Hong Kong inaugura centro mundial de mediação “ao nível do Tribunal de Haia”

Hong Kong inaugura sexta-feira a primeira sede não ocidental de um importante organismo jurídico mundial, a Organização Internacional para a Mediação (IOMed), numa altura em que Pequim procura impor-se como centro de resolução de disputas internacionais.

O chefe do Governo de Hong Kong, John Lee, indicou, na terça-feira, que a instituição vai ter um estatuto “equivalente ao do Tribunal Internacional de Justiça” em Haia, o que “vai reforçar a posição internacional da cidade, atrair benefícios económicos e melhorar o Estado de direito”, escreveu ontem a agência de notícias Efe.

O líder da região afirmou que o centro vai facilitar a cooperação comercial e económica de Hong Kong com parceiros internacionais, especialmente os países do projecto chinês de infraestruturas conhecido como Nova Rota da Seda, “criando mais oportunidades de negócios”.

Numa reacção à criação do IOMed, o principal representante diplomático da China na região vizinha de Macau sublinhou ontem que será o primeiro centro “especializado na resolução de disputas internacionais”.

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, que falava na abertura de um fórum sino-lusófono na Universidade de Macau, disse que a inauguração reflecte o desejo de Pequim de ser “uma força positiva para o desenvolvimento pacífico da humanidade”.

A cerimónia de inauguração do IOMed vai contar com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, e altos representantes de cerca de 60 países, bem como delegados de cerca de duas dezenas de organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas.

A criação da IOMed foi proposta em 2022 pela China e cerca de 20 nações e, após intensas negociações, foi decidido que a sede estaria localizada em Hong Kong.

O organismo vai ser a primeira entidade internacional intergovernamental dedicada exclusivamente à resolução de disputas internacionais através da mediação, defendendo os princípios da Carta das Nações Unidas num contexto de crescentes tensões globais e desafios aos sistemas tradicionais de resolução de conflitos.

Jogada de mestre

A nova instituição nasce num contexto em que mecanismos como o sistema de resolução de diferendos da Organização Mundial do Comércio e a arbitragem internacional em investimentos enfrentam críticas pelos longos procedimentos, altos custos e resultados inconsistentes.

Sebastián Contin Trillo-Figueroa, analista das relações Ásia-Europa, disse à agência Efe que a criação da IOMed “é uma jogada magistral da China, consolidando a sua estratégia de ‘soft power’ [poder diplomático e cultural] sem gerar resistências abertas”.

O especialista destacou que “este movimento demonstra a capacidade da China de identificar e ocupar nichos no sistema internacional, evidenciando uma construção institucional semelhante ao Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas, que reflete uma abordagem estratégica para expandir a sua influência global”.

“Geopoliticamente, a ausência de rejeição por parte dos países ocidentais reforça a percepção de que a China executou uma operação diplomática eficaz. A aparente passividade dos EUA perante a liderança chinesa nas instituições internacionais sugere uma oportunidade perdida para contrariar o discurso chinês como potência moral e civilizacional”, acrescentou.

Trillo-Figueroa notou que, “num mundo de tensões crescentes”, a mediação “pode ser mais significativa do que várias iniciativas das Nações Unidas, que enfrentam limitações ideológicas e burocráticas, consolidando assim o papel da China como actor central na diplomacia global”.

30 Mai 2025

Doci Papiaçam | Teatro em patuá regressa este fim-de-semana

Decorre hoje e amanhã mais um espectáculo dos Doci Papiaçam di Macau, que tal como é habitual acontece em patuá, dialecto macaense em vias de extinção e cuja peça é já um dos últimos exemplos vivos do uso desta língua. “Cuza Tá Renâ? (Que se Passa?)” é o nome desta peça escrita e encenada por Miguel de Senna Fernandes, e que hoje sobe ao palco a partir das 20h e amanhã às 15h, no grande auditório do Centro Cultural de Macau. O espectáculo integra-se na edição deste ano do Festival de Artes de Macau.

Segundo a sinopse do espectáculo, este será o momento em que a “sátira reencontra o riso no regresso do patuá ao palco”, tratando-se de uma “comédia vibrante que mergulha nas transformações urbanas e nas peculiaridades do quotidiano local, prometendo fazer a plateia rebentar de tanto rir”.

O teatro em patuá, uma arte performativa única apresentada pela comunidade macaense, foi inscrito na Lista do Património Cultural Imaterial da China em 2021.

É um crioulo de Macau com origem na língua portuguesa antiga, combinada com malaio, cantonense, inglês e espanhol, reflectindo “o cosmopolitismo da cidade, onde o Oriente se cruza com o Ocidente numa vivaz coexistência cultural”, explica o IC. A peça dura 2h30 e será inteiramente interpretada em patuá, tendo legendas em chinês, português e inglês.

30 Mai 2025

Wes Anderson explica o seu novo filme, “O Esquema Fenício”

O realizador Wes Anderson inspirou-se no sogro para escrever o protagonista do seu novo filme, “O Esquema Fenício”, que será exibido na Cinemateca Paixão este sábado e depois na próxima terça-feira, sexta e domingo, 8 de Junho. O filme conta com um elenco de estrelas, incluindo Benicio del Toro, Tom Hanks e Scarlett Johansson.

“Tinha a ideia de um magnata europeu, alguém que teria entrado num filme de [Michelangelo] Antonioni”, disse Anderson numa conferência de imprensa ‘online’, em que a Lusa participou. “Com o tempo, comecei a misturá-lo com o meu sogro Fouad, que era um engenheiro e empresário com muitos projectos diferentes”.

Fouad Malouf, explicou o realizador, era um homem com muitos projetos em diversos lugares e uma pessoa afável, mas intimidante. Mantinha os planos dos vários negócios em caixas de sapatos e um dia mostrou-os à filha, para que ela os pudesse prosseguir no caso de lhe acontecer algo. A sua reação foi igual à da filha ficcional no filme, Liesl, interpretada por Mia Threapleton: “Isto é de loucos”.

A transposição deste homem de negócios da vida real para o cinema começou a formar-se na mesma altura em que Wes Anderson mostrou “Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun” em Cannes, em 2021, com Benicio del Toro.

“Falei ao Benicio da ideia de um magnata europeu, alguém que poderia ter entrado num filme do Antonioni”, revelou Wes Anderson. “Tinha a ideia de alguém em aflição física, a imagem de um tipo com um relógio muito caro que não se conseguia matar”.

A história de Zsa Zsa Korda

É esse homem que Benicio del Toro encarna em “O Esquema Fenício” – Zsa-Zsa Korda, um dos homens mais ricos da Europa que, no início do filme, sofre a sua sexta queda de avião e decide escolher a filha mais velha para herdeira da sua fortuna e do seu império. “É escrito em camadas e cheio de contradições, o que se torna muito saboroso para um actor lhe dar vida”, disse del Toro.

Algumas cenas, como a dos créditos de abertura, tiveram de ser filmadas repetidamente — entre 25 e 30 vezes, disse o actor, lembrando que ficou com a pele engelhada por estar dentro de uma banheira.

“Há um elemento do meu personagem que espera uma segunda oportunidade para reparar uma relação quebrada”, detalhou del Toro. “Para isso ele tem de mudar e muda. Gosto de pensar que as pessoas podem mudar”.

Essa relação é com a filha, a quem Zsa-zsa Korda quer deixar as caixas de sapatos com os ambiciosos planos para a perdida civilização Fenícia. Mas Liesl está prestes a tornar-se uma freira católica e ressente-se do pai pela sua ausência de anos.

Para se preparar para o papel, Mia Threapleton estudou a Bíblia, foi até Roma para uma prova de roupa e conversou com um diácono. Estudou a fundo durante três meses e criou pequenos detalhes para a personagem. As filmagens decorreram perto de Berlim, no estúdio Babelsberg e arredores, com um pequeno papel para Scarlett Johansson como Prima Hilda.

30 Mai 2025

Orquestra de Macau | Mahler em destaque em concerto no CCM

Está marcado para o dia 7 de Junho o espectáculo “Mahler: A Infinidade do Titã”, protagonizado pela Orquestra de Macau no Centro Cultural de Macau. Neste concerto, o maestro da Orquestra, Lio Kuokman, promete “brilhar” também como pianista

 

O grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a partir das 20h do dia 7 de Junho, mais um espectáculo integrado na temporada 2024-2025 da Orquestra de Macau (OM). Trata-se de “Mahler: A Infinidade do Titã”, dedicado ao compositor e maestro checo Gustav Mahler, em que o próprio director musical e maestro principal da OM, Lio Kuokman, irá também fazer solos de piano neste espectáculo.

Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), serão interpretadas “obras-primas de Ravel e Mahler”, o que irá conduzir “o público pelo universo musical destes dois gigantes da música”. Natural de Macau, Lio Kuokman é “um dos maestros chineses mais proeminentes no panorama internacional”, refere o IC, tendo este sido aclamado pela publicação “Philadelphia Inquirer” como um “talento de regência surpreendente”.

Em 2014, Lio Kuokman conquistou três prémios no Concurso Internacional de Regência Svetlanov, em Paris, tendo posteriormente sido o primeiro maestro assistente chinês da Orquestra de Filadélfia. Foi também o primeiro maestro chinês a dirigir a Orquestra Sinfónica de Viena num concerto da temporada regular, nos 121 anos de história da orquestra, testemunhando o seu percurso musical de excelência.

Grandes composições

Neste concerto, Lio Kuokman actuará como maestro e solista de piano na interpretação do “Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior” de Maurice Ravel, compositor e pianista francês. Trata-se, segundo a mesma nota do IC, de uma “obra marcada por influências de jazz e blues, cujos ritmos inovadores, técnicas polifónicas elaboradas e orquestração com percussão dinâmica proporcionam uma experiência electrizante — desde o enérgico primeiro andamento até ao deslumbrante ‘finale'”.

Por sua vez, a segunda parte do concerto será pautada pela “Sinfonia nº 1 em Ré Maior”, conhecida pelo nome de “Titã” de Mahler, naquela que foi a sua primeira grande composição, de finais do século XIX. O público poderá assistir a “uma actuação majestosa com cerca de cem músicos no palco, ilustrando um poema sinfónico sobre a fusão da humanidade com a natureza”.

O concerto durará aproximadamente 1 hora e 45 minutos, com um intervalo. Os bilhetes já estão disponíveis a preços que vão das 150 às 300 patacas.

30 Mai 2025

EUA | China critica “acção discriminatória” contra estudantes chineses

A China acusou ontem os Estados Unidos de adoptarem uma “acção discriminatória e politicamente motivada”, após terem anulado os vistos de estudantes chineses, o que, segundo Pequim, constitui uma violação dos seus direitos e um ataque aos intercâmbios académicos.

“O lado americano, sob o pretexto da ideologia e da segurança nacional, cancelou injustificadamente os vistos dos estudantes chineses”, declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, numa conferência de imprensa.

Pequim apresentou um protesto formal a Washington e expressou a sua “firme oposição” a uma medida que “prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos” dos seus cidadãos e “impede os intercâmbios educativos e culturais normais”, segundo a porta-voz.

“A medida expõe a falsidade da chamada liberdade e abertura que os EUA afirmam defender e só irá prejudicar ainda mais a sua imagem e credibilidade internacional”, disse Mao.

O Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou esta semana a revogação de vistos para estudantes chineses, especialmente aqueles com alegadas ligações ao Partido Comunista ou matriculados em “áreas-chave”, sem entrar em pormenores. Na quarta-feira, Trump considerou excessivo que o número de estudantes estrangeiros em Harvard ultrapasse um quarto do total e considerou adequado limitar esta quota a 15 por cento.

Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe actualmente 10.158 estudantes internacionais de 150 países, incluindo 2.126 da China, segundo dados relativos ao ano lectivo 2024/2025 publicados no portal do gabinete internacional da organização.

30 Mai 2025

Restrições à exportação de terras raras podem paralisar fábricas europeias

A Câmara de Comércio da União Europeia na China alertou ontem que as restrições impostas por Pequim às exportações de minerais de terras raras podem levar à paralisação da produção dos fabricantes europeus em poucos dias.

No início de Abril, a China impôs restrições à exportação de sete elementos de terras raras utilizados numa vasta gama de produtos industriais, incluindo veículos eléctricos e armamento, pouco depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado tarifas contra os produtos chineses.

“Temos um problema que está a ocorrer na Europa”, disse Jens Eskelund, presidente da câmara, aos jornalistas, em Pequim, apontando que algumas empresas estão prestes a ficar sem materiais para sustentar a sua produção. “Esta é uma questão que precisa de ser resolvida muito, muito em breve”, acrescentou. O facto de não se encontrar uma solução conduzirá a um “custo muito significativo [para] os fabricantes europeus”, afirmou.

Pequim suspendeu algumas medidas não tarifárias desde que os EUA e a China concordaram, no início deste mês, em suspender a maioria das taxas adicionais impostas sobre os produtos um do outro. No entanto, os requisitos de licenciamento para a exportação de terras raras continuam em vigor. Eskelund afirmou que parece haver um “atraso significativo” no processamento dos pedidos.

Paris na agenda

O alarme surge numa altura em que os principais responsáveis pelo comércio da China e da Europa se preparam para reunir em Paris. Os dirigentes europeus deverão também deslocar-se a Pequim para uma cimeira em Julho.

O secretário-geral da câmara, Adam Dunnett, afirmou que a questão do controlo das exportações foi levantada durante uma mesa redonda, na terça-feira, entre empresas de semicondutores da União Europeia e da China.

Os funcionários do Ministério do Comércio da China que participaram na reunião explicaram que estão a trabalhar arduamente para dar resposta à crescente procura por licenças, segundo Dunnett. A China afirmou que “tem como objectivo proporcionar um ambiente político justo, estável, transparente e previsível para as empresas”, de acordo com uma declaração do Ministério do Comércio após a reunião de terça-feira.

30 Mai 2025

Turismo | Excursões da Coreia aumentam 24%

Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) relativos ao número de turistas e excursões nos primeiros quatro meses deste ano mostram como Macau recebeu 38 mil excursionistas da Coreia do Sul, um aumento anual de 24,6 por cento face aos primeiros quatro meses de 2024.

Em termos gerais, Macau recebeu 757 mil excursionistas em quatro meses, mais 10,2 por cento em termos anuais, com os turistas do Interior da China a dominar: 662.000 eram de visitantes, um aumento de 8,9 por cento. Por sua vez, 76 mil eram excursionistas internacionais, um aumento de 9,3 por cento.

Nos quatro primeiros meses deste ano, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros foi de 89,6 por cento, mais 5,1 pontos percentuais, em termos anuais. Os estabelecimentos hoteleiros hospedaram 4.779.000 indivíduos, menos 3,2 por cento, face a idêntico período de 2024 e o período médio de permanência dos hóspedes manteve-se em 1,7 noites.

30 Mai 2025

DSAT | Carreira para Praia de Hac Sá aos fins-de-semana

A Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ontem o ajuste de carreiras de autocarro para disponibilizar mais frequências com destino à Praia de Hac Sá. A partir de domingo, e até 31 de Agosto, a carreira nocturna N3 terá o seu percurso estendido até à Praia de Hac Sá e, entre 14 de Junho e 24 de Agosto, aos sábados e domingos, entrará em funcionamento a carreira sazonal 26AT.

Apesar de a DSAT não ter especificado o trajecto da carreira, em anos anteriores o autocarro 26AT ligava a Bacia Norte do Patane à Praia de Hac Sá. Por outro lado, considerando que a Universidade de Macau (UM) estará em período de férias de Verão desde o início de Junho até ao início de Agosto, prevê-se uma redução no fluxo de passageiros com destino à UM.

Como tal, e tendo em conta o uso racional dos recursos públicos, as carreiras 71 e 72 vão passar a ter intervalos ajustados para 15 a 20 minutos entre 9 de Junho e 3 de Agosto. Durante o mesmo período, a carreira 701XS será temporariamente suspensa.

30 Mai 2025

Cooperação | Universidade Amílcar Cabral quer ajuda para formação

O reitor da Universidade Amílcar Cabral (UAC) disse ontem que a instituição da Guiné-Bissau quer a ajuda da Universidade de Macau (UM) para ter mais professores com mestrado ou doutoramento.

A UAC tem a ambição de, até 2030, ter pelo menos 50 por cento dos docentes com mestrado e 30 por cento com doutoramento, disse Herculano Arlindo Mendes. “Como é que vamos fazer isso se, mesmo na Guiné-Bissau, ainda não temos os programas de mestrado nem de doutoramento?” questionou o reitor. “É através da parceria com os nossos parceiros, que podemos realizar essa ambição”, explicou Arlindo Mendes.

O académico falava à margem de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que está a decorrer até amanhã na UM.

“Nós estamos aqui disponíveis para explorar as possibilidades de parcerias que possam surgir”, disse Arlindo Mendes. O reitor da UAC indicou que já havia negociações em curso com a UM e demonstrou esperança em assinar um acordo de parceria com a instituição de Macau durante o fórum.

Além da formação de professores e da realização conjunta de conferências internacionais e projectos de investigação académica e científica, a universidade da Guiné-Bissau pretende também enviar estudantes para a UM.

“Vamos tentar solicitar o apoio da Universidade de Macau, ou seja, através da cooperação entre a China e a Guiné-Bissau, para que possamos ter um número significativo de bolseiros”, referiu Arlindo Mendes. Isto porque, admitiu o reitor, “do ponto de vista financeiro, o país, a Guiné-Bissau, e a universidade em particular tem muita dificuldade nesse sentido”.

30 Mai 2025

Indústria | Moçambique quer aprender com a China

O reitor da Universidade Joaquim Chissano (UJC) disse ontem que a instituição de Moçambique vai assinar uma parceria com a Universidade de Tecnologia do Sul da China para formar professores em políticas industriais. João Gabriel de Barros indicou que o acordo com o Instituto de Políticas Públicas da universidade chinesa resultou de uma visita ao campus em Guangzhou, capital da província de Guangdong.

“É diferente daquilo que nós temos ensinado nos cursos de políticas públicas. São políticas públicas industriais, que visam a industrialização, (…) que visam mesmo o desenvolvimento de uma forma concreta e directa”, explicou o reitor.

Barros lamentou que nos países africanos, incluindo em Moçambique, as universidades ainda “vão muito atrasadas” em áreas com a inteligência artificial e “outras que são formações de futuro”. “Isto tudo cria uma pressão positiva e necessária. Temos que aprender e adaptar tudo isto aos nossos contextos e não irmos sempre a reboque daquilo que a globalização traz”, defendeu o investigador.

Barros explicou que a parceria com o Instituto de Políticas Públicas irá prever o envio de docentes da UJC para receberem formação em políticas industriais. Além disso, a UJC assinou ontem um outro memorando de entendimento com a Universidade de Macau, que alarga a cooperação já existente na formação de professores e no intercâmbio de docentes e estudantes.

30 Mai 2025

IA | Coimbra e Macau lançam laboratório sobre nutrição

Nutrição, saúde e longevidade serão os focos de estudo do laboratório que será criado pela Universidade Politécnica de Macau e a Universidade de Coimbra. Gestão e saúde e prevenção de doenças crónicas serão prioridades para o laboratório que irá recorrer a ferramentas de inteligência artificial

 

A Universidade Politécnica de Macau anunciou a criação de um laboratório conjunto com a Universidade de Coimbra que irá usar inteligência artificial (IA) para estudar a ligação entre a nutrição e a “longevidade saudável”.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, a Universidade Politécnica de Macau disse que o laboratório dedicado à nutracêutica vai concentrar-se em aplicar a IA nos “cuidados de saúde, nutrição de precisão, prevenção de doenças crónicas e gestão da saúde”. A nutracêutica é uma combinação de nutrição e farmacêutica e estuda os potenciais efeitos positivos para a saúde dos componentes presentes em alimentos.

O novo laboratório vai “aproveitar ao máximo as vantagens das duas universidades nas áreas da inteligência artificial, ciências da saúde e tecnologia nutricional”, defendeu a Politécnica.

O acordo prevê a investigação interdisciplinar com especialistas das duas universidades para transformar os resultados em “soluções técnicas de ponta” e “aplicações inovadoras”, sublinha no comunicado. A Politécnica garantiu ainda que o laboratório vai “formar talentos de alto nível para a indústria da saúde de Macau [e] promover o desenvolvimento de tecnologia através da cooperação com a indústria”.

Sementes a germinar

A área da saúde e bem-estar foi apontada como um dos quatro sectores em que o Governo de Macau quer apostar para diversificar a economia, altamente dependente dos casinos e turismo.

Por outro lado, a Politécnica defendeu que a criação do laboratório representa “um novo marco na cooperação educacional entre a China e os países de língua portuguesa”. A nova instituição vai promover “a investigação científica e a inovação na área da saúde inteligente em Macau e em Portugal e apoiar a cooperação científica e tecnológica entre a China e Portugal”, referiu.

O acordo para a criação do laboratório foi assinado, em Macau, pelo reitor da Politécnica, Marcus Im Sio Kei, e pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão.

Em Junho de 2024, Falcão disse à Lusa, numa visita a Macau, que a instituição portuguesa e a Politécnica tinham lançado um duplo doutoramento em tecnologias de informação. O doutoramento nasceu no anterior ano lectivo e “está a começar a dar os primeiros resultados”, com 18 estudantes, “divididos entre portugueses e chineses”, disse então o reitor da Universidade de Coimbra.

30 Mai 2025

Direitos laborais | Leong Hong Sai pede melhorias

O deputado Leong Hong Sai defende avanços em matéria de direitos laborais, nomeadamente o aumento do número de dias para a licença de maternidade e empregos a tempo parcial.

No tocante à licença de maternidade, Leong Hong Sai questionou quando é que poderá passar dos 70 para 90 dias, conforme já foi prometido, além de pedir especificamente uma lei destinada ao trabalho laboral.

Segundo uma interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado defende que há espaço de melhoria ao nível da legislação laboral tendo em conta as alterações que estão a ocorrer na estrutura da economia, com novas indústrias a surgir.

Assim, o deputado lembrou que falta regulação específica sobre o tempo de amamentação e preservação da saúde mental no trabalho, directrizes que já existem nas regiões vizinhas. O deputado quer também que seja feito um combate mais rigoroso para punir as empresas infractoras em relação à quota de trabalhadores não residentes (TNR) e que mantém TNR em situação ilegal ou que trabalham numa área sem autorização.

30 Mai 2025

Eleições | Chega vence fora da Europa

A lista do partido Chega foi a mais votada nas Legislativas Portuguesas no círculo fora da Europa e elegeu Manuel Magno Alves como deputado, com um total de 20.202 votos.

Também a Aliança Democrática, constituída pelo Partido Social-Democrata e o Partido Centro Democrático e Social, elegeu um deputado, José Cesário, com um total de 19.054 votos.

O Partido Socialista ficou no terceiro lugar com 13.119 votos. Ao nível da China, a AD ganhou com 1.923 votos, enquanto o PS ficou em segundo, com 1.223 votos. O Chega teve um total de 395 votos.

30 Mai 2025

Táxis | Concursos públicos com alterações

O Governo vai avançar com uma revisão para “simplificar “as exigências nos concursos públicos de atribuição das licenças de táxis. O anúncio foi feito ontem pelo Conselho Executivo, embora o conteúdo das alterações ainda não seja conhecido.

“O regulamento simplificou os procedimentos, reduziu as exigências formais e separou racionalmente a fase de apreciação dos documentos de habilitação do concorrente e a das propostas, para elevar a eficiência das sessões do acto público do concurso e admitir mais propostas, de modo a garantir melhor o interesse público”, foi comunicado por André Cheong, porta-voz do Conselho Executivo.

Com estas alterações, o prazo de validade das propostas vai ser estendido, assim como vai ser pedida uma caução mais elevada à entidade adjudicatária, depois de ser informada da adjudicação. Além disso, nos casos de caducidade da adjudicação, a entidade adjudicante vai poder fazer a adjudicação ao concorrente imediatamente seguinte, segundo a ordem de classificação, desde que a proposta ainda esteja dentro do prazo de validade.

Além disso, o Governo vai apresentar um novo regulamento, para facilitar o tipo de veículos que pode ser utilizado como táxi. Segundo as novas regras, as exigências do tamanho das malas passam a ser menores, e os táxis deixam de ter de estar equipados com motores com uma cilindrada igual ou superior a 1.500 centímetros cúbicos.

Além disso, depois de circularem cinco anos, os táxis deixam de poder ser utilizados como veículos privados, caso sejam substituídos do serviço, tendo de ser abatidos.

30 Mai 2025

MNE | Sistema chinês pode ser referência para lusofonia

O principal representante diplomático da China em Macau, Liu Xianfa, defende que o sistema político chinês pode ser referência para o desenvolvimento dos países de língua portuguesa. O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros considera que a China e os países lusófonos devem “aprender uns com os outros”

 

O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, considera que o sistema político chinês pode ser uma referência para os países de língua portuguesa. O representante diplomático da China na RAEM disse que a “modernização com características chinesas” não é apenas “o único caminho correcto” para o país, mas que “também fornece sabedoria para a modernização da humanidade”.

Liu Xianfa sublinhou que “o povo chinês superou inúmeros obstáculos e desafios no caminho da modernização com características chinesas”. O sistema político da China “oferece uma forte garantia institucional para a modernização, porque tem muitas vantagens”, referiu o diplomata. “Somos como um jogo de xadrez, todos com os seus esforços” a contribuir para o desenvolvimento chinês, explicou o comissário.

Liu defendeu que a China e os países lusófonos podem “aprender uns com os outros”, nomeadamente usando Macau como uma plataforma. O comissário defendeu também que, desde a transição de administração de Portugal para a China, em 1999, “Macau inaugurou o melhor período de desenvolvimento da sua história”.

Liu falava durante a cerimónia de abertura de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que vai decorrer até amanhã na Universidade de Macau (UM).

O que deus quiser

No mesmo evento, a directora do Instituto de Economia Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais admitiu que o sistema político chinês “tem desvantagens ou dificuldades”. “Não nos podemos esquecer dos efeitos nefastos causados à natureza” pelo rápido desenvolvimento da China nas últimas décadas” lamentou Shi Dan. “Se não conseguirmos resolver os problemas da poluição, nunca seremos um país desenvolvido”, alertou a académica.

Em 2023, a UM e o Supremo Tribunal da China criaram um centro de estudos judiciários e jurídicos sino-lusófono para promover a ideologia do líder chinês, Xi Jinping. Na altura, o reitor da UM, Song Yonghua, disse que um dos objectivos do Centro de Estudos Judiciários e Jurídicos da China e dos Países de Língua Oficial Portuguesa é “a investigação e promoção do Pensamento de Xi Jinping”.

Em 2022, o congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza a cada cinco anos, aprovou uma série de emendas à carta magna do partido, entre as quais a inclusão da ideologia do actual líder.

O chamado “Pensamento de Xi Jinping” inclui uma ênfase na autossuficiência, controlo político e elevação do estatuto global da China, ao contrário das reformas económicas de Deng Xiaoping que abriram a China ao mundo, nos anos 1980.

30 Mai 2025

Balança Comercial | Défice de 9,4 mil milhões em Abril

Em Abril, o défice da balança comercial foi de 9,4 mil milhões de patacas, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Para este valor, contribuíram exportações de mercadorias de 1,12 mil milhões de patacas e importações de mercadorias de 10,53 mil milhões de patacas.

Estes números significam que, em comparação com Abril do ano passado, as exportações caíram 7,7 por cento e 4 por cento. Em relação a Abril, o valor da reexportação desceu 7,8 por cento, para 1,01 mil milhões de patacas. O valor da reexportação de joalharia diminuiu 48,9 por cento, embora o valor das reexportações de bebidas alcoólicas e o de produtos de beleza, de maquilhagem e de cuidados da pele tenham crescido 58,8 por cento e 46,6 por cento.

Em relação aos primeiros quatro meses do ano, o défice da balança comercial cifrou-se em 36,16 mil milhões de patacas, menos 2,42 mil milhões de patacas, face ao período homólogo, quando o défice da balança foi de 38,58 mil milhões de patacas.

29 Mai 2025

Taishan | Autoridades de Macau elogiam segurança de central nuclear

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, liderou uma comitiva de representantes de serviços da RAEM numa reunião com responsáveis da Central Nuclear de Taishan, que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau, na passada sexta-feira. Segundo um comunicado divulgado ontem pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU), o comandante-geral Leong Man Cheong realçou “o sentido de responsabilidade da parte de Guangdong nos trabalhos de resposta a emergências nucleares e a atitude científica e rigorosa no trabalho baseado na segurança”.

Leong Man Cheong indicou ainda esperar o reforço do intercâmbio com as autoridades de Taishan, nomeadamente com visitas “às centrais nucleares, cursos de formação profissional e palestras temáticas”, para “elevar a consciência de prevenção de riscos nucleares e a capacidade de tratamento de emergência nuclear do pessoal dos serviços competentes de Macau”.

A comitiva da RAEM visitou a Central Nuclear de Taishan para se inteirar do “funcionamento do centro de comando da fonte de arrefecimento, da sala de controlo e do centro de comando de emergência”.

Os SPU acrescentam que Guangdong e Macau vão reforçar o intercâmbio e cooperação “no âmbito da resposta à opinião pública sobre esta matéria”, vão tratar “cautelosamente” a informação e a comunicação com o público, para “criar uma boa atmosfera social e salvaguardar conjuntamente a estabilidade socioeconómica da Grande Baía”.

29 Mai 2025

Fronteiras | Soldados tailandeses e cambojanos em confronto

Soldados da Tailândia e do Camboja trocaram ontem disparos numa zona fronteiriça disputada, informaram os exércitos dos dois países.

De acordo com um comunicado da parte tailandesa, os soldados cambojanos entraram na área disputada e os tailandeses aproximaram-se para negociar. No entanto, devido a um mal-entendido, o lado cambojano abriu fogo e os soldados tailandeses retaliaram. O porta-voz do exército do Camboja, Mao Phalla, afirmou que as tropas do país estavam a efectuar uma patrulha de rotina ao longo da fronteira quando o outro lado abriu fogo.

O confronto durou cerca de dez minutos até que os comandantes locais comunicaram e ordenaram um cessar-fogo. O exército tailandês afirmou que as duas partes estavam a negociar e que o confronto não fez vítimas.

Já o representante de Phnom Penh notou não haver até ao momento informações sobre quaisquer vítimas. O ministro da Defesa tailandês, Phumtham Wechayachai, afirmou que a situação está resolvida e que as duas partes não tencionavam fazer os disparos. A Tailândia e o Camboja, países vizinhos, têm uma longa história de disputas territoriais. O incidente foi registado em vídeo e tornou-se viral nas redes sociais.

29 Mai 2025

ONU critica novo modelo de distribuição de ajuda alimentar em Gaza

O chefe da agência da ONU para os refugiados (UNRWA), Philippe Lazzarini, defendeu ontem que o novo modelo de distribuição de ajuda alimentar em Gaza, apoiado por Washington, é um “desperdício de recursos e uma distração das atrocidades”.

“Acredito que seja um desperdício de recursos e uma distração das atrocidades. Já temos um sistema de distribuição de ajuda adequado. A comunidade humanitária em Gaza, incluindo a UNRWA, está pronta. Temos a experiência e o conhecimento necessários para chegar às pessoas necessitadas”, disse Lazzarini.

O responsável acrescentou que o tempo para evitar a fome “está a esgotar-se” e que os funcionários humanitários “precisam de ter permissão para fazer o seu trabalho de salvar vidas agora.” A nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, iniciou as suas operações na terça-feira, num centro de distribuição de ajuda no sul da Faixa de Gaza. Segundo relataram jornalistas da Agência France Presse, houve momentos de caos quando milhares de pessoas corriam deste novo centro para o centro em Rafah.

Caos instalado

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reconheceu na terça-feira que houve uma “perda temporária de controlo” num novo centro de distribuição de ajuda na Faixa de Gaza.

“Desenvolvemos um plano com os nossos amigos americanos para controlar os locais de distribuição onde uma empresa americana distribuiria alimentos às famílias palestinianas”, disse Netanyahu durante um discurso em Jerusalém, acrescentando que “houve uma perda temporária de controlo” quando os palestinianos acorreram a um centro aberto em Rafah [sul da Faixa de Gaza]”.

O incidente ocorreu no momento em que Israel, que em meados de Maio intensificou a ofensiva no faminto território palestiniano, devastado por 19 meses de guerra, está a aplicar um novo sistema de distribuição de ajuda, contestado pela comunidade humanitária.

As agências das Nações Unidas têm argumentado que o fluxo de ajuda ao território palestiniano é insuficiente e limitado por restrições como a travessia de áreas inseguras devido aos combates, risco de pilhagens e atrasos por causa da coordenação com os militares israelitas.

29 Mai 2025

Casa Garden | Exposição de Frank Lei marca reabertura do espaço

Depois de ter estado encerrada durante cinco meses para trabalhos de restauro, a Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, prepara-se para receber aquela que é a maior exposição retrospectiva do trabalho de Frank Lei, artista local. Com o apoio da Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box, apresenta-se, a partir do dia 3 de Junho, “Quando a Ilha Lança Suas Sombras: Uma Retrospectiva de Frank Lei”

 

O artista local Frank Lei ganhou, nos últimos tempos, grande destaque no panorama artístico local. Depois da inauguração da mostra “Frank Lei: Cuba 92”, no passado dia 7, na Associação Cultural da Vila da Taipa, eis que a Casa Garden acolhe agora uma nova exposição com trabalhos do artista já falecido, com o apoio da Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box.

Trata-se da maior exposição retrospectiva do trabalho de Frank Lei, intitulada “Quando a Ilha Lança Suas Sombras: Uma Retrospectiva de Frank Lei”, e que abre ao público a 3 de Junho. Segundo uma nota da organização, esta iniciativa “marca a primeira grande mostra desde o falecimento do artista Frank Lei e apresenta a mais extensa selecção das suas obras até à data”, podendo o público visualizar “mais de 60 peças fotográficas seleccionadas”.

Estes trabalhos abrangem “as fotografias de Lei desde os seus estudos em França na década de 1990 e os seus projectos artísticos subsequentes após o seu regresso a Macau”.

Segundo a mesma nota, Frank Lei é considerado um “pioneiro da fotografia contemporânea e da arte experimental em Macau”, sendo que as suas obras “exploram não apenas a estética da fotografia, mas também oferecem profundas críticas e reflexões sobre as realidades sociais”. “Através da fotografia, instalações e práticas interdisciplinares, ele desafia as fronteiras da arte, capturando as metáforas e a poesia inerentes ao desenvolvimento urbano”, destaca a organização.

Influências e olhares

A mostra dedicada a Frank Lei revela-se na Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, em três salas que exploram o estilo artístico do artista e revelam “as suas influências estéticas e culturais, experiências interdisciplinares e práticas sociais e pedagógicas”.

Destaque também para a organização de duas exposições paralelas, intituladas “Olhar Errante: À Margem”, realizada em oito locais fora do espaço expositivo, e a “Estante de Artista – Frank Lei: Através das Páginas na Dialect Photo Library”. Espera-se ainda a realização de uma série de actividades adicionais, com stands de chá em formato pop-up, visitas guiadas de fotografia de rua e workshops de fotografia experimental para famílias.

Além de ser uma retrospectiva do trabalho de Frank Lei, esta mostra aproveita também para proporcionar “uma profunda reflexão sobre o papel da arte contemporânea na sociedade”, sendo que “entusiastas da arte e o público são convidados a visitar e interagir com a paisagem urbana que Lei uma vez observou, suscitando reflexões sobre a cultura social e local”.

Segundo uma nota da Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box, Frank Lei foi um “pioneiro da fotografia contemporânea e da arte experimental em Macau”, fazendo também uma conexão com “a realidade social” de Macau. “Através da fotografia, instalação e experimentação em vários media, foi além dos limites da arte, capturando metáforas e poética do desenvolvimento urbano em Macau – uma ilha definida por contradições e transformações.”

A curadoria é de Jane Lei, Lam Sio Man e Cho Ian Leong. A mostra encerra a 29 de Junho. A cerimónia de abertura decorre uns dias mais tarde à abertura de portas para o público, a 17 de Junho, às 18h30.

29 Mai 2025

Acidente | Seis pessoas desaparecidas após explosão em fábrica

Seis pessoas continuam desaparecidas na sequência de uma explosão numa fábrica de produtos químicos no leste da China, que resultou na morte de cinco pessoas e feriu outras 19. A explosão de terça-feira, ocorrida num parque industrial na cidade de Weifang, na província de Shandong, derrubou janelas de edifícios próximos e lançou uma espessa nuvem de fumo branco, de acordo com vídeos partilhados nas redes sociais.

Não ficou imediatamente claro o que causou a explosão, que ocorreu numa fábrica pertencente à Gaomi Youdao Chemical Co., uma produtora de pesticidas e produtos químicos para uso médico com mais de 500 empregados, de acordo com os registos da empresa. Os bombeiros locais enviaram mais de 230 efetivos para o local, segundo a televisão estatal CCTV.

Um estudante de uma escola situada a cerca de um quilómetro de distância da fábrica disse à imprensa local que ouviu uma explosão e viu fumo amarelo sujo a sair da fábrica. O jovem afirmou ainda que havia um cheiro estranho e que foram dadas máscaras de protecção respiratória a todos os estudantes.

Um funcionário do gabinete local do ambiente disse ao The Paper que uma equipa foi enviada para o local para controlar a potencial poluição, mas que ainda não apresentou qualquer relatório.

No ano passado, a fábrica de produtos químicos foi citada por “riscos de segurança” pelo menos duas vezes, mas em Setembro foi elogiada pelo Gabinete de Gestão de Emergências de Weifang por confiar nos membros do Partido Comunista para gerir eficazmente os riscos no local de trabalho. Especificamente, os membros do Partido na Gaomi Youdao identificaram mais de 800 riscos de segurança nos primeiros oito meses de 2024 e rectificaram-nos a todos, disse o gabinete.

A segurança no local de trabalho tem vindo a melhorar ao longo dos anos na China, mas continua a ser um problema persistente. O Ministério Nacional de Gestão de Emergências registou 21.800 incidentes e 19.600 mortes em 2024.

29 Mai 2025

Tarifas | China aponta para imensa procura do mercado dos EUA após trégua de 90 dias

A China destacou ontem o aumento do envio de contentores para os Estados Unidos, desde que os dois países acordaram uma trégua comercial de 90 dias, o que demonstra “imensa procura” e que os laços económicos “beneficiam ambos”.

“Isto mostra que a cooperação entre as duas maiores economias do mundo trouxe benefícios tangíveis para as empresas e os consumidores dos dois países”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, em conferência de imprensa.

Mao acrescentou que, na sequência do acordo alcançado na Suíça para baixar as taxas alfandegárias durante três meses – os EUA de 145 por cento para 30 por cento e a China de 125 por cento para 10 por cento -, “as encomendas dos Estados Unidos aumentaram”, demonstrando “enorme procura”. “O proteccionismo não leva a lado nenhum”, disse Mão. Pequim “dá as boas-vindas aos EUA e a outros países para cooperarem e fazerem negócios” na China, apontou.

A suspensão das taxas termina a 10 de Agosto e alguns analistas estão otimistas quanto à possibilidade de um acordo comercial mais duradouro ajudar a reduzir o risco de perturbações na cadeia de abastecimento antes das férias do fim do ano.

29 Mai 2025

Empresas europeias reduzem investimentos face a abrandamento económico

As empresas europeias estão a cortar custos e a reduzir planos de investimento na China, à medida que a economia abranda e a concorrência feroz faz baixar os preços, segundo um inquérito anual divulgado ontem.

“Muitas empresas continuam a reavaliar o seu envolvimento com o mercado chinês, com um grande número a cortar custos, a reduzir os planos de expansão, a transferir investimentos para outras regiões e a tomar medidas para isolar as suas cadeias de abastecimento na China e no resto do mundo”, lê-se no relatório que acompanha os resultados do inquérito realizado pela Câmara de Comércio da União Europeia na China.

“Confrontados com uma série de desafios – incluindo a persistência de barreiras regulamentares e de acesso ao mercado, aumento das tensões geopolíticas, deflação dos preços, baixo consumo interno e redução das margens – o optimismo dos membros da Câmara em relação às perspectivas a curto e médio prazo situa-se agora num nível historicamente baixo”, acrescentou.

Os desafios enfrentados pelas empresas europeias reflectem problemas mais amplos da segunda maior economia do mundo, afectada por uma prolongada crise no sector imobiliário, que tem contido os gastos dos consumidores.

Outras guerras

Pequim enfrenta também medidas proteccionistas por parte dos Estados Unidos e da Europa, em resposta aos persistentes excedentes comerciais da China. “O cenário deteriorou-se em muitos indicadores-chave”, afirmou a Câmara de Comércio da União Europeia na China, na introdução do seu Inquérito de Confiança Empresarial 2025.

As mesmas forças que estão a impulsionar as exportações chinesas estão a penalizar os negócios no mercado interno. Empresas chinesas, frequentemente apoiadas por subsídios estatais, investiram de forma intensiva em sectores específicos, como o dos veículos eléctricos, levando a que a capacidade instalada das fábricas ultrapassasse largamente a procura.

Este excesso de capacidade deu origem a ferozes guerras de preços, que reduziram os lucros e levaram as empresas a escoar o excedente de produção para o exterior, suscitando acusações de ‘dumping’ — venda abaixo do custo de produção.

Na Europa, esta situação gerou receios de que as importações chinesas possam prejudicar as indústrias locais e os seus trabalhadores. No ano passado, a União Europeia aumentou as taxas alfandegárias sobre veículos eléctricos oriundos da China, alegando que o país subsidiou injustamente o sector.

“Penso que existe uma percepção clara de que os benefícios das relações bilaterais de comércio e investimento não estão a ser distribuídos de forma equitativa”, afirmou o presidente da Câmara da UE na China, Jens Eskelund, durante a apresentação do inquérito.

Prós e contras

Eskelund saudou os esforços da China para estimular o consumo, mas defendeu que o governo deve também tomar medidas para garantir que o crescimento da oferta não ultrapasse o da procura. Os resultados do inquérito indicam que a pressão descendente sobre os lucros aumentou no último ano e que a queda da confiança empresarial ainda não atingiu o seu ponto mais baixo, afirmou.

Cerca de 500 empresas associadas responderam ao inquérito entre meados de Janeiro e meados de Fevereiro. “É muito difícil para todos neste momento, num ambiente de margens em declínio”, acrescentou.

29 Mai 2025

Tarifas | China, ASEAN e Estados do Golfo prometem solidariedade económica

Além dos compromissos assumidos para combater a guerra económica lançada por Donald Trump, os países representados na cimeira tripartida na Malásia manifestaram ainda profunda preocupação com a situação em Gaza

 

A China, os países do Sudeste Asiático e seis Estados do Golfo comprometeram-se ontem a promover uma cooperação mais estreita, com forte ênfase na integração económica e na colaboração energética, num contexto da guerra comercial lançada por Washington.

Numa declaração conjunta, os dirigentes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e da China reafirmaram o seu empenho num sistema comercial multilateral baseado em regras e na globalização económica, manifestando simultaneamente “sérias preocupações” com a situação em Gaza.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, considerou a cimeira tripartida, que se realizou em Kuala Lumpur, “uma iniciativa inovadora” em matéria de cooperação transregional, num contexto internacional “volátil” e de fraco crescimento global. O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, elogiou a declaração conjunta emitida no final da reunião, considerando-a “pormenorizada e elaborada” e uma forte mensagem de solidariedade e cooperação trilateral.

Com base numa cimeira da ASEAN com o CCG em 2023, a reunião foi vista como um esforço para diversificar os vínculos comerciais e contrariar as tarifas lançadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração de 4.200 palavras não mencionou directamente os Estados Unidos, nem tocou em questões sensíveis como as disputas territoriais no mar do Sul da China ou o aprofundamento da crise em Myanmar (antiga Birmânia).

A Malásia é o actual presidente rotativo da Asean, que inclui também o Brunei, o Camboja, a Indonésia, o Laos, Myanmar, as Filipinas, Singapura, a Tailândia e o Vietname. O CCG inclui as nações produtoras de petróleo do Barém, Kuwait, Arábia Saudita, Omã, Qatar e Emirados Árabes Unidos.

Papel fulcral

Na sua declaração conjunta, as partes reconheceram o “papel fundamental da China na promoção da paz, da estabilidade, da prosperidade e do desenvolvimento sustentável a nível regional e mundial”, bem como a centralidade da Asean nos assuntos regionais e o “papel fulcral” do CCG no Médio Oriente.

Salientando o respeito mútuo, o direito internacional, o multilateralismo e o seu empenho comum na estabilidade regional, na integração económica e no desenvolvimento sustentável, a declaração delineou um amplo quadro de cooperação trilateral, em estreita consonância com a iniciativa chinesa Faixa e Rota e o seu impulso para expandir os laços económicos mundiais.

As partes declararam ter reconhecido a necessidade de reforçar a confiança num sistema comercial multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio no seu cerne, e reafirmaram a sua determinação em tornar a globalização económica mais aberta, inclusiva, equilibrada e benéfica para os seus povos e para as gerações futuras.

Condenação total

No que diz respeito ao Médio Oriente, os líderes da China, do CCG e da Asean manifestaram “sérias preocupações” e condenaram todos os ataques contra civis, apelando simultaneamente a um cessar-fogo duradouro em Gaza e à “distribuição mais eficaz e acessível da ajuda humanitária”.

Foi igualmente reiterado o apoio à implementação da “solução de dois Estados”, reconhecendo os esforços de mediação internacional desenvolvidos pela China, pelo Qatar e pela Arábia Saudita. Os participantes comprometeram-se ainda a procurar uma cooperação mais estreita para prevenir e combater a criminalidade transnacional, a cibercriminalidade, o terrorismo e o extremismo.

No seu discurso de abertura da cimeira trilateral, na terça-feira, Li Qiang instou as partes a “aproveitarem firmemente esta oportunidade histórica para enriquecer a cooperação trilateral”.

A China e a ASEAN são os principais parceiros comerciais entre si, enquanto o CCG fornece mais de um terço das importações de petróleo bruto da China. A ASEAN, o CCG e a China têm um PIB conjunto de quase 25 biliões de dólares e um mercado de mais de 2 mil milhões de pessoas.

28 Mai 2025