Ensino | Costa Nunes tem mais alunos este ano

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]arisa Peixoto, directora do jardim de infância D. José da Costa Nunes, disse à Rádio Macau que a instituição conta com mais alunos no início do novo ano lectivo. No total são 224 crianças que estão matriculadas, quando o ano passado eram 193. Foram ainda criadas mais duas turmas para crianças com três anos de idade.
Marisa Peixoto disse ainda que foram contratadas mais três educadores de infância, um deles em sua substituição. Recorde-se que Marisa Peixoto assumiu funções como directora em substituição de Lola Couto do Rosário, que esteve um ano à frente da instituição de ensino.
A nova responsável disse à Rádio Macau que o ensino do cantonense é uma das apostas da escola de matriz portuguesa. “Vamos ter durante o ano bastantes horas de cantonense para as crianças portuguesas e de outras nacionalidades que não sabem falar cantonense. E também para os adultos da escola que não falam. Normalmente [as crianças] têm o mandarim curricular e o inglês e este ano apostamos também no cantonense”, disse.
Quanto aos estragos causados pela passagem do tufão Hato, o jardim de infância ficou com algumas mazelas na zona exterior, mas na próxima segunda-feira os mais pequenos já podem usar o recreio. É ainda necessário fazer um controlo das pragas, rematou Marisa Peixoto.

BNU | Sam Tou é o novo director executivo

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi decidida em Maio, mas só ontem foi dada a conhecer a nova nomeação do BNU. O cargo é de Sam Tou que, de acordo com o comunicado à imprensa, “possui conhecimentos ricos e profundos do sector bancário, tendo vindo a colaborar com o BNU há mais de seis anos num cargo de gestão”. O novo director executivo, nascido em Macau e Mestre em finanças conta já com uma vasta experiência na banca e nos negócios locais. Sam Tou viveu as mudanças e transformações económicas e comerciais inerentes à transferência de administração do território e “vem fortalecer ainda mais o relacionamento do BNU com as empresas locais”.

 

8 Set 2017

Tribunal | PJ diz que Irmãos Coutinho queriam pôr a droga na ATFPM

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]ealizou-se ontem mais uma sessão do julgamento que coloca os filhos de José Pereira Coutinho no banco dos réus, por suspeita de tráfico de droga. Agentes da Polícia Judiciária disseram que os dois irmãos tinham o plano de despachar droga para a casa e associação a que o pai preside

Decorreu ontem a primeira sessão de julgamento referente ao processo dos dois filhos de José Pereira Coutinho, candidato às eleições legislativas. Segundo o jornal Ou Mun, os arguidos, de nome Alexandre e Benjamim Pereira Coutinho, teriam planos para despachar a droga que alegadamente traficavam por via postal para a casa do pai e também para a associação que este dirige, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).
Ontem vários agentes da Polícia Judiciária (PJ) prestaram depoimentos na qualidade de testemunhas. Um deles, de apelido Lai, referiu que, a 15 de Dezembro do ano passado, os Serviços de Alfândega de Hong Kong descobriram, numa inspecção regular, uma encomenda postal que tinha como destino Macau, e que continha droga no seu interior.
Esta encomenda teria o nome do destinatário e o endereço iguais aos dados do irmão mais velho de Coutinho. A partir daí, as autoridades começaram a acompanhar o processo de transacção. Quando Alexandre e Benjamim chegaram aos correios para levantar a encomenda, um dos irmãos terá cheirado a encomenda, escreve o Ou Mun.
A mesma testemunha disse que o irmão mais novo tinha começado a “enviar encomendas” em Junho do ano passado, tendo sido bem sucedido nas primeiras vezes. A quinta encomenda acabaria por ser alvo da atenção dos serviços alfandegários dos Estados Unidos, e a sexta embalagem seria detectada pelos serviços congéneres de Hong Kong.
A factura referente à encomenda não permitia identificar o remetente como sendo um dos irmãos, mas mensagens trocadas através de uma aplicação de telemóvel permitiram às autoridades ver que o irmão mais novo terá avisado o mais velho para não ir buscar a encomenda, com medo de ser apanhado.

Mensagens ajudaram

A mesma aplicação de telemóvel terá permitido às autoridades ver mensagens que questionavam se as “mercadorias” tinham sido todas vendidas. As autoridades terão ainda visto uma fotografia que serviu de comprovativo de uma transferência bancária de 190 mil patacas. Este dinheiro terá sido transferido para a conta do irmão mais novo.
O advogado de defesa dos filhos de José Pereira Coutinho terá questionado os agentes da PJ quanto à sua presença no momento em que as autoridades de Hong Kong inspeccionaram as encomendas, e se seguiram a legislação vigente nesse processo.
O agente Lai disse que não esteve presente e que o conteúdo do pacote não foi remexido. Apenas os papéis do exterior da encomenda foram retirados.
No final da sessão, que decorreu no Tribunal Judicial de Base, o delegado do procurador do Ministério Público pediu que os agentes dos serviços de alfândega de Hong Kong sejam chamados a testemunhar no processo.

8 Set 2017

Deste interior não sai ninguém

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap], no entanto, entra-se. Pode-se entrar por ele adentro como de uma realidade que, podendo ser ilusória, nunca se perde de o ser. E cair. Por essa realidade abaixo. Por ela fora, por aí. Mesmo se inexistente. Mesmo se previamente inexistente senão em possibilidade, e mesmo se antecipadamente pressentida em toda a sua intangibilidade, para além de uma sombra um reflexo ou a pura invenção de uma camada do que não é, não foi, mas se presta a uma forma possível. De ser. De iludir.

Ali me sento todos os dias na sua frente. Não talvez já a tentar entendê-lo, mas que se me revele ele lentamente no seu silêncio. Encontrar-lhe o olhar. A cor. Pinceladas que erram ou não.

Pintar. Às vezes, como partir para um “blind date”. Sentar-me à mesa com o desconhecido. Uma coisa mútua, em que cada um tenta explicar-se ao outro.

E ficava. Quieta nas horas, em frente a ele quando veio sentar-se. Central e necessário. E eu em busca de lhe entender o olhar. Como uma linha da vida, da mão, da página, do coração, em que, como numa única e ínfima célula, se encerrasse como num cofre, todo o código genético de um pensamento, de um sentir e de um viver. Numa única célula. De um corpo. De uma frase. De um olhar. Esse seu olhar divergente, como uma curiosa antecipação genética ao que teria que ser. E a ver a chegada de cada linha, numa arquitectura de interrogações. A mim, a ele, a esse interior de que não se sai.

E antes ainda, à procura de um local mítico de encontro improvável, possível, na imensa maleabilidade do tempo que tudo admite à ilusão, à fantasia ou à memória, encontrei-me como se com esse meu mais que ilustre, distinto e invulgar colega do Liceu de Macau. O ponto etéreo de cruzamento de uma memória com uma fantasia. E eu ali, como sempre, pequena e timidamente o olho em tentativa de entender. Sabendo, sem redenção, que não se sabe o desconhecido. Sabe-se o desconhecimento.

Baixo. Surgiu baixo e fui ver. Na verdade, então, não era uma figura imponente. No corpo. Não no corpo. E ficou ali, e um dia, depois, voltou e enrodilhou-se sobre si. A olhar de dentro, soturno e calado como o outro. E quando voltou, vindo de um real para além da dor, cambaleou a ansiar o conforto de não pesar ao corpo, nem a vida, nem o pesar a consumi-lo. E os monstros. Fugido de monstros e memórias, ou talvez a mesma coisa tudo. Cambaleou para o interior vindo da dissolução progressiva e futura. Reuniram-se na curvatura de uma parábola muda de cegos – pensei: como a outra, de Brueghel – e assim também aqui esse desígnio os fez cair. Ancorados no cego da frente, o primeiro a ouvir brisas ténues da poética realidade enfeitiçada de símbolos, que tudo modelou do início para o fim. Dali, da frente, para trás, o início de tudo. Aqui, ou ali. Como se no tempo da narrativa, no tempo de se deixar varrer de olhos em muda interrogação, se pudesse distinguir duas opostas leituras vectoriais. Dois sentidos de leitura, entre o oriente e o ocidente do oriente também do quadro. Numa curiosa imagem, do fio cronológico das coisas que se sucedem. Antecedem?

Mas há uma face a que nunca terei e se tem acesso. Não vou dizer o que, assim, não é nomeável. Tacteável. Que de dentro espreitaria sempre sem se deixar ver por detrás de reflexos cristalinos de um olhar cuja cor não ficou registada. E dele sempre seria evidente, mais o reflexo do que o interior. E é um jogo imparável, este, do desconhecimento. E assim se anda sempre á procura de um entendimento do outro, confundindo-o em muito com o que reflecte de quem o olha. De um além fechado sobre a impossibilidade de saber mais. Mais para além do muito que floresce em palavras e pequenas e múltiplas peças de um puzzle labiríntico, em que se o tenta edificar. A pessoa que já não está. Por detrás das palavras e dos gestos que elaborou. E que noutro tempo, sabe-se lá onde estaria para além ou para aquém delas e desses.

Observei até quebrar a estranheza, os olhos e como quando os olhos teimam em ser baixos se lhe eleva o queixo. Em desafio. Todos os dias de riquexó e cão para o liceu. Onde fomos colegas. Que importa se num tempo que não cruzou ali caminho nem pena nem espada. Honra-me assim pensar o tempo sem direcções preferenciais, sem disjunções estanques, e porque às vezes não as tem mesmo e de todo. O tempo da memória faz-se talvez de matérias como o da imaginação e da ilusão. Sim. Ia de riquexó e de cão para lá. O homem que deu este nome a um cão. Arminho. Como as etéreas rendas de que cobria a madrugada dos poemas. Cortinas e esfumados lirismos como das gaivotas exaustas e sem ânimo. Nunca mortas, afinal. Sentava-se mais tarde quieto na camisa- de- forças do seu duplo e pensava na gaivota por morrer. Arminho. Sabe-se lá porquê. O arminho que é coisa leve e de fru-fru de festas. O arminho que é coisa inquieta a um simples suspiro, leve como leves os tules das cortinas simbólicas de que reveste os seus monstros. Dantes, Nilo ou Tejo eram nomes de cão e o do seu, leve e esvoaçante. Talvez a paixão pela música das palavras não deixasse chamar-lhe das pérolas. Deste rio. E, no entanto, pérolas são os pontos de dor da ostra. Tornados luz.

Mas o que de um poeta diz, a vida de um poeta, e o que diz um poeta no que diz, o que diz no que não diz, talvez. O que se esconde no que esconde e naquele que o procura, a ele ou esconder.

De que véus e velaturas se recobre o que se esconde, como de desvendável existência, é pergunta que me fugiu desamparada para o longínquo horizonte da resignação. Como se sólida matéria a intuir por detrás. Mas o escondido é nebulosa não matéria. Invenção de que pergunta, sem saber mais do que adivinhar o muito que preenche o território de que se revelam as sombras projectadas do poeta. As brumas amigas. As camadas de encobrimento. Aguadas como poalha em dias de chuva. Coloquei-as para não ter a pretensão de as retirar. Janelas sobre o espaço. Entreabertas e obstruídas levemente de leves cortinas. Portas que não levam ao conhecido. Cuidadosas a mais por detrás de biombos. Como filtros. Como roupas entre o corpo e a casa. Pessanha, o quadro sobre um tempo invisível que não atinjo mas tapo. Os quadros vivos atrás do quadro.

E indecisa digo também o contrário, como da vida me chegam sempre ecos. Porque há de a vida abalroar-me sempre nesta estranha convivência de contrários. Recomeçando. Como distinguir-lhe um silêncio de secreta abertura, de um silêncio de discreto encerramento. E depois, trocar os adjectivos. Porque me fugiu sempre a invejável harmonia das certezas, para este olhar polifónico que me traz num carrocel. Mas ele ali, parado, que pensaria?

Quando naqueles dias de alma difusa e sem ideias que transpareçam por detrás desta cortina, deixo que sejam os pequenos bichos devoradores a agitar-se na folha. Cada um na certeza de existir e produzir sombra. Sem cardume possível se bem que partilhando águas. Sigo-lhe as sombras. Os objectos a representar a vida e a cobrir esta de obstáculos ao vazio. Intrigante colecionismo, o de objectos inúteis e crivados de imagens. Duas camadas de máscaras sobre o interior. De um pote, um vaso, um jarrão sem flores. Vivas. Vazio. Como na poesia, que dele revela uma leve e musical arquitectura da dor. De que parte, que recobre, e onde regressa como ao grito necessário. Medido e emendado. No entanto. E recoberto de símbolos ou diluído neles. O grito da dor. Da que é início e decidida sentido e fim.

Sento-me na sua frente todos os dias. Desmultiplicou-se em tempos, fragmentou-se, diluiu-se no fundo, como era para ser. Denso de cor e etéreo de transparência. Sento-me ali a olhar como, por um túnel paradoxal de linguagem a tentar igualar a vida, se juntam e justapõem os tempos, os lugares e as fases de ser, entre uma poética guiando a vida e, em sentido contrário, o recuo a uma retaguarda que foi teoria e definiu. E não salvou.

Restos. Como células que descartamos todos os dias. Invisivelmente. Em cada passo, em cada gesto. Impressas do código genético. E partículas de água que se evolam e nos abandonam a uma secura de plantas. A ir. Naquele fio do tempo. Ou da navalha. Como restos são os mortais. Ou os restos imortais espalhados por uma eternidade de memória, nos quais, como um convite desfiado em cordas, se tenta ascender. Adivinhar caminho. Ou tão simplesmente, na música do poeta. Sem mais do que ouvir. E queria o olhar inquieto a viajar, de leste a oeste do quadro. De oriente a ocidente. Repletos de origem, confusos de final.

Tantos dias e tão poucos ali me sentei na sua frente. Ele calado e eu. A tentar adivinhar a arquitectura daquele interior. Daquele exterior invasivo. A tentar não o expor nem o fechar. Com a emoção de um encontro. E um dia, encerro a última aresta daquele interior cruzado de monstros e enigmas que ficam. Deixo uma portada entreaberta e vou. Mas olho para trás todas as vezes que posso enquanto o meu olhar alcançar o quadro. O poeta. Despeço-me com saudade. Do encontro plano com a terceira dimensão escondida e escura atrás do quadro. Está frio. O tempo congelou. O homem morreu. A poesia não.

8 Set 2017

Nocturnos

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uanto tempo se demora a chegar? Demoramos tempo a partir. Nenhuma viagem coincide com uma deslocação. Estamos de partida semanas ou dias antes de partirmos. Demoramos tempo a chegar, mesmo tendo aterrado. Quanto tempo dura uma viagem? As semanas em que a antecipamos e as semanas de dias que vibrarão em nós. Há partidas sempre. Se calhar não fizemos senão chegar. Chegamos verdadeiramente? Partimos? Quando partimos o que deixamos? Quando chegamos o que encontramos? Há chegadas e partidas circunscritas ao quotidiano. De casa para o trabalho e de regresso. Dos sítios onde vamos até casa. Vamos de férias e regressamos.

A distância também fixa a viagem. Sim: podemos estar à distância de poucos quilómetros ou até metros. Quando vou ver alguém no quarto ao lado para lhe perguntar coisas banais. Estás bem? Precisas de alguma coisa? Essa viagem curta pode ser dramática ou banal. Também podemos viajar durante um dia. Não é uma viagem habitual. E, contudo, a estranheza pode ser enorme. A língua desse sítio pode ser impenetrável, as ruas escuras e mal iluminadas. A roupa pode colar-se ao corpo. Encontramos alívio nos espaços gelados pelo ar condicionado.

Viajar só e com amigos é completamente diferente. Com amigos podemos encontrar outras pessoas como encontraríamos se estivéssemos sós. Mas em conjunto a viagem é diferente. Sobretudo, se houver uma cumplicidade. Há várias cumplicidades, mas as mais intrigantes sempre foram para mim as que têm origem no espírito da palavra, no recorte da imagem fotografada ou pintada, no som do acorde.

Macau é uma cidade de pé. Há hotéis que parecem bairros. Há também ruas que são as entranhas de uma cidade cheia de camadas. Onde se sedimenta a vida humana, em caracóis viscosos e peçonhentos, pássaros que são levados em gaiolas a passear, no cheiro das diversas cozinhas, nos interiores de casas onde pessoas falam no seu universo. Joga-se no casino como se fosse a metáfora da vida. Ganha-se ou perde-se. Na vida, talvez se perca sempre.

Ecoam as cordas de uma viola, num rio ondulante. É calmo. Exposto, porém, a tufões furiosos que alagam as partes baixas da cidade. A chuva é como água que se solta de paredes cheias de vapor. Raparigas muito magras e de uma brancura só coberta pelo negro da roupa que trazem. Motas que atravessam o trânsito como se não houvesse amanhã. Conduz-se no sentido contrário mas numa mesma direcção. O lugar do morto é do motorista.

Houve-se português falado por pessoas que há muito aqui vivem e também de chineses, coisa estranha. Como se fossem configurados por um horizonte onde nunca irão. Se calhar não terão de ir. Como eu aqui, sem perceber palavra alguma. Testemunho com espanto quem tem o talento de falar uma língua reservada para tantos que nela nasceram e para tão poucos que nela mergulham.

Cheira a violetas, forte, azul. Chove sem cessar. O tufão açoita. Há uma electricidade no ar. Tudo à beira de implodir, como o corpo na roupa que faz escoar a vida. O fuso horário confunde o dia. Aqui e agora não é lá sabe-se lá quando. E não esperarei. Porque poderia partir e ficar sem tentar regressar, sem ter por quem regressar, sem querer regressar.

Acordo e peço noodles. Volto ao Ardbeg. Vou para a cama já sem imaginação para o que quer que seja e vejo séries para adormecer.

Perguntei-te se esperava por ti. Não. Não era para esperar. Foi uma figura de retórica. Já vivo no oriente onde é casa só com a referência das horas de todos os dias. Olho o meu corpo irreconhecível e é para mim como o Chinês que ouço, as cores berrantes das lojas. O longe de onde parti e a que nunca regressarei. Querendo, não saberia como.

Já só de caminho, já sem saber a que regresso, de onde parti e para onde vou. Houvesse uma rotina com um itinerário e eu saberia com disciplina adormecer. Mas entre mim e mim há a noite. E se o dia é difícil ao princípio, a meio da tarde vem a dobra. Com o jantar, encho-me e encharco-me. Com a noite vem a anestesia para o que não é dor, porque nada me dói. E preferiria o desespero, com os olhos postos no futuro para sempre. Preferia isso a “isto”. Já nada esperar.

Ao longo da viola morosa”, “mas já sem coração que me prenda”. Primeiro, esqueço-me de ti, dela, dele, de vós, de nós, dos outros. Depois, esqueço-me de mim. Oblitero-me e só ecoa a viola morosa com acordes que vêm de aves estranhas. O som agudo da tristeza é dilacerante. Já não me revejo, nem escuto, nem ouço. “Mas que cicatriz melindrosa”. Entre idas e vindas, textos lidos e por escrever, jantares com os sabores da Tailândia e cheiros opulentos. O picante exige cerveja.

Ao longo da viola morosa”, há quem tenha vidas.

Eu, porém, queria partir, sem chegar. Ou estar só por estar. Buscando o quê, quando me queria despedir de mim e não tenho talento. Vistas as coisas, nada mais há. A não ser a espera. Nem é tristeza. É uma incompetência incómoda e desagradável.

Trabalho a partir do interior do que quer que seja que é interior a extirpação da espera. Há ainda um resquício humano que em mim faz que pudesse esperar. Mas o que mais gosto de ver é o tufão que vem me faz não ser vulnerável, nem estar exposto a nenhuma maré, a não ser à definitiva.

 

8 Set 2017

Negócios | Regras podem vir a ser aliviadas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] recente período de calmaria nos mercados accionários da China ajudou a criar um ambiente apropriado para um novo relaxamento das regras para os negócios com índices futuros e a implementação de novas medidas de liberalização, segundo um comentário publicado pela imprensa estatal. Este ano, o mercado de ações do tipo A tem operado de forma tranquila, com forte redução da volatilidade, uma estrutura de valorização mais razoável e a recuperação da confiança dos investidores, pode ler-se num artigo publicado na edição desta quinta-feira do Economic Information Daily, jornal produzido pela agência de notícias estatal Xinhua. “O mercado atingiu as condições para mais reformas voltadas para os mercados e o relaxamento apropriado dos futuros das acções”, diz a publicação.

Reservas cambiais voltam a aumentar

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s reservas cambiais da China, as maiores do mundo, subiram 0,35% em Agosto, face ao mês anterior, para 3,09 biliões de yuan, a aumentarem pelo sétimo mês consecutivo, informou ontem o Banco do Povo da China. O aumento fixou-se em 10.800 milhões de dólares. A empresa de análises Capital Economics calcula que o banco central chinês adquiriu 15.000 de dólares em reservas, ao longo do mês de Agosto. A valorização do yuan, a moeda chinesa, nas passadas semanas, também terá resultado numa menor procura por moedas internacionais, uma tendência que a Capital Economics prevê que continue ao longo dos próximos dois anos, levando a uma redução na saída de capitais.

8 Set 2017

Pequim apoia novas medidas da ONU contra Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, assegurou ontem que o seu país apoiará novas medidas contra a Coreia do Norte, após o último teste nuclear realizado por Pyongyang, mas voltou a apelar ao diálogo.
O Conselho de Segurança da ONU “deve responder” e “adoptar as medidas necessárias”, afirmou Wang, numa conferência de imprensa em Pequim, ressalvando que as sanções são apenas parte da solução e que estas devem ser acompanhadas de diálogo e negociações.
“As sanções e pressão sobre o regime de Kim Jong-un são apenas metade da chave para resolver a questão da Coreia do Norte”, afirmou.
“Todas as novas acções tomadas pela comunidade internacional contra a Coreia do Norte devem servir para restringir o programa nuclear e balístico do país e, em simultâneo, encorajar a retoma das conversações”, acrescentou.
As declarações do ministro chinês surgem depois de o Presidente da China, Xi Jinping, ter falado por telefone com o homólogo norte-americano, Donald Trump.
Xi apelou à resolução da questão norte-coreana pela via pacífica, segundo a imprensa estatal chinesa.
No domingo, Pyongyang anunciou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogénio (ver página 15).
A China condenou “vigorosamente” a provocação do país vizinho.
Estados Unidos, Japão e aliados europeus apelaram a novas e duras sanções da ONU, mas a posição de Pequim e Moscovo, ambos com direito de veto no Conselho de Segurança, permanece incerta.
O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou novas sanções contra Pyongyang como “inúteis e ineficazes”.
A China, que representa 90% do comércio externo da Coreia do Norte, aprovou a sétima ronda de sanções da ONU contra o país, suspendendo as compras de ferro, chumbo e marisco norte-coreano.

Exercícios militares em águas junto à península coreana

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China realizou exercícios militares em águas próximas à península coreana, dois dias depois de Pyongyang ter anunciado que explodiu uma bomba de hidrogénio, revelou ontem o ministério chinês da Defesa.
Em comunicado, o ministério afirma que os exercícios visaram “melhorar a capacidade da missão de evacuação” e foram “planeados com antecedência”.
A mesma nota acrescenta que não foram dirigidos a nenhuma nação ou alvo em particular.
Mas apesar de o exército chinês realizar frequentemente exercícios no Golfo de Bohai, o momento escolhido chama a atenção.
Pequim afirmou repetidamente que não tolerará um conflito armado junto ao seu território e que não pode existir uma solução militar para a questão da península coreana.
Em Maio, testou um novo tipo de míssil no Golfo de Bohai, numa altura de renovada tensão com a Coreia do Sul, após Seul permitir a instalação de um sistema antimísseis norte-americano no país, apesar dos protestos chineses.
A disputa teve grande impacto nas relações económicas e diplomáticas entre os dois países.
O Golfo de Bohai fica a oeste do Mar Amarelo e separa a China da península coreana.
Na semana passada, o ministério chinês da Defesa disse que não realizou qualquer mudança no seu aparato militar junto à fronteira com a Coreia do Norte.

8 Set 2017

Dezenas de feridos em Seongju em protestos contra a instalação de escudo antimísseis

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ezenas de pessoas ficaram feridas na Coreia do Sul em confrontos entre polícias e manifestantes durante um protesto contra a instalação do escudo antimísseis THAAD, que acabou por ser ontem concluída.
Os confrontos ocorreram, durante a noite de quarta-feira, entre 400 residentes da cidade de Seongju, próxima do local que acolhe o sistema de Defesa Terminal de Área de Grande Altitude (THAAD), e as forças de segurança destacadas na zona.
Cerca de oito mil polícias foram destacados para uma zona próxima do local, onde dezenas de civis e agentes ficaram feridos e foram transportados para hospitais, sem que se saiba o número exacto ou a gravidade dos ferimentos, segundo a agência Yonhap.
Os manifestantes protestavam contra a chegada de quatro plataformas de lançamento, para terminar a instalação do THAAD e que se juntam às duas já operacionais no terreno, um antigo campo de golfe situado a cerca de 18 quilómetros de Seongju.

Ajuda americana

Cerca de dez veículos militares norte-americanos que transportavam os dispositivos abandonaram a base militar aérea de Osan (a cerca de 70 quilómetros de Seul) depois da passada meia-noite e chegaram ao seu destino, uma base militar de artilharia a cerca de 300 quilómetros da capital, às 8:20.
Os manifestantes bloquearam o acesso durante várias horas antes de serem dispersados pela polícia pelas 5:00.
O Governo sul-coreano congelou a instalação de quatro plataformas de lançamento do THAAD no passado mês de Junho, por considerar que o anterior executivo, que aprovou a sua instalação em Julho de 2016, não realizou os estudos de impacto ambiental a que a lei sul-coreana obriga.
No entanto, perante o contínuo desenvolvimento do programa de armamento da Coreia do Norte, o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, pediu em Agosto que fosse estudada a instalação das quatro plataformas que faltavam.
Os residentes temem que a sua cidade se converta num alvo primário dos ataques de Pyongyang, além de recear os efeitos que os seus radares tenham para a saúde e para as suas plantações.

Pyongyang celebra sexto teste nuclear com fogo de artifício

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte celebrou na quarta-feira com fogo de artifício o seu sexto e mais potente teste nuclear, que classificou como um “evento nacional auspicioso” e um “marco sem precedentes”.
A praça de Kim Il-sung em Pyongyang recebeu civis e membros da elite do regime, incluindo o chefe de Estado honorífico, Kim Yong-nam, e o vice-marechal do exército Hwang Pyong-so, e “os que contribuíram para o bem-sucedido teste da bomba H que pode ser instalada num míssil”, segundo a agência oficial KCNA.
Os participantes testemunharam diversos discursos que classificaram o teste nuclear como “um evento nacional auspicioso que deu grande coragem e força ao exército (norte) coreano e ao povo”.
O teste foi um “presente” para os líderes Kim Il-sung e Kim Jong-il, avô e pai do actual líder, Kim Jong-un, que com a sua “orientação enérgica, dedicação incansável e esforços” fizeram com que a Coreia do Norte possa “emergir com um Estado com armas nucleares”, disse a KCNA.
O regime elogiou o “marco sem precedentes” conseguidos pelo jovem Kim no desenvolvimento atómico do seu país e reafirmaram a sua postura de levar a cabo “os ataques preventivos mais implacáveis e fortes”, se os Estados Unidos puserem em marcha uma guerra.
Pyongyang realizou no passado domingo o seu sexto e mais forte teste nuclear até à data, em que garantiu ter detonado uma bomba H (de hidrogénio, mais potente que as armas convencionais) que pode ser instalada num míssil intercontinental.
Trata-se do quarto teste nuclear que a Coreia do Norte executa sob a liderança de Kim Jong-un.

8 Set 2017

“China GT” | Ávila vai conduzir um Aston Martin

[dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]odolfo Ávila vai fazer a sua estreia este fim-de-semana no Campeonato da China de GT. O piloto português de Macau recebeu um convite de última hora por parte da equipa chinesa ZIA FEA Racing, para conduzir um Aston Martin Vantage GT4 na quarta prova do campeonato, que se disputa este fim-de-semana no Circuito Internacional de Xangai.
Esta não será a primeira vez que Ávila irá alinhar numa corrida destinada a viaturas da categoria GT4. Em Agosto, durante o fim-de-semana da prova do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) em Xangai, o piloto da RAEM teve a oportunidade de partilhar a condução de um KTM X-Bow GT4 com o piloto local He Yang nas duas corridas pontuáveis para o campeonato GT Masters – competição rival do Campeonato da China de GT – conquistando um pódio na segunda corrida. Contudo, esta será a primeira vez que Ávila irá guiar em situação de corrida um Aston Martin e representar aquela que é a primeira equipa de automobilismo profissional da cidade de Zhengzhou, a capital da província chinesa de Henan.
“Não conheço a equipa e a primeira vez que vou conduzir um Aston Martin vai ser amanhã nas sessões de treinos-livres. O meu companheiro de equipa é um Gentleman Driver que está a dar os primeiros passos neste desporto, portanto as minhas ambições em termos de resultados para este fim-de-semana são limitadas”, referiu Ávila ao HM. O piloto oficial da SAIC Volkswagen no CTCC vai participar nesta prova, acima de tudo, “para me divertir e pela experiência”, esperando que o seu companheiro de equipa, Yang Zhyhi, “possa beneficiar da possibilidade de ter um piloto mais rápido como referência, ajudando-o a evoluir como piloto”.

Dois vezes dois

Para além do Aston Martin Vantage, que dá nas vistas pelo ruidoso motor V8 de 4.7 litros, na categoria GT4, que engloba os carros de Grande Turismo de competição mais próximos das versão de estrada, estão viaturas tão diversas como o Lotus Evora, KTM X-Bow ou o McLaren 570S.
O fim-de-semana é composto por duas sessões de qualificação e por duas corridas, uma no sábado, outra no domingo, de uma hora cada, e com troca obrigatória de piloto.
Recorde-se que André Couto vinha a participar esta temporada neste mesmo campeonato, mas inserido na categoria GT3 com um Nissan GT-R, até ao grave acidente no Circuito Internacional Zhuhai no passado mês de Julho. Ao contrário do que acontece em vários outros campeonatos, os carros da categoria GT3 e GT4 correm em corridas separadas no campeonato chinês da especialidade.

Râguebi | Portugal na final do World Rugby U20 Trophy

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]ortugal qualificou-se pela primeira vez para a final do Troféu Mundial de Râguebi de sub-20, a decorrer no Uruguai, ao derrotar as Ilhas Fiji na quarta-feira, por 16-13. Depois de ter vencido o Uruguai, por 20-18, e Hong Kong, por 31-24, Portugal assegurou o primeiro lugar do Grupo B com o triunfo sobre as Ilhas Fiji e apurou-se para a final, na qual vai defrontar o Japão, no domingo. A selecção portuguesa, representante da Europa no World Rugby U20 Trophy – torneio mundial de segundo escalão -, mostrou-se à altura do desafio, com um ensaio de Francisco Vassalo e respectiva conversão de Jorge Abecassis, que bateu com êxito três pontapés de penalidade.
Caso a equipa lusa vença os nipónicos, que também ganharam os três jogos do Grupo A, alcançará um feito inédito assegurando pela primeira vez a presença no World Rugby U20 Championship, que será disputado na Escócia, em 2018. A World Rugby U20 Championship é a divisão de elite no escalão sub-20, em que apenas competem as 12 melhores selecções do mundo.

US Open | Del Potro ‘despacha’ Federer e marca encontro com Nadal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] argentino Juan Martin Del Potro, 28.º jogador mundial, afastou quarta-feira Roger Federer, terceiro, do Open dos Estados Unidos e da liderança do ‘ranking’, ao bater o suíço nos quartos de final do último ‘Grand Slam’ do ano. Perante o jogador frente ao qual conquistou a edição 2009 da prova, Del Potro superiorizar-se pela sexta vez, em 22 embates, desta feita por 7-5, 3-6, 7-6 (10-8) e 6-4, em 2:51 horas e após salvar quarto ‘set points’ no ‘tie break’ do terceiro parcial. “Fiz o meu melhor jogo do torneio e penso que mereci esta vitória”, disse Juan Martin Del Potro, que na eliminatória anterior salvou dois ‘match points’ face ao austríaco Dominic Thiem, para vencer o embate em cinco ‘sets’. Nas meias-finais, Del Potro vai encontrar o espanhol Rafael Nadal, líder do ‘ranking’ mundial, que superou nos ‘quartos’ o russo Andrey Rublev, 53.º da hierarquia, e procura o terceiro título no US Open, após as vitórias em 2010 e 2013.

8 Set 2017

Perfil | Cíntia Leite Martins, instrutora de fitness

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]eio para Macau com dois anos. Cresceu cá e por cá ficou. Cíntia Leite Martins é conhecida, entre outras coisas, pelas actividades solidárias que promove.
A vontade de ajudar os outros não é recente. “Cresci num ambiente cristão protestante e temos uma comunidade muito forte em que estamos sempre prontos a ajudar as pessoas”, começa por dizer ao HM. Por outro lado, Cíntia Leite Martins também frequentou desde pequena o “Berço da Esperança”. “A Marjory Vendramini, directora da instituição que acolhe crianças, era amiga da minha mãe e eu ia para lá brincar e ajudar”, recorda, sendo que, “no fundo estava sempre rodeada de pessoas que de alguma forma tinham mais dificuldades. O contacto com a caridade não se fica por aqui e com a vinda de missionários a Macau, Cíntia Leite Martins começou a ter um maior conhecimento do trabalho comunitário. “Acho que este amor pelos outros vem destes factores, e ajudar, é uma coisa que me satisfaz muito”.

Do útil ao agradável

Ao trabalho solidário que fazia por carolice, Cíntia Leite Martins juntou o negócio. Nasceu o Mana Vida, projecto que tem com o marido. “Foi uma espécie de resposta a uma série de solicitações”, diz.
“Como dava aulas numa escola internacional, sou de cá e os meus colegas sabiam que estava envolvida em várias accões de caridade, perguntavam-me onde é que, por exemplo, poderiam entregar roupas para dar ou prestar apoio a quem precisasse”. O Mana Vida veio fazer isso, servir como ponte de ajuda entre quem quer dar e quem precisa de receber. Apesar de ser um negócio ligado à boa forma, não se fica por aí.
“Não estamos só focados no fitness, mas queremos que as pessoas tenham hábitos alimentares e de fazer exercícios saudáveis ao mesmo e, ao mesmo tempo, possam ter o hábito de ajudar, porque isso é o que faz a comunidade crescer”, explica satisfeita.

O funcionamento é simples e alia os ganhos à distribuição de donativos. “Obviamente que como empresa temos lucro, mas parte desse lucro serve para ajudar instituições de carácter social em Macau”, reforça Cíntia Leite Martins.

Múltiplas funções

A agora instrutora de fitness, começou por ser designer. Na altura, enquanto andava a estudar na Escola Portuguesa, sempre esteve dividida entre as artes e o desporto que está no sangue da família. “Já jogava hóquei em patins, fiz parte de vários clubes femininos de futebol, aliás vim para Macau porque o meu pai era jogador de futebol profissional, o Pocho”, conta como se lhe fosse impossível escapar ao destino.
Acabou por se licenciar em design, mas o ensino foi uma opção que tomou passado pouco tempo. “Se queremos contribuir para a sociedade, o melhor mesmo é começar pela educação”. Foi assim começou por dar aulas ainda na área artística.
Este apoio aos mais novos é ainda hoje um aspecto que preocupa a instrutora.
Com as mudanças que tem vindo a assistir no território ao longo dos anos, as crianças estão sem espaços para brincar. “Esta não é a Macau que conheci e que estava habituada”, diz a instrutora relativamente às mudanças que tem assistido no território ao longo dos últimos anos. “Vi as mudanças que têm acontecido e as pessoas a afastarem-se. Antes, todos nos conhecíamos, mas agora isso já não acontece”, refere. “Mas o mais alarmante é a falta crescente de zonas verdes. As pessoas não têm onde ir ao ar livre e são zonas que ajudam muito no bem-estar de cada um, sendo que as crianças precisam de mais actividades extracurriculares, mas fora da escola e que não sejam académicas”, aponta Cíntia Leite Martins. Ao mesmo tempo recorda que “tinha onde brincar e onde jogar a bola, e agora os espaços desportivos são fechados ao público”. A solução passaria por abrir ao público este tipo de estruturas.
“Macau em muitos aspectos progride imenso, mas depois há faltas básicas”, lamenta.

8 Set 2017

Irma | Portugueses em Cuba retirados para zonas seguras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s portugueses que se encontrem em estâncias turísticas em Cuba estão a ser retirados para locais mais seguros pelas autoridades locais, devido à passagem do furacão Irma nas Caraíbas, disse à Lusa o secretário de Estado das Comunidades.
“As autoridades cubanas pediram-nos para transmitir que todos os cidadãos que se encontram em turismo naquela região serão deslocalizados para outros locais onde se prevê que não haja consequências de maior com a passagem do furacão”, afirmou José Luís Carneiro à Lusa, num novo balanço sobre a situação de portugueses afectados pelo Irma, o mais poderoso furacão atlântico numa década, e que já causou dez mortos. O gabinete de emergência consular está em contacto permanente com as autoridades locais e embaixadas e postos consulares, bem como com as agências de turismo portuguesas, que, por sua vez, contactam com as unidades hoteleiras. “Os cidadãos [portugueses] em Punta Cana [República Dominicana] estão bem”, assegurou.

SSM | Gastroenterites em queda

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s casos de gastrenterites têm vindo a diminuir. A informação é dada pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM) e ilustrada com números. Houve uma redução de 253 casos a 30 de Agosto – o que pode ser considerado um valor alto – para 127 casos a 6 Setembro. Os SSM referem ainda que estes casos podem ser considerados de esporádicos, não estando relacionados com restaurantes ou alimentos em específico. Até à passada quarta-feira, foram também notificados sete casos de gastroenterite colectiva, envolvendo cada um entre duas a cinco pessoas, o que representa um ligeiro aumento em comparação com o habitual. Os serviços alertam ainda que o risco de ocorrência de várias doenças transmissíveis após a tempestade ainda não está completamente eliminado e que a situação de doenças transmissíveis continua a ser monitorizada

8 Set 2017

Efeméride | Correios lançam colecção de selos sobre Pessanha

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Correios de Macau emitiram ontem uma colecção especial de selos sobre o poeta português, cujo aniversário se celebrou esta semana

Os 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha foram ontem assinalados em Macau com uma emissão filatélica dedicada ao poeta que viveu e morreu no antigo enclave português, onde a efeméride tem dado o mote para várias actividades.
O lançamento feito pelos Correios de Macau inclui dois selos e um bloco filatélico desenhados pelo arquitecto Carlos Marreiros, um “estudioso do poeta” que conheceu nos tempos de liceu através da revista Selecta Literária.
Desde os anos de 1970, Marreiros já assinou mais de mil trabalhos, entre desenhos, pinturas e ilustrações, sobre o autor considerado o expoente máximo do simbolismo português.
Camilo Pessanha nasceu em Coimbra. Depois de se ter formado em Direito, foi viver para Macau, em 1894, para exercer funções de professor no Liceu de Macau.
O autor de “Clepsydra” viveu durante 32 anos em Macau até à sua morte, em 1926, mantendo-se os seus restos mortais sepultados no cemitério de São Miguel Arcanjo.
“Dei ênfase a esta relação do poeta com a cidade. Ele realmente é coimbrão, é considerado o maior poeta simbolista português, mas é um poeta de Macau, porque toda a poesia dele está imbuída de sons, de cenários e emoções, paixões da longínqua China e precisamente de Macau e da zona da [cidade chinesa de] Cantão”, disse Carlos Marreiros à agência Lusa.
No bloco filatélico, o arquitecto desenhou Camilo Pessanha a “flutuar” com a “mulher da vida dele”, cujo nome chinês traduzido para português “significa literalmente Águia de Prata”.
“O bloco mostra-o a esvoaçar com a Águia de Prata: ele vestido de mandarim e a Águia de Prata uma senhora delicada, flutuante, doce, mas que tem garras de águia, ao invés de ter pezinhos, mas de forma romântica, sobre o Porto Interior, portanto, a ligação da paixão dele e o Porto Interior [na península de Macau]”, explicou.
Num dos selos, o poeta português aparece com a “Águia de Prata a namoriscar, a poetar, a filosofar – cada um entenda como quiser – numa mesa, a beber qualquer coisa”.
No outro, Pessanha surge sozinho, “sentado, com asas de anjo e pés [transformados] em garras de águia”, em mais uma referência à mulher. Mas neste selo, mais do que a vida íntima de Pessanha, Marreiros quis destacar a ligação do escritor à Maçonaria em Macau.
“Aqui faço uma referência, ele está de branco, mas as asas não são de águia, mas de um anjo. É a ligação, segundo a história, que ele tinha com a Maçonaria em Macau, porque o nome simbólico dele era Angélico”, justificou, acrescentando que “Camilo Pessanha aparece de certa forma angélico neste segundo selo”.
A pedido do artista, os selos são a preto e branco: “São adaptações de desenhos antigos meus e queria mesmo que fosse a preto e branco. A cor pontual só aparece no título e na indicação numérica postal e no preço”.

A exposição

Além da emissão filatélica, Carlos Marreiros é também o autor de uma instalação sobre Camilo Pessanha, que vai estar exposta em duas praças de Macau. A instalação, ainda sem data para inaugurar, intitula-se “Camilo Pessanha no Ano do Galo”, porque “os 150 anos do nascimento coincidem com o Ano do Galo”, iniciado em 28 de Janeiro, sob o signo daquele que figura como um dos doze animais do milenar zodíaco chinês.
Entre outros trabalhos mais antigos, o macaense pintou o acrílico sobre tela “Camilo Pessanha e a Máscara”, um quadro integrado há vários anos na exposição permanente do Museu de Arte de Macau.
Além de Macau, o artista plástico já levou os desenhos, pinturas e ilustrações de Camilo Pessanha até Portugal, Itália, Hong Kong, China ou Japão.
Em 1998, fez a exposição “O Poeta e a Cidade”, com desenhos realizados entre 1977 e 1997, a qual se tornou itinerante e foi mais tarde estendida a “O Poeta, a Cidade e o Mar”.

8 Set 2017

Eleições 2017 | O olhar da comunidade portuguesa sobre a campanha

Os votos na “aldeia grande”

Programas políticos com conteúdos pobres, ausência de identificação com ideias, a continuação dos interesses no hemiciclo. Portugueses, com residência permanente, dizem o que acham da campanha eleitoral que anda nas ruas. Votam sempre a cada quatro anos, mas afirmam existir um certo distanciamento face à sua comunidade

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]lbano Martins é, talvez, um dos poucos portugueses em Macau que pode votar de duas maneiras para escolher os deputados que quer ver na Assembleia Legislativa (AL). O economista e presidente da ANIMA pode pôr a cruz nos deputados que concorrem pela via directa, bem como naqueles que participam pela via indirecta, através das associações.

Isto significa que, este ano, Albano Martins pode decidir por um dos 24 candidatos que concorrem pelas directas, o maior número de sempre. Pode também votar no nome de uma das 14 listas que participam pela via indirecta.

Mas Albano Martins revela-se, ainda assim, um eleitor desiludido. “Vemos que há muita pólvora e pouca explosão”, disse ao HM. O problema? Ideias que fazem parte do poder Executivo e não Legislativo.

“A maior parte das pessoas ainda pensa que concorre para chefiar o Governo, e não para a AL. As pessoas continuam a fazer programas políticos como se fossem Governo, esquecendo-se que a sua função é fiscalizar o trabalho do Governo e fazer leis. A politica de Macau é feita pelo Governo, isso faz parte da Lei Básica e há-de ser sempre assim”, adiantou.

Albano Martins considera que os “programas políticos das listas são fracos”, numa “aldeia grande” que “cresceu com muito dinheiro e desejos”.

O economista não é o único a apontar o dedo aos cartazes e programas políticos que desde sábado andam nas ruas. Rui Furtado, médico, também é residente permanente e vota sempre, mas revela baixas expectativas para o acto eleitoral de 17 de Setembro.

“A campanha decorre de modo habitual, sem grandes surpresas. O conteúdo da campanha é pobre, sempre foi e continua a ser. As pessoas fazem os programas políticos que são um conjunto de acções e sugestões conforme as ocasiões do momento. O aumento dos salários dos funcionários públicos, a protecção dos residentes. São tudo pedras batidas, não são ideias novas e não têm um verdadeiro conteúdo político”, contou.

“Voto sempre e de acordo com o que tenho possibilidade de votar, nas listas em que me revejo mais ou menos nas ideias. Mas são pobres na mesma”, assegura.

O médico diz que persistem dificuldades de comunicação na campanha eleitoral, pois a comunidade portuguesa não tem acesso à maior parte dos programas políticos em chinês.

“Há traduções, mas são de má qualidade. A pobreza política, intelectual e cultural dos programas é o que toda a gente sabe”, frisou.

Já a arquitecta Maria José de Freitas assume que tem vindo a prestar atenção a “algumas listas”, sem ter ficado muito convencida.

“Não me parecem muito inovadoras nos programas. Tenho vindo a ver até que ponto essas listas espelham algum interesse junto da comunidade portuguesa, e também noutras comunidades, com essa cultura internacional que Macau sempre evidenciou”, defendeu.

Maria José de Freitas diz que não vota por obrigação, mas cada vez que coloca uma cruz no boletim é na lista que poderá trazer algo “favorável ao desenvolvimento do território”, sem esquecer a diversidade cultural.

É por isso que defende que, este ano, os programas eleitorais “não avançaram muito nesse sentido”.

“Pode ser que até às eleições se avance mais um pouco. Tenho algumas expectativas, há listas que ainda podem propor coisas interessantes. Há professores universitários envolvidos, há pessoas com experiência em Macau que conhecem a cidade, mas falta se calhar mais conhecimento cientifico. Esta é uma lacuna importante.”

De costas voltadas

Para Rui Furtado, a necessidade de tradução das ideias políticas ou a falta dela faz com que a comunidade portuguesa seja afastada das eleições. “Nem lhe é dada a oportunidade de estar perto”, assegura.

“Não temos acesso aos programas e são corpos estranhos no meio de toda esta discussão. E isto também vale para as comunidades dos expatriados.”

O antigo presidente da Associação de Médicos de Língua Portuguesa levanta ainda a questão dos actos de corrupção eleitoral. “A verdade das eleições, em si, é uma coisa duvidosa. Entre a compra de votos e as pressões para votar, tudo é altamente duvidoso.”

Albano Martins frisa que há poucos portugueses interessados neste acto cívico, com excepção dos macaenses. No seu reduzido grupo de amigos, as eleições para a AL raramente são tema de conversa.

“Acredito que esse número reduzido de amigos vota, mas não conversam comigo sobre o assunto. Se calhar achamos que não é importante falar sobre isto, mas cada um assume o voto à sua maneira. A maioria das pessoas que conheço tem consciência de que é importante, nem que seja por uma cruz fora do quadrado.”

A arquitecta afirma que “não há muito interesse” da parte dos portugueses, sobretudo dos que acabaram de emigrar. Mas Maria José de Freitas acredita que há uma vontade de mudar o rumo dos acontecimentos.

“As pessoas estão atentas face ao facto de que algo tem de mudar, não podemos sempre ficar no status quo. Por isso estou na expectativa se essa mudança vem mais à superfície.”

Sem representação

Quando se vota coloca-se a cruz no boletim na expectativa de que um candidato represente ou defenda aquilo em que acreditamos. Rui Furtado diz ter a plena consciência de que ninguém o irá representar no hemiciclo da Praia Grande.

“A AL não representa ninguém, representa-se a si própria e aos seus deputados que têm os seus interesses a defender. E quem pensa que tem a AL para os defender está muito enganado.”

Na visão do médico, a falta de empatia entre a comunidade portuguesa e a  política local começa logo nos debates. “Temos um problema: não assistimos às discussões do plenário mas sim à tradução dos debates. Gosto de pensar que os deputados são melhores do que aquilo que são, e que as traduções são melhores do que a realidade.”

“Basta ouvir para vermos o que a AL faz de facto. O interesse dos cidadãos não é a coisa mais importante para quem está na AL”, frisa o médico.

Também Maria José de Freitas reconhece que, apesar de cumprir o seu dever cívico como residente permanente, será difícil ver os seus interesses e desejos representados.

“Se me pergunta se algum dos candidatos corresponde ao que penso, ou qual a utilidade do meu voto, direi que há uns candidatos que correspondem mais do que outros. O ideal é difícil de atingir, mas há-de haver uma situação que pode ser mais interessante apoiar, e é por aí que vou”, remata.

 

Proibições na fronteira

Votar em Macau é sinónimo da existência de um segundo sistema, mas Albano Martins alerta para os recentes casos de proibições de deputados e jornalistas de Hong Kong na fronteira. “Estamos a assistir a mudanças cada vez mais repentinas e muito antes do prazo terminar [2049]. Basta olhar para as fronteiras. Não faz sentido que no segundo sistema um deputado da ala democrata de Hong Kong não entre em Macau por ir contra a segurança do território. Faz parte da lógica do segundo sistema ele poder viajar entre as duas regiões e emitir opiniões. Penso que viajam para a China, mas não podem viajar para Macau. É um dossier que está a ser mal gerido. Se me disserem que há intervenção da China, não acredito. Haverá aqui mais papistas do que o papa.”

A política e a ANIMA

Albano Martins recusa participar em qualquer iniciativa do foro político, além do exercício do dever cívico como residente permanente, por não querer aproveitamento político da associação a que preside, a ANIMA. “Não estou interessado em que haja aproveitamento político do nosso trabalho. Já houve no passado duas organizações que tentaram colar-se a nós, e eu recusei. Incentivo todos os que sejam residentes a participar nas eleições tentando equacionar os problemas que os futuros deputados devem levantar.”

7 Set 2017

Tufão | Negligência do Governo “dificilmente” resulta em compensações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] advogado Chio Song Meng considera que é necessário apurar se houve, ou não, negligência por parte do Executivo na gestão da catástrofe resultante da passagem do tufão Hato por Macau. O jurista, em declarações ao Jornal do Cidadão, tentou esclarecer as questões legais que afligem proprietários de automóveis danificados que procuram obter compensação por parte do Governo. O advogado afasta a figura jurídica do dolo, colocando a situação na esfera da negligência. Chio Seng Meng explica que o decreto-lei n.º 28/91/M estabelece a responsabilidade do Governo pela negligência na administração da coisa pública, à semelhança dos ordenamentos jurídicos do Interior da China e de Taiwan, resta, portanto, provar em tribunal essa negligência. Mas que dificilmente terá sucesso.

O advogado entende que o referido diploma precisa ser revisto, uma vez que está desactualizado, sendo viável seguir os exemplos dos territórios já citados onde os Governos podem ser responsabilizados pelas perdas de vidas, ou bens, causados pela administração negligente. Chio Seng Meng, considera que a alteração legal pode facilitar a obtenção de verbas compensatórias.

Em relação ao relatório do Comissariado contra a Corrupção, o jurista entende que apesar de ter o seu valor, os cidadãos que queiram ser ressarcidos precisam apresentar queixa. Chio Seng Meng entende que será complicado apresentar provas e que os lesados “dificilmente” serão compensados.

7 Set 2017

Eleições | Facebook não pode ser usado para campanha comercial, diz CAEAL

A propaganda eleitoral não pode ter um carácter comercial e as queixas de páginas patrocinadas no Facebook têm vindo a aumentar. A acção é punida com multa, mas Tong Hio Fong avança que a CAEAL já está em comunicação com a rede social para evitar mais irregularidades

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Facebook está agora no centro da polémica e das irregularidades associadas à campanha eleitoral. De acordo com a lei, é proibida a propaganda feita de forma comercial e a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) tem vindo a receber queixas de páginas patrocinadas na rede social. “Temos recebido queixas por parte dos cidadãos de que há esse tipo de situações a acontecer”, disse ontem o presidente da comissão, Tong Hio Fong.

Nesta matéria as listas são alertadas mas não só, a empresa, neste caso o facebook, que vende o serviço está sujeito ao pagamento de uma multa, além de ter de retirar o conteúdo online. “A forma comercial para fazer propaganda eleitoral, vai ser punida”, acrescentou Tong Hio Fong.

Estes casos são tratados como irrgularidades. “Vamos notificar a respectiva lista candidata em como não pode fazer propaganda de forma comercial”, explicou, enquanto adianta que já foi pedida à empresa, que retire o conteúdo detectado.

De acordo com Tong Hio Fong, a CAEAL recebeu “quatro ou cinco casos” de listas que optaram pela compra de publicidade no Facebook.

No entanto, para que se avance com a aplicação de multa, é necessário ter provas, afirmou Tong Hio Fong.

O Facebook já está a par da situação. “Temos mantido contactos com  o Facebook que também manifesta querer colaborar connosco”.

Materiais limitados

Quanto à fixação de materiais de propaganda eleitoral, o responsável da CAEAL reiterou as regras da própria lei eleitoral. “Os cartazes só podem ser afixados nas sedes de candidatura e, nos edifícios e lojas, as listas só podem estar dentro das instalações, ou em lugares onde não são evidentes”, explicou.

No que respeita aos estragos verificados em cartazes de algumas listas, Tong Hio Fong alertou que a destruição deste tipo de propaganda é punível com pena de prisão, sendo que, nos casos em que foram encontrados materiais estragados, a razão pode ter que ver com o mau tempo. “Perguntámos aos residentes, mas parece que a maior parte dos danos foram devidos a tempestade e a chuvas torrenciais. A cola é fácil de estragar, é natural, devido ao clima”, referiu.

Tong Hio Fong sublinhou que apenas uma escola que vai ser assembleia de voto, está em fase de reparações e que estará pronta a 15 de Setembro. “As restantes estão recuperadas”, disse.

7 Set 2017

Hato | Comissão define acções que podem interferir com liberdade

A Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes já está em acção e com alguns objectivos definidos a curto e médio prazo. A revisão legislativa vai avançar e pode interferir com a liberdade e privacidade nas comunicações. Para já, as primeiros números, ainda provisórios, relativos aos prejuízos provocados pela passagem do Hato, apontam para mais de 10 mil milhões de patacas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] estimativa, para já, dos prejuízos causados pela passagem do tufão Hato pelo território é na ordem dos 11,4 mil milhões de patacas. A informação foi adiantada ontem pelo Chefe do Executivo, Chui Sa On em conferência de imprensa.

No encontro com os jornalistas estiveram presentes os membros da recém- criada Comissão para a Revisão do Mecanismo de Resposta a Grandes Catástrofes e o seu Acompanhamento e Aperfeiçoamento, onde foram apresentados os trabalhos que já estão em andamento.

De destacar a criação da Direcção de Protecção Civil e de Coordenação de Contingências (DPCCC). O nome ainda é provisório, disse o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, mas o organismo já está a ser pensado. A ideia é que seja uma entidade capaz de dirigir o Centro de Operações de Protecção Civil que, prevê-se também, irá mudar de nome.

A criação do DPCCC vai exigir uma revisão legislativa para conferir à entidade poderes próprios sob a tutela do secretário para a Segurança.

Os trabalhos vão começar “já”, disse Wong Sio Chak. No entanto, sublinhou o secretário, o exercício legislativo que se impõe desenvolver “tem de ser feito com toda a competência, até porque poderá interferir na liberdade das pessoas”.

O secretário não concretizou em que aspectos a liberdade dos residentes de Macau poderá estar comprometida ou em que áreas é que a lei poderá interferir. No entanto, na apresentação feita por Wong Sio Chak , dentro dos planos a médio prazo para a nova direcção, pode ler-se que cabe ao organismo “estudar, em caso de urgência e de necessidade , a viabilidade de fiscalização dos grupos de comunicação das aplicações de telemóveis.

A intenção é que esta acção aconteça para monitorizar os falsos rumores e insere-se na promoção do policiamento inteligente de modo “a fornecer um sistema de gestão de informação de crises”, apontou o secretário.

Diques a concurso

Com as cheias que decorreram no Porto Interior e depois de anunciadas medidas para as evitar, o secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, falou ontem dos estudos que vão ter de ser revistos.

“Em 2015 tínhamos uma empresa de consultadoria a fazer estudos para os quais já existem projectos. No entanto, com as subidas recorde das águas temos de ponderar um aumento dos muros a ser construídos no Porto Interior”.

O levantamento, naquela zona, de estruturas com uma altura segura, que para Raimundo do Rosário, seria de cerca de 2,5 metros, traz questões que, disse, “têm de ser analisadas cuidadosamente”. “O que sei é que se precisarmos de construir um dique no Porto Interior, temos de ter pelo menos 2.5 metros de altura, porque de outra forma não conseguimos travar a circulação da água”.  Mas, uma parede com esta dimensão vai alterar as características paisagísticas daquela zona pelo que “é preciso uma análise em pormenor”, apontou.

De acordo com Raimundo do Rosário, o sector da construção já deu várias propostas mas tem de se  ter em atenção a sua viabilidade.

Novos estudos estão a ser feitos e, garante a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, no primeiro trimestre do próximo ano deve ser lançado um concurso para o projecto na zona do Porto Interior.

Já a retenção da subida das marés, matéria que implica, disse o Chefe do Executivo , o trabalho inter-regional, também está em andamento. Com o apoio do Governo Central, está marcada para o próximo dia 11 uma reunião com responsáveis da província de Guandong.

A ideia, avançou Chu Sai On, “é construir um sistema de comportas para controlar o nível do mar”.

Ainda relativamente à subida das águas, esperam-se revisões na concepção e construção de novos aterros. “Com certeza que vamos rever a cota altimétrica dos novos aterros” afirmou Raimundo do Rosário, fazendo mais uma vez referência ao recorde registado com  a passagem do Hato, com valores que, disse, não se conheciam desde 1925.

Trabalho repensado

Com a recolha de opiniões que a comissão levou a cabo nos últimos dias e que ainda decorre, podem ainda existir alterações na legislação laboral. “Vamos fazer uma revisão da legislação de modo a criar um mecanismo de análise de casos de emergência e decidir se os trabalhadores vão ou não trabalhar aquando do sinal 8”, avançou o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong.

A ideia da revisão legislativa, que tem por base o estado de emergência, não se limita à passagem de tufões e deve abranger outras situações.

Chui Sai on reforçou a ideia de Lionel Leong. “Podem existir imprevistos de ordem pública, como doenças transmissíveis ou relativos à segurança em que temos de definir medidas obrigatórias para as pessoas respeitarem”.

O Chefe do Executivo apontou ainda, que está a ser estudada a localização para uma nova área onde possam ser colocados os contentores de mercadorias. “Queremos deslocar a estrutura para um sítio mais adequado”, referiu, sendo que,  Ka Ho pode ser uma possibilidade.

A ponte elevatória prevista para o cais 23, vai ter nova localização. O local para a sua construção é ainda desconhecido, mas, de acordo com Sónia Chan, a decisão vai ser tomada tendo em conta a opinião do Instituto Cultural.

7 Set 2017

Ou Mun Kong I, mais um programa eleitoral contra não residentes 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] apresentação da lista 17, Ou Mun Kong I, apresentou ontem os seus candidatos e programa político. Neste último capítulo, junta-se ao coro de vozes que se costuma erigir contra trabalhadores não residentes (TNR).

Com um plano de acção mais executivo e que pouco tem a ver com o trabalho de legislar, o cabeça de lista da Ou Mun Kong I, Lee Sio Kuan, assume que uma das prioridades do seu programa político é a proibição de importação de TNR no sector dos croupiers e dos motoristas. Além disso, a lista sugere a criação de um mecanismo que substitua este tipo de trabalhadores por locais.

A lista número 17 tem no total sete candidatos às eleições legislativas e o seu programa também se foca na habitação, emprego, nos preços que chegam aos consumidores e nos benefícios sociais para idosos.

O cabeça de lista, Lee Sio Kuan, quer obrigar o Governo a ouvir as opiniões da população, nomeadamente no que concerne ao aproveitamento de terrenos não utilizados para a construção de fracções residenciais. Uma das medidas que, diz, cabem ao Executivo e não aos deputados, é a construção de 80 mil fracções de casas públicas nas zonas dos novos aterros, como forma de combater a especulação. Neste capítulo, o líder critica a ocupação de algumas associações nos gabinetes sitos nas zonas antigas do território para a realização de convenções e exposições, incluídas no plano da reconstrução urbana.

No que toca à fiscalização dos preços ao consumidor, Lee Sio Kuan sugere que os fornecedores a grosso assumam a responsabilidade de fiscalizar os retalhistas para controlar os preços dos produtos.

Além disso, o cabeça de lista do Ou Mun Kong I quer ver o aumento de lugares para estacionamento, a melhoria dos serviços de saúde, o aumento do alcance dos benefícios sociais dados aos idosos, a fiscalização das despesas às obras públicas e a escolaridade gratuita até aos 19 anos.

Lee Sio Kuan aproveitou ainda a conferência de imprensa onde apresentou o programa eleitoral da lista que lidera para criticar o Chefe do Executivo pela insuficiência dos trabalhos de contingência em relação às catástrofes.

7 Set 2017

Eleições 2017 | Au Kam San criticado em debate por opinião sobre exército chinês

Wong Kit Cheng criticou ontem Au Kam San pelo facto deste se ter mostrado contra a presença do exército chinês em Macau, e o candidato chegou mesmo a pedir desculpas. Temas como a habitação e os cheques pecuniários marcaram o debate organizado pela TDM

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] texto do candidato do campo pró-democrata sobre a presença do exército chinês nas ruas marcou ontem o debate sobre as eleições organizado pela TDM, e que juntou representantes de cinco listas.

O assunto foi levantado pela candidata Wong Kit Cheng, líder da Aliança do Bom Lar. Esta exigiu a Au Kam San um pedido de desculpas em público depois deste ter criticado a permanência do Exército de Libertação Popular no território, aquando da passagem do tufão Hato.

Au Kam San escreveu no Facebook que a presença do exército chinês só se justificava em catástrofes de maior dimensão. Foto: HM

Au Kam San, líder da lista Associação Novo Democrático, ainda disse que o seu trabalho, na qualidade de deputado, é fiscalizar o Governo, mas Wong Kit Cheng cortou-lhe a palavra de imediato.

O assunto não ficou esquecido, e no tempo que lhe foi concedido para fazer perguntas, Au Kam San chegou mesmo a pedir desculpas ao Exército de Libertação Popular, pois apontou que nunca teve a intenção de criticar a sua presença, tendo assumido o uso de “palavras incorrectas” na rede social Facebook.

Wong Kit Cheng lançou também uma farpa a Angela Leong, questionando as razões pelas quais Arnaldo Ho, seu filho e membro da lista, tem estado tanto tempo ausente de Macau. A candidata invocou que Arnaldo Ho pode não conhecer bem o território, mas Wiliam Kuan disse que Ho é um jovem que tem contribuído para o desenvolvimento de Macau.

Habitação sempre

Ontem marcaram presença as listas Aliança de Bom Lar, Poder dos Cidadãos, Associação de Novo Movimento Democrático, Nova União para Desenvolvimento de Macau e Poder da Sinergia. No total, dez candidatos participaram no debate.

No período de perguntas e respostas, as cinco listas abordaram temas como a habitação, os cheques do Governo, a fiscalização de obras públicas e o acordo assinado entre o Executivo e o grupo Alibaba, do empresário chinês Jack Ma.

Wong Kit Cheng disse que a lei de habitação económica deve ser alterada e, caso seja eleita, vai lutar para que haja novos concursos para atribuição de habitação pública.

Angela Leong, da lista Nova União para o Desenvolvimento de Macau, não esteve presente, mas os seus parceiros William Kuan e Siu Yu Hong defenderam a criação de dois sistemas de atribuição de casas, com pontuação e sorteio, para diferentes grupos sociais.

Os cheques

Questionados sobre a continuação do programa de comparticipação pecuniária, Sze Lee Ah, líder da lista Poder dos Cidadãos, disse que os cheques podem servir melhores objectivos, pois só “uma viagem ao estrangeiro pode custar um total de nove mil patacas”, o valor de um cheque atribuído a um residente permanente.

Lam U Tou, da lista Poder de Sinergia, disse que as vantagens deste programa são “questionáveis”.

Ieong Wai Kit, da lista Poder dos Cidadãos, promete que não criar conflitos no hemiciclo mas sim lutar por uma união das ideias em prol da construção de Macau. Lam U Tou manifestou concordância e acenou com a cabeça, bem no final do debate.

7 Set 2017

Tufão Hato | Associação de Psicologia alerta para stress pós-traumático

Na sequência de um desastre natural, como a passagem do tufão Hato, podem surgir situações de stress pós-traumático. Estes incidentes podem revelar-se em perturbações de sono, irritabilidade e falta de apetite. Cintia Chan, directora da Associação de Psicologia de Macau, aponta saídas para quem possa ter ficado com sequelas psicológicas

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á feridas que não se vêem, ou que podem não ser evidentes à primeira vista. As dores psicológicas podem encaixar-se nestas características. O stress pós-traumático pode levar a consequências com gravidade variável.

“Eventos stressantes, como o tufão Hato, podem resultar em reacções e sintomas que podem durar vários dias, ou semanas, mas vão decrescendo com o tempo”, explica Cintia Chan, directora da Associação de Psicologia de Macau (APM).

Este tipo de reacção psicológica pode levar a uma alteração duradoura da personalidade, o que não é muito frequente em casos de calamidades naturais como um tufão. Passar por uma situação que cause trauma psicológico pode, inclusive, levar ao reforço da resiliência pessoal, mas também pode resultar em fragilização psicológica. Nesse caso é importante estar atento aos sintomas.

“Quem passa por um evento traumático pode experimentar flashbacks recorrentes sobre a situação levando a sensações intrusivas de desconforto, medo, ansiedade”, revela Cintia Chan. A psicóloga acrescenta ainda à lista de sintomas a irritabilidade, raiva, perturbações de sono, falta de concentração, diminuição de apetite, palpitações e dificuldades em respirar. Quem sofre de stress pós-traumático pode chegar mesmo chegar a evitar tudo o que avive a memória do evento, incluindo conversas.

Estas são as reacções normais a uma situação, em tudo, anormal e das quais a maioria das pessoas recupera sem necessidade de recorrer a acompanhamento terapêutico.

Ainda assim, “se depois de um mês as reacções ao evento afectarem significativamente a rotina diária da pessoa, esta deve procurar ajuda profissional”, revela Cintia Chan.

Circunstâncias como ficar sem água ou electricidade, sofrer com os efeitos de cheias podem dar azo a efeitos psicológicos numa escala abrangente da sociedade. Porém, num espectro alargado de população o restabelecimento da vida normal, regressar ao trabalho, pode ser o catalisador para restabelecer o equilíbrio.

Ajuda necessária

Normalmente o stress decorrente de se ter passado por algo como um tufão com efeitos devastadores vai diminuindo com o tempo. No entanto, existem formas de acelerar o processo de recuperação como, por exemplo, falar do acontecimento com a família e amigos, fazer exercício físico, envolvimento comunitário, fazer voluntariado e expressar gratidão. “Por vezes, actos simples como dar uma mão ao nosso vizinho pode ajudar, aliás, estas reacções não são sinais de fraqueza”, descodifica a psicóloga.

Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que incidiu sobre 21 países, revela que 21,8 por cento dos inquiridos testemunharam violência, 18,8 por cento participaram em violência, 17,7 por cento sofreram acidentes e 16,2 por cento foram expostos a situações de guerra. Segundo as estimativas da OMS, 3,6 por cento da população mundial sofreu de stress pós-traumático no ano de 2012.

Cintia Chan recorda que não basta a experiência de viver algo como um tufão de sinal 10 para afectar alguém. Perder alguém próximo, passar por outra situação que coloque em perigo a vida pode levar a um vasto leque de diagnósticos no espectro do trauma.

De acordo com a APM, o Governo lançou uma série de serviços de reabilitação para responder à “crise psicológica” após a passagem do tufão Hato. A própria associação, em cooperação com o Instituto de Acção Social e a Serviços de Administração e Função Pública, realizou uma acção de formação em psicologia na semana passada. Frequentaram a formação cerca de 600 profissionais de acção social, de forma a ficarem habilitados a fornecer informação, identificar e gerir situações de stress numa primeira abordagem.

Depois da passagem do tufão Hato por Macau, as redes sociais foram inundadas com vídeos, fotografias e mensagens. Rever constantemente os vídeos do evento é algo que pode aprofundar as feridas psicológicas, assim como sentir que pode estar próximo outro fenómeno similar.

Além de demonstrações de altruísmo, circularam na Internet informações de dúbia veracidade. De forma a fornecer informação correcta sobre os efeitos psicológicos de calamidades como o Hato, a APM lançou um site chamado “Psychological Recovery and Resources After Typhoon Hato” (recuperação psicológica pós-tufão Hato). No entanto, o site tem informação disponível apenas em cantonês.

Apesar terem decorrido duas semanas da passagem de um dos maiores tufões de que há memória em Macau, o próprio içar de sinais de alerta pode despoletar memórias traumáticas que ficaram por sarar.

7 Set 2017

Tufão Hato | EPM com prejuízos de um milhão de patacas

A direcção da Escola Portuguesa de Macau já avaliou os estragos causados pela passagem do tufão Hato. Os custos rondam um milhão de patacas. O ano lectivo arrancou ontem com reuniões da parte da manhã, sem grandes alterações

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s aulas arrancaram, como previsto, na Escola Portuguesa de Macau (EPM), duas semanas depois da passagem do pior tufão dos últimos 53 anos, que causou prejuízos na ordem de um milhão de patacas no estabelecimento de ensino, informou a direcção à agência Lusa.

“Neste momento apontamos para um prejuízo na ordem de um milhão de patacas”, disse o director da EPM, Manuel Machado.

O mesmo responsável salientou o apoio disponibilizado, “desde o primeiro momento, pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude e pelo conselho de administração da Fundação Escola Portuguesa de Macau para ajudar no que for necessário para estes trabalhos de reconstrução e reparação”.

“O que falta fazer é a substituição dos vidros partidos porque há escassez de vidros. (…) Há muita gente a precisar de vidros. Já foram encomendados, e o que está previsto é serem todos colocados ao mesmo tempo quando vierem. Há algumas janelas sem vidros, na cantina também faltam alguns, mas o funcionamento está assegurado”, explicou Manuel Machado.

Tufão Hato levou mural assinado por Vhils. Foto: HM

“Julgo que até ao final deste mês, os [trabalhos de reparação] devem estar concluídos”, observou.

O director da Escola Portuguesa adiantou também que os dois muros exteriores da escola derrubados pelo tufão já foram reconstruídos, mas que “ainda têm de ser pintados e têm que ser colocadas grades que também foram danificadas” pelo Hato.

Um desses muros tinha, no final de Maio, sido objecto de uma intervenção do artista português Vhils. A direcção da escola já informou o artista da queda do mural, mas não foram estabelecidos mais contactos no sentido de, no futuro, Vhils realizar novo trabalho naquele espaço.

“Isso ainda não foi conversado”, disse Manuel Machado.

O melhor possível

O mesmo responsável afirmou que o novo ano escolar arrancou ontem “da melhor maneira” para os 574 alunos inscritos entre o 1.º e 12.º ano, depois de realizadas algumas obras na escola.

“Felizmente, conseguimos em tempo útil fazer todos os trabalhos de reconstrução e reparação necessários ao arranque do ano lectivo sem pôr em causa a data previamente acordada”, afirmou.

Não houve necessidade de nenhuma medida extra porque “todos os espaços por onde circulam professores, alunos e funcionários estão devidamente seguros”, observou.

“De manhã, as crianças do primeiro ciclo foram recebidas pelos seus professores e estão ainda em actividades. Às 10:00 houve uma reunião geral dos alunos do segundo e terceiro ciclos do ensino secundário com a direcção da escola e posteriormente foram recebidos pelos directores de turma. Portanto, decorreu da melhor maneira, e as actividades estão agora em curso”, afirmou.

Além de algumas janelas e portas partidas e da queda de muros, quase todas as árvores nos pátios da escola foram arrancadas pelo tufão, que também causou danos nos ares condicionados e sistemas de ventilação.

 

Ensino | DSEJ diz que há mais alunos e professores

Mais de 79 mil alunos em 77 escolas. São estes os números oficiais do arranque de mais um ano lectivo, e que representam um aumento de 2,7 por cento de estudantes face ao ano passado, disse a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) em comunicado. O aumento de alunos verifica-se mais no ensino infantil, que conta este ano com um total de 19.023 estudantes, mais 6,6 por cento. Há também um aumento de 5,5 por cento de alunos no ensino primário, que conta com quase 30.800 estudantes. No ensino secundário, o número de alunos regista uma quebra de 2,8 por cento. Ao nível dos docentes, a DSEJ explica que este ano haverá mais professores nas salas de aula, num total de 7.606 face aos 7.304 registados o ano passado.

7 Set 2017

David Chow quer que casinos fechem portas com sinal 8 içado 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]avid Chow, empresário e antigo deputado, disse ao jornal Ou Mun que considera injusta a actual situação dos trabalhadores dos casinos, que se vêem obrigados a trabalhar mesmo que seja içado o sinal 8 de tempestade. Por essa razão, o também presidente da Associação Comercial Federal Geral das Pequenas e Médias Empresas de Macau pede que seja criado um melhor regime, que garanta a segurança dos funcionários de jogo. Na prática, o empresário exige que o Governo avance com uma lei especial que determine que os croupiers e demais funcionários dos casinos não possam trabalhar quando estiver içado o sinal 8 de tempestade.

A legislação determina que os casinos funcionam 365 dias por ano, durante 24 horas, o que significa que os funcionários têm de cumprir os turnos, independentemente das condições atmosféricas. David Chow acrescentou ainda que, em caso de sinal 8, todos têm de estar em segurança, bem como o pessoal dos serviços de protecção civil e forças de segurança.

Questionado anteriormente sobre a aquisição de seguros para a protecção dos trabalhadores, David Chow recusou a ideia, por considerar injusta a obrigatoriedade de ter de se deslocar para o local de trabalho com condições atmosféricas adversas. O empresário acredita mesmo que o território não deveria receber excursões de turistas nestas alturas.

O proprietários dos empreendimentos Landmark e Doca dos Pescadores pede ainda à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) que implemente leis complementares que possam permitir aos trabalhadores não residentes (TNR) que, em casos urgentes, possam trabalhar noutros locais não designados no seu blue card, em prol do desenvolvimento do território. Esta ideia foi referida no contexto de ajuda que se verificou após a passagem do tufão Hato, quando foram necessários muitos braços para eliminar os destroços. Vários grupos de TNR colaboraram nas limpezas ao lado das autoridades.

7 Set 2017

Pedrógão Grande | Casa de Portugal recolheu quase meio milhão de patacas 

A Casa de Portugal em Macau conseguiu juntar mais de 481 mil patacas em apoios financeiros para ajudar as vítimas dos incêndios em Pedrógão Grande, Portugal. O dinheiro é destinado ao fundo Revita

[dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uase 500 mil patacas. É este o resultado da campanha solidária criada pela Casa de Portugal em Macau (CPM) para ajudar as vítimas dos incêndios na região de Pedrógão Grande, em Portugal. Segundo a agência Lusa, um total de 481 mil patacas foram enviadas em Agosto para o fundo Revita, criado pelo Governo português para ajudar as vítimas dos incêndios.

A verba angariada resulta de contribuições de particulares, empresas e entidades, como os escuteiros lusófonos ou outras, que realizaram peditórios ou eventos de caridade e posteriormente enviaram o cheque para a Casa de Portugal em Macau, explicou Ricardo Igreja, vice-presidente da CPM.

A conta solidária da associação de matriz portuguesa em Macau foi aberta no Banco Nacional Ultramarino em Junho, “ainda o incêndio não estava extinto” e o dinheiro foi transferido “há cerca de duas semanas” para o Revita, acrescentou.

Ricardo Igreja afirmou que não há forma de saber o destino das verbas angariadas pela Casa de Portugal em Macau. “Não sabemos se é para reconstruir casas ou para plantar árvores”, disse, observando que isso compete ao próprio fundo, que é gerido conjuntamente com as autarquias e a sociedade civil.

Além desta verba angariada pela Casa de Portugal, a Santa Casa da Misericórdia de Macau anunciou a 20 de Junho que iria contribuir com cerca de 1,9 milhões de patacas (200 mil euros) para a União das Misericórdias Portuguesas, com o objectivo de apoiar as vítimas dos incêndios em Portugal.

O incêndio que começou em Junho em Pedrógão Grande provocou 64 mortos, sendo apenas extinto uma semana depois. Alastrou a Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Penela e Sertã.

Pedida investigação

Esta semana, em declarações à RTP, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande exortou o Ministério Público a abrir uma investigação às contas bancárias que foram abertas para receber donativos que seriam encaminhados para as vítimas dos incêndios.

Valdemar Alves disse ao canal público que “há empresas públicas e particulares que abriram contas em nome dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande” e não se sabe o destino do dinheiro depositado.

O autarca referiu ainda que irá solicitar aos autarcas vizinhos de Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos, também fortemente afectados pelos incêndios, para que o acompanhem no pedido de investigação dirigido ao Ministério Público.

Na terça-feira o primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que o Estado, na sequência da tragédia do incêndio de Pedrógão Grande, só organizou um fundo, o Revita, que tem 1,9 milhões de euros, e que “depois do extraordinário movimento da sociedade civil, é essencial que os portugueses tenham toda a informação sobre o destino das verbas que doaram generosamente”.

“As pessoas deram o dinheiro às entidades que entenderam. O Estado organizou um fundo, o Revita, que até ao momento só recebeu donativos no montante total de 1,961 milhões de euros. Relativamente às verbas do fundo Revita, as intenções de doação chegam até 4,9 milhões de euros, apesar de, efectivamente, só termos recebido até agora, 1,9 milhões. Sendo um fundo público, é gerido em conjunto com as autarquias e com a sociedade civil”, disse.

De acordo com o líder do Executivo português, esta verba de 1,9 milhões de euros destina-se prioritariamente a dois objectivos: “Ao apoio à reconstrução das habitações, onde cerca de 19 já tem obras em curso ou concluídas após financiamento deste fundo, ou para apoiar agricultores cujos prejuízos se situam entre 1.053 e cinco mil euros”.

Especificando a forma de gestão e de funcionamento deste fundo público Revita, António Costa apontou que o seu Conselho de Administração é constituído por um elemento do Instituto da Segurança Social, pelo presidente da Câmara de Castanheira de Pêra (em representação das autarquias) e pelo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pombal (este representando as entidades da sociedade civil).

7 Set 2017

Pessanha, 150 anos | Valério Romão, escritor: “O amor já existia antes da literatura”

Valério Romão está prestes a encerrar o capítulo final de uma trilogia de romances, Paternidades Falhadas, com um livro, que terminou recentemente, sobre o Alzheimer. Tem também no currículo dois livros de contos. O escritor que gosta de temas arriscados esteve por cá para celebrar os 150 anos de Camilo Pessanha

[dropcap]C[/dropcap]omo se começa a fazer um livro?
Normalmente a coisa impõe-se de uma forma bastante natural. Quando dás por ti tens um projecto na cabeça que nasceu como uma espécie de revelação, uma iluminação. De repente há qualquer coisa que faz sentido e sobre a qual achas que podes passar alguns meses, ou alguns anos, a trabalhar sem que isso chateei, porque o romance é uma maratona. Começas agora e acabas muito tempo depois, portanto, tem de ser qualquer coisa que seja suficientemente apaixonante para te motivar. Acho que é bastante análogo ao trabalho académico, no princípio tudo parece muito bonito mas assim que começas a escrever surgem as dúvidas, pensas que está tudo uma grande merda. Tens oscilações, com amplitudes enormes, entre “eu sou muito bom” ou “eu sou uma grande porcaria” durante todo o processo, até que chegas a um ponto em que já nada importa a não ser acabar aquilo. Como o corpo do maratonista que já está tão anestesiado que já não lhe dói, já não é cansaço, já não é nada. É, pura e simplesmente, uma espécie de mecânica cuja inércia nunca mais termina e que faz com que ele chegue até ao fim da corrida. Entras num estado de semi-hipnose em que a cabeça se concentra num único objectivo e na única coisa que, de facto, te pode salvar naquele momento que é chegar ao fim.

Como é que se sabe que o processo de escrita chegou ao fim?
Tu decides. Há vários fins, ou seja, quando acabas de escrever a primeira versão, quando voltas a trabalhar naquilo. Havia um gajo qualquer que dizia: “sabes que está terminado quando já não consegues olhar para aquilo”. É mais ou menos isso. No meu romance “O da Joana” fiz sete revisões, cheguei ao fim e decidi entregar aquilo a alguém porque já estava a tirar vírgulas do sítio onde as tinha posto e a pô-las onde as tinha tirado. Corria o risco de estar naquilo, tipo Sísifo, o resto da vida. Acho que no fundo já não consegues fazer muito dano porque te estás a repetir. As partes de que não se gosta cortam-se, modificam-se, essa são fáceis de resolver. As difíceis são aquelas em que não tens a certeza. Depois também chegas a um ponto em que estás demasiado perto para poder avaliar aquilo, já não tens clareza suficiente para mexer nas coisas. É muito mais fácil quando estás a rever o livro de outra pessoa. Não é uma questão de ligação emocional ao que está escrito, tem a ver com o facto de haver uma espécie de opacidade que turva as coisas quando escreves qualquer coisa e vais revê-la ao fim de algum tempo. O que é muito bom e muito mau é fácil, o que está no meio é muito mais difícil e é a maior parte.

Como é que começou a escrever?
Começas a escrever porque gostas muito de ler e gostas muito de ler porque, normalmente, tens um problema social qualquer, ninguém te liga. A vida é muito mais interessante que a leitura. A maior parte das vezes não tens muito jeito para estar com pessoas, as pessoas não te interessam muito e refugiaste um bocado ali na leitura. Depois de estares nesse refúgio descobres que podes fazer um caleidoscópio do mundo e encontrar muitos mundos dentro deste mundo através da leitura e apaixonaste por aquilo. Com alguma naturalidade, vais tentando imolar aqueles de que mais gostas.

Que são…
Eu comecei, como julgo que imensos escritores da minha geração, com os Lobos Antunes da vida. É uma referência, mas também um eucalipto que seca tudo à volta porque, de facto, não se pode jogar no campo dele.

Os temas centrais dos seus livros são duros, extremados. Porquê?
Tenho algumas coisas, mais ou menos, simpáticas em contos, por exemplo. Mas, normalmente, vou à procura das coisas menos simpáticas. Primeiro, porque as acho mais interessantes, depois porque estão pouco trabalhadas, outras estão à espera que alguém pegue e faça alguma coisa. A literatura contemporânea tende a ser um bocado neutra a este tipo de temas, não os aborda, ou fá-lo de uma forma mais neutralizada. Interessa-me o desafio de pegar em matéria muito complexa. Pegar num tema destes e trabalhá-lo mal implica teres um livro que manipula uma determinada carga emocional e que redunda num livro delico-doce, ou num dramalhão. É um risco muito grande pegares no autismo, que é o tema do meu primeiro livro, ou numa gravidez falhada, que é o tema do segundo, corres o risco sempre de estar a manejar mal aquilo e de se tornar insuportável de ler por ser pornográfico. Porque expõe em demasia aquilo que as personagens estão a sentir, a desgraça alheia como finalidade, como no Big Brother. A minha finalidade não é essa. A minha finalidade é tentar perceber em que condições é que ocorre uma determinada experiência e tentar devolver essa experiência de uma forma intersubjectiva, de uma forma que faça sentido para mim e para ti sem que isso redunde em voyeurismo.

A sua estreia no romance tem uma recepção muito interessante, inclusive foi finalista do Prémio Femina, em França. Pensou que tinha alcançado um patamar interessante e estava no certo caminho para ser escritor?
Senti quando acabei aquele livro que era um bom livro. Precisava, talvez, de mais tempo para resolver alguns problemas de que ele enferma. Naturalmente, por ser um primeiro livro e por ser muito colado a uma vivência pessoal, mas senti que era um livro bom. Senti ainda mais isso no “O da Joana”, porque, na minha opinião, estruturalmente ainda é mais arriscado e não tendo falhado nesse risco acho que ainda é melhor. Mas percebes quando um livro é bom. Depois tens o teste do primeiro leitor, do editor, mas percebes quando é bom.

Sente que está a fazer o seu caminho e a conseguir o seu lugar?
Acho que ainda não cheguei lá, que ainda falta algum tempo para chegar ao meu lugar, seja lá o que isso for. Aquela coisa de encontrar a minha voz já está resolvida.

Acha que há uma geração nova de escritores portugueses? Um movimento pressupõe algumas condições…
O movimento característico desta geração é termos temas comuns. Muitas vezes o tema é uma espécie de incapacidade de encontrar um sentido para isto onde nós estamos a viver, o que não é nada de original mas que se acaba por repetir. A originalidade das coisas não pode estar no tema. Por exemplo, o amor existe antes de haver literatura, a morte também. O tema não pode ser diferente, mas a forma como o envelope lhe cai em cima, como é vestido é que pode ser diferente, a forma como pode ser vivido e expresso. Neste caso temos uma geração de pessoas que estão ligadas a essa incapacidade de encontrar sentido, que resulta também nalguma incapacidade de haver um movimento porque todo o movimento surge sempre como contraponto a qualquer coisa e aqui não há contraponto. Não é uma questão de realistas e românticos, não é uma questão de neo-realistas e simbolistas, não há isso. Para quê criar um movimento quando não há nada para ir contra? Claro que temos aquelas tricas, que não chegam sequer a ser dignas de menção literária, tipicamente lisboeta e portuguesa. É uma pequena cidade num país muito pequenino, em que as pessoas todas se conhecem e acabam por gostar e detestar-se mutuamente, com a mesma força.

Mas há, ou havia há um ano, um renascimento da poesia em Lisboa.
Há coisas interessantes a acontecer. Nunca tivemos tanta leitura de poesia, a poesia ficou sexy. Terá contribuído para isso a forma como é lida, porque a poesia era lida de uma forma em que acabava tudo a soar sempre a Manuel Alegre. A forma, a técnica, eram muito solenes e estamos numa altura em que as coisas solenes, para o bem e para o mal, não têm piada. Foi bom poder pegar em poetas e lê-los com uma guitarra eléctrica por trás, com piano, com o quer que seja, às vezes sem nada. Temos uma perspectiva muito desempoeirada do que pode ser uma leitura. Vais para um bar e não estás à espera de ver um gajo em modo lírico a noite toda a declamar como se estivesse a ser possuído por, sei lá por quem…

Pelo fantasma do Viegas…
Exacto.

O que nos pode dizer acerca do seu próximo livro?
Acabei de escrever a primeira versão antes de vir para cá. É um livro que ainda não sei muito bem como descrevê-lo porque é muito pulverizado. Tem como pano de fundo o Alzheimer. Gosto de adaptar uma forma específica de escrita a cada livro que escrevo. O “Autismo” tem uma série de capítulos que suportam e fazem a coluna dorsal do livro, que são as partes que se passam numa sala de espera de um hospital. Tudo o resto decorre daí, intercala-se como membros daquela construção que vão encaixar nessa coluna dorsal, em que há analepse, prolepse, para fazer essa sequência e uma espécie de bailado por dentro da história. É sinuoso, mas perfeitamente lógico. “O da Joana”, como é um livro que se passa numa noite, não tem capítulos, é vertiginoso, obriga o leitor a não parar. Como é um livro pequeno eu queria que a experiência fosse assim. Sem paragem, respirar só quando acabar o livro, é um shot de sofrimento. Este, como é sobre o Alzheimer, não tem ordem cronológica. Pode-se começar a ler do meio para o fim, e do meio para o princípio, a experiência não é igual mas pode ser feita. O livro está pulverizado, atomizado em capítulos de página, página e meia, que são uma espécie de ilhotas que simbolizam, de certa forma, as memórias do Alzheimer, que aparecem e desaparecem. Imaginemos um campo de dunas, em que as memórias aparecem em sítios diferentes, em dias diferentes. Queria que fosse uma coisa tão perigosa, tão frágil quanto isso. Não sei se vai resultar, vamos ver, mas já está acabado.

7 Set 2017

Comércio com países de língua portuguesa sobe 31,29 por cento

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa subiram 31,29% até Julho, em termos anuais homólogos, atingindo 67,61 mil milhões de dólares, indicam dados oficiais.

As informações dos Serviços de Alfândega da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 47,79 mil milhões de dólares, mais 33,74%, e vendeu produtos no valor de 19,82 mil milhões de dólares, mais 25,74%.

O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 49,90 mil milhões de dólares entre Janeiro e Julho, um valor que traduz um aumento anual homólogo de 30,51%.

As exportações da China para o Brasil atingiram 15,65 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 34,97%, enquanto as importações totalizaram 34,24 mil milhões de dólares, mais 28,57% face aos primeiros sete meses do ano transacto.

Com Angola, o segundo parceiro lusófono da China, as trocas comerciais cresceram 48,61%, atingindo 13,37 mil milhões de dólares.

Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 1,24 mil milhões de dólares, mais 32,47%, e comprou mercadorias avaliadas em 12,12 mil milhões de dólares, reflectindo uma subida de 50,50%.

A fechar pódio

Com Portugal, terceiro parceiro da China entre os países de língua portuguesa, o comércio bilateral cifrou-se em 3,17 mil milhões de dólares (– mais 1,19% –, numa balança comercial favorável a Pequim.

A China vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,07 mil milhões de dólares, menos 11,58%, e comprou produtos avaliados em 1,10 mil milhões de dólares, mais 38,59% face aos primeiros sete meses do ano passado.

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que se reúne a nível ministerial de três em três anos.

Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de só ter passado a fazer parte da ‘família’ do Fórum Macau no final de Março, após a China ter anunciado o restabelecimento dos laços diplomáticos com São Tomé e Príncipe, dias depois de o país africano ter cortado relações com Taiwan e reconhecido Pequim.

O comércio entre São Tomé e Príncipe e a China é insignificante, correspondendo na quase totalidade às exportações chinesas, que entre Janeiro e Julho se cifraram em 4,11 milhões de dólares.

7 Set 2017

Pyongyang promete continuar programa nuclear apesar de sanções

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Coreia do Norte garante que vai avançar com o seu programa nuclear mesmo que a comunidade internacional imponha mais sanções, e já acusou os Estados Unidos de serem o “principal culpado pela escalada de tensão e ameaça nuclear”.

“Os Estados Unidos estão terrivelmente equivocados se acreditam que podem assustar ou persuadir a RPDC (República Popular Democrática de Coreia, nome oficial de Coreia do Norte) dizendo que ‘todas as opções’ estão em cima da mesa e impondo as piores sanções e pressão” sobre o país, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano.

O comentário do ministério, publicado na noite de terça-feira pela agência estatal de notícias KCNA, refere a reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira, e o pedido da embaixadora norte-americana, Nikki Haley, para ser adoptada uma nova e mais forte resolução contra a Coreia do Norte.

O embargo de petróleo é uma das novas medidas propostas pelos membros do conselho, que já impôs ao país sanções destinadas a limitar a entrada de fundos potencialmente destinados ao desenvolvimento de armamento.

Neste sentido, Pyongyang insistiu na inutilidade de novas sanções e afirmou que o país asiático responderá às “atrozes sanções e à pressão dos Estados Unidos com a nossa própria contra-ofensiva” e que Washington “será totalmente responsável por todas as consequências catastróficas que se sigam”.

Manter a rotina

Em relação ao último teste nuclear, no domingo passado, em que assegurou ter testado uma bomba H (de hidrogénio, mais potente que uma bomba atómica convencional), que pode ser instalada num míssil intercontinental, a Coreia do Norte disse que “ninguém tem direito a criticar o nosso teste” e classificou-o como um procedimento “rotineiro e indispensável” ao seu desenvolvimento.

Pyongyang acusou Washington de tentar “difamar” a Coreia do Norte, ao acusar o país de tentar começar uma guerra, e afirmou que “os comentários disparatados e beligerantes de ‘fogo é fúria’ de [Donald] Trump” demonstram que são os Estados Unidos que estão a “pedir guerra”, ignorando a comunidade internacional.

“Com o surgimento da administração Trump, os Estados Unidos tornaram-se mais imprudentes” com a Coreia do Norte, “e não nos resta outra opção que não redobrar os nossos esforços para fortalecer a força nuclear do Estado”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano.

7 Set 2017