Hong Kong | Denise Ho triste com a proibição de vigília no Leal Senado

A activista e cantora Denise Ho ficou triste por as autoridades de Macau terem travado a manifestação contra a violência policial em Hong Kong. Em entrevista à Lusa, a pró-democrata confessa que todos os dias enfrenta o pesadelo de ser presa devido à posição política que assumiu

 
[dropcap]A[/dropcap] activista pró-democracia Denise Ho disse, em entrevista à agência Lusa, que “é muito triste” que as autoridades de Macau tenham travado uma manifestação sobre os protestos em Hong Kong. “Sei que algumas pessoas em Macau quiseram fazer uma manifestação ou uma marcha, mas foram travadas”, o que “é muito triste”, afirmou a cantora que, nos últimos três meses, discursou na ONU e no Congresso norte-americano, em defesa do movimento pró-democracia.
Em entrevista à Lusa, na véspera da celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China que se assinalaram terça-feira, defendeu que “as pessoas têm de acreditar no poder da solidariedade” e que “muitas coisas podem ser feitas de uma forma relativamente segura”.
Contudo, ressalvou, “isso exige que as pessoas usem a sua criatividade e imaginação como a população de Hong Kong mostrou ao mundo”, para insistir numa prioridade: “a segurança está em primeiro lugar”.
A 3 de Setembro, o Governo negou qualquer acção de censura política no território a acções de apoio aos protestos em Hong Kong, garantindo que se mantém salvaguardado o direito à manifestação e liberdade de expressão. “Não é censura política”, a actuação da polícia “baseou-se sempre em factos objectivos”, defendeu então o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak.
Em causa estão pelo menos três episódios, em Agosto. Primeiro, a proibição de uma manifestação e posterior actuação policial no dia e no local para onde estava convocada o protesto contra a brutalidade em Hong Kong.
Depois, a deslocação da polícia ao Instituto de Formação Turística (IFT) porque dois estudantes empunhavam cartazes de apoio às reivindicações pró-democracia na região vizinha. Outro, no mesmo contexto dos protestos de Hong Kong, diz respeito a quatro pessoas que foram abordadas pela polícia porque se encontravam a fazer colagens no espaço público, sem que tenham ficado detidos, afiançou o secretário para a Segurança.

Problema de mensagem

O caso mais mediático ocorreu em 19 de Agosto, já depois do Corpo da Polícia de Segurança Pública ter proibido naquele dia um protesto pacífico silencioso, no centro de Macau, contra o uso excessivo de força por parte das forças de segurança de Hong Kong sobre os manifestantes pró-democracia.
Em 15 de Agosto, a polícia alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem “actos ilegais” cometidos pelos manifestantes em Hong Kong e que tal “poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau”.
Quatro dias depois, montou uma operação no local durante a qual 600 pessoas foram abordadas para identificação, sete das quais foram levadas para interrogatório, com as forças de segurança a sublinharem que não houve lugar a qualquer detenção.

Tormento diário

A cantora e activista disse ainda que pensa “quase todas as semanas, se não todos os dias” que pode ser a próxima a ser detida por apoiar os protestos em Hong Kong.
“É uma ameaça que existe desde o início de Junho [quando a contestação começou], mas tento que isso não seja algo que me trave”, afirmou no dia em que vários outros activistas foram detidos pela polícia.
“Estamos numa situação cada vez mais difícil”, com “quase duas mil detenções” durante estas 17 semanas consecutivas de protesto, lamentou a cantora.
A artista, cujo activismo político a deixou fora do gigantesco circuito comercial chinês, mas conseguiu transformá-la numa das vozes mais importantes ligadas aos protestos pró-democracia sustentou que “as autoridades estão a utilizar este tipo de tácticas para oprimir e intimidar as pessoas. [E isso demonstra] que o Governo de Pequim tem medo das pessoas (…) e do movimento”.
No domingo foi alvo de um ataque por dois homens em Taiwan quando se preparava para participar numa acção de apoio aos protestos em Hong Kong, tendo sido atingida com tinta vermelha na cabeça. Um acto cometido por dois membros de um partido pró-Pequim, acusou, e que já foram identificados, assinalou.
Denise Ho disse que tem sido alvo de “ameaças indirectas junto de amigos, (…) pela máquina de propaganda [comunista] e de ataques verbais ‘online’”. “É uma ameaça muito real. E por ter falado nas Nações Unidas e (…) no Congresso dos EUA estou ciente de estar no topo das pessoas que são um alvo”, mas “como figura pública (…) tenho uma responsabilidade”, frisou.

3 Out 2019

Hong Kong | Jovem alvejado “está estável”, centenas de estudantes em greve

O jovem manifestante alvejado na terça-feira pela polícia de Hong Kong, durante mais um dia de violência, “está estável” após cirurgia. As autoridades da região vizinha declaram que a actuação da polícia foi justificada e legal. Como forma de condenar a violência policial, estudantes entram em greve e uma manifestação paralisou o centro da ilha de Hong Kong ontem à tarde

 

Com agências 

[dropcap]N[/dropcap]a semana passada, Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, disse que era “notável” que em três meses de protestos violentos ninguém perdeu a vida. Em pleno dia de celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, um jovem de 18 anos quase foi morto depois de ter sido alvejado por um polícia em Tsuen Wan. Ontem ficou-se a saber também que uma jornalista indonésia ficou cega de um olho depois de ser alvejada na cara com uma bala borracha disparada pela polícia no passado domingo.

Entretanto, centenas de estudantes entraram em greve para condenar a violência da polícia e o primeiro disparo de uma munição real contra os manifestantes em quase quatro meses de protestos na região administrativa especial chinesa, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

No dia em que se assinalavam os 70 anos da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de uma tarde de caos e violência que culminou em meia centena de feridos e mais de 100 detidos.

A polícia, com mais de seis mil efectivos nas ruas, reagiu com gás lacrimogéneo e canhões de água, formando linhas defensivas em diversos bairros. Pela primeira vez desde o início da contestação, as forças de segurança dispararam balas reais contra os manifestantes, tendo atingido um jovem no peito.

Responsáveis da polícia de Hong Kong, citados pelo jornal South China Morning Post, afirmaram que o uso de balas reais foi proporcional ao nível de agressão registado em várias ruas da cidade e aconteceu em autodefesa.

A agência estatal Xinhua segue a mesma linha, em defesa da actuação das autoridades que considera “totalmente legal e apropriada”. “O ‘terror negro’, que dura há mais de três meses, é uma loucura. Para parar a violência e conter a desordem, é preciso sublinhar o poder para impor a lei, cortar o tumor da violência e julgar os amotinados, o mais depressa possível, de acordo com a lei”, refere a agência.

Batalha campal

As autoridades de Hong Kong reconheceram estar perante um nível de violência muito elevado por parte dos manifestantes, para justificar a sua reacção de força, usando balas reais, segundo a Imprensa.

Ao longo do dia, os manifestantes antigovernamentais bloquearam estradas, incendiaram veículos, vandalizaram lojas, destruíram escritórios governamentais e arremessaram bombas de fogo e pedras contra a polícia, que reagiu com uma atitude de firmeza, em confrontos que provocaram dezenas de feridos e centenas de detenções.

“A resposta da polícia foi proporcional ao nível de agressão usado pelos manifestantes”, disse uma fonte policial citada pelo jornal South China Morning Post. A mesma fonte disse que os polícias apenas recorreram a balas reais, quando a integridade física das autoridades ou dos cidadãos estava em risco.

Segundo o jornal, a superintendente Yolanda Yu Hoi-kwan usou a sua conta pessoal da rede social Facebook para explicar que a polícia apenas usou violência por razões de segurança. “Por volta das 16h, um grande grupo de manifestantes atacou polícias perto da estrada Tai Ho e prosseguiram com o ataque até as autoridades os avisarem para parar. Como um dos polícias sentiu que a sua vida estava sob séria ameaça, ele disparou contra o agressor para salvar a sua própria vida e a vida dos seus colegas”, disse a superintendente, numa declaração citada pelo jornal.

A última vez que as manifestações tinham atingido um grau semelhante de violência foi em 5 de Agosto, quando as autoridades reconheceram ter utilizado gás lacrimogéneo e balas de borracha, anunciando, no final, a detenção de 149 pessoas.

Ontem, para protestar contra o tiro que atingiu um adolescente no peito, várias centenas de pessoas marcharam a partir de Chater Garden, em Central, entoando slogans como “A polícia de Hong Kong comete homicídio intencionalmente” e “Dissolução das forças policiais, já!” Partes da Connaught Road foram brevemente ocupadas por manifestantes, muitos deles vestidos com fatos, aparentando terem saído de escritórios para demonstrar desagrado perante a actuação das autoridades.

Por volta das 15h, alguns manifestantes juntaram-se em Tamar Park, perto dos edifícios do Governo, enquanto outros se ficaram pela Millenium Plaza em Sheung Wan, a cinco minutos a pé do terminal dos ferries. Registaram-se também protestos num centro comercial e Sha Tin e em Kowloon Tong.

Visto de fora

O Governo britânico considera “desproporcionado” o uso de balas reais pela polícia de Hong Kong, pedindo restrição a ambas as partes.

“Embora não haja desculpa para a violência, o uso de munições reais é desproporcional e apenas pode agravar a situação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, num comunicado, reagindo aos acontecimentos.

O chefe da diplomacia do Reino Unido pediu “diálogo construtivo” e “contenção” quer da parte dos manifestantes quer da parte das autoridades da antiga colónia britânica.

A União Europeia também reagiu ao episódio apelando à contenção e à inversão da escalada de violência. “À luz da violência e da turbulência que se vive em Hong Kong, a União Europeia continua a vincar que o diálogo, contenção e inversão da escalada de violência apontam o caminho a seguir”, comentou a porta-voz da União Europeia, Maja Kocijancic.

Apesar dos “passos positivos que indicam o início do diálogo entre o público e vários sectores da sociedade, são necessários mais esforços para restaurar a confiança”, acrescentou. Maja Kocijancic destacou ainda que “passados mais de três meses do início dos protestos, o direito de assembleia e de protestar pacificamente devem continuar a ser salvaguardados, de acordo com a Lei Básica de Hong Kong e os compromissos internacionais assumidos”.

Repórteres de guerra

Pelo menos quatro jornalistas ficaram feridos nos últimos dias de protestos em Hong Kong, um cenário que levou a emissora pública RTHK a retirar todos os repórteres que estavam a fazer a cobertura no terreno.

A decisão da Rádio Televisão Hong Kong foi tomada após um dos seus jornalistas ter ficado ferido num olho num dos confrontos entre manifestantes e a polícia em Sham Shui Po. Contudo, a ordem para os jornalistas regressarem às redacções teve em conta outro caso em que dois jornalistas de uma televisão foram atingidos por um líquido corrosivo nas mãos e na cara.

A primeira informação surgiu através da polícia, que acusou os manifestantes de usarem líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas, com as forças de segurança a apresentarem várias imagens do corpo dos agentes, nas quais é possível ver queimaduras de pele e uniformes que foram atingidos.

Outro episódio, no sábado, envolveu uma jornalista indonésia que, à semelhança do da RTHK foi atingida num dos olhos.

Na véspera dos protestos de terça-feira, a Associação de Jornalistas de Hong Kong lamentou “o uso e a ameaça de violência contra jornalistas que cobrem eventos” no território. Além dos jornalistas, vários elementos da polícia ficaram também feridos, com os casos mais mediáticos até agora a serem ligados ao arremesso do tal líquido corrosivo.

Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saísse de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.

O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da Chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

3 Out 2019

Hong Kong | Jovem alvejado "está estável", centenas de estudantes em greve

O jovem manifestante alvejado na terça-feira pela polícia de Hong Kong, durante mais um dia de violência, “está estável” após cirurgia. As autoridades da região vizinha declaram que a actuação da polícia foi justificada e legal. Como forma de condenar a violência policial, estudantes entram em greve e uma manifestação paralisou o centro da ilha de Hong Kong ontem à tarde

 
Com agências 
[dropcap]N[/dropcap]a semana passada, Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, disse que era “notável” que em três meses de protestos violentos ninguém perdeu a vida. Em pleno dia de celebração dos 70 anos da fundação da República Popular da China, um jovem de 18 anos quase foi morto depois de ter sido alvejado por um polícia em Tsuen Wan. Ontem ficou-se a saber também que uma jornalista indonésia ficou cega de um olho depois de ser alvejada na cara com uma bala borracha disparada pela polícia no passado domingo.
Entretanto, centenas de estudantes entraram em greve para condenar a violência da polícia e o primeiro disparo de uma munição real contra os manifestantes em quase quatro meses de protestos na região administrativa especial chinesa, de acordo com a agência de notícias Associated Press.
No dia em que se assinalavam os 70 anos da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de uma tarde de caos e violência que culminou em meia centena de feridos e mais de 100 detidos.
A polícia, com mais de seis mil efectivos nas ruas, reagiu com gás lacrimogéneo e canhões de água, formando linhas defensivas em diversos bairros. Pela primeira vez desde o início da contestação, as forças de segurança dispararam balas reais contra os manifestantes, tendo atingido um jovem no peito.
Responsáveis da polícia de Hong Kong, citados pelo jornal South China Morning Post, afirmaram que o uso de balas reais foi proporcional ao nível de agressão registado em várias ruas da cidade e aconteceu em autodefesa.
A agência estatal Xinhua segue a mesma linha, em defesa da actuação das autoridades que considera “totalmente legal e apropriada”. “O ‘terror negro’, que dura há mais de três meses, é uma loucura. Para parar a violência e conter a desordem, é preciso sublinhar o poder para impor a lei, cortar o tumor da violência e julgar os amotinados, o mais depressa possível, de acordo com a lei”, refere a agência.

Batalha campal

As autoridades de Hong Kong reconheceram estar perante um nível de violência muito elevado por parte dos manifestantes, para justificar a sua reacção de força, usando balas reais, segundo a Imprensa.
Ao longo do dia, os manifestantes antigovernamentais bloquearam estradas, incendiaram veículos, vandalizaram lojas, destruíram escritórios governamentais e arremessaram bombas de fogo e pedras contra a polícia, que reagiu com uma atitude de firmeza, em confrontos que provocaram dezenas de feridos e centenas de detenções.
“A resposta da polícia foi proporcional ao nível de agressão usado pelos manifestantes”, disse uma fonte policial citada pelo jornal South China Morning Post. A mesma fonte disse que os polícias apenas recorreram a balas reais, quando a integridade física das autoridades ou dos cidadãos estava em risco.
Segundo o jornal, a superintendente Yolanda Yu Hoi-kwan usou a sua conta pessoal da rede social Facebook para explicar que a polícia apenas usou violência por razões de segurança. “Por volta das 16h, um grande grupo de manifestantes atacou polícias perto da estrada Tai Ho e prosseguiram com o ataque até as autoridades os avisarem para parar. Como um dos polícias sentiu que a sua vida estava sob séria ameaça, ele disparou contra o agressor para salvar a sua própria vida e a vida dos seus colegas”, disse a superintendente, numa declaração citada pelo jornal.
A última vez que as manifestações tinham atingido um grau semelhante de violência foi em 5 de Agosto, quando as autoridades reconheceram ter utilizado gás lacrimogéneo e balas de borracha, anunciando, no final, a detenção de 149 pessoas.
Ontem, para protestar contra o tiro que atingiu um adolescente no peito, várias centenas de pessoas marcharam a partir de Chater Garden, em Central, entoando slogans como “A polícia de Hong Kong comete homicídio intencionalmente” e “Dissolução das forças policiais, já!” Partes da Connaught Road foram brevemente ocupadas por manifestantes, muitos deles vestidos com fatos, aparentando terem saído de escritórios para demonstrar desagrado perante a actuação das autoridades.
Por volta das 15h, alguns manifestantes juntaram-se em Tamar Park, perto dos edifícios do Governo, enquanto outros se ficaram pela Millenium Plaza em Sheung Wan, a cinco minutos a pé do terminal dos ferries. Registaram-se também protestos num centro comercial e Sha Tin e em Kowloon Tong.

Visto de fora

O Governo britânico considera “desproporcionado” o uso de balas reais pela polícia de Hong Kong, pedindo restrição a ambas as partes.
“Embora não haja desculpa para a violência, o uso de munições reais é desproporcional e apenas pode agravar a situação”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, num comunicado, reagindo aos acontecimentos.
O chefe da diplomacia do Reino Unido pediu “diálogo construtivo” e “contenção” quer da parte dos manifestantes quer da parte das autoridades da antiga colónia britânica.
A União Europeia também reagiu ao episódio apelando à contenção e à inversão da escalada de violência. “À luz da violência e da turbulência que se vive em Hong Kong, a União Europeia continua a vincar que o diálogo, contenção e inversão da escalada de violência apontam o caminho a seguir”, comentou a porta-voz da União Europeia, Maja Kocijancic.
Apesar dos “passos positivos que indicam o início do diálogo entre o público e vários sectores da sociedade, são necessários mais esforços para restaurar a confiança”, acrescentou. Maja Kocijancic destacou ainda que “passados mais de três meses do início dos protestos, o direito de assembleia e de protestar pacificamente devem continuar a ser salvaguardados, de acordo com a Lei Básica de Hong Kong e os compromissos internacionais assumidos”.

Repórteres de guerra

Pelo menos quatro jornalistas ficaram feridos nos últimos dias de protestos em Hong Kong, um cenário que levou a emissora pública RTHK a retirar todos os repórteres que estavam a fazer a cobertura no terreno.
A decisão da Rádio Televisão Hong Kong foi tomada após um dos seus jornalistas ter ficado ferido num olho num dos confrontos entre manifestantes e a polícia em Sham Shui Po. Contudo, a ordem para os jornalistas regressarem às redacções teve em conta outro caso em que dois jornalistas de uma televisão foram atingidos por um líquido corrosivo nas mãos e na cara.
A primeira informação surgiu através da polícia, que acusou os manifestantes de usarem líquido corrosivo que queimou a pele de agentes e jornalistas, com as forças de segurança a apresentarem várias imagens do corpo dos agentes, nas quais é possível ver queimaduras de pele e uniformes que foram atingidos.
Outro episódio, no sábado, envolveu uma jornalista indonésia que, à semelhança do da RTHK foi atingida num dos olhos.
Na véspera dos protestos de terça-feira, a Associação de Jornalistas de Hong Kong lamentou “o uso e a ameaça de violência contra jornalistas que cobrem eventos” no território. Além dos jornalistas, vários elementos da polícia ficaram também feridos, com os casos mais mediáticos até agora a serem ligados ao arremesso do tal líquido corrosivo.
Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saísse de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.
O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da Chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

3 Out 2019

Polícia de Hong Kong cegou jornalista indonésia de forma permanente

[dropcap]A[/dropcap] jornalista que foi atingida por um tiro de borracha da Polícia de Hong Kong ficou cega do olho direito de forma permanente. A informação foi avançada, esta tarde, por Michael Vidler, advogado da cidadã indonésia que trabalha na RAEHK.

Veby Mega Indah foi atingida por um tiro de borracha no domingo à tarde, numa altura em que estava identificável como jornalista, através do colete reflector, do capacete, óculos protectores, e do material de gravação. No momento em que o agente disparou Veby estava junto a um grupos de vários jornalistas, todos eles em trabalho, e onde o agente que disparou tinha estado há poucos segundos.

“Os médicos que estão a tratar a senhora Indah informaram-na hoje que, infelizmente, as lesões causadas pelo tiro da polícia vão resultar em cegueira permanente no olho direito”, afirmou Michael Vidler, de acordo com o portal Hong Kong Free Press. “Ela foi informada que a pupila do olho direito ficou destruída pela força do impacto da bala. Só mais tarde, após a cirurgia, se vai perceber o alcance total das lesões”, acrescentou.

O caso aconteceu numa passagem aérea junto à estação de metro de Wan Chai e Veby foi assistida prontamente por pessoas que se encontravam naquela zona. Depois, foi transferida para o Hospital Pamela Youde Nethersole Eastern.

Ainda de acordo com o advogado foi recebida informação que mostra que o tiro era um tiro de borracha e não das chamadas “balas de borracha macias”, que em inglês são conhecidas como “bean bags”.

O episódio mereceu criticas da Associação de Jornalistas de Hong Kong: “Estamos particularmente preocupados com os relatos de que a lesão foi causada por uma bala de borracha ou bala de borracha macia e que na altura do disparo a jornalista estava numa zona onde não havia manifestantes”, escreveu a associação. “A polícia tem o dever de auxiliar a imprensa e facilitar a cobertura noticiosa. É auto-evidente que isto significa que não devia ser a polícia a causar lesões aos membros da imprensa”, foi acrescentado.

2 Out 2019

Hong Kong | Tiros e líquidos corrosivos em dia de protesto

[dropcap]O[/dropcap] jornal South China Morning Post (SCMP) avançou hoje que um manifestante terá ficado ferido na zona do pescoço depois de ser alvejado pela polícia. A informação está a ser avançada depois de ter sido divulgado um vídeo nas redes sociais, onde o manifestante ferido diz “tenho dores na zona do pescoço, por favor leve-me para o hospital”. O jovem, de 18 anos, está em estado grave no hospital.

As autoridades policiais dispararam tiros de aviso para o ar nas zonas de Yau Ma Tei e Tsuen Wan, escreve o SCMP, mas, de acordo com a página oficial da polícia de Hong Kong, os agentes também ficaram feridos no protesto de hoje. “Os manifestantes usaram um fluído corrosivo na zona de Tuen Mun, ferindo agentes policiais e jornalistas. A polícia condena firmemente os actos violentos e apela à população que estejam atentos à sua segurança pessoal”, lê-se. Nas imagens publicadas na rede social Facebook, surgem imagens com roupas parcialmente corroídas pelo liquido, bem como feridas generalizadas nos corpos dos agentes.

Vários meios de comunicação social da região vizinha tem vindo a reportar o lançamento de gás lacrimogéneo em várias zonas de Hong Kong por parte das autoridades policiais para dispersar manifestantes. Em Sha Tin foi também utilizado gás lacrimogéneo e em Tsuen Wan o cenário é o mesmo, com confrontos abertos com a polícia ou com os manifestantes a erguerem barricadas. A maior parte das estações de metro encontram-se encerradas.

O centro da ilha de Hong Kong foi policiado durante toda a tarde, com um helicóptero a seguir o maior protesto e a polícia a posicionar-se ao longo do trajecto dos manifestantes, junto das estações encerradas ou estrategicamente nas passagens aéreas.

1 Out 2019

Hong Kong | Tiros e líquidos corrosivos em dia de protesto

[dropcap]O[/dropcap] jornal South China Morning Post (SCMP) avançou hoje que um manifestante terá ficado ferido na zona do pescoço depois de ser alvejado pela polícia. A informação está a ser avançada depois de ter sido divulgado um vídeo nas redes sociais, onde o manifestante ferido diz “tenho dores na zona do pescoço, por favor leve-me para o hospital”. O jovem, de 18 anos, está em estado grave no hospital.
As autoridades policiais dispararam tiros de aviso para o ar nas zonas de Yau Ma Tei e Tsuen Wan, escreve o SCMP, mas, de acordo com a página oficial da polícia de Hong Kong, os agentes também ficaram feridos no protesto de hoje. “Os manifestantes usaram um fluído corrosivo na zona de Tuen Mun, ferindo agentes policiais e jornalistas. A polícia condena firmemente os actos violentos e apela à população que estejam atentos à sua segurança pessoal”, lê-se. Nas imagens publicadas na rede social Facebook, surgem imagens com roupas parcialmente corroídas pelo liquido, bem como feridas generalizadas nos corpos dos agentes.
Vários meios de comunicação social da região vizinha tem vindo a reportar o lançamento de gás lacrimogéneo em várias zonas de Hong Kong por parte das autoridades policiais para dispersar manifestantes. Em Sha Tin foi também utilizado gás lacrimogéneo e em Tsuen Wan o cenário é o mesmo, com confrontos abertos com a polícia ou com os manifestantes a erguerem barricadas. A maior parte das estações de metro encontram-se encerradas.
O centro da ilha de Hong Kong foi policiado durante toda a tarde, com um helicóptero a seguir o maior protesto e a polícia a posicionar-se ao longo do trajecto dos manifestantes, junto das estações encerradas ou estrategicamente nas passagens aéreas.

1 Out 2019

Dia Nacional comemorado em Macau com cerimónia do hastear da bandeira

[dropcap]O[/dropcap] 70o aniversário da República Popular da China (RPC) foi hoje celebrado de manha cedo com a cerimónia do hastear da bandeira, que decorreu na praça Flor de Lótus. De acordo com um comunicado oficial, a cerimónia, que teve início às 8h00, contou com a presença de Wong Sio Chak, secretário para a Segurança que assumiu funções de Chefe do Executivo interino, pelo facto de Chui Sai On se encontrar em Pequim. O Chefe do Executivo regressa amanha de uma visita oficial que serviu para assistir à parada militar na capital chinesa e outras actividades relacionadas com o aniversário da RPC.

Além disso, “estiveram presentes os governantes da RAEM, altos representantes do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, elementos das tropas da Guarnição do Exército de Libertação Popular em Macau, entre outras personalidades”. Depois da cerimónia matinal, foi realizada a prova “Correndo em Comemoração do Dia Nacional”, que contou a participação de cerca de 18 mil pessoas. Decorreu ainda um espectáculo cultural e fogo-de-artifício.

Foram instalados em vários locais do território ecrãs gigantes para a transmissão em directo da cerimónia solene do içar de bandeira, na Praça Flor de Lótus, e da parada militar, em Pequim, “de modo a que os cidadãos e turistas possam sentir o ambiente festivo”, aponta o mesmo comunicado.

Para hoje estão ainda previstas mais actividades comemorativas, uma vez que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) convidou um grupo de jovens de minorias étnicas, provenientes da China interior, a participarem num espectáculo cultural com os jovens locais, pelas 17h00, na Praça do Tap Seac. Às 19h30, realizar-se-á no Fórum de Macau o espectáculo acrobático «A Haste Dourada», no âmbito da «Espectáculo de Comemoração do 70º Aniversário da Implantação da RP China».

As comemorações estendem-se pela noite dentro, com o 30° Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau (CIFAM), em frente à Torre de Macau, que encerra com a exibição das equipas da França e da China, às 21h00 e 21h40 horas, respectivamente.

1 Out 2019

Protesto de ‘luto democrático’ em Hong Kong desafia proibição policial

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas, vestidas de preto, em ‘luto’ pela erosão das liberdades em Hong Kong, saíram hoje às ruas apesar da proibição policial, de estradas bloqueadas e de estações de metropolitano fechadas, dificultando o acesso ao centro da cidade.

O grande protesto agendado para hoje, no dia nacional da China, tinha sido proibido pelas autoridades, mas tal como sucedeu no fim de semana anterior, em que se assinalou o quinto aniversário do movimento de desobediência civil ‘Occupy Central’, a mobilização foi maciça.

Nas ruas, entre bandeiras chinesas, boa parte da população de Hong Kong fazia questão de pisar fotografias do Presidente chinês, Xi Jinping, e da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que tinham sido estrategicamente coladas ao longo da estrada.

Ao som do hino ‘Glory to Hong Kong’, as milhares de pessoas que se concentraram em Causeway Bay seguem agora em direcção a Admiralty, já na zona central da cidade, com algumas paragens para alguns discursos improvisados de quem encabeça o protesto.

A última paragem do multidão, que empunha dezenas de bandeiras, incluindo a de Portugal, foi na estação de metro de Wan Chai, uma das 11 encerradas esta manhã e fortemente guardada pela polícia anti-motim.

Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saia de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.

“Uma situação muito perigosa”, avisou a polícia na véspera, afirmando que “os manifestantes radicais estão a aumentar o nível de violência (…) e estão cada vez mais envolvidos em actos de terrorismo”.

Uma análise de risco que levou, de resto, a empresa que gere o metro em Hong Kong a anunciar esta manhã o encerramento de 11 estações, que têm sido vandalizadas ao longo destes quase quatro meses de protestos.

O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

“Território irreconhecível”, diz Governo

O líder interino de Hong Kong afirmou hoje, durante as comemorações dos 70 anos da China, que o território está irreconhecível devido aos violentos protestos de que é palco há cerca de quatro meses.

O secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung, falava em representação da chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, que se deslocou a Pequim para participar nas comemorações do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China.

Altos funcionários do Governo de Hong Kong e cerca de 12 mil convidados assistiram, a partir do Centro de Convenções e Exposições, à cerimónia do hastear da bandeira do país, que decorreu na praça da Bauhinia Dourada, junto ao Centro.

Ao mesmo tempo, nas proximidades, a polícia usava gás pimenta para separar um grupo pró-democrata e outro pró-Pequim. O “número dois” do Governo destacou o compromisso do Executivo em apaziguar a crise, dias depois da estreia de uma série de debates com a sociedade civil, e prometeu uma nova abordagem para resolver as questões sociais, que estão na base da contestação social.

De acordo com uma estimativa da própria associação, a FCDH foi responsável pelas manifestações que levaram à rua um milhão de pessoas a 9 de Junho, dois milhões a 16 de Junho e 1,7 milhões a 18 de Agosto, sendo que esta última havia também sido proibida pela polícia.

“Estimamos que a situação amanhã [hoje] será muito, muito perigosa”, disse o principal responsável da polícia, John Tse. Em antecipação, o Governo já reforçou a segurança em toda a cidade, onde cartazes de protestos pedem que o dia 1 de Outubro seja marcado como “Um dia de luto”.

1 Out 2019

Protesto de 'luto democrático' em Hong Kong desafia proibição policial

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas, vestidas de preto, em ‘luto’ pela erosão das liberdades em Hong Kong, saíram hoje às ruas apesar da proibição policial, de estradas bloqueadas e de estações de metropolitano fechadas, dificultando o acesso ao centro da cidade.
O grande protesto agendado para hoje, no dia nacional da China, tinha sido proibido pelas autoridades, mas tal como sucedeu no fim de semana anterior, em que se assinalou o quinto aniversário do movimento de desobediência civil ‘Occupy Central’, a mobilização foi maciça.
Nas ruas, entre bandeiras chinesas, boa parte da população de Hong Kong fazia questão de pisar fotografias do Presidente chinês, Xi Jinping, e da chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, que tinham sido estrategicamente coladas ao longo da estrada.
Ao som do hino ‘Glory to Hong Kong’, as milhares de pessoas que se concentraram em Causeway Bay seguem agora em direcção a Admiralty, já na zona central da cidade, com algumas paragens para alguns discursos improvisados de quem encabeça o protesto.
A última paragem do multidão, que empunha dezenas de bandeiras, incluindo a de Portugal, foi na estação de metro de Wan Chai, uma das 11 encerradas esta manhã e fortemente guardada pela polícia anti-motim.
Apesar da proibição policial de se realizarem manifestações no dia nacional da China, os apelos para que a população de Hong Kong saia de novo à rua para exigir reformas democráticas no território multiplicaram-se.
“Uma situação muito perigosa”, avisou a polícia na véspera, afirmando que “os manifestantes radicais estão a aumentar o nível de violência (…) e estão cada vez mais envolvidos em actos de terrorismo”.
Uma análise de risco que levou, de resto, a empresa que gere o metro em Hong Kong a anunciar esta manhã o encerramento de 11 estações, que têm sido vandalizadas ao longo destes quase quatro meses de protestos.
O Governo de Hong Kong retirou já formalmente a polémica proposta de emendas à lei da extradição, na base da contestação social desde o início de Junho.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

“Território irreconhecível”, diz Governo

O líder interino de Hong Kong afirmou hoje, durante as comemorações dos 70 anos da China, que o território está irreconhecível devido aos violentos protestos de que é palco há cerca de quatro meses.
O secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung, falava em representação da chefe do Executivo da região administrativa especial chinesa, Carrie Lam, que se deslocou a Pequim para participar nas comemorações do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China.
Altos funcionários do Governo de Hong Kong e cerca de 12 mil convidados assistiram, a partir do Centro de Convenções e Exposições, à cerimónia do hastear da bandeira do país, que decorreu na praça da Bauhinia Dourada, junto ao Centro.
Ao mesmo tempo, nas proximidades, a polícia usava gás pimenta para separar um grupo pró-democrata e outro pró-Pequim. O “número dois” do Governo destacou o compromisso do Executivo em apaziguar a crise, dias depois da estreia de uma série de debates com a sociedade civil, e prometeu uma nova abordagem para resolver as questões sociais, que estão na base da contestação social.
De acordo com uma estimativa da própria associação, a FCDH foi responsável pelas manifestações que levaram à rua um milhão de pessoas a 9 de Junho, dois milhões a 16 de Junho e 1,7 milhões a 18 de Agosto, sendo que esta última havia também sido proibida pela polícia.
“Estimamos que a situação amanhã [hoje] será muito, muito perigosa”, disse o principal responsável da polícia, John Tse. Em antecipação, o Governo já reforçou a segurança em toda a cidade, onde cartazes de protestos pedem que o dia 1 de Outubro seja marcado como “Um dia de luto”.

1 Out 2019

Última Instância proíbe manifestação que visava polícia de Hong Kong

Para os dois juízes do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai e Song Man Lei, um grupo de manifestantes em Macau não pode criticar as acções na RAEHK até haver uma decisão de um órgão de poder. Viriato Lima votou vencido

 

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Última Instância (TUI) proibiu uma manifestação organizada pelos activistas Jason Chao e Man Tou que tinha como objectivo exortar os “órgãos policiais das diversas regiões (sobretudo os de Hong Kong)” a respeitarem a Convenção contra a Tortura.

Numa decisão tomada por Sam Hou Fai e Song Man Lei, com o voto contra do juiz Viriato Lima, na sexta-feira, o TUI considerou que os manifestantes tinham como verdadeira intenção “acusar e condenar a Polícia de Hong Kong de ter usado, de forma generalizada, a tortura e tratamentos cruéis, desumanos contra os manifestantes”.

Segundo o TUI, a manifestação não é aceitável por ser uma possível plataforma para a interferência nos assuntos de Hong Kong, o que contraria as leis da RAEM. “Se a Polícia de Macau permitisse a realização da reunião, seria muito provável que a sua decisão fosse interpretada no sentido de que concordou com a imputação feita pelos recorrentes em relação à Polícia de Hong Kong”, é defendido. “Ademais, haveria ainda o risco de dar a entender que ela interferiu, de forma dissimulada, na qualificação das actuações e reacções do órgão policial da RAEHK às manifestações violentas, tarefa essa que compete na realidade aos órgãos judiciais e de supervisão policial da RAEHK”, é acrescentado.

O TUI recusa a manifestação porque diz não se tratar de um “mero exercício do direito à crítica”, porque a condenação de uma actuação é mais do que a crítica. “A crítica tem que basear-se em factos objectivos, isto é, tem que dirigir-se a factos efectivamente ocorridos, fazendo-se comentários e críticas sobre os mesmos. No entanto, tal como se referiu, até ao presente momento, nenhum órgão de poder ou de supervisão da RAEHK qualificou as acções da polícia de Hong Kong como uso excessivo da força, ou até como submissão dos manifestantes à tortura e tratamentos cruéis, desumanos”, é sustentado.

Viriato votou vencido

A argumentação de Sam Hou Fai e de Song Man Lei não convenceu Viriato Lima, o outro juiz dos três que constituem a última instância de Macau. O magistrado votou vencido e apontou que mesmo que a manifestação criticasse a actuação das autoridades de Hong Kong, tal não viola a lei de reunião e manifestação.

“Mesmo que se entenda que a manifestação teria por finalidade a crítica à actuação recente das autoridades policiais de Hong Kong, afigura-se-me não constituir tal objecto fim contrário à lei”, escreveu Viriato Lima.

Man Tou e Jason Chao tinham avisado o Corpo de Polícia de Segurança Pública que desejavam realizar manifestações a 18 e 27 de Setembro e ainda a 4 de Outubro. Porém, o recurso apenas visou a última acção porque os activistas abdicaram das outras duas datas. O protesto de 4 de Outubro estava agendado para a Praça da Amizade, entre as 18h30 e as 18h50, e contava ter cerca de 15 participantes. Os materiais utilizados seriam cartazes.

1 Out 2019

Suspeito do homicídio que motivou emendas à lei de extradição em Hong Kong vai ser libertado

[dropcap]O[/dropcap] suspeito do homicídio que levou o Governo de Hong Kong a propor alterações à lei de extradição, na base da contestação social desde o início de Junho, vai sair em liberdade em 23 de Outubro.

Chan Tong-kai é procurado pelas autoridades de Taiwan pelo alegado envolvimento no assassínio da namorada grávida, Poon Hiu-wing, de 20 anos, em Fevereiro de 2018, quando ambos se encontravam de férias na ilha Formosa.

O suspeito regressou sozinho a Hong Kong, onde está preso desde Abril do ano passado, depois de ter ficado provado que roubou mais de 20 mil dólares de Hong Kong de Poon Hiu-wing.

Apesar de ter sido condenado a 29 meses de prisão, uma fonte anónima citada pelo jornal South China Morning Post garantiu que Chan sairá em liberdade já no próximo mês.

Na ausência de um acordo de extradição entre Hong Kong e Taiwan, a antiga colónia britânica não dispõe de meios legais para transferir o suspeito para a ilha Formosa.

O caso conduziu a uma proposta de lei que permitiria a extradição de suspeitos para jurisdições sem acordo prévio, como Macau, Taiwan ou a China continental.

No entanto, também abriu portas a julgamentos em solo chinês, com um sistema judicial sem garantias, o que desencadeou o alarme entre a população.

O Governo de Hong Kong já anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição, contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

30 Set 2019

Macau concede mais alta condecoração a empresários e conselheiros do Executivo

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau vai agraciar dois empresários e membros do Conselho Executivo com o Lótus de Ouro, a mais alta condecoração concedida este ano, foi hoje anunciado.

Liu Chak Wan e Ma Iao Lai vão ser distinguidos com o Lótus de Ouro, de acordo com a lista de 44 personalidades e entidades que vão receber, em Novembro, medalhas e títulos honoríficos.

Membro do Comité Permanente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o empresário Liu Chak Wan preside ao Banco de Desenvolvimento de Macau. Liu Chak Wan é presidente da Associação Comercial de Macau.

As seis medalhas de prata vão ser entregues ao advogado macaense Leonel Alves, que esteve 33 anos na Assembleia Legislativa, ao ex-deputado Cheang Chi Keong, à política Ho Sut Heng, ao arquiteto Wong Eddie Yue Kai, ao actual deputado Chan Chak Mo e ainda à Nam Kwong União Comercial e Industrial, Limitada.

Entre as medalhas de mérito, destaque para o português Manuel Augusto Martins Peres Machado, que vê distinguido o trabalho como presidente da direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) ao receber a medalha de mérito educativo.

O antigo coordenador do Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau Carlos Ascenso André foi agraciado com a medalha de mérito cultural.

A empresária Pansy Ho, filha do magnata do jogo Stanley Ho, será distinguida com a medalha de mérito turístico. Desde 2018, Ho é embaixadora da Organização Mundial do Turismo, agência especializada da ONU.

30 Set 2019

Jogo | DICJ esclarece que instrução só inclui dados pessoais

[dropcap]P[/dropcap]aulo Martins Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) garantiu que a nova instrução relativa às operações dos casinos visa apenas a protecção dos dados pessoais relacionados com essas mesmas operações e não as informações ligadas às apostas.

“Não sei se houve um mau-entendimento na tradução. São os dados relacionados com o jogo, mas os dados pessoais. A ideia não é (limitar a partilha) dos dados relacionados com as operações de jogo. Se forem dados gerais do jogo há outras legislações que regulam, mas aqui estamos a falar dos dados pessoais do jogo”, disse.

O director da DICJ garantiu que o sector não reagiu de forma negativa e que a nova instrução também visa a protecção ao nível das apostas por telefone. “Emitimos a instrução no sentido de manter o desenvolvimento saudável do nosso sector. Não houve reacção dos operadores e junkets, acho que eles compreenderam. Vamos observar (a aplicação da instrução) e fazer pequenos ajustamentos, caso seja necessário.”

30 Set 2019

Jogo | DICJ esclarece que instrução só inclui dados pessoais

[dropcap]P[/dropcap]aulo Martins Chan, director dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) garantiu que a nova instrução relativa às operações dos casinos visa apenas a protecção dos dados pessoais relacionados com essas mesmas operações e não as informações ligadas às apostas.
“Não sei se houve um mau-entendimento na tradução. São os dados relacionados com o jogo, mas os dados pessoais. A ideia não é (limitar a partilha) dos dados relacionados com as operações de jogo. Se forem dados gerais do jogo há outras legislações que regulam, mas aqui estamos a falar dos dados pessoais do jogo”, disse.
O director da DICJ garantiu que o sector não reagiu de forma negativa e que a nova instrução também visa a protecção ao nível das apostas por telefone. “Emitimos a instrução no sentido de manter o desenvolvimento saudável do nosso sector. Não houve reacção dos operadores e junkets, acho que eles compreenderam. Vamos observar (a aplicação da instrução) e fazer pequenos ajustamentos, caso seja necessário.”

30 Set 2019

Mi Jian | Resultados de investigação do CCAC em Outubro 

[dropcap]O[/dropcap] Comissariado contra a Corrupção (CCAC) deverá divulgar já em Outubro os resultados da investigação feita a alegadas irregularidades cometidas na Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR), liderada por Mi Jian. Ontem, André Cheong, comissário, prometeu que “no próximo mês vamos dar os resultados” de um processo que teve início com o envio de uma carta assinada por um trabalhador anónimo da DSEPDR. Sobre a investigação feita a Jaime Carion, ex-director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, André Cheong disse não existirem informações adicionais.

“Há meses fizemos um encontro com os media, e tudo o que podíamos dizer já foi dito, não temos mais nada a acrescentar”, disse o comissário, sem esclarecer se já foi ou não detectado o paradeiro de Jaime Carion.

O CCAC prossegue com as análises aos casos da Viva Macau e Lei de Terras. No que diz respeito ao novo Governo, André Cheong acredita que o organismo vai continuar a trabalhar nos mesmos moldes. “Não vão haver grandes mudanças. O trabalho do CCAC não tem a ver com uma questão de estilo, mas com a pessoa que lidera. Temos de seguir a lei e combater a corrupção.”

30 Set 2019

Mi Jian | Resultados de investigação do CCAC em Outubro 

[dropcap]O[/dropcap] Comissariado contra a Corrupção (CCAC) deverá divulgar já em Outubro os resultados da investigação feita a alegadas irregularidades cometidas na Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR), liderada por Mi Jian. Ontem, André Cheong, comissário, prometeu que “no próximo mês vamos dar os resultados” de um processo que teve início com o envio de uma carta assinada por um trabalhador anónimo da DSEPDR. Sobre a investigação feita a Jaime Carion, ex-director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, André Cheong disse não existirem informações adicionais.
“Há meses fizemos um encontro com os media, e tudo o que podíamos dizer já foi dito, não temos mais nada a acrescentar”, disse o comissário, sem esclarecer se já foi ou não detectado o paradeiro de Jaime Carion.
O CCAC prossegue com as análises aos casos da Viva Macau e Lei de Terras. No que diz respeito ao novo Governo, André Cheong acredita que o organismo vai continuar a trabalhar nos mesmos moldes. “Não vão haver grandes mudanças. O trabalho do CCAC não tem a ver com uma questão de estilo, mas com a pessoa que lidera. Temos de seguir a lei e combater a corrupção.”

30 Set 2019

Saúde | Governo avisa que não tolera uso de vacinas fora de prazo

Uma clínica da Avenida da Praia Grande está a ser investigada por ter administrado a um bebé uma vacina fora de prazo. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura afirmou ontem que o Executivo dá a máxima importância ao assunto

 

[dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, garantiu ontem que o Governo vai continuar a inspeccionar as clínicas privadas de forma rigorosa, após ter sido detectado o caso de uma clínica que administrou vacinas expiradas a um bebé. O caso foi detectado no dia 25 de Setembro e envolve o Centro Médico de Diagnóstico e Tratamento de Macau, localizado na Avenida da Praia Grande.

“Houve um caso de uma vacina fora de prazo que foi administrada. Nós temos leis para actuar nestas situações e não vamos permitir a utilização de vacinas fora de prazo”, afirmou Alexis Tam.

“Aliás, por lei, eles nem podem guardar as vacinas, muito menos administrar vacinas expiradas. É tudo ilegal”, acrescentou.

Ainda de acordo com o secretário, a questão da saúde é “muito importante” para o Governo, que age dentro das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e executa regularmente acções de inspecção. Também por isso, Alexis Tam deixou uma garantia: “sempre que detectamos irregularidades agimos imediatamente”, frisou.

Foi no sábado à noite que os Serviços de Saúde (SSM) revelaram o caso de uma clínica que tinha administrado num bebé com um mês de idade uma vacina expirada. O acto valeu uma condenação do Governo: “Os Serviços de Saúde condenam de forma veemente o incumprimento da lei e alerta que estes actos individuais prejudicam a saúde das crianças e podem diminuir a barreira imunológica”, foi anunciado.

O facto de a vacina estar expirada não foi o único problema identificado. Segundo a investigação, as instruções da OMS também não terão sido respeitadas porque a vacina combinada de 6 em 1 é para crianças com seis semanas. Porém, o bebé tinha acabado de completar um mês quando foi vacinado.

Protecção enfraquecida

De acordo com o comunicado de sábado dos SSM, a administração de vacinas expiradas leva a uma redução da eficácia destes produtos, mas dificilmente terá “efeitos secundários graves de imediato”. Contudo, foi igualmente explicado que a prática pode enganar as pessoas, o que levará a que não seja tomadas outras medidas de precaução. “Esta suposição [de falsa protecção] pode aumentar o risco de contrair doenças infecciosas e causar grandes danos às barreiras imunológicas das vacinas, criadas para proteger as pessoas e a população”, apontou o Governo.

Logo no sábado à noite, os SSM apelaram aos médicos para denunciarem este tipo de situações e explicaram que os envolvidos podem ser punidos com multas ou mesmo suspensão da licença da profissão.

30 Set 2019

Saúde | Governo avisa que não tolera uso de vacinas fora de prazo

Uma clínica da Avenida da Praia Grande está a ser investigada por ter administrado a um bebé uma vacina fora de prazo. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura afirmou ontem que o Executivo dá a máxima importância ao assunto

 
[dropcap]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, garantiu ontem que o Governo vai continuar a inspeccionar as clínicas privadas de forma rigorosa, após ter sido detectado o caso de uma clínica que administrou vacinas expiradas a um bebé. O caso foi detectado no dia 25 de Setembro e envolve o Centro Médico de Diagnóstico e Tratamento de Macau, localizado na Avenida da Praia Grande.
“Houve um caso de uma vacina fora de prazo que foi administrada. Nós temos leis para actuar nestas situações e não vamos permitir a utilização de vacinas fora de prazo”, afirmou Alexis Tam.
“Aliás, por lei, eles nem podem guardar as vacinas, muito menos administrar vacinas expiradas. É tudo ilegal”, acrescentou.
Ainda de acordo com o secretário, a questão da saúde é “muito importante” para o Governo, que age dentro das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e executa regularmente acções de inspecção. Também por isso, Alexis Tam deixou uma garantia: “sempre que detectamos irregularidades agimos imediatamente”, frisou.
Foi no sábado à noite que os Serviços de Saúde (SSM) revelaram o caso de uma clínica que tinha administrado num bebé com um mês de idade uma vacina expirada. O acto valeu uma condenação do Governo: “Os Serviços de Saúde condenam de forma veemente o incumprimento da lei e alerta que estes actos individuais prejudicam a saúde das crianças e podem diminuir a barreira imunológica”, foi anunciado.
O facto de a vacina estar expirada não foi o único problema identificado. Segundo a investigação, as instruções da OMS também não terão sido respeitadas porque a vacina combinada de 6 em 1 é para crianças com seis semanas. Porém, o bebé tinha acabado de completar um mês quando foi vacinado.

Protecção enfraquecida

De acordo com o comunicado de sábado dos SSM, a administração de vacinas expiradas leva a uma redução da eficácia destes produtos, mas dificilmente terá “efeitos secundários graves de imediato”. Contudo, foi igualmente explicado que a prática pode enganar as pessoas, o que levará a que não seja tomadas outras medidas de precaução. “Esta suposição [de falsa protecção] pode aumentar o risco de contrair doenças infecciosas e causar grandes danos às barreiras imunológicas das vacinas, criadas para proteger as pessoas e a população”, apontou o Governo.
Logo no sábado à noite, os SSM apelaram aos médicos para denunciarem este tipo de situações e explicaram que os envolvidos podem ser punidos com multas ou mesmo suspensão da licença da profissão.

30 Set 2019

Greta Thunberg

[dropcap]A[/dropcap]ssim que vi o vídeo do discurso na Cimeira da Acção Climática em Nova Iorque, tornou-se evidente que Greta Thunberg se transformaria no vilão palpável que a “equipa” que nega a realidade científica precisava para sair do vago bicho-papão do George Soros, o aglutinador de todas as conspirações da paranóia conservadora.

A raiva e emotividade do discurso, o dedo em riste que aponta à vergonha, o tom de profundo e insolente desdém aos poderes que lideram o mundo, são os ingredientes para diabolizar a mensageira, depois de poluída a mensagem com propaganda.

O ataque do status quo aos jovens que o confrontam é coisa que vem de longe, faz parte de uma torpe tradição de velhadas que, por um lado, se queixam de falta de acção cívica da juventude, mas depressa vociferam impropérios senis quando essa juventude ousa contradizê-los.

Recordo as manifestações de estudantes a favor de controlo de armas nos Estados Unidos depois do massacre numa escola secundária de Parkland, na Florida.

Os sobreviventes do derrame de sangue lançaram uma campanha de protestos contra a apatia da classe política comprada pelo lobby do armamento. Esses alunos, apesar do trauma recente e do eco dos tiros ainda se escutar nos corredores da escola onde estudam, foram vilipendiados na comunicação social por políticos e afins. Em particular, Emma Gonzalez (é sempre mais fácil ofender uma mulher numa situação destas), uma corajosa jovem de cabelo rapado que ousou apontar o dedo às gerações mais velhas e à elite política.

Uma representante do NRA (National Riffle Associatition) chamou-lhe lésbica neonazi (Emma, apesar da descendência hispânica), a direita multiplicou-se nas conspirações habituais (nunca houve tiroteio e os sobreviventes são actores pagos por… George Soros), multiplicaram-se imagens falsificadas da jovem a rasgar a constituição norte-americana.

Um congressista que muitas vezes defendeu a supremacia branca, Steve King, acusou a jovem de ser uma fã de Fidel Castro e da ditadura cubana por usar um pin com a bandeira de Cuba. Claro que a máquina de destruição de reputações, que não tem pudor em atacar crianças e adolescentes, se está nas tintas para o facto de a família de Gonzalez ter fugido do regime de Castro. Além disso, a bandeira usada pela jovem é um símbolo para exilados anti-Castro. Mas a realidade não é chamada para as campanhas de assassinato de caracter, nem interessa à ignóbil guerrilha geracional de adultos que insultam os mais novos.

Greta Thunberg está a sofrer um ataque do mesmo género. Nos dias que correm é o alvo preferencial dos memes falsos que se transformam em “notícias”. Mas analisemos por um momento a demência política da diabolização desta corajosa jovem. Em primeiro lugar, por transmitir a ideia de urgência perante algo que a comunidade científica é unânime, é apelidada de alarmista. Esclarecimento: comunidade científica e ciência são realidades que existem no âmbito do método científico, onde teorias são comprovadas ou destruídas em experiências e estudos submetidos a revisão de pares. Ciência não é uma realidade que viva exclusivamente de vídeos de Youtube, partilhas no Whatsapp, memes virais de Facebook, nem opiniões pagas por câmaras de comércio. Essas são as armas da anti-ciência.

Segundo lugar: “é maluca, já viram bem os olhos dela?!”. Epá, tenham vergonha na cara. Estamos mesmo a querer bater no fundo em termos éticos. Greta podia fazer aquele discurso a sorrir, vestida de pantera cor-de-rosa, com imagens do Matrix a passar no fundo, que a mensagem que transmite continuaria a ser cientificamente sólida e real.

Terceiro lugar: Greta é uma pobrezinha influenciada pelo poderoso lobby da ecologia. Vamos todos rir desta ironia orwelliana de primeiro grau. Coitadinha da enfraquecida e pobre indústria petrolífera, que só consegue fazer guerras onde e sempre que lhe interessa, que tem cronicamente os governos mais poderosos do mundo no seu bolso e que é só a mais lucrativa indústria do mundo. Pobre indústria automóvel, frágil lobby do sector energético, que nada pode fazer perante o poder da eólicas, dos cientistas que se esmifram por uma bolsa, pelos activistas ambientais que, sem saberem, são os donos disto tudo.

Há muita gente que vive num mundo alternativo, onde os que mandam são escravos e os marginalizados são na realidade os invisíveis mestres. A polarização política justifica tudo.

É uma loucura dar validade ao discurso que professa a supremacia de quem defende o ambiente, face aos blocos de poder que desde sempre colocam o lucro à frente da salvaguarda do planeta.

Para uma próxima crónica prometo endereçar os ignorantes argumentos que comparam a coragem de Galileu em destronar uma teoria “científica” dominante, protegida pela violência do Vaticano, e a ciência moderna. A internet, que vende a ideia de que todos podem ser especialistas em tudo, é a mais poderosa ferramenta para a estupidificação da humanidade e a massificação da perfídia. E, por favor, tenham vergonha na cara quando ponderarem atacar pessoalmente uma criança ou adolescente que vos chama à razão.

30 Set 2019

Política mortal

[dropcap]V[/dropcap]amos todos morrer de política. Ao longo da minha vida experimentei décadas bem diversas em termos de intensidade ideológica. Anos 1980: bicefalia na divisão do poder pelo bloco central, enquanto as FP 25 de Abril espalhavam o terror com espasmos violentos, como uma ressaca revolucionária que descamba em banditismo.

Anos 1990: vazio ideológico, torpor sem ideias e paz neoliberal durante a gestação do ogre. Anos 2000: o ogre nasce e escava um intransponível fosso entre ricos e pobres, que se agiganta até à hecatombe económica de 2007. Anos 2010: o mundo está dividido em primarismos, onde a razão, sentido histórico e o conhecimento não têm lugar. Oscilamos entre períodos híper-ideológicos e dormência.

Hoje em dia tudo é política. O que comemos, quem e como amamos, quem são os nossos amigos, com que valores vemos o outro, tudo é politizado ao máximo. Há quem veja marxismo numa tijela de muesli e fascismo numa porta de casa de banho. Até a ciência foi politizada. Se está frio a ciência é uma ferramenta do marxismo climático, se está calor a ciência é uma emanação protofascista. Isto é incomportável, não se aguenta, é primário, bronco. Não é complicado para mim refastelar-me confortavelmente em niilismo, esse spa filosófico, e assistir ao apocalipse burgesso. De quando em vez mexo no lodo para lhe medir a temperatura, arrependo-me logo e regresso à contemplação das chamas.

30 Set 2019

Diogo Pereira ou Gil de Góis Embaixador à China

[dropcap]A[/dropcap]pós a morte de D. João III em 1557, o neto D. Sebastião (1554-1580) tornou-se Rei de Portugal, mas devido à sua menor idade ficou a avó D. Catarina de Áustria (1507-1578) como regente de 1557 a 1562 e em 1568, considerado maior, passou a exercer o poder. Nascido em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554 do casamento de D. João, filho do Rei, e D. Joana de Áustria (filha de Carlos V), D. Sebastião subiu ao trono a 11 de Junho de 1557. No ano seguinte, Constantino de Bragança, filho de D. Jaime, IV Duque de Bragança, partia para a Índia como Vice-Rei, exercendo o cargo até 1561.

No Porto de Amacau desde 1558 encontrava-se o mercador Diogo Pereira como Capitão de terra nomeado pela população, substituído na governação pelo Capitão da Viagem ao Japão enquanto este aqui permanecia; todos sob a dependência do Vice-Rei da Índia. No ano de 1558 foi o algarvio Leonel de Sousa quem como Capitão-mor da Nau do Trato realizou a viagem ao Japão na companhia de um navio de Guilherme Pereira. Em Hiraldo os negócios foram excepcionais, levando-o mais tarde a desabafar do enfado de ser rico, pelos 50 mil cruzados do lucro alcançado, segundo Rui Manuel Loureiro, que refere, naufragou no meio do golfão da China entre portos chineses quando já seguia a caminho de Malaca, mas conseguiu salvar-se e em 1560 estava na Índia.

Ainda em 1558 o Bispado de Goa foi elevado à categoria de Arcebispado, sendo criados dois bispados sufragâneos, o de Cochim e o de Malaca, onde até 1575 ficou integrado Macau.
Diogo Pereira desde os anos 40 do século XVI comercializava pelo mar do Sul da China. “A sua experiência e espírito de liderança gera o clã Pereira que, não muito mais tarde, opera em Macau”, segundo Jorge dos Santos Alves e Beatriz Basto da Silva complementa, no período de 1550 a 1564, “sensivelmente, o poder português em Macau é alvo de uma luta ‘civil’ entre moradores e mercadores, sendo que a ‘família-empresa’, como lhe chama L. F. Barreto, de Diogo Pereira se encarrega de organizar o sistema de pagamento alfandegário que Guangdong aceita. É a família Pereira que aproveita o assentamento de Leonel de Sousa e o faz evoluir no quadro do triângulo mercantil Ocidente-China-Japão.” Reinava na China a Dinastia Ming com o Imperador Jiajing (1522-1566).

O estabelecimento dos comerciantes portugueses em Macau e a grande actividade dos missionários pelo Oriente levou a ser relembrada a importância de se realizar uma nova embaixada à China. Na memória restava a frustrada terceira tentativa de embaixada régia, demandada então pelo padre Francisco Xavier e a expensas de Diogo Pereira, mas desfeita em 1552 pelo Governador de Malaca. Já os objectivos do jesuíta Belchior Barreto em 1555, de libertar portugueses presos em Cantão (dez mil em 1561, segundo Amaro Pereira), permaneceram quando em 1558/59 uma nova embaixada à China foi preparada com redobrado cuidado para não haver as confusões que perturbaram o desenlace de todas as anteriores.

Diogo Pereira capitão-mor

O Vice-Rei da Índia Francisco Coutinho (1561-64), 3º Conde de Redondo, nas instruções que do reino levava para a Índia constava a de mandar Diogo Pereira por Embaixador e Capitão da China, com o presente necessário à embaixada pela qual trazia de Portugal algumas peças de muita estima. Enviada para tentar regularizar as relações luso-chinesas, a comitiva deveria incluir padres jesuítas pois pretendia-se conseguir autorização para a Companhia de Jesus entrar na China.

Chegado a Goa em Setembro de 1561, o Vice-Rei verificou estar Diogo Pereira na China e na monção seguinte, em Abril pelo navio de D. Pedro da Guerra, onde seguiam com destino ao Japão os padres jesuítas, Luís Fróis e João Baptista del Monte, mandou-lhe a nomeação, por dois anos até 1564, para como Capitão de Terra governar a povoação em lugar dos Capitães-mores da viagem ao Japão. Devia preparar terreno à embaixada e acautelar desordens como as ocorridas com Simão Peres de Andrade, pelas quais as duas primeiras embaixadas portuguesas à China fracassaram. De Malaca saíram a 8 de Julho e entraram em Macau a 24 de Agosto de 1562, dia de S. Bartolomeu, sendo recebidos por Diogo Pereira, a exercer já funções de capitão-mor de Macau, escolhido pelo povo por gozar de muita confiança e popularidade. [Posto abolido por decreto real de 1563, mas aí se manteve até 1587]. A ele se deve a organização e transformação rápida da povoação numa cidade e “os chineses seguiam com alguma perplexidade este crescimento, dentro dos limites do seu território, o que, de certo, explica o ‘irregular tratamento’ – ora generoso, ora de suspeição – para com os portugueses”, segundo Tien-Tsê Chang, que refere, Macau em 1563 contava “com 900 pessoas, sem incluir as crianças. Para lá destes residentes, havia vários milhares de estrangeiros comerciantes, criados e escravos (de Malaca, da Índia e de África).”

Embaixador Gil de Góis

Por Despacho Real, Gil de Góis partiu de Goa a 27 de Abril de 1563 para Macau na nau de Diogo Pereira, seu cunhado, e além do presente para o Imperador levava a função de ele ou Diogo Pereira, se este quisesse, ir como embaixador à China; ordenava nessa embaixada seguirem padres da Companhia de Jesus para pela quarta vez se tentar introduzir o catolicismo no Celeste Império, depois das tentativas de Francisco Xavier, Belchior Nunes Barreto e Luís de Fróis.

De Goa seguiram com Gil de Góis, João de Escobar, escrivão da embaixada régia e os padres Francisco Perez (1514-1583) e Manuel Teixeira (1536-1590). Em Malaca a 13 de Junho, voltaram ao mar a 8 de Julho já na companhia do irmão André Pinto (1538-1588). A 29 de Julho de 1563, no porto de Amacau foram recebidos por Diogo Pereira, o irmão Guilherme e um grande número de moradores.

A mercê régia logo entregue a Diogo Pereira dava-lhe a escolha de ser embaixador à China, ou ficar em Macau com o cargo de capitão-de-terra, independente do capitão-mor da viagem.

Escolheu governar Macau, que em 1562 tinha 800 a 900 portugueses moradores e problemas a exigir juiz permanente, segundo Beatriz Basto da Silva, que refere, com o “cargo de capitão-de-terra, o primeiro tipo de governo autónomo de Macau, Diogo Pereira, seu inicial ocupante (a 23-VIII-1562), continuou em exercício até 1587. As relações económicas com a China e com a Carreira das Índias passavam por este ofício que punha os lucros das viagens ao serviço da política.”

Assim Gil de Góis ficou Embaixador, sendo “Iniciadas imediatamente as diligências para a apresentação da embaixada, naturalmente junto dos Mandarins grandes de Cantão, e do vice-rei, vieram a Macau várias autoridades chinesas para examinar os presentes e retiraram-se satisfeitos e peitados, prometendo encaminhar o assunto favoravelmente para Pequim”, segundo Gonçalo Mesquitela, “A aceitação da embaixada, e do presente em cerimonial próprio em Pequim, tomava o valor do reconhecimento oficial das relações com o país ofertante.”
Importante era manter a paciência durante a espera da permissão.

30 Set 2019

Hong Kong | Joshua Wong concorre ao conselho distrital em Novembro

[dropcap]O[/dropcap] activista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong anunciou ontem que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e avisou que qualquer tentativa de desqualificá-lo apenas estimulará mais apoio aos protestos pró-democracia.

O anúncio aconteceu antes da manifestação marcada para ontem, para assinalar o quinto aniversário do ‘movimento dos chapéus-de-chuvas amarelos’, quando várias ruas da cidade foram ocupadas por 79 dias pelos manifestantes que exigiam eleições livres, onde o activista alcançou fama como líder da juventude.

Joshua Wong, de 22 anos, disse que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e que a votação é crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que o povo está mais determinado do que nunca para vencer a batalha por mais direitos.

“Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte”, disse em conferência de imprensa, adiantando que “a batalha a travar é a batalha pela nossa casa e pela nossa pátria”

O activista, que tem sido repetidamente preso por causa da organização de manifestações consideradas ilegais, adiantou estar ciente de que pode ser desqualificado, até porque membros do partido Demosisto, que co-fundou em 2016, foram desqualificados no passado na corrida a cargos porque, segundo o activista, defendiam a autodeterminação.

“Se eles me desqualificarem, isso gerará cada vez mais força … eles pagarão o preço”, ameaçou o activista que saiu da prisão no início deste mês depois de pagar a fiança.

30 Set 2019

Hong Kong | Joshua Wong concorre ao conselho distrital em Novembro

[dropcap]O[/dropcap] activista pró-democracia de Hong Kong Joshua Wong anunciou ontem que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e avisou que qualquer tentativa de desqualificá-lo apenas estimulará mais apoio aos protestos pró-democracia.
O anúncio aconteceu antes da manifestação marcada para ontem, para assinalar o quinto aniversário do ‘movimento dos chapéus-de-chuvas amarelos’, quando várias ruas da cidade foram ocupadas por 79 dias pelos manifestantes que exigiam eleições livres, onde o activista alcançou fama como líder da juventude.
Joshua Wong, de 22 anos, disse que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em Novembro e que a votação é crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que o povo está mais determinado do que nunca para vencer a batalha por mais direitos.
“Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte”, disse em conferência de imprensa, adiantando que “a batalha a travar é a batalha pela nossa casa e pela nossa pátria”
O activista, que tem sido repetidamente preso por causa da organização de manifestações consideradas ilegais, adiantou estar ciente de que pode ser desqualificado, até porque membros do partido Demosisto, que co-fundou em 2016, foram desqualificados no passado na corrida a cargos porque, segundo o activista, defendiam a autodeterminação.
“Se eles me desqualificarem, isso gerará cada vez mais força … eles pagarão o preço”, ameaçou o activista que saiu da prisão no início deste mês depois de pagar a fiança.

30 Set 2019

Hong Kong | Manifestações não autorizadas reúnem dezenas de milhares

Mais um fim-de-semana, mais um dia de confrontos nas ruas da antiga colónia britânica. De um lado, manifestantes armados com coktails molotov vandalizaram a estação de metro de Wan Chai e destruíram cartazes alusivos ao aniversário da RPC. Do outro, a polícia dispersou a multidão com canhões de água azul, gás lacrimogéneo e spray pimenta. Os distúrbios prometem regressar dentro de momentos…

 

[dropcap]D[/dropcap]ezenas de milhares de pessoas participaram ontem, pelo segundo dia consecutivo, em manifestações não autorizadas em Hong Kong, marcadas por confrontos com a polícia, que utilizou canhões de água azul para identificar os manifestantes, gás lacrimogéneo, cargas e detenções.

A polícia foi obrigada a dispersar uma manifestação não autorizada pelas autoridades, recorrendo a gás lacrimogéneo, canhões com água colorida de azul para identificar os manifestantes, spray de pimenta, cargas e detenções, para além de balas de borracha, com os manifestantes a responderem com ‘cocktails molotov’, queima de barreiras e arremesso de tijolos.

De acordo com o South China Morning Post, quatro polícias tiveram de disparar munições reais para o ar para afastar os manifestantes que os tentavam atacar, em confrontos que acontecem pelo 17.º domingo consecutivo e a dois dias da comemoração do Dia Nacional da China, que assinala os 70 anos da República Popular da China.

Às 20:30 havia ainda centenas de pessoas nas ruas e foi emitido um novo aviso de utilização de gás lacrimogéneo para quem não saísse da zona de Hennessy Road, havendo um esquadrão de intervenção e veículos policiais a cerca de 100 metros, e foi exibido um cartaz vermelho onde se lê ‘Parem de avançar ou usaremos a força’.

Por todo o lado

A manifestação de ontem, que não foi autorizada pelas autoridades, tinha como mote assinalar o ‘Dia Mundial contra a Tirania’, e começou às 14:30, registando dezenas de milhares de participantes que saíram à rua vestidos de negro, a cor tradicional que tem pautado os protestos que se intensificaram há cerca de três meses em oposição à lei da extradição.

Durante o dia, foram convocadas manifestações em cerca de 60 cidades mundiais, entre as quais Taipé, para mostrar solidariedade com as reivindicações dos habitantes de Hong Kong.

Durante o dia, a polícia fechou uma igreja na zona de Wan Chai que servia de refúgio para os manifestantes, e a maioria das lojas de Causeway Bay, uma das zonas mais turísticas e movimentadas de Hong Kong, mantinha as portas fechadas e as persianas corridas, antecipando violência nas ruas.

Alguns manifestantes violentos vandalizaram várias estações de metro, chegando a lançar ‘cocktails molotov’ para dentro da estação central de Wan Chai e destruíram vários cartazes que assinalavam a celebração dos 70 anos da República Popular da China.

Lista de exigências

Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com acções e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas, como eleições livres, e um inquérito independente à alegada violência policial.

O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de Junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

30 Set 2019