Andreia Sofia Silva SociedadeZona A | Conselho do Planeamento Urbanístico queixa-se de informações vagas Vários membros do Conselho do Planeamento Urbanístico confrontaram ontem as Obras Públicas com a ausência de um projecto tridimensional e informações mais concretas sobre a zona A dos novos aterros. A necessidade de uma melhor ligação aos transportes públicos foi outro dos pontos abordados [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) debruçou-se ontem sobre a planificação de nove lotes de terrenos da zona A dos novos aterros, mas os seus membros queixaram-se da ausência de informações detalhadas. O arquitecto Rui Leão questionou mesmo as razões para a não existência, a esta altura do campeonato, de um projecto tridimensional com os edifícios, ruas e ligações a transportes públicos. “Acho estranho que, ao longo do processo do planeamento dos novos aterros, nunca nos tenha sido mostrado um modelo tridimensional. Só vemos números. Essa é a prática de planeamento num lote de terreno isolado, mas aqui falamos de um lote de aterros”, apontou. O arquitecto exigiu mesmo uma mudança de atitude por parte da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). “Este plano tem sido muito estranho e durante as três consultas públicas realizadas não mostraram nada de pormenor. Um jovem estagiário consegue em dois dias fazer um plano tridimensional. Ninguém está a perceber qual é a proposta espacial e urbana da zona A. É importante porque é uma densidade muito grande.” Críticas atrás de críticas Também Paul Tse, empresário ligado ao imobiliário e membro do CPU, criticou a postura do Executivo. “Além destes números não temos mais nada que sirva para a nossa análise. Não sei onde vai ficar o mercado e quantas escolas vão lá estar. Não vale a pena ouvir a mesma lengalenga da DSSOPT de que temos de esperar pelo plano director e depois planear.” O responsável frisou que não devem ser cometidos os mesmos erros de planeamento que foram cometidos no passado. “Parece que temos um planeamento, mas na realidade não temos nenhum.” Do lado da DSSOPT, os seus representantes prometeram a realização de um novo workshop com novos dados, mas muitos membros exigiram dados mais detalhados face ao que foi apresentado no passado. Manuel Wu Ferreira questionou o Governo sobre as datas do plano director do território. “Vai ou não nascer? Antes de termos este plano temos de discutir as plantas de cada lote, mas este é um projecto de aterros aprovado pelo Conselho de Estado da China. O planeamento de uma cidade não deve ser só olhar para as alturas e sombras dos edifícios.” Terraços com o metro Além das críticas lançadas, a DSSOPT foi confrontada com muitas dúvidas sobre o funcionamento do sistema de transportes na zona A dos novos aterros, numa altura em que se prevê que o metro ligeiro comece a funcionar na Taipa em 2019. Foi também pedida a construção de uma “galeria técnica” subterrânea com sistema de esgotos e outras “infra-estruturas públicas”. “O que é que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) já tem planeado para a zona A? Temos de ter um centro modal para os transportes, tendo em conta o metro ligeiro”, propôs o engenheiro e deputado Wu Chou Kit. Sobre este ponto, o arquitecto Rui Leão sugeriu a ligação de terraços e pódios dos edifícios às estações do metro ligeiro. “Se os terraços estiverem articulados com o metro ligeiro podem servir para atravessar a cidade. Vemos isso em Hong Kong. E isso só é possível se houver uma negociação entre a concessionária do metro e quem faz os edifícios. Ambos saem a ganhar com este tipo de abordagem. Mas isso deveria estar previsto nas plantas de condições urbanísticas, e se não está escrito o Governo não consegue definir padrões mínimos de negociação com os proprietários”, alertou. Excesso de habitação pública? Rui Leão deixou ainda outro alerta quanto à necessidade de se construírem casas privadas na zona A, por esta ser “uma proposta de uma nova centralidade e um novo acesso à cidade, num contexto de articulação regional”. “Acho excessivo e incorrecto que seja tudo para habitação pública. Não faz sentido não haver lotes para desenvolvimento de habitação privada numa zona de nova centralidade. Não é só uma questão de bom senso mas também porque irá assegurar o sucesso da zona A. Se houver só habitação pública, a população que lá irá habitar não vai transformar essa zona num novo elo de ligação à cidade”, adiantou. O representante da DSSOPT garantiu que na zona sul da zona A irão existir terrenos para habitações privadas, bem como actividades comerciais. “Teremos o eixo leste-oeste para o metro ligeiro e vamos ter as paragens para a mudança de transporte colectivo com algumas actividades comerciais.” No que diz respeito ao sistema de transporte público, haverá “quatro centros de gestão dos transportes em zonas diferentes”. Estes centros vão servir como equipamento para apoiar o funcionamento do metro ligeiro e vão ficar ao lado das paragens do metro ligeiro no eixo central e nas avenidas marginais”, rematou o funcionário da DSSOPT.
Hoje Macau SociedadeMacau assinou memorando de pesquisa sobre gastronomia na Rota da Seda [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau assinou um memorando relativo ao projecto de pesquisa “História das Relações baseadas na Cultura da Comida na Rota da Seda”, com mais oito Cidades Criativas da UNESCO, anunciaram as autoridades da região. De acordo com o comunicado da Direção dos Serviços de Turismo de Macau (DST), este memorando, assinado na Polónia na segunda-feira, tem como finalidade o estudo da história da gastronomia e cultura nas Cidades Criativas de Gastronomia ao longo da antiga rede comercial (Rota da Seda), terrestre e marítima. No ano passado, Macau entrou para a Rede de Cidades Criativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) na área da Gastronomia. “Macau tornou-se numa das cidades parceiras do projecto de pesquisa dada a sua história única como porto ao longo da Rota da Seda Marítima inteiramente representada pela sua culinária macaense”, pode ler-se no comunicado. Os pratos dos sete A directora da DST, Maria Helena de Senna Fernandes, assinou este memorando em conjunto com os representantes das cidades de Gaziantep e Hatay (Turquia), Shunde (China), Jeonju (Coreia), Östersund (Suécia) e Rasht (Irão), apontou o comunicado. A assinatura deste memorando antecedeu a participação de Macau na 12.º Reunião Anual da Rede das Cidades Criativas da UNESCO, que arrancou na terça-feira em Cracóvia, Polónia. De acordo com a DST, a responsável deste serviço vai apresentar, numa das sessões agendadas para quarta-feira, “as iniciativas e os planos agendados para a cidade no futuro”, assim como rever o trabalho que foi feito nas iniciativas da região como Cidade Criativa de Gastronomia. Nesta sessão, a directora da DST vai ainda expor aos restantes participantes o plano de trabalho que está agendado para os próximos quatro anos relativo ao tema em discussão. O fórum, coorganizado por Cracóvia e Katowice, Cidades Criativas da Literatura e da Música, respectivamente, termina amanhã.
Diana do Mar Manchete SociedadePonte do Delta | Quotas de circulação limitadas a residentes de Macau com relações laborais em Hong Kong Hong Kong Encontram-se abertas até ao próximo dia 26 as inscrições para as 600 quotas, a atribuir mediante sorteio, para a circulação de automóveis na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Os requisitos foram publicados ontem em Boletim Oficial [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai atribuir, mediante sorteio, 600 quotas (300 para particulares e 300 para empresas), com a validade de um ano, a automóveis ligeiros que pretendam circular na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. O prazo de candidaturas abriu ontem e termina no próximo dia 26. No entanto, há uma série de requisitos a cumprir. Segundo as regras, publicadas ontem em Boletim Oficial, no caso de uma quota particular, o candidato “deve ser residente permanente” de Macau e “ser empregado remunerado ou com empresa registada em seu nome” em Hong Kong. Já no caso das quotas destinadas a entidades comerciais, além de ter de estar registada em Macau, a empresa requerente tem de “possuir mais de 50% das acções da sua empresa filial” em Hong Kong. Ao abrigo das regras, no caso das quotas destinadas a particulares, podem ser indicados no máximo dois condutores, entre os quais o próprio requerente; enquanto no das empresas podem ser indicados três funcionários. Em ambos os casos, todos os os condutores indicados devem ser residentes permanentes e titulares de carta de condução para automóveis da RAEM válida. Os candidatos a uma quota devem entregar um formulário junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) até ao próximo dia 26, sendo a lista dos contemplados publicada três dias depois, ou seja, dia 29. As 600 quotas vão ser atribuídas mediante sorteio informático. Tal como anunciado anteriormente, a participação no sorteio custa 500 patacas. Já os contemplados têm de pagar 30 mil patacas pela quota regular que lhes permitirá fazer múltiplas viagens com destino a Hong Kong através da nova ponte. No caso de substituição do veículo, de matricula ou do condutor autorizado a circular, ficam obrigados ao pagamento de 1.000 patacas. De acordo com estimativas oficiais, o volume diário de tráfego deve atingir os 29.100 veículos em 2030 e 42.000 em 2037, enquanto o volume diário de passageiros pode vir a rondar os 126.000 e os 175.000, respectivamente. Não há ainda, contudo, data oficial de abertura da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.
Diana do Mar PolíticaDeputados com dúvidas sobre benefícios fiscais para reconstrução de edifícios Mais perguntas do que respostas. Os deputados da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) desconhecem quanto valem ao certo os benefícios fiscais para a reconstrução de edifícios, estando à espera de esclarecimentos por parte do Governo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s deputados da 2.ª Comissão Permanente da AL querem saber, na prática, a que valor podem corresponder os benefícios fiscais para os proprietários que avancem para a reconstrução de edifícios, previstos na proposta de lei em análise em sede de especialidade. Esta é uma das perguntas para as quais esperam obter resposta na próxima reunião com o Executivo. À luz do diploma, os proprietários gozam de quatro benefícios: isenção do imposto de selo sobre a aquisição do segundo e posteriores bens imóveis destinados à habitação; do imposto de selo sobre transmissão de bens; do imposto de selo especial e do imposto de selo devido em virtude de aquisição ou promessa de aquisição de bens imóveis, a somar à restituição de emolumentos notariais e de registo. Contudo, os deputados desconhecem a exacta percentagem que efectivamente representam no custo da reconstrução de um edifício. Segundo o presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL, Chan Chak Mo, durante a reunião de ontem, o deputado nomeado Chan Wa Keong avançou com uma estimativa segundo a qual os benefícios fiscais podem abater em “mais de 20 por cento” o custo total da reconstrução. “Não sabemos ainda qual a percentagem exacta. É apenas a opinião do deputado Chan Wa Keong. Como ele é advogado se calhar tem alguns conhecimentos. Aguardamos resposta do Governo”, afirmou Chan Chak Mo. Outra dúvida tem que ver com o papel dos promotores. “Nós não conseguimos saber muito bem qual é o papel do promotor nem os benefícios” de que gozam, apontou o presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL, indicando, aliás, que a assessoria entende que o diploma pode ser “mais simples” e recomenda uma melhor “sistematização” que passa por separar os benefícios fiscais de promotores e de proprietários. O interesse público A proposta de lei, que tem por objectivo acelerar o ritmo da renovação urbana, prevê um alívio fiscal em casos de demolição e reconstrução de edifícios com fundamento em interesse público, ou seja, por razões de saúde ou segurança públicas, de promoção do desenvolvimento social e de preservação do património cultural. No entanto, para os deputados, sem uma lei de renovação urbana, afigura-se difícil aferir esse “interesse público”. “Por exemplo, será que a reconstrução de um prédio é benéfica para uma rua, avenida ou zona? É que agora ainda não temos uma lei relativa à renovação urbana que, a nosso ver, parece que carece”, salientou Chan Chak Mo.
Hoje Macau PolíticaNegócios | Lionel Leong lidera comitiva a Portugal e Brasil [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, vai liderar uma delegação empresarial ao Brasil, que vai decorrer ainda este mês, logo a seguir a visita a Lisboa. As deslocações a Portugal e Brasil vão decorrer de 19 a 26 de Junho. De acordo com o canal de rádio da TDM, além de Lionel Leong vão participar na delegação o presidente do IPIM, da Autoridade Monetária, a secretária geral do Fórum Macau, os deputados Pereira Coutinho e José Chuí Sai Peng. Os empresários Kevin Ho, Frederic Ma e Pansy Ho vão só a Lisboa, onde vai decorrer o encontro dos empresários da China e países de língua portuguesa. Integram também a comitiva Artur Santos, do Banco Well Link, Carlos Cid Álvares, novo presidente executivo do BNU e Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas. Recorde-se que Edmund Ho vai liderar uma outra delegação que vai estar em Lisboa também nos dias 20 e 21 de Junho. Está previsto um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. No encontro dos empresários em Lisboa participa o vice-ministro do Comércio chinês. O encontro contará com uma intervenção do secretário de Estado da Internacionalização do governo português, Eurico Brilhante Dias.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAlexis Tam | Secretário pretende retirar “contrabando” e “corrupção” do manual de história O gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura afirmou que os conteúdos sobre a presença dos portugueses em Macau e a sua relação com os mandarins de Cantão no manual de História da China vão ser revistos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, revelou ontem que os conteúdos que transmitiam uma imagem negativa da presença dos portugueses e dos chineses de Guangdong no território vão ser excluídos de um manual de história do 10º ano. “Após contactos com a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e com a editora responsável pelo conteúdo dos manuais, a associação dos portugueses a actividades de contrabando e corrupção, não será incluída na versão final dos mesmos”, refere o comunicado enviado ontem pelo gabinete do secretário ao HM. De acordo com o mesmo comunicado, a decisão acontece “no seguimento de várias notícias veiculadas na imprensa local, relativamente ao conteúdo de manuais de história que incluem referências negativas sobre a passagem dos portugueses pelo território”. Em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de aniversário do Clube Militar, Alexis Tam garantiu a retirada dos conteúdos em causa, salientando que o livro ainda não estava na sua versão final. “Ainda está na fase de consulta, sendo que está decidido que os comentários referentes às actividades de contrabando e de corrupção dos portugueses vai ser totalmente retirada”, apontou. Para Tam, é necessário ter em conta “as emoções dos portugueses dos que estão a viver aqui em Macau e penso que não é preciso ter esta parte do manual e considerar a amizade entre Portugal e Macau, pelo que é necessário ponderar muito bem o ensino que vamos dar à próxima geração”, acrescentou o secretário que considera também que “a história contemporânea é muito complicada e é um assunto que tem que ser analisado pelos historiadores e especialistas na matéria”. Verdade do passado Ao canal de Rádio da TDM, a historiadora Tereza Sena considerou que não via qualquer problema na existência destes conteúdos no manual escolar. “O que era comércio considerado autorizado era o comércio tributário e tudo o que fosse de fora desses esquema poderia ser apelidado como corrupção”, afirmou. À mesma fonte, a historiadora sublinha que se está a falar de acontecimentos que remontam ao Séc. XVI e não da actualidade “em que estas noções são completamente diferentes”. “Temos de olhar para o processo de instalação dos portugueses nas costas do sul da China não como um processo nacional. Não foi a coroa portuguesa que chega aqui e que se instala. Estamos a falar de comerciantes privados, de mercadores que vão aproveitando diversos tipos de oportunidades e se inserem nas redes mercantis existentes na Ásia. É um negócio e são negócios que permitem este tipo de abordagens”, explicou. Para Tereza Sena é ainda normal que a parte do manual que se refere a Macau não ocupe uma parte muito importante num livro que trata da história da China . Na semana passada, o deputado suspenso Sulu Sou alertou acerca do manual de história da China que tinha três capítulos sobre Macau, e que considerava os conteúdos incompletos. Em causa estava a referência à presença dos portugueses no território. De acordo com o Tribuna de Macau, o manual “salienta que os portugueses obtiveram autorização para usar os portos de Cantão e praticar actividades comerciais no âmbito de um esquema de corrupção que envolveu oficiais de Guangdong, e que permitiu a vinda gradual dos portugueses”.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeSalário mínimo | Regime vai excluir empregadas domésticas e deficientes A maioria das opiniões da população sobre a implementação de um regime de salário mínimo pleno é a favor da medida. No entanto, empregadas domésticas, trabalhadores não residentes e deficientes deveriam estar fora da medida. Os dados forma ontem divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais no relatório referente à consulta pública sobre a proposta de lei do salário mínimo pleno. Há quem lamente as exclusões [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram recebidas 2461 opiniões entre 13 de Novembro e 27 de Dezembro no processo de consulta pública acerca da proposta de lei do salário mínimo. Na sua maioria – 90,4 por cento – concordam com o estabelecimento do referido regime mas com excepções. De acordo com os dados do relatório referente à consulta pública sobre a proposta de lei do salário mínimo pleno, divulgado ontem pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), das 2389 opiniões válidas sobre o âmbito de aplicação do regime, quase 90 por cento das pessoas que se manifestaram, referiram a necessidade de excluir alguns sectores e destinatários. A maioria das opiniões recolhidas aponta que os trabalhadores domésticos, os não residentes e as pessoas portadoras de deficiência – um total de 2336 – não devem usufruir da medida que pretende dar uma base mínima salarial aos trabalhadores. As razões apontadas para a exclusão das empregadas domésticas estão relacionadas com as diferenças da “natureza do trabalho destes trabalhadores e a dos trabalhadores em geral”, refere o relatório que aponta as 1818 opiniões favoráveis à sua exclusão. Por outro lado, a população justifica ainda que, nestes casos, o empregador não tem o objectivo de explorar a actividade doméstica com fins lucrativos e “se o regime do salário mínimo for aplicado aos trabalhadores domésticos poderá causar pressão económica sobre as famílias que contratam estes trabalhadores”, lê-se no mesmo documento. Entre os pouco mais de 10 por cento de opiniões que se mostraram a favor da inclusão do trabalho doméstico no regime do salário mínimo pleno, as razões apontadas têm a ver com a premissa de que “todos os trabalhadores devem gozar da protecção salarial básica, reflectindo assim, o principio da equidade”. Os de fora Houve também um grande número de opiniões que consideraram que os trabalhadores não residentes também não deveriam ser abrangidos pelo regime do salário mínimo, sendo que acham que deve ser uma política apenas dirigida aos trabalhadores locais. As opiniões neste sentido são justificadas com o facto de “o salário que os trabalhadores não residentes ganham em Macau é muito mais elevado do que o do seu local de origem, por isso não há necessidade de serem abrangidos pelo salário mínimo”, lê-se no relatório. No total foram 418 opiniões neste sentido. De acordo com o sociólogo Larry So esta exclusão não deveria considerada. Apesar de se mostrar satisfeito com a ideia do avanço de um regime que legisla o salário mínimo para quase todos, Larry So considera que “não deve existir diferenciação dos trabalhadores quando se fala deste assunto porque estamos sempre a falar de uma força de trabalho, independentemente do sector e todos devem estar protegidos por este regime”, refere ao HM. No que respeita às empregadas domésticas que na sua maioria são também trabalhadores não residentes, “penso que este regime não deve ser feito apenas para proteger os trabalhadores locais até porque se trata de um sistema de protecção em que o trabalho é reconhecido com o pagamento e uma certa quantia de dinheiro”, referiu. Para o sociólogo, “se estamos a excluir estes dois grupos, quer dizer que o trabalho destas pessoas não vale assim tanto o que não é justo”, disse. Larry So está esperançado que numa próxima revisão do regime estas exclusões voltem a ser alvo de discussão e deixem de existir. “Espero que numa revisão deste regime nos próximos anos esta discussão possa ter lugar outra vez, que possamos modificar esta diferenciação e incluir toda a gente neste regime em que estejam todos os que trabalham nesta comunidade e prestam serviço à sociedade”, sublinhou. Deficiências relativas Sugeridos para ficarem de fora do diploma foram ainda os portadores de deficiência com cerca de 400 opiniões neste sentido. Há quem considere que o âmbito da protecção do salário mínimo deve ter em conta a capacidade de trabalho e a produtividade desta população, sendo que “se for igual às de um trabalhador comum deve ficar abrangida pelo regime”, aponta o relatório. Das opiniões recolhidas, foi sugerido que o salário mínimo aplicado aos trabalhadores com deficiência, deve incluir um regime de avaliação da produtividade, por escolha voluntária, para que este possa receber uma determinada percentagem do salário em função dos resultados dessa avaliação. Houve ainda opiniões que consideraram que o salário mínimo vai enfraquecer a competitividade dos trabalhadores com deficiência, diminuindo a vontade dos empregadores de os contratarem. Os do contra As opiniões contra o estabelecimento do regime do salário mínimo representaram 9,6 por cento, sendo foram justificadas com “o aumento da inflação com o salário mínimo, o que irá afectar a vida dos cidadãos e pôr fim à sobrevivência das pequenas e médias empresas. Por outro lado, o salário dos trabalhadores em geral já é superior ao valor do salário mínimo, sendo que o Governo necessita apenas de atribuir um subsídio complementar aos trabalhadores locais que auferem um rendimento baixo. Há ainda quem considere que o salário dos trabalhadores deve ser ajustado livremente pelo mercado, não sendo necessária a implementação do regime do salário mínimo pleno. De acordo com o mesmo relatório, as opiniões mostraram-se favoráveis no que diz respeito ao período de revisão e de entrada em vigor do regime. Para o primeiro a DSAL aponta para uma revisão da lei pelo menos uma vez em cada dois anos. Já sobre a implementação, a ideia da população é na sua maioria – 76,3 por cento – a favor do estabelecimento de um período entre três e seis meses para a entrada em vigor do regime depois de aprovado na Assembleia Legislativa. Maioria excluída De acordo com o documento de consulta pública em que foram apresentados dados estatísticos de 2016 acerca do número de trabalhadores pertencentes do sector do trabalho doméstico, existiam em Macau 25 300 empregadas domésticas em que 100 são residentes e as restantes 24 200 são estrangeiras. Destas, 23 700 auferiam menos de 30 patacas por hora em que 100 eram residentes e 23 600, trabalhadoras não residentes. Macau tem em vigor, desde 01 janeiro de 2016, um salário mínimo para trabalhadores de limpeza e pessoal de segurança na actividade da administração predial. O diploma fixou o salário mínimo para estas duas profissões em 30 patacas por hora, 240 patacas por dia ou 6.240 por mês. Veredicto da DSAL Depois de recolhidas as opiniões, a DSAL concorda com a exclusão dos trabalhadores domésticos e dos portadores de deficiência da proposta de lei a ser elaborada pelo Governo. “O salário mínimo deve ser aplicado aos trabalhadores de todos os sectores, no entanto, tendo em consideração a especificidade da natureza ou das condições de trabalho de alguns sectores, propõe-se que dois tipos de trabalhadores sejam excluídos da aplicação do salário mínimo”, referem os serviços considerando os trabalhadores domésticos e deficientes. Já no que respeita às sugestões para a ausência dos não residentes do regime, o Governo defende que isso não vai acontecer. “Dado que o objectivo da implementação do regime do salário mínimo pleno é proporcionar a todos os trabalhadores uma protecção salarial básica, e tendo em conta o princípio de salário igual para trabalho igual e o princípio da igualdade salarial, tanto os trabalhadores residentes como os trabalhadores não residentes têm direito a gozar da mesma protecção salarial, devendo assim o salário mínimo ser aplicado a ambos”, lê-se.
Hoje Macau SociedadeDe Macau para a Arábia Saudita [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] advogado Pedro Ribeiro e Castro, que exerceu em Macau, é actualmente advogado na sociedade Al Tamimi & Company, que representa o clube na pessoa de Sami AL Jaber (presidente do Al-Hilal), foi um dos responsáveis, a par de Luís Miguel Henrique e Manuela Glória, consultores da Macedo Vitorino & Associados, pela negociação do vínculo contratual de Jorge Jesus com o clube saudita por uma época.
Hoje Macau China / ÁsiaVaso Qing estabelece valor recorde em leilão [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m vaso chinês do século XVIII estabeleceu ontem um recorde de venda num leilão, na Sotheby’s, em Paris, ao atingir o valor final de 16,2 milhões de euros, informou a leiloeira. Criado para o Imperador Quianlong (1735-1796), o vaso de porcelana chinesa esteve esquecido durante várias décadas, no sótão de uma casa de campo francesa. A peça foi adquirida por um licitante chinês que se encontrava presente na sala e, segundo a Sotheby’s Paris, a transacção detém dois recordes, o recorde absoluto de venda na Sotheby’s Paris, desde que o mercado abriu a casas de leilão estrangeiras, e o recorde de venda para porcelana chinesa, em França. Com um valor de venda inicial estimado entre os 500 mil e os 700 mil euros, o vaso encontrava-se em “perfeito estado de conservação”, possuindo decorações policromadas, com tons rosa dominantes, que representam uma paisagem com veados e pinheiros, numa montanha coberta de bruma. “Este vaso é o único conhecido com estes pormenores. É uma obra de arte maior. É como se se tivesse descoberto um Caravaggio”, sublinhou o especialista de arte asiática Olivier Valmier, na apresentação da obra. Segundo a página da leiloeira, apenas um outro vaso similar é conhecido em França. Pertence à colecção do Museu Guimet, tendo origem num comerciante de arte oriental existente na capital francesa, no final do século XIX. O vaso hoje vendido foi levado até à Sotheby’s dentro de uma caixa de sapatos, e também terá sido adquirido em França, na Exposição Universal de Paris de 1867, segundo dados da leiloeira, mantendo-se desde então na mesma família – primeiro, até 1947, num apartamento, na capital francesa, depois, conservado entre outras peças de origem chinesa, na casa de campo de descendentes do proprietário original, que se mantêm anónimos.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesO Sexo das Alterações Climáticas [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s alterações climáticas é um daqueles temas transversais a tudo, tal como o sexo, por isso decidi casar um tópico com o outro para um argumento, que não é novo para alguns, mas talvez seja para outros. Tenho sofrido da particular frustração por ver que as alterações climáticas, que estão aí ao virar da esquina, ou que até já chegaram em força, é um conceito entendido como desconectado de tudo à nossa volta. Não está desconectado do ambiente em si, claro, mas está desconectado dos nossos sistemas morais, sociais, psicológicos, e do nosso dia-a-dia, no fundo. Já em tempos me debrucei acerca de uma sexualidade ecológica, a forma mais fácil de casar os temas – seja porque se ama o planeta e se faz amor com o solo, as árvores e as plantas ou porque se tomam decisões de compra mais ecológicas, como vibradores, lubrificantes e outros que tais – com a garantia que não estamos a poluir o ambiente ou nós próprios. Mas será que basta? Será que é suficiente ter hábitos de consumo mais ecológicos e ponderados para evitar o fim da civilização tal e qual como ela existe? Será que a solução são os carros eléctricos, pensando agora num sentido mais lato de hábitos de consumo, ou os produtos biológicos,ou os materiais biodegradáveis, ou as casas inteligentes? Quando, no ano passado, Macau viu passar os tufões mais intensos e mortíferos dos últimos tempos, uns atrás dos outros, eu pensei para mim mesma que a minha geração, muito provavelmente, assistiria ao início da degradação dos nossos ambientes e sociedades. E o que tenho aprendido é que as alterações climáticas vêm aprofundar o fosso socio-económico das nossas cidades, países, continentes, e planeta. No dia da Mulher, as Nações Unidas apresentou uma campanha toda bonita sobre como as alterações climáticas são um problema de género – também. Eu sei que esta é uma ideia difícil de perceber, e pouco consensual. Que diferença faz se eu for homem, mulher ou outra identificação de género, à vista das alterações climáticas? Não serão os efeitos os mesmos para todos? Há quem discorde – as alterações climáticas são um problema que têm afectado primeiro as comunidades já frágeis, que para além de verem os seus ambientes a deteriorar-se, vêem-se em confronto com outro tipo de desafios. Países com escassez de água, de condições básicas de sobrevivência, seja pela seca ou pela inundação, sofrem de maior desigualdade de género. Tal como o sexo, as alterações climáticas não são um problema do mundo físico, somente, são um problema do mundo social. Reparem: a escassez de recursos ou as transformações no ecossistema, mexem com temas tão delicados como a maternidade – será que podemos ou devemos trazer uma criança ao mundo? – ou com a contracepção – porque é que os peixes andam cheios de hormonas femininas? – ou com o nosso consumo sexual – será que preciso de 30 vibradores, um de cada cor, para completar a minha colecção megalómana de dildos? Quanto mais consumimos, mais poluímos, não é? O sexo das alterações climáticas não deverá ser uma discussão sem fim, porque de perguntas sem resposta já estamos nós fartos. O que considero útil neste desafio temático, é olhar para aquilo que está a acontecer no nosso planeta de forma interseccional – que o ambiente está no estado desequilibrado em que está, e que pode afectar e reforçar as dinâmicas de poder já existentes. No exercício de distopia da Margaret Atwood, que explora as questões das mulheres e as questões do ambiente (em vários exercícios de ficção, e não só na sua mais aclamada obra), torna este mesmo argumento óbvio: as alterações que o nosso planeta anda a sofrer são um desafio também ao sexo que fazemos, ao sexo performativo e representado e ao sexo que desejamos. O sexo destas sociedades que parecem mais loucas do que sensatas: mais loucas por poder, por desigualdade, nunca loucas por amor, ou pelo menos, nunca da forma certa de amor.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasEu (não) estou aqui Horta Seca, Lisboa 20 Maio [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]or estes dias, andei meio perdido na adolescência. Um dos meus liceus, agora vítima de curiosa vingança que o atirou para abandono semelhante ao do Cabo Ruivo de então, capitaneava margens esquecidas. De tempo e lugar. Os anos na Afonso Domingues, que de feminino pouco mais tinha além do nome (Escola Industrial), deram-me acesso a sítios que insuflavam de oxigénios a palavra aventura. Os territórios começavam logo ali, junto à linha do comboio, e desciam por azinhagas, de bruxas ou nem por isso, até à grande avenida dos velhos e britânicos autocarros de dois andares, com passe para patifarias e doidas corridas. Logo antes do rio onde brilhavam sombras até do império e o hidroavião, encostado ao labirinto de metais e cores, atracado a livros de cordel onde atlântico rimava com viagens e batalhas e as máquinas voadoras eram o passaporte para uma vida a sério. Estava na Afonso, em nome da força aérea, para que conste. Mais tarde, não muito, iria calcorrear os mesmo caminhos com atenções outras, de câmara na mão, a aprender a ver, sob a batuta do Luís Pavão, que animou na Afonso um clube de fotografia. Tenho que regressar a esses negativos, quase todos na cor precisa da memória, o preto e branco. Que olhos seriam os meus, no salto, óbvio para a idade, entre fantasia e real, entre astronáutica e consciência social? Cá em casa, as ideias mastigam-se muito, mas estava longe de imaginar que o projecto do Bruno [Portela] de celebrar os 20 anos da Expo 98 com mergulho no oceano do seu arquivo acabaria comigo, depois de conversadas e excluídas várias outras hipóteses mais naturais, a legendar as suas fotos, que estão em exposição de grande impacto no próprio local. «Você (Não) Está Aqui» atirará, até Setembro, os incautos transeuntes para viagem no tempo. Bem distinta da minha. Este trabalho do Bruno (exemplo algures na página) resultou de uma encomenda, estava sujeita a constrangimentos, aspirava à totalidade do registo, mas originou olhar que resistiu ao tempo e nos permite acesso à metamorfose. A cidade desfazia-se aqui, entre desvario e tangível. A melancolia habitava o sítio e ficou na fotografia. Para abrir, sugeri estas linhas, e falhei nas outras legendas abordar a minha púbere aviação. «Os lugares possuem um espírito. Mas o tempo não lhes permite que se mantenha para sempre o mesmo. Neste pedaço de Lisboa, qualquer coisa em hectares (340) como a extensão que vai do Terreiro do Paço a Entrecampos, morreram maneiras de fazer, de construir, modos de ir deixando andar, parte de um século. Paz à sua lama. A meio do século passado, uma certa vontade de desenvolvimento colocou às portas da cidade a refinaria de «ouro negro» que a alimentava, e à sua volta foram-se acumulando restos, matérias brutas, abandonos e abandonados, outras memórias. O século XX estava a acabar e a capital ignorava o seu oriente, quando a pretexto do encontro com outros orientes, resolveu fazer uma das maiores transformações urbanas do país. A regeneração do território foi, aliás, uma das principais razões para que Portugal ganhasse, há 20 anos, a organização da Expo 98 projecto, de par com a celebração da viagem de Vasco da Gama e ter escolhido os oceanos para tema. E assim aconteceu de modo único: uma das maneiras de aferir o sucesso da mudança está no apagamento da memória do que aqui foi. O trabalho bom do fotógrafo é captar espíritos. Ora Bruno Portela (Lisboa, 1966) estava, nos idos de 1994, no lugar exacto à hora certa para registar o fim de um ciclo. O seu percurso fez-se mais do documental. Por um lado, não ignora o humano nas estruturas, nas formas, nos restos e na poeira de que parece feita a paisagem. E por outro, coloca-nos no coração da vaga e sólida tristeza que se solta do tempo a passar. Uma cidade pode esconder outra: cuidado a atravessar.» Mymosa, Lisboa, 25 Maio Temos atrasos e temos atrasos dolorosos. A edição da Manuela Sousa Lobo tardou, mas vai resolver-se, a pretexto dos 130 anos de Pessoa. Há tantos anos lhe conheço os poemas, prodígio de criatividade, na língua, nas imagens que cria, no cruzamento de planos, perturbações, identidades. Sinto com a dor da injustiça este apagamento, mas isso pouco resolve. Almoçamos para acertar detalhes, para conversa solta, para isto e aquilo. De surpresa, aparece-nos o Patrak. Há muitas luas, em programa na Rádio Universidade Tejo, juntei os dois, a Manuela e o Luís Carlos Patraquim, outro poeta enorme, sem que um soubesse do outro, para encontro de amigos ao vivo do microfone. A coincidência de os ter agora aqui, descombinadamente, anima-me, sem outra razão que a alegria. «Alegria, como laranjas acabadas de colher, eis tudo.» Já na abalada, vejo a Manuela a baixar-se com esforço para apanhar qualquer coisa que me havia escapado, missanga de máscara zulu, dobrão de ouro, a chave da arca do Pessoa, tecla de máquina de escrever. Não, era um parafuso, torto, que trazia em si a própria inutilidade. Diz a poeta em resposta à minha surpresa: «anda tanta gente a perdê-los que alguém tem de os apanhar». Nem perdi tempo a imaginar o museu, corri a apanhar uma caneta-íman que outra poeta me tinha oferecido, desconfio que para me chamar velho ou apenas apagar o meu fascínio pelo objecto. Doravante, não precisará dobrar-se, basta abrir a extensão telescópica e apanhar os parafusos perdidos. Casa da Cultura, Setúbal, 1 Junho Alimento para os olhos, que não a pintura de naturezas mortas, a Festa da Ilustração obriga-me invariavelmente a esforço de orientação na selva das imagens. As boas exposições, qualquer que seja o volume, fazem-se paragem de comboio, lugar onde saborear o tempo. Não encontro melhor exemplo que esta «Bricolage», do João [Fazenda], portentoso construtor de cidades e metáforas, o melhor dos transportes públicos. Encontramos «trabalhos de vários momentos, mas sobretudo dos anos mais próximos. Estão representados os suportes essenciais (livros, periódicos, cartazes, cadernos íntimos). Melhor: estão os olhares e os gestos primordiais que fazem dele autor seminal, pois nele se vão mergulhando raízes para as mais vorazes experiências. Em cena no Palco estão actores, objectos e cenários dispostos como se obedecessem a encenador, urbanista, jogador de xadrez, que melhores peles pode o ilustrador vestir? Puro prazer se desprende do mecanismo, umas vezes literal, outras metafórico, sempre a atirar-nos para a viagem. Segue-se visita guiada ao Bairro, com trabalhos mais pessoais e narrativos sobre a cidade e as suas transformações. Ternura no olhar que toca cada figura, entalada entre o banal e o excepcional, eis o que nos espera. Avancemos em direcção à Arena, onde se recolhem os rostos e os corpos do inferno político, social, mediático, nosso. Pode explodir o humor, mas sem que aconteça cartoon. Tudo nos encaminha para a Pista de Dança, onde Fazenda chama a si a figura do coreógrafo-bailarino: cada desenho faz-se movimento que rodopia em movimento e transformação contínua, abrindo-se espaço de liberdade e imaginação. Cada desenho logo se faz outro desenho, sendo todos momento dessa transformação. Ninguém lhos pediu, mas todo ele, desenhador compulsivo, os exigiu. Este movimento não está, em momento algum, ausente das milhentas imagens que criou. A que deu vida. Mal voltem costas, tudo continuará a mexer-se, acreditem.”
Hoje Macau China / ÁsiaRepública Centro-Africana quer que ONU a deixe comprar armas à China [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] República Centro-Africana pediu ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que a autorize a comprar armas à China para as suas forças armadas e policiais, segundo cópia do pedido consultado pela AFP. A ministra da Reconstrução das Forças Armadas, Marie-Noelle Koyara, solicitou uma excepção ao embargo sobre armas, para os materiais em causa, a saber, veículos blindados, metralhadoras e granadas de gás lacrimogéneo. “Estes meios dedicados à manutenção da ordem fazem falta ao equipamento das unidades e não permitem satisfazer os objectivos de manutenção da ordem pública nem da imposição da autoridade do Estado e o imperativo de protecção das populações”, escreveu Koyara. “Esta solicitação decorre também da constatação da insuficiência dos meios e das forças, face à dinâmica e à recrudescência dos grupos armados, cujas actividades ilegais constituem uma ameaça à paz civil”, explicou. O Conselho de Segurança impôs um embargo às armas em 2013, quando a República Centro Africana caiu no caos depois de confrontos generalizados. Em 2017, a comissão encarregada das sanções no seio da instituição tinha levantado as restrições ao fornecimento de armas russas à República Centro-Africana. As armas que agora estão em causa são chinesas. Trata-se de 12 veículos blindados e quatro de assalto, 50 pistolas, seis espingardas de precisão, 10 de assalto e 30 metralhadoras de vários calibres. Várias munições somam-se à lista de armas, a saber, 725 mil cartuchos, 15 mil granadas de gás lacrimogéneo, 300 rockets e 400 munições anti-carro. Este país tem no seu território duas missões internacionais de assistência militar, uma europeia e outra da própria ONU, designada Minusca, tendo já sido mortos cinco capacetes azuis este ano. Na República Centro-Africana, o Estado controla uma escassa parte do território. Os grupos armados confrontam-se pelo controlo dos recursos do país, como diamantes, ouro e gado. Portugal é um dos países que integra a Minusca, tendo, no início de Março, a 3.ª Força Nacional Destacada – composta por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1.º batalhão de Infantaria Paraquedista -, partido para a República Centro-Africana. Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam no terreno, sediados no aquartelamento de Bangui, desde 18 de Fevereiro.
Hoje Macau China / ÁsiaExportação de soja do Brasil para a China bate recorde [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações de soja do Brasil para a China atingiram novo recorde mensal, em Maio, segundo dados oficiais, ilustrando a crescente importância da produção brasileira, face às crescentes disputas comerciais entre Pequim e Washington. Segundo dados das alfandegas brasileiras, citados pela agência noticiosa AgriCensus, o Brasil exportou, no mês passado, 9,76 milhões de toneladas de soja para a China, superando o anterior recorde em 1,4 milhões de toneladas. No conjunto, o mercado chinês absorveu 80% da soja exportada pelo Brasil, durante aquele período. O aumento das exportações brasileiras surge numa altura de renovada tensão entre Pequim e Washington, outro importante fornecedor de soja para a China, em torno de questões comerciais. O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige uma redução do deficit do país nas trocas comerciais com Pequim, ameaçando subir os impostos sobre um total de 150.000 milhões de dólares de exportações chinesas para os EUA. Em retaliação, a China ameaçou subir os impostos sobre a importação de soja e outros produtos alimentares dos EUA, sabendo que grande parte do eleitorado de Trump se encontra na América rural. O transporte de soja dos EUA para a China demora pelo menos 30 dias. Carregamentos feitos agora poderão ser taxados ainda antes de desembarcarem na China, caso os dois lados concretizem as ameaças, o que levou várias empresas chinesas a cancelarem encomendas. “O que quer que [os chineses] estejam a comprar, não é dos Estados Unidos”, afirmou no mês passado o chefe-executivo do grupo Bunge Ltd, uma das maiores exportadoras do mundo de cereais e oleaginosas, citado pela agência Bloomberg. “Eles estão a comprar soja do Canadá e Brasil, sobretudo do Brasil, mas deliberadamente não estão a comprar nada dos EUA”, detalhou. Segundo dados da National Grain and Oil Information Centre, citados pela AgriCensus, o ‘stock’ chinês de soja atingiu um nível recorde de 8,18 milhões de toneladas na semana passada. Visando evitar uma guerra comercial, Pequim comprometeu-se, porém, a “aumentar significativamente” as suas compras de produtos agrícolas e recursos energéticos norte-americanos. No entanto, os dois lados não chegaram, até à data, a um acordo definitivo.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Assembleia Popular Nacional agenda sessão [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia Popular Nacional, o mais alto órgão legislativo da China, vai reunir para a sua sessão bimensal entre 19 e 22 de Junho, de acordo com um comunicado divulgado nesta segunda-feira. Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente do Assembleia Popular Nacional (APN), presidiu a reunião. Os legisladores vão rever o projecto da lei de comércio electrónico e os projectos revistos para as leis de organização dos tribunais populares e das procuradorias populares, de acordo com o texto. A APN deliberará também sobre um projecto de lei sobre os deveres do Comité de Constituição e Direito, apresentado pela reunião dos presidentes do Comité Permanente da APN, e um projecto de lei sobre protecção dos direitos marítimos e aplicação da lei da Guarda Costeira da China, apresentado pela Comissão Militar Central. Projectos nacionais de ciência e tecnologia, tratamento de resíduos sólidos, implementação da Lei de Estatística e sobre a visita de Li Zhanshu à Etiópia, Moçambique e Namíbia., bem como um relatório acerca das qualificações de representantes e a revisão de nomeações e demissões de funcionários, serão também discutidos e aprovados, segundo o comunicado. Finalmente, a APN vai avaliar um relatório do Conselho de Estado sobre as contas finais de 2017 e um relatório de auditoria para o orçamento e receitas e despesas fiscais de 2017 do governo central, bem como examinar e aprovar as contas finais do governo central em 2017.
Sofia Margarida Mota EventosExposição | “Vertical reclamation of individual spaces” é inaugurada amanhã Depois de uma passagem por Macau em Dezembro, Ana Aragão regressa para a apresentação da exposição “Vertical reclamation of individual spaces”, a partir de amanhã, na Casa Garden. Fazem parte desta mostra desenhos inéditos que a artista produziu inspirada nas particularidades estéticas do território [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]na Aragão esteve pela primeira vez em Macau no passado mês de Dezembro. Em entrevista ao HM, deixou a promessa de voltar com obras inspiradas no território. E é com esses e outros trabalhos que é inaugurada amanhã “Vertical reclamation of individual spaces”. A mostra conta com a curadoria de João Ó, sendo que “esta ideia surgiu imediatamente após a exposição da Ana Aragão no Taipa Village no ano passado”, começa por dizer o curador ao HM. Nos seis meses que separam estas duas exposições a artista foi, com o que levou de Macau, produzir uma nova série de obras que agora apresenta. “É uma exposição compreensiva do seu trabalho”, refere João Ó. Para o efeito, “Vertical reclamation of individual spaces” está divida em quatro partes distintas. O primeiro momento expositivo está ainda a ser criado e faz parte de uma residência artística que a também arquitecta está a fazer no território. “Vai ser um mapa chamado “Mapa psicogeográfico” e que reflecte o itinerário imaginário dela em Macau”, apontou João Ó. A artista está, durante este processo, a experienciar a cidade e, ao mesmo tempo, a cartografar os objectos que considera mais interessantes dentro do que vai vendo. “Estamos a falar de um itinerário ultra-subjectivo e não de um mapa turístico de Macau”, esclareceu o curador. A segunda fase da exposição é o momento que lhe dá o nome “Vertical reclamation of individual spaces”. Aqui é apresentado ao público um conjunto de desenhos inéditos feitos em Portugal e inspirados em Macau. Estes desenhos são, ao mesmo tempo, fictícios e baseados na realidade, isto porque a artista foi buscar objectos e contextos presentes na arquitectura da cidade. Estas particularidades, revelou João Ó, têm a ver com a construção informal da cidade onde se integra a presença das gaiolas, “as formações inesperadas que vemos nos arranha-céus ou na habitação social”, apontou. São estes os elementos que serviram de inspiração à artista e a partir dos quais Ana Aragão desenvolveu edifícios “sempre verticais, mas gerados por informalidades, constituindo objectos completamente orgânicos”, sublinhou. Construção única A originalidade das construções locais que é retratada neste segundo momento expositivo destaca-se na medida em que trata um tipo de arquitectura que não se vê na Europa. “Na Europa é tudo muito mais regulamentado e as pessoas respeitam a arquitectura”, disse. No entanto, e por cá, o “desrespeito” não deixa de ter o seu interesse e transmite, paradoxalmente, “a forma autoral que as pessoas têm na manutenção da estética de um edifício”. João Ó explicou que, por um lado, as pessoas não respeitam a arquitectura original mas, por outro lado, estão a conquistar o espaço individual. “A Ana enveredou pelo lado asiático para explorar este universo da conquista”, referiu. Ao terceiro momento da exposição, o curador chama de retrospectiva em que foram seleccionados vários trabalhos da artista feitos no âmbito do design gráfico mas recorrendo a uma diversidade de suportes. “Estamos habituados a ver designers gráficos a aplicar o seu génio em papel e sempre de uma forma bidimensional, neste caso, sem deixar de ser bidimensional, os suportes utilizados são diferentes são utilizados, por exemplo tapetes, cerâmica, rótulos de vinho ou posters”, explicou João Ó. O curador destaca ainda o sentido crítico que Ana Aragão imprime em qualquer trabalho que faça. “Ela não faz uma ilustração só porque é bonito. Há uma intervenção e uma intenção muito forte quando ela ilustra o mundo imaginário dela sobre um caso em particular”, disse. Há ainda outro objecto que retrata esta parte da exposição, que não vai estar patente, mas vai ser representado numa fotografia e que o curador faz questão de referir pela sua importância. “É uma instalação de vidro feita em várias camadas em que a indústria de caixilharia convidou a Ana para ilustrar os desenhos em vários panos de vidro fazendo uma tridimensionalidade quase como um cenário”, explicou. A peça não vai estar presente mas “através da fotografia também de grande dimensão é possível transmitir o que é esperado desta obra”, apontou. Este terceiro momento é ainda composto pela apresentação de várias serigrafias acerca dos trabalhos que integram a exposição e que vão estar à venda. Arquitectura de papel Por último, numa quarta parte da mostra, é projectado um vídeo que contem excertos de entrevistas dadas por Ana Aragão. “É uma forma de apresentar o que ela faz e a sua educação”, disse o curador. Neste momento final estão incluídos mais dois vídeos com entrevistas a dois arquitectos, ex-professores da artista que falam sobre “Vertical reclamation of individual spaces” na sua perspectiva académica. Os arquitectos abordam a questão da arquitectura de papel produzida para cidades visionárias. “O conceito refere-se às cidades que, apesar de não poderem ser efectivamente construídas, reflectem um avanço no imaginário e uma possibilidade de que num futuro, seja distópico ou utópico, sejam possíveis de acontecer”, explicou. Para João Ó, a vertente mais intelectual e académica de interpretar o trabalho actual de Ana Aragão situa-se precisamente neste último momento até porque “nem toda a arquitectura tem de ser construída”. “Há duas vertentes a considerar: uma que diz que para se ser arquitecto os conhecimentos têm de ser aplicados em construções e outra que diz que não é bem assim, e que é preciso desenhar e conceber mundos porque a submissão ao exequível seria demasiado limitada”, rematou.
Hoje Macau SociedadeGoverno desincentiva uso de casaco e gravata para poupar energia [dropcap style≠‘circle’]M[/dropcap]acau quer sensibilizar a população para a poupança energética e vai, a partir de hoje, reduzir o consumo dos aparelhos de ar condicionado dos escritórios e desincentivar o uso de gravata e casaco no trabalho. O Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético de Macau (GDSE) divulgou um comunicado sobre o combate às alterações climáticas “através da promoção de uma cultura de roupa leve, do desincentivo, sempre que possível, ao uso de gravata e de casaco, e do controlo da temperatura do ar condicionado para não menos de 25º celsius”, de forma a poupar energia. A preocupação com o consumo energético levou as autoridades a lançarem uma campanha que incentiva os funcionários públicos a usarem roupas mais frescas e informais, para que desta forma o ar condicionado nos serviços não esteja tão frio e a consumir tanta energia. A campanha vai decorrer até ao dia 31 de agosto. “Os trabalhadores das empresas privadas, das organizações industriais e comerciais e das associações são também convidados a participar nesta acção, a fim de se promover, conjuntamente, a cultura de conservação energética e de se criar um ambiente de poupança”, pode ler-se no comunicado. Medida já aplicada Esta medida não é inédita na Ásia. Todos os verões, geralmente muito quentes e húmidos, funcionários públicos e restantes trabalhadores do Japão são incentivados a deixar em casa o casaco e a gravata para um uso mais racional do ar condicionado nos locais de trabalho. Esta semana decorre ainda em Macau a “Semana da Conservação Energética de Macau 2018” e por isso, no primeiro dia da semana, as autoridades do território instigaram a sociedade civil e as empresas a desligarem todas as luzes desnecessárias, em casa, nos casinos e nas empresas para promover uma cidade mais amiga do ambiente. Segundo o GDSE inscreveram-se “seis casinos, vários hotéis, bancos, estabelecimentos comerciais e alguns locais turísticos”. A iniciativa “Desligar as luzes durante uma hora” decorreu entre as 20:30 e as 21:30.
Victor Ng SociedadeDSEJ esclarece alegado caso de abuso sexual na Sam Yuk O caso de alegado assédio sexual na Escola Secundária Sam Yuk não tem sido divulgado conforme os factos, o que está a contribuir para preocupações desnecessárias. A ideia é deixada pela DSEJ que assegura nunca ter existido contacto físico [dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] Direcção do Serviços da Educação e Juventude (DSEJ) esclarece as medidas tomadas desde que teve conhecimento do caso de alegado assédio sexual na Escola Secundária Sam Yuk. Em comunicado, os serviços desmentem as afirmações da imprensa relativamente a comportamentos indevidos e à falta de acção do próprio Governo. De acordo com o chefe do departamento de ensino da DSEJ, Kong Ngai, a informação citada na comunicação social como sendo proveniente do Governo é “falsa e causou preocupações desnecessárias aos estudantes, professores e residentes, pelo que é necessário dar esclarecimentos”. O Executivo tem estado atento à situação e tratado do caso de forma rigorosa, referiu o responsável. “Nunca pedimos aos alunos para comunicarem com o professor como o que está dito no artigo em causa”, refere Kong, sendo que “durante todo o processo, além de estar assegurada a privacidade dos alunos, a DSEJ tem mantido uma comunicação estreita com a escola, alunos e agentes de aconselhamento dando seguimento imediato aos procedimentos necessários”. A ordem dos factos No final do mês de Abril, dois alunos do sexo masculino da Escola Secundária Sam Yuk dirigiram-se à DSEJ para declarar que um dos professores daquela instituição andaria a ter actos impróprios. Com o conhecimento da situação, a entidade do Governo entrou em contacto com a escola tendo tido encontros com agentes de aconselhamento e reuniões com alunos de modo a compreender melhor a situação. “Na altura a escola respondeu que tinha iniciado uma investigação interna e tinha tido uma reunião com o professor”, refere Kong Ngai. As alegadas acusações dizem respeito às queixas efectuadas por duas alunas que disseram que se sentiam constrangidas quando o professor em causa, enquanto dava instruções de estudo, se aproximava muito delas. Depois de uma reunião plenária da escola, a situação não voltou a acontecer. De acordo com a DSEJ, é de salientar que “durante a reunião, as alunas implicadas nunca referiram que tivesse existido qualquer contacto físico por parte do docente”. Os comportamentos referentes a possíveis contactos físicos foram dados por um órgão de comunicação social acerca de uma aproximação do rosto do professor do das alunas, e do toque nas costas ou no pescoço, “não correspondem à realidade”, sublinhou o chefe do departamento de ensino da DSEJ. Segundo o mesmo responsável, o Governo vai exigir à escola a apresentação de um relatório. Entretanto, a DSEJ já organizou uma actividade dirigida aos estudantes de modo a promover a sensibilização para possíveis actos de aproximação indevida. “Reitero que não toleramos os actos de assédio sexual e de abuso sexual”, disse Kong. A Macau Concealers, que avançou com a notícia do alegado assédio sexual na Sam Yuk, referiu que escola alegou que se trata de um professor que vem de uma cultura diferente, sendo que terá dito aos queixosos para não divulgarem a situação.
João Santos Filipe Manchete PolíticaManifestação vira-se contra reconhecimento de cartas de condução Apesar do recuo do Governo, o protesto contra a políticas de trânsito vai mesmo avançar. Em vez da luta contra a possibilidade de aumentar o valor das multas para o estacionamento ilegal, os manifestantes vão mostrar o descontentamento contra a falta de estacionamento e o reconhecimento mútuo das cartas de condução com o Interior da China [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo colocou de lado a intenção de fazer uma consulta pública para a revisão da Lei de Trânsito Rodoviário, mas nem por isso a manifestação marcada para Sábado vai ser cancelada. Em vez de estar na agenda o protesto contra os aumentos das multas por estacionamento ilegal, os novos alvos passam a ser a falta de estacionamento e o reconhecimento mútuo das cartas de condução entre Macau e o Interior da China. A demonstração partiu da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, que tem como membros Au Kam San e Ng Kuok Cheong, e chegou a estar em risco de não se realizar. Contudo, os legisladores optaram por seguir em frente com a iniciativa. “O Governo quer aumentar as multas para resolver as questões do trânsito. Nós consideramos que apesar da suspensão da consulta pública, que a ideia vai continuar para ser apresentadas mais tarde”, disse Au Kam San, ao HM. “Também houve várias pessoas que reiteraram a intenção de se manifestarem contra a ‘caça à multa’ no estacionamento, reconhecimento mútuo das cartas de condução e pela falta de estacionamentos públicos”, sustentou. Au Kam San informou ainda já foi entregue no IACM a comunicação sobre a alteração do assunto da manifestação. Coutinho apoio iniciativa Quem também vai aderir ao protesto é o deputado José Pereira Coutinho, que tem sido uma das pessoas envolvidas na promoção da manifestação. Contudo, ao HM, o legislador sublinhou que o seu protesto se limita à política de estacionamento, não se identificando com a questão do reconhecimento mútuo das cartas de condução. “Ouvimos as pessoas através das nossas plataformas e redes sociais e a conclusão é que a suspensão da consulta pública não serve. Podem suspendê-la agora, mas vão avançar no futuro”, contou o legislador e presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). “Não existem, neste momento, parques suficientes para o estacionamento de motas e carros e não se dá uma a solução para esta situação crónica. Eles [Governo] pensam que com o aumento das multas que obrigam as pessoas a andarem a pé para casa e para o trabalho. Mas não é assim e as pessoas sentem-se revoltadas porque estão a brincar com as suas vidas”, revelou. Na consulta pública o Governo queria ouvir as opiniões dos cidadãos sobre a possibilidade de aumentar as multas por estacionamento ilegal. Coutinho considera que o assunto não devia ter sido tratado desta forma e que a decisão já estava tomada. “O governo não tem de decidir que vai aumentar as multas e depois fazer uma consulta pública… Se é assim para que serve as consultas? As pessoas estão muito chateadas pela forma como as coisas foram feitas”, apontou. Novo Macau de fora Por sua vez, a Associação Novo Macau não vai participar na manifestação, mas nem por isso deixa de criticar a actuação do Executivo. Numa conferência de imprensa realizada ontem, inicialmente para abordar a consulta pública à Lei de Trânsito Rodoviário, Sulu Sou considerou que o Governo andou a testar os cidadãos. “Acreditamos que a DSAT quis testar os cidadãos durante esta semana antes de começar a consulta. Se não tivesse havido críticas fortes, teria continuado com a consulta pública e com o aumento das dívidas. Mas foi muito claro que o teste não resultou”, afirmou o deputado suspenso. Depois, mostrou o seu apoio à política de consultas públicas: “Consideramos que a consulta da DSAT devia ter seguido em frente para ouvir as opiniões sobre os assuntos que reúnem o consenso da população”, defendeu. Sulu Sou explicou ainda que a Novo Macau não considerou participar no protesto, uma vez que ainda ia haver uma consulta pública, um mecanismo considerado legítimo para a população se expressar. Contudo, não poupou críticas à política de estacionamento. “O Governo tem de elaborar uma política para o estacionamento com base no número da população e no aumento da procura de lugares”, frisou. Sobre o anúncio recente do Executivo da criação de mais de 140 lugares de estacionamento, o deputado foi mordaz: “Foi uma reacção à críticas. A maior parte dos cidadãos acha que é uma brincadeira da DSAT. Mas compreendo que a DSAT não possa anunciar mais nada. Nos últimos anos não têm feito nada para melhorar a política de estacionamento e ficam sem alternativas para mostrar”, frisou. A manifestação está agendada para sábado às 15h00, com concentração Às 14h30, no Jardim Vasco da Gama. Suspensão da consulta pública só em chinês Passadas mais de 24 horas após o comunicado em chinês da DSAT a anunciar a suspensão da consulta pública, o Governo ainda não tinha feito qualquer comunicado em português, quer através da plataforma de comunicação com os jornalistas ou através do portal da própria DSAT.
Diana do Mar SociedadeGoverno ameaça tomar “outras acções” caso Polytex não indemnize proprietários do Pearl Horizon [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Governo endereçou ontem uma carta aberta à Polytex, empresa responsável pelo projecto do Pearl Horizon, em que volta a instá-la a indemnizar os compradores das fracções adquiridas em planta, sob pena de “vir a tomar outras acções”. “Caso a Sociedade de Importação e Exportação Polytex, Limitada enfrente a questão da indemnização com uma atitude negativa, prejudicando os interesses dos compradores das fracções autónomas em construção”, o Governo “não exclui a possibilidade de vir a tomar outras acções”, diz a missiva, sem, no entanto, especificar. Na carta aberta, divulgada pelo gabinete do porta-voz do Governo, o Executivo insta a Polytex “a cumprir o espírito do contrato e as responsabilidades legal e social, indemnizando os compradores das fracções autónomas em construção de forma activa e o mais breve possível”. Em Maio, o Tribunal de Última Instância (TUI) negou provimento ao recurso interposto pela Polytex que pretendia a anulação do despacho do Chefe do Executivo, de Janeiro de 2016, que declarou a caducidade do contrato de concessão provisória do terreno localizado na Areia Preta. Apelo idêntico foi feito na semana passada por parte de 27 dos 33 deputados à Assembleia Legislativa que assinaram uma carta enviada à Polytex a exigir a devolução do dinheiro aos promitentes-compradores das fracções. O Pearl Horizon era para ser um empreendimento de luxo, que acabou por não ser construído, uma vez que o prazo de aproveitamento do terreno expirou antes da obra ser erguida. Segundo a imprensa chinesa, a Polytex apresentou entretanto propostas para a devolução dos montantes pagos aos lesados. Em declarações ao jornal Ou Mun, Kou Meng Pok, presidente da União Geral dos Proprietários do Pearl Horizon, admitiu que nenhuma lhe enche as medidas e que não vai aceitar o que foi sugerido. Entretanto, após a decisão do TUI, a Polytex revelou que planeia avançar com uma acção judicial para exigir ao Governo uma compensação de pelo menos 60 mil milhões de patacas. Segundo indicou anteriormente o advogado da Polytex, Leonel Alves, a empresa pretende a “reposição do equilíbrio económico e financeiro do contrato de concessão (…) devido aos atrasos muito anormais e significativos produzidos pelos serviços administrativos do Governo”. Wong Kit Cheng reuniu-se com lesados A deputada Wong Kit Cheng reuniu-se ontem com oito proprietários de fracções do Pearl Horizon para abordar a questão da indemnização. Segundo o Jornal Ou Mun, os lesados queixaram-se do apoio do Governo, com um dos proprietários a afirmar que ficou desiludido com a assistência jurídica prestada aos compradores por parte do Executivo que, a seu ver, é apenas um espectáculo para mostrar à sociedade. Os lesados criticaram ainda a Polytex, argumentando que nenhuma das duas propostas de devolução os satisfaz, além de que não incluem o pagamento de juros. Wong Kit Cheng concordou que as propostas não são pragmáticas, tendo manifestado que vai continuar a apoiar os lesados na sua luta para reaver o dinheiro e obter uma indemnização.
Diana do Mar PolíticaTrês interpelações orais “convocam” Governo à Assembleia Legislativa por causa de Pearl Horizon [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Pearl Horizon vai voltar à ordem do dia na Assembleia Legislativa. Três interpelações orais sobre o tema convocam o Governo a deslocar-se ao hemiciclo para prestar mais explicações particularmente sobre a “solução” que delineou para o caso, interpretada por deputados como uma “fonte de problemas” “Coloquem-se nos lugar dos outros. Imaginem que o Chefe do Executivo ou os Secretários são também proprietários do Perl Horizon e o Governo vai vender-lhes uma fracção de habitação temporária a preços de mercado. Será que aceitariam?” A pergunta retórica é feita por Au Kam San que, numa interpelação oral, observa que o Governo “está sempre a surpreender a população” e não pelos melhores motivos, como fica patente, a seu ver, no tratamento do caso Pearl Horizon. Embora reconheça tratar-se de um “conflito comercial”, o pró-democrata entende que “o Governo deve assumir a responsabilidade de procurar soluções e de garantir os legítimos interesses dos promitentes-compradores”. Com efeito, a solução “repentinamente” encontrada “só deu lugar a críticas” e, “na realidade, vai trazer muitos problemas”, sustenta. “O Governo é tão inovador que pretende aproveitar o terreno retomado para, no âmbito da renovação urbana, construir habitação temporária, disponibilizando algumas fracções aos proprietários do Pearl Horizon, classificando-a como pública. Então, como é possível que isto não levante uma onda de preocupações?”, interroga o deputado. Face à prometida consulta pública a respeito, com data prevista para o terceiro trimestre, que antecede a produção legislativa, Au Kam San indaga ainda quanto tempo vai ser preciso para que tudo seja concretizado: “Os pequenos proprietários do Pear Horizon já sofreram muito. Quantos mais anos têm ainda de sofrer?” Gato por lebre Si Ka Lon, também eleito por sufrágio directo, subscreve, considerando que “são os mais prejudicados”. Se, por um lado “têm de continuar a sentir grande pressão” não só por causa das prestações bancárias, mas também pelo receio de não conseguirem ter o seu dinheiro de volta em caso de falência da empresa”, por outro, “vão ter de comprar habitação temporária de natureza pública a preços de mercado”. “Se nos pusermos no seu lugar é compreensível que se sintam impotentes e indignados”, argumenta Si Ka Lon. O deputado quer ainda saber se o Governo “dialogou” com os visados, antes de avançar com a solução de habitação temporária, bem como se tem em carteira “propostas alternativas” face “à forte oposição da maioria dos pequenos proprietários” das 3.020 fracções. Si Ka Lon nota ainda uma diferença de postura que pretende ver esclarecida: “Em 2015, as autoridades afirmaram que, após a recuperação do terreno, iam avançar com um novo concurso público para garantir os direitos e os interesses dos pequenos proprietários. Mas revelaram, há dias, que faltava uma base jurídica para estabelecer as condições do concurso e garantir que as fracções sejam vendidas a determinadas pessoas por determinados preços. Porquê essa diferença de entendimento?” Zheng Anting também interpela o Executivo sobre a “muita injusta” situação dos pequenos proprietários que ficaram “desiludidos e furiosos” com a solução apresentada. “O Governo vai divulgar outras soluções?”, indaga o deputado, indicando que foram prometidas “várias” aos pequenos proprietários de fracções do Pearl Horizon nos encontros que mantiveram com o Executivo. Na sua interpelação oral, Zheng Anting foca-se essencialmente naquele que tem sido um dos seus cavalos de batalha: “Já há muito que as lacunas da Lei de Terras estão à vista de todos, aliás, o Governo e os deputados à Assembleia Legislativa já sabem há muito tempo da necessidade de rever a Lei de Terras”, dado que, “em caso de não aproveitamento dos terrenos no prazo fixado, não distingue o tratamento a dar às situações imputáveis e as não imputáveis ao concessionário”. Recordando nomeadamente que o Governo afirmou, na última legislatura, estar a estudar os problemas resultantes do polémico artigo 48.º da Lei de Terras, o deputado pergunta onde param os resultados desses estudos. Au Kam San, Si Ka Lon e Zheng Anting assinam três de um total de 16 interpelações orais – mecanismo que obriga o Executivo a fazer-se representar no hemiciclo – que aguardavam, até ontem, pela marcação de plenário.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCoutinho diz que TJB não respeitou autonomia da AL [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho enviou uma carta ao presidente da Assembleia Legislativa (AL), Ho Iat Seng, onde pede que o hemiciclo envie um ofício ao Tribunal Judicial de Base (TJB) para que este “sustenha de imediato qualquer medida de execução da sentença e que procure tomar as medidas adequadas para que a legalidade violada seja reposta”. Este pedido surge depois de Sulu Sou, deputado suspenso da AL, ter considerado a sentença nula e ilegal, pelo facto de ter sido condenado por um crime que não constava na acusação do Ministério Público. “O que sucedeu no processo do nosso colega deputado Sulu Sou é grave e exige reflexão: fomos informados pelo tribunal de que este estava acusado do crime de desobediência qualificada e que seria por esse crime que seria julgado. A AL votou o levantamento da imunidade, com a consequente suspensão, para ele ser julgado pelo crime que nos havia sido descrito pelo pedido do tribunal. Porém, sem informar a AL, o tribunal alterou o tipo de crime, passando a julgá-lo por um crime que não fora descrito na acusação”, descreveu Pereira Coutinho. Escreve o deputado que “do mesmo modo que teve de ser a AL a autorizar que o deputado fosse julgado pelo crime de desobediência qualificada, também teria de ser a AL a autorizar que ele fosse julgado pelo crime de reunião ilegal. O tribunal teria que se dirigir de novo à AL para que fosse colocada à votação o levantamento da imunidade relativamente a este crime bastante distinto”. Na visão de José Pereira Coutinho, o Tribunal Judicial de Base (TJB) “não respeitou a autonomia e a dignidade da AL”. “Um deputado foi julgado, pela primeira vez na história da RAEM, em violação do seu estatuto de imunidade. Tal põe em causa a respeitabilidade devida à AL e ao principio de separação de poderes”, acrescenta ainda. O deputado revela ainda estar preocupado que “estes erros judiciais possam causar atraso no regresso do deputado Sulu Sou à casa a que pertence”. “Espero que a AL saiba agir no sentido de que o deputado possa regressar à AL sem a perda de qualquer um dos seus direitos processuais.” O presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, adiantou que não houve qualquer ilegalidade no procedimento judicial, tendo referido que não cabe à AL envolver-se nesta questão. “A AL não tem nada de se pronunciar. Não interessa saber se o crime é A, B ou C. O que interessa é a pena aplicável. Portanto com base nisso a deliberação está tomada e não é preciso alterar nada. Os juízes têm uma liberdade muito grande na alteração da qualificação. Em matéria de Direito, o tribunal é que sabe. Se ficam provados factos que não são exactamente os que estavam na acusação, ou se têm outro contorno, o tribunal tem a faculdade de alterar a qualificação. Isto não tem problema nenhum.” Posição esta que não é adoptada por José Pereira Coutinho. Ontem Sulu Sou garantiu ao HM que enviou uma carta a Ho Iat Seng sobre este assunto, e que este lhe respondeu que o hemiciclo continua a aguardar que a sentença do TJB transite em julgado. O presidente da AL garantiu ainda a Sulu Sou de que este poderá voltar a ocupar a cadeira deixada vaga no hemiciclo mal apresente as folhas de pagamento de multa correspondente a 120 dias, conforme decidiram os juízes.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAdvogado Jorge Menezes acusa Neto Valente de confundir conceitos Jorge Menezes questiona as razões que levam o presidente da Associação de Advogados de Macau a comentar casos de colegas, e considera que Jorge Neto Valente se intrometeu num processo “que não conhece” e numa área do direito “que não domina” [dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] advogado de Sulu Sou questiona o facto do presidente da Associação de Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, tomar posições sobre casos em que não está envolvido. Em declarações ao HM, Jorge Menezes sublinha que não comenta o caso do pró-democrata, mas considera que Neto Valente se intrometeu num processo “que não conhece” e numa área do direito que “não domina.” “Começo por me perguntar por que motivo o presidente da AAM entende normal tomar partido em processos judiciais de colegas seus. Já há uns meses o presidente da AAM havia anunciado que Sulu Sou iria perder a sua acção contra a Assembleia Legislativa no TSI [Tribunal de Segunda Instância]. Antes, tinha dito que ele se tinha ‘posto a jeito’, numa linguagem que talvez não dignifique a Associação a que preside”, começou por dizer Jorge Menezes. “Agora veio intrometer-se noutro processo que não conhece, numa área do direito que manifestamente não domina”, observou. Em declarações prestadas ao HM, Jorge Neto Valente tinha defendido que a Assembleia Legislativa não tinha de tomar uma posição face ao facto da imunidade de Sulu Sou ter sido levantada com base numa acusação de crime de desobediência qualificada. Contudo, o deputado acabou por ser condenado pela prática de um crime de manifestação ilegal, que não fazia parte da acusação que esteve na origem do levantamento da imunidade do deputado. Por esta razão, a defesa entende, à luz do Estatuto dos Deputados, que o tribunal não estava autorizado a julgar o legislador por este crime, que deveria ter havido um novo pedido de levantamento de imunidade à base da acusação, e que o julgamento devia ser considerado nulo e ilegal. Questionado sobre esta posição da defesa de Sulu Sou, Jorge Neto Valente foi claro: “A AL não tem nada de se pronunciar. Não interessa saber se o crime é A, B ou C. O que interessa é a pena aplicável. Portanto com base nisso a deliberação está tomada e não é preciso alterar nada”, apontou. “Por esse prisma, não vão [defesa] a lado nenhum”, comentou. Lugar comum No entanto, Jorge Menezes sustenta que o presidente da AAM confundiu conceitos, que não analisou o caso à luz do Estatuto dos Deputados e que o que está em causa é o tipo de crime e não a moldura penal. “O presidente da AAM confundiu várias coisas, desde logo a alteração de factos e alteração da qualificação jurídica: algumas pessoas confundem-nas, mas são figuras distintas. Dizer que ‘em matéria de direito, o tribunal é que sabe’ é um lugar comum que, em Penal, é uma insuficiência que desagua no errado”, defendeu Jorge Menezes. “Afirmar que nesta matéria o que interessa é a pena, não o crime, é elementarmente errado. Para além da lei, que o expressa através do conhecido conceito do ‘crime diverso’, há filas de Acórdãos e milhares de folhas escritas dizendo o contrário do que ele terá dito”, frisou. “Ademais, o presidente da AAM não parece ter notado que, desta feita, o que está em causa não é a eventual violação do Código de Processo Penal, mas do Estatuto dos Deputado”, acrescentou. Jorge Menezes fez ainda notar que tem aprendido muito com “os comentários informados, favoráveis ou críticos”, mas que as declarações mais recentes de Jorge Neto Valente não se encontra nesta categoria. O HM tentou entrar em contacto com Jorge Neto Valente para obter uma resposta às declarações de Jorge Menezes, mas tal não foi possível até ao fecho da edição.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesFuga de informação [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o passado dia 4, a Comissão Independente Contra a Corrupção em Hong Kong (ICAC, na sigla original) deteve Xiao Yuan, professor de língua chinesa, por suspeita de ter recebido e enviado informação confidencial por smartphone, relativa às perguntas dos exames de 2016 e de 2017. Em causa estavam os exames de língua chinesa para obtenção do Diploma do Ensino Secundário de Hong Kong (HKDSE, na sigla original). Este caso envolve quatro acusados, Xiao Zhiyong (Xiao Yuan), professor de chinês numa instituição privada e a sua mulher, Cai Yingying (Chai Yi), que foi vigilante durante os exames do HKEAA. Os outros dois réus, Zhang Guoquan e Wu Hongliang, são antigos examinadores das provas orais, ao serviço da Autoridade de Avaliação dos Exames em Hong Kong. Foram todos libertados sob fiança e aguardam julgamento. A principal acusação que pende sobre todos é a de uso de computadores com fins ilegais, crime sob a alçada das secções 159A e 161(1) (c) da Lei Criminal de Hong Kong. A investigação do ICAC revelou que Zhang Guoquan e Cai Yingying são suspeitos de terem usados os seus smart phones para enviar a Xiao Zhiyong as perguntas dos exames de Língua Chinesa, em 2016 e em 2017. Wu Hongliang é suspeito de ter enviado a Xiao Zhiyong, material confidencial proveniente de uma reunião informativa, realizada a propósito da preparação dos exames de Língua Chinesa de 2017. Logicamente, Xiao Zhiyong é suspeito de ter recebido informação confidencial sobre as perguntas dos exames no seu smart phone. O ICAC iniciou esta investigação após ter recebido algumas queixas. Já em 2007, 2009 e 2010 Xiao Yuan tinha preparado os seus alunos para as perguntas exactas que sairam nos exames de chinês. É evidente que desta forma Xiao Yuan colocava os seus alunos numa situação de grande vantagem em relação aos outros. A queixa deverá ter partido de alguém que, suspeitando da situação, se sentiu lesado. No entanto, é estranho que estas quatro pessoas tenham sido acusadas pelo ICAC apenas de uso dos seus computadores para fins ilegais. Não foram acusados de ter revelado informação oficial classificada. Porquê? Pela lógica, o Governo é responsável pelos exames nacionais. Antes do início dos exames, os enunciados são considerados informação oficial confidencial. Nalguma legislação, a informação confidencial encontra-se classificada em vários níveis, de acordo com o seu grau de secretismo. Contudo, neste caso, não é necessário ter em conta o grau de confidencialidade porque, antes do início dos exames, os enunciados são, sem sombra de dúvida, informação confidencial. Mas a única forma de esclarecer estas questões é apurar mais factos. No entanto, como o processo já começou, é impossível fazê-lo. De facto, o estudo e a preparação para os exames é uma forma de treino intelectual para proveito do próprio. Fazer batota nos exames é ir contra os fundamentos educativos. As notas podem ser boas, mas o conhecimento não aumenta. Se esta prática continuar, os alunos não vão saber lidar com as situações da vida, se não tiverem constantemente dicas sobre como o fazer. O conhecimento não floresce e, em última análise, toda a sociedade será afectada. Os estudantes de hoje serão os profissionais de amanhã. Se a fasquia académica baixar, a sociedade vai ser gerida por pessoas sem a formação necessária. Imaginemos um estudante de medicina a fazer batota nos exames. Deus nos livre de ir ao seu consultório! O mesmo se poderá dizer de um estudante de direito que passe nos exames desta forma. Quem vai querer ser representado por ele na barra do Tribunal? Se este método se divulgasse e os professors passassem a saber de antemão as perguntas e respostas dos exames seria muito grave. Desta forma, nunca se saberá ao certo que conhecimentos foram verdadeiramente passados do professor para o aluno. Além disso, se os enunciados forem obtidos de forma ilegal, estaremos não só perante um acto criminoso, como também perante uma violação da ética profissional. E é desta forma que se pretende dar bons exemplos aos estudantes? Não parece ser grande pedagogia. Os responsáveis pela elaboração dos enunciados de exames, estejam onde estiverem, devem prestar atenção a este caso.
Hoje Macau DesportoMundial 2018: Portugal realiza hoje o terceiro treino em solo russo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] selecção portuguesa de futebol realiza hoje o terceiro treino em solo russo, preparando na máxima força a estreia no Mundial2018, sexta-feira, em Sochi frente à Espanha. Com o teste inaugural no Grupo B a aproximar-se, Fernando Santos contará com os 23 convocados a partir das 10:30 (08:30 em Lisboa), num apronto que voltará a ser aberto à comunicação social somente durante os 15 minutos iniciais. A sessão de trabalho segue-se à conferência de imprensa de um futebolista, que começa alguns minutos mais cedo do que o habitual, às 09:50. Este ensaio será o primeiro após William Carvalho, Bruno Fernandes e Gelson Martins terem enviado ao Sporting uma carta de rescisão unilateral, seguindo os passos do colega de seleção Rui Patrício, bem como de Podence. A ‘equipa das quinas’ trabalha no centro de treinos do CF Saturn, em Kratovo, 50 quilómetros a sudeste de Moscovo. Depois do duelo ibérico, Portugal defronta Marrocos a 20 de junho em Moscovo e o Irão de Carlos Queiroz a 25 em Saransk. Mundial 2018: Trio ‘sportinguista’ sereno e finalmente sol no treino da selecção O treino realizou-se hoje com William, Bruno Fernandes e Gelson aparentando serenidade após rescindirem com o Sporting. O acto do trio, que se juntou ao também internacional português Rui Patrício, além de Podence e do holandês Bas Dost, dominou o início da conferência de imprensa com João Mário e mereceu a principal curiosidade de todos os órgãos de comunicação social portugueses. William foi o primeiro dos três a chegar ao relvado, enquanto Bruno Fernandes e Gelson, sempre juntos, foram dos últimos. Foi notório ainda a proximidade dos futebolistas que já atuaram nos ‘leões’ nesta sessão de trabalho, casos de Adrien, Cedric e João Moutinho, que se lhes juntaram em boa parte dos exercícios – realizados do lado oposto à bancada dos profissionais da comunicação social. Além do sol, que surgiu pela primeira vez, ao terceiro dia, o segundo apronto à porta fechada, apenas 15 minutos abertos para os jornalistas, a novidade foram dois madeirenses que pedalaram de Inglaterra até Kratovo, 2.400 quilómetros em pouco mais de duas semanas para ‘inspirar’ os seus ídolos. Depois de despenderem os primeiros momentos em roda de toques com bola com os seus companheiros, os guarda-redes Rui Patrício, Beto e Anthony Lopes trabalharam novamente à parte, apostando no jogo com os pés. No período aberto foi possível ainda ver combinações com bola, bem como o aprimorar de passes curtos e longos.