AAMC nomeou um homem para represente nacional do “Women in Motorsport”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), que representa o território na Federação Internacional do Automóvel (FIA), não terá assento permanente na Comissão de Mulheres da FIA, mas, ao contrário da grande maioria das suas congéneres, o seu representante nacional, é um homem!

Criada com a bênção de Jean Todt, a Comissão de Mulheres da FIA foi estabelecida em 2009 e pretende encorajar mais mulheres a participarem em diferentes níveis do desporto automóvel, tendo como presidente a francesa Michèle Mouton, a primeira senhora a vencer uma prova do Campeonato do Mundo de Ralis. Por seu lado, os representantes nacionais servem como ligação da Comissão dentro do espectro da sua área de jurisdição.

Apesar de não ter nenhum membro feminino de relevo na Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), esta nomeou a piloto de ralis Joana Barbosa. Já a homologa federação brasileira Brasil, fez o mesmo, escolhendo para esse papel Fabiana Ecclestone, a esposa do ex-patrão da Fórmula 1 Bernie Ecclestone e que durante muitos anos foi um pilar na organização do Grande Prémio do Brasil de Fórmula 1, em Interlagos.

Por seu lado, a AAMC, que também não tem qualquer senhora nos seus cargos dirigentes, optou por nomear um homem, Thomas Wong. O HM contactou a AAMC com o intuito de tentar perceber esta escolha, mas até ao momento da publicação deste artigo não recebeu qualquer resposta.

Dos cinquenta e dois membros nacionais da “Women in Motorsports”, apenas Macau, Uruguai e México optaram por um membro do sexo masculino. Esta não é a primeira vez que a AAMC tem a oportunidade para nomear uma senhora para um acontecimento principalmente focado para elas e não o faz. Na primeira edição da Taça da Corrida China, onde as quatro associações automóveis da Grande China tinham que ter um carro com uma piloto do sexo feminino, ao contrário da China Continental, Taipé Chinês e Hong Kong, Macau não se fez representar, mesmo contando nos seus associados com uma piloto com créditos firmados e andamento para envergonhar alguns dos seus adversários do sexo oposto.

 

Há espaço para mais

Diana Rosário foi a campeã da Ford Fórmula Campus em 2009, até hoje a única piloto feminino a obter um título de monolugares no continente asiático, e acredita que Macau ainda tem um longo caminho a percorrer no que respeita à integração das mulheres no desporto automóvel.

“Neste momento, não vejo que esteja a ser feito alguma coisa nesse sentido. Como piloto de Macau por tantos anos, nunca tive qualquer especial atenção ou apoio por isso”, explicou a piloto da RAEM. “Mesmo a trabalhando noutras posições do desporto automóvel, como Directora de Corridas ou participando na organização de eventos e campeonatos em Hong Kong e na China, nunca houve nenhuma intenção de me chamarem para fazer parte, para ajudar.”

Os objectivos da FIA não passam só por ter mais mulheres ao volante, mas ter mais elementos do sexo feminino com papeis relevantes no desporto, desde a organização de eventos, parte técnica, assessorias e comissariados. Esta ambição tem uma razão e um propósito que vai para lá do comercial e do politicamente correcto na sociedade actual.

“Eu acredito que as mulheres merecem mais, como podem ver pela representatividade que as mulheres têm na FIA e o porquê que a FIA quer dar ouvidos às mulheres. É preciso ouvir as mulheres, porque isso ajudará a desenvolver ainda mais o desporto”, afirma a actual instrutora da Mercedes AMG China e figura de destaque na organização do troféu Renault Clio China.

Apesar de não se vislumbrar qualquer mudança na mentalidade local a curto prazo, Diana Rosário espera que as intenções da federação internacional tenham repercussões no território: “Eu espero que as organizações em Macau realmente pensem sobre isto. Eu vejo umas quantas mulheres com conhecimento nos desportos motorizados, porque não dar mais oportunidades também às mulheres?”

 

Projecto FIA no Karting

A FIA vai promover este ano um projecto piloto que visa promover o desporto automóvel junto do público feminino com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos. Por enquanto, a ideia apresentada no Salão Automóvel de Genebra apenas contempla países europeus, mas o conceito deverá expandir-se a outros continentes nos próximos anos. Portugal foi um dos oito países escolhidos pela FIA e pela União Europeia para desenvolver o projecto: “The Girls on Track”.

A FPAK terá como missão organizar, até final de 2018, dois eventos de karting intitulados “Karting Challenge” e atrair para estas iniciativas o maior número de jovens do sexo feminino para experimentarem a modalidade. Aquelas que melhor se saírem neste desafio terão a possibilidade de disputar a grande final contra as pilotos seleccionadas dos restantes países num evento organizado em Le Mans, França.

16 Mar 2018

Medicina e pensamento arcaico

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] principal característica do pensamento arcaico é ser da totalidade, da natureza no seu todo, da totalidade da natureza, numa das suas formulações. Com os atomistas, há uma tendência analítica para resolver “todos analíticos” e “todos compostos” nos seus elementos. A própria noção de elemento é formalizada em átomo, aquilo que é indivisível e nas suas agregações mínimas resultantes de operações elementares. O que se passa com a oposição irresolúvel da ligação de um pensamento a uma extensão ou na pergunta kantiana “como são possíveis os juízos sintéticos a priori” em causa não está a ligação de um presente de mim a um passado há pouco de mim e um futuro daqui a nada de mim tal como não está apenas em causa a ligação de um presente agora do que eu tenho à minha frente com esse mesmo conteúdo há pouco e daqui a nada, mas a ligação entre um ver e um visto, o problema da sincronização não analítica de mim a dar conta de que estou a ver um horizonte que se estende à minha frente. As operações em causa têm de ser cognitivas, a de uma percepção que dá conta de um perceptível, a de uma lembrança que se recorda de um conteúdo passado, a de uma expectativa que põe de pé uma antecipação que prevê ou tentar fazer previsões de conteúdos ainda por ser.

O pensamento arcaico tenta ver a totalidade da natureza aberta no seu todo. Na formulação estoica cada ser humano é uma partícula do perfeito, do todo acabado ao qual nada falta para ser. O presente não é o resultado de uma percepção. Antes, há percepção, porque temos continuamente acesso ao presente. O presente apresenta-se e torna-nos a nós e às coisas todas bem como aos outros presentes. O passado não é o resultado de uma memória. Há memória, porque o passado se faz sentir de alguma maneira, não nos deixa esquecer dele ou então caiu para um esquecimento irrecuperável. O futuro não é o resultado da nossa capacidade de previsão e antecipação. Antes, é por haver futuro que há expectativa ou ausência dela, que nos antecipamos ou chegamos tarde demais, que temos esperança ou falta dela. O tempo abre-se na sua totalidade. Por isso, também não está restrito ao tempo da expectativa de vida ou ao tempo em que a existência humana permanece em vida. Como com santo Agostinho no livro do Tempo, em mim estão todas as gerações de pessoas passadas e todas as gerações futuras de uma descendência. Entre a primeira geração e a última geração há este manto de tempo sempre a desenvolver-se ou então a implicar-se no seu próprio interior. Mas é sempre do todo para as partes que o tempo existe, tal como um poema é a sua totalidade e não é compreensível da primeira letra da primeira sílaba da primeira palavra adicionada à última sílaba da última palavra do poema. Na primeira sílaba está a totalidade finda do poema, como no primeiro instante está a totalidade do tempo a haver completamente acabado.

O acesso que os antigos pensaram como o autêntico não é por isso o teórico, embora a relação teórica com as coisas fosse pensada de um modo muito pouco intelectual se assim se pode dizer. As grandes categorias, diz Sloterdjik, são eróticas e polémicas. Mas não só. Os seus operadores são dietéticos: assimilação, dissimulação, ingestão, digestão, congestão. São também as formas complexas da respiração: inspiração e expiração, o ritmo do fluxo sanguíneo e do batimento cardíaco, a atmosfera disposicional que vibra nas coisas e a atmosfera com o seu clima que nos faz arrefecer ou aquecer, suar ou enxugar, etc., etc..

É na análise da doença que percebemos desde sempre encontrar-nos numa situação vulnerável e expostos ao mundo envolvente. Há tantas doenças quantos órgãos, aparelhos, partes de membros e membros. A afecção vem de dentro para fora, do interior para o exterior e do exterior para o interior: um banho, o ar, a exposição a outros elementos, alergias obtidas por contacto com substâncias. “As diferentes doenças dependem do nutriente, da respiração, do calor, do sangue, da fleuma, bílis, humores, na carne, gordura, na veia, na artéria, na articulação, no músculo, na membrana, osso, cérebro, espinal medula, boca, língua, estômago, ventre, intestinos, diafragma, peritónio, fígado, baço, rins, bexiga, útero, pele, tudo isto é pensado ora como um todo numa unidade ou como uma parte de um todo, a sua grandeza é óptima ou não.” (Hp. Alim. 25.)

É no contacto com o mundo e os seus elementos, o ar que respiramos, os líquidos que bebemos, os sólidos que ingerimos, como nos encontramos de pé, a correr, sentados ou deitados, a forma particular como pisamos o solo consoante as funções que estamos a desempenhar, é no contacto com as coisas numa situação pragmática, numa resolução técnica, no desempenho de uma função, na execução de uma tarefa que remove impedimentos, resolve problemas, tem um programa de acção que encontramos, no interior da relação intrínseca com o mundo o sentido do nosso envolvimento e da nossa implicação no mundo.

A disciplina a haver chamava-se tanthrôpeia: as coisas que dizem respeito ao ser humano. E o que não lhe dirá respeito?

 

16 Mar 2018

Ideia para fazer uma ampla avenida

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Geografia de Lisboa, fundada em 1875, propôs em 1896 que fosse celebrado o quarto centenário da partida de Vasco da Gama para a Índia e tal ideia encontrou eco tanto na população como no governo, que logo apoiou a iniciativa e por um decreto formulou o programa das festividades.

Pretendia-se estimular o brio dos portugueses, cujas esperanças se encontravam bastante abatidas após a perda da soberania nos territórios entre Angola e Moçambique, hoje Zimbabué e Zâmbia, inseridos no Mapa Cor-de-Rosa de 1886, e de onde, pelo Ultimato de 11 de Janeiro de 1890, os britânicos exigiram a Portugal retirar-se. Tudo consequência da Conferência de Berlim de 1884-85, quando os países europeus dividiram entre si o Continente Africano, tendo daí Portugal perdido para estes muito do seu território ultramarino.

Colocava-se a imperativa necessidade de trazer à memória as grandes viagens marítimas portuguesas e se nos princípios de Março de 1894 se comemorara no Porto o V Centenário do nascimento do Infante D. Henrique, festas que se estenderam a todo o país, nada melhor do que celebrar o dia 7 de Julho de 1497, quando Vasco da Gama embarcando em Lisboa no São Gabriel partira para a Índia, onde chegou à costa do Malabar a 20 de Maio de 1498. Estava encontrado o tema de gloriosa grandeza, o IV Centenário da partida de Vasco da Gama para a Índia. Querido pois, ensinado desde tenra idade à volta da lareira e aprofundado como História nas escolas, dera aquela viagem início ao território ultramarino espalhado pelo mundo desde há 400 anos e como tal, muito animaria também a alma aos portugueses do Ultramar.

 

PROGRAMA DAS FESTIVIDADES

Seria uma celebração nacional e extensiva a todo o território português, abrangendo todas as classes. A comissão central constituiria no reino, nas ilhas adjacentes e no ultramar, comissões especiais destinadas a promover tal festividade e marcavam-se para 8, 9 e 10 de Julho de 1897 os dias de gala em todo o território português. <Na alvorada de 8, os Paços do Concelho, as fortalezas e navios de guerra nacionais arvorarão a bandeira portuguesa, saudando-a com uma salva de cem tiros de peça, queimando-se grandes girândolas e foguetes e os sinos das igrejas deverão repicar. Os edifícios e estabelecimentos públicos, para além de hastear a bandeira nacional, deverão iluminar as suas fachadas durante esses três dias, tal como ficam convidados os cidadãos para adornar e iluminar as fachadas das suas residências. As autoridades, as corporações administrativas e comissões locais promoverão nas respectivas localidades toda a espécie de demonstrações festivas e muito especialmente as de um carácter geral e popular, como iluminações, arraiais, romarias, danças, cantos e jogos populares>. Além deste programa, aqui reduzidamente exposto, ainda se pretendia cunhar moedas comemorativas de 1000, 500 e 200 réis, medalhas em ouro, prata e outros metais, assim como selos postais. <Em Lisboa realizar-se-ão exposições nacionais, como a de agrícola e pecuária, de caça e pescaria, a de etnografia, a de belas artes e a Exposição colonial Vasco da Gama. Promover-se-á a elaboração de memórias, monografias e outros trabalhos literários e científicos, assim como históricos>. Pretendia-se convidar os governos das nações marítimas, bem como as grandes empresas de navegação a fazer-se representar, pois previam-se para Lisboa regatas, concursos de tiro e de velocípedes, congressos e conferências.

Estava assim lançado o repto. Mas no ano seguinte, quando chegou a data, nada parece ter ocorrido pois nos jornais de Macau não há dela referência. Com Amadeu Gomes de Araújo ficamos a saber as razões, “A morte de Pinheiro Chagas, em 1895, fez adiar os preparativos, só retomados em Maio de 1896. Em 1897, terminou o governo de Hintze e foi já o novo ministério, presidido por José Luciano de Castro, que decidiu concentrar os festejos em 17, 18 e 19 de Maio de 1898, dias de gala nacional”. Reinava D. Carlos, o Diplomata, que foi Rei entre 1889 até 1908.

 

PLANO do Eng. Abreu Nunes

Em Macau, a extensa várzea do Tap Seac, a estender-se até à Praia de Cacilhas, era um vale com aproximadamente cem hectares, sempre alagado, numa cota muito inferior às estradas que o circundavam e a situação piorava com a água das chuvas a escorrer de ambas as encostas dos montes da Guia e de S. Miguel, sendo por isso, um dos principais focos de infecção da cidade. Para sanear essa várzea, o Director das Obras Públicas Eng. Augusto Abreu Nunes planeou ir buscar terra ao campo da Vitória, separado da várzea do Tap Seac pela Estrada da Flora (actual Sidónio Pais), na encosta da Colina da Guia.

Em meados do ano 1896 decorria o trabalho de terraplanagem no sítio do Tap Seac com a terra retirada do campo da Vitória, ficando assim também este terreno aplanado, a um nível de dois metros inferior ao que tinha antes. Constava ir ser o triângulo da Guia nivelado, para o colocar ao mesmo nível da Praça da Vitória, o que daria ao local uma esplêndida esplanada. De uma superfície bastante irregular e com grandes desníveis criou-se um terreno plano, sendo os cortes de forma a regularizar o campo e os caminhos que o circundavam.

Quando apareceu a ideia das comemorações de 1898, lembrou-se o Director das Obras Públicas construir nesse planalto uma ampla avenida, como não havia em Macau e assim criar a Alameda Vasco da Gama, desde a Calçada do Gaio até à Praça da Vitória. O Eng. Abreu Nunes pretendia aí erguer uma estátua a Vasco da Gama e inserir a já existente Praça da Vitória com o seu monumento.

O Monumento da Vitória fora inicialmente projectado com a imagem de S. João Baptista, pois a vitória sobre os holandeses, calhara no seu dia, 24 de Junho. Para construir o monumento a S. João Baptista, que desde 1622 ficara como padroeiro de Macau, o Senado nos inícios dos anos 60 do século XIX avançou sugestões para obter a verba, ou por lotaria ou subscrições voluntárias. No entanto, o projecto foi substituído e a 1 de Fevereiro de 1869, o Presidente do Senado Félix Hilário de Azevedo comunicava ao Governador Sérgio de Sousa a existência no Senado de um fundo de 400 patacas destinado ao monumento a S. João Baptista, mas, devido a problemas políticos, vingara um outro projecto e assim propunha ser esse fundo aplicado ao novo Monumento da Vitória, segundo o Padre Manuel Teixeira. Tal monumento, proveniente de Lisboa das oficinas do escultor Manuel Maria Bordalo Pinheiro, foi inaugurado em 1871 conjuntamente com a Praça da Vitória.

Governador de Macau desde 12 de Maio de 1897, Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo ao chegar de Lisboa para iniciar funções tinha já à sua espera o programa definitivo do grande jubileu, enviado a 3 de Maio de 1897 pelo presidente da comissão executiva nacional para organizar os festejos, o Almirante Francisco Joaquim Ferreira do Amaral (filho do ex-governador de Macau João Maria Ferreira do Amaral), presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa e que fora Ministro da Marinha em 1892.

16 Mar 2018

Indústria chinesa cresce mais que o esperado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] produção industrial da China cresceu muito mais rápido do que o esperado no início do ano, sugerindo que a economia pode estar a ganhar força mesmo com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a preparar fortes tarifas contra um dos principais motores do seu crescimento, a tecnologia.

Tarifas sobre as exportações de tecnologia podem potencialmente afectar o segmento do sector industrial da China, uma área que os líderes do país querem promover conforme buscam um crescimento económico de “maior qualidade”.

Trump busca impor tarifas sobre 60 mil milhões de dólares de importações chinesas pelos EUA e vai mirar os sectores de tecnologia e telecomunicações, informou a Reuters na terça-feira.

A mais recente ameaça comercial dos EUA, após a adopção de taxas sobre o aço e o alumínio na semana passada, ofuscou os dados robustos de produção industrial e de investimentos da China para os dois primeiros meses do ano.

“Existe uma boa possibilidade de que Trump faça muito mais contra a China… A situação comercial é obviamente um risco e um desafio relativamente novo para a China”, disse o economista Kevin Lai, do Daiwa Capital Markets.

A produção industrial avançou 7,2 por cento entre Janeiro e Fevereiro na comparação com o mesmo período do ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira, contra expectativa de analistas de 6,1 por cento e registando forte aceleração sobre a marca de 6,2 por cento de Dezembro.

Analistas esperavam uma ligeira queda devido à repressão sobre as indústrias poluentes, mas os dados mostraram que a produção de aço da China subiu para o nível mais alto em meses uma vez que as siderúrgicas se prepararam para a aceleração sazonal na construção na primavera.

Entretanto, os dados do início do ano na China são normalmente tratados com cautela devido a distorções provocadas pela data em que cai o feriado de uma semana do Ano Novo Lunar, no final de Janeiro em 2017 mas em meados de Fevereiro neste ano.

Uma inesperada recuperação dos investimentos também sugere um cenário mais resiliente para a economia, mesmo sob o peso de atritos comerciais com os EUA.

O crescimento do investimento em activos fixos acelerou para 7,9 por cento entre Janeiro e Fevereiro contra expectativa de 7 por cento e ante ritmo de 7,2 por cento em 2017.

16 Mar 2018

Exposição |Eduardo Gageiro mostra fotografias icónicas da revolução de Abril

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma exposição de 40 fotografias icónicas da revolução de 25 de Abril de 1974 tiradas por Eduardo Gageiro, “um dos maiores fotógrafos portugueses”, vai estar patente ao público, a partir de hoje, em Aljustrel, no distrito de Beja. A mostra pode ser visitada até ao dia 25 de Abril nas Oficinas de Formação e Animação Cultural da vila alentejana.

A exposição reúne “momentos excepcionais”, capturados entre 25 de Abril, o dia da Revolução dos Cravos, e 01 de Maio de 1974, que “iriam determinar o destino” de Portugal. Das fotografias da exposição, o município destaca uma do capitão Salgueiro Maia a morder o lábio para não chorar de emoção depois de militares do Regimento de Cavalaria 7 se juntarem ao Movimento das Forças Armadas no Terreiro do Paço e a de um soldado a retirar a fotografia de António de Oliveira Salazar de uma parede da sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) em Lisboa.

Eduardo Gageiro, que nasceu em 1935 em Sacavém, no concelho de Loures, distrito de Lisboa, começou a trabalhar aos 12 anos numa fábrica de loiças na cidade natal, onde “o contacto com pintores, escultores e operários fabris viria a definir o seu olhar sobre o mundo e a vida”. Foi nessa altura que publicou a sua primeira fotografia e, a partir daí, a paixão pela fotografia levou-o a tornar-se repórter fotográfico no Diário Ilustrado e a colaborar, mais tarde, com várias publicações.

Autodidacta, Eduardo Gageiro limitava-se “a fotografar o que sentia: olhares, rostos, a miséria do povo, com grande carga emocional, rompendo com o socialmente instituído” e, por isso, “teve problemas com a PIDE” e até foi preso por causa de uma fotografia que tirou na Nazaré. “Mas isso não demoveu” Eduardo Gageiro, que enviou, à socapa, fotografias do Portugal profundo para o estrangeiro, que só conhecia o país dos postais turísticos e, “graças a ele, o mundo teve conhecimento do Portugal real”.

Membro de honra de inúmeras entidades estrangeiras de fotografia, Eduardo Gageiro foi editor da revista Sábado e trabalhou para várias entidades, como a agência de notícias Associated Press, a Companhia Nacional de Bailado e a Assembleia da República. Eduardo Gageiro tem participado em dezenas de exposições individuais e colectivas e as suas fotografias, sempre a preto e branco, estão representadas em inúmeras publicações e reproduzidas em todo o mundo e já lhe renderam mais de 300 prémios.

16 Mar 2018

Rota das Letras| Rui Paiva lança livro e inaugura exposição no Sábado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Livraria Portuguesa vai ser palco no sábado, pelas 14h30, do lançamento do livro “Nuvem Branca” e da exposição “Paisagens Literárias de Um Viajante”, da autoria de Rui Paiva que regressa a Macau para o Rota das Letras.

“Nuvem Branca”, recentemente editada pelo próprio autor, é “um livro de artista e, em simultâneo, um livro de vida”. “Achei que era interessante pela primeira vez e, de uma forma natural, contar a minha vida enquanto artista. É profusamente ilustrado com as minhas obras de arte desde início e vai mesmo aos primeiros desenhos que fui guardando da minha juventude”, começa por explicar Rui Paiva ao HM.

A obra percorre as “diferentes fases” do percurso artístico que Rui Paiva foi trilhando, desde como começou a pintar, incluindo uma cronologia que “mostra todas as exposições individuais para que se perceba que há uma consistência relativamente à carreira”. Esse fio condutor foi preparado pelo filho que cresceu entre as telas do pai, o “Rui da Economia”, como lhe chamava o Monsenhor Manuel Teixeira. Afinal, foi nos Serviços de Economia que Rui Paiva iniciou, em 1979, a sua vida profissional em Macau, antes de enveredar pelo mundo da banca que o levou também a Hong Kong e, posteriormente, de regresso a Portugal.

Foi sensivelmente há três décadas que começou a participar de forma mais activa em exposições individuais e colectivas em latitudes tão distintas como Vietname, Malásia, Coreia do Sul ou Japão, além de Macau, Hong Kong e Portugal. Rui Paiva fala com entusiasmo das exposições, elencando uma e outra, com datas, e até convidados, até fechar o ângulo para pormenores de pinturas ou desenhos.

Uma das mais significativas foi precisamente em Macau porque a viu como uma causa. “Sépias e Sanguíneas do Deserto” era o título da mostra de 1991 – também na Livraria Portuguesa – que, apesar de inaugurada em dia de tufão, acabou por ser “um sucesso”. O tema: a guerra do Golfo. “Tratei-a como uma guerra espectáculo porque era como a víamos através da CNN quando chegávamos a casa. As pessoas viam os mísseis e iam dormir tranquilas. Essa indiferença e passividade em geral relativamente a uma guerra fundamental em termos geopolíticos e económicos deixava-me de algum modo preocupado”. Os trabalhos, retratados no livro, eram principalmente desenhos, “quase como uma insinuação de banda desenhada”, mas também “havia colagens de papéis rasgados”, recorda.

“Nuvem Branca” tem “outra particularidade”. “Embora haja uma cronologia tem também pequenas ilhas”, assinala o artista, dando o exemplo da “Série das Máscaras”: “Em 2009 começou a dizer-se que ia ser o ano da crise em Portugal – infelizmente durou quase uma década. Quando se começou a falar achei que metaforicamente devia conceber um ano com 16 meses porque achava que ia ter mais de 12, pelo que criei uma máscara para cada um desses meses de 2009”.

Já a faceta do livro de vida surge a partir do entendimento de que “as obras de arte não devem surgir do nada”, pelo que cobre a sua vida profissional e dá a conhecer “os bastidores” do artista para que o autor e a sua obra possam ser compreendidos. “Mais importante do que ter sucesso é o artista ter uma identidade”, sublinha Rui Paiva.

Um peculiar início de carreira

O início da carreira artística foi fora de comum. Tudo começou depois de ter mostrado desenhos a um homem que não sabia exactamente quem era. Deixou-o ver, tirar fotocópias, mas nunca mais soube dele, até que, passado um mês, enquanto passava pelo Leal Senado viu um desenho seu, o primeiro de quatro, plasmado no jornal, acompanhado por “uma crítica altamente positiva”, descobrindo que o apreciador era, afinal, um crítico de arte que escrevia para o Va Kio.

Deixou o território em 1982 – pela primeira vez. Regressado a Portugal decidiu ir burilar as habilidades, frequentando a Sociedade Nacional de Belas Artes durante dois anos. Em 1988 estava de volta a Macau, onde efectivamente começa a expor. “Macau foi sempre importante”, realça Rui Paiva, sem esquecer as pedras que surgiram pelo caminho. “Foi um a luta muito grande para entrar no meio artístico de Macau, porque havia barreiras enormes e muitos preconceitos. Eu era um director de banco e, se calhar, por disso, achavam que não podia ser artista”, observa.

Na obra, Rui Paiva também faz uma incursão pela terra natal: Moçambique. Nomeadamente pelos tempos em que, depois de tirar um curso de cinema, andou pelos subúrbios de Lourenço Marques (actual Maputo) a filmar com um grupo de companheiros que lhe ofereceram as pequenas bobinas quando foi para Portugal. Essas imagens, mostrando o fenómeno das mulheres apanhadoras de amêijoas ou as aulas de alfabetização com ‘mamanas’, trouxe-as consigo na expectativa de as poder exibir durante a exposição a inaugurar no Sábado, a par com o lançamento de “Nuvem Branca”.

Intitulada “Paisagens Literárias de Um Viajante”, a mostra reúne mais de 30 obras, da pintura, ao desenho, passando pela instalação, incluindo, entre outros, um conjunto inédito, em papel de arroz sobre tela, “mais espiritual”.

 

16 Mar 2018

Transportes públicos | Sinistros causados pelas operadoras cresce 30 por cento

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]os primeiros dois meses do ano o número de acidentes causados pelas três operadoras de autocarros cresceu 30 por cento, de 67 acidentes em 2017 para 88. Também 40 por cento dos veículos pesados falham as inspecções da DSAT sobre as emissões de gases.

O número de acidentes com autocarros públicos causados pelas operadoras teve um crescimento de 30 por cento nos dois primeiros meses do ano. Os dados foram revelados pelo director da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Lam Hin San, no final de mais uma reunião do Conselho Consultivo do Trânsito.

“Os acidentes que envolveram autocarros aumentaram em dois casos, de 142 para 144. Dentro dos acidentes com autocarros, as companhias foram responsáveis por 88, quando no mesmo período do ano anterior tinham sido responsáveis por 67 acidentes”, disse Lam Hin San.

“Ainda temos 10 meses até ao final do ano e vamos trabalhar passo a passo para que as companhias elevem a segurança das operações e reduzam o número de acidentes rodoviários”, garantiu.

No âmbito da promessa, o director da DSAT falou da implementação de sistemas de monitorização dos condutores, quando estão ao volante dos veículos pesados: “Por exemplo, queremos que seja implementado um sistema com base em câmaras de vigilância que vai permitir detectar quando os motoristas estão demasiado cansados ou quando utilizam o telemóvel. Nestes casos, o sistema alerta o motorista. Também servirá para evitar acelerações bruscas ou excesso de velocidade”, explicou. “Mesmo nos casos em que os autocarros circulem demasiado perto dos peões, o sistema lançará avisos”, acrescentou.

 

40 por cento passam inspecção

A reunião de ontem serviu ainda para abordar as crescentes exigência face aos gases emitidos pelos veículos que circulam no território. Em relação a este tópico, Lam Hin San mostrou-se preocupado com o facto de apenas 40 por cento dos veículos pesados inspeccionados conseguirem ir ao encontro das exigências.

“Verificamos que apesar de passarem as inspecções gerais, quando fazemos inspecções aleatórias só 40 por cento dos veículos pesados são aprovados. Apelamos para que as pessoas tomem as medidas adequadas para que os veículos pesados cumpram as exigências”, revelou.

No entanto, já a partir de Maio, as concessionárias do jogo vão colocar a circular cerca de 50 ou 60 autocarros shuttles movidos a gás ou energia eléctrica, que representam 15 por cento, do total de 400 shuttles. O objectivo é que até 2023 todos os shuttles tenham de adoptar energias renováveis e os autocarros adoptem o padrão Euro 5, ao nível das emissões, ou seja critérios mais exigentes que o actual modelo Euro 4.

Ainda no que diz ao novo regulamento em que o Executivo está a trabalhar e que define padrões mais exigentes ao nível das emissões, o Governo estima que 100 mil veículos já cumprem com os novos critérios.

 

Novas licenças de táxis com 130 candidaturas

Apesar do sector dos táxis se queixar da obrigatoriedade de fazer circular veículos eléctricos, o concurso público para a atribuição de 100 licenças já conta com cerca de 130 participantes. A informação foi revelada, ontem, por Lam Hin San, que explicou também que o número pode aumentar, uma vez que houve cerca de 200 organizações ou pessoas a pagarem a caução para participarem no concurso público. “Houve 200 candidatos que pagaram a caução. Mas as propostas concretizadas são cerca de 130”, afirmou o responsável da DSAT.

16 Mar 2018

Agressão | DSEJ exige investigação à Escola Portuguesa de Macau

[dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]overno quer receber um relatório sobre o confronto entre dois alunos, que resultou no internamento de um deles. No dia em que a vítima da agressão teve alta, a direcção da EPM emitiu um comunicado a dizer que as situações de violência entre alunos são “residuais”

A Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) exigiu à Escola Portuguesa de Macau um relatório de investigação sobre a agressão que resultou no internamento hospitalar de um aluno de 13 anos, com lesões na cabeça. O pedido foi revelado pelo Governo, em resposta às questões do HM, sobre o caso do estudante, que teve ontem alta hospitalar.

“A DSEJ está muito preocupada com o confronto físico que ocorreu entre estudantes na Escola Portuguesa de Macau. Depois de ter tido conhecimento da situação, a DSEJ entrou imediatamente em contacto com a direcção da escola para se inteirar da situação e pediu que fosse enviado um relatório de investigação tão rapidamente quanto possível”, afirmou a entidade do Governo.

“O incidente está actualmente a ser investigado pela polícia. A DSEJ vai manter-se em contacto com a escola e apela para que seja disponibilizada aos alunos a assistência necessária”, é acrescentado.

Ontem à tarde, o estudante de 13 anos, que foi agredido na quarta-feira por um colega de 15 anos, já tinha tido alta hospitalar, contou, ao HM, o pai da vítima: “O meu filho já está em casa. Regressou ao final da tarde e vai estar em repouso absoluto durante três semanas. Não vai voltar à escola antes do final do segundo período escolar”, comentou Ricardo Pontes, ao HM.

“Já apresentou melhorias, ainda que poucas, em relação à amnésia parcial, mesmo assim é um bom sinal porque está melhor. Agora é necessário tempo para recuperar. Estamos muito optimistas”, acrescentou o encarregado de educação.

 

Situações residuais

Também ontem à tarde, a direcção da Escola Portuguesa de Macau tomou uma posição em relação ao caso. Afirma a EPM que as situações de violência entre alunos são “residuais”.

“Ocorrendo situações de violência entre alunos – residuais nesta Escola –, são adoptados todos os procedimentos necessários ao apuramento dos factos e aplicadas as medidas previstas no Regulamento Interno desta instituição”, é afirmado.

“Nestas circunstâncias, entende a Direcção da Escola Portuguesa de Macau deve ser privilegiada a componente formativa do carácter dos alunos, no respeito pela reserva da sua vida privada e da sua integridade física e moral, com vista ao seu desenvolvimento integral e equilibrado”, é acrescentado.

A Escola Portuguesa de Macau defende ainda que tem “tomado diversas medidas no sentido de garantir a segurança dos alunos e de prevenir episódios de violência”.

Ao HM, Ricardo Pontes contou ainda que recebeu um telefone do director Manuel Machado, que lhe manifestou todo o apoio necessário. Além disso a directora de turma do seu filho acompanhou de muito perto a situação, desde quarta-feira quando ocorreram as agressões. No entanto, ontem à noite, os pais do rapaz de 15 anos ainda não tinham entrado em contacto com a família do agredido.

16 Mar 2018

Ho Ion Sang exige tratamento de resíduos electrónicos e lixo de grande dimensão

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ircular a pé pelos passeios de Macau, por vezes, é o equivalente a participar numa gincana entre montes de entulho. A situação torna-se crítica, particularmente, por volta do Ano Novo Chinês, quando as tradições ditam que se troque de mobílias para receber o novo ano.

Ho Ion Sang interpelou o Governo exigindo melhorias no tratamento, recolha e gestão de resíduos de grandes dimensões, lixo electrónico e entulho resultante de obras. O deputado sublinha a falta de consciência ambiental dos residentes que abandonam mobílias, eletrodomésticos e resíduos de construção na via pública. Como pontos negros para estas situações, Ho Ion Sang destaca as esquinas e as áreas junto dos contentores de lixo, especialmente na zona norte da Península de Macau. Como consequência da ocupação ilegal do espaço público, a higiene ambiental é afectada, assim como a circulação de trânsito e peões.

Como tal, o deputado questiona qual o plano do Executivo para resolver esta situação e sugere que se invista em reciclagem, que se proceda à recolha centralizada e que se coloquem mais ecopontos em zonas críticas.

Ho Ion Sang recorda que o abandono de lixo “a bel-prazer” é uma infracção sancionada com pena de multa pelo regulamento geral dos espaços públicos e que as autoridades têm colocado alertas nos locais de recolha onde se lê “o abandono de lixo é punido com multa de 600 patacas”. No entanto, o deputado entende que estas medidas não sortiram efeito dissuasor. Essas são algumas das justificações que levam Ho Ion Sang a pedir ao Executivo que realize “acções de sensibilização para elevar a consciência cívica dos cidadãos e reforçar as acções de fiscalização nos pontos críticos.

O lixo electrónico é outra das preocupações patentes na interpelação escrita. O deputado pede ao Governo que estude a possibilidade de criar postos ou instalações específicas para a recolha deste tipo de resíduos.

Ho Ion Sang recorda que tanto o Executivo, como a Companhia de Sistemas de Resíduos (CSR), têm avisado a população para a necessidade de contratar camiões ou empresas de limpeza para levar as mobílias velhas para o incinerador. Um serviço gratuito, é sublinhado na interpelação. Quanto aos resíduos de materiais de construção devem ser transportados para aterros sanitários.

O deputado acrescenta que, de acordo com a CSR, os resíduos recicláveis são entregues aos operadores de recolha e levados para instalações no Interior da China para tratamento. Esta situação acontece, na opinião de Ho Ion Sang, por não haver um sistema de gestão eficiente e ecológico e devido à fraca determinação e sentido de de responsabilidade da sociedade para questões ambientais.

 

16 Mar 2018

Património | Novo Macau teme que Nam Van seja um novo NAPE

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Novo Macau entregou um novo relatório à UNESCO onde alerta para a necessidade de maior protecção entre a zona B dos Novos Aterros e as zonas C e D junto ao lago Nam Van, para que não haja construção em altura como houve no NAPE.

A UNESCO voltou a receber das mãos da Associação Novo Macau (ANM) um novo relatório em que a entidade revela preocupação sobre a falta de preservação na zona envolvente da Igreja da Penha.

Sulu Sou, deputado suspenso temporariamente do hemiciclo e vice-presidente da ANM, defendeu ontem que o Governo deve estabelecer um corredor visual protegido, com regras claras sobre a altura dos edifícios, entre a zona B dos Novos Aterros e as zonas C e D situadas próximas do lago Nam Van. Caso contrário, esta zona “irá tornar-se no próximo NAPE (Novos Aterros do Porto Exterior)”, apontaram ontem os pró-democratas.

“O público está preocupado com o facto de, se o Governo insistir nesta posição ou se simplesmente adoptar gestos superficiais, a zona entre a Igreja da Penha e a zona B dos Novos Aterros vai estar completamente obstruída. Vai também ser o contrário daquilo que o comité da UNESCO publicou em 2017”, aponta o comunicado da ANM.

Outro dos riscos apontados pela associação prende-se com os novos edifícios construídos em Zhuhai e Ilha de Hengqin, cujo excesso de iluminação pode vir a prejudicar a paisagem nesta zona da península de Macau. Para isso, foi pedida uma maior cooperação com as autoridades do continente.

“A ANM tem vindo a observar o rápido desenvolvimento em Zhuhai e também na Ilha de Hengqin, e têm surgido muitos projectos de edifícios cheios de luz. Estamos preocupados que esses projectos possa danificar a paisagem do centro histórico de Macau. Exigimos que o Instituto Cultural possa participar na criação de um mecanismo de coordenação com o Governo de Zhuhai”, adiantou Sulu Sou, que se fez acompanhar do ex-deputado e candidato às legislativas Paul Chan Wai Chi.

Sulu Sou disse mesmo que a Novo Macau tem vindo a receber queixas sobre este assunto. “A poluição visual tem um efeito negativo e vários cidadãos fizeramnos queixas sobre esse impacto. Por isso pedimos ao Governo que faça uma maior coordenação com as autoridades de Zhuhai.”

Rever o despacho

A ANM lembrou que, em 2006, o Governo revogou as restrições de altura para as construções na zona do NAPE, localizada próxima da Colina da Guia. “Como resultado, a actual zona do NAPE tem vindo a desaparecer no meio de edifícios altos. Há riscos para a paisagem tendo em conta a abundância de edifícios situados ao longo da avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, mesmo que as associações se tenham queixado junto da comunidade internacional, e mesmo depois do Governo ter sido alertado pela UNESCO.”

Na visão dos pró-democratas, “é inegável que o corredor visual entre a Igreja da Penha e a zona B é tão importante como aquele que se situa entre a Igreja da Penha e o lago Sai Van, e que é proposto pelo Governo”.

“O Governo deveria incluir a área entre a Igreja da Penha e a Zona B dos Novos Aterros (e a ponte Governador Nobre de Carvalho) como um corredor visual sujeito a uma protecção especial. Neste momento não existem quaisquer restrições para os edifícios que serão construídos na Zona B”, acrescentam os responsáveis da Novo Macau.

Um dos projectos que irá nascer na zona é o novo edifício do Fórum Macau, cuja construção já está em curso. Há também projectos privados que aguardam aprovação das Obras Públicas.

A associação defendeu também a necessidade de rever o despacho assinado pelo Chefe do Executivo em 2008, para que sejam determinados limites de altura dos edifícios construídos próximos da Colina da Guia. A Novo Macau acredita que não há regras claras, tendo em conta os projectos na Doca dos Pescadores e na Calçada do Gaio.

 

16 Mar 2018

Saúde | Taxas de parto para empregadas domésticas triplicam

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lexis Tam rejeitou a proposta dos Serviços de Saúde para o aumento das taxas de partos no hospital público para empregadas domésticas. Ainda assim, em vez do aumento de nove vezes, as taxas para empregadas domésticas vão triplicar. Associações que representam estas trabalhadoras consideram que a decisão de Alexis Tam é melhor, mas sublinham as más condições de vida de que vem das Filipinas e Indonésia para trabalhar em Macau.

“O Dr. Alexis Tam disse que o aumento não é para nós. Que vai haver uma distinção entre os turistas e os trabalhadores não-residentes. Haverá um aumento mas não vai ser no mesmo valor”. Estas foram as palavras proferidas por Yosa Wariyanti, da Indonesian Migrant Workers Union Macau, à saída da reunião com o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura.

Alexis Tam reuniu-se ontem com representantes de duas associações de trabalhadores não residentes indonésios e filipinos para discutir os valores do aumento das taxas de partos no Centro Hospital Conde de São Januário.

A proposta dos Serviços de Saúde (SS) propunha um aumento nove vezes superior aos preços praticados actualmente. Hoje em dia, se uma parturiente trabalhadora não residente entrar em trabalho de parto no hospital público paga 957 patacas por um parto natural. Se precisar de uma cesariana, desembolsa 3900 patacas. Os aumentos para as trabalhadoras não residentes vai-se manter nos valores nove vezes superiores, 8755 patacas para parto e 17550 para cesarianas. Estes valores não se aplicam, contudo, a empregadas domésticas, que vão passar a pagar 2925 por um parto natural e 5850 por cesarianas.

“O secretário deu-me boas notícias. Na realidade, ainda vão aumentar três vezes o preço original, para 2925 para as empregadas domésticas. A proposta anterior ainda se aplica às restantes trabalhadoras não residentes. Acho que esta proposta é melhor que a anterior que aumentava nove vezes”, comenta Benedicta Palcon, presidente da Greens Philippines Migrant Workers Union de Macau.

Yosa Wariyanti também considera que “as mudanças são mais justas, por não serem na proporção da proposta anterior”. A representante indonésia congratula-se com o facto “de o Governo ter olhado” para a situação das empregas domésticas, para os seus salários e gastos.

 

Parto às prestações

Benedicta Palcon revela que perguntou a Alexis Tam a razão para o aumento das taxas dos partos. A resposta que obteve foi que há quase duas décadas que não havia actualização do valor. “Sabemos que a economia está a mudar e tudo está mais caro. Acho que o aumento está bem”, completa a dirigente associativa.

“Ainda é um fardo pesado, mas foi-nos dito que será criado um novo mecanismo para ajudar no caso da empregada doméstica, ou parturiente TNR, ser muito pobre e não puder pagar”, revela Benedicta Palcon.

Não foram dados detalhes quanto ao mecanismo que irá auxiliar os não-residentes com maiores dificuldades financeiras, mas a medida passará pela alçada do Fundo de Segurança Social e do Instituto para a Acção Social (IAS).

A ajuda tanto pode ser através da possibilidade de pagar as taxas em prestações, como num apoio financeiro directo. As únicas certezas é que a medida será alargada a todos os trabalhadores não residentes, que entrará em vigor em simultâneo com a actualização das taxas e que será concedida após avaliação, caso a caso, pelo IAS. Ainda não há uma calendarização precisa sobre quando a medida será implementada, mas será para breve.

Estima-se que o auxílio incida sobre cerca de 8 por cento das futuras mães que residem em Macau.

 

Salários dignos

Durante a reunião com a representante dos trabalhadores filipinos, Alexis Tam terá enaltecido o “grande contributo para a comunidade e para o Governo dado pelos TNRs”, de acordo com Benedicta Palcon. O secretário terá ainda salientado os baixos salários que auferem, em particular as empregadas domésticas, daí o reajuste às actualizações das taxas para partos.

Porém, esta discussão trouxe ao de cima uma realidade difícil de ignorar: os baixos rendimentos das empregadas domésticas em Macau.

“Acho que para pagar um aumento destes uma empregada doméstica teria de ter um vencimento de cerca de 5 mil patacas. Mas em relação a isso, Alexis Tam disse-nos que devíamos levar as nossas reivindicações à DSAL”, revela Benedicta Palcon.

Já a representante da associação indonésia explica que “o Governo acredita que se houver um aumento dos salários da população, que as ajudantes também vão beneficiar com esse aumento de forma indirecta”.

Normalmente os salários das empregadas domésticas e assistentes situam-se entre as duas mil e as três mil patacas.

“Gostávamos que o seguro de saúde fizesse parte dos contratos. Normalmente, os patrões não pagam esse seguro, só para acidentes de trabalho. A possibilidade de colocar o seguro no contrato foi algo que o Governo disse que ia ponderar”, explica Yosa Wariyanti.

As medidas recentes que afectam os TNRs como, por exemplo, as propostas para aumento das tarifas dos transportes públicos, ou a exclusão das empregadas domésticas do salário mínimo, foram discussões em que os representantes deste sector da sociedade não foram ouvidos. Apesar das medidas incidirem directamente nas suas vidas. Algo que não aconteceu desta feita. Porém, em três anos de vida da associação Greens Philippines Migrant Workers Union esta foi a primeira vez que se reuniram com membros do Governo.

 

16 Mar 2018

Ponte HZM | China já entregou administração da nova fronteira a Macau

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esde a meia noite de ontem que a Zona de Administração de Macau na Ilha Fronteiriça Artificial da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau está sob alçada da RAEM. O Chefe do Executivo e alguns membros do Governo vão agora “determinar os trabalhos de aplicação da lei e de gestão”

O Conselho de Estado da China entregou ontem à RAEM a gestão da Zona de Administração de Macau na Ilha Fronteiriça Artificial da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que passa agora a estar sob jurisdição do território.

Ontem o Chefe do Executivo, Chui Sai On, fez-se acompanhar de alguns membros do Governo, como é o caso de Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, e Wong Sio Chak, secretário para a Segurança. De acordo com um comunicado oficial, o Executivo “começa [agora] a determinar os trabalhos de aplicação da lei e de gestão, reparação a manutenção das diversas áreas do posto fronteiriço de Macau”, para que haja “uma coordenação com a entrada em funcionamento da principal construção da ponte”.

Chui Sai On disse ainda que “os serviços devem direccionar o tempo disponível para instalarem e testarem os diversos equipamentos do edifício, reforçando a necessidade de garantir o máximo de precisão e aperfeiçoamento”. O Chefe do Executivo frisou ainda a “importância da cooperação entre os serviços e do ajustamento dos recursos humanos, mediante as necessidades, para se prosseguir com os trabalhos de inspecção e se elevar a eficácia, nomeadamente com a agilização dos procedimentos de passagem na fronteira de cidadãos e turistas, por forma a ficar assegurada uma melhor coordenação com o início do funcionamento da ponte”.

Com esta atribuição à RAEM, serão designadas as “competências de cada serviço e o trabalho de coordenação interdepartamental”, aponta o mesmo comunicado. Após a cerimónia da entrega do posto fronteiriço à RAEM, “ficaram imediatamente estacionados funcionários dos Serviços de Alfândega, do Corpo de Polícia de Segurança Pública, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Judiciária, bem como dos Serviços de Saúde e da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego”, para “exercerem as funções e tarefas inerentes aos serviços transfronteiriços e de segurança”.

É também referido que “as várias entidades começaram a desempenhar os seus trabalhos nas respectivas áreas, procedendo à instalação de equipamentos e aos ajustamentos necessários, tanto no edifício do posto fronteiriço, como também no canal de passagem de veículos para se preparar bem a circulação na ponte”.

Zona ainda fechada

Apesar de Macau já estar a gerir este novo posto fronteiriço, “ainda não se encontram reunidas as condições suficientes para a abertura ao público”. Caberá ao secretário Raimundo do Rosário “a coordenação da operacionalidade e das medidas de circulação na ponte”, enquanto que o secretário para a Segurança será responsável pela “execução da lei e gestão de toda a zona”.

As autoridades garantem que há ainda muito a trabalho a fazer. “Será ainda estabelecido um mecanismo interdepartamental de negociação sobre a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a Zona de Administração de Macau.”

“Apesar de o trabalho de segurança ter sido formalmente entregue a Macau, ainda é necessário que os serviços competentes do Governo da RAEM procedam à respectiva montagem, verificação e ajustamento de vários equipamentos e instalações, como também terá de haver uma coordenação da disposição de trânsito com a abertura formal da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e a utilização prática da referida Zona”, explica um comunicado.

O local é constituído pelo edifício do posto fronteiriço e dois parques de estacionamento com mais de 6800 lugares de estacionamento para veículos particulares e 2000 para motociclos. Há também uma rede viária de cerca de 200 mil metros quadrados, túnel, viaduto e plataforma para a estação de metro ligeiro, bem como 53 construções unitárias de 40 mil metros quadrados de infra-estruturas municipais, entre outras.

16 Mar 2018

Efeméride | Restaurante “A Vencedora” celebra 100 anos

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um dos restaurantes de comida portuguesa mais antigos de Macau. O letreiro amarelo para lá aponta: 1918. De portas abertas há 100 anos “A Vencedora”, localizada na central Rua do Campo, podia ser um estabelecimento de comidas chinês igual a tantos outros que se encontram facilmente ao virar de uma esquina. Mas não é: a distinção faz-se à mesa com um menu de comida portuguesa.

Um século é muito tempo. Tanto que a Lam Kok Veng faltam pistas sobre a data precisa da fundação d’ “A Vencedora”: “Não sei dizer em que dia abriu. Só sei que mudamos para aqui em Junho de 1992. Antigamente a casa ficava ali ao lado”. Também pouco ou nada se sabe sobre o significado por detrás do nome. Só que foi “escolhido por amigos” do avô de Lam que foi quem teve o rasgo de abrir o negócio no ano que ficaria marcado no mundo pelo fim da I Guerra Mundial.

Em tempos em que os negócios tradicionais se vêem obrigados a sucumbir à voracidade do mercado imobiliário, “A Vencedora” faz jus ao nome com que a baptizaram. E não se limita a sobreviver. Pelo menos a olhar pela azáfama que toma conta do modesto espaço principalmente ao almoço, que acolhe gente de todas as franjas da sociedade. “Hoje tem entrecosto, bacalhau cozido com grão de bico…” – a ementa chega, a alto e bom som, pela voz do irmão de Lam e em português. De bloco na mão, à medida do tamanho do bolso do pólo onde o enfia depois de anotar os pedidos, é o mestre de cerimónias d’ “A Vencedora”.

À hora de almoço, praticamente não pára: anda de trás para a frente, orientando a dúzia e meia de funcionários, a maioria mulheres. Da cozinha, ouvem-se campainhas – mais uma refeição pronta a seguir. Quando o movimento amaina, sossega-se junto à porta e vai ver quem passa. Quem chega de fora dificilmente imagina que ali se serve feijoada ou iscas, aprendidos pelos antepassados junto de antigos patrões portugueses. À parte da gastronomia lusa, que ali encontra “variantes”, e dos “fai chi” que dão lugar a um garfo e a uma colher, tudo o resto é chinês. Lam fica na caixa, ao lado da mulher, a acompanhar de perto a clientela. A receber quem chega e a cumprimentar quem vai, mas só depois de pagarem a conta, claro. É que nem sempre foi assim.

Os calotes

Dos tempos em que os militares frequentavam o sítio ficaram dívidas nunca cobradas. “Nunca contei o valor”, diz o proprietário d’ “A Vencedora”. Os calotes, manuscritos em folhas soltas dentro de diminutos envelopes, acumulam pó numa caixa de madeira agastada que retira de uma gaveta do balcão. Lam, de 66 anos, puxa do primeiro exemplo que descobre entre uma série de papéis amarelados. O senhor António, cujo apelido deixou de ser legível, ficou a dever à casa 80 patacas a 3 de Março de 1979. “Era muito dinheiro na altura, uma parte do salário”, realça Lam. Essa informação é a única que consta dessa nota escrita há quase quatro décadas, sem indicação de morada ou de um contacto de telefone fixo. A pensar naqueles que eram, afinal, os seus principais fregueses, “A Vencedora” disponibilizava vales de refeição a cobrar em épocas mais prósperas. “Mesmo no final do mês não tinham dinheiro para pagar”, conta Lam, traulitando o verso concebido a pretexto, teoricamente pelos endividados: “Português de Portugal, come bem e paga mal”.

“A maioria dos tropas nunca mais voltou” nem ali nem a Macau, até porque, argumenta, apenas duas circunstâncias os fariam permanecer nesta terra: emprego ou casamento. Lam tem mais senhas em casa. Não sabe quantas nem quanto totalizam as dívidas: “Nunca contei o valor”, diz, entre risos.

João de Almeida Santos, que chegou a Macau em 1967, era um dos militares que frequentava “A Vencedora”: “Eu não tinha vales, paguei sempre tudo a pronto”. “Antigamente, a malta portuguesa vinha cá toda”, diz um dos habitués do espaço, remetendo para os “souvenirs” expostos na vitrina ofertados à casa por amigos portugueses e macaenses. Entre as criações bordalianas figura precisamente um Zé Povinho que com o seu característico manguito responde “Toma!” à pergunta “Se queres fiado?”. Na montra há uma miscelânea de artefactos, como típicas peças de cerâmica com a forma de folhas de couve, jarras, canecas e travessas, grande parte dos quais com as cores, letras ou emblemas que remetem para Portugal.

Um lugar de convívio

Uma série de memórias perdeu-se, mas ainda há muitos clientes que privaram com as diferentes gerações de homens d’ “A Vencedora”. Cristina Ferreira, por exemplo, lembra-se bem dos tempos em que o então jovem Lam “apenas ia ajudar o pai no restaurante à noite depois de terminar expediente como motorista numa agência de turismo”. Ultimamente frequenta “A Vencedora” com mais regularidade, acompanhada por colegas, dada a proximidade ao local de trabalho. Mas vai naturalmente também pela comida – gosta particularmente das lulas – e pelo par de irmãos “simpáticos e cativantes” que conhece desde quase sempre, dado que viveu toda a vida em Macau à excepção de uns anos passados no Brasil.

É também mais pelo “ambiente” , pela “convivência” e pela proximidade que José Mário Drogas ali vai há cinco anos – há tantos quantos chegou – e não tanto pela relação qualidade/preço. As preferências ora vão para a costeleta panada (41 patacas), para o peixe cozido (100 patacas) ora para o bacalhau com grão de bico (130 patacas), como reza o menu, também disponível em português. À regra portuguesa escapam outros pratos como o típico minchi macaense, sobre o qual recaiu a escolha na mesa ao lado.

“Não é caro nem barato”, observa José Sales Marques, acabado de chegar. “Há pessoas que vêm ao almoço e ao jantar. É como uma cantina”, diz, descrevendo-se como “um adepto incondicional”. “Há muito tempo que venho e gostava de vir mais vezes, porque esta casa é uma instituição”, sublinha. “Aprecio muito o peixe, porque é tudo fresco do mercado ali ao lado”, afirma o macaense. “Venho pela convivência, pelos amigos, mas também gosto da forma exemplar e autêntica como servem”, diz, apontando para a lata de azeite recém-colocado sobre a mesa cor-de-rosa.

Já para Ieong, de 55 anos, “A Vencedora” tem dias quase religiosamente reservados. “Vem sempre duas ou três vezes por mês”, garante a filha, de 19 anos, que o acompanha e ajuda no processo de tradução. “Gostamos muito da comida portuguesa, sobretudo da feijoada”, conta a jovem. O pai não nega, porém, que apreciava mais quando “A Vencedora” era quase exclusivamente frequentada por locais: “Agora há muitos turistas, o restaurante está sempre cheio, preferia quando era mais sossegado”.

Andy Cheng veio de fora, mas perdeu o estatuto de turista. Afinal, volta sempre que tem de vir a Macau por motivos de trabalho desde que amigos lhe deram a conhecer o restaurante central há sensivelmente cinco anos. “Talvez o preço seja ligeiramente elevado, mas gosto do ambiente, da cultura e da comida”, diz o jovem de 35 anos, natural da vizinha Hong Kong.

O próprio Lam reconhece, porém, que “o ambiente de antigamente era muito diferente – mais animado e engraçado. Todos se conheciam, vinha o pai, o filho… Agora, há uma mistura de tudo: portugueses, macaenses, chineses”, diz em português, uma língua que aprendeu em pequeno “de ouvido” entre as paredes brancas d’ “A Vencedora”, que atravessou três gerações sem sangue lusitano.

De facto, Lam entusiasma-se mais com o passado do que com o presente, embora pouco tenha mudado naquelas bandas além do figurino da carteira de clientes, como evidenciam as imagens de outrora. Tais como as de um recorte de que remonta ao início dos anos 1920 e que exibe com orgulho. Da página encadernada consta um anúncio da “Loja Vencedora”, que tem “vinhos, azeite, conservas portuguesas, chouriços de sangue e de carne”, e “fornece no seu estabelecimento e aceita comensais de fora”.

Num século de vida, “A Vencedora” apenas fechou portas uma vez, “por uma semana”, durante aquele que foi um dos episódios mais tensos do século XX em Macau: os motins do “1, 2, 3”, de 3 de Dezembro de 1966. Isto segundo a memória de segundo a memória de Lam, que era um adolescente na altura. “São muito anos, estou velho”, mas de “boa saúde”, ressalva de seguida, apesar do “muito trabalho”, já que “A Vencedora” abre todos os dias, à excepção de terça-feira, funcionando das 11h45 às 22h00. Lam tem dois descendentes (um em Macau outro no estrangeiro), mas nenhum parece inclinado para seguir as pegadas dos pais e tomar conta do característico restaurante. “O meu filho está em Inglaterra, a minha filha em Macau, mas acho que ela não gosta [do negócio]. Acha muito complicado”, diz.

16 Mar 2018

Angola foi o país africano que mais recebeu investimento chinês em 2017

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ngola foi o país africano que recebeu a maior fatia dos investimentos dos bancos públicos chineses no continente, recebendo quase 9 mil milhões de dólares desde 2000, segundo um estudo feito na Universidade de Boston.

De acordo com o Global Development Policy Center, um centro de análise que funciona na universidade, o continente africano é o que mais recebeu, no ano passado, investimentos dos dois bancos de desenvolvimento chineses que funcionam como o braço financeiro da diplomacia da China, tendo sido recetor de 6,8 mil milhões de dólares, cerca de 25% do total de 25,6 mil milhões de dólares.

Desde o princípio deste século, África já recebeu quase 35 mil milhões de dólares em investimentos chineses na área da energia, o que, apesar de ser menos que os 69 mil milhões canalizados para a Europa e Ásia Central, os 62 mil milhões para a América Latina e os 60 mil milhões para a Ásia, mostra bem o interesse chinês neste continente.

“A China está a tentar replicar o seu modelo de desenvolvimento em África para mostrar ao mundo que o modelo económico chinês funciona mesmo”, comentou ao Financial Times o analista Yu Jie, da London School of Economics.

Os números divulgados pelo estudo da universidade norte-americana seguem-se ao compromisso assumido em 2015 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, de canalizar anualmente 60 mil milhões de dólares em investimentos em África para sublinhar o “futuro comum”.

15 Mar 2018

Revirar de olhos quebra ‘coreografia’ em conferência de imprensa no legislativo chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s gestos de impaciência de uma jornalista chinesa tornaram-se virais nas redes sociais ao quebrarem com a ‘coreografia’ em que normalmente consistem as conferências de imprensa no legislativo chinês, onde as questões servem a propaganda do regime.

A situação ocorreu no sábado durante um encontro dos jornalistas com o chefe da comissão de ativos estatais da China, Xiao Yaqing, transmitido em direto pela televisão estatal CCTV, à margem da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo do país.

Liang Xiangyi, que trabalha para um portal chinês de informação económica, surge a revirar os olhos quando a jornalista atrás de si, Zhang Huijin, do canal de televisão sedeado nos Estados Unidos American Multimedia Television, que é transmitido em mandarim e tem ligações à CCTV, coloca uma questão.

À semelhança de quase todas as questões levantadas durante as conferências de imprensa na ANP, a pergunta de Zhang, sobre os êxitos alcançados pela China desde que há 40 anos adotou a política de Reforma e Abertura, obedece à propaganda do regime, que seleciona com antecedência as perguntas que podem ser feitas.

Zhang Huijin é já conhecida por colocar questões ao serviço da propaganda do regime chinês.

As imagens rapidamente tornaram-se virais nas redes sociais do país e geraram vários ‘memes’ no Wechat, um aplicativo de mensagens instantâneas criado pelo gigante chinês da Internet Tencent.

No Weibo, o equivalente ao Twitter na China, um internauta comentou: “Muito bem! Esse revirar de olhos vai da nossa parte!”.

“Aplaudo a tua honestidade! Perguntas dessas são irritantes e não têm qualquer significado”, escreveu outro utilizador.

Segundo informa hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post, Liang terá já sido punida pelo gesto, tendo-lhe sido retirada a acreditação para cobrir a sessão anual do legislativo.

A sua conta no Weibo foi também apagada e uma pesquisa pelo seu nome não dá qualquer resultado, indicando que foi alvo da censura do regime.

15 Mar 2018

Photo Macau Fair | A primeira vez de Marina Abramovic

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira edição da Photo Macau Fair, idealizada pela artista Cecília Ho, promete trazer não apenas os melhores trabalhos de fotografia artística mas também revelar a obra de artistas internacionais que nunca viram o seu trabalho exposto no território.

Um dos nomes mais sonantes da Photo Macau Fair, que acontece no Venetian entre os dias 24 e 26 de Março, é o de Marina Abramovic, uma artista conhecida pelas suas polémicas performances que esteve recentemente em Hong Kong.

A colecção de vídeos de Mike Steiner, um dos percursores do movimento minimalista na Europa, nos anos 60, realizados em conjunto com Marina Abramovic, fazem parte do programa da exposição, que foi apresentado esta terça-feira. De acordo com um comunicado, tratam-se de “vídeos raros e icónicos” feitos na década de 70 que pouca ou nenhuma exposição pública tiveram.

Na área da fotografia, a Photo Macau Fair vai destacar o trabalho de um dos primeiros fotógrafos de moda, Horst P. Horst, alemão que durante décadas trabalhou para a revista Vogue e que faleceu em 1999. Na exposição serão reveladas mais de 60 fotografias que mostram a diversidade do mundo da moda e das modelos da época, sem esquecer várias figuras do meio e da alta sociedade, como a estilista Coco Chanel. Ao longo da sua vida, Horst P. Horst fotografou nomes como Andy Warhol, Yves Saint Laurent, Salvador Dali ou Jacqueline Kennedy Onassis.

A cultura chinesa terá também destaque com a instalação de video intitulada “Corpo de Confúcio (Instalação 4), de Jeffrey Shaw, Peng Lin, Chang Tsong-Zung, Sarah Kenderdine. “Este projecto usa a última tecnologia digital para reeditar a ‘cerimónia de abertura, o ritual de etiqueta e o uso de vasos cerimoniais’ do Livro de Li (Etiqueta e Rituais) através de uma aplicação interactiva e três vídeos de de Paul Nichola, da Universidade Cidade de Hong Kong”. Este trabalho foi iniciado, pesquisado e produzido por Jia Li Hall da Universidade Tsinghua.

Segundo a organização da Photo Macau Fair, este trabalho multimedia “reflecte as mudanças que afectaram a sociedade moderna chinesa bem como o papel da arte enquanto linguagem comum com vista à promoção da harmonia”.

Durante a apresentação do programa oficial do evento, Cecília Ho revelou estar satisfeita por voltar à terra que a viu nascer e por conseguir trazer algo novo às suas comunidades.

“Estou muito feliz depois de 35 anos de ter deixado Macau. Tive a oportunidade de voltar e quis fazer algo no lugar onde nasci. A única coisa que sei fazer é arte, porque sou artista. A ideia de fazer esta exposição é porque a Ásia e a zona da Grande Baia. A China é um existem os maiores compradores de arte, e o mundo da arte inclui fotografia, escultura”, apontou.

15 Mar 2018

Organização de defesa dos Direitos Humanos distingue activistas chinesas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Chinese Human Rights Defenders (CHRD) distinguiu as activistas chinesas Li Xiaoling y Chen Jianfang pelo seu trabalho na promoção dos direitos humanos no país, apesar dos riscos e ameaças que enfrentam.

O prémio é designado Cao Shunli, nome da ativista que morreu em 14 de março de 2014 sob custódia da polícia e sem acesso a tratamento médico, após ser detida quando se preparava para viajar até Genebra, para participar em encontros sobre os direitos humanos na China, organizados pelas Nações Unidas.

A CHRD destaca Li e Chen pelo seu trabalho na proteção de grupos sociais vulneráveis e promoção da participação da sociedade civil em mecanismos internacionais de direitos humanos.

Este reconhecimento inclui um prémio em dinheiro, para apoiar algumas iniciativas lançadas por aquelas ativistas e ajudá-las face às represálias impostas pelo Governo.

Durante a última década, Chen Jianfang, de 48 anos, converteu-se numa das vozes líderes na defesa dos direitos sobre terrenos e habitação em Xangai, a “capital” económica da China, onde a apropriação de terrenos e a demolição de casas proliferaram para dar lugar a construções em altura.

Segundo a CHRD, o Governo chinês impediu por várias vezes Chen, que trabalhou com Cao Shunli, de viajar para fora do país, para participar em encontros sobre os direitos humanos.

“As autoridades tentaram, sem êxito, dissuadir Chen e reprimir a sua defesa, detendo-a em prisões ‘negras’ [instalações que funcionam à margem do sistema judicial]”, denuncia a CHRD.

A organização distinguiu ainda Li Xiaoling, que foi detida em 04 de junho passado por comemorar o 28.º aniversário do massacre de Tiananmen, pelo seu apoio a grupos sociais marginalizados e vítimas de perseguição governamental.

Li, de 55 anos, foi detida após a polícia ter apanhado na Internet fotografias da ativista com um cartaz que homenageava as vítimas do movimento pró-democracia de Tiananmen, esmagado pelo exército chinês.

A CHRD adianta que Li foi submetida a maus-tratos pela polícia e que lhe foi negado tratamento médico.

15 Mar 2018

Aplicativo chinês Wechat atinge mil milhões de perfis de usuários

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] aplicativo chinês Wechat atingiu em fevereiro passado mil milhões de perfis de usuários, segundo o presidente do gigante chinês da Internet Tencent, Pony Ma, que concebeu aquele serviço hoje indispensável no dia-a-dia na China.

O Wechat, inicialmente lançado como um serviço de mensagens instantâneas, semelhante ao Whatsapp, funciona simultaneamente como rede social e carteira digital.

Para chamar um táxi, pagar luz e água, ou comprar bilhetes de avião na China, é possível recorrer apenas àquele aplicativo.

Vários hospitais chineses permitem pagamentos através da carteira digital do Wechat, enquanto existem já mendigos que aderiram à inovação tecnológica e têm consigo um código QR impresso para transferência direta de doações para as respetivas contas Wechat.

Os utilizadores chineses frequentemente referem-se ao Wechat como um serviço público, ilustrando a difusão do aplicativo no dia-a-dia na China.

Retalhistas fora do país estão também a despertar para a utilidade daquele aplicativo – o centro para pequenas e médias empresas da União Europeia lançou recentemente um serviço para ajudar os empresários a abrirem lojas ‘online’ no Wechat.

Pony Ma anunciou aqueles dados durante a abertura da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China, no qual é delegado.

Apesar de Ma ter referido “usuários”, um porta-voz da Tencent clarificou mais tarde que se tratam de perfis de usuários, sendo que um só individuo pode ter várias contas no aplicativo.

A China censura redes sociais como o Facebook, Twitter e Instagram, ou o serviço de mensagens instantâneas Whatsapp, o que garante o quase monopólio do mercado chinês ao Wechat.

No ano passado, o número de chineses ligados à internet ultrapassou os 770 milhões, segundo o China Internet Network Information Center (CNNIC).

A China é a nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.400 milhões de habitantes.

Pelas contas do Governo chinês, o montante gasto em pagamentos móveis, nos primeiros dez meses de 2017, superou o conjunto de 2016, fixando-se em 12,77 biliões de dólares (10,40 biliões de euros).

Outra importante carteira digital na China é o Alipay, do grupo chinês de comércio eletrónico Alibaba.

15 Mar 2018

Filipinas abandonam Tribunal Penal Internacional “com efeitos imediatos”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou que o país vai abandonar o Tribunal Penal Internacional “com efeitos imediatos” porque a instituição tenta investigar a “guerra contra as drogas” que terá causado sete mil mortos no arquipélago.

“Declaro e aviso, como presidente da República, que as Filipinas abandonam com efeito imediato a ratificação do Estatuto de Roma, que vincula os Estados membros do Tribunal Penal Internacional”, declara Duterte num documento que está a ser divulgado pelos órgãos de comunicação social de Manila.

No mesmo texto, Duterte acusa o Tribunal Penal Internacional de impor jurisdição sobre ele “violando o princípio da presunção de inocência”.

Recentemente, o tribunal iniciou os trabalhos preliminares no sentido de investigar a campanha antidroga nas Filipinas.

Rodrigo Duterte acusa também funcionários das Nações Unidas como autores de “ataques sem fundamento, sem precedentes e indignantes “contra o chefe de Estado” e o governo de Manila.

Nos últimos meses Duterte ameaçou retirar o país do Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, e que conta com 123 membros.

Países como os Estados Unidos, República Popular da China e Rússia não integram o organismo judicial.

O Tribunal Penal Internacional recebeu em abril de 2017 uma denúncia de um cidadão filipino que pediu o julgamento de Duterte por “assassinatos” alegadamente cometidos durante 22 anos – entre os períodos compreendidos entre 1988 e 1998 e também entre 2001 e 2010 – quando foi autarca de Davao, uma ilha a sul de Mindanao.

A acusação compreende também um período que começou em junho de 2016, em que Duterte, como chefe de Estado, deu início à campanha antidroga.

O governo das Filipinas tem afirmado que o organismo judicial pode violar a soberania nacional caso venha a processar o Estado por causa da “luta contra a droga” acrescentando que a competência para julgar a matéria é da competência dos tribunais locais onde não existe qualquer processo.

A “guerra contra as drogas” decretada por Duterte provocou quatro mil mortos durante operações policiais, mas organizações não-governamentais indicam que o número total de vítimas pode ser superior a sete mil mortos.

15 Mar 2018

Nova aventura do piloto Michel Vaillant é lançada em Novembro em Macau

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] autor Philippe Graton anunciou hoje que vai lançar, em novembro, uma nova aventura do piloto Michel Vaillant em Macau, 35 anos depois do álbum de banda desenhada “Rendez-vous à Macao”.

“Em novembro passado, durante o Grande Prémio de Macau, estivemos aqui a reunir documentação para a história. Ficção e realidade vão tocar-se aqui, o que é muito interessante e inovador para os artistas e escritores”, afirmou o filho de Jean Graton, responsável pelo argumento juntamente com Denis Lapière. Os desenhos são de Benjamin Bénéteau.

“Estou muito contente por ver que o Michel Valliant continua a despertar interesse, mais de 60 anos depois”, sublinhou sobre a personagem e série criada em 1957 por Jean Graton.

O autor explicou que há cinco anos recomeçou a série iniciada pelo país, com uma nova imagem e histórias. “Chamo-lhe uma nova temporada de Michel Vaillant e o sétimo episódio vai ser em Macau”, disse.

Sem querer desvendar o enredo, Philippe Graton afirmou que a história vai passar-se no circuito e também na cidade de Macau, recorrendo à arquitetura e gastronomia, bem como às pequenas ruas mais escondidas, “que não são cartões de visita [da cidade], mas onde nem se sabe se são em Macau ou em Portugal”.

“O projeto começou a ser desenvolvido no ano passado, quando vim participar no festival literário de Macau e o [diretor] Ricardo Pinto sugeriu a ideia”, disse.

O álbum vai ser publicado em francês, inglês e português. “Depois do mercado francófono, o mercado mais entusiástico é Portugal”, explicou.

“Estamos a tentar encontrar um parceiro para a China”, para a tradução em chinês simplificado e tradicional, acrescentou Philippe Graton, considerando ser esta uma “oportunidade única” para entrar no mercado chinês.

Ao mesmo tempo, vai ser lançado um documentário sobre o “making off” deste álbum, realizado por Susana Gomes.

“Espero que seja tudo lançado ao mesmo tempo”, disse Ricardo Pinto.

15 Mar 2018

Ex-responsável da ONU para as Alterações Climáticas principal oradora no MIECF

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ex-secretária executiva da Convenção-quadro da ONU para as Alterações Climáticas Christiana Figueres vai apresentar, em abril, em Macau, as linhas orientadoras da proteção ambiental e desenvolvimento sustentável mundial, foi ontem anunciado.

A intervenção, que incluirá as principais tendências globais de desenvolvimento das cidades ecológicas e da Economia Verde, vai decorrer na edição deste ano do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa), no qual Figueres vai ser a principal oradora.

O MIECF, organizado pelo Governo de Macau, decorre de 12 a 14 de abril, sob o tema “Construir Cidades Sustentáveis para uma Economia Verde Inclusiva”, de acordo com um comunicado.

Enquanto secretária executiva da UNFCCC (2010-16), Figueres conseguiu aprovar o histórico acordo de Paris, no qual 195 países concordaram limitar o futuro aquecimento global futuro abaixo dos 2° centígrados.

15 Mar 2018

Fotografia | Website 1884.com transformado em galeria

[dropcap style≠’circle’]”P[/dropcap]assado é o Futuro” (Past is Future)” é o nome da exposição que marca o arranque da Galeria 1884, que até agora funcionava apenas como um website de fotografias. Ben Ieong Man Pan, director artístico, aposta tudo na primeira galeria exclusivamente dedicada à fotografia no território.

São imagens de momentos que estão na memória de muitos mas que os mais jovens já não conhecem. Do tempo em que os riquexós serviam de transporte de moradores e não apenas de turistas, do tempo em que nas Portas do Cerco não havia multidões e em que as zonas antigas do território estavam cheias de bicicletas no fervilhar da cidade.

Há muito que as fotografias disponíveis para venda no website 1884.com mostravam uma outra Macau, mas agora podem ser observadas de perto na primeira galeria exclusivamente dedicada ao mundo da fotografia em Macau. Hoje é inaugurada a Galeria 1884, com a exposição “Passado é Futuro (Past is Future)”, uma ideia de Ben Ieong Man Pan, director artístico, Yoyo Wong, coordenadora de curadorias de exposições e Kim Chan, director de operações.

Ao HM, Yoyo Wong falou dos objectivos primordiais deste projecto diferente, que visa fazer com o que o passado perdure no tempo. “Tudo começou quando o Ben [Ieong Man Pan] teve a ideia de reunir fotografias antigas de Macau. Ele começou por colaborar com o website 1884.com e também tem vindo a fazer o trabalho administrativo com o seu colega Kim Chan. Foram eles que desenvolveram o website e já tinham reunido mais de 500 registos fotográficos de Macau e também de outros lugares, de mais de 30 fotógrafos que fazem parte das primeiras gerações de profissionais.”

O ano de 1884 dá nome aos dois projectos por ter sido a data em que a fotografia chegou ao Oriente, tendo Macau como porta de entrada. A escolha acabou por ser consensual e óbvia.

“Este foi o primeiro lugar a receber a fotografia vinda do Ocidente para o Oriente, então este é um marco histórico muito importante para Macau. Foi uma porta e explica como a fotografia se espalhou no Oriente através do território. Queremos enfatizar este ponto e trazer a história, é muito significativo e tem um grande simbolismo para nós, e também para os fotógrafos. Foi por isso que decidimos atribuir esta data ao nome do website e da galeria.”

Segundo explicou Yoyo Wong, o extenso trabalho de recolha teve como objectivo mostrar imagens que continuavam guardadas em gavetas. “Queremos que este espaço físico promova estes recursos e as fotografias que restaram das primeiras gerações de fotógrafos. A maior parte deles mantém colecções incríveis de imagens que nunca foram mostradas ao público. Então tivemos a ideia de promover o seu trabalho num espaço online e físico também.”

Aposta documental

A exposição “Past is Future” vai começar por ser uma mostra generalizada do trabalho de cada um dos fotógrafos que se uniu a este projecto online, mas a ideia é fazer depois exposições mais focadas no trabalho que cada um deles desenvolveu ou tem vindo a desenvolver.

“Esta exposição vai dar uma visão geral da sua obra. Alguns dos autores que temos no website nunca mostraram o seu trabalho ao público, e nos próximos meses vamos apostar nesse ponto”, adiantou Yoyo Wong.

Ben Ieong Man Pan explicou ao HM que o objectivo não passa por mostrar apenas fotografias de época. “Queremos ser uma plataforma para mostrar o trabalho destes fotógrafos. Além disso, a galeria não visa apenas mostrar imagens contemporâneas, mas também fotografia documental.”

Além disso, o território não será o único foco neste projecto. “Temos algumas colaborações com galerias na Ásia, então vamos mostrar fotografias de Macau e da Ásia também. Esta é a primeira galeria de fotografia em Macau mas não queremos que o nosso público seja apenas composto pelos locais, mas também por pessoas de fora”, frisou o director artístico da Galeria 1884.

 

15 Mar 2018

Tribunal considera que Wynn Macau transmitiu dados de forma ilegal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] juízes do Tribunal Judicial de Bases deram como provado que a operadora Wynn Macau transmitiu os dados pessoais de Rogelio Yusi Bangsil Jr sem autorização do visado e num acto que violou a Lei de Protecção de Dados Pessoais. Em causa está o diferendo em que o ex-regulador filipino exige uma compensação de 10 milhões de patacas à operadora devido a danos causados pela transmissão dos dados para a elaboração de um relatório sobre práticas suspeitas.

A decisão não implica que Rogelio Bangsil Jr vai ter de ser compensado, apenas se relaciona com a matéria de facto provado. Agora, os deputados vão ter um prazo de 20 dias para se pronunciarem sobre os factos e só depois haverá uma decisão final.

“O tribunal deu como provado que a Wynn Macau transferiu os dados pessoais do senhor Bangsil contra a vontade dele, sem que tivesse havido uma autorização e em violação da Lei de Protecção de Dados Pessoais. A Wynn Macau foi inclusivamente punida pelo Gabinete de Protecção de Dados Pessoais por essa mesma infracção”, afirmou José Leitão, advogado do Rogelio Bangsil Jr, ao HM. “Não é a decisão final, mas é uma decisão que, pelo menos neste aspecto, confirma o que sempre foi a nossa posição”, acrescentou.

Defesa “não está insatisfeita”

Por sua vez, Rui Simões, advogado que representa a operadora, escusou-se a fazer comentários, mas recusou estar insatisfeito com a decisão: “Não comento, por questões deontológicas, processos que se encontram a decorrer”, afirmou, ao HM. “Mas não estou insatisfeito com a decisão”, reconheceu.

Os juízes confirmaram a versão do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, que logo em Março de 2012 tinha multado a operadora Wynn Macau em 20 mil patacas, por duas violações à Lei de Protecção de Dados Pessoais.

No processo que agora decorre nos tribunais, Rogelio Yusi Bangsil Jr exige uma indemnização de 10 milhões de patacas à concessionária Wynn por danos materiais e não-materiais. Em causa está um relatório publicado em 2012 nos Estados Unidos, em que consta que um dos accionistas da Wynn na altura, Kazuo Okada, teria feito ofertas suspeitas a reguladores filipinos. Entre os nomeados está Bangsil, assim como a esposa e a filha. O queixoso diz que o documento forçou a sua saída da Pagcor, regulador do jogo das Filipinas.

15 Mar 2018

Comércio | Aumenta procura no sector a retalho

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á mais vagas por preencher no comércio a retalho, sinalizando um aumento da procura por recursos humanos num sector que paga, em média, 14.200 patacas

O comércio a retalho tinha 2.781 vagas por preencher no final do ano passado, mais 319 em termos anuais homólogos, indicam dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No topo da lista de pré-requisitos figuram os conhecimentos linguísticos, em particular o domínio do mandarim (73,6 por cento dos postos vagos) e a experiência profissional (59,2 por cento).

Em Dezembro, o retalho empregava 37.050 trabalhadores (mais 2,2 por cento), representando quase dois terços do total de mão-de-obra ao serviço do comércio. A remuneração média correspondia a 14.200 patacas, sendo que, à luz dos dados de Dezembro, os residentes ganhavam mais 4.830 patacas do que os portadores do chamado ‘blue card’.

Já o sector dos transportes, armazenagem e comunicações empregava 11.360 trabalhadores – mais 1,6 por cento em termos anuais homólogos. Por preencher estavam 650 vagas (menos 84), exigindo-se em metade habilitações inferiores ou iguais ao ensino secundário geral, com apenas duas em cada dez vagas a requerem ensino superior. A experiência profissional era o segundo critério mais valorizado na hora do recrutamento.

A remuneração média correspondia a 21.470 patacas, mas no caso concreto dos condutores de veículos de passageiros ou de mercadorias dos transportes terrestres era 5.000 patacas mais elevada, de acordo com a DSEC. Num comentário aos dados, Lei Kit Meng, da Associação dos Motoristas, defendeu que o sector tem visto menos desemprego, considerando que Macau conta actualmente com profissionais do volante suficientes atendendo à dimensão da cidade.

Nas actividades de segurança laboravam 10.862 pessoas – mais 2,4 por cento face ao período homólogo de 2016. Ao contrário do comércio e dos transportes, a remuneração média diminuiu (2,1 por cento) para 13.250 patacas, sendo que os guardas em específico ganhavam, em média, 11.420 patacas. No total, existiam 1.023 vagas.

No tratamento de resíduos sólidos e líquidos públicos trabalhavam 862 pessoas, estando apenas disponíveis 41 vagas. A remuneração média era de 18.130 patacas, valor que traduz um aumento anual homólogo de 2,3 por cento.

Segundo a DSEC, no quarto trimestre do ano passado, 28.812 pessoas dos quatro ramos de actividade económica frequentaram um total de 1.100 cursos. Mais de 60 por cento dos formandos frequentaram cursos pagos pelos empregadores.

15 Mar 2018