Hoje Macau China / ÁsiaGuerra Comercial | União Europeia pede cooperação dos EUA, Rússia e China O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apelou ontem ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Rússia e à China para que cooperem com a Europa a fim de evitar uma guerra comercial [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] isolacionismo norte-americano vendido por Donald Trump na campanha eleitoral está a ser cumprida, tanto do lado de Washington, como agora por parte de vários blocos de antigos aliados dos Estados Unidos. “Estamos todos conscientes do facto de que a arquitectura do mundo está a mudar diante dos nossos olhos e é nossa responsabilidade comum tornar esta mudança para melhor”, afirmou Donald Tusk, em Pequim, na abertura da 20.ª cimeira anual China-UE. Estas declarações foram feitas poucas horas antes do encontro entre Trump e o Presidente russo, Vladimir Putin, que se realiza na residência oficial do chefe de Estado da Finlândia. Na semana passada, Tusk recriminou as críticas de Trump aos aliados europeus, instando-o a lembrar-se de quem são os seus amigos quando reunir com Putin. Em Pequim, Tusk afirmou que a Europa, China, EUA e Rússia têm a “obrigação comum” de não destruir a ordem global, mas antes melhorá-la, ao reformar as regras internacionais de comércio. “Por isso apelo aos meus anfitriões chineses, mas também aos presidentes Trump e Putin, que comecemos em conjunto este processo a partir de uma ampla reforma da OMC [Organização Mundial do Comércio]”, afirmou. “Ainda vamos a tempo de evitar o conflito e o caos”, acrescentou. A cimeira anual China-UE ocorre numa altura em que entram em vigor nos EUA taxas alfandegárias sobre 34.000 milhões de dólares (29 mil milhões de euros) de importações chinesas, contra o que Washington considera serem “tácticas predatórias” por parte de Pequim, que visam o desenvolvimento do seu sector tecnológico. A China retaliou com um aumento dos impostos sobre o mesmo valor de importações oriundas dos EUA. Trump impôs também taxas sobre o aço e alumínio importados da UE, que retaliou com taxas sobre um total de 3,25 mil milhões de dólares de importações oriundas dos EUA. Fortaleza Europa Durante a cimeira, Xi Jinping vai oferecer um jantar ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que vão reunir-se com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Ambos os lados esperam “trabalhar em conjunto” para “proteger o multilateralismo, promover o comércio e facilitação do investimento”, afirmou Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Pequim e Bruxelas deverão expressar o seu apoio a um sistema de comércio multilateral baseado em regras e confirmar o seu compromisso com a modernização da Organização Mundial do Comércio, segundo o portal oficial do Conselho Europeu, numa altura em que China e UE se deparam com políticas comerciais protecionistas nos EUA. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, prometeu que a China vai continuar o processo de abertura da sua economia aos investimentos e exportações europeias. “A China aumentará de forma significativa o acesso ao seu mercado e reduzirá as taxas alfandegárias” sobre produtos necessários aos seus consumidores e empresas, disse Li, numa conferência de imprensa. Pequim e Bruxelas avançaram para uma “nova fase” nas negociações de um tratado bilateral de investimentos, que se desenvolvem há já quatro anos, afirmou. Li Keqiang apoiou ainda os esforços para actualizar as regras da OMC, que Washington considera estarem desactualizadas e complexas. Questionado se a China usou a cimeira de ontem para forjar uma aliança com a UE contra as políticas comerciais de Trump, o primeiro-ministro chinês afirmou que as disputas com Washington são uma questão bilateral. “A nossa cimeira não é dirigida a um terceiro país”, disse. A China tem tentado recrutar o apoio da UE para fazer frente às políticas comerciais dos EUA, mas há muito que os governos europeus partilham das mesmas queixas de Trump em relação a Pequim, nomeadamente a falta de acesso a vários sectores da economia chinesa. “Nós partilhamos das mesmas preocupações que os EUA. Mas há formas melhores e menos arriscadas de lidar com os problemas”, afirmou na semana passada Mats Harborn, presidente da Câmara de Comércio da UE na China. Em 2017, a UE registou um défice de 176.000 milhões de euros nas trocas comerciais com a China. “Pensamos que a China se pode abrir ainda mais”, disse Juncker, reafirmando o desejo da UE de que o país asiático melhore ainda mais as oportunidades para as firmas estrangeiras. Um relatório recente da UE afirmou que Pequim impôs mais obstáculos às importações e investimentos, em 2017, do que qualquer outro Governo.
Andreia Sofia Silva EventosInês Rodrigues acaba de publicar livro sobre investigação acerca do massacre de 1953, em São Tomé e Principe A obra da professora Inocência Mata, da Universidade de Macau, foi fundamental para Inês Rodrigues quando decidiu fazer o seu doutoramento sobre o Massacre de 1953 ocorrido em São Tomé e Príncipe. Doutorada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Inês Rodrigues fala sobre a sua investigação transformada agora em livro, intitulado “Espectros de Batepá. Memórias e narrativas do ‘Massacre de 1953’ [dropcap]N[/dropcap]um dos seus artigos afirma que o “massacre de Batepá” é um acontecimento praticamente desconhecido em Portugal. Como teve o primeiro contacto com este acontecimento e porque decidiu investigar este assunto? O primeiro contacto foi fortuito e deu-se quando li, pela primeira vez, a poesia da Conceição Lima, onde as referências ao massacre são recorrentes. A obra pioneira da académica são-tomense Inocência Mata [docente da Universidade de Macau], a quem devo muito intelectualmente e que tem três livros sobre a literatura são-tomense que são importantíssimos. Lendo estes textos, que são incontornáveis, apercebi-me que havia dimensões menos problematizadas deste evento histórico que poderiam ser iluminadas por uma pesquisa sistemática e global, a partir do campo dos estudos culturais, focada no «Massacre de 1953» ou «Massacre de Batepá», como também é conhecido. Diz também que em Portugal “se recusa a discussão de um evento perturbador”. Fala da comunidade académica, dos media? Neste sentido, ainda há muitos pudores em Portugal relacionados com o passado colonial? Em anos recentes, têm emergido muito mais espaços onde discutir e problematizar estes temas, sobretudo promovidos por associações de afro-descendentes e pela academia, mas também por alguns meios de comunicação social e jornalistas. Todavia, julgo que ainda há um longo caminho a percorrer. Considero que existe uma narrativa mestra, muito perceptível em certos discursos políticos e comemorações nacionais, por exemplo, que persiste em considerar o colonialismo português como tendo sido mais harmonioso e pacífico do que outros colonialismos europeus. Continua a não se aceitar muito do que aconteceu? Creio que ainda subsiste uma dificuldade em lidar criticamente com o passado colonial em certos núcleos nacionais e sectores da população, nomeadamente, no reconhecimento de que o colonialismo português compreendia dimensões de violência física e simbólica estruturais na administração, manutenção e gestão dos territórios e populações colonizados. No caso específico do «Massacre de Batepá», temos o facto de apenas em 2018 um Presidente da República português ter visitado um dos seus dos lugares emblemáticos (Fernão Dias), em visita oficial ao arquipélago, tendo aí reconhecido, a faceta ‘menos boa’, como disse Marcelo Rebelo de Sousa, da história de Portugal. Recordo, ainda, a actual proposta de construção de um eventual ‘Museu das Descobertas’ em Lisboa, que, felizmente, tem gerado uma profícua discussão. Estes ‘lugares de memória’ (estátuas, museu, toponímia, etc.) transportam significados simbólicos, transportam um passado de silenciamentos, exclusões e opressões várias que não podem ser ignorados. Daí que o manifesto publicado no jornal Público, e assinado por cem afro-descendentes portugueses, contra a edificação deste museu, nos moldes como foi apresentado e contra o que ele representa, seja um movimento importante para se perceber que estes processos de materialização da memória a partir do Estado têm que envolver a sociedade civil e não podem ser projectados desgarrados dos sujeitos. Estabelece uma ligação ao relato literário deste massacre, feito pelos poetas Alda Espírito Santo e Conceição Lima. Até que ponto a literatura foi importante para preservar a memória deste acontecimento? O corpus literário do massacre é muito heterogéneo e, por isso, é importante ter em conta os contextos de produção desses textos uma vez que a partir deles emergem valores estéticos e ideológicos diferenciados. Nesse sentido, na minha pesquisa, defini três períodos histórico-sociais e políticos específicos a partir do qual analisei as representações de Batepá. A dita ‘literatura colonial’ em que, na maioria das obras, são reproduzidos vários estereótipos associados às populações colonizadas. A literatura de testemunho, produzida sobretudo durante a luta de libertação no arquipélago e nos anos imediatamente posteriores à conquista da independência, a 12 de Julho de 1975, que constrói o ‘herói da liberdade da Pátria’. Por fim, a literatura da ‘pós-memória’ (seguindo o conceito proposto por Marianne Hirsch), isto é, as obras de escritores e escritoras que não viveram o massacre, mas que dele se apropriam criativamente como se de um passado vivido se tratasse – os herdeiros e as herdeiras de 1953. É esta literatura mais recente, sobretudo, mas em particular a poesia de Conceição Lima, que mais tem contribuído para complexificar as narrativas históricas do massacre, demonstrando que quadros teóricos e causais simplistas e categorias estanques como vítimas e perpetradores não são suficientes para se pensar este episódio, os seus actores ou para perceber como ele se desenrolou. De qualquer modo, e agora respondendo à questão mais directamente, a literatura, sobretudo a de testemunho, foi muito importante, à época, principalmente em certos segmentos da população são-tomense, para resgatar este acontecimento do passado, para construir uma comunidade próxima a partir dele e para fixar o sucedido numa narrativa que fosse passível de transmitir a ‘gerações’ vindouras. Faz também uma ligação com o termo “fantasmagorias”. Quer isso dizer que este massacre existe, sobretudo, no imaginário dos são-tomenses, existindo várias versões do mesmo? O fantasma, neste livro, é uma figura a que recorro de modos distintos: por um lado, enquanto elemento de imaginação e representação de um passado que continua muito presente na sociedade são-tomense e cujos legados ainda se fazem sentir no arquipélago e, por outro, enquanto elemento material e sujeito que produz conhecimentos. Isto significa que o massacre é um ‘fantasma’, no sentido da dialéctica visibilidade/invisibilidade, de que pouco se quer falar em Portugal; um ‘fantasma’ metafórico que, de modo marcante, paira no imaginário dos são-tomenses. Mas significa também que o massacre é reencenado de modo performativo por acção de espectros no sentido literal da palavra, como, por exemplo, no caso do Senhor Nove Nove, espírito de um sobrevivente de Batepá que ‘monta’ (para usar uma das expressões empregues localmente) o curandeiro Nijo e age como testemunha da violência persistente do colonialismo. Sobre Nijo e o Senhor Nove Nove há um documentário muito interessante e que recomendo vivamente, de Inês Gonçalves – ‘Na Terra como no Céu’. Estes fantasmas e seus significados simbólicos vão, por sua vez, contar diferentes versões dos acontecimentos de 1953. Este massacre foi muito importante do ponto de vista político, pois fundou o nacionalismo são-tomense. Acredita que foi fundamental para formar a sociedade actual de São Tomé e Príncipe? Não há evidências concretas ou factuais da relação entre o massacre e a criação do CLSTP (Comité de Libertação de São Tomé e Príncipe) ou, mais tarde, do MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe). Contudo, há uma narrativa nacionalista que, durante os anos 1960 e 1970, resgata este evento como fundador do nacionalismo são-tomense. Como o momento do despertar político dos são-tomenses para a necessidade da independência. Na ausência de luta armada no território (como sucedia em Angola, Guiné e Moçambique) ou de lugares de violência carcerária como o Tarrafal, São Nicolau ou Ilha das Galinhas, é o massacre de 1953 que congrega em si a resistência dos são-tomenses ao colonialismo, a heroicidade e o sofrimento destes homens e mulheres, a vontade da população em não mais se subjugar às arbitrariedades e brutalidade do sistema colonial, etc. Legitimou também o “Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe”, que afirma que institucionalizou a memória de uma forma não consensual. Pode especificar? Como conta detalhadamente Gerhard Seibert numa obra notável sobre o percurso político e social do país desde o colonialismo até à independência – Camaradas, Clientes e Compadres. Colonialismo, Socialismo e Democratização em São Tomé e Príncipe (2002, ed. revista e aumentada) –, nos anos 1960 e 1970, quando a narrativa nacionalista são-tomense se ancorou simbolicamente no massacre para as suas reivindicações de autodeterminação, optou por destacar alguns forros – grupo etno-cultural dominante no arquipélago e que designa os descendentes de ‘filhos-da-terra’ e de escravos alforriados – como os ‘heróis e mártires’ da resistência no arquipélago ao domínio colonial. Excluindo, por conseguinte, as acções e desejos dos trabalhadores contratados ou de forros de segmentos socioeconómicos vulneráveis do processo de imaginação e construção da nação. Esta narrativa, mobilizada, como disse, com maior ênfase, durante a luta de libertação e nos primeiros anos da independência ainda vai tendo algum lastro nos dias de hoje e falha em reconhecer adequadamente as muitas tensões e nivelações de estatuto presentes na sociedade colonial de São Tomé e Príncipe, constituídas não apenas com base em signos como a cor da pele, mas também em factores como classe social, diferença sexual, geografia, entre outros. Para se compreender o massacre é preciso, então, perceber primeiro os modos como o colonialismo português desempenhou um papel preponderante na categorização da sociedade do arquipélago, profundamente hierarquizada, instituindo, especialmente através do trabalho, relações de poder muito complexas entre portugueses, colonizadores de outras origens europeias, forros, angolares e trabalhadores contratados de várias geografias. Publicado este livro, que é o resultado do seu doutoramento, que projectos pretende desenvolver no futuro? É inevitável sentir que fica sempre imenso por dizer e explicar numa pesquisa deste género, acima de tudo porque se refere a um massacre colonial repleto de nuances e porque o meu lugar de enunciação é, inevitavelmente, Portugal… Elenco algumas das interrogações em aberto que avanço na conclusão do livro: por exemplo, serão a fantasmagoria e a figura do ‘espectro’ elementos profícuos de análise se ampliados às representações literárias de outros massacres fundadores, como, entre outros, Mueda, Wiriamu ou Pidjiguiti? Quais são as possibilidades de se construir uma memória pública crítica do massacre em Portugal? O que espero, na verdade, é que este arquivo da ‘imaginação do massacre’ possa permanecer um processo em aberto e que seja discutido e retrabalhado, suscitando novas interpretações críticas individuais e colectivas sobre o passado comum de Portugal e São Tomé e Príncipe.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTerrenos | Vasco Fong diz que Governo violou princípio da boa-fé Vasco Fong Man Chong, juiz do Tribunal de Segunda Instância que fez parte do colectivo que julgou o caso de nulidade de concessão de três terrenos, escreveu uma declaração onde mostra estar contra a sentença conhecida na passada sexta-feira. O juiz argumenta que, no caso de um terreno, o Governo terá violado o princípio da boa-fé no cumprimento do contrato [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi a primeira vez que um juiz se pronunciou sobre uma decisão proferida no âmbito da Lei de Terras, e que voltou a dar razão ao Governo sobre a nulidade de concessão de três terrenos. Vasco Fong Man Chong, juiz-adjunto do colectivo do Tribunal de Segunda Instância (TSI) escreveu uma declaração de voto vencido, inserida no acórdão, afirmando que não concordou com a decisão dos seus colegas, escreve o jornal Ou Mun. Na declaração de voto vencido, apenas disponível na língua chinesa, o juiz defendeu que tanto o Governo como as concessionárias têm culpa quanto ao não aproveitamento dos terrenos. Referindo-se apenas ao terreno localizado na zona sul da Baía do Pac On, concessionado à Companhia de Investimentos Polaris em 1990, Vasco Fong Man Chong esclarece na sua declaração que a empresa entregou, em 2010, um plano para o aproveitamento do terreno. O juiz aponta que se o Executivo tivesse considerado que a cota altimétrica do edifício a construir não estava de acordo com a planta de alinhamento deveria ter reprovado o pedido de imediato, ao invés de demorar anos a analisá-lo. Neste ponto, Fong Man Chong defende que o Governo também tem responsabilidades, o que fez com que o concessionário não tenha conseguido desenvolver o terreno. O magistrado adiantou ainda que renovação e adiamento do prazo são dois conceitos diferentes, sendo que, apesar da Lei de Terras não permitir a extensão do prazo de concessão além dos 25 anos, existe a possibilidade de adiar o prazo de desenvolvimento do terreno, sobretudo em casos onde a Administração tem responsabilidades a assumir. De acordo com o jornal Ou Mun, Vasco Fong chegou mesmo a recorrer à metáfora dos jogos de futebol, que duram 90 minutos, mas no caso de existirem situações que levem a desperdício de tempo, como marcação de faltas, deve haver um período de prolongamento. O juiz adiantou que o Governo demorou cinco anos a preparar os procedimentos de declaração de nulidade da concessão sem nunca ter respondido à concessionária. Para Fong Man Chong, nesse aspecto foi violado o princípio de cumprimento dos termos do contrato com boa-fé. Desta forma, foi defendido que o Governo deveria ter cooperado com a concessionária no sentido de concretizar as metas previstas no contrato. Na visão de Vasco Fong Man Chong, o Executivo deveria retirar o despacho que determina a anulação da concessão, pelo facto de o Governo ter violado os princípios da boa-fé e alguns preâmbulos do Código do Procedimento Administrativo. Advogado reagiu O caso já gerou reacções junto da comunidade jurídica. O advogado Daniel Chio Song Meng disse ao Jornal do Cidadão que concorda com a visão do juiz-adjunto sobre a sentença tornada pública na passada sexta-feira. Daniel Chio entende que nos últimos três anos têm sido frequentes os processos relacionados, sendo que os tribunais têm tratado os casos da mesma forma e apenas têm em conta o prazo de 25 anos do aproveitamento do terreno, sem terem em conta outros factores. Sobre a declaração de voto vencido de Fong Man Chong, Daniel Chio Song Meng lembrou que foi o único juiz com uma compreensão diferente da Lei de Terras, defendendo que os autores desse diploma pensaram apenas numa forma de abordar a falta de aproveitamento dos terrenos, sem pensarem na hipótese de alargar o prazo de concessão com base noutras razões. Para o advogado, a única possibilidade é rever novamente a Lei de Terras com base na posição do juiz do TSI. As concessionárias podem agora recorrer da decisão para o Tribunal de Última Instância. De frisar que Vasco Fong era coordenador do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais antes de ter pedido a demissão para voltar às funções de juiz. Antes disso esteve à frente do Comissariado contra a Corrupção.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCanídromo | Galgo morre de ataque cardíaco dez horas após ser adoptado O jornal Exmoo News noticiou ontem a morte de um galgo proveniente do Canídromo apenas dez horas depois de ter sido adoptado. Stanley Lei, director-executivo da Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, afasta responsabilidades da empresa, afirmando que o adoptante não transportou o cão como devia [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s imagens são chocantes e mostram um galgo em sofrimento à beira da morte, com muito sangue espalhado pelo chão. A notícia do falecimento de um cão adoptado do Canídromo, apenas dez horas depois do processo de adopção ter sido concluído, foi publicada ontem pelo jornal chinês Exmoo News e difundida nas redes sociais. Albano Martins, presidente da Sociedade de Protecção dos Animais de Macau (ANIMA), contou ao HM o que aconteceu com este animal. “Esse galgo foi adoptado pelo mesmo adoptante que ficou com outro cão que tinha um problema nas patas. O que aconteceu foi que esse animal foi transportado do Canídromo para a Areia Preta em condições que lhe provocaram um ataque cardíaco. Teve falta de ar e insolação, não se sabe se o cão foi levado dentro de um carro com pouca ventilação ou pela mão de alguém. Esses animais são muito sensíveis a esse tipo de coisas.” O presidente da ANIMA revelou ter em sua posse “fotografias em que se nota perfeitamente que o animal tinha a boca aberta e que queria respirar [e não conseguia]”. “O que se pode dizer é que o animal teve um ataque cardíaco que lhe provocou diarreia com sangue. A maior parte dos animais que têm vindo do Canídromo têm problemas complicados de saúde. Já no passado tinham problemas de diabetes, agora saem animais com pernas e clavículas fracturadas.” Outro cão adoptado pela mesma pessoa também tinha sinais de que poderia sofrer um ataque cardíaco a qualquer momento. “Tinha sinais no corpo, que já desapareceram, mas que indicavam que estava em riscos de ter um ataque cardíaco também. Isso foi-nos dito pelo veterinário que mostrou as mazelas que ele tinha.” Canídromo afasta responsabilidades Ao jornal Exmoo News, o adoptante confessou que, aquando da saída do animal das instalações do Canídromo, no Fai Chi Kei, o veterinário lhe garantiu que o galgo estava bem de saúde. Ao HM, Stanley Lei, director-executivo da Companhia de Corridas de Galgos Yat Yuen, quis deixar bem claro que o Canídromo nada teve a ver com esta morte. “Estamos atentos a esse assunto e todos os animais que são adoptados são consultados pelo nosso veterinário e também do IACM. Disseram-me que o novo dono não transportou o animal de acordo com as regras e manteve o animal debaixo de sol por um longo período de tempo. Eu próprio não li a notícia, mas falaram-me deste caso.” Stanley Lei não quis dar mais detalhes sobre o novo plano quanto ao futuro dos galgos, depois do chumbo da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Mas adiantou que, no processo de adopções, tudo tem sido feito em parceria com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais. “Não podemos dar nenhum cão para adopção sem que se faça uma análise às condições de saúde do animal. Temos o registo de saúde, é tudo verificado por um veterinário. Não trabalhamos de forma separada, e todos os cães foram avaliados por nós de forma apropriada”, frisou ao HM. Albano Martins mantém a sua versão bem diferente dos acontecimentos e defende que os galgos nunca foram bem tratados no Canídromo, ao contrário do que sempre afirmou Angela Leong, deputada, directora-executiva e co-presidente da Sociedade de Jogos de Macau, além de directora-geral da Yat Yuen. “Haverá montanhas de cães no Canídromo que estão num estado lastimoso de saúde. Estes cães vêm com carraças agarradas e pulgas. Vêm sem pêlos nas coxas, o que significa que dormiram no chão no Verão e Inverno. Nunca tiveram um sítio para dormir em condições e dormiram em cima de fezes e urina. Eles nunca cuidaram dos animais”, rematou.
Hoje Macau Manchete SociedadeCasinos | Pedidos de exclusão aumentaram no primeiro semestre [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Direcção de Inspeção e Coordenação de Jogos (DICJ) de Macau recebeu, nos primeiros seis meses do ano, 233 pedidos de exclusão de acesso aos casinos, mais 54 do que em igual período do ano passado, foi ontem divulgado. Do total, 200 pedidos foram de auto-exclusão (85,8 por cento), enquanto os restantes 33 (14,2 por cento) foram submetidos por terceiros, de acordo com dados publicados no ‘site’ da entidade reguladora. No ano passado, foram registados 376 pedidos de exclusão aos casinos, contra 351 em 2016, 355 em 2015, 280 em 2014 e 276 em 2013. Ao abrigo da lei, que entrou em vigor em Novembro de 2012, a DICJ pode interditar a entrada em todos os casinos, ou apenas em alguns, às pessoas que o solicitem ou confirmem requerimento apresentado para este efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em 2.º grau, pelo prazo máximo de dois anos. A lei prevê sanções administrativas para quem violar as regras, cujas multas oscilam entre as mil e dez mil patacas. É ainda imposto um “dever de fiscalização” às concessionárias de jogo, cujo incumprimento é penalizado com coimas que vão de dez mil patacas até 500 mil patacas. Na última quinta-feira, a Assembleia Legislativa aprovou, na generalidade, uma proposta de lei que proíbe todos os funcionários dos casinos de entrarem dentro dos espaços destinados ao jogo. “Entre os indivíduos registados nestes últimos anos como tendo sido afectados pelo distúrbio do vício do jogo, os “croupiers” e os trabalhadores do sector do jogo constituíam, conjuntamente, a maior percentagem”, afirmou na AL o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, para justificar a necessidade da nova legislação. Cerca de 56 mil desempenham funções, directamente ou indirectamente, no setor do jogo em Macau, de acordo com os últimos dados do Governo.
Sofia Margarida Mota PolíticaGuerra comercial China-EUA | José Pereira Coutinho teme influências negativas em Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Pereira Coutinho receia que a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos atinja o território. De acordo com uma interpelação escrita assinada pelo deputado, “o aumento das taxas alfandegárias aplicadas pelo interior da China a determinados produtos importados nos EUA não deve ser aplicado a Macau, da mesma forma que o aumento das taxas alfandegárias aplicadas pelos EUA a determinados produtos exportados pelo interior da China não deveria ser aplicado ao território”, lê-se. Na óptica de Pereira Coutinho, Macau oferece vantagens competitivas que podem atrair investidores, nomeadamente de empresas que desenvolvem produtos “de alto valor acrescentado e que podem importar materiais e exportar produtos sem os constrangimentos provocados por esta disputa comercial”. Para o deputado, esta situação pode, se for bem gerida, contribuir para a diversificação económica, evitando a extrema dependência do jogo, um objectivo há muito defendido pelo Governo Central, refere. Perigo de contágio Mas, a guerra comercial pode afectar o comércio mundial, aponta o deputado, uma vez que os produtos exportados e re-exportados podem estar sujeitos no futuro a um aumento das taxas alfandegárias e consequentemente, tornarem-se mais caros. Para Coutinho é importante estudar e perceber as consequências que esta disputa comercial pode provocar na economia, nas empresas e nos consumidores locais. Como tal, questiona o Governo se existe algum estudo quantitativo sobre o impacto do aumento dos impostos alfandegários sobre a actividade comercial das empresas de importação e exportação. O deputado quer ainda saber, sendo Macau um membro fundador da Organização Mundial de Comércio, como vai reagir, no seio desta organização, às medidas tomadas para aumentar os impostos alfandegários sobre a importação e exportação de produtos. Coutinho recorda que nos EUA entraram recentemente em vigor medidas para aumentar em 25 por cento os impostos alfandegários sobre cerca de 818 produtos produzidos e importados da China e que abrangem as indústrias aeroespacial, de informação e de tecnologia das comunicações, automóveis e maquinaria industrial. Do outro lado, o continente retaliou e impôs medidas semelhantes, no valor de 34 mil milhões de dólares, que afectam a importação de produtos dos EUA. Dentro do leque de itens abrangidos pela medida estão “produtos agrícolas como a soja ou de consumo como automóveis ou whisky, que passarão a ser mais caros quando forem vendidos no mercado chinês”, refere.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeCaso Kiang Wu poderia ser resolvido com mexidas na lei laboral, dizem deputados e advogado A lei permite que os trabalhadores possam mudar de emprego, mas o Hospital Kiang Wu exige a apresentação de uma carta de demissão aos enfermeiros que pretendam candidatar-se a um lugar nos Serviços de Saúde. A solução, apesar de difícil, passaria pela imposição clara de regras a este respeito na lei laboral afirmam deputados e o advogado Miguel de Senna Fernandes [dropcap style≠’circle’]“F[/dropcap]ico incrédulo com esta situação”, começou por dizer o advogado Miguel de Senna Fernandes ao HM referindo-se ao apelo feito aos enfermeiros, pela administração do Kiang Wu, para que se demitam antes de concorrer a um emprego na função pública. Para o advogado, este tipo de limitações colocadas aos funcionários só seriam combatidas através de normas legais especificas para o efeito. “Se houvesse uma previsão legal que proibisse esta situação, o Kiang Wu não poderia recusar-se ao seu incumprimento nem exigir absolutamente nada”, apontou. Mas, na realidade tal norma não existe e como tal uma solução para esta questão parece distante, essencialmente porque estão em causa questões “de mentalidade e culturais”. “Cada organismo terá as suas regras que interpreta como regras com uma certa deontologia, ou seja, quem trabalha para o Kiang Wu parece que praticamente está a jurar fidelidade perante essa instituição”, disse Senna Fernandes. No entanto, é uma situação que “vai contra a própria lei até porque as pessoas podem efectivamente concorrer a outros empregos, independentemente do trabalho que têm, e se a lei permite porque é que o Kiang Wu não havia de permitir?”, questionou. Abuso de poder O deputado Pereira Coutinho vai mais longe e classifica as exigências do hospital Kiang Wu como “abuso de poder” e uma situação que só pode ser evitada com uma revisão da lei laboral. “Esta situação não se consegue resolver sem que seja alterada a lei laboral”, sublinha. Para Coutinho, a necessidade de ajustar o regime é evidente em casos como este. “A lei permite o despedimento com e sem justa causa e é necessário mudar isto, para que os trabalhadores se sintam mais protegidos”. Para o efeito será necessária uma legislação que contemple a lei sindical e a negociação colectiva. “Se houvesse isto, esta questão estaria rapidamente resolvida porque seriam as associações legalmente instituídas e representantes legítimas dos trabalhadores que podiam entrar em negociações e contactos com a entidade patronal”, justificou ao HM. Fosso intransponível Já Agnes Lam reconhece “que proibir e ameaçar as pessoas caso elas se candidatem a outros lugares não é correcto”. “Podemos apenas fazer uma revisão da lei laboral para no futuro proteger os trabalhadores”, apontou ao HM. No entanto, para a deputada o problema vai além da legislação. “É preciso mais porque olhando para o quadro geral, a longo prazo, o que precisamos de fazer é saber como aproximar as condições dadas aos trabalhadores do Governo àquelas que são dadas aos do sector privado”, apontou. De acordo com Lam, existe uma discrepância muito grande entre as condições da função pública e no privado. É neste “buraco entre uns e outros que está a origem do problema”.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAlarme Social | Contradição e confusão em mensagem de Wong Sio Chak O boato é uma informação que não se sabe se é verdadeira ou falsa. Porém, no âmbito da nova lei da Protecção Civil, uma mensagem na página de Wong Sio Chak refere que apenas os boatos em que as pessoas sabem que são falsos vão ser punidos [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma mensagem no portal do secretário para a Segurança garante que o crime de alarme social vai ser utilizado com o pressuposto de que as pessoas sabiam que a informação que fizeram circular é falsa. No entanto, o documento é contraditório, porque no portal de Wong Sio Chak, por mais do que uma vez, é escrito que vão ser criminalizados os boatos. Por natureza, os boatos são informações que carecem sempre de confirmação e, assumindo o pressuposto da mensagem, não poderiam dar origem a um crime. O pressuposto aparece na mensagem de Wong Sio Chak desta forma: “a criação de um novo crime, proposto pelo Governo, destina-se a punir àqueles que emitam e propaguem intencionalmente boatos e rumores, no decurso de incidentes de ameaça e de risco colectivo, no pressuposto de os rumores são comprovados ‘falsos’ e não ‘ainda não confirmados’, e que prejudiquem a segurança e a paz pública”, pode ler-se na mensagem, transcrita segundo o original. “Facilmente se apreende a diferença de tutela deste novo crime – ‘boatos e rumores durante o estado de prevenção imediata, em face de incidentes de ameaça colectiva’, quando comparado com os que constam do Código Penal”, é acrescentado. Rumor e boato diferentes Contudo, o boato é uma informação que não está confirmada, podendo ser mentira ou falsa. Segundo o dicionário online Infopédia, da Porto Editora, boato é “notícia que corre publicamente, mas não confirmada; rumor, atoarda”. A mesma interpretação é feita no Ciberdúvidas, portal ligado ao Instituto Universitário de Lisboa: “boato é uma notícia anónima que corre publicamente sem confirmação”. Apenas a palavra rumor, quando não é utilizada como sinónimo de boato, se enquadra no pressuposto anunciado para o crime. Assim, o rumor é , de acordo com a Infopédia, “notícia que corre de boca em boca”. Porém, a mensagem que surgiu no domingo no portal de Wong Sio Chak fez sempre a diferenciação entre boato e rumor. “Este tipo de crime destina-se a preencher a parte que a lei penal vigente ainda não tem tomada em consideração e que provoca prejuízos para interesses fundamentais de Macau. Certamente que esse crime destina-se punir àqueles que emitem rumores e boatos determinantes do pânico e de situações caóticas no seio dos crimes”, é justificado. Ao longo do documento nunca é defina a diferença entre boatos e rumores, mas estes são descritos como “factores de perturbação e prejudiciais para a ordem e tranquilidade públicas”. O HM contactou o gabinete do secretário para a Segurança para esclarecer a informação, mas até ao final do dia não recebeu uma reposta. Conceitos abstractos Neste momento, ainda não é conhecido o texto onde está tipificado o crime de alarme social. Também o texto de consulta não adianta mais detalhes: “Prever um crime de falso alarme social relativo a incidente de protecção civil, punível com pena até 3 anos de prisão, para aqueles que, após a declaração do estado de prevenção imediata, emitam, propaguem ou façam propagar, boatos ou rumores falsos”, consta. Ao HM, o jurista António Marques da Silva considerou que a criminalização de rumores dolosos com intenção de criar o pânico ou alarme social é aceitável, mas que o texto precisa de ser muito claro e específico para evitar a criminalização de outras situações. “É preciso esperar para ver qual é o texto do artigo que tipifica o crime. Mas uma das regras da tipificação dos crimes é não utilizar conceitos genéricos, gerais e abstractos. Por exemplo, este crime devia ser tipificado de uma forma semelhante a “quem com dolo puser a circular notícias falsas para criar instabilidade”, começou por dizer. “Isto são tipos de crimes que não se compadecem com conceitos abstractos e que exigem dolo ou uma intenção de criar alarme social, não basta transmitir uma mensagem em que se acreditou para poder ser crime”, frisou. O jurista mostrou-se ainda preocupado com a utilização de conceitos genéricos e abstractos como “rumor” e “boato”. “Começar a construir tipos de crime com conceitos indeterminados e com linguagem corrente é um mau caminho do ponto de vista técnico. Se a interpretação que fizerem dos conceitos genéricos englobarem as informações comprovadamente falsas e outras que se provem que não são falsas mas que ainda não foram confirmadas pelo Governo é gravíssimo”, ressalvou. “Se formos por este caminho é a lei da rolha completa. As pessoas vão saber os factos, mas não vão dizer porque podem ir presas”, sublinhou António Marques da Silva. A lei de bases de Protecção Civil vai estar em consulta pública até 11 de Agosto.
João Santos Filipe Desporto MancheteGrande Prémio | Design de material publicitário criticado pelo sector e alvo de paródia nas redes sociais É a imagem de Macau que está a causa. É desta forma que os profissionais da área comentam os materiais publicitários da 65.ª edição do Grande Prémio, que tem sido alvo de fortes críticas. Ao HM, a organização evitou referir que empresa, ou pessoa, foi responsável pelo trabalho e quanto foi pago pelo serviço [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Grande Prémio de Macau só vai para a estrada em Novembro, mas a promoção à 65.ª edição do evento já está instalada no Edifício do Grande Prémio e os materiais de promoção começaram a ser distribuídos pela cidade. No entanto, o design destes materiais está a gerar controvérsia, mas também o divertimento dos cibernautas mais humorados nas redes sociais. Além disso, entre os profissionais da área em Macau existe um sentimento de incredulidade face ao resultado apresentado. Em causa está não só o facto das fotografias dos carros que competem nas provas terem sido substituídas por imagens que se assemelham a desenhos pré-feitos, mas também pela proporção dos carros e pelas cores do arco-íris utilizadas. Por outro lado, a falta de elementos que possam ser associados ao Grande Prémio de Macau é outra das falhas apontadas pelos profissionais do sector ouvidos pelo HM. “Não posso dar uma opinião profissional do trabalho porque não há ali qualquer referência que me permita dar uma opinião profissional. Este trabalho não tem base de comunicação, de conceito, não transmite uma mensagem. É simplesmente uma tentativa de decoração, sem haver qualquer ideia que promova Macau ou o Grande Prémio de Macau”, defendeu Henrique Silva, director criativo da empresa de design Goldfish. “O cartaz tanto poderia ser utilizado para este Grande Prémio de Macau como para as corridas de karting no Zimbabué. Não transmite uma identidade, nem nenhum elemento, nem nada que promova ou valorize a tradição da prova, da tradição das corridas, nem do Macau moderno e criativo que queremos ter”, acrescentou. Incredulidade no sector Já o designer Vincent Cheang confessou ao HM que a primeira reacção que teve quando viu a publicidade foi pensar que estavam a pregar uma partida. Segundo o próprio, a reacção foi comum a vários profissionais do sector com que convive. “Todos os designers que comentaram comigo este material publicitário acharam que era uma brincadeira. Não foi só um, foram todos!”, confessou o designer, ao HM. “Estamos a falar de um material publicitário que não cumpre os níveis de profissionalismo exigidos e que vai estar exposto mundialmente”, considerou. Para Vincent Cheang o primeiro problema deve-se ao facto do cartaz não conseguir apresentar as características do Grande Prémio de Macau, nem tão pouco de uma prova de automobilismo. “Quando estamos a falar de provas de automobilismo e do Grande Prémio de Macau, em particular, são eventos com uma atmosfera muito particular, há ali todo um som, um cheiro, um ambiente característico”, começou por justificar. “Mas este é um tipo de design que nem toda a gente tem capacidade para fazer. Há pessoas no sector que têm capacidade para fazer um bom trabalho com materiais sobre outros assuntos, mas que não conseguem transmitir estas ideias das corridas. E quando olho para o material publicitário deste ano, não reflecte em nada o ambiente especial do Grande Prémio de Macau”, opinou. Salada de elementos Outra das críticas apontadas é a falha de ligação entre os diferentes elementos apresentados, nomeadamente nos carros que pretendem ser réplicas das viaturas que correm na Fórmula 3 e a Taça Mundial de Carros de Turismo (WTCR). No cartaz falta ainda qualquer elemento que remeta para a Taça do Mundo FIA GT, uma das três provas com chancela da entidade que regula o desporto motorizado que decorre durante o fim-de-semana do Grande Prémio. “Olhando para o cartaz, nem posso dizer que vejo ali a intenção de se fazer uma coisa com um espírito retro. Não vejo essa intenção. Para mim só vejo mesmo mau gosto e utilização de elementos que me parecem clip arts [imagens de animação previamente feitas]”, aponta Henrique Silva. “Eu posso não gostar de um trabalho a nível estético e compreender a intenção ou a linguagem utilizada, mas neste caso nem isso é possível. É uma salada de elementos” justificou sobre a opinião expressa. Vincent Cheang aponta ainda o dedo ao arco-íris e ao facto dos carros seguirem uma direcção contrária à sensação de movimento do cartaz. “Quando vi as luzes a minha questão foi: mas o que é isto? É uma arco-íris? Qual a razão da escolha destas cores?”, confessou. “Se virmos bem, isto é um conjunto de elementos que foram colocados ali, mas que não se ligam. Não é suficiente meter os elementos juntos, sem que haja as proporções certas, sem que seja feita uma ligação entre eles. Honestamente, não sinto que tenha havido paixão neste trabalho”, frisou. Problema não é do sector Ao mesmo tempo que apontam as limitações do trabalho apresentado, os designers mostram-se preocupados com o impacto que o material de promoção do GP, que vai ser divulgado a nível mundial, terá para a imagem da RAEM. Uma situação que poderia ser evitada, até porque, dizem, o sector tem muito valor e talento. “Há talento em Macau nesta área e há pessoas capazes de fazer muito melhor. Mas isso também não é muito difícil, porque um estudante do primeiro ano do curso que se dedique consegue fazer um trabalho melhor”, opinou Vincent Cheang. “Não é só o Grande Prémio que é afectado pela falta de qualidade. É a imagem de Macau que fica em causa. Pior, estas imagens vão ser transmitidas em quase todo o mundo. Por isso, era importante que o trabalho tivesse grande qualidade e não fosse isto”, frisou. Henrique Silva diz mesmo que a bem do Grande Prémio, e se houver falta de verbas na organização, que está disponível para fazer o trabalho “gratuitamente”. Por uma questão de contexto, importa referir que o evento tem um orçamento que ronda os 220 milhões de patacas. “Não falo só por mim, de certeza que também há outras pessoas, mas estou na disposição, caso seja por falta de dinheiro, de numa próxima vez fazer este trabalho gratuitamente. Tenho a certeza que se o trabalho que se mostra, pelo menos internacionalmente, tiver boa qualidade, que esta seria a melhor forma de promover, desenvolver e internacionalizar esta indústria… melhor do que com subsídios”, afirmou. “E se há coisa que Macau sempre teve foram bons designers”, fez questão de realçar. Os dois profissionais ouvidos consideraram ainda que a grande responsabilidade do trabalho apresentado tem de ser apontada a quem tomou a decisão de aprovar este design como material de promoção das corridas. No segredo de Pun Weng Kun O HM entrou em contacto com a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, liderada pelo presidente do Instituto do Desporto, Pun Weng Kun, e perguntou duas vezes qual o preço da adjudicação deste serviços e qual a empresa ou pessoa responsável pelo design do cartaz. Nos dois emails recebidos pelo HM, a Comissão nunca respondeu às perguntas, escusando-se de apresentar o montante e a empresa responsável, apesar da insistência. Por esse motivo não nos foi possível entrar em contacto com o autor do trabalho. Organização pede compreensão para a “obra” “Cada obra recebida tem as suas próprias características, facto que se espera ser da máxima compreensão do público em geral”. Foi desta forma que a organização respondeu às críticas apontadas ao trabalho. Ainda de acordo com a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, o design do cartaz é made in Macau. “O Governo da RAEM tem providenciado, ao longo dos anos, diversas plataformas para o sector local da indústria criativa e cultural, com o objectivo de apoiar o desenvolvimento do seu próprio espaço criativo. E por isso, sempre que é necessário criar um design temático para o Grande Prémio de Macau ou para um outro evento organizado pelo Instituto do Desporto, o nosso Instituto convida sempre uma empresa de design ou designer do território”, foi explicado. Ao mesmo tempo, e apesar de não serem avançados valores, a organização diz que houve uma comissão que avaliou as diferentes propostas. “O Instituto de Desporto tem cumprido sempre a legislação de adjudicação de bens e serviços, no que diz respeito ao serviço da concepção gráfica do material publicitário do Grande Prémio de Macau, e mediante as propostas entregues, através da consulta a várias empresas locais de design, a Comissão de Apreciação de Propostas procedeu à avaliação conforme os respectivos critérios, tendo sido seleccionada a proposta que melhor correspondeu aos requisitos exigidos”, foi dito. Paródias na Internet Na semana passada, depois de terem sido afixados os cartazes publicitários no Edifício do Grande Prémio, a Internet respondeu com sentido de humor. “Vai ser uma prova com carrinhos de brincar”, escreveu um dos utilizadores, num grupo de conversação em língua chinesa. “Pensei que era uma publicidade sobre um posto para mudar óleo ao carro”, escreveu outro. Além disso, foram ainda partilhadas imagens associadas com a publicidade, nomeadamente uma em que são exibidos carros feitos de papel e outra com o popular jogo Mário Kart.
Hoje Macau EventosLuís Represas reconhece “outra dimensão” em novo álbum sem perder identidade [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] músico Luís Represas disse à agência Lusa que o seu novo álbum, “Boa Hora”, no qual partilha interpretações com Carlos do Carmo e Ivan Lins, revela “uma outra dimensão e outro olhar” sem perder a sua “impressão digital”. “Todo o processo criativo, de produção, em todo o processo de juntar os parceiros, tudo isto levou a se destapar uma pedra e descobrir a fase em que estou e me sinto muito bem, com uma outra dimensão e um outro olhar, sem perder a minha impressão digital”, disse o músico à agência Lusa. A “impressão digital é algo que custa muito a criar”, disse o músico, referindo que “há compositores que pulam de fases para maneiras de estar, e há outros que gostam de ir evoluindo, progredindo e caminhando, mantendo essa impressão digital, que é uma coisa que leva muito tempo e custa muito a ganhar”. A “impressão digital demora tempo a criar, mas é aquilo pelo qual o artista é reconhecido, quando se ouve, mas depois pegar nela e ir evoluindo e trabalhando com ela, é a forma como eu gosto de estar”, disse Represas, reconhecendo que tendo tido, ao longo da carreira, influências latino-americanas ou do fado, “há um veio que se mantém autêntico, que é um ADN”, que, no seu caso, defendeu, vem de quando começou nos Trovante, grupo que apontou como o seu berço e a sua escola. O álbum, cuja concretização contou com o apoio do Fundo Cultural da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), é constituído por 14 temas, entre os quais “Boa Hora”, que abre e dá título ao CD, uma letra de Jorge Cruz que também assina a música com Represas. Luís Represas partilha a interpretação de alguns temas com nomes como Jorge Palma e Paulo Gonzo, em “Cinema Estrada”, Mia Rose, em “A Curva do Horizonte”, Carlos do Carmo, em “O Colo do Vento”, e Stewart Sukuma, com quem colaborou várias vezes, em “Se Achas Bem”, que inclui versos numa das línguas de Moçambique, o changana. “Cada um [desses temas] tem uma razão especial e surge da conversa amena e boa, que temos mantido ao longo do tempo, mas foram surgindo conforme o correr da composição, nenhum foi premeditado”, defendeu Represas, referindo que era “uma lacuna” não ter ainda gravado com Carlos do Carmo, de quem é amigo “há muitos anos”. Entre os autores escolhidos, há José Calvário (1951-2009). Luís Represas gravou uma composição que o maestro lhe tinha dado, que encontrou casualmente e para a qual escreveu “A Curva do horizonte”. “Depois de Ti” surge de um poema da filha, Carolina Represas, com quem já tinha colaborado, tendo assinado, por exemplo “O Aprendiz”, de um anterior CD. “Não sou um ‘pai coruja’, e a Carolina é uma parceira como os outros. E desde que me reveja na forma como ela trabalha e nas palavras e nas ideias, e se o faz bem… é uma parceira como outros”, afirmou o músico que não escondeu o “orgulho” de a filha “estar a trabalhar na música e bem”. Para o CD, produzido por Fred Ferreira, foi “fundamental” o apoio da SPA, que qualificou como “um balão de oxigénio” e “a única hipótese de os artistas fazerem os seus próprios discos”. “O capital de investimento das discográficas é cada vez menor e menos eficaz”, o que se faz mais sentir quando se trata de um solista, como foi o caso. Sobre o álbum, Luís Represas realçou que “junta várias gerações e formas, aparentemente diferentes de estar na música”, o que qualificou como “muito bom”, pois demonstra que “não há preconceitos ou ‘conflitos’ geracionais ou de estilos de música”, sendo antes “uma enorme partilha de ideias”. “A música é uma das formas de arte mais transversais e aglutinadoras e serve, essencialmente, para unir”, conclui.
Hoje Macau InternacionalIngerência russa nas eleições nos EUA e situação na Ucrânia e na Síria pairam sobre cimeira Trump-Putin [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s presidentes dos EUA e da Rússia realizam hoje em Helsínquia a sua primeira cimeira bilateral, sob o espetro da ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e ainda da situação na Ucrânia e na Síria. O encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin realiza-se na residência oficial do chefe de Estado da Finlândia, Sauli Niinisto, e o Presidente norte-americano voltará pela terceira vez a discutir com o homólogo russo a situação na Síria, na Ucrânia e no Médio Oriente, e ainda o estado das relações bilaterais, de que se destaca a alegada ingerência russa nas eleições de 2016. Na sexta-feira, o procurador-geral adjunto dos Estados Unidos, Rod Rosenstein, revelou a acusação a 12 oficiais de inteligência russa, por práticas de pirataria informática no ato que elegeu Donald Trump para a Presidência. A proximidade entre os presidentes norte-americano e russo tem sido notória há mais de um ano, como também tem sido um facto que a Administração de Donald Trump foi envolvida em controvérsias por causa da ingerência russa. Antes de viajar para Helsínquia, durante a visita que efetuou ao Reino Unido, Donald Trump afirmou que os ataques ao Presidente russo são uma “caça às bruxas” e estão a prejudicar as relações com Moscovo. “Eu acho que isso prejudica a sério o nosso país, e prejudica a sério a nossa relação com a Rússia. Eu acho que nós teríamos uma oportunidade de ter uma relação muito boa com a Rússia e uma relação muito boa com o Presidente Putin”, afirmou. Por outro lado, o apoio, difícil de esconder, de Moscovo aos separatistas ucranianos e a intervenção militar na Síria, para manter Bashar al-Assad na Presidência, colocam a Rússia e os Estados Unidos em lados diferentes do conflito. Na Síria, o único denominador comum é o combate ao grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, mas tal não chega para esbater as diferenças que se acumulam entre Washington e Moscovo noutros domínios, apesar do bom relacionamento pessoal que os dois presidentes mutuamente cultivam. A cimeira de Helsínquia será a terceira entre presidentes dos dois países e embora não se pronuncie sobre a agenda do encontro, Trump ainda acredita que a melhoria das relações bilaterais assenta no bom relacionamento pessoal que mantém com Putin. Todavia, numa entrevista à CBS News, divulgada domingo por aquela cadeia de televisão norte-americana, Donald Trump afirmou que não espera muito da cimeira: “Não vou com altas expetativas”. Cerca de 2.000 pessoas manifestaram-se contra Trump e Putin em Helsínquia Cerca de 2.000 pessoas manifestaram-se ontem na capital finlandesa contra as políticas de Putin e Trump, que hoje se encontram em Helsínquia para a terceira cimeira entre os chefes de Estado da Rússia e dos Estados Unidos. A manifestação percorreu o centro de Helsínquia em protesto contra as políticas de imigração da Administração de Donald Trump e a intenção do Presidente dos Estados Unidos construir um muro na fronteira com o México e contra a homofobia impulsionada pelo Kremlin, a falta de liberdade e a detenção de ativistas na Rússia. O lema da manifestação foi “Seremos novamente grandes nos direitos humanos”, em alusão ao ‘slogan’ de Donald Trump desde que chegou à Casa Branca, há um ano e meio. O protesto contra os líderes das duas grandes potências nucleares reuniu ativistas da Amnistia Internacional, ecologistas, anarquistas e membros do movimento LGBT (lésbicas, homossexuais, bissexuais e transexuais). Também a comunidade ucraniana que vive em Helsínquia protestou contra o facto de a Rússia continuar a ocupar a Crimeia. “Que Putin faça tudo o que queira no seu próprio país é uma coisa, mas invadir outros países para lhes roubar territórios não está nada bem”, disse à agência Efe o ucraniano Víctor Ivanov, que marchou acompanhado da sua mulher envolto numa bandeira da Ucrânia. Oki, um finlandês que se expressa em russo, percorreu 250 quilómetros desde a cidade de Pori, no noroeste da Finlândia, para manifestar-se no centro de Helsínquia com um grande cartaz com os dizeres “Deportemos o racismo”. “Queremos que Putin e Trump deixem de estimular guerras em todo o mundo”, disse à Efe. A poucos metros, Helena, finlandesa que trabalha numa instituição da ONU em Genebra, exibia um cartaz que exigia a liberdade para o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, que cumpre uma pena de 20 anos de prisão na Rússia, por delitos de terrorismo, e que se encontra em greve de fome há dois meses. “A situação da liberdade de imprensa na Rússia é realmente deplorável. Falar com liberdade e trabalhar para os direitos humanos é muito problemático na Rússia”, afirmou Helena. A política migratória de Trump, que desde abril provocou a separação de cerca de 3.000 crianças indocumentadas das suas famílias, na fronteira com o México, foi outro dos temas que motivou o protesto.
Hoje Macau DesportoLuka Modric conquista a Bola de Ouro do Mundial 2018 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] médio Luka Modric conquistou a Bola de Ouro, o prémio de melhor jogador do Mundial 2018 de futebol, que decorreu na Rússia, apesar da derrota da Croácia na final perante a França (4-2). O jogador de 32 anos, que alinha no Real Madrid, foi titular em todos os sete jogos disputados pela seleção croata, tendo marcado dois golos, e foi determinante na caminhada da equipa de Zlatko Dalic até à final, naquela que foi a melhor participação de sempre da Croácia. Kylian Mbappé, de 19 anos, foi eleito o melhor jogador jovem do torneio, depois de ter marcado quatro golos pela França, incluindo um na final, e Thibaut Courtois, que ajudou a Bélgica a alcançar o terceiro lugar, foi nomeado o melhor guarda-redes da prova. O avançado Harry Kane, com seis golos, foi o melhor marcador deste Campeonato do Mundo, tornando-se no segundo jogador inglês a alcançar esse feito, depois de Gary Lineker, em 1986, no Mundial do México.
Hoje Macau DesportoCristiano Ronaldo chegou a Turim e é apresentado hoje pela Juventus [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] futebolista português Cristiano Ronaldo chegou ontem a Turim e será apresentado hoje como jogador da Juventus, depois de passar pelos exames médicos e formalizar o contrato com o campeão italiano. A Juventus informou que o avançado português aterrou no aeroporto de Caselle, em Turim, pouco depois da 17:30 locais (16:30 em Lisboa) a bordo do seu avião privado. Cristiano Ronaldo, pelo qual a Juventus pagou 100 milhões de euros ao Real Madrid, dará uma conferência de imprensa no Estádio Allianz, às 18:30 (17:30 em Lisboa), depois de se submeter a exames na J Medical, clínica do clube de Turim, e assinar um contrato de quatro anos, pelo qual deve arrecadar cerca de 31 milhões de euros líquidos por temporada. O capitão da seleção portuguesa deixou o Real Madrid após nove temporadas, durante as quais conquistou 16 troféus, incluindo quatro Ligas dos Campeões, e se tornou o melhor marcador da história do clube espanhol, com 451 golos em 438 jogos.
Hoje Macau DesportoFrança campeã mundial pela segunda vez, ao bater Croácia na final [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] França sagrou-se ontem campeã mundial de futebol pela segunda vez na sua história, 20 anos depois, ao vencer a Croácia por 4-2, na final da 21.ª edição da prova, disputada no Estádio Luzhniki, em Moscovo. Mario Mandzukic (18 minutos), na própria baliza, Antoine Griezmann (38), de grande penalidade, Paul Pogba (59) e Kylian Mbappé (65) apontaram os tentos dos franceses, enquanto Ivan Perisic (28) e Mandzukic (69) faturaram para os croatas. Os gauleses tornaram-se a sexta seleção a ‘bisar’ o título mundial, depois de Itália, Uruguai, Brasil, Alemanha e Argentina, sendo que conquistaram o primeiro fora, depois do triunfo em solo gaulês, em 1998, selado com um 3-0 ao Brasil na final. A final do Mundial não registava tantos golos desde 1966, há 52 anos, quando a anfitriã Inglaterra superou a RFA por 4-2, após prolongamento, sendo que o recorde, de 1958 (5-2 do Brasil à Suécia), ficou apenas a um tento.
Hoje Macau China / ÁsiaMilitantes de Hong Kong assinalam 1.º aniversário da morte de dissidente Liu Xiaobo [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ilitantes pró-democracia de Hong Kong ataram na sexta-feira faixas negras nas grades que rodeiam o edifício do gabinete de ligação do Governo chinês no território para marcar o primeiro aniversário da morte do dissidente Liu Xiaobo. Figura das manifestações pró-democracia em Tiananmen, em 1989, Liu Xiabo, primeiro chinês a ser distinguido com o Nobel da Paz (2010), morreu a 13 de julho de 2017 num hospital de Shenyang, no nordeste da China, vítima de cancro do fígado. O dissidente, que cumpria há mais de oito anos uma pena de 11 anos por subversão, foi libertado condicionalmente no final de maio da prisão, dias depois de lhe ter sido diagnosticado o cancro em fase terminal, e transferido para o hospital. Dezenas de manifestações concentraram-se em frente do gabinete de ligação chinês em Hong Kong, antes de uma outra ação mais importante ao fim da tarde. Este aniversário assinala-se alguns dias depois da partida para Berlim da viúva de Liu Xiaobo, a poetisa e pintora Liu Xia, após oito anos passados sob residência vigiada. Os manifestantes, que também colocaram um retrato do primeiro prémio Nobel da Paz chinês numa parede, exigiram ainda a libertação de Qing Yongmin, veterano da dissidência, condenado na quarta-feira, na China, a 13 anos de prisão. Qing Yongmin passou já 22 anos em detenção. O Governo chinês “libertou Liu Xia na terça-feira e prendeu Qin Yongmin na quarta-feira”, declarou Leung Kwok-hung, veterano da luta pela democracia na região administrativa especial chinesa. “A libertação de Liu Xia foi uma forma de enganar as pessoas”, sublinhou. O advogado democrata Kwok Ka-ki reclamou eleições livres na China e considerou a libertação de Liu uma forma de tentar obter o apoio de países europeus em plena guerra comercial com os Estados Unidos. Liu Xia, que não foi acusada de qualquer crime, estava sob residência vigiada, desde 2010, quando o marido foi distinguido com o Nobel da Paz. Liu Xiaobo foi o primeiro prémio Nobel a morrer privado de liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que morreu em 1938, num hospital, detido pelos nazis.
Hoje Macau InternacionalHamas anuncia que trégua foi para acabar com ataques israelitas sobre Gaza [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Hamas anunciou ter chegado a uma trégua para pôr fim aos ataques de Israel sobre a faixa de Gaza, parte de uma operação de grande escala que fez pelo menos dois mortos e 25 feridos palestinianos. O acordo terá sido conseguido com a mediação do Egipto, afirmou um porta-voz do movimento palestiniano que controla a Faixa de Gaza, Fawzi Barhum, em comunicado, embora Israel ainda não tenha feito nenhum comentário. Israel admitiu que fez os maiores ataques aéreos em Gaza desde a campanha de 2014 contra o Hamas. O primeiro-ministro israelita ameaçou “aumentar, se necessário, a intensidade dos ataques”, que chamou “uma acção contundente contra o terrorismo do Hamas”. Dois jovens de 15 e 16 anos atingidos por estilhaços dos bombardeamentos e 25 pessoas ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde palestiniano. Netanyahu garantiu que os ataques continuarão até que o movimento palestiniano “entenda a mensagem”, com bombardeamentos sobre dezenas de objetivos, incluindo dois túneis, armazéns e fábricas de armas, centros de treino e outros. Segundo indicaram responsáveis militares israelitas, trata-se de uma “operação em massa que está a acontecer em Gaza” e é uma represália por ataques contra Israel, nomeadamente “a grande quantidade de explosivos e projécteis incendiários e os ‘rockets'” disparados para Israel. Três civis israelitas ficaram feridos quando um ‘rocket’ atingiu a sua casa, no sul. Segundo o exército israelita, cerca de uma centena daqueles projécteis e granadas de morteiro caíram no sábado sobre Israel vindas da Faixa de Gaza. Entretanto, o exército israelita suspendeu as restrições que tinha imposto ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, num sinal de que aceitou o cessar-fogo mediado pelo Egipto, terminando com 24 horas de combates com militantes do Hamas. Os militares fecharam uma praia popular e impuseram limitações às aglomerações de grandes multidões, mas o exército informou ontem que os acampamentos de Verão vão funcionar normalmente e que a rotina diária pode ser retomada.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Cerca de 18 mil voluntários nas operações de limpeza e reconstrução [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 18 mil voluntários de todo o Japão participam no fim-de-semana em tarefas de limpeza e reconstrução das áreas oeste do país devastadas pelas fortes chuvas da passada semana, que causaram mais de 200 mortes e dezenas de desaparecidos. O Governo lançou um programa de voluntariado em colaboração com as autoridades locais para organizar os movimentos de voluntários e distribuir o trabalho, explicou o Conselho de Assistência Social do executivo. Quarenta centros de voluntários foram estabelecidos nas prefeituras de Ehime, Okayama e Hiroshima, localizadas no oeste do país e onde as chuvas causaram o maior dano, para gerir as tarefas de cerca de 18 mil pessoas que participam no programa de ajuda. “As autoridades locais estão demasiado ocupadas com as operações de assistência e evacuação, pelo que precisamos da ajuda necessária para as tarefas de reconstrução”, disse um porta-voz do Governo de Hiroshima à agência de notícias Kyodo. As chuvas fortes registadas desde 6 de Julho em quase metade do arquipélago japonês causaram 204 mortes e cerca de 40 desaparecidos, de acordo com os dados mais recentes fornecidos pelo Executivo. Cerca de 160 casas foram destruídas e outras 700 sofreram danos significativos, como resultado de inundações e deslizamentos de terra provocados pelas chuvas, enquanto cerca de 5.800 pessoas permanecem desalojadas. O acesso rodoviário a muitas das localidades continua a ser um problema para as autoridades, o que complica tanto as tarefas de encontrar pessoas desaparecidas como as tarefas de assistência aos desalojados.
Michel Reis h | Artes, Letras e IdeiasRecuperação urgente dos carrilhões de Mafra prestes a começar [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi publicada no dia 14 de Março de 2018 em Diário da República a portaria de extensão de encargos conjunta do Ministério da Cultura e do Ministério das Finanças do Governo de Portugal que desbloqueia os 1,5 milhões de euros destinados ao restauro dos carrilhões do Palácio Nacional de Mafra, ficando a Direcção Geral do Património Cultural autorizada a celebrar contrato no valor máximo de Euro 1.549.025,33, através do Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, destinado à operação de restauro dos carrilhões, encargos repartidos pelos anos económicos de 2018 e 2019. No passado dia 18 de Abril, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, afirmou no parlamento que “há luz verde” para que se inicie a empreitada de recuperação “urgente” dos carrilhões de Mafra, após a obtenção do visto do Tribunal de Contas, marcando o fim de um impasse de 14 anos, iniciado em 2004, quando se procedeu ao escoramento dos sinos. O ministro falava aos deputados da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na qual estava a ser ouvido no quadro de uma audição regimental, para apreciação da política geral do Ministério da Cultura. Desde Maio de 2014 que os carrilhões e sinos do Palácio Nacional de Mafra, que, no seu conjunto, constituem o maior carrilhão do século XVIII sobrevivente na Europa e um conjunto histórico de valor patrimonial único no mundo, figuram entre os sete monumentos mais ameaçados do continente europeu, segundo o movimento Europa Nostra (www.europanostra.org), o principal movimento de cidadãos europeus para a protecção do património cultural e natural europeu. O Europa Nostra, liderado pelo tenor e maestro Plácido Domingo, com o apoio do Banco Europeu de Investimento, veio alertar para a urgência das obras e mobilizar entidades públicas e privadas a nível nacional e internacional para se encontrar o financiamento necessário para uma rápida intervenção em Mafra. Os conjuntos sineiros apenas se têm mantido por estarem sustentados em sucessivas intervenções de escoramento. Apesar da maioria dos sinos de maior dimensão estarem escorados, as estruturas de suporte de madeira apresentam apodrecimento generalizado e as suas ligações de entalhe há muito que se encontram fragilizadas ou mesmo desaparecidas pela perda de material lenhoso. Existem cabeçalhos que, pela degradação da madeira e dos elementos metálicos, se encontram em perigo de queda, verificando-se, inclusivamente, deformações dos escoramentos em consequência do assentamento contínuo de estruturas e sinos, encontrando-se, frequentemente, peças, tanto de madeira como metálicas, ferragens e ligações, nos pavimentos das torres e nos terraços contíguos onde são visíveis danos no revestimento de cobre pelo impacto da queda de peças dos carrilhões. O Palácio Nacional de Mafra, mandado construir pelo Rei D. João V de Portugal “o Magnânimo”, no início do séc. XVIII, alberga o maior conjunto sineiro do mundo – composto por dois carrilhões e 119 sinos afinados musicalmente entre si (divididos em sinos de horas, litúrgicos e de carrilhão), encomendados na Flandres a dois fundidores de sinos diferentes e pesando o maior 12 toneladas, num total de 217 toneladas. Estes constituem – a par do único conjunto conhecido de seis órgãos de tubos concebidos para utilização simultânea, instalado na basílica do palácio, encomendados por D. João VI no final do séc. XVIII para substituir os primitivos que estavam degradados, e da biblioteca – o património mais importante do palácio. O carrilhão da torre norte nunca foi alterado e constitui, por conseguinte, um exemplo raro do som de sinos no seu estado original de afinação. O restauro dos seis órgãos, concluído em 2010 pelo mestre Dinarte Machado, foi distinguido em 2012 com o Prémio Europa Nostra. Um carrilhão é um instrumento musical de percussão formado por um teclado e por um conjunto de sinos de tamanhos variados, controlados pelo teclado. Os carrilhões são normalmente alojados em torres de igrejas ou conventos e são um dos maiores instrumentos do mundo. Os carrilhões de Mafra são instrumentos musicais notáveis, cobrindo cada um deles uma amplitude de quatro oitavas e sendo, por isso, considerados carrilhões de concerto. Foram executados por dois fundidores de sinos dos Países Baixos: Willem Witlockx, um dos mais respeitados fundidores de sinos em Antuérpia e Nicolas Levache, um fundidor de Liége responsável por diversos carrilhões e que deixou efectivamente em Portugal uma tradição de fundição que perdurou por mais de um século após a conclusão do trabalho em Mafra. Este património único inclui também o maior conjunto conhecido de sistemas de relógios e de cilindros de melodia automática, possuindo ambas as torres de Mafra mecanismos automáticos de toque. Este é um marco mundial para o estudo, quer da música automática, quer da relojoaria. Estes complexos engenhos são capazes de tocar de modo intermutável de entre cerca de dezasseis diferentes e complexas peças de música, em qualquer momento. Os cilindros melódicos de Mafra foram executados pelo famoso relojoeiro de Liège da primeira metade do século XVIII, Gilles de Beefe. A Câmara Municipal de Mafra congratula-se pelo início dos trabalhos de restauro dos carrilhões do Palácio Nacional de Mafra. A intervenção tem a duração prevista de 450 dias, devendo estar concluída em Setembro de 2019. O restauro dos carrilhões constitui um ponto importante na valorização do património identitário do Concelho, assegurando a sua transmissão às gerações futuras, permitindo reforçar o papel único do Real Edifício de Mafra no campo dos instrumentos musicais integrados no património arquitectónico, inscrevendo-o nos principais circuitos internacionais. Na mesma ocasião, o ministro sublinhou que a tutela “tem um projecto” para Mafra, que é a transferência do Museu da Música, sobre o qual já estabeleceu acordo com a autarquia local para instalar os instrumentos em dois pisos do Palácio Nacional de Mafra. O Museu Nacional da Música encontra-se instalado num espaço provisório desde 1994, disponibilizado pelo Metropolitano de Lisboa, na estação do Alto dos Moinhos. O Museu detém “uma das colecções mais ricas da Europa”, de acordo com a sua apresentação, contando com cerca de 1400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes (1758), o cravo de Pascal Taskin (1782), o piano Boisselot et Fils, que o compositor e pianista Franz Liszt trouxe para Portugal, e que documenta a sua passagem por Lisboa em 1845, e o violoncelo Antonio Stradivari, que pertenceu ao rei D. Luís. Espólios documentais, acervos fonográficos e iconográficos, como os de Alfredo Keil, autor do Hino Nacional português, fazem igualmente parte do Museu da Música.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasO colosso de Rodes [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]á para o Mar Egeu ergueu-se algures um monumento tão descomunal que parecia a metáfora mais conseguida da megalomania humana – isso mesmo – um colosso de 33 metros de comprimento. De pé a pé ia a convergência de três civilizações, pois que aos descendentes de Hércules pertencia o domínio entre o mar e a terra (no entanto, a imagem mítica será mais do fantástico medieval) seja como for, sabe-se que existiu e que um terramoto a fez desaparecer no ano de 226a.c: “para ti, ó Sol, o povo dórico de Rodes ergueu esta estátua de bronze que alcança o Olimpo… ele acende a linda tocha da liberdade e independência”. O deus de bronze de Rodes! Longe estamos do Bezerro de Ouro, que de tão lendário, não foi menos corruptível, os metais fundiam-se para erguer estátuas que tivessem a dimensão sagrada de uma consagração metalúrgica, pois que sem essa poderosa alquimia as leis da sustentação seriam inexistentes, e, sem a altura de uma construção ficaríamos à escala horizontal dos dias, sem a visão da grandeza galvanizadora. Partimos para Rodes como para uma profecia, para o seu «OVO» – um poema extraordinário, para o seu deus, um deus extraordinário, para o seu mar, um mar extraordinário – afinal, é aí que os deuses moram. Porque escolheram eles o azul cobalto ao verde musgo atlântico, o sol do meio-dia à luz do ocaso, a seca garrigue à luxuriante flora? Porque os deuses são caprichosos, são colossais, gostam de cegar ao sol olhando do cimo, gostam de testar os nossos limites perante o fascínio que temos pela grandeza. Provocam a devoção e o martírio, e de tanto os olharmos, nossos olhos são de pedra. Quando petrificados avançamos à sua sombra resolvem ir embora com um grau de convulsão tamanha, que arrasam torres e homens, e argamassam sangue com pó mineral e deles contam nos seus mundos como foi. Não é em vão que queremos que tenham face humana, erguer de fachos, imensidão… depois da linha do horizonte no nosso espectro astral não há mais nada. Estas cidades representadas por estátuas monumentais têm segredos que não convém lembrar, até porque são segredos, imitam o propósito colectivo, mas quase todas sucumbirão num mar qualquer e passarão para a memória lendária quando os tempos se desfizerem. O facto de a maior parte estar erguida ao pé do mar, de um rio, indica a vaidade dos guardiões que olham as cidades, o seu lago narcísico, que o céu fica um pouco mais distante. Esteve de pé cerca de 50 anos e simbolizava a vitória dos gregos contra os macedónios, contra outro grande, Alexandre, e parece tudo ainda maior quando a escala é mais pequena, sem dúvida, mas o sonho mantém-se intacto, apenas mudando, claro está, a própria escala. Ainda hoje o sonho primário de um qualquer político é fazer uma coisa que o perpetue pela grandeza do betão, é uma função que implica testosterona e a capacidade de expansão a ela implícita…o mais alto, o maior, o mais poderoso! Uma ambição «Ájax». No entanto, creio chegado o tempo em que a conquista do andrógino, esse ser mais evoluído do que este arquétipo espermicida ( cai, levanta, vai, entontece…) abrirá talvez caminho a uma mais vasta harmonia ambiental, há que pensar na atmosfera das coisas a curto prazo, ou ficaremos submersos pelos muitos que somos, sem espaço para quedas do tamanho dos Colossos. Nós todos empilhados daremos um regalo em altura para o mais megalómano, expansionista, desmesurado deus da extravagância: nós somos o labor, os escravos levantando cultos, e de tão in(cultos) andamos contentes como os inteligentes. É considerada a sétima maravilha do mundo, depois da sexta, e a sua inutilidade nem era assim tão grande, o farol na mão indicava às embarcações nocturnas o rumo certo. Pesa 70 toneladas e sendo a sétima em maravilha, quem diz que os Anões não eram os seus mestres obreiros? Muita coisa esconde o reino encantado, mas neste instante só sinto os afogados que tombam aos milhares naquele mar e os magros “gigantes” a Ocidente tão letais quanto as águas do Mediterrânio, e não há estátua que se erga do tamanho da dor humana, da dor, em suma. Não tarda haverá uma só estátua no mundo, e tão grande – super Colosso – de um só rosto, que não sendo ainda ninguém, se anuncia como uma onda de chumbo. Nós fomos descuidados, não plantámos os nossos jardins, não olhámos as nossas flores, não tratámos os nossos dias, não fomos o Ovo de Rodes, preferimos o Colosso. E ele que até era cego e não nos conhecia, fez-se real, é o nosso sol. É uma estrela fria e silenciosa como o gelo. Carés, o seu arquitecto, suicidou-se por falta de reconhecimento público, Deus suicidou-se por falta de reconhecimento nosso, nós, não reconhecemos os criadores, e, como tal, inventámos criativos que fazem das obras transfigurações, figurações… Os obreiros são “maçons” sacristãos são “sacristões” os Templos são côncavos, e a corrida ao ouro das Ordens é um mito contemporâneo. Se não resolvermos em poucas décadas o gigante pustulento do Capitalismo agreste, não se erguerão mais estátuas, nem outras construções; será consumida a Terra e derrubado tudo à superfície – o caminho da Ilha – talvez como a de Rodes, a Utopia, perder-se-á para sempre. — Fatigado e gigante coração da Terra, espera mais um pouco….! — Nem tudo é agora de sal, nem todos desfazemos os nossos sonhos apenas com um olhar…não, nem todos! Por vezes são precisas forças tais que o aterro dos dias fica um sepulcro muito frio enquanto agora mesmo o Sol nasce, nasce grande, saúda o tempo. E por vezes a resistência dos materiais vence enfim. Não há mais segredos, nem mais estátuas. Uma Cidade nova pode nascer. Temos ainda no tecido cerebral uma membrana que vê essa cidade de Cristal, aquela cuja energia se elevou e onde a matéria tem outras associações. Todos a contemplamos, e se todos a projectarmos com urgência não tarda nos encontramos lá. Vai ser um gosto voltar a vê-los.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Pequim vinca compromisso com desnuclearização [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m responsável chinês reafirmou ontem o compromisso de Pequim com a desnuclearização da península coreana, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter sugerido que a China poderá interferir nas conversações entre Pyongyang e Washington. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Kong Xuanyou, disse em conferência de imprensa que a China e os EUA têm “mantido uma comunicação e coordenação próximas” na questão da península coreana. Ao reconhecer que “não vai ser um processo fácil”, Kong disse acreditar que se o diálogo for sincero e feito com base no respeito mútuo e igualdade, “todas as questões encontrarão resposta”. Na segunda-feira, Trump escreveu na rede social Twitter que a China “talvez esteja a exercer pressão negativa” sobre a Coreia do Norte, devido às crescentes disputas comerciais com os EUA, acrescentando: “espero que não!”. Entretanto, o porta-voz da Administração-Geral das Alfândegas da China, Huang Songping, garantiu que Pequim “está a implementar consistentemente” as sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte, relativamente ao programa nuclear e de mísseis. De acordo com os últimos dados oficiais, as importações chinesas oriundas da Coreia do Norte caíram 92,6 por cento, em Junho, em relação ao mesmo mês do ano passado. As exportações de petróleo e de outros bens, da China para a Coreia do Norte, recuaram 40,6 por cento, durante o mesmo período. As alfândegas chinesas não indicaram os valores envolvidos nas trocas comerciais entre os dois países em Junho, e divulgaram apenas as variações homólogas. Nos primeiros seis meses do ano, as importações chinesas da Coreia do Norte caíram 88,7 por cento, relativamente ao mesmo período de 2017, para 690 milhões de yuan. As exportações recuaram 43,1 por cento, para 6,4 mil milhões de yuan.
Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Xi Jinping diz que reunificação é imparável O Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a reunificação de Taiwan com a China faz parte do “imparável rumo da história”, levando o Governo taiwanês a apelar a este que respeite a vontade popular [dropcap style≠’circle’]X[/dropcap]i reuniu-se com Lien Chan, o antigo vice-Presidente taiwanês, que dirige agora o partido de oposição e pró-Pequim Kuomintang, e a quem reafirmou a sua confiança numa reunificação pacífica. “Enquanto corrigimos as coordenadas históricas e agarramos com firmeza o leme, o rumo do desenvolvimento pacífico e da reunificação pacífica seguirá vitorioso”, afirmou o líder chinês, citado pela imprensa oficial. O Governo taiwanês reagiu com um apelo a Xi para que aceite a realidade e respeite a vontade popular da ilha. Taipé vai manter a actual situação pacífica e não deixará de defender a soberania taiwanesa, assegurou Qiu Chui-zheng, porta-voz do Conselho para os Assuntos da China Continental. Qiu afirmou que a China deve reduzir as suas “acções negativas” contra Taiwan, que estão a afectar as relações, e resolver as suas diferenças com Taipé por via da comunicação e sem intimidações. Ponto de viragem Pequim cortou os mecanismos de diálogo com Taipé desde a eleição da Presidente Tsai Ing-wen do Partido Democrático Progressista, pró-independência, em 2016, e só aceita voltar atrás se a líder taiwanesa declarar que a ilha é parte da China. Lien fez, em 2005, uma histórica visita a Pequim, num período de tensão entre o regime comunista e o governo pró-independência de Chen Shui-bian, e conseguiu vários acordos com o então Presidente chinês, Hu Jintao, que foram implementados após o Kuomintang regressar ao poder, em 2008. China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana. Desde o XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), que decorreu em Outubro passado, que as incursões de aviões militares chineses no espaço aéreo taiwanês se intensificaram, levando analistas a considerarem como cada vez mais provável que a China invada Taiwan.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Número de nascimentos diminuiu entre 2016 e 2017 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de nascimentos na China diminuiu 3,2 por cento entre 2016 e 2017, segundo dados divulgados ontem pela Comissão Nacional de Saúde citados pela imprensa estatal. Em 2016, o primeiro após o fim da política do filho único, os números apontavam para 18,46 milhões de nascimentos, com um aumento de 11,5 por cento em relação a 2015. Agora, em 2017, registou-se o nascimento de 17,58 milhões de bebés, sendo que 51 por cento não eram filhos únicos. O Governo chinês eliminou a política do filho único a 1 de Janeiro de 2016 para combater o envelhecimento demográfico e permitiu que as famílias tivessem dois filhos. No entanto, apesar do aumento inicial no primeiro ano, a desaceleração em 2017 e os números relativos ao primeiro semestre de 2018 estão a levar as autoridades a ponderar eliminar todos os limites de nascimento, de acordo com notícias publicadas pelos ‘media’ chineses, algo que pode acontecer já este ano. Após o fim da política do filho único, que foi introduzida em 1979, os nascimentos não aumentaram como o esperado pelas autoridades devido ao alto custo para as famílias com a habitação nas grandes cidades e serviços relacionados com a educação ou a saúde.
Hoje Macau China / ÁsiaAir China | Copiloto suspeito de fumar causou queda de mais de 7.500 metros [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] queda a pique do avião num voo da Air China, durante dez minutos, esta semana, deveu-se a um erro do copiloto, que estava a fumar um cigarro electrónico, divulgaram as autoridades. Investigações preliminares revelam que o copiloto tentou, sem avisar o piloto, desligar o ventilador de circulação do ar, para evitar que o fumo chegasse à cabine. “No entanto, terá por engano desligado o aparelho de ar condicionado que estava ao lado, resultando em oxigénio insuficiente na cabine e um alerta de altitude”, afirmou um responsável da Administração Civil da China, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. “Estamos a investigar as causas em pormenor. Caso se confirmem as suspeitas, vamos actuar de acordo com a lei e as regulações e lidar com esta questão de forma rigorosa”, acrescentou. Fumar é expressamente proibido em voos comerciais, incluindo cigarros electrónicos. Na terça-feira, meia hora depois do voo CA106 ter partido de Hong Kong, com 153 passageiros a bordo, as máscaras de oxigénio caíram do tecto do avião, que imediatamente desceu mais de 7.500 metros em dez minutos. O avião, um Boeing 737, recuperou depois a altitude e voou em segurança até ao destino final, a cidade de Dalian, no nordeste da China. Não foram reportados feridos entre os passageiros ou danos no avião.
João Santos Filipe Manchete SociedadeTribunal de Segunda Instância valida decisões de recuperações de terrenos [dropcap style≠‘circle’]M[/dropcap]esmo que a responsabilidade dos atrasos no aproveitamento dos terrenos seja totalmente do Governo, quando terminam os 25 anos do prazo de concessão provisória, a Administração não tem outra solução se não recuperar os lotes de terra em causa. Foi esta a opinião dos juízes do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que analisaram os recursos interpostos por três empresas, após o Governo da RAEM ter declarado caducadas mais três concessões. Os casos envolvem as empresas Companhia de Desenvolvimento Imobiliário Hou Lei, Companhia de Investimento e Artesanato de Porcelana Novo Macau e Companhia de Investimentos Polaris por três terrenos em Seac Pai Van, Ká-Hó e Pac On, respectivamente, e as ordens de recuperação tinha sido dados em Março de 2017, Fevereiro de 2017 e Março de 2016. “Indicou o Tribunal Colectivo que, nestes três casos, uma vez que as concessionárias não concluíram o aproveitamento do terreno até o termo do prazo de concessão de 25 anos, e as concessões provisórias do terreno não se podiam tornar em definitivas, o Chefe do Executivo está obrigado […] a declarar a caducidade”, consta no comunicado emitido pelos tribunais da RAEM, na passada sexta-feira. “Por isso, a questão quanto à culpa das concessionárias por incumprimento de aproveitamento de terreno não é relevante”, é acrescentado. Direito a compensação Ainda em relação ao despacho de recuperação das três parcelas de terra que ficaram por aproveitar, os tribunais foram claros: “não existe violação dos princípios da boa-fé, da igualdade, da justiça, da imparcialidade e da tutela da confiança, nem falta de audiência prévia ou violação do dever de averiguação”, consideraram. No entanto, a decisão do TSI não é final e as três concessionárias podem recorrer para o Tribunal de Última Instância. Nos casos semelhantes já decididos, o TUI considerou sempre que a Administração actuou dentro da legalidade e do exigido quando recuperou as terras. No entanto, o TUI reservou o direito das concessionárias recorrerem aos tribunais para exigirem que o Governo assuma as suas responsabilidades devido aos atrasos que foram culpa da Administração.