20 anos da RAEM | Chui Sai On prepara aniversário com a Phoenix Satellite Television

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On teve, ontem de manhã, na sede do Governo, um encontro com o presidente e director executivo da emissora televisiva Phoenix Satellite Television Holdings, e membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Liu Changle, no qual “foram trocadas impressões sobre o reforço da promoção de Macau e as formas de descrever da melhor forma a história de Macau”, informou o Gabinete de Comunicação Social.
O Chefe do Executivo agradeceu a Liu Changle “a atenção prestada à RAEM e a difusão de informações sobre o desenvolvimento social e a vida da população da cidade, segundo o qual, permite promover ainda mais o território”. Chui afirmou que, no próximo ano, comemora-se o 20º aniversário do estabelecimento da RAEM, e as actividades de celebração merecem atenção de todas as partes. Elementos da emissora ainda deram algumas sugestões em relação às reportagens e aos planos de promoção que poderão vir a ser realizados. O mesmo responsável disse ainda que irá ouvir as opiniões para ter um conhecimento mais aprofundado da promoção que irá ser divulgada junto dos residentes da China interior e dos ultramarinos chineses sobre a nova fisionomia, desenvolvimento e mudança de Macau.
Liu Changle também agradeceu ao Chefe do Executivo pela atenção e o apoio dados ao desenvolvimento da Phoenix Satellite Television, ao longo dos anos. Liu salientou que têm vindo a destacar os assuntos sociais de Macau e relembrou que no 10.º aniversário do estabelecimento da RAEM, foram produzidos vários programas, para além de uma série de notícias. Adiantou que no 20º aniversário do estabelecimento da RAEM, espera realizar mais reportagens de fundo e programas temáticos, no sentido de apresentar o desenvolvimento actual de Macau.
Em seguida, uma equipa fez uma apresentação sobre a concepção de planeamento, que visa registar e apresentar, com macro e micro ângulos, as principais mudanças de Macau e o avanço conseguido ao longo destes últimos 20 anos.
Estiveram também presentes no encontro, a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, O Lam, o director do Gabinete de Comunicação Social, Victor Chan. Da parte de Phoenix Satellite Television Holdings, o vice-presidente executivo de He Daguang, o vice-presidente e chefe de Phoenix InfoNews Channel, Dong Jiayao, a chefe do gabinete do director executivo, Duan Min, a chefe executivo do canal chinês e chefe do centro de programa de Pequim, Gao Yan, entre outros.

15 Jun 2018

Gás natural | Ho Ion Sang quer saber os planos do Governo

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] deputado Ho Ion Sang quer explicações por parte do Governo acerca dos atrasos que se têm registado no abastecimento de gás natural tanto a nível particular como no que respeita ao seu uso por transportes públicos.
O deputado recorda alguma promessas não cumpridas do Executivo, entre as quais as que se referem ao aumento do número de transportes públicos movidos a gás. “Existem actualmente mais de 900 autocarros, 70 dos quais são movidos a gás natural”, refere em interpelação escrita. O argumento do Executivo para esta baixa proporção de transportes movidos a “energia limpa” é a falta de locais para construir bombas de abastecimento para o efeito, sendo que desta forma, “segundo as previsões, dificilmente se alcançará a meta de aumentar até 120 os autocarros movidos a gás, em 2020”, refere Ho.

Promessas, promessas
Acrescem ainda os atrasos registados nas obras prometidas e não terminadas. No contrato de concessão para distribuição de gás natural estaria prevista a construção de um terminal de recepção de gás liquefeito “com conclusão e início para antes do final de 2009”, refere o deputado em interpelação oral. “Porém, esta obra tem-se arrastado e nos últimos dez anos nada se vislumbrou”, afirma o deputado. Junta-se a esta situação o facto da concessão com a Sinosky, empresa que tem a seu cargo a distribuição de gás natural, terminar em 2021.
Ho Ion Sang quer ainda saber quais os planos do Executivo para a generalização do uso de gás natural tanto em prédios privados, que já dispõem de gasoduto, como no estabelecimentos hoteleiros, restaurantes, comércio, etc., sendo que em 2017 foram concluídas as obras de construção das principais artérias da rede de gás natural no Cotai. De acordo com o Governo, o objectivo é estender esta rede à península de Macau tendo em conta o abastecimento da zona dos novos aterros.

15 Jun 2018

Funcionários | Governo cria excepções para pedidos de reforma sem pré-aviso de 90 dias

[dropcap style=’circle] O [/dropcap] governo criou um regime de excepção para apressar as reformas dos funcionários públicos, em casos “fundamentados”. Se este procedimento já estivesse em vigor em Setembro do ano passado, Fong Soi Kun poderia ter tido uma hipótese de ter entrado para a reforma mais rapidamente

Com as alterações ao Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública, o Governo criou excepções para que os funcionários se possam reformar sem ter de dar um pré-aviso de 90 dias. A proposta levantou inicialmente questões por parte dos deputados, mas as explicações do Governo foram suficientes para resolver o assunto. Este foi um dos temas que esteve a ser discutido na reunião de ontem da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa.
“Com as alterações à proposta, há casos em que o prazo de 90 dias deixa de ser exigido. É necessário um requerimento fundamentado do interessado, mas o Governo explicou que pode haver razões de saúde, como nos casos em que o interessado está bastante doente”, declarou Vong Hin Fai, presidente da comissão. “Segundo o regime actual, uma pessoa que pede a reforma tem de esperar 90 dias, o que em alguns casos poderá ser suficiente para morrer, se a doença for grave. Assim esta situação é alterada”, acrescentou.
Recorde-se que em Setembro do ano passado, a secretária Sónia Chan aceitou o pedido de reforma de Fong Soi Kun, ex-Director dos Serviços Meteorológicos, mas depois teve de voltar atrás, uma vez que este prazo de 90 dias de antecedência não tinha sido cumprido.
Questionado sobre se o caso de Fong Soi Kun caso teria alguma ligação a esta alteração e ao facto de se ter optado pela expressão “requerimento fundamentado” em vez “razões de saúde”, Vong Hin Fai negou esse cenário.
“Não discutimos casos pontuais. Quando a proposta foi apresentada este aspecto já tinha sido objecto de análise. O Governo explicou que há situações em que é mesmo urgente aprovar as reformas. Essa explicação foi suficiente para os membros da comissão”, explicou. “Não é necessário uma razão tão específica [questões de saúde] porque a administração tem poder dicionários”, justificou.

In dubio pro trabalhador
Outro dos aspectos em discussão foi a acumulação do tempo de trabalho em diferentes turnos no mesmo dia para efeitos de remuneração. Segundo a lei em vigor, quando um trabalhador cumpre 30 minutos de uma hora de trabalho, recebe a hora por inteiro. Isto é, se trabalhar uma hora e meia recebe o equivalente a duas horas de trabalho. Contudo se apenas trabalhar uma hora e 29 minutos, apenas recebe o pagamento de uma hora de trabalho extra.
Com as modificações, se o trabalhador cumprir dois turnos de trabalho extra no mesmo dia e fizer uma hora e 20 minutos de trabalho, num dos turnos, e uma hora e 10 minutos, no outro, passa a ser pago pelo somatório dos minutos, que neste caso resultam duas horas e 30 minutos, o equivalente a três horas. No regime actual, os minutos em diferentes turnos não eram contabilizados, logo o trabalhador só seria pago por duas horas de trabalho, e perdia os 30 minutos.
“O Governo com esta proposta prestou muita atenção para garantir os direitos adquiridos dos trabalhadores. “É uma solução mais humana, com os minutos a poderem ser acumulados”, considerou.

15 Jun 2018

MNE | Porta-voz de Pequim partilhou experiências com pessoal local

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] convite do Gabinete do Porta-voz do Governo, o director-geral do departamento de informação e porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, partilhou, ontem, as suas experiências sobre o trabalho de porta-voz no Ministério dos Negócios Estrangeiros, com pessoal de direcção, chefia e trabalhadores especializados responsáveis pelas funções de divulgação de informações dos serviços públicos, evento que contou mais de 200 participantes.
O director-geral do departamento de informação, Lu Kang, que se deslocou pela primeira vez a Macau para participar numa palestra, que decorreu no Instituto de Formação Turística, sobre a divulgação de informações do governo subordinada ao tema «A diplomacia nacional e o trabalho de porta-voz no Ministério dos Negócios Estrangeiros», explicando e analisando com os participantes a conjuntura internacional e a política diplomática nacional e, partilhou também as suas experiências valiosas como porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na sessão de perguntas, Lu Kang respondeu a várias questões, incluindo sobre as exigências de ser porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o sistema e o respectivo funcionamento, bem como a técnica de resposta a diferentes meios de comunicação social. Lu Kang ingressou no Ministério dos Negócios Estrangeiros em 1993 e desempenha o cargo do director-geral do departamento de informação e porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros desde 2015.
A palestra sobre divulgação de informações do governo realiza-se desde 2009, e conta com a participação de porta-vozes junto dos órgãos de comunicação social e académicos com experiências no âmbito de comunicação social dos ministérios e comissões estatais e governos municipais, que são convidados a presidir o evento e a partilhar as suas experiências na divulgação de informações do governo, sendo a sétima vez que se realiza este género de evento.

15 Jun 2018

Macau Jockey Club | Deputados exigem calendário para projectos

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] s deputados exigem que a Macau Jockey Club apresente um calendário concreto para as obras de renovação das pistas de corrida e estábulos, bem como de outros projectos que justificaram a renovação do contrato por mais 24 anos e seis meses. A deputada Ella Lei garantiu de que há dúvidas quanto à capacidade de fiscalização do Governo.

A renovação do contrato com a Companhia de Corridas de Cavalo de Macau (Macau Jockey Club) por mais 24 anos e seis meses deu polémica, o que levou os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL) a reunir com membros do Governo.
De acordo com Ella Lei, deputada que preside à comissão, foi exigido que a concessionária apresente um calendário para todos os projectos que prometeu construir neste período, razão que levou o Executivo a renovar o contrato, apesar dos prejuízos que a empresa tem registado nos últimos anos.
“A concessionária tem de construir novas instalações, um melhor estábulo, a optimização da pista e a construção de habitação para os seus trabalhadores. Também prometeu construir uma escola de equitação, um museu e um centro comercial. A terceira fase [de desenvolvimento] passa pela realização de mais corridas de cavalos ou a transmissão das corridas no exterior, bem como a sua transmissão directa. Foi só por isso que o Governo renovou por um longo prazo”, explicou a deputada.

Confiança com rédea curta
A comissão, contudo, não está muito confiante nas capacidades de fiscalização do Executivo porque não existem quaisquer datas ou detalhes no contrato assinado com a concessionária. “Os deputados questionaram como é que o Governo vai fiscalizar, porque o contrato não tem uma calendarização de projectos, só houve a promessa [da parte da concessionária] da injecção de 1500 milhões de patacas. Entendemos que deve ser apresentado um calendário sobre este plano de investimento.”
Relativamente aos projectos que nasceram ao lado do Macau Jockey Club, nomeadamente o hotel Roosevelt e um edifício habitacional, mas Ella Lei adiantou que estes terrenos já não pertencem à concessionária, que desistiu deles voluntariamente.
“Temos apenas nomes, mas será que esses planos têm mesmo a ver com a diversificação da economia? Precisamos de mais informações, e a construção do centro comercial tem de seguir a finalidade da concessão do terreno. Temos dúvidas se o Governo é capaz de fiscalizar estes planos”, acrescentou Ella Lei.
Além disso, Ella Lei frisou que os deputados “querem evitar que a finalidade da concessão do terreno seja alterada”, uma vez que a empresa se disponibiliza a construir habitações para os funcionários.
Os deputados exigiram também a divulgação integral do contrato assinado, bem como a sua tradução para chinês. “O Governo divulgou apenas um extracto do contrato, o primeiro foi assinado na década de 70 e sofreu inúmeras alterações, e só existia a versão portuguesa. A maioria da população não sabe o que se passa e pedimos ao secretário para fazer uma nova publicação desse contrato. A população entende que o grau de transparência é muito fraco.”

Isenção da renda por decidir
Outra das questões levantadas ontem prende-se com o facto da Macau Jockey Club não pagar, desde 2009, a renda anual relativa ao contrato de concessão, que baixou de 30 para 15 milhões de patacas. Ontem, à margem da reunião, o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, garantiu que o Governo terá de analisar a isenção caso esta volte a ser pedida pela concessionária.
“Desde 2002 que a companhia registou grandes dívidas e eles pediram-nos várias vezes, através de cartas, para que isentássemos a empresa do pagamento da renda anual. Isto, na realidade, não é um imposto, mas é um tipo de renda. Vamos seguir esse princípio e ponderar a situação, tal como a capacidade. A isenção tem de seguir critérios e não pode ser tomada uma decisão imediata.”
Outra isenção que já foi atribuída à Macau Jockey Club prende-se com o imposto sobre as apostas nas corridas de cavalos. A empresa só teria de pagar se o montante das apostas atingisse as 2,5 mil milhões de patacas, mas o valor cifrou-se sempre nas 2,3 mil milhões, explicou ontem Ella Lei.

Nova lei precisa-se
Outro dos pedidos feitos pelos deputados passa pela implementação de uma lei que regule apenas as apostas em corridas de cavalos, por se entender que se está perante uma concessão pública de outro tipo. Actualmente a concessão do Macau Jockey Club rege-se por uma lei implementada em 1990, que “estabelece os princípios gerais a observar nas concessões de obras públicas e de serviços públicos”.
“Há quem entenda que o Governo deve pensar em criar uma lei especial e mais clara para regular a actividade das corridas de cavalos. O Governo disse que precisa de algum tempo para estudar esta questão, porque exige a participação de vários serviços públicos.”
Contudo, Lionel Leong terá admitido que “apenas a aplicação da lei em vigor não é suficiente”, concluiu Ella Lei. Outra promessa feita pelo secretário passa pela revisão “de leis e contratos para evitar este tipo de problemas, para exigir que as concessionárias paguem os impostos dentro dos prazos e para que sejam imputadas responsabilidades. A comissão disse que qualquer cidadão que não pague os impostos têm de assumir as consequências.”

15 Jun 2018

Visita a Portugal | Lionel Leong discute dupla tributação

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, deu ontem alguns detalhes sobre a viagem que realiza a Portugal entre os dias 19 e 26 deste mês. “Vamos a Portugal e ao Brasil em visita oficial e vamos ter contactos e comunicação com vários serviços. [Vamos discutir], por exemplo, como evitar a dupla tributação e talvez teremos mais acordos, mas nesta fase ainda estamos em negociações com Portugal. Vamos aproveitar esta oportunidade para alcançar esse objectivo, para responder a algumas instituições internacionais em termos de impostos e troca de informações”, disse ontem Lionel Leong à margem da reunião de comissão na Assembleia Legislativa.
De acordo com o canal de rádio da TDM, além de Lionel Leong vão participar na delegação o presidente do IPIM, da Autoridade Monetária, a secretária geral do Fórum Macau, os deputados Pereira Coutinho e José Chuí Sai Peng. Os empresários Kevin Ho, Frederic Ma e Pansy Ho vão só a Lisboa, onde vai decorrer o encontro dos empresários da China e países de língua portuguesa.
Integram também a comitiva Artur Santos, do Banco Well Link, Carlos Cid Álvares, novo presidente executivo do BNU e Rita Santos, conselheira das comunidades portuguesas.
Recorde-se que Edmund Ho vai liderar uma outra delegação que vai estar em Lisboa também nos dias 20 e 21 de Junho. Está previsto um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. No encontro dos empresários em Lisboa participa o vice-ministro do Comércio chinês. O encontro contará com uma intervenção do secretário de Estado da Internacionalização do governo português, Eurico Brilhante Dias.

15 Jun 2018

A guerra comercial da administração Trump

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] política comercial dos Estados Unidos está a confundir os mercados. O mercado de acções americano, a 22 de Março de 2018, caiu 700 pontos, pois as bolsas sentiram-se fortemente, pressionadas pelas preocupações de uma potencial guerra comercial e um declínio nas acções de tecnologia. O mercado mais amplo, também foi pressionado por um declínio nos “stocks” dos bancos. A média industrial do Dow Jones caiu 724,42. A queda de 2,9 por cento foi a pior desde 8 de Fevereiro de 2018. O índice de trinta acções também entrou brevemente no território de correcção, pela primeira vez desde essa data, caindo 10 por cento, desde a sua contínua alta durante cinquenta e duas semanas. O S&P 500 caiu 2,5 por cento, com sete dos onze sectores, incluindo tecnologia e finanças, a desmoronarem mais de 2 por cento.

O sector financeiro foi o de pior desempenho no índice, caindo 3,7 por cento. O composto Nasdaq recuou 2,3 por cento. A venda intensificou-se no encerramento, com o Dow Jones a perder mais de 250 pontos no final da sessão. A Administração Trump tinha divulgado tarifas destinadas a punir a China por roubo de propriedade intelectual, impondo cerca de sessenta mil milhões de dólares em encargos retaliatórios.

As acções começaram a estar sob pressão à medida que a Administração Trump promovia uma agenda comercial proteccionista e, no início de Março de 2018, teve um pico de receio, com o anúncio da implementação de tarifas sobre as importações de aço e alumínio, levantando preocupações sobre uma potencial guerra comercial.

Investidores nervosos

O proteccionismo do presidente Trump está a deixar cada vez mais nervosos os investidores e a última crise de nervos deu-se na Cimeira do G7, no Canadá, entre os dias 9 e 10 de Junho de 2018, quando Estados Unidos e os demais parceiros do grupo das nações mais industrializadas do mundo, submergiram em uma crise comercial e diplomática, marcada por uma troca de críticas incisivas, depois de o presidente americano, ter retirado o seu apoio à declaração conjunta, após a reunião.

A experiência do passado indica que essas políticas são falidas e mesmo as barreiras moderadas ao comércio podem prejudicar as complexas cadeias de fornecimento globais. As acções da Boeing caíram 5,2 por cento, enquanto as da Caterpillar e da 3M caíram 5,7 por cento e 4,7 por cento, respectivamente. O rendimento dos títulos de Tesouro dos Estados Unidos com vencimento a dez anos registou a sua maior queda em apenas um dia, desde Setembro de 2017, com os investidores a subirem os preços dos títulos, enquanto os futuros de ouro subiram 0,5 por cento. Os títulos do Tesouros e ouro são vistos como activos mais seguros do que acções. As acções dos bancos caíram conjuntamente com os rendimentos do Tesouro.

O “exchange-traded fund (ETF)”, que é um fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma acção, os fundos “SPDR (conhecidos por spiders)” são uma família de fundos negociados em bolsa (ETFs), e negociados nos Estados Unidos, Europa e Ásia-Pacífico e administrados pela “State Street Global Advisors (SSGA)” e o “S&P Bank” (KBE que é um puro investimento em empresas de capital aberto que operam como bancos ou fundos. Esses bancos operam como bancos comerciais ou bancos de investimento) caiu 3,7 por cento, enquanto o Citigroup, JP Morgan Chase e Bank of America fecharam em baixa. O “Índice de Volatilidade Cboe (VIX)”, amplamente considerado o melhor indicador de medo no mercado, subiu acima de vinte e dois, podendo ser observada a maior pressão sobre as acções se a emissão comercial crescer. A questão é de saber qual a razão para tais acontecimentos?

Todos sob pressão

A resposta principal é de que a política americana prejudica a economia global. As perdas na tecnologia também ajudaram as acções a cair. As acções de tecnologia têm estado sob pressão, ultimamente, face ao forte declínio das acções do Facebook, devido ao facto da empresa de pesquisa de dados “Cambridge Analytica” ter colectado dados de cinquenta milhões de perfis no Facebook, sem a permissão dos seus utilizadores. As acções do Facebook ainda não saíram da pressão a que têm estado submetidas, tendo caído 8,5 por cento até 21 Março de 2018 e no dia seguinte, caíram mais 2,7 por cento. O vice-director executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, quebrou o silêncio sobre a notícia, tendo afirmado à CNN que tinha sido uma grande quebra de confiança, e que lamentava o acontecido.

A notícia aumentou a preocupação de que os legisladores dos Estados Unidos poderiam elaborar legislação sobre o uso de dados para o Facebook e outras grandes empresas de tecnologia. A marca Google, que se prevê valer cerca de cem mil milhões de dólares, mais que o valor da Microsoft, Apple ou Coca-Cola, ou seja, é considerado o nome mais valioso do mundo, caiu 3,6 por cento e mergulhou no terreno de correcção. As empresas de tecnologia também estão entre as empresas que poderiam estar na mira de uma guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Os investidores também digeriram a mais recente decisão de política monetária da Reserva Federal, que tal como era previsto pelos mercados, elevou as taxas de juros em 25 pontos-base e melhorou a sua perspectiva económica, afirmando que a actividade económica e os aumentos de emprego foram fortes nos últimos meses.

O mercado espera que o banco central aumente três vezes em 2018, enquanto a Reserva Federal, anunciou que estava a ampliar a sua previsão de aumento de taxa para 2019. As acções fecharam em baixa no dia 21 de Março de 2018 após o anúncio, pois em geral, o ímpeto ascendente das acções estava a ser quebrado. A bolsa de Nova Iorque perdeu no total nos dias 22 e 23 de Março de 2018, 1100 pontos. O que está a acontecer é que o investidor médio está mais sintonizado com o reequilíbrio e a obtenção de lucros quando as suas posições são superadas. O grau de volatilidade e incerteza continuou desde então, à medida que as tarifas continuaram em onda de incerteza. O Canadá, China, Europa, Índia e México estão a preparar-se para retaliar. Na verdade, existem dois conjuntos de tarifas que causam prejuízos no momento.

Aço, alumínio e sombras chinesas

O primeiro, sobre aço e alumínio, veio sob a Secção 232, uma provisão sob a Lei de Comércio de 1962, que permite ao presidente proteger a indústria dos Estados Unidos por razões de segurança nacional. O segundo, sobre as exportações chinesas, foi accionado sob a Secção 301 da Lei de Comércio de 1974, uma medida unilateral não usada durante décadas. Tomadas em conjunto, essas tarifas confundiram os negócios, criaram incertezas no país e no exterior e lançaram dúvidas sobre o compromisso dos Estados Unidos com o livre comércio, que eram de prever desde a campanha eleitoral do presidente Trump. No entanto, a economia global não está a mergulhar no caos, em grande parte porque os protagonistas são mais limitados do que os títulos da média sugerem.

Apesar das ameaças de grande retaliação, a Organização Mundial do Comércio (OMC) restringe rigidamente o que os países podem fazer, ou seja, a disciplina jurídica da OMC torna os facto mais previsíveis do que aparentam, e aqui está uma das grandes respostas, pois para proteger os fabricantes de aço e alumínio dos Estados Unidos, o presidente Trump invocou a segurança nacional sob a Secção 232, o que se torna difícil, pois a grande maioria das importações de aço e alumínio do país vem dos aliados. Os Estados Unidos poderiam ter adoptado uma acção de salvaguarda, dado que tais medidas estão previstas pelo sistema da OMC, que permite que um seu membro pode tomar uma acção de salvaguarda, ou seja, restringir importações de um produto temporariamente, para proteger uma indústria doméstica específica, de um aumento nas importações de qualquer produto que esteja a causar, ou que esteja ameaçando causar, sérios danos à indústria.

As medidas de salvaguarda estiveram sempre previstas no “Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT na sigla inglesa)”, (Artigo XIX). Todavia, foram usadas com pouca frequência, e alguns governos preferiram proteger as suas indústrias através de medidas de área cinzenta, como arranjos voluntários de restrição à exportação de produtos como carros, aço e semicondutores. O “Acordo sobre Salvaguardas” da OMC abriu novos caminhos ao proibir medidas de área cinzenta e estabelecer limites de tempo, como a “cláusula de caducidade” em todas as acções de salvaguarda. A restrição às importações causam danos significativos à indústria doméstica, mas isso exigiria que a compensação fosse estendida aos países visados por essas tarifas.

O que a China, Europa e os queixosos fazem na OMC, é redefinir as tarifas da Secção 232 do presidente Trump como uma salvaguarda para compensar, através de tarifas de retaliação, que os Estados Unidos não conseguiram oferecer. Em resposta, os Estados Unidos provavelmente desafiarão essa reinterpretação, bem como o valor das tarifas de retaliação. A maior preocupação é que os Estados Unidos acabem por defender as tarifas da Secção 232, invocando o Artigo XXI do GATT, intitulado “Excepções Relativas à Segurança”. Em 1947, os redactores do GATT, o antecessor da OMC, procurou dar aos países-membros uma forma de saírem das suas obrigações de livre comércio se a segurança nacional estivesse em jogo.

É o que impede a Rússia de levar um caso à OMC contra a Austrália, Canadá, UE e os Estados Unidos sobre as sanções pela sua incursão na Ucrânia. Se a OMC for, pela primeira vez, decidir sobre o significado do GATT XXI, por causa das tarifas de aço e alumínio da Administração Trump, o medo é que a instituição não acerte no cerne da questão. Se a OMC disser não à Administração Trump, isso parecerá uma repreensão à capacidade dos Estados Unidos de definir, por si, os seus interesses de segurança nacional.

Segurança ou proteccionismo?

Se, por outro lado, a OMC disser sim à Administração Trump, isso incentivará o proteccionismo sob o disfarce de segurança nacional. A Índia, por exemplo, está ansiosa para ver até onde essa lógica pode ser impulsionada, e terá um lugar na primeira fila num painel da OMC, abrindo o seu próprio caso contra os Estados Unidos. Assim, casos nefastos fazem a má jurisprudência. Não há jurisprudência sobre o GATT XXI. As tarifas da Secção 232, que afectarão principalmente os aliados dos Estados Unidos, não devem ser a disputa sobre a qual a OMC faz figas para não ter de opinar. Os reclamantes devem agir com cautela. As suas ameaças retaliatórias têm como premissa a reinterpretação das tarifas da Secção 232 do presidente Trump como uma salvaguarda. É criativo, mas é para a OMC decidir. Agir unilateralmente vai contra a lei da OMC e, ironicamente, minaria o outro caso da OMC da China contra os Estados Unidos – as tarifas da Secção 301.

É esta, na verdade, a segunda repetição de uma disputa da OMC impetrada pela Europa na década de 1990. Então, como agora, o cerne da questão é se um país membro da OMC pode julgar a culpa de um parceiro comercial por supostas infracções, ou se apenas a OMC o pode fazer. Para evitar que a Secção 301 fosse derrubada em 2000, os Estados Unidos concordaram que sempre aguardariam um julgamento da OMC, antes de promulgar tarifas punitivas. O desafio da China é afirmar que os Estados Unidos não estão a cumprir o que declararam. É importante ressaltar que os Estados Unidos são simpáticos à visão da China. No final de Março de 2018, a Administração Trump conduziu discretamente uma disputa contra a China pela propriedade intelectual, para que, em teoria, pudesse aguardar uma decisão da OMC.

Se os Estados Unidos não esperarem, outros países inovarão as suas próprias tarifas unilaterais, paralisando a economia global baseada em regras. Não há boas jogadas disponíveis para os protagonistas além de negociar a sua saída dessa brilhante confusão. Alguns dizem que o plano do presidente Trump, foi o tempo todo, o de forçar as negociações; se for esse o caso, existem formas bem menos arriscadas de o fazer. Por exemplo, o aço é um problema, em grande parte porque nenhum país quer ser o último mercado aberto para exportações em dificuldades. Um acordo de estrutura que enfrenta esse problema, em vez de abordar os sintomas, seria um vencedor político. Da mesma forma, as tarifas da Secção 301 estão a ser usadas para tratar de tensões que têm mais a ver com investimento do que com comércio.

O presidente Trump faria bem em retomar as negociações sobre um “Tratado Bilateral de Investimento (BIT na sigla inglesa)” com a China. Afinal, a preocupação do presidente Trump com questões como a transferência forçada de tecnologia já foi abordada no “Modelo US BIT 2012”. As tensões comerciais recentes servem como um lembrete pungente de que a economia global não é sem fronteiras. A boa notícia é que as disciplinas jurídicas da OMC estão a funcionar e apesar de toda a retórica sobre guerras comerciais, a economia global não se parece em nada com a dos anos de 1930.

15 Jun 2018

Vasco Becker-Weinberg, sobre Mar do Sul da China | “Não é possível satisfazer todas as reivindicações”

[dropcap style=’circle’] M [/dropcap] acau tem uma oportunidade única para se destacar na área de gestão marítima. A opinião é do especialista em Direito do Mar, Vasco Becker-Weinberg, que está no território para um seminário promovido pela Direcção de Serviços para os Assuntos de Justiça. Ao HM, o académico falou ainda do Mar do Sul da China e da cooperação entre estados e deixou o alerta para o combate à pesca ilegal, muitas vezes associada à exploração e tráfico de seres humanos.

A área marítima de Macau é agora de 85 quilómetros quadrados. Este aumento de jurisdição sobre o mar traz que tipos de desafios ao território?

Antes de avançar é preciso perceber o que de facto se está a tratar. Há um processo muito interessante relativamente a Macau em particular: a área marítima que está sob a gestão da RAEM é uma área que integra – se quisermos fazer o paralelismo com a situação portuguesa em termos de território – aquilo que poderá ser o domínio público marítimo que para já ainda não existe aqui. O domínio público marítimo – entendido conforme o caso de Portugal, por exemplo – é da República Popular da China e o Governo da RAEM exerce, mediante delegação de poderes concedidos, o direito de gestão de uma parte com apenas 85 quilómetros quadrados. O que é interessante é nós colocarmos as coisas na sua verdadeira perspectiva e na sua escala. Macau tendo um território com a dimensão que tem, passa a ter uma área onde ponde intervir , onde pode exercer determinados direitos de gestão, superior à do seu território terrestres. Nesta medida, é desde logo uma vantagem muito competitiva no que respeita à diversificação da economia da RAEM. Os desafios que se colocam são tantos quanto as oportunidades. Julgo que sempre que um estado costeiro tem a capacidade de desenvolver actividades económicas no mar, acaba não só por diversificar estas actividades, mas também vê abrirem-se perante si um conjunto de outras oportunidades.

O que é que é esperado que Macau faça nesse sentido?

Se pensarmos em termos de desafios de sustentabilidade do próprio território, a densidade populacional a e consequente e crescente urbanização de Macau, a possibilidade de termos aqui uma área de expansão onde podemos desenvolver actividades na área das energias renováveis offshore, é uma ideia muito interessante. Associado a isto ainda há um conjunto de iniciativas que podem ser incrementadas como é, por exemplo, a náutica de recreio. É uma actividade económica muito importante para a economia do mar de qualquer território e que aqui também tem uma boa hipótese de desenvolvimento nestes 85 quilómetros quadrados. Também podemos ter em conta a responsabilidade na conservação e protecção do meio ambiente marinho.

Falou da questão da exploração das energias renováveis no mar. Como é que isto poderia ser feito em Macau?

O que estou a verificar com as sessões que estamos a desenvolver no âmbito do seminário, tem sido um grande interesse para discutir estas matérias, não só em tentar perceber o que existe como também no que é possível ser feito. Se olharmos para as energias renováveis em determinados países, sobretudo no norte da Europa mas também com uma crescente presença no sul, verificamos que estamos a falar de energia eólica e energia das ondas e não estamos a falar de matérias que ocupem muito espaço para serem eficientes. Em Macau há uma possibilidade única. Aqui há a realidade da China já com tecnologia na área de construção deste tipo de infra-estruturas que pode ser aproveitada. É fundamental que se saiba que quando se pensa em energias renováveis estamos a falar de estruturas que têm que ser colocadas no mar. A locação de plataformas obriga a que a proposta de lei trate das matéria ligadas ao ordenamento e à gestão do espaço marítimo. Aqui tem que haver uma análise muito cuidada e um debate sério e rigoroso. Se olharmos para o processo legislativo em Macau, desde que começou para a fase em que está agora, podemos dizer que é muito promissor. Estamos numa fase pós consulta pública em que há uma proposta de lei que como sempre é susceptível de melhoramento e aperfeiçoamento mas o que é fundamental é que sejam feitas opções legislativas que permitam um correcto desenvolvimento sustentável desta área marítima.

E o que é que é necessário para o efeito?

Este desenvolvimento sustentável tem que ter três componentes: a ambiental, a social e a económica. Temos que ser capazes de desenvolver actividades no mar que são ambientalmente sustentáveis, mas estas actividades têm que ter em conta a sua integração face ao contexto social e, um aproveitamento económico em que exista o equilíbrio entre diferentes actividades no mar. A grande diferença da economia do mar é precisamente a capacidade de termos no mesmo volume ou área actividades complementares ou concorrentes, coisa que em terra não pode acontecer devido às características do próprio território. No caso das energias renováveis penso que é um dos aspectos a ser considerado. Quando estava a  pensar no que é que a RAEM pode fazer em 85 quilómetros quadrados que, face ao território terrestres é muito, mas que em termos de dimensão é o que é, temos ainda de perceber que esta área marítima se insere numa maior, a da RPC. É muito importante que as opções legislativas e administrativas nesta matéria tenham em conta esta interligação e o que já existe na legislação chinesa há muitos anos. Esta complementaridade e esta percepção de que o espaço marítimo é tridimensional e que há inter-cooperatividade, ou seja o que acontecer do lado chinês, afectará sempre este e vice versa, é um assunto regional e global. Hoje sabemos que tudo o que acontece no ecossistema marinho está interligado. Por outro lado, no caso da RAEM, estamos perante uma oportunidade única. A RAEM está numa situação fantástica para desenvolver um modelo que possa ser um bom estudo de caso. A RAEM com estes 85 quilómetros pode mostrar que na sua escala pode fazer um trabalho fantástico, por um lado na articulação entre mar e terra e, por outro, entre o próprio mar.

Dá formação nesta matéria na China continental. Como é que vê a gestão marítima por parte da RPC e que prioridades tem o país?

Para a China é muito importante a cooperação marítima não só na sua sub-região do Mar do Sul da China, mas na grande região Ásia-Pacífico e ainda numa perspectiva global. Podemos falar da conhecida política que está a avançar “Uma faixa, Uma Rota” e no aspecto menos conhecido da mesma, que é a rota marítima que lhe está associada, e que é uma política que tem uma ambição global. Nessa perspectiva, o que a China apresenta como modelo de desenvolvimento é o modelo da cooperação, o que é bom porque convoca todos os estados e todos o interessados numa iniciativa que está muito vocacionada para as questões ambientais. Outro aspecto em que a China tem vindo a ter um cada vez maior interesse prende-se com o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais marinhos. A pesca neste caso é muito importante. É bom não esquecer que o acesso à proteína de peixe é fundamental para a própria segurança alimentar, não só da China mas de toda esta região. Outro aspecto em que a China está a investir tem a ver com a protecção dos direitos humanos no mar, nomeadamente no combate à pirataria mas também a outros fenómenos que preocupam todos os estados.

Estamos a falar de tráfico humano?

Estamos a falar da associação do trabalho forçado e do tráfico de seres humanos com a pesca ilegal. Isto acontece muito no sudeste asiático. Temos provas disso. Não há nenhuma região no mundo que não se veja perante esta catástrofe associada ao trabalho forçado e nesta região é mais evidente. Tem também sido feito um grande esforço em que a China participa. Temos a tendência em pensar que a RPC tem uma visão tímida face às questões ligadas ao mar. Esta visão é totalmente errada. Neste momento há um esforço regional em pôr esta questão em cima da mesa. É uma questão incómoda porque não podemos tratar deste tema ignorando a responsabilidade do consumidor. Hoje em dia esta matéria divide-se em dois temas muito difíceis: o da pesca ilegal, e o do trabalho forçado e tráfico de seres humanos. A pesca ilegal, enquanto fenómeno por si só, é de uma enorme complexidade que se prende com a forma como os estados exercem a sua jurisdição no mar. Há Estados de bandeira que criam um ambiente permissivo para que as suas embarcações não respeitem as regras internacionais aplicadas à pesca. Os Estados costeiros têm uma capacidade muito limitada de intervenção, por exemplo no alto mar onde muita pesca ilegal acontece. Os Estados costeiros que não intervém com medidas de fiscalização da pesca na sua Zona Económica Exclusiva (ZEE) também criam um ambiente permissivo para que aí se desenvolva a pesca ilegal. A par desta realidade há depois a dificuldade que os Estados bandeira têm de controlar todos os navios que levam a sua bandeira e também não é possível exigir aos estados costeiros que consigam ter uma intervenção quando um navio está na sua ZEE a pescar ilegalmente. Isto acontece, ou por falta de recursos, ou porque para atacarmos este flagelo dependemos necessariamente de cooperação e da partilha de informação entre estados. É aí que está a ser feito um grande trabalho com a participação da China. O fenómeno do tráfico de seres humanos ou do trabalho forçado a bordo dos navios que praticam a pesca ilegal é terrível quando pensamos no impacto humano em que há pessoas que estão nestes navios que muitas vezes não têm uma bandeira e portanto está numa situação que lhe permite fugir a muitos dos controlos. Estas pessoas não vão a terra durante semanas, meses e à vezes anos a fio. São exploradas no contexto dramático e de desespero absoluto em que as famílias não sabem o que lhes acontece. No sudeste asiático, muitas destas pessoas são migrantes que foram levados ou recrutados num país a pensar que iam para uma determinada actividade noutro país e onde iriam melhorar a sua vida, o que não acontece e, quando chegam ao barco são colocados numa situação impossível. Na mesma indústria mas em terra há os casos que se dirigem mais às mulheres, que são vítimas e sujeitas, nas comunidades piscatórias, a fenómenos de abuso sexual. É necessário ter medidas de cooperação regional e internacional, seja a lidar com a pesca ilegal, seja a lidar com o trabalho forçado e com este fenómeno que convoca estas duas realidades. Não sou ingénuo ao ponto de pensar que um dia se vai acabar com a pesca ilegal, por uma razão simples: é altamente proveitosa a nível económico. Quando temos um aumento da população muito superior à capacidade de renovação dos stocks estamos numa situação de grande desequilíbrio em que a população cada vez mais precisa de peixe.

 Falou da exploração abusiva de recursos do mar nomeadamente do peixe. Há a possibilidade de se esgotarem efectivamente?

Espero que não. Hoje em dia temos muitos stocks ameaçados em condições muito precárias de sustentabilidade mas estou convencido de que ainda vamos a tempo de, não diria reverter totalmente a situação, mas de promover medidas que salvaguardam a sustentabilidade destes stocks. Mais uma vez a solução passa pelos hábitos dos consumidores e na promoção a educação alimentar.

Como vê as disputas do Mar do Sul da China?

No que diz respeito ao Mar do sul da China as disputas acontecem quando dois Estados não estão de acordo acerca da delimitação de fronteiras. Isso pode acontecer porque o espaço marítimo não permite satisfazer as delimitações de dois estados porque há regras especificas para a extensão dos diferentes espaços. Outro aspecto fundamental, e que aqui tem interesse, é a titularidade sobre território terrestre, ou seja a discussão sobre a soberania terrestre a partir da qual se projectam os espaços marítimos. O conflito tem uma dimensão marítima, mas na sua génese está uma dimensão de disputa territorial, nomeadamente relativa a ilhas. No caso do Mar do Sul da China não é possível satisfazer todas as reivindicações. Há disputa em torno de formações como as ilhas e quanto à classificação dessas ilhas porque implicam a atribuição de diferentes áreas de mar. Mas há aqui um fenómeno muito importante e que é de sublinhar. No sudeste asiático a via seguida pelos Estados é a da cooperação, e temos que ser capazes de também respeitar esta realidade que é diferente da Europa. No caso da arbitragem do Mar do Sul da China que foi interposta pelas Filipinas e na qual a China não quis participar, a verdade é que hoje estamos numa fase de cooperação entre a China e as Filipinas relativamente às suas questões marítimas. Não quer dizer que não existam outras formas de resolver disputas, mas parece-me que, neste caso em concreto, estes dois estados entendem que o processo será resolvido através de negociações e que estas negociações não impedem a cooperação. É muito importante conhecer a história. No que respeita a esta disputa, já o presidente Deng Xiaoping disse que a abordagem deveria ser a de colocar os conflitos na prateleira e procurar ter uma maneira de conviver através da cooperação. Julgo que esta abordagem, que é amplamente partilhada por muitos Estados, pode ter sucesso.

15 Jun 2018

Anfitriã Rússia e Arábia Saudita dão pontapé de saída no Mundial 2018

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] anfitriã Rússia e a Arábia Saudita dão hoje o pontapé de saída no 21.º campeonato do mundo de futebol, num embate marcado para o Estádio Luzhniki, em Moscovo, o palco da final, em 15 de julho.

O árbitro argentino Nestor Pitana vai ‘apitar’ para o início do primeiro dos 64 encontros da competição, na qual Portugal participa pela sétima vez, quinta consecutiva, após 2002, 2006, 2010 e 2014.

Depois de dois anos a jogar apenas particulares, com exceção para a participação na Taça das Confederações, a Rússia vai jogar o seu Mundial como 70.ª do ‘ranking’ da FIFA, enquanto a Arábia Saudita segue apenas três lugares acima.

Tendo em conta que se trata de um embate entre as duas equipas com pior ‘ranking’ presentes na prova, as expectativas para o primeiro jogo, do Grupo A, quanto à qualidade futebolística, não podem ser, obviamente, muito elevadas.

Desde o fim da União Soviética, a Rússia tombou sempre na primeira fase (1992, 2002 e 2014), enquanto a Arábia Saudita chegou aos ‘oitavos’ na estreia (1998), mas também caiu na fase de grupos nas últimas três participações (1998, 2002 e 2006).

Ainda assim, a Rússia é agora o anfitrião, que só uma vez não seguiu em frente, em 2010, ano em que a África do Sul, única organizadora africana, ficou pela fase de grupos. No Grupo A, terminou à frente da França, mas atrás de Uruguai e México.

Desta vez, a Rússia, que deixou ‘infinitas’ interrogações na preparação, deverá discutir o apuramento com o Uruguai, de Cavani, Suárez, do portista Maxi Pereira e do ‘leão’ Coates, e o Egito, mais forte se puder contar com Mohamed Salah.

Uruguaios e russos apenas jogam na sexta-feira, dia também marcado para a estreia de Portugal, perante a Espanha, que, a dois dias da competição, trocou o selecionador Julen Lopetegui – depois de este ter assinado ‘às escondidas’ pelo Real Madrid – por Fernando Hierro.

O segundo dia da competição inclui ainda o embate entre o Irão, de Carlos Queiroz, e Marrocos.

14 Jun 2018

Mundial 2018 | Hierro promete enfrentar Portugal este sábado como se “nada tivesse acontecido”

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ernando Hierro afirmou, na apresentação como novo selecionador espanhol de futebol, estar convencido de que os jogadores que agora comanda vão defrontar Portugal como se “nada tivesse acontecido”, sexta-feira, na estreia do Mundial2018.

“É um desafio bonito e apaixonante. As circunstâncias são as que são, e aceito esta responsabilidade, com valentia e pensando que temos um grupo que está a trabalhar há anos pelo Mundial. Fui o diretor desportivo nos últimos sete/oito meses e entendo que a vontade de todos é muito grande”, disse Hierro.

O sucessor de Julen Lopetegui, pelo qual disse ter a “máxima consideração, por todo o trabalho que fez em dois anos”, afirmou que o jogo com a formação lusa continua a ser trabalhado como antes, até porque “uma grande parte do ‘staff’ continua”.

“Já estivemos a ver vídeos. Sabemos que o jogo está muito perto e, nesse sentido, sabemos que temos de ser inteligentes e coerentes. Sabemos que não temos muita capacidade para mudar. Não podemos mudar absolutamente nada em dois dias”, frisou o ex-diretor desportivo.

Hierro frisou que vai orientar “um grupo absolutamente fantástico”, que fez “uma qualificação fantástica (nove vitórias e um empate), a um nível extraordinário”.

“O que pedimos é que sejam eles mesmos, que tenham a sua personalidade. Temos um desafio bonito no dia 15”, frisou, acrescentando: “Posso olhar nos olhos a toda a gente. Atuei como se tem de atuar nestes momentos. Estou de consciência tranquila”.

De acordo com o ex-jogador do Real Madrid, o que sucedeu não pode mudar nada: “Isto não é justificação para não lutarmos pelo objetivo que trouxemos, lutar pelo mundial”.

“Sabemos que temos uma grande oportunidade. O que aconteceu nestes dias não nos pode servir de desculpa, a mim, pessoalmente, e aos jogadores. Temos que lutar pelo Mundial”, reafirmou Fernando Hierro.

O novo selecionador não está, para já, a pensar no futuro, mas apenas no campeonato do mundo: “O meu cargo é Portugal e depois o seguinte e o seguinte e o seguinte. Não pensamos em outra coisa que não seja fazer um grande mundial”.

“Viemos para competir. Temos de nos concentrar no desportivo. O Mundial só volta daqui a quatro anos”, lembrou Hierro, garantindo que a seleção não será prejudicada por estes acontecimentos: “Se não tivesse convencido disso, não estava aqui. Acho que, frente a Portugal, tudo vai acontecer como se nada tivesse acontecido. Temos a obrigação de mudar o ‘chip’”.

Por seu lado, o presidente da federação espanhola (RFEF), Luis Rubiales, o responsável pelo despedimento de Lopetegui e a aposta em Hierro, fez questão de “agradecer” ao novo selecionador por ter “aceitado, num momento difícil, este enorme desafio”.

“Pusemos a seleção nas suas mãos. Sempre dissemos que queríamos mudar o menos possível, escolher alguém que conhecesse bem a equipa. Os jogadores receberam-no de braços abertos e transmitiram-nos o compromisso de estar com ele e ajudá-lo em tudo”, afirmou o líder da RFEF.

Rubiales foi claro: “O que aconteceu não é bom, mas atuámos com responsabilidade. Falámos com os futebolistas e todo o ‘staff’ e todos cerraram fileiras em redor de Fernando, que já falou com todos”.

No que respeita a Julen Lopetegui, o assessor de imprensa da seleção espanhola afirmou, no início da conferência de imprensa, que o ex-técnico do FC Porto falará na chegada a Madrid, onde estará nos próximos três anos, ao comando do Real Madrid.

14 Jun 2018

Félix da Costa estreia-se nas 24h de Le Mans e admite “grande desafio na carreira”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] piloto português António Félix da Costa vai estrear-se nas 24 Horas de Le Mans ao volante de um BMW, na terceira categoria da prova (LMGTE Pro), e admitiu que este é “um grande desafio na carreira”.

“Mais um enorme desafio na minha carreira. As 24 Horas de Le Mans são uma grande corrida em que todos querem participar, e eu não sou exceção, é um grande momento para mim”, disse o piloto, em declarações à sua assessoria de imprensa.

Ao lado do brasileiro Augusto Farfus e do britânico Alexander Sims, Félix da Costa vai entrar na emblemática prova de resistência francesa, que este ano organiza a sua 86.ª edição, ao volante de um BMW M8 de fábrica, arrancando hoje para os treinos livres antes da corrida, que começa no sábado, pelas 14:00.

Ainda hoje, Félix da Costa testa o carro em contexto competitivo, depois de “18 meses de testes de desenvolvimento”, na sessão de qualificação noturna, naquela que é uma estreia do português em Le Mans, que este ano será a segunda corrida da ‘supertemporada’ do Mundial de resistência 2018/19.

“Sabemos bem que a consistência, não cometer erros e a fiabilidade do carro serão as nossas maiores armas, e é com esse pensamento que encaramos esta mítica prova”, considerou Félix da Costa.

O português mostrou ainda vontade de “lutar pelo pódio” da categoria, “não apenas para participar” ao lado dos restantes 59 carros, que incluem ainda o português Pedro Lamy, na quarta categoria, e Filipe Albuquerque, na segunda.

Em Silverstone, primeira prova do Mundial, a equipa do piloto luso foi quinta classificada entre a GTE Pro, atrás de carros Ford, Ferrari e Porsche, naquele que é o regresso da BMW ao circuito de resistência.

14 Jun 2018

Donald Trump aceitou convite para visitar Pyongyang – agência coreana

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Presidente norte-americano aceitou um convite do líder norte-coreano para um encontro em Pyongyang, tendo igualmente convidado Kim Jong-un para se deslocar aos Estados Unidos da América, segundo a agência oficial da Coreia do Norte.

No primeiro balanço da cimeira de Singapura entre os responsáveis políticos dos dois países, a agência KCNA apontou que este encontro abre a porta a “uma mudança radical”.

“Kim Jong-un convidou Trump a fazer uma visita a Pyongyang num momento oportuno e Trump convidou Kim Jong-un a deslocar-se aos Estados Unidos”, referiu a KCNA.

A agência garante, também, que o Presidente dos EUA evocou “um levantamento das sanções” contra o regime de Pyongyang.

“O mundo deu um grande passo atrás numa possível catástrofe nuclear! Não há mais lançamentos de foguetões, testes nucleares ou pesquisas!”, escreveu Trump na rede social Twitter, aproveitando a longa viagem de regresso de Singapura para Washington.

O jornal oficial norte-coreano Rodong Sinmun tem na sua primeira página uma fotografia do aperto de mão histórico entre Donald Trump e Kim Jong-un. No total, publica 33 fotografias do encontro entre os dois líderes ao longo de quatro das seis páginas do jornal, que foram mostradas na televisão norte-coreana.

Ao lerem o jornal nos transportes públicos, os habitantes de Pyongyang veem pela primeira vez as fotografias do seu líder com o Presidente dos EUA, habitualmente apresentado como sendo o diabo, relatam jornalistas da AFP, no local.

“O encontro do século abre uma nova era da história das relações” entre aqueles dois países é o título da publicação Rodong Sinmun.

“A travessia movimentada em direção à desnuclearização da península coreana e uma paz permanente só está a começar”, analisa com mais prudência o jornal sul coreano Hankook.

Trump e Kim Jong-un realizaram na terça-feira a primeira cimeira da história entre os líderes dos dois países, durante a qual se comprometeram a “construir um regime de paz duradouro e estável na península coreana”.

Um simbólico aperto de mão deu início ao primeiro encontro entre os líderes dos dois países depois de quase 70 anos de confrontos políticos no seguimento da Guerra da Coreia (1950-53) e de 25 anos de tensão sobre o programa nuclear de Pyongyang.

14 Jun 2018

Washington espera que “essencial” do desarmamento norte-coreano ocorra até 2020

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos esperam que “o essencial do desarmamento nuclear” da Coreia do Norte ocorra até ao final do mandato de Donald Trump, “dentro de dois anos e meio”, declarou hoje o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo.

“Estamos esperançosos de conseguir isso nos próximos dois anos e meio”, “durante o primeiro mandato do presidente”, que termina em 2020, afirmou Pompeo em declarações aos jornalistas em Seul.

O secretário de Estado norte-americano disse ainda que o compromisso assumido na cimeira de Singapura, que reuniu o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, para “uma desnuclearização completa da península coreana” será “verificável e irreversível”, como exigiam os Estados Unidos.

A administração norte-americana tem sido alvo de críticas dado que o texto assinado pelos dois dirigentes não inclui esses termos e tem sido considerado vago.

O presidente dos Estados Unidos e o líder norte-coreano tiveram na terça-feira um encontro histórico em Singapura, no final do qual Donald Trump disse estar preparado para iniciar uma nova etapa nas relações com a Coreia do Norte e Kim Jong-un comprometeu-se com a desnuclearização completa do arsenal de Pyongyang.

14 Jun 2018

Assembleia-Geral da ONU aprova resolução que condena ofensiva de Israel

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Assembleia-Geral da ONU aprovou uma resolução que condena a resposta de Israel aos recentes protestos em Gaza e exige que seja equacionada proteção internacional à população palestiniana.

O texto, impulsionado pelos países árabes, recebeu o apoio de 120 estados-membros, os votos contra de oito e abstenções de 45.

Momentos antes, a Assembleia-Geral da ONU rejeitara, por uma escassa margem, uma emenda norte-americana que condenava o movimento islâmico palestiniano Hamas “por lançar constantemente mísseis contra Israel e incitar à violência” na Faixa de Gaza, “pondo civis em risco”.

Ao contrário das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, as da Assembleia-Geral não são vinculativas.

Mais de uma centena de palestinianos morreram nos protestos da chamada “Grande Marcha de Regresso”, que começou em 30 de março e reclama o direito de regresso dos refugiados palestinianos.

14 Jun 2018

Neto Valente nega que se tenha metido no caso Sulu Sou

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] presidente da Associação dos Advogados de Macau, Jorge Neto Valente, nega que se tenha imiscuído no caso ou discutido os méritos da defesa de Sulu Sou. Foi desta forma que Jorge Neto Valente respondeu, através da TDM, às declarações de Jorge Menezes. O advogado do deputado suspenso tinha questionado, em declarações ao HM, as razões que levaram o presidente da AAM a comentar os casos de outros colegas de profissão.

“Não estou a imiscuir-me, obviamente, na posição de nenhum colega, nem vou discutir os méritos da defesa. Não tenho nada a ver com isso e nem quero ter. Agora, os tribunais funcionam como funcionam”, disse Neto Valente. “A pergunta que me foi feita de raspão é se o tribunal pode ou não pode mudar a qualificação dos factos que lhe foram submetidos. E eu disse que sim: pode. E continuo a dizer que sim: pode. Agora, não vou entrar em pormenores até porque não conheço o caso suficientemente para dar uma opinião abalizada”, acrescentou.

Jorge Neto Valente defendeu ainda que os comentários feitos ao HM foram em abstracto: “Pronunciei-me em abstracto e não me pronunciarei sobre nenhum caso em concreto que esteja submetido aos tribunais”, sublinhou.

Com olhos de Macau

No domingo, à margem das celebrações do Dia de Portugal, Neto Valente tinha dito sobre a questão: “É um assunto que não é jurídico, não vale a pena estarmos a pensar nisso. É um processo com contornos claramente políticos, e a AL não tem de se mexer e o tribunal não tem nada a ver com a AL”.

As declarações foram prestadas horas depois de Sulu Sou ter dito que considerava, assim como a sua defesa, que o tribunal não o podia ter julgado pelo crime de manifestação ilegal, uma vez que a sua imunidade parlamentar tinha sido levantada para enfrentar o julgamento pelo crime de desobediência qualificada.

Ainda à TDM, o presidente da AAM aconselhou as pessoas a encararem a realidade de Macau: “É preciso compreender como é que funciona Macau, a sociedade de Macau. Repare, isto é um problema que está a afligir mais os portugueses do que a comunidade chinesa que não está nada preocupada com isso”, considerou. “Exportam muitas vezes a maneira de ser de Portugal para Macau. É preciso ver Macau com olhos de Macau – é o único conselho bom que eu posso dar”, acrescentou.

14 Jun 2018

Em nome da bola

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rranca amanhã o mundial da Rússia 2018 em futebol, e para os adeptos do desporto-rei, esta é a nossa Meca, de quatro em quatro anos. Desta feita os jogos passam a um hora decente aqui no território; para os aficionados da bola residentes em Macau, jogos que acabam às três da madrugada são um bom negócio. Assinamos por baixo, e já.

Isto porque pela primeira vez – e graças à FIFA e os seus caminhos ínvios – a competição mais importante a nível de selecções se realiza na Rússia. Apesar de muita gente torcer o nariz ao país organizador, eu estive na Rússia há poucos meses, visitei o estádio Luzhni, onde vão decorrer o jogo inaugural e a final do torneio, e fiquei positivamente surpreendido com o que vi. Nota-se em toda a parte que o povo russo está entusiasmado, esmerou-se na recepção, e sabe receber muito bem. Muitas vezes caímos no erro de confundir os políticos e as políticas com as gentes. Eu estou confiante que em Julho este mundial vai ficar registado como “memorável”.

Antes de falar na selecção portuguesa, há que referir os favoritos. Considero que o Brasil é outra vez “o alvo a abater”, e a selecção da Alemanha apresenta-se a defender o título, e apesar de parecer menos forte que há quatro anos no Brasil, é sempre uma equipa a ter em conta. Por fora correm a França e a Argentina, enquanto a Bélgica e a Colômbia são considerados os “cavalos pretos”. A Espanha, para mim uma das grandes favoritas até agora, deparou-se mesmo há pouco com uma enorme contrariedade: o selecionador nacional, o nosso conhecido Julen Lopetegui, foi demitido do cargo, apenas a três dias do pontapé de saída, que será logo contra a selecção portuguesa. Falemos então dos nossos, de Portugal.

Eu estou tão confiante agora como estava há quatro anos, quando ficámos pela fase de grupos do mundial do Brasil, e como há dois anos, quando fomos ao europeu de França e levámos de lá o caneco.

Para mim é sempre indiferente, quer quanto às expectativas, quer quanto à prestação. Eu ainda sou de uma geração em que Portugal não se qualificava para nada, e desde 2000 temos estado em todas as competições internacionais. Um luxo para um país pequeno com dez milhões de habitantes, mas que no entanto tem também um coração do tamanho do mundo. Vamos lá, Portugal: se não for desta há sempre uma próxima vez. Mais noites perdidas pela frente e tudo em nome da bola.

14 Jun 2018

Cinco poemas de Georg Trakl traduzidos

De profundis

 

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á um campo de restolho sobre o qual uma chuva negra cai.
Há uma árvore castanha, que aí está de pé, sozinha.

Há um vento sibilante à volta das cabanas vazias.
Como é triste esta noite.

Ao longo da aldeia,

A doce órfã colhe ainda escassas espigas.
Os seus olhos, redondos e dourados, pastam ao entardecer,

E o seu peito anseia pelo noivo celestial.

No regresso,

Os pastores encontram o seu doce corpo

A apodrecer nos arbustos de espinhos.

Uma sombra eu sou, longe das lúgubres vilas.

De Deus o silêncio

Eu bebi na fonte do bosque.

Na minha fronte, aparece metal frio.

Aranhas procuram o meu coração.
Há uma luz que a minha boca extingue.

À noite, dei por mim numa charneca,

petrificado pela sujidade e pó de estrelas.

No bosque das avelaneiras,

Ressoam, de novo, anjos de cristal.

 

De profundis[1]

Es ist ein Stoppelfeld, in das ein schwarzer Regen fällt.

Es ist ein brauner Baum, der einsam dasteht.

Es ist ein Zischelwind, der leere Hütten umkreist.

Wie traurig dieser Abend.

Am Weiler vorbei
Sammelt die sanfte Waise noch spärliche Ähren ein.

Ihre Augen weiden rund und goldig in der Dämmerung
Und ihr Schoß harrt des himmlischen Bräutigams.

Bei ihrer Heimkehr
Fanden die Hirten den süßen Leib
Verwest im Dornenbusch.

Ein Schatten bin ich ferne finsteren Dörfern.
Gottes Schweigen
Trank ich aus dem Brunnen des Hains.

Auf meine Stirne tritt kaltes Metall.
Spinnen suchen mein Herz.

Es ist ein Licht, das meinen Mund erlöscht.

Nachts fand ich mich auf einer Heide,
Starrend von Unrat und Staub der Sterne.
Im Haselgebüsch
Klangen wieder kristallne Engel.

 

Humanidade

Humanidade posta perante gargantas de fogo,

Rufar de tambores, semblantes escuros dos guerreiros,

Passos através de um nevoeiro de sangue. Ressoa o ferro negro.

Desespero. Noite em cérebros tristes:

Aqui as sombras de Eva, a caça e o dinheiro encarnado.

Nuvens que a luz trespassa, a ceia.

Um silêncio suave habita o pão e o vinho

E aqueles ali reuniram-se. Doze em número.

À noite, gritam a dormir debaixo dos ramos da oliveira.

São Tomé mergulha a mão nas feridas.

 

Menschheit

Menschheit vor Feuerschlünden aufgestellt,

Ein Trommelwirbel, dunkler Krieger Stirnen,

Schritte durch Blutnebel; schwarzes Eisen schellt,

Verzweiflung, Nacht in traurigen Gehirnen:

Hier Evas Schatten, Jagd und rotes Geld.

Gewölk, das Licht durchbricht, das Abendmahl.

Es wohnt in Brot und Wein ein sanftes Schweigen

Und jene sind versammelt zwölf an Zahl.

Nachts schreien im Schlaf sie unter Ölbaumzweigen;

Sankt Thomas taucht die Hand ins Wundenmal.

 

Alma da vida

 

Decadência, que suave ensombra a folhagem.

O seu amplo silêncio mora na floresta.

Em breve, uma aldeia parece inclinar-se, como um fantasma.

A boca da irmã sussurra nos ramos negros.

O homem solitário vai desaparecer em breve,

Talvez seja um pastor, sobre caminhos sombrios.

Sai em silêncio um animal da arcada de árvores,

Enquanto as pálpebras se abrem bem perante a divindade.

O rio azul escoa, belo.

Nuvens mostram-se de noite.

A alma está num silêncio angelical.

Figuras passageiras decaem.

 

Seele des Lebens[1]

Verfall, der weich das Laub umdüstert,

Es wohnt im Wald sein weites Schweigen.

Bald scheint ein Dorf sich geisterhaft zu neigen.

Der Schwester Mund in schwarzen Zweigen flüstert.

 

Der Einsame wird bald entgleiten,

Vielleicht ein Hirt auf dunklen Pfaden.

Ein Tier tritt leise aus den Baumarkaden,

Indes die Lider sich vor Gottheit weiten.

 

Der blaue Fluß rinnt schön hinunter,

Gewölke sich am Abend zeigen;

Die Seele auch in engelhaftem Schweigen.

Vergängliche Gebilde gehen unter.

 

Crepúsculo

No pátio, enfeitiçado pela luz láctea do crepúsculo,

Ternos doentes deslizam através do outono acastanhado.

Os seus olhos redondos em cera pensam nos seus tempos dourados,

Cheios de sonhos e paz e vinho.

 

A enfermidade fecha-os fantasmagoricamente nela.

As estrelas espalham uma tristeza alva

No cinzento, cheios de ilusão e repiques,

Vê como, horríveis, se dissipam confusamente.

 

As figuras sem forma do escárnio esgueiram-se, de cócoras

E esvoaçam sobre sendas negras negros de cruzamentos.

Oh! Tão tristes as sombras nos muros.

 

As outras fogem pelas arcadas sombrias.

E à noite precipitam-se com as rajadas rubras

Do vento estrelar, quais Ménades em fúria.

 

Dämmerung

Im Hof, verhext von milchigem Dämmerschein,

Durch Herbstgebräuntes weiche Kranke gleiten.

Ihr wächsern-runder Blick sinnt goldner Zeiten,

Erfüllt von Träumerei und Ruh und Wein.

 

Ihr Siechentum schließt geisterhaft sich ein.

Die Sterne weiße Traurigkeit verbreiten.

Im Grau, erfüllt von Täuschung und Geläuten,

Sieh, wie die Schrecklichen sich wirr zerstreun.

 

Formlose Spottgestalten huschen, kauern

Und flattern sie auf schwarz-gekreuzten Pfaden.

O! trauervolle Schatten an den Mauern.

Die andern fliehn durch dunkelnde Arkaden;

Und nächtens stürzen sie aus roten Schauern

Des Sternenwinds, gleich rasenden Mänaden.

 

Melancolia – 3ª Versão

 

Sombras azuladas. Oh!, os vossos olhos escuros,

Que longamente me fixam, ao passar.

Acordes suaves de guitarra acompanham o outono,

No jardim, dissolvido em lixívia castanha.

As mãos das ninfas preparam a lugubridade séria

Da morte. Lábios podres sugam leite de

Peitos encarnados e na lixívia negra

Deslizam os caracóis húmidos do filho do sol.

 

Melancholie

Bläuliche Schatten. O ihr dunklen Augen,
Die lang mich anschaun im Vorübergleiten.
Guitarrenklänge sanft den Herbst begleiten
Im Garten, aufgelöst in braunen Laugen.
Des Todes ernste Düsternis bereiten
Nymphische Hände, an roten Brüsten saugen
Verfallne Lippen und in schwarzen Laugen
Des Sonnenjünglings feuchte Locken gleiten.

 

[1] Trakl, Georg. (2008). Das dichterische Werk: Auf Grund der historisch-kritischen Ausgabe. Editores: Walther Killy e Hans Szklenar. Munique. Deutscher Taschenbuch Verlag, p. 27.

14 Jun 2018

Lisboa: Os espermatozóides trapezistas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]venida de Roma: Acasala o ar com o néon, aquele rapaz de cabelo verde que esplende contra a luz da montra.

Jardim do Torel. Morremos porque somos alérgicos ao ar? É um dos emaranhamentos mais misteriosos. Entretanto, não desdenhava conhecer o primeiro que criar um teste para as alergias poéticas!

Uma vez, neste jardim, vi um ovni. Eu estava sóbrio, o ar à minha volta é que não.

Nunca ter sido este jardim aproveitado cinematograficamente é a prova de que os cineastas portugueses não sabem olhar a cidade. Alérgicos ao ar.

Café Orion: Há amores que têm borra e outros que se dissolvem sem ruído como asa de mosca na clara do ovo.

Nicola. Vejo-a sentada na mesa ao lado da minha – isto é, na mesa errada – e descortino uma função para a poesia: a da ortopedia. Corrigir os ossos ao ambiente. Ouço-a e percebo: o timbre de James Mason funciona no feminino, excita o punhado de anjos que falte cair. O estonteante arraso da voz dela – na sua tonalidade, ritmo, colocação e recorte das frases floresce uma civilização -, ao que se junta um rosto moreno de beleza lapidar, não se coaduna com os calções, o relaxe, o dedo a esgaravatar a cera no ouvido, a vulgaridade do viking que a acompanha, um calhordas ao qual só diviso uma qualidade, a de calar-se quando ela fala. E ela fala todo o tempo, adivinho, para afastar a agonia do desajuste que lhe coube. Na mesa ao lado – na errada -, aguardo pelo meu encontro e, para me alhear, penso na bela macaense que há dois anos alegrava o painel dos empregados de mesa deste Nicola, que sempre revisito em Lisboa. O que será feito da Águia de Prata?

Café Orion. Eis no que se tornou: o homem-vírgula. Esvaziado de conteúdo, mas gramaticalmente insuperável. Sossego, que seja amigo de outrem que não meu, porque também não teria conseguido ajudá-lo a evitar a esterilidade.

Aquário Vasco da Gama. Ilusão minha, ou abaixo do funil da lula gigante do Aquário Vasco da Gama, umas estranhas estrias entre os olhos desenham a carta astral de Fernando Pessoa? Não pude partilhar este meu provável engano com o meu neto que tem oito anos e a quem já basta ter passado, num ano, de rapaz eléctrico ao perfil dos meditativos. E capaz de rigores. Esclareceu-me ele diante do meu espanto de ter estado com ele numa semana sem mazelas e de o ir encontrar na semana seguinte de braço engessado: Está descansado avô, foi só o rádio.

Confeitaria Cister. Fico boquiaberto: as rosas que nós conhecemos e amamos têm uma data de “fabrico”, 1867. É um produto de muitos cruzamentos e do pendor dos homens. Existem as silvestres, mais antigas, mas as que nos prendem a atenção começaram a ser cultivados pelos chineses há dois mil e quinhentos anos, foram depois trazidos pelos persas, e acabadas de aperfeiçoar só no século XIX. Igual estupor só o ter aprendido, há décadas atrás, que os oásis são uma bolha inventada pelo homem e não um implante produzido pela natureza ou por Deus para consolar a rudeza dos desertos. Dois magníficos exemplos de natureza alterada e melhorada pelo homem. Nem tudo é mau.

Café Dragão Vermelho. Há dois anos escrevi: “A nomeação de Bob Dylan como Nobel não me provoca alergia mas não me alegra. Explico-me: como professor preocupa-me muito o baixo quociente de atenção de que se mostram capazes os alunos. Entre outros factores, identifico a «síndrome pop», o facto do grosso dos jovens crescer condicionado pelo formato da canção pop, que dura três minutos. São fisgados por um tipo de atenção breve e, como na comunicação oral, sustentada em refrões.”

E, agora, no deguste duma tosta mista, leio, em Da Miséria Simbólica, de Bernard Stiegler: «Hoje, nas sociedades de modulação que são as sociedades de controle, as armas estéticas tornaram-se essenciais: trata-se de controlar essas tecnologias da aisthesis que são, por exemplo, o audiovisual e o digital, e graças a este domínio das tecnologias, trata-se de controlar os tempos de inconsciente dos corpos e das almas que os habitam, ao modular através do controlo dos fluxos esses tempos de consciência e de vida». Tinha-o intuído.

Café Coimbra, com a mão atrás da orelha: ” Uma árvore que dura mais do que eu? Um castanheiro durar mais que eu? Era o que faltava. Uma árvore é para um gajo mijar. Vai logo à serra. É assim a natureza, os superiores governam os destinos dos inferiores. No outro dia comprei um kit com várias bactérias, um amigo meu tem uns conhecimentos na Secreta e vendeu-me… Para mim é assim, vai de fungos, vírus, cancros, tudo… não devia haver mais árvores do que homens. Um gajo não pode correr à vontade. Corre e bate. Vocês já viram árvores num campo de futebol? E é um exemplo de natureza, a relva, de socialização, o jogo, e de cultura, o árbitro. Para mim é um must. Percebo que tem de haver árvores por causa do papel, mas se formos a ver publica-se muita merda neste país. Há uma árvore de que gosto. Quando é grande. O abrunheiro. E dá um bagaço de arromba. Agora um gajo ler que a castanha está na moda e que daqui a vinte anos é um negócio tão rendoso como o vinho do Porto, não dá – é um embuste. Vinte anos é o tempo que um castanheiro leva a produzir castanha capaz. Um homem responde por si, aos treze, aos catorze… eu por acaso aos doze já enchia um balde. Nem sei se tenho gente do circo na família mas os meus espermatozóides são trapezistas…”

Cacilheiro & Brown: “Adoro malta de cor com um bom pau. Telefona 919357430”: foi assim que soube, apopléctico, a mijar ao meu lado, das inclinações do filho.

14 Jun 2018

Pequim e Teerão fortalecem a cooperação estratégica

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s dois líderes conversaram depois de participar da 18ª cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) na cidade de Qingdao, e atingiram alguns consensos. Xi começou por dar as boas-vindas a Rouhani pela sua visita à China e a participação na cimeira.

Xi recordou que a China e o Irão anunciaram o estabelecimento da parceria estratégica abrangente durante sua visita de Estado ao Irão em 2016 e disse que os dois países aumentaram a cooperação e implementaram plenamente os consensos atingidos. “A China e o Irão atingiram resultados frutíferos em diversos âmbitos de cooperação e foram testemunhas de intercâmbios entre povos cada vez mais próximos”, disse Xi.

Além de assinalar que existe potencial para que aprofundem suas relações, Xi disse que “a China está disposta a trabalhar com o Irão para promoverem juntos o desenvolvimento estável e de longo prazo da parceria estratégica abrangente”. O presidente chinês pediu que as duas partes tomem o aprofundamento das relações políticas como princípio global para aumentar de forma constante a confiança mútua estratégica, aumentar os intercâmbios a todos os níveis e continuarem entender-se e apoiar-se em assuntos de grande preocupação relacionados com os respectivos interesses fundamentais.

“A China e o Irão devem impulsionar a cooperação pragmática concentrada na Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota, promover a cooperação na aplicação da lei e em segurança centrada no combate ao terrorismo, e aprofundar os intercâmbios e a cooperação entre povos com o objectivo de aumentar a amizade China-Irão”, disse Xi.

Acordo nuclear é um “êxito”

O presidente chinês descreveu o acordo nuclear iraniano como um importante êxito do multilateralismo e disse que o acordo facilita a manutenção da paz e a estabilidade no Oriente Médio e o regime internacional de não proliferação, e que este deve continuar a ser implementado com sinceridade.

“A China apoia de forma constante a solução pacífica das disputas e dos assuntos conflitivos internacionais e está disposta a fortalecer a cooperação com o Irã nos marcos multilaterais e promover a construção de um novo tipo de relações internacionais”, disse Xi.

Rouhani felicitou Xi Jinping pela bem sucedida conclusão da cimeira da OCX em Qingdao. “A visita que Xi fez ao Irão há dois anos elevou de forma significativa as relações bilaterais”, disse Rouhani, acrescentando que “o Irão sente-se feliz pelo desenvolvimento sem contratempos da parceria estratégica abrangente Irão-China”.

“O Irão está disposto a aprofundar a cooperação pragmática em diversos âmbitos com a China e a implementar os acordos de cooperação sobre a construção conjunta da Iniciativa Uma Faixa, Uma Rota”, assinalou Rouhani. “A existência do acordo nuclear iraniano enfrenta actualmente desafios e o Irão espera que a comunidade internacional, incluindo a China, desempenhe um papel activo no adequado manejo dos assuntos pertinentes”, concluiu o primeiro-ministro iraniano.

Depois das conversações, Xi e Rouhani foram testemunhas da assinatura de acordos de cooperação bilateral.

14 Jun 2018

Cimeira EUA-Coreia do Norte | Quem ganhou, quem perdeu e o que se segue

A China foi, segundo analistas, um dos grandes beneficiários da cimeira entre Trump e Kim. O fim das manobras militares americanas era um antigo desiderato de Pequim

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]nalistas defendem que, apesar de ausente da cimeira entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, a China foi um dos principais beneficiados do histórico encontro, com a suspensão dos exercícios militares na península coreana. O Presidente norte-americano, Donald Trump, comprometeu-se a suspender os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e, eventualmente, a reduzir o número de tropas norte-americanas na região. Pequim é contra a presença militar norte-americana na Coreia do Sul e no Japão, e apelou anteriormente a Washington para que suspenda as manobras militares na península, em troca da paragem dos testes com armamento nuclear, por parte de Pyongyang.

Com a redução da actividade militar nas fronteiras do nordeste, Pequim “pode concentrar as suas energias” no Mar do Sul da China, que reclama quase na totalidade – apesar dos protestos dos países vizinhos -, e em Taiwan, cujos laços com o continente se deterioraram desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen, pró-independência, explicou à agência Lusa o professor chinês de Relações Internacionais Wang Li.

Citado pela agência Associated Press, Ryan Hass, que dirigiu a política para a China do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, durante a administração de Barack Obama, afirma que Pequim “está agora no caminho de alcançar aqueles objectivos, por um custo muito reduzido”.

Mas a China quererá também manter a sua influência sob Pyongyang, cujo isolamento fez com que dependesse quase totalmente de Pequim. “Penso que qualquer melhoria na relação bilateral entre EUA e Coreia do Norte poderá potencialmente ser vista como uma perda pela China”, disse Paul Haenle, antigo director para a China do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, durante as administrações de Obama e George W. Bush.

Apesar do afastamento entre Pequim e Pyongyang, face aos testes nucleares do regime norte-coreano, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, deslocou-se por duas vezes à China, desde Abril, para se encontrar com o Presidente chinês, Xi Jinping. O segundo encontro, em Dalian, cidade portuária do nordeste chinês, foi visto como um esforço da China para garantir que a sua voz seria ouvida durante o encontro entre Kim e Trump.

O Presidente norte-americano chegou a acusar a China pela “mudança de atitude” de Pyongyang, que, após a cimeira em Dalian, voltou a adoptar uma atitude hostil face a Washington. Pequim instou os dois lados a não cancelar a cimeira.

Aquelas manobras ilustram o equilíbrio que a China tem de alcançar entre encorajar o diálogo entre Pyongyang e Washington, sem permitir que os dois países se tornem demasiado próximos. Wang Li, professor na Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte, lembra que “alguns cépticos” temem que a aproximação enfraqueça o papel da China, e que uma possível reunificação da península coreana venha a constituir uma ameaça para o país a longo prazo.

Já Paul Haenle afirma que Pequim está ciente que Pyongyang se quer libertar da quase total dependência face ao país, “para que a China não mantenha o tipo de influência que tem hoje”.

Wang Li lembra, no entanto, que “a RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] precisa da China como tremenda retaguarda estratégica, que funciona desde aliado ideológico, parceiro político, fornecedor de apoio económico e tecnológico, e modelo institucional, até janela para o mundo exterior”.

Como demonstração de confiança que Kim sente pela China, o dirigente norte-coreano foi transportado para Singapura pela companhia aérea estatal Air China.

Pequim sugeriu já, entretanto, que o Conselho de Segurança da ONU suspenda as sanções contra a Coreia do Norte, face à nova atitude de Pyongyang. “Acreditamos que o Conselho de Segurança deve fazer esforços para apoiar as atuais iniciativas diplomáticas”, afirmou um porta-voz da diplomacia chinesa.

 

Pompeo em Pequim para abordar desenvolvimentos da cimeira

A China anunciou ontem que o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, vai reunir hoje, quinta-feira, em Pequim com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, para abordar os desenvolvimentos alcançados durante a cimeira de Singapura. O Ministério informou que Wang e Pompeo vão participar numa conferência de imprensa conjunta, sem avançar detalhes sobre a visita, feita a convite do chefe da diplomacia chinesa.

Pompeo integrou a delegação que na terça-feira participou da histórica cimeira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un. O Departamento de Estado norte-americano tinha já informado que, após a cimeira, Pompeo viajaria para a Coreia do Sul e China, para abordar com as autoridades daqueles países a desnuclearização da península coreana e as alianças regionais.

 

Imprensa | Opinião pública pode refrear acordo

A opinião pública, principalmente a americana, pode ser o principal obstáculo para conseguir o sucesso do diálogo iniciado na terça-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, advertiu ontem o jornal “Global Times”.

A histórica cimeira de Singapura ocupou ontem as capas e editoriais dos veículos de imprensa chineses, onde abordaram as dificuldades enfrentadas pelo compromisso de alcançar a paz entre os dois líderes. “No futuro, o principal obstáculo para o processo de paz da península pode vir de Washington e Seul, ou inclusive de Tóquio”, disse um editorial do “Global Times”, alertando sobre os “inimigos domésticos” que Trump enfrentará na hora de acabar com as manobras militares na região. “Os legisladores e líderes de opinião podem encontrar infinitas desculpas para se opor à interacção do governo de Trump com a Coreia do Norte. Estas forças frearão Trump e Kim para impulsionar seu acordo. Os seus inimigos domésticos provavelmente estragarão tudo, dando prioridade a envergonhar Trump acima da protecção dos interesses dos Estados Unidos a longo prazo”, acrescenta.

No encontro em Singapura, Pyongyang reafirmou seu compromisso com a desnuclearização da península coreana e Washington ofereceu garantias de segurança ao regime. Embora Trump não vá retirar as tropas americanas na Coreia do Sul, nem suspender as sanções contra o regime norte-coreano “enquanto as armas nucleares permanecerem”, ele disse que vai interromper as manobras militares pois “sob as actuais circunstâncias, é inadequado realizar jogos de guerra”.

O ministro da Defesa do Japão, Itsunori Onodera, já mostrou hoje sua preocupação com a provável suspensão das manobras, alegando que elas desempenham um papel “muito importante” na segurança da Ásia Oriental.

Por sua vez, o jornal oficial “China Daily” também celebrou no seu editorial a promessa de Trump de oferecer garantias de segurança para a Coreia do Norte, eliminado desta forma um dos principais obstáculos para a paz. A publicação também destacou os esforços “incansáveis” da China e previu que Pequim seguirá desempenhando um papel activo para alcançar os objectivos e fornecerá apoio para consolidar a aproximação de ontem que “apagou a profunda desconfiança entre dois antigos inimigos”

14 Jun 2018

Mundial da Rússia tem início hoje, mas para os coleccionadores de cromos o ambiente já está no ar há algumas semanas

Tradição de verão. Com as grandes competições de selecções chega também a febre da colecção dos cromos. Macau não escapa ao fenómeno e são vários os pais e jovens que se dedicam à compra e troca de autocolantes

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Campeonato Mundial de Futebol começa esta noite, às 23h, com a partida entre a anfitriã Rússia diante da Arábia Saudita. Contudo para os amantes dos cromos locais o torneio já começou há algumas semanas e até já há quem tenha conseguido reunir todos os 682 autocolantes.

Esta é uma febre mundial que não passa ao lado de Macau e, muitas vezes, os filhos são o pretexto para que os pais recordem os seus tempos de infância e voltem a coleccionar os autocolantes mágicos.

“Já não fazia a colecção desde 1990 ou 1994, já não me recordo bem. Ainda era numa altura em que os cromos não tinham cola, éramos nós que tínhamos de arranjar. Agora voltei a fazer devido ao meu filho, considerei que era uma boa altura para ele fazer”, afirmou Rui Barbosa, empresário e comentador, ao HM. “Ele tem cinco anos e é a primeira experiência. Talvez seja um pouco novo, mas não faz mal porque eu também tenho prazer em fazer a colecção”, confessa.

Uma experiência semelhante é partilhada por Diana Massada, presidente da Casa do Futebol Clube do Porto em Macau.

“É a primeira vez que estou a fazer colecções do Mundial. Mas quando era jovem fiz várias colecções, com diferentes tópicos e sempre gostei. Desta vez estou a fazer com o meu filho de quatro anos e meio. Ele ainda é novo, acha piada a abrir as carteiras com os cromos, faz as equipas, reconhece os repetidos, mas a colagem deixa para mim”, conta a presidente da Casa do FC Porto.

À caixa é melhor

Com a caderneta a ser constituída por 682 autocolantes e as carteiras a trazerem cinco cromos, cada, fazer a colecção toda exige pelo menos a compra de 137 carteiras, isto no caso de não haver qualquer repetido. É por isso que as pessoas envolvidas na colecção acabam por comprar mais de duas caixas. O preço pelas 50 carteiras das caixas varia entre as 360 e as 450 patacas, dependendo do local de venda.

“Em Macau são raras as pessoas que não compram pelo menos uma caixa de carteiras logo no início. Acho que pelo menos entre os mais velhos não se limitam a comprar 10 ou 20 carteiras. Isso só acontece mais à frente, quando também já estão na fase de trocas”, explica José Reis, director comercial.

Contudo, nas primeiras semanas em que surgem à venda as cadernetas, nem sempre é fácil encontrá-las, porque esgotam depressa. Com o passar do tempo, como as pessoas começam a trocar mais do que comprar, a procura torna-se mais fácil.

“Temos notado um grande entusiasmo, aliás os cromos mal chegam e esgotam-se. Creio que já tivemos de fazer encomendas de novos cromos pelo menos três vezes”, apontou Cláudia Falcão, vice-administradora da Livraria Portuguesa, ao HM.

Também Pedro Lopes, trabalhador na área da informática e marketing, menciona casos de ruptura de stock de cadernetas e casos em que as pessoas precisam de fazer encomendas: “Eu comecei com a compra de duas caixas de cadernetas e tive facilidade na compra dos cromos. Mas sei que tem havido ruptura do stock rapidamente”, afirmou.

Os casos de lojas e bancas de vendas de jornais que precisam de pedir mais cromos ao distribuidor em Hong Kong repetem-se um pouco por toda a cidade. Mesmo assim, o HM não conseguiu encontrar casos de especulação com os autocolantes mágicos.

Internet facilita trocas

Além da compra, uma das partes que mais entusiasma os coleccionadores é a troca. No entanto, há diferenças significativas em comparação com o que acontecia na infância de muitos dos coleccionadores. Uma das principais é a existência da internet e a possibilidade que oferece para as trocas com pessoas desconhecidas. Desta forma, surgem grupos online, principalmente entre a comunidade chinesa, para a troca dos autocolantes em que as pessoas indicam os cromos que têm repetidos e os que procuram. Depois de encontrado o cromo desejado, as pessoas combinam encontrar-se um pouco por toda a cidade.

“Tenho trocado cromos com amigos, amigos dos meus filhos e mesmo em grupos do facebook, utilizados por ambas comunidades, portuguesa e chinesa. Os chineses também gostam muito de coleccionar, até fiquei surpreendido com o número de pessoas que está a fazer a colecção”, admitiu Pedro Lopes, ao HM.

Por sua vez, Tin U, proprietário de uma loja de camisolas de futebol, não faz troca de cromos. Mas optou por criar uma plataforma nas redes sociais para os clientes. “Nós oferecemos um espaço porque os nossos clientes gostam de fazer a colecção. Mas também há vários grupos online. Eu pessoalmente não participo, só mesmo por sentir que há clientes que se interessam muito pelos cromos”.

Contudo a troca tradicional cara-a-cara entre amigos e conhecidos não é substituída. Diana Massada revela que na festa de aniversário de um dos amigos do filho, que foram os pais que terminaram a fazer as trocas.

“Este fim-de-semana a troca aconteceu no aniversário de uma das crianças, de amigos comuns. Foi uma situação diferente, enquanto as crianças brincavam no aniversário, estavam os pais com as carteiras e com os cromos a fazer as trocas”, contou em tom animado.

Aplicação móvel

Outra das grandes diferenças é a existência de aplicações móveis, em que os coleccionadores inserem o número dos cromo que possuem e o número dos repetidos. Depois a aplicação faz as contas e indica aos coleccionadores os que estão em falta. Além disso, permite que se liguem a outros coleccionadores com a aplicação e possam saber quais os amigos que têm os cromos que lhes interessam trocar.

“Comecei a utilizar a aplicação este ano quase desde o início. Em comparação com a colecção do Campeonato Europeu de 2016 poupou-me muito tempo. Metemos o número de cromos, os repetidos e não se perde tempo”, começou por explicar Pedro Lopes. “Antes disso tinha de fazer um tabela, fazer as contas por mim e isso demorava muito mais tempo”, disse.

Também Rui Barbosa admite que a aplicação tem muitas vantagens e uma delas é gastar menos tempo nas contas. Mesmo assim, os cromos fazem com que frequentemente acabe por dormir mais tarde, uma vez que é depois do dia que tem tempo para se focar na colecção.

“Há noites que em vez de dormir às 23h ou 23h30, me deito mais tarde, mais próximo da meia-noite, meia-noite e meia, porque fico a trocar mensagens para a troca”, afirmou. “A aplicação facilita-nos a vida, mas também é diferente do que acontecia na infância, quando olhava para os cromos todos com muita atenção e conhecia-os melhor. Assim, também devido à aplicação, tenho os cromos todos virados para baixo, sei quem são os jogadores, mas só olho mais para os números. Perde-se um pouco a magia. Só quando for colar os cromos é que vou ter mesmo aquela atenção, mas nessa altura já só vou ter um cromo de cada”, explicou.

Entre as pessoas ouvidas pelo HM, ainda ninguém tinha concluído a colecção. No entanto, Pedro Lopes revelou que quatro amigos já tinham conseguido todos os cromos. O coleccionador, que está a cerca de 5 cromos de finalizar toda a caderneta, considerou que a tarefa tem sido mais fácil do que em 2016, quando fez a colecção do Europeu, que Portugal ganhou.

14 Jun 2018

Gás natural | Sinosky com prejuízos em 2017

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sinosky fechou 2017 com perdas de 4,94 milhões, elevando os prejuízos acumulados desde 2006 para 265 milhões de patacas. Segundo o relatório do conselho de administração da empresa, anexo ao balanço, publicado ontem em Boletim Oficial, as receitas da venda de gás natural foram de 487,62 milhões e os custos de 462,09 milhões de patacas.

Em 2017, A Sinosky abasteceu 178 milhões de metros cúbicos de gás natural. No ano passado, a empresa continuou a vender gás natural pelo “gate price” de 2,7357 patacas por metro cubico, aprovado pelo Governo há uma década. Até 31 de Dezembro, os activos da Sinosky totalizavam 173,89 milhões de patacas, enquanto o passivo era de 327,04 milhões.

14 Jun 2018

Comércio entre China e países de língua portuguesa subiu 25,9% até Março

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 30,18 mil milhões de dólares norte-americanos no primeiro trimestre, traduzindo um aumento de 25,9 por cento em termos anuais homólogos.

Dados dos Serviços de Alfândega da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 21,01 mil milhões de dólares – mais 24,3 por cento – e vendeu produtos no valor de 9,17 mil milhões de dólares – mais 29,6 por cento em termos anuais homólogos.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 21,47 mil milhões de dólares entre Janeiro e Março, um valor que representa uma subida de 27,9 por cento face a igual período do ano passado.

As exportações da China para o Brasil atingiram 7,47 mil milhões de dólares, reflectindo um aumento de 32,9 por cento; enquanto as importações totalizaram 13,99 mil milhões de dólares, mais 25,46 por cento comparativamente aos primeiros três meses do ano transacto.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 22,4 por cento, atingindo 6,80 mil milhões de dólares.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 481 milhões de dólares – mais 16,82 por cento – e comprou mercadorias avaliadas em 6,32 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 22,8 por cento.

Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo dos países de língua portuguesa, o comércio bilateral cifrou-se até Março em 1,34 mil milhões de dólares – mais 15,3 por cento – numa balança comercial favorável a Pequim.

A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 815 milhões de dólares – mais 13,3 por cento – e comprou produtos avaliados em 528 milhões de dólares, mais 18,6 por cento face aos primeiros três meses do ano passado.

14 Jun 2018

Canídromo | Yat Yuen garante estar em busca de espaço adequado para os galgos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Canídromo garante estar à procura de um destino para os mais de 600 galgos, após o encerramento da pista de corridas, no próximo mês. Num comunicado, publicado no seu ‘site’, a Yat Yuen relata ainda as dificuldades que tem encontrado para arranjar adoptantes para os cães, dando conta de que apenas um dos mais de mil boletins que distribuiu para o efeito foi preenchido.

No comunicado, publicado apenas em língua chinesa, a empresa, do universo da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), salienta que tem vindo a “elaborar directrizes de trabalho” em conformidade com o anúncio da saída do actual espaço, o que incluiu, nos últimos dois anos, uma série de deslocações “a vários sítios para arranjar alojamento adequado para alojar os galgos”. “Tentámos procurar um espaço apropriado que mereça a concordância tanto do Governo como da sociedade. Até pensamos na hipótese de [alojar os cães] em prédios industriais, mas não era viável”, salienta a Yat Yuen.

Relativamente à adopção dos animais, a empresa argumenta que trata-se de um processo sem precedentes, atendendo a que estão em causa mais de 600 galgos, contestando também a ideia de que teve dois anos para o fazer. “Nós, enquanto uma empresa que assume as responsabilidades, garantimos o emprego dos trabalhadores e, por isso, mantemos o funcionamento das corridas”, afirma a Yat Yuen.

Na mesma nota, a empresa diz ainda que, apesar dos diversos apelos para adopção lançados na página do Canídromo, nas redes sociais ou nos jornais, os resultados têm sido fracos. “Nós distribuímos mais de mil boletins para a adopção dos galgos a várias organizações de defesa dos animais”, mas, até ao momento, só recebemos [de volta] um”.

Neste âmbito, a Yat Yuen puxa das próprias estatísticas oficiais para ilustrar as dificuldades, indicando que, em média, por ano, são adoptados apenas cerca de 200 cães: “Por isso, esperamos que se compreenda que não é fácil arranjar um espaço adequado nem fazer com que sejam adoptados mais de 600 galgos”.

A fechar, a Yat Yuen garante que não pretende adiar a data de saída, marcada para 21 de Julho. A ideia de pedir ao Governo para permanecer por “mais algum tempo” no espaço – primeiro, por mais um ano, e, depois, por três meses – surgiu devido a “vários factores”. O objectivo passa por “organizar melhor os trabalhos em prol do futuro dos galgos”, alega a empresa, sustentando ainda ser melhor para os animais ficarem a aguardar no Canídromo até serem adoptados, por ser o local onde estão habituados a estar.

Exportação em jogo

Além do programa de adopção, a Yat Yuen diz estar a cooperar com projectos de desenvolvimento turístico de grande dimensão do exterior, através dos quais espera arranjar um espaço para os cães. A empresa não especifica, porém, a localização em concreto. Adianta, com efeito, que prevê que os processos relativamente à transferência dos galgos para fora de Macau e à quarentena possam ficar concluídos dentro de três meses.

“Nós vamos aos sítios ‘in loco’ e daremos seguimento aos casos dos cães por adoptar e aos adoptados”, afirma a empresa. Nos próximos domingos 17 e 24, o Canídromo vai ser palco de um actividade que visa precisamente convencer os residentes a adoptar galgos.

Segundo a Yat Yuen, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) aprovou a entrega de mais de 100 galgos para a adopção.

14 Jun 2018