Andreia Sofia Silva Manchete Sociedade“Yagi” | Sinal 3 poderá ser içado na madrugada de quinta-feira Os Serviços Metereológicos e Geofísicos (SMG) estimam que o sinal 3 de tempestade tropical possa ser içado entre a madrugada e o início da manhã desta quinta-feira, 5, com a intensificação do vento e maior frequência de chuvas e trovoadas. Actualmente está içado o sinal 1 de tempestade tropical, esperando-se que entre hoje e amanhã o “Yagi”, que se transformou num ciclone tropical severo, atravesse a parte setentrional do Mar do Sul da China em direcção a oeste ou noroeste, deslocando-se para a área entre a parte oeste de Guangdong e a Ilha de Hainão, descrevem os SMG. Desta forma, o tempo continuará muito quente hoje, com possibilidade de aguaceiros acompanhados de trovoada esta tarde provocada pelas temperaturas elevadas, podendo ser acompanhados de ventos com rajadas fortes. Os SMG descrevem também que o “Yagi” pode ainda “intensificar-se” e passar a tufão severo, mas a sua trajectória de deslocação “ainda é incerta, podendo ser adoptado um rumo mais para norte e próximo da costa meridional da China”. Desta forma, os SMG descrevem que “consoante a variabilidade da sua trajectória e intensidade, irá avaliar oportunamente a possibilidade de emissão de sinais de tempestade tropical mais elevados” e demais avisos relacionados com cheias nas zonas baixas da cidade.
Andreia Sofia Silva EventosCCCM | João Miguel Barros fala sobre história da fotografia chinesa Decorre amanhã, no Centro Científico e Cultural de Macau, mais uma sessão da iniciativa “Conversas Sábias”, desta vez com João Miguel Barros, advogado e fotógrafo radicado em Macau. “A Fotografia Chinesa desde a Revolução Cultural até ao século XXI” será o tema da sessão, onde o co-fundador da associação Halftone promete falar do impacto desse período da história chinesa na fotografia O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe amanhã mais uma sessão da iniciativa “Conversas Sábias”, que conta com convidados que tiveram experiências em Macau, China ou no mundo asiático em geral e que pretendem partilhar, de forma informal, essas vivências com o público. Desta vez o convidado é João Miguel Barros, advogado e fotógrafo, que irá falar sobre “A Fotografia Chinesa desde a Revolução Cultural até ao século XXI”. Na descrição do evento, pode ler-se que os anos da Revolução Cultural na China, entre meados dos anos 60 e 70, representaram “um período de asfixia na produção artística em todos os sectores da sociedade chinesa”, sendo que “a prática fotográfica era genericamente propagandística e de apologia do regime”. Porém, “com a morte de Mao Zedong, a nova liderança política tolerou a criação de diversos movimentos, nem todos orgânicos, e de novas práticas artísticas”. Desta forma, o advogado e fotógrafo vai tentar identificar “os principais movimentos que estiveram na origem do nascimento da fotografia contemporânea chinesa”, além de evidenciar “alguns dos fotógrafos mais importantes dos finais do séc. XX, cuja influência ainda se faz sentir em parte das novas gerações de artistas chineses”. Livros na galeria Radicado há vários anos em Macau, João Miguel Barros começou a apostar mais na fotografia e na curadoria de exposições nos últimos anos, possuindo actualmente uma galeria de fotografia em Lisboa, a Ochre Space. João Miguel Barros diz ter-se preparado para esta sessão de “Conversas Sábias” com base nos mais de três mil livros de fotografia que possui na galeria, pertencentes à sua biblioteca pessoal. A Ochre Space é um “espaço vocacionado para promover a fotografia contemporânea e a vídeo arte”. A iniciativa “Conversas Sábias” no CCCM decorre durante os próximos meses. A sessão da próxima quinta-feira, 12, será com Carlos Leone, que irá falar da temática “Do Golfo à Ásia Menor”. Carlos Leone, formado em Filosofia, tem experiência como jornalista, autor, professor e tradutor. Durante 10 anos foi analista político da embaixada dos Emirados Árabes Unidos em Lisboa. Actualmente, é investigador do Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta. Pelo CCCM, para estas sessões, já passaram convidados como Marco Duarte Rizzolio, residente de Macau e co-fundador do concurso de empreendedorismo “929 Challenge”, ou ainda José Sales Marques, economista, que no dia 18 de Julho falou sobre a relação entre Macau e a União Europeia.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteJogos Olímpicos | Manuel Silvério ainda acredita na adesão de Macau ao COI Manuel Silvério, ex-presidente do Instituto do Desporto e co-fundador do Comité Olímpico de Macau, continua a defender que “a adesão de Macau ao COI [Comité Olímpico Internacional] só depende de alguém tomar a iniciativa”. O responsável defende também o aumento da transparência no desporto local “Qualificados, prontos e amplamente apoiados: A adesão de Macau ao COI [Comité Olímpico Internacional] só depende de alguém tomar a iniciativa”. É com esta frase que Manuel Silvério, antigo presidente do Instituto do Desporto (ID) e co-fundador do Comité Olímpico de Macau (COM), fala da possibilidade da RAEM poder participar nos Jogos Olímpicos (JO). Numa nota publicada na segunda-feira no Facebook, o antigo dirigente defende que o COM “tem condições e a capacidade para continuar a seguir com o pedido de adesão ao COI”, salientando que Macau tem, “pelo menos mais 25 anos para realizar este sonho da comunidade desportiva de Macau”. O facto de Macau, ao contrário de Hong Kong, não poder estar no COI é uma questão que tem sido levantada nos últimos dias, no contexto da visita da delegação olímpica chinesa ao território. Recorde-se que, nos últimos JO de Paris, a China ficou em segundo lugar no ranking de países mais medalhados com um total de 91 medalhas, atrás dos Estados Unidos da América que ficaram em primeiro lugar. Tanto o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, como a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, defenderam que a vinda dos atletas olímpicos constitui uma boa influência para o fomento do desporto local, mas a verdade é que a chama olímpica tem estado afastada do horizonte de Macau. O COM foi criado em 1986 e Manuel Silvério fez parte do organismo até se reformar, em 2008. Na publicação, destaca que nesses anos “a participação de Macau nos JO sob o COI tem sido fortemente apoiada” por várias entidades, nomeadamente “o Comité Olímpico Chinês, pelo Comité Olímpico Português, pelo Governo de Macau sob administração portuguesa ou pelo Governo da RAEM”. “Não há razão para impor restrições; podemos continuar a avançar na direcção da participação nas Olimpíadas como a Delegação Desportiva da China, Macau, e podemos ter sucesso nisso”. Um trabalho contínuo Manuel Silvério explica também que até 2008 foram mantidos os esforços para que os atletas de Macau pudessem participar nos JO. “Como um dos fundadores e ex-líder do Instituto do Desporto de Macau e do COM, quero destacar que eu e a minha equipa sempre estivemos activamente empenhados em criar condições para que os atletas de Macau pudessem participar em competições internacionais. Desde a fundação do COM, passando pela adesão ao Conselho Olímpico da Ásia (OCA) e a participação ininterrupta nos Jogos Asiáticos desde 1990, o objectivo final sempre foi os JO”, apontou. No ano de fundação do COM, segundo o testemunho de Manuel Silvério, ele e José Machado estiveram nos JO de Seul como observadores, onde fizeram contactos para “levar os atletas de Macau aos Jogos Asiáticos e Olímpicos”. Foi então criado o COM, sendo que, em 1987, foi solicitada a filiação ao COI e também ao Comité dos Jogos Asiáticos. Nos anos 80, e numa fase em que a Declaração Conjunta acabava de ser assinada, era incerto o futuro da RAEM. Assim, Manuel Silvério recorda como “no início o COI levantou muitas questões, como a identidade dos atletas de Macau, o estatuto político, a bandeira, o hino, os documentos de viagem e passaportes, bem como a forma de participação e a relação com a delegação chinesa”, o que exigiu “mais de dez dossiers detalhados”. Porém, 25 anos depois da constituição da RAEM, “essas ‘dúvidas’ foram completamente esclarecidas”, tendo “todos os obstáculos ou dúvidas sido totalmente eliminados”. Com base nesse contexto, Manuel Silvério acredita que foi seguido “um plano cuidadoso e progressivo para concretizar a candidatura ao COI”. “Acredito que, com o impulso positivo daquela época, a agenda para a adesão do COM ao COI poderia ser retomada. E estou ainda mais confiante de que não haverá muita oposição. Claro, antes disso, ainda pode ser necessário fazer mais trabalho de comunicação e coordenação com os membros do COI”, acrescentou. Regras para cumprir Manuel Silvério destaca também que o território já cumpre os pré-requisitos que podem fazer desta candidatura um caso de sucesso, pois a “participação da Delegação Desportiva da China, Macau, nos Jogos Olímpicos é uma manifestação da implementação da política ‘Um País, Dois Sistemas’, e a Lei Básica já esclareceu todas as dúvidas do COI”. Depois, há ainda as questões de Hong Kong e Taiwan, que participam nos JO. “A Delegação Desportiva da China, Hong Kong e a Delegação Desportiva de Taipei Chinês constituem precedentes, e de acordo com as regras do COI, antes da revisão de 1996, a adesão de Macau é razoável e justificada”, descreve, lembrando ainda que “Macau tem contribuído para o desporto na Ásia e no mundo, e tanto os outros membros como o próprio COI ou OCA podem beneficiar da adesão de Macau, sem razões para se opor”. Neste contexto, o HM conversou em 2021 com Chan Chak Mo, deputado e secretário-geral do Comité Olímpico e Desportivo de Macau (CODM), que explicou que uma candidatura ao COI estaria afastada devido a alterações de estatutos de 1996. “Os Estatutos do Comité Olímpico Internacional mudaram nos anos 90 e impedem a inscrição de membros que não sejam soberanos. Como Macau é China não se pode candidatar, foi o que nos explicou o COI”, defendeu. O secretário-geral lembrou que esta questão não ficou resolvida no período da administração portuguesa, ao contrário do que sucedeu com Hong Kong, e que agora será difícil alterar o panorama. “Hong Kong fez a candidatura antes da transferência da soberania, numa altura em que os estatutos ainda não tinham sido alterados. Foi por isso que foram aceites. Ao contrário, Macau não completou a candidatura antes da transferência e agora já não pode fazer nada. O processo de entrada tinha de ficar concluído nos anos 90, antes da transferência”, explicou Chan Chak Mo. Manuel Silvério destaca a necessidade que as autoridades de Macau têm de apostar nas novas modalidades que muito recentemente passaram a fazer parte dos JO, como as competições de BMX freestyle, Breakdance ou skate. O antigo dirigente desportivo recorda que, nos mais variados eventos que organizou, como os Jogos da Lusofonia, por exemplo, foram escutadas “atentamente as necessidades do COI, do Comité Olímpico Asiático e das diferentes modalidades”. “Iniciámos e promovemos activamente novas modalidades que hoje em dia já são desportos olímpicos e nos Jogos Asiáticos, ou de renome mundial, como os e-sports, os desportos radicais, especialmente o skate e o BMX freestyle, recebendo elogios generalizados dos membros do COI”, disse. Desta forma, cabe a Macau “criar oportunidades para os atletas em diferentes modalidades”. Falta de transparência Manuel Silvério diz ainda que “nos últimos anos parece que tem faltado a Macau um pouco de transparência e iniciativa no que ao desporto diz respeito”, estando as autoridades a seguir “uma direcção oposta à internacionalização e rejuvenescimento do desporto promovidos pelo COI e pelo país”. “Observamos como diversas novas modalidades desportivas têm brilhado nos eventos internacionais, e até algumas modalidades tradicionais tiveram de dar lugar aos novos desportos nos Jogos Olímpicos. Por outro lado, as autoridades desportivas parecem ter marginalizado algumas dessas novas modalidades, o que acabou por prejudicar o desenvolvimento desses desportos em Macau”, referiu. Para Manuel Silvério, “Macau já foi pioneira nos desportos, mas agora estagnou”, pois “os locais e as competições desapareceram”. “Parece que todo o trabalho que fizemos no passado nunca aconteceu, como se os esforços e o tempo investidos tivessem sido em vão, sem ninguém a dar continuidade”, frisou. Tendo em conta a realização dos Jogos Paralímpicos em Paris desde o dia 28 de Agosto, Manuel Silvério refere o agrado por ver “a Delegação de Macau nos Jogos Paralímpicos aparecer na cerimónia de abertura”, alertando para as dificuldades sentidas pela Associação dos Deficientes de Macau para formar e enviar atletas para competir. “Há muito pouca cobertura mediática sobre a sua situação. Um membro fundador da Associação dos Deficientes de Macau disse-me que, até agora, não sabem se o apoio financeiro para esta ida a Paris do Instituto do Desporto será aprovado na sua totalidade. Claro, ao vê-los ir ao Instituto do Desporto para se despedirem antes da viagem, podemos ficar aliviados, sabendo que eles ainda conseguiram participar. Mas, ao mesmo tempo, só enviaram uma atleta e um oficial. Em comparação com as delegações de outros tempos, a alegria para a comunidade desportiva de Macau é limitada”, rematou. Manuel Silvério deixa ainda uma questão sobre a ligação de Macau aos JO. “Se nem conseguimos candidatar-nos ao COI, como podemos falar em cidade internacional?”. O dirigente diz mesmo que Macau tem condições para competir por si. “Não estamos a dizer que os melhores atletas de Macau podem juntar-se à equipa nacional da China. Eu apoio a Lei Básica e acredito que isso não seria um exemplo positivo. Em várias competições internacionais, como os Jogos Asiáticos, os atletas de Macau competem em pé de igualdade com os atletas da China, Hong Kong e Taipei Chinês. Esta é uma vantagem de ‘Um País, Dois Sistemas’, permitindo que mais atletas talentosos da China brilhem no palco internacional”, adiantou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeJO | Campeã olímpica perseguida por fãs no Galaxy A atleta Quan Hongchan, que esteve em Macau no contexto da visita da comitiva olímpica chinesa, foi alvo de uma perseguição por parte de uma multidão de fãs enquanto passeava num hotel da Galaxy. A perseguição, registada em vídeo, foi tal que obrigou Quan Hongchan a esconder-se numa casa de banho A passagem da comitiva olímpica por Macau nos últimos dias registou alguns percalços, nomeadamente uma perseguição de fãs à atleta Quan Hongchan, que conquistou duas medalhas de ouro na modalidade de mergulho nos Jogos Olímpicos (JO) de Paris. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra como a atleta, com apenas 17 anos, passeava com um chapéu e máscara num hotel da Galaxy, e depois é perseguida por uma multidão de fãs com telemóveis em punho. As imagens mostram que a atleta fugiu e escondeu-se numa casa-de-banho, enquanto os fãs se amontoavam cá fora e tentavam entrar. “Ela (Quan Hongchan) está a chorar na casa de banho, em choque. Cheguem-se para trás, a atleta prometeu tirar fotografias com vocês. No entanto, devem fazer fila… Se continuarem assim não vai haver sessão de fotografias”, disse um dos seguranças aos fãs junto à porta da casa-de-banho. Os seguranças acabaram por escoltar a atleta para o quarto de hotel onde está hospedada. Bilhetes mais controlados Entretanto, o Instituto do Desporto (ID), na figura de Luís Gomes, presidente substituto, garante estar a estudar medidas para controlar a especulação na compra de bilhetes para eventos desportivos, a fim de controlar os preços no mercado negro e problemas com a identificação dos participantes na entrada dos recintos. A questão surgiu no contexto da visita da comitiva olímpica chinesa a Macau, tendo Luís Gomes referido ao jornal Ou Mun que o Governo deseja que as actividades desportivas possam beneficiar residentes de diferentes classes sociais e idades. O último caso de especulação de bilhetes aconteceu este domingo, quando os bilhetes já estavam à venda nas redes sociais a 1500 patacas cada. O presidente substituto do ID disse que o sorteio dos bilhetes já incluía o registo de dados pessoais dos titulares dos ingressos. Luís Gomes disse ainda que a visita dos atletas olímpicos a Macau pode ajudar a reforçar o sentido de orgulho nacional da população local, tendo relembrado que Macau sempre registou grandes apoios de Pequim depois de 1999. Neste sentido, destacou Luís Gomes, Pequim enviou sempre delegações de atletas para visitas a Macau depois da participação em edições dos Jogos Olímpicos (JO), a fim de apoiar o desporto de Macau e para que a população possa conhecer mais de perto os atletas. O responsável adiantou que o Governo de Macau presta muita atenção aos Jogos Nacionais, prometendo criar em breve uma comissão organizadora dos Jogos, que decorrem em Macau, Hong Kong e Guangdong no próximo ano. JO | Delegação visita espaços comunitários A delegação dos atletas olímpicos chineses realizou ontem de manhã visitas a vários centros comunitários a partir das 10h, nomeadamente o Centro de Serviços do Lago da Taipa da Federação das Associações dos Operários, o Centro de Apoio à Família “Alegria em Abundância” da Associação Geral das Mulheres de Macau, e o Complexo de Apoio à Família e de Serviço Comunitário de Seac Pai Van da União Geral das Associações dos Moradores de Macau. Segundo uma nota oficial, os atletas “ficaram a conhecer as instalações das diferentes instituições, tendo trocado ideias e conversado com os cidadãos”. Houve ainda jogos de ténis de mesa e outras actividades, com sessões de fotografia entre jovens, idosos e atletas. Por sua vez, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, participou num almoço de despedida da delegação, tendo referido que estes, ao participarem nos Jogos Olímpicos de Paris, “mostraram ao mundo o espírito de luta, aperfeiçoamento, unidade e cooperação da nova geração da China”. A governante defendeu que a visita “demonstra a importância que o país dá a Macau, permitindo que todos os sectores da sociedade, especialmente a nova geração, sintam, em proximidade, a glória arduamente conquistada da nação chinesa”. A comitiva esteve três dias em Macau, tendo regressado ontem ao Interior da China através do Aeroporto Internacional de Macau e do Posto Fronteiriço da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Um dos momentos altos da visita foi a realização do sarau “O nosso orgulho! – Encontro com a Delegação de Atletas Olímpicos Nacionais em Macau”, que contou com cerca de 5800 espectadores.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Três filmes com géneros distintos para ver em Setembro Terror, comédia e drama. Três ingredientes disponíveis nos filmes incluídos na selecção “Amuletos de Setembro”, para ver nos próximos dias na Cinemateca Paixão. Destaque para “Black Dog”, filme chinês que obteve grande destaque na última edição do Festival de Cinema de Cannes Arranca hoje a habitual secção de filmes intitulada “Amuletos de…” e neste caso são os “Amuletos de Setembro” que trazem, para já, três películas para ver em várias sessões. A primeira exibição do filme de terror “Long Legs”, do realizador Oz Perkins, conhecido actor, tem lugar já amanhã. Com exibições repetidas este sábado e dia 12, na próxima semana, “Long Legs”, “Coleccionador de Almas” na versão portuguesa, é considerado “o filme de terror mais arrepiante do ano”, contando no elenco com o famoso actor Nicolas Cage. Nesta história, uma agente do FBI, interpretada por Maika Monroe, persegue um assassino em série. No percurso acaba por descobrir uma série de pistas ocultas que a levam a desvendar uma onda de assassinatos que deixaram marcas terríveis. O filme tem sido um enorme sucesso, com mais de 20 milhões de dólares nas bilheteiras no fim-de-semana de estreia nos Estados Unidos. Superou mesmo, em receitas de bilheteira, o filme “Hereditário”, tornando-se no filme de terror com maiores receitas de bilheteira da última década. Do terror passamos para a comédia com “Problemista”, exibido esta quarta-feira a partir das 19h30, e com repetição na próxima terça-feira, dia 10 de Setembro, no mesmo horário. Com realização de Julio Torres, escritor do programa “Saturday Night Live” e com a conhecida actriz Tilda Swinton no grande ecrã, o filme não é mais do que uma “comédia distópica de imigrantes americanos”. Na tela, revela-se a história de Alejandro, um “menino da mamã” e designer de brinquedos natural de El Salvador, que viaja para Nova Iorque para realizar o seu “sonho americano”, à semelhança de tantos imigrantes. Porém, perante a possibilidade de ter de deixar os EUA com o fim do visto de trabalho, recorre à mulher de um artista peculiar para ser a sua fiadora. Ao lidar com as exigências estranhas do seu patrão, Alejandro embarca numa aventura surrealista pela cidade de Nova Iorque. História da China O cartaz deste mês completa-se com a exibição de “Black Dog”, exibido pela primeira vez esta quinta-feira e com repetições no domingo, quarta-feira dia 11, sexta-feira 13 e depois no sábado dia 21 de Setembro. Trata-se de um filme que fez furor na edição deste ano do Festival de Cinema de Cannes, obtendo o prémio “Palma de Ouro do Júri” e ganhando na secção “Un Certain Regard” para melhor filme. Em 2008, a personagem principal, Erlang, acaba de sair da prisão e regressa à sua cidade natal, que está repleta de cães vadios. Ao juntar-se a uma equipa de resgate de animais, acaba por adoptar um cão preto, formando-se então laços emocionais fortes entre os dois. Este mês podem ainda ser revistos películas em exibição, nomeadamente “Do Not Expect Too Much From the End of The World”, que repete esta sexta-feira; “Millenium Mambo”, com repetição no sábado; e ainda “Un Actor Malo”, com nova exibição este domingo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaJO | Atletas recebem 16 milhões de dólares de HK em Macau Várias entidades, incluindo familiares de Ma Man Kei, a Fundação Henry Fok e operadoras de jogo doaram um total de 16 milhões de dólares de Hong Kong à comitiva dos atletas chineses que participaram nos Jogos Olímpicos. Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, falou da influência positiva destes atletas no desporto local A comitiva dos atletas olímpicos chineses que passou por Macau nos últimos dias recebeu das mãos do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, um cheque de 16 milhões de dólares de Hong Kong doados por diversas entidades. Os atletas Fan Zhendong, da modalidade do ténis de mesa, e Chen Yiwen, dos saltos para a água, receberam o cheque doado por entidades como a Fundação Henry Fok, familiares do falecido empresário e representante da comunidade chinesa Ma Man Kei e ainda as operadoras de jogo: Galaxy, Wynn Resorts, MGM, Melco, Sociedade de Jogos de Macau e Sands China. No rol de doadores entram também a influente Nam Kwong – União Comercial e Industrial, entre outras empresas. Incluem-se ainda o Banco Luso Internacional, a sucursal de Macau do Banco Industrial e Comercial da China, o Banco Tai Fung ou a Companhia de Telecomunicações de Macau. A delegação foi composta por 65 atletas e ainda oito treinadores de 16 modalidades desportivas. No discurso de recepção aos atletas, Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, destacou as 91 medalhas alcançadas nos últimos Jogos Olímpicos de Paris, com a China a ficar em segundo lugar no quadro das medalhas, logo a seguir aos EUA. Boas influências Ho Iat Seng referiu que os atletas mostraram-se “firmes em busca da medalha de ouro”, tendo “promovido a difusão dos princípios e valores do desporto e interpretado plenamente a imagem chinesa da nova era, o que lhe granjeia um amplo respeito e reconhecimento”. O Chefe do Executivo lembrou a boa influência que estes atletas podem trazer para a prática desportiva local. “Espero que seja impulsionada a integração aprofundada do desporto de Macau no desporto nacional, aproveitando-se as vantagens de recursos técnicos e humanos qualificados nacionais para fomentar o desenvolvimento desportivo e o nível do desporto de Macau”, disse. O governante lembrou também a realização, no próximo ano, da 15ª edição dos Jogos Nacionais. “O Governo da RAEM empenha todos os esforços, participa e colabora nos trabalhos da comissão organizadora, trabalhando de mãos dadas com a província de Guangdong e Hong Kong para juntos, assegurarem a bem-sucedida conclusão dos trabalhos relacionados com os Jogos Nacionais”, referiu. A delegação de atletas chegou a Macau no sábado para uma visita de três dias ao território.
Andreia Sofia Silva EventosTorre de Macau | “Curiouser and Curiouser” para ver até Setembro Chama-se “Curiouser and Curiouser – Excursion in Alice’s Secret Garden” e é uma iniciativa cultural que está de regresso ao piso térreo do Centro de Convenções e Exposições da Torre de Macau até ao dia 20 de Setembro. Com curadoria de Mel Cheong, a quarta edição do evento apresenta espectáculos de mímica, dança, teatro e obras criativas Pode ser vista até ao dia 20 de Setembro, no átrio da Torre de Macau, a nova edição de um projecto artístico com curadoria de Mel Cheong intitulado “Curiouser and Curiouser – Excursion in Alice’s Secret Garden”. Trata-se de uma iniciativa organizada pela Associação Rota das Artes [Route Arts Association” e o Centro de Convenções e Exposições da Torre de Macau, contando com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura. Tendo como base o mundo de “Alice no País das Maravilhas”, pretende-se dar a conhecer o trabalho de diversos artistas de Macau, além desta exposição ser o mote para comemorar o 75.º aniversário de implantação da República Popular da China e o 25.º aniversário da Região Administrativa Especial de Macau. “Esperamos que os artistas de Macau possam também oferecer às crianças locais presentes misteriosos exclusivos sob a forma de criação artística, incluindo música ao vivo, mímica, leitura de livros e oficinas criativas, permitindo que as crianças passem um ano cheio de alegria através deste evento”, refere-se num comunicado da organização. Com este evento, pretende-se “mostrar a criatividade dos artistas locais, de modo a despertar o interesse das pessoas por diferentes formas criativas”. Assim, com “Curiouser and Curiouser”, pretende-se “dar aos artistas a oportunidade de criar e partilhar isso com o público”. Workshops e companhia Além da exposição propriamente dita, “Curiouser and Curiouser” inclui workshops artísticos e de leitura de livros em parceria com a Cooperativa Distância Zero. O objectivo passa por “proporcionar uma experiência diferente de leitura de livros, realizando-se workshops criativos”. Assim, o público pode ver “uma instalação artística misteriosa” e desfrutar de uma “experiência de teatro caloroso com música ao vivo”. Desde o dia 5 de Agosto que esta iniciativa decorre no átrio da Torre de Macau. Todos os domingos realizam-se espectáculos de teatro com música às 15h e 16h, organizando-se também workshops criativos todos os sábados às 14h30 e 16h. Mais concretamente, o espectáculo de mímima com música ao vivo realizou-se, pela primeira vez, no último domingo, repetindo-se nos dias 1, 8 e 15 de Setembro. Haverá ainda sessões de leitura de livros e oficina criativa no dia 31 de Agosto e também nos dias 7 e 14 de Setembro. Além disso, no dia 7 de Setembro irá decorrer um workshop especial de beneficência. Vale tudo para descobrir o maravilhoso mundo de “Alice no País das Maravilhas”, com eventos para crianças e os mais adultos. A entrada é livre para todos os eventos.
Andreia Sofia Silva PolíticaHo Iat Seng fala em “fase crítica” para desenvolvimento económico O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, disse ontem que Macau se encontra actualmente “numa fase crítica para alcançar um desenvolvimento económico diversificado”, sendo o ambiente externo “complexo e volátil”. O governante discursou na sessão de divulgação do espírito da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China, que decorreu ontem no edifício do Fórum Macau e que contou com a presença de outros membros do Executivo. No discurso, o Chefe do Executivo disse ser necessário “identificar, procurar e fazer corresponder as mudanças [a adoptar em Macau] em conformidade com o espírito de reforma da terceira sessão plenária, a fim de promover o desenvolvimento das empresas”. A ideia é “satisfazer as expectativas da sociedade e dos residentes, integrando de forma estreita a situação real de Macau” com os planos do Governo Central. Boas lições Ho Iat Seng, que está de saída do Governo após ter anunciado que não será candidato a um segundo mandato como Chefe do Executivo, disse esperar que as personalidades políticas presentes no evento “continuem a assumir a liderança na divulgação e promoção das reformas” da China, a fim de promover uma maior integração regional do território. “Devemos estudar e aplicar as importantes observações do Presidente Xi Jinping sobre o aprofundamento global da reforma”, sendo que o Governo da RAEM “assumirá a forte responsabilidade de aplicar as decisões e disposições relativas a Macau e tirar pleno partido das vantagens do princípio ‘um país, dois sistemas’ e das suas características únicas”. Pretende-se ainda que Macau se possa desenvolver mais, com estas novas ideias do partido, “como um território internacional que ajuda o país na aceleração do estabelecimento de novos padrões de desenvolvimento”. Ho Iat Seng não esqueceu também a integração com o projecto da Grande Baía, defendendo um reforço “na convergência de regras e mecanismos”, ajudando o país a abrir ainda mais ao exterior.
Andreia Sofia Silva PolíticaChefe do Executivo | Figuras políticas apoiam candidatura de Sam Hou Fai Políticos e dirigentes de associações apoiam a candidatura de Sam Hou Fai apresentada ontem. Kou Hoi In, presidente da Assembleia Legislativa, entende que a corrida às eleições do ex-presidente do Tribunal de Última Instância garante o cumprimento do princípio de “Macau governada por patriotas” Diversas personalidades políticas e dirigentes associativos congratularam a candidatura de Sam Hou Fai, que até há bem pouco tempo era presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) desde 1999, e que saiu do cargo para se candidatar ao cargo de Chefe do Executivo da RAEM. Segundo o jornal Ou Mun, uma das vozes concordantes é a de Kou Hoi In, presidente da Assembleia Legislativa (AL), que acredita que o candidato corresponde ao cumprimento de uma série de princípios políticos como “Um País, Dois Sistemas” e “Macau governada pelas suas gentes”, indo ainda de encontro ao estipulado na Lei Básica e Lei Eleitoral do Chefe do Executivo, sobretudo no que diz respeito à ideia de que Macau deve ser governada por patriotas. Kou Hoi in destacou a imensa experiência na área judicial de Sam Hou Fai, sendo ainda capaz de avançar na construção dos projectos da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, Zona de Cooperação Aprofundada em Hengqin e no próprio fomento da economia local. Por seu turno, Lao Ngai Leong, presidente do Conselho Regional de Macau para a Promoção da Reunificação Pacífica da China, apontou ao mesmo jornal que apoia a candidatura do ex-presidente do TUI. O também membro da delegação de Macau à Assembleia Popular Nacional destacou que o conceito de governação de Sam Hou Fai deverá corresponder ao modelo governativo de Pequim. O responsável destacou também que Sam Hou Fai tem servido Macau há várias décadas e que, com a sua profunda formação jurídica e grande experiência nos tribunais, demonstrou uma liderança e imparcialidade notáveis no período de presidência do TUI. Lao Ngai Leong considera que o ex-presidente do TUI pode levar Macau a obter resultados mais significativos em termos de manutenção da estabilidade social, na promoção do desenvolvimento económico e na melhoria do bem-estar social. Caso seja eleito, Sam Hou Fai poderá, na sua visão, trazer mais vigor ao futuro desenvolvimento sustentável do território, por sempre ter tido uma atitude série e rigorosa de trabalho, incluindo grande experiência em matérias judicial e administrativa. Mais comunicação Por seu turno, o deputado e presidente da Associação Comercial de Macau Chui Sai Cheong espera que Sam Hou Fai elabore um programa político e um conceito de governação, além de reforçar a comunicação com os sectores industrial e empresarial e ouvir as suas opiniões. Chan Hong, ex-deputada e presidente da Associação de Educação de Macau, disse desejar que Sam Hou Fai esteja atento às vozes da população e das suas diferentes classes sociais, bem como dos diversos sectores económicos, para construir consensos. A responsável considera que só assim Sam Hou Fai, caso seja eleito, poderá resolver os problemas que Macau.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteGastronomia macaense | Recursos humanos geram tensão com hotelaria A antropóloga Annabel Jackson dirige hoje uma palestra sobre o “Turismo Gastronómico em Macau: Impacto Económico e Oportunidades” no Sofitel, Ponte 16. Ao HM, a autora destaca a “tensão entre hotéis de luxo e casinos e o panorama gastronómico local”, especialmente no que toca a recursos humanos “Turismo Gastronómico em Macau: Impacto Económico e Oportunidades” é o nome da palestra hoje protagonizada por Annabel Jackson, antropóloga na área alimentar e autora de diversos livros gastronómicos, em particular sobre gastronomia macaense. O evento está marcado para as 09h no hotel Sofitel do empreendimento Ponte 16 e é promovido pela Câmara de Comércio França-Macau no âmbito do ciclo de palestras “FMCC Breakfast Talk Rendez-Vous”. Em declarações ao HM, Annabel Jackson, que reside há várias décadas entre Hong Kong e Macau, destaca que, actualmente, existe “uma tensão em Macau entre o sector dos hotéis de luxo e casinos e a cena gastronómica local”, dada as dificuldades de competitividade perante as concessionárias de jogo, respeitante aos recursos humanos, por exemplo. “Não há dúvida que Macau já é um destino gastronómico, e o próprio Gordon Ramsay o afirmou no início do ano, contando actualmente com 17 restaurantes com estrelas Michelin, incluindo dois com três estrelas. Há chefes de cozinha famosos no território, incluindo portugueses. No entanto, existe uma tensão entre o sector dos hotéis de luxo e casinos e a cena gastronómica local. Como podem os restaurantes locais competir no que respeita a atrair bons funcionários, com economias de escala ou boas localizações?”, questiona. Annabel Jackson alerta também para relatos de que “as receitas estão a cair mês a mês em todas as cozinhas”, existindo ainda “outros problemas, como o facto de os residentes de Macau atravessarem a fronteira para fazer compras e comer, embora Hong Kong enfrente o mesmo problema”, denota. Relativamente à palestra que protagoniza hoje, Annabel Jackson refere que “o turismo gastronómico beneficia as empresas locais e promove o desenvolvimento económico, porque se concentra nos produtos e explorações agrícolas locais”. Além disso, é um sector gerador de emprego “através de efeitos multiplicadores e incentiva a preservação das tradições locais”. A gastronomia pode ainda fomentar “a inovação para reinventar essas mesmas tradições de acordo com as necessidades e os gostos do turista de hoje”. “Comer alimentos locais, ir a mercados de alimentos, ou frequentar aulas de culinária oferece interações culturais únicas, que são muito experienciais, dão uma sensação de autenticidade. O turismo gastronómico dá aos destinos que não têm beleza paisagística uma forma de se promoverem”, explica. Annabel Jackson escreveu mais de uma dezena de livros sobre diversas gastronomias asiáticas, e sobre Macau já tem no currículo: “Taste of Macau: Portuguese Cuisine on the China Coast” ou “The Making of Macau’s Fusion”. A autora escreve também sobre gastronomia em jornais. Gato por lebre Outro ponto destacado pela antropóloga é a falta de uma definição clara do que é verdadeiramente comida macaense. “Macau é, obviamente, o triunvirato das cozinhas portuguesa, macaense e cantonense. No entanto, o problema é compreender e comunicar as diferenças entre elas e as formas adicionais de interação. As comidas macaense e portuguesa estão localizadas, mas como antropóloga alimentar, acho isto fascinante, nomeadamente sobre as formas como as cozinhas ou estilos culinários não são estáticos. No entanto, isso dá origem a confusão.” Annabel Jackson acrescenta que “a investigação académica mostra que mesmo que os turistas do continente tenham assistido a uma exposição itinerante sobre Macau na sua própria cidade, chegam a Macau sem perceber o que estão a comer”. Um dos exemplos apontados ao HM é o de “uma turista que pediu Galinha à Portuguesa, pensando ser o prato mais típico português que poderia provar. Não percebia porque o prato sabia a caril e a leite de coco”. “Como sabemos, o Frango à Portuguesa é, na verdade, um prato macaense, embora outras pesquisas tenham indicado que, na verdade, é cantonês, o Po Kok Gai”, acrescentou. Outro exemplo descrito é o facto de, num hotel, existir “uma selecção num menu com o nome ‘Especialidades Portuguesas e Macaenses’, que pode incluir Camarão Frito Macaense, Bacalhau a Brás e Caldo Verde, sem que haja qualquer indicação de que os dois últimos pratos são portugueses”. “Numa ementa vi o prato Galinha Piri Piri traduzida para inglês como African Chicken. É evidente que os dois pratos não são iguais”, denotou. Recentemente, Annabel Jackson falou de temáticas semelhantes na Fundação Rui Cunha (FRC), sobre “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica”, onde descreveu as grandes influências da comida do Sudeste Asiático na comida macaense, e de como é “redutor quando afirmamos que a comida macaense é uma espécie de fusão da comida portuguesa e chinesa”. “[A gastronomia macaense] não é apenas indicativa de todo o Sudeste Asiático, mas podemos ir até algumas ilhas do Oceano Índico e algumas zonas da África Oriental. Não nos podemos esquecer que a comida macaense é, de certa forma, baseada nos ingredientes chineses locais, como o frango, porco, ovos, alhos, cebolas, azeite, mas é muito mais do que isso”, disse. A autora referiu também que, apesar de Macau ser hoje Cidade Criativa da Gastronomia da UNESCO, há muita confusão em torno da essência de cada prato. “Sinto que com a classificação de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO houve mais reconhecimento, mas, apesar de todo o esforço feito pelo Governo de Macau, a mensagem não está a passar e os turistas não fazem ideia do que é a gastronomia macaense. Se falarmos com chineses locais, também não sabem o que é. Temos uma desconexão quando as pessoas vão a Macau, porque há poucos restaurantes macaenses.” Nesse sentido, a autora clamou por mais apoios públicos para que estes restaurantes permaneçam abertos. Um dos exemplos mais recentes de fecho de um restaurante macaense com história foi a “Cozinha Aida”, fundado por Aida de Jesus e que era ponto de encontro da comunidade local e amantes da comida tipicamente macaense. “Nos últimos oito meses assistimos ao encerramento de dois restaurantes macaenses locais. Tratam-se de espaços que serviam comida autêntica com apenas alguns pratos portugueses, mas na maioria eram macaenses. E penso como é que estes restaurantes podem ter fechado. No caso de Aida de Jesus, ela era a madrinha da cozinha macaense. Porque é que o Governo não apoia os restaurantes macaenses locais ajudando-os a sobreviver, dando-lhes mais recursos?”, inquiriu a autora. Annabel Jackson é mestre em Antropologia da Alimentação pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, estando actualmente a frequentar o doutoramento. Em 2020 lançou um livro pela Hong Kong Free Press, intitulado “The Making of Macau’s Fusion Cuisine – From Family Table to World Stage”, que conclui, entre outros tópicos, que os macaenses que vivem em Macau sentem-se mais próximos da sua cozinha ao invés daqueles que residem no estrangeiro. A obra analisa o relacionamento da comunidade com a sua própria gastronomia, bem como as influências de Malaca nas diversas receitas.
Andreia Sofia Silva PolíticaComunidades | APOMAC elogia fim de “privilégios” no Consulado O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário visitou ontem a sede da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), onde os seus dirigentes denunciaram “dificuldades encontradas aquando do pedido da atribuição da Pensão de Sobrevivência junto da Caixa Geral de Aposentações para os seus associados”. A APOMAC indica em comunicado que “as dificuldades são quase sempre as mesmas, devido à falta de compreensão por parte de quem recebe e analisa o processo para a atribuição da pensão de sobrevivência e, com isso, resultou injustificada demora para as requerentes”. A APOMAC debateu ainda com José Cesário o trabalho do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, que “registou uma melhoria, pelo facto de ter deixado de conceder privilégios a determinadas individualidades”. Os dirigentes da APOMAC pediram ainda que, o fim da concessão desses privilégios “deverá ser extensivo a todas as instituições de matriz portuguesa por uma questão de justiça relativa”. O mesmo comunicado refere que José Cesário tomou “nota de todos os assuntos abordados e revelou de que irá procurar uma solução para alguns dos problemas”.
Andreia Sofia Silva EventosHistória | Centenário da viagem do “Pátria” origina podcast Foi em 1924 que Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia viveram aquela que viria a ser a aventura das suas vidas. A viagem do avião “Pátria” aconteceu há cem anos, ligou pela primeira vez Portugal e Macau por via aérea e, para comemorar essa efeméride, foi criado um podcast produzido pela Força Aérea Portuguesa e pela Universidade do Porto, com o apoio do jornal Público O primeiro episódio intitula-se “Vila Nova de Milfontes – Málaga: sob chuva e vento” e relata os primórdios de uma aventura com cem anos que ficou para a história da aviação portuguesa. É assim o novo podcast sobre o centenário da viagem do “Pátria”, que começou em 1924 e que ligaria, pela primeira vez, Portugal e Macau pelo ar. A produção é da responsabilidade da Universidade do Porto e da Força Aérea Portuguesa, e conta com o apoio do jornal Público. Na introdução ao projecto, lê-se que “foi há cem anos que três portugueses voaram pela primeira vez entre Portugal e Macau, numa altura em que a audácia humana testava continuamente os limites de uma aviação nascente”. Nessa altura, “a viagem transcontinental de Brito Pais, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia, apoiada e seguida atentamente pelos portugueses de então, deixou uma marca na história da aviação”. Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia meteram-se num pequeno avião e a primeira paragem fez-se em Málaga, Espanha, conforme descreve o primeiro episódio de um podcast já com quatro capítulos e que pode ser ouvido na plataforma Spotify. “A cada minuto é preciso fugir aos montes que quase razamos por vezes. Fugir às nuvens. (…) Durante cerca de meia hora, somos forçados a meter-nos proa a su-sudoeste, depois de termos tentado, debalde, romper o temporal que redobra. (…) Finalmente, o mar, enraivecido e cavernoso (…), os últimos contrafortes da serra de Cádiz balaçavam-nos implacavelmente”, descreve o narrador do primeiro episódio quando conta como os aviadores conseguiram ultrapassar a fúria da tempestade. No segundo episódio, intitulado “Málaga – Túnis: calma no Mediterrâneo ocidental”, a “travessia do Mediterrâneo decorre sem grandes problemas”. “Os aviadores sobrevoam as terras argelinas sob domínio francês, fascinados com uma paisagem que não lhes é habitual, e são testemunhas dos esforços de ligar por via aérea os principais centros urbanos do Magrebe – e estes à Europa – e vencer o Saara. Mas subsistem focos de resistência à ação colonizadora francesa”, lê-se na descrição do episódio. Chegada ao deserto No terceiro episódio do podcast já os aviadores vão mais longe na aventura. “Túnis – Trípoli: às portas do Saara” conta como “ainda fascinados pelo exotismo da antiga Túnis, os nossos aviadores recebem notícias dos seus colegas que, um pouco por todo o mundo, querem mostrar a capacidade dos aviões para a realização de viagens de longo curso”. Na viagem, Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia “acompanham a costa tunisina e, do alto, o esplendor do Saara revela-se-lhes pela primeira vez”. Além disso, chegam à chamada “Líbia italiana, onde se mantém um conflito feroz e prolongado entre os colonizadores e as populações locais”. No quarto e último episódio, o foco faz-se na travessia do deserto entre Trípoli, na Líbia, e o Cairo, no Egipto. “Saindo de Trípoli, o ‘Pátria’ segue a costa da Líbia e atravessa a extensão mediterrânea do Saara sob um forte vento, o ‘guibli’, que o envolve numa escaldante tempestade de areia. Mas não tem sucesso na travessia logo à primeira tentativa. Os portugueses chegam a uma Bengazi que é um centro militar, mas também uma cidade colonial em construção, numa região em que a força conjunta de árabes e berberes se opõe tenazmente à colonização italiana. Depois, é de novo o deserto – quente, mas menos ameaçador – até ao delta do Nilo”, é referido na descrição do episódio. Este ano tem sido pautado por diversos eventos comemorativos de uma viagem que marcou a história da aviação portuguesa e que acabou por cair um pouco no esquecimento. No caso de Macau, o centenário da viagem foi celebrado com uma exposição itinerante, a apresentação do livro “De Portugal a Macau, a Viagem do Pátria”, a realização de diversas conferências e o descerramento de uma placa comemorativa. Estas actividades integraram mesmo o cartaz do “Junho – Mês de Portugal” que todos os anos celebra o 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Nova exposição colectiva inaugurada amanhã Vários modos de expressão artística estarão patentes, a partir de amanhã, na galeria da Creative Macau. Na exposição “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21.º Aniversário” cabem 29 participantes, onde se inclui o fotógrafo e arquitecto Francisco Ricarte, o cartunista Rodrigo de Matos ou o designer João Jorge Magalhães Chama-se “Século XXI – Exposição Colectiva de Membros do 21º Aniversário” e é a nova exposição apresentada amanhã na Creative Macau. O público terá a oportunidade de conhecer as obras de 29 artistas locais nas mais diversas modalidades artísticas, incluindo a fotografia de Francisco Ricarte, os cartoons de Rodrigo de Matos, que habitualmente desenha para os jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal; e ainda o design do macaense João Jorge Magalhães. Podem também ser vistas obras do pintor Denis Murrell, radicado em Macau há muitos anos, ou de Elisa Vilaça, especialista no trabalho com marionetas e ligada à Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. Segundo uma nota da Creative Macau, a ideia aqui é revelar vários tipos de estilos artísticos. “Ao longo dos últimos séculos, a arte tem sido classificada em diferentes períodos, estilos e doutrinas, como o Renascimento, o estilo Barroco, a Pop Art, a Arte Contemporânea, entre outros. Estes movimentos artísticos distintos surgiram em resposta aos fenómenos sociais das suas respectivas épocas.” A Creative Macau recorda que “as origens da arte remontam à Idade Paleolítica”, sendo que ao longo dos séculos têm sido vários os movimentos, expressões e meios para desenvolver essa mesma arte. Uma delas foi a era digital e da Internet, influenciando “significativamente a produção criativa dos artistas” e permitindo “que os artistas se ligassem e comunicassem uns com os outros, integrassem diferentes culturas na sua arte e chegassem a um público global”. Arte em rede Com o tema “Rede Criativa no Século XXI”, a exposição da Creative Macau é um reflexo de como “a Internet tem desempenhado um papel vital na indústria cultural enquanto meio de ligação entre as pessoas”. No caso da Creative Macau – Centro das Indústrias Criativas, em particular, em 21 anos de existência “tem estado na vanguarda desta tendência [da ligação em rede da arte], reunindo artistas de várias áreas para partilharem as suas criações com o público e comunicarem entre si”. Uma vez que os 21 anos da entidade se celebram este ano, pretende-se, com esta mostra, “proporcionar uma plataforma para os seus membros partilharem livremente a sua criatividade com o público, através de exposições e outras actividades que organiza todos os anos como um meio de mostrar obras de arte”. Outros artistas que colaboram com esta exposição, e que já expuseram os seus trabalhos na Creative Macau, em mostras individuais ou colectivas, são Ada Mok, Alan Chang, Alice Costa, Angel Chan, Carmen Lei, Christopher Lei, Coco Cheong e David Chio. Destaque também para o nome de Maria João Das, designer de moda que tem vários anos de experiência na área da indústria têxtil e do designer, tendo sido docente nos cursos de moda da Universidade de São José.
Andreia Sofia Silva Grande PlanoEnsino superior | Duas universidades locais constam no Ranking de Xangai Só a Universidade de Macau e Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau constam na edição deste ano do Ranking de Xangai, que a nível mundial é liderado pela Universidade de Harvard e na China pela Universidade de Tsinghua. Hong Kong surge representada na lista com sete universidades No “Academic Ranking of World Universities” do Ranking de Xangai constam apenas duas universidades locais, a Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), em lugares bem mais abaixo das habituais instituições de ensino superior consagradas dos EUA ou Reino Unido. O ranking lista as melhores universidades de todo o mundo. Este ano, a UM ficou no grupo das “301-400” melhores universidades do mundo, posição semelhante à do ano passado. Em 2022, a UM estava uns graus mais abaixo, posicionando-se no grupo das “401-500” melhores do mundo. A UM destaca-se pelas áreas ligadas às ciências e tecnologias, estando no grupo das “201-300” melhores universidades no que diz respeito às áreas da Química e Engenharia Mecânica, enquanto na área da “Electrónica e Engenharia Electrotécnica” está uns lugares bem mais acima, constando no grupo das “51-75” melhores do mundo, tal como na área da “Automação e Controlo”. Na área da “Engenharia de Telecomunicações” a UM está numa melhor posição, em 44º lugar, tal como nas “Ciências Informáticas e Engenharia”, no grupo das “51-75” melhores. A MUST também está, desde o ano passado, numa posição melhor no ranking, ainda que abaixo da UM: está no grupo das “401-500” melhores, quando, em 2022, se situava no grupo das “501-600” melhores. Também nesta instituição de ensino superior privada se destacam as áreas da engenharia e ciências, com a disciplina de “Automação e Controlo” a constar no grupo das “51-75” melhores, enquanto a área da informática e engenharia está no grupo das “101-150”. No caso da área das “Ciências dos Transportes e Tecnologia” a MUST situa-se no grupo das “76-100” melhores, enquanto na área da “Hospitalidade e Gestão Hoteleira” ocupa o grupo das 40 melhores. Também na área do turismo a UM se destaca, mas numa melhor posição, ao constar no grupo das 14 melhores do mundo. Uma vez que a MUST se tem destacado pela aposta na medicina tradicional chinesa, o ranking de Xangai mostra que há ainda alguns passos a dar para um melhor posicionamento a nível internacional, pois na área “Farmácia e Ciências Farmacêuticas” está no grupo das “201-300” melhores do mundo. No caso da UM, que também tem apostado nesta área, está no grupo das “151-200”, enquanto na área de “Saúde Pública” a instituição de ensino superior público está no grupo das “201-300”. É descrito que a UM tem actualmente 12 mil alunos e 650 docentes, enquanto a MUST possui mais do que esse número de estudantes, onde se inclui 3,847 alunos de mestrado e doutoramento, bem como 8,272 alunos de licenciatura. Tsinghua é líder De frisar que as universidades de Macau constam no ranking de cariz global e não no ranking que apenas inclui as universidades chinesas, onde mais uma vez a Universidade Tsinghua lidera, seguindo-se a Universidade de Peking, de Zhejiang e ainda, em quarto lugar, a Universidade de Shanghai Jiao Tong. Em quinto lugar surge também uma outra instituição de ensino de Xangai, a Universidade de Fudan. Já a província de Guandgong é representada pela Universidade de Sun Yat-sen, em 11º lugar. No último lugar, o 594º, surge o Instituto de Ciências e Tecnologia de Shanxi. O Ranking de Xangai destaca também as melhores universidades chinesas por área de ensino. No caso das línguas, a Beijing Foreign Studies University lidera, seguindo-se a Communication University of China, também em Pequim, e em terceiro lugar a Shanghai International Studies University. Na área da saúde, a instituição que lidera é o Peking Union Medical College, situado em Pequim, e que está ligado à gestão do novo Hospital das Ilhas de Macau. Segue-se a Capital Medical University, também em Pequim, e a Southern Medical University, na província de Guangdong. Em quarto lugar surge a Nanjing Medical University, em Jiangsu, ou ainda a Harbin Medical University, no norte do país, na província de Heilongjiang. Para quem deseja estudar na área da economia e finanças, as instituições de ensino superior de topo são a Shanghai University of Finance and Economics, seguindo-se a Central University of Finance and Economics, na capital chinesa. No que respeita às universidades asiáticas no Ranking de Xangai a Universidade Tsinghua está em 22º lugar, seguindo-se, dois lugares à frente, a Universidade de Peking. Em 27º lugar consta a Universidade de Zhejiang, surgindo, logo a seguir, o Japão, com a Universidade de Tóquio. De destacar também a Universidade Nacional de Singapura, em 68º lugar, ou a Universidade de Hong Kong, em 69º lugar, que a nível do território lidera. No caso da região vizinha, constam sete instituições do ensino superior no Ranking de Xangai. Depois da reputada Universidade de Hong Kong surge, em segundo lugar, a Universidade Cidade de Hong Kong, a Universidade Chinesa de Hong Kong e ainda a Universidade Politécnica de Hong Kong em quarto lugar. Seguem-se a Universidade de Ciências e Tecnologia, a Universidade Baptista de Hong Kong e a Universidade de Educação de Hong Kong. A Universidade Chinesa de Hong Kong em Shenzhen também entra no ranking. Seis indicadores Publicado pela primeira vez em 2003, o Ranking de Xangai, com o nome original de “Academic Ranking of World Universities (ARWU), foi editado pelo Center for World-Class Universities da Graduate School of Education da Universidade Shanghai Jiao Tong. Desde 2009 que o ranking é publicado, e protegido em termos de direitos de autor, pela consultora Shanghai Ranking Consultancy. Segundo o portal do ranking, esta é uma “organização totalmente independente no domínio da informação sobre o ensino superior e não está legalmente subordinada a quaisquer universidades ou agências governamentais”. Em termos metodológicos, são usados seis indicadores para classificar as universidades, nomeadamente “o número de antigos alunos e funcionários que ganharam prémios Nobel e Medalhas Fields, o número de investigadores altamente citados selecionados pela Clarivate, o número de artigos publicados nas revistas ‘Nature’ e ‘Science’, o número de artigos indexados no ‘Science Citation Index Expanded’ e no ‘Social Sciences Citation Index'”, no portal académico “Web of Science”. É também analisado “o desempenho per capita de uma universidade”, sendo que “mais de 2500 universidades são efectivamente classificadas” pelo ranking todos os anos, sendo que “as 1000 melhores são publicadas”. Tal explica que, no caso de Macau, apenas a UM e a MUST se destaquem, embora a Universidade Cidade de Macau também tenha sido classificada. Esta apenas surge, relativamente a 2023, no grupo das “51-75” melhores universidades na área da “Hospitalidade e Gestão de Turismo”, sendo parca a informação adicional disponível. Não há mais instituições de ensino locais presentes no ranking. De referir que Portugal tem apenas seis universidades no Ranking de Xangai, com a Universidade de Lisboa a liderar, seguindo-se a Universidade do Porto, de Aveiro, da Coimbra, do Minho e ainda a Universidade Nova de Lisboa.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGrupo Wai Hung | Investigação por fraude e falsificação enreda Rita Santos A Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong anunciou uma operação em Macau, pela Polícia Judiciária, relacionada com suspeitas de crimes. Rita Santos e o deputado Wu Chou Kit são directores independentes não-executivos do grupo. A conselheira afirma não estar envolvida nem ter sido contactada pelas autoridades O Grupo Wai Hung, cotado na Bolsa de Hong Kong e com representação em Macau, está a ser investigado pela Comissão Independente Contra a Corrupção de Hong Kong (ICAC, no acrónimo em inglês) por suspeitas de fraude e falsificação de documentos que se estendem a Macau. A investigação foi divulgada pela ICAC, e contou com uma operação simultânea da Polícia Judiciária (PJ) em Macau. No comunicado emitido na quarta-feira, o grupo não surge identificado. Contudo, a identidade foi revelada por vários órgãos de comunicação social de Hong Kong. Também desde segunda-feira, dia em que as rusgas terão começado, que a compra e venda de acções do Grupo Wai Hung está suspensa. No comunicado emitido na bolsa de Hong Kong a anunciar a suspensão da compra e venda de acções, o grupo prometia mais informações no futuro, sem mencionar a investigação. O Grupo Wai Hung tem ligações a Macau, onde terá sido responsável pelas renovações do interior de salas de junkets, lojas, restaurantes. Além disso, surgem identificados no portal do grupo como directores independentes não-executivos Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas e presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), e Wu Chou Kit, deputado nomeado por Ho Iat Seng e presidente da Associação dos Engenheiros de Macau. Rita Santos, no relatório com os resultados de 2020, surge ainda identificada como presidente da comissão de auditoria da empresa. Também Wu Chou Kit é membro da comissão. “Vou processar o jornal que escreveu que eu estou envolvida nisto. Já estou a arranjar um advogado […] Não tem a ver com os administradores não executivos, hoje [ontem] é que tive conhecimento disso […]. Não estou envolvida”, afirmou Rita Santos, quando foi contactada pelo HM sobre a investigação ao grupo. “Não fui contactada”, esclareceu, quando questionada se tinha sido abordada pela PJ. Posteriormente, a conselheira enviou um comunicado ao HM reafirmar a sua posição: “Sou meramente uma dos três directores independentes não executivos da referida empresa cotada na bolsa de Hong Kong e só hoje [ontem] tive conhecimento das notícias de investigação pelas autoridades de Macau e de Hong Kong através da reunião on-line do Board Meeting. Não tenho nada a ver com esta investigação”. Por sua vez, Wu Chou Kit manteve-se incontactável durante o dia de ontem, com o telemóvel aparentemente desligado. Transacções fictícias Segundo a informação do ICAC, os dirigentes do grupo presidido por Li Kam Hung, terão alegadamente relatado “transacções fictícias” e “falsificado a contabilidade”, num valor aproximado de 120 milhões de dólares de Hong Kong. Os alegados crimes terão acontecido na RAEHK e em Macau. A operação denominada “demarcação” resultou em sete detenções em Hong Kong, entre os quais o presidente do grupo, assim como vários administradores, que não surgiram identificados. “A investigação revelou que alegadamente o presidente da companhia cotada em bolsa e outros indivíduos falsificaram registos comerciais e de contabilidade ligados às sucursais em Hong Kong e Macau, ao mesmo tempo que as contas a receber pela empresa, superiores a 113 milhões de patacas, foram reduzidas”, indicou o ICAC. “Alegadamente os envolvidos falsificaram documentos e os registos da contabilidade para esconderem a apropriação de mais de 9 milhões e dólares de Hong Kong em fundos do grupo”, foi acrescentado. Operação em Macau O comunicado do ICAC revela também que na quarta-feira, devido aos crimes investigados, a Polícia Judiciária foi para o terreno, dado que se suspeita que parte dos factos aconteceram em Macau. O ICAC sublinha que esta foi a primeira operação simultânea deste género entre as duas regiões administrativas especiais. “A operação conjunta demonstra totalmente a colaboração estreita e a determinação das agências das duas cidades na luta contra a corrupção transfronteiriça e outros crimes, para manter um ambiente de negócios limpo, justo e um funcionamento eficaz dos mercados financeiros”, afirmou Ricky Yau Shu-chun, vice-comissário do ICAC e chefe das operações, em comunicado. “O ICAC vai continuar a trabalhar com outras agências de aplicação da lei para combater a corrupção e outras actividades ilegais, e trazer os criminosos locais e transfronteiros à justiça”, frisou. O HM contactou a PJ para confirmar a operação revelada pelo ICAC, mas as autoridades de Macau após afirmarem não ter, “de momento”, qualquer informação para divulgar, enviaram ao fim do dia um comunicado às redacções (ver caixa). De acordo com o relatório e contas de 2020 do Grupo Wai Hung, o mais recente disponível do website, a empresa apresenta cinco sucursais com sede em Macau e mais duas empresas a operar na RAEM. As empresas com sede na RAEM são a Companhia de Construção New Wai Hung, Keng Chuan, WHHE (Macau), WHHDD e Yiu Kwong Decoration Engineering (Macau). As duas outras empresas com actividade declarada em Macau, e com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, são Splendor Haze Limited e Loyal Auspicious Limited. PS exige saída de Rita Santos caso se confirmem suspeitas A secção do Partido Socialista (PS) emitiu ontem uma nota sobre o caso que envolve Rita Santos, pedindo a suspensão do mandato como conselheira das Comunidades Portuguesas caso as suspeitas se confirmem. “A comunidade portuguesa residente em Macau foi surpreendida por notícias graves que envolvem a Conselheira para as Comunidades Portuguesas, alegadamente associando-a a investigações de combate a fraude financeira dirigidas pelas autoridades de Hong Kong e Macau. Aliás, a notícia menciona que a Conselheira é uma das principais visadas.” Na mesma nota, é referido que este Conselho “é um órgão de consulta do Presidente da República Portuguesa e do Governo português devendo, por isso, ser intocável na sua honorabilidade e deve manter-se alheio a qualquer suspeita. A confirmar-se [a suspeita], a Conselheira das Comunidades Portuguesas para a região da Ásia e Oceânia deve de imediato pedir a suspensão do seu mandato até que estejam concluídas as investigações”, conclui-se. PJ sem detenções A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem uma nota onde refere, sobre o caso que envolve Rita Santos, que “já tinha aberto uma investigação sobre o caso”, tendo contactado “recentemente a Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong e o Comité de Supervisão dos Valores Mobiliários e Futuros”. Posteriormente foi lançada a operação conjunta com o nome “Demarcação”, sendo que, até à data, ninguém foi detido nem “foram divulgadas mais informações”, é referido.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteEleições CE | Saída de Ho Iat Seng, por motivos de saúde, encarada com “surpresa” Com a saída de Ho Iat Seng da corrida às eleições para ser o próximo Chefe do Executivo, o presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, parece ser o senhor que se segue. Jorge Fão destaca o facto de, pela primeira vez, poder surgir um candidato que não é empresário, mas funcionário público Ao cair do dia desta quarta-feira a vida política de Macau sofreu um volte face. Ho Iat Seng, que todos esperavam ser novamente candidato ao cargo de Chefe do Executivo para um segundo mandato, renuncia por questões de saúde. É a primeira vez na história da RAEM que um Chefe do Executivo não cumpre o segundo mandato de cinco anos, ao contrário do que aconteceu com Edmund Ho e Chui Sai On. Sem Ho Iat Seng, os olhares estão depositados na possível candidatura de Sam Hou Fai (ver página 4). Ao HM, Jorge Fão, ex-membro da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo (CECE), destaca a importância de, pela primeira vez, não ser um empresário a subir ao mais elevado lugar no pódio político da RAEM. “Dos [candidatos] que se vão posicionar vejo que o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI) tem mais hipóteses. Há dias perguntaram-me sobre esta possibilidade [de Sam Hou Fai concorrer], mas não acreditei. Porém, com Ho Iat Seng afastado, vejo que tem fortes possibilidades de avançar”, disse. Para Jorge Fão, “é altura de entrar um funcionário público e não um empresário. É o mesmo que está a acontecer em Hong Kong”, destacou. “Sam Hou Fai é um homem experiente, e deve ser uma pessoa da alta confiança do Governo Central, não tendo feito um mau trabalho no exercício das suas funções como juiz. Tem experiência de vida e profissional, mas falta-lhe experiência ao nível da Administração pública e nas áreas económica e política.” Porém, Jorge Fão acredita que, no que diz respeito a questões económicas, “o Governo Central vai ajudar, bastando conceder mais quotas de viagem da China para Macau”. “É sempre bom ser uma pessoa da área da justiça, o que dá a entender que o Governo será mais transparente e que haverá menos corrupção, embora seja importante que não se exagere nesse controlo com recurso à justiça, pois pode asfixiar tudo o resto, nomeadamente o trabalho de associações. Não pode ser uma governação apenas centrada no Direito.” Jorge Fão, que ficou de fora nestas novas eleições para a CECE, considera ter ficado surpreendido com o anúncio de Ho Iat Seng. “Foi uma surpresa para muitos e para mim também, porque todos os Chefes do Executivo fizeram dois mandatos desde a fundação da RAEM. Ele esteve fora cerca de 40 dias, tem problemas de saúde, e além disso já não é assim tão novo.” Cedo para balanços Na nota divulgada ao final da tarde de quarta-feira, Ho Iat Seng assumiu que as questões de saúde são a razão para não ser novamente candidato. “Devido a problemas de saúde ainda não totalmente resolvidos, a bem do desenvolvimento a longo prazo de Macau e partindo do que corresponde ao melhor interesse desta região, decidi não participar na eleição para o sexto mandato do Chefe do Executivo.” Ho Iat Seng, que foi empresário e deputado, tendo presidido também à Assembleia Legislativa, garantiu que irá dar “todo o apoio ao Chefe do Executivo do sexto mandato e ao Governo da RAEM nas acções governativas em cumprimento da lei”, além de contribuir para a manutenção do princípio “Um País, Dois Sistemas” e o desenvolvimento de Macau. Ao HM, o economista José Sales Marques disse ser cedo para fazer balanços. “Desejo-lhe uma rápida e completa recuperação. O Dr. Ho Iat Seng, cujo mandato ainda não terminou, tem vindo a governar Macau durante o período mais difícil da RAEM, demonstrando grande dedicação à causa pública. Ainda é demasiado cedo para se fazer qualquer balanço.” Outra voz que já comentou o afastamento de Ho Iat Seng foi o deputado Pereira Coutinho. Na sua página oficial de Facebook, o deputado disse tratar-se de uma decisão “previsível”, com um “‘timing’ apropriado e adequado”, tendo em conta que “a actual situação económica é grave e muitos residentes estão desempregados ou a trabalhar em tempo parcial”. Há ainda “muitas questões sociais por resolver”, sendo que, para o deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, “a moral dos trabalhadores da função pública é a mais baixa de sempre”. “O futuro Chefe do Executivo tem muitos desafios pela frente e tudo dependerá da sua capacidade de visão, competência, integridade, sentido de justiça e capacidade de liderar uma equipa de titulares dos principais cargos públicos com o objectivo de elevar a qualidade de vida dos cidadãos”, adiantou. Visão de jogo O ex-deputado Au Kam San adoptou uma posição mais crítica em relação a esta alteração no cenário eleitoral. Nas redes sociais, escreveu que a desistência de Ho Iat Seng pouco interessa à população, uma vez que o Chefe do Executivo é eleito por uma comissão com apenas 400 pessoas, no contexto de uma população com quase 700 mil. “Porém, como o Chefe do Executivo não será apenas Chefe do Executivo de um pequeno círculo de 400 conselheiros, é inevitável prestar atenção ao impacto social da eleição.” Segundo o portal GGRAsia, a correctora Seaport Research Partners adiantou que não se esperam “quaisquer alterações materiais” no sector do jogo com esta mudança de fundo nas eleições. Vitaly Umansky, analista da Seaport, disse numa nota divulgada ainda na quarta-feira que o anúncio não foi “surpreendente, uma vez que Ho tem manifestado preocupações de saúde há algum tempo e teve uma licença prolongada em Julho”. “Nesta fase, não existe um candidato óbvio para o cargo, mas esperamos que o eventual Chefe do Executivo venha de dentro da Administração governamental”, afirmou, dizendo ainda que “é muito certo que o status-quo será provavelmente o principal motor do novo Chefe do Executivo, com a continuação dos principais objectivos políticos”, incluindo “o apoio à indústria do jogo e da hotelaria”. Na mesma nota é referido que o próximo candidato e potencial vencedor “será totalmente examinado e aprovado pelo Governo Central”, chegando ao cargo “com uma forte experiência no Governo de Macau e uma compreensão da importância da indústria do jogo e da hotelaria para o bem-estar económico e o desenvolvimento futuro de Macau”. A correctora avançou com alguns nomes, tal como o actual secretário para a Administração e Justiça, André Cheong Weng Chon; o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak; nomes que, de resto, também foram apontados por Jorge Fão ao HM como possibilidade. A Seaport previu ainda a candidatura de uma pessoa “mais recentemente mencionada nos meios de comunicação social locais”, Sam Hou Fai. Beco sem saída Na corrida ao cargo de Chefe do Executivo há ainda outro nome nas margens das elites políticas, Jorge Chiang que terá poucas possibilidades de obter o mínimo de 66 votos da comissão eleitoral para se qualificar como candidato. Jorge Chiang preside à Associação de Institucionalismo de Macau e Associação Comercial de Lotus de Macau, sendo, porém, pouco conhecido nos habituais meios políticos. “Nasci em Macau. A minha família vive cá há muitos anos, desde a década de 1940. Estudei áudio, iluminação e telecomunicações e trabalhei na área financeira tanto na China, como no exterior. Durante a juventude, trabalhei no Centro Diocesano dos Meios de Comunicação Social. Sou católico”, afirmou ao HM na altura em que divulgou nas redes sociais que seria candidato a líder do Governo. Em toda a história das eleições para Chefe do Executivo da RAEM só houve, no primeiro acto eleitoral da era RAEM, um segundo candidato, tendo Stanley Au perdido contra Edmund Ho. Tudo indica que está por dias a oficialização de candidatura de Sam Hou Fai, até porque o período de apresentação de candidaturas arranca na próxima quinta-feira, 29 de Agosto, terminando a 12 de Setembro. As eleições estão agendadas para 13 de Outubro, sendo que a tomada de posse do novo Chefe do Executivo acontece em Dezembro, por altura do 25º aniversário da transferência da administração portuguesa de Macau para a China.
Andreia Sofia Silva PolíticaSecretário de Estado chega a Cantão este domingo Já é conhecida a agenda oficial de José Cesário, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas do Governo português, que fará um périplo por Cantão, Macau e Hong Kong. Numa nota enviada às redacções, é referido que Cesário chega a Cantão este domingo, reunindo no Consulado-geral de Portugal em Cantão com a comunidade portuguesa residente na cidade chinesa. Na segunda-feira, dia 27, ainda em Cantão, decorre um encontro com a PorCham – Câmara de Comércio e Indústria de Portugal na China, e ainda um encontro com empresários da comunidade portuguesa de Cantão. José Cesário dará ainda uma conferência de imprensa para os media locais no Liurong Building. Na terça-feira, e já em Macau, seguem-se os encontros com os conselheiros das comunidades portuguesas, a direcção da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, presidida por Carlos Álvares, uma visita ao Consulado e ainda um encontro com Jorge Fão e Francisco Manhão, dirigentes da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC). Medalhas entregues Destaque ainda para a entrega, na terça-feira, das Medalhas de Mérito das Comunidades Portuguesas a Anthony Stephen da Cruz e ainda, a título póstumo, a Wu Zhiwei, CEO e fundador do Grupo Quinta da Marmeleira, recentemente falecido. Na quarta-feira, 28 de Agosto, a agenda oficial faz-se com uma visita à sede do Banco Nacional Ultramarino e uma reunião com o seu presidente do conselho de administração, Carlos Álvares; uma visita à Fundação Oriente e encontro com a sua delegada, Catarina Cottinelli; e a deslocação à Santa Casa da Misericórdia de Macau. Aí irão decorrer encontros com o seu provedor, António José de Freitas. Ainda nesse dia está agendada uma visita ao Instituto Internacional de Macau. A visita termina na quinta-feira, 29, com uma visita à Universidade de São José, sendo que a comitiva de José Cesário deslocar-se-á a Hong Kong. Aí irão decorrer reuniões com Tony Cruz, do Hong Kong Jockey Club, e um encontro com a comunidade no histórico Club Lusitano de Hong Kong. A visita oficial de José Cesário a Cantão, Macau e Hong Kong estava prevista para Junho, mas foi adiada por “motivos familiares”. Sendo um nome bem conhecido do território, por ter sido secretário de Estado das Comunidades Portuguesas durante vários anos, Cesário faz agora a sua primeira visita no contexto do novo Governo português liderado por Luís Montenegro.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteAviação civil | Pereira Coutinho alerta para atraso na proposta de lei Pereira Coutinho alerta para o atraso na aprovação da proposta de lei que irá regular a aviação civil, que promete acabar com o monopólio da Air Macau. Na sessão de balanço do último ano legislativo, Coutinho voltou a pedir apoios sociais para idosos e cartão de consumo e lamentou a tendência de rejeição de debates na AL Os deputados José Pereira Coutinho e Che Sai Wang destacaram ontem a demora no avanço da proposta de lei de aviação civil, que continua a ser analisada na especialidade na terceira comissão permanente da Assembleia Legislativa desde Junho de 2023. Coutinho, que faz parte da comissão parlamentar, deixou o alerta para a necessidade de maior celeridade no processo, pois existe o risco de a proposta de lei expirar caso não seja votada na especialidade até final deste ano. A opinião foi partilhada durante a conferência de imprensa para apresentar o balanço da 3ª sessão legislativa da VII legistura, que se realizou ontem na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “Temos a [proposta] lei de aviação civil, que está em banho-maria, porque não querem acabar com o monopólio das rotas aéreas. O secretário estendeu [o período de concessão da Air Macau], de forma injustificada, por mais três anos, e aquilo vai continuar em banho-maria. Não sabemos qual é o ponto de situação. Faço um apelo porque o actual monopólio tem de acabar, porque há várias actividades económicas em regime de monopólio, como as cargas, os serviços ou estacionamento das avionetas”, disse. Ainda na área da aviação civil, o deputado referiu que o Aeroporto Internacional de Macau “praticamente só tem voos domésticos”. “Queremos que mais companhias aéreas voem directamente para Macau, e esperávamos melhorias com a segunda pista, o que, infelizmente, parece não estar a acontecer”, referiu. Ainda no que diz respeito ao trabalho das comissões permanentes da AL, Pereira Coutinho destacou que “há quatro propostas de lei extremamente importantes que ainda não foram aprovadas”, sendo que, na terceira comissão, há a revisão do Código Tributário, “que tem barbas brancas, pois há dois anos que está na comissão”. Em matéria da proposta de lei da contratação pública, na primeira comissão permanente, Coutinho acrescentou que “uma questão que se tem agravado são os ajustes directos, incluindo a realização de consultas públicas”. “Achamos que é uma actividade que deveria ser feita por concurso público. Mesmo em situações em que, de facto, há urgência de fazer certas obras em que apenas alguns empreiteiros têm capacidade técnica para as fazer, tem de se fundamentar melhor os ajustes directos, e isso não está a acontecer”, disse. AL não cumpre No último ano de trabalho legislativo, a dupla de deputados apresentou um total de 119 documentos, 84 interpelações escritas, 26 intervenções antes da ordem do dia nos debates, quatro perguntas ao Chefe do Executivo e ainda duas propostas de debate. Sobre este ponto, Pereira Coutinho admitiu sentir-se “sozinho”, por ser dos poucos deputados que faz pedidos de debate, os quais foram todos rejeitados nos últimos anos. “Posso dizer que tenho sido o campeão das propostas de debate ao longo dos últimos anos. E estas são rejeitadas por irresponsabilidade dos colegas deputados. Ultimamente, apresentei propostas de debate diferentes daquelas apresentadas pelos meus colegas deputados, optando pela não presença dos membros do Governo, a fim de haver um debate interno sobre questões essenciais que afectam Macau, como o emprego, carestia de vida ou problemas com as concessionárias de jogo.” Porém, lembrou, “as propostas foram rejeitadas, o que nos permite chegar à conclusão que a AL, na sua maioria, não gosta de debater assuntos públicos, e isto é lamentável”. Ainda sobre o trabalho no hemiciclo, o deputado lamenta que “não esteja a cumprir o seu dever de fiscalização da actividade governativa”. “Basta ver a reprovação da maioria dos debates que apresentámos, e depois nas interpelações não respondem como deve ser, e muitas questões que fazemos não são obtidas respostas directas. Isso acontece também com as interpelações escritas que apresentamos, cujas respostas nada têm a ver com as questões que foram feitas. Isso obriga-nos a repetir as interpelações escritas”, apontou. De resto, Pereira Coutinho apontou o dedo à “qualidade da governação pública”, pois existe “o problema de o Governo não gostar de ouvir os cidadãos”. “Veja-se que tivemos uma oportunidade, durante um ano, para expor os problemas e pedir ajuda para os resolver. Nunca fomos solicitados nem eles [membros do Governo] se interessaram por contar connosco ou aceitam encontros que propomos, nomeadamente com os secretários.” Além disso, foi referido que “a participação pública é fraca”. “Raramente somos convidados para participar em questões importantes, tirando as performances das consultas públicas. Damos a nossa opinião, mas não sabemos qual é o resultado disso. Se aceitam umas e não aceitam outras, e não justificam nem fundamentam”, acrescentou o legislador. O regresso do cartão Em matéria de apoios sociais, os deputados voltaram a pedir mais dinheiro para idosos, lamentando que estes tenham apenas como montante mensal garantido o da reforma, de apenas 3.740 patacas por mês, que “não chega para viver em Macau”. “Várias vezes pedimos para serem actualizadas as pensões e subsídios para idosos, pois neste momento as 3.740 patacas não chegam para se viver em Macau. O Governo responde que há a compensação pecuniária e subsídios, mas isso é discricionário, porque o único montante que está fixo é o da pensão. O exemplo mais paradigmático de que o Governo corta nos subsídios foi o caso da suspensão da injecção de sete mil patacas nas contas individuais de previdência nos três anos de pandemia.” Coutinho defendeu novamente o regresso do cartão de consumo no valor de oito mil patacas “para aliviar o sofrimento das famílias com mais dificuldades”. Ainda em matéria social, o deputado e presidente da ATFPM destacou que “é muito difícil encontrar trabalho em Macau”, pois “todos os empregos são a tempo parcial”. Neste contexto, Pereira Coutinho lembrou que muitos jovens optam por cursos do ensino superior que têm baixa taxa de empregabilidade no território, pedindo a intervenção do Governo nesta matéria. Além disso, o deputado salientou a ocorrência de muitos casos de suicídio no território, causados por bullying em escolas e empresas e ainda por dificuldades financeiras. No que diz respeito ao sector do jogo, Coutinho destacou os já anunciados investimentos na Ásia, nomeadamente a consulta pública sobre a nova lei do jogo na Tailândia, e a necessidade de Macau saber reagir. “Os cidadãos do Interior da China podem deslocar-se a Singapura sem necessidade de visto. Os próximos dez anos vão ser cruciais. Nos países árabes vão legislar o jogo, temos a presença da MGM no Japão e na Tailândia estão a legislar sobre o sector, com o interesse de duas operadoras que têm presença em Macau. Macau cada vez está pior e estão-nos a cortar os pés e as mãos. É referido que o segmento não-jogo vai resolver os nossos problemas, e pergunto: a indústria não-jogo, quantos impostos paga? As despesas públicas do Governo estão a aumentar ano após anos.” Outra matéria apontada por Coutinho prende-se com a legislação do artigo 42 da Lei Básica a fim de assegurar a não descriminação em relação à comunidade portuguesa. “Gostaria que, no futuro, o Chefe do Executivo cumprisse a promessa de regulamentar o artigo 42 da Lei Básica que tem a ver com os usos e costumes da comunidade portuguesa. Depois de 25 anos [da transição de Macau], é altura de existir uma lei que permita que não sejamos discriminados em vários aspectos, como nos pedidos de subsídios e na inscrição em locais para a realização de actividades das comunidades portuguesa e macaense.” O referido artigo da mini-constituição da RAEM determina que “os interesses dos residentes de ascendência portuguesa em Macau são protegidos, nos termos da lei, pela Região Administrativa Especial de Macau”, pelo que “os seus costumes e tradições culturais devem ser respeitados”.
Andreia Sofia Silva SociedadeTelemóveis | SmarTone deixa de providenciar serviços A SmarTone decidiu deixar de providenciar o serviço de telecomunicações móveis, renunciando, assim, à sua licença de operação da rede 4G, não renovando também a actual licença de 3G. Segundo uma nota publicada pela empresa no website, a decisão de “cessão da prestação de serviços de comunicações móveis em Macau” foi feita “após uma análise comercial exaustiva”, sendo que foi estabelecido um acordo com a CTM para que os clientes passem para esta operadora. Assim, os clientes que ainda têm contratos de telecomunicações móveis com a SmarTone foram ontem notificados via SMS sobre “as disposições relevantes, incluindo a data de substituição do cartão SIM e outros pormenores”. Os cartões SIM serão substituídos entre hoje e o dia 31 de Outubro. Na mesma nota, a SmarTone “agradece sinceramente aos seus clientes pelo seu apoio e confiança constantes”, sendo que, num comunicado difundido pelo Governo, a empresa ter-se-á comprometido a “tratar os trabalhadores e respectivos contratos de trabalho de acordo com a Lei das Relações de Trabalho, coordenando [a situação] com a CTM para proporcionar oportunidades de emprego aos actuais trabalhadores”. O mesmo comunicado refere também que a Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações “acompanhará de perto e supervisionará todo o processo de transição para garantir uma conclusão bem-sucedida”.
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Veneza | Académica destaca presença da timorense Maria Madeira Leonor Veiga, crítica de arte e curadora, acaba de publicar um artigo académico de análise ao trabalho de Maria Madeira, a primeira artista timorense a participar na Bienal de Arte de Veneza, onde aponta que, a partir de agora, as atenções do mundo estarão mais viradas para o panorama artístico do país. “Kiss and Don’t Tell”, o projecto de Maria Madeira, pode ser visto até Novembro na icónica cidade italiana Qual a importância da estreia de uma artista timorense naquela que é a mais antiga bienal de arte do mundo, mas também uma das mais influentes? Pela primeira vez, Timor-Leste faz-se representar na Bienal de Arte de Veneza com a artista Maria Madeira e o projecto “Kiss and Don’t Tell”, patente num pequeno pavilhão. Leonor Veiga, curadora, crítica de arte e ex-residente de Macau, acaba de publicar na revista académica “Third Text – Critical Perspectives on Contemporary Art and Culture”, um artigo que analisa a importância da presença inaugural de Maria Madeira nesta bienal, não só para ela própria como artista, mas também para o país que representa. No artigo “‘Don’t Kiss and Tell’: The work of Maria Madeira in the Timor-Leste pavilion at the 2024 Venice Biennale”, Leonor Veiga começa por lembrar que “Timor-Leste é um país novo, onde o ecossistema artístico (educação, espaços, mercado e público) ainda não está totalmente desenvolvido”. A Arte Moris – Escola Livre de Arte, a primeira a ser criada no país, acabou por ser desmantelada em 2022 no contexto da covid-19. Tratou-se de um acontecimento que levou a uma “revolta dos estudantes”, que foi “dramática”. Porém, a presença da artista timorense na Bienal de Veneza pode agora espoletar novos rumos, “apesar da fragilidade do ecossistema artístico local”. “É de esperar que, após uma primeira interacção bem-sucedida, o regresso de Timor-Leste à Bienal de Veneza demonstre mais arte timorense”, descreveu. Leonor Veiga destaca que “Timor-Leste tem uma comunidade artística próspera, que inclui várias gerações de artistas”, mas “não tem um museu e uma escola de arte”, pelo que “dar o salto para um local altamente reputado e profissional como a Bienal de Veneza é de celebrar, pois ilustra um sentimento de orgulho e entusiasmo nacional”. Assim, “espera-se que esta participação na Bienal de Veneza contribua para a restauração do ecossistema artístico local, ao mesmo tempo que desempenha um papel na pacificação da geração de artistas Arte Moris”. Caminho de activismo Maria Madeira começou a pintar nos anos 90 e desde então que tem feito da arte uma forma de activismo, conforme destaca o artigo de Leonor Veiga, que recorda que Maria Madeira começou por ser “uma voz contra a ocupação indonésia, desde o seu regresso a Timor-Leste, em 2000”, tendo-se tornado numa “voz das mulheres”. Com “Kiss and Don’t Tell”, apresentado num pavilhão localizado num palacete do século XVI, Maria Madeira prestou homenagem “a um dos grupos de pessoas mais afastadas do país, as mulheres timorenses anónimas que sofreram violência sexual às mãos dos militares indonésios” durante os anos de ocupação de Timor-Leste pela Indonésia, entre 1975 e 1999. Maria Madeira deu início, assim, ao trabalho de “Kiss and Don’t Tell” no ano de 2000, um projecto desenvolvido progressivamente até 2023. A presença na Bienal de Veneza permitiu-lhe concluir o trabalho. Assim, conforme descreve Leonor Veiga no artigo, “nos primeiros tempos, [Maria Madeira] tinha curiosidade em conhecer a cultura do país e, por isso, o uso da noz de bétel e a tecelagem de tais foram-lhe naturais”. Porém, ao tomar conhecimento das antigas salas de tortura, a artista “mudou o rumo do seu activismo, no sentido da ausência de referências ao contributo das mulheres para a resistência”. “Hoje, como me contou em Veneza, está a tentar localizar sepulturas de mulheres timorenses que, estranhamente, parecem não existir. Isto demonstra como a desigualdade é galopante, mas como através do seu trabalho artístico e académico a artista está a tentar dissecar as injustiças sociais. Como tal, a apresentação (…) para a Bienal de Veneza não pode ser desligada das suas origens como activista”, pode ler-se. Relativamente à escolha do local de exposição, “corresponde perfeitamente à dimensão do país”, mas “em contraste directo com essa escala está a profundidade do conteúdo apresentado, que, embora extremamente local devido à sua relação direta com uma história real timorense, transmite um problema global: o das violações dos direitos humanos contra as mulheres, e particularmente as que resultam de histórias de conflito de guerra, ocupação e colonização”, destaca-se no artigo. Para Leonor Veiga, o trabalho de Maria Madeira “está à altura da história”, pois “mulheres timorenses precisavam de ser resgatadas da invisibilidade; precisavam de escapar às salas de tortura e de ser consagradas”. Desta forma, “um palácio veneziano do século XVI é uma boa opção para esse fim”. A Bienal de Veneza, que termina a 24 de Novembro, conta ainda com um espaço dedicado a Macau, que se faz representar com a exposição “Acima de Zobeida”, de Wong Weng Cheong, com curadoria de Chang Chan. O trabalho pode ser visto no Instituto Santa Maria della Pietà, em Veneza. Esta é uma instalação inspirada na obra “As Cidades Invisíveis”, de Italo Calvino, que aborda a cidade fictícia de Zobeida. Segundo a apresentação oficial da exposição, “Wong Weng Cheong mergulha, com este projecto, numa exploração da crise escondida da mutação”, apresentando “um mundo ficcional situado numa zona acima das ruínas de uma cidade, habitado exclusivamente por um grupo de herbívoros com pernas alongadas”.
Andreia Sofia Silva SociedadeJogo | Croupiers são menos, mas ganham mais Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que houve uma redução de 0,9 por cento do número de croupiers em funções entre o segundo trimestre deste ano e o do ano passado, sendo que, actualmente, existem 23.467 pessoas a desempenhar essas funções, menos 208 em termos anuais. Apesar da quebra, os salários dos croupiers aumentaram 6,5 por cento, sendo actualmente o valor médio de 21.600 patacas, devido “à ascensão salarial e aumento do número de horas de trabalho”. No total, o sector dos jogos de apostas e lotarias tinha, no segundo trimestre, 52.518 trabalhadores a tempo inteiro, mais 825 em termos anuais, 1,6 por cento. Em termos salariais, a remuneração média, excluindo as remunerações irregulares, dos trabalhadores a tempo completo no sector das lotarias e outros jogos de aposta cifrou-se em 26.750 patacas, mais 8,2 por cento, em termos anuais. Salienta-se que a remuneração média dos “croupiers” se situou em 21.660 patacas, mais 6,5 por cento, devido sobretudo à ascensão salarial e ao aumento do número de horas de trabalho. Destaca-se também a grande necessidade de mão-de-obra tendo em conta “o crescimento contínuo do número de entradas de visitantes”, que levou “à recuperação constante dos ramos de actividade económica relacionados com o turismo”. No fim do segundo trimestre deste ano existiam 498 postos vagos no sector do jogo, correspondendo a um acréscimo homólogo “significativo” de 385, ou seja, mais 340,7 por cento.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteInquérito | Diáspora macaense e luso-asiática mantém-se “robusta” A diáspora de macaenses e luso-asiáticos espalhados pelo mundo continua “robusta e interligada”. Dados provisórios de um inquérito feito por Roy Eric Xavier, macaense e académico, revela que grande parte continua a residir nos Estados Unidos da América. O investigador levanta também algumas pistas sobre origens e percursos familiares a Oriente Há muito que o académico Roy Eric Xavier, ligado à Universidade de Berkeley, na Califórnia, se dedica ao estudo a diáspora macaense e luso-asiática. No blogue “FarEastCurrents” são muitos os conteúdos divulgados, incluindo um inquérito à comunidade que tem agora novos resultados, ainda que o trabalho de recolha de dados termine no final deste ano. Os números provisórios foram publicados no domingo no website, tendo Roy Eric Xavier concluído que “parece existir uma diáspora global robusta e interligada de comunidades luso-asiáticas e macaenses, actualmente em dez países e 200 cidades, que perdura há quase 500 anos”. No que diz respeito à identificação cultural, 57,82 por cento dos inquiridos assumiu-se como macaenses, seguindo-se 21,21 por cento a identificarem-se como portugueses. Em terceiro lugar, com 12,05 por cento, as respostas apontam para a identidade euroasiática. Há ainda 7,8 por cento de pessoas a assumirem-se como chinesas, 5,67 por cento europeias e ainda 5,09 por cento luso-asiáticas. Em termos gerais, “as pessoas que responderam são descendentes de eurasiáticos portugueses (luso-asiáticos), com raízes culturais em Macau, Hong Kong, Cantão, Xangai, Japão, Malásia, Tailândia, Indonésia, Timor ou outras [antigas] colónias portuguesas na Ásia”. Ao “The 2024 Luso-Asian/Macanese Survey” [Inquérito Luso-Asiático / Macaense de 2024] responderam, para já, 40 por cento dos homens e 60 por cento de mulheres, sendo que 45 por cento tem entre os 18 e 64 anos e trabalham, enquanto 55 por cento tem 65 ou mais anos e já está na reforma. Os Estados Unidos da América (EUA) são o país de residência mais recorrente destas comunidades, com 56 por cento das respostas, seguindo-se a Austrália, com 11,27 por cento, 8 por cento vivem no Canadá e Portugal 7,64 por cento. Em vários países europeus residem 5,24 por cento de macaenses ou luso-asiáticos, seguindo-se Macau com 5,09 por cento. Em Hong Kong há 3,27 por cento de pessoas que se identificam como macaenses e luso-asiáticos, seguindo-se 2,91 por cento no Brasil e 3,5 por cento no Japão. As conclusões de Roy Eric Xavier sobre estes dados, ainda provisórios, apontam para o facto de cerca de metade dos inquiridos, 51 por cento, serem membros de “famílias numerosas com, pelo menos, 30 membros vivos, sendo que várias famílias, 18,4 por cento, são compostas por 97 a mais de 150 membros vivos”. Legados que permanecem Outra questão abrangida pelo inquérito prende-se com o facto de estas pessoas continuarem muito ligadas à sua própria história familiar, conhecendo os percursos que os seus pais e avós fizeram até ao lugar onde hoje vivem. São ligações, muitas delas, nascidas do comércio e viagens que os portugueses fizeram para Oriente desde meados do século XVI. Dos inquiridos, 52 por cento disse ter ligações a Portugal, seguindo-se Goa, com 12,73 por cento das respostas, Macau, com 73,09 por cento das respostas, e ainda Hong Kong, em quarto lugar, com 52,36 por cento de inquiridos. Os macaenses e luso-asiáticos que participaram no estudo têm ainda raízes familiares em Xangai, 21,45 por cento, e Cantão, com 10,18 por cento. Roy Eric Xavier conclui, portanto, que há “um número significativo, 84,12 por cento, que se identifica culturalmente como ‘macaense, português ou colectivamente como ‘luso-asiático’”. O inquérito inclui também questões sobre o estado de saúde dos inquiridos. Assim, e uma vez que mais de metade dos que responderam têm 65 ou mais anos, “cerca de um terço, 31 por cento, refere vários dias de doença por mês, enquanto mais de um quarto, 27,6 por cento, refere stress e depressão contínuos”. “Estas estatísticas são geralmente mais baixas do que a média para este grupo etário na maioria dos países e podem ser atribuídas a laços familiares mais estreitos entre as famílias macaenses”, destaca o académico e promotor do inquérito. A quarta fase Até à data, e desde 30 de Junho, participaram cerca de dez mil pessoas no inquérito que tem sido dinamizado por 13 Casas de Macau espalhadas pelo mundo. Este é o quarto questionário promovido pelo académico, sendo que o primeiro decorreu em 2012. Roy Eric Xavier diz esperar que o “inquérito chegue a cerca de 150.000 pessoas, podendo aumentar substancialmente depois de ser publicado em boletins informativos e em vários sites de redes sociais”. Pretende-se, com este trabalho, “determinar como os descendentes de todo o mundo mantêm as suas ligações familiares e identidades culturais”, sendo que a “informação sobre a dimensão das famílias poderá também conduzir a estimativas da população luso-asiática a nível mundial”. As perguntas foram elaboradas ao longo de vários anos e revistas por investigadores do Instituto para o Estudo de Questões da Sociedade da Universidade da Califórnia, Berkeley, e da Escola de Saúde Pública da Universidade do Estado da Geórgia. Recorde-se que, em 2021, estavam contabilizados 1,6 milhões de macaenses e luso-asiáticos em todo o mundo, segundo disse à Lusa, na altura, o autor, que dirige o Projecto de Estudos Portugueses e Macaenses na Universidade de Berkeley. “Fiz estudos e pesquisas populacionais e colaborei com vários genealogistas e demógrafos e determinámos que há pelo menos 1,6 milhões de macaenses e luso-asiáticos espalhados pelo mundo, que olham para Macau como a pátria cultural”, afirmou. Segundo o investigador, que pertence à comunidade oriunda de Macau em Hong Kong e depois se mudou para os EUA, tem ocorrido um desligamento das novas gerações. “Não acho que seja permanente, mas penso que há uma ruptura entre a velha guarda e a nova guarda que está a surgir”, apontou. “Entre a velha guarda, há uma suspeita de que as gerações mais novas não têm a afiliação nem o sentido de história que deviam ter”. Em 2019, falava-se do surgimento de mais jovens que se identificaram como macaenses ou luso-asiáticos. Nesse ano, no portal “Far East Currents” descrevia-se “o ressurgimento dos jovens na comunidade portuguesa oriunda da Ásia”, uma vez que “mais de 66 por cento das respostas chegaram dos adultos empregados (idades entre 19 e 64 anos)”. Por comparação, em 2012 e 2013 “70 por cento dos inquiridos estavam reformados, tendo mais de 65 anos”, o que demonstrava que “gerações mais jovens poderiam estar mais conscientes da sua cultura e estão agora em maioria”. Outra novidade no inquérito de 2019 era a ligação a bairros portugueses espalhados a Oriente. “Confirmámos que muitas famílias têm histórias de emigração ligadas a bairros portugueses de Goa, Cantão, Japão, Malásia, Singapura e Timor, sendo que a grande maioria tem laços com Macau, Hong Kong e Xangai, uma vez que a maior parte dessas zonas foram formadas antes e depois da Guerra do Ópio”, explicou o académico ao HM nessa altura. Roy Eric Xavier descreveu que “as histórias de emigração das famílias apenas tinham sido teorizadas em 2013, mas agora temos provas de que os luso-asiáticos emigraram durante o período de 500 anos em que houve presença portuguesa na Ásia e Índia”.
Andreia Sofia Silva Grande PlanoTailândia | Analista acha projecto de lei do jogo “equilibrado” Está em consulta pública o projecto de lei de regulação do jogo na Tailândia, que define licenças de 30 anos e entradas pagas para tailandeses. O analista Daniel Cheng entende que o diploma é “equilibrado” e com “profundidade mais que suficiente para um primeiro projecto” Os tailandeses estão a ser convidados pelo Governo a opinar sobre o projecto de lei do jogo que promete revolucionar o mercado dos casinos e trazer uma nova oferta competitiva ao sudeste asiático em meados de 2028. Desde o início do mês que decorre a consulta pública sobre o diploma que, na visão do analista Daniel Cheng, é um “projecto equilibrado, sem obrigações ou constrangimentos controversos”, e que tem “profundidade mais que suficiente para um primeiro projecto”. Segundo o jornal Bangkok Post, um dos pontos principais do diploma é o poder conferido ao primeiro-ministro, que irá presidir à “Entertainment Complex Policy Board” [Comissão de Política de Exploração dos Locais de Entretenimento Integrados], responsável por estabelecer regras e regulamentos sobre o funcionamento dos empreendimentos de jogo. Além disso, será criada uma agência separada para fazer cumprir as regras relacionadas com os casinos ou empreendimentos de jogo. O projecto de lei visa menorizar o impacto social que o jogo pode causar na sociedade, proibindo a entrada em espaços de jogo a pessoas com menos de 20 anos de idade, enquanto os cidadãos tailandeses acima da idade mínima terão de pagar uma taxa no valor de 5,000 baht (mais de 1.100 patacas) para poder entrar. Pelo contrário, os casinos e demais empreendimentos estão abertos a todos os estrangeiros sem pagamento de taxa. Em termos de licenciamento, uma empresa de jogo terá de adquirir uma licença válida por 30 anos, pagando, para isso, cinco mil milhões de baht (140 milhões de dólares americanos) para o registo, mais um pagamento anual de mil milhões de baht (28 milhões de dólares) ao Governo. Para obter aprovação, o casino ou complexo de jogo terá de construir, pelo menos, quatro infra-estruturas das seguintes: um hotel, bar, restaurante, clube nocturno, espaço com lojas, infra-estruturas desportivas, clube náutico ou de vela, piscina ou parque aquático, parque de diversões, uma área dedicada a revelar a cultura tailandesa e produtos locais. Para Daniel Cheng, o projecto legislativo deixa “margem de manobra suficiente ao primeiro-ministro para decidir sobre o montante do imposto a cobrar aos casinos e a quantidade de licenças” atribuídas. Na visão deste analista, “uma taxa de licença única de 140 milhões de dólares é razoável para o potencial de mercado da Tailândia”, enquanto a “taxa de licença anual é compatível com a de Singapura”, no valor de 22 milhões de dólares americanos. Outro ponto destacado por Daniel Cheng ao HM é a cobrança de cinco mil baht aos tailandeses, medida que também existe no mercado de jogo de Singapura. Esta “pode ser demasiado proibitiva, dado o baixo rendimento disponível per capita da Tailândia”. Porém, “o projecto legislativo indica que o montante não é definitivo e serve de limite máximo”. Quanto ao processo de registo, “faltam-lhe pormenores”, pelo que o analista espera que “não seja demasiado oneroso ou contraproducente para empresas como as do Vietname”. As boas restrições Daniel Cheng destaca ainda outra “medida positiva”, como a proibição de apostas online, além de se apresentar “um quadro geral de restrições à promoção e ao marketing, que será provavelmente aperfeiçoado para abranger junkets”. A medida surge no contexto “dos problemas que a Tailândia enfrenta com gangs chineses e o jogo ilegal na Internet”. O analista referiu ao HM também que “a questão dos terrenos está fora do âmbito da lei, pelo que não é claro se o Governo irá designar terrenos estatais, como em Singapura, ou se os investidores terão de adquirir terrenos privados, como no Japão e nas Filipinas”. Além disso, em matéria de emprego, Daniel Cheng destaca o facto de ser exigida na proposta elaborada pelo Governo “uma percentagem mínima de trabalhadores tailandeses, o que é de esperar, uma vez que o emprego local é uma das principais justificações para a adopção da lei”. A ideia é, segundo o Bangkok Post, promover o conceito de turismo sustentável no país. O jornal cita um excerto do projecto de lei que determina que “a promoção e a regulamentação de complexos de entretenimento integrados que cumpram os requisitos normalizados é uma medida importante para incentivar o investimento nacional, o que, por sua vez, beneficiará o país e ajudará a apoiar o turismo sustentável”. Espera-se, tendo em conta o relatório da comissão parlamentar, que, com a nova legislação, os casinos possam gerar cerca de 12 mil milhões de baht logo no primeiro ano de actividade. Espera-se que o jogo se desenvolva em algumas zonas do país, com dois pontos na capital, Banguecoque, e depois em Chiang Mai e Phuket, zonas bastante turísticas. Travar ilegalidades Segundo o portal Asia Gaming Brief, o projecto de lei do jogo tailandês visa, sobretudo, resolver os problemas relacionados com o jogo ilegal, além de potenciar receitas fiscais e a economia em termos globais. A Comissão liderada pelo primeiro-ministro será responsável, mais concretamente, por definir políticas, aprovar licenças de exploração e determinar as áreas a serem exploradas pelas empresas de entretenimento. Será também estabelecida uma Comissão de Gestão Global de Entretenimento, composta por funcionários públicos, que será responsável pela parte da supervisão, gestão de queixas, planos operacionais e fundos em matéria de jogo responsável. Para as licenças de jogo só podem candidatar-se entidades tailandesas registadas com o capital social mínimo de dez mil milhões de baht. A licença é atribuída por um período inicial de 20 anos, com a possibilidade de ser renovada por períodos de cinco anos. Haverá, numa primeira fase, um tipo de licença que implica um investimento mínimo de 100 mil milhões de baht. No futuro, poderão ser atribuídas licenças mais pequenas. Em matéria de impostos, prevê-se a colecta, por parte do Executivo tailandês, de 17 por cento sobre as receitas brutas do jogo, propondo-se ainda um imposto de 20 a 30 por cento sobre o rendimento líquido das sociedades. Na área do jogo responsável, as autoridades tailandesas foram além da taxa a pagar para aceder a espaços de jogo, podendo vir a ser identificadas pessoas proibidas de entrar em casinos, nomeadamente quem estiver sob ordem judicial ou a pedido das próprias famílias. Será ainda criado um fundo específico para apoiar programas de reabilitação e de educação sobre o jogo. Recorde-se que as operadoras de jogo em actividade na RAEM estão atentas a uma oportunidade de investimento no país, nomeadamente a MGM. “Estamos à procura de novos mercados. No próximo mês, vou com a Pansy Ho à Tailândia para analisar novas oportunidades”, revelou Bill Hornbuckle, presidente do grupo MGM Resorts International. “É uma expansão em que estamos muito interessados, e se avançarmos com o investimento, será feito através da MGM China Holdings”, admitiu no início do mês, aquando da apresentação dos resultados da MGM China do primeiro semestre deste ano.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJosé Ferreira Pinto, académico: “Vivemos um período de transição” O professor da Universidade Cidade de Macau, José Ferreira Pinto, lançou este ano o livro “From Efficiency to Well-being”, um guia prático de gestão com base em cinco critérios: classificação, organização, limpeza, padronização e sustentação. O académico considera fundamental a elaboração de um estudo aprofundado sobre as PME locais Porque decidiu editar este livro e quando será o lançamento oficial? Este livro tem por objectivo apoiar os gestores de equipas e criar um local de trabalho que reflecte as relações humanas em harmonia com as necessidades do trabalho a desenvolver. O livro aparece na transição da minha carreira para a vida académica e como forma de contribuir para os profissionais de hotelaria em Macau. O lançamento oficial será feito até ao final deste ano. Ainda estou a decidir onde e quando será o lançamento. Estou a procurar apoio local e internacional para as despesas que já tive na criação da primeira edição de autor. O livro será apresentado na Conferência Mundial de Bem-Estar da OCDE que se realiza em Roma durante os dias 4 e 6 Novembro deste ano. Procuro agora apoio para esta conferência. Quais as grandes regras para uma maior eficiência das empresas, sobretudo as operadoras de jogo e resorts? A coexistência de diferentes modelos de negócios parece-me ser o maior desafio interno. Outro advém da pressão que existe nos resultados financeiros trimestrais das empresas que são cotadas na bolsa no actual contexto social, político e económico. Há depois a complexidade acrescida da dimensão das operadoras e o que elas representam para a sociedade local ao empregar dezenas de milhares de funcionários. A zona do Cotai Strip tem evoluído à medida que os terrenos das concessões são ocupados com novos empreendimentos, crescendo no que diz respeito à variedade da oferta turística e oportunidades para os empregados. A zona do Cotai Strip passou por diversas fases. Quais? Uma de iniciação, em que o Venetian desempenhou um papel muito importante na atracção dos turistas pela novidade na oferta turística e dimensão dos edifícios, espaços e operações em geral. A segunda, de consolidação, em que as operadoras abrandaram o ritmo de abertura de novas propriedades e consolidaram essa oferta, agora mais focada no desenvolvimento da estrutura existente do que criar novas instalações. A terceira fase, em transição no momento, é o foco na sustentabilidade por iniciativa própria das concessionárias e também em conjunto com a direcção das entidades reguladoras. O Cotai tem vindo, neste contexto, a trabalhar nas várias dimensões de sustentabilidade, o que significa, de entre muitas coisas, desenvolver os 17 objectivos do milénio promulgados pela ONU. Como se verifica, na prática, este lado de sustentabilidade do Cotai? Criando-se espaço para a atracção dos turistas e também pelo facto de o Cotai continuar a ser uma zona atractiva para os trabalhadores pelas condições que oferecem aos empregados. No que diz respeito à eficiência, esta é gerida pelos princípios da criação de mais e melhor interacção entre as pessoas, e também entre elas e o local de trabalho. Foi director de recursos humanos numa operadora de jogo a partir de 2011, onde implantou o modelo Kaizen. Em que consiste e quais os impactos na empresa? A filosofia Kaizen define um conjunto de princípios que visam a melhoria do espaço de trabalho e o respeito pelos trabalhadores. Na sua essência, é apresentada como uma “melhoria contínua”, constituindo um universo de práticas focadas na evolução e melhoria incremental dos processos, produtos e serviços de uma organização que estão centradas na humanização do espaço de trabalho. Ela envolve o incentivo, material e imaterial, de todos os elementos da empresa e abrange duas ideias fundamentais, “de cima para baixo e de baixo para cima”, nas direcções e orientações gerais de suporte e incentivo e dos empregados que estão a interagir com os clientes da organização para os gestores. A percepção dos gestores é combinada com a perspectiva dos empregados, algo muito importante. O foco do modelo Kaizen é minimizar gastos desnecessários, mantendo-se satisfeitos o cliente e o empregado da organização. Na empresa onde trabalhei a influência foi de tal maneira importante que ainda consta dos relatórios financeiros da entidade. Pode dar exemplos do que foi feito? Posso referir, por exemplo, o envolvimento de quase todos os departamentos da empresa em evoluções de 8 a 12 semanas no desenho de protótipos, na apresentação de soluções alternativas e na exploração da ideia de “criatividade acima do uso de capital”. O esforço colectivo foi amplificado pelo facto de a empresa ter apostado na formação interna de “formadores Kaizen” em vez de se basear apenas na utilização de serviços de consultoria. Isso foi, sem dúvida, inovador em termos de hospitalidade, ainda para mais porque aconteceu há uma década atrás quando ainda não se falava tanto do modelo Kaizen. Tudo se deveu a circunstâncias que criaram sinergia e objectivos comuns de desenvolvimento. Houve chefias com imensa experiência em hotelaria e gestão dos recursos humanos a nível internacional, e, ainda, uma vontade de explorar e inovar processos de trabalho quase considerados sagrados na indústria hoteleira. Essa foi talvez a fase mais importante e interessante da minha carreira na indústria. Que desafios ao nível da eficiência enfrentam os resorts integrados de Macau? Há vários desafios de natureza interna que não são específicos do Cotai, mas a mais importante advém da dimensão das empresas e do número de pessoas que empregam. Quando uma equipa ou organização atinge um alto nível de eficiência, ela pode deparar-se com uma série de desafios e limitações significativas. A resistência à mudança e o pensamento de grupo podem impedir a inovação e a adaptação, enquanto o risco de burnout e a pressão constante para manter o desempenho podem afectar negativamente o bem-estar dos funcionários. O foco excessivo em métricas e eficiência pode levar à perda de flexibilidade e à negligência de aspectos importantes como a criatividade e a inovação. Além disso, a organização pode enfrentar retornos diminutos dos esforços de melhoria, dificuldades em manter o momento e limitações tecnológicas que impedem avanços adicionais. Equilibrar a busca pela eficiência com a necessidade de adaptabilidade, inovação e bem-estar dos funcionários torna-se, portanto, um desafio crítico para equipas e organizações que atingiram altos níveis de eficiência. O livro fala exactamente deste equilíbrio. Pode exemplificar? Tenho um capítulo em que apresento a “Well-being Canvas”, em que faço um exercício pessoal de reflexão e pode ser usado por uma pequena equipa também. A ideia é procurar na própria pessoa aquilo que contextualmente significa a noção de bem-estar. O modelo Canvas tem uma base teórica, mas as questões são práticas e enriquecedoras do diálogo que podemos estabelecer connosco de forma individual, e sobre o que é para cada um de nós a ideia de bem-estar. Acredito que a resposta está no exercício constante de reflexão individual e repetido, pois este conceito muda com o tempo e o contexto onde nos inserimos. A pandemia trouxe desafios a este nível de eficiência das empresas locais, sobretudo em matéria de recursos humanos? Como? As minhas funções terminaram no final de 2020 e os resorts implementaram várias medidas tendo em vista a solvabilidade dos negócios. O que posso adiantar é que os recursos humanos tiveram uma importância fulcral na minimização dos distúrbios ao normal funcionamento das operações, além de se ter tentado antecipar algumas das consequências operacionais das orientações fornecidas pelas autoridades com especial relevo em tentar assegurar empregos. Foram tempos de muita mudança e incerteza, disrupção e adversidade. Acho que ainda estamos todos a aprender sobre a extensão das consequências desse tempo. No que diz respeito às Pequenas e Médias Empresas (PME) de Macau as técnicas e modelos de eficiência tem de ser diferentes, por se tratarem de diferentes modelos de negócio? Certamente. A dimensão do negócio é um factor determinante, pois o número de pessoas é consideravelmente menor, mas os recursos em geral são escassos. Toda a gente está assoberbada de trabalho, mas há um contacto mais directo com a necessidade constante de melhorar, embora não haja muito tempo para pensar e discutir. As PME implementam por necessidade essas melhorias e encaram a inovação como uma parte integrante da necessidade de sobreviver como negócio, sempre num contexto de competitividade. Há um debate em torno da necessidade de bem-estar no trabalho junto de alguns grupos de trabalhadores, nomeadamente croupiers. Macau está ainda aquém das melhores práticas internacionais? Os desafios dos croupiers são bastante mais complexos e envolvem o contexto social, familiar e também o local de trabalho onde passam um terço do seu dia. Há cumprimento cabal dos requisitos da lei de Macau e uma preocupação constante com este grupo de trabalhadores, até porque por eles passa a maior fonte de receita das operadoras. Há questões relacionadas com a rotatividade de funções, tempos de descanso, equipamento de suporte à função que são acautelados pelos gestores de operações nos casinos. Há uma constante aprendizagem interna entre departamentos na partilha dos problemas e na procura colectiva de soluções. Trabalhou na Direcção dos Serviços de Turismo na área do licenciamento de negócios. É uma área que necessita de mais flexibilidade para que as PME se possam desenvolver? Estive nesse cargo até meados de 2011. Entretanto o Governo tem desenvolvido vários esforços para ir ao encontro dessas necessidades da população, em especial no domínio digital. As PME de Macau são maioritariamente organizações de estrutura de micro-empresa com características familiares. Apesar dos esforços das associações locais, há pouca informação sobre as PME em Macau. Como colmatar essa situação? Seria importante inovar para se ter um estudo alargado sobre as PME, com estatísticas periódicas, uma vez que elas são o motor da economia e factor determinante na diversificação regional no âmbito da política económica “1+4”. Os programas de apoios para as PME adoptados durante a pandemia desempenharam um papel fundamental, daí ser necessário avaliar o seu impacto efectivo nestas empresas e de que forma podem responder a novos contextos de incerteza [económica], disrupção e adversidade. Macau precisa de flexibilizar as políticas de recursos humanos? O momento que vivemos é de transição. Haverá sempre espaço para a adaptação, e acho que com a facilidade de circulação na Grande Baía, essa flexibilização regional será inevitável. Aliás, há exemplos de outros países que estão a apostar nessa flexibilização e que agora procuram captar profissionais que durante anos trabalharam em Macau. Contudo, vejo esforços para manter essa experiência valiosa nesta região tendo em conta que outros países como a Tailândia e o Japão estão a apostar forte no desenvolvimento dos conceitos de resort integrado, tão desenvolvido nas últimas duas décadas em Macau.