História | Instituto Internacional quer lançar livro sobre padre Gaetano Nicosia

O Instituto Internacional de Macau tem em mãos o projecto de fazer a biografia do padre Gaetano Nicosia, falecido o ano passado e que dedicou grande parte da sua vida a ajudar os leprosos que viviam em Ka-Hó. Ontem foram lançados três livros em chinês sobre D. Arquimínio da Costa, padre Lancelote Rodrigues e padre Mário Acquistapace

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] vida de missionário em Macau do padre Gaetano Nicosia vai ser passada a escrito. A garantia foi dada ontem por Rufino Ramos, secretário-geral do Instituto Internacional de Macau (IIM), a entidade que será responsável pela publicação da obra sobre o incontornável sacerdote, que faleceu no ano passado.

“Vamos fazer um livro, mas é sempre difícil arranjar quem escreva. Houve pessoas que aceitaram, mas depois vieram com a justificação de que não podiam”, disse ontem o responsável à margem do lançamento das versões em chinês de três obras sobre sacerdotes que desenvolveram trabalho missionário e social no território: D. Arquimínio da Costa, padre Lancelote Rodrigues e padre Mário Acquistapace.

Nascido em Itália em 1915, Gaetano Nicosia ficou conhecido por trabalhar de perto com os leprosos que viviam na leprosaria de Ka-Hó, em Coloane, numa altura em que se temia a aproximação a estes doentes. Antes disso, Gaetano Nicosia também passou por Hong Kong.

Rufino Ramos adiantou ainda que é objectivo do IIM, presidido por Jorge Rangel, publicar mais livros sobre outras figuras da Igreja Católica que passaram por Macau e que ainda são lembrados por muita gente. Contudo, existem dificuldades de ordem editorial.

“A nossa dificuldade reside em encontrar alguém com a capacidade de escrever bem. Hoje mencionei aqui dois missionários, um deles o padre António Roliz, que muitos chineses ainda devem conhecer, porque passaram por dificuldades e foi o padre Roliz que os ajudou”, explicou.

Para o secretário-geral do IIM, Macau teve “outros padres que se destacaram na área da música e da sinologia, mas vamos aos poucos tentar dar a conhecer”. “Há muitos chineses que não conheceram bem os padres portugueses e a comunidade portuguesa actual pode não conhecer muitos párocos. Haveria padres chineses que trabalharam mais com uma comunidade”, acrescentou.

Chegar aos chineses

Os três livros que têm agora uma edição chinesa fazem parte de uma colecção de dez manuais. Rufino Ramos frisou que é objectivo dar a conhecer a história de vida destes padres a toda a população de Macau.

“Temos esta colecção já há algum tempo e achamos que era importante a comunidade chinesa inteirar-se do que estamos a fazer, e também que conhecessem o trabalho que certos missionários fizeram em Macau no século passado. O IIM não existe apenas para os falantes de português, também queremos que a comunidade chinesa perceba os valores culturais de Macau.”

Os livros estão à venda no website do IIM e poderão ser distribuídos no mercado livreiro de Hong Kong, mas Rufino Ramos alerta para as dificuldades de penetração no mercado chinês. “É difícil distribuir na China porque estamos mais preparados para lidar com o chinês tradicional do que o simplificado [na tradução das obras]. Vamos tentar distribuir os livros em Hong Kong. Não garanto que na China consigam receber os livros se os comprarem online.”Arquimínio da Costa foi um bispo português “muito popular, que se expressava em cantonês e que se dava muito bem com toda a gente”, disse Rufino Ramos quando questionado sobre a importância que estas figuras da Igreja tiveram para as comunidades locais. “Esteve muitos anos em Macau e trabalhou no sector da educação, foi uma figura muito consensual.” Já o padre Mário Acquistapace, italiano, era “simpatiquíssimo”. “Trabalhou com pobres e viveu uma vida quase de santo na missão de Coloane. Fez muitas obras sociais”, disse o secretário-geral do IIM.

O mais conhecido de todos eles será o padre Lancelote Rodrigues. “Era conhecido de todos os diplomatas de Hong Kong, bebia whisky com eles. Cuidou dos refugiados vietnamitas quando eles estiveram cá, e creio que muita gente fora de Macau conhece bem o padre Lancelote porque ele ajudou muita gente.”

11 Jul 2018

Jogo | Macau pode ser o cenário de uma das batalhas da guerra comercial

O sector do jogo está “altamente exposto” à guerra comercial declarada pela Administração Trump à China. A não-renovação das licenças de jogo às três operadoras americanas e a redução das receitas são alguns dos possíveis danos colaterais para Macau, de acordo com a consultora Steve Vickers e Associados

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] indústria do jogo de Macau está “altamente exposta” à guerra comercial entre Washington e Pequim. Esta é uma das conclusões de um relatório elaborado pela consultora Steve Vickers e Associados, publicado no portal da empresa.

Segundo o documento, o futuro da indústria dos jogo pode mesmo estar dependente de um eventual abrandamento ou desvalorização do yuan. Nesse cenário, a consultora teme que o Governo Central tenha de tomar medidas para evitar a fuga de capitais, o que fará com que as receitas dos casinos no território reflictam também essas medidas.

“O sector do jogo em Macau está altamente exposto. Qualquer abrandamento significativo ou queda no valor do yuan pode levar Pequim a tomar mais medidas para reduzir os fluxos de capitais para o exterior do país e, assim, reduzir as receitas dos casinos”, pode ler-se no relatório.

Contudo, este não é o único aspecto em que a guerra comercial entre as duas maiores economias mundiais se poderá fazer sentir em Macau. Numa altura em que se debate a emissão das novas concessões do jogo, o facto de três das operadoras serem sedeadas nos Estados Unidos poderá fazer com que sejam vítimas colaterais.

“Três das seis concessionárias de Macau são companhias norte-americanas, a Las Vegas Sands, MGM e Wynn Resorts; também o fundador da LVS, Sheldon Adelson, gaba-se de ter uma relação próxima com o presidente dos EUA Donald Trump”, é sublinhado. “Estas empresas estão sentadas numa ‘falha’ geopolítica. As suas concessões em Macau podem mesmo estar em causa”, é acrescentado.

6 mil milhões

Anteontem, o banco de investimentos Deutsche Bank lançou uma actualização à previsão das receitas dos casinos para os primeiros oito dias de Julho. De acordo com os números avançados pelo analista Carlo Santarelli, entre 1 e 8 de Julho, os casinos facturaram 6,5 mil milhões de patacas, o que equivale a um média diária de 813 milhões.

Caso se mantenha este ritmo até ao final deste mês, as receitas vão crescer do valor de 22,96 mil milhões, registado no ano passado, para próximo de 25,20 mil milhões de patacas. O Deutsche Bank espera um crescimento de dois dígitos baixos, entre os 10 e 12 por cento, com a receitas totais entre 22,26 mil milhões e 25,72 mil milhões.

11 Jul 2018

Autocarros | Processo de fusão entre a Nova Era e a TCM concluído em Julho

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] directora-geral da TCM, Leong Mei Leng, revelou que o processo de fusão com a Nova Era pode estar concluído até ao final deste mês. Após a fusão, e a partir de 1 de Agosto, vão ser utilizados, progressivamente, o nome e a cor da TCM nos autocarros da Nova Era.

Leong Mei Leong acrescentou que a fusão não vai ter consequências para os trabalhadores, nem para as rotas dos autocarros.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, a TCM vai também introduzir, esta semana, um sistema automático de travagem, a título experimental, nos autocarros nocturnos. A mesma empresa registou mais de 50 formações a motoristas devido a condução inadequada.

11 Jul 2018

Biblioteca Central | IC quer divulgar empresa vencedora do projecto ainda este ano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo procedeu ontem à abertura das propostas do concurso público para o projecto da Biblioteca Central e pretende divulgar o vencedor ainda este ano.

De acordo com All About Macau, Tang Mei Lin, chefe do departamento de gestão de bibliotecas públicas do Instituto Cultural (IC), disse que vai ser preciso tempo para avaliar as nove propostas recebidas, sendo que “tenciona divulgar o resultado da empresa concessionária em 2018”.

Em declarações aos jornalistas, Tang referiu que o Governo reiterou que não tenciona mudar de planos quanto a esta estrutura, mantendo o Edifício do Antigo Tribunal e integrando elementos urbanos na construção da nova valência.

11 Jul 2018

Crime | PJ lamenta informações falsas das autoridades da Malásia

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) lamenta as declarações falsas dadas pelas autoridades da Malásia relativamente à presença do empresário Jho Low, em Macau.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a PJ tinha informado na passada quinta-feira que o empresário em fuga já teria saído de Macau. No entanto, no mesmo dia, referiu que tinha existido um mal-entendido e que o homem de nacionalidade malaia que tinha deixado o território não era o empresário.

A PJ afirmou ainda que não vai divulgar dados pessoais ligados à entrada e saída de pessoas do território, e que o Subgabinete de Macau do Gabinete Central Nacional Chinês da Interpol já respondeu aos pedidos da Malásia. As autoridades locais lamentam, no entanto, que os serviços policiais estrangeiros tenham divulgado informações falsas sobre Macau na comunicação social.

Jho Low é procurado há mais de três anos no país de origem e segundo o Inspector-Geral da Polícia Real Malaia, Tan Sri Mohamad Fuzi Harun, estaria em Macau.

11 Jul 2018

Carta | Em Macau, do Passado ainda não reza a história. A propósito das “Chapas Sínicas”

Pedro Dias, Professor Catedrático da Universidade de Coimbra, ex-Director-Geral do Instituto dos Arquivos Nacionais – Torre do Tombo, ex-Director-Geral da Biblioteca Nacional de Portugal, Membro Emérito da Academia Portuguesa da História
António Vasconcelos de Saldanha, Professor Catedrático da Universidade de Lisboa e da Universidade de Macau, ex-Presidente do Instituto Português do Oriente, ex-Cônsul-Geral Adjunto de Portugal para os Assuntos Culturais em Macau e Hong Kong

 

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap] acau tem razões para se regozijar: importante documentação histórica recolhida nos Arquivo Nacional de Portugal relativa à administração Luso-Chinesa de Macau foi recentemente distinguida – depois de uma candidatura conjunta Portugal/Macau – com a distinção da inscrição no elenco da “Memory of the World Register” da UNESCO.

Antes de tudo, é uma distinção para Portugal que, legitimamente, é o possuidor e curador dos documentos; por tabela, é-o também para Macau, que tem assim o benefício de mais uma importante chamada de atenção para a riqueza de uma relação multissecular que está longe de estar totalmente estudada e compreendida. Para as duas partes, é um alerta para o facto incontornável de que não há história de Macau sem o recurso a fundos documentais que não estão em Macau, e que o seu estudo não dispensa competências linguísticas específicas e o trabalho de equipas conjuntas luso-chinesas.

Esperava-se, pois, que as entidades responsáveis de Macau entendessem esta saudável lição e não caíssem na tentação fácil da celebração impressionista, assente na ideia imatura de festejar o regresso (virtual) ao solo pátrio de documentação escrita em chinês, dispensando uma explicação clara do contexto histórico específico da sua produção, das razões da sua pertença a Portugal e do seu potencial para o avanço da historiografia luso-chinesa. Razões essas (e não outras como, por exemplo, o serem uma ignota maravilha chinesa) ponderadas pela UNESCO para a classificação do fundo como incluído no “Memory of the World Register”, e não na “UNESCO World Heritage list”

Pela amostra das declarações que têm sido veiculadas para o público, pelo género das conferências que marcaram a abertura de uma exposição de materiais vindos de Portugal, e do magro texto explicativo que as acompanha, já se percebeu que a esperança se gorou.

Seria pedir demais? Não o cremos. Não fora a proverbial falta de memória que grassa em Macau em tudo o que releva em termos de positiva contribuição Portuguesa, sobretudo em algumas instituições com elevadas responsabilidades culturais, certos eventos não ficariam relegados ao esquecimento. Por exemplo, o facto de que o que havia a fazer de relevante para a divulgação e celebração em Macau em termos da importância das “Chapas sínicas” conservadas em Portugal, está feito e dificilmente se poderá fazer melhor.

Referimo-nos concretamente à grande exposição “Sob o Olhar de Reis e de Imperadores. Documentos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo relativos à Administração Luso-Chinesa de Macau durante a Dinastia Qing”, que teve lugar em Macau de 14/12/2004 a 23/01/2005, na Galeria de Exposições Temporárias do IACM, isto é, no piso térreo do edifício do antigo Leal Senado, no centro de Macau.

Exposição que foi integrada nas comemorações do 250 Aniversário do Restabelecimento das Relações Diplomáticas entre Portugal e a China.

O elenco das entidades responsáveis pela organização deste evento fala por si próprio, em termos de uma alargada cooperação Luso-Chinesa que se quis marcar na ocasião: o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a Fundação Macau (FM) e o Instituto Português do Oriente (IPOR), em Macau, o Instituto dos Arquivos Nacionais – Torre do Tombo, em Lisboa.

A expensas do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Macau teve então a oportunidade de ver, no próprio palco secular da antiga governança de Macau, uma exposição comissariada por António V. de Saldanha, presidente do Instituto Português do Oriente, por Wu Zhiliang, presidente da Fundação Macau, inaugurada pelo Prof. Pedro Dias, Director do Arquivo Nacional, e projectada pelo Artista António Viana, onde, em 20 vitrines, se exibiram 52 documentos da série “chapas” Portuguesas e Chinesas, bem como duas telas setecentistas de monarcas Portugueses da colecção da Torre do Tombo.

Além disto, foi publicado a expensas de Macau, um magnífico catálogo concebido no IACM, onde, além de excelentes reproduções fotográficas dos documentos em exibição, se incluiu (nas versões Portuguesa, Chinesa e Inglesa) um estudo conjunto de António V. de Saldanha, Wu Zhiliang e Jin Guoping sobre o contexto histórico da produção das “chapas”, e que até hoje se pode considerar, sem presunção, o estudo mais completo sobre a administração Luso-Chinesa de Macau até meados do seculo XIX.

Neste momento em que, sobre documentos emitidos para Portugal e pertencentes a Portugal, o ICM faz a festa e lança os foguetes, dispensamo-nos de tecer comentários à total falta de contacto, referência ou mero convite aos Portugueses envolvidos há longos anos no processo de valorização histórica das chapas.

Lamentamos unicamente que o ICM ao levar ao público em geral a comemoração do galardão da UNESCO não preste a devida conta e respeite o trabalho, empenho e esforço de quem, em trabalho conjunto, no passado recente, criou, de facto, as condições para que o mesmo galardão fosse atribuído e para que o ICM o possa celebrar com foros de autoria.

E se calhar nem o celebra da melhor maneira. A mensagem passada ao público parece ser a de que das “chapas sínicas” só percebem os Chineses, e que a presença de Portugueses nesta questão fica resolvida com um convite ao Director da instituição detentora dos documentos para debitar pertinentes considerações de arquivística numa palestra em Macau. Possivelmente, é mais uma manifestação de um mal que se vem a agravar nos últimos anos em Macau: a convicção de que a História de Macau é uma certa História Chinesa de Macau, e que esta pode bem dispensar a História Portuguesa de Macau. Nunca foi essa a lição do esforço conjunto de muito Historiadores Portugueses e Chineses e da obra daí resultante, possivelmente muita dela, como se sabe, a apodrecer nos depósitos que o ICM tem precisamente à sua guarda.

Em Macau há que afrontar a questão: o Instituto Cultural – com todo o respeito pelo labor na área da arquivística, sobretudo o da directora do seu Arquivo Histórico – há muito que não tem competência cientifica sólida na área da História, da História de Macau, da História da Administração Luso-Chinesa de Macau (ou até no conhecimento e compreensão dos arquivos em Português relevantes para a História de Macau) para se elevar do plano do imediatismo do “sucesso local e efémero” e para estar a altura de lidar com uma questão cultural que nitidamente o ultrapassa, e que é a que respeita às seculares relações entre Portugal e a China.

A China prepara-se para, com Portugal, levar a Pequim uma exposição sobre as “chapas sínicas”, integrada nas comemorações do 20.o aniversário da transferência de soberania de Macau. Confiamos que a mudança de plano político e cultural acarrete consigo mais trabalho, mais saber, e, sobretudo, mais compreensão, e com a compreensão o respeito pelo fenómeno único na história das relações entre o Ocidente e Oriente, que é a solução político-administrativa conjunta que permitiu a Portugueses e Chineses conviver consensualmente no mesmo território durante quinhentos anos.

 

* Ambos os autores têm obra vasta e reconhecida sobre a História e Património Cultural de Macau

11 Jul 2018

Parques | Deputado Lam Lon Wai pede melhores espaços públicos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado dos Operários Lam Lon Wai quer que o Governo faça um melhor aproveitamento de parques e espaços públicos e critica a aposta neste tipo de instalações com dimensão “micro”.

Segundo uma interpelação escrita apresentada pelo deputado, quando os espaços públicos têm uma grande dimensão e equipamentos desportivos atraem facilmente os residentes, porém quando a dimensão é pequena, acabam por ser pouco utilizados.

Assim, Lam defende que se deve apostar nos espaços grandes, abdicar dos pequenos e criar melhores acessos ao nível de estacionamentos e transportes públicos. O legislador dos Operários sugere também a criação de uma grande área para a prática desportiva ao longo da zona B dos novos aterros, ou seja junto à orla costeira da Península de Macau.

11 Jul 2018

Homem danifica seis motas estacionadas ilegalmente e entrega-se à polícia

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m homem de 50 anos alcoolizou-se, na segunda-feira à noite, e danificou seis motas, que se encontravam estacionadas em cima do passeio, na Rua do Canal das Hortas. O acidente na zona do Toi San foi captado por uma câmara de vigilância de um estabelecimento local e colocado a circular nas redes sociais.

Horas depois do ocorrido, já durante a manhã de ontem, o residente entregou-se numa das esquadras das Polícia de Segurança Pública, confessou ser o autor dos danos e declarou estar disponível para compensar os lesados pelos prejuízos causados. A situação foi confirmada pela PSP, ao HM.

“O caso aconteceu ontem [na segunda-feira], por volta das 22h43, na Rua do Canal das Hortas. A polícia recebeu logo algumas denúncias de cidadãos a relatar a situação. Foram logo enviados agentes ao local para investigarem o caso”, contou, ontem, um porta-voz da PSP, ao HM.

“Mas hoje [ontem] de manhã o individuo apareceu na polícia de forma voluntária e confessou que tinha sido ele o responsável pela acção. Ele justificou o comportamento com a ingestão álcool e por ter problemas pessoais”, acrescentou a mesma fonte.

“Quando ele se apresentou de manhã mostrou-se disponível para assumir a sua responsabilidade e compensar os proprietários pelos danos causados nas motas”, sublinhou a fonte da PSP.

Acusação de dano

O caso vai agora ser entregue ao Ministério Público e o residente de 50 anos vai ser acusado da prática de um crime de dano. Este crime é punido com pena de prisão ou multa, mas está dependente de queixa. Caso seja levado a tribunal, a pena é atenuada se o arguido tiver reparado os danos causados até ao início da primeira sessão do julgamento.

No vídeo que começou a circular ontem pode ver-se o homem a dar pontapés em algumas motas e derrubar outras com as mãos. Também há um momento em que se eleva mesmo no ar, antes de pontapear um dos veículos.

Enquanto o acto decorre, o homem está acompanhado por uma mulher, que no final lhe bate com uma mala tiracolo. À PSP, o homem admitiu que a mulher que se vê nas imagens é uma familiar que também o repreendeu face ao ocorrido.

11 Jul 2018

Jogo | Cloee Chao quer continuidade de bónus para funcionários da Melco

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, Cloee Chao, entregou uma carta junto a Lawrence Ho, presidente da Melco Resorts, a solicitar a continuidade da atribuição de bónus aos funcionários.

Em comunicado, a responsável recorda que o programa de bónus deste ano deu a cada funcionário 14 meses de salário, salientando que os trabalhadores querem saber se o mesmo vai ter continuidade.

Cloee Chao reconhece que a Melco tem valorizado os funcionários do sector do jogo tendo em conta que há pouco tempo lhes atribuiu um bónus e aumentou o ordenado. A responsável acredita que o ano de 2018 será proveitoso para a operadora uma vez que os projectos administrados pela Melco têm sido desenvolvidos de forma eficiente, dando como exemplo dessa eficiência a recente inauguração do Morpheus.

Como tal, Chao apela também a alterações no cálculo dos descontos para o regime de previdência. De acordo com a dirigente associativa, o valor desta contribuição não tem sido calculado de forma justa. A responsável aponta as queixas que recebeu no passado mês de Junho e as quase duas mil assinaturas que a associação a que preside reconheu a assinalarem a “injustiça da situação”. Cloee Chao recorda que as restantes cinco operadoras já alteraram os seus procedimentos não calculando o valor da contribuição apenas sobre o salário base. Os trabalhadores reivindicam, que seja tido em conta a totalidade dos seus vencimentos.

11 Jul 2018

Canídromo | Plano sobre o futuro dos galgos entregue à DICJ

Após dois chumbos, era esperado que fosse o organismo liderado por José Tavares a receber mais uma proposta sobre o futuro dos galgos. No entanto, e apesar do IACM ter recebido uma cópia, o novo projecto seguiu aos cuidados de Paulo Martins Chan, director da DICJ

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m vez de entregar o plano sobre o futuro dos galgos ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), a Companhia de Corridas de Galgos (Yat Yuen) apresentou os documentos à Direcção de Inspecção e Coordenação dos Jogos (DICJ). A situação foi dada a conhecer pelo IACM, que confirmou ter recebido uma cópia do documento que vai ser analisado pela DICJ.

Segundo o HM conseguiu apurar, o plano apenas vai ser analisado durante a manhã de hoje. Contudo, em cima da mesa da Paulo Martins Chan estará um pedido por parte da Yat Yuen para levar os galgos para o Macau Jockey Club, depois de 21 de Julho, altura em que o Canídromo tem de ser desocupado.

O HM tentou obter uma posição do Canídromo, que apenas confirmou a entrega do plano, sem especificar o departamento a que tinha sido entregue o plano: “A informação vai ser analisada pelo Governo, que depois tomará as posições que considerar relevantes”, afirmou Stanley Lei, director-executivo da Yat Yuen.

A entrega do plano sobre o futuro dos galgos ao DICJ em vez do IACM não era esperada, até porque os dois planos anteriores apresentados pela empresa tinham sido dirigido aos IACM. Também o pedido para a entrega de um terceiro plano tinha partido do organismo liderado por José Tavares. Ontem era a data limite para a entrega do plano, segundo as exigências do IACM, com a data de 2 de Julho.

No entanto, e apesar da confirmação da recepção dos documentos, os departamentos governamentais não quiseram tomar posições durante o dia de ontem. As explicações apenas deverão ser avançadas ao longo de hoje.

Quarentena facilitada

Também ontem ficou a saber-se que as autoridades de Macau e Hong Kong assinaram um acordo que permite criar um regime especial de importação de galgos para a região vizinha. A revelação foi feita pelo Departamento de Agricultura, Pescas e Conservação (AFCD, na sigla inglesa) da região vizinha e permite que parte da quarentena dos galgos seja feita já em casa dos adoptantes.

Segundo o regime actual, os animais importados do exterior precisam ficar durante 120 dias nos centros de quarentena de Hong Kong. Porém, com esta alteração especial, vai ser possível que os animais, caso tenham todas as vacinas exigidas em dia e passem os exames de saúde, permaneçam 30 dos 120 dias em casa dos adoptantes. Antes disso, têm de permanecer 90 dias em Macau de quarentema, podendo este período ser passado em lojas e hotéis, entre outros locais.

A medida foi feita a pensar no encerramento da pista de corridas de Macau, que vai ser desocupado a 21 de Julho: “Como o Canídromo vai encerrar no dia 21 de Julho, o cumprimento dos procedimentos actuais para as pessoas que queiram adoptar os cães torna-se impraticável, devido à falta de tempo”, explicou um porta-voz da AFCD, citado pelo South China Morning Post.

Peta Asia implora a Chui Sai On

A representação asiática da associação de protecção dos animais PETA – People for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) criou uma carta modelo a implorar a Chui Sai On que entregue os galgos à Anima. Através do portal da associação, as pessoas podem assinar e enviar a mensagem de correio electrónico que será depois enviada para o Governo de Macau.

11 Jul 2018

Táxis| Motoristas querem participar na legislação que vai regular o sector

1700 motoristas de táxis entregaram uma petição à Assembleia Legislativa a manifestar o seu desacordo absoluto com a proposta de lei que pretende regulamentar o sector. Os taxistas consideram que o diploma é um atropelo aos direitos humanos e reclamam um papel mais activo, de legisladores, na elaboração do diploma

 

[dropcap style≠’circle’]“R[/dropcap]ígidas, desumanas, irrazoáveis e pesadas” são as palavras usadas por um grupo de taxistas para adjectivar as sanções previstas para o sector na proposta de lei que irá regulamentar o sector dos táxis, que se encontra em análise na especialidade. As queixas são feitas através de uma petição que foi entregue na Assembleia Legislativa (AL) e que reuniu 1700 assinaturas.

De acordo com a petição a que o HM teve acesso, “todos os motoristas do sector”, expressam a sua oposição à proposta e apelam “para que se melhore e clarifique com cautela, todas as disposições em causa”, lê-se

Os motoristas começam por referir as sanções previstas em casos de incumprimento, considerando-as como inaceitáveis e insuportáveis. Segundo a proposta de lei as sanções a aplicar aos taxistas podem ir das 3000 às 30 000 patacas.

O novo regulamento de táxis não é apenas rígido, referem os assinantes, como “ignora os direitos humanos e a justiça”. Os signatários alegam que o Executivo pretende com este processo legislativo “abrir um caminho para a futura importação de mão-de-obra” ao invés de promover um verdadeiro reordenamento do sector.

Tudo bons rapazes

O grupo de profissionais vai mais longe e desresponsabiliza os motoristas que têm sido, constantemente, acusados de cobrar tarifas que vão além do normal valor que um taxímetro devia fixar. “A cobrança excessiva realizada por uma pequena parte dos taxistas, que difamou o sector, deve-se aos preço elevados dos produtos e à oferta ser maior do que a procura”, lê-se na petição entregue à AL. Além disso, os taxistas argumentam ainda que “como Macau é pequena, a viagem é curta, e os critérios para a cobrança de tarifas estão desactualizados”, o que afecta a subsistência dos profissionais levando a que alguns optem por cobrar acima dos valores legalmente estabelecidos.

Os motoristas entendem que esta “pequena parte de profissionais” são “ovelhas negras” e que a melhor forma de evitar que seja cobrado dinheiro a mais aos passageiros é aumentar as tarifas.

Na petição é pedido que a bandeirada aumente das 19 para as 29 patacas e que por cada 200 metros sejam cobradas duas patacas. Os profissionais sugerem ainda um aumento de 30 por cento para os serviços prestados após as 23h. “Como são poucos os passageiros após as 23h, é difícil suportar as despesas com o aluguer dos táxis e com o combustível”, argumentam para justificar a necessidade da taxa adicional.

Desalinhados por natureza

As paragens nas linhas contínuas, que são proibidas na proposta de lei em análise, são também “injustas”. “Deve-se permitir aos táxis pararem nas linhas contínuas e descontínuas amarelas para apanhar ou deixar sair passageiros”, refere a petição.

Por outro lado, outra das reivindicações dos peticionários é que não devem estar sujeitos a horários definidos por lei, uma vez que são trabalhadores por conta própria. Os profissionais acham que é do seu direito definir o seu tempo de trabalho e de descanso e que “o Governo não deve intervir nos assuntos relacionados com a definição de horário de trabalho e das limitações das horas de trabalho”.

Relativamente aos limites estabelecidos pela proposta de lei para as licenças de taxistas a motoristas que têm cadastro criminal, os assinantes revelam que são contra esta “descriminação e contra os preconceitos”.

É ainda alvo de contestação a atribuição de novas licenças de táxis apenas a empresas. Para estes profissionais a revolta é unânime, uma vez que entendem que os motoristas é que “têm necessidades reais, não as empresas nem os investidores”.

Na opinião expressa na petição, o argumento apresentado pelo Governo de que esta é uma forma de melhorar a gestão do sector não só não é válido como reflecte falta de eficácia do Executivo. “O Governo não pode recorrer ao pretexto da gestão fácil para fugir às suas responsabilidades”, apontam.

Os motoristas peticionários entendem que o apoio à sua actividade em nome individual é imperativo e sugerem que lhes seja dado um subsídio para que possam participar nos concursos para atribuição de licença, um pouco à semelhança com o que se os apoio que se oferecem às PME.

A revisão do regime que regulamenta os veículos de aluguer deve ser feita em conjunto com o sector, sublinham, de modo a “repor a justiça e a garantir os direitos e interesses dos motoristas, em prol do bem-estar da população”, lê-se.

A petição pode vir a ser anexada ao parecer da proposta de lei, avançou ontem Vong Hin Fai, presidente da 3ª comissão permanente da AL onde está a ser analisado na especialidade.

Nos primeiros oito dias deste mês, a Polícia de Segurança Pública (PSP) registou um total de 114 infracções cometidas por taxistas, das quais 75 são relativas a cobrança abusiva de tarifas e 19 à recusa de transporte de passageiros.

11 Jul 2018

Legislação | Deputados defendem instalação de câmaras em táxis

Gravação de som não chega. É necessário o registo em imagem do que se passa dentro dos táxis. A ideia é defendida pela maioria dos deputados da 3ª comissão permanente que têm a seu cargo a análise na especialidade da proposta de lei que regulamenta o funcionamento do sector dos táxis

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] diploma prevê apenas a instalação de dispositivos de gravação de voz, mas a possibilidade de instalar câmaras de vídeo é também admitida pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. “Até ao fim serão tudo possibilidades, tudo é discutível”, referiu o governante aos jornalistas depois da reunião de ontem da 3ª comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL).

“A não previsão de instalação de câmaras de vídeo nos táxis é uma opção”, mas é necessário ter em conta as “questões técnicas ligadas ao custo da transmissão de dados o que implica um equipamento mais sofisticado”, disse Raimundo do Rosário.

Para os deputados a instalação de câmaras é pertinente e justificada. “Os deputados esperam que o Governo possa incluir a gravação de imagem dentro dos veículos de táxis”, disse o presidente da 3ª comissão permanente. O objectivo é “assegurar a resolução de conflitos que aconteçam dentro das viaturas e proteger os direitos e interesses de ambos os lados”, acrescentou.

De acordo com Vong, o Executivo deixou a intenção de pensar na possibilidade. “O Governo vai considerar esta sugestão e para o efeito vai consultar o Gabinete de Protecção e Dados Pessoais”, disse.

A caixa negra

No que respeita ao armazenamento da informação recolhida pelos equipamentos de gravação, os deputados consideram que a proposta em análise não é clara. “Houve muitos deputados que manifestaram preocupações e houve quem discordasse do ‘upload’ dos registos pelas autoridades, entendendo que devem antes ser armazenados dentro do veículo, como as caixas negras dos aviões”, disse Vong.

Segundo o presidente da comissão, o Governo manifestou-se de acordo com a manutenção dos dados das gravações dentro dos táxis, apesar de estar previsto que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego e a Polícia de Segurança Pública tenham acesso à informação apenas em caso de necessidade de prova.

Vong Hin Fai referiu ainda que a comissão recebeu uma petição assinada por 1700 motoristas, garantindo que vai dar acompanhamento à mesma. Vong referiu ainda que o documento será anexado ao parecer da análise quando esta estiver terminada.

 

 

Um caso isolado

Dos deputados da 3ª comissão permanente que analisa na especialidade a proposta de lei do regime jurídico que vai regulamentar o sector dos táxis, apenas Sulu Sou é contra as gravação de som e imagem dentro dos veículos. “Acho que não é necessário interferir na privacidade das pessoas para resolver os conflitos”, disse ao HM. Para o deputado que regressou recentemente às suas funções depois de quase sete meses de suspensão, o Governo deve pensar noutros mecanismos de modo a garantir a resolução de conflitos que acontecem dentro das viaturas. Para Sou está em causa não só a garantia de privacidade dos clientes como dos próprios taxistas. O deputado pró-democrata admite ainda que pode vir a concordar com outros pontos do diploma se forem melhorados, mas não com este.

11 Jul 2018

Metro Ligeiro | Secretário admite atraso na criação da empresa de gestão

A criação da empresa de gestão do Metro Ligeiro, agendada para o segundo trimestre deste ano, não aconteceu. Raimundo do Rosário admite que há atrasos mas que não vão influenciar a abertura da linha da Taipa prevista para 2019. Além das demoras na criação da entidade de gestão, o processo legislativo da lei do sistema de transporte do Metro Ligeiro também continua sem calendário

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, admite atrasos na criação da empresa de gestão do Metro Ligeiro (ML), mas continua a afirmar que a situação não vai impossibilitar a abertura da linha da Taipa prevista para o próximo ano. De acordo com Raimundo do Rosário, “a criação da empresa está atrasada, porque não se conseguiu terminar os trabalhos a tempo”, apontou o secretário aos jornalistas.

No entanto, Raimundo do Rosário nega que a demora tenha repercussões na data prevista de abertura ao funcionamento da linha da Taipa, agendada para 2019.

Na semana passada, a comissão de acompanhamento para os assuntos de terras e concessões públicas deu a conhecer um relatório em que expressava várias preocupações relativas ao atraso de procedimentos essenciais para garantir o funcionamento do ML.

Dada a necessidade de criação de uma empresa com fundos públicos responsável pela exploração do ML, o relatório refere que o Governo apontou que “iria envidar todos os esforços para criar a empresa de exploração do sistema até ao segundo trimestre deste ano”. A meta já foi ultrapassada e, até agora, não existe informação acerca da criação da referida empresa.

Outras demoras

Atrasado também está o processo legislativo sobre a lei do sistema de transporte ML.

A consulta pública referente ao seu regime jurídico terminou em Abril do ano passado. Em Julho foi publicado o relatório e produzido um ante-projecto da proposta de lei que foi entregue para análise aos serviços técnicos. O documento, refere a comissão, tem sido alvo de constantes aperfeiçoamentos pelo que não tem ainda uma versão para ser apresentada e votada na generalidade na Assembleia Legislativa. “Quanto ao ponto da situação do processo legislativo relativo às respectivas leis e regulamentos, por enquanto, [os elementos do Governo] não avançaram à comissão nenhuma calendarização para o referido efeito”, lê-se no documento.

No entender dos deputados da comissão, os regimes jurídicos que vão regulamentar o ML devem estar em articulação com o funcionamento da própria empresa. No entanto, a ausência de datas para finalizar as leis e criar a empresa de gestão pode comprometer a entrada em funcionamento do transporte.

11 Jul 2018

Ambiente | Exemplos de quem reduz o consumo de plástico no dia-a-dia

Julho é o mês livre de plástico. A iniciativa acontece um pouco por todo o mundo e em Macau tem sido promovida nas redes sociais por Hio Kam Pun na esperança de consciencializar mais pessoas. Numa altura em que o Governo pretende avançar para a restrição do uso de sacos de plástico, há cada vez mais pessoas a levar termos e lancheiras para o trabalho e há até estabelecimentos que recorrem a produtos biodegradáveis

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o hashtag #freeplasticjuly Hio Kam Pun acredita que pode, lentamente, começar a mudar mentalidades relativamente ao excessivo uso de produtos de plástico no território. O evento, que tem o nome de “Macau Plastic Free July Challenge”, foi criado no Facebook e já conta com algumas dezenas de participantes que, diariamente, vão partilhando fotografias da sua experiência diária sem plástico.

Numa altura em que são cada vez mais comuns a partilha de imagens de animais marinhos que morrem depois de engolir a imensidão de plástico que repousa nos oceanos, Hio Kam Pun, que abriu uma loja online de embalagens reutilizáveis, intitulada “Stuffbox Online Store”, decidiu apostar na criação do evento porque queria promover o conceito do não uso do plástico junto de mais pessoas. “Como vi o mesmo evento acontecer na Austrália, quis trazê-lo para Macau, para encorajar mais pessoas a partilharem a experiência ao usar menos plástico”, contou ao HM.

O grupo onde este evento foi criado tem cerca de dois mil membros, o que revela que as questões ambientais são cada vez mais um problema de muitos. “Penso que esta iniciativa pode inspirar alguém que não pense na possibilidade de usar menos produtos feitos com plástico, ou pode ajudar alguém a começar. Mas como não tenho qualquer orçamento para fazer a promoção deste evento, só posso tentar o meu melhor para encorajar mais pessoas a terem consciência do problema dos plásticos nos oceanos”, adiantou.

Flora Fong, funcionária pública, sempre esteve atenta à necessidade de proteger o meio ambiente com pequenas acções no dia-a-dia. Como membro deste grupo, também ela aderiu ao desafio “Macau Plastic Free July Challenge”.

“Todas as manhãs, quando compro o meu pequeno-almoço, não peço saco plástico, pois normalmente compro um pão. Depois prefiro beber o café ou chá no escritório em vez de comprar nos restaurantes. Uso o meu próprio copo ou termo”, frisou.

Apesar de tudo, Flora Fong ainda não conseguiu alterar a mentalidade da sua família. “É difícil mudar quando os familiares continuam a usar o plástico, e com eles só consigo mesmo reciclar as garrafas de plástico vazias. Quando faço compras no supermercado não levo os sacos, e é a única altura em que consigo convencer um pouco o meu marido. Ele não tem a mesma consciência [em relação à protecção do meio ambiente] que eu”, referiu.

Apesar de ter uma empresa online de venda de embalagens, Hio Kam Pun acredita que há pessoas que usam ainda menos plástico do que ele. “Normalmente, uso dois grupos de utensílios, com uma garrafa, uma lancheira, um guardanapo e um saco reutilizável. Só isso previne o uso de cerca de 90 por cento de produtos de plástico da minha parte. Outro método que uso é jantar em casa para substituir a embalagem caso não tenha comigo nenhuma lancheira. Mas sei que há pessoas que estão a fazer o mesmo que eu e até melhor do que eu”, apontou.

De referir que, em todo o mundo, se consomem dez milhões de sacos de plástico por minuto, e 60 mil por segundo.

Café mais consciente

A funcionar há dez anos no coração da Taipa, o estabelecimento Cuppa Coffee resolveu apostar agora em produtos biodegradáveis para servir café e comida aos clientes. Cristina Figueiredo, proprietária, explicou ao HM porque é que decidiu apostar nesta medida.

“Não são só palhinhas biodegradáveis que o Cuppa Coffee está a usar mas também copos e contentores plásticos biodegradáveis e compostáveis. São compostos por PLA (Polylactic Acid), feitos a partir de milho ou cana de açúcar. Não é a solução perfeita (o perfeito seria não existir nada descartável) mas é a que de momento acreditamos ser a melhor possível”, frisou.

Adquirir produtos biodegradáveis aumentou o orçamento do estabelecimento comercial em 28 por cento, mas nem isso fez Cristiana Figueiredo desistir. “A adopção de materiais que não beneficiam de produção em enorme escala tem custos associados, mas acreditamos que cabe a cada um de nós, enquanto habitantes deste planeta, [a responsabilidade] pelo impacto das suas acções, sejam elas individuais, sociais ou profissionais.”

“Apesar de sermos uma pequena empresa faz parte desta nossa responsabilidade minimizar o impacto ambiental e contribuir para a consciencialização dos nossos clientes acerca deste grave problema e da necessidade de eles próprios reflectirem sobre as consequências dos seus hábitos de consumo”, acrescentou. 

O factor financeiro poderá explicar o facto do Cuppa Coffee ser um dos poucos estabelecimentos que aposta em produtos biodegradáveis, uma vez, que de acordo com Cristiana Figueiredo, “os estabelecimentos isolados não têm capacidade de fazer muito”. “Primeiro é preciso educar os donos destes estabelecimentos, porque ninguém nasce ensinado e muitos estão ocupados a gerir o dia-a-dia dos seus negócios. Há um dever de o Governo educar os seus cidadãos em questões que têm um impacto profundo no tipo de cidade que é Macau. Neste momento, é uma cidade onde o descartável reina. É necessário ensinar aos cidadãos os princípios da redução e reciclagem para que desenvolvam hábitos de consumo consciente e práticas de gestão dos seus lixos.”

Quem usa produtos biodegradáveis deve também cumprir uma série de regras práticas aquando da recolha do lixo. “Os estabelecimentos licenciados, como é o caso do Cuppa Coffee, que são obrigados a contratar empresas de recolha de lixos, deveriam receber sacos com cores distintas para os diferentes tipos de lixos e este lixo deveria ser processado adequadamente.” Isto porque “incinerar lixo tem consequências na saúde humana e no ambiente e deve ser parte de um sistema de gestão de resíduos urbanos mais amplo, que inclua reciclagem e compostagem”, defendeu a proprietária.

Saco que poucos querem

Em 2016, Gilberto Camacho estava confiante de que podia contribuir para a redução de sacos de plástico. Acabava de criar a empresa Macau ECOnscious, que é também um grupo no Facebook, e a ideia era incentivar restaurantes e supermercados a comprarem sacos biodegradáveis que depois venderiam aos clientes pelo valor de uma pataca por saco. Dois anos depois, o balanço não é muito satisfatório. “O projecto não é só meu, é de várias pessoas. Vamos partindo pedra e avançando aos poucos, está a crescer, mas muito devagarinho.”

Neste âmbito, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou que ainda este ano deverá avançar com a elaboração de um regime que restrinja o uso de sacos de plástico nas compras, depois de ter sido realizada uma consulta pública sobre esse assunto. A restrição deverá abranger supermercados, lojas de conveniência, farmácias, armazéns de venda ao público, lojas de prendas de produtos alimentares, padarias e pastelarias e lojas de produtos de maquilhagem, beleza e higiene. Estão também previstas multas de 600 a 1000 patacas para os estabelecimentos que não cumprirem as regras.

Um estudo encomendado pela DSPA, referente a 2015, revelou que cada residente de Macau usa uma média de dois sacos de plástico por dia, atingindo, no total, os 450 milhões de sacos de plástico por ano. Mais de 70 por cento dos entrevistados consideraram que, quando vão às compras, são utilizados demasiados sacos de plástico.

Na visão de Hio Kam Pun, a população deverá aceitar uma pataca por saco de plástico. “Acho que as pessoas estão dispostas a pagar por isso, porque é a responsabilidade do cidadão. Nas regiões vizinhas já implementaram esta política, então penso que em Macau as pessoas também vão querer proteger o ambiente.”

David Gonçalves, director do Instituto de Ciências e Ambiente da Universidade de São José (USJ), defende que o Governo tem de ponderar uma série de factores até implementar medidas em prol da redução do plástico, e acredita que as pessoas vão, aos poucos, mudando a sua mentalidade.

“Esta iniciativa do Facebook é uma das evidências de que as mentalidades estão a mudar e que as pessoas se começam a preocupar com este assunto, ainda que haja alguma distância em relação ao que se está a fazer noutros locais do mundo. Acho que Macau deveria acelerar não só a parte de desenvolvimento da consciência cívica sobre este assunto como ter práticas que levem à redução da produção e do consumo do plástico.”

Os números que David Gonçalves referiu ao HM, sobre a produção do plástico no mundo, assustam qualquer um. “Em 1950, em todo o mundo, produziam-se 1.7 milhões de toneladas de plásticos, hoje em dia passamos para 350 milhões e estima-se que em 2050 passemos aos mil milhões de toneladas de produção de plástico. Se houver uma equivalência em termos de saída destes plásticos para o ambiente, que saem por várias vias, mas sobretudo através dos rios (que levam 80 a 90 por cento do plástico para os oceanos) vemos que é um problema agudo mundialmente e que tem tendência a agravar-se.”

11 Jul 2018

Estudo | Zona marginal da Taipa é a mais poluída com microplásticos

Uma tese de mestrado defendida na Universidade de São José revela que uma centena de cosméticos e produtos de higiene pessoal, de um total de 144, contém microplásticos que facilmente vão parar ao meio ambiente. Das seis zonas costeiras analisadas, a marginal da Taipa é a que está mais poluída, registando 41 por cento de todos os microplásticos analisados

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cremes de rosto, as espumas de barbear e produtos de esfoliação que usamos para ter a pele mais limpa e suave estão a poluir o meio ambiente e a provocar danos na nossa saúde. Estes produtos são produzidos com vários tipos de partículas de microplásticos que acabam por ir parar a rios, oceanos e reservatórios.

Uma tese de mestrado da autoria de Sam Pui Wa, defendida na Universidade de São José (USJ), revela que, do total de 144 amostras de cosméticos e outros produtos analisados, uma centena contém microplásticos. Estes produtos foram adquiridos em nove lojas de retalho do território e, de acordo com David Gonçalves, orientador da tese de mestrado e director do Instituto de Ciências e Ambiente da USJ, os resultados são alarmantes.

“Ela chegou a alguns dados importantes e também preocupantes. 100 desses produtos continham nos seus ingredientes um tipo de microplástico, e achamos que essa é uma percentagem elevada”, explicou ao HM.

Nas análises que foram feitas em laboratório, foi concluído que este tipo de microplástico “representa mais de 60 por cento do conteúdo líquido [dos produtos de higiene e beleza], o que significa que as pessoas, quando estão a tomar banho, fazem-no com plástico e depois essas partículas vão para as estações de tratamento de águas residuais que têm uma capacidade limitada para reter essas partículas. Muitas delas acabarão por escapar para o meio ambiente”, adiantou David Gonçalves.

A tese chega ainda a conclusões sobre a presença dos microplásticos nas praias e zonas costeiras de Macau. A marginal da Taipa é a zona mais poluída, com o registo de 41 por cento deste tipo de partículas, num total de 1569. Sam Pui Wa analisou 3800 partículas retiradas de 18 amostras de areia, que revelam que, em Coloane, também há poluição, apesar de a praia de Cheoc Van conter o menor número de microplásticos na areia, um total de 5 por cento. Já a praia de Hac-Sa tem um total de 25 por cento de partículas de plástico.

Limpeza de praia

Sam Pui Wa acredita que poderá haver ainda mais poluição do que aquela que os dados revelam neste trabalho, que serviu de acesso ao mestrado ciências ambientais e gestão da USJ.

“A recuperação dos microplásticos com base neste protocolo, adaptado das melhores práticas, não é completa e algumas partículas poderão manter-se nas amostras. Isto sugere que os resultados presentes neste estudo são, provavelmente, subvalorizados, e que os níveis de poluição por microplásticos no meio ambiente possam ser ainda maiores”, lê-se no documento.

Outro factor apontado por Sam Pui Wa remete para a limpeza de praias. “As actividades de limpeza das praias podem ser um dos factores que influenciou os resultados. Ainda que as partículas de microplásticos sejam invisíveis aos nossos olhos, é fácil recolher largas quantidades de plásticos que se podem desintegrar em partículas. Cheoc Va e Hac-Sa são as praias mais populares em Macau e são limpas frequentemente. Praias onde são raras as actividades de limpeza, como a marginal da Taipa, praia Sophia [em Cheoc Va] e pequena praia de Ka-Ho revelaram uma maior mostra de microplásticos, sugerindo que a limpeza de praias é relativamente eficiente nessa redução.”

Legislação necessária

A aluna da USJ defende ainda no seu trabalho que o Governo deveria implementar leis que proibissem a comercialização de produtos feitos com microplásticos. “Alguns países já baniram o seu uso e aderiram a produtos alternativos sem microplásticos. Avançar com medidas legislativas modernas para banir os cosméticos com microplásticos em Macau poderia colocar o território na linha da frente contra a poluição por microplásticos na Ásia.”

A tese contém ainda um inquérito que visa analisar a percepção da população em relação a esta matéria. Os resultados revelam que a noção dos perigos do consumo de produtos com microplásticos é baixa. “A concentração de microplásticos no ambiente marinho é uma questão relativamente recente e a compreensão do público relativamente a este assunto é ainda escasso”, escreve a aluna.

Um total de 92 por cento das pessoas inquiridas, na sua maioria empregados e estudantes universitários, afirmaram usar produtos de higiene pessoal e beleza que contém microplásticos, mas apenas 53 por cento das mulheres conhecia os problemas de saúde associados. Um total de 87 por cento das mulheres admitiu deixar de comprar este tipo de produtos.

11 Jul 2018

Birmânia mantém julgamento dos dois jornalistas da Reuters

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] justiça birmanesa decidiu ontem que vai avançar com o julgamento dos dois jornalistas da agência Reuters acusados de violação de “segredos de Estado”, no âmbito de uma investigação sobre a “limpeza étnica” da minoria rohingya.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), o juiz encarregado do caso anunciou ontem de manhã a decisão de iniciar o julgamento “sob a lei do segredo de Estado”.

Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram detidos em 12 de Dezembro por terem adquirido “documentos secretos importantes” de dois polícias. Se forem condenados incorrem numa pena de até 14 anos de prisão.

Na investigação que efectuaram, os dois jornalistas citam aldeões budistas que terão participado com soldados no massacre de dez rohingya cativos na aldeia, em 2 de Setembro de 2017. O trabalho dos jornalistas da Reuters foi baseado em testemunhos de aldeões budistas, membros das forças de segurança e familiares das vítimas.

O exército reconheceu, em Abril, que os militares cometeram “execuções extrajudiciais” neste caso, sem admitir que se integrava num plano mais amplo de limpeza étnica, com tem sido referido pela ONU. Alguns dias após a detenção dos dois jornalistas birmaneses, em Dezembro de 2017, o exército reconheceu que soldados e camponeses budistas tinham morto a sangue frio detidos rohingya, na primeira confissão pública após meses de desmentidos.

Feridas antigas

Myanmar (antiga Birmânia) tem estado em convulsão após as acusações de limpezas étnicas feitas pela ONU, na sequência de uma vasta operação do exército no oeste do país, em resposta aos ataques de uma rebelião rohingya em Agosto de 2017. Cerca de 700.000 muçulmanos rohingya que viviam nesta região refugiaram-se no vizinho Bangladesh desde Agosto de 2017 e acusaram os militares e as milícias budistas de diversos crimes, incluindo violações, tortura e mortes.

Os rohingya são o alvo de um movimento nacionalista budista, muito implantado na Birmânia, que os considera uma ameaça. O próprio Governo civil da prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi tem sido relacionado com este ódio anti-rohingya, muito instrumentalizado pela hierarquia das Forças Armadas, durante décadas de regime da junta militar.

10 Jul 2018

Serviços de aconselhamento académico II

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] semana passada falámos sobre o relatório do Conselho do Consumidor de Hong Kong intitulado “Estão os Estudantes Protegidos?”, uma análise sobre os Serviços de Aconselhamento para instutições académicas no estrangeiro. O estudo revelou que a informação prestada por estes serviços é desadequada e imprecisa, e que estas empresas parecem apenas servir os interesses das instituições que representam.

E porque é que os serviços de aconselhamento académico destes Agentes Educacionais são problemáticos? Em primeiro lugar, os critérios para o exercício desta actividade não primam pela exigência. Basta conseguir criar uma empresa e abrir um escritório para poder entrar no negócio. As qualificações dos Agentes Educacionais parecem ser tema para uma discussão. Se o Governo quiser regular esta actividade tem de definir em primeiro lugar os critérios que permitem exercê-la. Que qualificações deve possuir um Agente Educacional?

Será que se lhes deve exigir um diploma de uma qualquer Universidade estrangeira antes de iniciarem a actividade? Se for o caso, deverá o Governo determinar em que Universidade deverá ter estudado? Digamos que, se o Agente Educacional representar a Universidade ABC, deverá tê-la frequentado para poder exercer estas funções? Se a resposta a estas perguntas for “não”, então que qualificações deverá possuir? Será razoável exigir que o Agente Educacional tenha feito um curso superior no estrangeiro? Em caso afirmativo, teremos pelo menos a garantia de que estes profissionais estão a par da situação e do que implica estudar no estrangeiro .

O relatório do Conselho do Consumidor não só deixa avisos aos consumidores como também alerta os profissionais da área para uma lista de necessidades:

  1. Listar todos os Agentes Educacionais,
  2. Estabelecer mecanismos para resolução de conflitos,
  3. Estabelecer critérios de ética e de boas práticas, de acordo com os princípios internacionais que regem a actividade;
  4. É obrigatório que o Agente anuncie o valor da sua comissão e que disponibilize uma lista de preços;
  5. Estandartização do tipo de informações que podem ser prestadas e de como podem ser prestadas. Facilitar aos consumidores o acesso para a verificação destas informações;
  6. Necessidade de reciclagem profissional regular para que os prestadores dos serviços se mantenham actualizados.

No relatório também se encontram recomendações ao Governo:

  1. Ajudar os estudantes a compreender se a sua escolha de curso é adequada e proporcionar maior orientação para uma decisão de carreira.
  2. Implementar a publicação online de guias do consumidor que contenham informação detalhada sobre as equivalências dos diversos cursos disponibilizados por escolas estrangeiras.
  3. Aconselha-se o Governo a apoiar esta área para acelarar o seu desenvolvimento, quer através de incentivos à criação de empresas quer através de outro tipo de fundos.
  4. Criação de directrizes, em colaboração com os profissionais da área, para o marketing e promoção da atividade, de forma a que os consumidores possam usufruir de informação mais precisa.
  5. Deve ser criado um mecanismo regulador de conflitos. No entanto alguns destes conflitos, devido à sua natureza pouco clara, não podem ser resolvidos, apesar do mecanismo regulador.

Algumas situações não podem ser bem definidas neste contratos. As áreas onde se encontram estas instituições são muitas vastas. Se pedirmos que os Agentes forneçam toda a informação sobre acomodações e transportes relativa à escola a que o estudante se está a candidatar, e essa condição passar a constar do contrato, serão levantadas algumas dificuldades de ordem prática, já que essa condição não pode ser bem definda. Que critérios poderão ser adoptados para medir o grau de satisfação com o serviço prestado?

Para além disso, se a escola não tiver acomodações próprias para alojar os estudantes, poderá o requisito “fornecer a informação necessária sobre acomodação e transportes relativos à escola a que o estudante se candidata” ser aplicado?

Este tipo de questões não dizem directamente respeito às escolas, mas são parte integrante da vida de um jovem que estuda no estrangeiro. Se os parâmetros da “informação” prestada pelo Agente Educacional não forem bem definidos, como é que se vai poder estabelecer o mecanismo de resolução de conflitos?

O relatório aconselha o Governo a informar o consumidor sobre estas matérias online. Mas quanto a estas alíneas, o Governo poderá vir a ter as mesmas dificuldades que se colocam aos Agentes. Mas se este tipo de informação for veículado oficialmente, poderão os Agentes Educacionais confiar nos seus conteúdos e transmiti-los aos clientes? E se isso vier a acontecer, poderão os agentes ser responsabilizados, caso a informação seja incorrecta ou estiver desactualizada?

Só para concluir. Não parece ser fácil adoptar novas medidas reguladoras desta actividade, a auto-regulação para ser a melhor solução de momento.

10 Jul 2018

“Pintor e a cidade”, de Manoel de Oliveira – Um amor inequívoco pelo essencial

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]oje vamos abordar um filme algo esquecido da filmografia de Manoel de Oliveira. Trata-se de um documentário a cores, filmado em 1956. Grande parte daquilo que virá a ser os pilares estéticos na obra de Manoel de Oliveira – a outra encontraremos sete anos mais tarde em O Acto da Primavera – começa em O Pintor e a Cidade. Depois de Aniki-Bóbó, Manoel de Oliveira esteve 13 anos sem filmar. Mas durante este tempo, além dos afazeres de empresário, pensava e assistia a cinema, e em 1955 fez um curso de fotografia nos estúdios da Agfa-Gevaert AG – especificamente acerca da aplicação da cor ao cinema –, na cidade alemã de Leverkusen. O Pintor e a Cidade é o primeiro filme depois desse curso. Mas as diferenças entre este filme e o seu primeiro está muito longe de se traçar em cores.

“Fiz O Pintor contra O Douro. Enquanto O Douro é um filme de montagem, O Pintor é um filme de êxtases. Eu descobri no Pintor e a Cidade que o tempo é um elemento muito importante. A imagem rápida tem um efeito, mas a imagem quando persiste ganha outra forma. O Pintor e a Cidade é uma obra fundamental na minha carreira, na mudança da minha reflexão sobre o cinema. (…) É a primeira vez que eu volto as costas a um cinema de montagem.” [Manoel de Oliveira, Cem Anos, Cinemateca, pp. 56-7]

Em O Pintor e a Cidade, Manoel filma a cidade do Porto através do olhar e das aguarelas do pintor António Cruz, considerado como o maior aguarelista dos tempos modernos. Acerca dele, Abel Manta, em entrevista a Manuel Lavrador (in Sol), diz: “é sem contestação o maior aguarelista português dos tempos modernos. Tirou a aguarela da banalidade para a que a tinham arrastado Roque Gameiro e os aguarelistas portugueses. Deu-lhe grandeza, ressonância sinfónica; levou-a até atingir o valor de uma alta expressão sintética e afastou-a da superficialidade habitual.” Também, décadas mais tarde, em 2015, José Emídio, pintor e responsável da Cooperativa Árvore dirá que “António Cruz é o grande aguarelista português do século XX. É um artista de uma mestria extraordinária. Além de pintor talentoso soube tirar partido das neblinas, a luz, o granítico das sombras, as pontes e o rio. Só um homem que viveu intensamente a cidade seria capaz de a mostrar com este olhar sensível.” E é precisamente estas neblinas, esta luz, este granítico das sombras, as pontes e o rio, que Manoel de Oliveira vai filmar através dos quadros do pintor e do seu olhar.

Manoel mostra claramente duas coisas neste filme, que se tornariam fundamentais ao longo da sua obra: 1) não há distinção entre real e ficção no que é captado pela câmara; 2) a câmara é uma janela para o mundo – o que se filma –, e tal como a janela de uma casa, ela não se move e força-nos à atenção daquilo que passa por ela. Várias vezes, em entrevistas, Manoel de Oliveira referiu-se à relação entre ele e a câmara e entre esta e o mundo. Dizia que a máquina de filmar não faz nada, e que o cinema é tudo o que se põe diante da máquina de filmar. Podemos mesmo dizer, de modo Copernicano, que não é a câmara que anda à volta das coisas, mas as coisas que andam à volta da câmara. A câmara está no centro do universo.

Na sua obra, em dois volumes, acerca do cinema, Gilles Deleuze escreve: “Em regra geral, os poderes da Natureza não são enquadrados da mesma maneira que as pessoas ou as coisas, e os indivíduos da mesma maneira que as multidões, e os subelementos da mesma maneira que os termos. Tanto assim é que há no quadro muitos quadros diferentes. As portas, as janelas, os postigos, as frestas, os vidros de um carro ou os espelhos são outros tantos quadros no quadro. Os grandes autores têm particulares afinidades com tal ou tal desses quadros segundos, terceiros, etc.” [DELEUZE, Gilles. A Imagem-Movimento – Cinema 1, Documenta, Lisboa, 2016, p. 32]

Na verdade, e em relação à primeira afirmação de Deleuze, Manoel de Oliveira é claramente uma excepção. Mais: essa excepção torna-se a sua marca, pelo menos até aos anos 90. A câmara de Manoel de Oliveira enquadra um quadro do mesmo modo que enquadra a Natureza. E não é só em O Pintor e a Cidade – embora seja aqui que começa – mas pode-se ver claramente em toda a tetralogia dos amores falhados – e de modo geral ao longo de toda a sua obra. Especialmente nos três últimos filmes trágicos da tetralogia, Benilde ou a Virgem Mãe, Amor de Perdição e Francisca. Nessa primeira tragédia, o filme inicia-se precisamente com a câmara percorrendo os bastidores de um teatro. E, ao começar-se a cena, na cozinha de uma casa senhorial, a câmara foca uma fotografia pendurada na parede, que representa uma paisagem – muito provavelmente a paisagem exterior da casa –, e vai aproximando-se até que o quadro se torna toda a imagem captada pela câmara. Ficamos perante a evidência de que estamos no mundo da imagem, seja ela captada directamente pela câmara, seja ela captada indirectamente pela câmara. Não se distingue a imagem exterior, da imagem de uma fotografia do exterior, se a câmara de filmar fechar todo o ângulo de filmagem. Quando se começa a escutar o vento, sem que a paisagem se mova, compreende-se que estamos imersos no mundo da representação. Aquele quadro é uma janela, aquela janela é o mundo lá fora. Tudo é o que a câmara capta. Uma vez mais, e agora completamente ao encontro de Manoel de Oliveira, Deluze escreve: “Mas a única consciência cinematográfica não somos nós, cada um dos espectadores, nem o herói, é a câmara, ora humana, ora inumana ou sobre-humana.” [Op. cit., p. 40]

A câmara é a consciência do que se vê. É a consciência daquilo que se mostra. A câmara não distingue entre Arte e Natureza, filma igualmente um quadro exposto numa parede ou uma paisagem. Curiosamente, ou talvez não, Manoel de Oliveira faz precisamente aquilo que André Bazin – um dos co-fundadores dos Cahiers du Cinema – escreve em 1945 acerca dos surrealistas, num pequeno estudo intitulado “A Ontologia da Imagem Fotográfica”: “É que para o surrealismo, o efeito estético é inseparável da impressão mecânica da imagem sobre o nosso espírito. A distinção lógica entre o real e o imaginário tende a ser abolida. Toda a imagem deve ser sentida como objecto e todo o objecto como imagem.” [BAZIN, André. O cinema – ensaios, Editora Brasiliense, 1991, p. 25]

E podemos dizer o mesmo para a obra de Manoel de Oliveira: toda a imagem é um objecto e todo o objecto é uma imagem. A câmara transforma tudo em imagem. E não há imagens ontologicamente superiores a outras. Uma imagem é uma imagem é uma imagem é uma imagem. A imagem não é realidade. A imagem é o que a câmara capta. E ela não capta apenas quadros pintados, colocando-os ao mesmo nível da paisagem, ela também capta a nossa atenção ao plano fixo da câmara. E André Bazin, na sua análise ao cinema dos anos 20 aos anos 40, escreve: “(…) eu distinguirei no cinema de 1920 a 1940 duas grandes tendências opostas: os directores que acreditam na imagem e os que acreditam na realidade.” [Op. Cit., p. 69]

E páginas adiante vai anda mais longe, ao encontro do que aqui temos assinalado em Manoel de Oliveira: “É que acabámos de considerar o expressionismo da montagem e da imagem como o essencial da arte cinematográfica. E é principalmente essa noção geralmente admitida que questionavam implicitamente, desde o cinema mudo, realizadores como Erich Von Stroheim, F. M. Murnau ou R. Flaherty. A montagem não desempenha em seus filmes praticamente nenhum papel, a não ser o papel totalmente negativo da eliminação inevitável numa realidade abundante demais. A câmara não pode ver tudo ao mesmo tempo mas, do que escolhe ver, ela se esforça ao menos para não perder nada. O que conta para Flaherty, diante de Nanook caçando a foca, é a relação entre Nanook e o animal, a amplitude real da espera.” [Ibidem] É preciso não confundir esta “amplitude real da espera” com realidade. A “amplitude real da espera” é um acontecimento fenomenológico, não um facto real.

João Botelho, no seu filme O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu (2016), citando o seu mestre, diz: “A força poderosa e única do plano fixo – disse-me ele – tinha-lhe sido revelado pelo Dryer, na Joana D’Arc (1928), e pelo muito amado John Ford, aquele que dizia que só mexia a câmara quando os cavalos se moviam, para não correr o risco de distrair os espectadores do essencial.” Independentemente das influências que se possam ter, a verdade é que, tal como Miguel de Unamuno escreve em Do Sentimento Trágico da Vida, nós não somos pessimistas porque lemos livros pessimistas, pelo contrário, é porque somos pessimistas que lemos livros pessimistas. Os planos fixos exercem um poder sobre Manoel de Oliveira, porque ele os entende, ele vê neles algo de profundo, algo que faz parte de si mesmo, da sua natureza reflexiva. Em O Pintor e a Cidade, ele descobre o tempo como elemento fundamental no cinema. Tempo, aqui, em sentido de duração. E duração em ligação estreita com atenção. O tempo como tempo necessário à apreensão daquilo que importa, daquilo que é preciso realmente atentar. No fundo, o tempo como a nossa vida a dar-se conta dela em confronto com a arte. Pois é preciso não esquecer que, em Manoel de Oliveira, o cinema é sempre arte e não uma imitação da vida. O filme é um objecto para ser apreciado enquanto tal e não uma coisa que faz parecer ser outra coisa, sem que nos demos conta do objecto filme. Isto tornar-se-á mais claro ainda em O Acto da Primavera.

Quase cinquenta anos depois de filmar O Pintor e a Cidade, numa grande entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura do Brasil, uma jornalista – dos seis jornalistas que se encontravam no estúdio –, pergunta porque razão é que um homem que foi campeão de atletismo, de corrida de carros, que pilotou aviões, passou a fazer filmes que são o contrário disso. Ao que Manoel de Oliveira responde: “No automobilismo o movimento é o de vencer o tempo. No cinema é o de reflectir sobre ele.” O cinema é uma arte, que como toda a arte é reflexiva, que remete para a reflexão acerca da vida e não para a vivência da mesma. Na vida, Manoel de Oliveira anda depressa, na arte anda devagar. Assim, o plano fixo não é apenas uma influência de Dreyer e de Ford, é reflexo de uma hermenêutica de Oliveira acerca da arte do cinema. Há sempre como que um fundo fenomenológico nos planos de Oliveira, um forçar a atenção, quer seja pela repetição, quer seja pela permanência, forçando o espectador a ver, a atentar naquilo que está a ser mostrado, não lhe deixando possibilidade de fuga, não lhe lançando a corda da distracção, que tanto ele acusava o cinema “americano” de fazer. O cinema americano a que aqui nos referimos, tal como também Manoel de Oliveira, era o cinema dos blockbusters. Pois John Ford ou D. W. Grifith, por exemplo, são realizadores americanos e sempre foram considerados como mestres por Oliveira.

De facto, pelo menos a partir de um certo período da história, a arte não visa o entretenimento, e foi sempre assim que Manoel de Oliveira viu o cinema, como arte. Ele nem sequer era contra o cinema de entretenimento, apenas julgava que deveria também haver espaço para o cinema arte. E a arte, para ele, está indissociável do essencial, de mostrar o essencial. Um amor inequívoco pelo essencial. E, literariamente, não podemos deixar de pensar em Cesário Verde e no seu livro acerca da cidade de Lisboa, dos seus poemas que são como telas das paisagens desta cidade.

10 Jul 2018

Exposição | “Aprofundar” está patente no Art Garden até Setembro

“Aprofundar” é a exposição que junta seis artistas locais no Art Garden para apresentarem as suas reflexões acerca de Macau. A mostra é curada por James Chu que classifica a iniciativa como uma espécie de fio vermelho, que coloca em comunicação várias expressões visuais

 

[dropcap style≠’circle’]“A[/dropcap]profundar” apresenta trabalhos de seis artistas que vivem em Macau: Nick Tai, Cai Guo Jie , Eugénio Novikoff Sales, Peng Yun, Zhang Ke e Wong Weng Io. De acordo com o curador, James Chu, os criadores que compõe o elenco do evento que decorre no espaço do Art Garden “estão ligados por um fio vermelho que os atravessa”.

De acordo com o curador, os artistas propõem uma interpretação das características culturais da cidade partindo da sua própria percepção da realidade e do pensamento associativo usado para transcender os limites da aparência dos objectos. O objectivo é mostrar a “tentativa de conciliar a aparência e a consciência subjectiva através da arte contemporânea”, aponta no texto de apresentação do evento.

Para o efeito, os trabalhos presentes na galeria da Art for All Society , resultam de a uma variedade de técnicas e formas de expressão artística, “com base na reflexão sobre o tempo e o espaço, as emoções e o poder, a dissociação e a comunicação , bem como sobre o texto escrito e a tecnologia”, explica o curador.

Palavras trocadas

Natural de Macau, Nick Tai estudou arte e domina a língua portuguesa escrita. Nesta mostra Tai, em cada uma das suas peças, apresenta uma figura associada a uma frase em português escrita com erros comuns de forma a criar um conjunto de situações relativas a temas como a história e a identidade. O objectivo do artista é “transcender a realidade através do humor”, refere Chu.

“Aprofundar” conta com quatro obras de pintura a óleo nascidas da imaginação de Nick Tai. Uma delas apresenta uma figura que conta a sua história quase em formato monólogo. “Em conjunto, as obras perfazem uma sitcom que se desenrola debaixo de um mesmo tecto”, menciona o texto do curador. De acordo com a mesma fonte, a conexão entre os elementos das várias obras não é óbvia mas existe através de “elo mental em que o criador procurou explorar a relação entre a conveniência predeterminada e a alienação solitária, em que o espaço aproxima as pessoas, mas não o suficiente para estreitar os laços mentais e emocionais entre elas”.

Tinta de água

Natural de Taiwan, Cai Guo Jie vive em Macau desde 2011 onde começou a dedicar-se à reflexão sobre a cidade. Inspirado pelas suas deambulações pelas ruas da cidade, bem como pela cultura e emoção que permeiam o território, Cai recorre a “um estilo oriental contemporâneo e à aguarela chinesa como técnica para destilar com linhas suaves plenas de cambiantes, a essência da arquitectura e do traçado urbano de Macau”, lê-se na apresentação da exposição.

Em exibição na “Aprofundar” estão também obras inéditas apresentadas em forma de tríptico, uma opção baseada no formato associado ao cristianismo “muito utilizado como elemento decorativo junto aos altares das igrejas durante a Idade Média”. De acordo com Chu, “nesta obra foram aplicadas técnicas da pintura chinesa, permitindo o curvar do tempo e viajar ao passado para fundir novamente a cultura oriental e a cultura ocidental através da arte”.

A interculturalidade e a mulher

Filho de um artista local e de mãe bielorrussa, Eugénio Novikoff Sales passou parte da vida em Moçambique onde teve o primeiro contacto com as peças de escultura locais e começou o seu interesse pelo trabalho em madeira negra africana.

“Inspirados na experiência pessoal e vida quotidiana, os seus trabalhos são influenciados pela cultura e arte africanas”, aponta Chu. As obras patentes na exposição do Art Garden exprimem não só estas origens mas a sua conciliação com materiais e técnicas do oriente.

A obra da artista de Sichuan, Peng Yun é focada no feminino. “É uma das poucas artistas de Macau cuja obra foca a feminilidade, especialmente a complexidade, acuidade e emoções que são particulares nas mulheres”, aponta James Chu.

Em “Aprofundar”, a artista apresenta “uma força obstinada e paranoica, fundindo meticulosamente várias experiencias emocionais e consubstanciando-as numa forma de expressão e resistência objectiva e equânime”.

Nesta mostra, Peng Yun apresenta três obras de vídeo com mulheres como protagonistas que reflectem um dialogo entre as personagens e a sua experiência de vida ao mesmo tempo que “expressam o seu processo mental de crescimento (…) para revelar o sofrimento latente que têm vindo a acumular interiormente”, diz James Chu.

Em suma, “as obras retratam o processo através do qual emoções íntimas são convertidas, num piscar de olhos, em forças externas“. Em última instância, o objectivo é “explorar o processo de transformação da dor física e mental num regresso gradual à serenidade conquistada com o passar do tempo”, aponta.

Reinterpretação da nudez

Zhang Ke estudou arte contemporânea e experimental no continente. As obras que produz são pautadas por um “profundo sentido de curiosidade” e abordam “de forma ousada” o sexo. Para o efeito, a artista recorre a técnicas como a colagem e à reorganização de figuras antigas de nus “numa tentativa de libertar o instinto universal que á a sexualidade”.

Embora a sexualidade esteja patente em obras de arte e na literatura desde a antiguidade até aos dias de hoje, o tema continua a ser tabu junto do público em geral, sublinha o curador.

Com os trabalho de Zhang Ke, “transcendem-se os limites do tempo e do espaço estabelecendo um elo entre a Antiguidade e a Modernidade”, remata.

A incerteza do futuro

Da chamada geração Z, esta exposição apresenta os trabalhos de Wong Weng Io. “Tendo crescido entre o mundo real e o mundo virtual a artista foi profundamente influenciada pela era digital”, diz o curador.

O resultado, é a criação de obras que exploram identidade, a existência e a relação entre a consciência humana a tecnologia, num mundo onde cada vez mais o real e o virtual se confundem.

“Os caracteres originais foram convertidos em imagens digitais, alterando o seu significado simbólico para produzir criações subjectivas improvisadas que reflectem sobre a ligação e a influência mútua entre a sociedade actual e o mundo do futuro”, refere o texto de apresentação do evento.

A exposição está aberta ao público no Art Garden até 9 de Setembro e insere-se na iniciativa “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os países de língua portuguesa”.

10 Jul 2018

China | Valor da indústria florestal ultrapassa os 930 mil milhões de euros

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] valor total da indústria florestal da China ultrapassou os 930 mil milhões de euros, em 2017, informou ontem a Administração Nacional de Silvicultura do país, ilustrando a aposta de Pequim num modelo de desenvolvimento mais sustentável.

No ano passado, foram comercializados na China 127.000 milhões de euros em produtos florestais, disseram funcionários da Administração, durante a Conferência Anual Global do Fórum Ecológico, que decorre na província de Guizhou, no sudoeste do país. Os produtos florestais da China incluem bambu, cogumelos, mel, amoras, sementes, entre outros.

A mesma fonte informou que a indústria criou 52 milhões de empregos, contribuindo em média para 20 por cento do rendimento das populações mais pobres nas regiões montanhosas do país.

A China tem 306,7 milhões de hectares de floresta. Décadas de acelerado crescimento económico causaram sérios problemas ambientais no país, com as principais cidades do país a serem frequentemente cobertas por um manto de poluição e a terem parte dos solos contaminados.

Com cerca de 35 milhões de habitantes, a província de Guizhou é uma das zonas-piloto escolhidas pelo Governo Central para testar políticas ambientais. Situada nos cursos superiores dos rios Yangtse e das Pérolas, a província é conhecida pelas densas florestas e diversidade biológica. É também uma das mais pobres da China, com quatro milhões de habitantes a viverem com menos de 1,90 dólar por dia (1,60 euro).

As autoridades locais têm procurado, no entanto, promover um modelo de desenvolvimento limpo, com uma aposta na indústria de ‘big data’, em detrimento da indústria pesada, atraindo firmas como a Apple, Huawei, Tencent ou Alibaba com incentivos fiscais e mão-de-obra e electricidade baratas.

10 Jul 2018

China | ONG pede justiça para abuso contra advogados dos direitos humanos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização não-governamental Chinese Human Rights Defenders (CHRD) apelou ontem a que os membros do regime chinês responsáveis pela repressão contra advogados dos direitos humanos sejam julgados por detenção arbitrária ou tortura.

“Os responsáveis devem prestar contas pela perseguição exercida pelo Governo chinês contra advogados dos direitos humanos”, afirmou a organização em comunicado, quando se cumprem três anos do início da “campanha 709”, que resultou na detenção de mais de 300 activistas chineses.

Desde então, vários advogados envolvidos em casos de direitos humanos ou civis tiveram as suas licenças profissionais suspensas ou retiradas.

No entanto, “nenhum polícia ou funcionário governamental foi investigado ou processado criminalmente pelo seu papel nas violações cometidas contra estes advogados”, afirmou a CHRD.

A organização denunciou a detenção arbitrária, o acesso negado a um advogado durante o período de detenção, prolongamento de prisão preventiva, tortura ou represália contra familiares. “A ausência tanto de justiça para as vítimas como de julgamento das autoridades que ordenaram ou levaram a cabo [estes abusos] acompanharam o aumento da perseguição a advogados”, acrescenta.

Em Maio, a CHRD apresentou provas para que fossem impostas sanções contra o antigo responsável pela polícia da cidade portuária de Tianjin, segundo a lei norte-americana que autoriza o Presidente dos EUA a bloquear ou retirar vistos e impor sanções a cidadãos estrangeiros que violem os direitos humanos.

Zhao Fei, que é agora membro do governo de Tianjin, era o responsável pela polícia local durante a campanha 709, e esteve envolvido em 19 casos de abusos graves, segundo a CHRD.

Em Dezembro de 2017, o Governo norte-americano puniu com sanções Gao Yan, funcionário da polícia de Pequim, por estar ligado à detenção e morte sob custódia da dissidente Cao Shunli, após lhe ter negado acesso a tratamento médico.

10 Jul 2018

Tecnologia | Fabricante de ‘smartphones’ Xiaomi na bolsa de Hong Kong

As acções do fabricante chinês de ‘smartphones’ Xiaomi caíram 2,9 por cento, na estreia na bolsa de Hong Kong, numa altura de crescentes fricções comerciais entre Washington e Pequim, que têm abalado as praças financeiras mundiais

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s acções da Xiaomi abriram com uma cotação de 16,5 dólares de Hong Kong (1,3 euros), abaixo dos 17 dólares previstos na oferta inicial.

O fundador da Xiaomi, Lei Jun, reconheceu que a saída em bolsa da empresa ocorre num “momento crítico” das relações comerciais entre a China e os Estados Unidos, motivado pela política de Pequim para o sector tecnológico, e que tem causado volatilidade nas bolsas em todo o mundo.

“Apesar das condições macroeconómicas, que estão longe de ser as ideais, acreditamos que uma grande empresa pode enfrentar o desafio e diferenciar-se”, disse.

Antes da saída em bolsa, a empresa previu fixar o seu valor de mercado em 54.000 milhões de dólares (46.000 milhões de euros), aquém da proposta inicial de 100 mil milhões de dólares (83 mil milhões de euros), que caso se confirmasse seria a maior oferta pública inicial dos últimos anos, a nível mundial.

Contra-corrente

A empresa, com sede em Pequim, é a quarta maior fabricante do mundo de ‘smartphones’ por quantidade de produção, segundo a unidade de pesquisa International Data Corp. A marca chinesa é já comercializada em Portugal em várias lojas, e também em espaços de venda próprios.

Na sexta-feira entraram em vigor nos Estados Unidos as taxas alfandegárias sobre um total de 34.000 milhões de dólares de bens importados da China. Esta é a primeira de uma série de medidas retaliatórias de Washington contra alegadas “táticas predatórias” por parte de Pequim, que visam desenvolver o sector tecnológico, nomeadamente forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia, em troca de acesso ao mercado chinês.

A China prometeu punir as exportações norte-americanas no mesmo valor, suscitando receios de uma guerra comercial total entre as duas maiores economias do mundo.

10 Jul 2018

Taça da Associação de Futebol de Macau | Hang Sai faltou à meia-final

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hing Fung e Chao Pak Kei foram as equipas que se apuraram, no domingo, para as meias-finais da Taça da Associação de Futebol de Macau. O C.P.K. foi a equipa que teve a tarefas mais facilitada, uma vez que o adversário Hang Sai faltou ao encontro.

Como consequência, o resultado na secretaria foi a vitória do C.P.K. por 3-0. Por sua vez, Ching Fung impôs-se ao Monte Carlo por 1-0, com o golo a ter sido marcado por Ronieli Nascimento.

Nas meias-finais, Chao Pak Kei e Benfica de Macau, campeão e vice-campeão, têm encontro agendado, assim como Sporting de Macau e Ching Fung.

 

10 Jul 2018

Automobilismo | Aos 17 anos Sophia Flörsch irá correr no GP Macau F3

A primeira confirmação para a Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 do 65º Grande Prémio de Macau é Sophia Flörsch, que será apenas a terceira senhora a competir na corrida principal do cartaz desportivo de carácter anual da RAEM

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós dois anos a competir na Fórmula 4, a alemã irá correr pela Van Amersfoort Racing nas sete provas que faltam até ao final do ano do Campeonato Europeu FIA de Fórmula 3 e participará também na prova de fim de época em Macau, anunciou a equipa holandesa na passada sexta-feira.

Sophia Flörsch tem apenas 17 anos e é embaixadora da organização sem fins lucrativas “Dare to be Different” da ex-piloto Susie Wolff, que tem como objectivo proporcionar oportunidades a talentos femininos em todas as áreas dos desportos motorizados, um sector profissional de dominação masculina.

“Depois de um período em que tive de dar prioridade aos estudos para passar os exames da escola, é fantástico regressar à competição e concentrar-me inteiramente na minha carreira”, afirmou a nova recruta da Van Amersfoort Racing, a equipa que serviu de trampolim de Max Verstappen para Fórmula 1.

Sobre a ascensão à Fórmula 3, Sophia, que se iniciou no automobilismo a pilotar karts quando tinha apenas 5 anos e que chegou a estar na mira dos responsáveis pelo exigente programa de jovens pilotos da Red Bull, confessa que tem pela frente “um grande desafio”, e espera que a experiência da sua equipa a permita “aprender bastante”.

A estreia de Sophia ao volante do Dallara Mercedes-Benz acontece já no próximo fim-de-semana no circuito holandês de Zandvoort.

Depois de Cathy e Tatiana

Logo nas suas primeiras edições o Grande Prémio chegou a ter no programa uma corrida de 10 voltas ao Circuito da Guia só para senhoras. Contudo, desde que em 1982 o Grande Prémio de Macau adoptou a Fórmula 3, só mais duas senhoras participaram na prova. Cathy Muller, irmã do bem conhecido Yvan Muller e mãe do piloto do WTCR Yann Ehrlacher, foi a primeira a fazê-lo. A francesa alinhou na edição de 1983 e terminou num honroso 12º lugar entre 25 concorrentes.

Só trinta e um anos depois voltamos a ver uma representante feminina na corrida de Fórmula 3 do Circuito da Guia, foi a ela colombiana Tatiana Calderón. A exemplo de Cathy Muller, Tatiana Calderón não deslumbrou, mas ficou bem longe de desapontar, terminando na 13ª posição num pelotão constituído por 28 pilotos.

Independentemente da performance e do resultado final, só pela sua presença Sophia Flörsch acrescentará mais um motivo de interesse na corrida.

10 Jul 2018