Andreia Sofia Silva PolíticaFunção Pública | Governo quer evitar reformas em caso de processos disciplinares Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública, disse ontem no hemiciclo que está a ser analisada a possibilidade de os funcionários públicos deixarem de poder pedir a reforma caso sejam alvo de um processo disciplinar. O regime de remunerações também está a ser revisto [dropcap]O[/dropcap] Governo pretende alterar o regime de responsabilização dos funcionários públicos para que estes deixem de poder pedir a reforma enquanto estiverem a ser alvo de um processo disciplinar. A ideia foi avançada ontem na Assembleia Legislativa (AL) por Kou Peng Kuan, director dos Serviços para a Administração e Função Pública (SAFP), quando questionado sobre o assunto pelo deputado Si Ka Lon. “De acordo com a lei actual a abertura de um processo disciplinar não afecta o pedido de aposentação. A orientação do Governo vai no sentido de propor uma relação entre o processo disciplinar e a aposentação do serviço, para que nenhum trabalhador possa activar esse mecanismo [enquanto é alvo de um processo disciplinar]”, disse o responsável, que frisou que a ideia é evitar a fuga de responsabilidades com a desvinculação da Função Pública. O deputado Si Ka Lon reagiu, afirmando que a sociedade continua a não estar satisfeita com o panorama de responsabilização dos dirigentes. “No que diz respeito ao regime de responsabilização e desempenho a sociedade não está satisfeita. Para que o nosso Governo seja transparente há que sancionar as pessoas que não trabalham bem.” Em 2018 os SAFP criaram um grupo de trabalho para rever o regime de responsabilização. Salários revistos para todos No segundo dia de debate de resposta às interpelações orais dos deputados, foi também debatida a revisão dos salários pagos na Administração, uma questão colocada pelo deputado Mak Soi Kun. “Um técnico superior pode chegar ao índice 735 e ainda pode receber horas extraordinárias, mas um chefe de divisão não. Antes da transferência de soberania era um orgulho ser chefe, mas agora não é bem assim, porque um chefe de divisão tem de se encontrar com jornalistas e fazer horas extra. Muitos dizem preferir ser técnicos superiores assessores do que serem chefes de divisão”, alertou o deputado. Kou Peng Kuan adiantou que está a ser feito um estudo sobre a actual estrutura das remunerações pagas no seio da Administração. “Quando houver uma proposta será colocada a consulta pública”, frisou. O director dos SAFP reconhece insuficiências e diz-se disposto a eliminar injustiças. “O Governo está atento aos problemas com a remuneração nesses cargos, daí estar a rever a estrutura salarial. Os funcionários gerais têm progressão na carreira e vêem o seu vencimento aumentado, enquanto que nos cargos de chefia não há essa possibilidade. O Governo vai estar atento.” Kou Peng Kuan disse mesmo que a ideia é rever também os índices salariais de todos os funcionários públicos. “Vamos fazer uma revisão da estrutura dos salários dos funcionários em geral. A estrutura salarial depende das condições do mercado, temos de ver a razoabilidade das medidas e ainda estamos a recolher informações”, apontou Kou Peng Kuan, sem anunciar datas.
Hoje Macau EntrevistaCarlos Monjardino critica a “fraca” sociedade civil de Macau O presidente da Fundação Oriente, Carlos Monjardino, considera que em Macau nunca existirá uma situação parecida com a de Hong Kong, porque a sociedade local é “fraca”, reflexo duma administração portuguesa mais permissiva em relação à China. Além disso, o ex-governante critica a falta de estratégia portuguesa na abordagem à China [dropcap]”E[/dropcap]m Macau não vai haver nunca uma coisa igual ou parecida ao que aconteceu em Hong Kong”, afirmou Carlos Monjardino, em entrevista à Agência Lusa. No território onde desempenhou funções executivas “não há fagulhas” e as sociedades civis dos dois territórios do Delta do Rio das Pérolas não têm nada a ver uma com a outra: “uma é muito forte, a de Hong Kong, a de Macau é fraca”. Para o presidente da Fundação Oriente e antigo número dois do Governo de Macau nos anos de 1980, a diferença tem apenas uma explicação: “os ingleses e os portugueses são completamente diferentes e tudo o que foi implementado em Macau tem claramente a ver connosco e o que foi implementado em Hong Kong tem a ver com os ingleses”. Ora, “os ingleses têm uma mentalidade completamente diferente da nossa”, rematou. Por isso, “a sociedade de Macau aceita mais algumas imposições de Pequim”. E os chineses “acham que Macau é um bom aluno, em contraponto ao que se passa em Hong Kong”. Para Carlos Monjardino, “a questão dos protestos em Hong Kong começou por uma pequena fagulha”, numa referência ao projecto de lei, apresentado em Abril, que permitiria a extradição de suspeitos de crimes de Hong Kong para a China continental e que esteve na origem das manifestações e protestos violentos desde Junho. Essa “decisão de as pessoas de Hong Kong poderem ser mandadas para serem julgadas na China, obviamente foi um disparate”, considerou Monjardino. E para o presidente da Fundação Oriente a medida faz parte de “um processo que o Presidente da China tem como um dos principais objectivos no mandato, a reunificação”. “Só que as coisas não podem ser feitas assim”, defendeu. Para Monjardino, todo o processo “foi bastante mal gerido” pelas autoridades: “A senhora que está em Hong Kong, coitadinha, procura fazer o melhor que pode, mas não consegue, até porque não é ela que decide, quem decide é Pequim”. Para o presidente da Fundação Oriente, Carrie Lam “aguentou o primeiro embate até ao máximo, até que Pequim percebeu que não podia continuar a insistir”. O ex-governante de Macau considera que Macau só poderá retirar a “curto-prazo” benefícios económicos da situação de instabilidade em Hong Kong. “Macau, a curto prazo, acaba por beneficiar” economicamente da crise da cidade vizinha, mas “a médio prazo não, porque a questão de Hong Kong vai-se resolver, espero que sem problemas de maior, mas não tenho tanta certeza”, afirmou Carlos Monjardino. Para o presidente da Fundação Oriente, Macau poderia também aproveitar a situação de instabilidade no território vizinho de Hong Kong “para atrair capitais”, mas esse tipo de mercado “não existe praticamente”. Carlos Monjardino sublinhou, porém, que espera que Pequim não use uma posição de força na resolução da situação em Hong Kong. “Seria um erro para Pequim”, disse, sobretudo “depois de Tiananmen”, referindo-se aos confrontos ocorridos na conhecida praça da capital chinesa, em 1989. O presidente da Fundação Oriente lembrou que hoje é tudo muito mais mediático do que era em 1989, pelo que “toda a gente no mundo inteiro está a ver a reacção de Pequim”. Ora, a China não pode expor-se a uma crítica internacional massiva por uma posição eventualmente mais dura que venha a tomar, considerou. Morte às portas Em Macau, a extradição de cidadãos para serem julgados na China acontece “há muito tempo”, lembrou Carlos Monjardino. “Já nos tempos em que eu estava em Macau (…) havia pessoas que tínhamos de recambiar para a China, alguns ilegais”, recordou. A eventual protecção jurídica aos cidadãos que vivem em Macau para não serem julgados sob o regime continental é algo que “não “está previsto, especificamente”, explicou Carlos Monjardino. Assim, “quando havia um caso de um crime grave perpetuado na China e a pessoa depois se vinha refugiar em Hong Kong ou em Macau, a China tinha razão de pedir a sua extradição”, relatou. “O problema é que se misturam as coisas graves com as que não são graves e há casos que a China quer julgar do outro lado, embora a gente tenha uma justiça completamente diferente deste lado”, sublinhou. Por isso, diz ter sido crítico relativamente a “alguns governos de Macau”, precisamente pela “permissividade com que encararam, sempre, algumas das exigências por parte de Pequim.” No tempo em que esteve em Macau, lembra-se do caso de um indivíduo que Pequim pediu para ser entregue e julgado na China continental. No dia seguinte, o Governo de Macau, ainda sob administração portuguesa, soube que esse cidadão tinha sido julgado sumariamente. “Nós soubemos que naquela noite ele foi morto junto das Portas do Cerco”, na fronteira, afirmou. Porém, assegurou, que um cidadão chinês “não é tratado da mesma maneira” pela China que um cidadão que “tenha passaporte português”. “Como a maioria dos macaenses têm passaporte português, esses têm uma protecção natural. Agora, os chineses que estão a viver em Macau não”, sublinhou. Ponte de passagem O presidente da Fundação Oriente considera também que a China aproveita “muito bem” a relação histórica com Portugal, país “fácil” para investir que a ajuda a alcançar metas na Europa e África. Carlos Monjardino defende que os investimentos chineses em Portugal estão ligados à “hegemonia” que Pequim quer ter nesta parte do mundo. “Agora percebe-se que uma das coisas que os chineses querem são os portos”, num caminho “eminentemente político e económico”, afirmou Carlos Monjardino. “Isto não tem nada a ver com cultura, tem que ver com uma hegemonia, ou com uma influência, que os chineses pretendem ter nesta parte do mundo”, reforçou o antigo secretário-adjunto em Macau com responsabilidades na área da Economia. Para o presidente da Fundação Oriente, a China olha para Portugal como “um país fácil em termos de investimento, em termos de bem-estar”. Sobre o investimento chinês, Monjardino destaca que Portugal tem falta de capital estrangeiro, mas é preciso que Lisboa estabeleça limites. “O que é estratégico não deve ser de chineses, japoneses, franceses, nem de ninguém. Deve ser público”, disse, considerando que “a qualidade do investimento é mais importante que a quantidade”. No entender do líder da Fundação Oriente, a posição de Portugal face à China tem-se mostrado “um bocadinho subserviente”, um comportamento que não é bem visto por Pequim. “Os chineses têm muito respeito pela verticalidade das pessoas, e quando as pessoas são muito subservientes (..,) eles não apreciam. Se calhar gostam porque lhes dá jeito na altura. Mas preferem alguém que seja firme”, defendeu. Além de investirem em Portugal para assegurar uma posição na Europa, Pequim também precisa de Lisboa para ter acesso a África. O reforço do ensino do português mostra hoje a importância de Portugal como instrumento para a influência chinesa em partes do mundo. Segundo Monjardino, em Macau não se fala mais português do que quando a administração era portuguesa. No entanto, “se me disser que se fala mais inglês do que quando lá estávamos eu digo-lhe que sim”, concluiu. Teoria da relativização O presidente da Fundação Oriente avisa Portugal para seleccionar rapidamente áreas de investimento na China, como saúde, ou “muito pouco” ou “nada” sobrará de uma relação de 500 anos entre os dois países. Portugal “tem já muito pouco” para recuperar da relação histórica de 500 anos com a China, e já só conseguirá algum ganho se fizer “um esforço muito grande, e muito bem direccionado para sectores de actividade compatíveis com a dimensão”, oferecendo algo “útil” a Pequim, afirmou Carlos Monjardino. Na opinião de Monjardino, a saúde é um desses sectores da economia portuguesa com capacidade para investir no mercado chinês e com o qual Portugal ainda pode “dar qualquer coisa de diferente”. Para o presidente da Fundação Oriente, a saúde é uma área em que os chineses “estão a vir pedir aqui [conhecimento], comprando empresas portuguesas”. A Luz Saúde foi comprada “porque eles precisam do know how”, exemplificou. Na opinião de Monjardino, Portugal perdeu as oportunidades de negócio que poderia ter ganho antes da transferência da administração do território para a China e “agora é muito mais difícil (…) voltar a apanhar o comboio, porque o comboio já está em andamento há muito tempo”. Porém, para o gestor “há coisas” que Portugal ainda pode fazer em Macau, mas principalmente na China. “Macau é de facto uma plataforma que a gente quer que seja grande e muito importante, mas estamos porventura a dar-lhe importância a mais. Uma coisa é Macau outra coisa é a China. Macau pode servir de uma pontezinha para a China, mas não é garantido que passando por Macau, se entre pela China dentro à vontade”, frisou, defendendo uma maior aposta no vinho, têxteis, produtos farmacêuticos ou novas tecnologias. O que é preciso “é escolher os sectores em que Portugal tenha dimensão para poder chegar a um acordo com pés e cabeça com a China. E já não estou a falar com Macau, estou a falar com a China em geral, porque Macau é um microcosmos”, reforçou.
João Santos Filipe PolíticaTurismo | Mak Soi Kun diz que falta de casas-de-banho dificultam diversificação [dropcap]O[/dropcap] deputado Mak Soi Kun, vencedor das legislativas de 2017, considerou que vai ser muito complicado atrair turistas para os bairros comunitários da RAEM, visto que muitos não têm casas-de-banho públicas. A ideia foi deixada pelo membro da Assembleia Legislativa, quando questionava Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, sobre a eficácia das medidas para levar os turistas para os bairros alternativos, mais longe das principais atracções como as Ruínas de São Paulo. Esta não é a primeira vez que o deputado se mostra preocupado com as casas-de-banho públicas e anteriormente fez mesmo questões sobre a disponibilização de papel higiénico nestes espaços.
admin PolíticaTurismo | Mak Soi Kun diz que falta de casas-de-banho dificultam diversificação [dropcap]O[/dropcap] deputado Mak Soi Kun, vencedor das legislativas de 2017, considerou que vai ser muito complicado atrair turistas para os bairros comunitários da RAEM, visto que muitos não têm casas-de-banho públicas. A ideia foi deixada pelo membro da Assembleia Legislativa, quando questionava Maria Helena de Senna Fernandes, directora dos Serviços de Turismo, sobre a eficácia das medidas para levar os turistas para os bairros alternativos, mais longe das principais atracções como as Ruínas de São Paulo. Esta não é a primeira vez que o deputado se mostra preocupado com as casas-de-banho públicas e anteriormente fez mesmo questões sobre a disponibilização de papel higiénico nestes espaços.
João Santos Filipe PolíticaDeficientes | Chamados a depor sem tutor, acusa Angela Leong [dropcap]A[/dropcap] deputada Angela Leong questionou ontem o Governo sobre alegados casos em que pessoas com deficiências terão sido chamadas a depor pela Polícia Judiciária sem que os tutores ou familiares tivessem sido notificados. A legisladora não apresentou detalhes sobre os casos, mas disse ter recebido queixas de associações. Na resposta, o director da PJ, Sit Chong Meng, também não forneceu qualquer detalhe, mas garantiu que ninguém foi ouvido em condições injustas. Segundo Sit Chong Meng, o Código Penal exige assistência para pessoas com deficiências e que os familiares serão sempre contactados, quando estas pessoas têm de ser ouvidas. No caso de não ser possível contactar a família, as autoridades garantem que contactam assistentes associais, para prestarem auxílio.
Nuno Miguel Guedes Divina Comédia h | Artes, Letras e IdeiasO que fica Jamais digas , acerca do que quer que seja , ‘perdi-o’, antes ‘devolvi-o’. Epicteto (55 – 135) , A Arte de Viver [dropcap]H[/dropcap]á poucas semanas houve uma notícia que me chamou a atenção: o famoso detective de arte holandês Arthur Brand (alcunhado de “Indiana Jones do mundo da arte” por ter recuperado várias peças valiosas roubadas) conseguiu mais um feito: encontrar um anel que Oscar Wilde ofereceu a um colega estudante na altura em que frequentou Magdalen College, em Oxford. O anel tinha sido roubado num assalto à universidade há cerca de vinte anos, juntamente com outras peças. A história da sua recuperação é rocambolesca e cinematográfica. Mas para o que nos interessa isso não será relevante. Não terá sido apenas o facto de o anel pertencer a um escritor e dramaturgo de que sou confesso admirador que terá sido o causador destas palavras: é que o anel em causa é um “anel de amizade”, comum nos tempos vitorianos. É em forma de cinto e fivela, de ouro de 18 quilates e com uma gravação em grego que diz mais ou menos isto: “Uma oferta de amor para alguém que deseja amor”. Ao lado desta inscrição estão as iniciais dos dois ofertantes – Oscar Wilde e Reginald Harding – e o feliz destinatário, o amigo comum William Ward. A oferta terá sido feita em 1876. Um objecto, vindo dos confins do tempo e que pode conter tanto. Algo que ultrapassou a mortalidade dos que o ofereceram e de quem o recebeu. Ao vê-lo interessou-me não o valor histórico mas o emocional, o que de humano sobrevive ao tempo e à nossa triste condição finita. Quantas memórias, quantos sorrisos, quantas alegrias e partilhas estão confinadas naquele pequeno círculo de ouro? O que fica de nós deveria superar sempre aquilo que somos e deixaremos de ser. É nossa missão tentar devolver e não perder o tanto que nos acontece, como ensinou o Estóico em epígrafe. Voltar a dar para os que nos seguem e outros a seguir, até ao final dos tempos. E para isso devemos estar atentos a tudo, inspirar cada alegria ou tristeza com o mesmo valor e gratidão. Mesmo que a memória nos traia, mesmo que o que fica não tenha a grandeza do ouro. Há uma história que me contaram que acho belíssima: uma mulher tinha visitado os Alpes em pequena com os seus pais, numa viagem que muito a comoveu. Mas, muitos anos mais tarde, de toda a grande beleza das montanhas só conseguia recordar-se de uma coisa: umas flores azuis, que crescem apenas no lugar que visitou. Nestas flores cabe tudo o que não consegue recordar mas o essencial irá sobreviver. São as pequenas coisas que nos irão resgatar, a nós que não temos ambição de posteridade e glória. Um anel, uma amizade, uma flor azul: é isso que é preciso devolver. Isso é o que fica.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasTremendo e sinónimos Horta Seca, Lisboa, 18 Novembro [dropcap]N[/dropcap]o meio da confusão habitual das segundas-feiras, agravada pela dor singular, ponho-me a folhear o Libé [ration] que inclui Valério [Romão], a pretexto de «les Eaux de Joana» (ed. Chandeigne, tradução de João Viegas). O jornal havia perdido a minha atenção muito por culpa de agressividades dirigidas ao Michel Onfray, na altura, arauto de radical sensatez perante questões fracturantes. Esta edição abre com um inquietante dossier que, para celebrar a queda do muro de Berlim, levantando cada um dos sinistros que se vão erguendo pela Europa (e Mundo). Umas páginas adiante, no meio de bizarrias sobre escândalos sexuais, brilha anúncio da edição extra do Le P’tit Libé sobre o assunto. Que ideia luminosa, esta de versão do jornal para putos. Tenho que procurar para conferir esta maneira inteligente de criar leitores. Sem querer, vejo um rosto forte, de mãos em gato preto, que me desafia. O obituário, que se chama disparition, vai dedicado e Lucette Destouches, a última mulher de Celine, que morre aos 107 anos, na mítica casa de Meudon. E descubro uma história de amor a arder através do caos como um «bateau ivre», tendo ao leme uma mulher do silêncio, que desconfiava das palavras. Salto a abundância de imagens, as ditas e a sua análise (uma foto da semana é escolhida para ser vista com mais detalhe, JC Menu mistura cinco capas de discos redesenhando-as, etc.) para chegar ao que interessa: a metáfora feita tijolo da construção literária do romancier portuguais. Está no título, citando pedaço da atenta entrevista de Frédérique Franchete, que começa fazendo notar o modo virtuoso com que o autor faz circular as vozes em pano de fundo de uma escrita marcada pelo absurdo, sendo este, diz Valério, a maneira de mostrar coisas que embora visíveis, estão por pensar. Aliás, dar a ver mora nestas entrelinhas. A metáfora apresenta-se como ferramenta de escavação entre duas realidades de modo a criar terceira, que não se encontra inteiramente em nenhuma das duas. Por entre temas, práticas e a infância francesa, desvela-se o essencial do escritor que discute os detalhes com os seus gatos. E anuncia-se novo romance, em tom surrealista e perspectiva burlesca, sobre Lisboa, a gentrificação, turismo e outros monstros. Horta Seca, Lisboa, 19 Novembro Raiosmapartam! A minha adolescência, e isto não se arruma na gaveta das idades, fez-se entalada entre céu e chão nados e criados a partir de versos e melodias teus, José Mário Branco (1942-2019), que uns não crescem sem as outras, as árvores precisam de sol e água para dar raízes e sombras, umas que voam, outras nem tanto. Colhi em ti Natálias e Camões, além de tantas subtilezas e orquestrações a escaparem do horripilante quotidiano. Mastiguei muito vinil, cassetes, cd’s e o mais em busca desse intimidante sentido para inquietação. As tuas canções são pequenos mundos que não deixam de dar passagens para outros, utópicos e diligentes. Andaste inclinado para a frente, estugando o passo, ainda que a tristeza te pesasse nas costas e nos olhos. Raiostapartam! Está já tudo redito e vomitado, e o dia nem começou ainda, não vale a pena contar de quando nos cruzámos em campanha, erguendo eu entusiasmo pueril, bebendo as tuas palavras e atentando nos gestos, antecipando território que habitavas já, o dos bons malandros que, embora descrendo da apanha dos horizontes, insistem em abrir cedo as madrugadas para o varejar das possibilidades. E estudam. E auxiliam. E calam. E cantam, apesar dos pesares. Cantarei, então, o pouquíssimo que sei de cor, mastigando coração e acautelando do luto este jardim das ervas daninhas. Saravá Zé Mário! Teatro da Rainha, Caldas da Rainha, 19 Novembro O Henrique [dodecassílabo Fialho] faz das sessões «Diga 33» momento único de celebração da palavra poética, em versão descontraída, mas preparada, rica em matizes, sempre calorosa, musical. E assim se domestica a esfinge. Acolitados pelo [Manuel António] Pina, lá nos apresentámos, a Inês [Fonseca Santos] e eu, algo agastado com a atenção. Serei tão poeta que justifique noitada? A partir da colectânea «40 X Abril», que foi dedicada ao ZMB, acrescentámo-nos ao coro generalizado, a Inês partindo do seu próprio poema-carta endereçado àquele dia inteiro de Abril, eu socorrendo-me do Miguel-Manso: «sem saber desembocar no coração/ desengolfar aí o graal da alegria em que fizemos/ promessa de comunhão// ser solidário/ há que errar conjuntamente pelo único caminho/ chamar-lhe país». No aconchego de uma frente de palco transfigurada rectaguarda de negro, pareceu-me ver justa agremiação de anjos tombados e jokers e taciturnos e outros seres dos vãos, mas deve ter sido dos meus olhos habituados ao escuro. Muita conversa e várias leituras depois, estou capaz de concluir que me revejo em tremendo país de erros partilhados. Chamemos-lhe poesia, talvez literatura. Horta Seca, Lisboa, 21 Novembro Estava para insistir que a-da-gadanha tem sido diligente nas rondas, mas seria inexacto de tão óbvio. A dita está sempre por aqui feita esqueleto a soletrar falange-falanginha-falangeta, cumprindo supremo encargo do enigma. «A vida é coisa grotesca, inexplicável, bizarra. Não faz nenhum sentido. Eu sou do fantástico, do grotesco e, certamente, do assustador.» Gahan Wilson (1930 -2019) sabia do que falava, autoridade que se foi tornando do riso escarninho sobre a existência e seus becos escuros. Por ali caçava, para adestrar a lápis e cor, os pavorosos ogres que nos atormentam (exemplo filosófico algures na página). Saravá Gahan! Horta Seca, Lisboa, 21 Novembro Saltada à Cisterna para «Atirar a Primeira Pedra», modos de fazer e refazer, de julgar e punir, com a devida distância das belas artes da Sara [Maio], bem entendido. Quase só grandes formatos em papel, onde o acrílico se inquieta em festa de cor. Muitas histórias por aqui de contam em lúdicos e irónicos alinhamentos. São díspares os elementos que se congregam para um carnaval irrequieto, e de que outro poderia ser se o fragmento se ergueu a figura da contemporaneidade? Páro para me encontrar «Quando a língua falava e todos entendiam». Lá estão abelhas e formiga e caranguejo no seus ofícios endiabrados, um tronco-arcada que fala nuvem, mas se deixa atravessar por projécteis, gente de várias espécies e atenções, observadores distantes, folhagens e plantas crescentes, seres-mealheiro perto de moedas, uma roda mista de dançarinos, sopa a ser dada a provar, uma fechadura a andar de skate e mais, bastante mais despertando a nossa vontade de procurar sentidos, de os fechar em narrativas, de os confinar aos lugares. Não será fácil. Só um mito pode promover o entendimento? Mas qual? Vou ali e volto. Horta Seca, Lisboa, 22 Novembro Está aberta esta série de «Paisagens Axiomáticas», oriundas do labor do Simão [Palmeirim], exercício laborioso em torno da luz, com cambiantes de azuis e verdes e o mais que o atento olhar descortine. São horizontes, que, se o deixarmos, crescem em nós até nos fixarem em uma paz de espírito rara. Possuem qualidade que as multiplica em jogo que parece de espelhos. Não cabe na galeria labirinto a não ser mental, mas a montagem, multiplica as possibilidades de relação entre cada trabalho, e acentua o pressuposto de espantoso caminho que se deixa perturbar pelo modo como o vemos, enfrentamos, tocamos. Quanto se esconde nesta luz capturada a grafite, lápis de cor e tempo? Foi, por um conjunto de circunstâncias, práticas e de força maior, a mais turbulenta de quantas por aqui montámos. Como se a linha de terra, eixo de todas as projecções, insistisse em transfigurar-se linha de água.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesVagina de superpoderes [dropcap]A[/dropcap]inda se fala pouco da vagina sem se corar um pouco, ou da vulva, porque são muitas vezes confundidas. Muito menos falar de uma vagina com superpoderes, daqueles que são super porque ainda nos são extraordinários. Em mundos paralelos pessoas detentoras de vaginas seriam veneradas como entidades maravilhosas de feitos maravilhosos, mundos paralelos que deixam para trás a mundanidade com que se encara a vagina hoje em dia. O primeiro erro é assumir que a vagina prevê a feminilidade – a vagina é tão mais inclusiva do que isso; e consegue concretizar coisas magníficas. Juro. A vagina é só uma parte, a vulva é outra. Os elementos que compõem os órgãos internos e externos dos genitais foram cuidadosamente pensados para a procriação, o prazer e a necessidade última de urinar (porque a uretra também faz parte da vulva). Tantas coisas maravilhosas vêm destes genitais. Durante o sexo estes elementos transformam-se, o clítoris enche-se, incha e disponibiliza-se para o orgasmo, a lubrificação natural é abundante, e se não for, pode-se sempre utilizar uma ajuda extra. O potencial que esta fisionomia oferece pode ainda ser trabalhada – com a prática do pompoarismo que trabalha os músculos pélvicos para maior prazer e bem-estar (que não é só para quem quer atirar bolas de ping-pong por este canal do sexo, mas se quiserem, está tudo bem). O parto é a prova derradeira de que a vagina tem poderes fora deste mundo, é flexível e passível de transformações. Poderes que tomamos como garantidos, mas que precisam das suas celebrações e, quiçá, de investimento. Há imensos partos a acontecer neste momento de pessoas detentoras de vaginas que não sabem (se calhar sabem, mas nunca interiorizaram) o potencial elástico da vagina e do seu olhar atento para todo o processo. A sincronização é perfeita – confiar nas vaginas, elas sabem muito bem o que estão a fazer. Ao contrário do que a cultura popular assume, as vaginas são muito mais cooperantes no que toca a parir. A hiper-higienização da vagina é outra tentativa de descredibilizá-la como não capaz de lidar com os seus problemas. A indústria dos produtos íntimos bem que tem utilizado a heurística de que o suposto estado natural da vagina é sem cheiro, sem muco, sem nada a acontecer-lhe. Frequentemente é negligenciado o sistema de autolimpeza que impulsiona várias dinâmicas de corrimentos. Estes movimentos são muitas vezes incompreendidos. Vive-se num contexto que tem perpetuado a ideia de que tudo o que é confusão e micróbios são maléficos. Assumimos que para o estado de saúde individual e global é necessário exterminá-los a todos, na vagina incluída. Só que cometer genocídio bacteriológico na vagina é desaconselhado para um estado vaginal saudável. A vagina desprovida de micróbios de boa espécie permite que se desenvolvam os fungos da pior espécie (como a toma de antibióticos parece despoletar). Aí é que aparecem os corrimentos menos desejáveis, comichões em partes chatas, e outros sintomas de uma candidíase. A vagina raramente consegue lidar com este caos sozinha (vai necessitar da ajuda de outros sistemas imunológicos). Mas o superpoder de comunicar o seu estado de saúde só funciona se compreendermos estes maravilhosos ciclos e dinâmicas pelos quais as vaginas passam. Mais importante ainda – se entendermos o superpoder da sua homeostasia. A vagina é parte de um complexo sistema fisiológico que afecta o bem-estar de quem a tem de várias formas. Perceber os seus superpoderes é só um caminho para maior consciência do corpo e maior compreensão da sua saúde. Parece mentira, mas a vagina não só é super-competente a lidar com as transformações do mundo, como é super-poderosa a contribuir para a diversidade do mundo. Diversidades no prazer, no bem-estar, e nas suas múltiplas formas de existir.
Carlos Morais José VozesMedo do escuro [dropcap]O[/dropcap] secretário Wong Sio Chak estranhou que a comunicação social lhe fizesse sempre perguntas sobre garantias quanto à extensão do poder das forças de segurança sobre a sociedade civil, bem como sobre a defesa do Estado. É compreensível: os jornalistas deviam talvez insistir sobre questões mais “terrenas” como a fraca formação das ditas forças, nomeadamente das que estão em contacto directo com a população. Ou sobre alguns comportamentos menos expectáveis da parte de quem tem o dever de proteger e servir dentro dos padrões de civilidade que a segunda metade do século XX impôs. Nomeadamente no contexto do segundo sistema. Mas o que o secretário também não pode esquecer é que uma coisa é o Estado, outra é o país. E não coincidem. Daí que no contexto de Macau seja natural os jornalistas quererem saber e informar que poderes e que saberes tem o Estado sobre as nossas vidas. Sabemos, por exemplo, que o Estado é boa pessoa, mas os que ocupam as cadeiras nem sempre o são. E é por isso que existem leis para controlar os seus poderes e comissões independentes para vigiar a sua acção e desempenho. Isto além, é claro, da comunicação social, que não mais representa que os olhos e ouvidos da população. E esta não pode ser deixada no escuro. É que o escuro faz medo…
Hoje Macau China / ÁsiaAlibaba | Acções sobem 8% em na bolsa de Hong Kong [dropcap]A[/dropcap]s acções do gigante chinês do comércio eletrónico Alibaba subiram ontem mais de 8 por cento, na estreia na Bolsa de Valores de Hong Kong, cidade que atravessa uma das suas piores crises políticas de sempre. A meio da tarde de ontem na China, as ações do Alibaba estavam a ser negociadas a 190,45 dólares de Hong Kong. O preço de oferta inicial fixou-se em 176 dólares de Hong Kong. O grupo, fundado pelo homem mais rico da China, Jack Ma, entrou para a História em 2014, quando realizou a maior oferta pública inicial de acções de sempre em Wall Street, mas escolheu agora Hong Kong para arrecadar fundos e impulsionar o seu desenvolvimento global. A oferta de 500 milhões de novas acções realizada ontem arrecadou mais de 11 mil milhões de dólares – a maior entrada na bolsa de Hong Kong desde 2010 e um impulso raro para a cidade após meses de crise política. O director executivo da Bolsa de Valores de Hong Kong, Charles Li, elogiou a empresa pela decisão em optar por Hong Kong. “Estou muito agradecido por o Alibaba, depois de cinco anos longe, finalmente ter voltado a casa. Também estou grato pela escolha ter sido feita apesar das dificuldades e desafios que Hong Kong enfrenta”, apontou, em comunicado. O código de acções da empresa é 9988, um homónimo em chinês para “prosperidade eterna”. Os líderes chineses procuram incentivar os gigantes tecnológicos a serem cotados mais perto de Pequim, após o Alibaba ou o gigante da internet Baidu terem escolhido Wall Street. A Bolsa de Hong Kong mudou as suas regras nos últimos anos para permitir que uma empresa seja cotada em dois lugares diferentes. No topo do mundo Fundado em 1999, o grupo Alibaba aproveitou ao máximo o ‘boom’ do comércio electrónico na China: as suas várias plataformas de comércio ‘online’ contam hoje com 785 milhões de utilizadores mensais no país asiático. Nos próximos cinco anos, o grupo pretende alcançar mil milhões de consumidores na China – o país mais populoso do mundo, com cerca 1.400 milhões de habitantes. Até 2036, a meta do grupo é chegar aos 2.000 milhões de consumidores em todo o mundo. Este mês, o grupo registou um novo valor recorde de vendas no maior festival de compras do mundo, o “Dia dos Solteiros”, celebrado na China a 11 de Novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro. No total, as plataformas do grupo facturaram 35 mil milhões de dólares no espaço de 24 horas, um aumento de 26 por cento, em relação ao ano passado. No conjunto, 200.000 marcas, incluindo cerveja ou vinhos portugueses, aderiram à iniciativa este ano, oferecendo descontos nos seus produtos. “À medida que o mundo se converte numa economia digital (…), a globalização é o futuro do grupo Alibaba”, disse o presidente executivo (CEO) do grupo, Daniel Zhang, na sua carta aos investidores.
Andreia Sofia Silva EventosFRC | Palestra revela profunda amizade de Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner No âmbito das comemorações do centenário do nascimento de uma das maiores poetisas portuguesas, recorda-se hoje, na Fundação Rui Cunha, a sua amizade com outro poeta português, Jorge de Sena. Liliana Pires e Pedro D’Alte vão ler a correspondência trocada pelos dois autores, já publicada em livro, enquanto que a académica Ana Paula Dias modera a apresentação [dropcap]A[/dropcap]contece hoje ao final do dia, na Fundação Rui Cunha (FRC), uma sessão de leitura das cartas que comprovam a amizade entre dois dos mais importantes autores de língua portuguesa, Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena. O evento, moderado pela académica Ana Paula Dias, contará com a participação dos académicos Liliana Pires e Pedro D’Alte, que serão responsáveis pela leitura das cartas. Nascidos ambos em 1919, com apenas quatro dias de diferença, Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena “partilharam vários traços identitários”, como denota Ana Paula Dias no seu texto introdutório, que será hoje lido na FRC. Os dois autores conheceram-se entre 1949 e 1951 quando colaboravam na revista Cadernos de Poesia, por intermédio de Mécia Lopes, irmã do crítico literário Óscar Lopes, que seria depois casada com Jorge de Sena. Na sua apresentação, Ana Paula Dias faz referência a este encontro, citando a nota prévia de Mécia Lopes na obra “Correspondência 1959-1978”, livro editado em Portugal pela Guerra & Paz. “Eu conhecera a Sophia desde muito jovem, quando vivíamos na mesma área da Boavista e ela frequentava o Colégio de Nossa Senhora do Rosário (onde o professor de Canto Coral era meu pai) e que frequentei por algum tempo”, escreveu Mécia. Nesse mesmo livro, a filha de Sophia de Mello Breyner refere que Jorge de Sena era visita semanal da casa da autora e de Francisco Sousa Tavares, com quem foi casada durante vários anos. O exílio Jorge de Sena, essencialmente poeta e tradutor, mas também autor de um único romance, “Sinais de Fogo”, acabaria por exilar-se para o Brasil, onde viveu até ao fim da vida. A partida do casal Sena acontece em 1959, não sem antes o autor receber um convite do Governo brasileiro por recomendação de Eduardo Lourenço, grande ensaísta português, que então era professor na Universidade da Bahia, para participar no IV “Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros”. Seria a entrada de um mundo novo para a família Sena, e a partir daí os dois autores começaram a trocar cartas. “A primeira troca de missivas entre os dois acontece em Janeiro de 1960, poucos meses depois de os Sena terem ido para o Brasil”, descreve Ana Paula Dias, que volta a citar a nota prévia de Mécia Lopes. “Os breves encontros que depois nos foram dados eram sempre um atropelo de conversa, com o tempo sempre insuficiente para o tanto que havia que dizer.” Numa das cartas enviadas pelo casal Sena quando este ainda está no Brasil, Sophia de Mello Breyner confessaria a Jorge de Sena: “Que saudades tenho de o ver aparecer para almoçar naquelas suas visitas que eram para nós sempre uma festa”. Sena faleceu em 1978, mas durante anos trocaram bastantes cartas onde se “elogiavam, discutiam a situação do país e criticavam (e muito) os restantes escritores portugueses”, escreve Ana Paula Dias. A académica, doutorada pela Universidade Aberta, afirma que “a publicação da correspondência entre Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner só foi possível graças à veia de ‘arquivista’ do autor (Jorge de Sena) e de Mécia”. Maria Andresen Tavares, irmã do escritor e jornalista Miguel Sousa Tavares, recordou na mesma obra que a sua mãe “não arquivava as cartas recebidas, havendo poucos exemplares disponíveis. Se foi possível dar a conhecer esta troca epistolar foi por Jorge guardar todas as cartas recebidas, bem como o rascunho das enviadas”, descreve Ana Paula Dias no seu texto introdutório. Os dois escritores também se envolveram no activista político dada a existência do Estado Novo em Portugal, regime ditatorial liderado por António de Oliveira Salazar, que só terminaria a 25 de Abril de 1974. “A pulsão para o activismo político, por imperativo ético, também uniu estes dois escritores que só aos 50 anos, na sequência de uma breve deslocação de Sena a Portugal (já Marcelo Caetano substituíra Salazar) começam a tratar-se por ‘tu’”, escreve Ana Paula Dias. Para a académica, o activismo político de Sena e Sophia “é um dos aspectos documentalmente interessantes” do livro que reúne as cartas trocadas entre os dois. “De lamentar, além da perda de algumas cartas de Sena apreendidas pela PIDE (Polícia de Intervenção e Defesa do Estado, a polícia do Estado Novo) na casa de Sophia e jamais recuperadas, é a omissão total de correspondência no biénio 1974-75, tão decisivo para Portugal.” A sessão de hoje na FRC contará ainda com a exibição de um excerto do documentário realizado por Rita Azevedo, feito a partir do livro “Correspondência – Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena”.
Pedro Arede SociedadeCidade inteligente aguarda contributo do Governo O documento final das “Estratégias de Desenvolvimento de Cidade Inteligente e a construção de áreas-chave” foi submetido para aprovação da Comissão que tutela a matéria e a sua execução espera agora pelo contributo do Governo para que o projecto seja coordenado com outros serviços públicos [dropcap]A[/dropcap] Cidade Inteligente está mais perto de ser uma realidade. O coordenador da Comissão Especializada sobre Cidade Inteligente Ma Chi Ngai anunciou, por ocasião da Reunião Ordinária do Conselho de Ciência e Tecnologia, que o documento final do projecto, que se encontra na sua segunda fase, já foi submetido para aprovação superior e que os trabalhos “se encontram entre 70% e 80% da sua conclusão”. Segundo Ma Chi Ngai, a execução dos trabalhos da Cidade Inteligente, avaliados positivamente por terceiros através de um relatório preliminar, vai depender agora da forma como o projecto será coordenado com outras entidades públicas. “O documento foi entregue e submetido para avaliação superior. A maior parte dos trabalhos de execução depende agora das respectivas entidades competentes (…) e como estamos numa fase de mudança de Governo, vamos dar continuidade aos trabalhos, explicou Ma Chi Ngai. “Iremos fazer os ajustes necessários e entraremos depois em pormenores para promover a cidade inteligente”, concluiu. Segundo Ma Chi Ngai, os trabalhos que se encontram a ser realizados dizem respeito ao trânsito inteligente e governação inteligente. O responsável lembrou ainda que esta fase incluiu a assinatura de acordo de cooperação entre o Governo e o grupo chinês Alibaba para o estabelecimento de um centro de computação em nuvem e de uma plataforma de megadados. Questionado acerca do nível de segurança e garantias em termos de privacidade, Ma Chi Ngai afirmou que todos os procedimentos vão estar rigorosamente de acordo com a lei, considerando mesmo que “o sistema em si, o nível de segurança e de sigilo está assegurado. Macau de bolso Ma Chi Ngai anunciou ainda que, da implementação do programa piloto de desenvolvimento da Cidade Inteligente, faz ainda parte o lançamento da aplicação móvel “Macau-in-Pocket”, a acontecer ainda antes do final do ano e que pretende ser um “agregador de várias entidades envolvidas na Cidade Inteligente que inclui funções diversificadas”. Recordemos que a segunda etapa do projecto compreende o aperfeiçoamento do centro de computação em nuvem e da plataforma de megadados, abrangendo outras áreas como a introdução de novos carros eléctricos, a eficiência energética e a construção de postos fronteiriços electrónicos, através da tecnologia de reconhecimento facial.
Hoje Macau EntrevistaAICEP | Exportações para Macau subiram 23,1 por cento até Julho A delegada da AICEP disse à Lusa que as exportações portuguesas para Macau subiram 23,1 por cento nos primeiros sete meses de 2019, face ao período homólogo de 2018, para 17,7 milhões de euros. Além do turismo, as Indústrias Culturais e Criativas e a Inovação e Empreendedorismo são apostas com potencial para as empresas portuguesas exportadoras [dropcap]”N[/dropcapos sete primeiros meses de 2019, as exportações portuguesas para Macau somaram um total de 17,7 milhões de euros, mais 23,1 por cento que em igual período de 2018, um sinal positivo para Portugal”, considerou Maria Carolina Lousinha em entrevista à agência Lusa. “O volume das trocas comerciais entre Portugal e Macau ainda tem muita margem de crescimento”, apontou a representante portuguesa, lembrando que “em 2018, o total exportado de Portugal para Macau foi de 27,8 milhões de euros”. Os produtos alimentares, nomeadamente os vinhos, aguardentes e medicamentos, tiveram um peso de 34 por cento do total das exportações portuguesas para este mercado, de acordo com os dados da AICEP, seguido pelos produtos químicos, com um peso de 24,9 por cento. Os produtos agrícolas representaram 18,4 por cento e máquinas e aparelhos valeram 16,1 por cento do total, diz a AICEP, destacando que “nos produtos alimentares o destaque vai para os vinhos, aguardentes e licores, conservas de peixe, azeite, bacalhau e enchidos”. As importações provenientes de Macau foram de 2,9 milhões de euros, mas sofreram nos primeiros sete meses deste ano uma quebra de 33 por cento face ao período homólogo do ano passado, passando de 1,7 milhões de Janeiro a Julho de 2018, para 1,1 milhões de euros nos primeiros sete meses deste ano. O número de empresas portuguesas exportadoras para Macau tem vindo a aumentar sustentadamente desde 2014, quando eram 364 as empresas que vendiam para o território, até chegar a 474 no ano passado, segundo os dados da AICEP. Os produtos químicos ocupam a esmagadora maioria dos produtos que Portugal compra a Macau, valendo 83,7 por cento do total. Além das Ruínas A delegada da AICEP disse também que, para além do tradicional sector do turismo, as Indústrias Culturais e Criativas e a Inovação e Empreendedorismo são apostas com potencial para as empresas portuguesas exportadoras. “Sendo o turismo um dos motores da economia de Macau, com um recorde de 35,8 milhões de turistas em 2018, oferecendo serviços de qualidade, não só a nível de hotelaria de luxo, mas também a nível de restauração e serviços, temos aqui um potencial a explorar, nomeadamente, a nível de produtos da Fileira Casa (têxteis lar, porcelanas, cutelaria, mobiliário, iluminação, etc), nos quais Portugal tem empresas com capacidade de oferecer produtos de elevada qualidade, inovadores e reconhecidos internacionalmente”, disse Maria Carolina Lousinha. A responsável frisou em Macau acrescentou que “poderá ter também potencial, tendo em consideração as características deste mercado e a oferta portuguesa, o sector das Indústrias Culturais e Criativas, que abarca vários produtos que vão desde livros, cinema, dança e música, a design, pintura, arquitetura, entre outros”. Por outro lado, acrescentou, “outra área que merece atenção é a da Inovação e Empreendedorismo”, já que “Portugal e Macau, através de um memorando de entendimento, estão a desenvolver esforços no sentido de fomentar o intercâmbio e a cooperação entre os jovens empreendedores da China e dos Países de Língua Portuguesa, bem como de assegurar as instalações básicas e serviços de apoio de qualidade junto dos empreendedores juvenis através do recentemente criado ‘Centro de Intercâmbio de Inovação e Empreendedorismo para Jovens da China e dos Países de Língua Portuguesa’, em Macau”. Mais perto da China Questionada sobre o ponto de vista das empresas que tentam estabelecer-se em Macau como porta de entrada no gigantesco mercado chinês, Maria Carolina Lousinha argumentou que isso “depende muito do tipo de actividade que a empresa pretende exercer em Macau”, mas lembrou que “quem quer trabalhar o mercado chinês tem que estar próximo da China”. Nesse sentido, apontou, “com o projecto da Grande Baía, Macau passa a estar mais integrado na China continental, por isso, as empresas que tiverem presença em Macau, para além da proximidade, acabarão por beneficiar do acesso a um mercado de mais de 70 milhões de pessoas da Grande Baía”. A integração regional foi aliás, uma das vantagens apresentadas pela delegada portuguesa na entrevista à Lusa: “Tivemos, recentemente, uma situação que mostra como Macau pode funcionar como plataforma para as empresas portuguesas na China continental”, disse Maria Carolina Lousinha. “Com a grande procura de carne de porco, por parte da China, algumas empresas de Macau intermediaram o contacto entre empresas portuguesas do sector e importadores do produto em Zhuhai, que faz fronteira directa com Macau”, exemplificou, vincando que “Macau está a apostar na participação ativa na rede de zonas de livre comércio que têm vindo a ser criadas na China”. Por isso, acrescentou, “as zonas de livre comércio de Tianjin, Guangdong-Hong Kong-Macau, bem como a de Fujian, podem constituir oportunidades para as empresas portuguesas, caso sejam reunidos e cumpridos uma série de pressupostos que confiram vantagens comparativas, nomeadamente do ponto de vista da flexibilização das políticas alfandegárias, de um ambiente mais aberto ao investimento exterior de acordo com as práticas internacionais”. A participação portuguesa, via Macau, nestas zonas de comércio livre, “alicerçadas em sólidos planos de negócios e de marketing, podem conferir às empresas portuguesas o acesso facilitado ao mercado chinês”, concluiu a delegada da AICEP em Macau.
admin EntrevistaAICEP | Exportações para Macau subiram 23,1 por cento até Julho A delegada da AICEP disse à Lusa que as exportações portuguesas para Macau subiram 23,1 por cento nos primeiros sete meses de 2019, face ao período homólogo de 2018, para 17,7 milhões de euros. Além do turismo, as Indústrias Culturais e Criativas e a Inovação e Empreendedorismo são apostas com potencial para as empresas portuguesas exportadoras [dropcap]”N[/dropcapos sete primeiros meses de 2019, as exportações portuguesas para Macau somaram um total de 17,7 milhões de euros, mais 23,1 por cento que em igual período de 2018, um sinal positivo para Portugal”, considerou Maria Carolina Lousinha em entrevista à agência Lusa. “O volume das trocas comerciais entre Portugal e Macau ainda tem muita margem de crescimento”, apontou a representante portuguesa, lembrando que “em 2018, o total exportado de Portugal para Macau foi de 27,8 milhões de euros”. Os produtos alimentares, nomeadamente os vinhos, aguardentes e medicamentos, tiveram um peso de 34 por cento do total das exportações portuguesas para este mercado, de acordo com os dados da AICEP, seguido pelos produtos químicos, com um peso de 24,9 por cento. Os produtos agrícolas representaram 18,4 por cento e máquinas e aparelhos valeram 16,1 por cento do total, diz a AICEP, destacando que “nos produtos alimentares o destaque vai para os vinhos, aguardentes e licores, conservas de peixe, azeite, bacalhau e enchidos”. As importações provenientes de Macau foram de 2,9 milhões de euros, mas sofreram nos primeiros sete meses deste ano uma quebra de 33 por cento face ao período homólogo do ano passado, passando de 1,7 milhões de Janeiro a Julho de 2018, para 1,1 milhões de euros nos primeiros sete meses deste ano. O número de empresas portuguesas exportadoras para Macau tem vindo a aumentar sustentadamente desde 2014, quando eram 364 as empresas que vendiam para o território, até chegar a 474 no ano passado, segundo os dados da AICEP. Os produtos químicos ocupam a esmagadora maioria dos produtos que Portugal compra a Macau, valendo 83,7 por cento do total. Além das Ruínas A delegada da AICEP disse também que, para além do tradicional sector do turismo, as Indústrias Culturais e Criativas e a Inovação e Empreendedorismo são apostas com potencial para as empresas portuguesas exportadoras. “Sendo o turismo um dos motores da economia de Macau, com um recorde de 35,8 milhões de turistas em 2018, oferecendo serviços de qualidade, não só a nível de hotelaria de luxo, mas também a nível de restauração e serviços, temos aqui um potencial a explorar, nomeadamente, a nível de produtos da Fileira Casa (têxteis lar, porcelanas, cutelaria, mobiliário, iluminação, etc), nos quais Portugal tem empresas com capacidade de oferecer produtos de elevada qualidade, inovadores e reconhecidos internacionalmente”, disse Maria Carolina Lousinha. A responsável frisou em Macau acrescentou que “poderá ter também potencial, tendo em consideração as características deste mercado e a oferta portuguesa, o sector das Indústrias Culturais e Criativas, que abarca vários produtos que vão desde livros, cinema, dança e música, a design, pintura, arquitetura, entre outros”. Por outro lado, acrescentou, “outra área que merece atenção é a da Inovação e Empreendedorismo”, já que “Portugal e Macau, através de um memorando de entendimento, estão a desenvolver esforços no sentido de fomentar o intercâmbio e a cooperação entre os jovens empreendedores da China e dos Países de Língua Portuguesa, bem como de assegurar as instalações básicas e serviços de apoio de qualidade junto dos empreendedores juvenis através do recentemente criado ‘Centro de Intercâmbio de Inovação e Empreendedorismo para Jovens da China e dos Países de Língua Portuguesa’, em Macau”. Mais perto da China Questionada sobre o ponto de vista das empresas que tentam estabelecer-se em Macau como porta de entrada no gigantesco mercado chinês, Maria Carolina Lousinha argumentou que isso “depende muito do tipo de actividade que a empresa pretende exercer em Macau”, mas lembrou que “quem quer trabalhar o mercado chinês tem que estar próximo da China”. Nesse sentido, apontou, “com o projecto da Grande Baía, Macau passa a estar mais integrado na China continental, por isso, as empresas que tiverem presença em Macau, para além da proximidade, acabarão por beneficiar do acesso a um mercado de mais de 70 milhões de pessoas da Grande Baía”. A integração regional foi aliás, uma das vantagens apresentadas pela delegada portuguesa na entrevista à Lusa: “Tivemos, recentemente, uma situação que mostra como Macau pode funcionar como plataforma para as empresas portuguesas na China continental”, disse Maria Carolina Lousinha. “Com a grande procura de carne de porco, por parte da China, algumas empresas de Macau intermediaram o contacto entre empresas portuguesas do sector e importadores do produto em Zhuhai, que faz fronteira directa com Macau”, exemplificou, vincando que “Macau está a apostar na participação ativa na rede de zonas de livre comércio que têm vindo a ser criadas na China”. Por isso, acrescentou, “as zonas de livre comércio de Tianjin, Guangdong-Hong Kong-Macau, bem como a de Fujian, podem constituir oportunidades para as empresas portuguesas, caso sejam reunidos e cumpridos uma série de pressupostos que confiram vantagens comparativas, nomeadamente do ponto de vista da flexibilização das políticas alfandegárias, de um ambiente mais aberto ao investimento exterior de acordo com as práticas internacionais”. A participação portuguesa, via Macau, nestas zonas de comércio livre, “alicerçadas em sólidos planos de negócios e de marketing, podem conferir às empresas portuguesas o acesso facilitado ao mercado chinês”, concluiu a delegada da AICEP em Macau.
João Santos Filipe SociedadeEdifício Kong Fok Cheong | Entrada avisava para falhas na segurança [dropcap]S[/dropcap]egundo os responsáveis da Obras Públicas, antes de acontecer o incêndio no Edifício Jardim Kong Fok Cheong as vulnerabilidades do sistema de protecção contra incêndios tinham sido identificadas e estavam afixadas à entrada. A explicação foi avançada ontem na Assembleia Legislativa, por um assistente de Li Canfeng, director do serviço em causa. “Enviámos alguns ofícios aos órgãos de gestão sobre as deficiências no sistema de protecção contra incêndio. Esses ofícios estavam afixados no átrio do edifico e apelava-se para que fossem adoptadas as medidas adequadas. Estas instalações de combate a incêndio fazem parte das partes comuns”, afirmou o assistente de Li Canfeng. “No entanto, a correcção das vulnerabilidades dependia da vontade e disposição dos proprietários, como consta na lei”, acrescentou. Por sua vez, o comandante do Corpo de Bombeiros, Leong Iok Sam, indicou que foram feitas mais de 1000 inspecções só este ano, e que as falhas identificadas nos edifícios são sempre relatadas à DSSOPT, a quem compete depois notificar os residentes dos edifícios.
João Santos Filipe PolíticaDeputados dizem que vagas nos lares de idosos são insuficientes [dropcap]O[/dropcap]s deputados da Assembleia Legislativa estão preocupados com o número de vagas em lares de idosos no território e ontem pediram ao Executivo que tome medidas para garantir a dignidade na velhice de uma população cada vez mais envelhecida. Segundo os dados do Instituto de Acção Social (IAS), apresentados pela presidente Vong Yim Mui, actualmente existem 2.400 vagas em 22 lares de idosos. No entanto, foram vários os legisladores, e de todos os quadrantes políticos, a referir que há falta de vagas para responder à procura existente. O primeiro legislador a apontar a este problema foi o democrata Au Kam San, que recusou a ideia que os centros de dia sejam utilizados como alternativa. “O número de camas nos lares de idosos não é suficiente. Há falta de camas e vagas”, alertou o democrata. “Os serviços de apoio de dia, ou serviços de noite e visitas ao domiciliário não devem ser encarados como alternativas para aliviar a procura dos lares. Temos de enfrentar o problema e aumentar o número de vagas”, defendeu. Este cenário foi igualmente apontado por Mak Soi Kun, Zheng Anting ou Angela Leong. Mas, foi o também democrata Ng Kuok Cheong que apresentou uma solução, ao defender a criação de uma colónia para idosos. “Macau vive uma situação em que há muito dinheiro. Por isso, devemos pensar na criação de uma colónia só para idosos. O Governo recuperou muitos terrenos e uma parte vai ser utilizada para as habitações temporárias da renovação urbana. Será que a outra parte não pode ser usada para habitações para idosos?”, questionou Ng. “Se o Governo construísse essas habitações, depois poderia falar-se com as associações locais que ajudariam os idosos a viverem nessas casas. Aliás, a renovação urbana pode até pode permitir que se faça uma contagem dos interessados no projecto”, adicionou. Atrasos nas obras Por sua vez, Zheng Anting perguntou ao Executivo quais são os projectos para aumentar o número de vagas. Em relação à questão, Vong Yim Mui admitiu que os atrasos na construção da habitação pública de Mong Há afectaram as vagas existentes. “Houve alguns atrasos nas nossas previsões, mas estamos a apontar para que até 2022 o número de camas disponíveis seja de 2.600”, explicou a governante, que revelou ainda que há planos para aumentar a oferta. “No nordeste da cidade vai haver um espaço para criar um lar com 114 camas, para pessoas com demência. Estamos a planear outro lar na zona da Praia do Manduco, que vai ter 100 camas. Também com a construção das habitações públicas de Mong Há e equipamentos sociais vai haver uma maior capacidade”, apontou. Contudo, a presidente do IAS, que foi recentemente distinguida com uma medalha da RAEM, deixou igualmente um aviso. Segundo Vong, 90 por cento dos idosos não tem grandes problemas de saúde e quer manter a sua independência, sem estar num lar. Portanto, apesar de admitir o aumento da capacidade a governante explicou que é igualmente preciso respeitar o desejo das pessoas idosas sobre o que pretendem para a sua vida e para a idade da reforma.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Lionel Leong optou por faltar à sessão do hemiciclo e foi alvo de críticas O responsável pelas pastas da Economia e Finanças esteve ontem debaixo de fogo por ter faltado à sessão plenária. Apesar de Alexis Tam e Wong Sio Chak também terem faltado, Lionel Leong foi o único criticado. Ao HM, um porta-voz do gabinete disse que o secretário teve outros compromissos [dropcap]A[/dropcap] ausência do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, marcou a reunião plenária de ontem da Assembleia Legislativa. Leong optou por não comparecer, enviou os chefes dos departamentos para responder às dúvidas dos legisladores sobre as empresas com capitais públicos e acabou por ser alvo de críticas. José Pereira Coutinho sublinhou mesmo que esta não foi a primeira falta e que as relações entre deputados e o secretário parecem já ter conhecido melhores dias. “A questão que está a ser debatida é muito importante e o secretário tinha de vir à Assembleia Legislativa explicar o assunto. Não é a primeira vez que ele não vem”, começou por destacar Coutinho. “Parece que as relações do secretário com o hemiciclo não são boas e lamento imenso que seja assim”, acrescentou o legislador apoiado pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau. No mesmo sentido, também houve críticas por parte do democrata Sulu Sou. “Infelizmente o secretário não está presente esta tarde”, afirmou, antes de começar a intervenção. Quanto ao debate, foram vários os deputados que criticaram o Executivo por não controlar nem divulgar de forma clara as informações sobre as empresas com capitais públicos, mas que funcionam como privadas. Sulu Sou afirmou que Lionel Leong tinha prometido uma lei com obrigações para estas empresas este ano, ao nível de apresentação de resultados, dados sobre a aquisição de serviços e equipamentos, mas que ficou por cumprir. Em vez disso, o Executivo vai lançar “orientações”, que não vão ter consequências se não forem cumpridas. “Falam que vão emitir orientações para a divulgação da informação. Mas e se as orientações não forem respeitadas? Não há medidas coercivas e por isso ninguém vai respeitá-las. Era o secretário que devia estar aqui para nos dar as explicações. Ele tinha dito que este ano as orientações iam passar a lei. Só que não sabemos quando vai haver essa tal lei”, acusou. Instruir para o boneco Agnes Lam e Ella Lei mostraram-se igualmente preocupadas com a pouca eficácia das instruções, que podem ser ignoradas sem consequências pelas pessoas envolvidas na gestão das entidades com capitais públicos. Apesar do cepticismo, a subdirectora dos Serviços de Finanças, Ho In Mui, sublinhou por várias vezes, que o Governo está focado em que haja mais informação sobre as empresas com capitais públicos e que a divulgação online será bem sucedida. Por outro lado, a responsável diz que já se está a trabalhar no sentido de criar uma lei. “Vamos pensar na viabilidade de fazer uma lei para as empresas com capitais públicos. Mas isso exige tempo. Por isso, neste momento vamos emitir orientações internas para que estas empresas publiquem online informações com os principais accionistas, a estrutura orgânica, demonstração de resultados e outras informações”, indicou. Ho In Mui afirmou de igual modo que nas empresas em que o Governo da RAEM tem mais de 50 por cento das acções que o Executivo procura sempre novas formas de aumentar a transparência e que nestas companhias pondera libertar informações consideradas confidenciais à luz do Código Comercial. Por outro lado, nos casos em que o controlo seja inferior, Ho sublinhou que o código comercial impede a divulgação de certas informações. A subdirectora recusou ainda que o Governo tenha intenção de esconder qualquer tipo de informação. Durante a reunião não foi apresentada uma justificação para o facto de Lionel Leong não ter comparecido na sessão. Mas em resposta ao HM o gabinete do governante afirmou que a ausência se ficou a dever a “outro compromisso”, que não foi especificado.
admin Manchete PolíticaAL | Lionel Leong optou por faltar à sessão do hemiciclo e foi alvo de críticas O responsável pelas pastas da Economia e Finanças esteve ontem debaixo de fogo por ter faltado à sessão plenária. Apesar de Alexis Tam e Wong Sio Chak também terem faltado, Lionel Leong foi o único criticado. Ao HM, um porta-voz do gabinete disse que o secretário teve outros compromissos [dropcap]A[/dropcap] ausência do secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, marcou a reunião plenária de ontem da Assembleia Legislativa. Leong optou por não comparecer, enviou os chefes dos departamentos para responder às dúvidas dos legisladores sobre as empresas com capitais públicos e acabou por ser alvo de críticas. José Pereira Coutinho sublinhou mesmo que esta não foi a primeira falta e que as relações entre deputados e o secretário parecem já ter conhecido melhores dias. “A questão que está a ser debatida é muito importante e o secretário tinha de vir à Assembleia Legislativa explicar o assunto. Não é a primeira vez que ele não vem”, começou por destacar Coutinho. “Parece que as relações do secretário com o hemiciclo não são boas e lamento imenso que seja assim”, acrescentou o legislador apoiado pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau. No mesmo sentido, também houve críticas por parte do democrata Sulu Sou. “Infelizmente o secretário não está presente esta tarde”, afirmou, antes de começar a intervenção. Quanto ao debate, foram vários os deputados que criticaram o Executivo por não controlar nem divulgar de forma clara as informações sobre as empresas com capitais públicos, mas que funcionam como privadas. Sulu Sou afirmou que Lionel Leong tinha prometido uma lei com obrigações para estas empresas este ano, ao nível de apresentação de resultados, dados sobre a aquisição de serviços e equipamentos, mas que ficou por cumprir. Em vez disso, o Executivo vai lançar “orientações”, que não vão ter consequências se não forem cumpridas. “Falam que vão emitir orientações para a divulgação da informação. Mas e se as orientações não forem respeitadas? Não há medidas coercivas e por isso ninguém vai respeitá-las. Era o secretário que devia estar aqui para nos dar as explicações. Ele tinha dito que este ano as orientações iam passar a lei. Só que não sabemos quando vai haver essa tal lei”, acusou. Instruir para o boneco Agnes Lam e Ella Lei mostraram-se igualmente preocupadas com a pouca eficácia das instruções, que podem ser ignoradas sem consequências pelas pessoas envolvidas na gestão das entidades com capitais públicos. Apesar do cepticismo, a subdirectora dos Serviços de Finanças, Ho In Mui, sublinhou por várias vezes, que o Governo está focado em que haja mais informação sobre as empresas com capitais públicos e que a divulgação online será bem sucedida. Por outro lado, a responsável diz que já se está a trabalhar no sentido de criar uma lei. “Vamos pensar na viabilidade de fazer uma lei para as empresas com capitais públicos. Mas isso exige tempo. Por isso, neste momento vamos emitir orientações internas para que estas empresas publiquem online informações com os principais accionistas, a estrutura orgânica, demonstração de resultados e outras informações”, indicou. Ho In Mui afirmou de igual modo que nas empresas em que o Governo da RAEM tem mais de 50 por cento das acções que o Executivo procura sempre novas formas de aumentar a transparência e que nestas companhias pondera libertar informações consideradas confidenciais à luz do Código Comercial. Por outro lado, nos casos em que o controlo seja inferior, Ho sublinhou que o código comercial impede a divulgação de certas informações. A subdirectora recusou ainda que o Governo tenha intenção de esconder qualquer tipo de informação. Durante a reunião não foi apresentada uma justificação para o facto de Lionel Leong não ter comparecido na sessão. Mas em resposta ao HM o gabinete do governante afirmou que a ausência se ficou a dever a “outro compromisso”, que não foi especificado.
João Luz PolíticaLei dos contabilistas segue moldes semelhantes a assistentes sociais [dropcap]A[/dropcap] lei de qualificação para o exercício da profissão de contabilistas vai seguir os moldes de diplomas que regulam outros sectores profissionais, tais como os assistentes sociais e engenheiros. A harmonização diz respeito tanto a terminologia usada nas leis, como à forma de actuação da comissão profissional que certifica a habilitação para trabalhar e que pode punir disciplinarmente infractores. As novidades foram ontem dadas pelo deputado Vong Hin Fai, que preside à comissão que analisa na especialidade a proposta de lei. Uma das principais alterações face à anterior versão de trabalho é a retirada da dependência da comissão profissional dos serviços de finanças. “Será um órgão colegial de administração pública, não será um serviço público. Com as alterações, as decisões tomadas pela comissão terão possibilidade de interposição de recurso judicial”, referiu Vong Hin Fai. Segundo a versão actual do diploma, o organismo vai funcionar com plenário e comissões especializadas e será constituído por representantes da administração pública, profissionais e académicos de contabilidade. As comissões especializadas, que, de acordo com Vong Hin Fai, podem ser duas ou mais, vão ter competências para decidir e recusar registos de profissionais e imposição de sanções a infractores. Ética e autonomia Em relação ao poder sancionatório, se o profissional não concordar da decisão da comissão especializada pode recorrer para o plenário da comissão profissional. Importa referir que na votação em plenários, os membros que participaram na comissão especializada são trocados por membros substitutos. Caso a decisão do plenário continue a não ser do agrado do profissional, este pode recorrer para tribunal. De acordo com o presidente da comissão permanente que analisa a proposta, os membros do Governo justificaram a remoção dos serviços de finanças do processo como uma forma para agilizar os procedimentos e reduzir o trabalho. Outra das incumbências da comissão profissional será elaborar um código de ética e deontologia profissional, algo que para Vong Hin Fai, demonstra a autonomia do organismo. Nas actuais alterações as associações e sociedades de contabilistas actuais transitam no futuro para o novo regime através das disposições transitórias da proposta de lei, de forma a salvaguardar os seus interesses.
Juana Ng Cen PolíticaPróximo Governo | Pró-democratas fazem exigências a Ho Iat Seng Os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong escreveram uma carta a Ho Iat Seng a pedir que torne realidade os “cinco pontos não concretizados” pelo Governo de Chui Sai On. O Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, as 28 mil habitações públicas prometidas e reforma democrática são os pontos principais dos pedidos dos deputados [dropcap]E[/dropcap]stamos a menos de um mês da tomada de posse de Ho Iat Seng como Chefe do Executivo da RAEM. Apesar de ainda não ter divulgado o elenco para o Governo, já tem múltiplos pedidos para prioridades governativas. Ontem de manhã, os deputados da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, entregaram uma carta de exigências a Ho Iat Seng para dar prioridade aos “cinco pontos principais não concretizados” pelo Governo de Chui Sai On nos últimos dez anos. Os cinco pedidos são a implementação do regime de responsabilização dos titulares dos principais cargos, a abertura do Metro Ligeiro na Península de Macau, as 28 mil habitações publicas prometidas, a inauguração do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas e a realização da reforma política democrática. Recorde-se que este último ponto foi uma das promessas de campanha do antigo presidente da Assembleia Legislativa, que referiu no seu programa político desejar “melhorar a qualidade da democracia” e promover o “desenvolvimento político democrático”. Em declarações aos jornalistas, os deputados declararam esperar que Ho Iat Seng trate destes problemas logo após a tomada de posse, aprendendo com os fracassos de Chui Sai On. Outras matérias Na missiva dirigida ao Chefe do Executivo eleito, os pró-democratas mencionaram que nos últimos 10 anos as Linhas de Acção Governativa têm ficado muito aquém das expectativas dos cidadãos. “Principalmente na construção e fornecimento de habitações públicas, que, para além de não satisfazerem as necessidades de residência da população de Macau, aumentaram o volume de trabalho dos funcionários públicos. Também incomodaram os cidadãos dado que, para a distribuição de fracções económicas, o processo efectivo do sistema de pontuação e ordenação foi trocado pelo sorteio. Circunstância que levou à reapresentação de candidaturas em caso de o residente não ter sido um dos escolhidos”, pode ler-se no documento entregue a Ho Iat Seng. No conteúdo da carta é referido também que “o Executivo tem utilizado muito do orçamento para habitação pública” e que “o Governo Central autorizou a construção do aterro, com uma área total de 350 hectares, para resolver os problemas de habitação dos moradores”. No entendimento dos pró-democratas, o desenvolvimento do novo aterro só foi possível devido à intervenção de Pequim, uma vez que a zona foi abrangida no projecto de construção da Ponta HKZM. “Se assim não fosse, ainda estaria em fase de planeamento e estudo”, atiram. Como exemplo da inoperância do Executivo de Chui Sain On, os deputados recordam “o plano original para a inauguração do Metro Ligeiro e do Hospital das Ilhas era, respectivamente, 2014 e 2017”.
admin PolíticaPróximo Governo | Pró-democratas fazem exigências a Ho Iat Seng Os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong escreveram uma carta a Ho Iat Seng a pedir que torne realidade os “cinco pontos não concretizados” pelo Governo de Chui Sai On. O Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, as 28 mil habitações públicas prometidas e reforma democrática são os pontos principais dos pedidos dos deputados [dropcap]E[/dropcap]stamos a menos de um mês da tomada de posse de Ho Iat Seng como Chefe do Executivo da RAEM. Apesar de ainda não ter divulgado o elenco para o Governo, já tem múltiplos pedidos para prioridades governativas. Ontem de manhã, os deputados da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, Au Kam San e Ng Kuok Cheong, entregaram uma carta de exigências a Ho Iat Seng para dar prioridade aos “cinco pontos principais não concretizados” pelo Governo de Chui Sai On nos últimos dez anos. Os cinco pedidos são a implementação do regime de responsabilização dos titulares dos principais cargos, a abertura do Metro Ligeiro na Península de Macau, as 28 mil habitações publicas prometidas, a inauguração do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas e a realização da reforma política democrática. Recorde-se que este último ponto foi uma das promessas de campanha do antigo presidente da Assembleia Legislativa, que referiu no seu programa político desejar “melhorar a qualidade da democracia” e promover o “desenvolvimento político democrático”. Em declarações aos jornalistas, os deputados declararam esperar que Ho Iat Seng trate destes problemas logo após a tomada de posse, aprendendo com os fracassos de Chui Sai On. Outras matérias Na missiva dirigida ao Chefe do Executivo eleito, os pró-democratas mencionaram que nos últimos 10 anos as Linhas de Acção Governativa têm ficado muito aquém das expectativas dos cidadãos. “Principalmente na construção e fornecimento de habitações públicas, que, para além de não satisfazerem as necessidades de residência da população de Macau, aumentaram o volume de trabalho dos funcionários públicos. Também incomodaram os cidadãos dado que, para a distribuição de fracções económicas, o processo efectivo do sistema de pontuação e ordenação foi trocado pelo sorteio. Circunstância que levou à reapresentação de candidaturas em caso de o residente não ter sido um dos escolhidos”, pode ler-se no documento entregue a Ho Iat Seng. No conteúdo da carta é referido também que “o Executivo tem utilizado muito do orçamento para habitação pública” e que “o Governo Central autorizou a construção do aterro, com uma área total de 350 hectares, para resolver os problemas de habitação dos moradores”. No entendimento dos pró-democratas, o desenvolvimento do novo aterro só foi possível devido à intervenção de Pequim, uma vez que a zona foi abrangida no projecto de construção da Ponta HKZM. “Se assim não fosse, ainda estaria em fase de planeamento e estudo”, atiram. Como exemplo da inoperância do Executivo de Chui Sain On, os deputados recordam “o plano original para a inauguração do Metro Ligeiro e do Hospital das Ilhas era, respectivamente, 2014 e 2017”.
Hoje Macau PolíticaAgências de emprego | TNR vão ser ouvidos pela AL [dropcap]A[/dropcap] 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar a proposta de lei para regulamentar as agências de emprego, analisou ontem uma petição para audiência submetida por associações. O deputado Vong Hin Fai, que preside à comissão, não especificou que entidades enviaram a referida petição, mas adiantou que os deputados vão “marcar uma sessão de audiência o mais brevemente possível”. Em Abril deste ano, um grupo de associações que representam trabalhadores não residentes, nomeadamente a Greens Philippines Migrant Workers Union, Grupo de Concernente Trabalhadores Migrante Indonésios Peduli, entre outros grupos. Além de pedirem para ser ouvidos na elaboração de uma lei que os iria afectar, os peticionários exigem o fim das avultadas cauções a que são sujeitos para entrar no mercado de trabalho e atitudes intimidatórias por parte das agências de emprego.
Hoje Macau PolíticaRAEM, 20 anos | Xi Jinping e António Costa nas cerimónias oficiais O jornal Macau Daily Times noticiou ontem que o Presidente chinês, Xi Jinping, deverá mesmo marcar presença nas cerimónias dos 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. Quem também deverá participar no evento é António Costa, primeiro-ministro português [dropcap]X[/dropcap]i Jinping, Presidente chinês, deverá estar em Macau entre os dias 18 e 20 de Dezembro para participar nas cerimónias de transferência de soberania de Macau. A notícia foi avançada ontem pelo jornal inglês Macau Daily Times, que cita fontes que não quiseram ser identificadas por não estarem autorizadas a falar com os media. A acontecer, esta será a terceira vez que Xi Jinping viaja até ao sul da China na qualidade de Presidente do país. A primeira foi em 2014, também em Dezembro, quando Chui Sai On tomou posse do segundo mandato como Chefe do Executivo, numa cerimónia onde os actuais cinco secretários também tomaram posse. A segunda vez foi aquando da inauguração da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, numa cerimónia que contou com a presença de Chui Sai On e de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong. Nessa inauguração, que aconteceu em Outubro do ano passado, as palavras de Xi Jinping foram breves. “Eu abro oficialmente a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, declarou apenas, perante 700 convidados. Há muito que se especula sobre a visita de Xi Jinping à RAEM numa altura em que as tensões políticas em Hong Kong estão ao rubro, com uma crescente escalada de violência. As primeiras notícias sobre a possibilidade de uma visita do Presidente chinês surgiram em Janeiro deste ano, com uma confirmação por parte do chefe de segurança da província de Guangdong, que disse que Xi Jinping “iria participar nas celebrações do vigésimo aniversário em Macau (…) e fazer um discurso importante”. Governo português representado O Macau Daily Times avançou também que António Costa, primeiro-ministro português recentemente reeleito, deverá também marcar presença nas cerimónias de transferência de soberania, apesar de Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, não ter ainda confirmado ao jornal a existência de um convite oficial. “Para já não temos informações sobre quem virá, ou mesmo se alguém virá” às cerimónias, apontou. O diário em língua inglesa denota que, por norma, dirigentes políticos portugueses não são convidados para as cerimónias de transferência de soberania, mas que o facto de se celebrar o vigésimo aniversário da fundação da RAEM pode representar uma mudança em termos de diplomacia. “Vemos isto como uma celebração chinesa, mas isso não significa que nesta altura, por ser um aniversário marcante, ou no futuro, isso não venha a mudar”, acrescentou Paulo Cunha Alves. O jornal tentou ainda obter uma reacção junto do gabinete de António Costa, mas até ao fecho da edição não obteve qualquer confirmação adicional.
admin PolíticaRAEM, 20 anos | Xi Jinping e António Costa nas cerimónias oficiais O jornal Macau Daily Times noticiou ontem que o Presidente chinês, Xi Jinping, deverá mesmo marcar presença nas cerimónias dos 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. Quem também deverá participar no evento é António Costa, primeiro-ministro português [dropcap]X[/dropcap]i Jinping, Presidente chinês, deverá estar em Macau entre os dias 18 e 20 de Dezembro para participar nas cerimónias de transferência de soberania de Macau. A notícia foi avançada ontem pelo jornal inglês Macau Daily Times, que cita fontes que não quiseram ser identificadas por não estarem autorizadas a falar com os media. A acontecer, esta será a terceira vez que Xi Jinping viaja até ao sul da China na qualidade de Presidente do país. A primeira foi em 2014, também em Dezembro, quando Chui Sai On tomou posse do segundo mandato como Chefe do Executivo, numa cerimónia onde os actuais cinco secretários também tomaram posse. A segunda vez foi aquando da inauguração da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai, numa cerimónia que contou com a presença de Chui Sai On e de Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong. Nessa inauguração, que aconteceu em Outubro do ano passado, as palavras de Xi Jinping foram breves. “Eu abro oficialmente a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau”, declarou apenas, perante 700 convidados. Há muito que se especula sobre a visita de Xi Jinping à RAEM numa altura em que as tensões políticas em Hong Kong estão ao rubro, com uma crescente escalada de violência. As primeiras notícias sobre a possibilidade de uma visita do Presidente chinês surgiram em Janeiro deste ano, com uma confirmação por parte do chefe de segurança da província de Guangdong, que disse que Xi Jinping “iria participar nas celebrações do vigésimo aniversário em Macau (…) e fazer um discurso importante”. Governo português representado O Macau Daily Times avançou também que António Costa, primeiro-ministro português recentemente reeleito, deverá também marcar presença nas cerimónias de transferência de soberania, apesar de Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, não ter ainda confirmado ao jornal a existência de um convite oficial. “Para já não temos informações sobre quem virá, ou mesmo se alguém virá” às cerimónias, apontou. O diário em língua inglesa denota que, por norma, dirigentes políticos portugueses não são convidados para as cerimónias de transferência de soberania, mas que o facto de se celebrar o vigésimo aniversário da fundação da RAEM pode representar uma mudança em termos de diplomacia. “Vemos isto como uma celebração chinesa, mas isso não significa que nesta altura, por ser um aniversário marcante, ou no futuro, isso não venha a mudar”, acrescentou Paulo Cunha Alves. O jornal tentou ainda obter uma reacção junto do gabinete de António Costa, mas até ao fecho da edição não obteve qualquer confirmação adicional.