uma proposta de lei de extradição que facilitaria o envio para Pequim de “fugitivos” refugiados.

“Julgo que o Presidente Xi da China actuou responsavelmente, muito responsavelmente. Estão a protestar há muito tempo”, disse Trump em declarações aos jornalistas na Casa Branca ao receber o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan.

“Sei que é uma situação muito importante para o Presidente Xi (…). Se quisesse, a China poderia parar os manifestantes”, acrescentou Trump, que adoptou um tom cauteloso face aos protestos nas ruas de Hong Kong. No domingo, dezenas de milhares de pessoas regressaram às ruas para exigir reformas.

As manifestações, que se iniciaram há sete semanas, evoluíram da contestação à lei da extradição, que permitia o envio para a China de “fugitivos” ou suspeitos de crimes refugiados no território de Hong Kong, até reivindicações mais amplas sobre a melhoria dos mecanismos democráticos da cidade, cuja soberania foi recuperada pela China em 1997 com o compromisso de manter até 2047 as estruturas erguidas pela colonização britânica.

Os críticos consideram que a lei intimidará e penalizará os críticos e dissidentes do regime chinês, enquanto os seus defensores asseguram que procura preencher um vazio legal, por não existirem fórmulas legais de extradição entre Taiwan, Hong Kong e a China continental.

No entanto, vários analistas consideram que a China está a tentar acelerar o processo de assimilação da ex-colónia britânica, um processo que regista a firme oposição de parte da população de Hong Kong.

Os EUA e a China estão envolvidos numa guerra comercial face às medidas proteccionistas impulsionadas por Trump desde a sua chegada ao poder. Em finais de Junho, Trump e Xi concordaram em estabelecer uma nova trégua na guerra comercial durante a reunião do G20 no Japão, com Washington a congelar a imposição de novas tarifas à China e a permitir que empresas norte-americanas vendam produtos da tecnologia Huawei.

No entanto, os EUA vão manter as tarifas aplicadas a produtos chineses num valor de 250 mil milhões de dólares, enquanto a China continua a manter as suas taxas a diversas importações norte-americanas por um total de 110 mil milhões de dólares.

23 Jul 2019

Beijing Capital Airlines inaugura voo Lisboa-Xian-Pequim na próxima semana

[dropcap]A[/dropcap] Beijing Capital Airlines inaugura na próxima semana a ligação entre Lisboa-Xian-Pequim, uma rota aérea que, segundo o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, resultou do esforço diplomático entre os dois países.

“A nova rota vai permitir que não só turistas, mas também empresários, investigadores, professores e estudantes universitários encontrem forma de ir de um território para o outro”, disse o governante, durante a cerimónia oficial de inauguração da rota, que decorreu hoje em Lisboa.

A nova rota, anunciada no mês passado por fonte da empresa à agência Lusa, arrancará com três frequências semanais a partir de dia 30 de Agosto e vai substituir a ligação directa entre Hangzhou, costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, suspensa em Outubro do ano passado. Será operada por aviões Airbus A330, com capacidade máxima para 440 passageiros.

Durante a cerimónia de hoje, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, destacou igualmente a importância da parceria Portugal-China, lembrando que em 2019 se celebrará o 40.º aniversário do estabelecimento oficial de ligações diplomáticas entre os dois países.

Recordou também que em 2018 Portugal recebeu mais de 315 mil turistas chineses, num crescimento médio anual nos últimos três anos de 25 por cento, o que motiva a manter uma relação “cada vez mais próxima” com a China e todos os parceiros.

Luís Araújo citou ainda os números recentemente divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) a dar conta que, nos primeiros cinco meses deste ano, a China é o segundo país com maior crescimento para Portugal, de 17,1 por cento. “A existência de boas ligações aéreas é fundamental para o crescimento do número de turistas que nos visita”, defendeu.

22 Jul 2019

Exército chinês realiza exercícios anti-terrorismo perto de Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] exército chinês anunciou hoje que realizou exercícios anti-terrorismo na província de Guangdong, que faz fronteira com Hong Kong, um dia após manifestantes terem atacado o edifício do Gabinete de Ligação do Governo central em Hong Kong.

A 74.ª Brigada do Exército de Libertação Popular não refere no comunicado os protestos em Hong Kong, mas o analista militar e oficial aposentado Yue Gang disse que os exercícios mostram que as tropas estão prontas para intervir no território.

Os manifestantes grafitaram e lançaram ovos contra a fachada do edifício do Gabinete de Ligação, no domingo, quando quase meio milhão de pessoas desfilou nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a actuação da polícia em manifestações anteriores.

O ataque danificou o emblema nacional da China, que está pendurado na frente do prédio, ao manchá-lo com tinta preta. O emblema foi substituído por um novo em poucas horas.

O Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, informou que o exercício, realizado na cidade de Zhanjiang, simulou uma resposta para uma onda de violência ou terrorismo.

A contestação nas ruas, que dura há sete semanas, foi iniciada contra um projecto de lei que permitiria extradição para o continente chinês. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e são agora contra o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

22 Jul 2019

Ataque ao Gabinete de Ligação em Hong Kong é insulto ao povo chinês, diz representante

[dropcap]O[/dropcap] representante do governo de Pequim em Hong Kong condenou hoje o ataque ao edifício do Gabinete de Ligação na região vizinha, no domingo, afirmando que os manifestantes insultaram “todo o povo chinês”.

“Estas (acções) prejudicaram gravemente o espírito de Estado de Direito ao qual Hong Kong está profundamente ligado (…) e ofenderam seriamente todo o povo chinês, incluindo os sete milhões de compatriotas de Hong Kong”, afirmou Wang Zhimin, chefe do Gabinete de Ligação de Pequim, aos jornalistas.

Num comentário difundido na primeira página, e intitulado “O Governo central não pode ser desafiado”, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, considerou as acções dos manifestantes “intoleráveis”.

Os manifestantes grafitaram e lançaram ovos contra a fachada do edifício do gabinete, no domingo, quando quase meio milhão de pessoas desfilou nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a actuação da polícia.

O ataque danificou o emblema nacional da China, que está pendurado na frente do prédio, ao manchá-lo com tinta preta. O emblema foi substituído por um novo em poucas horas.

Mais tarde, num novo desenvolvimento no movimento, os manifestantes que tentavam voltar para casa foram atacados dentro de uma estação de metro, por assaltantes que pareciam ter como alvo manifestantes pró-democracia.

Pelo menos 45 pessoas ficaram feridas e 22 permanecem hospitalizadas, incluindo um homem em estado grave. Outras 14 pessoas ficaram feridas quando a polícia usou gás lacrimogéneo para expulsar os manifestantes no centro de Hong Kong. A polícia disse que os manifestantes atiraram tijolos e bombas de gasolina e atacaram a sede da polícia.

A contestação nas ruas, que dura há sete semanas, foi iniciada contra um projecto de lei que permitiria extradição para o continente chinês. A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica.

22 Jul 2019

Quase meio milhão de pessoas em protesto nas ruas de Hong Kong

[dropcap]Q[/dropcap]uase meio milhão de pessoas desfilaram ontem nas ruas de Hong Kong contra as emendas na lei da extradição e a exigir um inquérito independente sobre a actuação da polícia, indicou o movimento que organizou o protesto.

O número de 430 mil manifestantes foi avançado pela Frente Cívica de Direitos Humanos na aplicação de mensagens instantâneas Telegram, naquele que foi a terceira grande manifestação promovida pelo movimento. A primeira, a 9 de Junho, terá juntado um milhão de pessoas. A segunda, a 16 de Junho, dois milhões, números que foram sempre contestados pelas autoridades de Hong Kong, que apontaram sempre para uma adesão mais reduzida.

A informação foi divulgada poucos minutos depois da polícia de Hong Kong ter avisado que se prepara para agir sobre algumas centenas de manifestantes que ocuparam zonas centrais da cidade em protesto contra as emendas da lei da extradição “devido à escalada de violência”.

“Os participantes da manifestação pública devem tomar o transporte público e partir o mais rápido possível”, avisou a polícia na sua página na rede social Facebook.

As forças de segurança querem dispersar os manifestantes que, depois de participarem na marcha durante a tarde de hoje, se dirigiram ao edifício do gabinete de ligação de Pequim no território, bloquearam várias ruas e ocuparam acessos ao quartel general da polícia e ao parlamento.

“Esta tarde, depois de participantes de uma manifestação pública chegarem a Wan Chai, alguns prosseguiram, bloqueando estradas, vandalizando carros e paredes dos edifícios. Em face da escalada da violência, a polícia conduzirá uma acção para desimpedir” a área, pode ler-se na mesma publicação da polícia de Hong Kong.

A polícia apelou ainda à população para evitar deslocar-se para o palco dos protestos ou áreas adjacentes e que residentes e trabalhadores garantam a sua segurança pessoal e fiquem atentos às informações da polícia.

Apesar das manifestações serem maioritariamente pacíficas, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da antiga colónia britânica. Dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram mesmo o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong.

A contestação nas ruas, iniciada contra um projecto de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos. Pequenas acções e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de Junho e 1 de Julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

22 Jul 2019

Imagem de fotojornalista português seleccionada para exposição colectiva em Nova Iorque

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau, foi seleccionado para a exposição colectiva de fotografia “Documenting Humanity” em Nova Iorque, que inaugura terça-feira.

A competição foi promovida pelo 24HourProject e o fotógrafo português “é o único representante português dos 80 escolhidos em centenas de participantes de diversas partes do mundo e milhares de fotografias”, pode ler-se num comunicado divulgado pelo próprio.

A imagem escolhida é o retrato da trabalhadora indonésia Ratna Khaleesy, intitulada de “Hope and belief”, distinguida em diversos prémios de fotografia desde o início do ano, entre as quais se destaca o prémio de fotojornalismo português Estação Imagem ou o Festival della Fotografia Etica, em Itália.

“Estou muito contente por mais esta distinção. Os últimos dois anos, em particular, têm sido muito gratificantes no que diz respeito ao reconhecimento do meu trabalho internacionalmente com alguns prémios e exposições de fotografia. Fico honrado pelos meus pares verem nas minhas fotografias qualidade relevante para serem destacadas”, afirmou Gonçalo Lobo Pinheiro, citado na mesma nota.

22 Jul 2019

Existe necessidade urgente de repensar a questão da identidade, diz Amin Maalouf

[dropcap]O[/dropcap] escritor e ensaísta Amin Maalouf, vencedor do Prémio Gulbenkian 2019 manifestou em entrevista à Lusa profunda “inquietação” pela actual situação mundial, onde deixou de existir “credibilidade moral”, e assinalou a urgente necessidade de “repensar” a questão da identidade.

“Não é uma questão simples. Não há uma solução milagrosa, estamos num mundo que atravessa um momento extremamente delicado, na minha perspectiva uma das coisas essenciais reside na necessidade de repensar a questão da identidade”, assinalou na sede da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, onde na sexta-feira recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian 2019 por um júri presidido por Jorge Sampaio e também justificado pela sua “promoção activa da fluidez cultural”.

Filho de pais libaneses – mãe nasceu no Egipto – Amin Maalouf, natural de Beirute, 70 anos, tem dupla nacionalidade libanesa e francesa e é apontado como um dos mais empenhados intelectuais na busca de um novo caminho de convivência multiétnica, multirreligiosa, multicultural.

No seu recente ensaio “O Naufrágio das Civilizações” (2019), vários anos após “As Identidades Assassinas” (1998), retoma a abordagem das diversas derivas e feridas do mundo presente. E no qual detecta uma relação de “causa-efeito” entre o naufrágio do Levante, a região do Mediterrâneo Oriental, do Médio Oriente, e o naufrágio de outras civilizações.

“Temos necessidade de mudar a atitude que consiste em resumir a identidade de uma pessoa a um aspecto, seja religioso, nacional ou outro, e é necessário ajudar as pessoas a assumir o conjunto da sua identidade, o conjunto da sua pertença. Quando algumas pessoas têm uma pátria de origem e uma pátria de acolhimento, é necessário que possam assumir plenamente a sua pertença às duas”, assinala o autor de “As Cruzadas Vistas pelos Árabes” (1983) e “Leão, o Africano” (1986).

O escritor, vencedor do Prémio Gouncourt em 1993 pelo seu livro “O Rochedo de Tanios” e que foi eleito para a Academia Francesa em 2011, sublinha o “importante trabalho a fazer para garantir uma coexistência harmoniosa”, que considera “o grande projecto” da época actual. “Mas tenho a impressão que não fizemos o suficiente por isso”, ressalvou.

A “má gestão” das questões em torno das identidades, em particular na região do Mediterrâneo Oriental, continua a manifestar-se, apesar de recordar que o século XX foi “desastroso” desse ponto de vista.

“Houve evidentemente a tragédia arménia, todas as tragédias que se sucederam, nem as contamos, toda essa região que era uma região de reencontro, de Sarajevo a Alexandria, de Bagdad a Constantinopla, toda essa região que tinha potencialidades gigantescas, que poderia ter sido um pólo de progresso para todo o mundo. Foi uma verdadeira tragédia o que aconteceu”, lamentou.

Na sua inquietação, Maalouf depara-se hoje com uma época de imensos sucessos, mas também de profundos fracassos, de uma ordem internacional em colapso, de um mundo árabe, “do meu Levante” como refere, que atravessa um dos momentos mais negros da sua história, da grande potência ocidental que perdeu a autoridade moral.

“Existem relações muito pouco saudáveis entre diversas partes do mundo, estamos num mundo que precisa de coexistência, de uma gestão serena das identidades, e não caminhamos nessa direcção”, sublinhou.

Lucidez é uma palavra muito presente no seu amplo vocabulário. “Temos necessidade de lucidez, frequentemente somos regidos seja por preconceitos seja por bons sentimentos… Penso ser necessário ver o mundo tal qual ele é, tentar compreender os mecanismos do problema, e tentar verdadeiramente resolvê-los”, sugeriu.

“O que me perturba sempre, e trata-se de uma característica da nossa época, é que falamos muito dos grandes problemas e temos a impressão de resolvê-los porque falámos deles. É verdade para o clima, é verdade para outras situações, falamos, os problemas estão presentes, agravam-se de uma década para a seguinte e não fazemos nada de decisivo para terminar com essa deriva”, acentuou.

O ensaísta, que viveu a sua infância no Líbano – “havia qualquer coisa no Líbano que era promissora, infelizmente a experiência não conseguiu manter essa promessa”, disse – depara-se com novos fenómenos que acentuam a inquietação que percorre a sua obra.

“Já ninguém possui uma verdadeira credibilidade moral. Nem pessoas, nem instituições, nem referências morais, estamos numa época em que tudo é posto em causa, tudo parece em vias de perder a sua capacidade de exercer uma autoridade moral. Vai da Casa Branca ao Vaticano, por todo o lado as instituições estão em profunda crise e cuja credibilidade foi abalada”, concluiu.

22 Jul 2019

Coreia do Sul | Um recorde mundial e o fim de um reinado no primeiro dia dos Mundiais de natação

[dropcap]U[/dropcap]m recorde do mundo nos 100 metros bruços masculinos, conseguido por Adam Peaty, e o fim do reinado de Katie Ledecky nos 400 metros livres, ditado por Ariarne Titmus, marcaram ontem a primeira jornada dos Mundiais de natação.

Em Gwangju, na Coreia do Sul, as primeiras portuguesas a entrar em competição foram Victoria Kaminskaya, Diana Durães e Ana Catarina Monteiro, que ficaram pelas eliminatórias.

Kaminskaya terminou as eliminatórias dos 200 metros estilos, com o 19.º tempo entre as 36 inscritas, Diana Durães concluiu os 400 metros livres no 27.º lugar, e Ana Catarina Monteiro foi a 29.ª entre as 52 presentes nos 100 metros mariposa.

O britânico Adam Peaty nadou a eliminatória dos 100 metros bruços em 56,88 segundos, tornando-se no primeiro a percorrer a distância abaixo dos 57 segundos. Peaty, o campeão olímpico da distância, que procura o terceiro título mundial consecutivo, melhorou o seu próprio recorde mundial, fixado em 57,10, estabelecido em Glasgow em Agosto do ano passado.

O chinês Yan Zibei conseguiu o segundo melhor tempo das eliminatórias, 58,67, a 1,79 segundos de Peaty, marca que lhe valeu o recorde asiático. Antes de Peaty, a estrela do dia foi a australiana Ariarne Titmus, que colocou fim ao reinado da norte-americana Katie Ledecky, tricampeã mundial e campeã olímpica nos Jogos Rio2016, nos 400 metros livres.

Depois de ter entrado nos últimos 50 metros em desvantagem, Titmus, recordista da distância em piscina curta, nadou a última piscina em 29,51 segundos, contra os 31,34 da norte-americana.

A marca de 3.58,76 minutos valeu a Ariarne Titmus a medalha de ouro, deixando Ledecky com a prata, com a marca de 3.59,97, e a também norte-americana Leah Smith (4.01,29) com o bronze.

Nos 400 metros livres masculinos, repetiu-se o pódio dos mundiais Budapeste2017, com o chinês Sun Yang, envolvido em suspeitas de doping, a conquistar o ouro (3.42,44 minutos), o australiano Mack Horton (3.43,17) a prata e o italiano Gabrielle Detti (3.43,23) o bronze.

Na estafeta de 4×100 metros livres masculinos, os Estados Unidos conquistaram o ouro em masculinos, seguidos da Rússia e da Austrália, que ficaram com a prata e com o bronze, respectivamente. Em femininos, as australianas dominaram, deixando a prata para as norte-americanas e o bronze para as canadianas.

Hoje entram em prova mais quatro dos 10 representantes lusos nos Mundiais: Gabriel José Lopes (ALN-Louzan), nos 100 metros costas, Miguel Duarte Nascimento (Benfica), nos 200 livres, Tamila Holub (Sporting de Braga) e Diana Durães, nos 1.500 livres.

22 Jul 2019