João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasLâminas em busca de coração Horta Seca, Lisboa, 31 Julho [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]contece com estranha frequência que uns dias se fazem buraco negro e sorvem o à volta. Julho baralhou-me os dias, os calendários, as agendas. De que servirá um diário, se os passos da escrita andarem à volta dos mesmos dias? Jeanne Moreau morreu, mas continuará a flâner, a deambular entre carros, no avesso das montras, à chuva, na pista de dança, de novo em cidade outra, nas teias de aranha do desejo, no cabaret fantasmagórico. Jeanne será mais da luz, doravante. Arrume-se isso no óbvio, aceitemos a graça de viver em tempos de fluxos ininterruptos e acessíveis. Revisitaremos as imagens sempre que houver necessidade de dar de beber à melancolia. Avancemos oceano dentro, o da voz. Jeanne dizia poesia, de Vinicius e de Genet. Jeanne cantava Duras e Norge, poeta du pays plat, que fará link inesperado a entrada mais adiante. E que bem cantava e dizia a morte, le vrai scandale. Os buracos negros absorvem de nós maturidades e deixam-nos na seca adolescência, indecisos apenas com vontade de ir, escusado será dizer que sem para onde ou por quê. Vai daí gravei cortante cassette com a playlist para riscos de ponta e mola no mapa. Acerte-se princípios, desde que difusos, com Le Blues Indolent, de Cyrus Bassiak, aqui sem o grão da voz, mas oferecendo sensualidades de allumeuse. «Je suis indolente, mes yeux sont vagues, vagues, vagues/ Et je balance mes hanches vaguement/ Mes lèvres remuent, fardées de mots si vagues, vagues/ Les passants hésitent en me croissant/ Le temps maudit toujours les presses/ Le vent si lent pour celle qui attend/ Le temps me berce de paresse/ Alors je chante sans fin ce vague chant». Os passeantes cruzam-na, apesar da hesitação. O tempo amaldiçoa os apressados. Para onde seguir se nos perdemos já, se somos sem paisagem ou amor. Sigamos imóveis com India Song, de Marguerite Duras, hino dos sem rumo. «Chanson,/ Toi qui ne veux rien dire/ Toi qui me parles d’elle/ Et toi qui me dis tout/ Ô, toi,/ Que nous dansions ensemble/ Toi qui me parlais d’elle/ D’elle qui te chantait/ Toi qui me parlais/ d’elle/ De son nom oublié/ De son corps, de mon corps/ De cet amour là/ De cet amour mort.» A canção que nada quer dizer diz afinal tudo e na voz habitam já as profundezas. Anda por aqui desejo e morte. Hesito. Devia talvez ter saltado antes para a Chanson a tuer, de Norge, onde noto alegria infantil no jogo das facas que desemboca em frieza de estátua, aspirando a homicídios perfeitos. «Plante ce couteau, minette/ Mais droit au coeur s’il te plaît/ La besogne à moitié faite/ Et les meurtres incomplets/ Font horreur à l’âme honnête/ Qui n’aspire qu’au parfait/ Qui n’aspire qu’au parfait/ Parfait, parfait, parfait». A lâmina procura um coração ao ritmo de chansonnette o mesmo com a noite esquecerá o crime. É chegada a hora de Genet, em tom esgaçado e pesado, sem perder a clareza da folha da navalha: «Rocher de granit noir sur le tapis de laine/ Une main sur sa hanche, écoute-le marcher/ Marche vers le soleil de son corps sans péché/ Et t’allonge tranquille/ Au bord de sa Fontaine». Granito sobre lã, amor que fere. Espelho desse outro, que Jeanne sussurra em francês sincopado, e aqui espraio no original de Vinicius: «Oh, minha amada/ Que os olhos teus// São cais noturnos/ Cheios de adeus/ São docas mansas/ Trilhando luzes/ Que brilham longe/ Longe nos breus// Oh, minha amada/ Que olhos os teus// Quanto mistério/ Nos olhos teus/ Quantos saveiros/ Quantos navios/ Quantos naufrágios/ Nos olhos teus». Vai longa a caminhada, por décadas e sítios de nunca ficar. Não precisamos de final, sendo a vida cabaré, outro número se fará súbito. Chamemos Oscar Wilde, mestre de conclusões, para anunciar o essencial em colorido arrastado e espesso, uma prece, um apelo. Uma pergunta ecoa (a imagem é de Querelle, o filme de Rainer Werner Fassbinder): onde vais? «Yet each man kills the thing he loves,/ By each let this be heard,/ Some do it with a bitter look,/ Some with a flattering word,/ The coward does it with a kiss,/ The brave man with a sword!/ Some kill their love when they are young,/ And some when they are old;/ Some strangle with the hands of Lust,/ Some with the hands of Gold:/ The kindest use a knife, because/ The dead so soon grow cold./ Some love too little, some too long,/ Some sell, and others buy;/ Some do the deed with many tears,/ And some without a sigh:/ For each man kills the thing he loves,/ Yet each man does not die.» Horta Seca, Lisboa, 12 Agosto Vão surgindo reacções, pouco menos que entusiásticas, ao início da publicação das Obras Completas de Fernanda Botelho, que iniciámos com «Esta Noite Sonhei com Brueghel». Ansiávamos por este momento, que circunstâncias várias nos fizeram adiar muito para além do razoável. Isto apesar do apoio incondicional da família, sobretudo da Joana [Botelho], a neta que assumiu a tarefa de avivar memórias, organizar espólio, recuperar a casa da Vermelha, convocar novos leitores, enfim, um infindável número de tarefas que tornam exemplar o tratamento que vai dando à obra. Sabemos bem que as famílias se comportam muitas vezes como se estivessem em contos do Valério [Romão], algures entre a indiferença alarve e a cupidez olímpica. Também a Paula Morão, e o seu Centro de Estudos Comparatistas, se juntou a nós entusiasticamente no afã de trazer à tona uma voz oriunda das profundezas, mas que não precisa de nelas ser enterrada. Muitas razões justificaram o começo por aqui, pois nada nos obrigava à cronologia habitual. O forte carácter autobiográfico, as correspondências com a imagem, no caso a pintura de Brueghel, a reflexão sobre a escrita, a lúdica complexidade da estrutura, o recorte a navalha dos protagonistas, as cidades (belgas) como personagens, o olhar teatral sobre o estranho mundo dos afectos, a gloriosa potência do desejo, o desenho do feminino, a luxúria da linguagem e um uso raro dos diálogos, enfim, o conjunto serve bem de introdução a uma obra cheia de recantos, tantas vezes obscuros e desafiantes. Retiro mais gozo desta leitura, confesso, por culpa do veneno. A Isabel Lucas, no Público, afinou pelo diapasão da ironia, que não deixa de ser um dos cimentos, mas creio que a Fernanda Botelho afia um pouco mais o olhar e a palavra. Vai um exemplo? «A gente de Brueghel ostenta com desfaçatez a sua vocação primária para o vício incorrupto, tanto quanto para um casto e regozijado amor à terra pródiga — mas que significa isto, afinal? Talvez signifique desperdício, muito simplesmente. Muito simplesmente desperdício! Mas onde viveu esta gente, em que galáxia, em que mundo? Confesso que aquele homem gordo de chapéu à banda, com pernas em forma de presuntos esticados e mangas enfoladas para arejar o suor, confesso que me perturba, a mim, que fossilizei as minhas aventuras mentais em tipos escorridos, apertados em blue-jeans e com barba mal despontada. Detesto aquele homem gordo, mas ele perturba-me. Não sei o que pense dele, certamente nada de lisonjeiro, porém profundamente marcante. Detesto-o (ou assim o julgo), mas ele excita-me, ou talvez seja apenas fascínio o que sinto, declaradamente ao nível mais baixo da minha vileza humana.»
Julie Oyang h | Artes, Letras e IdeiasO realizador chinês mais corajoso de sempre: Parte I [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]hama-se Wang Bing e poucos o conhecem. Muitos dos realizadores de documentários começaram como fotógrafos, Wang não é excepção. Diplomado pelo Departamento de Fotografia da Academia de Belas Artes Lu Xun, trabalhou para produções televisivas até 1999, altura em que filmou o seu primeiro documentário Tiexi Qu, West of the Tracks. Tiexi é um imenso complexo industrial situado no Nordeste da China, na província de Shenyang. Construído durante a ocupação japonesa, foi restaurado com o apoio dos soviéticos após a 2ª`Guerra. Era o maior centro de manufactura do país. O período entre o pós-guerra e os anos 80 foi florescente, as fábricas no seu conjunto empregavam mais de um milhão de trabalhadores, mas, à semelhança de outras indústrias geridas pelo Estado, começou a colapsar a partir do início dos anos 90. O documentário de Wang Bing mostra-nos a inevitável morte lenta do obsoleto sistema de manufactura. Bing filmou detalhadamente, entre 1999 e 2001, as vidas dos últimos operários, uma classe a quem foi prometida a glória durante a revolução chinesa. Esmagados pelas mudanças económicas, estes operários surgem como heróis comoventes neste épico moderno, que tem a duração total de 551 minutos, mais de 9 horas! Reconhecido como “um dos melhores documentários chineses de sempre”, o filme é um retrato hipnotizante de uma sociedade chinesa em transição. Levou três anos para ser filmado. Devido à sua longa duração, está dividido em três partes. Parte 1 Ferrugem (244 minutos) A câmara capta os derradeiros trabalhadores da fundição que laboram no único forno que resta, durante as suas actividades diárias. A falência parece ser inevitável e, desde o interior da fábrica até aos espaços de convívio, Wang Bing traça um retrato fascinante destas vidas moribundas. Parte 2 Os Remanescentes (178 minutos) Rainbow Row é uma favela construída em 1930, para albergar os trabalhadores do distrito de Tie Xi. Esta área era conhecida como a Cova das Criadas. Actualmente os seus residentes enfrentam o desemprego e salários em atraso. A câmara acompanha o dia a dia de algumas pessoas; um jovem que após uma extração da Lotaria, procura bilhetes eventualmente premiados que possam ter caído ao chão; lixo e neve empilhados nas ruas geladas; jovens no mercado Cisne Feliz a pensar em esquemas para arranjar dinheiro e namoradas; crianças a recolher latas enquanto uma idosa assa tofu; jogadores de mah-jong que no Verão se reúnem no exterior das suas casas … Entretanto ficamos a saber que o bairro vai ser demolido para dar lugar a um condomínio privado. Toda a gente vai ter de sair dentro de um mês. Gradualmente o bairro esvazia-se, à medida que a neve o vai cobrindo. Parte 3 Os Carris (132 minutos) Um sistema de carris proporciona a circulação de vagões que transportam matérias primas e bens de consumo de, e para, Shenyang. A neve que não pára de cair e o fumo eterno criam uma atmosfera opressiva. Os sinais de vida são escassos à medida que o comboio avança através deste labirinto de fábricas praticamente abandonadas. Os trabalhadores cumprem as suas funções de forma mecânica, matando o tempo com mexericos, cartas e cigarros. Uma das suas maiores preocupações é armazenar carvão para poderem aquecer as salas geladas. Toda a gente teme o futuro, embora a Primavera tenha trazido algum alívio depois do penoso Inverno. O Outono sucede ao Verão. Em breve estamos na noite de Fim do Ano. Um pequeno fogo preso é ateado junto à casa e, lá dentro, os amigos bebem e conversam sobre amor e casamento. E toda a gente ajuda a fazer uma tachada de dumplings. West of the Tracks deu início a uma nova era, a de um cinema lento e intimista. Quatro anos mais tarde, em 2005, Wang Bing filmou o documentário He Fengming. Mas esse fica para a próxima, ou seja, a Parte II desta crónica.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasIn Portuguese Food, restaurante | Mostrar as origens Aberto há quatro anos, o restaurante In Portuguese Food mudou a oferta de pratos e contratou, há um ano, um novo chefe de cozinha. Herlânder Fernandes garante que quem janta e almoça no restaurante pode agora experimentar pratos portugueses ainda mais tradicionais [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] pão que é servido à mesa não é congelado e sai directamente do forno do restaurante. As sobremesas são feitas por quem ali trabalha e o objectivo diário é servir pratos que se poderiam comer em Portugal, sem que se notem os muitos quilómetros que separam o país de Macau. É esta a promessa do In Portuguese Food, um restaurante de comida portuguesa localizado na Taipa que mudou de chefe de cozinha há um ano. Ao HM, Herlânder Fernandes explicou como se processou esta mudança, visível até no próprio menu. “Há cerca de um ano vim trabalhar para aqui e mudámos um pouco o restaurante. Neste momento estamos a fazer a verdadeira comida portuguesa, mais tradicional”, apontou o chefe de cozinha, que lembrou mesmo a importância do nome do espaço. “O restaurante chama-se ‘In Portuguese’ e, como tal, deve ser comida tradicional. Não tem lógica servir comida portuguesa que fuja às suas raízes.” Herlânder Fernandes garantiu que não há uma intenção de desenvolver novos projectos nos próximos meses. “Para já não temos intenção de inovar pois mudámos o menu recentemente, há cerca de quatro ou cinco meses. Estamos a tentar manter o que estamos a construir”, apontou. Com pratos bem conhecidos do público, o “In Portuguese Food” tem apenas uma receita de bacalhau de assinatura que, no entanto, vai buscar influência ao que já se faz em Portugal. “Trabalhamos com um pouco de tudo. Temos o polvo à lagareiro, o arroz de marisco, temos também os pasteis de bacalhau, que são feitos aqui, tal como as queijadas de leite ou as amêijoas à bulhão pato”, explicou. Herlânder Fernandes garante que os clientes têm mostrado o seu agrado, não só pessoalmente como também nas redes sociais. “Temos tido um feedback positivo, as pessoas têm gostado de tudo. Tem sido muito bom.” Desafios da mudança Num território onde existem vários restaurantes portugueses, com mais ou menos anos de existência, há ainda espaço para a abertura de novos espaços. “Há condições para continuar, porque apesar de haver muita oferta não deixa de existir muita procura”, defendeu Herlânder Fernandes, que antes de passar pelo “In Portuguese Food” esteve ainda num outro restaurante português. Habituado a cozinhar com colegas portugueses, Herlânder Fernandes teve de passar por um processo de adaptação, pois muitos dos seus colegas são filipinos. “No inicio não foi fácil e tem de se ensinar tudo, mas a partir do momento em que aprendem…temos de perder algum tempo e ser persistente.” No “In Portuguese Food” o desafio foi “encontrar os produtos adequados a estes pratos”. “Tive de adaptar o sal para não deixa a comida demasiado salgada para o gosto asiático. A partir do momento em que as coisas ganham um padrão é fácil trabalhar.” Apesar dos desafios, o chefe de cozinha garante que o trabalho no território tem sido enriquecedor. “Estou em Macau há dois anos e a experiência tem sido enriquecedora. É bom estar a mostrar a nossa comida a pessoas que não estão habituadas a comê-la e ter de adaptar a comida ao paladar de quem está a comer. Os chineses não têm tanta tolerância ao açúcar e sal.” Não à inovação Herlânder Fernandes tem uma visão mais tradicional daquilo que deve ser a oferta de gastronomia portuguesa em Macau. Esta deve ser o mais fiel possível às origens, porque “não estamos num sítio onde se possa inovar muito”. “Estamos fora do nosso país. Com a comida portuguesa podemos fazer coisas diferentes, mas nós aqui temos de mostrar a essência da comida portuguesa. Se inovarmos não estamos a mostrar isso, estamos a fazer uma desconstrução e a dar o nosso toque. E não é isso que nos compete.” Para o chefe de cozinha, “não tem lógica ter um restaurante português que vá servir comida diferente. O português vem aqui comer e procura recordações, procura um bacalhau como comia em casa. É isso que faz um restaurante ter sucesso”, rematou.
Hoje Macau SociedadeSinal de tempestade vai baixar para 3. Previstos aguaceiros com ventos esta noite e amanhã [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) prevêem, segundo a Rádio Macau, a ocorrência de aguaceiros e ventos durante a noite de hoje e a manhã desta quinta-feira. A partir do fim da tarde de hoje o sinal de tempestade vai baixar de 8 para 3. “Durante esta noite e a manhã de amanhã, ainda se prevê que as bandas externas de pressão [do tufão] possam afectar a região. Ainda são esperados alguns aguaceiros e algum vento, não tão fortes como os desta manhã e tarde”, disse à Rádio Macau a porta-voz dos SMG, Vera Varela. A tempestade que durou cerca de hora e meia provocou três mortos e vários feridos, tendo o sinal 10 de tufão sido içado a partir das 11h30. Nas redes sociais foram publicadas fotografias e vídeos da zona da avenida de Almeida Ribeiro ou junto ao Mercado Vermelho totalmente inundada, sendo que nas zonas do Porto Interior e Ilha Verde ocorreram “graves” incidentes do género. No final do dia não eram visível a circulação de táxis ou autocarros, sendo que casinos como o Grand Lisboa tinham as portas fechadas. A queda de várias árvores na zona da avenida da Praia Grande levou ainda ao corte temporário de estradas. A fronteira das Portas do Cerco, em Macau, foi reaberta pelas 15:30, após ter estado fechada durante duas horas e meia devido à aproximação do tufão Hato, informou o Centro de Proteção Civil (COPC). A fronteira terrestre mais movimentada de Macau é a única das três reaberta: a de Flor de Lótus e a do Parque Industrial Transfronteiriço permanecem fechadas desde as 13:00. As ligações marítimas e aéreas continuam suspensas. Cerca de 100 voos previstos para hoje foram cancelados ou adiados e os Serviços do Aeroporto Internacional de Macau deverão manter-se suspensos até às 19:00.
Hoje Macau Manchete SociedadeTufão “Hato”: Três mortos não são de nacionalidade portuguesa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s três pessoas que morreram hoje em Macau, na sequência da passagem do tufão Hato, não são cidadãos portugueses, disse à Lusa o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno. “De acordo com as autoridades de segurança de Macau, nenhum dos três mortos confirmados e dos dois desaparecidos é cidadão português”, afirmou o diplomata, acrescentando ter já comunicado a informação ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. Fonte dos Serviços de Polícia Unitários disse à agência Lusa que um homem, de 62 anos, residente em Macau, morreu quando “caiu de um prédio”, um outro, de 45 anos, turista da China, foi “atropelado por um camião”, e um terceiro, de 30 anos, trabalhador não residente no território, “estava na rua e não resistiu ao vento forte e bateu contra uma parede”. Na zona de Fai Chi Kei, no norte da cidade, duas pessoas foram dadas como desaparecidas. A passagem do tufão Hato obrigou os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau a emitirem, pela primeira vez desde 1999, o sinal 10, o máximo numa escala formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10. Até às 15:30, o Centro de Proteção Civil (COPC) tinha registado 168 incidentes, incluindo 38 casos de quedas de fios de antenas e árvores, 35 de anúncios, toldos e janelas e seis de andaimes. A fronteira das Portas do Cerco, em Macau, foi reaberta pelas 15:30, após ter estado fechada durante duas horas e meia devido à aproximação do tufão Hato, informou o COPC. A fronteira terrestre mais movimentada de Macau é a única das três reaberta: a de Flor de Lótus e a do Parque Industrial Transfronteiriço permanecem fechadas desde as 13:00. As ligações marítimas e aéreas continuam suspensas. Cerca de 100 voos previstos para hoje foram cancelados ou adiados e os Serviços do Aeroporto Internacional de Macau deverão manter-se suspensos até às 19:00. As autoridades deram ainda conta de que um barco se afundou no Porto Interior. Fonte da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) disse à agência Lusa que o barco de pesca, que se encontrava atracado no porto, “agora está submerso”. Duas pessoas foram resgatadas da água e transportadas para o hospital.
Hoje Macau SociedadeSinal de tempestade vai baixar para 3. Previstos aguaceiros com ventos esta noite e amanhã Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) prevêem, segundo a Rádio Macau, a ocorrência de aguaceiros e ventos durante a noite de hoje e a manhã desta quinta-feira. A partir do fim da tarde de hoje o sinal de tempestade vai baixar de 8 para 3. “Durante esta noite e a manhã de amanhã, ainda se prevê que as bandas externas de pressão [do tufão] possam afectar a região. Ainda são esperados alguns aguaceiros e algum vento, não tão fortes como os desta manhã e tarde”, disse à Rádio Macau a porta-voz dos SMG, Vera Varela. A tempestade que durou cerca de hora e meia provocou três mortos e vários feridos, tendo o sinal 10 de tufão sido içado a partir das 11h30. Nas redes sociais foram publicadas fotografias e vídeos da zona da avenida de Almeida Ribeiro ou junto ao Mercado Vermelho totalmente inundada, sendo que nas zonas do Porto Interior e Ilha Verde ocorreram “graves” incidentes do género. A fronteira das Portas do Cerco, em Macau, foi reaberta pelas 15:30, após ter estado fechada durante duas horas e meia devido à aproximação do tufão Hato, informou o Centro de Proteção Civil (COPC). A fronteira terrestre mais movimentada de Macau é a única das três reaberta: a de Flor de Lótus e a do Parque Industrial Transfronteiriço permanecem fechadas desde as 13:00. As ligações marítimas e aéreas continuam suspensas. Cerca de 100 voos previstos para hoje foram cancelados ou adiados e os Serviços do Aeroporto Internacional de Macau deverão manter-se suspensos até às 19:00.
Hoje Macau Internacional MancheteAngola/Eleições | Sem José Eduardo dos Santos, coligações são quase certas Desde 1979 que José Eduardo dos Santos tem estado à frente do país e, pela primeira vez, não é candidato nas eleições que decorrem amanhã. O futuro político de Angola está em aberto e a formação de uma coligação governativa é uma possibilidade [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o anúncio da retirada da vida política do líder histórico do país, e após vários momentos de especulação, José Eduardo dos Santos anunciou, em Fevereiro deste ano, a quem passaria a pasta. A encabeçar a lista do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) está João Lourenço. Na corrida às eleições gerais de Angola, estão também o cabeça de lista e presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, enquanto Abel Chivukuvuku é o candidato pela Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE). O Partido de Renovação Social (PRS), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN) também constam do boletim de voto. As sondagens ainda são dúbias, mas apontam para possibilidade de um MPLA vitorioso, no entanto sem maioria para constituir governo. Uma coligação pode ser a solução para um governo estável e os partidos da oposição já vincam o assunto. A CASA-CE é um partido recente que conseguiu, nas eleições de 2012, arrecadar seis por cento dos votos na sua estreia em processos eleitorais. Dos dados disponíveis, e apesar de nenhum ser tido como certo, tudo indica que o CASA-CE possa vir a ganhar terreno. Dos eleitores constam jovens, maioritariamente urbanos e que não se contentam com os dois grandes da vida política de Angola: o MPLA e a UNITA. O cabeça-de-lista da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, já mostrou a sua convicção de que o partido que lidera vai formar governo, não excluindo uma “coligação à angolana” com a UNITA ou com o MPLA. “Já anunciámos, no ano passado, que a CASA-CE tem probabilidades de ser Governo. Se não for Governo, no mínimo vai ser parte do Governo”, afirmou Abel Chivukuvuku, confrontado pelos jornalistas com a disponibilidade já demonstrada pelo presidente e candidato da UNITA, Isaías Samakuva, para um entendimento pós-eleitoral. “Por Angola, pela mudança, temos que pôr todas as portas abertas”, admitiu Chivukuvuku, classificando esse hipotético entendimento como uma “gerigonça angolana”. De bem com qualquer um A possibilidade de entendimento pós-eleitoral com o partido no poder em Angola desde 1975 também não é totalmente colocada de parte por Abel Chivukuvuku. No entanto, ressalva: “com este MPLA não, tinha de ser um MPLA diferente”. Por sua vez, o cabeça de lista do MPLA, João Lourenço, tem vindo a repetir os apelos ao voto e à conquista de uma maioria qualificada nestas eleições, afirmando que aquele partido é o único que pode garantir a estabilidade no país. Isaías Samakuva, presidente da UNITA, disse na quinta-feira à agência Lusa acreditar ser possível replicar em Angola uma solução governativa semelhante à “geringonça” em Portugal, que junta o Partido Socialista, Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda. O cabeça de lista da UNITA às eleições gerais de Angola admitiu uma coligação pós-eleitoral com os partidos da oposição, nomeadamente a CASA-CE, “se as condições e as circunstâncias” o exigirem. “Desde que as condições, as circunstâncias no momento nos forcem a isso, não hesitaremos”, disse Isaías Samakuva. “Se chegarmos à posição de Portugal – na qual os partidos da esquerda juntos foram capazes de formar uma maioria – nós poderemos fazê-lo. O essencial é afastar o MPLA”, completou. O MPLA, representado por João Lourenço, apela à maioria e contou, no último dia de campanha, com a presença de José Eduardo dos Santos. De acordo com a leitura de alguns analistas, a escolha de João Lourenço foi um passo para a criação de alguma assertividade dentro do partido. “É um compromisso aceitável, uma ponte de transição para a geração dos mais novos. Comparado com muitos dos possíveis aspirantes a Presidente, não é exibicionista e construiu uma carreira de prudência”, diz o director do Programa para África do “think tank Chatham House”, Alex Vines, ao jornal Público. Europa de fora A União Europeia (UE) não vai enviar nenhuma missão de observadores às eleições gerais angolanas, tal como aconteceu no acto eleitoral de 2012, por falta de acordo com o Governo, confirmaram à Lusa fontes ligadas ao processo. De acordo com uma fonte comunitária, a UE deverá enviar uma pequena missão de peritos para estar presente em Angola durante o processo eleitoral, sem lugar a relatório oficial ou a declarações políticas. O convite de José Eduardo dos Santos para a UE enviar uma missão de observação eleitoral chegou a Bruxelas no dia 27 de Junho, pelo que não houve tempo para preparar a deslocação de uma equipa de observadores, “uma vez que os aspectos logísticos devem ser tratados muito antes das eleições através de um memorando de entendimento”, segundo a fonte comunitária. Bruxelas ofereceu-se no âmbito da “excelente parceria com Angola”, para enviar uma missão de peritos eleitorais, “para estar presente durante todo o processo eleitoral”. Ao contrário do que acontece com a missão de observação, uma missão com peritos não contempla qualquer declaração política final nem sequer um relatório oficial para divulgação. Recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Georges Chikoti, disse que o Governo angolano não aceitaria acordos específicos com as organizações convidadas a observar as eleições gerais. O chefe da diplomacia angolana comentava o pedido da UE para a assinatura de um memorando de entendimento prévio para observar as eleições angolanas, pretensão que foi recusada. “O convite é aberto. Mas não queremos quaisquer acordos específicos com cada uma destas organizações. Quem quiser vir, vem e quem não quiser, pode não vir, mas o certo é que o convite é aberto”, disse Georges Chikoti. A UE foi uma das entidades convidadas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), indicadas pelo Presidente da República, para observar as eleições gerais angolanas, tal como a União Africana, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ou a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Victor Ng PolíticaEleições | Novo Macau protesta contra notícia do jornal Ou Mun Paul Chan Wai Chi esteve ontem junto ao edifício do jornal Ou Mun para protestar contra o que considera ser uma notícia com um falso conteúdo sobre a participação nas eleições legislativas, afastando a ligação a Au Kam San e Ng Kuok Cheong [dropcap style≠’circle’]”A[/dropcap]s três listas de candidaturas vão enfrentar a influência da partilha da fonte de votos e conflitos internos.” É esta a frase da notícia do jornal Ou Mun, publicada na edição de ontem, que enfureceu os candidatos da lista Novo Progresso de Macau, às eleições legislativas deste ano. A lista tem ligações à Associação Novo Macau (ANM). Ontem Paul Chan Wai Chi e outro membro da associação deslocaram-se ao edifício que serve de redacção ao jornal de língua chinesa para protestar contra uma notícia que consideram ser falsa. Foi exigido à direcção do diário a correcção do artigo e a sua publicação com igual destaque ao que foi dado na edição de ontem. Chan Wai Chi quer ainda que o jornal “publique notícias relacionadas com as eleições de forma mais rigorosa e verdadeira”. A ANM referiu ainda que os impactos causados pela notícia são “inestimáveis”, pois “é o jornal mais lido pelos residentes”. O texto do jornal Ou Mun descreveu que a ANM sempre participou nas eleições dos últimos anos com duas ou mais listas separadas, sendo que, este ano, além da lista Novo Progresso de Macau, há ainda mais duas (uma referência às listas encabeçadas por Au Kam San e Ng Kuok Cheong). Paul Chan Wai Chi, vice-presidente da ANM, quis deixar bem claro que este ano só há uma lista da Novo Macau a participar no acto eleitoral de Setembro. “Uma vez que há uma grande concorrência nas eleições deste ano, quaisquer divergências e notícias falsas podem levar a injustiças para com os grupos de candidatura. Por isso, exigimos que o jornal Ou Mun, em cumprimento da lei de imprensa, faça um esclarecimento e uma correcção”, apontou Chan Wai Chi. Para Chan Wai Chi, que foi deputado à Assembleia Legislativa até 2013, ano em que não conseguiu ser eleito, o objectivo do protesto visa assegurar que o público conhece a verdade, além de garantir a justiça e a imparcialidade nas eleições deste ano. Separação total Aos jornalistas, Paul Chan Wai Chi explicou que, apesar de Au Kam San e Ng Kuok Cheong terem sido candidatos em representação da ANM em 2013, Au Kam San acabaria por se desvincular da associação o ano passado. Já Ng Kuok Cheong, apesar de continuar a ser um membro da ANM, anunciou que se candidata novamente a um cargo de deputado numa lista à parte. Por isso, na visão de Paul Chan Wai Chi, os dois nomes não têm qualquer ligação à ANM no próximo acto eleitoral. Em 2013, a Associação do Próspero Macau Democrático foi encabeçada por Ng Kuok Cheong, que se candidatou ao lado de Paul Chan Wai Chi. Já a lista da Associação Novo Macau Democrático foi liderada por Au Kam San, que concorreu ao lado de Sou Ka Hou. Jason Chao, que abandonou recentemente a liderança da ANM, concorreu ao lado de Scott Chiang, actual presidente, na lista intitulada Liberais da Novo Macau. Meses depois do acto eleitoral de 2013, que colocou de novo Au Kam San e Ng Kuok Cheong na bancada do hemiciclo, estes anunciaram a separação dos escritórios face à ANM, tendo criado uma nova associação, Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau. Au Kam San deixou mesmo de ser membro da ANM. Ao HM, Scott Chiang disse ainda que a ideia é garantir que as pessoas não têm acesso a falsas informações. “Estamos numa situação em que um órgão de comunicação publica uma notícia com um falso conteúdo e quem é prejudicado somos nós, a ANM. Exigimos por isso uma rectificação com destaque igual ou maior ao que foi dado. Quem leu fica com a impressão de que a ANM participa nas eleições com três listas, o que não é verdade, tem apenas uma”, adiantou. Sobre o facto do Ou Mun ter escrito que existem conflitos internos, e quanto à possibilidade de partilha de fontes de votos, Scott Chiang limitou-se a dizer que se trata de uma “questão antiga”. “Vamos ver o que acontece”, concluiu.
Hoje Macau SociedadeReconhecimento facial em Macau faz disparar levantamentos em Hong Kong [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] introdução da tecnologia de reconhecimento facial – uma medida delineada para garantir a segurança do sistema financeiro de Macau e de combate ao branqueamento de capitais – está a ter impacto na vizinha Hong Kong. Segundo a edição de ontem do South China Morning Post, a instalação do sistema de reconhecimento facial em Macau fez disparar os levantamentos na rede de multibancos da antiga colónia britânica com cartões UnionPay emitidos por instituições bancárias da China. A Autoridade Monetária de Hong Kong não confirmou essa informação ao jornal em língua inglesa, que citou uma fonte não identificada, para dar conta de “um impressionante” aumento dos levantamentos tanto em termos de volume como em número. A antiga colónia britânica não tem planos para avançar com um sistema idêntico ao de Macau, indicou uma porta-voz da Autoridade Monetária de Hong Kong ao South China Morning Post. Em Dezembro, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) anunciou a imposição de um limite de 5000 patacas por levantamento nos multibancos do território aos portadores de cartões emitidos por bancos da China, mantendo-se a quota diária máxima de 10.000 renminbi. Oito em dez Cerca de mil caixas multibanco de Macau têm instalado o sistema de reconhecimento facial para os portadores de cartões UnionPay emitidos por bancos da China, ou seja, mais de 80 por cento, segundo indicação da Autoridade Monetária. Fonte da AMCM disse à agência Lusa que, até ao momento, cerca mil caixas multibanco de um universo de aproximadamente 1.200 tinham instalado o novo sistema que permite reforçar a confirmação da identidade do utilizador. A introdução faseada da tecnologia “Know your customer” (KYC, “Conheça o seu cliente”) em todas as caixas automáticas ATM de Macau foi anunciada no início de Maio, “com o objectivo de garantir a segurança do sistema financeiro”, não se aplicando a cartões bancários emitidos em Macau ou em outras regiões. A AMCM tinha indicado anteriormente que espera a conclusão ainda este ano do processo de instalação da KYC. A partir de 4 de Julho, as máquinas ATM sem a nova tecnologia deixaram de prestar serviço de levantamento em numerário aos cartões UnionPay emitidos na China. Crime | Dois agentes detidos por auxílio à entrada e saída de imigrantes ilegais [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram detidos, no domingo, por suspeita de envolvimento num esquema de entrada e saída de imigrantes ilegais do território, dois agentes, do Departamento de Migração da Polícia de Segurança Pública (PSP). Os agentes, com 29 e 32 anos, terão alegadamente recebido subornos de, pelo menos, 300.000 dólares de Hong Kong, disse fonte da PJ à agência Lusa. Ambos foram detidos no Posto Fronteiriço do Cotai na madrugada de domingo pela PJ, com a ajuda da PSP, tendo sido também detida uma residente de Macau, de 33 anos, num apartamento na Taipa, por alegado envolvimento no caso, indicou a mesma fonte. Segundo a investigação da PJ, que teve início em Junho, os dois agentes dos Serviços de Migração proporcionariam a entrada ou saída de imigrantes ilegais, de carro, através do Posto Fronteiriço do Cotai quando um deles se encontrasse de serviço. Tal sucedia na sequência de telefonemas de imigrantes ilegais para um dos agentes – apontado pela PJ como cérebro da operação – ou para a mulher suspeita de envolvimento na mesma rede. Segundo a PJ, foram ainda detidos três imigrantes ilegais em dois hotéis em Macau, além de um cidadão da China que seria supostamente responsável por transferir os subornos pagos pelos imigrantes ilegais para a referida rede criminosa. Um dos imigrantes entrou e saiu de Macau ilegalmente por sete ocasiões, desde Dezembro de 2016, mediante o pagamento de 10.000 a 30.000 dólares de Hong Kong de cada vez. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, reagiu com tristeza face a utilização de competências dos agentes policiais para o fim de actividades criminosas. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Wong Sio Chak, alertou os restantes serviços públicos para tomarem este caso como exemplo.
Victor Ng SociedadeAmamentação | Função Pública já terá 70 salas disponíveis Segundo um relatório da associação conjunta de um bom lar, os departamentos do Governo já terão 70 salas abertas às mães que ainda dão de mamar aos seus filhos. A maioria pertence à tutela do secretário Alexis Tam [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng, que lidera a associação da construção conjunta de um bom lar, emitiu um comunicado onde cita um relatório realizado pela associação sobre o panorama das salas de amamentação nos serviços públicos. O documento revela que a Função Pública já conta com um total de 70 salas abertas ao público nos departamentos que pertencem às cinco tutelas do Executivo, sendo que a tutela liderada por Alexis Tam, dos Assuntos Sociais e Cultura, lidera o processo, ao deter cerca de 90 por cento do total dos espaços. No seguimento deste relatório, Wong Kit Cheng entregou um questionário sobre o uso das salas de amamentação em mais de 70 entidades públicas. Apesar dos números, a deputada lembra que ainda são poucos os locais onde as mães podem amamentar os seus filhos. Wong Kit Cheng conta ainda que recebeu uma queixa de uma funcionária pública que não só falou das poucas salas existentes como dos conhecimentos insuficientes sobre o processo de amamentação. Neste caso, afirma o comunicado, as chefias não tiveram em consideração as necessidades de amamentação da trabalhadora. Na visão de Wong Kit Cheng, é necessário reforçar o apoio por parte dos residentes sobre esta matéria, além do uso de equipamentos necessários. Espaços no novo terminal Além da Função Pública, também o novo terminal marítimo vai passar a contar com salas de amamentação para as mães que viajam com os seus filhos. De acordo com a responsável da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), Susana Wong, já estão a ser feitos trabalhos nesse sentido. “Vamos instalar salas de amamentação, uma ou duas, no terminal da Taipa e vamos fazer o mesmo no terminal do Porto Exterior, porque é uma necessidade social do momento”, disse ontem a responsável à margem da cerimónia de apresentação da quarta estação de tratamento de água de Macau. Susana Wong não anunciou, contudo, uma data para a criação das referidas salas de amamentação.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeSeac Pai Van | Nova estação de tratamento de águas no final de 2019 Vai custar cerca de mil milhões de patacas. É a nova estação de tratamento de águas situada em Seac Pai Van. A infra-estrutura pretende equilibrar a distribuição de água no território e está prevista a sua conclusão no final de 2019 [dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau vai dispor de mais uma estação de tratamento de água. Localizada em Seac Pai Van, a planta da infra-estrutura foi ontem oficialmente apresentada numa cerimónia para o efeito. A ideia é que a estação esteja pronta no final de 2019. No entanto, e de acordo com a responsável da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), Susana Wong, ainda há “alguns obstáculos a ser superados” para que a obra possa ter início. A decisão de ter uma estação de tratamento de água na zona de Seac Pai Van tem que ver com o colmatar das necessidades crescentes na Taipa. Para Susana Wong, a Taipa e o Cotai já são espaços com muito comércio e indústria hoteleira e, como tal, tem que existir um planeamento de distribuição e tratamento de águas para aquela área. Por isso, afirma, “procurámos um espaço para fazer uma estação com uma escala apropriada às dimensões das necessidades”, disse a responsável ao HM, após a sessão de apresentação do projecto. “Não pode ser muito grande mas tem de ser suficiente. Temos uma pequena estação em Coloane mas não chega para o crescimento desta zona”, justifica. Por outro lado, o abastecimento de água do território tem sido concentrado essencialmente na península, o que, para a responsável, “não é saudável para o bom desenvolvimento da região”. “O rápido crescimento económico na última década, especialmente nas duas ilhas, onde se verificou o maior número de consumo de água, impulsionou uma demanda cada vez maior”, sublinha Susana Wong. De acordo com a DSAMA, está previsto um crescimento anual médio no consumo de água de dois a quatro por cento. Muito para fazer A planta está feita, o local está escolhido e já há até calendário para o final das obras. No entanto, o investimento, de cerca de mil milhões de patacas, tem de ultrapassar alguns obstáculos para que se comece a materializar. A responsável está optimista e acredita que a construção esteja concluída, tal como esperado, no final de 2019. De acordo com a Susana Wong, a ideia é promover no território “um serviço de abastecimento de água seguro, estável e de qualidade”, até porque estes são factores essenciais ao desenvolvimento de Macau “como destino turístico internacional”. A infra-estrutura tem uma área de 17 mil metros quadrados e constitui “uma instalação de tratamento de água ecológica e de alto nível”. A nova estação terá uma capacidade diária de abastecimento de 130 mil metros cúbicos de água. A Macao Waters tinha apontado para um aumento da taxa de serviço de 6,2 por cento, mas o Governo baixou a fasquia para os 5,9 por cento. A razão apontou a directora da Macao Water, Kuan Sio Peng, tem que ver com o facto de o Executivo considerar que é prioritária a optimização dos procedimentos deste serviço. “O Governo acha que devemos optimizar os procedimentos e actos internos primeiro, sendo que, claro, podemos sempre fazer melhor”, disse Kuan Sio Peng. Paralelamente continua em acção o plano de poupança deste recurso. “Uma das nossas principais preocupações é a poupança de água e estamos neste momento com a implementação de um plano neste sentido. A acção tem vindo a ser posta em prática de forma gradual e a ideia é que quem mais consome mais paga”, referiu Susana Wong. Terminal pouco acabado À margem da cerimónia de ontem, Susana Wong fez um pequeno balanço do funcionamento do novo Terminal Marítimo da Taipa. Depois de muitos anos à espera para entrar em funcionamento, a estrutura ainda apresenta algumas deficiências e tem sido alvo de queixas por parte da população. A grande dimensão do terminal e o tempo que leva a percorrer tem estado no centro das reclamações. Susana Wong considera que estas queixas não têm fundamento visto que “o tempo que se demora a chegar da entrada do terminal à sala de embarque é muito pouco”, disse. Por outro lado, afirmou, têm sido feitas melhorias nas instalações, nomeadamente no que respeita à sinalização. “Por ser um local grande tivemos de aumentar o tamanho das placas de informação”, comentou. “No início as indicações eram muito pequeninas e insuficientes”, justificou Susana Wong ao HM. A utilização do espaço também está a ser alvo de análise pela DSAMA. Quanto à demora para se passar pelos serviços de emigração, associada a postos fechados, Susana Wong avança que vão ser feitas obras de aperfeiçoamento do serviço de modo a ter mais postos abertos na altura das chegadas dos turistas. A DSAMA está ainda a tentar promover o novo terminal da Taipa enquanto centro de negócios para captar investimento para o local. Em causa estão vários serviços ligados à hotelaria e comércio. “Queremos que as empresas instalem os seus negócios no terminal”.
Andreia Sofia Silva SociedadeSaúde | Governo promete mais apoio a doentes terminais [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]ei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), garantiu, em resposta a uma interpelação escrita do deputado Zheng Anting, que os doentes de cancro, em fase terminal, terão acesso a uma maior oferta de cuidados paliativos. “Futuramente os SS irão estar atentos à situação da utilização dos serviços de tratamento de alivio e planeiam o aumento de camas para cuidados paliativos ou o aumento de enfermarias para doentes em fase terminal, em diversas especialidades, com vista a responder à procura de tratamento de cancro e de serviços na fase terminal pela sociedade”, lê-se na resposta. Além do sector privado, encontra-se em funcionamento o centro paliativo Hong Neng, que abriu portas em 2000 e que, o ano passado, contava com uma taxa de ocupação na ordem dos 84,3 por cento, com um total de 55 camas. A partir de 2006, “os SS começaram a subsidiar entidades privadas para a criação de centros de recuperação que recebam doentes”. Lei Chin Ion disse ainda que a formação de pessoal médico e de enfermaria é outro dos objectivos para os próximos anos. “O Governo irá, face à procura de serviços de tratamento de alívio, reforçar de forma continuada a devida formação de pessoal, efectuando atempadamente a revisão e o aperfeiçoamento e proporcionar serviços atempados e apoio a doentes em fase terminal e à respectiva família.” Economia | Taxa de inflação situada nos 1,18 por cento [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] taxa de inflação em Macau fixou-se em 1,18 por cento nos 12 meses terminados em Julho em relação aos 12 meses imediatamente anteriores, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou sobretudo devido a subidas nos índices de preços das secções da educação (+7,53 por cento), bebidas alcoólicas e tabaco (+5,94 por cento) e transportes (+5,37 por cento). Só em Julho, o IPC geral, que permite conhecer a influência da variação de preços na generalidade das famílias de Macau, cresceu 1,03 por cento em termos anuais. Tal deveu-se principalmente ao aumento dos preços das refeições adquiridas fora de casa, das consultas externas, do calçado e das propinas escolares, indicou a DSEC. Em relação a Junho, o IPC geral sofreu um crescimento ligeiro de 0,02 por cento. Em 2016, a taxa de inflação de Macau foi de 2,37 por cento, a mais baixa desde 2009, ano em que se fixou em 1,17 por cento. Segundo as mais recentes projecções do Fundo Monetário Internacional (FMI), a taxa de inflação de Macau deve fixar-se em 2 por cento este ano, em 2,2 por cento no próximo e em 3 por cento em 2022.
Victor Ng Manchete SociedadeEnsino inclusivo | Ella Lei pede mais professores com formação Apesar de em Macau haver 38 instituições de ensino que incorporam nas suas classes alunos com necessidades especiais, há falta de professores especializados na área. Ella Lei interpelou o Governo a dar resposta a esta lacuna do sistema de ensino [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]egundo o plano de financiamento do ensino inclusivo para o ano lectivo de 2016/2017, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) disponibilizou apoios em termos financeiros, técnicos e de formação às escolas particulares que acolhem alunos com necessidades especiais. Apesar desta medida por parte do Governo, Ella Lei entende que a educação inclusiva em Macau deixa muito a desejar, o que a motivou a elaborar uma interpelação escrita. De momento, existem no território um total de 38 escolas particulares e públicas que implementaram a educação inclusiva. Porém, a qualidade dos serviços prestados deixa de lado o apoio técnico específico com este tipo de alunos precisa. Ella Lei diz ter recebido várias solicitações de pessoal docente destas escolas que apontam dificuldades na execução prática do ensino inclusivo. Estas queixas motivaram a interpelação ao Governo onde a deputada pede medidas que colmatem a falta de professores nesta área. Contrato difícil Na interpelação escrita refere-se que, apesar de o Governo proporcionar apoios para incentivar as escolas a contratar os professores necessários, devido à insuficiência deste tipo de quadros técnicos no território as escolas enfrentam dificuldades de contratação. De forma a combater esta carência, a responsabilidade de adequar as aulas para os alunos com necessidades especiais passa a ser assumida pelo pessoal docente original, o que aumenta o volume do trabalho do corpo docente. Ainda assim, Ella Lei diz também que apesar do Governo ter convidado profissionais da educação especial a dar formação nas escolas de Macau, no final, como os convidados não permanecem quadros docentes, o problema na educação inclusiva continuam sem solução. Para além da questão da falta de recursos técnicos, a deputada revela que os alunos inclusivos ainda necessitam de tratamentos adicionais por parte de terapeutas de forma a resolver os problemas quotidianos e no estudo. Além disso, Ella Lei lamenta que faltem apoios aos alunos com necessidades especiais. Nesse sentido, a deputada sugere que o Governo contrate directamente para os quadros das escolas, ou através de instituições sociais, professores com as valências técnicas que permitam oferecer um ensino inclusivo no sistema educativo de Macau. No âmbito da falta de terapeutas, Ella Lei quer que as autoridades avancem com medidas que resolvam o problema, nomeadamente através do incentivo às instituições locais de ensino superior na abertura de cursos de licenciatura para formar terapeutas em Macau.
Hoje Macau Eventos MancheteEfeméride | Nova edição de “Clepsidra” assinala nascimento de Pessanha Uma nova edição da tradução de “Clepsidra” para chinês, da autoria de Yao Jingming, exposições de pintura e fotografia e conferências no edifício do antigo tribunal vão marcar as comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha, já a partir do dia 31 [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s 150 anos do nascimento do poeta português Camilo Pessanha começam a assinalar-se a 31 de Agosto, em Macau, com uma nova edição da obra “Clepsidra”, em forma de missal, anunciou o jornalista Carlos Morais José. “Achamos que é a edição que o Camilo Pessanha gostaria de ver”, acrescentou ainda o mentor destas iniciativas. Este lançamento, que vai decorrer no Consulado-Geral de Portugal em Macau, marca o arranque das comemorações dos 150 anos do nascimento do poeta, que viveu entre 1894 e 1926, na cidade onde morreu. É “uma data que não podia passar sem uma manifestação cultural que trouxesse o poeta, um símbolo da cidade de Macau e uma das figuras mais importantes que aqui viveu, à memória das pessoas”, sublinhou o responsável pela iniciativa e director do jornal Hoje Macau. Ao longo de uma semana, de 1 a 7 de Setembro, desta feita no edifício do antigo tribunal, Pessanha vai ser lembrado através de um conjunto de exposições de artes plásticas e de fotografia, conferências, inauguração de arte pública e lançamento de vários livros, disse. No dia 1 de Setembro, “inicia-se oficialmente” a semana dedicada a Camilo Pessanha com a inauguração de duas exposições: uma de artes plásticas, com o título “Pessanha, a última fronteira”, com a participação de vários artistas de Macau com obras “inspiradas no poeta”. A outra exposição, “Cleptocronos”, é de fotografia de António Falcão, que já residiu em Macau e que vive actualmente em Portugal. No mesmo dia vai ser lançada a versão em chinês da “Clepsidra”, numa tradução de Yao Feng e edição do Instituto Cultural de Macau. “Vamos ter mais de 20 participantes, 11 de fora e os restantes locais, nesta semana de iniciativas sobre Pessanha”, adiantou Carlos Morais José, sobre o programa que vai decorrer ao longo da semana. “A maior parte dos participantes são escritores conhecidos em Portugal e em Moçambique, como António Cabrita, que vêm cá falar de Pessanha e das suas obras”, afirmou. A ideia de associar a comemoração dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha à passagem de mais um aniversário do Hoje Macau surgiu por se tratar de um “bom pretexto” para reunir escritores portugueses que publicam no jornal. “A personalidade de Camilo Pessanha ultrapassa o seu espectro literário, também há o lado de cidadão. Nesse sentido o panorama cultural de Macau tem mais do que a obrigação de celebrar a figura mais ilustre da comunidade portuguesa de sempre em Macau”, disse ainda Carlos Morais José. Motivar os mais novos Um dos objectivos desta iniciativa é “motivar as novas gerações a produzir”, considerou Carlos Morais José, explicando ter decidido avançar com a organização desta semana “por não ter visto nenhum evento preparado pelas autoridades competentes”. A 7 de Setembro, dia em que Pessanha nasceu, vai realizar-se “uma romagem ao cemitério, seguido de um almoço com a família do poeta” na Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC). A sessão de encerramento das celebrações vai estar a cargo de Luís Sá Cunha, com uma intervenção sobre “Por que é Camilo Pessanha o poeta de Macau”, disse. Um jantar de gala no antigo hotel Bela Vista, actual residência do cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, em que a “ementa será idêntica a que comia Pessanha no início do século XX” encerra a semana. Além das exposições, conferências e recitais de poesia em mandarim, cantonense e português, Carlos Morais José adiantou que vão ser lançados cinco livros: “Abril” de Amélia Vieira, “O exorcismo” de José Drummond, “Returning home dirty with the light” de Rui Cascais, “Karadeniz – Entrevista com um assassino” de Paulo José Miranda e “Morri” de António Falcão. Colaboração com a TDM Durante a semana vão também ser inauguradas três esculturas públicas da autoria de Carlos Marreiros, no Leal Senado, no Jardim Marginal e no Albergue SCM (Santa Casa da Misericórdia), acrescentou o director do jornal Hoje Macau. Carlos Morais José destacou também a colaboração com a Teledifusão de Macau (TDM), na transmissão de poemas em vídeo e áudio. Em data a anunciar, vai ainda ser inaugurada uma exposição histórica “Macau no tempo de Camilo Pessanha” (1867-1926), sobre o “ambiente físico, intelectual e político” em que viveu o poeta, disse o responsável, sobre o programa que marca os 150 anos do nascimento do poeta português e que contou com o apoio da Casa de Portugal em Macau, da Confraria da Gastronomia Macaense e da Associação para a Instrução dos Macaenses (APIM), entre outros. Considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, Camilo Pessanha nasceu em Coimbra a 1 de Setembro de 1867 e morreu em Macau a 1 de Março de 1926.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim inaugura em Setembro comboio mais rápido do mundo [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai lançar, em Setembro, o comboio mais rápido do mundo e reduzir a ligação entre Pequim e Xangai a quatro horas e meia, noticiou ontem a imprensa chinesa. O ‘Fuxing’ (“rejuvenescimento”, em chinês) vai começar a funcionar a 21 de Setembro próximo, depois de terem sido realizados, com êxito, três testes. A velocidade média é de 350 quilómetros por hora e atinge um máximo de 400 quilómetros, indicou a imprensa chinesa. A viagem entre as duas principais cidades chinesas, Pequim e Xangai, de 1.318 quilómetros, vai ter uma frequência diária. A média deste novo comboio de alta velocidade supera em 50 quilómetros por hora o actual. O novo modelo foi desenhado e fabricado pela China e inclui um sistema de controlo que abranda automaticamente, em caso de emergência ou condições anormais. Aposta ganha Em menos de uma década, a China construiu a maior rede de alta velocidade do mundo, que atingiu no final do ano passado os 22 mil quilómetros, mais do que todos os outros países juntos. A primeira linha – um troço de 120 quilómetros entre Pequim e Tianjin – começou a funcionar em 2008, quando a capital chinesa organizou os Jogos Olímpicos. O Governo chinês prevê que, em menos de dez anos, a rede de alta velocidade do país atinja os 38 mil quilómetros, quase o equivalente à circunferência da Terra, medida pela linha do Equador. No total, o investimento chinês no sector ferroviário de alta velocidade ascende a 360 mil milhões de dólares. O sucesso da rede de alta velocidade na China ficou manchado pelo acidente de Julho de 2011, na cidade de Wenzhou, que causou 40 mortos e quase 200 feridos, e os escândalos de corrupção no antigo Ministério dos Caminhos-de-ferro chinês. Liu Zhijun, o titular da pasta, acabou por ser condenado à morte com pena suspensa por dois anos pelos “milhões” de subornos que recebeu de companhias desejosas de ganharem contratos no sector.
Hoje Macau China / ÁsiaCambridge | Petição contra censura no portal da Universidade [dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ários académicos assinaram uma petição para a universidade britânica de Cambridge repor mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos do seu ‘site’ oficial na China a pedido das autoridades chinesas. A Cambridge University Press (CUP) afirmou na sexta-feira que cumpriu com um pedido para bloquear alguns artigos da versão electrónica da publicação “The China Quarterly”, na China. Os artigos censurados tocam em assuntos sensíveis para o regime chinês, como o massacre na praça Tiananmen, em 1989, a Revolução Cultura (1966-76) e a questão do Tibete. Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, as autoridades têm aumentado a repressão sobre possíveis fontes de oposição ao Partido Comunista Chinês, incluindo advogados que trabalham em casos sensíveis, organizações não-governamentais e igrejas. Académicos dizem que as universidades têm também sido submetidas a um crescente controlo ideológico, incluindo acompanhamento frequente nas salas de aula. Christopher Balding, professor associado de economia na Peking University HSBC Business School, na cidade de Shenzhen, disse ter lançado o abaixo-assinado, como forma de colocar pressão não só sobre a CUP, mas também universidades e académicos que interagem com a China, e para que as instituições se revoltem contra a censura oficial. A petição apela à CUP para que recuse acatar com a censura do Governo chinês e afirma que académicos e universidades têm o direito de boicotar a instituição e as suas publicações, caso cedam às exigências das autoridades. O texto que acompanha o abaixo-assinado escreve que os académicos acreditam no intercâmbio livre e aberto de ideias e informação e que é “perturbador que a China esteja a tentar exportar a sua censura em assuntos que não se encaixam na sua narrativa preferida”. Na segunda-feira, mais de 200 pessoas tinha assinado a petição. Servir a lei Em editorial, o jornal oficial Global Times escreveu que a China bloqueia alguma informação em ‘sites’ estrangeiros, considerada prejudicial para a sociedade chinesa, e que a CUP tem que cumprir com a lei chinesa se quer estabelecer um servidor na China. Se as instituições ocidentais “pensam que o mercado da Internet chinesa é tão importante e que não o podem perder, têm que respeitar a lei chinesa e adaptar-se aos costumes locais”, escreveu o Global Times.
Sérgio Fonseca DesportoGp Internacional de Karting já tem data [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] data da edição deste ano do Grande Prémio Internacional de Karting de Macau foi finalmente confirmada pela federação internacional CIK-FIA. Assim sendo, o evento anual mais importante do Kartódromo de Coloane será realizado de 8 a 10 de Dezembro, depois de o ano passado ter sido realizado no final de Novembro, e atribuirá os títulos dos campeonatos CIK FIA Ásia-Pacifico para as categorias KZ e OK. “A competição CIK-FIA em Macau é altamente considerada pelo seu circuito de 1203 metros, uma calorosa recepção e uma excelente organização da Associação Geral Automóvel Macau-China. Além do aspecto desportivo, também é uma óptima oportunidade para os construtores de chassis e fabricantes de motores se destacarem em frente ao mercado asiático”, disse a CIK-FIA em comunicado. Não são por agora conhecidas muitas informações em relação ao evento deste ano, no entanto, como em 2016, onde o vencedor da prova foi o experiente piloto francês Tom Leuillet, por razões logísticas, os pilotos terão que usar pneus à sua escolha dentro daqueles homologados pela CIK-FIA. As inscrições para a prova abriram no passado dia 17, custam 458 euros e terminam apenas a 9 de Novembro. Igualmente agendado para o mesmo fim-de-semana, como aliás é parte da tradição, está a última jornada do Campeonato Asiático Open de Karting (AKOC, na sigla inglesa) que traz consigo as suas várias classes e sub-categorias. A maior competição de Karting no continente asiático já passou pela RAEM este ano, no passado mês de Junho. Jovem luso quer voltar Portugal esteve pela primeira vez representado no Grande Prémio Internacional de Karting de Macau em 2016. Yohan Sousa esteve sempre na luta por um lugar no pódio na categoria KZ, a classe rainha do karting mundial das competições CIK-FIA, em que o jovem piloto de Torres Novas se tinha visto privado de correr nos últimos seis meses antes da prova devido a uma lesão no pé esquerdo. Na Final, o piloto português arrancou bem da quinta posição e assumiu o terceiro lugar, mas a partir da terceira das 25 voltas, viu-se forçado a completar o resto da corrida com o tirante empenado, devido a um toque. Ainda assim, Sousa que correu com um chassis CRG e motor TM, pelos italianos da CRG Spa, não baixou os braços e garantiu um histórico quinto lugar para Portugal na prova. Sousa poderá voltar em Novembro a Macau, como o próprio admite. “Estamos realmente a pensar voltar”, disse o piloto ao HM. “Aguardamos se a federação de Macau vai apoiar de novo os pilotos, como fizeram o ano passado, de forma a validar a minha participação”. Em 2016, para tentar cativar uma presença mais forte de concorrentes internacionais, foi oferecido por participante um subsídio de 3,000 dólares norte-americanos e dois quartos duplos por cinco noites no Hotel Pousada Marina Infante, em Coloane.
Paulo José Miranda h | Artes, Letras e IdeiasO Primo Basílio de Eça de Queirós [dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]uísa e Juliana (segunda parte) O que nos traz aqui é a Luísa e a Juliana, a senhora e a sua criada. Em sentido hegeliano, no início do romance ambas são escravas, pois ambas não têm consciência de si. Mas com o avançar do romance, com o avançar da trama, com a queda de Luísa isso não vai ser assim. Mas comecemos pelo princípio: “Luísa espreguiçou-se. Que seca ter de se ir vestir! Desejaria estar numa banheira de mármore cor-de-rosa, em água tépida, perfumada, e adormecer! O numa rede de seda, com as janelas cerradas, embalar-se, ouvindo música! Sacudiu a chinelinha; esteve a olhar muito amorosamente o seu pé pequeno, branco como leite, com veias azuis, pensando numa infinidade de coisinhas: – em meias de seda que queria comprar, no farnel que faria a Jorge para a jornada, em três guardanapos que a lavadeira perdera… Tornou a espreguiçar-se. E saltando na ponta do pé descalço, foi buscar ao aparador por detrás de uma compota um livro um pouco enxovalhado, veio estender-se na voltaire, quase deitada, e, com o gesto acariciador e amoroso dos dedos sobre a orelha, começou a ler, toda interessada. Era a Dama das camélias. Lia muitos romances; tinha uma assinatura, na Baixa, ao mês. Em solteira, aos dezoito anos entusiasmara-se por Walter Scott e pela Escócia; desejara então viver num daqueles castelos escoceses, que têm sobre as ogivas os brasões do clã, mobilados com arcas góticas e troféus de armas, forrados de largas tapeçarias, onde estão bordadas legendas heróicas, que o vento do lago agita e faz viver; e amara Ervandalo, Morton e lvanhoé, ternos e graves, tendo sobre o gorro a pena de águia, presa ao lado pelo cardo de Escócia de esmeraldas e diamantes.” Estas são as primeiras acções e os primeiros pensamentos de Luísa no romance, acções e pensamentos de uma mulher sem pingo de consciência de si, da sua vida, do que é a sua condição humana. “Que seca ter de se ir vestir!” diz ela para si mesma, arranjando imediatamente um périplo de diversões de modo a ir adiando o projecto de se vestir, arrastando-se pelo sofá languidamente. Lembra episódios antigos e até se entretém a imaginar o que a sua vida teria sido se tivesse casado com o seu primo, imagina o que a sua vida seria se não fosse a sua vida. Ou seja, tudo a leva para longe de si, longe da sua consciência de si. O que ela não quer é estar consigo. Prefere pensar no que nunca poderá ser do que pensar em si, do que consciencializar a sua vida, o que ela mesma é. Mas não seria necessário termos avançado tanto nas páginas do livro, embora sejam tão poucas, para entendermos isto que estamos a dizer. Lembremos a primeira frase que Luísa pronuncia no livro, em resposta à pergunta de Jorge, quando são já onze horas e depois de terem acabado de almoçar, se ela não se ia vestir: “Logo.”, isto é, mais tarde, depois, agora não. A primeira frase de Luísa é uma palavra de adiamento, de trespasse do que tem de fazer, trespasse do agora para mais tarde. E este é o modo como vive todas as variantes de sua vida. A sua vida é um eterno adiamento, a sua vida fica para depois, logo. Custa-lhe até tomar banho. Há, contudo, um momento claríssimo no romance onde podemos ver que Luísa mudou, que Luísa começou a ter consciência de si. Mas antes de mostrarmos esse momento, mostremos uma das reuniões sociais e culturais em casa de Luísa, antes da ruptura operada na sua consciência. O episódio começa com o começo do capítulo dois e fecha-o. Veja-se apenas o início, que lhe dá bem o tom: “Aos domingos à noite havia em casa de Jorge uma pequena reunião, uma cavaqueira, na sala, em redor do velho candeeiro de porcelana cor-de-rosa. Vinham apenas os íntimos. O “Engenheiro”, como se dizia na rua, vivia muito ao seu canto, sem visitas. Tomava-se chá, palrava-se. Era um pouco à estudante. Luísa fazia croché, Jorge cachimbava.” Não custa imaginar o desinteresse completo, a falta de vida neste quadro. Pelo contrário, veja-se uma dessas mesmas reuniões, após a consciência de si de Luísa, depois de se ter tornado criada da usa criada. “Que alívio para Luísa quando eles saíram! O que ela sofrera, lá por dentro, toda aquela noite! Que maçadores, que idiotas! – E a outra sem vir! Oh, que vida a sua!” Já não é a mulher do croché, que vamos aqui encontrar, mas aquela que luta pela sua própria vida, isto é, que tem muito bem consciência de que a sua vida vai mal. Esta consciência dá-lhe consciência da sua condição humana, condição que sempre desprezara, que sempre tudo fizera para não vê-la. A “outra” é a Juliana a criada sua senhora, que tinha ido ao teatro. A verdade é que ainda não se entende de modo é que a consciência de si e a dialéctica do senhor e do escravo têm a ver com Juliana. Sim, é certo que através desta, da acção desta ao transformar sua senhora em sua criada, Luísa acaba finalmente por ter consciência de si, de se tornar sua própria senhora. É uma bela ironia esta que Eça nos arranjou: ao tornar-se escrava de Juliana, Luísa torna-se senhora de si, ao tornar-se escrava, liberta-se. Mas nem esta pérola, nem a consciência de si por parte de Luísa mostram qualquer grandeza ao personagem Juliana, de modo a fazer dela um deuterogonista trágico, como começamos por afirmar no início. Falta qualquer coisa para mostrarmos a verdadeira dimensão do personagem Juliana e justificar a nossa extensa citação anterior acerca dele. O que está em causa na consciência de si, como vimos anteriormente, é a superação da condição natural, da condição animal do humano, que seria então a consciência de si para si. Assim, deixar a animalidade é caminhar no sentido de uma consciência senhora de si. Mas não é possível uma consciência ser senhora de si ocupando-se a toda a hora das necessidades biológicas, vivendo no mundo sensual e animal o tempo todo. A guerra de Juliana com Luísa é a guerra do reconhecimento de si própria, a guerra da supressão de si mesma, enquanto consciência, através do emprego do seu tempo, de si, em actividades outras que não as biológicas e de conservação da vida. O que está aqui em causa, nesta guerra doméstica, e que é também a guerra de Eça neste livro, é a necessidade do humano em viver para além da vida, isto é, a necessidade do humano em libertar-se da vida do plano natural, a necessidade do humano em libertar-se da vida. Ou seja, o que Eça nos mostra é que se não nos libertarmos da vida não vale a pena viver. Luísa e Juliana, no início do romance, são ambas prisioneiras da vida, prisioneiras do plano sensual, animal. Juliana desde sempre sentiu em si uma necessidade de ser mais do que era, como pudemos ver pela descrição alargada de Eça, e sempre teve dificuldade em aceitar a sua condição de criada. Juliana queria ser mais do que era e para ser mais tinha de ter tempo, tempo para si, para actividades outras que não as da criada presa à vida. Juliana ao querer ser mais do que é, traz já em si um ser mais do que é, traz já em si um horizonte de ser, ela mesma, mais do que ela mesma é. Não se trata aqui de querer ser mais no sentido da vida, de querer ser mais para ter mais bens, naquele sentido em que tantas vezes ouvimos dizer “eu ainda vou ser alguém na vida”. Sem dúvida, quem diz isso poderá vir a ser alguém na vida, mas não será certamente um senhor, uma consciência de si e para si. Pois o que importa a essa consciência que quer ser alguém na vida é a vida, é fugir da morte. A chantagem de Juliana a Luísa é a oportunidade que ela entrevê de modo a ter uma segurança financeira que lhe permitisse fugir da vida, não ter medo da morte; que lhe permitisse, por exemplo, ir ao teatro. Juliana não quer ser alguém na vida, quer ir ao teatro, que é muito diferente. Juliana quer ser uma senhora, uma consciência de si e para si (não que ir ao teatro, de per si, resulte nisso, trata-se apenas de um exemplo de contraposição aos que querem ser alguém na vida e serem reconhecidos pelos objectos enquanto coisas). Há aqui, no personagem Juliana, uma violenta posição social e política por parte de Eça de Queirós. No fundo, ele mostra-nos duas coisas: por um lado, ninguém é culpado de não ser ninguém no mundo (não na vida), de não ser uma consciência de si e para si, pois há os deuses, que estão acima de nós, que nos fazem nascer nesta família ao invés da outra, com estas características, ao invés de outras, e também os deuses sociais que nos obrigam a um comportamento determinado por parte de cada um, consoante o papel dele (e ao tempo do romance, ser mulher era muito diferente de ser homem); mas por outro lado, aqueles a quem os deuses mais favoreceram acabam, muitas vezes, por não querer ser ninguém no mundo. Este não querer ser ninguém no mundo, tendo tudo para poder ser, é o que cabe a Luísa. Luísa, que tinha tempo para não temer a morte, para libertar-se da vida, para ser alguém no mundo, vivia presa num marasmo de sensualidade. Mas com a inversão dos papéis entre ela e sua criada, embora não completamente, elas passam a querer ultrapassar-se a si mesmas, tendo um ganho de consciência de si que antes não tinham. A luta delas é a luta para serem alguém, no mundo. Que ambas (e é discutível) tenham morrido escravas, segundo o ponto de vista hegeliano, não retira em nada o que está em causa neste livro de Eça, através da guerra entre Luísa e Juliana: a necessidade de se tomar consciência de si e para si, a necessidade de se ultrapassar. Luísa passa a ver-se a si mesma como um objecto de consciência, passa a pensar na sua vida, não na vida, mas na sua vida, isto é, ela passa a concentrar-se naquilo que é; e aquilo que é, obviamente, nãos e resume á vida, ao sensorial, ao sensual, onde ela habita usualmente. A necessidade de Juliana de se ultrapassar a si mesma, conduz Luísa a fazer o mesmo por si. Estamos então, aqui, num dos centros gravíticos desta obra magna de Eça de Queirós: a guerra de duas mulheres por serem alguém no mundo.
David Chan Macau Visto de Hong KongDeliberações online [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s jornais chineses anunciaram no passado dia 18 a criação de um Tribunal de Primeira Instância Online, que irá deliberar apenas sobre crimes e infracções relacionadas com a utilização da internet. O tribunal está sediado em Hang Zhou, China. Esta região concentra a grande maioria das disputas nesta área, já que a empresa Alibaba Group tem sede em Hang Zhou. A notícia não avança pormenores sobre o funcionamento do Tribunal, indica apenas que irá criar maior eficácia na adjudicação, mediação e na clarificação de leis, de casos, etc. Na verdade, a criação de um rastreamento legal das transacções online não é novidade. Já a 19 de Agosto de 2009 o Tribunal de Segunda Instância de Xangai tinha autorizado a possibilidade de serem feita adjudicações online. O site deste Tribunal também permite submeter documentos legais e pesquisar a legislação que regula as mediações via internet. No entanto a diferença entre um Tribunal dedicado em exclusivo a esta área e um site é significativa. De qualquer forma, o Tribunal Online, e os julgamentos realizados via internet, serão sem duvida uma novidade absoluta a nível mundial. Implicará uma combinação da alta tecnologia com os procedimentos legais. De futuro é normal de se adoptem novos procedimentos para os julgamentos online. Estas questões merecem algum desenvolvimento. Recentemente ouviu-se rumores sobre a existência de um julgamento na China realizado via Wechat. Mas é apenas um rumor, não existem provas que o sustentem. Agora voltemos ao Tribunal Online. Como já mencionámos, os julgamentos deste Tribunal são efectuados via internet, e vai ser o primeiro Tribunal chinês a ocupar-se em exclusivo de casos relacionados com transacções online. De acordo com as notícias, em caso de litígios nesta área é necessário recorrer ao Tribunal de Segunda Instância de Hang Zhou. O Tribunal Online não altera os termos originais do processo de recurso. No entanto, será preferível que venham a ser esclarecidas algumas questões relacionadas com este novo Tribunal. Por exemplo, se alguém fotocopiar um texto da autoria de outrem, o imprimir e o puser à venda na internet, mas também, na versão física, numa loja, será que vamos estar perante dois casos distintos, que devem ser apresentados a dois Tribunais? E isto porque o Tribunal Online se ocupa apenas de infracções cometidas online, desta forma, a venda do material na loja já não cairia sob a sua alçada. Mas, por razões de conveniência, poderão estas duas situações ser tratadas como um caso único, e ser entregues apenas a um Tribunal? Outra questão a analisar é a qualificação do juiz do Tribunal Online. Pela natureza dos casos que lhe são entregues, é natural que as provas apresentadas a este Tribunal sejam todas electrónicas. Daí que, o domínio que o juiz tenha desta área seja relevante. Mas qual será exactamente a formação académica exigida para o efeito? Seguindo o mesmo raciocínio, os advogados de defesa e de acusação também deverão ser “fluentes” em plataformas informáticas, sob o risco de não conseguirem lidar bem com este modelo, e assim, não poderem apresentar os seus casos convenientemente neste Tribunal. Por fim, apontarei outra questão que me parece importante. Sem poder olhar directamente os rostos e ouvir as vozes das testemunhas, poderá o juiz compreender da mesma forma se estão a falar verdade? Neste quadro, a mediação passará a ter um papel muito importante, porque independentemente das declarações falsas ou verdadeiras, o que vai valer para todos é o resultado final da mediação. Caso contrário, este resultado não pode ser implementado. Não há dúvida que a criação do Tribunal Online pode ter mérito em termos de eficácia e de eficiência. Vai poupar o tempo das deslocações às partes envolvidas e dispensar grande parte da logística dos julgamentos. Contudo, as questões relacionadas com a jurisdição deste Tribunal e com o domínio da área informática por parte do juiz e dos advogados devem ser levantadas. Devido às limitações deste processo, a mediação deverá prevalecer sobre a litigação nos julgamentos online. Para já, podemos afirmar que a criação de um Tribunal e de julgamentos online parece ser uma boa ideia, e que pode vir a ser uma nova tendência na área da justiça. No entanto deveremos estar atentos a algumas questões de ordem prática.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteHong Kong | Prisão de activistas gera novo protesto e criticas de ONG [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] prisão dos activistas Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow levou ontem cerca de dez mil pessoas às ruas de Hong Kong. Em Macau, Larry So diz que a pena foi demasiado pesada e que bastava uma condenação a trabalho comunitário. Scott Chiang, líder da Associação Novo Macau, defende que os activistas não podem perder a esperança. Os olhos do mundo estão de novo postos em Hong Kong após o Tribunal de Recurso da região vizinha ter condenado os activistas Joshua Wong (20 anos) a seis meses de prisão, Nathan Law (24 anos) a oito meses, e Alex Chow (26 anos) a sete meses. A condenação surgiu na sequência do pedido de agravamento das sentenças pelo Governo, já depois de, no ano passado, os activistas, ligados ao partido Demosisto, terem sido condenados a trabalho comunitário. Um painel de três juízes decidiu na quinta-feira agravar as sentenças conforme pedido de recurso pelo secretário para a Justiça, Rimsky Yuen. A decisão substitui as sentenças decretadas o ano passado, de 80 e 120 horas de serviço comunitário, para Joshua Wong e Nathan Law, e pena suspensa de três semanas de prisão para o ex-dirigente da federação de estudantes Alex Chow. Os juízes disseram que era preciso dissuadir outros manifestantes de tais actos e condenaram à prisão os três jovens, depois de deduções de um mês nas sentenças de Wong e Law por serviço comunitário já cumprido. Entretanto, os três activistas vão recorrer da sentença, disse um líder estudantil dos protestos de 2014. As acusações de pressão política e tentativa de silenciamento dos movimentos pró-democracia na região vizinha surgiram de imediato. Ontem, segundo o órgão de media Hong Kong Free Press, cerca de dez mil pessoas terão estado na zona de Wanchai a protestar na intitulada “Marcha contra a Perseguição Política”. Segundo a reportagem em directo, transmitida nas redes sociais, membros do partido pró-democracia People Power lembraram que os três activistas presos têm menos de 30 anos e que, por isso, podem continuar a luta pela democracia quando saírem da prisão. “É o seu futuro”, disse um dos membros do partido. Raymond Chan Chi-chen, deputado do Conselho Legislativo (LegCo) pelo People Power, defendeu ao mesmo órgão de comunicação que a decisão do tribunal não passa de uma perseguição política e que os grupos que lutam por um sistema político mais democrático “sofrem pressões neste momento”. Raymond Chan Chi-chen teceu ainda duras criticas ao posicionamento do secretário Rimsky Yuen em todo o processo. Pena excessiva Em Macau também se fala de uma tentativa de silenciamento e diminuição do poder que os movimentos pró-democracia têm obtido nos últimos anos. Ao HM, Larry So, politólogo, considerou que a pena decidida pelo tribunal foi “demasiado pesada”. “Seria suficiente aplicar-lhes uma pena de trabalho comunitário e não uma pena de prisão. É uma decisão com uma maior orientação política do que propriamente legal. Desse ponto de vista, penso que há uma tentativa de suprimir os jovens de virem à rua e protestarem contra o Governo”, apontou. Na visão do ex-docente do Instituto Politécnico de Macau, a decisão do Tribunal de Recurso “não é uma boa medida e é uma tentativa de silenciamento”. “É uma pena que o tribunal de Hong Kong tenha sentenciado estes jovens a penas de prisão”, acrescentou. No protesto de ontem em Wanchai questionou-se a continuação do trabalho do partido Demosisto, agora que os seus principais líderes estão atrás das grades. Para Larry So, pode de facto haver um retrocesso nos movimentos pró-democracia. “A curto prazo podemos sentir um efeito nesse sentido (uma redução dos protestos nas ruas), porque é um sinal claro junto da comunidade e uma tentativa de travar um pouco os jovens. É uma decisão que diz ‘Não tomem decisões radicais e não vão para a rua, pois podem ser presos’.” Em Macau, cujos movimentos pró-democracia têm registado uma expressão diminuta, haverá, segundo Larry So, poucas consequências destas prisões. “Macau ainda não atingiu essa fase em que os jovens assumem posições mais radicais. O território vive uma melhor situação económica. Não vejo acontecimentos destes no futuro de Macau, e penso que Macau deve olhar para Hong Kong e aprender algumas lições com o que tem acontecido nos últimos tempos”, disse o politólogo. Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), pede, sobretudo, que não se perca a esperança. “O que esperamos é que Joshua Wong e outros activistas não percam a esperança de lutar pelo seu destino”, disse ao HM. “Estas prisões vão trazer dois tipos de consequências. De certeza que vão afastar algumas pessoas e fazer com que se dê um passo atrás nestes movimentos. Diria que esta decisão do tribunal vai dividir um pouco a sociedade de Hong Kong”, acrescentou o presidente da ANM. Projectos adiados Tanto as condenações a penas de prisão efectivas como a de outros 13 activistas no início da semana passada, por um caso anterior ao movimento ‘Occupy’, aumentaram os receios de que o sistema judiciário independente de Hong Kong esteja sob ameaça por o Governo da cidade apoiado por Pequim alegadamente estar a usar os tribunais para reprimir a oposição e restringir a sua capacidade de protesto. Antes do julgamento, o Departamento de Justiça de Hong Kong disse que não havia “absolutamente nenhuma base para inferir qualquer motivo político” da sua parte em relação ao caso. No ano passado, Nathan Law, então com 23 anos, tornou-se o mais novo deputado a ser eleito em Hong Kong, mas, tal como outros cinco eleitos pela população, viria meses mais tarde a ser desqualificado por usar o seu juramento para protestar contra Pequim. Joshua Wong, de 20 anos, também falou de seu desejo de se candidatar, mas não pôde fazê-lo por não ter a idade mínima de 21 anos. Alex Chow, que na sexta-feira faz 27 anos, pretende fazer um doutoramento no estrangeiro, mas a sentença veio atrasar os seus planos. ONG criticam decisão do tribunal [dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]rupos de direitos humanos e políticos norte-americanos já condenaram as penas de prisão efectiva aplicadas pelo Tribunal de Recurso de Hong Kong. A Amnistia Internacional disse que a busca “incansável” pelo Governo de penas de prisão para Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow foi um “ataque vingativo” à liberdade de expressão e reunião pacífica. “O verdadeiro perigo para os direitos de liberdade de expressão e reunião pacífica em Hong Kong é a continuada perseguição pelas autoridades de proeminentes activistas democratas. As acusações destinadas a dissuadir a participação em protestos pacíficos devem ser paradas”, disse a directora da Amnistia Internacional em Hong Kong Mabel Wu, citada pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong. A directora da organização Human Rights Watch para a China, Sophie Richardson, reagiu através da rede social Twitter. “A democracia em Hong Kong, que se posiciona como centro legal, de negócios e de liberdade de expressão foi gravemente prejudicada pelas sentenças de hoje”, escreveu. O académico da Universidade de Hong Kong Eric Cheung, que estava no tribunal em apoio aos jovens presos disse que estava triste que os três jovens fossem colocados atrás das grades e destacou a sua dedicação e “grande potencial”. “O que eles fizeram (…) foi realmente por preocupação com Hong Kong”, disse Cheung. Censura americana Nos Estados Unidos, o senador Marco Rubio, que lidera uma comissão no Congresso sobre a China, também criticou as sentenças: “As acusações políticas e as novas sentenças destes jovens são uma vergonha e mais uma prova de que a estimada autonomia de Hong Kong está precipitadamente em erosão”. Rubio disse que as políticas dos EUA devem reflectir a realidade de que Pequim está a tentar esmagar a nova geração do movimento pró-democracia de Hong Kong e a minar o princípio “Um país, dois sistemas”, que entrou em vigor em 1997, com a passagem da soberania de Hong Kong da Grã-Bretanha para a China.Pequim prometeu deixar a cidade manter a sua ampla autonomia e direitos civis, como liberdade de expressão e manifestação, desconhecidos no interior da China. O congressista Chris Smith acrescentou que Hong Kong pode arriscar perder o seu estatuto especial perante as leis dos Estados Unidos se Pequim recusar seguir as promessas feitas na Declaração Conjunta sino-britânica.
Victor Ng PolíticaAL | Mak Soi Kun e Zheng Anting fazem o balanço da legislatura [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o fim da legislatura chegou a altura de reflectir sobre os últimos quatro anos de trabalhos da Assembleia Legislativa. Os deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting apresentaram mais de 400 interpelações, sendo que mais de metade não obteve resposta do Governo no prazo estabelecido Estamos em plena época alta dos balanços de trabalhos. Aproveitando a onda, os deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting deram uma conferência de imprensa onde se lançaram no exercício de fim de legislatura. Desde Outubro de 2013, ambos os deputados fizeram 364 interpelações escritas, 37 orais, 104 intervenções no período antes da ordem do dia. Além disso, foram proponentes de três debates levantados na Assembleia Legislativa (AL), relatou Mak Soi Kun. O deputado considera que teve uma boa prestação a cumprir as promessas feitas nas eleições passadas. Entre as lutas mais acérrimas que levou a cabo destaca as condições de habitabilidade, o abuso no arrendamento, as garantias para idosos, habitação e os problemas do trânsito. Zheng Anting chamou atenção para o caso Pearl Horizon como prelúdio para falar da questão das terras. O deputado lembrou o projecto de lei que entregou em Junho último, em parceria com Leonel Alves, para rever a legislação referente à lei de terras. Porém, lamenta que a legislatura tenha terminado sem que o Governo tivesse respondido. Zheng Anting destacou ainda o problema das pensões para idosos. O deputado recordou as várias vezes que sugeriu o aumento destes benefícios de forma a garantir que o nível de vida da população da terceira idade acompanha a taxa de inflação. Ainda neste capítulo, Zheng Anting lembra que propôs ao Governo o aumento do vale de saúde para pessoas com idade igual ou superior a 60 anos para um montante de 1000 patacas. Respostas tardias Fazendo a retrospectiva dos trabalhos dos últimos quatro anos da AL, Mak Soi Kun divulgou ter recebido mais de 1200 pedidos de ajuda de cidadãos, quer da forma directa ou da indirecta. Deste universo de solicitações da população, 93 por cento destes pedidos foram já resolvidos, enquanto os restantes sete por cento ainda não tiveram conclusão. Por outro lado, Mak Soi Kun alerta para a insuficiência de certos serviços em termos de recursos humanos. “De entre as mais de 300 interpelações escritas, só 45,58 por cento foram respondidas no prazo de 30 dias, ou seja, o Governo não respondeu a mais de metade no prazo definido”, comenta. O deputado entende que esta situação demonstra uma eficiência insatisfatória em termos de poder de resposta das autoridades, o que revela alguma falta de competência ao nível do funcionalismo público. Mak Soi Kun vai mais longe ao depositar nos funcionários as culpas para a impossibilidade em resolver as questões dos cidadãos, algo que é motivo de vergonha para o deputado. Novo Macau apresenta queixa criminal contra Caruso Fong [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Associação Novo Macau vai apresentar queixa criminal contra o autor do pedido ao Ministério Público para investigar um membro do maior grupo pró-democracia por alegada “associação aos casos de corrupção” que envolvem o antigo procurador. Em causa está um pedido de investigação entregue no Ministério Público (MP) contra o actual responsável do conselho fiscal e antigo vice-presidente da Novo Macau, Andrew Cheong, por Caruso Fong, presidente da Associação dos Assuntos Jurídicos e Sociais, que também diz ser membro da associação pró-democracia. Além de questionar a relação entre as empresas de Andrew Cheong e de Wong Kuok Wai que, na terça-feira, foi condenado a 14 anos de prisão num processo conexo ao do ex-procurador Ho Chio Meng, Caruso Fong acusou a direcção da Novo Macau de aceitar subornos de Andrew Cheong, em troca de uma alegada posição para o empresário na associação. “Em relação à conferência de imprensa, da semana passada, dada pela Associação dos Assuntos Jurídicos e Sociais e por Caruso Fong no exterior do Ministério Público, a Associação Novo Macau considera que as acusações de suborno contra os actuais e antigos líderes da associação não têm qualquer fundamento, não são verdadeiras e fazem parte de uma campanha de difamação”, disse a associação. “Por conseguinte, a Associação Novo Macau vai apresentar uma queixa criminal sobre falsas acusações”, acrescentou. A Novo Macau tinha dito que ia reagir oficialmente ao pedido de investigação na sexta-feira, mas acabou por divulgar um comunicado em chinês, através do Facebook. O documento é difundido em nome do actual presidente da Novo Macau, Scott Chiang, do vice-presidente Sulu Sou, de Andrew Cheong, e do antigo presidente Jason Chao. Dinheiro suspeito Em causa estarão contratos sobre a manutenção de detectores de metais subadjudicados a uma empresa de Andrew Cheong – a Artigos Eletrónicos Proton – para a prestação de serviços no Ministério Público durante oito anos. Caruso Fong colocou em causa a forma como a empresa de pequena dimensão de Andrew Cheong conseguia obter do MP contratos de milhões de patacas e disse que o empresário prestou falsas declarações quando foi ouvido no processo conexo ao do ex-procurador. Caruso Fong estimou o montante em 100 mil patacas e disse ter provas de que o dinheiro acabou por ser transferido em benefícios impróprios para membros da direcção da Associação Novo Macau. O Tribunal Judicial de Base deu, na passada terça-feira, como provado mais de mil crimes envolvendo a adjudicação de contratos de aquisição de bens e serviços do Ministério Público a empresas de fachada, incluindo crimes cometidos de forma continuada, em associação criminosa com o antigo procurador Ho Chio Meng, já condenado em Julho a 21 anos de prisão. Ho Chio Meng, que liderou o Ministério Público entre 1999 e 2014, foi condenado a 21 anos de prisão por mais de mil crimes, incluindo promoção ou fundação de associação criminosa, participação económica em negócio, branqueamento de capitais agravado, burla e peculato.
Hoje Macau Manchete PolíticaEleições | CCAC recebeu 101 queixas desde Abril [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Comissariado contra a Corrupção de Macau (CCAC) recebeu desde Abril um total de 101 queixas relacionadas com as eleições de Setembro à Assembleia Legislativa, disse o comissário André Cheong no fim-de-semana “Até este momento recebemos 67 queixas (…) através da linha conjunta com a Comissão Eleitoral e 34 por via própria. No total são 101. A maior parte está relacionada com suspeita de corrupção eleitoral”, disse aos jornalistas, à margem de uma iniciativa do CCAC para promover “eleições limpas”. André Cheong não avançou detalhes sobre os progressos das investigações, quantas foram concluídas e se houve queixas que deram origem à entrega de processos ao Ministério Público para fazer acusação. Aprovada em 2016, a nova lei eleitoral impõe maiores restrições à propaganda eleitoral. Em Macau, muitas listas têm ‘organizações amigas’ que promovem todo o tipo de actividades e de presentes, desde banquetes a viagens à China. A lei não proíbe as associações apoiantes de listas candidatas de organizarem banquetes ou de oferecerem refeições gratuitas ou vales de compras em supermercados aos seus sócios, nem proíbe que uma sociedade organize viagens ao interior da China, recorda André Cheong. “O que a lei proíbe é fornecer esses interesses e ao mesmo tempo fazer propaganda eleitoral. Por exemplo, há banquetes gratuitos em que há propaganda. Antes de 2 de Setembro [data do início da campanha eleitoral], se houver propaganda antecipada vai ser qualificada como acto ilegal”, acrescenta. O comissário revelou que desde Abril até à data os fiscais do CCAC realizaram “mais de 2000 acções de vigilância”, das quais mais de 1500 a actividades que incluíam banquetes ou refeições gratuitas, tendo também fiscalizado outro tipo de iniciativas, como a oferta de viagens. Comer e passear “Verificámos que existem essas actividades, mas em muito poucas ocorreram acções de propaganda de actos eleitorais. Segundo os colegas que já trabalharam em várias eleições, essa é uma diferença em relação ao passado”, diz. “Não fiz a comparação se as viagens ou banquetes são mais ou menos, mas nesses mais de 2000 actos verificámos poucos casos de indícios de fornecimento de interesses e, ao mesmo tempo, de propaganda eleitoral”, afirma. Nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa, há quatro anos, o CCAC diz ter recebido 213 queixas e denúncias relacionadas com as eleições legislativas, das quais 46 foram registadas no dia da votação (15 de Setembro de 2013). A Assembleia Legislativa é composta por 33 deputados, 14 eleitos por sufrágio universal e 12 por sufrágio indirecto (através de associações), além de sete posteriormente nomeados pelo chefe do Executivo. As eleições estão marcadas para 17 de Setembro. Região | Cooperação domina encontro entre líderes de Hong Kong e Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cooperação bilateral no desenvolvimento de tecnologia inovadora, indústrias criativas e medicina tradicional chinesa dominaram o encontro do chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, com a homóloga de Hong Kong, Carrie Lam. Na primeira visita a Macau depois de ter assumido a chefia do Executivo de Hong Kong, a 1 de Julho passado, Carrie Lam destacou o empenho do seu Governo no desenvolvimento dos sectores de tecnologia inovadora e indústrias criativas, bem como a “enorme vontade” de conhecer “o desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa” em Macau, de acordo com um comunicado oficial divulgado na sexta-feira à noite. Os dois responsáveis lembraram a “boa cooperação” entre as duas Regiões Administrativas Especiais chinesas e a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, a construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a entrada em funcionamento, prevista no final do ano, da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau na criação de novas oportunidades de desenvolvimento. Chui Sai On defendeu que “os dois territórios podem impulsionar a cooperação em vários domínios, incluindo na tecnologia inovadora, na indústria criativa e na formação dos jovens, estando ainda disponível para trocar experiências com Hong Kong sobre o desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa”, indicou a mesma nota. Depois do encontro e antes de regressar a Hong Kong no final do dia, Carrie Lam visitou o espaço 10 Fantasia – Associação promotora de indústrias criativas, no bairro de São Lázaro, na cidade. A governante de Hong Kong não prestou declarações aos jornalistas. Primeira mulher a chefiar o Governo de Hong Kong , Carrie Lam foi eleita a 26 de Março passado por um colégio eleitoral de 1.194 membros, em representação de vários sectores de actividade da antiga colónia britânica. Eleições | Listas de delegados a entregar até dia 28 [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rrancou no sábado, com duração até à próxima segunda-feira, dia 28, o prazo para a entrega das listas de delegados das candidaturas às eleições legislativas deste ano. Segundo um comunicado da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), cada candidatura tem o direito de designar um delegado efectivo e outro substituto para cada assembleia de voto. Cabe ao mandatário da candidatura entregar a lista de delegados ao director dos Serviços de Administração e Função Pública. A CAEAL determina que “os delegados designados pelas candidaturas para as diversas assembleias de voto são obrigados a votar nas assembleias de voto para as quais foram designados”.
João Luz Manchete SociedadeGoverno Central | Mais estudos à quarta ponte que liga Macau à Taipa [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Questões de segurança justificaram a decisão do Governo Central em não autorizar a construção da quarta ponte. Não foi citada qualquer razão relacionada com a Ponte em Y. Um especialista ouvido pelo HM entende que o plano inicial de construção deve sofrer apenas ligeiras alterações. Antes de se começar a falar na quinta travessia, o Governo Central travou a construção da quarta ponte entre Macau e a Taipa. De acordo com declarações à TDM – Rádio Macau do coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (DGI), Chao Vai Man, o chumbo de Pequim ficou a dever-se a razões de segurança. Em questão está a futura localização da ponte que atravessa uma via navegável de alta velocidade. Entretanto, o Executivo avançou com a adjudicação dos serviços de fiscalização, gestão do projecto e preços para a obra, que vai custar mais de 188 milhões de patacas. O contrato foi para a empresa Ove Arup & Partners Hong Kong Limited. Addy Chan, vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Macau, considera todo este processo normal. “Todas as construções ribeirinhas e de beira-mar precisam da aprovação do Governo Central, porque são obras que afectam a direcção e velocidade das águas”, comenta. Como tal, admite não ter ficado surpreendido. Para o engenheiro é necessário também avaliar o impacto deste tipo de obras nas cidades vizinhas. Crescei e multiplicai-vos Apesar do projecto estar próximo da zona onde chega a Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau, nem o coordenador do DGI, nem Addy Chan acham que possa haver qualquer incompatibilidade entre ambas as construções. “Não me parece que haja relação, pois essa ponte está praticamente em fase de conclusão”, explica o engenheiro. As decisões do Governo Central devem ter em consideração construções futuras, além de se aferir quais os impactos ambientais num sentido global na área envolvente. Nesse sentido, “a Ponte em Y já afecta um pouco”, considera o especialista. Há que ter em consideração que do lado continental, há mais um projecto de grande envergadura a ligar Shenzhen a Zhongshan. Em relação ao trabalho que falta, Addy Chan não entende que seja “uma coisa assim tão complicada, sendo de esperar que os estudos finais não demorem muito a serem realizados”. No que diz respeito ao projecto final da quarta ponte que liga Macau à Taipa, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Macau diz que “não deve sofrer alterações drásticas de design, não deverá ser algo completamente novo”. Gastos dos visitantes de Macau fora dos casinos sobem 17,5 por cento [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s gastos dos visitantes de Macau, fora dos casinos, aumentaram 17,5 por cento no segundo trimestre deste ano, em relação ao período homólogo de 2016, indicam dados oficiais sexta-feira divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a despesa total dos visitantes efetuada fora dos casinos ascendeu a 13,75 mil milhões de patacas, traduzindo uma subida de 2,2 por cento relativamente aos primeiros três meses do ano. A despesa ‘per capita’ dos visitantes situou-se em 1787 patacas, reflectindo em linha com o comportamento global uma subida de 11,7 por cento em termos anuais homólogos e de 4,6 por cento em termos trimestrais. A maior despesa per capita foi efetuada pelos visitantes da China, o maior mercado emissor de Macau, que ascendeu a 2162 patacas entre Abril e Junho, mais 16,8 por cento face a igual período do ano passado. A despesa ‘per capita’ dos visitantes provenientes da Malásia aumentou 8,2 por cento, em termos anuais, ao passo que a dos visitantes de Singapura, de Hong Kong e de Taiwan diminuiu 3,9 por cento, 8,2 por cento e 6,9 por cento, respectivamente, de acordo com a DSEC. Em baixa esteve também a despesa ‘per capita’ dos visitantes da Austrália (menos 21,7 por cento) e a dos procedentes dos Estados Unidos (menos 0,6 por cento) e Reino Unido (menos 4,4 por cento). Às compras Segundo a DSEC, os visitantes gastaram essencialmente em compras (43 por cento), alojamento (25,6 por cento) e alimentação (23,1 por cento). A despesa ‘per capita’ em compras atingiu 768 patacas (81,1 euros), mais 10,7 por cento em termos anuais, destacando-se no ‘cabaz’ os alimentos/doces (229 patacas), cosméticos/perfumes (191 patacas), produtos em que os gastos aumentaram 17,8 por cento e 18,6 por cento, respectivamente. Os resultados do inquérito às despesas dos visitantes indicaram ainda que o principal motivo da vinda a Macau foi para passar férias (49,7 por cento do total), mas que foram os que vieram participar em convenções/exposições que gastaram mais, com uma despesa ‘per capita’ de 3304 patacas, apesar de representarem só 0,7 por cento dos visitantes. De acordo com os mesmos dados, 17,6 por cento utilizaram o território apenas como ponto de passagem, enquanto 8,4 por cento dos inquiridos foram atraídos pelas compras e 8 por cento pelo jogo. Visitar familiares e amigos e tratar de negócios e assuntos profissionais foram outras das motivações dos que escolheram deslocar-se a Macau entre Abril e Junho. No segundo trimestre do ano, Macau recebeu 7,69 milhões de visitantes, um aumento de 5,3 por cento em termos anuais homólogos, segundo dados oficiais divulgados anteriormente. No ano passado, a despesa total, excluindo o jogo, dos visitantes, atingiu 52,66 mil milhões de patacas, aumentando 3 por cento face a 2015, ano em que os gastos dos visitantes de Macau caíram pela primeira vez desde 2010, ou seja, desde que existe registo. O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita).
Victor Ng SociedadeHabitação | Revisão de regime deve incluir estabilidade nas listas de espera [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lterar o regime de admissão à habitação pública sem garantir a estabilidade das listas de espera não faz sentido para alguns dos membros da Associação Novo Macau. Para Sulu Sou e Paul Chan Wai Chi esta matéria merece uma intervenção urgente. A Associação Novo Macau não está satisfeita com as declarações do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, no que respeita a soluções para a falta de habitação social no território. O secretário anunciou, na semana passada, que o regime para admissão de candidaturas a habitação económica irá ser alterado e, com as mudanças, vai ser retomado o sistema de pontuação. No entanto, mais pormenores só quando o diploma for à Assembleia Legislativa. Ontem, em conferência de imprensa, Sulu Sou e Paul Chan Wai Chi, membros da Associação Novo Macau revelaram o seu descontentamento com as declarações de Raimundo do Rosário. Depois de terem participado num programa da TDM em que manifestaram as suas opiniões relativamente à habitação económica, Sou Ka Hou, vice-presidente da Novo Macau, afirmou que a resposta do secretário sobre a estabilidade das listas de espera é insuficiente. “A situação parece um pato manco” contou aos jornalistas. A razão, apontou o responsável, tem que ver com a falta de garantias na estabilidade das listas considerando que não é útil que se apaguem os seus dados sempre que se sabe de resultados das candidaturas. Alterações inúteis Sulu Sou salientou ainda que, caso não venham a existir listas de espera permanentes, a alteração à lei de habitação económica não terá grandes efeitos positivos. “Vai ser mantida a situação que existe actualmente em que os candidatos que não pertençam a um agregado família nuclear vão continuar a acompanhar na corrida”, disse. Já Paul Chan Wai Chi acrescentou que com a falta de listas de espera estáveis os serviços públicos têm muito mais trabalho a fazer, sem esquecer que, com o aumento da instabilidade do mercado imobiliário, pode ter consequências para a sociedade local em geral. O também antigo deputado acha ainda que a manutenção das listas é uma medida que pode dar à comunidade uma previsão do tempo que tem de aguardar para ter acesso a uma casa económica e, desta forma, poderem planear a vida. Os responsáveis estavam de saída do programa da TDM, “Fórum Macau” em que o membro do Conselho para os Assuntos de Habitação Pública, Ip Kin Wa, criticou a utilização de dinheiros públicos para facilitar a compra de casas económicas e considera que Macau não deve desenvolver este sector. O subcoordenador do Conselho para os Assuntos Sociais dos Kaifong, Ho Weng Hong, destacou a importância da divulgação de dados sobre as necessidades de habitação pública em Macau e lamenta que o Governo não tenha as informações necessárias. Ho Weng Hong espera que seja criada uma base de dados com estas informações. Dengue | Registado sexto caso em Macau [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde de Macau registaram, no sábado, o sexto caso local de febre de dengue, na mesma zona onde foram assinalados os outros cinco. Este sexto caso foi detectado numa mulher com 36 anos, moradora na zona da Praia do Manduco, onde moram ou estiveram os cinco casos confirmados anteriormente. Os Serviços de Saúde consideram que o caso é local, apesar de a mulher se ter deslocado à China no dia 9 de Agosto. Os primeiros sintomas – febre, dores articulares e musculares – surgiram no dia 12, tendo sido aliviados após uma ida ao hospital. No entanto, no dia 18 a doente apresentou uma erupção cutânea em todo o corpo e decidiu recorrer novamente ao hospital, tendo sido confirmado o resultado positivo do teste ao tipo II do vírus da febre de dengue. “Apesar da deslocação ao Interior da China, a doente não viajou para outras regiões durante os 14 dias antes da manifestação de sintomas”, indicam os Serviços de Saúde, em comunicado. “De acordo com a análise epidemiológica, o caso foi classificado como o sexto caso local da febre de dengue registado na Região Administrativa Especial de Macau este ano”, informa o mesmo comunicado. O estado de saúde da doente melhorou e os seus familiares não apresentam sintomas de febre de dengue. Além dos seis casos locais, as autoridades registaram até agora outros seis casos de febre de dengue importados, o último dos quais confirmado na quarta-feira, numa mulher que chegou recentemente das Filipinas para visitar a família em Macau. No ano passado, foram registados 11 casos de febre de dengue, todos importados. Burlas | Estudantes universitários são mais vulneráveis [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]erca de 30 por cento das vítimas de burla telefónica no território são estudantes do ensino superior. Estes são os resultados da análise das denúncias apresentadas à Polícia Judiciária entre 20 de Julho e 9 de Agosto. De acordo com os dados apresentados em comunicado das autoridades, esta faixa da população mostra não estar sensibilizada para as situações de burla, pelo que é necessário chamar uma maior atenção dos jovens. De acordo com o mesmo comunicado, e “com o objectivo de sensibilizar os estudantes do ensino superior a tomarem medidas preventivas contra burlas e não caírem em armadilhas, a PJ teve uma reunião urgente com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) e várias instituições do ensino superior, para discutir a realização de campanhas de sensibilização e prevenção de burlas telefónica nas instalações académicas”.