Andreia Sofia Silva PolíticaImobiliário | Si Ka Lon pede mudanças face a fecho de casinos-satélite O deputado Si Ka Lon interpelou ontem o Governo, no período de antes da ordem do dia, sobre a necessidade de “estimular o mercado imobiliário” tendo em conta o encerramento dos casinos-satélite até ao final do ano. “Perante a constante queda do preço das casas em Macau, o Governo retirou, no ano passado, todas as ‘medidas picantes’, mas o mercado continua fraco, o que demonstra a falta de confiança na economia, o aumento dos riscos financeiros e o risco latente de os cidadãos verem a sua propriedade com valor inferior ao empréstimo”, descreveu. Assim, Si Ka Lon fala numa “desvalorização das lojas, escritórios e edifícios industriais”, sugerindo que “o objecto do ‘investimento relevante’ do Regime de fixação de residência temporária seja alargado a escritórios e lojas, entre outros imóveis não habitacionais, com a exigência de o investimento ser aplicado no desenvolvimento das indústrias reais”. O deputado pede ainda ajustes ao imposto de selo, a fim de se reduzirem “as taxas de imposto para as transacções de imóveis de pequeno e médio valor” e um “relaxamento da política de hipoteca de edifícios comerciais, reduzindo a proporção do pagamento inicial para menos de 20 por cento”, além de se prolongar o período de reembolso. Tudo para “dinamizar o mercado imobiliário de segunda mão”. O deputado lamenta que, entre 2019 e 2023, não tenha havido quaisquer pedidos de projectos com “investimentos relevantes” em Macau, segundo a lei em vigor, sendo que, no ano passado, apenas se registou uma proposta. Tal “não se coaduna com o desenvolvimento económico e com o bom aproveitamento dos imóveis, tornando-se assim num mecanismo sem efeitos”, escreveu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFunção pública | Che Sai Wang pede “tolerância a falhas” O deputado Che Sai Wang escolheu falar sobre os funcionários públicos no período de interpelações de antes da ordem do dia, nomeadamente sobre a necessidade de se criar “um mecanismo de ‘tolerância a falhas’, incentivando os trabalhadores da Função Pública a terem a coragem de inovar”. Nesse sentido, defende-se a “clarificação, através de leis, o âmbito da exclusão de responsabilidade no mecanismo de ‘tolerância a falhas’ e o accionamento da exclusão de responsabilidade”. Pede-se ainda a criação “de um ambiente de trabalho propício para incentivar todos os funcionários públicos a apresentar propostas de inovação, cuja viabilidade deve ser analisada atempadamente, e, se forem adoptadas, os proponentes devem ser elogiados”. Che Sai Wang referiu também que, na hora de escolher pessoas para cargos de direcção e chefia, deve ser observado “um parâmetro importante”, como “a apresentação de propostas, no sentido de recrutar mais trabalhadores inovadores, reactivando-se assim o dinamismo e a potencialidade da equipa dos funcionários públicos”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTáxis | Pedidos incentivos em dias de tufão O deputado José Chui Sai Peng defendeu ontem no hemiciclo, no período de interpelações antes da ordem do dia, a criação de incentivos para taxistas que trabalhem em épocas de tufão. “Sugiro que o sector e a sociedade cheguem a um consenso, tal como acontece com os restaurantes que cobram mais 30 por cento durante os feriados obrigatórios”, disse. O deputado sugeriu, mais concretamente, que para “os taxistas que estejam dispostos a trabalhar em condições meteorológicas adversas possam cobrar uma tarifa adicional de 10 por cento por cada viagem”. Trata-se de algo que “não só vai ajudar a mitigar a má imagem devido à ‘cobrança abusiva de tarifas’, como também pode incentivar o sector dos táxis a envidar esforços para satisfazer as necessidades de deslocação dos turistas durante as condições meteorológicas adversas”, apontou.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaSalário mínimo | Aprovado aumento de uma pataca com três abstenções A Assembleia Legislativa aprovou ontem, na generalidade, o aumento do salário mínimo em apenas uma pataca por hora, de 34 para 35 patacas. O debate foi curto e, na hora de votar, apenas José Pereira Coutinho, Che Sai Wang e Chan Hao Weng se abstiveram. Os restantes deputados afirmaram que este aumento tem consequências para empresas e que o Governo deve dar mais apoios Foi ontem aprovada, na generalidade, a nova proposta de lei do salário mínimo que apresenta ajustamentos salariais com efeito a partir de 1 de Janeiro de 2026. Trata-se do aumento de uma pataca por hora, de 34 para 35 patacas, o que, em termos mensais, perfaz os seguintes ajustes: das actuais 7.072 patacas mensais passa-se para 7.280. No caso de salários pagos à semana, passa-se do actual montante de 1.632 patacas para 1.680 patacas. Segundo a apresentação do secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, trata-se de um aumento do salário mínimo em 2,9 por cento, abrangendo apenas 4,4 por cento de todos os trabalhadores da RAEM, ou seja, 18.200 pessoas, que trabalham essencialmente nas áreas da limpeza e segurança. Excluem-se, portanto, os trabalhadores domésticos. De frisar que este valor foi discutido em sede de Conselho Permanente de Concertação Social entre 1 de Novembro de 2022 e 31 de Outubro de 2024. O debate em torno destes valores foi curto e apenas três deputados se abstiveram na hora de votação: o trio formado por José Pereira Coutinho, Che Sai Wang e Chan Hao Weng. Antes das declarações de voto, Che Sai Wang foi o único a pronunciar-se, referindo que “o ajustamento do salário mínimo é inferior a outras regiões”. “Em Hong Kong o salário mínimo passou de 40 para 42,1 patacas [por hora], sendo um aumento de 5,25 por cento. O Conselho [Permanente de Concertação Social do território] fez o cálculo consoante a situação económica de Hong Kong, que foi depois aprovado pelo Chefe do Executivo. Essa fórmula de cálculo foi depois divulgada. Em Taiwan, há um aumento anual e a taxa de ajustamento é de 4,6 por cento, e além dos patrões e empregados, há peritos que dão apoio na realização deste cálculo”, declarou. Na opinião do deputado, Macau carece de um mecanismo científico para o ajuste salarial. “Não temos uma fórmula científica para o cálculo e nunca foi divulgada a forma para se chegar a um ajustamento do salário mínimo”, acrescentou Che Sai Wang. Na resposta, o secretário declarou que foi tido em conta “a situação económica de Macau e a capacidade de aceitação dos consumidores e da população”. “A situação é diferente nas regiões vizinhas, dado que Macau tem uma microeconomia. Tivemos de fazer uma ponderação geral e de ter em conta os empregadores e as pequenas e médias empresas (PME)”, declarou. Causa e consequência Já depois de votarem a favor, José Chui Sai Peng fez uma declaração de voto conjunta com outros deputados, como Ip Sio Kai e Si Ka Lon, onde referiu que “o ambiente de negócios é difícil e muitas PME lutam pela sobrevivência”. “Votámos a favor e entendemos que há uma relação harmoniosa entre os sectores laboral e dos empregadores, e isso destacou-se na pandemia. Isto [o ajuste salarial] vai desencadear uma série de efeitos, porque implica mudanças nos contratos. Espero que o Governo pondere ajudas a empresas, já que temos de ter em consideração que a economia não voltou ainda ao período anterior à pandemia.” Também a declaração de voto de vários deputados, incluindo a deputada Song Pek Kei, fala na defesa “do Governo assumir melhor o seu papel de interlocutor junto dos afectados por esta iniciativa, que pode ter implicações em cadeia nos diversos parceiros sociais, com o aumento dos custos operacionais”. Já os deputados Lam Lon Wai e Ella Lei, entre outros, declararam que “o mecanismo vigente [de actualização salarial] não dá respostas às necessidades, existindo atrasos”. “Esperamos que haja critérios mais científicos para o aumento do salário mínimo e que possam ser oferecidas garantias aos trabalhadores”, disseram.
Andreia Sofia Silva EventosArquitectura | Johannes Widodo fala sobre cidades e modernismo esta semana O arquitecto e investigador Johannes Widodo dá, esta semana, duas palestras com o cunho da associação Docomomo. Uma delas é “Reenquadrando o Modernismo: Modernidades Fundamentadas no Mediterrâneo da Ásia”, a ter lugar na Fundação Rui Cunha, enquanto a Casa Garden acolhe um debate em torno da habitação pública de Singapura Decorrem esta semana duas palestras de arquitectura promovidas pela associação Docomomo Macau, e que contam com a presença do arquitecto e investigador Johannes Widodo. Uma delas, acontece na Fundação Rui Cunha (FRC) esta sexta-feira, intitulando-se “Reenquadrando o Modernismo: Modernidades Fundamentadas no Mediterrâneo da Ásia”. Trata-se de uma conversa que se insere no ciclo de palestras “Revisitando o Modernismo e o seu Impacto na Ásia”. Esta sessão começa às 18h45. Com este evento, pretende-se “revisitar o conceito de modernismo através de uma lente asiática, desafiando as narrativas eurocêntricas dominantes”, propondo-se “uma reformulação enraizada nos contextos culturais e ambientais locais”. A Docomomo descreve, numa nota, a Declaração de Macau da mAAN (modern Asian Architecture Network) de 2001, que “afirmou a Ásia como uma fonte dinâmica de identidade moldada pela industrialização, colonização e interacção sustentada com o Ocidente”. Nesse contexto, a palestra visa redefinir “o modernismo e a modernidade asiáticos com uma mudança deliberada de ênfase: um ‘a’ minúsculo para arquitectura, um ‘m’ minúsculo para modernismo e um ‘s’ para modernismos plurais”. Este “reposicionamento linguístico” não é mais do que uma reflexão “da multiplicidade e a natureza fundamentada das experiências modernas em toda a Ásia”. “Tendo foco no Sudeste Asiático e na região em torno do ‘Mar Mediterrâneo da Ásia’, onde Macau está situada, a palestra destaca expressões arquitectónicas que incorporam respostas locais às influências globais”, ilustrando-se “como a arquitectura moderna na Ásia é um testemunho da engenhosidade das gerações passadas e uma base para a resiliência cultural futura”. Na conversa de sexta-feira, irão também revisitar-se “os princípios estabelecidos na Declaração da mAAN”, defendendo-se “um compromisso renovado com a documentação, conservação e envolvimento crítico com o património arquitectónico moderno da Ásia”. O caso de Singapura Na quinta-feira é dia da Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO), receber outra palestra de Johannes Widodo, desta vez sobre o caso particular da habitação pública em Singapura. “From Sit to HDB: Singapore’s Public Housing Morphology and Policy In The 20th Century” acontece a partir das 18h45 e conta com moderação do arquitecto, e membro da Docomomo, Tiago Rebocho. Nesta sessão irá traçar-se “a trajectória da habitação pública em Singapura, desde o Singapore Improvement Trust (SIT) da década de 1920 até o Housing & Development Board (HDB), fundado em 1960, destacando-se a mudança da habitação social colonial para uma estratégia de desenvolvimento nacional”. Será analisado o caso do Fundo Central de Previdência, que “possibilitou a aquisição generalizada de habitação própria”, e também “como as políticas urbanas de Singapura enfrentaram os desafios da escassez de terrenos, da diversidade cultural e da sustentabilidade”. Desta forma, “através da análise espacial e política, a palestra explora a evolução morfológica da habitação HDB e o seu papel na formação da coesão social, identidade e resiliência ambiental”, promovendo-se ainda uma reflexão “sobre desafios futuros, como o envelhecimento dos bairros, a inclusão e a adaptação climática”. Johannes Widodo é professor na Universidade Nacional de Singapura e é fundador executivo da mAAN (Rede de Arquitectura Asiática Moderna), pertencendo também ao comité executivo da Academia Asiática para Gestão do Património. Além disso, é também júri do Prémio UNESCO Ásia-Pacífico para Conservação do Património Cultural e fundador da Docomomo para os territórios de Macau e Singapura.
Andreia Sofia Silva EventosMercado de San Kio e Festival de Gastronomia em destaque nas próximas semanas Decorrem nas próximas semanas uma série de eventos que visam fomentar o turismo comunitário, apoiados e promovidas pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Entre a cultura, gastronomia e desporto, haverá oportunidade para residentes e turistas explorarem as ruas do território. Uma das iniciativas já arrancou e dura até ao dia 20 de Novembro, sempre aos fins-de-semana (sexta-feira, sábado e domingo). É o “2025 San Kio Traditional Market Tour”, a ter lugar no Largo do Templo de San Kio, Jardim San Kio, Rua da Emenda e Rua da Erva. Segundo uma nota da DST, as actividades “incluem tendas de jogos, visitas guiadas aos bairros comunitários, sorteio de fim-de-semana, benefícios de consumo no bairro de San Kio e breves actuações de rua”, sem esquecer workshops e “cinco feiras temáticas”. Outro evento, é o “2025 Ferreira de Almeida Festival”, a decorrer até ao fim deste mês, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, na freguesia de São Lázaro. Acontecem “exposições, feiras, workshops, espectáculos, carnaval e exibições”, sendo que seis das actividades incluem o Carnaval de São Lázaro, um workshop sobre Macau com o Grande Prémio como tema ou a exibição de curtas-metragens, entre outras. Destaque ainda para o “Roving Manduco – Street Life Festival”, que começa esta semana, sábado, e acontece até ao dia 30 deste mês, sempre aos sábados e domingos. Abrange-se a Rua da Praia do Manduco, o Pátio da Restauração, a Zona da Doca da Barra e as zonas envolventes, com “destaques variados, como um mercado de tendas que reúne objectos característicos, espectáculos teatrais e musicais sucessivos”, sem esquecer “visitas guiadas para levar os participantes a viajar na história e a ter a experiência de tomar chá na rua”. Festejar com comida Novembro é também o mês do 25º Festival de Gastronomia de Macau, com data marcada para os dias 14 a 30 deste mês, durando 17 dias consecutivos na Praça do Lago Sai Van. O público e os amantes das comidas das mais variadas origens podem esperar mais de 100 estabelecimentos de restauração e bebidas de Macau, comidas típicas, espectáculos de palco e tendas de jogos apelativos. A DST pretende, com este evento, “demonstrar a cultura gastronómica diversificada de Macau, na qualidade de Cidade Criativa de Gastronomia, enriquecendo a experiência gastronómica dos visitantes e residentes”. Na área do desporto, a DST promove ainda, até ao dia 9 deste mês, a “Sports Carnival: National Games Celebration Party”, a pensar na 15ª edição dos Jogos Nacionais. O evento compõe-se de “várias actividades, tais como Torneio Juvenil da Liga de Ouro 3×3 em Macau, tendas de indústrias culturais e criativas, tendas de gastronomia, espectáculos culturais e artísticos”, entre tantas outras. Os Jogos Nacionais são também destaque nos “15th National Games – Cheer Up! Community Fun Day”, a decorrer entre os dias 8 e 16 de Novembro na antiga Fábrica de Panchões Iec Long, na Taipa velha. Trata-se de uma actividade com “tendas de divertimento temáticas de desporto”, com o foco em várias modalidades, e acontece sempre aos sábados e domingos.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaTurismo | Mais cidades com vistos para quadros qualificados A Administração Nacional de Imigração anunciou ontem que foram incluídas mais cidades da China continental na medida de concessão de vistos para quadros qualificados virem até Macau em turismo. Tratam-se das cidades da região do Delta do Rio Yangtzé e das zonas Pequim-Tianjin-Hebei O país decidiu expandir a política de atribuição de vistos turísticos para quadros qualificados com destino à RAEM, a cidadãos fora da zona da Grande Baía e cidades de Pequim e Xangai. Isto porque a Administração Nacional de Imigração anunciou ontem, em comunicado, a expansão do número de cidades ligadas à implementação da política de concessão de vistos para quadros qualificados para a entrada em Macau e Hong Kong. Foram também anunciadas mais medidas para “a abertura de alto nível” do país e “desenvolvimento de alta qualidade”. O programa de vistos passa, então, a incluir os cidadãos que são considerados quadros qualificados de zonas como a região do Delta do Rio Yangtzé e Pequim-Tianjin-Hebei, bem como em todas as zonas de comércio livre. O pedido de visto pode ser feito a partir de amanhã. Segundo a mesma nota, existem seis categorias para os quadros qualificados abrangidos nesta política, que têm de ser quadros de excelência, quadros de pesquisa científica, quadros de educação, quadros de saúde, quadros de direito e quadros de administração. Os candidatos devem trabalhar nas cidades abrangidas na medida e podem pedir um visto com duração de 1 a 5 anos. Trata-se de um visto com múltiplas entradas e cada estadia deve ser inferior a 30 dias, devendo ser apresentados os documentos comprovativos da situação laboral e residencial. Além disso, a partir de 20 de Novembro, os cidadãos da China com visto de visita familiar para deslocações a Macau e Hong Kong podem pedir a renovação do visto no prazo de sete dias úteis antes do período de permanência. A Administração Nacional de Imigração explicou que, com esta medida, pretende dar maior conveniência a este grupo de cidadãos. Novos postos Também a partir de amanhã, haverá mais cinco postos fronteiriços da província de Guangdong, incluindo de Hengqin e da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que vão estar abrangidos pela política de isenção de visto em 240 horas. O número total dos postos fronteiriços integrados nesta medida passa, assim, dos actuais 60 para 65. Os cidadãos de 55 países sujeitos à isenção de visto podem entrar na China através destes 65 postos fronteiriços, sendo que durante o período de permanência de 240 horas podem viajar, fazer viagens de negócios e visitar o território. No entanto, para as actividades com necessidade de aprovação prévia, nomeadamente acções de trabalho, estudo ou cobertura noticiosa, continua a ser necessário pedir visto. Outro destaque, vai para o facto de mais postos fronteiriços, incluindo os de Hengqin e da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, aceitarem o pedido da leitura de rosto. Actualmente, apenas o Posto Fronteiriço de Gongbei e o Posto Fronteiriço da Baía de Shenzhen aplicam este método de passagem na fronteira.
Andreia Sofia Silva EventosLivro | História de Ng Iun Peng inspirou romance de Maria Helena do Carmo Chama-se “A Menina da Casa Grande” e é o novo romance de Maria Helena do Carmo, editado com a chancela do Instituto Internacional de Macau. Trata-se de uma história inspirada na vida de Ng Iun Peng, uma mulher chinesa nascida em Cantão, numa família rica, que viu a vida mudar completamente com a ocupação japonesa e a guerra civil chinesa. O lançamento decorreu ontem em Lisboa Maria Helena do Carmo, ex-residente, professora e autora, está de regresso aos livros. Desta vez o lançamento faz-se com o cunho do Instituto Internacional de Macau (IIM), que já tem à venda, nas suas instalações, “A Menina da Casa Grande”, um romance inspirado em factos reais, nomeadamente na história de vida de Ng Iun Peng, “uma mulher nascida em Cantão, que viveu a ocupação japonesa, a guerra civil chinesa e a Revolução Cultural, acabando por se refugiar em Macau”. Depois de ter lançado, em 2021, um romance centrado no século XIX em Macau, nomeadamente na vida de Pedro Gastão Mesnier, secretário do Governador Visconde de São Januário, Maria Helena do Carmo remete-nos agora para o século XX e os complexos anos da II Guerra Mundial em Macau e no sul da China, sem esquecer todos os acontecimentos bélicos e políticos que daí surgiram. Ao HM, Maria Helena do Carmo conta que conheceu a história de vida desta mulher no contexto das aulas do curso de patuá que frequentou em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). Um dos docentes, Joaquim Ng Pereira, filho de Ng Iun Peng, contou alguns episódios da vida da mãe, e aí Maria Helena do Carmo percebeu que tinha todos os ingredientes para um novo romance. Escrito com base em relatos gravados com a senhora, já no final da sua vida, e em relatos feitos pelos próprios filhos, Maria Helena do Carmo construiu então a história desta mulher que teve várias vidas, saindo da China, vivendo em Macau já numa situação financeira remediada e, depois, em Portugal, graças ao casamento com um português. “Ela [Ng Iun Peng] nasceu numa casa grande porque o pai era muito rico, tinha terras a perder de vista, indústrias, comércio. Nasceu, portanto, numa casa que ocupava um quarteirão inteiro, e foi uma menina mimada. Estudou em casa com professores particulares, depois fez o ensino secundário e um curso superior. As guerras empurraram a família para Macau”, disse. Ng Iun Peng viveu então as dificuldades que tantos chineses enfrentaram nestes anos, ao fugirem da China e procurarem refúgio em Macau e Hong Kong. “O pai, a primeira senhora do pai e ela foram para Macau, mas a mãe dela foi para Hong Kong com outras mulheres do pai e as meias-irmãs. Em Macau, ela trabalhou numa fábrica de tabaco, depois foi professora numa escola chinesa, enamorou-se de um português, e pronto.” Esta fase em que se viu obrigada a trabalhar numa fábrica “foi difícil para ela”. “Ficou com problemas nas costas durante muito tempo. Claro que é diferente, se a pessoa tinha uma vida rica e, de repente, passa a ter uma vida de trabalho”, acrescentou. Mudança religiosa A paixão por um português levou Ng Iun Peng para o outro lado do mundo no final dos anos 50, quando Portugal era um país fechado, sob um regime ditatorial. “Passou por todas as dificuldades. Imagine-se, em 1957, numa época em que não havia ainda uma compreensão pela maioria das pessoas. Sentiu-se marginalizada, ostracizada, incompreendida, porque falava mal português. Foi uma época muito traumatizante para ela.” Ng Iun Peng teve dez filhos e até acabou por se divorciar do marido português. “É a história de vida de uma pessoa que não é importante, não era nenhuma governadora, mas é a história de uma mulher comum, que se apaixona, casa, tem dez filhos e que faz de tudo para os criar, para que estudem. É um exemplo de vida que merecia ser divulgado.” Nascida numa família budista, Ng Iun Peng tornou-se missionária em Portugal, depois de ter lido uma bíblia. “A história começa que em 1958, pouco tempo depois de estar em Portugal, quando foi a uma feira do livro e encontrou um livro em chinês. Era a única coisa que ela sabia ler, e o senhor ofereceu-lho o livro. Leu essa bíblia como um romance, e depois acabou por aceitá-la com mais fé, e pedia a Cristo que a ajudasse em momentos difíceis, e acabou por se tornar cristã evangélica”, disse a autora. Esta conexão a uma nova religião dá-se em Vila Real, quando surgiu um pastor e um grupo de culto. “Quando foi para Macau com os filhos, acabou mais tarde por se tornar missionária em Cantão.” Maria Helena do Carmo considera que esta é uma história que representa não apenas as dificuldades vividas por tantas mulheres chinesas na época, mas “da mulher em geral, no mundo, quer seja chinesa, muçulmana ou portuguesa”. “Temos em Portugal, ainda hoje, tantas mulheres que sofrem, que têm de arcar com a responsabilidade de criar os filhos, de serem donas de casa e ainda terem de trabalhar para ganhar dinheiro e auxiliar a casa. Acho que esta história é um exemplo para toda a gente”, acrescentou a autora. O lançamento de “A Menina da Casa Grande” aconteceu ontem em Lisboa na Casa de Macau e contou com a presença de Ana Rute Santo, filha de Ng Iun Peng, “uma fonte fundamental para a pesquisa da autora, a par dos irmãos, Joaquim Ng Pereira e Vítor Ng Alves”, descreve-se na nota de apresentação da obra.
Andreia Sofia Silva EventosCCM | Vanessa da Mata em concerto com Orquestra Chinesa de Macau A cantora brasileira Vanessa da Mata sobe ao palco do Centro Cultural no dia 15 de Novembro no âmbito do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Trata-se de um concerto especial, anunciado depois da primeira divulgação do programa e acontece com a parceria musical da Orquestra Chinesa de Macau O Instituto Cultural (IC) anunciou esta segunda-feira a realização de um concerto, no dia 15 de Novembro, com a cantora brasileira Vanessa da Mata, que promete trazer os ritmos do Brasil e cantá-los ao lado da Orquestra Chinesa de Macau (OCM). O espectáculo integra-se no “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, neste que é o seu sétimo ano de existência. Este evento integra uma série de actividades, onde se inclui o Festival da Lusofonia. O concerto com a cantora brasileira está marcado para as 20h, no Grande Auditório do CCM, sendo que os bilhetes estão à venda desde ontem na Bilheteira de Enjoy Macao com preços a variar entre as 200 e as 400 patacas. Segundo uma nota do IC, Vanessa da Mata é descrita como sendo “uma das vozes mais influentes da música contemporânea brasileira”, bem como uma “cantora e compositora reconhecida pela sua versatilidade artística e pela força emocional das suas obras”. Trata-se de uma artista com “voz inconfundível” e um “estilo marcante”, características que “conquistaram os fãs em todo o mundo, tornando-a uma das principais representantes da música popular brasileira”. Os temas de Vanessa da Mata combinam diversos géneros musicais, nomeadamente MPB (música popular brasileira), R&B, pop, frevo, samba e reggae. O concerto do dia 15 de Novembro será dirigido pelo maestro Zhang Lie, director musical e maestro principal da OCM, que “tem conduzido diversas orquestras em atuações internacionais, recebendo ampla aclamação do público”. “Sob a sua direcção, a OCM interpretará várias canções emblemáticas de Vanessa da Mata, especialmente orquestradas para esta ocasião. Unindo a subtileza e o lirismo da música tradicional chinesa com os ritmos intensos e coloridos do Brasil, oferecerá ao público uma experiência musical transcultural e inesquecível”, descreve ainda o IC. Longa carreira Vanessa da Mata nasceu em 1976 e já lançou oito álbuns de originais. Uma das músicas mais conhecidas do seu longo repertório é “Boa Sorte/Good Luck”, cantada ao lado de Ben Harper, e que alcançou projecção internacional. Nesta actuação em Macau, fica a garantia de que Vanessa da Mata trará “o melhor da música brasileira, cruzando-se no palco com o encanto e a delicadeza sonora da OCM, prometendo uma noite memorável de sonoridades diferentes”. A cantora brasileira lançou, em Maio deste ano, um novo álbum, intitulado “Todas Elas”, sendo que o primeiro single é “Esperança”. Trata-se de uma música que “propõe uma reflexão sobre a expansão amorosa como um todo”, descreve-se no website oficial da artista. Vanessa da Mata acrescenta ainda que “Todas Elas” contém “mais poesia” face a trabalhos anteriores. “A produção é minha, as músicas são todas minhas e terá parcerias maravilhosas, como Robert Glasper, Jota.pê e João Gomes. Robert é americano e considerado o primeiro cara do jazz no mundo, um nome para ficar atento. Uma participação linda do João Gomes em uma música que escrevi, um reggae maravilhoso com o Jota.pê”, descreveu a artista. “Todas Elas” dá também o nome à digressão que a artista tem na estrada. Vanessa da Mata começou a cantar ainda na adolescência, em bares, tendo desistido de fazer o chamado “vestibular”, o exame de acesso ao ensino superior no Brasil, para seguir uma carreira na música. Começou a compor as suas canções, e o encontro com Chico César, aos 21 anos, foi fundamental para dar um passo adiante na sua carreira. O primeiro álbum de Vanessa da Mata chegou em 2004, intitulado “Essa Boneca Tem Manual”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEleições | MP português arquivou caso contra Rita Santos A informação sobre o arquivamento da investigação por interferência eleitoral nas Legislativas de 2024 em Portugal foi avançada pelo Canal Macau que cita a própria Rita Santos. O HM confirmou, entretanto, o arquivamento junto do Ministério Público em Portugal O Ministério Público (MP) terá arquivado a investigação que visava Rita Santos, relacionada com as Eleições Legislativas de 2024 em Portugal. A queixa partiu de alguns membros do Partido Socialista (PS) em Macau, com base em suspeitas sobre interferência eleitoral por parte da conselheira das Comunidades Portuguesas. O HM confirmou, entretanto, o arquivamento do processo junto do MP. De acordo com o Canal Macau, que cita Rita Santos, a investigação do MP de Portugal terá sido arquivada e no despacho com a decisão constará que “não foram encontradas provas de irregularidades” na conduta da visada. O despacho de arquivamento de um inquérito é proferido quando são recolhidas provas de que não se verificou nenhum crime, ou que mesmo que tenha havido crime que não foi praticado pelo visado da investigação. O MP também determina o arquivamento do inquérito se não tiver sido possível obter indícios suficientes da verificação de crime ou de quem foi o autor. Foi em Março de 2024 que as informações de que Rita Santos e a Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) estavam a ser investigadas em Portugal surgiram. Na altura, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Portugal revelou que ia remeter para o MP as queixas recebidas sobre interferência em Macau. Os queixosos acusavam Rita Santos e a ATFPM de terem influenciado os eleitores a votar na Aliança Democrática, a coligação que em 2024 era composta pelo Partido Social Democrata, CDS – Partido Popular e Partido Popular Monárquico e que venceu essas eleições com 28,83 por cento dos votos. Mandato suspenso e cooperação local Apesar de afirmar ter sido ilibada, o caso teve impacto na actividade política de Rita Santos. No início de Outubro de 2024, a conselheira das Comunidades Portugueses optou por suspender o mandato, com o jornal Plataforma a avançar que a suspensão tinha como objectivo evitar a notificação sobre a investigação de fraude eleitoral que estava em curso. Por sua vez, Rita Santos justificou a suspensão com a vontade de se dedicar às eleições do Chefe do Executivo em Macau, que aconteceram a 13 de Outubro de 2024, e às eleições para a Assembleia Legislativa, que ocorreram a 14 de Setembro deste ano. Até Junho deste ano, os dirigentes da ATFPM, como José Pereira Coutinho, garantiam que Rita Santos ia integrar a lista concorrente às legislativas para a Assembleia Legislativa. No entanto, em Junho, Rita Santos foi deixada de fora. A macaense justificou a ausência com o facto de pretender dedicar mais tempo à família. No entanto, o recuo aconteceu apenas alguns dias depois do Ministério Público de Macau ter anunciado que Rita Santos tinha sido interrogada na RAEM, devido a um pedido de cooperação das autoridades portuguesas face às suspeitas de irregularidades durante as eleições.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHabitação | Carlotta Bruni lamenta falta de criatividade na Zona A A arquitecta Carlotta Bruni lamenta que a habitação pública que se esteja a construir na Zona A dos Novos Aterros seja pouco criativa. “O que se vê a ser construído na Zona A são projectos muito repetitivos, e esse é um problema que existe em Macau desde sempre.” Bruni fala hoje sobre habitação pública na Casa Garden em mais uma conferência da Docomomo Macau Decorre hoje na Casa Garden, a partir das 18h45, a conferência “O advento da habitação colectiva no século XX”, com a arquitecta Carlotta Bruni, um evento promovido pela associação Docomomo Macau. Na sede da Fundação Oriente em Macau irá, portanto, debater-se o tema da habitação pública e as suas funções urbanas. Ao HM, Carlotta Bruni lamenta que os projectos que estão a ser edificados na Zona A dos Novos Aterros não tenham a criatividade desejável. Questionada sobre se Macau está a construir habitação pública a mais, a arquitecta afirmou “em excesso não, mas estamos a construi-la mal”. “É o mal, o feio naqueles edifícios. É uma co-responsabilidade de quem os desenhou e de quem os encomendou”, disse, lamentando que Macau tenha perdido uma oportunidade de inovar nesta área. “A crítica que posso fazer é pela maneira de desenvolver estes projectos. O que se vê agora construído na Zona A são projectos muito repetitivos, e a questão de ter um projecto repetitivo é um problema que existe em Macau desde sempre. O facto de ninguém se preocupar em ter uma cidade feia”, salientou. Para Carlotta Bruni, esse lado da fealdade da habitação “é uma coisa que perturba bastante”, porque “nós, arquitectos, temos a missão no mundo de fazer coisas bonitas, além de fazer coisas práticas, funcionais, que sejam baratas e tudo isso”. “Ao olhar para a Zona A, actualmente, tenho francamente a dizer que, aí, falhou-se um bocadinho”, acrescentou. “Os dois exemplos que vou discutir na conferência [projecto do Fai Chi Kei e edifício B10 da Zona A] é um pouco chamar a atenção para o facto de se poder fazer habitação social de outra maneira, com as mesmas entidades, mas com funções a mais do que o mínimo indispensável.” Viver numa caixa Na palestra de hoje, Carlotta Bruni “questiona as consequências espaciais da rápida densificação urbana de Macau, onde a priorização da área bruta construída levou à erosão do espaço comunitário”, destaca uma nota sobre a conferência. Desta forma, a arquitecta irá “explorar como o design arquitectónico pode recuperar ambientes públicos e semipúblicos através da colocação estratégica de volumes, tipologias em camadas e conectividade pedonal”, destacando-se “modelos espaciais alternativos que resistem à categorização convencional, tais como pátios abertos, praças estreitas e zonas públicas elevadas, oferecendo novas estruturas para o envolvimento colectivo em contextos de alta densidade”. Fundadora e directora do atelier LBA Arquitectura & Planeamento, Bruni vai abordar alguns projectos da equipa, nomeadamente o empreendimento de habitação pública no Fai Chi Kei, já demolido. “Aí propusemos áreas públicas em todos os andares, porque em Macau muitas vezes se esquece que, ao construir-se um edifício de 30 andares, cria-se uma certa descolagem da rua. As pessoas sentem que, quando deixam a rua, ela deixa de fazer parte da sua vivência diária.” Carlotta Bruni lamenta “a maneira como a habitação social é desenhada em Macau, com certeza com os mínimos legais em termos de espaço”. “Estamos a desenhar apartamentos muito pequenos que depois não tem nenhum sítio onde as pessoas possam ter um pouco mais de vida. No edifício do Fai Chi Kei tinha, a cada dois pisos, um espaço muito grande, com duplo pé direito, para as pessoas poderem estar cá fora, ficar sentadas, fazer alguma ginástica, para as crianças se encontrarem”, disse. O bairro de habitação social Fai Chi Kei foi projectado por Manuel Vicente em 1977 e concluído em 1981. A demolição aconteceu em 2010. O atelier LBA Architect & Planning desenhou o edifício B10 de habitação social na Zona A, cuja construção já está concluída. Também aí a opção foi para a criação de “uma série de jardins suspensos, com uma localização variada ao longo do edifício”, criando-se “situações específicas para cada piso”, a fim de construir “pequenas comunidades”. A responsável defendeu também ao HM que há “uma certa falta de planeamento” no contexto da Grande Baía, ou pelo menos de “exigências de planeamento”. “Cabe aos arquitectos preocuparem-se em criar edifícios com interfaces urbanas mais interessantes, temos de fazer um esforço para conseguir criar uma cidade mais dinâmica e interessante”, apontou.
Andreia Sofia Silva SociedadeHK | Descoberto caso de contrabando no valor de 200 milhões de dólares Barbatanas de tubarão, charutos, telemóveis, produtos farmacêuticos e até pele de burro. Estes são os produtos descobertos em mais dois casos de contrabando descobertos pelos Serviços de Alfândega (SA) de Hong Kong nos dias 3 e 7 deste mês. Segundo um comunicado deste organismo, o valor das mercadorias é de cerca de 200 milhões de dólares americanos, estando envolvidos dois navios, um deles destinado ao comércio fluvial. Este navio destinava-se a Macau e foi apanhado pelas autoridades no dia 3 de Outubro. Foram ainda inspeccionados cinco contentores que teriam Taiwan como destino e que foram declarados como transportando alimentos congelados. A 7 de Outubro, os SA de Hong Kong perceberam que aqui circulavam 150 toneladas de pele de burro e não os alimentos declarados. O mesmo comunicado indica que a investigação prossegue e que “não se exclui a possibilidade de ocorrência de detenções”. Segundo a Lei de Importação e Exportação de Hong Kong, qualquer pessoa considerada culpada de importar ou exportar carga não declarada está sujeita a uma multa máxima de 2 milhões de dólares e a uma pena de prisão de sete anos após condenação. Sete casos na semana passada Tendo em conta a realização dos Jogos Nacionais a partir do próximo mês, os Serviços de Alfândega (SA) querem mostrar serviço e admitiram terem reforçado os esforços de inspecção no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco. Como resultado destes esforços, foram registados sete casos de contrabando entre 21 e 25 de Outubro. Segundo um comunicado dos SA de Macau, no âmbito dos sete casos, os agentes alfandegários encontraram um total de 120 telemóveis antigos, muitas vezes utilizados para contornar as limitações de acesso à internet, 85 peças de produtos electrónicos e 1344 gramas de charuto. Os contrabandistas envolviam residentes de Macau e do Interior, com idades entre 38 e 64 anos. Os envolvidos foram multados, anunciaram os SA, ao abrigo das disposições da lei do comércio externo.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGrande Baía | Projecção de aumentos salariais de 3% em Macau No mais recente Relatório de Inquérito às Remunerações e Benefícios da Grande Baía 2025, 15,4 por cento de 39 empresas de Macau apontam para um aumento salarial na ordem dos 3 por cento para 2026. A área da tecnologia é a que paga mais a um recém-licenciado, com um salário de 19 mil patacas Já são conhecidos alguns dados do panorama salarial e benefícios concedidos a trabalhadores no contexto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau 2025, graças a um novo inquérito divulgado na sexta-feira. Segundo um comunicado oficial, Macau faz-se representar com 39 empresas inquiridas, sendo que, destas, 15,4 por cento prevê um aumento salarial de três por cento para o próximo ano. Enquanto isso, há “33 organizações que ainda não decidiram a previsão de aumento salarial”, e “nenhuma organização indicou um congelamento salarial”. As previsões para 2026 apontam para um ajuste salarial de 3,1 por cento em posições de gestão ou cargos séniores, posições de supervisão ou funcionários gerais, enquanto que os funcionários em funções operativas ou de atendimento podem receber aumentos de 3 por cento. Trata-se de números mais simpáticos face a este ano, cujas percentagens de aumento rondam os 1,3 por cento e os 2,9 por cento consoante as diversas posições profissionais. Em 2022, ano da pandemia, os ajustes salariais não foram além de 1 por cento, sendo que nas posições séniores ou de pessoal de gestão houve até uma quebra de 0,1 por cento. Entre os meses de Julho de 2024 e Junho de 2025, registou-se um aumento salarial médio de 1,6 por cento nas 39 empresas inquiridas em Macau, enquanto 24 relataram um panorama de congelamento salarial. Excluindo estas empresas que não subiram valores, “o aumento salarial médio real foi, em termos gerais, nas restantes organizações, de 3,4 por cento”. Estes dados dizem respeito ao Relatório do Inquérito sobre Remunerações e Benefícios da Grande Baía 2025, que no caso de Macau inclui empresas ligadas a seis sectores de actividade, nomedamente hotelaria e restauração, banca, seguros, finanças, cultura e entretenimento, ou ainda comércio e engenharia. O inquérito abrangeu, em Macau, um total de 54.195 funcionários. Quem paga mais? A apresentação do Inquérito decorreu na última sexta-feira na Faculdade de Administração de Empresas da Universidade de Macau (UM), tendo sido realizado por esta universidade, a Associação de Recursos Humanos da Grande Baía de Macau e diversas instituições do ensino superior da região da Grande Baía, incluindo o Centro de Estratégia e Desenvolvimento de Recursos Humanos da Faculdade de Administração da Universidade Baptista de Hong Kong, entre outras. Ainda no caso de Macau, é destacado que os licenciados na área das tecnologias de informação são aqueles com o salário mais elevado em início de carreira, na ordem das 19 mil patacas, enquanto que na província de Guangdong, para o mesmo tipo de trabalho, um recém-licenciado ganha cerca de 6 mil renminbis. Caso possua estudos mais avançados, como pós-graduação ou mestrado, o salário passa a 8,500 renminbis. Na província de Guangdong, os salários mais elevados para um recém-graduado são na área de “R&D”, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, com 6,500 renminbis. Quem tem estudos mais avançados do que a licenciatura pode chegar a um salário de 9,500 renimbis. No caso de Hong Kong, os salários para quem acaba de sair da universidade são mais elevados na área da engenharia, pagando-se uma média de 21,500 dólares de Hong Kong actualmente. O inquérito foi realizado em Junho deste ano a mais de três mil empresas da Grande Baía, sendo que entre os meses de Julho e Setembro foram recebidos 258 questionários válidos: 39 da RAEM, 141 da província de Guangdong e 78 de Hong Kong. No total, abrangem 244 mil funcionários que participaram através de um sistema de painel individualizado com recurso a inteligência artificial, intitulado “My AI Salary Consultant”.
Andreia Sofia Silva PolíticaDirigente associativo diz que HK aprende com eleições de Macau Hong Kong vai a eleições para o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento local, a 7 de Dezembro e a propósito desse acontecimento, Lo Man-tuen, presidente da associação China Peaceful Development General Summit of Hong Kong-Macao-Taiwan Diaspora, afirmou que os governantes de Hong Kong já foram a Macau para aprender com as experiências do último acto eleitoral, que elegeu os deputados pela via directa e indirecta para a Assembleia Legislativa (AL). Esta informação foi expressa num artigo de opinião publicado pelo jornal Ming Pao, onde o dirigente destaca a elevada afluência dos eleitores de Macau às urnas, com uma taxa de participação de 53,35 por cento. Lo Man-tuen lembrou ainda que a taxa de participação nas eleições por parte dos funcionários públicos foi muito elevada, pelo que o político entende que a aprendizagem da experiência eleitoral de Macau serve de exemplo para a mobilização nas eleições de Hong Kong, recorrendo-se a “todos os esforços”. “Todas as associações e entidades de Hong Kong vão organizar actividades eleitorais. Acredito que vai haver uma grande mobilização sem precedentes e que a sociedade de Hong Kong vai aparecer [para votar]. Claro que a taxa de afluência vai subir e ultrapassar os números das eleições anteriores”, lê-se no artigo de opinião. Posições concordantes Esta opinião de Lo Man-tuen surge depois de o Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau ter publicado um artigo na semana passada onde destacou a importância da realização das eleições em Hong Kong, alertando para as forças anti-China que podem perturbar o território, interferindo ou mesmo interrompendo o acto eleitoral. Lo Man-tuen faz referências a esse artigo, relatando que recentemente surgiram “várias teorias bizarras que interrompem as eleições”, como a “falsa alegação fabricada de que há ‘interferência do Governo Central nas eleições”, ou quando foi divulgada a “lista de bençãos [de candidatos aceites pelo Governo Central]”. O autor do artigo dá também o exemplo de discursos que boicotam as eleições. Recorde-se que as eleições para a VIII AL de Macau terminaram a 14 de Setembro, registando-se uma participação eleitoral de mais 11 por cento face às eleições anteriores, em 2021, tendo votado 175 272 eleitores. Este número de eleitores bateu o recorde histórico depois de 1999, quando a administração do território passou de Portugal para a China. O porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau discursou no dia a seguir às eleições, falando da realização bem-sucedida das eleições, algo que consistiu numa “conquista marcante quanto à implementação plena do princípio de ‘Macau governado por patriotas’ e na promoção de uma democracia de alta qualidade que se adapta às condições reais de Macau”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaWaldo e Emperor | Governo coordena mudanças de 182 trabalhadores Os casinos-satélite Waldo e Emperor Palace, ligados à Galaxy e Sociedade de Jogos de Macau, respectivamente, encerram esta semana o que vai obrigar a mudanças nas mesas de jogo e nas funções de 182 trabalhadores. A Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos diz estar a coordenar a situação com as operadoras Os casinos Waldo e Emperor Palace fecham definitivamente portas esta semana. No caso do Waldo, ligado ao grupo Galaxy, o fecho está marcado para sexta-feira, 31, às 23h59, enquanto que o casino Emperor, ligado à Sociedade de Jogos de Macau (SJM), o encerramento acontece na quinta-feira, 30. O fecho destes dois espaços de jogo ocorre no contexto do fim dos casinos-satélite até ao final do ano, 31 de Dezembro. Em comunicado, a Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) promete “supervisionar de forma rigorosa os procedimentos de encerramento dos referidos casinos, de forma a assegurar que decorram de forma estável e ordenada e que todos os procedimentos legais estejam a ser devidamente cumpridos”. Em causa, estão mudanças nas mesas de jogo e nas funções de 182 trabalhadores, 71 do casino Emperor Palace e 111 do Waldo. Em comunicado, a Galaxy determinou que as mesas de jogo do Waldo “serão realocadas para outros casinos” sob operação do grupo, estando “empenhada em salvaguardar o emprego local”. Em termos concretos, “os membros que actualmente trabalham no Waldo Casino serão transferidos para outros casinos ou funções não relacionadas com o jogo, com base nas necessidades operacionais, mantendo-se inalterados todos os termos contratuais de emprego”. A Galaxy promete ainda disponibilizar a estes trabalhadores “uma série de programas de formação profissional para apoiar a sua transição para novos ambientes de trabalho e garantir a continuidade da estabilidade profissional”. Já no que diz respeito ao Emperor Palace, fica também a mesma promessa da “protecção do emprego local”. Todos os funcionários “permanecerão empregados, sendo transferidos para outros casinos da empresa para desempenhar funções relacionadas com jogos, de acordo com as necessidades operacionais”, destaca a SJM numa nota. No caso dos residentes que trabalham para o Emperor e que não são directamente contratados pela SJM Resorts, “serão convidados a candidatar-se a vagas relacionadas dentro do grupo, com prioridade na contratação em circunstâncias iguais, e receberão o apoio necessário, dependendo da situação real, para facilitar uma transição suave”, é referido. A DICJ promete, com conjugação com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, “assegurar o cumprimento rigoroso dos compromissos assumidos pela SJM e Galaxy, no que respeita à recolocação dos mesmos trabalhadores, bem como às garantias efectivas quanto à remuneração, regalias e condições de trabalho”. Dinheiro por traçar No que diz respeito ao resgate de fichas de jogo, a partir do dia 1 de Novembro, sábado, “as fichas válidas com o logótipo Galaxy Waldo poderão ser resgatadas nos balcões designados no Galaxy Macau Casino ou no StarWorld Casino”. No caso do casino Emperor Palace, a SJM descreve que todas as máquinas e mesas de jogo “serão transferidas para outros casinos da empresa, a fim de continuar a servir os nossos estimados clientes”, enquanto que “os clientes que possuírem fichas, depósitos ou descontos em dinheiro acumulados no casino Emperor Palace, e que não tenham sido resgatados após o seu encerramento, poderão visitar outros casinos operados pela SJM Resorts a partir de 31 de Outubro para acordos de acompanhamento”, pode ler-se. Sobre este aspecto, a DICJ promete “designar funcionários para fiscalizar, ‘in loco’, o processo formal de encerramento, assegurando a conformidade dos procedimentos no que respeita ao tratamento adequado dos numerários e fichas de jogo guardados na tesouraria”, entre outras matérias.
Andreia Sofia Silva EventosSomos! | Concerto “Trilogia das Sombras” para ver e ouvir na Casa Garden A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” traz a Macau o espectáculo “Trilogia das Sombras”, que é também um disco dos “Mano a Mano”, um duo com os irmãos André e Bruno Santos. Este é um projecto musical inspirado na obra da artista plástica Lourdes Castro acolhido pela Casa Garden. A música faz-se ouvir no dia 8 de Novembro Chamam-se “Mano a Mano” e, como o nome indica, é um grupo musical composto pelos irmãos André e Bruno Santos. Vêm a Macau apresentar o seu mais recente disco, “Trilogia de Sombras”, com um espectáculo na Casa Garden, agendado para o dia 8 de Novembro. Trata-se de uma iniciativa com o cunho da “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP), e que se inspira na obra da artista plástica Lourdes Castro. No dia 8, na sede da Fundação Oriente (FO) em Macau, pode-se ver algo diferente de um concerto normal: Tiago Martins apresenta uma performance num cenário criado pelo Ponto Atelier, enquanto que à música original dos “Mano a Mano” juntam-se textos de Tolentino Mendonça. Não falta ainda a presença de um “disco-livro” criado por Carla Cabral. O que dizer de “Trilogia de Sombras”? Segundo um comunicado da Somos – ACLP, os “Mano a Mano” são irmãos e guitarristas da ilha da Madeira e fizeram, neste disco, uma mescla de “música, poesia, performance e artes plásticas”, tratando-se do quinto trabalho discográfico. Esta obra “tem o formato de disco-livro, concebido por Carla Cabral com inspiração nos livros de artista de Lourdes Castro, e recurso a costura, pintura, desenho e ‘transfer’ sobre tecido e papel”, com um texto de José Tolentino Mendonça e “declamação do poema Lourdes Castro, o ‘Rua da Olaria’, num dos dez temas” que compõem o álbum. Convidado especial O espectáculo começa às 20h e dura cerca de 70 minutos sem intervalo, tendo entrada gratuita. Pode-se esperar uma “parafernália de guitarras e cordofones dos irmãos” e, como já foi referido, a performance de Tiago Martins que “atrás de uma tela, e inspirado pelo Teatro de Sombras de Lourdes Castro, interage com a música”. Sobre este projecto José Tolentino Mendonça escreveu que “a obra visual incrível que a artista Lourdes Castro deixou é demasiado intensa e poliédrica para ficar limitada a um campo só”, sendo “o seu alcance maior”. “A obra de Lourdes Castro ajuda-nos a ser. Dá-nos música. E que música!”, adiantou. A Somos – ACLP decidiu ainda promover “a fusão de culturas e identidades”, convidando o instrumentista Fang Teng, concertino da Orquestra Chinesa de Macau, para interpretar, em palco, obras emblemáticas da cultura musical portuguesa. Desta forma, destaca a associação, fortalecem-se “laços que unem os nossos povos há séculos, criando-se um momento de perfeito vínculo musical e cultural”. No concerto, Fang pontuará as notas da música portuguesa com a capacidade dramática e melancólica do erhu, um instrumento tradicional chinês de duas cordas e tocado com um arco. Um apontamento que promete encantar e comover a audiência.
Andreia Sofia Silva Eventos“Salão de Outono” abre hoje ao público na Casa Garden É hoje inaugurada a exposição anual “Salão de Outono AFA 2025”, organizada pela AFA – Art for All Society, e que é acolhida na Casa Garden, sede da Fundação Oriente (FO) em Macau. A partir das 18h30, e até ao dia 6 de Dezembro, podem ser vistas cerca de 100 obras de artistas locais e ainda uma mostra da AFA com curadoria de Alice Kok, intitulada “Chinoiserie Surrealista: Golden City of Seres – Uma Exposição e Espectáculo de Intercâmbio Cultural e Artístico entre Macau e Antuérpia”. Trata-se de um projecto de “colaboração interdisciplinar que reúne artes visuais, dança e música”, sujeito ao tema “Chinoiserie Surrealista”, e onde se proporciona um “diálogo artístico entre as culturas oriental e ocidental que se entrelaçam e onde o clássico se encontra com o futurista”. Depois de uma primeira apresentação em Antuérpia, na Bélgica, este projecto de Alice Kok estreia-se agora em Macau. O tema desta edição do Salão de Outono, a 16.ª, é “Regresso a Casa: Um Reencontro entre a Luz e a Sombra da História” e apresenta obras de 50 artistas de Macau que expõem, assim, uma diversidade de trabalhos em termos de temas e estilos. Destaque também para a apresentação da secção especial chamada de “Exposição dentro da Exposição”, composta pela mostra individual de cerâmica “The Whims of Creation” [Os Caprichos da Criação] de Lio Pou I, vencedor do Prémio de Arte da FO em 2024. Aqui, “as formas características de nuvens e corpos exploram o profundo significado da vida e da existência”, destaca-se numa nota da AFA. Diversidade criativa A edição deste ano do Salão de Outono conta com curadoria de Juliam Lam Tsz Kwan e Leong Kit Man. Ao HM, Julia Lam destaca que esta edição revela “a diversidade e vitalidade do panorama artístico contemporâneo de Macau”, mostrando-se também “talentos emergentes e uma herança e energias do ecossistema artístico” local. Julia Lam salienta também a apresentação do prémio da FO. “Nesta mostra, Lio Pou I mergulha nos profundos mistérios da existência através da sua arte cerâmica, criando formas que lembram nuvens e figuras humanas para explorar o significado da vida e do viver. Esta série está exposta na galeria do rés-do-chão da casa histórica [Casa Garden], com acesso directo a partir do jardim, e este cenário único cria um diálogo íntimo entre as fundações históricas do espaço e a prática contemporânea que ele abriga, convidando os visitantes a experimentar a profunda conexão entre património e inovação.” Ainda segundo Julia Lam, os trabalhos que integram esta edição do Salão de Outono “incorporam a confluência de investigação filosófica, património visual e inovação visionária que inspira os artistas de Macau e que se alinha com a visão e os princípios da FO e da AFA – Art For All”. A curadora revelou que, ano após ano, “há mais projectos multimédia e instalações seleccionadas para o Salão de Outono, mas o ponto de atracção da exposição permanece inalterado”, que é “a interacção emocional, as mensagens transmitidas que tocam o ‘eu’ interior e a responsabilidade por uma consciência natural, humana e patrimonial, que tornam as obras de arte intemporais”.
Andreia Sofia Silva EventosFotografia | “As Prisões do Norte da Birmânia”, de Lu Nan, expostas em Lisboa A Ochre Space, galeria fundada pelo advogado e residente de Macau João Miguel Barros, em Lisboa, acolhe, desde ontem, uma nova exposição de fotografia, e desta vez com um dos maiores fotógrafos chineses. Lu Nan fez “As Prisões do Norte da Birmânia” onde retrata a vida difícil de quem lá esteve. O público pode ainda ver o filme “Trilogia”, sobre diversos projectos do fotógrafo São rostos do sofrimento, da ausência de algo, da dureza da vida. É deste conteúdo que se fazem as imagens do projecto “As Prisões do Norte da Birmânia” [Prisons of North Burma”, da autoria de Lu Nan, um dos maiores fotógrafos chineses que vê agora o seu trabalho apresentado ao público português na galeria Ochre Space, fundada pelo advogado e residente de Macau João Miguel Barros. Até ao dia 29 de Novembro, é possível ver um total de 63 fotografias analógicas que fazem parte do projecto que Lu Nan desenvolveu na Birmânia entre os meses de Junho a Setembro de 2006. Esse trabalho foi realizado na Prisão de Yanglongzhai e no Reformatório da Zona de Kokang, ambos localizados na Zona Especial n.º 1 (também chamada Kokang) do Estado de Shan, na Birmânia. Segundo o catálogo da exposição, que contém uma mensagem do próprio Lu Nan, de 2009, tanto a prisão como o reformatório albergavam, à data da captura das imagens, “95 por cento dos reclusos detidos e encarcerados por concentração, transporte e tráfico de droga”, tendo em conta o anterior cultivo de papoila, entretanto banido. Segundo Lu Nan, “após a proibição, os habitantes das montanhas tentaram plantar outras culturas comerciais, como borracha, fruta, café, etc., mas nenhuma destas tentativas foi bem-sucedida”, sendo que “apenas o cultivo da cana-de-açúcar obteve algum sucesso”. “Embora a papoila do ópio já não seja vista em Kokang, grandes áreas nos distritos vizinhos ainda são cultivadas com papoila. Além disso, as consequências do cultivo da papoila, juntamente com o influxo de novas drogas sintéticas, continuam a causar graves problemas de abuso, contrabando e tráfico de drogas”, descreveu. Os consumidores que andavam na prisão ou no reformatório eram de heroína ou de drogas sintéticas, sendo que o seu dia-a-dia era tudo menos fácil, segundo a descrição de Lu Nan. “Independentemente de terem consumido heroína ou drogas sintéticas, após a detenção, os reclusos não recebem qualquer alimento. Os consumidores de heroína passam por uma provação difícil, especialmente durante a primeira metade do mês: têm de suportar duas semanas de vómitos e diarreias frequentes antes de se sentirem quase normais. Após a libertação, todos os reclusos que consumiam estupefacientes regressam ao vício, sem excepção.” Trilogia humanitária Além destas imagens, há a possibilidade de visualizar um vídeo, de 28 minutos, com diversos projectos fotográficos de Lu Nan, e que fazem parte de uma série a que o próprio chamou de “Trilogia”. O vídeo é composto por 225 fotografias, em que a primeira parte contém o projecto “The Forgotten People” (1989-1990), sobre a doença mental na China, com 56 fotografias. Segue-se “On the Road” (1992-1996), sobre a Igreja Católica na China, que contém 60 imagens, e ainda “Four Seasons (1996-2004), sobre a vida diária dos camponeses Tibetanos, com 109 fotografias. Neste vídeo espelha-se a “Trilogia”, realizada entre os anos de 1989 e 2004, que “mais do que um conjunto de séries fotográficas, é uma meditação visual sobre a condição humana”, tratando-se de “três capítulos, três mundos, três formas de resistência”, descreveu João Miguel Barros, também ele fotógrafo e curador. Para Barros, Lu Nan, nascido em 1962, é “hoje uma figura incontornável da fotografia chinesa”, com uma obra que se distingue “não pela quantidade, mas pela densidade”. A primeira série, “The Forgotten People”, explora a realidade dos hospitais psiquiátricos na China, sendo também “uma viagem pela doença mental no interior da China”, verificando-se “abandono, mas também dignidade”. Segue-se “On The Road”, em que o fotógrafo chinês acompanhou comunidades católicas no país. “O terceiro e último capítulo, ‘Four Seasons’ (1996-2004), é uma ode à vida dos camponeses tibetanos. Durante oito anos, Lu Nan acompanhou o ciclo das estações, os rituais budistas, o trabalho agrícola, a intimidade das famílias. Aqui, a espiritualidade não é clandestina, é integrada. A vida é dura, mas vivida de forma plena”, descreve João Miguel Barros no catálogo da exposição. As imagens das prisões da Birmânia também pertencem a esta trilogia. “No conjunto das 63 fotografias que constituem o projecto, vimos homens acorrentados, corpos marcados pela dependência, olhares vazios. Mas também momentos de cuidado, de partilha, de humanidade. Mais uma vez Lu Nan não julga: observa, escuta, revela. Este projecto é um epílogo sombrio da Trilogia – um retorno do paraíso ao inferno, agora marcado pela violência estrutural do narcotráfico e do encarceramento”, descreve João Miguel Barros.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHengqin | Morador queixa-se da qualidade das habitações Infiltrações e janelas de má qualidade. Estes são alguns dos problemas apontados por um dos moradores do Novo Bairro de Macau na ilha de Hengqin sobre as casas do complexo residencial. Ao participar no programa matinal Fórum Macau, do canal chinês da Rádio Macau, o homem, de apelido Sou, diz que já houve queixas e espera melhorias Um morador do Novo Bairro de Macau na ilha de Hengqin queixou-se ontem da má qualidade das casas, ao participar no programa matinal Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau. O homem, de apelido Sou, afirmou que reside no complexo habitacional há cerca de um ano e já encontrou alguns problemas na construção recente, sendo que outros proprietários também se queixam da má qualidade de algumas infra-estruturas. “A qualidade das janelas nos quartos é muito má, e temos proprietários a partilhar fotografias em grupos de chat em que se vê infilitrações em casa através das janelas. Eu próprio já resolvi esse problema, tendo pedido a uma empresa para mudar as janelas”, confessou Sou no programa. O cidadão afirmou também que outros proprietários se queixam, nos referidos grupos de conversação, de casos ainda mais graves, como janelas das casas de banho que também causam infiltrações nos apartamentos ou que já apresentam ferrugem. Sou disse que apesar dos donos das casas irem fazendo a manutenção, retirando a ferrugem, ela volta a aparecer. Há também problemas com os sistemas de ar condicionado. “A estrutura exterior do ar condicionado da sala de estar está colocada num suporte colocado na varanda da cozinha, no andar de cima. Este design não é razoável e foi feito apenas para se poupar nos materiais”, acusou. Queixas e mais queixas São ainda poucos os residentes no Novo Bairro de Macau, mas a verdade é que já foram apresentadas queixas por parte deste grupo de proprietários, onde se inclui o próprio ouvinte do programa Fórum Macau. Porém, segundo o seu relato à rádio, o Departamento Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural de Zhuhai, responsável por este complexo habitacional, respondeu que é necessária uma coordenação com o condomínio para alterar o sistema de instalação do ar condicionado. O ouvinte explicou que não foram ainda criados condomínios no Novo Bairro de Macau porque só foram vendidos 1.500 apartamentos até à data, sendo que a proporção não é muito elevada para a constituição de um condomínio. De acordo com o relatório anual de 2024 da Macau Renovação Urbana, empresa responsável pela construção do Novo Bairro, até 31 de Dezembro tinham sido vendidas 1.388 fracções e residiam no local 2.500 residentes. O projecto foi construído com cerca de 4.000 habitações. Em Setembro, iniciou-se o processo de venda de casas para uma das torres do Novo Bairro.
Andreia Sofia Silva PolíticaGoverno em fase de estudos para novas medidas de apoio a empresas A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) garantiu ao deputado Ngan Iek Hang que as medidas anunciadas para a criação de novos fundos de apoio a empresas e empreendedorismo estão na fase de estudos. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado questionou em que fase estariam os trabalhos de criação “de um fundo para as indústrias do Governo, de um fundo para a transformação e orientação dos resultados científicos e tecnológicos” e ainda a criação do “parque industrial de investigação e desenvolvimento das ciências e tecnologias de Macau”. Tudo promessas feitas nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano. Na resposta da DSEDT, lê-se que este parque “é um projecto importante para promover o desenvolvimento da indústria tecnológica de Macau”, tendo sido criado “um grupo de trabalho interdepartamental para coordenar o projecto” e encomendado, a “uma equipa profissional de investigação”, um “estudo aprofundado e análise da posição, plano de construção e instalações de apoio do parque, de modo a garantir que o projecto corresponda às necessidades reais de desenvolvimento de Macau”. O Governo assegura que este parque vai ter em conta os exemplos de “vários parques tecnológicos na China continental, em Hong Kong e no estrangeiro”. Com cuidado Quanto à criação de dois novos fundos de apoio, a DSEDT assegurou ao deputado que “foi formado um grupo de trabalho interdepartamental para impulsionar esse trabalho”, tendo sido contratada “uma equipa de investigação independente para realizar um estudo aprofundado, analisando-se de forma cuidada a direcção a tomar nesses possíveis fundos”. A ideia é que esses apoios se “concentrem mais na base industrial local e promover o desenvolvimento económico diversificado, de forma moderada, em Macau”. Na mesma resposta, salienta-se outros apoios que têm sido dados à investigação científica por parte do Fundo de Desenvolvimento para as Ciências e Tecnologia (FDCT) em conjugação com Hengqin, nomeadamente os 25 projectos de “I&D” [Investigação e Desenvolvimento] que foram “aplicados ou transformados em Hengqin”, sendo que “dez são projectos-chave, abrangendo áreas como design de chips, células estaminais, digital ou energia”, entre outras.
Andreia Sofia Silva EventosD’As Entranhas | “Visão Comum” de Pedro Pascoinho para ver em exposição É este sábado que a D’As Entranhas Macau – Associação Cultural apresenta ao público uma nova exposição na galeria Lotus Art Space. Trata-se do trabalho do artista português Pedro Pascoinho, integrado na mostra “Common Vision”. São 20 desenhos a carvão feitos em papel “fabrianno artístico” onde se revelam composições e visões muito próprias Tudo começou na beleza do jardim Lou Lim Ieoc, local icónico de Macau que Pedro Pascoinho, artista português, visitou pela primeira vez em 2019. Essa foi também a primeira vez que o artista pisou o território e agora volta a fazê-lo com a exposição “Common Vision”, organizada pela D’Entranhas – Associação Cultural e com curadoria de Vera Paz. “Common Vision” começou, portanto, a ser imaginada no jardim de inspiração chinesa, mas pretende mostrar uma certa visão comum de coisas aparentemente diferentes podem ter pontos em comum. “Gosto muito de pintura chinesa, se bem que a pintura chinesa é bastante vasta, mas gosto sobretudo da pintura antiga dos séculos XIII e XIV. Foi aí [na visita ao Lou Lim Ieoc] que pensei em estabelecer algum paralelo”, contou ao HM. E segundo uma nota D’As Entranhas, o que se apresenta a partir deste sábado, às 18h30, na galeria Lotus Art Space, são 20 trabalhos a carvão sobre papel “fabrianno artístico”, tratando-se de “desenhos de dimensões variáveis, nos quais Pascoinho nos dá a ver composições intimistas, sóbrias e depuradas, que o próprio considera universais”. Existe em “Common Vision” uma “escolha intencional dos elementos na construçāo narrativa”, como é o caso de “fragmentos, objectos, figuras e paisagens representadas que evocam espaços enigmáticos, quase fantasmáticos que nos remetem para a passagem do tempo”. Estes desenhos são pensados de forma individual, mas “nascem da vontade de criar um espaço de memória comum”, numa “tentativa de encontrar novos caminhos e referências, em qualquer época ou lugar”. Essa é uma “condição essencial” do trabalho do artista: uma “observação interior e pensamento crítico”, espelhados nesta exposição. Em entrevista ao HM, o artista destacou que esta mostra “traz uma visão um pouco comum, no sentido em que a nossa estética ocidental é diferente da oriental, mas não deixa de haver uma proximidade”. Sempre o desenho O olhar de Pedro Pascoinho traduz-se sempre na vontade de fazer desenho, e não fotografia. “O que faço é partir de fragmentos de base quase fotográfica, embora a minha intenção não seja produzir fotografia, mas sim desenhos. No fundo é como se estes trabalhos tivessem um código, mas um código que é bem universal, em que conseguimos depreender bem a imagem, de certa forma. Daí essa lógica da ‘common vision’, de uma visão comum sobre as coisas.” Pedro Pascoinho fala de como “as imagens e fragmentos fossem comuns, com uma abordagem um pouco universal”, em que “se consegue prender o objecto, que acaba por ser figurativo”. “Não há aqui uma forma de ver, mas sim de observar. As coisas estão à nossa frente, mas depois a observação já depende de cada um. Há várias mensagens e leituras que se podem fazer. É um trabalho figurativo, mas não vai só num sentido e eu gosto de ter as coisas assim em aberto, porque depois depende de cada um a maneira como observar as coisas.” Sobre a paixão em relação à pintura chinesa, Pedro Pascoinho fala de uma “pintura bastante avançada para a época”, sendo “esteticamente diferente” da pintura portuguesa desses anos, e até europeia. “Apesar disso consegue-se aprender bastante, até pelos próprios temas, tanto em termos da paisagem, desse lado contemplativo das peças.” Em 2019, Pedro Pascoinho levou “Establishment” a Macau, nomeadamente à Casa Garden. Desde então deram-se “mudanças significativas” no seu trabalho. Nesse ano ocorreram alterações na “própria composição” dos trabalhos e na escolha de cores, ou na ausência delas. “Penso o trabalho antes de o executar, e para mim é como se fosse uma pintura sem cores, um desenho a preto e branco. E nesta exposição “Common Vision” há apenas um trabalho com cor. Houve então essa mudança, desde 2020 para cá, em que só me tenho dedicado ao desenho em grande escala e em que há ausência de cor. Fiz um debate sobre o branco, porque é uma cor com a qual não lido muito bem, nem é uma cor sequer.” Pedro Pascoinho sempre abordou a cor e “trabalhava por séries”, mas no final de 2019 já era “difícil pensar ao nível da cor, e depois, até pela forma como o mundo mudou, a partir dessa altura tornou-se mais difícil pensar nas cores”. “É difícil ver as coisas e produzir a cores, e comecei a ver o mundo a preto e branco. Não digo que não faça coisas a cores, mas, para mim, o preferencial e a maneira como penso, a ausência de cor faz parte disso. É difícil pensar a cor”, frisou. Sobre Macau diz ter ficado surpreendido. “É o ter contacto com uma cultura completamente diferente, parece que vamos sempre à procura do que existe de português”, analisando uma espécie de relação com um território “que é diferente da China”. “Há sempre esse lado interessante, em que consegui ver pontos que, para mim, acabaram por ser fascinantes, desde os mercados à comida”, disse. A exposição fica patente na galeria Lotus Art Space até ao dia 19 de Novembro, de terça-feira a domingo, das 13h às 19h.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLam Lon Wai pede mais apoios depois de alerta da presidente do TUI O deputado Lam Lon Wai considerou que devem ser reforçados os apoios às famílias para que possam lidar com os problemas comportamentais e desviantes dos jovens. O deputado reagiu, assim, ao jornal Ou Mun, depois do discurso de Song Man Lei, presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), apresentado esta terça-feira na abertura do ano judiciário 2025/2026. Lam Lon Wai, recentemente reeleito e ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), salientou que o aumento da criminalidade associada a menores de idade envolve vários factores, como mudanças do foro social ou o desenvolvimento tecnológico, sendo cada vez mais fácil os jovens terem acesso a informações que possam trazer complicações ou levar a comportamentos desviantes. O também subdirector da Escola Secundária para Filhos e Irmãos dos Operários falou também do facto de a família ter pouca capacidade de supervisão do comportamento dos jovens, enquanto as escolas têm falta de educação jurídica e não existe uma grande abrangência de medidas na área da saúde mental. Lam Lon Wai entende que deve haver um reforço em todas estas áreas, sugerindo uma reforma do regime tutelar educativo dos jovens infractores, a fim de responder ao panorama actual. Esforço colectivo No discurso desta terça-feira, Song Man Lei lembrou que “pelo segundo ano consecutivo registou-se um aumento do número de processos cíveis entrados nos Juízos Cíveis do Tribunal Judicial de Base (TJB)”, sendo “cada vez mais graves os problemas de desvio de comportamento de menores e de ofensas “. “No ano judiciário transacto, os processos relativos ao regime de protecção social geral e ao regime tutelar educativo, entrados no Juízo de Família e de Menores do TJB, aumentaram de 45 e 54 para 72 e 85, respectivamente, registando aumentos de 60 e 57 por cento”, lembrou. Song Man Lei descreveu que estes dados “evidenciam a tendência ascendente de situações em que os menores se encontram em risco ou em ambientes desfavoráveis para o seu crescimento e da situação de delinquência juvenil”. Trata-se de processos “intimamente relacionadas com o ambiente familiar, e o aumento simultâneo dos números demonstra que algumas famílias apresentam disfunções em termos de educação, comunicação e apoio emocional”, onde “os pais não conseguem exercer eficazmente as suas responsabilidades parentais por estarem ocupados com o trabalho, por não possuírem conhecimentos na área da educação ou por enfrentarem pressões emocionais e económicas”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCCPPC | Visita a Portugal com pedido a chineses ultramarinos Iniciou-se a 14 de Outubro uma visita a Portugal do Comité de Ligação com Hong Kong, Macau, Taiwan e Chineses Ultramarinos da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Num colóquio, Liu Cigui, director do Comité, defendeu um maior trabalho dos chineses que vivem fora do país na defesa da unificação do país O Comité de Ligação com Hong Kong, Macau, Taiwan e Chineses Ultramarinos da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) está em Portugal em visita oficial, iniciada a 14 de Outubro. Segundo o jornal Ou Mun, Liu Cigui, director do referido Comité, defendeu, num colóquio, que os chineses a residir em Portugal devem defender de forma firme a unificação do país, opondo-se a todas as ideias de independência. Liu Cigui, também chefe da delegação, participou no colóquio juntamente com representantes das empresas portuguesas com capital chinês investido, da Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e dos chineses ultramarinos. O responsável disse ainda no colóquio que a união e uma ligação alargada com os chineses a residir no estrangeiro são trabalhos essenciais do Comité da CCPPC, esperando-se que estes chineses se unam para construir uma comunidade harmoniosa fora do país, promovendo o crescimento de novas gerações de chineses. Ponte cultural O director desejou ainda que os chineses ultramarinos recorram à cultura como ponte de ligação ao país, divulgando as vozes positivas da China. Liu Cigui lembrou que este ano se celebram os 20 anos de estabelecimento, entre a China e Portugal, de uma parceria estratégica abrangente, sendo que ao longo desse tempo ambos os países têm reforçado a confiança política mútua. Para Liu Cigui, há resultados profícuos dessa cooperação em várias áreas. Em relação ao futuro da relação bilateral, o responsável disse esperar que a China e Portugal continuem a manter os laços tradicionais de amizade e possam reforçar o alinhamento de estratégias de desenvolvimento, expandido a cooperação em áreas como a inovação, economia verde, oceanos e medicina, entre outras. Liu Cigui falou também sobre o papel de Macau nesta relação. Segundo noticiou o Ou Mun, este considerou que a RAEM pode ter um papel único como ponte de ligação entre os dois países, devendo aproveitar bem o mecanismo do Fórum Macau e incentivar o intercâmbio cultural, educativo, turístico e da investigação científica. Liu Cigui deixou também o desejo de que as empresas com capital chinês em Portugal e a comunidade chinesa assumam as vantagens que possuem e dêm um contributo reforçado à cooperação e amizade entre os dois países. No âmbito desta visita a Portugal, a delegação deslocou-se ainda à Quinta da Marmeleira, situada em Alenquer, um projecto de produção vinícola com investimento do empresário de Macau já falecido, Wu Zhiwei. Liu Cigui deixou elogios ao projecto e lembrou que, nos últimos anos, tem desempenhado um papel de ponte entre Macau, China e Portugal, participando de forma activa nos projectos da Grande Baía e desenvolvimento de Hengqin. Trata-se, para o responsável, de um bom exemplo de uma empresa de Macau que se integra no desenvolvimento nacional e chega ao exterior através da RAEM.
Andreia Sofia Silva EventosFestival da Lusofonia | Calema, de São Tomé, actuam este sábado O concerto dos Calema acontece já este fim-de-semana em mais uma edição do Festival da Lusofonia. A dupla de irmãos sobe ao palco das Casas Museu da Taipa no sábado, a partir das 21h30. Há, porém, sonoridades de outros países do universo da lusofonia, como Rui Orlando, de Angola a actuar domingo ou Memu Sunhu, Carimbó Paidégua e Negros Unidos, grupo da Guiné Equatorial São os irmãos António e Fradique Mendes Ferreira e juntos compõem os Calema. Oriundos de São Tomé e Príncipe, e a residir em Portugal, os dois irmãos deslocam-se esta semana a Macau para participar em mais uma edição do popular Festival da Lusofonia. As luzes e a música fazem-se sentir no palco das Casas Museu da Taipa, este sábado, a partir das 21h30, num espectáculo com entrada gratuita. Em Portugal, os Calema têm sido um caso de sucesso. Iniciaram a carreira há cerca de 15 anos e já actuaram em palcos imponentes como o Estádio da Luz e em dezenas de festivais de música. O primeiro álbum foi editado em 2010, intitulando-se “Ni Mondja Anguené”, seguindo-se “Bomu Kêlê”, lançado em 2014, e ainda “A Nossa Vez”, em 2017. Segue-se “Yellow Voyage”, editado em 2020″, e “Voyage – Part II”, editado quatro anos depois, e ainda “Voyage – Part III”. Em 2019, chegou um álbum que parece ser uma espécie de consagração, quando a dupla editou “Ao Vivo no Campo Pequeno”, uma das mais importantes salas de espectáculos em Lisboa. O single “Maria Joana”, gravado com os cantores Nuno Ribeiro e a fadista Mariza, lançado mais recentemente, venceu os Play – Prémios da Música Portuguesa na categoria de Canção do Ano. Mas os Calema têm estado imersos em projectos de solidariedade, indo além da música. Um dos exemplos é o facto de, em Agosto deste ano, a dupla ter recebido a designação de embaixadores da boa vontade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na área da cultura e música, tendo frisado que querem ser um exemplo para os jovens. “Nós, quando estávamos a começar, não tínhamos nenhum exemplo porque tudo parecia muito difícil. (…) Eu acho que, de uma certa forma, podes mostrar-lhes [aos jovens] que é possível, que há um processo e que se trabalhares, se acreditares, o teu sonho pode-se tornar realidade, mas depende muito de ti. É essa luz que a gente quer”, declarou Fradique Mendes Ferreira à Lusa, aquando da recepção desta nomeação. Já António Mendes Ferreira, frisou que a designação de embaixadores da CPLP é um orgulho. “Nós sempre fizemos música com o intuito de alegrar as pessoas, de comunicar com elas, conectar com elas, e fazer parte desta família que é a CPLP é incrível. Nós crescemos dentro da comunidade e da sua cultura”, referiu António. Outros sons O palco da Lusofonia vai preencher-se com outras sonoridades em língua portuguesa, como é o caso de Rui Orlando, que actua no domingo, 26, a partir das 20h40. Oriundo de Angola, Rui é músico, compositor e instrumentista, tendo vencido o concurso televisivo “Angola Encanta” em 2011. Rui Orlando é formado em contabilidade e gestão, mas a paixão pela música venceu. Aos 20 anos fez um curso intensivo em Lisboa e aí começou a dedicar-se à carreira artística. Da Guiné-Bissau chegam os Memu Sunhu, que actuam esta sexta-feira a partir das 20h40. Trata-se de um grupo bem recente, formado em 2021 por quatro músicos: Ninanca Alfredo Carlos Banca, Desejado Carlos Gomes Sadjó, Sadibo Coté e Malam Djudju Mané. O colectivo é conhecido por misturar diversos géneros musicais com a música mais tradicional da Guiné-Bissau. Do Brasil, chegam ainda os Carimbó Paidégua, que actuam no domingo a partir das 19h10. Esta banda assume-se como um colectivo de pesquisa em música e danças ligadas à floresta da Amazónia e que está sediada na cidade de São Paulo. Destaque ainda para a actuação dos Negros Unidos, vindos da Guiné Equatorial, com actuação marcada para sábado a partir das 19h55. O festival da Lusofonia prossegue no fim-de-semana seguinte com mais actuações musicais, gastronomia e espaços de artesanato. Com Lusa