Andreia Sofia Silva SociedadeLisboa | Restaurante “Patuá” fecha portas O restaurante “Patuá”, localizado em Lisboa e que servia comida macaense, fechou portas devido ao aumento da renda do espaço. A notícia foi divulgada pelos proprietários nas redes sociais. “Caros comensais. É com muita tristeza que o Patuá fecha permanentemente. Queremos agradecer todas as vezes que vieram, os amigos que trouxeram, o bocadinho das vossas vidas que partilharam connosco e o carinho que nos deram e fizeram, connosco, o Patuá acontecer. Como costumamos dizer, ‘sobrevivemos à covid-19, mas não sobrevivemos à especulação imobiliária'”, pode ler-se. Numa entrevista realizada em 2021 com o HM, Francisco Rodrigues e Daniela Silvestre falavam dos segredos do espaço e de como queriam contribuir para a preservação da gastronomia macaense. Francisco Rodrigues, com família macaense, mas que nunca viveu em Macau, trazia aos clientes sabores exóticos para uns, bem conhecidos de outros. Na rua Ilha de São Tomé, eram servidos o tradicional minchi, mas também caril de quiabos ou bacalhau macaísta, entre tantos outros.
Andreia Sofia Silva EventosGalaxy | Exposição “Eggspression” para ver até Outubro A galeria GalaxyArt apresenta, até Outubro, uma exposição fora do comum que mostra ao público de Macau trabalhos do artista holandês Henk Hofstra e instalações da “The Egg House”, em Nova Iorque. “Eggspression” pretende ser uma “experiência de arte imersiva” Os ovos são os protagonistas da nova exposição de arte apresentada pela operadora de jogo Galaxy desde o dia 28 e que pode ser vista até 7 de Outubro. “Eggspression”, ou a “expressão do ovo” promete ser uma “experiência de arte imersiva” que apresenta trabalhos internacionais: por um lado, as instalações públicas do artista holandês Henk Hofstra e, por outro, as obras da “The Egg House”, localizada em Nova Iorque. Citado por um comunicado, Kevin Kelley, ligado à “GalaxyArt”, disse que esta mostra “é mais uma demonstração da visão e intenção” da operadora de jogo em relação aos sectores da cultura e turismo. “Os ovos são um alimento comum em diversas culturas. Esta exposição amplia objectos do quotidiano, lembrando-nos que a arte está presente nas nossas vidas diárias”, adiantou. Também segundo a mesma nota, o artista holandês explicou o conceito criativo por detrás das suas obras. “Todos os meus projectos têm algo a ver com a forma como vemos as coisas, o que está a acontecer, de onde vimos, o que fazemos e o que fazemos com o nosso planeta.” No caso das instalações da “The Egg House”, já passaram por Los Angeles e Xangai. “Estamos entusiasmados por trazer a Casa a Macau, uma cidade conhecida pelo seu rico património cultural e mistura dinâmica de tradições. A energia única de Macau e o seu apreço pela criatividade fazem dela o cenário perfeito para a nossa exposição”, disse Vivian Cai, directora artística da galeria. Assim sendo, “Eggspression” gira em torno “de ovos que simbolizam a vida, novos começos, bem-estar ou sabedoria”, entre tantos outros conceitos, “estimulando-se a contemplação da arte, da vida e do mundo, bem como a sua ligação íntima”. Peças e instalações A obra que compõe a primeira parte da mostra, da autoria de Henk Hofstra, intitula-se “Eggs Fall from the Sky”, tratando-se de “uma obra-prima” que, pela primeira vez, é apresentada em Macau. “A enorme instalação ‘Ovo Ensolarado’ não só é visualmente impressionante como também tem como objectivo sensibilizar para o aquecimento global. Assemelhando-se ao sol, estas instalações oferecem aos visitantes o calor da luz solar na Galaxy Promenade e na GalaxyArt na estação do Verão”, é descrito. Hofstra apresenta ainda outra instalação intitulada “Loving Birds”, uma “instalação única em forma de ovo, adornada com ovos em forma de coração, pétalas de flores, nuvens e árvores”. Trata-se de uma peça que sublinha “a importância da vida, do amor, da integridade e da energia positiva”. Henk Hofstra tem transformado, ao longo da sua carreira, objectos simples do quotidiano “em cativantes instalações de arte pública em grande escala”. Já expôs em cidades como Roterdão, São Paulo ou São Petersburgo, ou ainda Pequim e Wuhan. “As criações de Hofstra abrangem diferentes temas, incluindo animais, plantas e paisagens. Apresenta frequentemente o seu trabalho de forma inovadora e surpreendente, incentivando as pessoas a explorar o mundo a partir de novas perspectivas e a reflectir sobre questões importantes”, aponta a organização. A segunda parte desta exposição traz as instalações da “The Egg House”, que não é mais do que uma “experiência multisensorial criada por Biubiu Xu juntamente com um grupo de jovens artistas e designers de Nova Iorque”. Nesta parte da exposição apresenta-se “Ellis”, nome dado a um ovo que “evoca a história de ‘As Aventuras de Alice no País das Maravilhas'”. Aqui, “os artistas misturam engenhosamente elementos do ovo no hall de entrada, na sala de estar, no quarto, na cozinha e até na casa de banho, enchendo cada canto de surpresas e transformando o ovo vulgar em algo extraordinário”. Assim, nesta espécie de casa, “os visitantes podem interagir com as peças expostas e mergulhar numa atmosfera alegre partilhada com amigos e familiares, tornando-a um local imperdível para fotografias”. Além da exposição propriamente dita, há actividades paralelas, como menus inspirados no tema da “Eggspression” em oito restaurantes no empreendimento Galaxy Macau, bem como sorteios e workshops temáticos a ter lugar na própria GalaxyArt.
Andreia Sofia Silva SociedadeDinheiro | Combate a casas de câmbio pode afectar fluxo financeiro Vitaly Umansky, analista de jogo da Seaport Research Partners, emitiu uma nota esta segunda-feira onde alerta para o impacto negativo do combate que se avizinha às casas de câmbio, locais onde muitas vezes acontecem trocas ilegais de dinheiro. Segundo noticiou o portal Macau News Agency (MNA), este combate pode afectar o fluxo de dinheiro que circula no território, bem como levar a um adiamento das viagens a Macau. “Muitas dessas redes recorrem à criptomoeda para transferência de dinheiro (algo que ganhou maior atenção das autoridades na China) juntamente com actividades de agiotagem”, escreveu o analista. Vitaly Umansky apontou ainda que Macau “tem registado um aumento da actividade criminosa relacionada com a troca ilegal de dinheiro ao longo do último ano. Este problema foi elevado a um nível nacional em conjunto com as autoridades chinesas que analisam o uso contínuo de criptomoeda para mover dinheiro para fora da China, não estando necessariamente vinculado a Macau”. Esta repressão às casas de câmbio pode acontecer “nos próximos um ou dois meses”, sendo que se espera uma diminuição a curto prazo. “Esperamos que a liquidez em Macau não seja significativamente afectada a médio prazo”. No início de Junho, a agência de notícias oficial chinesa Xinhua avançou que o Ministério da Segurança Pública da China organizou “uma reunião especial de trabalho a nível nacional” dedicada ao câmbio ilegal em Macau. A tutela da segurança alertou que a escala dos grupos dedicados a esta actividade “cresceu rapidamente” nos últimos anos, “graças aos enormes lucros” vindos não apenas da troca de dinheiro, mas também da usura, o empréstimo de dinheiro a juros muito elevados.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeADM | Cantina volta a funcionar em período experimental O serviço de cantina volta hoje a funcionar na sede da Associação dos Macaenses, na Rua do Campo, mas apenas para sócios. Suspenso devido à pandemia, por ser incomportável à entidade lidar com os custos, o serviço de refeições regressa de forma experimental até ao dia 16 e com um limite de pratos A Associação dos Macaenses (ADM) começa a servir, a partir de hoje e até ao dia 16, refeições na cantina, localizada na sede da entidade, na Rua do Campo. Segundo uma nota de imprensa assinada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM, a cantina irá funcionar durante um período experimental de dez dias úteis, terminando na terça-feira, dia 16, com um limite de 25 refeições por dia a 85 patacas cada prato. Na referida nota, Miguel de Senna Fernandes destaca que a reabertura da cantina “corresponde a um importante anseio” dos sócios da ADM. “Como o tempo do fecho da cantina foi considerável, e encontrando-se renovada a equipa da cozinha, torna-se necessário testarmos tudo, desde os custos por refeição e os sabores que a nova cozinha irá apresentar”, bem como “a capacidade da nova equipa para dar corpo ao serviço de cantina, antes da retoma normal do serviço”, o que explica o período experimental. O presidente da ADM acrescentou que foram convidados sócios “que têm sido regulares nos almoços antes do encerramento anterior” para voltarem a frequentar a cantina nesta nova fase. “Tal medida não pretende discriminar ninguém, mas serve apenas para atingir os objectivos para os quais será feita a experiência. Os sócios regulares podem dar-nos um contributo importante para isso”, frisou. Sem “tapao” Miguel de Senna Fernandes aponta ainda que o custo de 85 patacas por refeição poderá sofrer ajustes “consoante os custos inerentes”, além de que “o menu pode sofrer modificações de última hora, sem pré-aviso”. Está também afastado, para já, o serviço de “tapao” [takeaway]. O responsável adianta que, no futuro, “a cantina estará aberta para sócios e convidados”. “Procuraremos formas de alargar o universo de utentes. Neste momento experimental não aceitamos reservas no próprio dia, mas sim até às 15h do dia anterior”, explicou. O presidente da ADM destaca ainda que a reabertura da cantina, depois de um longo período encerrada devido à pandemia e consequente impacto nos custos, é importante para a vida da comunidade macaense. “A reabertura da cantina é algo fundamental para a retoma da vida social na sede, o núcleo do convívio macaense”, rematou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCCAC | Chefe de departamento de empresa recrutou mediante subornos Um quadro de uma empresa da área do turismo e lazer terá alegadamente recebido 190 mil renminbis em subornos exigidos a cidadãos do Interior da China que pretendiam trabalhar em Macau e que foram recrutados como administradores de bens. Uma investigação do Comissariado contra a Corrupção aponta para um caso de corrupção no sector privado O Comissariado contra a Corrupção (CCAC) divulgou ontem dados sobre mais um caso de alegada corrupção no sector privado, nomeadamente numa empresa de turismo e lazer. O processo de investigação arrancou graças à denúncia apresentada por um cidadão, aponta o CCAC em comunicado. O homem indicou que o chefe de departamento de gestão da empresa estaria a recrutar pessoas do Interior da China que pretendiam trabalhar em Macau. Neste caso, eram contratados como ecónomos, ou administradores de bens, pagando por isso “comissões de recomendação” que atingiram o total de 190 mil renminbis. O CCAC diz ter descoberto que “o chefe de departamento envolvido no caso era responsável pelo recrutamento do pessoal, entre outros assuntos”, e que, desde o ano passado procurava, juntamente com a namorada, com quem vivia, e outro intermediário, “residentes do Interior da China interessados em vir trabalhar para Macau, atraindo-os com a ideia de ‘não ser necessária nenhuma entrevista’ ou com o ‘ingresso directo’, cobrando a cada um deles uma ‘comissão de recomendação’ de 15 mil a 25 mil renminbis”. Desta forma, o homem conseguiu “ajudar pelo menos nove residentes do Interior da China no referido ingresso com sucesso”. Sem qualificação A mesma nota dá conta de que as pessoas recrutadas para Macau não tinham qualificações e ainda assim dispuseram de acesso directo à empresa, uma vez que foram contratadas “sem necessidade de participar em entrevistas”. “Alguns deles não reuniam sequer os requisitos mínimos de habilitações académicas ou eram analfabetos, o que violou manifestamente os requisitos e as regras de ingresso definidos pela referida empresa”, aponta o CCAC. No processo de investigação o CCAC diz ter notado interferências para “encobrir o facto de terem sido recebidas ‘comissões de recomendação'” através da “destruição de provas”. Tal levou “os restantes trabalhadores envolvidos a encobrirem a respectiva situação”. Desta forma, o chefe de departamento da empresa, a namorada e o intermediário são suspeitos da prática do crime de corrupção passiva no sector privado. Além disso, os restantes nove residentes do Interior da China que foram contratados são suspeitos da prática do crime de corrupção activa no sector privado. O caso foi encaminhado para o Ministério Público para posterior investigação. Na mesma nota, o CCAC destaca que “este é o segundo caso de corrupção no sector privado recentemente descoberto, pelo que se apela mais uma vez à sociedade para ser íntegra e cumprir a lei”.
Andreia Sofia Silva SociedadeViolência doméstica | Homem detido por bater na esposa Um residente foi detido por bater na mulher que, alegadamente, o traiu, forçando-a a pedir desculpa. Segundo o jornal Ou Mun, foi a própria vítima que denunciou o caso de agressão, ocorrido em Junho. Numa noite, ao voltar para casa depois de ter estado numa festa, o homem acusou a mulher de ter um amante, dando-lhe socos e pontapés e tirado-lhe a roupa. Posteriormente, o homem exigiu que a mulher se colocasse de joelhos diante dele, confessasse a traição e pedisse desculpa. O homem amarrou depois a esposa com um cabo de telefone fixo e tapou-lhe a boca com um pano, agarrando-a a fim de fazer com que esta batesse com a cabeça num banco de madeira. Todos estes actos de violência terão sido filmados. A Polícia Judiciária (PJ) recebeu a denúncia através do Corpo de Polícia de Segurança Pública. Foi aí que as autoridades descobriram que, desde 2022, o homem atacava muitas vezes a mulher devido a questões familiares. A mulher chegou a chamar a polícia no ano passado, mas desistiu da queixa. Novas agressões ocorreram mais recentemente, mas a mulher nunca apresentou queixa por querer manter o casamento e a relação familiar. O caso foi agora encaminhado para o Ministério Público, sendo o homem suspeito da prática de gravações ilícitas e do crime de violência doméstica. A fim de proteger a vítima e demais pessoas envolvidas no caso, a PJ não divulgou dados sobre a identidade do suspeito.
Andreia Sofia Silva PolíticaCódigo Registo Civil | Alterações em vigor desde segunda-feira Entraram esta segunda-feira em vigor as alterações ao Código do Registo Civil que se encontra implementado em Macau desde 1 de Novembro de 1999, cerca de um mês antes da transição. Assim, uma nova lei que altera o referido código visou “concretizar a simplificação, optimização e electronização do processo de registo”, descreve uma nota do gabinete do secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. Desta forma, “irá reforçar-se a colaboração e a interligação de dados entre a Conservatória do Registo Civil e os hospitais e serviços públicos”, além de se “simplificar o processo de pedido e redução do número de documentos necessários a apresentar”. Assim sendo, promove-se “a electronização dos procedimentos e serviços de registo”, a fim de “facilitar a vida da população e elevar a eficiência administrativa”. Uma das alterações prende-se com a concessão de “competência funcional aos notários privados para a celebração do casamento” fora da Conservatória do Registo Civil, tratando-se depois o registo do casamento neste local. Foi ainda cancelado o boletim de nascimento, conhecido como “cartão branco” e o boletim de óbito, “sendo gratuita para o requerente a primeira emissão da certidão pela Conservatória do Registo Civil. Foi também criada a “interligação de dados com os hospitais locais, pelo que os residentes não necessitam de se deslocarem à referida Conservatória para tratamento do registo de óbito”. Na mesma nota, é referido que serão lançados, em breve, os “Serviços Integrados de Casamento” e “Serviços Integrados de Nascimento” disponibilizados na plataforma da “Conta Única de Macau”. Pretende-se, com esta medida, digitalizar por completo o registo de nascimento e pedido de casamento.
Andreia Sofia Silva PolíticaDesigualdade económica | Dados publicados no terceiro trimestre A Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) vai publicar, no terceiro trimestre deste ano, os dados relativos ao coeficiente de Gini, relativo aos dados de desigualdade económica. A garantia foi dada pela subdirectora da DSF, Chong Seng Sam, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Hong Sai. Também no terceiro trimestre, serão divulgados outros dados estatísticos. A responsável da DSF lembrou que, nos últimos anos, o Governo tem lançado diversas medidas para reforçar os apoios financeiros a grupos sociais mais vulneráveis, incluindo a criação do salário mínimo e respectivo aumento do montante, a concessão de subsídios para idosos ou para pessoas com dificuldades financeiras. Na sua interpelação, Leong Hong Sai lembrou que “para se conhecer verdadeiramente a situação económica da população é necessário recorrer ao coeficiente de Gini, altamente representativo”. “Porém, as autoridades continuam sem divulgar os índices mais recentes, tratando-se de um indicador chave para os diversos sectores sociais avaliarem e examinarem, de forma objectiva, a eficácia das políticas adoptadas pelo Governo no combate à pobreza”, acrescentou.
Andreia Sofia Silva EventosÓbito | Fausto Bordalo Dias morreu ontem aos 75 anos Morreu, na madrugada desta segunda-feira, o músico português Fausto Bordalo Dias, um dos nomes maiores da música tradicional portuguesa e autor de um dos álbuns mais aclamados, “Por Este Rio Acima”, editado no início dos anos 80. A confirmação da morte foi feita à agência Lusa pelo seu agente artístico. “Fausto Bordalo Dias morreu esta noite, em sua casa, vítima de doença prolongada”, disse o representante da agência Ao Sul do Mundo. O falecimento deste vulto da música portuguesa levou o Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, a emitir uma nota de condolências à família do falecido. “Fausto pertencia a uma constelação de músicos que traduziu para as canções de intervenção o sentimento do povo português, e é por isso inevitável associar o nome de Fausto aos nomes maiores da música portuguesa, como José Afonso, José Mário Branco ou Sérgio Godinho”, pode ler-se na nota publicada na manhã de ontem. Desde 2011 que Fausto não lançava um novo trabalho, sendo que o último disco se intitula “Em busca de montanhas azuis”. O compositor, cantor e músico fechava, assim, a trilogia musical das “Descobertas”, iniciada em 1982 com a edição do álbum “Por este rio acima”, de onde saíram sucessos como “Lembra-me um sonho lindo” ou “Navegar, navegar”. Em 1994, ainda no seguimento do mesmo projecto musical, foi lançado “Crónicas da Terra Ardente”. Músico de intervenção O músico nasceu em 1948 a bordo do navio Pátria que fazia a viagem entre Portugal e Angola. Conhecido ao longo da sua carreira pela música de intervenção que fez em oposição à ditadura do Estado Novo, que vigorou em Portugal entre 1933 e 1974, Fausto Bordalo Dias esteve envolvido na criação do Grupo de Acção Cultural — Vozes na Luta (GAC), colectivo fundado com outros nomes da música tradicional portuguesa, como José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores. “Por este rio acima” foi escolhido pela revista Blitz, em 2009, como um dos 25 melhores álbuns da música portuguesa dos últimos 40 anos, figurando ao lado de outros trabalhos discográficos editados na década de 80, como “Ar de Rock”, de Rui Veloso; “Heróis do Mar”, álbum homónimo do grupo; “Os Dias de Madredeus”, de Madredeus; e “Independança”, dos GNR.
Andreia Sofia Silva EventosNancy Vieira, cantora cabo-verdiana: “As mornas não me fazem chorar” Acaba de lançar um novo disco depois de um interregno desde 2018. “Gente” é o espelho de todos os músicos e compositores que têm trabalhado com Nancy Vieira, cantora cabo-verdiana que tem feito carreira em Portugal. O HM falou com a artista à margem do “Alentejo à Sombra – World Heritage Festival”, na vila de Cabrela, onde não foi esquecida a influência de Cesária Évora e o poder da morna em quem a ouve e dança Tem um novo álbum, que acaba de ser lançado, “Gente”. Fale-me deste novo trabalho. O nome diz tudo. “Gente, gente”. É a primeira vez que me aventuro na produção musical, mas não estive sozinha. Diria que a produtora principal é a Amélia Muge, o companheiro de vida e de música da Amélia Muge, José Martins, e eu. Chamei a minha “gente” destes anos todos, de quase 30 anos de vida de música para me ajudarem nos arranjos. Tive muito cuidado na escolha do repertório, não sou autora e tenho pouca coisa minha. Sou intérprete de vários autores cabo-verdianos e não só, no caso deste disco. As músicas chegaram em maquetes, com voz e guitarra, muito simples, mas já muito bonitas. Vinham já quase com uma vida própria e beleza. Este disco tem música tradicional de Cabo Verde, tem morna, tem coladeira, mas traz música da Guiné-Bissau. País, aliás, onde nasceu. Muitas pessoas não sabem, mas sou uma cabo-verdiana que nasceu na Guiné-Bissau. Essa é outra guerra minha porque não conheço bem a Guiné, nunca vivi lá, e a minha ligação com o país faz-se muito através da cultura e da música em particular. Por parte também de músicos e colegas que conheci já aqui em Portugal. Já tenho mais vivência de Portugal do que de Cabo Verde. Vim para Portugal com 14 anos. Não podia ficar de fora [do disco] a minha vivência com músicos portugueses que conheci aqui. Faço música com cabo-verdianos, e a base daquilo que faço é a música tradicional de Cabo Verde, mas fui recebendo, desde o primeiro momento, convites de músicos portugueses [para cantar], tal como Rui Veloso, a Ala dos Namorados, João Gil e o Júlio Pereira. Para este disco convidei alguns portugueses, como o António Zambujo que canta comigo o “Fado Crioulo”. “Rosa Sábi”, uma música deste novo trabalho, era, aliás, música tradicional portuguesa, mas demos um toque e aproximou-se do “sambinha” cabo-verdiano, a coladeira sambada. Portanto, cabe mesmo toda a sua gente neste trabalho. Cabe todos os que me têm acompanhado, que gostam de mim. Há a identidade da música de Cabo Verde, mas depois não há fronteiras. Aqui neste disco não tem mesmo: parte de Cabo Verde e viaja, vem de outros lugares até Cabo Verde. As nossas fronteiras são o mar. É uma ode à lusofonia? Também, mas sem pensar muito nisso. Tenho um músico peruano, por exemplo, o Jorge Cervantes, que produziu um disco meu de 2007. É um hispânico, e está comigo na estrada, agora, toca baixo e Charango. Tenho também o músico Olmo Marín, basco, espanhol, que toca comigo desde 2017. Há a lusofonia, mas há mais. Angola também aparece, pois tenho um dueto com Paulo Flores. “Fogo Fogo”, é um tema em que faço dueto com um grupo português que faz Funaná. Porque é que não compõe mais? Desde pequena que faço canções e duetos com os meus ídolos. Habituei-me a cantar grandes canções e poemas, grandes poetas cabo-verdianos, e não só. Sou muito exigente e tenho a certeza que não tenho esse dom. Canto (risos). Acho que fiz duas canções, com letra e música, tenho uma canção em co-autoria com a querida Sara Tavares. Foi feita em jeito de brincadeira, na minha casa. Cesária Évora está ainda muito presente. Há quem diga que segue o seu legado, que é a nova Cesária. O que sente quanto a isso? Não há ninguém parecido com a Cesária na sua interpretação e forma de estar. Isso não existe. A Cesária inspira-nos a muitos e muitas, e não me importo muito com a comparação, pois acho que quando o fazem é no sentido bom, é quase um elogio, mas não há ninguém como ela e não é intenção minha ser como a Cesária. Quer ter a sua própria voz. Cada um de nós tem a sua própria voz. A Cesária é única, cada um de nós, no nosso percurso, únicos. Mas é, sem dúvida, uma das grandes inspirações. É um orgulho ver nas minhas viagens e concertos em lugares longínquos a forma como ela deixou a imagem de Cabo Verde nas pessoas. Isso orgulha-me muito e comove-me, além de aumentar a minha responsabilidade. Eu, e muitos outros, continuamos esse legado. Não gravava um novo disco desde 2018. Porquê? Foi tudo muito natural. Houve alguma promoção e concertos com esse disco [Manhã Florida]. Os discos também têm um tempo de vida e de palco. Fiz muitos concertos, mas depois chegou a pandemia, que estragou tudo. Não foi nenhuma coisa pensada, e depois este disco [Gente], chegou a seu tempo. Todos os discos têm o seu tempo para chegar. Têm o seu tempo próprio. Tenho alguns anos de carreira e em 2025 conto com 30 anos desde o lançamento do meu primeiro disco, mas tenho poucos discos. Nunca senti necessidade nem pressa de gravar. Fui tendo a sorte de ter concertos, de cantar muito cada disco, cada repertório. Mas há muitos artistas que sentem que têm de fazer pausas, e posso vir a sentir isso. Mas agora tenho este rebento. Um disco é como um filho, e estou muito babada. O que é que estes 30 anos lhe trouxeram? Ensinaram-me muita coisa, sobretudo uma coisa importante: a magia da música de Cabo Verde. Como toca às pessoas, chega a elas, e ensinou-me também que é bom trabalhar em grupo. Tem tudo a ver, lá está, com este trabalho, “Gente”, em homenagem às pessoas que me ajudam. Continuo a aprender e vou continuar sempre. O batuco é também tradicional de Cabo Verde, da ilha de Santiago. Tem estado mais nos palcos, é algo também positivo? Claro que sim. Quantos mais géneros se popularizarem, melhor. A morna é a mais conhecida, mais transversal a todas as ilhas. O batuco é específico de Santiago. Quais as grandes mensagens associadas ao batuco? Inicialmente eram cânticos de trabalhos da terra, feitos por mulheres. Então acaba por ter uma conotação colonial. Sem dúvida. Houve alturas em que o batuco, sobretudo a dança, o “torno”, eram proibidos. É uma dança com alguma sensualidade, porque mexe muito com a parte do corpo feminino, e que foi proibido durante muito tempo. O funaná da ilha de Santiago também foi proibido e hoje é popular. Há muitos géneros de Cabo Verde que vão sendo divulgados. Há géneros específicos da ilha do Fogo, como o “Bandeira”, que não são muito conhecidos em Portugal, porque a morna e as batucadeiras foram avassaladoras. O que é que a morna tem que faz deste estilo musical tão especial? Diria que é muito difícil responder por palavras. Vou usar palavras do João Monge. Ele diz que é letrista, eu digo que é poeta. O João diz que a morna e estes géneros de Cabo Verde têm uma melancolia feliz. Algo que parece contraditório, mas que percebo perfeitamente. A mim as mornas não me fazem chorar, por mais tristes que sejam as letras. A nossa música é riquíssima em variedade de géneros, com as diferentes ilhas, mas a morna é transversal, e não toca apenas cabo-verdianos. A classificação da morna como património pela UNESCO foi tardia? Foi bem-vinda. Não penso na questão tempo, e tenho muito orgulho em ter estado em Bogotá, na Colômbia, nessa reunião, em Dezembro de 2019, onde a morna entrou para a lista dos patrimónios culturais imateriais da humanidade. Cantei uma hora e meia, muito nervosa, porque não estava no meu ambiente. Não era um ambiente de palco e espectáculo, era um ambiente de reuniões. Tínhamos espaço para um violão e um microfone para cantarmos morna e meia (risos). Sentia a responsabilidade de estar a representar o seu país. Estava. Nesse dia estávamos todos nervosos e eufóricos. Foi um dia muito feliz. A nomeação chegou em boa hora e posso dizer que essa candidatura foi muito inspirada pela candidatura do fado e pela equipa que a preparou, que deu um grande apoio. O fado, que é também uma música melancólica, mas triste, ao contrário da morna. Talvez triste, mas são músicas parentes, irmãs.
Andreia Sofia Silva PolíticaMetro ligeiro | DSOP diz que adjudicações estão “num nível razoável” A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) assegurou ao deputado José Pereira Coutinho que “numa análise geral, os preços de adjudicação em relação a todos os itens dos trabalhos da obra da Linha Leste estão, neste momento, num nível razoável”, afastando cenários de gastos ou derrapagens excessivas. Em resposta à interpelação escrita do deputado, a DSOP explica que “toda a Linha Leste do Metro Ligeiro é composta por estações subterrâneas e túnel escavado pela tuneladora, sendo todas estas obras executadas no subsolo e debaixo do mar, pelo que, comparando com o método de execução da obra para a estação elevada, estas obras são mais difíceis e é necessário de dispor de muitos equipamentos complexos”. Além disso, são também referidos “os preços dos materiais e o salário dos trabalhadores da construção em Macau” que “são mais elevados do que os das regiões indicadas na interpelação”. A DSOP assegura que todos os montantes envolvidos nos trabalhos de construção da Linha Leste do metro foram “sujeitos a avaliação” e que, na hora de definir orçamentos, importam “condições de construção que variam de região para região”. “Devido ao impacto causado pelo valor da moeda, inflação, entre outros factores, os dados de outras regiões só podem servir como referência, não estando reunidas condições para uma comparação directa” com as regiões referidas por Coutinho nas questões colocadas ao Governo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaResidência para idosos | Adjudicação justificada com experiência O Instituto de Acção Social justifica a adjudicação directa dos trabalhos de decoração e gestão da residência para idosos à Companhia de Engenharia e Construção de Macau por esta já dominar o projecto desde a fase de construção. Isto apesar do valor da adjudicação ser superior às exigências legais que obrigam a concurso público A Companhia de Engenharia e Construção da China (Macau) viu ser-lhe adjudicado o projecto, sem concurso público, para as “obras de decoração das residências para idosos e organização dos serviços de gestão de propriedades”, sob alçada do Instituto de Acção Social (IAS). O HM questionou esta entidade sobre as razões da ausência de concurso público tendo em conta que este projecto tem um valor estimado superior ao que é permitido na lei para a isenção de concursos: 231,688 milhões de patacas. Segundo o regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços em vigor, é obrigatório realizar concurso público sempre que as obras tiverem um valor estimado igual ou superior a 15 milhões de patacas, ou as aquisições de bens e serviços custarem mais de 4,500 milhões de patacas. Porém, o IAS vem agora justificar a decisão com o facto de a empresa já dominar o projecto residencial desde a fase de construção. “Dado que a concepção e construção das obras de decoração da Residência do Governo para Idosos devem articular-se com a estrutura e o sistema electromecânico da Residência, as obras foram adjudicadas, por ajuste directo, à Companhia de Engenharia e de Construção da China (Macau), responsável pela construção.” O IAS adianta ainda, na mesma resposta escrita, que a empresa “domina e conhece as configurações da Residência” ao nível de toda a infra-estrutura. “A gestão inteligente das propriedades da Residência envolverá a operação dos sistemas inteligentes e software de plataforma de gestão, que é relativamente mais complexa do que os serviços gerais de gestão das propriedades.” Assim, esclarece o IAS, a empresa deve, com base no contrato de adjudicação, “garantir que os serviços [de gestão] sejam executados por entidades qualificadas e experientes, sendo que o IAS supervisionará directamente se os serviços da Companhia atendem aos requisitos de adjudicação”, é referido. Casas a caminho O referido regime das despesas com obras e aquisição de bens e serviços em vigor prevê alguns casos excepcionais em que o Governo pode não realizar concurso público, mas até à data o IAS não tinha apresentado justificações sobre as razões para esta adjudicação directa. A construção da Residência para Idosos, bloco de apartamentos para os mais velhos com dificuldades em ter uma casa construído na Areia Preta, ficou concluída no início deste ano. O processo de escolha das casas arranca já no dia 8 deste mês (ver caixa). O bloco habitacional terá uma área de quase sete mil metros quadrados, 37 pisos e uma zona de parque de estacionamento com três pisos construídos na cave. Estarão disponíveis 1800 casas de tipologia T0. Ver para escolher Os utentes candidatos ao programa de residência para idosos, bloco de apartamentos situado na Areia Preta, podem consultar, a partir de hoje, todas as informações sobre o processo de candidaturas de forma online. De frisar que as casas podem começar a ser escolhidas já a partir da próxima semana, dia 8. A partir de hoje podem ser consultados dados sobre os “apartamentos residenciais em vários andares e vistas diferentes, a vista fora dos apartamentos residenciais”, existindo ainda um “vídeo de demonstração para a escolha do apartamento residencial”, esclarece o Instituto de Acção Social em comunicado. Os utentes têm um prazo de 90 dias para escolher a casa onde vão viver. No caso de os candidatos não completarem as formalidades da escolha do apartamento residencial dentro do prazo indicado, não serão beneficiados do desconto de 20 por cento da taxa de utilização, sendo transferidos automaticamente para a lista de espera.
Andreia Sofia Silva EventosIAM | Exposição itinerante, jogos e visitas guiadas até ao fim do ano O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) organiza, entre os meses de Agosto e Dezembro, a exposição “Uma passeata pelas ruas de Macau – Conhecer Macau 2024”. Trata-se de uma mostra itinerante que irá passar por escolas, associações e instituições, complementada por jogos de perguntas e respostas. O objectivo é, segundo um comunicado, “aprofundar o conhecimento do público e dos jovens sobre a comunidade de Macau e assim reforçar o sentido de pertença a Macau”. A mostra revela 19 itinerários de passeios, sendo aprofundado “o sentimento de reconhecimento e pertença do público à comunidade de Macau”, cultivando-se o sentimento de “Amor pela Pátria e por Macau”, descreve o IAM. A exposição, com cariz itinerante, terá dois percursos, nomeadamente “Organizações de Beneficência” e “Traços de Comerciantes Chineses Famosos em Macau”. A mostra ficará no local de acolhimento durante duas semanas, sendo também realizados jogos e exibidos vídeos do itinerário temático. Desta forma, o público pode “aprofundar o conhecimento das características e histórias comunitárias através de textos, imagens e jogos”. As inscrições para estas actividades já se encontram abertas. Destaque para o facto de, entre 22 de Outubro e 22 de Novembro, serem colocados painéis itinerantes para a exposição no Parque Central da Taipa, Jardim de Lou Lim Ioc, Jardim de Luís de Camões, Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen e Parque Urbano da Areia Preta. Além da mostra e das actividades adjacentes, irão também realizar-se visitas guiadas em que os participantes irão passear pelas estradas e ruas de diferentes itinerários temáticos, “recordando o passado de Macau, explorando os traços das pessoas famosas e aprofundando os seus conhecimentos sobre a comunidade”. Para estas visitas é necessária marcação prévia.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | “Encantos de Julho” já são conhecidos São poucos os filmes que integram o cartaz deste mês, intitulado “Encantos de Julho”. Destaque para o filme “The Peasants”, uma obra dramática de animação para adultos, com exibições até ao dia 28. Por esta sala de cinema passam ainda os filmes “Close your Eyes” e “La Chimera” Novo mês, novos filmes. Julho arranca na Cinemateca Paixão com o habitual cartaz “Encantos” dedicado a cada mês do ano. Tendo em conta que, nas próximas semanas, muitos filmes irão passar pelas telas da Cinemateca, nomeadamente os que integram o Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, serão exibidos apenas três filmes até ao final do mês desta selecção mensal. Assim, “Encantos de Julho” traz “The Peasants”, em português “Em Nome da Terra”, um drama original de animação pensado para adultos da autoria de DK Welchman e Hugh Welchman. Com exibições amanhã, às 19h30, e depois nos dias 4, 10, 13, 21 e 28, este filme centra-se em torno da trágica história da camponesa Jagna que foi obrigada a casar com um agricultor rico e muito mais velho do que ela, chamado Boryna. Jagna ama o filho do marido que lhe foi destinado, Antek. Com o tempo, Jagna torna-se objecto de inveja e ódio dos aldeões e tem de lutar para preservar a sua independência. Segue-se “Close your Eyes” [Fechar os Olhos], exibido esta quarta-feira e depois sexta, domingo, e dia 12. Esta película estreou mundialmente no Festival de Cinema de Cannes no ano passado, na secção “Cannes Premiere”, tendo ficado em segundo lugar na lista dos dez melhores filmes de 2023 elaborada pela revista “The Movie Book”, uma das melhores publicações no mundo do cinema. “Close your Eyes” [Fechar os Olhos] marca o regresso ao ecrã e à realização de Victor Arias, realizador espanhol, que esteve afastado do mundo do cinema durante 30 anos, sendo esta uma história que se centra em torno do desaparecimento do actor espanhol Julio Arenas. Julio desaparece durante a rodagem de um filme, e as autoridades nunca conseguem encontrar o seu corpo. Porém, vão revelando alguns detalhes do que poderá ter acontecido no dia do desaparecimento, nomeadamente quanto à possibilidade de ter ocorrido um acidente. Segundo o jornal espanhol “El Confidencial”, o filme é protagonizado pelo actor Manolo Solo, uma espécie de “alter ego” do próprio realizador, sendo “Close your Eyes” um filme sobre a memória e o passar do tempo. A personagem de Manolo Solo decide, anos depois, ir em busca do amigo desaparecido, Julio Arenas, interpretado por José Coronado. Para rir Depois de dois filmes mais intensos, o tom desce e é exibido uma comédia. “La Chimera”, de Alice Rohrwacher, é um filme que já passou por algumas salas de cinema europeias, nomeadamente no Festival de Cinema Indie de Lisboa. “La Chimera” remete, como o nome indica, para a ideia de “quimera”, que é figura ligada à mitologia grega, mas também algo que se pretende alcançar, numa onda utópica ou de esperança. Na sinopse deste filme, descreve-se uma história em torno de Arthur, um “arqueólogo de um grupo que procura tesouros antigos em tumbas, e um Orfeu que procura a sua quimera, o seu desejo impossível, apesar de todas as regras da realidade”. “La Chimera” viaja, assim, “entre o concreto e o fantasioso, desvendando-se mitos”. Este filme conta com actores como O’Connor, Carol Duarte, Vincenzo Nemolato, Alba Rohrwacher e Isabella Rossellini.
Andreia Sofia Silva SociedadeFronteiras | Passagem de veículos cresce mais de 30% O movimento de automóveis nos postos fronteiriços de Macau foi, nos primeiros cinco meses do ano, de 3.551.027, o que representa um aumento de 32,2 por cento face a igual período do ano passado. Só no mês de Maio deste ano passaram pelas fronteiras 758.865 viaturas, mais 23,6 por cento em termos anuais. Dados da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) mostram ainda que, em Maio, o movimento de automóveis ligeiros de passageiros nos postos fronteiriços equivaleu a 706.980, mais 23,3 por cento em termos anuais. Deste número, 127 milhares de entradas e saídas eram de automóveis com matrícula única de Macau que circularam entre Macau e Hengqin, um aumento anual de 14,6 por cento; 122 milhares de entradas e saídas eram de automóveis incluídos na medida “Circulação de veículos de Macau na província de Guangdong”, um aumento de 11,8 por cento, e ainda 22 milhares de entradas e saídas que foram de automóveis locais que circularam entre Macau e Hong Kong. Só neste último ponto o aumento foi de 54,8 por cento. Relativamente a acidentes de viação em Macau, a DSEC indica a ocorrência, em Maio, de 1.404 acidentes de viação, mais 48,9 por cento em termos anuais, dos quais resultaram 514 feridos. Já nos primeiros cinco meses do ano, ocorreram 6.409 acidentes com duas vítimas mortais e 2.331 feridos. Destaque também para o facto de o movimento de embarcações de passageiros ter sido de 33.465, um aumento de 38,5 por cento relativamente ao período homólogo de 2023.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGrande Baía | Inaugurada nova ponte que liga Shenzhen a Zhongshan Foi inaugurada este domingo a ponte Shenzhen-Zhongshan que promete um trajecto entre estas duas cidades chinesas em apenas 30 minutos, além de permitir ligações com outros locais do Delta do Rio das Pérolas. As portagens custam 66 yuan. Andy Wu espera que esta nova infra-estrutura venha potenciar ainda mais o turismo É mais uma infra-estrutura de grandes dimensões a ser inaugurada na China e que até mereceu os parabéns do Presidente Xi Jinping. A ponte Shenzhen-Zhongshan, com 24 quilómetros de comprimento, começou a receber os primeiros veículos este domingo, prometendo ligar as margens oriental e ocidental do estuário do Rio das Pérolas. Um percurso que antes demorava duas horas entre as cidades de Shenzhen e Zhongshan, leva agora 30 minutos a fazer. A construção iniciou-se em 2017, sendo esta infra-estrutura composta por duas pontes, duas ilhas artificiais e um túnel subaquático. A nova ponte está localizada cerca de 30 quilómetros a norte da Ponte Humen e 31 quilómetros a sul da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Além de reduzir a distância entre as cidades que dão nome à ponte, existe agora uma maior conexão com as principais auto-estradas da região, como a de Guangzhou-Shenzhen, Jihe e a auto-estrada costeira Guangzhou-Shenzhen, a leste, e a de Zhongshan-Kaiping, Guangzhou-Macau e ainda a auto-estrada da Circunvalação Externa Oriental de Zhongshan, a oeste. A ponte faz ainda conexão com a via rápida Nansha-Zhongshan, ainda em construção, e também a via rápida do porto de Nansha. Parabéns presidenciais Segundo a agência estatal Xinhua, o Presidente chinês enviou uma carta de felicitações pela abertura da ponte, tendo afirmado, na missiva, que este “é outro projecto de transporte em grande escala na área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, a seguir à ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”. O Presidente destacou que o projecto “conseguiu ultrapassar vários desafios técnicos de nível mundial e estabelecer vários recordes mundiais”. “Todos os participantes, através do seu trabalho árduo e determinação inabalável, concluíram com êxito o projecto com elevada qualidade”, acrescentou. Para Xi Jinping, o projecto “ilustra plenamente que a modernização chinesa só pode ser alcançada através de um trabalho sólido, uma vez que todas as grandes causas são realizadas através de acções concretas”. A ponte Shenzhen-Zhonghsan poderá ainda potenciar o turismo em Macau pela maior facilidade de deslocações, destacou Andy Wu, sobretudo em termos do número de excursões. O presidente da Associação da Indústria Turística de Macau prevê que os residentes locais se desloquem mais a Shenzhen ou zonas vizinhas, disse ao canal chinês da Rádio Macau. Além disso, poderão ser lançadas novas excursões a Shenzhen ou Dongguan, sobretudo passeios de dois dias, sendo que só no primeiro dia de abertura da ponte a excursão de Macau a Shenzhen contou com 100 pessoas. Andy Wu frisou que os cidadãos chineses mudaram o comportamento como turista, viajando mais a nível individual ao invés de optar pelo formato excursão. Isto com base nos números, pois o dirigente destacou que o volume de excursões do interior da China para Macau reduziu-se em um terço face a 2019, mas o número total de turistas teve uma recuperação de cerca de 80 por cento face ao mesmo ano. Assim, Andy Wu defende que o sector tem de se adaptar a este novo cenário.
Andreia Sofia Silva EventosRota das Letras | Espectáculo de dança e teatro este fim-de-semana no CCM Chama-se “Dearest” e é resultado de um projecto participativo de dança, escrita e teatro nascido do Festival Literário Rota das Letras, que contou com a obra de Virgínia Woolf como ponto de partida. O espectáculo sobe hoje e amanhã ao palco do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, hoje e amanhã, a partir das 19h45, o espectáculo “Dearest” [Querido], uma iniciativa criativa e artística que nasceu do projecto participativo “Um Quarto Próprio”, desenvolvido no âmbito de workshops realizados durante as últimas edições do Festival Literário Rota das Letras. Trata-se de uma iniciativa artística com coreografia do bailarino de Pequim, Jay Zheng, e da bailarina de Macau, Tina Kan. O espectáculo conta com actuações da própria Tina Kan e Helen Ko, actriz e bailarina, bem como outros bailarinos de Pequim. Segundo uma nota do CCM, este projecto é inspirado na vida e obra da escritora inglesa Virgínia Woolf, considerada como uma das pioneiras do feminismo e modernismo no século XX, e autora de romances como “Mr. Dalloway”. “A performance combina uma estrutura de performance, dança, música, cenografia e figurino, explorando a condição feminina, a relação andrógina entre os sexos e a jornada final do eu”, com base no conteúdo da obra de Woolf, “A Room of One’s Own”. Desta forma, descreve o CCM, ao tentar analisar a literatura da autora, “a performance levará o público [a construir] imagens psicológicas internas” associadas ao livro, “conectando-se com fragmentos das histórias”. A primeira edição de “A Room of One’s Own” [Um Quarto Só Seu] data de 1929 e nasce de duas conferências dadas por Virgínia Woolf em colégios da Universidade de Cambridge. Trata-se de um ensaio alargado sobre a situação difícil vivida, à época, pelas mulheres romancistas sendo, ao mesmo tempo, um apelo à autonomia e reconhecimento. Muitos consideram esta obra como o primeiro passo para traçar a história da literatura feminina numa época em que o mundo das letras era ainda dominado pelos homens, pois nem todas as mulheres tinham possibilidade de estudar. Viver e escrever Mais do que celebrar as letras e os livros, o Rota das Letras ousou ir mais além, criando um espectáculo de raiz com base em workshops que contaram com a participação do grande público, com mais ou menos experiência. A ideia foi celebrar a efeméride dos 140 anos do nascimento de Virgínia Woolf, tendo sido criados oficinas de literatura, teatro, música e prática de instrumentos com várias personalidades locais, onde os participantes eram convidados a escrever, a pensar e a criar. Uma dessas personalidades foi Agnes Lam, ex-deputada e académica na área da comunicação da Universidade de Macau, que orientou a criação de histórias baseadas nas vivências pessoais dos participantes, num formato de diário anónimo. Esses textos foram, mais tarde, adaptados para o espectáculo que hoje e amanhã se apresenta. Em Junho, Alice Kok, artista local e presidente da AFA – Art for All Society, e curadora deste espectáculo, falou da iniciativa. “A ideia surgiu das obras literárias de Virgínia Woolf, há dois anos, e a vontade de tentar explorar a condição da mulher contemporânea em relação ao pensamento crítico da autora, nascida há mais de um sáculo”, disse ao jornal Ponto Final. Alice Kok lembrou que “Woolf falava sobre as mulheres precisarem de um ‘quarto próprio’, um espaço onde possam pensar, escrever e criar sem interferências ou distracções. Um ‘quarto mental’, para que as mulheres pudessem ultrapassar as barreiras impostas pela sociedade patriarcal da época. Argumento pertinente ainda nos tempos de hoje, infelizmente”, destacou.
Andreia Sofia Silva SociedadeTorre de Macau | Obras não travam uso de campo desportivo José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), adiantou que o campo desportivo situado junto à Torre de Macau vai continuar a ser utilizado enquanto decorrem as obras da segunda fase de construção do “Corredor Verde da Margem Sul da Península de Macau”. O IAM promete, assim, “manter, na medida do possível, o campo desportivo existente na proximidade da Torre de Macau, esperando que este possa continuar a ser utilizado até à conclusão da obra”. Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Sun Iok, José Tavares adiantou também que o novo corredor verde vai incluir um campo de futebol de cinco, um campo de basquetebol e um campo de treino. Aquando do arranque das obras, irá dar-se prioridade “à construção da parte que inclui o campo, para que os cidadãos possam utilizar, o mais rápido possível, o novo local”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaResidência por investimento | Associação alerta para especulação A associação Poder do Povo entregou ontem, na sede do Governo, uma carta onde exige prudência no relançamento da política de fixação de residência por investimento. Para a entidade, a medida apenas vai contribuir para aumentar a especulação em torno do imobiliário A possibilidade do regresso da política de atribuição de residência por investimento imobiliário preocupa a associação Poder do Povo, cujos responsáveis entregaram ontem uma carta na sede do Governo. Na missiva, dirigida a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, pede-se prudência caso o Executivo decida relançar esta política, algo que tem vindo a ser defendido por alguns sectores, nomeadamente o do imobiliário. Lam Weng Ioi, presidente da Poder do Povo, afirmou que, a ser relançada, a política apenas vai fomentar a especulação imobiliária, não trazendo benefícios à população. “Esta política será apenas uma forma de subsídio para quem compra casas, pois quem compra um imóvel ganha o direito a ter o bilhete de identidade de residente. Trata-se de uma medida que só beneficia os estrangeiros e estimula [o aumento] dos preços dos imóveis, não trazendo benefícios ao desenvolvimento de Macau”, acusou. O dirigente associativo frisou ainda que “apenas os promotores imobiliários e grandes proprietários serão beneficiados, enquanto a população, incluindo pequenas e médias empresas, vão sofrer com os preços elevados das casas e rendas”. A Poder do Povo deixou claro que não se opõe à medida, pedindo apenas cuidado e mais esclarecimentos na sua implementação, nomeadamente para que fique claro quais são as necessidades da economia local. Lam Weng Ioi reconheceu que a política de atracção de investimento pode, de facto, atrair capitais do exterior, mas frisa que esta não é uma necessidade primordial para Macau. O responsável lembrou os dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau, que mostram que o território teria um fluxo de capitais positivo mesmo com uma nova pandemia. O presidente da Poder do Povo disse também que já existe um regime de captação de quadros qualificados, pelo que não se deve sobrepor outra medida semelhante. Casas e escritórios A carta ontem entregue ao Chefe do Executivo aborda ainda a questão do aluguer de escritórios para serviços públicos e qual o calendário para a construção de edifícios, a fim de reduzir os custos com rendas. A Poder do Povo lembrou a inauguração, em 2021, do edifício de escritórios para a Administração situado no ZAPE. “Passados três anos a taxa de utilização é inferior a metade do espaço, acho que este projecto não teve o progresso esperado”, acusou o presidente. A associação entende que alugar espaços comerciais para serviços governamentais não passa de gastos evitáveis de erário público. “O Governo tem imensos terrenos e propriedades, porque é que ainda precisa de alugar escritórios e espaços privados? Há poucos departamentos que fazem atendimento ao público, mas o aluguer de escritórios para acolher esses serviços ficam nas zonas mais caras, com rendas que podem chegar aos 50 ou 60 milhões por mês. Assim, esperamos que o Governo apresente, em breve, um calendário sobre o plano de mudança de escritórios [de espaços privados para públicos]”, rematou.
Andreia Sofia Silva SociedadeBalança comercial | Défice desce em termos anuais O défice da balança comercial foi, nos primeiros cinco meses deste ano, de 48,50 mil milhões de patacas, menos 5,78 mil milhões de patacas em relação a igual período do ano de 2023. Segundo dados ontem divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), as importações de mercadorias, de Janeiro a Maio deste ano, foram de 54,04 mil milhões de patacas, menos 9,1 por cento em termos anuais. Enquanto isso, as exportações cifraram-se em 5,55 mil milhões de patacas, mais 7,1 por cento face aos mesmos meses de 2023. O valor total do comércio externo de mercadorias no período de Janeiro a Maio deste ano correspondeu a 59,59 mil milhões de patacas, uma quebra de 7,8 por cento em relação ao valor de 64,63 mil milhões de patacas registado no idêntico período de 2023. Também nos meses de Janeiro a Maio deste ano, as exportações para os países que integram a iniciativa “uma faixa, uma rota” foram de 425 milhões de patacas, mais 142,3 por cento em termos anuais, enquanto para países da União Europeia foram de 97 milhões de patacas, mais 79,7 por cento. Porém, os valores exportados de mercadorias para o Interior da China (310 milhões de patacas), Hong Kong (3,83 mil milhões de patacas) e EUA (101 milhões de Patacas) caíram 3,2, 3,6 e 36,9 por cento, respectivamente. No que diz respeito às importações, destaque para as mercadorias oriundas da União Europeia, no valor de 16,49 mil milhões de patacas, seguindo-se as do interior da China, com o montante de 15,33 mil milhões de patacas, e ainda dos países de “uma faixa, uma rota”, com 12,35 mil milhões de patacas. Estes valores representam, respectivamente, quebras de 17,5, 2,9 e nove por cento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAutocarros | TCM e Transmac com lucros de 52 milhões em 2023 As concessionárias de transporte público de autocarros anunciaram ontem lucros conjuntos de 52,82 milhões de patacas, tendo em conta os relatórios anuais publicados em Boletim Oficial. Destaque para o aumento do número de passageiros e a aquisição de mais veículos eléctricos As companhias de autocarros de Macau registaram um lucro total de 52,82 milhões de patacas no ano passado, anunciaram ontem a Transmac e a Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM). Segundo os relatórios anuais das empresas publicados em Boletim Oficial (BO), a Transmac conseguiu lucros de 38,86 milhões de patacas, enquanto a TCM teve lucros inferiores, de quase 14 milhões (13.966.802 patacas). A Transmac diz ter transportado mais de 101 milhões de passageiros em 2023, 279 mil por dia, tratando-se de um aumento de 29,6 por cento em relação a 2022. Relativamente ao quarto trimestre do ano, e face ao mesmo período de 2019, atingiu-se o volume de passageiros de 99,9 por cento, “chegando-se praticamente ao nível antes da pandemia”, lê-se. Além disso, e “aproveitando as políticas de incentivo económico do Governo, em Fevereiro [deste ano], o número de passageiros ultrapassou o do mesmo período de 2019, com um aumento de cinco por cento”. Em relação à TCM, esta transportou 112 milhões de pessoas no ano passado, mais 24,9 por cento face a 2022, “recuperando assim 91 por cento da lotação total de 2019”, lê-se no documento. Apostas verdes As duas concessionárias apostaram na compra de mais veículos sustentáveis do ponto de vista ambiental, movidos a electricidade. A TCM introduziu, em três fases, entre os anos de 2021 e 2023, 469 autocarros eléctricos, “tendo terminado, com sucesso, o trabalho de renovação da frota de exploração de acordo com o plano estabelecido”. Desta forma, a TCM diz ter feito “progressos substanciais no apoio às iniciativas de mobilidade verde em Macau”. Posição semelhante tem a Transmac, que adquiriu 113 novos autocarros eléctricos. Também no início deste ano foram comprados 35 mini-autocarros eléctricos de alcance alargado e dois autocarros eléctricos “super-longos, de gama alargada e articulados”, com o comprimento de 18 metros. Desta forma, pretendeu-se “satisfazer a procura dos passageiros e reforçar os serviços ecológicos e elevar o nível dos serviços de transportes públicos”. A Transmac destaca também o “constante” aumento dos preços dos combustíveis, na ordem dos 4,3 por cento face a 2022.
Andreia Sofia Silva PolíticaZona A | Aberto concurso para construir edifício desportivo A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) abriu um concurso público para a construção do edifício de equipamentos recreativos e desportivos no Lote A9 da zona A dos novos aterros. O projecto, segundo informações públicas ontem divulgadas, estará próximo das habitações públicas e lar de idosos, ocupando uma área aproximada de 1.930 metros quadrados e com uma área bruta de construção de 12.500 metros quadrados. O edifício terá a altura de 44,5 metros, com um parque de estacionamento subterrâneo e dois pisos. Por sua vez, no piso térreo e superiores, serão construídos quatro pavilhões no total, uma piscina de 25 metros de comprimento, seis campos de badminton, dois campos de basquetebol e uma sala de ping pong, entre outras infra-estruturas. O prazo definido para a construção é de 975 dias, divididos em duas fases. Na primeira fase devem ser construídas as fundações e a estrutura da laje do rés-do-chão em 325 dias, enquanto na segunda fase se devem concluir as estruturas superiores desde a laje do rés-do-chão até à laje de cobertura, com o prazo máximo de execução de 590 dias de trabalho. Estas metas são de cumprimento obrigatório para o futuro concessionário.
Andreia Sofia Silva EventosFRC | Influências do Sudeste Asiático na comida macaense hoje em debate Autora de livros sobre a gastronomia macaense, Annabel Jackson dá hoje uma palestra na Fundação Rui Cunha, a partir das 19h, intitulada “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica”. Ao HM, a autora lamenta a ausência de apoios para manter abertos restaurantes macaenses mais antigos e diz ser “redutor” e “um disparate” afirmar que a gastronomia macaense é uma mera fusão de paladares chineses e portugueses Se há gastronomia que é uma verdadeira manta de retalhos é a macaense. Annabel Jackson, escritora e investigadora sediada no Reino Unido, e que viveu em Hong Kong durante mais de duas décadas, fala hoje sobre o assunto na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 19h, em particular da íntima ligação que existe entre a culinária do Sudeste Asiático e a gastronomia macaense. A palestra intitula-se “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica” e destaca, precisamente, o facto de a comida macaense não ser uma mera junção de influências e fusões entre a comida chinesa e portuguesa. “É tão redutor quando afirmamos que a comida macaense é uma espécie de fusão da comida portuguesa e chinesa. É realmente um disparate. [A gastronomia macaense] não é apenas indicativa de todo o Sudeste Asiático, mas podemos ir até algumas ilhas do Oceano Índico e algumas zonas da África Oriental. Não nos podemos esquecer que a comida macaense é, de certa forma, baseada nos ingredientes chineses locais, como o frango, porco, ovos, alhos, cebolas, azeite, mas é muito mais do que isso”, disse ao HM. Annabel Jackson apresentou vários exemplos de nomes de receitas macaenses que são tudo menos chineses ou portugueses, como é o caso do “Porco Balichão Tamrindo”. “Já sabemos que ‘Balichão’ não é uma palavra portuguesa, nem ‘Tamarindo’. Pensamos então de onde vêem estas palavras, e conseguimos então traçar ligações com a língua malaia ou com a língua ‘Tamil’, falada na Índia”, destacou. Outra palavra sem origens portuguesas é “Chamuça”, incluindo o próprio alimento. “Quase todas as gastronomias têm um prato que é um tipo de proteína cozinhado com um tipo de massa, num pastel. Falamos também das empadas, que existem na cozinha francesa, e temos muitos exemplos nas comidas asiáticas.” Influências malaias ou indianas podem encontrar-se também no chilicote, uma espécie de pastel com recheio muito conhecido na gastronomia macaense. “Chilicote é uma palavra muito parecida com ‘Chilikoti’, que existe na língua malaia, mas é também semelhante à linguagem ‘Tamil’. Então temos o exemplo desta semelhança num alimento que vai sofrendo alterações nos países por onde passa. Esta é apenas uma forma de construir a ideia de que existe uma relação muito forte entre os idiomas e os nomes das comidas”, explicou. Comida do povo Apesar de ter vivido em Hong Kong muitos anos, Annabel Jackson conhece bem Macau e dedicou-se a escrever sobre a sua gastronomia de fusão. É autora de 13 livros, incluindo seis com receitas sobre cozinhas asiáticas. Um dos livros sobre Macau intitula-se “Taste of Macau: Portuguese Cuisine on the China Coast”. Tem um mestrado em Antropologia da Alimentação pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, estando actualmente a frequentar o doutoramento. A palestra que acontece hoje na FRC tem o apoio da Universidade de São José (USJ), integrando-se numa série de conversas em torno da história e património. Hoje, olha-se para “as comparações com outras cozinhas ‘crioulizadas’ no Sudeste Asiático, como a comida Peranakan e Kristang na Malásia. Estas questões são abordadas através de uma análise histórica e política, mas também através das especificidades da etimologia e da cozinha.” Pensando em termos históricos, Annabel Jackson aponta as influências que os Descobrimentos portugueses tiveram em toda esta mescla culinária, mas recorda que “quando os portugueses chegaram a Macau, provavelmente não faziam ideia de metade das comidas que aqui existiam”. “[Os portugueses] não faziam ideia de como as preparar ou preservar. Vemos, então, diferentes tipos de relações [gastronómicas] a emergir por causa de todos estes tipos de culinárias que não foram criadas pelos colonizadores, mas sim pelas pessoas locais”, adiantou. Pouca oferta Annabel Jackson não tem dúvidas de que é necessário falar mais das influências asiáticas em torno da gastronomia macaense e de como persiste um profundo desconhecimento sobre este tipo de cozinha em Macau. “Sinto que com a classificação de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO houve mais reconhecimento, mas, apesar de todo o esforço feito pelo Governo de Macau, a mensagem não está a passar e os turistas não fazem ideia do que é a gastronomia macaense. Se falarmos com chineses locais, também não sabem o que é. Temos uma disconexão quando as pessoas vão a Macau, porque há poucos restaurantes macaenses.” Apesar da legislação turística obrigar os espaços de restauração das operadoras de jogo a ter comida macaense nos menus, a verdade é que continuam a não ser servidos os pratos mais originais, existindo desconhecimento sobre o que é um verdadeiro prato macaense. “Olhamos para um menu, vemos o nome de um prato e não é claro se é macaense ou português. As pessoas comem uma comida macaense, mas não sabem que o é por uma questão de comunicação, que não é apenas um problema a nível governamental. Penso que os funcionários dos restaurantes, por exemplo, também não estão a comunicar devidamente [o que é a comida macaense].” Annabel Jackson não deixa de lamentar a ausência de apoios governamentais na preservação de restaurantes macaenses mais tradicionais e independentes em relação aos casinos. Um dos casos mais notórios foi o recente fecho da “Cozinha Aida”, restaurante fundado por Aida de Jesus que servia verdadeiros pratos macaenses e cujo negócio foi decaindo por uma série de factores. Aida de Jesus faleceu há dois anos. “Nos últimos oito meses assistimos ao encerramento de dois restaurantes macaenses locais. Tratam-se de espaços que serviam comida autêntica com apenas alguns pratos portugueses, mas na maioria eram macaenses. E penso como é que estes restaurantes podem ter fechado. No caso de Aida de Jesus, ela era a madrinha da cozinha macaense. Porque é que o Governo não apoia os restaurantes macaenses locais ajudando-os a sobreviver, dando-lhes mais recursos?”, inquiriu a autora.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaBurlas | Coutinho pede estudo mais aprofundado sobre causas O deputado José Pereira Coutinho exige que as autoridades estudem de forma mais aprofundada as causas para a elevada ocorrência de casos de burla. O responsável destaca, em interpelação escrita, a “discrepância” existente face aos dados apresentados pelo Conselho de Consumidores que falam de uma maior consciência dos estudantes sobre os perigos informáticos A mais recente interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho entregue ao Governo chama a atenção para uma aparente contradição: como explicar o crescente número de casos de burla tendo em conta as inúmeras campanhas de consciencialização elaboradas pelo Conselho dos Consumidores (CC) junto da população e escolas? Neste contexto, o deputado entende que deve ser realizado, por parte das autoridades, “uma análise mais aprofundada para entender os factores subjacentes a esta realidade aparentemente contraditória”, propondo-se “soluções eficazes para proteger os jovens contra fraudes e esquemas de burlas, apesar da suposta ‘alta consciência’ sobre os direitos dos consumidores?”, questiona. Coutinho gostaria de ver apurados “os factores sociais, educacionais e tecnológicos que podem estar a contribuir para esta discrepância entre a percepção e a realidade”. O deputado destaca, por exemplo, o inquérito divulgado pelo CC, no início deste ano, realizado com estudantes do ensino secundário. As conclusões apontam para números que, à partida, parecem animadores no que diz respeito à consciência de potenciais situações de burla. Dos cerca de sete mil inquiridos, 81 por cento disse que já fez compras online, sendo que 13 por cento comprou produtos online logo no ensino primário. O CC concluiu que “93 por cento dos alunos afirmaram que costumam visualizar os comentários de outros clientes antes de fazer compras, a fim de evitarem ser ludibriados”. Assim, o CC entende que “a maioria dos inquiridos demonstra ‘uma alta consciência sobre a defesa dos direitos do consumo e dos consumidores'”, cita Coutinho na interpelação. Rosas e espinhos Apesar da aparente maior consciencialização dos estudantes, a verdade é que o inquérito do CC não é totalmente animador. “O relatório também destaca um cenário preocupante, com o aumento dos casos de burla informática que afecta cada vez mais os jovens das escolas secundárias.” Destaca Pereira Coutinho que só no primeiro trimestre deste ano, e segundo o inquérito do CC, “houve 96 fraudes telefónicas, sendo que, destas, 40 visaram estudantes”, um cenário que resultou em “perdas de dezenas de milhões de yuan”. Neste caso, as vítimas “demonstraram ‘uma baixa consciência dos seus direitos cívicos'”. O deputado entende, portanto, que “os desafios de prevenção e protecção continuam ainda a ser significativos, porque, apesar da maior consciência de direitos, os consumidores estão ainda amplamente vulneráveis a esquemas de burla online”. As autoridades “enfrentam dificuldades acrescidas em acompanhar a evolução dos métodos criminosos e em fornecer respostas eficazes, pelo que as campanhas de educação e consciencialização sobre a segurança digital precisam de ser intensificadas para capacitar os consumidores”, rematou.