Revirar de olhos quebra ‘coreografia’ em conferência de imprensa no legislativo chinês

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s gestos de impaciência de uma jornalista chinesa tornaram-se virais nas redes sociais ao quebrarem com a ‘coreografia’ em que normalmente consistem as conferências de imprensa no legislativo chinês, onde as questões servem a propaganda do regime.

A situação ocorreu no sábado durante um encontro dos jornalistas com o chefe da comissão de ativos estatais da China, Xiao Yaqing, transmitido em direto pela televisão estatal CCTV, à margem da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP), o órgão máximo legislativo do país.

Liang Xiangyi, que trabalha para um portal chinês de informação económica, surge a revirar os olhos quando a jornalista atrás de si, Zhang Huijin, do canal de televisão sedeado nos Estados Unidos American Multimedia Television, que é transmitido em mandarim e tem ligações à CCTV, coloca uma questão.

À semelhança de quase todas as questões levantadas durante as conferências de imprensa na ANP, a pergunta de Zhang, sobre os êxitos alcançados pela China desde que há 40 anos adotou a política de Reforma e Abertura, obedece à propaganda do regime, que seleciona com antecedência as perguntas que podem ser feitas.

Zhang Huijin é já conhecida por colocar questões ao serviço da propaganda do regime chinês.

As imagens rapidamente tornaram-se virais nas redes sociais do país e geraram vários ‘memes’ no Wechat, um aplicativo de mensagens instantâneas criado pelo gigante chinês da Internet Tencent.

No Weibo, o equivalente ao Twitter na China, um internauta comentou: “Muito bem! Esse revirar de olhos vai da nossa parte!”.

“Aplaudo a tua honestidade! Perguntas dessas são irritantes e não têm qualquer significado”, escreveu outro utilizador.

Segundo informa hoje o jornal de Hong Kong South China Morning Post, Liang terá já sido punida pelo gesto, tendo-lhe sido retirada a acreditação para cobrir a sessão anual do legislativo.

A sua conta no Weibo foi também apagada e uma pesquisa pelo seu nome não dá qualquer resultado, indicando que foi alvo da censura do regime.

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