Medo do escuro

[dropcap]O[/dropcap] secretário Wong Sio Chak estranhou que a comunicação social lhe fizesse sempre perguntas sobre garantias quanto à extensão do poder das forças de segurança sobre a sociedade civil, bem como sobre a defesa do Estado.

É compreensível: os jornalistas deviam talvez insistir sobre questões mais “terrenas” como a fraca formação das ditas forças, nomeadamente das que estão em contacto directo com a população. Ou sobre alguns comportamentos menos expectáveis da parte de quem tem o dever de proteger e servir dentro dos padrões de civilidade que a segunda metade do século XX impôs. Nomeadamente no contexto do segundo sistema.

Mas o que o secretário também não pode esquecer é que uma coisa é o Estado, outra é o país. E não coincidem. Daí que no contexto de Macau seja natural os jornalistas quererem saber e informar que poderes e que saberes tem o Estado sobre as nossas vidas. Sabemos, por exemplo, que o Estado é boa pessoa, mas os que ocupam as cadeiras nem sempre o são. E é por isso que existem leis para controlar os seus poderes e comissões independentes para vigiar a sua acção e desempenho. Isto além, é claro, da comunicação social, que não mais representa que os olhos e ouvidos da população. E esta não pode ser deixada no escuro. É que o escuro faz medo…

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