Hoje Macau Manchete SociedadeIPOR é “instrumento fortíssimo” para divulgar português, diz presidente do Instituto Camões [dropcap]A[/dropcap] China está disposta a investir “fortemente, com recursos humanos e financeiros” no ensino do português e será um “bom parceiro nessa área”, disse hoje em entrevista à Lusa o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua portuguesa. “É evidente que a China, como uma grande potência, tem interesses no Brasil e em África e, por isso, quer expandir o seu conhecimento da língua portuguesa e nós, conhecendo isso, tentamos com a nossa oferta ir ao encontro dessa procura”, afirmou o embaixador Luís Faro Ramos, que este mês completou um ano como presidente do Camões. Com o Instituto Português do Oriente (IPOR), controlado pelo Camões e Fundação Oriente, em Macau, Faro Ramos considera que Portugal tem “um instrumento fortíssimo” de divulgação da língua portuguesa na região. “E não estamos a falar só na China, mas em toda a região da Ásia Pacífico”, ressalvou. Segundo o embaixador, neste momento há mais de 30 universidades chinesas que querem ensinar o português. “O interesse pelo português na China explodiu. O IPOR ajuda muito com o seu corpo de cerca de 20 professores e tem parcerias com instituições de Macau e da China. E seguramente os números do ensino da língua vão crescer muito”, afirma. A visita de Xi Faro Ramos falava à Lusa em vésperas da visita do Presidente chinês a Portugal, que se realiza entre os dias 4 e 5 de Dezembro. “Há uma constatação, que penso que vai ser reforçada, quando o Presidente da China vier a Portugal, da importância para a China da aprendizagem da língua portuguesa”, adiantou o presidente do Camões, que referiu que não está prevista a assinatura de acordos neste domínio. Para Faro Ramos, 2019 vai ser mesmo “o ano da China” em vários aspectos: depois de este ano terminar com a visita do Presidente chinês a Lisboa comemoram-se no próximo ano os 20 anos da passagem da administração de Macau de Portugal para a China. Mas não é só pela China que os números do ensino do português pelo mundo vão crescer. “O Zimbabué foi um dos países que manifestou interesse em que o português passe a fazer parte dos currículos de ensino nas suas escolas públicas”, revelou o presidente do Camões. Em 2018, o português foi integrado no ensino escolar na Venezuela e em breve vai integrar os currículos escolares da Argélia. E está a caminho também das escolas da África do Sul, disse, referindo ainda a Costa do Marfim como outro país onde o português passará a ser ensinado nas escolas. Isto acontece, assegura, sem um esforço financeiro adicional para o Estado português. “O que é fantástico, porque é um assumir por parte das autoridades que recebem o português da importância da nossa língua. Hoje, o português é uma língua global com valências na área da ciência, da economia e da cultura”, afirmou.
Hoje Macau China / ÁsiaFabricantes de carros eléctricos enviam localização de viaturas para Governo chinês [dropcap]A[/dropcap] China pediu a todos os fabricantes de veículos eléctricos o envio de informações constantes sobre a localização precisa dos carros, reforçando a capacidade de vigilância de Pequim, noticiou a agência de notícias Associated Press (AP). Mais de 200 fabricantes, incluindo a Tesla, a Volkswagen, a BMW, a Daimler, a Ford, a General Motors, a Nissan, a Mitsubishi e a startup NIO transmitem informações sobre a localização e dezenas de outros dados para centros de monitorização do Governo chinês, segundo a AP. Geralmente, tal acontece sem o conhecimento dos proprietários de carros. Os fabricantes alegam que estão apenas a cumprir as leis locais, que se aplicam apenas aos veículos de energia alternativa. As autoridades chinesas explicam que os dados são usados de forma a melhorar a segurança pública, facilitar o desenvolvimento industrial e o planeamento de infra-estruturas, além de prevenir fraudes em programas de subsídios. Contudo, outros países que são grandes mercados para os veículos eléctricos, como os Estados Unidos, o Japão, e por toda a Europa, não recolhem esse tipo de dados em tempo real. A recolha de informações é vista com preocupação, uma vez que estas podem ser usadas não apenas para prejudicar a posição competitiva de fabricantes estrangeiros, mas também para a vigilância num país onde há poucas protecções à privacidade pessoal. Sob a liderança do Presidente chinês, Xi Jinping, Pequim passou a gerir grandes volumes de dados e inteligência artificial para reforçar o policiamento, capaz de prever e eliminar as ameaças percebidas à estabilidade do Partido Comunista. Há também a preocupação com o precedente que essas regras possam estabelecer na partilha de dados de carros da próxima geração, que em breve poderão transmitir ainda mais informações pessoais.
Hoje Macau DesportoJosé Morais é o novo técnico dos sul-coreanos do Jeonbuk FC [dropcap]O[/dropcap] português José Morais é o novo treinador do Jeonbuk FC, depois de ter rescindido contrato com o Karpaty Lviv, anunciou o clube sul-coreano de futebol na sua página oficial. “Eu conheço a reputação do Jeonbuk. Vai ser um novo desafio e eu quero conhecer as expectativas dos jogadores”, reagiu o técnico português. O clube coreano considera que “José Morais tem a experiência necessária para liderar a equipa”, destacando o facto de o treinador ter trabalhado com José Mourinho, como adjunto, como um “aspecto positivo para transmitir a filosofia que a equipa pretende” José Morais vai assumir o comando técnico dos bicampeões sul-coreanos, que se encontram no primeiro lugar da liga local, com 85 pontos conquistados em 37 jogos, com 21 pontos de vantagem sobre o segundo classificado. O português já treinou em Portugal o Benfica B, o Estoril, o Académico Viseu e o Santa Clara, tendo no estrangeiro passado por clubes na Alemanha, Suécia, Jordânia, Arábia Saudita, Tunísia, Iémen, Turquia, Grécia, Inglaterra e esta última época na Ucrânia, sendo a Coreia do Sul o 13.º país onde o técnico vai trabalhar.
Hoje Macau China / ÁsiaGoverno chinês ordena investigação a caso polémico de bebés que terão ADN alterado [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês ordenou ontem uma investigação ao caso envolvendo um cientista chinês que reclamou esta semana ter criado os primeiros bebés do mundo manipulados geneticamente, para os tornar resistentes ao vírus da Sida. Em declarações à televisão chinesa CCTV, o vice-ministro chinês da Ciência e Tecnologia, Xu Nanping, disse que foi ordenada uma investigação porque a experiência feita é ilegal e viola a ética. Xu Nanping adiantou que todas as actividades relacionadas com a experiência científica foram suspensas. À mesma televisão, o director-adjunto da Comissão Nacional de Saúde da China, Zeng Yixin, frisou que “os infractores” serão castigados. A actuação das autoridades chinesas acontece um dia depois de o cientista, He Jiankui, ter anunciado “uma pausa” nas experiências, após críticas da comunidade científica chinesa e internacional e de a universidade onde trabalha ter anunciado a abertura de uma investigação ao caso. Hoje, um grupo de 14 especialistas em manipulação genética defendeu que é demasiado cedo para se tentar fazer mudanças permanentes no material genético (ADN) que possam ser herdadas pelas gerações futuras. Em comunicado, os peritos, que participaram esta semana numa conferência sobre genética em Hong Kong, China, consideram que é irresponsável realizar experiências em óvulos, espermatozóides ou embriões por ainda não se saber o suficiente sobre possíveis riscos. He Jiankui disse esta semana que alterou o ADN de embriões que deram origem a duas gémeas que nasceram no início de novembro, para as tornar resistentes contra eventuais infeções pelo VIH. O cientista chinês usou a técnica de edição genética CRISPR/Cas9 para modificar embriões durante os tratamentos de fertilidade de sete casais. Todos os homens que participaram na experiência estavam infectados com o VIH, ao contrário das mulheres, e tiveram as suas infecções reprimidas por medicamentos padrão para o vírus da Sida. Os resultados da experiência não foram avaliados por pares nem publicados em revistas científicas.
Paul Chan Wai Chi Um Grito no Deserto VozesPoliticamente certo ou politicamente errado [dropcap]R[/dropcap]ecentemente muitos eleitores portugueses residentes em Macau receberam uma carta do Ministério português da Administração Interna a informar que se encontram automaticamente registados, para efeitos eleitorais, na morada que consta no seu cartão de cidadão. Ter o direito de voto, mas não o exercer, pode implicar consequências nefastas. Os resultados das eleições da semana passada em Taiwan e Hong Kong, mostram que se não nos preocuparmos com a administração da cidade, acabamos por colocar o nosso futuro nas mãos dos profissionais da política. O Partido Democrático Progressista (PDP), no poder em Taiwan até às eleições, sofreu uma esmagadora derrota no escrutínio de 24 de Novembro, do qual saiu vencedor o Partido Kuomintang (KMT), até aí na oposião. Os eleitores, que nos últimos quatro anos tinham vindo a votar no PDP, mudaram o sentido de voto devido ao fraco desempenho do Governo. Os eleitores não conseguiram ignorar a incompetência, resultado das promessas vãs de um grupo de políticos preocupados apenas com os resultados eleitorais. Um amigo meu viajou de Macau para Taiwan para votar e observar o processo eleitoral. Quando chegou ainda tinha alguma esperança que o PDP estivesse à frente em Kaohsiung, cidade que tem sido um dos principais bastiões deste partido nas últimas duas décadas. Mas o candidato do PDP perdeu a Presidência da Câmara para o candidato do KMT, que apenas resolveu apresentar a sua candidatura à última da hora. Alguns analistas politicos atribuíram esta derrota às chuvadas que caíram e que transformaram a cidade num lago, deixando à vista infraestuturas degradadas. Quando as águas recuaram ficaram mais de 5.000 buracos nas ruas, expondo os diversos calcanhares de Aquiles dos projectos urbanísticos. Sei que estes relatos não são exagerados porque estive em Taiwan com a mnha família há poucos anos atrás. Nesse Verão, visitámos o sul da ilha e assistimos à passagem de um tufão. Após o tufão, fomos de táxi da cidade onde tinhamos ficado para Kaohsiung, a fim de apanharmos o avião para Macau. A viagem de táxi, por estradas esburacadas e no meio de chuva e vento intensos foi impressionante. O cascalho saltava do pavimento da estrada e o condutor ia pondo de vez em quando uns pingos medicinais no nariz para se manter acordado. Eu não me atrevia a baixar a guarda nem por um segundo, temendo pela segurança da minha família, enquanto ia ouvindo as queixas do motorista sobre os projectos de obras nas rodovias. O homem afirmava que as estradas não estavam assim tão más quando o KMT estava no poder. A realidade actual fala por si própria e não pode ser escondida. Mesmo que os eleitores do sul de Taiwan tenham sido apoiantes do PDP, este não soube aproveitar a oprtunidade que lhe foi oferecida. Era óbvio que a perda do apoio popular viria a ser apenas uma questão de tempo. Nas eleições efectuadas no distrito geográfico de Kowloon West para o Conselho Legislativo de Hong Kong, o campo pró-governamental derrotou o campo pró-democrata, tendo arrecadado 18 dos 35 lugares das circunscrições geográficas, através de eleição directa. Mesmo que o campo pró-democrata venha a ganhar as eleições, a realizar nas circunscrições dos novos Territórios de Leste, não virá a ter direito de veto no subsector eleitoral. A vitória do campo pró-governamental nestas eleições deu, de certa forma, luz verde à promulgação a curto prazo do Artigo 23 da Lei Básica e à Emenda das Normas de Procedimento do Conselho Legislativo. A derrota do campo pró-democrata nestas eleições terá tido a ver com a alegada “compra de votos” e com a impressionante capacidade de organização e mobilização do campo pró-governamental. Por outro lado, o “veterano democrata” Pan-democracia, que concorreu a estas eleições, colocou os seus interesses acima dos interesses do movimento democrático, enquanto um todo. Juntando a tudo isto alguns factores desfavoráveis, a derrota do campo pró-democrata passou a ser uma condenação inevitável. Podemos ainda acrescentar que a indiferença dos eleitores em relação à política e a mentalidade de uma juventude que parece ter abdicado do direito de voto, potenciaram a posição dos cidadãos mais velhos adeptos do campo pró-governamental. Se pensarmos em 2020, compreenderemos que a influência eleitoral da Pan-democracia tem tendência de cair a pique, no seio de uma sociedade envelhecida . E quanto a Macau? O ano passado, os danos infraestruturais infligidos pelo tufão “Hato” puseram em segundo plano a quantidade de medidas desastrosas que foram tomadas. Embora a cisão da frente democrática não tenha prejudicado os resultados eleitorais, os políticos da nova geração foram submetidos a duros testes. O ideal de uma sociedade civil foi há muito enfraquecido e a participação na política tornou-se sinónimo de tentativa de enriquecimento. Se os eleitores não conhecerem bem os candidatos, se os cidadãos continuarem imersos na “bolha da segurança social” e se os processos eleitorais continuarem cheios de injustiças, pouca esperança haverá para o futuro da população de Macau. Os eleitores são os únicos que podem distinguir o que está politicamente certo do que está politicamente errado!
João Santos Filipe DesportoMaratona | Rosa Mota celebra 30 anos da vitória em Seul Em 1988, a atleta estava em diferendo com a Federação Portuguesa de Atletismo e tentou participar nos Jogos Olímpicos por Macau. Na altura, Manuel Silvério tratou do processo do lado do Governo do território. Agora recorda o caso [dropcap]M[/dropcap]acau não é membro do Comité Olímpico Internacional (COI) nem participa nos Jogos Olímpicos, ao contrário do que acontece em Hong Kong. Ainda no ano passado, Chui Sai On ignorou o exemplo da RAEHK, e deixou muito claro que Macau nunca vai participar nos Jogos Olímpicos, porque não é um país soberano. Todavia, a história poderia ter sido muito diferente, e o território poderia ter mesmo feito a estreia, há 30 anos, com a medalha de ouro na maratona. Foi em Março de 1988 que a polémica começou e que a histórias de Macau e Rosa Mota se cruzaram, pela primeira vez. José Pedrosa, treinador e actual marido de Rosa Mota, decide que a atleta, uma das principais favoritas ao ouro dos Jogos Olímpicos de Seul, não ia participar no Mundial de Estrada de 15 quilómetros. Apesar da ausência da atleta, Portugal conseguiu um terceiro lugar por equipas, devido à performance das atletas Conceição Ferreira, Albertina Dias e Albertina Machado. Contudo, a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) não gostou da atitude de Rosa Mota e abriu um inquérito à situação. Como consequência, a corredora foi castigada com a impossibilidade de se inscrever em provas internacionais e a participação nos Jogos Olímpicos de Seoul ficou mesmo em causa. Contactos locais Sem alternativas, o treinador da atleta, José Pedrosa, entra em contacto com o Governo de Macau. O episódio é recordado por Manuel Silvério, antigo presidente do Instituto do Desporto, e que na altura ocupava o cargo de adjunto do presidente do Conselho dos Desportos. “Ela contactou-me através do treinador José Pedrosa e estivemos reunidos, os três. Eles viajaram até Macau para ultrapassarem o conflito com a Federação Portuguesa de Atletismo. Na altura, acreditavam que a Rosa Mota poderia participar nos Jogos Olímpicos integrada numa eventual comitiva de Macau”, recordou Manuel Silvério, em declarações ao HM. Com o diferendo entre a FPA e Rosa Mota a subir de tom, sugiram, então, dois entraves à participação da atleta por Macau: por um lado, o território ainda não tinha formalizado a intenção de aderir ao COI, e por outro, a vontade política do Governo de Lisboa era hostil à ideia. “Em termos de jurisdição, era possível. Mas havia um grande impedimento, que é o facto de Macau não ser membro do Comité Olímpico Internacional. Também havia uma outra questão: nos Jogos Olímpicos é o país que participa, e se a Rosa Mota fosse participar por Macau, Portugal perdia a face”, explicou. Neste sentido, a questão acabou mesmo por ganhar uma componente política e em Portugal figuras como Mário Soares (então Presidente da República), Cavaco Silva (primeiro-ministro) e Roberto Carneiro (ministro da Educação) envolveram-se no caso. Pressão política A este ritmo não tardou a que a mensagem chegasse a Manuel Silvério: “Houve um grande entusiasmo com a ideia, mas tenho de lembrar que também fomos um bocado ingénuos, no sentido em que Macau tinha de obedecer a Lisboa. O Governo de Lisboa não mandava na FPA, mas acabou por ver-se ‘obrigado’ a actuar, em benefício do interesse nacional”, explicou. “Na altura o meu superior aconselhou-me, e quero deixar claro que não me obrigou, a distanciar-me do problema. Se ela corresse por Macau, Portugal levava uma bofetada”, revelou Manuel Silvério, que lidou com todo o processo. O então presidente do Conselho dos Desportos, tinha como superior Francisco Murteira Nabo, que em Macau desempenhou os cargos de secretário-adjunto para a Educação, Saúde e Assuntos Sociais e, mais tarde, o cargo de secretário-adjunto para os Assuntos Económicos. Com o diferendo resolvido, Rosa Mota correu com as cores de Portugal e a 23 de Setembro de 1988 fez história, ao tornar-se na primeira atleta portuguesa, e única, a vencer uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Hoje, Manuel Silvério olha para todo o processo sem arrependimentos. Mesmo na altura, diz, ficou tudo resolvido. “Ainda bem que houve um entendimento entre a atleta e a FPA. Também eu acabei por ser convidado para assistir à maratona de Seul e estava a cerca 10 metros de distância quando ela cortou a meta”, apontou. “Na altura falou-se que poderia ter sido uma medalha para Macau. Mas ainda bem que a diligência para que o Governo local não tivesse colaborado funcionou. Foi melhor assim”, acrescentou. Atleta apadrinha corrida local A atleta de 60 anos, que em 2016 venceu a mini-maratona de Macau, regressa ao território para apadrinhar a Maratona de Macau, que se vai correr no domingo e é organizada pelo Governo. Ontem à noite, a atleta ainda não sabia se iria fazer a mini-maratona a correr ou a andar, ao lado do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. “É um evento que faz parte do meu calendário anual e espero regressar durante muitos anos. Era bom sinal, até porque a maratona em Macau é sempre um dia de festa e é muito bom ver as ruas cheias de pessoas a fazerem desporto”, disse, ontem, Rosa Mota ao HM. A ex-maratonista actualmente não comenta assuntos não relacionados com as provas em participa.
Sérgio Fonseca DesportoFuturo da Taça GT Macau não está em risco [dropcap]Q[/dropcap]uinze inscritos na edição de 2018 da Taça do Mundo FIA de GT foi um choque tanto para os aficcionados, como para as várias partes envolvidas na organização da prova que fez parte da 65ª edição do Grande Prémio de Macau e que foi ganha contundentemente pelo brasileiro Augusto Farfus Jr. Mas ao contrário do que poderia ser de esperar, os construtores envolvidos não desanimaram com o desapontante número de concorrentes e prometem voltar no próximo ano, mesmo que para isso a regra introduzida pela FIA em 2017, que impede a participação de pilotos bronze e prata, rotulados como “pilotos privados”, seja abolida. Em conversa com os jornalistas após a corrida, Chris Reinke, o director desportivo da Audi, disse que “para o futuro, esta corrida precisa de ter uma grelha de partida com 20 carros, ainda melhor se forem 25. Do meu ponto de vista, a primeira prioridade deve ser preservar o conceito existente e conquistar mais construtores.” Caso este objectivo não seja concretizado, Reinke é a favor da “possibilidade de abrir a grelha de partida novamente a pilotos prata ou bronze para que se atinja o volume necessário de concorrentes”. Stefan Wendl, o responsável máximo da competição-cliente da Mercedes-AMG, também é a favor que a corrida siga essa via, pois os “pilotos privados endinheirados podem até acabar por ajudar a financiar a participação das equipas de fábrica.” Stéphane Ratel, cuja a sua empresa SRO Motorsport Group coordena esta corrida em parceria com a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), acredita que qualquer novo construtor precisa de acreditar que tem hipóteses contra aqueles que têm coleccionado informação da pista nos últimos e hoje são praticamente invencíveis. Da dúzia de construtores que pode participar nesta prova, apenas a Ferrari, por não ter equipa de fábrica na categoria GT3, e a Bentley, por discordar da localização da prova, não tem qualquer interesse nestancorrida. Todavia, apenas cinco participaram oficialmente na edição de 2018: Audi, BMW, Nissan, Mercedes-AMG e Porsche. Se a Honda teve uma experiência traumatizante em 2017, a Lamborghini não compareceu porque a sua equipa oficial no continente asiático está de mala feitas para a Europa. Igualmente ausentes, a Aston Martin e a McLaren vão disponibilizar novos modelos para o mercado apenas em 2019. O Conselho Mundial da FIA reúne-se a 5 de Dezembro em São Petersburgo, na Rússia, e não há certezas que saia já uma resolução do que fazer com a prova da RAEM. Apenas se sabe que a FIA cedeu à pressão dos construtores e mudou a data da prova de Xangai do Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC) que teimosamente coincidia com o Grande Prémio de Macau, o que era do desagrado de algumas marcas, como a Porsche ou a BMW. Regresso às origens Caso o voto da FIA seja na direcção de deslocalizar a Taça do Mundo de GT para outras paragens ou até mesmo colocar um ponto final à iniciativa, a presença dos carros de GT no Circuito da Guia não está condenada. Vários ex-pilotos da Taça GT Macau estiveram presentes como espectadores no evento que marcou o mês de Novembro na RAEM e não escondem a vontade de regressar como faziam num passado recente. Por outro lado, haverá vontade dos organizadores do Campeonato da China de GT em ocupar, em certa medida, o espaço que ficará em aberto caso a Taça GT Macau perca o estatuto de Taça do Mundo FIA. Apesar da importância do título que atribui a federação internacional, as próprias marcas não descartam regressar ao Circuito da Guia caso a corrida volte aos moldes anteriores, sem um ceptro mundial para outorgar. “Nesse cenário, iremos avaliar a nossa participação, mas para nós, Audi Sport customer racing, provavelmente fará sentido (voltar), pois temos muitos clientes na Ásia”, afirma Reinke. Já Frank-Steffen Walliser, o responsável máximo da Porsche Motorsport, que este ano também não deixou de marcar presença entre nós, deixa claro que a marca de Weissach voltará de qualquer maneira, até porque “haverá sempre a corrida de GT em Macau, isso é garantido, mas em que condições, logo veremos…”
José Navarro de Andrade h | Artes, Letras e IdeiasCoitado do Zé [dropcap]S[/dropcap]e eu quisesse podia ter tido um caso com Ângela Molina, ela é que não quis. Foi D. Luis, Grande de Espanha e olho de goraz, quem fez de Ângela Molina a Ângela Molina que ainda hoje é. Há-de tê-la medido de cima a baixo com a licença que a idade autoriza, e, embora correndo a desabrida década de 70 a pintainha nem deve ter piado, a despeito dos seus 22 aninhos e de uma natural propensão para o atrevimento. Este Luís, não haja equívocos, é o Buñuel, impenitente e originário surrealista, entomólogo dedicado à observação dessa espécie superior e arbitrária de insecto que é o humano, blasfemo para com a igreja, sacrílego para com as formas narrativas. Um “monstro” como em Espanha se diz dos toureiros de cartel, ou um “monstro” como à portuguesa resmunga quem se benze em face de um iconoclasta. Convencido com o que viu, Buñuel elencou Molina para a metade temperamental e selénica da personagem Conchita, guardando para Carole Bouquet a personificação do seu hemisfério luminoso e plácido. Porque assim e não doutra maneira é que o realizador achou bem, Conchita enverga por conseguinte duas actrizes, fazendo-o sem explicações nem causas, só com o efeito de confundir o espectador mais submisso – ou seja, todos nós – à unicidade entre actor e personagem. Este foi o último e obscuro objecto de desejo que Buñuel filmaria, nos idos de 1977, não admira que quisesse lá saber das regras. 15 anos depois, já éramos todos crescidos e Buñuel defunto, incumbiram-me de pajear Ângela Molina ida e volta de Seteais a Lisboa, convidada pela Cinemateca a confirmar em público que a famosa Ângela Molina não era de facto estrela, mas esplêndida lua que empalidece as estrelas do céu. Ela não arribara ao acaso ou de veraneio ao Monte da Lua, mas viera porque aceitara o papel de cara-metade de Jorge, esse coitado (e coitados de nós, que mal se viu o filme do homónimo Silva Melo, vítima das funestas bolandas da distribuição do cinema português.) Felizmente a memória atraiçoa, de modo que esqueci quem no percurso de regresso ao hotel propôs passarmos juntos parte do dia seguinte em que ela estaria de folga. (Eu? Não me reconheço assim temerário. Ela? A que propósito convidaria aquele galito entufado?) Toda essa auspiciosa tarde de Sábado nunca saímos da suite do hotel e pouco conversámos, discorrendo-a em livre intimidade. Angela Molina folheava revistas, mesmo as que estampavam mais texto do que fotografias, fumava com desprendimento charros do calibre de círios e sem se distrair com a televisão a cintilar de som desligado, olhava longamente para o ar, abandonada no sofá de robe acetinado e estampado como de gueixa, num torpor de felino saciado. Acomodei-me, portanto, a contemplar os seus vagares, apreciando-lhe o corpo – tão próximo que se tentasse poderia tocá-lo – sem a impostura da discrição, pois percebi que estar atento e ser atencioso era a parte que me competia. Porque o silêncio é austero ela queria que eu lhe fosse contando coisas interessantes sem serem controversas, de certo modo que a seduzisse, mas sem esforço ou tensão. Não era entretenimento que me pedia como se pede a um galante ou apaixonado, mas a oportunidade de por uma tarde se libertar da obrigação de ser Angela Molina, a vedeta a quem é devida deferência à qual ela se vê compelida a corresponder. Interroguei-me se não estaria a fazer de mim um marido putativo. Se acalentasse alguma expectativa ou mesmo ilusão de que algo de fantasioso pudesse suceder, um repente que eclodisse da ordem do palpitante e secreto, esta sensação de marasmo doméstico que ela de mim desfrutou foi-me desenganando. Com uma certa regularidade Ângela Molina recaía na figura de Ângela Molina e desanuviava o desapego em que a tarde se consumia apoquentando o room service com caprichos ou minudências. Nada de excêntrico e trabalhoso, apenas para conferir que da porta da suite para fora ainda angariava estatuto de VIP. Angela Molina era toda sexo, mas só de pele. Quando numa brevíssima sortida fomos às queijadas, que eu lhe havia elogiado como uma das delicadezas da vila, pôs um vestido leve com um decote que não mostrava nada e dizia tudo. Cabeças viraram-se nas ruas húmidas de Sintra à sua passagem, não porque a reconhecessem mas porque pressentiram que aquela mulher exibia algum significado indecifrável e queriam ver o resto. Ângela Molina foi a única pessoa com quem deparei – ai de mim, falho de mundo… – que na vida só tinha de ser ela própria. Isto é uma propriedade e uma limitação e conforta-me imaginar que por uma tarde contribuí para aliviar fardo tão pesado. Dei-me à veleidade de semanas depois telefonar um par de vezes para Madrid. Atendia a governanta. Lembrava-se lá Angela Molina daquele pedaço de nada.
José Simões Morais h | Artes, Letras e IdeiasEmigração via Macau e Hong Kong [dropcap]M[/dropcap]acau vivia um longo período de estagnação já desde os anos 40 do século XVII devido à perda do comércio com o Japão, o que originou um declínio económico, de miséria e com períodos esporádicos de maior abastança, até meados do século XIX, segundo Ana Maria Amaro, que refere, “De 1851 a 1874, Macau registou, novamente, um notável surto económico com o tráfico dos cules, que levou certas famílias a reatar os antigos hábitos de luxo e de ostentação. Este surto económico, embora de curta duração, aliado à afluência e refugiados chineses, deram lugar a forte pressão demográfica, que levou à urbanização de parte da área do Campo.” Victor F. S. Sit adita, “Só entre 1847 e 1874 embarcaram mais de 200 mil cules através de Macau. O número de agências estrangeiras sediadas em Macau envolvidas no tráfico de cules aumentou de uma meia dúzia que existiam em 1850 para mais de 300 em 1873. Nesta data, 30 a 40 mil homens, ou seja metade da população de Macau, estava directa ou indirectamente envolvida neste comércio. Dos cules embarcados em Macau 95% foram enviados para Cuba [sob domínio espanhol] e Peru [já independente]. Uma vez que o preço médio de um cule era de 70 patacas, estima-se que Macau terá ganho cerca de 200 mil patacas por ano no tráfico de cules, cinco vezes mais que o rendimento anual das taxas alfandegárias, antes de 1845. Nos locais de destino, os cules eram simplesmente tratados como escravos. A taxa de mortalidade dos cules a caminho de Cuba ou do Peru era cerca de 35%. Os locais de acolhimento dos cules concentravam-se no Beco da Felicidade, Pátio dos Cules, Rua de Santo António e Rua de Pedro Nolasco da Silva. Só em 1895 foi definitivamente encerrada a maior casa de acolhimento de cules (Heshengji).” Emigração por contrato “Em Macau foram os próprios chineses – conhecidos localmente por corretores – que descobriram a lucrativa actividade de contratar os seus irmãos do continente, atraindo-os ao entreposto português. Era comum virem por gosto, mas o problema do voluntariado era secundário, porque surgiram logo inúmeras formas de o contornar, combinando a credulidade de uns com a astúcia e a violência de outros. Redes de intermediários (…) diluíam-se entre a numerosa população da cidade de modo que, apesar de crescer a imoralidade, não estavam criadas estruturas específicas capazes de a reprimir. O ambiente cerrava-se, feio, à volta deste tráfego, cada vez menos defensável, mais distante da contratação de colonos e mais próximo da escravatura”, segundo Beatriz Basto da Silva (BBS). Em Macau, a primeira emigração por contrato ocorreu em 1851 e os primeiros engajadores desses colonos chineses foram dois franceses, Guillon e Durand. Aí embarcaram os 813 cules com destina a Cuba em dois barcos ingleses. “Seguiu-lhes o exemplo o negociante macaísta José Vicente Caetano Jorge, que transportou no seu navio 250 cules para Callao de Lima, sendo contratados para trabalhar por 8 anos com o soldo mensal de 4 patacas”, segundo Manuel Teixeira (MT). Legislar contra os abusos “Até 1851, esta emigração continuou sem conhecimento oficial das autoridades e segundo a maneira determinada pelo contratante. O Governador Isidoro Francisco Guimarães [Visconde da Praia Grande] julgou seu dever intervir, determinando, por portaria de 12 de Setembro de 1853, que os engajadores declarassem o local dos barracões ou depósitos onde recebiam os cules antes de os embarcar e o seu número, devendo os regulamentos desses depósitos ser de antemão submetidos à aprovação do Governo: a inspecção sanitária ficava a cargo do cirurgião-mor, devendo os doentes ser tratados em lugar separado; ao capitão do porto de Macau cumpria visitar os navios para examinar as acomodações, os mantimentos e a aguada. Dados os enormes lucros deste tráfico, surgiu a competição entre os agentes, que se rodearam de corretores, ou seja, chineses que se internavam pelo interior do império a aliciar emigrantes. Os corretores, na ânsia de aumentar a sua remuneração, iludiam frequentemente os pobres chineses com promessas falazes, forçando-os moralmente a emigrar”, segundo MT. Em Novembro de 1855, o Governador Guimarães publicou uma portaria onde “determinava que todos os contratos entre esses emigrantes e os agentes da emigração fossem registados na Procuratura dos Negócios Sínicos” e o procurador até à véspera dos embarques ficava obrigado a visitar os depósitos (barracões) dos colonos, para se informar, se algum chinês fora iludido ou forçado a embarcar contra a sua vontade. Caso deparasse com algum relutante, devia mandá-lo repatriar imediatamente. Como este regulamento guardava silêncio sobre os corretores, estes continuaram a aliciar impunemente os chineses e por isso, segundo BBS em “Junho de 1856, apareceu novo regulamento procurando refrear os corretores: estes deveriam obter da Procuratura uma licença anual, depositando 200 patacas de fiança; pagariam 100 patacas de multa quando se tornassem criminosos de coação ou engano para com os emigrantes ou quando recusassem repatriar os que fossem rejeitados pela autoridade ou pelos agentes.” Em 1856, de Macau saíram 2473 cules. Em HK até à II Guerra do Ópio “O Governo de Hong Kong proíbe [em 1854] gente e navios seus no transporte para as Ilhas Chincha (Peru), porque houve queixas. Mas consente para a Califórnia uma emigração pseudo-livre de corretores”, segundo BBS, que refere, “Não deixa de ser curiosa a cautelosa referência a acompanhar correspondência de John Browing, mencionando que a emigração via Hong Kong, de 1854 a 1855, era livre, não contratada!”. Com a proclamação pelos ingleses do Chinese Passengers Act em 30 de Junho de 1855, procurava-se assegurar o bem-estar e a liberdade dos emigrantes chineses. “A despeito deste decreto não ser estritamente cumprido pelos oficiais de Hong Kong, os mercadores de cules, sobretudo os agentes que recrutavam emigrantes para a América Latina, começaram a mudar-se de Hong Kong para Macau”, segundo Liu Cong e Leonor Seabra. “Em documentos apresentados ao Parlamento inglês em 1855 encontra-se uma estatística da emigração para o Peru, nos anos de 1843 a 1855, onde se vê que de 7356 emigrantes embarcados só 4754 chegaram ao seu destino, sendo mortos a bordo 349”, refere Andrade Corvo, mas BBS indica, de “1849 a 1854, foram embarcados de Cantão para o Peru 7356 cules e morreram 549 em viagem”. O negócio do tráfico de cules em HK ocorreu até 1856, quando o governo inglês, perante os protestos, criou leis e transferiu o problema para fora da sua jurisdição, proibindo o embarque desse porto. “Estas proibições eram levantadas em certas circunstâncias, desde que o capitão da viagem cumprisse com algumas regras severas, excepção que não deixou de ser largamente aproveitada. Na verdade, nunca houve respeito pelas proibições”, segundo Beatriz Basto da Silva que refere, “Em 1860 estimou-se que dos 4 mil cules desviados fraudulentamente, nenhum sobreviveu, tendo muitos procurado no suicídio a morte libertadora.”
Hoje Macau EventosReggae jamaicano é Património Imaterial da Humanidade da UNESCO [dropcap]A[/dropcap] música reggae jamaicana foi ontem inscrita na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade por uma comissão especializada da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A UNESCO destacou “a contribuição” desta música para a consciência internacional “sobre questões de injustiça, resistência, amor e humanidade”, graças a artistas como Bob Marley, de acordo com um comunicado divulgado após a reunião em Port-Louis, capital da ilha Maurícia. O reggae “preserva toda uma série de funções sociais básicas da música – sujeita a opiniões sociais, práticas catárticas e tradições religiosas – e continua a ser um meio de expressão cultural para a população jamaicana como um todo”, sublinhou. A organização da ONU lembrou que o género musical surgiu de um “amálgama de antigos ritmos musicais jamaicanos e outros de origens muito diferentes: Caraíbas, América Latina e América do Norte”. Em todos os níveis do sistema educacional do país, “o ensino desta música está presente, de creches a universidades”, acrescentou o comunicado.
Sofia Margarida Mota EventosSound & Image Challenge | Conhecida totalidade das curtas em competição Entre os dias 4 e 9 de Dezembro, o Teatro Dom Pedro V recebe o Festival Internacional de Curtas-Metragens Sound & Image Challenge. A organização deu a conhecer a totalidade do cartaz dedicado às curtas de ficção com a apresentação de 19 películas [dropcap]A[/dropcap] 9 ª edição do Sound & Image Challenge vai decorrer de 4 a 9 de Dezembro e traz ao Teatro Dom Pedro V, 84 curtas-metragens, 10 vídeos-musicais e três Master Classes além de várias conversas com realizadores estrangeiros e de Macau. Entretanto a organização já divulgou os últimos filmes do programa das curtas de ficção em competição. “A Drowning Man” vai ser exibido a 7 de Dezembro na sessão das 17h30. O filme dinamarquês é realizado por Mahdi Fleifel e traz ao ecrã a história de Kid que resolve ir para longe de casa, rumo a uma cidade desconhecida, em busca do sentido da vida. No entanto, acaba cercado por predadores tendo que ceder às suas exigências e assumir compromissos para conseguir sobrevier. Segue-se a projecção da película americana “Amal” realizada por Dilek Ince. Um filme centrado na actualidade em que Amal conta a história de uma médica americana que se encontra na Síria devastada pela guerra. Ao regressar ao seu país tenta levar uma menina ferida, mas é impedida de prosseguir com o seu objectivo pelos serviços de imigração dos Estados Unidos. Ling , é a viúva e mãe solteira malaia que emigrou para Hong Kong com a filha. Quatro anos depois, e devido a problemas mentais perde a custódia da menina. Acaba por ficar sem família, sem amigos e mesmo sem trabalho. Esta é o argumento que dá vida a “ Flow In The Wind” de Lee Pei-Yi. A sessão termina com “Who Am I?”, uma co-produção de Macau e das Filipinas realizada por Mark Justine Aguillon. O filme tenta responder à questão colocada com o título. “Quem sou eu?” é a pergunta colocada por três protagonistas femininas sendo que cada uma tem como referência o seu contexto em diferentes situações: na família , na carreira e no amor. À pergunta de todas acrescem as dúvidas acerca das razões da existência num mundo de incertezas. Mulheres reveladas As sessões de sexta continuam às 20h no Teatro D. Pedro V. “Labor” é o filme agendado para abrir as projecções do serão e que trata do drama de uma mulher que opta por ser barriga de aluguer e que deseja pôr fim à gravidez de um filho destinado a outra mulher. A película é realizada por Cecilia Albertini. A noite continua com “Livestreaming”, uma produção local do realizador Chao Ut Ieng. Mais um drama pessoal à volta de uma mulher que adopta um gato para escapar à pressão do marido para ter um filho. Mas a exigência do companheiro não é inocente e um segredo acaba por ser revelado. O filme espanhol com toques de surrealismo de Alicia Albares, “Mothers of Luna” é também centrado no feminino e traz a história de quatro mulheres de diferentes partes do mundo. Todas ouvem a voz de uma menina que ainda não nasceu mas que vive de alguma forma nas suas barrigas. Este bebé narra às mães a história das suas vidas passadas enquanto luta pelo seu grande objectivo: nascer. Uma discussão conjugal acerca das brincadeiras de um menino que prefere brincar com bonecas é o mote para “Till the sun comes in the sky”, o filme que fecha as projecções do dia. Vem da Suécia e é realizado por Alexe Landgren. O sábado cinematográfico começa às 16h com “Day One”. O filme russo de Quan Phuong é a recordação de Eli, uma jovem cega e surda, da sua primeira aula com a professora Anna. A história é baseada nas memórias de Helen Keller na peça “The miracle worker de William Gibson”. Isabella, lutadora de boxe fica gravemente ferida num combate que a deixa limitada a uma cadeira de rodas. Mas a filha Luna de oito anos, que vive com ela, embarca numa missão: fazer a mãe acreditar que pode voltar aos ringues e ser de novo a lutadora que a criança sempre conheceu e de quem precisa. Esta é a história de “Shadow Boxer” de Andreas Bøggild Monies. Segue-se “Telephone”, o filme sírio de Samah Safi Bayazid e de Muhammad Bayazid. Passado numa cela de prisão, “Telephone” traz a saga de um detido que descobre que tem uma linha telefónica na sua cela. Destinado a encontrar uma paixão antiga, o prisioneiro consegue ter acesso a um telefone para fazer ligações e tentar encontrar a agente de viagens por quem se tinha apaixonado. “The Gray Line” é uma película adaptada do conto homónimo de Manik Bandopadhyay pelo realizador do Bangladesh, Saki Farzana e que trata a história de um país e das suas divisões através de duas crianças, uma hindu e uma muçulmana. “The most beautiful moment in life” volta a trazer à tela o cinema local, desta feita com a realização de Dice Leong e uma história ternurenta de uma jovem que encontra um senhor idoso que veste um cachecol feito por ela. A fechar a tarde de sábado vai estar o filme chileno “The Visit” de Patricio Quinteros Allende que percorre a procura de memórias de uma menina de nove anos ao confrontar-se com uma visita de estranhos. No lado negro O serão de sábado começa às 20h e no programa traz um conjunto de filmes dark. “Behind the Dream” do realizador de Taiwan Chih Yuan-Yan Lu conta o sonho de Lin Hsian antes da sua morte e que o leva aos recantos mais obscuros do inconsciente. Em “Crackled Skulls” o suspense reina quando Roger, diagnosticado com problemas mentais vai para um hospício onde trabalha um barbeiro sob quem paira a suspeita de assassínio. O filme de Kris Verdonck atinge o seu auge quando Roger tem que ir cortar a barba. A situação dos emigrantes ilegais em Macau é tratada por Penny Lam Kin-Kuan em “Illegalist”. Dois emigrantes chineses, um trabalhador da construção civil e uma prostituta vêm para o território, mas começam a ver a sua vida cada vez mais complicada quando as políticas de prevenção da emigração ilegal começam a ser mais rigorosas e as punições mais pesadas. Steffen Geypens realiza “Silent Campine” . A película desenrola-se na Flandres após a primeira Guerra Mundial em que um ex-soldado que sofre de um trauma de guerra vai caçar diariamente com o filho para alimentar a família. O dia termina com “The Girl in the Snow” do suíço Dennis Ledergerber que traz a história de um artista solitário. A organização revelou ainda os protagonistas das master Classes a serem realizadas. Aditya Kapur, Pascal Forney e Detsky Graffam vão falar de “A imagem: da captura ao controle”, do desenvolvimento do negócio das curtas metragens e de “Como escrever, produzir e distribuir uma curta-metragem”, respectivamente, nos dias 7 e 8 de Dezembro.
Hoje Macau SociedadeReceios da comunidade portuguesa deram lugar a nova geração de quadros liberais Quase 20 anos após a transição de Macau para a China, o receio sentido pela comunidade portuguesa deu lugar a uma nova geração de quadros liberais, disseram à Lusa Amélia António e Jorge Neto Valente [dropcap]A[/dropcap] presidente da Casa de Portugal em Macau, Amélia António, afirmou à Lusa que “a comunidade portuguesa retraiu-se imenso durante esse período pós 1999, as pessoas sentiam-se inquietas, não sabiam como é que as coisas iam evoluir e refugiavam-se muito no seu círculo de amigos”. “Muita gente ligada à administração foi saindo”, explicou o presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, a única associação pública profissional do território. A 13 de Abril de 1987, Cavaco Silva assinou em Pequim, enquanto primeiro-ministro de Portugal, a declaração conjunta luso-chinesa sobre a transferência da administração do território de Macau para a China até 20 de Dezembro de 1999, o início de um futuro incerto para muitos portugueses, que na sua maioria trabalhava na administração. Amélia António, que vive em Macau desde 1982 e que foi a primeira mulher a exercer advocacia no território, considerou que a Casa de Portugal, criada em 2001 e presidida pela advogada desde 2005, foi fundamental para a libertação cultural e para que a comunidade portuguesa conseguisse abraçar o novo papel que lhe estava destinado. “Não havia entidade nenhuma que promovesse e tivesse ligação com a presença e com a cultura portuguesa”, disse a presidente da associação, que aposta no desenvolvimento pessoal e na formação técnica dos seus associados através de cursos de artes plásticas, multimédia, cerâmica, fotografia, entre outros, mas também através do desporto, como as aulas de futebol, e das comemorações das datas mais importantes de Portugal. As profissões que acolhem mais portugueses continuam a ser a advocacia, engenharia, medicina e arquitectura, afirmaram os dois líderes associativos, mas mais recentemente, a partir do início da crise económica em Portugal em 2011, “têm vindo muitos portugueses para fora da administração, nomeadamente em empresas comerciais, de várias actividades, apontou Neto Valente. “O aumento dos portugueses nota-se mais quando em Portugal há mais dificuldade na economia”, afirmou o presidente da Associação dos Advogados, que vive em Macau há cerca de 48 anos. Na mesma linha de raciocínio, Amélia António indicou: “as pessoas que agora vêm é gente muito mais nova com formação em muitas áreas diferentes” e que recentemente têm trabalhado cada vez mais nas concessionárias do jogo. Língua de direito De acordo com dados disponibilizados à Lusa pelos serviços consulares do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, estão inscritos no Consulado mais de 160 mil cidadãos titulares de passaporte português e cerca de 5 mil cidadãos nascidos em Portugal. Os passaportes portugueses – com direitos de cidadania plena – foram concedidos a qualquer pessoa nascida antes de 20 de Novembro de 1981, e a nacionalidade portuguesa foi garantida aos filhos dessas pessoas, daí a existência de mais de 160 mil cidadãos titulares de passaporte português. Da passagem da administração portuguesa ficou, entre outros, os edifícios coloniais, a calçada portuguesa, os azulejos, mas também património imaterial como a língua portuguesa, que continua a ser oficial nos serviços públicos e o direito, que é de matriz portuguesa. “Há um grande interesse pela língua portuguesa, para a prática do direito, que é de matriz portuguesa e que é um direito que tem acesso a fontes doutrinárias portuguesas, há muitas obras jurídicas em português, sobre o direito português, mas que é transponível para Macau”, explicou o presidente da Associação dos Advogados. “Ainda hoje se recorre muito à jurisprudência dos tribunais portugueses”, indicou. Este ano, o Governo de Macau limitou a investigação e os julgamentos em casos que envolvam a segurança do Estado apenas a magistrados do Ministério Público e juízes com cidadania chinesa, o que na opinião de Neto Valente “é um erro tremendo e é contra a Lei Básica”. Ao abrigo da Lei Básica, sob o enquadramento “um país, dois sistemas”, que permite ao território manter as suas características próprias até 2049. “Durante 50 anos [de 1999 a 2049] a Lei Básica garante que um sistema anterior, sistema capitalista, não será alterado e que não vão ser aplicados em Macau as políticas socialistas (…) mas não diz lá que continua a ser igual a antes de Dezembro de 1999, porque o objectivo da China é absorver e integrar Macau”, considera Neto Valente. Apesar disso, o responsável pela Associação dos Advogados afirmou que o estabelecimento de Macau, por parte de Pequim, em 2003, como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa “é importante porque é uma forma de criar mais ligações ao mundo falante de português”, o que, na sua opinião é “um aspecto de valorização da língua portuguesa”. “Mas para ser falante de português não é preciso ser português e os chineses estão a investir muito na aprendizagem do português por chineses”, disse.
João Santos Filipe SociedadePortas do Cerco | Terminal de autocarros reabre a 15 de Dezembro Mais de um ano depois, 13 carreiras vão voltar a circular e a parar no terminal das Portas do Cerco. Além disso, nos fins-de-semana e feriados os autocarros das excursões vão ficar proibidos de circular nas intermediações do terminal [dropcap]O[/dropcap] terminal de autocarros das Portas do Cerco vai reabrir a 15 de Dezembro, com 13 carreiras. A revelação foi feita, ontem, pelo Director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San. “A partir do dia 15 de Dezembro, são 24 carreiras as que vão utilizar as imediações do terminal como paragem. Depois, as carreiras que vão parar no terminal das Portas do Cerco serão 13”, disse Lam Hin San, no final de uma reunião do Conselho Consultivo de Trânsito. “Por enquanto, vão ser 13 carreiras a utilizar o terminal, que tem uma média de 170 mil passageiros por dia”, acrescentou. Segundo as informações disponibilizadas, os autocarros número 1 (Barra – Av. Tamagnini Barbosa), 3 (Porto Exterior – Istmo F. Amaral), 10 (Barra – Av. Tamagnini Barbosa), 25 (Av. Tamagnini Barbosa – Vila de Coloane), 25B (Rua dos Currais – Rotunda Flor de Lótus), AP1 (Portas do Cerco – Aeroporto de Macau) e MT4 (Parque Sun Yat Sen – Terminal da Taipa) vão ter as Portas do Cerco como paragem inicial. Já as carreiras 17 (Jardim Camões – Centro Cultural), 27 (Ilha Verde – Areia Preta), 30 (Rua Lei Pou Chon – Taipa), 34 (R. Marginal do Canal das Hortas – Jardins do Oceano) e 51A (The Praia – Av. Vale das Borboletas). Finalmente, a carreira 3X (Praça Ferreira Amaral – Istmo Ferreira do Amaral) vai utilizar o terminal como última paragem. Além da reabertura do trânsito no terminal das Portas do Cerco, a partir de 8 de Dezembro, nos fins-de-semana e feriados, os autocarros de turismo para as excursões ficam igualmente proibidos de circular perto do terminal, entre as 16h e as 20h. “É uma medida para aliviar a pressão do trânsito”, explicou Lam Hin San. “Passo a passo queremos fazer com que as excursões utilizem antes a fronteira da Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau”, clarificou. Maior frequência Por outro lado, o director da DSAT admitiu que vai pedir à empresa responsável pelos autocarros que fazem a travessia da nova ponte que aumentem a frequência. Após a abertura da ponte houve queixas sobre o número insuficiente de autocarros, o que fez inclusive com que vários turistas do Interior da China se vissem forçados a ficar por Macau, no último fim-de-semana, quando pretendiam deslocar-se para Hong Kong. Ainda sobre a ponte, Lam Hin San explicou a existência de veículos de Hong Kong que circulam em Macau sem matrícula do território. “De acordo com a legislação em vigor, há uma matrícula electrónica. Os carros de Hong Kong apenas precisam de ter a matrícula da RAEHK e os carros de Macau também não precisam de meter a matrícula de Hong Kong”, clarificou. Contudo, o director da DSAT garantiu também que estas pessoas têm de cumprir as leis e que vão ser sancionadas como qualquer condutor em Macau. Inspecções privadas O Governo está a preparar a abertura do sector da inspecção de veículos a empresas privadas. O cenário foi avançado, ontem, por Lam Hin San, que explicou que actualmente o Executivo faz a inspecção de 100 mil veículos por ano. Com a abertura do sector, existe a expectativa de reduzir a carga do trabalho do Governo, ao mesmo tempo que se acelera o processo para os proprietários de veículos. Lam frisou ainda que é comum que em outros países e regiões sejam os privados a fazer a inspecção. Parquímetros electrónicos Os parquímetros do estacionamento vão passar a ter de incluir obrigatoriamente meio de pagamento electrónico. Segundo Lam Hin San, o regulamento para os parques de estacionamento vai ser alterado. Uma das mudanças em perspetiva é tornar obrigatória a possibilidade de usar meios de pagamento alternativos às moedas. Além disso, o Governo quer utilizar os terrenos recuperados, enquanto ainda aguardam pelos projectos de aproveitamento, para o estacionamento de viaturas, de forma temporária. Flor de Lótus mais cara As empresas TCM e Estrada para Veículos Ki-Kuan pediram e o Governo acedeu. A partir do próximo sábado o bilhete de autocarro para atravessar a Ponte da Flor de Lótus, no Cotai, vai aumentar para seis patacas, quando actualmente o custo é cinco. Este é o primeiro aumento desde 2016, explicado com os custos crescentes. “A DSAT procedeu à análise do pedido e verificou, relativamente ao Índice de Preços no Consumidor Geral e ao preço do gasóleo leve para veículos, aumentos de 3,3 por cento e de 6,3 por cento, respectivamente, quando comparado com o mesmo período do ano passado”, foi dito.
João Luz SociedadeCCCC Highway ganha concurso para conceber túnel entre Macau e Taipa [dropcap]A[/dropcap] CCCC Highway Consultants Co ganhou a adjudicação para conceber o projecto preliminar e sondagem geotécnica do Túnel Subaquático junto à Ponte Governador Nobre de Carvalho. O estudo de viabilidade da obra foi adjudicado à mesma empresa. A gigante estatal CCCC Highway Consultants teve a seu cargo infra-estruturas de grande relevo, ao abrigo da política “Uma Faixa, Uma Rota” A concepção preliminar, sondagem geotécnica e estudo temático do túnel subaquático junto à Ponte Governador Nobre de Carvalho vai custar 99.270 milhões de patacas. A adjudicação foi atribuída à sucursal de Macau da CCCC Highway Consultants, que terá 800 dias para concluir os trabalhos. A gigante estatal tem tido a seu cargo inúmeros projectos em Macau, incluindo o estudo de viabilidade para a construção de dois túneis junto à referida ponte, adjudicado em Junho de 2016. Este trabalho vai custar, até 2020, mais de 7.2 milhões de patacas aos cofres do Executivo. Em Maio deste ano, a mesma empresa ganhou a adjudicação para a elaboração do projecto da rede viária na periferia dos pontos de partida e de chegada da quarta ponte Macau – Taipa, no valor de quase 55 milhões de patacas. Milhões em festa No rescaldo da recente visita de Xi Jinping às Filipinas, no meio do anúncio de vários projectos conjuntos que aumentam a influência de Pequim no disputado Mar do Sul da China, foram firmados acordos que envolvem a CCCC Highway Consultants. A gigante estatal ficou dois estudos de viabilidade para infra-estruturas de dimensão considerável. Um dos trabalhos é autoestrada de Davao, com 26 quilómetros de extensão, e que terá o valor de quase 30 milhões de patacas. O outro estudo vai aferir a viabilidade do projecto de construção das pontes entre as ilhas Panay-Guimaras-Negros, num prazo de 14 meses. Em Janeiro último, um consórcio de que CCCC Highway Consultants faz parte ganhou a adjudicação de uma obra milionária na Croácia, uma ponte que irá custar 346 milhões de dólares americanos aos cofres públicos do país banhado pelo Adriático. A construtora estatal chinesa tem sido uma das empresas beneficiadas pelos projectos estabelecidos ao abrigo da política “Uma Faixa, Uma Rota”, com obras feitas em locais tão distintos como Panamá, Tadjiquistão, Angola, Malásia. A empresa teve como accionistas Li Ka Shing, que já foi considerado o homem mais rico de Hong Kong, e Joseph Lau, empresário de Hong Kong condenado por corrupção em Macau.
Hoje Macau PolíticaDeputado Si Ka Lon pede circunvalação para ligar Macau às ilhas [dropcap]O[/dropcap] deputado Si Ka Lon solicita a construção de vias que circundem a península de Macau, Taipa e Coloane, de modo a serem uma alternativa às deslocações que obriguem os automobilistas a atravessar as três zonas. O objectivo, aponta o deputado em interpelação escrita, é atenuar os problemas de trânsito. A ideia já foi, em parte, avançada pelo Governo quando comunicou que tencionava construir uma via de ligação entre a península de Macau, a zona A de novos aterros e a Taipa. No entanto, até à data, os trabalhos ainda não começaram. “A construção de vias circulares não é muito difícil. É óbvio que existem dificuldades, mas o mais importante é que o Executivo tenha determinação”, refere o deputado. O tribuno interpela o Governo para que divulgue uma agenda concreta para a concretização de medidas que atenuem as pressões de tráfego e que esclareça se a construção de vias que circundem o território e da quarta ponte estão incluídas no plano urbanístico geral que se encontra em processo de elaboração. Por outro lado, Si sublinha que o trânsito tem sido uma das suas grandes preocupações tendo solicitado nos últimos anos ao Governo que tome medidas para o melhoramento das condições locais. Além disso, o deputado critica o Executivo por não limitar a circulação de veículos em Macau tendo em conta a capacidade do território. Si Ka Lon salienta ainda o aumento dos problemas de tráfego com a abertura da Ponte HKZM e durante a realização do Grande Prémio.
Hoje Macau SociedadeFuncionário de oficina de automóveis detido por burla de 400 mil patacas [dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve um trabalhador de uma oficina de reparação de automóveis por suspeita de burla de seis proprietários de veículos danificados durante a passagem do tufão Hato, no valor de 400 mil patacas. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a PJ recebeu, de Dezembro de 2017 a Março deste ano, seis denúncias de proprietários que pagaram cada um entre 20 mil e 60 mil patacas depois de deixarem os carros danificados numa oficina situada na Areia Preta. Segundo a mesma fonte, os veículos nunca reparados. Após investigação, a PJ apurou que os carros se encontravam estacionados num auto-silo na Praça de Ponte e Horta ainda danificados. O suspeito, de 43 anos, foi detido na passada terça-feira depois de entrar em Macau pela fronteira das Portas do Cerco.
Hoje Macau SociedadeResidente de Hong Kong condenado por tráfico de droga [dropcap]U[/dropcap]m jovem de Hong Kong foi condenado a sete anos de pena de prisão pelo crime de tráfico de estupefacientes. De acordo com o Jornal Ou Mun, o jovem com 27 anos, em colaboração com outros dois homens, transportava cocaína para Macau recebendo 2000 dólares de Hong Kong pelo serviço. O detido foi apanhado no posto fronteiriço do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto Exterior por agentes dos Serviços de Alfândega na posse de uma grande quantidade de cocaína.
Andreia Sofia Silva PolíticaHo Iat Seng, presidente da AL, ausente das sessões plenárias por motivos de saúde [dropcap]O[/dropcap]presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, esteve ausente das últimas sessões plenárias por motivos de saúde. O HM confirmou junto da AL que o deputado eleito pela via indirecta tem estado a recuperar de uma inflamação aguda do nervo ciático, o que obrigou à sua substituição por Chui Sai Cheong, vice-presidente do hemiciclo e também deputado eleito pela via indirecta pelo sector profissional. Ho Iat Seng tem sido apontado por vários analistas como um provável candidato ao cargo de Chefe do Executivo. De acordo com um fisioterapeuta contactado pelo HM, esta patologia não tem gravidade suficiente para afectar o seu desempenho profissional, a carreira política no futuro ou a eventual candidatura ao mais elevado cargo político de Macau. “É uma situação temporária que se pode resolver com cirurgia ou fisioterapia, mas em termos da vida profissional da pessoa esta continua activa para fazer tudo o mais. Em termos políticos, não vai alterar nada a sua vida, no seu quotidiano”, explicou Anselmo Santos, fisioterapeuta. O especialista considerou ainda que estes episódios são sempre passageiros. “Em relação ao cargo político que desempenha, como é uma posição mental, para a qual é necessário pensar, falar e decidir, é uma posição em que esta patologia não afecta.” Ho Iat Seng esteve ausente dos dois debates onde se discutiram as Linhas de Acção Governativa (LAG) na área da Administração e Justiça, tendo falhado também o debate de ontem com Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, além da análise ao programa político do Governo para o próximo ano. Anteriormente, Ho Iat Seng esteve presente quando o Chefe do Executivo, Chui Sai On, apresentou o relatório das LAG para 2019. O HM tentou saber junto da AL quando está previsto o regresso de Ho Iat Seng às suas funções de deputado e há quanto tempo sofre desta patologia. Mas até ao fecho desta edição não foi obtida qualquer resposta.
Diana do Mar PolíticaEscutas ilegais | Visados vão poder pedir compensação ao Governo [dropcap]O[/dropcap] Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, afirmou ontem que quem for visado por uma escuta ilegal vai poder pedir uma compensação. “A pessoa lesada pode pedir compensação junto do Governo”, revelou em resposta à deputada Ella Lei, que manifestando preocupações relativamente ao Regime de Intercepção das Comunicações, que deve dar entrada na Assembleia Legislativa em 2019, abordando a suspeita de actos ilegais que geram os cortes e ruídos durante chamadas telefónicas. Segundo Wong Sio Chak, no futuro, após a avaliação do procedimento, haverá um “mecanismo para comunicar ao interessado” a escuta ilegal de que foi alvo, permitindo-lhe exigir então uma compensação. Face à falta de confiança no domínio da protecção do direito à privacidade, invocada pelos deputados, Wong Sio Chak reiterou que todo o processo passa sempre por um juiz que, após a aprovar as escutas, emite dois despachos – um dirigido à polícia e outro para a companhia de telecomunicações – sendo que ambos têm contas a prestar. “A Companhia de Telecomunicações tem este dever e tarefa de proteger a privacidade e os dados pessoais, caso contrário, tem que assumir as devidas responsabilidades”, afirmou o secretário para a Segurança, revelando ainda que, no futuro, vai ser criado “um crime autónomo não só para limitar a polícia, mas também a companhia de telecomunicações”.
Diana do Mar PolíticaLAG 2019 | Wong Sio Chak questionado sobre obras da nova prisão [dropcap]N[/dropcap]o plenário, o Secretário para a Segurança foi confrontado também com o andamento da nova prisão por deputados como Wong Kit Cheng, que recordou que a empreitada começou em 2010 e vai em mais de mil milhões de patacas. Na réplica, Wong Sio Chak respondeu que ia perguntar a Mak Soi Kun, deputado e empreiteiro, sublinhando que da última vez que o fez resultou, dado a que a segunda fase de construção está em vias de ser finalizada. Foi o que atestou o director dos Serviços Correccionais, em complemento, indicando, porém, que o Estabelecimento Prisional de Coloane vai ter de ser submetido a mais obras até que nasça a nova infra-estrutura face ao crescente aumento da população prisional, fixada actualmente em 1412 reclusos, ou seja, 90 por cento da sua capacidade. Segundo Cheng Fong Meng, pelo menos a curto prazo vão ser criadas mais 20 celas. Os deputados abordaram também a falta de recursos humanos, com o mesmo responsável a indicar que actualmente existem 617 guardas prisionais, havendo 139 vagas por preencher. “Há cada vez mais falta de pessoas e, portanto, no próximo ano, vamos abrir concurso para contratar”, adiantou.
Diana do Mar PolíticaLAG 2019 | Chan Wa Keong abordou diferenças físicas entre homens e mulheres polícias [dropcap]C[/dropcap]han Wa Keong insinuou ontem a possibilidade de a segurança do território ser beliscada por os requisitos exigidos às mulheres que ingressam na polícia em termos de condições físicas serem inferiores. “Não há diferenciação na prova escrita, mas há na física. Não estou a discriminar o sexo feminino, mas são os factos”, observou, contando o caso de uma agente que, com medo de fazer a patrulha durante a noite, tinha de ser acompanhada pelo namorado. “Como é que são distribuídas as funções?”, questionou o deputado nomeado, que acabou por ferir susceptibilidades, nomeadamente de Wong Kit Cheng, da Associação das Mulheres. “Há tarefas que implicam inteligência”, em vez de força física, respondeu o secretário, apontando que actualmente as mulheres representam 22 por cento do universo de efectivos que integram as forças de segurança. Como ressalvou, as percentagens variam, sendo que no Corpo de Bombeiros, por exemplo, representam 4,73 por cento.
Diana do Mar PolíticaLAG 2019 | Panfletos pornográficos ou não? Eis a questão [dropcap]A[/dropcap] deputada Chan Hong perguntou ao Secretário para a Segurança que tipo de medidas tem posto em marcha para “erradicar” uma situação que “perdura há muito tempo” e que tem um impacto “negativo” não só para a imagem de Macau como para os jovens da terra. Em causa a distribuição de “panfletos pornográficos” principalmente junto aos casinos, uma actividade que, segundo lamentou a também vice-presidente da Associação da Construção Conjunta de Um Bom Lar, acaba por passar incólume, dado que muitos detidos acabam por não ser formalmente acusados. “O essencial tem que ver com o conceito de pornografia”, sublinhou Wong Sio Chak, apontando que, à luz da lei relativa sobre a venda, exposição e exibição públicas de material pornográfico e obsceno, teria que verificar-se a exibição de órgãos ou actos sexuais, pelo que os tribunais actuam em conformidade. “É necessário haver consenso sobre o que constitui pornografia”, realçou, prometendo fazer estudos relativamente ao assunto com vista a uma eventual revisão da lei.
Diana do Mar PolíticaPonte HKZM | Falta de planeamento urbanístico atrasa centro logístico [dropcap]O[/dropcap] projecto de criação de um centro logístico junto à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau encontra-se estancado devido à falta de planeamento urbanístico. Foi o que indicou ontem o Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, após ser questionado pelos deputados a propósito no primeiro dia de debate sectorial das Linhas de Acção Governativa (LAG) da sua tutela. “A 27 de Junho, o Chefe do Executivo delegou poderes aos serviços para os trabalhos preparatórios. Os Serviços de Alfândega entraram em contacto com a Direcção dos Serviços de Assuntos de Tráfego e com o sector logístico para opiniões técnicas e pensámos em realizar uma consulta pública em finais deste ano ou no início do próximo, mas devido aos trabalhos do planeamento urbanístico a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) pediu para aguardarmos um pouco”, explicou. Neste âmbito, Wong Sio Chak adiantou que, no próximo ano, a Direcção dos Serviços das Forças de Segurança vai passar a ser responsável pelos trabalhos de concurso público para adjudicação das actividades comerciais na zona de administração do posto fronteiriço de Macau na Ponte do Delta. Falta de recursos humanos O impacto da abertura, há pouco mais de um mês, foi um dos temas que também suscitou uma série de perguntas por parte dos deputados devido ao fluxo nas fronteiras. “Estamos a sentir muita pressão”, confirmou o Secretário para a Segurança, atestando a falta de recursos humanos. “Destacamos 210 agentes para fazer inspecções alfandegárias [na ponte do Delta]. Em Hong Kong são 600 e em Zhuhai há 500”, apontou. Wong Sio Chak deu outro exemplo: “Nas Portas do Cerco, o número de trabalhadores é o dobro e temos o mesmo volume de trabalho”. O secretário para a Segurança recordou ainda o “incidente” do passado sábado, dia em que foi batido um duplo recorde em Macau: as Portas do Cerco registaram 460 mil movimentos e os todos os postos fronteiriços 620 mil. Neste âmbito, Wong Sio Chak aproveitou para destacar as mais valias das novas tecnologias, indicando que para o posto fronteiriço de Qingmao, actualmente em construção, vai ser estudado um novo modelo de passagem. Em curso com as entidade congéneres da China estão igualmente conversações sobre o futuro desenvolvimento do posto fronteiriço da Flor de Lótus, incluindo sobre esse ponto em particular. “Há neste momento falta de recursos humanos”, reconheceu o Secretário para a Segurança, indicando que, no ano passado, o Chefe do Executivo autorizou a contratação de mais 300 trabalhadores para a sua tutela, sendo o Corpo dos Bombeiros um dos departamentos que mais preocupa. Actualmente, segundo indicou, os efectivos das forças de segurança, estimados em aproximadamente 11 mil, representam 35,12 por cento do universo de funcionários públicos, uma proporção inferior nomeadamente a Hong Kong (37,5 por cento), indicou o Secretário para a Segurança.
Diana do Mar Manchete PolíticaLAG 2019 | Reconhecimento facial em 200 câmaras de videovigilância até 2020 Uma em cada dez câmaras de videovigilância a instalar até Março de 2020 em espaços públicos, no âmbito do plano “Olhos no Céu”, vai ter uma nova valência: reconhecimento facial [dropcap]D[/dropcap]as 1.620 câmaras que vão ser instaladas até ao final de 2020, ao abrigo do sistema de videovigilância em espaços públicos, conhecido como “Olhos no Céu”, 200 vão ser dotadas do sistema de reconhecimento facial. A revelação foi feita ontem pelo Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, no primeiro dia do debate sectorial da das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, na Assembleia Legislativa. “Vamos escolher 50 câmaras de cada fase para inserir a função de reconhecimento facial”, afirmou. O projecto “Olhos no Céu”, lançado há dois anos, tem quatro fases, englobando um total de 1620 câmaras de videovigilância a instalar até Março de 2020. De acordo com dados dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), encontra-se actualmente em curso a quarta etapa relativa à colocação de 800 câmaras em lugares isolados e com risco. A primeira versou sobre as zonas em torno das fronteiras (219), a segunda sobre as principais vias rodoviárias (263), enquanto a terceira fase de instalação de câmaras (338), concluída em Junho último, teve como alvo os pontos turísticos, infra-estruturas críticas e os denominados ‘pontos negros’ da segurança. Para durar O sistema de videovigilância em espaços públicos foi um dos principais temas levantados pelos deputados que quiseram saber exactamente qual o contributo das câmaras espalhadas pela cidade para o combate ao crime. “Até ao momento, houve 1208 casos em que, no decurso da investigação, foram consultados os registos gravados, envolvendo crimes de droga, roubo, furto ou fogo posto”, indicou o Secretário para a Segurança, para quem os números evidenciam o papel do sistema no aumento da eficiência da investigação, prevenção e repressão da criminalidade. Tanto que – embora não tenha sido formalmente anunciado – há já um plano para a quinta e sexta fases do “Olhos no Céu”, adiantou Wong Sio Chak, dando conta de que vão debruçar-se sobre os novos aterros, estando a data de entrada em funcionamento prevista para 2026. Face aos resultados alcançados com o sistema de videovigilância em espaços públicos houve deputados, como Davis Fong e Zheng Anting, a propor a possibilidade de ser estendido aos casinos, com a valência do reconhecimento facial, a qual foi descartada pelo secretário para a Segurança. “Os casinos não são zonas públicas, logo a polícia não pode instalar [câmaras] com a função de reconhecimento facial”, afirmou Wong Sio Chak, apontando que a única coisa que as autoridades podem fazer é solicitar às operadoras de jogo as gravações para servirem eventualmente de provas em investigações.