Hoje Macau Manchete PolíticaCECE | Eleição com maior participação face a 2019 Os resultados preliminares da eleição dos membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo revelam uma maior participação face às últimas eleições: 88 por cento face aos 87,20 por cento registados há cinco anos Foram ontem eleitos os membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE), composta por 400 pessoas, e responsável pela escolha do próximo Chefe do Governo. As urnas encerraram ontem às 18h, sendo os resultados definitivos apresentados hoje. Dados preliminares apontados ontem pela presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE), Song Man Lei, revelam uma maior participação eleitoral em relação às eleições de há cinco anos, com uma taxa de participação de 88 por cento, noticiou o jornal Ou Mun. Em 2019, a taxa de participação para escolher os membros da mesma Comissão foi de 87,20. Song Man Lei afirmou ainda que estes números reflectem “um elevado nível de participação e forte apoio dos eleitores de diferentes sectores”, além do “elevado reconhecimento da nova lei eleitoral do Chefe do Executivo”. O universo de eleitores era de 6.200 pessoas, divididas por 576 pessoas colectivas, ou seja, associações com cariz político. Estreia da declaração O líder do Governo de Macau é eleito para um mandato de cinco anos pela CECE, após ser nomeado pelo Governo Central de Pequim conforme consta na Lei Básica e na respectiva lei eleitoral. Na Lei Básica são definidos os três primeiros sectores representados nestas eleições, nomeadamente o industrial, comercial e financeiro, seguindo-se o cultural, educacional, profissional e, por fim, as áreas do trabalho, serviços sociais e religião. Ao quarto sector, pertencem os deputados de Macau à Assembleia Popular Nacional, membros da comissão por inerência, e representantes dos deputados à Assembleia Legislativa de Macau, dos membros dos órgãos municipais e dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, eleitos por sufrágio interno. Além das áreas educacional e laboral “em que o número de candidatos elegíveis excedeu mais dois candidatos para o seu número de membros, o número de candidatos elegíveis dos outros cincos sectores e subsectores é igual ao seu número de membros”, avançou a CAECE. Ou seja, dos 348 candidatos admitidos às eleições dos membros da comissão eleitoral, apenas 344 foram eleitos este domingo. Pela primeira vez desde que há eleições para o Chefe do Executivo, o exercício de membro da CECE “depende da apresentação de declaração sincera, devidamente assinada, de defesa da Lei Básica e de fidelidade à RAEM da República Popular da China”. O requisito consta da nova Lei Eleitoral para o Chefe do Executivo, aprovada no ano passado, e, de acordo com o Governo, pretende “dar mais um passo na implementação do princípio ‘Macau governado por patriotas'”. A escolha do próximo líder do Governo de Macau pode acontecer a partir de 11 de Outubro, passado o prazo mínimo de 60 dias após a eleição da CECE, de acordo com a lei eleitoral. Ainda não se sabe se Ho Iat Seng vai concorrer a um segundo mandato, sendo que, para já, não foi oficializada qualquer candidatura. O mandato de Ho termina em 19 de Dezembro, estando prevista a cerimónia de posse do futuro chefe do Governo em 20 de Dezembro, data em que se assinala o 25.º aniversário da constituição da RAEM, na sequência da transferência da administração do território de Portugal para a China.
Hoje Macau Grande Plano MancheteAnálise | Ho Iat Seng “está a preparar” a recandidatura a Chefe do Executivo Analistas portugueses que acompanham a vida política em Macau afirmaram à Lusa que Ho Iat Seng “está a preparar-se” para se recandidatar, não obstante as críticas à sua governação marcada por três anos de pandemia “Parece que ele está a preparar-se para se candidatar. Também apareceu um empresário [Jorge Chiang], que queria [candidatar-se], mas talvez só tenha aparecido para ele [Ho Iat Seng] reforçar a sua candidatura”, disse Cátia Miriam Costa, investigadora do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE-IUL (CEI/ISCTE-IUL), especialista em assuntos de política externa da China e Macau. Jorge Tavares da Silva, professor na Universidade da Beira Interior, especialista em assuntos de política externa chinesa, Macau e da Nova Rota da Seda, chamou a atenção para o “desaparecimento” por “umas semanas” de Ho Iat Seng. “O Chefe do Executivo desapareceu agora umas semanas, prolongou as férias, o que nos leva a supor que se encontrará em negociações”, disse. “Dá a ideia de que está a preparar nos bastidores todas as dinâmicas informais – o que denota que pode não ser assim tão consensual [a sua candidatura] – para depois, no acto solene, estar já tudo decidido”, acrescentou. “Há ali um grande debate”, sublinhou igualmente Cátia Costa. “Quando [Ho Iat Seng] se apresentar, vai ter as continhas feitas e saber se consegue ganhar, ou seja, que percentagem daqueles 400 eleitores [membros da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE) de Macau] vai votar nele. Sem isso, não avança”, acrescentou a investigadora. Mais de 6.200 eleitores mandatados por 576 pessoas colectivas elegeram ontem os seus representantes na CECE, que integra 400 membros de quatro sectores da sociedade, e irá eleger a partir de 11 de Outubro o futuro líder do Governo de Macau para os próximos cinco anos, que terá de ser nomeado formalmente pelo Governo Central, de acordo com a Lei Básica e a respectiva lei eleitoral. Avaliação complicada À semelhança do que acontece no Partido Comunista Chinês, “antes da votação, há uma grande disputa. Costumo dizer aos meus alunos: ‘quando vocês veem os cartõezinhos todos levantados numa votação plenária na China contemporânea, antes caíram muitos pelo caminho’”, ilustrou a investigadora do CEI/ISCTE-IUL. Os dois antecessores de Ho Iat Seng – Edmundo Ho e Fernando Chui Sai on – cumpriram ambos dois mandatos, mas os investigadores portugueses admitem que Ho Iat Seng chega ao final do seu primeiro mandato em condições políticas diferentes. “Ho Iat Seng enfrentou um período de alguma contestação, exactamente porque as pessoas achavam que não estava a dar o máximo do que era possível fazer. Agora, também temos de ver o contexto de governação que ele teve”, relativizou Cátia Costa. “A avaliação da governação de Ho Iat Seng é muito difícil”, “estamos a analisar um período particularmente difícil, em que a China esteve fechada 3 anos” devido à covid-19, e esse balanço diz respeito a “um território que está muito dependente de fluxos externos, está muito exposto”, disse. “É evidente que não estamos a avaliar uma acção governativa em condições normais”, sublinhou a investigadora. Por outro lado, exige-se ao líder do Executivo do território uma “competência” especial, que passa por conseguir “harmonizar as expectativas de Pequim com as expectativas locais, que são fundamentais, depois, na expressão do voto que esta grande comissão [CECE] vai fazer”, disse ainda Cátia Costa. Esta circunstância torna-se mais relevante, segundo a professora do ISEG, se se atender ao facto de o período de governação de Ho Iat Seng ter coincidido com uma “situação de muita insatisfação” em Hong Kong, e “a verdade é que Macau absorveu muitas ondas de choque provenientes” do território vizinho. “Foi um contexto particularmente adverso e difícil. Provavelmente, as pessoas que vão elegê-lo tiveram oportunidade de confirmar se existe alguma alteração, algum maior empenho [com que Ho Iat Seng se tenha comprometido] em relação a alguma destas grandes questões, ou até alguma predisposição para alterar o curso que tem sido dado à governação do território”, previu Cátia Miriam Costa. Electricidade estática Os analistas consideram que as alterações à lei eleitoral da região administrativa especial, no ano passado, “condicionam” a escolha do próximo Chefe do Executivo. “Esta nova lei [eleitoral, em vigor desde o final de 2023, que obriga candidatos ao Executivo a um juramente de fidelidade ao território e dá poderes a uma Comissão de Defesa da Segurança do Estado para verificar a “existência de violação do dever de defesa ou de fidelidade” por parte dos mesmos] pode ter implicações, e terá tido com certeza, sobretudo no sentido de as pessoas [candidatos] estarem mais atentas às directivas de Pequim”, afirmou Cátia Miriam Costa. “Há uma tendência a um maior autocontrolo, apesar de ser admitido o criticismo à forma como as coisas são conduzidas, dentro de padrões mais técnicos, menos políticos”, acrescentou. O que “não é permitido”, sublinhou a investigadora, “é pôr em causa a existência e a soberania do partido [Comunista Chinês] e do Estado chinês sobre estes territórios” – Macau e Hong Kong. Não obstante estas considerações, Cátia Costa manifestou dúvidas sobre “até que ponto” as alterações legislativas terão “mudado assim tanto o processo eleitoral, porque ele já estava muito montado neste sentido”, disse. “Na prática, a nova lei talvez não tenha trazido tantas alterações a este processo. Veio reafirmar aqueles princípios de idoneidade, de amor à pátria, sucedâneos do que se passava em Hong Kong, onde o processo eleitoral para Chefe do Executivo estava a ser contestado” desde 2020, afirmou a investigadora. Jorge Tavares da Silva considerou que Pequim foi “reforçando o seu controlo sobre o território e desafiando a própria Lei Básica, nomeadamente com estas medidas mais recentes da lei eleitoral, que quase obrigam a uma subserviência ao Partido Comunista Chinês”. Os candidatos têm que “declarar um respeito, quer dizer, uma subjugação àquilo que o partido diz”, reforçou. “Claro que [a lei se autojustifica] por razões ‘patrióticas’ [segundo o princípio ‘Macau governado por patriotas’], mas na essência é isso, portanto, nunca desafiando o poder central”, afirmou Tavares da Silva. O investigador, à semelhança de Cátia Costa, também sublinhou a importância dos tumultos em Hong Kong em 2019 e 2020, e a forte repercussão dos mesmos em Macau, mas entendeu que o “habitat político” da segunda região administrativa não justificava as alterações legislativas. “Pequim teve o receio de haver um contágio de Hong Kong a Macau, mas a grande diferença de Macau para Hong Kong é que Macau não tem partidos políticos. Podemos dizer que as associações são um bocadinho como os partidos políticos, mas não é a mesma coisa. Há um ‘habitat político’ – ou havia – em Hong Kong de mais liberdade, de discussão política, mais efervescente”, disse. “Macau absorveu muita onda de choque proveniente de Hong Kong, acabando [por ser afectado] por tabela, por o seu vizinho estar com uma série de problemas, que começaram com a eleição directa do Chefe do Governo, ou da contestação ao método eleitoral em Hong Kong, mas depois também se foi espraiando a outros níveis, como, por exemplo, à Lei de Segurança Nacional”, que Macau já tinha, e Hong Kong acabou entretanto por criar, levando em paralelo Macau a rever essa lei – que “protegia [o território] da ingerência a partir de Pequim”, sublinhou a investidora do CEI/ISCTE-IUL.
Hoje Macau China / ÁsiaEvergrande | Liquidatários intentam acção judicial contra auditor PwC Os liquidatários da empresa chinesa Evergrande intentaram uma acção judicial contra a empresa de auditoria PwC em Hong Kong pelo seu papel na adulteração das contas do gigante imobiliário, informou na quarta-feira a Bloomberg News. A acção faz parte dos esforços para recuperar os investimentos dos credores depois de um tribunal de Hong Kong ter ordenado, em Janeiro, a liquidação da Evergrande, o antigo gigante imobiliário da China. Uma vez que a Evergrande está sediada na China continental, onde as leis são diferentes das de Hong Kong, a administração do grupo indicou que a decisão do tribunal não teria qualquer impacto nas suas operações na China continental e, de facto, continuou as suas actividades, apesar de uma dívida estimada em mais de 300 mil milhões de dólares. A PwC e a PricewaterhouseCoopers Zhong Tian LLP – a sucursal da empresa de auditoria no continente – foram citadas numa acção judicial intentada em Março, informou a Bloomberg com base em documentos judiciais. As acções judiciais visam a “negligência” e as “deturpações” da PwC nos seus relatórios sobre as demonstrações financeiras da Evergrande relativas a 2017 e ao primeiro semestre de 2018, segundo a Bloomberg. A Evergrande, que entrou em incumprimento em 2021, tornou-se emblemática da crise no mercado imobiliário da China. As autoridades chinesas e de Hong Kong estão interessadas na PwC, que foi auditora da Evergrande durante mais de dez anos, antes de se demitir em 2023, na sequência de desacordos sobre a auditoria das contas da empresa relativas a 2021. A PwC e a Evergrande não quiseram comentar. A negociação das acções da Evergrande em Hong Kong está suspensa desde Janeiro.
Hoje Macau China / ÁsiaFaixa e Rota | Embaixador considera “fundamental” inclusão do Brasil O embaixador chinês em Brasília disse na quarta-feira que China e Brasil “não devem estar satisfeitos com o estado actual da cooperação” e descreveu a adesão brasileira a um importante programa da política externa chinesa como “fundamental”. Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, Zhu Qingqiao, que participou num evento do Conselho Empresarial Brasil – China, em São Paulo, na véspera do 50.º aniversário das relações entre os dois países, defendeu que a inclusão do Brasil na Iniciativa Faixa e Rota seria uma “demonstração de estabilidade” na “relação de cooperação de longo prazo”. Designada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, a iniciativa adquiriu, na última década, dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa, incluindo quase todas as nações da América Latina. As empresas chinesas construíram portos, estradas, linhas ferroviárias, centrais eléctricas e outras infra-estruturas em todo o mundo, numa tentativa de impulsionar o comércio e o crescimento económico. O programa cimentou também o estatuto da China como líder e credora entre os países em desenvolvimento. O Brasil tem, no entanto, enviado apenas diplomatas de baixo escalão para participar nos fóruns em Pequim, contrastando com vários dos seus países vizinhos, que se fizeram representar por chefes de Estado ou de Governo. “A adesão poderia trazer benefícios mútuos e facilitar a identificação de sinergias entre a procura brasileira e os interesses chineses nos sectores mais estratégicos”, afirmou o embaixador. “Acreditamos que a iniciativa é altamente consistente com a estratégia de desenvolvimento do Governo de Lula da Silva, como os planos de reindustrialização, as rotas de integração sul-americana e o projecto de aceleração do crescimento”, acrescentou. Na América do Sul, apenas o Brasil, Colômbia e Paraguai ainda não aderiram à iniciativa de Pequim. Em particular, as autoridades brasileiras procuram financiamento para obras que ajudariam o Brasil a conectar-se com o Oceano Pacífico, especialmente o porto de águas profundas em Chancay, no Peru, que foi construído com financiamento chinês e deve ser inaugurado em Novembro. “Penso que as empresas chinesas estão muito interessadas em envolver-se de alguma forma” na ligação do Brasil a Chancay, explicou o embaixador chinês, citado pelo SCMP. A crescente influência da China no Brasil e na América Latina tem, no entanto, levado a advertências por parte de Washington. Termos não convencem Em Maio passado, a chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson, em visita ao Rio de Janeiro para exercícios militares conjuntos, disse à imprensa local que “as democracias do Brasil e dos Estados Unidos partilham uma história de 200 anos, enquanto a parceria com a China tem apenas 50 anos”. “Como democracias, respeitamo-nos mutuamente. Respeitamos a soberania uns dos outros”, disse. Richardson alertou que Brasília terá de prestar atenção às “condições impostas” por Pequim, no âmbito de uma possível adesão à Iniciativa Faixa e Rota. “O que aprendemos é que a iniciativa parece muito boa na superfície, mas há muitas letras miúdas”, acrescentou. “É preciso ler as letras miudinhas para ver todas as condições e como a soberania é retirada ao longo do tempo se os empréstimos não forem reembolsados e coisas do género”, alertou. Em resposta, a embaixada chinesa acusou Richardson de “adoptar uma mentalidade típica da Guerra Fria” e de seguir uma “lógica hegemónica”. Na América Latina, os EUA utilizaram a “democracia” e os “direitos humanos” como pretexto para “atacar, sancionar e interferir nos países da região”, acrescentou-se no comunicado da embaixada.
Hoje Macau Via do MeioPoesia chinesa e psicanálise – Lacan em Pequim Por M. Ângela Andrade O que há de peculiar na forma na poesia chinesa, que leva Demiéville a comparar a sua tessitura com a arte de “fritar peixinhos sem destroçá-los”? Há uma alusão à sua leveza e subtileza. Mas esse savoir-faire implica ainda exercitar-se pela repetição, pois os chineses imitam e repetem sempre os códigos poéticos, os mitos e os ritos ancestrais. Para além do saber fazer, da habilidade, o que confere à poesia charme irresistível é o estilo e a singularidade, tal como o demonstra a caligrafia chinesa. O que se apreende é que a repetição chama o novo. Na tessitura de uma poesia provisória, a apreensão do ser sempre escapa. Daí ser “poesia ténue, sempre prestes a se desfazer na via do apagamento, sempre capaz de evitar o desaparecimento, ameaçada de extinção e, no entanto, sempre renascendo. Afinal inextinguível, por tocar nos contrastes da língua em si, da qual se desprende a linguagem.” Antes de prosseguir lendo como Albert Nguyen articula as relações entre poesia chinesa e psicanálise, cumpre notar dados historiográficos da relação de Lacan com a China, sua língua e pensamento: Jacques Lacan sempre fora atraído pelo Extremo Oriente e sabe-se que, durante a Ocupação, havia aprendido o chinês na Escola de Línguas Orientais. Em 1969, quando elaborava sua teoria do discurso a partir da divisão wittgensteiniana do dizer e do mostrar, voltou a mergulhar com paixão no estudo da língua e da filosofia chinesa. Em outra ocasião procurei tratar aqui das referências sobre a língua chinesa nos seminários de Lacan, principalmente as do seminário XVIII. No presente trabalho busco apresentar aspectos das indicações de Lacan a respeito de poesia chinesa: “Se vocês são psicanalistas, verão que é o forçamento por onde um psicanalista pode fazer ressoar outras coisas, outra coisa que o sentido. (….) O sentido, isto tampona; mas com a ajuda daquilo que se chama escritura poética podem ter uma dimensão do que poderia ser a interpretação analítica. É absolutamente certo que a escritura não é aquilo pelo que a poesia, a ressonância do corpo, se exprime. É aliás completamente surpreendente que os poetas chineses se exprimam pela escritura e que para nós o que é preciso é que tomemos na escritura chinesa a noção do que é a poesia. Não que toda poesia… seja tal que a possamos imaginar pela escritura, pela escrita poética chinesa, mas talvez vocês sintam aí alguma coisa que seja outra, outra que aquilo que faz que os poetas chineses não possam fazer de outra forma senão escrever…” A poesia chinesa, porém, só pode ser lida conhecendo o contexto em que brota, ou seja, os fundamentos filosóficos, particularmente daoístas em que está alicerçada. Ainda sobre o contexto: o solo em que florescem essas tradições gerou uma combinação particular de vertentes filosóficas heterogéneas que, no entanto, se revelam bastante assimiladas na cultura chinesa. Nguyen indica ainda os trabalhos de Isabelle Robinet e François Julien que demonstram indiscutivelmente a incidência e força destas doutrinas, tanto na poesia como na estratégia e política da China. O artigo em questão destaca três grandes poetas chineses para ilustrar cada tradição: Wang Wei (budista), Li Po (taoísta) e Du Fu (confucionista). Escolhi para ilustrar a presente exposição, a poesia de Wang Wei. Atalho pela velha floresta; nenhum vestígio No coração do monte, um som de sino; vindo de onde? À tarde, sobre o lago deserto, meditando, Alguém aprisiona o dragão venenoso. Em Televisão, Lacan fala do estatuto provisório da poesia, fazendo dela uma arte do desprendimento, como aquela que o poeta Wang Wei pratica. No encontro de poesia chinesa e psicanálise surgem interferências e diferenças. Nguyen destaca a ressonância, termo que equivale à interferência, como o alvo da interpretação psicanalítica. As interferências ou ressonâncias são: 1. A natureza, que na poesia chinesa indica o lugar do vazio, o furo. “Lugar de ressonância, lugar de interferência: nada pode ressoar sem um furo: aquilo que no saber constitui o sintoma analítico, aquilo que deixa o poema e o livro inacabados, aquilo da ruptura da tradição que provoca a rã de Bashô, que se lança no poço, plof! e tantas outras indicações desta interferência da ressonância.” 2. A relação com o real. Essa segunda interferência assenta-se no lugar concedido ao real. A relação ao real é distinta na psicanálise. Na poesia chinesa, o real surge como realidade derradeira, sinónimo de Dao. Já a psicanálise confere ao sujeito o estatuto de separado, cortado definitivamente de todo o mundo e de toda cosmologia. Assim, separação, exclusão do sujeito, em oposição à integração daoísta. Poderíamos, talvez, aproximar essa relação ao real no taoísmo com a música tonal, enquanto que a relação ao real na psicanálise com a música atonal. Ou ainda com Badiou: “O real, para Lacan, se dá como ausência de sentido. Mas o que é preciso entender bem, é que ausência de sentido para Lacan, nunca quer dizer não-sentido. Há uma função de sentido do real, enquanto ausência de sentido. Há uma ausência no sentido, uma subtracção ao sentido que não é um não-sentido. É essencial compreender a diferença entre ausência de sentido (ab-sens) e não-sentido (non-sens).” 3. A mistura, mestiçagem (métis) da linguagem ou do real com a linguagem do simbólico. É a que se contrapõe à linguagem unívoca do Um fálico; a mestiçagem favorece a maleabilidade de espírito. Efeito de sujeito, afânise, ou o estatuto provisório, evanescente do ser? O sentido de “poesia provisória” diz respeito ao caminho no qual a apreensão do ser sempre escapa. O analisante e o poeta seriam, nesta perspectiva, um efeito poético. Nguyen conclui seu trabalho com o que nomeia de Lacan chinês. Diz ele, “Como situar esta possibilidade do passo suplementar que Lacan realiza sobre o taoísmo e a poesia? A resposta é dupla. Por um lado, Lacan, ao formular a estrutura, não deixa de examinar o registo da consequência (desenvolvida nesse mesmo seminário). A causa não porta somente efeito, mas consequências. E por outro lado, esse passo suplementar é autorizado pelo que nomeio de “Lacan chinês” para designar o lugar sempre marcado de referências chinesas em seu ensino, do início ao fim. Lacan começa seu ensino com o Zen e todos conhecem a referência à Índia de Prajapati e o Deus Trovão dos Escritos, mas é principalmente a partir do seminário “A Angústia”, seminário sobre o afeto certeiro da angústia, central em sua elaboração da teoria da causa, que Lacan, a partir do vazio e do feminino – pois é também este um seminário sobre a abordagem do feminino juntamente a uma tentativa de visualizar um para além da rocha freudiana da castração para o final de análise – com Kuan Yin, a fêmea misteriosa da qual ele extrai o olhar como causa, olhar faltante, olhar vazio, começa a marcar aquilo que será uma insistência sobre as referências chinesas.”
Hoje Macau Sociedade“Macau Saudável”| Governo define 20 objectivos Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SS), disse que o Governo definiu 20 objectivos e 52 indicadores de avaliação no âmbito do “Plano de Acção para uma Macau Saudável” até 2030. Esta informação foi referida naquela que foi a primeira reunião do sexto mandato do Conselho para os Assuntos Médicos. Serão, assim, “planeadas uma série de medidas de intervenção e políticas de saúde”, a fim de promover “um ambiente e promoção de comportamentos saudáveis”. Alvis Lo disse ainda que, com este Plano, são propostas “três orientações políticas principais”, tal como “descentralizar recursos, mudar o paradigma e a mentalidade”. Segundo um comunicado, foi referido que os principais trabalhos dos membros do quinto mandato do Conselho foi “melhorar leis e medidas complementares”, nomeadamente a lei de técnicas de procriação medicamente assistida, o regime jurídico para o exercício de actividade das instituições privadas prestadoras de cuidados de saúde”, regulamentos de publicidade médica e informações para as actividades de Desenvolvimento Profissional Contínuo, destinadas aos profissionais de saúde.
Hoje Macau SociedadeCasas-Museu | IC garante a “supervisão rigorosa” de obras A presidente do Instituto Cultural, Deland Leong Wai Man, garante que vai manter uma “comunicação e coordenação amplas” com o Instituto para os Assuntos Municipais durante as obras para substituir a calçada das Casas-Museu da Taipa. A questão está a causar polémica devido ao valor histórica da calçada, no entanto, o IC aceitou que o piso fosse substituído. Após a polémica, Deland Leong veio ontem afirmar que o IC vai fazer uma “supervisão rigorosa”, principalmente a nível a “dos materiais e os procedimentos da obra”. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a responsável explicou aos membros do Conselho do Património Cultural que o Governo deseja melhorar as condições pedonais na zona. Por seu turno, o conselheiro Wu Chou Kit apontou que o conselho considera que o Governo podia ter feito os trabalhos de melhor forma, dado que o Executivo não discutiu antecipadamente as obras em público.
Hoje Macau SociedadeDSAL | Feiras de emprego com 168 vagas a 15 e 16 de Agosto A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) irá organizar três sessões de feiras de emprego, disponibilizando um total de 168 vagas, nos dias 15 e 16 de Agosto, para os sectores do retalho, transportes públicos e de turismo e hotelaria. Segundo um comunicado divulgado ontem pela DSAL, as inscrições para as três sessões abrem hoje e os interessados podem inscrever-se no website da DSAL até ao meio-dia de 14 de Agosto. A primeira sessão está marcada para a manhã de 15 de Agosto, com a oferta de 100 vagas para trabalhar em supermercados nos cargos de empregado de loja, operador de caixa, operador de mercadoria, processador de carnes, empacotador de fruta e legumes. Na parte da tarde do mesmo dia, será a vez do sector transportes públicos e de turismo, com a oferta de 39 vagas, para condutor, chefe de terminais, encarregado de segurança e agente de segurança nocturno. No dia 16 de Agosto, de manhã, será a vez da hotelaria, numa sessão que disponibiliza 99 vagas para os cargos de gerente por turnos, subgerente do departamento de contabilidade, técnico de engenharia, recepcionista, auditor e bagageiro. As três sessões vão decorrer no Edifício da FAOM, na Rua da Ribeira do Patane nº 2-6.
Hoje Macau SociedadePiscinas | Orientações revistas após acidente mortal O sub-director dos Serviços de Turismo, Cheng Wai Tong, afirmou ontem que o Governo está a estudar a possibilidade de tornar obrigatória a presença de nadador-salvador em todos as piscinas. Em declarações ao jornal Ou Mun, o responsável destacou que as orientações para a segurança nas piscinas não só envolvem os hotéis, mas também as piscinas fora dos hotéis, nomeadamente das instalações desportivas e municipais, onde já é obrigatório a presença de nadadores-salvadores. As declarações de Cheng Wai Tong surgem no seguimento da morte de uma criança de 12 anos que foi encontrada no domingo sem sinais vitais na piscina da Pousada de Coloane. O responsável notou que na altura do incidente não havia nadador-salvador na piscina, mas que o hotel tinha um aviso a alertar para isso e a indicar a necessidade de acompanhamento de menores de 16 anos por parte dos pais. Por esta razão, o responsável apontou que o hotel não violou as orientações de segurança de piscinas.
Hoje Macau China / ÁsiaTailândia | Dissolvido partido da oposição e banido líder O Tribunal Constitucional da Tailândia decidiu ontem dissolver o partido pró-democracia Move Forward, sob a acusação de tentar desestabilizar a monarquia, e banir da actividade política o seu líder Pita Limjaroenrat por dez anos. “O Tribunal Constitucional votou por unanimidade a dissolução do (partido) Move Forward e a interdição por dez anos dos membros da comissão executiva que exerceram funções entre 25 de Março de 2021 e 31 de Janeiro de 2024 (…)”, incluindo Pita Limjaroenrat, declarou o juiz Punya Udchachon. Depois de ter vencido as eleições gerais do ano passado, o partido Move Forward não conseguiu formar governo porque os membros do Senado, na altura um órgão conservador nomeado pelos militares, se recusaram a apoiar o seu candidato a primeiro-ministro. O Move Forward passou então a liderar a oposição. A Comissão Eleitoral apresentou uma petição contra o partido progressista depois de o Tribunal Constitucional ter decidido, em Janeiro, que este devia deixar de defender alterações à lei, conhecida como artigo 112º, que protege a monarquia de críticas com penas que podem ir até 15 anos de prisão por cada infracção. Nas alegações apresentadas junto das instâncias judiciais tailandesas, o partido argumentou que o Tribunal Constitucional não tem jurisdição para se pronunciar e que a petição apresentada pela Comissão Eleitoral não seguiu os trâmites por não ter proporcionado uma oportunidade de defesa antes de o caso ser apresentado à justiça. O tribunal garantiu ser competente e que a sua decisão anterior, a de Janeiro, era prova suficiente para a Comissão Eleitoral apresentar o caso sem ter de ouvir mais provas do partido. Procura-se casa À luz da sentença agora conhecida ainda não é claro o destino dos restantes deputados não executivos, mas Pita já tinha declarado à agência noticiosa Associated Press que o partido assegurará uma “transição suave para uma nova casa”, ou seja, um novo partido. Os deputados de um partido político dissolvido podem manter os seus lugares no parlamento se mudarem para um novo partido no prazo de 60 dias. Esta acção judicial é uma das muitas que têm suscitado críticas generalizadas e que são vistas como parte de um ataque de vários anos ao movimento progressista do país por parte das forças conservadoras que tentam manter o seu controlo sobre o poder.
Hoje Macau EventosFRC | Livro “A Campanha”, de Vítor Carmona, lançado hoje É hoje apresentado, na Fundação Rui Cunha (FRC), aquele que é o primeiro romance histórico de Vítor Carmona e que faz parte de uma trilogia a sair até ao próximo ano. “A Campanha” relata a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, no ano de 1793 em França e traz ao público uma estória relativamente esquecida, destaca o autor “A Campanha”, primeiro romance histórico de Vítor Carmona, é hoje apresentado na Fundação Rui Cunha (FRC) a partir das 18h30. Trata-se de uma obra que “explora um tema inédito no campo da ficção nacional, e pouco estudado pelos historiadores: a participação dos portugueses na Campanha do Rossilhão, na França de 1793. Editado pela Saída de Emergência, o livro saiu em Maio de 2023 em Portugal e faz parte de uma trilogia a ser apresentada até ao final do ano, conforme disse o autor ao HM. “O segundo volume vai ser lançado em Outubro e o terceiro em Maio. Desde o início que planeei escrever uma trilogia sobre uma campanha militar pouco conhecida dos portugueses e esquecida pelos historiadores”, contou. Vítor Carmona diz que “A Campanha” é um livro para leitores que “mesmo que não gostem de História, gostem de boas estórias”, contendo partes ficcionadas de um episódio histórico factual ocorrido há mais de 200 anos. “Achei que esta campanha militar tinha todos os ingredientes que fazem uma boa estória, com conflito, personagens interessantes, uma conjuntura europeia com grande turbulência, nos anos seguintes à Revolução Francesa. Peguei em factos que são verídicos e depois coloquei ficção com personagens que poderiam ter existido.” Trata-se de uma campanha que levou cinco mil soldados portugueses para combaterem, juntamente com os espanhóis, as tropas francesas na zona de Rossilhão, província francesa, após o regicídio de Luís XVI, em plena Revolução Francesa. Nessa época, alguns países europeus, nomeadamente Inglaterra, Polónia, Espanha e Portugal, tomaram providências militares e diplomáticas face ao perigo de um ataque por parte da França. É neste contexto que, com a declaração de guerra da Inglaterra à França, Luís Pinto de Sousa exerceu esforços diplomáticos para firmar uma aliança militar com a Espanha e a Inglaterra. A 15 de Julho foi assinada a convenção luso-espanhola de auxílio mútuo e a 26 de Setembro assinou-se a convenção com a Inglaterra. O exército português de auxílio a Espanha e com destino ao Rossilhão foi comandado pelo tenente-general João Forbes Skellater e constituído por seis regimentos de infantaria e uma brigada de artilharia com 22 bocas de fogo, num total de 6.000 efectivos, descreve-se no portal do Arquivo Histórico-Militar do Ministério da Defesa em Portugal. O grupo militar português incluía “militares de grande prestígio como os marechais-de-campo D. António Soares de Noronha, D. Francisco Xavier de Noronha e D. João Correia de Sá, o conde de Assumar e o coronel Gomes Freire de Andrade, entre outros”. A campanha do Rossilhão durou até ao final de 1794. As conquistas de Ceret, Villellongue, entre outras praças, trouxeram bastante prestígio aos generais portugueses, embora o Inverno de 1793 provocasse a perda de todas as vantagens militares até aí conseguidas. Na Primavera de 1794, os franceses obrigaram as tropas aliadas a retirar para a Catalunha, onde muitos portugueses morreram ou ficaram feridos. Em Novembro, os franceses venceram a batalha da Montanha Negra, que levou os espanhóis a negociar em separado a assinatura do tratado de paz em Junho de 1795 na cidade de Basileia. Após o regresso das tropas a Portugal, a paz foi assinada em 20 de Agosto de 1797, lê-se ainda no mesmo portal. A história de Diogo O livro contém um personagem, Diogo Saraiva, “recém-promovido a capitão, [que] procura transformar a sua companhia de granadeiros numa eficiente unidade de combate, mas duas mulheres determinadas e um criminoso sem escrúpulos atravessam-se no seu caminho”, descreve-se na sinopse do livro. Enquanto isso, “dois jovens amigos de Campo de Ourique decidem alistar-se para a campanha militar em busca de aventura e fortuna”, sendo que, após uma “penosa viagem marítima até aos Pirenéus Orientais, o que aguarda os soldados portugueses é uma sequência de terríveis e encarniçados combates contra o exército mais poderoso da Europa”. Trata-se, segundo a mesma sinopse, de um romance feito de “paixão, guerra e morte, mas também esperança, coragem e lealdade”. Vítor Carmona nasceu em 1973, em Lisboa. Licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada de Lisboa. Diz ser um apaixonado por História, especialmente pelo período que vai da Revolução Francesa à epopeia napoleónica. Há dez anos criou a Sociedade Napoleónica Portuguesa, um espaço de divulgação e discussão dos combates levados a cabo por Napoleão Bonaparte. A.S.S.
Hoje Macau China / ÁsiaMNE condena assassinato do líder do Hamas em conversa com homólogo egípcio O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, condenou ontem o recente assassinato no Irão do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, durante uma conversa com o homólogo egípcio, Badr Abdelatty. Wang, que expressou a sua “preocupação com a contínua crise humanitária causada” pelo conflito em Gaza e alertou que “a violência apenas perpetua um ciclo vicioso de retaliação”, propôs uma iniciativa em três etapas para resolver a situação. “Alcançar um cessar-fogo abrangente, promover a administração pós-crise do território sob o princípio do ‘domínio palestiniano sobre a Palestina’ e implementar efectivamente a ‘solução de dois Estados'”, são as três etapas, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. A China “continuará a apoiar a justiça internacional, a reforçar a solidariedade com os países árabes e a trabalhar com todas as partes para evitar uma deterioração do conflito”, disse o chefe da diplomacia chinesa, que apelou a que não se apliquem “dois pesos e duas medidas” à situação em Gaza. Abdelatty lamentou a “dificuldade acrescida em chegar a um acordo de cessar-fogo após o assassinato de Haniyeh, o que pode desencadear uma guerra em grande escala na região”. O representante egípcio sublinhou que a região “não pode suportar mais conflitos e agitação” e que a comunidade internacional “deve trabalhar em conjunto para evitar uma deterioração”. Abdelatty saudou os esforços de Pequim para “facilitar a reconciliação interna palestiniana”, expressando o desejo do Egipto de “manter uma cooperação estreita com a China para evitar o agravamento do conflito”. Surpresa fria Haniyeh “morreu em resultado de um ataque sionista traiçoeiro”, afirmou um comunicado do Hamas, prometendo que Israel “não ficará impune”. O líder do Hamas, que vivia em auto-exílio no Qatar, estava de visita a Teerão para assistir à cerimónia de tomada de posse do reformista Masoud Pezeshkian como presidente do Irão, que ameaçou retaliar. Em Pequim, o Hamas assinou recentemente uma declaração em que se compromete com a formação secular da Fatah, com a qual tem estado em conflito desde 2007, e com outras facções palestinianas a formar um “governo temporário de unidade nacional” com autoridade sobre todos os territórios palestinianos (Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental). A China tem reiterado repetidamente o seu apoio à “solução dos dois Estados”, mostrando a sua “consternação” perante os ataques israelitas contra civis em Gaza. Funcionários chineses realizaram várias reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as negociações de paz.
Hoje Macau China / ÁsiaMar do Sul | Exercícios militares perto de recife disputado A China anunciou ontem que está a realizar um exercício militar no Mar do Sul da China, perto do recife de Scarborough, uma ilhota controlada por Pequim, mas reivindicada por Manila, num contexto de tensões bilaterais recorrentes. Estas manobras oficiais do Exército, pouco frequentes em torno deste recife, surgem numa altura em que as Filipinas lançaram dois dias de exercícios marítimos e aéreos conjuntos com os Estados Unidos, Canadá e Austrália na região. Esta actividade militar de ambos os lados surge após vários incidentes nos últimos meses em torno de ilhotas no Mar do Sul da China cuja soberania é reivindicada por Pequim e Manila. A China está a “conduzir uma patrulha de combate conjunta no mar e no espaço aéreo perto da ilha de Huangyan”, o nome chinês para o recife de Scarborough, disse a unidade de operações do sul do Exército num comunicado. O objectivo da operação é “testar as capacidades de reconhecimento e de alerta precoce, de manobra rápida e de ataque conjunto das suas tropas”, afirmou. “Todas as actividades militares que perturbam a situação no Mar do Sul da China, criam pontos de tensão e comprometem a paz e a estabilidade regionais estão sob controlo”, sublinhou o Exército chinês, numa aparente referência às manobras actualmente conduzidas pelas Filipinas com os seus aliados ocidentais. A China reivindica a posse de uma grande parte das ilhas e recifes do Mar do Sul da China. Outros países vizinhos, como o Vietname, as Filipinas, a Malásia e o Brunei, têm reivindicações concorrentes e por vezes sobrepostas. Águas bravas Em 2012, Pequim assumiu o controlo do recife de Scarborough, onde se está a realizar o exercício militar. Desde então, a China tem enviado navios que, segundo as Filipinas, assediam a sua frota e os pescadores que tentam aceder a esta zona. As actuais manobras que envolvem as Filipinas, os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá estão também a decorrer no Mar do Sul da China, segundo um porta-voz do Exército filipino, sem especificar a sua localização exacta. De acordo com um comunicado de imprensa da Marinha dos Estados Unidos, este exercício conjunto tem como objectivo “apoiar” a emergência de uma “região do Indo-Pacífico livre e aberta”. Esta expressão, frequentemente utilizada pelos Estados Unidos, refere-se a uma zona da Ásia-Pacífico livre de influências hegemónicas. Uma forma velada de criticar a China e as suas reivindicações territoriais na região. Nos últimos meses, as tensões entre a China e as Filipinas atingiram níveis que não se registavam há vários anos. Têm sido frequentes os confrontos verbais e físicos em torno do atol de Segundo Thomas. Os soldados filipinos estão aí estacionados num navio militar que foi deliberadamente encalhado por Manila em 1999 para afirmar a sua reivindicação de soberania. Este diferendo entre a China e as Filipinas está a alimentar o receio de um potencial conflito que poderia levar à intervenção de Washington, devido ao seu tratado de defesa mútua com Manila. A China acusa regularmente os Estados Unidos de apoiarem deliberadamente os países que competem consigo em matéria de reivindicações territoriais, a fim de contrariar a sua ascensão.
Hoje Macau SociedadeGoverno subsidia visitas guiadas no centro histórico ao fim-de-semana Durante este mês, associações locais vão organizar passeios com o objectivo de desvendar os segredos do centro histórico de Macau. O programa, que tem o apoio financeiro da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), divide-se em três itinerários na península de Macau durante o mês de Agosto. O itinerário “Story Telling in Ancient‧Streets In-depth Tour” realiza-se no sábado e domingo, com sessões de manhã (das 10h às 12h30) e de tarde (15h às 17h30). Com visitas guiadas em cantonense e inglês, “os participantes são guiados pelos vestígios históricos das ruas do Património Mundial de Macau, desde a Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens até à Rua da Felicidade, desvendando, passo a passo, a história de Macau”. O passeio culmina com um workshop de desenhos em espuma de leite, num local com vista para o centro histórico. Também aos sábados e domingos, até 25 de Agosto, realiza-se o passeio guiado em cantonense e mandarim “Jornada pela Rua dos Ervanários”, que parte das Ruínas de S. Paulo, seguindo pela Travessa da Paixão, Rua dos Ervanários, Rua de Cinco de Outubro e a zona do Largo do Pagode do Bazar. Templos e iguarias O itinerário “Jornada pelos Templos Chineses – Rota da Península de Macau”, que também decorre sábados e domingos até 25 de Agosto com uma sessão de manhã e outra à tarde, leva os participantes “numa visita guiada a emblemáticos templos de cultura chinesa da península de Macau – o Templo Na Cha, o Templo Pao Kong e o Templo Loi Tsou”, culminado num workshop de incenso artesanal na Casa do Mandarim. Os passeios de 25 de Agosto terão a opção de inglês. O preço destes três passeios é de 50 patacas, mas os participantes recebem um voucher de consumo no mesmo valor. A DST propõe ainda um workshop de confecção de comida tradicional, que terá lugar na Casa do Mandarim, entre a segunda quinzena deste mês e Dezembro com oito sessões previstas que vão desvendar alguns dos segredos da gastronomia da região. As quatro actividades são financiadas pelo Programa de Apoio Financeiro de 2024 para o Turismo Comunitário “Viajar por Macau”, que tem como meta “estimular ainda mais a economia comunitária de Macau”, indicou ontem a DST.
Hoje Macau SociedadePagamentos móveis | Valor das transacções em quebra O valor das transacções com pagamentos móveis registou uma quebra de 1,7 por cento entre o primeiro e o segundo trimestre do ano, de acordo com os dados publicados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM). No primeiro trimestre, as transacções com pagamentos móveis tinham atingido 7,3 mil milhões de patacas, no entanto, no segundo trimestre caíram para 7,2 mil milhões de patacas. Apesar do montante transaccionado ter registado uma quebra, houve quase mais 5 milhões de transacções entre Abril e Junho do que no período de Janeiro a Março. Como consequência, o valor médio por cada transacção sofreu uma redução de 90,2 patacas por transacção para 83,3 patacas por transacção. Ainda de acordo com a AMCM, até finais de Junho “o número de aparelhos que aceitam o pagamento móvel e os suportes de Código QR em Macau atingiu 102.667 unidades”. Apesar da redução do valor dos pagamentos móveis, numa tendência contrária, o valor utilizado com recurso a crédito registou uma subida de 1 por cento, entre os primeiros trimestres do ano, para 5,9 mil milhões de patacas. No pólo oposto, o valor das transacções com cartões de débito teve uma redução de quase um terço, entre o primeiro e o segundo trimestre. Segundo a AMCM, as transacções com cartão de débito no primeiro trimestre tinham sido de 851,4 milhões de patacas e caíram para 589,6 milhões de patacas, uma quebra de 30,8 por cento.
Hoje Macau SociedadeFuture Bright | Trimestre com resultados negativos O grupo Futuro Bright, controlado pelo empresário Chan Chak Mo, deixou um alerta na bolsa de Hong Kong, a preparar os investidores para perdas de 8,2 milhões de dólares de Hong Kong, no segundo trimestre. De acordo com a informação disponibilizada, os prejuízos no segundo trimestre em Macau vão ser de 6,3 milhões de dólares de Hong Kong, enquanto na RAEHK o grupo acumulou perdas de 1,9 milhões. Os resultados contrastam com a situação dos primeiros três meses do ano, em que a Future Bright alcançou lucros de 5,6 milhões de dólares de Hong Kong em Macau, e de 3,1 milhões na antiga colónia britânica. Quando o balanço é feito para a primeira metade do ano, o grupo alcança um lucro de 500 mil dólares de Hong Kong, dado que no primeiro trimestre tinha registado um lucro de 8,7 milhões de dólares de Hong Kong. O agravar dos resultados é justificado com a redução das receitas da empresa em quase todos os tipos de restaurantes e serviços de comida disponibilizados. Em termos dos restaurantes com comida chinesa, a redução foi de 28 por cento das receitas, para 22,5 milhões e dólares de Hong Kong. Nos restaurantes de franchise a quebra foi de 14,2 por cento e nos serviços de catering houve uma diminuição de 12,7 por cento. A excepção foram os restaurantes em food courts, onde as receitas subiram 49,7 por cento, para 28 milhões.
Hoje Macau SociedadeLixo | Ausência de reciclagem deixa alunos “tristes” O deputado Lam Lon Wai afirmou ontem que os alunos das escolas ficam “tristes”, porque apesar de separarem o lixo para ser reciclado, os funcionários que recolhem os resíduos acabam por juntar tudo no mesmo recipiente. A situação foi denunciada ontem pelo legislador da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), numa questão colocada ao Executivo, na Assembleia Legislativa. “Os alunos separam os resíduos, mas depois os trabalhadores que fazem a recolha juntam tudo novamente. Os alunos ficam tristes, porque fizeram o trabalho de separação, mas não teve efeito”, relatou Lam Lon Wai. “Os alunos acabam por muitas vezes levarem os seus sacos para as escolas, e depois colocam o lixo nesses sacos e enviaram para a DSPA [Direcção de Serviços de Protecção Ambiental], para garantir que é feita reciclagem”, acrescentou. O também subdirector da Escola Secundária para Filhos e Irmãos dos Operários queixou-se ainda de que, ao contrário do que acontecia no passado, as escolas deixaram de ter trabalhos de recolha de jornais para efeitos de reciclagem. Em resposta às denúncias, o director da DSPA, Raymond Tam, prometeu que o assunto vai ser tratado pelos serviços e que haverá uma maior promoção da necessidade de reciclar nas escolas.
Hoje Macau PolíticaEnergia | Governo estuda aposta no hidrogénio Macau está a estudar a possibilidade de apostar na energia do hidrogénio, anunciou ontem o Governo, referindo que já seleccionou uma entidade “para desenvolver os respectivos estudos”. “Vamos tomar uma decisão depois de ter um estudo efectuado, para ver como vamos desenvolver os trabalhos de utilização da energia do hidrogénio”, disse o responsável da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). Raymond Tam falava numa sessão de interpelações na Assembleia Legislativa, quando questionado por um deputado sobre a utilização de uma energia “que já está a desenvolver-se em Hong Kong”. A região vizinha de Macau anunciou em Junho uma estratégia para o desenvolvimento do hidrogénio, com o secretário para o Meio Ambiente e Ecologia a lembrar que “para enfrentar o desafio das mudanças climáticas, o mundo está empenhado em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acelerar a transição energética”. “A energia do hidrogénio é considerada uma energia com baixo teor de carbono e com potencial de desenvolvimento, e países de todo o mundo estão a promover activamente o desenvolvimento da indústria da energia do hidrogénio”, referiu Tse Chin-wan. Sobre Macau, o director da DSPA realçou que “é uma cidade pequena” e para a “utilização do hidrogénio é necessário haver gasodutos”. “Sabemos que no futuro, aquando da substituição das peças das centrais de CEM [Companhia de Eletricidade de Macau], e dos geradores, vamos solicitar à respectiva empresa para ver se é possível instalar geradores para a produção de hidrogénio”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaHiroshima | Recordados mortos no aniversário da primeira bomba atómica A cidade japonesa de Hiroshima recordou ontem as cerca de 140 mil vítimas mortais da primeira bomba atómica, com um minuto de silêncio observado no momento exacto em que o ataque ocorreu, há 79 anos. A homenagem foi realizada às 08:15 no Parque da Paz, localizado perto do centro da explosão nuclear, após soar o sino que marca todos os anos o bombardeamento. Foi nesse momento, a 6 de Agosto de 1945, que o avião B-29 Enola Gay da Força Aérea dos EUA largou o ‘Little Boy’, nome com que os Estados Unidos baptizaram a primeira bomba nuclear lançada contra um alvo inimigo. O minuto de silêncio foi assinalado no âmbito de uma cerimónia em que participaram o autarca de Hiroshima, Kazumi Matsui, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, e para a qual foram convidados dignitários estrangeiros de mais de uma centena de países, bem como bem como representantes de organizações internacionais como as Nações Unidas ou a Organização Internacional de Energia Atómica. A bomba lançada sobre Hiroshima, no oeste do Japão, tinha uma potência equivalente a 13 quilotoneladas de TNT e explodiu a cerca de 600 metros acima do nível do mar, muito perto do local onde hoje se situa o Parque da Paz, causando a morte imediata de cerca de 80 mil pessoas. O peso da guerra O balanço mortal aumentou para perto de 140 mil até ao final de 1945, embora o número exacto de vítimas causadas pelo bombardeamento e os efeitos subsequentes da radiação seja desconhecido. A 9 de Agosto de 1945, três dias após o ataque a Hiroshima, os EUA lançaram uma segunda bomba nuclear sobre a cidade de Nagasaki, levando à rendição do Japão, seis dias depois, e pondo fim à Segunda Guerra Mundial. As duas cidades japonesas permanecem até hoje os únicos alvos de bombardeamentos nucleares contra alvos civis na história da humanidade.
Hoje Macau EventosFRC apresenta exposição “Brilho do Sol nas Montanhas” A Fundação Rui Cunha (FRC) inaugurou esta terça-feira a Mostra de Ensino Voluntário do Colégio Chao Kuang Piu, intitulada “Brilho do Sol nas Montanhas”, que apresenta o projecto solidário de uma equipa de alunos universitários que, duas vezes por ano, se dedicam a ensinar crianças isoladas e desfavorecidas, na região interior e montanhosa da província de Guizhou, no sudoeste da China. A mostra faz uma retrospectiva destas campanhas pedagógicas, através de 25 imagens fotográficas das viagens mais recentes, um conjunto de cartas escritas pelas crianças às equipas de professores voluntários, e outros artefactos relacionados. Após a inauguração, foi ainda projectado um documentário de 25 minutos com o mesmo nome da exposição, tendo-se seguido uma sessão de partilha de testemunhos, apresentada por Eliza Lei, locutora sénior e produtora de programas de TV e Rádio em Macau, com alguns participantes do projecto. Apoiar as crianças O Colégio Chao Kuang Piu (CKPC), uma das dez instituições residenciais da Universidade de Macau, celebra este ano o seu décimo aniversário, tendo alojado cerca de 500 alunos anualmente num ambiente colectivo multidisciplinar. “Desde Dezembro de 2018 que a Equipa de Ensino Voluntário do CKPC realiza ensino voluntário todos os invernos e verões na Escola Primária Gantuan Mei’e, no município autónomo de Congjiang, província de Guizhou, na China. Congjiang era uma das zonas mais pobres de Guizhou e muitas crianças pertencentes às minorias étnicas são chamadas de ‘crianças deixadas para trás’ [ao cuidado de familiares], uma vez que os seus pais trabalham longe de casa”, descreve uma nota da FRC sobre a mostra. Nesta actividade na China, os estudantes universitários “servem de irmãs e irmãos mais velhos durante estas visitas”. Através do ensino, que abrange disciplinas como o inglês, a arte, o desporto, a música e as ciências, e realização de actividades de grupo, as crianças “são ensinadas sobre o mundo e a cultivar bons hábitos e empatia”. A mostra pode ser vista na galeria da FRC até ao dia 10, na próxima semana.
Hoje Macau EventosOrquestra de Macau | Temporada arranca dia 31 de Agosto Já é conhecido a programação da nova temporada de concertos da Orquestra de Macau 2024/2025, com o tema “Criar Infinidade”. O primeiro espectáculo, “Sonho de Uma Noite de Verão”, de Felix Mendelssohn, acontece no dia 31 deste mês com a famosa actriz Sylvia Chang É já no último dia deste mês que a Orquestra de Macau (OM) inaugura uma nova temporada de concertos para os anos de 2024 e 2025. E fá-lo em grande. Trata-se da apresentação da obra musical composta por Felix Mendelssohn, “Sonho de uma Noite de Verão”, inspirada na obra do escritor inglês William Shakeaspeare com o mesmo nome. A obra, que sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), a partir das 20h, traz a Macau a famosa actriz Sylvia Chang para interpretar 14 papéis, sendo também a narradora do espectáculo. Segundo o programa, esta apresentação acontece depois do espectáculo ter passado por salas de Taiwan e Hong Kong. “Os múltiplos níveis de romance e humor da peça inspiraram gerações de artistas, mas nenhum é mais popular do que Felix Mendelssohn”, que conseguiu “um maravilhoso equilíbrio entre o classicismo e o romantismo”, pode ler-se na programação. Este concerto nasce de um trabalho de adaptação músical de Yuan-pu-Chiao, com a OM a fazer-se faz acompanhar por solistas e as vozes femininas do Coro Filarmónico de Hong Kong. Segundo uma nota do IC sobre o programa, apresentado esta segunda-feira, trata-se de um cartaz que traz ao público local “colaborações interdisciplinares” que acabam por criar “um universo infinito de música com artistas a nível mundial”. Sob o tema “Criar Infinidade”, a nova temporada pretende apresentar “obras-primas intemporais de estilos e épocas diversificados, desde clássicos proeminentes a obras contemporâneas comoventes, assim como obras de cooperação artística interdisciplinar”, sempre sobre a batuta do maestro da OM, Lio Kuokman. Homenagem a Brahms A temporada traz também a “Série de Concertos em Homenagem a Brahms”, uma estreia, e que contará com a presença dos solistas de violino Alexandra Conunova e Josef Špaček, o solista de violoncelo Pablo Ferrández, os pianistas Alexzi Volodin e “Niu Niu” (Zhang Shengliang) e ainda o conceituado maestro austríaco Christian Arming. Segundo o IC, serão apresentadas as “obras de sinfonia e de câmara mais importantes” de Johannes Brahms, compositor, pianista e maestro alemão nascido em 1833 em Hamburgo e falecido em Viena em 1897. Um dos espectáculos desta série intitula-se “Homenagem a Brahms – Uma Noite de Prólogo” e conta com o maestro Lio Kuokman, a violinista Alexandra Conunova e o violoncelista Pablo Fernández, estando agendado para o dia 7 de Março do próximo ano no grande auditório do CCM. Destaque para a presença, nesta temporada da OM, do pianista francês Jean-Yves Thibaude, tido como “um dos melhores pianistas do mundo” e que vai interpretar o “Concerto para Piano n.º 5” do compositor francês Saint-Saëns. Além disso, o maestro Lio Kuok Man, que actua com batuta, tornar-se-á solista de piano no Concerto “Titã Infinito”, mostrando os encantos dos dois gigantes músicos Mahler e Ravel. Fica a promessa de realização de “cooperações interdisciplinares” entre a OM e outras entidades artísticas, “integrando-se elementos de coreografia, teatro e artes visuais”. Um dos exemplos é o trabalho de parceria com o Ballet de Hong Kong para o bailado “Os Amantes Borboletas”. Este espectáculo conta com a colaboração de Tim Yip, conhecido director de arte de teatro e cinema, que apresentará “ao público a clássica e perpétua história de amor com uma nova imagem”. Apresenta-se ainda o programa da BBC, estação televisiva inglesa, “Sete Mundos, Um Planeta”, com a actuação ao vivo da OM, sendo que a narração promete “levar o público a atravessar os sete continentes”. O cartaz conta ainda com o concerto ao ar livre “Sinfonia Estrelada nos Prados”, que conta com o famoso trompetista de pop e jazz Chris Botti. Espera-se ainda a presença de Hiromi Uehara, conhecida como a “mágica do piano de jazz”, que será protagonista do concerto de Ano Novo que traz uma “abordagem eclética”. A presença de Bach Por sua vez, a época da Páscoa será celebrada com um concerto especial que conta com a presença de Masato Suzuki, maestro japonês considerado especialista nas obras do compositor Johann Sebastian Bach. Suzuki irá tocar ao lado do Coro e Orquestra Barroca de Bach para interpretar a composição “Paixão segundo São Mateus”, de Bach. Da Coreia do Sul chega o “Concerto de Amor em Seul”, com Choi Na Kyung, descrita como a “deusa da flauta” e a soprano Myung Joo Lee. Fica a promessa de um alinhamento repleto de músicas românticas a pensar no Dia dos Namorados. Em Junho, mês em que se celebra o Dia Mundial da Criança, irá decorrer um “concerto sinfónico animado, com desenhos animados a serem passados em grande ecrã, cantores e coro, para que os jovens entusiastas de música também possam desfrutar do encanto da música e da animação” no MGM Theatre. Por fim, a programação da nova temporada da OM traz também o espectáculo “Ecos de Antigos Poemas Tang”, fazendo parte da série de espectáculos “Miscelânea de Obras Chinesas”, que combinam “a atmosfera dos tempos antigos e música moderna, a fim de interpretar, de maneira inovadora, os poemas clássicos da dinastia Tang”. Os bilhetes para os espectáculos já estão à venda, mas algumas actuações ainda carecem de confirmação do dia.
Hoje Macau China / ÁsiaMédio Oriente | Pequim aconselha os seus cidadãos a não viajarem para o Líbano A China desaconselhou ontem os seus cidadãos a visitarem o Líbano, face à situação de segurança “grave e complexa”, e apelou aos que lá se encontram para que permaneçam “muito vigilantes”, perante o receio do aumento do conflito no Médio Oriente. “Dadas as actuais circunstâncias, os cidadãos chineses que se deslocam ao Líbano podem enfrentar riscos de segurança mais elevados e a assistência [da embaixada] pode ser dificultada”, declarou a representação diplomática chinesa em Beirute. Pede-se aos cidadãos chineses que sejam “muito vigilantes, reforcem as suas medidas de segurança e estejam preparados para situações de emergência”, acrescentou a embaixada, num comunicado de tom mais moderado do que o emitido por outros países. Nos últimos dias, várias capitais apelaram aos seus cidadãos para que abandonassem o Líbano, receando uma escalada militar na região. Há meses que o Hezbollah libanês troca diariamente tiros com o exército israelita na fronteira, em apoio aos palestinianos desde o início da guerra em Gaza. As tensões regionais também aumentaram desde o assassinato, na passada quarta-feira, em Teerão, do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e a morte, algumas horas antes, do líder militar do Hezbollah, Fouad Choukr, num ataque israelita perto de Beirute. O Irão, que apoia o Hezbollah, declarou na segunda-feira que tem o “direito legal” de punir o seu inimigo declarado, Israel, pelo assassínio do líder do Hamas, que atribui a Israel, o que faz temer um conflito regional. A Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, França, Jordânia e Arábia Saudita apelaram aos seus cidadãos para que abandonem o Líbano o mais rapidamente possível, numa altura em que os voos no aeroporto Beirute estão a ser sucessivamente cancelados.
Hoje Macau China / ÁsiaAdministradores da Evergrande tentam recuperar 5,5 mil ME pagos a executivos Os administradores legais da Evergrande disseram ontem ter obtido ordens judiciais para recuperar 6 mil milhões de dólares pagos a vários quadros superiores com base em contas fraudulentas. Em comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, onde a empresa está cotada, os administradores disseram que iniciaram o processo legal no final de Março e que, três meses depois, a justiça de Hong Kong autorizou as ordens, que foram mantidas confidenciais até 2 de Agosto. Inicialmente, o processo apontava para o fundador do grupo, Xu Jiayin, o antigo director executivo Xia Haijun e o antigo director financeiro Pan Darong, mas mais tarde incluiu também a agora ex-mulher de Xu, Ding Yumei, bem como três entidades associadas ao casal. Os administradores da Evergrande procuram agora recuperar 6 mil milhões de dólares pagos em remunerações ou dividendos, pelo que a ordem limita a capacidade dos sete arguidos de efectuarem transacções, venderem ou reduzirem o valor dos seus activos a nível mundial, referiu o comunicado. O documento advertiu que o processo ainda está em curso e que “não há certezas de que será bem-sucedido ou do montante que a empresa acabará por recuperar”. Os administradores confirmaram também ontem que as acções da Evergrande, congeladas desde 29 de Janeiro, não serão cotadas até nova ordem. Castigo máximo Em Março, a autoridade reguladora dos valores mobiliários da China anunciou uma multa de 4,175 mil milhões de yuan para a principal filial na China do grupo Evergrande, por emissão fraudulenta de obrigações e ilegalidades na divulgação de informações. Xu Jiayin foi ainda multado em 47 milhões de yuan, a multa máxima prevista na lei, e foi banido para sempre dos mercados bolsistas. Na sua investigação, os reguladores descobriram que a Evergrande inflacionou o seu volume de negócios e lucros nos exercícios de 2019 e 2020, o que resultou na emissão fraudulenta de obrigações e na inclusão de informações falsas nos seus relatórios anuais. A agência de notícias Bloomberg avançou então que as autoridades chinesas estavam a investigar a empresa de auditoria PwC depois de a Evergrande ter inflacionado o seu volume de negócios em até 78 mil milhões de dólares e os seus lucros em mais de 12 mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaUcrânia | Enviado Li Hui diz que proposta de Pequim tem apoio de 110 países Os esforços da China para encontrar uma solução de paz para a guerra na Ucrânia receberam, segundo Li Hui, o apoio de mais de 100 nações O enviado especial de Pequim para os assuntos euro-asiáticos, Li Hui, afirmou na segunda-feira que a proposta de Pequim para pôr fim à guerra na Ucrânia tem o apoio de 110 países. Li Hui esteve no Brasil e na África do Sul, na semana passada, no âmbito daquela que é a sua quarta missão de paz, desde Maio do ano passado. A China tem procurado posicionar-se como parte neutra no conflito na Ucrânia, que já entrou no terceiro ano, apesar da sua crescente aproximação a Moscovo. Pequim procurou contrariar as críticas de que apoia a Rússia na sua campanha na Ucrânia e apresentou um documento composto por 12 pontos sobre o conflito, no ano passado, que foi recebido com cepticismo pelo Ocidente. Na África do Sul, a propósito do documento proposto por Pequim, Li disse que a China está disposta a reforçar a comunicação e a coordenação com o país africano e a promover a formação de uma “base comum mais alargada” que reúna o consenso internacional baseado “em seis entendimentos comuns”, segundo indicou na segunda-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, num comunicado. Segundo a mesma nota informativa, Li afirmou que a proposta de Pequim recebeu “respostas positivas” de mais de 110 países. Tal como a China, a África do Sul não condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia e manteve um relacionamento activo com Moscovo durante a guerra. Joanesburgo também envidou esforços para pôr fim ao conflito, liderando uma delegação africana de paz a Kiev no ano passado. Foi uma das dezenas de nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil, que não assinaram o comunicado final da cimeira de paz apoiada pela Ucrânia, realizada na Suíça, em Junho passado. A China faltou à reunião, insistindo na “participação igualitária” da Rússia e da Ucrânia. A Rússia não foi convidada para a cimeira. Após a cimeira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou Pequim de ajudar Moscovo a minar a reunião, que visou obter mais apoio internacional para uma solução baseada numa fórmula de paz de 10 pontos proposta por Kiev. O plano de paz da Ucrânia exige a retirada total das tropas russas dos seus territórios ocupados, incluindo a Crimeia e partes de quatro províncias do leste da Ucrânia. No entanto, têm surgido alguns sinais de que a Ucrânia e a Rússia estão dispostas a dialogar. Limites traçados No final do mês passado, na sua primeira visita à China desde o início da guerra, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse ao seu homólogo chinês, Wang Yi, que Kiev estava disposta a negociar se Moscovo agisse de “boa-fé”. A Rússia afirmou que está aberta a conversações, mas que a Ucrânia deve primeiro abandonar a sua candidatura à NATO e retirar-se das suas quatro províncias mais a leste. Durante a sua visita ao Brasil, Li Hui afirmou que a integridade territorial de cada país deve ser respeitada, mas que as exigências para que a China pressione a Rússia a pôr fim à guerra são “irrealistas”. “A China não é participante no conflito. A Rússia é um país independente e soberano, um membro de pleno direito do Conselho de Segurança da ONU”, disse Li, citado pelo jornal brasileiro Folha de S. Paulo. “A China e a Rússia são parceiros estratégicos. Não podemos forçar a Rússia a fazer o que queremos”, vincou.