Andreia Sofia Silva EventosFestival Fringe | Grupo de Macau Artfusion actua em Shenzen O grupo Macau Artfusion actua no Festival Fringe de Shenzen entre os dias 16 e 24 de Novembro com um espectáculo de rua, que mistura dança e teatro físico. A iniciativa, que tem direcção artística e produção de Laura Nyögéri, apresenta um novo conceito criativo, intitulado “Less Talk, More Art”, que ganha novos contornos em Macau [dropcap]O[/dropcap] Festival Fringe de Shenzen recebe, entre os dias 16 e 24 de Novembro, pela quinta-vez, o grupo local Artfusion Macau, num espectáculo com os artistas Daê Teixeira , Filipa Lima, Madalena Lopes e Mafalda Ramos. A direcção artística e produção está a cargo de Laura Nyögéri, que, a título individual, participa no Festival Fringe de Shenzen desde o seu início, há 10 anos. O projecto inclui “personagens do Imaginarium, inspiradas em conceitos artísticos abstractos, surreais, expressionistas, urbanos e contemporâneos, que irão colorir as ruas do distrito de Nanshan, na cidade chinesa de Shenzhen”, adiantou a directora artística. O objectivo com esta iniciativa é “dar um sopro de vida ao espaço urbano por meio da arte”, através da criação de uma instalação produzida em tempo real, “não só através das personagens mas através do público, de quem está primeiro a ‘olhar’ e que de repente se vê a participar, a explorar e a criar”, frisou Laura Nyögéri ao HM. O espectáculo de rua, que mistura muita dança, caracterização e teatro físico, será apresentado em Shenzen tendo como base o conceito criativo “Less Talk, More Art”, desenvolvido sob a ideia de que “é preciso passar à acção (artística) e reunir recursos para que a arte chegue a todos, sem limites, preconceitos ou transposições”, adiantou a responsável. O conceito passa por mostrar a necessidade de reunir “equipas profissionais que possam ser base a uma arte que se pretende ser da e para a comunidade”, com “menos teorias, menos burocracias, menos perguntas de respostas certas, mais mãos sujas de tinta, mais recortes e colagens, mais imaginação desenhada em papel, mais corpo que dança, que fala e veste personagens que não têm que ser reais”. Nesse sentido, a directora artística do Macau Artfusion adianta que “este projecto aposta não só numa vertente visualmente forte e demarcada por influências de movimentos artísticos como o Pop Art, o Expressionismo, o Surrealismo e o Abstracionismo; seguindo nomes como Andy Warhol e Yayoi Kusama, entre outros”. Além disso, é também uma forma de mergulhar “em diferentes linguagens artísticas que, no fundo, transmitem uma liberdade de expressão e uma expressão de liberdade visual e conceptual”. Perto da comunidade Sendo a presença no Festival Fringe de Shenzen, Laura Nyögéri destaca, no evento, a existência de uma “equipa criativa e de produção fantásticas, que apostam muito na diversidade e criatividade dos espectáculos e workshops inerente ao programa, na comunicação e no próprio design do festival, atraindo assim públicos muito diversificados e oferecendo um programa multiartístico”. Para a responsável, a questão da proximidade com a comunidade e a “forma como se cria um programa tão alternativo e apelativo” é outro ponto forte do festival. “Temos a oportunidade de levar o nosso trabalho artístico a outros lugares e a outros públicos fora de Macau e conseguimos, ao mesmo tempo, usufruir do facto deste festival ter uma dimensão internacional, que permite a todos os artistas participantes um excelente intercâmbio artístico e multicultural”, rematou. Por cá O projecto que o grupo Macau Artfusion leva a Shenzen ganha ainda outra dimensão devido à parceria com a Associação IC2 (i can too), que tem vindo a ser desenvolvida desde Setembro. Esta entidade “aposta em criar oportunidades para que jovens e adultos com deficiência e diagnósticos de necessidades especiais possam ser cidadãos activos na sociedade”. Este trabalho conjunto pretende, no fundo, “invocar através da arte conceitos de inclusão, de entre-ajuda, de aceitação, colmatando falhas de acesso a recursos e oportunidades de participação e de concretização de projectos artísticos em universo inclusivo”. As duas equipas vão trabalhar juntas nos próximos seis meses com a realização de actividades de artes plásticas e performativas, destinadas a membros da associação IC2 e a alunos do Artfusion. O projecto, que ganha influências de diferentes correntes artísticas, “onde se explora o universo da música, teatro, dança, pintura, ilustração, moda e da fotografia”, dará origem a uma exposição, instalação e espectáculo performativo apresentados em Macau em Fevereiro do próximo ano.
Andreia Sofia Silva EventosFestival Fringe | Grupo de Macau Artfusion actua em Shenzen O grupo Macau Artfusion actua no Festival Fringe de Shenzen entre os dias 16 e 24 de Novembro com um espectáculo de rua, que mistura dança e teatro físico. A iniciativa, que tem direcção artística e produção de Laura Nyögéri, apresenta um novo conceito criativo, intitulado “Less Talk, More Art”, que ganha novos contornos em Macau [dropcap]O[/dropcap] Festival Fringe de Shenzen recebe, entre os dias 16 e 24 de Novembro, pela quinta-vez, o grupo local Artfusion Macau, num espectáculo com os artistas Daê Teixeira , Filipa Lima, Madalena Lopes e Mafalda Ramos. A direcção artística e produção está a cargo de Laura Nyögéri, que, a título individual, participa no Festival Fringe de Shenzen desde o seu início, há 10 anos. O projecto inclui “personagens do Imaginarium, inspiradas em conceitos artísticos abstractos, surreais, expressionistas, urbanos e contemporâneos, que irão colorir as ruas do distrito de Nanshan, na cidade chinesa de Shenzhen”, adiantou a directora artística. O objectivo com esta iniciativa é “dar um sopro de vida ao espaço urbano por meio da arte”, através da criação de uma instalação produzida em tempo real, “não só através das personagens mas através do público, de quem está primeiro a ‘olhar’ e que de repente se vê a participar, a explorar e a criar”, frisou Laura Nyögéri ao HM. O espectáculo de rua, que mistura muita dança, caracterização e teatro físico, será apresentado em Shenzen tendo como base o conceito criativo “Less Talk, More Art”, desenvolvido sob a ideia de que “é preciso passar à acção (artística) e reunir recursos para que a arte chegue a todos, sem limites, preconceitos ou transposições”, adiantou a responsável. O conceito passa por mostrar a necessidade de reunir “equipas profissionais que possam ser base a uma arte que se pretende ser da e para a comunidade”, com “menos teorias, menos burocracias, menos perguntas de respostas certas, mais mãos sujas de tinta, mais recortes e colagens, mais imaginação desenhada em papel, mais corpo que dança, que fala e veste personagens que não têm que ser reais”. Nesse sentido, a directora artística do Macau Artfusion adianta que “este projecto aposta não só numa vertente visualmente forte e demarcada por influências de movimentos artísticos como o Pop Art, o Expressionismo, o Surrealismo e o Abstracionismo; seguindo nomes como Andy Warhol e Yayoi Kusama, entre outros”. Além disso, é também uma forma de mergulhar “em diferentes linguagens artísticas que, no fundo, transmitem uma liberdade de expressão e uma expressão de liberdade visual e conceptual”. Perto da comunidade Sendo a presença no Festival Fringe de Shenzen, Laura Nyögéri destaca, no evento, a existência de uma “equipa criativa e de produção fantásticas, que apostam muito na diversidade e criatividade dos espectáculos e workshops inerente ao programa, na comunicação e no próprio design do festival, atraindo assim públicos muito diversificados e oferecendo um programa multiartístico”. Para a responsável, a questão da proximidade com a comunidade e a “forma como se cria um programa tão alternativo e apelativo” é outro ponto forte do festival. “Temos a oportunidade de levar o nosso trabalho artístico a outros lugares e a outros públicos fora de Macau e conseguimos, ao mesmo tempo, usufruir do facto deste festival ter uma dimensão internacional, que permite a todos os artistas participantes um excelente intercâmbio artístico e multicultural”, rematou. Por cá O projecto que o grupo Macau Artfusion leva a Shenzen ganha ainda outra dimensão devido à parceria com a Associação IC2 (i can too), que tem vindo a ser desenvolvida desde Setembro. Esta entidade “aposta em criar oportunidades para que jovens e adultos com deficiência e diagnósticos de necessidades especiais possam ser cidadãos activos na sociedade”. Este trabalho conjunto pretende, no fundo, “invocar através da arte conceitos de inclusão, de entre-ajuda, de aceitação, colmatando falhas de acesso a recursos e oportunidades de participação e de concretização de projectos artísticos em universo inclusivo”. As duas equipas vão trabalhar juntas nos próximos seis meses com a realização de actividades de artes plásticas e performativas, destinadas a membros da associação IC2 e a alunos do Artfusion. O projecto, que ganha influências de diferentes correntes artísticas, “onde se explora o universo da música, teatro, dança, pintura, ilustração, moda e da fotografia”, dará origem a uma exposição, instalação e espectáculo performativo apresentados em Macau em Fevereiro do próximo ano.
Andreia Sofia Silva ReportagemCo-living | Macau começa a ter espaços de alojamento em comunidade Existem em Macau dois edifícios habitacionais renovados onde reina o conceito de co-living. Cada pessoa aluga um quarto a preços mais baixos com partilha de áreas comuns, onde acaba por se desenvolver um espírito de comunidade. Dois arquitectos alertam, contudo, que esta é uma consequência e não uma solução para o problema das rendas elevadas e da má qualidade das casas [dropcap]V[/dropcap]iver em comunidade em Macau pode não ser uma novidade, mas é um conceito que está cada vez mais a assumir uma nova forma. Isto porque surgiram no território dois espaços de co-living, onde cada pessoa aluga o seu quarto a baixo custo, com despesas incluídas e partilha de espaços comuns, como a cozinha, casa-de-banho e sala. Os apartamentos estão completamente renovados e oferecem todas as condições, sendo bem diferentes das condições de alojamento de muitos trabalhadores não residentes, que se vêem muitas vezes obrigados a partilhar quartos com beliches em casas velhas. Em Macau existem dois edifícios habitacionais onde funciona o conceito de co-living, um na zona da avenida Horta e Costa, outro na zona do Porto Interior. Quem lá vive são, sobretudo, estrangeiros que procuram um alojamento temporário, como é o caso de José Fonseca, estagiário português numa empresa local, que vive no Macau Co-Living, onde tem contrato até Dezembro, data em que deixará o território. Viver num espaço de co-living surgiu por necessidade, mas acabou por tornar-se um hábito, conforme contou ao HM. “Quando cheguei fiquei em casa de uma amiga, na Taipa, que tinha de ser entregue no final do mês de Setembro. Procurei algumas soluções, mas em Macau o interior das casas é muito velho. O Macau Co-Living é um espaço completamente renovado e equipado com Internet, e apesar dos quartos serem um bocado pequenos, o espaço comum que oferece e o terraço foram uma vantagem, daí ter decidido ir.” Apesar de notar que os quartos são pequenos, o que nem sempre garante a privacidade de cada um, José Fonseca assegura que já se habituou ao bom ambiente da casa, que partilha com pessoas que não conhecia. “As pessoas que estão aqui convivem bem e não se intrometem no espaço de cada um. Vou a pé para o trabalho. Estou a gostar imenso da experiência, acho que é uma opção a aconselhar para quem esteja em Macau a viver, nem que seja por um ano ou dois, e é uma opção interessante para jovens entre os 20 e 30 anos”, acrescentou. José Fonseca está a gostar tanto de viver num espaço de co-living que, caso ficasse a trabalhar no território, colocaria a hipótese de estender o contrato. No entanto, assegura que muitos optarão por viver neste regime por não terem alternativa. “Não sei até que ponto as pessoas optam pelo co-living pela experiência em si. O que me fez escolher viver assim foi o espaço que é oferecido, e penso que a maior parte das pessoas escolhem o co-living por ter o espaço renovado, o que em Macau não é comum. Não há nada a apontar em termos de limpeza”, frisou. Quem também vive no Macau Co-Living, mas no andar destinado a moradoras do sexo feminino, é Phoebe, natural de Taiwan. “Trabalho em Macau há dois anos. O meu quarto é muito pequeno, mas todo o ambiente e equipamentos são melhores do que em outros alojamentos, isto se quiseres uma renda de cerca de quatro mil patacas com um quarto só para ti”, contou ao HM. No mercado imobiliário de Macau, ao nível do arrendamento, Phoebe assegura que se deparou com situações bastante insatisfatórias para aquilo que procurava. “É sempre necessário partilhar quarto com outras pessoas e as contas não estão incluídas na renda, então penso que o regime de co-living é a melhor opção. A coisa mais importante é estar num espaço onde todos se preocupam com a higiene, para que haja um ambiente habitável”, frisou. Lenta progressão O Macau Co-Living nasce da vontade de investidores de Hong Kong de renovarem um antigo edifício no Porto Interior e transformá-lo num espaço de alojamento à semelhança dos que já existem na região vizinha. Robert Cai, mentor do projecto, conta como tudo começou. “Quisemos preencher uma lacuna em termos de alojamento para pessoas que querem arrendar um espaço por apenas três meses ou um ano. Há pessoas em Macau que trabalham apenas durante a semana e regressam para as suas cidades natais aos fins-de-semana, então procuram apenas um espaço confortável e privado. Desta forma podem poupar metade do dinheiro que gastariam a arrendar um estúdio”, adiantou. Robert Cai não tem dúvidas de que, no que às formas de alojamento diz respeito, partilhar um apartamento “é cada vez mais rentável e é uma oportunidade para as pessoas se conhecerem”. Ainda assim, Robert Cai nota que “há poucos locais a quererem viver no nosso espaço”. “Temos sobretudo estrangeiros que estudam fora e vêm para Macau trabalhar”, acrescentou. No Macau Co-Living, Tatiana Rocha é uma espécie de faz-tudo, que garante que todos os equipamentos funcionam nas devidas condições e promove ainda eventos, que acontecem no terraço ou na sala, para que os moradores possam conviver. Tatiana não tem dúvidas de que a sociedade de Macau está muito lentamente a aderir ao conceito de co-living, apesar de ser um território onde a habitação é muito cara. “É um processo lento em Macau, que não é uma cidade como Hong Kong, ou Londres, por exemplo. Este é um território muito específico. Acho que para as novas gerações este conceito é algo comum, mas aqui é sempre um processo mais lento.” O Macau Co-Living tem actualmente entre 19 e 20 residentes. “A maior parte são estrangeiros, sendo a maior parte portugueses e pessoas de Hong Kong”, assegura Tatiana Rocha. “Notamos que há muitas pessoas de Hong Kong a trabalhar em Macau durante a semana, e procuram apenas o mínimo de condições. Temos também chineses e pessoal de Macau, alguns, pessoas de Taiwan, Vietname, Tailândia.” Quem vive naquele edifício “procura uma renda acessível e uma casa em condições. Os apartamentos são novos e a decoração é atractiva. Oferecemos uma coisa boa, que é o facto de só pedirmos o pagamento do primeiro mês e uma caução, ao contrário dos quatro meses que pedem nas agências, que é algo que custa muito a pagar no início”, frisou a responsável pela gestão dos apartamentos. Até agora tudo tem corrido bem. “O feedback tem sido positivo. Há pessoas que começam, mas depois preferem algo mais privado, porque se calhar não estavam preparadas. Diria que essas pessoas são as mais novas, acabaram de sair de casa dos pais, e não sabem muito bem como é viver com outras pessoas. Os mais velhos, com mais de 25 anos, não se importam tanto de viver em comunidade”, disse Tatiana Rocha. Na Horta e Costa O segundo espaço de co-living existente em Macau fica situado na avenida Horta e Costa, e tem sido promovido nas redes sociais. Nina Sousa é responsável pela gestão do espaço que foi desenvolvido por uma empresa do ramo imobiliário, e serviu de tradutora a Lam Mong Tat, proprietário. Este assegura que o projecto de co-living surgiu por saber que “nem todos ganham o suficiente para pagar uma renda em Macau”. “Sendo agente imobiliário, por sorte encontrei um prédio que podia ser renovado, tendo sido ajustados os preços para satisfazer e ajudar certos clientes”, referiu, apontando que são os estrangeiros que mais procuram este estilo de vida. “Temos chineses (do continente), nepaleses, indianos e até portugueses que não são residentes de Macau. Não acho que o co-living seja uma tendência, até porque vejo cada vez mais pessoas a mudarem-se para a China, por ser perto de Macau e por ter melhor qualidade de vida”, disse Lam Mong Tat. O próximo projecto é apostar num espaço de co-working para empresas, a fim de “ajudar mais pessoas que querem começar um negócio em Macau, mas que não precisam de espaços muito grandes, nem querem pagar rendas muito altas”. Fruto dos tempos Dominic Choi, arquitecto ligado à associação Arquitectos Sem Fronteiras, defendeu ao HM que o co-living nunca será uma solução para os problemas habitacionais de Macau, mas sim uma consequência dos valores elevados que se praticam no território. “Este tipo de alojamento é muito comum no seio de estudantes universitários, por exemplo, ou em Hong Kong, onde as pessoas partilham espaços em que dormem em gaiolas ou beliches. Este tipo de alojamento não é nada de novo, mas é o resultado das mudanças na sociedade, devido às elevadas rendas e ao facto de as pessoas que não conseguirem comprar casas. Diria que não é uma solução para esta questão social, mas sim uma consequência.” O arquitecto alerta para o facto de poderem surgir conflitos sociais. “Há sempre questões relacionadas com a partilha do espaço. Nos casos de co-working as pessoas partilham um espaço com a sua empresa, mas num conceito de co-living há bastantes diferenças. Há muitas coisas que podem originar potenciais problemas de segurança, higiene e isso pode originar vários conflitos. É sempre necessário criar espaços totalmente independentes que não se podem partilhar para que haja segurança suficiente. Há sempre desafios”, adiantou. Dominic Choi assegura também que, em Macau, o Governo tem um maior controlo sobre os terrenos do território, além de existirem regras mais apertadas para a construção de edifícios, face a Hong Kong. A solução para os altos preços passa mesmo pela construção de mais casas públicas. “Não podemos ter casas públicas em todo o lado, mas deve haver um devido planeamento em termos de infra-estruturas para que seja viável para as pessoas.” Também o arquitecto Mário Duque defende que o co-living não é uma solução por servir, sobretudo, uma fatia da população que reside temporariamente no território. “Essa forma de habitar é uma experiência pessoal altamente gratificante, mas tem a ver com questões geracionais e financeiras. Acho que a sociedade não vai aderir a essa modalidade de alojamento, que é significativa porque tem em vista uma população flutuante, que em Macau é igualmente significativa. A economia de Macau baseia-se nesse tipo de população e para essas pessoas é um modo vantajoso de aderir à habitação com qualidade.” Para Mário Duque, o co-living “acaba por servir sempre pessoas que não são da cidade”. “Em Macau isso tem a ver com outras nuances, relacionadas com os custos da habitação, que cai num lado disfuncional que é o facto de as pessoas precisarem de mais dinheiro do que aquele que é o rácio razoável para pagar despesas de habitação. Como isso não é possível, têm de arranjar situações alternativas. Há outra razão que é o parque habitacional em Macau ser muito degradado, e as casas que estão disponíveis para essa habitação partilhada não serem do agrado das pessoas”, rematou o arquitecto.
Andreia Sofia Silva ReportagemCo-living | Macau começa a ter espaços de alojamento em comunidade Existem em Macau dois edifícios habitacionais renovados onde reina o conceito de co-living. Cada pessoa aluga um quarto a preços mais baixos com partilha de áreas comuns, onde acaba por se desenvolver um espírito de comunidade. Dois arquitectos alertam, contudo, que esta é uma consequência e não uma solução para o problema das rendas elevadas e da má qualidade das casas [dropcap]V[/dropcap]iver em comunidade em Macau pode não ser uma novidade, mas é um conceito que está cada vez mais a assumir uma nova forma. Isto porque surgiram no território dois espaços de co-living, onde cada pessoa aluga o seu quarto a baixo custo, com despesas incluídas e partilha de espaços comuns, como a cozinha, casa-de-banho e sala. Os apartamentos estão completamente renovados e oferecem todas as condições, sendo bem diferentes das condições de alojamento de muitos trabalhadores não residentes, que se vêem muitas vezes obrigados a partilhar quartos com beliches em casas velhas. Em Macau existem dois edifícios habitacionais onde funciona o conceito de co-living, um na zona da avenida Horta e Costa, outro na zona do Porto Interior. Quem lá vive são, sobretudo, estrangeiros que procuram um alojamento temporário, como é o caso de José Fonseca, estagiário português numa empresa local, que vive no Macau Co-Living, onde tem contrato até Dezembro, data em que deixará o território. Viver num espaço de co-living surgiu por necessidade, mas acabou por tornar-se um hábito, conforme contou ao HM. “Quando cheguei fiquei em casa de uma amiga, na Taipa, que tinha de ser entregue no final do mês de Setembro. Procurei algumas soluções, mas em Macau o interior das casas é muito velho. O Macau Co-Living é um espaço completamente renovado e equipado com Internet, e apesar dos quartos serem um bocado pequenos, o espaço comum que oferece e o terraço foram uma vantagem, daí ter decidido ir.” Apesar de notar que os quartos são pequenos, o que nem sempre garante a privacidade de cada um, José Fonseca assegura que já se habituou ao bom ambiente da casa, que partilha com pessoas que não conhecia. “As pessoas que estão aqui convivem bem e não se intrometem no espaço de cada um. Vou a pé para o trabalho. Estou a gostar imenso da experiência, acho que é uma opção a aconselhar para quem esteja em Macau a viver, nem que seja por um ano ou dois, e é uma opção interessante para jovens entre os 20 e 30 anos”, acrescentou. José Fonseca está a gostar tanto de viver num espaço de co-living que, caso ficasse a trabalhar no território, colocaria a hipótese de estender o contrato. No entanto, assegura que muitos optarão por viver neste regime por não terem alternativa. “Não sei até que ponto as pessoas optam pelo co-living pela experiência em si. O que me fez escolher viver assim foi o espaço que é oferecido, e penso que a maior parte das pessoas escolhem o co-living por ter o espaço renovado, o que em Macau não é comum. Não há nada a apontar em termos de limpeza”, frisou. Quem também vive no Macau Co-Living, mas no andar destinado a moradoras do sexo feminino, é Phoebe, natural de Taiwan. “Trabalho em Macau há dois anos. O meu quarto é muito pequeno, mas todo o ambiente e equipamentos são melhores do que em outros alojamentos, isto se quiseres uma renda de cerca de quatro mil patacas com um quarto só para ti”, contou ao HM. No mercado imobiliário de Macau, ao nível do arrendamento, Phoebe assegura que se deparou com situações bastante insatisfatórias para aquilo que procurava. “É sempre necessário partilhar quarto com outras pessoas e as contas não estão incluídas na renda, então penso que o regime de co-living é a melhor opção. A coisa mais importante é estar num espaço onde todos se preocupam com a higiene, para que haja um ambiente habitável”, frisou. Lenta progressão O Macau Co-Living nasce da vontade de investidores de Hong Kong de renovarem um antigo edifício no Porto Interior e transformá-lo num espaço de alojamento à semelhança dos que já existem na região vizinha. Robert Cai, mentor do projecto, conta como tudo começou. “Quisemos preencher uma lacuna em termos de alojamento para pessoas que querem arrendar um espaço por apenas três meses ou um ano. Há pessoas em Macau que trabalham apenas durante a semana e regressam para as suas cidades natais aos fins-de-semana, então procuram apenas um espaço confortável e privado. Desta forma podem poupar metade do dinheiro que gastariam a arrendar um estúdio”, adiantou. Robert Cai não tem dúvidas de que, no que às formas de alojamento diz respeito, partilhar um apartamento “é cada vez mais rentável e é uma oportunidade para as pessoas se conhecerem”. Ainda assim, Robert Cai nota que “há poucos locais a quererem viver no nosso espaço”. “Temos sobretudo estrangeiros que estudam fora e vêm para Macau trabalhar”, acrescentou. No Macau Co-Living, Tatiana Rocha é uma espécie de faz-tudo, que garante que todos os equipamentos funcionam nas devidas condições e promove ainda eventos, que acontecem no terraço ou na sala, para que os moradores possam conviver. Tatiana não tem dúvidas de que a sociedade de Macau está muito lentamente a aderir ao conceito de co-living, apesar de ser um território onde a habitação é muito cara. “É um processo lento em Macau, que não é uma cidade como Hong Kong, ou Londres, por exemplo. Este é um território muito específico. Acho que para as novas gerações este conceito é algo comum, mas aqui é sempre um processo mais lento.” O Macau Co-Living tem actualmente entre 19 e 20 residentes. “A maior parte são estrangeiros, sendo a maior parte portugueses e pessoas de Hong Kong”, assegura Tatiana Rocha. “Notamos que há muitas pessoas de Hong Kong a trabalhar em Macau durante a semana, e procuram apenas o mínimo de condições. Temos também chineses e pessoal de Macau, alguns, pessoas de Taiwan, Vietname, Tailândia.” Quem vive naquele edifício “procura uma renda acessível e uma casa em condições. Os apartamentos são novos e a decoração é atractiva. Oferecemos uma coisa boa, que é o facto de só pedirmos o pagamento do primeiro mês e uma caução, ao contrário dos quatro meses que pedem nas agências, que é algo que custa muito a pagar no início”, frisou a responsável pela gestão dos apartamentos. Até agora tudo tem corrido bem. “O feedback tem sido positivo. Há pessoas que começam, mas depois preferem algo mais privado, porque se calhar não estavam preparadas. Diria que essas pessoas são as mais novas, acabaram de sair de casa dos pais, e não sabem muito bem como é viver com outras pessoas. Os mais velhos, com mais de 25 anos, não se importam tanto de viver em comunidade”, disse Tatiana Rocha. Na Horta e Costa O segundo espaço de co-living existente em Macau fica situado na avenida Horta e Costa, e tem sido promovido nas redes sociais. Nina Sousa é responsável pela gestão do espaço que foi desenvolvido por uma empresa do ramo imobiliário, e serviu de tradutora a Lam Mong Tat, proprietário. Este assegura que o projecto de co-living surgiu por saber que “nem todos ganham o suficiente para pagar uma renda em Macau”. “Sendo agente imobiliário, por sorte encontrei um prédio que podia ser renovado, tendo sido ajustados os preços para satisfazer e ajudar certos clientes”, referiu, apontando que são os estrangeiros que mais procuram este estilo de vida. “Temos chineses (do continente), nepaleses, indianos e até portugueses que não são residentes de Macau. Não acho que o co-living seja uma tendência, até porque vejo cada vez mais pessoas a mudarem-se para a China, por ser perto de Macau e por ter melhor qualidade de vida”, disse Lam Mong Tat. O próximo projecto é apostar num espaço de co-working para empresas, a fim de “ajudar mais pessoas que querem começar um negócio em Macau, mas que não precisam de espaços muito grandes, nem querem pagar rendas muito altas”. Fruto dos tempos Dominic Choi, arquitecto ligado à associação Arquitectos Sem Fronteiras, defendeu ao HM que o co-living nunca será uma solução para os problemas habitacionais de Macau, mas sim uma consequência dos valores elevados que se praticam no território. “Este tipo de alojamento é muito comum no seio de estudantes universitários, por exemplo, ou em Hong Kong, onde as pessoas partilham espaços em que dormem em gaiolas ou beliches. Este tipo de alojamento não é nada de novo, mas é o resultado das mudanças na sociedade, devido às elevadas rendas e ao facto de as pessoas que não conseguirem comprar casas. Diria que não é uma solução para esta questão social, mas sim uma consequência.” O arquitecto alerta para o facto de poderem surgir conflitos sociais. “Há sempre questões relacionadas com a partilha do espaço. Nos casos de co-working as pessoas partilham um espaço com a sua empresa, mas num conceito de co-living há bastantes diferenças. Há muitas coisas que podem originar potenciais problemas de segurança, higiene e isso pode originar vários conflitos. É sempre necessário criar espaços totalmente independentes que não se podem partilhar para que haja segurança suficiente. Há sempre desafios”, adiantou. Dominic Choi assegura também que, em Macau, o Governo tem um maior controlo sobre os terrenos do território, além de existirem regras mais apertadas para a construção de edifícios, face a Hong Kong. A solução para os altos preços passa mesmo pela construção de mais casas públicas. “Não podemos ter casas públicas em todo o lado, mas deve haver um devido planeamento em termos de infra-estruturas para que seja viável para as pessoas.” Também o arquitecto Mário Duque defende que o co-living não é uma solução por servir, sobretudo, uma fatia da população que reside temporariamente no território. “Essa forma de habitar é uma experiência pessoal altamente gratificante, mas tem a ver com questões geracionais e financeiras. Acho que a sociedade não vai aderir a essa modalidade de alojamento, que é significativa porque tem em vista uma população flutuante, que em Macau é igualmente significativa. A economia de Macau baseia-se nesse tipo de população e para essas pessoas é um modo vantajoso de aderir à habitação com qualidade.” Para Mário Duque, o co-living “acaba por servir sempre pessoas que não são da cidade”. “Em Macau isso tem a ver com outras nuances, relacionadas com os custos da habitação, que cai num lado disfuncional que é o facto de as pessoas precisarem de mais dinheiro do que aquele que é o rácio razoável para pagar despesas de habitação. Como isso não é possível, têm de arranjar situações alternativas. Há outra razão que é o parque habitacional em Macau ser muito degradado, e as casas que estão disponíveis para essa habitação partilhada não serem do agrado das pessoas”, rematou o arquitecto.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSSOPT | Funcionário será julgado novamente na primeira instância O Tribunal de Segunda Instância decidiu que um funcionário da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes deve ser novamente julgado no Tribunal Judicial de Base num caso de alegada burla. O recurso foi apresentado pelo Ministério Público, por não concordar com a decisão dos juízes da primeira instância [dropcap]U[/dropcap]m auxiliar dos serviços de aquisição da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) será novamente presente a julgamento no Tribunal Judicial de Base (TJB) por um caso de alegada burla, crime de que tinha sido absolvido. Contudo, o Ministério Público recorreu da decisão junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que decidiu pela repetição do julgamento. Em causa está um caso ocorrido entre Janeiro de 2010 e Agosto de 2013, em que o arguido terá feito deslocações às Portas do Cerco durante o horário de trabalho. O acórdão ontem tornado público dá conta de que o arguido trabalhava num armazém da DSSOPT localizado na Areia Preta, e que, para sair, seria necessário “manter, diariamente, o registo de assiduidade através do registo de entradas e saídas”. Nesse período temporal referido, o arguido “sem ter obtido autorização superior, saiu de Macau pelo Posto Fronteiriço das Portas do Cerco durante as horas de expediente, pelo menos 95 vezes, e pediu, por telefone, a dois colegas para lhe fazerem os registos de ponto, de forma a criar a ilusão de ter entrado e saído pontualmente. Perante esta situação, o MP decidiu acusar o funcionário “da prática, em autoria material e na forma consumada, de um crime de falsificação de notação técnica e de um crime de burla”. Contudo, o TJB absolveu o arguido do crime de burla e decidiu condenar o funcionário pelo crime de falsificação de documento à pena de um ano de prisão, suspensa na sua execução pelo período de três anos. O tribunal entendeu que as provas em causa, nomeadamente “as declarações do arguido e testemunhas e o tempo de atraso e de saída mais cedo do arguido, se mostravam insuficientes para comprovarem que o arguido faltara, propositadamente, ao trabalho devido, enquanto pretendia auferir o seu salário”. Dessa forma, não foi possível, para os juízes do TJB, ter “a prova indubitável do seu dolo de burla”. Quanto ao outro crime de que o arguido era acusado, o TJB entendeu não estar em causa uma notação técnica. “O registo de assiduidade é um registo de prestação diária de trabalho pelos funcionários, mas não um dado técnico ou um dado num processo contínuo, como experimento, perícia ou produção, que possa afectar o resultado deste processo. Por isso, no presente caso, não se trata de uma notação técnica, mas, antes, dum documento comum”, lê-se no acórdão. Foi a “falsificação dos registos de assiduidade, não correspondentes à realidade, que prejudicou o bom funcionamento do serviço e permitiu-lhe (ao arguido) vantagens ilegítimas de poder tratar de assuntos pessoais durante as horas de expediente”. “Erro de prova” Perante a condenação do TJB, o MP considerou estar em causa um “erro notório na apreciação da prova quando absolveu o arguido do crime de burla com fundamento na não verificação do dolo”. Posteriormente, o TSI apontou que “o erro do pessoal da contabilidade e tesouraria dessa Direcção dos Serviços no processamento do pagamento das remunerações do arguido se deveu à falsificação, pelo mesmo, dos registos de assiduidade”. Face a esta actuação, o TJB “incorreu no erro notório no que respeita à apreciação da prova, o que implica o reenvio do processo para novo julgamento na parte que tenha a ver com o então acusado crime de burla”.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSSOPT | Funcionário será julgado novamente na primeira instância O Tribunal de Segunda Instância decidiu que um funcionário da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes deve ser novamente julgado no Tribunal Judicial de Base num caso de alegada burla. O recurso foi apresentado pelo Ministério Público, por não concordar com a decisão dos juízes da primeira instância [dropcap]U[/dropcap]m auxiliar dos serviços de aquisição da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) será novamente presente a julgamento no Tribunal Judicial de Base (TJB) por um caso de alegada burla, crime de que tinha sido absolvido. Contudo, o Ministério Público recorreu da decisão junto do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que decidiu pela repetição do julgamento. Em causa está um caso ocorrido entre Janeiro de 2010 e Agosto de 2013, em que o arguido terá feito deslocações às Portas do Cerco durante o horário de trabalho. O acórdão ontem tornado público dá conta de que o arguido trabalhava num armazém da DSSOPT localizado na Areia Preta, e que, para sair, seria necessário “manter, diariamente, o registo de assiduidade através do registo de entradas e saídas”. Nesse período temporal referido, o arguido “sem ter obtido autorização superior, saiu de Macau pelo Posto Fronteiriço das Portas do Cerco durante as horas de expediente, pelo menos 95 vezes, e pediu, por telefone, a dois colegas para lhe fazerem os registos de ponto, de forma a criar a ilusão de ter entrado e saído pontualmente. Perante esta situação, o MP decidiu acusar o funcionário “da prática, em autoria material e na forma consumada, de um crime de falsificação de notação técnica e de um crime de burla”. Contudo, o TJB absolveu o arguido do crime de burla e decidiu condenar o funcionário pelo crime de falsificação de documento à pena de um ano de prisão, suspensa na sua execução pelo período de três anos. O tribunal entendeu que as provas em causa, nomeadamente “as declarações do arguido e testemunhas e o tempo de atraso e de saída mais cedo do arguido, se mostravam insuficientes para comprovarem que o arguido faltara, propositadamente, ao trabalho devido, enquanto pretendia auferir o seu salário”. Dessa forma, não foi possível, para os juízes do TJB, ter “a prova indubitável do seu dolo de burla”. Quanto ao outro crime de que o arguido era acusado, o TJB entendeu não estar em causa uma notação técnica. “O registo de assiduidade é um registo de prestação diária de trabalho pelos funcionários, mas não um dado técnico ou um dado num processo contínuo, como experimento, perícia ou produção, que possa afectar o resultado deste processo. Por isso, no presente caso, não se trata de uma notação técnica, mas, antes, dum documento comum”, lê-se no acórdão. Foi a “falsificação dos registos de assiduidade, não correspondentes à realidade, que prejudicou o bom funcionamento do serviço e permitiu-lhe (ao arguido) vantagens ilegítimas de poder tratar de assuntos pessoais durante as horas de expediente”. “Erro de prova” Perante a condenação do TJB, o MP considerou estar em causa um “erro notório na apreciação da prova quando absolveu o arguido do crime de burla com fundamento na não verificação do dolo”. Posteriormente, o TSI apontou que “o erro do pessoal da contabilidade e tesouraria dessa Direcção dos Serviços no processamento do pagamento das remunerações do arguido se deveu à falsificação, pelo mesmo, dos registos de assiduidade”. Face a esta actuação, o TJB “incorreu no erro notório no que respeita à apreciação da prova, o que implica o reenvio do processo para novo julgamento na parte que tenha a ver com o então acusado crime de burla”.
Andreia Sofia Silva SociedadeAssociações exigem ao IAM programa de recolha e esterilização de animais de rua [dropcap]S[/dropcap]eis associações ligadas à protecção animal e a Associação das Clínicas Veterinárias de Macau reuniram com o presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), José Tavares, a fim de exigir o estabelecimento de um programa de recolha e esterilização de animais de rua. A reunião contou com a presença do deputado Sulu Sou. De acordo com um comunicado oficial, as associações “reiteram que a implementação de um plano de recolha e esterilização é um importante passo para tratar as origens do problema” do abate de animais. “Através da recolha de animais de rua, da esterilização e aplicação de vacinas, bem como do seu regresso ao local de origem ou outras áreas, vai levar a um controlo dos animais de rua a longo termo”, acrescenta o comunicado. As associações apresentam o exemplo do programa de recolha e esterilização de gatos de rua, que desde 2007 já levou a uma esterilização de 1.875 gatos, o provocando uma redução do número de abates em um digito. “Mesmo o Governo reconheceu que os resultados foram positivos mas, infelizmente, o plano foi suspenso em 2015.” As seis entidades consideram ainda que a implementação de um plano de recolha e esterilização de animais de rua constituiria apenas “a primeira parte” de uma série de medidas. “A sociedade civil está disposta a cooperar com o Governo em matéria de alimentação de animais e higiene. As associações sugerem também que através de acções de formação contínuas e uma gestão do programa de recolha e esterilização por parte de grupos e voluntários, mais pessoas podem aceitar e apoiar esse programa.” Velhos argumentos O IAM terá adiantado aos representantes das associações que a implementação de um plano deste género funciona melhor “numa área menos populosa e mais restrita” mas, para as associações, esta posição do Governo não passa de uma repetição de argumentos antigos. “Se o Governo concorda na importância do controlo da origem destes animais, deve alterar a forma de pensar para criar condições, tal como a promoção da inclusão social dos animais e planear o lançamento de um programa piloto em algumas áreas remotas.” Dados divulgados pelo IAM revelam que o Governo capturou um total de 7.023 animais de rua, sendo que 77,4 por cento, ou seja, 5.436, foram abatidos o que perfaz uma média de 35 cães mortos por mês. No que diz respeito aos gatos, foram capturados 3.265, com 421 a serem abatidos. Para os representantes das associações que reuniram com José Tavares, estes números revelam uma situação “perturbadora e angustiante”.
Andreia Sofia Silva PolíticaEleições | Conselho das Comunidades Portuguesas quer reunir com Governo O Conselho das Comunidades Portuguesas mostra-se disposto a reunir com o Governo português depois de 22 por cento dos votos dos círculos da emigração terem sido anulados nas últimas eleições para a Assembleia da República. Pereira Coutinho, conselheiro por Macau, continua em silêncio face à investigação da Comissão Nacional de Eleições [dropcap]C[/dropcap]hama-se “As comunidades querem votar” e é a mais recente carta entregue à Comissão Nacional de Eleições (CNE) por parte do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), assinada pelo presidente do conselho permanente, Flávio Martins. A missiva surge depois da realização das eleições legislativas para a Assembleia da República (AR) em Portugal, em que 22 por cento dos votos dos círculos da emigração foram considerados nulos. Nesse contexto, o CCP mostra vontade de reunir com representantes de organismos públicos portugueses. “O Conselho Permanente do CCP apoia a realização de reflexões críticas e investigações aprofundadas acerca de todo o processo do último acto eleitoral, desde a falta de sensibilização à pouca informação nas Comunidades, e juntar-se-á a esse indispensável trabalho a ser realizado pelos órgãos competentes de melhoria a este processo por meio da reflexão.” É já em Novembro que deverá ser feita uma “apresentação de propostas concretas”, disponibilizando-se o CCP ao diálogo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Ministério da Administração Interna, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, as forças políticas na AR e os demais órgãos de soberania. Tudo para que se possa melhorar “esse processo (das eleições) desde sua origem, visando o futuro e a dignidade dos que vivem no estrangeiro”. Como exemplo de medidas a apresentar, o CCP defende como sendo “fundamental a uniformização dos actos eleitorais para as Comunidades, objectivando-se que, após alterações constitucional e legais, haja a opção do voto presencial, do voto postal e do voto electrónico à distância (Internet) em todas as eleições (Presidencial, Legislativa e ao Parlamento Europeu) conforme a manifestação atempada do eleitor, visando garantir a plena participação das portuguesas e dos portugueses que vivem no estrangeiro”. Mais CCP Para o CCP, “algumas das análises que tem sido veículadas acerca da participação cívica das Comunidades no acto eleitoral revelaram a falta de conhecimento da realidade da Diáspora”. Nesse sentido, o manifesto apresentado começa por chamar a atenção para o aumento do número de emigrantes a ir às urnas, o que constitui “uma vitória da Democracia”, ainda que “as comunidades sejam historicamente relegadas a segundo plano nos processos cívico-eleitorais”. O CCP lamenta ainda o facto de ter alertado partidos políticos e demais organismos sobre a “falta de informação durante todo o processo eleitoral”, sendo que “pouco foi feito” no acto eleitoral de 6 de Outubro. “Ante as novidades do recenseamento automático e da possibilidade de opção pelo voto postal ou pelo presencial, a verdade é que essas fundamentais informações ocorreram muito timidamente e as Comunidades, em sua maioria, foram apanhadas de surpresa. A auscultação do CCP, que diversas vezes alertou para isso em reuniões ou em seus documentos, poderia ter minimizado o efeito negativo de tal facto”, acrescenta a carta. José Pereira Coutinho, conselheiro do CCP por Macau, difundiu esta carta junto dos órgãos de comunicação social, mas não quis comentar a investigação de que está a ser alvo por parte da CNE. Em causa está um alegado envolvimento da associação que preside, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), na realização de chamadas para eleitores, onde se afirmava que a ATFPM poderia reencaminhar os votos por correspondência para Portugal.
Andreia Sofia Silva PolíticaEleições | Conselho das Comunidades Portuguesas quer reunir com Governo O Conselho das Comunidades Portuguesas mostra-se disposto a reunir com o Governo português depois de 22 por cento dos votos dos círculos da emigração terem sido anulados nas últimas eleições para a Assembleia da República. Pereira Coutinho, conselheiro por Macau, continua em silêncio face à investigação da Comissão Nacional de Eleições [dropcap]C[/dropcap]hama-se “As comunidades querem votar” e é a mais recente carta entregue à Comissão Nacional de Eleições (CNE) por parte do Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP), assinada pelo presidente do conselho permanente, Flávio Martins. A missiva surge depois da realização das eleições legislativas para a Assembleia da República (AR) em Portugal, em que 22 por cento dos votos dos círculos da emigração foram considerados nulos. Nesse contexto, o CCP mostra vontade de reunir com representantes de organismos públicos portugueses. “O Conselho Permanente do CCP apoia a realização de reflexões críticas e investigações aprofundadas acerca de todo o processo do último acto eleitoral, desde a falta de sensibilização à pouca informação nas Comunidades, e juntar-se-á a esse indispensável trabalho a ser realizado pelos órgãos competentes de melhoria a este processo por meio da reflexão.” É já em Novembro que deverá ser feita uma “apresentação de propostas concretas”, disponibilizando-se o CCP ao diálogo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Ministério da Administração Interna, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, as forças políticas na AR e os demais órgãos de soberania. Tudo para que se possa melhorar “esse processo (das eleições) desde sua origem, visando o futuro e a dignidade dos que vivem no estrangeiro”. Como exemplo de medidas a apresentar, o CCP defende como sendo “fundamental a uniformização dos actos eleitorais para as Comunidades, objectivando-se que, após alterações constitucional e legais, haja a opção do voto presencial, do voto postal e do voto electrónico à distância (Internet) em todas as eleições (Presidencial, Legislativa e ao Parlamento Europeu) conforme a manifestação atempada do eleitor, visando garantir a plena participação das portuguesas e dos portugueses que vivem no estrangeiro”. Mais CCP Para o CCP, “algumas das análises que tem sido veículadas acerca da participação cívica das Comunidades no acto eleitoral revelaram a falta de conhecimento da realidade da Diáspora”. Nesse sentido, o manifesto apresentado começa por chamar a atenção para o aumento do número de emigrantes a ir às urnas, o que constitui “uma vitória da Democracia”, ainda que “as comunidades sejam historicamente relegadas a segundo plano nos processos cívico-eleitorais”. O CCP lamenta ainda o facto de ter alertado partidos políticos e demais organismos sobre a “falta de informação durante todo o processo eleitoral”, sendo que “pouco foi feito” no acto eleitoral de 6 de Outubro. “Ante as novidades do recenseamento automático e da possibilidade de opção pelo voto postal ou pelo presencial, a verdade é que essas fundamentais informações ocorreram muito timidamente e as Comunidades, em sua maioria, foram apanhadas de surpresa. A auscultação do CCP, que diversas vezes alertou para isso em reuniões ou em seus documentos, poderia ter minimizado o efeito negativo de tal facto”, acrescenta a carta. José Pereira Coutinho, conselheiro do CCP por Macau, difundiu esta carta junto dos órgãos de comunicação social, mas não quis comentar a investigação de que está a ser alvo por parte da CNE. Em causa está um alegado envolvimento da associação que preside, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), na realização de chamadas para eleitores, onde se afirmava que a ATFPM poderia reencaminhar os votos por correspondência para Portugal.
Andreia Sofia Silva EventosLiteratura | HM lança segundo suplemento especial em parceria com editora Abysmo Lançado na última edição do Festival Literário de Óbidos, em Portugal, o suplemento “O Medo”, hoje publicado com o HM, é a segunda parceria do género entre o jornal e a editora portuguesa Abysmo, dirigida por João Paulo Cotrim, depois do lançamento do suplemento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa [dropcap]O[/dropcap] HM voltou a juntar-se à editora portuguesa Abysmo, fundada pelo editor João Paulo Cotrim, para lançar um novo suplemento especial que olha de forma aprofundada para a temática do Medo. Além dos colaboradores habituais do suplemento H, que diariamente são publicados nas páginas do HM, o suplemento conta com novos autores, como é o caso de Gonçalo M. Tavares, de David Soares, autor de romances ligados ao universo do terror e do fantástico, do poeta José Anjos, do escritor Gonçalo M. Tavares ou das psicoterapeutas Ana Sanganha e Patrícia Câmara, que tentam desmistificar, pela via da psicologia, o sentimento do medo na vida humana. O suplemento “O Medo” foi lançado na última edição do Festival Literário Internacional de Óbidos (FOLIO), que decorreu entre os dias 10 e 20 de Outubro na histórica cidade portuguesa. Ao HM, João Paulo Cotrim conta que o suplemento foi muito bem recebido, sobretudo depois do lançamento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa, fruto da mesma parceria. Além disso, “tendo em conta o tema da edição deste ano do FOLIO, que tinha a ver com o Medo, um tema que é caro ao Carlos Morais José, achámos graça prolongar e repetir o suplemento com o mesmo tema. É uma forma de intervenção num festival literário de algum modo original e por outra muito interessante, porque prolonga a vida daquilo que é a mesa de debate”. O lançamento do suplemento contou também com a colaboração da livraria portuguesa Ler Devagar, uma das organizadoras do FOLIO. “Não há como escapar ao medo, é algo que nos acompanha ao longo da vida. Quando fizemos a apresentação o suplemento foi distribuído gratuitamente ao longo do festival e foi muito bem acolhido. A mesa de debate no festival também acabou por ser muito interessante do ponto de vista do conteúdo e muito participada, estavam umas 70 pessoas na sala.” João Paulo Cotrim assegura que este suplemento “é uma perspectiva jornalística de perceber este fenómeno, o que significa o medo, a importância que ele tem nas nossas vidas e no modo como nos relacionamos com o mundo. Fomos à procura das várias perspectivas. Há um eixo grande à volta do tempo, o medo do passado, presente e futuro, com textos de cariz filosófico como é o caso do texto do António de Castro Caeiro, ou ensaístico, como é o caso do David Soares e do António Eloy. Estes autores têm um eixo principal que analisa o fenómeno do medo. E depois há uma análise, de uma perspectiva mais intimista, do que é o medo. Há uma interpretação do fenómeno.” Um novo caminho João Paulo Cotrim não tem dúvidas de que a publicação de crónicas no suplemento H dá ao HM “um lugar único na imprensa de expressão lusófona pela quantidade de cronistas, os estilos e os temas que são tratados”. Para o editor da Abysmo, o jornal “tem criado um espaço que é muito interessante e original. De algum modo o suplemento também é uma ampliação dessa dinâmica que acontece diariamente e que tem sido fulcral”. “Parece-me interessante e importante este percurso do HM nestas páginas de cultura, pois tem feito um caminho que acaba por ser muito influente no panorama literário português e estes suplementos são sinal disso mesmo, o prolongar além do quotidiano essas reflexões”, acrescentou João Paulo Cotrim. Apresentando ligeiras diferenças face ao que foi lançado em Óbidos, o suplemento hoje publicado “tem um outro tempo e respiração, mas é interessante ver como estes objectos ganham vidas diferentes”. É como se “o medo também ganhasse rostos diferentes”, assegura João Paulo Cotrim, que adianta que poderão ser lançados novos suplementos no futuro. “Creio que pelo modo como foram acolhidos estes dois é bastante provável que num próximo festival ou numa outra circunstância qualquer avancemos com uma coisa semelhante.”
Andreia Sofia Silva EventosLiteratura | HM lança segundo suplemento especial em parceria com editora Abysmo Lançado na última edição do Festival Literário de Óbidos, em Portugal, o suplemento “O Medo”, hoje publicado com o HM, é a segunda parceria do género entre o jornal e a editora portuguesa Abysmo, dirigida por João Paulo Cotrim, depois do lançamento do suplemento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa [dropcap]O[/dropcap] HM voltou a juntar-se à editora portuguesa Abysmo, fundada pelo editor João Paulo Cotrim, para lançar um novo suplemento especial que olha de forma aprofundada para a temática do Medo. Além dos colaboradores habituais do suplemento H, que diariamente são publicados nas páginas do HM, o suplemento conta com novos autores, como é o caso de Gonçalo M. Tavares, de David Soares, autor de romances ligados ao universo do terror e do fantástico, do poeta José Anjos, do escritor Gonçalo M. Tavares ou das psicoterapeutas Ana Sanganha e Patrícia Câmara, que tentam desmistificar, pela via da psicologia, o sentimento do medo na vida humana. O suplemento “O Medo” foi lançado na última edição do Festival Literário Internacional de Óbidos (FOLIO), que decorreu entre os dias 10 e 20 de Outubro na histórica cidade portuguesa. Ao HM, João Paulo Cotrim conta que o suplemento foi muito bem recebido, sobretudo depois do lançamento “As Nuvens” na Feira do Livro de Lisboa, fruto da mesma parceria. Além disso, “tendo em conta o tema da edição deste ano do FOLIO, que tinha a ver com o Medo, um tema que é caro ao Carlos Morais José, achámos graça prolongar e repetir o suplemento com o mesmo tema. É uma forma de intervenção num festival literário de algum modo original e por outra muito interessante, porque prolonga a vida daquilo que é a mesa de debate”. O lançamento do suplemento contou também com a colaboração da livraria portuguesa Ler Devagar, uma das organizadoras do FOLIO. “Não há como escapar ao medo, é algo que nos acompanha ao longo da vida. Quando fizemos a apresentação o suplemento foi distribuído gratuitamente ao longo do festival e foi muito bem acolhido. A mesa de debate no festival também acabou por ser muito interessante do ponto de vista do conteúdo e muito participada, estavam umas 70 pessoas na sala.” João Paulo Cotrim assegura que este suplemento “é uma perspectiva jornalística de perceber este fenómeno, o que significa o medo, a importância que ele tem nas nossas vidas e no modo como nos relacionamos com o mundo. Fomos à procura das várias perspectivas. Há um eixo grande à volta do tempo, o medo do passado, presente e futuro, com textos de cariz filosófico como é o caso do texto do António de Castro Caeiro, ou ensaístico, como é o caso do David Soares e do António Eloy. Estes autores têm um eixo principal que analisa o fenómeno do medo. E depois há uma análise, de uma perspectiva mais intimista, do que é o medo. Há uma interpretação do fenómeno.” Um novo caminho João Paulo Cotrim não tem dúvidas de que a publicação de crónicas no suplemento H dá ao HM “um lugar único na imprensa de expressão lusófona pela quantidade de cronistas, os estilos e os temas que são tratados”. Para o editor da Abysmo, o jornal “tem criado um espaço que é muito interessante e original. De algum modo o suplemento também é uma ampliação dessa dinâmica que acontece diariamente e que tem sido fulcral”. “Parece-me interessante e importante este percurso do HM nestas páginas de cultura, pois tem feito um caminho que acaba por ser muito influente no panorama literário português e estes suplementos são sinal disso mesmo, o prolongar além do quotidiano essas reflexões”, acrescentou João Paulo Cotrim. Apresentando ligeiras diferenças face ao que foi lançado em Óbidos, o suplemento hoje publicado “tem um outro tempo e respiração, mas é interessante ver como estes objectos ganham vidas diferentes”. É como se “o medo também ganhasse rostos diferentes”, assegura João Paulo Cotrim, que adianta que poderão ser lançados novos suplementos no futuro. “Creio que pelo modo como foram acolhidos estes dois é bastante provável que num próximo festival ou numa outra circunstância qualquer avancemos com uma coisa semelhante.”
Andreia Sofia Silva EventosMuseu Berardo | Lisboa recebe exposição de Ung Vai Meng e Chan Hin Io Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io decidiram formar o colectivo YIIMA, que se dedica a captar lugares e memórias de Macau que deixaram de existir pela força do desenvolvimento económico e dos novos tempos. A exposição é inaugurada a 6 de Novembro no Museu Berardo, em Lisboa, e conta com a curadoria de João Miguel Barros [dropcap]S[/dropcap]ão 40 obras expostas em cinco salas do Museu Berardo, em Lisboa, que revelam aquilo que Macau ainda agora deixou de ser. Guilherme Ung Vai Meng, artista conceituado em Macau, conhecido sobretudo pelo desenho, ex-presidente do Instituto Cultural, juntou-se a Chan Hin Io, que trabalha sobretudo em fotografia documental, e decidiram fundar o colectivo YIIMA. Este colectivo mostrou, recorrendo à fotografia, vídeo ou instalação, os lugares históricos de Macau que as novas gerações vão deixar de poder ver de perto. João Miguel Barros, ele próprio fotógrafo e curador desta mostra, resolveu dar-lhe o nome de “(Des)Construção da Memória”, por ela não “registar a memória de um tempo linear e cronológico”. “Não é, tão-pouco, o desfilar de uma memória construída a partir de factos sistematizados, que permita revisitar a história de modo estruturado ou científico. É, antes, uma forma de os artistas olharem livremente o passado, confortavelmente instalados no presente”, escreveu o curador sobre a exposição. Ao HM, João Miguel Barros revelou que foi a amizade com Guilherme Ung Vai Meng que o fez conhecer de perto estas obras. “São trabalhos que incidem numa recolha de situações de Macau mas trabalhadas numa perspectiva artística.” “A grande preocupação dos dois tem a ver com o património e a memória de Macau, a identidade cultural e o desaparecimento de muitos elementos culturais e urbanísticos do território. Quando perceberam as grandes transformações a que Macau tem estado sujeito, os dois artistas foram fazendo um registo desses lugares para que não se perdessem, fazendo uma base de dados de todos os elementos que estavam nesses locais”, acrescentou o curador. O “antes e depois” destes lugares não ficou registado apenas em fotografia documental, mas através da realização de performances artísticas ou vídeos. A “(Des)Construção da Memória” apresenta “uma mistura completamente diferente, com uma particularidade”, aponta o curador. “Em todas as fotografias tanto Ung Vai Meng como Chan Hi Io surgem vestidos de anjo como sendo protagonistas do momento. Estas fotografias são o resultado de uma preparação muito intensa. Vamos também ter os desenhos feitos por Ung Vai Meng antes das fotografias terem sido tiradas”, frisou o curador. Celebrar Macau e China Esta mostra visa comemorar não apenas os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, mas também os 40 anos de estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Portugal. Para João Miguel Barros, “há aqui uma forte carga simbólica”, além de considerar esta exposição importante porque “recupera memórias de Macau”. “Se não fosse este trabalho que os dois autores têm vindo a fazer, estavam perdidas”, assegura João Miguel Barros, que destaca também o facto de se tratar de um “trabalho inédito”. A exposição “(Des)Construção da Memória” está estruturada em cinco partes: “Memória”, “Ritualismo”, “Leveza”, “Cerimónia” e “Paraíso”. De acordo com o prefácio escrito por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, constante no catálogo da exposição, as imagens que fazem parte da secção “Memória” são “delicadas e historicamente mais sensíveis”, incluindo “cenas da realidade social e de reconstrução de acontecimentos passados de Macau”. Em “Ritualismo” existe um “espaço de memória constituído por fotografias que têm como denominador comum estruturas de bambu”. Nesta parte da exposição, uma grande escultura de bambu que representa a síntese entre o túmulo octogonal existente no Mosteiro da Batalha e o estilo típico do pavilhão chinês. Na secção “Leveza” apresenta-se um vídeo realizado numa sala secreta da cidade antiga de Macau. Em “Cerimónia”, apresentam-se “imagens registadas num espaço anteriormente utilizado pela indústria e pelo comércio marítimo, e que agora se encontra esquecido e abandonado”. Finalmente, “Paraíso” constitui “o núcleo mais relevante desta exposição”, por conter obras que “retratam o mundo original de pessoas comuns e que foram pensadas com um propósito especial, uma vez que o interior de cada um dos espaços seleccionados está repleto de símbolos e objectos existentes no concreto tempo em que a acção foi registada”. No final da sala de exposições, está exposto um gigantesco trabalho realizado no antigo Tribunal Judicial de Macau, para que os visitantes possam pensar e debater questões como “pátria espiritual”, “libertação” e “vazio”, apontam os artistas.
Andreia Sofia Silva EventosMuseu Berardo | Lisboa recebe exposição de Ung Vai Meng e Chan Hin Io Guilherme Ung Vai Meng e Chan Hin Io decidiram formar o colectivo YIIMA, que se dedica a captar lugares e memórias de Macau que deixaram de existir pela força do desenvolvimento económico e dos novos tempos. A exposição é inaugurada a 6 de Novembro no Museu Berardo, em Lisboa, e conta com a curadoria de João Miguel Barros [dropcap]S[/dropcap]ão 40 obras expostas em cinco salas do Museu Berardo, em Lisboa, que revelam aquilo que Macau ainda agora deixou de ser. Guilherme Ung Vai Meng, artista conceituado em Macau, conhecido sobretudo pelo desenho, ex-presidente do Instituto Cultural, juntou-se a Chan Hin Io, que trabalha sobretudo em fotografia documental, e decidiram fundar o colectivo YIIMA. Este colectivo mostrou, recorrendo à fotografia, vídeo ou instalação, os lugares históricos de Macau que as novas gerações vão deixar de poder ver de perto. João Miguel Barros, ele próprio fotógrafo e curador desta mostra, resolveu dar-lhe o nome de “(Des)Construção da Memória”, por ela não “registar a memória de um tempo linear e cronológico”. “Não é, tão-pouco, o desfilar de uma memória construída a partir de factos sistematizados, que permita revisitar a história de modo estruturado ou científico. É, antes, uma forma de os artistas olharem livremente o passado, confortavelmente instalados no presente”, escreveu o curador sobre a exposição. Ao HM, João Miguel Barros revelou que foi a amizade com Guilherme Ung Vai Meng que o fez conhecer de perto estas obras. “São trabalhos que incidem numa recolha de situações de Macau mas trabalhadas numa perspectiva artística.” “A grande preocupação dos dois tem a ver com o património e a memória de Macau, a identidade cultural e o desaparecimento de muitos elementos culturais e urbanísticos do território. Quando perceberam as grandes transformações a que Macau tem estado sujeito, os dois artistas foram fazendo um registo desses lugares para que não se perdessem, fazendo uma base de dados de todos os elementos que estavam nesses locais”, acrescentou o curador. O “antes e depois” destes lugares não ficou registado apenas em fotografia documental, mas através da realização de performances artísticas ou vídeos. A “(Des)Construção da Memória” apresenta “uma mistura completamente diferente, com uma particularidade”, aponta o curador. “Em todas as fotografias tanto Ung Vai Meng como Chan Hi Io surgem vestidos de anjo como sendo protagonistas do momento. Estas fotografias são o resultado de uma preparação muito intensa. Vamos também ter os desenhos feitos por Ung Vai Meng antes das fotografias terem sido tiradas”, frisou o curador. Celebrar Macau e China Esta mostra visa comemorar não apenas os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, mas também os 40 anos de estabelecimento de relações diplomáticas entre China e Portugal. Para João Miguel Barros, “há aqui uma forte carga simbólica”, além de considerar esta exposição importante porque “recupera memórias de Macau”. “Se não fosse este trabalho que os dois autores têm vindo a fazer, estavam perdidas”, assegura João Miguel Barros, que destaca também o facto de se tratar de um “trabalho inédito”. A exposição “(Des)Construção da Memória” está estruturada em cinco partes: “Memória”, “Ritualismo”, “Leveza”, “Cerimónia” e “Paraíso”. De acordo com o prefácio escrito por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, constante no catálogo da exposição, as imagens que fazem parte da secção “Memória” são “delicadas e historicamente mais sensíveis”, incluindo “cenas da realidade social e de reconstrução de acontecimentos passados de Macau”. Em “Ritualismo” existe um “espaço de memória constituído por fotografias que têm como denominador comum estruturas de bambu”. Nesta parte da exposição, uma grande escultura de bambu que representa a síntese entre o túmulo octogonal existente no Mosteiro da Batalha e o estilo típico do pavilhão chinês. Na secção “Leveza” apresenta-se um vídeo realizado numa sala secreta da cidade antiga de Macau. Em “Cerimónia”, apresentam-se “imagens registadas num espaço anteriormente utilizado pela indústria e pelo comércio marítimo, e que agora se encontra esquecido e abandonado”. Finalmente, “Paraíso” constitui “o núcleo mais relevante desta exposição”, por conter obras que “retratam o mundo original de pessoas comuns e que foram pensadas com um propósito especial, uma vez que o interior de cada um dos espaços seleccionados está repleto de símbolos e objectos existentes no concreto tempo em que a acção foi registada”. No final da sala de exposições, está exposto um gigantesco trabalho realizado no antigo Tribunal Judicial de Macau, para que os visitantes possam pensar e debater questões como “pátria espiritual”, “libertação” e “vazio”, apontam os artistas.
Andreia Sofia Silva PolíticaLei Sindical | Pereira Coutinho felicita projecto de lei da FAOM [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho mostra-se satisfeito com a iniciativa dos deputados Lam Lon Wai e Lei Chan U, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) de apresentar novamente, na Assembleia Legislativa (AL), o projecto de lei sindical. O diploma deu entrada na AL esta segunda-feira, mas a sua votação ainda não está agendada. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Não foi em vão que durante décadas andámos a batalhar por esta legislação. Os trabalhadores são quase todos os dias explorados e massacrados nos seus postos de trabalho e estes abusos têm de acabar”, apontou ao HM. José Pereira Coutinho lembrou que o seu último projecto de lei sindical obteve um total de 16 votos, tendo faltado os três votos favoráveis dos deputados Angela Leong, Mak Soi Kun e Zheng Anting. Coutinho diz esperar que estes tribunos votem a favor. O HM tentou, até ao fecho da edição, chegar à fala com os três deputados, sem sucesso.
Andreia Sofia Silva PolíticaLei Sindical | Pereira Coutinho felicita projecto de lei da FAOM [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho mostra-se satisfeito com a iniciativa dos deputados Lam Lon Wai e Lei Chan U, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) de apresentar novamente, na Assembleia Legislativa (AL), o projecto de lei sindical. O diploma deu entrada na AL esta segunda-feira, mas a sua votação ainda não está agendada. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Não foi em vão que durante décadas andámos a batalhar por esta legislação. Os trabalhadores são quase todos os dias explorados e massacrados nos seus postos de trabalho e estes abusos têm de acabar”, apontou ao HM. José Pereira Coutinho lembrou que o seu último projecto de lei sindical obteve um total de 16 votos, tendo faltado os três votos favoráveis dos deputados Angela Leong, Mak Soi Kun e Zheng Anting. Coutinho diz esperar que estes tribunos votem a favor. O HM tentou, até ao fecho da edição, chegar à fala com os três deputados, sem sucesso.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCGA | APOMAC e ATFPM com projecto piloto para prova de vida A partir do dia 9 de Dezembro deste ano os reformados de Macau que recebem a sua pensão da Caixa Geral de Aposentações, de Portugal, vão poder fazer a sua prova de vida nas instalações da APOMAC ou da ATFPM. José Pereira Coutinho congratula-se com a iniciativa, mas Francisco Manhão diz que o sistema “tem muitas lacunas” [dropcap]A[/dropcap] Caixa Geral de Aposentações (CGA) vai desenvolver um projecto piloto em Macau, com recurso à tecnologia, que irá permitir a realização da prova de vida por parte dos dois mil pensionistas que residem no território. Citado pela Lusa, Vasco Costa, director da CGA, disse que o projecto arranca já em Dezembro, consistindo na realização da “prova de vida automática”, que irá funcionar através de uma aplicação digital que permitirá fazer a prova de vida através de reconhecimento facial ou de voz. A tecnologia “já está testada” e nesta primeira fase a adesão à medida é voluntária e quem aderir ficará dispensado de efectuar a prova presencial. O objectivo é alargar depois a medida a todos os países onde residem pensionistas da CGA, disse Vasco Costa. Em Macau, as duas associações que vão receber esta tecnologia são a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), entre os dias 10 e 13 de Dezembro, e a Associação dos Reformados, Aposentados e Pensionistas de Macau (APOMAC), entre os dias 11 e 13 de Dezembro. No estrangeiro, onde existem cerca de 11 mil pensionistas a receber pensão da CGA, a prova de vida é feita uma vez por ano, por via presencial, o que implica custos por parte dos serviços do Estado e do próprio pensionista, que tem de se deslocar para esse efeito. “Fazer prova de vida uma vez por ano coloca um risco muito grande sobre a CGA”, pois implica “um período longo a pagar uma pensão” a um beneficiário que pode já ter falecido entretanto, afirmou Vasco Costa. Problemas com a língua Questionado pelo HM sobre esta medida, José Pereira Coutinho, presidente da ATFPM, mostrou-se muito satisfeito. “Estamos contentes com estas medidas, incluindo o facto de o Governo de Portugal enviar seus funcionários para sede da ATFPM para executar a prova de vida. É um excelente passo para a modernização.” “Desta vez os aposentados poderão efectuar a prova de vida na sua residência caso adiram ao novo serviço electrónico disponibilizado pela CGA. Trata-se de uma medida extremamente importante para os idosos e acamados que poderão com enorme facilidade efectuar a comprovação”, acrescentou. Francisco Manhão, presidente da APOMAC, teme, no entanto, dificuldades de ordem prática, uma vez que a maioria dos aposentados não domina o português e não possui o cartão de cidadão português, que funciona como documento de identificação perante a CGA. “O sistema tem muitas lacunas, e eu não sei se vai funcionar. Do meu ponto de vista não vai ser tão prático como se tinha vindo a fazer. Quem é que vai pagar os equipamentos, nada está escrito sobre isso”, começou por dizer. O presidente da APOMAC destaca o facto de “Macau ser diferente (face a outros países), pois a maioria dos aposentados da CGA são de etnia chinesa”. “Como podem fazer uma prova local sendo estas pessoas chinesas? Além disso, os dados têm de ser preenchidos com o cartão de cidadão, mas estes aposentados só tem o BIR, nem passaporte têm muitas vezes”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCGA | APOMAC e ATFPM com projecto piloto para prova de vida A partir do dia 9 de Dezembro deste ano os reformados de Macau que recebem a sua pensão da Caixa Geral de Aposentações, de Portugal, vão poder fazer a sua prova de vida nas instalações da APOMAC ou da ATFPM. José Pereira Coutinho congratula-se com a iniciativa, mas Francisco Manhão diz que o sistema “tem muitas lacunas” [dropcap]A[/dropcap] Caixa Geral de Aposentações (CGA) vai desenvolver um projecto piloto em Macau, com recurso à tecnologia, que irá permitir a realização da prova de vida por parte dos dois mil pensionistas que residem no território. Citado pela Lusa, Vasco Costa, director da CGA, disse que o projecto arranca já em Dezembro, consistindo na realização da “prova de vida automática”, que irá funcionar através de uma aplicação digital que permitirá fazer a prova de vida através de reconhecimento facial ou de voz. A tecnologia “já está testada” e nesta primeira fase a adesão à medida é voluntária e quem aderir ficará dispensado de efectuar a prova presencial. O objectivo é alargar depois a medida a todos os países onde residem pensionistas da CGA, disse Vasco Costa. Em Macau, as duas associações que vão receber esta tecnologia são a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), entre os dias 10 e 13 de Dezembro, e a Associação dos Reformados, Aposentados e Pensionistas de Macau (APOMAC), entre os dias 11 e 13 de Dezembro. No estrangeiro, onde existem cerca de 11 mil pensionistas a receber pensão da CGA, a prova de vida é feita uma vez por ano, por via presencial, o que implica custos por parte dos serviços do Estado e do próprio pensionista, que tem de se deslocar para esse efeito. “Fazer prova de vida uma vez por ano coloca um risco muito grande sobre a CGA”, pois implica “um período longo a pagar uma pensão” a um beneficiário que pode já ter falecido entretanto, afirmou Vasco Costa. Problemas com a língua Questionado pelo HM sobre esta medida, José Pereira Coutinho, presidente da ATFPM, mostrou-se muito satisfeito. “Estamos contentes com estas medidas, incluindo o facto de o Governo de Portugal enviar seus funcionários para sede da ATFPM para executar a prova de vida. É um excelente passo para a modernização.” “Desta vez os aposentados poderão efectuar a prova de vida na sua residência caso adiram ao novo serviço electrónico disponibilizado pela CGA. Trata-se de uma medida extremamente importante para os idosos e acamados que poderão com enorme facilidade efectuar a comprovação”, acrescentou. Francisco Manhão, presidente da APOMAC, teme, no entanto, dificuldades de ordem prática, uma vez que a maioria dos aposentados não domina o português e não possui o cartão de cidadão português, que funciona como documento de identificação perante a CGA. “O sistema tem muitas lacunas, e eu não sei se vai funcionar. Do meu ponto de vista não vai ser tão prático como se tinha vindo a fazer. Quem é que vai pagar os equipamentos, nada está escrito sobre isso”, começou por dizer. O presidente da APOMAC destaca o facto de “Macau ser diferente (face a outros países), pois a maioria dos aposentados da CGA são de etnia chinesa”. “Como podem fazer uma prova local sendo estas pessoas chinesas? Além disso, os dados têm de ser preenchidos com o cartão de cidadão, mas estes aposentados só tem o BIR, nem passaporte têm muitas vezes”, concluiu.
Andreia Sofia Silva VozesA UM não se conhece [dropcap]A[/dropcap] Universidade de Macau (UM) tem sido palco de acontecimentos, no mínimo estranhos, para uma instituição pública de ensino que se quer internacional e com alunos vindos dos quatro cantos do mundo. É a liberdade académica, é a língua portuguesa, e agora são os rostos brancos, sejam portugueses ou estrangeiros. Todos estes casos só mostram que a UM está a seguir um caminho contrário aos objectivos para os quais foi criada, nos idos tempos da Administração portuguesa. A história conta-nos que a primeira fase da Universidade da Ásia Oriental já contemplava o ensino da língua portuguesa e do Direito de Macau, ou seja, duas das áreas onde esses “rostos brancos” deram o seu contributo. O facto de a UM ter nos seus quadros um académico, ainda por cima formado no Canadá, um país onde as liberdades individuais são respeitadas, sem esquecer os direitos das minorias, que afirma que a grande vantagem do sistema judiciário local é ter poucas “pessoas brancas”, é um tiro no pé. Mais, é a UM a ignorar por completo a sua história e a seguir um caminho que já muitos perceberam qual é. Recordo-me do comentário de Jorge Rangel, ex-secretário adjunto de Rocha Vieira com a pasta do ensino superior, a criticar, há uns anos, o rumo que a UM estava a tomar, voltando as costas ao território. O Centro de Estudos de Macau dedica-se a estudar Macau, tal como o nome indica, mas ter nos seus quadros um académico com este discurso retira-lhe toda a credibilidade. Enquanto isso, a UM e governantes assobiam para o lado.
Andreia Sofia Silva EntrevistaPaulo José Miranda, autor da biografia sobre Manoel de Oliveira: “A sua vida é tudo menos trivial” Poeta e colaborador do HM, Paulo José Miranda aceitou, pela primeira vez, embrenhar-se no género da biografia por ser um apaixonado pelo cinema de Manoel de Oliveira. No livro, contam-se os segredos de uma vida e de uma obra que acompanha quase a história do próprio cinema. Editado pela Contraponto em Portugal, a publicação chega à Livraria Portuguesa na próxima segunda-feira [dropcap]D[/dropcap]isse esperar que esta biografia chame mais a atenção do público português para as obras de Manoel de Oliveira. Os seus filmes foram sempre muito esquecidos pelos portugueses, mas aclamados fora de Portugal? Isso aconteceu desde o primeiro filme, filmado em 1931. Manoel de Oliveira sempre foi muito mais apreciado por estrangeiros do que pelos portugueses. A partir de uma certa altura ele passou a ser muito conhecido, mas esse conhecimento tinha a ver com várias razões que não propriamente as razões de apreciação da sua obra. E depois com os prémios lá fora e as críticas sempre muito boas, mais o facto de trabalhar sempre com bons actores, foi criando uma certa maturidade em Portugal. Mas a verdade é que a maioria das pessoas continuava a não ver os seus filmes e a falar deles de um modo depreciativo sem os ver. São filmes muito teatrais, muito longos. Isso poderá ter afastado o público? Primeiro que tudo trata-se de um cinema na maioria das vezes muito experimental, completamente fora do mainstream, anti-naturalista. É sempre muito difícil, porque as pessoas cada vez mais se interessam pelo cinema como divertimento, vão ao cinema como se aquilo estivesse mesmo a acontecer. Essa é uma das razões principais que afasta o público do cinema de Manoel de Oliveira. Mas também podemos dizer isso em relação à literatura ou à música. Porquê o título “A morte não é prioritária”? Esse título aparece logo quando comecei a trabalhar no livro, em 2017, quando me sentei a ver vários documentários sobre Manoel de Oliveira. No primeiro que vi, de Sérgio Andrade, uma das pessoas que estavam a ser entrevistadas falava da longevidade de Manoel de Oliveira e dizia que, em relação a ele, a morte não era prioritária. Eu achei que aquela frase se coadunava com o Manoel de Oliveira. Aí disse ao meu editor que já tínhamos título e ele achou extraordinário. De qualquer modo, tem muito a ver com ele. Qual foi o primeiro filme que viu que o fez perceber que era fã do cinema de Oliveira? Quando vi o primeiro filme do Manoel de Oliveira era muito jovem, tinha 23 anos, e foi “Os Canibais”, que tinha acabado de sair. Eu já gostava de cinema e, para um jovem de 23 anos, “Os Canibais” era uma obra extremamente nova, revolucionária. Aliás, várias pessoas escreveram na altura que parecia o filme de um jovem que estava a começar e não de um homem com 80 anos. FOTO: Sofia Mota O livro revela alguns segredos? Há várias informações que surgem que nunca tinham vindo a lume, algumas porque as pessoas não sabiam, porque foram reveladas por pessoas particulares, e outras tinham a ver com uma certa formalidade ou um trato que o Manoel de Oliveira tinha tido com Paulo Branco (produtor), por exemplo, para não falar daquilo que os tinha levado a separar. Depois da morte, isso deixa de fazer sentido manter-se, então há coisas que se revelam. A biografia não pretende trazer coisas que ninguém saiba, embora apareçam, mas quer acima de tudo contar a história de um homem que é bastante singular, bem como a sua história de vida e obra. Não é só a obra de Manoel de Oliveira que está neste livro, mas a sua vida, que é tudo menos trivial. A vida de Manoel de Oliveira acompanha a história do cinema português. A história do cinema mundial, quase, porque o cinema tinha 13 anos quando ele nasceu. Ele começa a filmar no cinema mudo e termina a filmar com o digital. Nestes dois anos de intenso trabalho quais foram os maiores desafios com que se deparou? Uma das dificuldades prendia-se com a longevidade dele. O colocar em 500 páginas, que acabaram por ser mais, uma vida tão grande e extensa, fez-me planear o que ia deixar de fora. Não é possível colocar uma vida inteira dentro de um livro. Numa aproximação mais rigorosa teriam de ser seis mil páginas, no mínimo. A técnica que escolhi foi a mesma que os cineastas utilizam em relação aos romances. Pegam num romance de 500 páginas e escrevem um guião para um filme de hora e meia. Eu fiz um guião como se a vida do Manoel de Oliveira fosse um romance, e fazer esse guião sem perder a riqueza do romance foi o maior desafio. Faltava contar a história de vida de um dos maiores cineastas portugueses? Há muitas reflexões à volta de Manoel de Oliveira, muitos textos sobre ele em Portugal e no estrangeiro, sobretudo em países anglo-saxónicos. Mas acho que era importante haver uma biografia e sobretudo uma como a que fiz, em que o confronto da vida com a obra está todo lá. O Luís Manuel Cintra dizia-me que não era possível fazer a biografia dele sem ter um conhecimento profundo e sem ter visto todos os filmes dele. Foi esse o trabalho que fiz e julgo que fazia sentido. Poderá voltar ao género da biografia? A poesia está sempre presente. Não me parece que volte à biografia pois é um trabalho muito exigente e que só se faz por uma grande paixão. Durante a elaboração desta biografia quais foram as fontes consultadas, que entrevistas fez? Manoel de Oliveira deixou quatro filhos, que continuam vivos. Uma das filhas, a Adelaide, que secretariava o pai, disse-me que a família não tinha nada contra a biografia, mas que preferia não participar porque teria sido essa a vontade do pai quando era vivo. Por intermédio de outra pessoa, José Roque de Pinho, falei com Manuel Casimiro (filho de Manoel de Oliveira) que, a partir de 2005, era a pessoa responsável por terminar os filmes caso o pai morresse. Era preciso determinar isso nos contratos. (Manoel de Oliveira morreria dez anos depois, com 106 anos de idade). Foi uma preciosa ajuda nas questões dos anos mais antigos, não me falou da infância e da adolescência do pai, mas falou do pai com 40 ou 50 anos. Falei também com pessoas que trabalharam com Manoel de Oliveira, com muitos actores e algum pessoal da parte técnica.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSexualidade | 16 por cento de estudantes universitários dizem ser gays Um estudo levado a cabo pelo departamento de sociologia da Universidade de Macau conclui que 16 por cento dos estudantes universitários ouvidos assume ser homossexual. A Associação Arco-Íris de Macau prepara-se para lançar um terceiro inquérito à comunidade LGBT este sábado [dropcap]S[/dropcap]ão números surpreendentes, numa sociedade onde o tema ainda é tabu. Um estudo realizado pelo departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM), ontem divulgado, conclui que 16 por cento dos alunos universitários ouvidos, de uma amostra superior a mil estudantes, afirma ser homossexual. De acordo com a Rádio Macau, o autor do estudo, o professor Spencer Li, mostrou-se surpreendido com os resultados. “Descobrimos um nível surpreendentemente alto de indivíduos que se identificam como tendo uma orientação sexual não tradicional, e por tradicional entende-se heterossexual. Mais de 16,5 por cento dos estudantes universitários identifica-se como homossexuais, bissexuais ou outros. É uma surpresa, não esperávamos que a percentagem fosse tão elevada.” Esta percentagem representa um total de 170 alunos, ainda que menos de um terço tenha admitido ter tido experiências sexuais. Spencer Li referiu que “determinadas orientações sexuais parecem estar associadas a problemas de comportamento psicológico”, ainda que o estudo não se tenha debruçado de forma mais aprofundada sobre esse assunto. “Quem não é heterossexual tende a ter mais distúrbios de saúde mental e a consumir mais álcool e drogas. Provavelmente devido ao facto de experienciar mais stress por causa da discriminação ou vitimização. É uma possibilidade, mas não estudámos isso”, acrescentou o académico. No que diz respeito aos quatro comportamentos de risco analisados no estudo, os heterossexuais são mais propensos a ter mais parceiros sexuais sem que, no entanto, utilizem sempre preservativo. Para Spencer Li, o estudo revela que ser gay não influencia directamente a existência de comportamentos de risco. “A orientação sexual não parece estar associada a comportamentos de risco, em termos gerais”, adiantou o docente. O estudo concluiu ainda que onze dos alunos ouvidos admitiram ter sido sujeitos a sexo forçado. Os dados foram recolhidos o ano passado, tendo sido extraídos de um questionário feito com o apoio do Instituto de Acção Social. Trabalho inédito O HM recolheu comentários junto de Jason Chao, dirigente da Associação Arco-Íris de Macau, que defende os direitos da comunidade LGBT. Jason Chao também considera tratar-se de “um número elevado”, mas alerta para o facto da orientação sexual não ser algo que se possa categorizar na totalidade, além de que muitos jovens se possam sentir confusos sobre aquilo que sentem. “Há poucas pessoas que são absolutamente homossexuais ou heterossexuais. Mas os números não me surpreendem. Estamos contentes com o facto de a geração mais jovem estar mais aberta à diversidade da orientação sexual”, disse Jason Chao. Este é o primeiro estudo do género a ser feito por uma entidade pública. Em 2014, a Associação Arco-Íris anunciou um segundo inquérito dirigido à comunidade LGBT do território, com o primeiro a revelar que, de 200 pessoas, 20 por cento assumiram já ter pensado em cometer suicídio. Para Anthony Lam, presidente da mesma associação, este número é “muito preocupante”. A associação prepara-se para lançar este sábado um novo inquérito à comunidade LGBT, cujos resultados deverão ser conhecidos em Novembro, adiantou Jason Chao ao HM.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSexualidade | 16 por cento de estudantes universitários dizem ser gays Um estudo levado a cabo pelo departamento de sociologia da Universidade de Macau conclui que 16 por cento dos estudantes universitários ouvidos assume ser homossexual. A Associação Arco-Íris de Macau prepara-se para lançar um terceiro inquérito à comunidade LGBT este sábado [dropcap]S[/dropcap]ão números surpreendentes, numa sociedade onde o tema ainda é tabu. Um estudo realizado pelo departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM), ontem divulgado, conclui que 16 por cento dos alunos universitários ouvidos, de uma amostra superior a mil estudantes, afirma ser homossexual. De acordo com a Rádio Macau, o autor do estudo, o professor Spencer Li, mostrou-se surpreendido com os resultados. “Descobrimos um nível surpreendentemente alto de indivíduos que se identificam como tendo uma orientação sexual não tradicional, e por tradicional entende-se heterossexual. Mais de 16,5 por cento dos estudantes universitários identifica-se como homossexuais, bissexuais ou outros. É uma surpresa, não esperávamos que a percentagem fosse tão elevada.” Esta percentagem representa um total de 170 alunos, ainda que menos de um terço tenha admitido ter tido experiências sexuais. Spencer Li referiu que “determinadas orientações sexuais parecem estar associadas a problemas de comportamento psicológico”, ainda que o estudo não se tenha debruçado de forma mais aprofundada sobre esse assunto. “Quem não é heterossexual tende a ter mais distúrbios de saúde mental e a consumir mais álcool e drogas. Provavelmente devido ao facto de experienciar mais stress por causa da discriminação ou vitimização. É uma possibilidade, mas não estudámos isso”, acrescentou o académico. No que diz respeito aos quatro comportamentos de risco analisados no estudo, os heterossexuais são mais propensos a ter mais parceiros sexuais sem que, no entanto, utilizem sempre preservativo. Para Spencer Li, o estudo revela que ser gay não influencia directamente a existência de comportamentos de risco. “A orientação sexual não parece estar associada a comportamentos de risco, em termos gerais”, adiantou o docente. O estudo concluiu ainda que onze dos alunos ouvidos admitiram ter sido sujeitos a sexo forçado. Os dados foram recolhidos o ano passado, tendo sido extraídos de um questionário feito com o apoio do Instituto de Acção Social. Trabalho inédito O HM recolheu comentários junto de Jason Chao, dirigente da Associação Arco-Íris de Macau, que defende os direitos da comunidade LGBT. Jason Chao também considera tratar-se de “um número elevado”, mas alerta para o facto da orientação sexual não ser algo que se possa categorizar na totalidade, além de que muitos jovens se possam sentir confusos sobre aquilo que sentem. “Há poucas pessoas que são absolutamente homossexuais ou heterossexuais. Mas os números não me surpreendem. Estamos contentes com o facto de a geração mais jovem estar mais aberta à diversidade da orientação sexual”, disse Jason Chao. Este é o primeiro estudo do género a ser feito por uma entidade pública. Em 2014, a Associação Arco-Íris anunciou um segundo inquérito dirigido à comunidade LGBT do território, com o primeiro a revelar que, de 200 pessoas, 20 por cento assumiram já ter pensado em cometer suicídio. Para Anthony Lam, presidente da mesma associação, este número é “muito preocupante”. A associação prepara-se para lançar este sábado um novo inquérito à comunidade LGBT, cujos resultados deverão ser conhecidos em Novembro, adiantou Jason Chao ao HM.
Andreia Sofia Silva EventosCinema | Tracy Choi coordena projecto de curtas-metragens sobre as duas décadas da RAEM Chama-se “Years of Macau” (Anos de Macau) e é o mais recente projecto da realizadora Tracy Choi para assinalar os 20 anos da transferência de Macau para a China. Um total de dez realizadores do território, onde se inclui António Caetano de Faria, contam a história do desenvolvimento de Macau entre 1999 e 2019, sem esquecer as memórias e sentimentos dos que decidiram por cá ficar [dropcap]O[/dropcap] mais recente projecto da premiada realizadora Tracy Choi pretende contar as várias estórias de Macau dos últimos 20 anos. “Years of Macau” (Anos de Macau) conta com a colaboração de dez realizadores locais, com cada um a abordar um ano após a transferência de soberania. As curtas-metragens, com cerca de dez minutos cada uma, incluem um filme que deverá ser revelado ao público na próxima edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, que acontece em Dezembro. Tracy Choi assegurou ao HM que o projecto ainda está na fase de pós-produção. “O que é especial neste projecto é que todos trabalhamos em conjunto, além de representar as nossas visões enquanto jovens realizadores sobre a forma como vemos Macau nos últimos 20 anos.” A realizadora contou que o projecto “Years of Macau” acontece muito à semelhança da iniciativa “Macau Stories”, que durante anos foi produzida por Albert Chu, hoje ligado à Cinemateca Paixão. “Percebemos que queríamos fazer algo em conjunto e aconteceu a oportunidade de abordarmos os 20 anos da transferência de soberania. Queríamos manter as memórias de como sentimos Macau”, adiantou Tracy Choi. No “Years of Macau”, há três fases distintas do processo de transferência de soberania, sobretudo no que diz respeito aos sentimentos da população. “A primeira fase é de 1999, as pessoas aí tinham uma grande incerteza em relação à transferência de soberania e estavam confusas sobre como as coisas iam correr, quer fossem chinesas ou portuguesas.” Tracy Choi denota também que “devido ao crescimento rápido da economia as pessoas estão a mudar, e os filmes abordam mais essas mudanças nos últimos 20 anos”. No que diz respeito ao ano de 2019, “o realizador usou o humor para mostrar o que se passa actualmente”. “A curta-metragem tem muitas histórias engraçadas e significa que o realizador pensa que a situação agora é um pouco complicada, mas que ainda é possível manter algum humor”, frisou. Europeu de 2000 António Caetano de Faria é um dos realizadores que participa neste projecto com a curta-metragem “Rec”, e que decorre no ano de 2000. “O filme passa-se num restaurante português no dia 20 de Junho de 2000, que foi nada mais nada menos o dia do jogo Portugal-Inglaterra do Euro 2000. Os amigos juntam-se para ver esse jogo e o filme aborda esse momento”, contou o realizador ao HM. “Rec” aborda esta mistura de sentimentos face a um período especial da história da RAEM. “Gostei muito de me ter calhado este ano. Eu não estava cá, mas conheço muitas pessoas que estiveram e ficaram cá. Só vim em 2008 e tentei fazer alguma pesquisa sobre o tema, que é sensível e emocional para muita gente. Tentámos fazer um filme que englobasse todas as comunidades de Macau.” “Havia muitas pessoas que queriam ir embora porque tinham receio do que poderia acontecer, mas outras queriam ficar. Fiz esse paralelismo na história e isso agradou-me, pois pude mostrar o que muitas pessoas sentiram na altura. Pela investigação e pelas pessoas com quem falei reparei que havia essa dualidade de impressões. O meu filme toca nesse ponto e no saudosismo de Portugal, porque tem um jogo de futebol à mistura”, acrescenta António Caetano de Faria. O realizador fala da importância do projecto “Years of Macau”. “Para mim o cinema é gravar e contar histórias do que se passa e se passou. O que a Tracy está a fazer em Macau é muito importante, ao juntar o mundo ocidental e oriental. Trabalho com ela desde 2009, temos caminhado juntos e isso tem-se reflectido nos resultados, e em Dezembro vamos ver isso.” O projecto “Years of Macau” é, para o realizador português, a prova de como a área do cinema está em franca expansão. “Começa a haver um grupo gigante de pessoas interessadas em fazer e investir no cinema em Macau e isso agrada a todos os que trabalham na área, porque têm a oportunidade de fazer o que gostam e de filmar as histórias que querem contar.”
Andreia Sofia Silva EventosCinema | Tracy Choi coordena projecto de curtas-metragens sobre as duas décadas da RAEM Chama-se “Years of Macau” (Anos de Macau) e é o mais recente projecto da realizadora Tracy Choi para assinalar os 20 anos da transferência de Macau para a China. Um total de dez realizadores do território, onde se inclui António Caetano de Faria, contam a história do desenvolvimento de Macau entre 1999 e 2019, sem esquecer as memórias e sentimentos dos que decidiram por cá ficar [dropcap]O[/dropcap] mais recente projecto da premiada realizadora Tracy Choi pretende contar as várias estórias de Macau dos últimos 20 anos. “Years of Macau” (Anos de Macau) conta com a colaboração de dez realizadores locais, com cada um a abordar um ano após a transferência de soberania. As curtas-metragens, com cerca de dez minutos cada uma, incluem um filme que deverá ser revelado ao público na próxima edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, que acontece em Dezembro. Tracy Choi assegurou ao HM que o projecto ainda está na fase de pós-produção. “O que é especial neste projecto é que todos trabalhamos em conjunto, além de representar as nossas visões enquanto jovens realizadores sobre a forma como vemos Macau nos últimos 20 anos.” A realizadora contou que o projecto “Years of Macau” acontece muito à semelhança da iniciativa “Macau Stories”, que durante anos foi produzida por Albert Chu, hoje ligado à Cinemateca Paixão. “Percebemos que queríamos fazer algo em conjunto e aconteceu a oportunidade de abordarmos os 20 anos da transferência de soberania. Queríamos manter as memórias de como sentimos Macau”, adiantou Tracy Choi. No “Years of Macau”, há três fases distintas do processo de transferência de soberania, sobretudo no que diz respeito aos sentimentos da população. “A primeira fase é de 1999, as pessoas aí tinham uma grande incerteza em relação à transferência de soberania e estavam confusas sobre como as coisas iam correr, quer fossem chinesas ou portuguesas.” Tracy Choi denota também que “devido ao crescimento rápido da economia as pessoas estão a mudar, e os filmes abordam mais essas mudanças nos últimos 20 anos”. No que diz respeito ao ano de 2019, “o realizador usou o humor para mostrar o que se passa actualmente”. “A curta-metragem tem muitas histórias engraçadas e significa que o realizador pensa que a situação agora é um pouco complicada, mas que ainda é possível manter algum humor”, frisou. Europeu de 2000 António Caetano de Faria é um dos realizadores que participa neste projecto com a curta-metragem “Rec”, e que decorre no ano de 2000. “O filme passa-se num restaurante português no dia 20 de Junho de 2000, que foi nada mais nada menos o dia do jogo Portugal-Inglaterra do Euro 2000. Os amigos juntam-se para ver esse jogo e o filme aborda esse momento”, contou o realizador ao HM. “Rec” aborda esta mistura de sentimentos face a um período especial da história da RAEM. “Gostei muito de me ter calhado este ano. Eu não estava cá, mas conheço muitas pessoas que estiveram e ficaram cá. Só vim em 2008 e tentei fazer alguma pesquisa sobre o tema, que é sensível e emocional para muita gente. Tentámos fazer um filme que englobasse todas as comunidades de Macau.” “Havia muitas pessoas que queriam ir embora porque tinham receio do que poderia acontecer, mas outras queriam ficar. Fiz esse paralelismo na história e isso agradou-me, pois pude mostrar o que muitas pessoas sentiram na altura. Pela investigação e pelas pessoas com quem falei reparei que havia essa dualidade de impressões. O meu filme toca nesse ponto e no saudosismo de Portugal, porque tem um jogo de futebol à mistura”, acrescenta António Caetano de Faria. O realizador fala da importância do projecto “Years of Macau”. “Para mim o cinema é gravar e contar histórias do que se passa e se passou. O que a Tracy está a fazer em Macau é muito importante, ao juntar o mundo ocidental e oriental. Trabalho com ela desde 2009, temos caminhado juntos e isso tem-se reflectido nos resultados, e em Dezembro vamos ver isso.” O projecto “Years of Macau” é, para o realizador português, a prova de como a área do cinema está em franca expansão. “Começa a haver um grupo gigante de pessoas interessadas em fazer e investir no cinema em Macau e isso agrada a todos os que trabalham na área, porque têm a oportunidade de fazer o que gostam e de filmar as histórias que querem contar.”
Andreia Sofia Silva PolíticaBerta Nunes é a nova secretária de Estado das Comunidades Portuguesas [dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português eleito, António Costa, apresentou ontem a lista de secretários de Estado que farão parte do novo Governo em Portugal. Berta Nunes será a nova secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, substituindo José Luís Carneiro no cargo. Este vai assumir o lugar de secretário-geral adjunto do Partido Socialista (PS). Berta Ferreira Milheiro Nunes licenciou-se em medicina e cirurgia pela Faculdade de Medicina do Porto, sendo doutorada em Antropologia médica pela Escola de Medicina Abel Salazar, no Porto. Desempenhou as funções de presidente da Câmara de Alfândega de Fé entre 2009 e 1 de Agosto, altura em que suspendeu o mandato para concorrer às legislativas como número dois do Partido Socialista pelo distrito de Bragança. Berta Nunes é a única cara nova entre os secretários de Estado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, mantendo-se Ana Paula Zacarias nos Assuntos Europeus, Teresa Ribeiro nos Negócios Estrangeiros e Cooperação e Eurico Brilhantes Dias na Internacionalização. No total, o novo Executivo português conta com 50 secretários de Estado. Ex-jurista de Macau na lista Da lista de nomes escolhidos por António Costa, destaque ainda para André de Aragão Azevedo, que vai ser secretário de Estado para a Transição Digital e que foi jurista em Macau entre os anos de 1995 e 2005, tendo passado por organismos públicos como a Autoridade de Aviação Civil e o Fundo de Segurança Social. Além disso, o novo secretário de Estado deu também aulas no Instituto Politécnico de Macau, tendo feito parte do gabinete coordenador das cerimónias da transferência de soberania de Macau para a China. Além disso, André de Aragão Azevedo foi também advogado no escritório de Jorge Neto Valente entre 1995 e 1997. Apesar da apresentação da lista de secretários de Estado junto de Marcelo Rebelo de Sousa, o Governo não pode ainda tomar posse por estar à espera da decisão do Tribunal Constitucional face ao recurso apresentado pelo Partido Social Democrata sobre os votos do círculo da emigração que foram anulados.