Hoje Macau SociedadeMacau aumenta número de alertas à subida do nível das águas [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo anunciou ontem que vai alterar os avisos de ‘storm surge’ [subida do nível das águas] dos atuais três para cinco graus, uma medida que já está em vigor. De acordo com as informações publicadas hoje no Boletim Oficial, as autoridades decidiram aumentar os níveis de alerta emitidos pela direção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos a “fim de assegurar a proteção da vida e bens da população, bem como de alertar o público para o nível de ameaça e o risco de ser afetado por um ‘storm surge'”. “O ‘storm surge’ é o aumento anormal do nível da água quando uma tempestade tropical se aproxima das áreas costeiras e que pode ocasionar inundações em zonas baixas. Coincidindo com a maré astronómica, o nível da água pode elevar-se repentinamente e causar grandes inundações numa vasta zona”, explicou o governo, na nota publicada. As autoridades decidiram alterar os valores do terceiro grau e acrescentar mais dois. O terceiro grau passa a ser emitido quando se prevê que “o nível de água acima do pavimento atinja valores entre um metro e um metro meio”. O quarto grau, quando as previsões apontarem para a possibilidade dos níveis de água entre 1,5 metros e 2,5 metros. Já o quinto e último grau, o grau preto, quando “o nível de água acima do pavimento atinja valores superiores a 2,5 metros”. O grau mais elevado ainda em vigor, correspondia a todos os valores acima de um metro. Os graus do aviso são emitidos para que a população possa adotar, atempadamente, as medidas de prevenção adequadas. Depois da emissão do terceiro, quarto ou quinto grau, as autoridades do território aconselham a população a não estacionar os carros em parques de estacionamento, a não utilizarem elevadores – uma vez que o fornecimento de eletricidade pode sofrer cortes devido às inundações – e a manterem-se em lugares afastados das zonas baixas da cidade. No ano passado ocorreram oito tempestades tropicais e, durante a passagem do tufão Hato, o pior nos últimos 53 anos, as rajadas máximas de vento atingiram os 217,4 quilómetros por hora.
Hoje Macau DesportoFrancisco Neto diz esperar empenho, apesar de afastamento do Mundial 2019 feminino [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] selecionador português de futebol feminino, Francisco Neto, disse hoje esperar “qualidade, empenho e máxima dedicação” da equipa nacional nos próximos jogos de qualificação para o Mundial de 2019, o primeiro dos quais com a Roménia, na terça-feira. Apesar de a seleção portuguesa de futebol feminina estar já matematicamente afastada do próximo Campeonato do Mundo, que se realiza em França, Francisco Neto assegurou que o compromisso das jogadoras nacionais “é sempre muito grande e a motivação está sempre presente”. “Estamos tristes por não estarmos mais na luta pelo Mundial, que era um objetivo muito desejado. Mas estamos cientes de que há nove pontos em disputa e temos uma imagem para valorizar (…). Por isso, só espero qualidade, empenho e máxima dedicação da parte das nossas jogadoras. Vamos entrar com grande vontade de vencer”, afirmou, citado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Antes do treino de adaptação ao Estádio Municipal de Botosani, onde Portugal defronta na terça-feira a congénere da Roménia, Francisco Neto antecipou que a Roménia é “uma equipa forte que criará grandes dificuldades”. A seleção portuguesa de futebol feminino ficou definitivamente afastada na sexta-feira da fase final do Mundial2019, ao perder frente à Itália, por 3-0, em jogo do Grupo 6 da fase qualificação. Portugal necessitava de vencer as líderes do grupo para manter a possibilidade de chegar pela primeira vez a um campeonato do mundo, depois da histórica presença no Europeu de 2017, na Holanda, enquanto as italianas apenas precisavam de um ponto para confirmar o acesso à fase final da competição, em França. A seleção de Milena Bartolini assegurou o primeiro lugar, com 21 pontos em sete jogos, mais 11 do que a Bélgica, segunda com 10, enquanto Portugal permanece no terceiro posto, com os mesmos quatro da Roménia – a Moldávia ocupa o quinto lugar, com um ponto.
Hoje Macau DesportoMundial 2018: Bélgica impressiona ante Costa Rica [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Bélgica impressionou ontem no seu último jogo de preparação para o Mundial de futebol que se inicia na quinta-feira na Rússia, ao golear em Bruxelas a Costa Rica, por 4-1. Outras duas seleções que ‘afinaram’ o seu estilo de jogo, a três dias do arranque do Mundial, foram Senegal e Coreia do Sul, com os africanos a chegarem à vitória por 2-0, em Grodig, Áustria. No estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, até foi a Costa Rica a marcar primeiro, através do sportinguista Bryan Ruiz, antes de os belgas tomarem conta do jogo, com uma exibição que os reforça como favoritos para o Mundial. Mas nem tudo foram coisas positivas para a equipa belga, já que aos 70 minutos Eden Hazard teve de sair, por lesão, ligeiramente ‘tocado’ no tornozelo direito. O golo de Bryan Ruiz, aos 24 minutos, teve o condão de ‘espicaçar’ o adversário, que aos 31 já empatava, por Dries Mertens. Ainda antes do intervalo chegava o 2-1, marcado por Romelu Lulaku, aos 42. O goleador do Manchester United bisaria, aos 50 minutos. Finalmente, o 4-1 foi obra de Michy Batshuayi, aos 64 minutos. No Mundial, a Bélgica jogará no grupo G, com Panamá, Tunísia e Inglaterra. A Costa Rica integra o grupo E, com Brasil, Suíça e Sérvia. Em Grodig, na região de Salzburgo, o Senegal, de Sadio Mané, não deslumbrou e só venceu através de um autogolo coreano e de um golo de Konaté de grande penalidade, já para lá dos 90 minutos. O jogo, que decorreu à porta fechada, só teve golos no segundo tempo: primeiro, foi Kim Young-Gwon a enviar a bola para as suas próprias redes, aos 67 minutos, e depois o penálti cobrado por Konaté, aos 90+1. O Senegal integra o grupo H, juntamente com Polónia, Colômbia e Japão. Quanto à Coreia do Sul, está no grupo F, com Alemanha, México e Suécia.
Hoje Macau China / ÁsiaOPA/EDP: China Three Gorges discute detalhes com a empresa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China Three Gorges (CTG) afirmou ontem que vai continuar a debater os detalhes da OPA sobre a EDP com esta empresa, depois de a eléctrica portuguesa ter considerado que a oferta tem “mérito”, mas o modelo de implementação “não é claro”. “Vamos discutir nos próximos meses com a EDP”, disse à agência Lusa o vice-presidente executivo da China Three Gorges (CTG) International, Wu Shengliang, em reacção ao relatório ao mercado divulgado na sexta-feira pela EDP. O Conselho Executivo da eléctrica portuguesa, liderado por António Mexia, considerou que “há mérito nas intenções estratégicas” da CTG, que “dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase”, pedindo clarificação. A mesma nota acrescenta que a EDP não dispõe de “elementos suficientemente claros sobre quanto tempo a CTG Europe pretende preservar a identidade portuguesa da EDP e a sua qualidade de sociedade cotada em Lisboa, do modelo societário previsto que garantiria autonomia do centro de decisão e como é que este modelo proporcionaria proteção adequada aos acionistas minoritários, nomeadamente na eventualidade de conflitos de interesse decorrentes da contribuição de ativos”. Entre os méritos reconhecidos na proposta anunciada no passado dia 11 de Maio, António Mexia refere a intenção da CTG de “aportar os ativos detidos pela China Three Gorges Corporation na EDP, através de subsidiárias, no Brasil e na União Europeia”, a possibilidade de expansão para o mercado eólico ‘offshore’ (no mar) chinês, o reforço do perfil de crédito da EDP e a intenção de manter uma política de dividendos estável. “Os méritos das intenções acima descritas dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase”, lê-se no relatório. Em 11 de Maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada acção, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente. O preço oferecido pela CTG é a principal razão pela qual a administração da EDP recomenda aos accionistas que não aceitem esta oferta, por não reflectir adequadamente o valor da eléctrica, pois o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do sector. “O prémio implícito no preço oferecido encontra-se significativamente abaixo do que é a prática em transacções em dinheiro no sector europeu das ‘utilities’, no mercado ibérico e mais genericamente no mercado europeu, em casos em que o oferente adquire controlo”, refere, realçando que está abaixo do oferecido em 2011, quando a CTG adquiriu 21,35% da elétrica. Esta tomada de posição foi aprovada em reunião do Conselho de Administração Executivo da EDP realizada na quinta-feira, por unanimidade dos membros, e recebeu, na sexta-feira, parecer favorável do Conselho Geral e de Supervisão, órgão liderado por Luís Amado. Também o Conselho de Administração da EDP Renováveis, liderado por Manso Neto, recomendou aos accionistas “não aceitar o preço da oferta” da CTG, por não traduzir o valor da empresa, e considerou que “o calendário proposto subjacente à oferta poderá não corresponder aos melhores interesses dos accionistas da EDP Renováveis e deveria ser clarificado”. A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa. Caso a OPA sobre a EDP tenha sucesso, a CTG avançará com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (EDPR) a 7,33 euros por ação. A EDP controla 82,6% do capital social da EDPR, que tem a sua sede em Madrid.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasA humanidade como conspiração: Matriz e Budismo [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]uma época em que abundam teorias da conspiração, vamos acercar-nos de um filme que tem como base o encaminhamento de buda, isto é, um modo de pensar espiritual cujo objectivo é alcançar a consciência plena. E este modo de pensar pode também ser visto como a revelação de um segredo: a humanidade conspira contra ela mesma. Por conseguinte, este modo de ver o humano, não trata de uma teoria da conspiração acerca da terra ser ou não redonda ou dos ricos reunirem-se em volta de uma mesa para governarem os destinos do mundo, mantendo-o tal e qual ele é e sempre foi ou como querem que ele seja. Trata-se de algo mais profundo. O budismo pode ser visto como a revelação de que a humanidade conspira e sempre conspirou contra ela mesma. E fique desde logo claro, que não se trata de um texto acerca do budismo, mas de pensar um filme com elementos básicos do pensamento espiritual de Buda. Lembremos o filme que lemos aqui na semana passada. A génese da criação, antes mostrada através de um caso pessoal, é agora levada a cabo aqui através de um modo de pensar e de entender o mundo que é universal, no sentido em que é partilhado por muitos através do espaço e do tempo. As irmãs Wachowski, pegam nesse modo de entender o mundo, que é o budismo, e fazem uma criação onde mostram uma grande conspiração. Para aqueles que estão familiarizados com o caminho de Buda, e bem mais do que eu, o filme que aqui hoje vamos ler, Matrix, surge-lhes de imediato como uma visão desse modo de viver e entender o mundo aplicado a uma estrutura narrativa de ficção científica. O mundo onde usualmente habitamos, todos nós, que é resultado de uma consciência não desperta, o budismo chama Samsara (consciência comum ou consciência adormecida). A samsara é mundo da consciência que a maioria de nós habita. O mundo da consciência antes da libertação. E podemos aqui também lembrar a famosa alegoria da caverna, de Platão. Mas recorde-se a primeira conversa entre Neo e Morpheus, em que este último diz que o outro tem o olhar de quem espera que o que está acontecer seja um sonho e que a qualquer momento vá acordar, e acrescenta que isso não deixa de ser verdade. Não deixa de ser verdade, porque uma consciência adormecida é uma vida adormecida. Estar adormecido é viver na samsara (ou nas sombras da caverna de Platão). E, no filme, Matrix é metáfora de samsara. No início, Neo vive como que num sonho, na consciência comum, imerso na Samsara, na Matrix. Mas está ali, em frente de Morpheus, porque sente que há algo errado com o mundo, o conhecimento que ele tem, e que ainda não sabe, sempre esteve e está lá, dentro dele, à espera de se tornar consciente. Evidentemente, isto também nos lembra Platão. Mas aqui, com o budismo, a similaridade torna-se mais evidente. Como diz o budismo, todos nós somos Buda, mas a grande maioria não o sabe e nunca irá saber. Assim, Neo assume no filme a personificação daquele que quer descobrir o Buda que o habita, o Buda que é, apesar de haver também no filme alguma similaridade com a narrativa de Cristo, principalmente no uso da linguagem, “o escolhido”, “aquele que foi escolhido e que veio ao mundo para nos salvar.” Nessa primeira conversa, Morpheus diz “Matrix está em todo o lado, à nossa volta, aqui mesmo nesta sala. Você pode vê-la ao olhar pela janela, ao ligar a televisão ou ao ir para o trabalho. Quando vai à igreja, quando paga os impostos. É o mundo que puseram diante dos seus olhos para que não pudesse ver a verdade.” E a verdade, continua Morpheus, é que nós somos escravos. Nós nascemos numa prisão que não conseguimos nem ver, nem tocar. Uma prisão para a nossa mente. E esta é a própria definição de samsara. O mundo impede a consciência de se ver a si mesma. E o Matrix não pode ser explicado completamente ou mostrado, a não ser que se saia dele, que se alcance o despertar da consciência. É preciso alcançar o estado de buda – que em muitas tradições se chama Nirvana – para ver o Matrix. A mentira só pode ser vista quando já não estamos nela, quando estamos na verdade e a vimos de fora. É preciso alcançar o desabrochar (sanqyé) à imagem da flor de lótus, de modo a afastar a representação e ficarmos livres dos conceitos e das sensações. Aquilo que Morpheus está a dizer a Neo é que o Matrix só pode ser visto na sua totalidade através de uma experiência de cognição directa, quando a separação do sujeito-objecto desaparece. Porque a ignorância (avidya), em que todos estamos na samsara (matrix), consiste em confundir a realidade com a sua representação. Assim, quando Morpheus lhe dá a escolher entre as duas cápsulas, a vermelha, que o levará na viagem em direcção à verdade, ou a azul, que o deixará como está, a acordar na sua cama como se tudo não passasse de um sonho, Neo escolhe o caminho da verdade, o caminho do despertar da consciência, o caminho de Buda. E aquilo que primeiro choca Neo é precisamente o primeiro dos ensinamentos budistas: tudo é espaço (aliás, à imagem das novas teorias da física contemporânea, principalmente a Mecânica Quântica, que mostra que num átomo há muito mais vazio do que cheio). A própria palavra Bu (vacuidade) – da (compaixão), quer dizer abraçar o espaço com a consciência e com o coração. Há muito menos forma, aquilo que confere individualidade a nós e às coisas, do que espaço contínuo (sem forma). Mas nós somos parte desse espaço contínuo, nós somos vacuidade. Nada nos separa de nada. “Porque é que me doem os olhos?”, pergunta Neo, “porque nunca os usaste”, responde Morpheus. Na primeira vez que Neo luta, num treino com Morpheus, este diz-lhe: “Não penses que és rápido. Sê rápido.” E esta é a diferença fundamental para quem segue o caminho de Buda. Há que ultrapassar o pensar para ser. Há que ultrapassar os conceitos. E pouco depois diz: “Estou a tentar libertar a tua mente, Neo. Mas só posso mostrar-te a porta. És tu que a tens de atravessar.” É também isto, e apenas isto, que um mestre budista pode fazer por um discípulo, mostrar-lhe a porta, mostrar-lhe o caminho que ele tem de percorrer, mas é ele que tem de o fazer por si, sozinho. Apesar de se ter a mente liberta, diz Morpheus, quando estamos na Matrix (quando estamos na consciência comum, adormecida, diria um budista) as pessoas que nos rodeiam, que queremos libertar, são nossas inimigas, pois elas não estão preparadas para acordar. Porque é difícil largar a sensualidade do mundo. Há uma passagem central no filme, acerca disto. Cypher, que trai os companheiros, e a quem o agente Smith trata por senhor Reagan, quando no restaurante a jantar com o agente come um pedaço de bife diz: “Sei que este bife não existe. Sei que, quando o coloco na boca, a Matrix diz ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Depois de nove anos [com a consciência plena da realidade] sabe o que descobri? Que a ignorância é uma bênção.” Esta é uma passagem central do filme. Cypher / Regan [que nos remete para o Ronald Reagan, actor e presidente dos Estados unidos da América], está a trair os companheiros e a verdade em troca de um lugar ao sol na Matrix [ele pede para ser rico e importante, actor importante]. Isto é, ele renuncia à verdade para viver bem. Viver bem segundo os padrões Matrix ou, se preferirmos, os da sociedade onde vivemos. Viver bem segundo a sensualidade do mundo. E esta é também uma das dificuldades que os budistas apontam para a libertação. O mundo criou a ilusão de bem estar para tapar a verdade. E todos nós preferimos o bem estar, uma “vida boa”, regalada, ao sol, do que a verdade. E Cypher representa precisamente esta dificuldade, representa, no fundo, quase toda a humanidade. É como se a própria humanidade, ao criar o bem estar, a riqueza de uns sobre os outros, estivesse a conspirar contra si mesma, contra a libertação da própria humanidade. Neste caso, para o budismo, não são as máquinas que estão a criar uma realidade imaginária (como no filme), de modo a que os humanos não vejam a verdade, mas os humanos eles mesmos. A riqueza e o ideia de progresso são a armas que a humanidade usa contra a libertação de si mesma. Veja-se o que a respeito disto escreve o professor e pensador Paulo Borges, no seu livro O Coração da Vida (Edições Mahatma, 2ª Edição, pp. 26-7): “Surgiu assim com o Iluminismo, a ideia do ‘progresso’, entendido como a emancipação da humanidade, pelo trabalho, das necessidades do mundo natural e da subordinação da natureza, por via da ciência e da tecnologia, aos fins hedonistas, utilitários e materialistas da civilização. O resultado da crença fanática neste tipo de progresso, que se converteu num novo mito e na nova religião laica e globalizada, foram as sucessivas revoluções industriais, a superstição e o novo obscurantismo do crescimento económico infinito num planeta com recursos finitos, a devastação dos recursos naturais, a destruição massiva da biodiversidade e da diversidade cultural, a destruição, a industrialização e sofrimento da vida animal, a poluição e o lixo industrial, o aquecimento global e as mudanças climáticas, a sociedade obsessivamente mobilizada para o trabalho, produção, consumo e desperdício, com níveis de stress, ansiedade e depressão cada vez maiores.” E como não ver aqui nestas palavras o filme Matrix! Não apenas na sua base budista, mas também na sua base futurista e de ficção científica, de um mundo arruinado, destruído. De facto, os maiores adversários a qualquer tese budista são a ideia de progresso e o bem estar, que quase sempre andam de mão dada. E ao vermos para onde caminha esta ideia de progresso, bem se pode dizer que se trata de uma teoria da conspiração contra a humanidade. Quando Neo vai à Matrix pela primeira vez desde que viu a verdade, faz uma pergunta fundamental para o budismo: [depois de passar por um restaurante onde antes costumava jantar] “Tenho memórias da minha vida… E nunca aconteceram. O que é que isso significa?” E é a Trinity [Carrie-Anne Moss] que lhe responde: “Que a Matrix não pode dizer-te que tu és.” Ou seja, o mundo onde usualmente vivemos não pode dizer quem eu sou. Eu mesmo não posso dizer quem sou. Eu mesmo não existo, porque o “Eu” não existe. E é este o ponto de partida do budismo, a não existência do eu. Pois, como vimos anteriormente, há uma continuidade entre espaço e forma, entre vacuidade e todas as coisas. A nossa memória individual, singular, que nos confere a identidade, que nos permite dizer “eu, Paulo José”, que liga a criança que fui à pessoa de cinquenta e três anos que sou hoje, não passa de uma memória da samsara, uma memória de quem não vê a totalidade, the big picture, como se diz em inglês. Estamos convencidos de que somos quem somos, porque a memória que temos é uma memória que não corresponde à verdade, mas ao mundo, à “samsara”. Há também uma passagem, quase no início do filme, que foca em outro dos aspectos fundamentais do budismo, o Karma. É quando Neo, ainda no escritório onde trabalhava, recebe um telefone de Morpheus, que lhe dá instruções para fugir dos agentes que o foram buscar. E, de repente, ele diz: “Porque é que isto está acontecer comigo? O que é que eu fiz? Não sou ninguém. Não fiz nada.” Para o budismo, esta é a forma usual de lidarmos com as coisas, estamos depostos naquilo a que se chama “consciência comum”, a pessoa acha sempre que não tem culpa de nada, que nada do que lhe está a acontecer tem a ver com algo que ele tenha feito anteriormente. A isto, o budismo chama Karma, que é o facto de todos nós estarmos em rede, que cada gesto influencia os outros gestos, como um pedra atirada ao lago, que irá produzir ondas, mas também afectar as ondas que os outros produziram com as suas próprias pedras. Tudo se interliga a tudo e tudo influencia tudo. Cada acção nossa influencia o nosso futuro e o dos outros, ainda que não nos seja de imediato perceptível ou não seja perceptível de todo. Matrix é um filme que parte do budismo para nos mostrar que o humano conspira contra o humano, ainda que no filme sejam as máquinas que protagonizam essa conspiração.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasEpístolas [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o tempo em que escrevíamos cartas o próprio tempo não tinha a mesma velocidade nem urgência do dizer, dado que muitas funções do aparelho social se mantinham estanques e o espaço onírico de cada emissor se propagava pelo grafismo, que era a renda de um instante ali plasmado e que funcionava também como contemplação para o seu receptor. Era maravilhosa a correspondência! Desde Abelardo e Heloísa, a Mariana Alcoforado, a Rilke e Salomé, o exercício epistolar formou em si um estilo único e literário. Hoje sabemos que a palavra escrita nestes espaços era produtora de capacidade amorosa através do respeito que este tema inspirava. Nem sempre já sabemos o quão bom é receber, tal como desconhecemos a magnitude do efeito de uma palavra que desliza… o outro é tudo. É nele, e por ele, que corre a seiva da nossa inspiração, não sendo dado ao escrevente outro ponto de equilíbrio que mais que amplexo, deve estar atento ao fluxo dessa fonte próxima do êxito: o bem-dizer. Mas também a correspondência entre amigos é um factor a considerar pela proximidade cultural e ideológica e, com muito gosto, acabo de reler a de Maria Lamas a Eugénio Ferreira sempre com uma saudade qualquer: as pessoas estimavam-se e declaravam-no de forma civilizada, quase ritual, eram cúmplices, eram fraternas, claras no diálogo e extraordinariamente bem educadas. Ficamos repletos de admiração. Repensamos a relação entre as pessoas e não descobrimos nada de semelhante a esta retórica e onde ficou, afinal de contas, a tão designada comunicação que todos os dias queremos mais tecnicamente comunicante. Os pares estão paralíticos, os amigos dizem coisas… nós, balbuciamos, outros ouvem-se e querem ser escutados, e já outros fazem de conta que não se passa nada. Teclamos a desoras e não estamos presos, ou estamos, e nem disso nos damos conta… fazemos silêncios estranhos, quando falamos somos avaros nas benfazejas descrições. É tudo um desnorte que tendemos a solucionar este imbróglio pondo fim ao comunicado. Por outro lado, os temas abundam nas vidas estranhamente estranguladas por uma instabilidade social de arrasar – eles são isto e mais aquilo e o que vier. Todos sabem de tudo e todos nos querem fazer prova da sua sapiência inesperada pois que a esperada está algures, e sempre, adormecida nos seus silêncios face aos nossos: em suma, cada um procura tentar ver se consegue produzir mais saberes num curto espaço de tempo, pois que vão já como foguetes tresmalhados conseguir mais coisas para dizer o que ninguém sabe e assim dominar um espectro, que também, diga-se, ninguém está vivamente interessado em escutar, contemplar. E, caso a nossa persistência seja inabalável na busca da boa relação entre outros falantes, cruzamo-nos também com a sua obstinação em nada repararem, de modo que temos de converter os discursos em ataques inconsequentes, que aí alguém nos vai tomar por “bons”. — Bom, que isto da relação falante vai da fonética à gestual e não raro apanhamos grandes e descontrolados safanões. Depois ainda temos a risível correspondência Pessoana de se dirigir ao amor seu como uma brincadeira querida, o que me parece profundamente poético também, pois que está prenhe de ternura, coisas que nem todos sabem como transmitir, e as Cartas de Manuel Laranjeiro a Unamuno, trágicas, belas… Tudo o que faziam na fonte dava resultados assombrosos. E ali se debruçavam na sua valentia de espíritos livres tentando contornar a desdita de serem poucos, e não raro, até perseguidos por aqueles que nada sabiam de leitura e liam tudo ao contrário. Ou, pior, liam uma palavra e acrescentavam na sua inverosimilhança aquela que julgavam nas suas cabeças poder estar lá. A chamada finta dos tolos. A epistolografia foi prática reinante entre gentes admiráveis, também muito usada como prólogo, e temos as célebres «Epístolas», as cartas que os Apóstolos escreveram para nós e se reescreveram de tal ordem que podemos continuar profetizando. É nesta versão sempre alterada, melhorada, desconstruída/construída, que o corpo de uma ideia se pode fazer então a carne do que busca. “Sou um pássaro em fuga, vejo Deus e não sei quem é, e penso que é um número que empurra”. Mas quem em diálogo nos escreve tanto, não necessita de interlocutor como no caso da «Carta ao Pai». Kafka arrasa o patriarcado de uma só vez, de modo que elas podem ser a bomba atómica de um modelo deslaçado, incomunicado até então… destinam-se a deitar fora uma vinculação para um inferno qualquer que só a realidade da construção verbalizada pode fazer acontecer. Só mandando a missiva para fora de si esse postulado cessará. Não sei se assim aconteceu, mas era esta a intenção. E a carta a Lord Douglas, «De Profundis», que fez um homem desnudar-se diante do Universo de forma bela e trágica, uma conversão como não há! Estas coisas com ponto fixo são de facto deslumbrantes. Só os que falam para o todo, aquele tudo que é nada, se amarfanham em descrições de tal ordem malfazejas que preferimos o desditoso incómodo da mudez. Que Moisés era gago, e nem por isso deixou de ouvir bem aquelas coisas todas. Por isso acho que vou escrever uma carta, talvez a vós que aqui e agora se encontram, um por um, até cada um ser um ponto fixo desta memória, e caso não nos lembremos de mais nada ainda há as Epístolas de São Paulo aos Coríntios. «Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine». Mas Maria Lamas deixou uma tão bela frase que em nada desmerece aquela e que está curiosamente na sua correspondência: “Muitos temporais têm passado por mim. Alguns tremendos. E deixaram ruínas. Mas tenho conseguido – posso dizê-lo sem receio de exagerar – renascer da minha própria angústia mais desejosa ainda de dar, dar tudo quanto em mim caiba, para a renovação do mundo.” Vou ver a caixa do correio, pode ser que tenham escrito também uma carta para mim. Eu acredito que haja ainda emissores desta altitude, e que ainda haverá em latitude quem os recepcione. Nem tudo se resume ao caixote do lixo do desaire das notícias: não há notícias, há apenas coisas que acontecem.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e Rússia criticam proteccionismo comercial dos EUA [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da China, Xi Jinping, alertou contra o unilateralismo e o proteccionismo comercial durante uma reunião de líderes asiáticos na qual ele e os seus pares, como o presidente russo, Vladimir Putin, criticaram a actual política dos EUA. “Devemos rejeitar políticas egoístas, míopes, estreitas e fechadas. Devemos manter as regras da Organização Mundial do Comércio, apoiar o sistema de comércio multilateral e construir uma economia global aberta”, disse o líder chinês, neste domingo, durante a cimeira anual da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), realizada neste fim de semana. Embora seus comentários não mencionassem o presidente dos EUA, Donald Trump, Xi procurou mostrar-se como um defensor do livre comércio, antepondo-se à posição de Trump de controlo das importações, apesar do estatuto da China como a maior economia mais fechada do mundo. Xi também saudou a entrada de novos membros da Organização para Cooperação de Xangai, chamando a presença do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e do presidente paquistanês, Mamnoon Hussain, “de grande significado histórico”. As duas nações do Sudeste Asiático juntaram-se ao bloco como membros plenos no último ano. “Mais estados membros significa maior força da organização, bem como maior atenção e expectativa das pessoas, dos países, da região e da comunidade internacional”, disse Xi. “Também compartilhamos maiores responsabilidades na manutenção da segurança regional e estabilidade e promoção do desenvolvimento e prosperidade”, acrescentou. A cimeira mostrou unidade de pensamento, em contraste marcante em relação ao encontro tumultuado da sete principais nações industrializados do mundo (G-7), encerrado neste sábado, no qual se viu EUA e os eus aliados divididos pela escalada das tensões comerciais. Trump atacou o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau num conjunto de tweets, chamando-o de “desonesto e fraco” e retirou o endosso dos EUA ao comunicado da cimeira do G-7. Trump também pediu que a Rússia fosse reintegrada no grupo. A Rússia foi suspensa em 2014 pela anexação da Crimeia. Putin rejeitou neste domingo o G-7, como tendo sido forjado por desentendimentos internos, e elogiou a OCX por representar quase metade da população mundial. Para o presidente russo, a estrutura actual da OCX é “óptima”. Putin enfatizou também seu poder económico combinado e influência política. “Em termos de renda per capita, os países do G-7 são mais ricos, mas o tamanho combinado das economias da OCX é maior e a sua população é muito maior”. O presidente russo também salientou a importância da declaração da OCX em apoio ao livre comércio. “Reafirmamos a nossa prontidão, a nossa disposição, para seguir as regras de comércio que existem no mundo actual”, disse. “Esta é uma declaração muito importante.” Xi, Putin e outros líderes do bloco também prometeram apoio ao Plano Global de Acção Conjunta, o acordo nuclear iraniano de 2015, do qual o presidente Donald Trump retirou os EUA no mês passado. “A China está disposta a trabalhar com a Rússia e outros países para preservar o JCPOA”, disse Xi. A Organização para a Cooperação de Xangai, liderada por Pequim, é vista por muitos especialistas como uma tentativa de desafiar a ordem liderada pelo Ocidente. Além de China e Rússia, também inclui Cazaquistão, Uzbequistão, Quirguistão e Tajiquistão. Fundada em 2001, foi originalmente concebida como um veículo para resolver problemas de fronteira, terrorismo e para combater a influência americana na Ásia após a invasão do Afeganistão. A China tem procurado minimizar as preocupações de que o grupo seja uma maneira de Pequim projectar a sua influência estratégica no exterior. O Global Times, jornal do Partido Comunista, disse neste domingo que, ao contrário de organizações ocidentais como a Otan e o G-7, que buscam “consolidar a ordem económica global que é favorável ao mundo ocidental”, a Organização para Cooperação de Xangai é inclusiva. “Não é uma ferramenta para jogos geopolíticos, buscando hegemonia ou envolvimento em confronto internacional “, disse o jornal.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Activista pró-independência condenado a seis anos de prisão A juíza foi severa e condenou os arguidos de “acordo com a lei”. Mas há quem considere que a lei está a ser usada para fins políticos e que “não se ajusta aos parâmetros internacionais” [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] activista Edward Leung, rosto do movimento independentista em Hong Kong, foi ontem condenado a seis anos de prisão na sequência de um violento confronto com a polícia local em 2016, anunciaram as autoridades. Leung, de 27 anos, foi considerado culpado pela participação num ‘motim’ com a polícia no distrito de Mong Kok, na parte continental da região administrativa especial chinesa. Os confrontos ocorreram em Fevereiro de 2016 e foram considerados os mais violentos dos últimos anos, constituindo a maior demonstração de descontentamento popular desde os protestos pró-democracia no final de 2014. Edward Leung é o antigo porta-voz do grupo independentista local Indigenous e uma das mais proeminentes vozes do movimento pró-independência de Hong Kong. A juíza Anthea Pang afirmou que Leung participou activamente nos distúrbios e descreveu suas acções como “excessivas e cruéis”. O jovem já se encontrava detido, desde que se declarou culpado noutro processo por agredir um polícia durante as manifestações de 2016, caso em que foi sentenciado a um ano de prisão. As duas sentenças serão acopladas. O tribunal rejeitou a alegação de que as motivações políticas seriam circunstâncias atenuantes e considerou que a condenação deveria ter um “efeito dissuasivo”. Leung, que estava no tribunal, manteve a calma durante a audiência e acenou para os simpatizantes após a leitura da sentença. Alguns manifestantes choraram depois do anúncio da condenação. Outros dois manifestantes foram condenados a sete e três anos e meio de prisão, respectivamente. Da comida de rua ao protesto político O protesto começou em Fevereiro de 2016, coincidindo com o Ano Novo Chinês, com uma manifestação de apoios aos vendedores ambulantes de comida, que as autoridades queriam afastar das ruas. Mas rapidamente evoluiu para uma mobilização de carácter político, um protesto contra as autoridades em Hong Kong e Pequim. Quase 130 pessoas ficaram feridas, incluindo 90 agentes. Durante os distúrbios, os agentes deram tiros para o ar como medida de advertência. Dezenas de pessoas foram detidas. Na vanguarda da mobilização estavam Leung e outros jovens do movimento chamado de “localista”, nascido das cinzas da “Revolução dos Guarda-Chuvas”, como ficaram conhecidos os protestos pró-democracia de 2014 que não conseguiram obter concessões de Pequim para as reformas políticas. Numa entrevista à AFP em 2016, Leung, que na época era um estudante de Filosofia, afirmou que “uma guerra ou uma batalha são inevitáveis”. Chris Patten não gostou Chris Patten, o último governador do período colonial de Hong Kong, denunciou a condenação, baseada na interpretação de uma lei sobre a manutenção da ordem pública. “As vagas definições contidas na lei são uma porta aberta para os abusos e não se ajustam aos parâmetros internacionais”, afirmou Patten num comunicado divulgado pela Hong Kong Watch, ONG que monitora as liberdades na cidade. “É decepcionante ver que a lei é usada com fins políticos para condenar de modo rígido os democratas e outros activistas”, concluiu. Num discurso proferido o ano passado, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou que qualquer actividade em Hong Kong que ameaçasse a soberania e a estabilidade da China seria “absolutamente inadmissível”.
Hoje Macau EventosInspirARTE | Espectáculos extra de “O Caminho Para Casa” [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m resposta à grande procura de bilhetes, o Centro Cultural de Macau (CCM) vai apresentar três espectáculos adicionais de “O Caminho Para Casa”. Vinda da Dinamarca, esta produção para crianças sobe ao palco do CCM em finais de Julho e os bilhetes para os espectáculos extra já estão disponíveis. “O Caminho Para Casa” é uma “aventura visual sem palavras encenada através de marionetas e música e que explora a imaginação sem limites de uma criança”, refere o comunicado oficial. Inspirada no conto ilustrado de Oliver Jeffers, a peça “reconta a história de um rapaz que um dia voa tão alto e tão longe, que o seu avião a hélice acaba por poisar na lua já avariado”, lê-se no mesmo comunicado. É aí que conhece um marciano que se encontra na mesma situação. “O Caminho Para Casa” é uma encenação da companhia dinamarquesa Theatre Refleksion que está de regresso ao território após uma passagem pelo CCM em 2014 com a produção “Música Celeste”. Esta peça é uma produção incluída no programa InspirARTE no Verão.
Sofia Margarida Mota EventosExposição “Stillness in motion” é inaugurada no próximo dia 28 na Creative Macau “Stillness in motion” é a exposição de fotografia de Agostinho Guilherme Fernandes que vai ser inaugurada no próximo dia 28 na galeria da Creative Macau. Com este trabalho o autor, mais conhecido por Nico Fernandes, quer ultrapassar a linguagem estática da captura fotográfica tradicional e transmitir movimento e tridimensionalidade a cada obra [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] ideia para ““Stillness in motion” partiu da observação do Tai Chi, uma prática que mais parece uma coreografia e em que o movimento é o caminho para a quietude. “Quando observamos o Tai Chi percebemos que é através daqueles movimentos lentos, associados ao Kung Fu, que os praticantes procuram um equilíbrio, um estado de calma”, começou por dizer Nico Fernandes ao HM. O resultado são 28 imagens de coreografias de vários tipos de danças em que a questão do movimento dos bailarinos está sempre presente. As longas exposições utilizadas pelo fotógrafo, muitas vezes associadas ao movimento da própria câmara são algumas das técnicas que escolheu para mostrar o que via. No entanto, o resultado fica longe daquilo que que chama de “fotografia tradicional”, em que a imagem é estática, nítida e objectiva. “Penso que a fotografia em Macau ainda é muito vista sob uma perspectiva tradicional em que a introdução de técnicas que vão além da imagem estática do momento não são apreciadas”, conta o fotógrafo. Ciente da crítica, Nico Fernandes insiste na sua concepção de imagens. Para o fotógrafo amador é com elas que consegue contar as suas histórias, não a história que aparece manifesta mas aquela que tem dentro de si e que pode ser interpretada e mesmo recriada por quem as vê. “As minhas imagens são muitas vezes pensadas num universo mais surrealista em que mostro o que se passa dentro de mim e ao mesmo tempo deixo liberdade ao público para dar a sua história a cada fotografia”, explica. Espera frutífera O fotógrafo começou a interessar-se pela imagem “há muito”, mas a fotografia era um hobby “demasiado caro”. “Era preciso ter as máquinas, rolos e pagar a revelação”, diz. Foi esperando por tempos melhores, e com o aparecimento da fotografia digital que viu a possibilidade de começar a dedicar-se a esta arte muito mais próxima. Há cerca de dez anos comprou a sua primeira câmara e começou a interagir em fóruns da especialidade para aprender. O segredo, para se conseguir chegar ao que se pretende, considera, é a humildade. “Colocava lá as minhas imagem e recebia as críticas. Tinha mesmo quem dissesse que as fotografias não prestavam”, aponta, mas o que interessa “é colocar o ego de lado, perceber porque é que não são boas e aprender a fazer melhor”. Os anos passaram e sempre fiel à intenção e dar às suas fotografias um lado mais onírico, Nico Fernandes desenvolveu as técnicas que precisava para isso. Ao seu lado teve um professor, Yung Siu Sun, que favorável à exploração das possibilidades de uma imagem nunca desencorajou Nico Fernandes a desistir de quebrar as regras clássicas da fotografia. “Acabei por conhecer o fotógrafo Yung Siu Sun que sempre me apoio naquilo que queria fazer”, refere. Não sendo visto como o “fiel fotógrafo” em Macau, os trabalhos que tem feito já lhe valeram o reconhecimento internacional, nomeadamente da Royal Academy de Londres, sendo que “nunca se faz uma imagem para se entrar numa competição”. disse. “A imagem é sempre um processo pessoal, feito para o próprio, depois, se gostarmos e acharmos que vale a pena, podemos concorrer com ela”, remata.
Hoje Macau InternacionalMay defende “diálogo construtivo” com Trump após cimeira do G7 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] primeira-ministra britânica, Theresa May, defendeu hoje um “diálogo construtivo” com o Presidente norte-americano, depois de este não ter apoiado o comunicado final da cimeira do G7, marcada pela sua imposição de taxas alfandegárias ao alumínio e ao aço. “A perda de comércio devido às tarifas aduaneiras prejudica a concorrência, reduz a produtividade, elimina os incentivos à inovação e torna todos mais pobres. Em resposta, a União Europeia deve impor contramedidas”, sustentou May na Câmara dos Comuns. “Mas precisamos de evitar uma escalada contínua deste ‘toma lá, dá cá’. Por isso, é positivo que tenhamos tido um debate franco e direto nesta cimeira (que decorreu no fim de semana), e que o Reino Unido, como defensor do livre comércio, continue a favorecer um diálogo construtivo”, acrescentou a chefe do executivo britânico. Segundo a responsável, os países “há muito tempo aliados” dos Estados Unidos não podem “fazer progressos ignorando as preocupações dos demais”, mas sim “enfrentando-as juntos”. May indicou que foi “clara” com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o encontro no Canadá e lhe disse que as tarifas que impôs às importações de alumínio e aço da União Europeia, Canadá e México, entre outros países, “são injustificadas”. Nesse sentido, a primeira-ministra britânica disse que o seu Governo “fará a sua parte” em Bruxelas para “se assegurar de que a União Europeia adota as ações corretas e proporcionadas, de acordo com as normas da Organização Mundial do Comércio”, em resposta à decisão dos Estados Unidos. “O importante é sermos capazes de nos sentarmos e falarmos sobre estes problemas juntos, de partilhar a informação que precisamos de partilhar e de encontrar um caminho para ir em frente”, salientou a governante britânica, que em julho espera a visita de Trump ao Reino Unido. “Devemos conseguir que o sistema de comércio internacional assente em normas funcione melhor”, defendeu May, para quem “as ações multilaterais são o melhor caminho para o conseguir”. Na câmara baixa do parlamento britânico, a primeira-ministra sublinhou também que os Estados Unidos apoiaram Londres nas últimas semanas “em termos do número de diplomatas russos que expulsaram” após o envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal com uma substância neurotóxica em Salisbury, Inglaterra. Washington expulsou 60 diplomatas de Moscovo em resposta a esse ataque em solo britânico, pelo qual o Governo de Londres responsabilizou o Kremlin. Antes da comparência da chefe do executivo na Câmara dos Comuns, o seu porta-voz oficial indicou que o Reino Unido espera que Washington cumpra “os compromissos” que assumiu no G7, apesar de Trump ter ordenado a retirada do seu apoio ao comunicado final da cimeira. “O comunicado foi acordado por todas as partes que assistiram ao G7”, disse a mesma fonte, frisando que Londres tem a intenção de cumprir o texto “na totalidade”. “Esperamos que os Estados Unidos cumpram também os compromissos que assumiram”, declarou o porta-voz de May.
Hoje Macau EventosJoana Vasconcelos inaugura no dia 29 exposição no Guggenheim de Bilbao [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma máscara criada com espelhos sobrepostos, que representa uma metáfora das várias facetas humanas, vai ser ‘estrela’ da exposição “I’m your mirror”, que a artista Joana Vasconcelos inaugura a 29 de Junho, no Museu Guggenheim Bilbao, em Espanha. A criadora, conhecida por produzir obras de grandes dimensões usando objectos do quotidiano, criou um vídeo sobre a montagem desta peça que está a ser exibido na rede social facebook, antecipando um pouco do que vai mostrar em Bilbao. “Esta é a peça principal da exposição, entre algumas novas que vou mostrar, e está associada ao luxo e ao consumismo”, diz a artista no vídeo, acrescentando que a obra tem um duplo sentido: que ao tirar a máscara pretende mostrar uma parte muito importante do seu corpo de trabalho. A exposição de Joana Vasconcelos no Museu Guggenheim Bilbao vai incluir 14 peças novas, entre as quais um anel solitário, com três toneladas, feito com jantes de carros e copos de cristal. Mas a máscara veneziana, que dá título à exposição, “vai permitir, ao longo dos anos, criar novos ambientes e perspetivas, quando for exposta noutros lugares”. “Mostra a dimensão doméstica, portuguesa e internacional da minha obra”, explica a artista, no vídeo, apresentando fases da montagem, que envolve espelhos sobrepostos, como escamas. Alavanca para o futuro “I’m your mirror” pretende funcionar “como um ‘pivot’ para o futuro, mas que também resume o passado” do trabalho da artista, que se destacou, em 2012, por se tornar na primeira mulher e criadora mais jovem a expor algumas das suas obras no Palácio de Versalhes, em Paris. Em Fevereiro último, numa apresentação da exposição aos jornalistas, avançou que a mostra reunirá 35 obras, 14 das quais novas, incluindo aquela máscara veneziana, feita com 231 molduras de duplo espelho e que tem um peso aproximado de 2,5 toneladas. A máscara e o anel solitário são duas das obras que ficarão expostas no exterior do museu, tal como o “Pop Galo”, um gigantesco Galo de Barcelos em azulejo e luzes LED, que iniciou no final de 2016 em Lisboa uma itinerância por várias cidades do mundo, entre as quais Pequim. No átrio do Guggenheim Bilbao, o espaço central do museu, ficará uma obra feita de propósito para o local, da série “Valquírias”, com 30 metros de altura, 36 de largura e 45 de profundidade, que entra pelos cantos e ângulos que Frank Gehry (arquiteto que projetou o museu) desenhou para o Guggenheim. Ao Guggenheim, Joana Vasconcelos irá também levar algumas das suas peças mais icónicas como “A Noiva”, um candelabro feito com tampões, ou “Marilyn”, um par de sapatos de salto alto feito com panelas, e outras peças das séries “Urinóis”, “Pinturas em crochet” e “Bordalos”. A obra mais antiga que estará em exposição data de 1997, ano em que o Museu Guggenheim Bilbao abriu ao público. Homenagem a uma canção O título da exposição “é também uma homenagem a Nico [voz da canção ‘I’ll be your mirror’ dos Velvet Underground]”. No título da canção, o verbo é usado no futuro (“serei o teu espelho”), mas, no da exposição, está no presente (“sou o teu espelho”), porque a mostra “espelha o presente, não o futuro” e o trabalho da artista “é um reflexo do mundo que a rodeia”, explicou, na altura, a organização. Esta exposição insere-se na “linha de pensamento curatória do Museu Guggenheim Bilbao, iniciada há quatro anos, de grandes exposições de mulheres artistas”, referiu Petra Joos, uma das comissárias da mostra, quando foi apresentada, em Lisboa. “I’m your mirror” é a primeira exposição individual de um artista português no Museu Guggenheim Bilbao. A artista tem uma equipa de cerca de 60 pessoas a trabalhar na produção da mostra, que está preparada para uma itinerância, estando Petra Joos a trabalhar com Serralves e Roterdão para o acolhimento da mostra. A artista, de 46 anos, representou oficialmente Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 2013, num projeto comissariado por Miguel Amado, que levou um cacilheiro transformado em obra de arte ao recinto principal da mostra internacional contemporânea. O cacilheiro “Trafaria Praia”, que chegou a circular no Tejo para visitas turísticas, é propriedade da Douro Azul e encontra-se à venda desde o final do ano passado.
Andreia Sofia Silva SociedadeDSEJ | Programa de aperfeiçoamento contínuo poderá ser “medida regular” A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude pondera transformar o programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo numa medida permanente, sem necessidade de apresentação das diferentes fases. Até 30 de Abril deste ano participaram no programa 90 mil pessoas, tendo sido atribuídos subsídios na ordem das 330 milhões de patacas [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]riado em Julho de 2011 com o intuito de fomentar a formação pós-laboral dos residentes, através de cursos promovidos por universidades e associações, o programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo poderá ganhar um formato permanente. A entidade que tutela este dossier, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), assume estar a ponderar esta possibilidade, de acordo com uma resposta de Lou Pak Sang, director da DSEJ, ao deputado à Assembleia Legislativa, Leong Sun Iok. “A DSEJ vai realizar a avaliação intercalar da terceira fase do programa, e, conforme esta avaliação, vai estudar as medidas de aperfeiçoamento para a próxima fase do programa ou a viabilidade de se tornar uma medida regular.” Até ao momento foram lançadas três fases do programa, que prevê o pagamento de um subsídio a cada residente, permanente e não permanente, no valor de seis mil patacas. “Através de um planeamento e preparação com antecedência esperamos que o lançamento da próxima fase do programa possa ser articulado com a anterior, proporcionando uma maior conveniência aos residentes e instituições”, além de promover “a aprendizagem permanente dos residentes”. Na resposta que deu ao deputado ligado ao universo da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), o director da DSEJ garantiu que a ideia de partir para a implementação de um programa permanente é fruto das avaliações positivas da primeira e segunda fase. “O Governo lançou, em Julho de 2011 e Abril de 2014, duas fases do programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo, tendo sido reconhecida a sua eficácia por parte dos sectores sociais. De acordo com o relatório de avaliação intercalar da segunda fase do programa, a maioria dos entrevistados acharam que este tem promovido a prática de aprendizagem na sociedade e teve um efeito positivo na melhoria das qualidades e competências dos residentes.” Houve um aperfeiçoamento “das medidas de execução”, estando a terceira fase do programa em preparação. “Incentivamos a que mais instituições criem cursos e exames de credenciação relacionados com a área técnico-profissional, desenvolvendo opções diversas para exames de credenciação profissional em Macau”, lê-se ainda na resposta à interpelação escrita de Leong Sun Iok. Fiscalização mais rigorosa Até 30 de Abril deste ano, e desde Abril do ano passado, que o programa de desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo contou com a participação de 90 mil pessoas, tendo sido atribuídas 330 milhões de patacas em subsídios. “Em comparação com o período homólogo das duas primeiras fases do programa, tanto o número de participações de residentes como o número de pessoas registaram um aumento”, aponta a DSEJ. Depois da publicação de um relatório do Comissariado de Auditoria, em 2012, que revelou falhas no funcionamento do programa e dos cursos, a DSEJ garante que os mecanismos de fiscalização foram reforçados desde então. “Para assegurar o uso racional do erário público, a DSEJ tem apreciado e autorizado os pedidos sobre os cursos apresentados pelas instituições com rigor. Tem efectuado uma ponderação das qualificações dos formadores, propinas e organização dos cursos e das instalações educativas, entre outros factores, que, caso não estejam conforme os critérios de apreciação e autorização, não são aceites para serem subsidiados.” No que diz respeito à terceira fase do programa, foram reforçadas “as medidas de fiscalização”, tendo sido adicionados “exames aleatórios de casos, verificação de documentos, entrevistas e tratamento de queixas, entre outros, o mecanismo das declarações electrónicas.” “[Com este mecanismo] a DSEJ exige às instituições a introdução do registo de assiduidade dos alunos, num período fixado, no sistema informático através da internet, para que a DSEJ possa fiscalizar atempadamente e de forma eficaz, dominando completamente a situação do curso organizado pelas instituições”, conclui ainda o organismo.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCanídromo | Yat Yuen pediu para colocar galgos no Jockey Club. IACM recusou adiar prazo por mais três meses [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]em mais um dia. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) rejeitou parte do novo plano apresentado pela companhia de corridas de galgos de Macau (Yat Yuen), que pedia uma extensão do prazo para a utilização do canídromo por três meses. Num comunicado ontem divulgado, é referido que os 600 galgos deverão ser enviados para “instituições do interior da China”, sendo que, para os colocar no Macau Jockey Club, a Yat Yuen “deve obter autorização prévia da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos”. A empresa indicou que “terá lugar a adopção pública dos galgos e colaborará principalmente com instituições do interior da China para a colocação dos respectivos cães”, tendo pedido “o prolongamento do prazo de arrendamento do referido local, por mais três meses e para ocupar cavalariças vazias do Macau Jockey Club para colocar os galgos temporariamente caso necessário”. Na resposta, o IACM afirma “suportar a proposta apresentada pela Yat Yuen nos termos da lei de protecção dos animais e espera que essa empresa efectue activamente o trabalho, prometendo ainda prestar apoio nas acções de inspecção sanitária ou importação de galgos”. No que diz respeito ao prazo de três meses, o IACM compromete-se a não alterar o prazo já imposto pelo Executivo há dois anos. “De momento a decisão mantém-se inalterada. O IACM salienta não apoiar que qualquer empresa ou indivíduo desista de criar os seus cães ou outros animais de estimação, e espera que todos os galgos da Yat Yuen possam ser alojados ou adoptados de forma adequada, estando disposto a fornecer apoio técnico.”
Hoje Macau SociedadeMacau quer ser centro de comércio de diamantes e pedras preciosas [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau assinou um acordo com a Bolsa de Diamantes de Xangai para ser um centro de comércio de diamantes, aproveitando o papel de plataforma entre a China e os países lusófonos, que têm matéria-prima em pedras preciosas. O acordo de cooperação foi assinado no final da semana passada entre o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e a Bolsa de Diamantes de Xangai para desenvolver a indústria de diamantes e jóias no território, diz o IPIM em comunicado. “As redes doméstica e internacional já estabelecidas pela Bolsa de Diamantes de Xangai, os recursos de matérias-primas abundantes de pedras preciosas dos países de língua portuguesa” e o turismo da região são os principais factores que, de acordo com o IPIM, vão contribuir para o desenvolvimento da indústria da joalharia de Macau. Na assinatura do acordo estiveram presentes, entre outros, a vice-ministra do Comércio da China, Gao Yan, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lionel Leong, o presidente do IPIM, Jackson Chang, e o presidente da Bolsa de Diamantes de Xangai, Lin Qiang. Segundo o IPIM, Xangai é já um “dos cinco maiores centros de negócios de diamantes no mundo, juntamente com Antuérpia, Nova Iorque, Bombaim [Mumbai] e Joanesburgo” “A Bolsa de Diamantes de Xangai constituiu a segunda maior plataforma de importação de diamantes mundial, cujo valor de transações ultrapassam os cinco mil milhões de dólares”, apontou o IPIM.
Hoje Macau SociedadeCaso suspeito de assédio sexual na escola Sam Yuk [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem denunciado um caso de alegado de assédio sexual na Escola Secundária Sam Yuk de Macau. De acordo com a Macau Concealers, um aluno da escola declarou que um professor, em serviço desde Março, terá tido gestos suspeitos para com alunas e professoras. Estes gestos incluem aproximações e contacto físico durante as aulas. Perante as acusações, a escola alega que se trata de um professor que vem de uma cultura diferente, sendo que terá dito aos queixosos para não divulgarem a situação. Dois alunos foram queixar-se à Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) que afirmou que iria estar atenta ao caso. Segundo a mesma fonte, o professor continua a exercer funções sem ser punido, pelo que os alunos decidiram divulgar o caso através dos meios de comunicação social.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteAcordo entre EUA e Coreia do Norte refere desnuclearização e troca de restos mortais de prisioneiros Palavras de optimismo e elogios entre Donald Trump e Kim Jong-un marcaram o fim da cimeira histórica entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. O acordo assinado aborda o fim progressivo do programa nuclear da Coreia do Norte e a troca de restos mortais de prisioneiros de guerra entre os dois países. [dropcap style≠‘circle’]C[/dropcap]omeram um lauto almoço (ver caixa) e ambos saíram satisfeitos de um encontro histórico. Terminou ontem a cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que decorreu em Singapura e, à saída, Donald Trump até garantiu que o encontro se poderá repetir nos próximos tempos. “Vamos encontrar-nos novamente, vamos encontrar-nos muitas vezes”, disse aos jornalistas, de acordo com a agência Associated France-Press (AFP). “Fizemos grandes progressos, foi melhor do que esperávamos”, disse ainda. Antes do encontro, as palavras trocadas pelos dois líderes, também revelaram um caminho diplomático a percorrer em prol da paz. “É uma honra reunir consigo e sei que vamos resolver o nosso grande problema, o nosso grande dilema, que até este ponto não foi possível resolver. Trabalhando juntos, vamos resolver o assunto”, disse Donald Trump. Também Kim Jong-un falou em harmonia para o futuro. “Trabalhando em estreita harmonia consigo, senhor presidente, com desafios, estou disposto a fazer este grande trabalho.” Desnuclearização e restos mortais Palavras amistosas à parte, da cimeira saiu um acordo que aborda não só a possibilidade de desnuclearização da Coreia do Norte. De acordo com a AFP, que fotografou o documento, o texto não menciona a exigência norte-americana de “desnuclearização completa e irreversível” – a fórmula que significa o abandono completo do armamento e a aceitação de missões de inspecção –, mas reafirma o compromisso anterior, mais vago. “As pessoas ficarão muito admiradas e muito contentes e nós vamos tratar de um problema muito perigoso para o mundo”, disse Trump, admitindo estar “muito orgulhoso com o que aconteceu hoje”. O presidente norte-americano disse que tinha criado “uma ligação muito especial” com Kim e que a relação com a Coreia do Norte iria ser muito diferente daqui em diante. “Decidimos deixar o passado para trás. O mundo assistirá a uma grande mudança. Gostaria de expressar a minha gratidão ao presidente Trump por fazer este encontro acontecer”, afirmou Kim Jong-un na altura em que o documento foi assinado. Trump disse que iria “sem dúvidas” convidar Kim Jong-un para visitar a Casa Branca. Por outro lado, no mesmo texto, os Estados Unidos “garantem a segurança da Coreia do Norte”. “O presidente Trump compromete-se a fornecer as garantias de segurança” à Coreia do Norte, indica a primeira informação sobre o documento conjunto. “Paz e prosperidade” O documento refere também o estabelecimento de novas relações entre os dois países no sentido “da paz e da prosperidade” e a troca de restos mortais de prisioneiros e informações sobre soldados desaparecidos em combate durante a Guerra da Coreia, que ocorreu entre 1950 e 1953. Os corpos de mais de 7.800 militares norte-americanos continuam por localizar desde o final do conflito. Numa conferência de imprensa promovida já depois da saída de Kim Jong-un de Singapura, Donald Trump referiu-se ao líder norte coreano como sendo alguém “muito inteligente” que iria colocar os pontos do acordo em prática. Ontem o editorial do jornal norte-coreano Rodong referia que o país “vai procurar, através do diálogo, a normalização das relações” com um país (sem identificar qual), sempre que essa nação “respeitar a autonomia” norte-coreana. China quer fim das sanções A China, o principal aliado da Coreia do Norte, reagiu aos resultados da cimeira, falando de uma “nova história”. “A China apoia, porque é aquilo que temos esperado”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. Geng lembrou o contributo da China para a resolução da questão norte-coreana, nomeadamente a proposta de “dupla suspensão”: o fim das manobras militares dos EUA e da Coreia do Sul na península coreana e, ao mesmo tempo, a paragem dos testes com armamento nuclear por parte da Coreia do Norte. “A proposta de suspensão por suspensão é a correcta e foi concretizada”, afirmou Geng, lembrando que Pequim “tem vindo a apelar aos dois lados para que mantenham o diálogo diplomático”. O porta-voz lembrou ainda a importância de os EUA “levarem seriamente e atenderem as preocupações com a segurança da Coreia do Norte”. “A outra parte deve também tomar medidas construtivas”, afirmou. Além disto, a China sugeriu ontem que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face às actuais iniciativas diplomáticas de Pyongyang, após a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un. “As sanções não são uma finalidade em si”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, acrescentou. No ano passado, o Conselho de Segurança aprovou de forma unânime a aplicação de sanções contra o regime de Kim Jong-un, face aos seus sucessivos testes atómicos, proibindo as exportações norte-coreanas de carvão, ferro, chumbo, têxteis e marisco. A China teve ainda de reduzir o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos refinados a Pyongyang. Japão espera comportamento “responsável” “Esperamos que a Coreia do Norte se comporte como um país responsável na comunidade internacional” a partir de agora, disse o porta-voz do executivo japonês numa conferência de imprensa. O responsável escusou-se a avaliar o resultado da cimeira até Trump telefonar ao primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, nas próximas horas para o informar, mas enfatizou “a liderança e o esforço do presidente Trump para tornar realidade [a reunião]”. Entretanto, o Japão lançou ontem um satélite destinado a vigiar as instalações militares da Coreia do Norte e conseguir imagens de áreas afectadas por desastres naturais, informou a Agência de exploração Aeroespecial do Japão (JAXA). O satélite do tipo radar foi lançado num foguete H-2ª do centro espacial Tanegashima, na província de Kagoshima (sudoeste), informou a Jaxa em comunicado. “O foguete voou como planeado e o satélite de colheita de dados foi devidamente separado.” A ONU e a questão humanitária O secretário-geral da ONU, António Guterres, estava confiante, na segunda-feira, de que a cimeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte permitirá avanços no sentido da paz e da desnuclearização da península coreana. “O mundo está a seguir de perto o que se vai passar dentro de horas em Singapura.” Guterres elogiou o “valor” dos dois líderes e disse esperar que eles possam “quebrar o perigoso ciclo que tanta preocupação causou o ano passado”. O objectivo, sublinhou, deve continuar a ser “a paz e a desnuclearização verificável”. Perante as potenciais dificuldades, Guterres assegurou que a ONU está pronta para apoiar o processo “de qualquer modo, incluindo a verificação, se for solicitado pelas partes-chave”. “Eles são os protagonistas”, insistiu, realçando que as Nações Unidas apenas oferecem a sua ajuda e que o seu único objectivo é o êxito das negociações. Guterres pediu, por outro lado, para que se preste atenção à situação humanitária na Coreia do Norte e recordou que a ONU está a tentar obter 111 milhões de dólares para dar resposta às necessidades imediatas de seis milhões de pessoas. Seul diz que acordo “põe termo à Guerra Fria” O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, saudou o acordo de Singapura entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte como um “acontecimento histórico que põe termo à Guerra Fria”. Moon Jae-in disse ainda que está preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e que Pyongyang se comprometeu com a desnuclearização completa do seu arsenal. O chefe de Estado sul-coreano homenageou Kim e Trump pela sua “coragem e determinação”, considerando que cabe agora às duas Coreias virarem a página de um “passado sombrio, feito de guerra e confrontos”. Calma em Pyongyang A AFP, uma das poucas agências internacionais com delegação em Pyongyang, descreveu a capital norte-coreana, durante o decurso da cimeira entre Trump e Kim, como a “calma no centro da tempestade”. “Com poucas fontes de informação, além da imprensa estatal, rumores e passa-a-palavra, a maioria dos norte-coreanos está às cegas sobre o histórico evento, que potencialmente transformará as suas vidas”, descreve Eric Talmadge, correspondente da agência. Bimi e costeletas de vitela Costelas de vitela com verduras e molho de vinho ou “oiseon”, um prato típico coreano a base de pepino e carne, foram alguns dos pratos degustados nesta terça-feira por Donald Trump e Kim Jong-un durante a histórica cimeira. Pratos que homenageiam a comida americana e norte-coreana, bem como Singapura, a sede do encontro, foram os protagonistas do almoço entre os dois líderes e suas respectivas delegações. No começo, Trump e Kim experimentaram um cocktail de camarões com salada de abacate e um kerabu, um prato típico malaio de arroz com manga, lima e polvo fresco; ou o conhecido “oiseon”, um pepino cozido recheado de carne bastante popular na Coreia do Norte. Como prato principal, os líderes comeram costelas de vitela com batata gratinada e bimi, um vegetal que surgiu no Japão como um híbrido entre os brócolos e um tipo de couve oriental. O outro prato principal foi o zhao, um arroz frito do estilo Yangzhou (leste da China), igualmente homenageado pela comida de Singapura. Como sobremesa, Trump, Kim e o restante de suas delegações comeram sorvete de baunilha e torta de chocolate. Ivanka deixa os chineses perplexos Os chineses tentavam encontrar nesta terça-feira a origem de um suposto provérbio da sua cultura que Ivanka Trump, filha do presidente Donald Trump, publicou no Twitter poucas horas antes da reunião do seu pai com o líder norte-coreano Kim Jong Un. “O céptico não tem que interromper o que actua – Provérbio chinês”, escreveu no twitter Ivanka Trump na segunda-feira à noite. Esta referência deixou os internautas chineses perplexos e muitos tentaram encontrar a origem do suposto provérbio. “O nosso chefe de redacção não encontra de que provérbio se trata. Ajuda!”, pediu a conta oficial da Sina, a empresa que administra o Weibo. Em milhares de mensagens, os utilizadores do Weibo discutiram sobre a possível origem do provérbio e alguns criticavam directamente a filha de Trump. “Leu em um biscoito da sorte do Panda Express”, afirmou um internauta, em referência aos biscoitos de uma conhecida rede de comida chinesa nos Estados Unidos. Ivanka Trump é muito popular na China, sobretudo depois de publicar um vídeo de sua filha de seis anos recitando um poema em mandarim.
Victor Ng Manchete SociedadeTrânsito | Protesto contra aumento de multas agendado para sábado. Governo recua e adia revisão da lei A Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário anunciou a realização de um protesto para este sábado, devido ao possível aumento das multas de trânsito. Depois da conferência de imprensa, o Governo recuou e vai, afinal, adiar a consulta pública e rever a proposta de revisão da lei do trânsito rodoviário [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong vão promover um protesto para este sábado sobre a possibilidade das multas de trânsito virem a sofrer um aumento, no âmbito da revisão da lei do trânsito rodoviário. O deputado José Pereira Coutinho também se junta à iniciativa, tal como Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo e vice-presidente da Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, ligada aos dois deputados do campo pró-democrata. Para o deputado Ng Kuok Cheong, existem outras intenções por detrás da possibilidade dos aumentos, anunciados há dias pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), tendo pedido a intervenção do Chefe do Executivo, Chui Sai On, para apurar as razões envolvidas. O deputado do campo pró-democrata acredita que o Governo reconhece o problema da falta de estacionamento no território, daí a DSAT ter avançado para esta proposta de aumentos, actualmente em período de consulta pública. Contudo, este defende que os decisores devem assumir a responsabilidade da assunção destas medidas. “O Governo tem vindo a ponderar quanto à revisão da lei do trânsito rodoviário nos últimos anos e avançou agora com uma proposta para consulta da população. Assim sendo espero que o Chefe do Executivo averigúe qual a verdadeira intenção dos membros do Executivo.” Jeremy Lei, presidente da associação, considerou que o aumento das multas pode levar a que mais pessoas estacionem os carros nos parques de estacionamento, o que pode aumentar os lucros das concessionárias que gerem estes espaços. Como alternativa, Jeremy Lei sugere que se aumente as taxas de importação de veículos e de combustível, para controlar a circulação de carros nas estradas. Dessa maneira, também a reserva financeira do Executivo poderia aumentar. Vestidos de negro Na visão de Cloee Chao, o maior problema é a falta de parques de estacionamento e que, devido aos elevados preços, mesmo que os residentes queiram alugar um lugar num parque de estacionamento, não conseguem suportar as despesas. Por essa razão, a croupier e activista espera que o Governo possa disponibilizar mais vagas de estacionamento ao invés de aumentar as multas. Os manifestantes de sábado deverão usar roupas pretas e prometem começar a protestar a partir das 15h00 no jardim Vasco da Gama, terminando na sede do Governo com a habitual entrega de carta ao Chefe do Executivo. Jeremy Lei não conseguiu avançar com um número certo de participantes mas espera que a manifestação tenha a maior adesão possível. A associação vai também avançar com uma recolha de assinaturas até sexta-feira. Governo adia consulta pública para rever diploma Depois da realização desta conferência de imprensa, e num comunicado divulgado no final do dia de ontem, o Executivo anunciou que vai adiar a consulta pública relativa à revisão da lei do trânsito rodoviário. Além do adiamento, o Executivo promete voltar a considerar a actual proposta de revisão da lei, nomeadamente no que diz respeito ao aumento das multas, que uma manifestação prevista para sábado não aceita por entender que “visa aumentar os lucros da concessionária”.
João Santos Filipe PolíticaLam Lon Wai preocupado com jovens que fumam e trocam carícias à noite O deputado não gosta de ver os jovens a conviver à noite no jardim. É que fumam e, vejam lá, há mesmo quem troque abraços, quiçá uns beijinhos. Para Lam, o melhor é chamar a polícia [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Lam Lon Wai, ligado aos Operários, está preocupado com os jovens que se concentram na zona do Fai Chi Kei à noite para fumar e, em alguns casos, “trocarem abraços” nos bancos públicos. Após notícias em jornais locais em chinês sobre o tema, o membro da Assembleia Legislativa enviou mesmo uma interpelação escrita a pedir a intervenção das autoridades. “Há alguns dias, houve jornais que noticiaram a presença, todos os dias à noite, de jovens com cerca de 15 anos a frequentar a zona de lazer do Fai Chi Kei para se divertirem. Em algumas ocasiões correm uns atrás de outros, mas em outras gritam e puxam dos isqueiros e cigarros. Há suspeitas de que fumam em conjunto”, contextualiza Lam Lon Wai, que é igualmente subdirector da Escola para Filhos e Irmãos dos Operários. “Além disso, há ‘casais’ que se abraçam nos bancos. Uma situação que leva à preocupação da sociedade, nomeadamente entre os pais”, acrescentou. Segundo o legislador, a situação exige a atenção do Governo pelos efeitos nocivos que causa: “Se os jovens permanecem nas ruas à noite, não têm um bom horário de descanso. Se fumam, a sua saúde e estudos podem ser gravemente afectados”, defende. A segurança dos mais novos é também um argumento de Lam Lon Wai para a intervenção das autoridades. “Quando se reúnem nos espaços públicos à noite, é fácil constituírem-se num conjunto que se torna alvo dos indivíduos criminosos, assim a segurança dos mais jovens está ameaçada”, justifica. Polícia à noite Por estas razões, Lam Lon Wai interpela o Executivo: “O que é que o Governo faz para garantir que a lei é executada de forma eficaz para prevenir a venda de tabaco a menores?”, questiona. “Quando os jovens se reúnem frequentemente à noite podem ser alvos fáceis de criminosos. Já aconteceram casos no passado em Macau. Será que o Executivo vai enviar a política e os assistentes sociais aos pontos negros?”, pergunta. Por outro lado, Lam Lon Wai diz que as autoridades precisam de apertar o controlo das fronteiras, uma vez que os mais novos vão ao Interior sozinhos para “passar os tempos livres, e até consumir droga”. “São situações que podem influenciar a vida desses jovens”, nota.
João Santos Filipe PolíticaSubsídio provisório de invalidez passa a ser pago por Fundo de Segurança Social [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] subsídio provisório de invalidez, que actualmente é pago através do Instituto de Acção Social (IAS), vai passar a ser uma responsabilidade do Fundo de Segurança Social (FSS). O nome do apoio financeiro vai também sofrer alterações, passando a ser denominado pensão de invalidez. Contudo, o montante mensal de 3450 patacas não vai sofrer alterações. A proposta está a ser discutida na Primeira Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, e Ho Ion Sang, presidente do grupo de trabalho, afirmou que o objectivo passa por aprovar as alterações em plenário a tempo da lei entrar em vigor já no próximo mês. Caso não seja cumprida a meta, a medida vai apenas surgir efeitos no primeiro dia de Outubro. “A proposta de lei refere que a entrada em vigor é no dia 1 de Julho de 2018. No entanto, já estamos em meados de Junho. Discutimos esta matéria com o Governo e a AL vai reforçar os trabalhos para terminar a análise do documento o mais depressa possível”, afirmou Ho Ion Sang. Apesar destas alterações, o deputado ligado aos Moradores explicou que as pessoas que recebem o subsídio provisório de invalidez podem ficar descansadas, uma vez que até ser feita a transferência de departamento, o IAS vai assegurar o pagamento integral. “A sociedade pode estar descansada, caso não seja possível a entrada em vigor das alterações à lei a 1 de Julho, isso não vai afectar os beneficiários porque estes continuam a poder receber, através do IAS, o subsídio provisório de invalidez”, frisou. Facilitar procedimentos Com esta alteração ao Regime de Segurança Social, o Executivo tem como objectivo facilitar o pedido do apoio financeiro por parte das pessoas com deficiência. A meta passa por uniformizar procedimentos e concentrar este tipo de apoios todos no FSS. “Até agora há uma cooperação entre o FSS e o IAS para a atribuição do subsídio provisório de invalidez. O IAS faz a avaliação, que depois manda o processo para o FSS. Mais tarde o processos regressa ao IAS, que é que disponibiliza o subsídio. Contudo, os residentes consideram o processo complexo, muito inconveniente e muito moroso”, explicou Ho Ion Sang. Ainda de acordo com as informações disponibilizadas pelo Governo aos deputados, actualmente existem 760 pessoas a receber o subsídio, tendo sido registados até 30 de Abril 857 pedido. A diferença entre os pedidos e os apoios entregues foi justificada com o facto de algumas das pessoas que solicitaram o apoio já terem morrido e por outras terem visto as suas limitações físicas ou mentais ultrapassadas. Este é um apoio que custa anualmente aos cofres da RAEM 420 milhões. No entanto, até 2020, o Governo acredita que o apoio vá abranger cerca de 1000 residentes. O subsídio provisório de invalidez foi criado em 2014 para colmatar uma lacuna no Regime de Segurança Social. Nessa altura, as pessoas que tivessem nascido com deficiências ou quando apenas eram diagnosticadas após terem abandonado o mercado do trabalho estavam vedadas deste tipo de apoio. Por essa razão, o Executivo criou este subsídio, sob a supervisão do Instituto para a Acção Social.
Hoje Macau China / Ásia MancheteCimeira EUA/Coreia do Norte: Trump confiante e Kim destaca superação de obstáculos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s equipas do presidente dos Estados Unidos e do líder norte-coreano iniciaram uma reunião alargada, após um primeiro encontro de cerca 40 minutos entre os dois líderes, sem conselheiros e apenas com os tradutores. À chegada à sala onde o encontro está a decorrer, Trump mostrou-se confiante de que ele e Kim Jong-un vão “resolver um grande problema, um grande dilema”. No início da histórica cimeira em Singapura, o Presidente dos Estados Unidos disse “não ter dúvidas” de que iria ter um “ótimo relacionamento” com o líder norte-coreano. “Antigos preconceitos e velhos hábitos têm sido obstáculos, mas superámos todos para nos encontrarmos aqui hoje”, disse por sua vez vez Kim Jong-un. A cimeira histórica entre o Presidente dos Estados Unidos e o líder da Coreia do Norte teve início hoje, em Singapura, com um histórico aperto de mão entre Donald Trump Kim Jong-un. Este é o primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang. Este encontro histórico ocorre depois de, em 2017, as tensões terem atingido níveis inéditos desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), face aos sucessivos testes nucleares de Pyongyang e à retórica beligerante de Washington. A cimeira começou pouco depois das 09:00 de terça-feira (02:00 em Lisboa), num hotel em Singapura, e resulta de uma corrida contra o tempo – com uma frenética atividade diplomática em Washington, Singapura, Pyongyang e na fronteira entre as duas Coreias -, em que houve anúncios, ameaças, cancelamentos e retratações surpreendentes.
Sofia Margarida Mota PolíticaManifestações | José Pereira Coutinho quer saber critérios para cartazes [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho quer saber os critérios que definem a dimensão dos cartazes usados em manifestações. Em causa está um acórdão do Tribunal de Última Instância (TUI), no início de Maio, relativo a um recurso sobre o Direito de Reunião e Manifestação em que um agente da polícia emitiu um despacho obrigando à restrição do tamanho dos cartazes a utilizar numa manifestação. A Polícia de Segurança Pública acusou os manifestantes, in loco, de violarem a restrição da dimensão dos cartazes (2m x 2m) e de cometerem o crime de desobediência. No mesmo acórdão é ainda referido que, “mesmo reconhecendo poderes da polícia para restringir a dimensão de cartazes, com fundamento em considerações de segurança pública e de manutenção da ordem pública, o respectivo acto tem de justificar devidamente as razões de segurança pública ou ordem pública em que se fundamenta”. Pereira Coutinho questiona o Executivo acerca do tamanho dos cartazes a partir do qual são considerados “perigo para a segurança pública”, e com que critérios são definidas as dimensões dos mesmos.
Diana do Mar Manchete PolíticaHo Iat Seng diz que AL só reage a sentença final do caso Sulu Sou [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ntes de se pronunciar ou sequer analisar as implicações da sentença do caso Sulu Sou, a Assembleia Legislativa vai ficar a aguardar pelo trânsito em julgado da sentença, ou seja, quando houver uma decisão final. Foi desta forma que o Ho Iat Seng, presidente da AL, respondeu às questões sobre o facto da imunidade do deputado pró-democrata ter sido levantada com base numa acusação por desobediência qualificada, mas o legislador ter sido condenado por um crime diferente, o de manifestação ilegal. Segundo Sulu Sou, este facto poderá fazer com que a decisão do tribunal não seja legal. “A acusação a que ele foi sujeito na altura não foi discutida. Respeitamos aquilo que for decidido pelo tribunal. Vamos aguardar pelo trânsito em julgado e só depois vamos ver o que vamos fazer”, disse Ho Iat Seng, ontem. Contudo, o presidente do hemiciclo explicou que a decisão do Plenário teve em conta as informações que tinham sido comunicadas pelo tribunal. “Na altura, quando foi tomada a decisão pela AL, havia a necessidade do deputado comparecer no tribunal para ser ouvido. Nesse momento, foi tomada uma decisão pela AL. Foi tomada conforme a notificação do tribunal da altura”, clarificou. “Quanto à AL, não temos conhecimento sobre qual foi o crime cometido pelo deputado. Por isso na análise da Assembleia nós não nos intrometemos no processo de acusação. Aguardamos pelo que vai ser notificado, após o trânsito em julgado pela sentença”, reforçou. “Só depois de transitar em julgado a sentença é que vai haver uma informação e notificação, e só após esse período poderemos tomar uma acção”, frisou. No caso de não haver qualquer recurso, Ho Iat Seng defendeu que basta ao deputado apresentar o comprovativo de pagamento da multa e que poderá assumir o seu lugar na Assembleia Legislativa automaticamente.
Diana do Mar Manchete PolíticaFundo Guangdong-Macau | Taxa de retorno “moderada” justificada com ausência de riscos A Autoridade Monetária de Macau (AMCM) justifica a “moderada” taxa de retorno anual garantida do investimento no Fundo para a Cooperação e o Desenvolvimento Guangdong-Macau com o facto de o risco ser reduzido [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram as contrapartidas para Macau que suscitaram mais perguntas por parte dos deputados durante uma sessão de apresentação do recém-criado Fundo para a Cooperação e o Desenvolvimento Guangdong-Macau. Na réplica, o presidente do conselho de administração da AMCM, Benjamin Chan, justificou a “moderada” taxa de retorno anual garantida com o facto de o risco ser praticamente nulo. A RAEM vai entrar com 20 mil milhões de renminbi no fundo e, independentemente de lucros ou prejuízos, tem uma taxa de retorno anual garantida correspondente a 3,5 por cento da participação efectuada. Já quando a rentabilidade ultrapassar 7,8 por cento, o excedente vai ser partilhado: Macau fica com 55 por cento e Guangdong com 45 por cento. A taxa de retorno anual foi um dos pontos que gerou mais dúvidas entre os deputados. Se uns questionaram se é “razoável” face à duração do investimento (máximo de 12 anos) e aos juros que rendem actualmente os depósitos bancários, como Ip Sio Kai, outros indagaram da probabilidade de o investimento galgar a barreira dos 3,5 por cento de rentabilidade, como Ho Ion Sang. “A taxa de retorno é moderada porque queremos um produto com risco reduzido, que garanta capital e juros”, respondeu Benjamin Chan, enfatizando: “Não assumimos nenhum risco”. “As condições são belíssimas”, atirou, por seu lado, Au Kam San. “Nós vamos pagar 20 mil milhões”, realçou o pró-democrata que quis saber ainda o que acontece, por exemplo, se a taxa de retorno anual atingir um nível intermédio (isto é, se for superior a 3,5 por cento mas inferior a 7,8 por cento). A resposta: a rentabilidade adicional é encaixada automaticamente pela parte de Guangdong. Houve ainda deputados a perguntar em concreto quanto é que Macau poderá efectivamente lucrar com o referido investimento no fundo, mas em vão, dado que o Governo não avançou qualquer estimativa a respeito. Dado que não há riscos financeiros e há uma taxa de retorno anual garantida, Chui Sai Peng foi um dos parlamentares a indagar por que razão “não se investe um pouco mais”. Na resposta, o presidente do conselho de administração da AMCM foi peremptório ao afirmar que, neste momento, o máximo definido é de 20 mil milhões. Projectos ao largo Outro aspecto que despertou a atenção dos deputados, como Agnes Lam, prende-se com os projectos, cuja escolha fica a cargo de Guangdong. “Nós não vamos participar da gestão do investimento nem da decisão [relativamente aos projectos]”, respondeu Benjamin Chan, indicando, porém, que o Fundo Guangdong-Macau deve disponibilizar uma lista, sendo que Macau pode elencar quais deve a sociedade gestora excluir. Segundo o mesmo responsável, Macau recebeu recentemente uma lista de 14 projectos. “Não estamos a ver nenhum indesejável”, disse. Além do direito à informação, Macau goza do “direito de veto”. À luz dos princípios gerais, o investimento vai ser feito em projectos de infra-estruturas, sendo definidos como “prioritários” os de “boa qualidade” relacionados com “a construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e da Zona de Comércio Livre que beneficiem a economia e bem-estar das populações das duas jurisdições”. Os deputados manifestaram ainda dúvidas relativamente aos “riscos” decorrentes do câmbio que, segundo a AMCM, “podem ser controlados através do recurso a instrumentos de ‘hedging’”, bem como em relação à transparência do investimento. Na réplica, a AMCM prometeu apresentar contas, indicando nomeadamente que o fundo vai contratar anualmente uma terceira entidade para efectuar uma auditoria ao relatório financeiro do fundo. O fundo, com entrada em funcionamento prevista para breve, vai contar com um capital de 20,01 mil milhões de renminbi (dos quais 10 milhões correspondem ao contributo simbólico de Guangdong). Com uma duração de 12 anos, vai arrancar com uma injecção inicial de 2 mil milhões de renminbi. As verbas vão ser retiradas da Reserva Financeira que, até ao final de Março, tinha um capital de 514,89 mil milhões de patacas, dos quais 92,19 mil milhões detidos em activos em renminbi. A Sociedade Gestora do Fundo de Guangdong-Macau terá uma participação de 75 por cento da “Guangdong Hengjian Investment”, que serve de garante, e de 25 por cento da “Guangdong Namyue Group”. A Sociedade Financeira ICBC foi seleccionada como agente de investimentos, enquanto o Banco Chinês de Macau escolhido como banco de custódia de Macau. A entrega dos fundos para participação de Macau no fundo vai ser condicionada apenas à conversão em renminbi dos fundos de Macau nos mercados “offshore”, sendo desnecessárias formalidades relacionadas com a regularização cambial e com o controlo cambial, de acordo com a AMCM.