João Luz Manchete PolíticaEleições | Escolas entram na campanha e enviam propaganda a pais de alunos A lista Aliança de Bom Lar, cujo líder é Wong Kit Cheng, foi abertamente apoiada por, pelo menos, três escolas privadas de Macau. Alexis Tam veio a terreiro suscitar a atenção das entidades que fiscalizam a campanha eleitoral em prol de eleições limpas e imparciais [dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo menos um trio de estabelecimentos de ensino privado apoiaram a candidatura de Wong Kit Chen a deputada da Assembleia Legislativa (AL). A notícia veiculada pela TDM, e que já havia sido divulgada nas redes sociais, indica que os encarregados de educação de três escolas receberam sugestões para votarem na lista Aliança de Bom Lar. Foi também sugerido o envio de material de campanha para os pais dos alunos. Um representante de um dos estabelecimentos envolvidos, a Escola Secundária Pui Va, afirmou à TDM que não colocou nenhuma pressão sobre os pais quanto ao sentido de voto. Porém, admitiu ter incentivado o voto na supracitada lista, acrescentando que, como a escola é um estabelecimento privado, tem o direito de apoiar a candidatura que bem entender. Apesar da lei eleitoral apenas exigir neutralidade política a instituições públicas, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, que tem o pelouro da educação, encara a situação por outro prisma. Alexis Tam lembra que a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) realizou, em conjunto com o Comissariado Contra a Corrupção, uma sessão de esclarecimentos com o sector. A reunião foi dirigida a directores e pessoal de médio e alto nível de gestão de escolas de ensino não superior. Alexis Tam entende que todas as escolas, inclusive as privadas, estão obrigadas a observar escrupulosamente as orientações de neutralidade relativas à campanha eleitoral definidas pela CAEAL. Área cinzenta O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura especifica que caso haja irregularidades, ou actos ilícitos que sejam contrários a eleições imparciais, justas e limpas, devem ser acompanhadas pelas autoridades competentes. “Em Macau não há uma distinção clara entre organizações políticas, operadores de ensino e serviços de acção social, aliás, estas instituições podem, inclusive, receber enormes financiamentos do Governo”, comenta o activista Jason Chao. O assunto é complexo, sendo possível que este tipo de instituições estejam ligadas a forças políticas com representatividade na AL. O fundador do projecto Just Macau vai mais longe ao considerar que os estabelecimentos de ensino não devem usar dos seus meios para promover um candidato. “As instituições privadas de ensino são financiadas pelo Governo quase inteiramente, deviam manter-se neutras em termos políticos, mas trata-se de uma área cinzenta e a CAEAL não parece muito activa a investigar estes casos”, acrescenta o activista. Paul Pun, secretário-geral da Cáritas e director da Escola São João de Brito, considera que esta é uma questão de bom senso. Sem se focar em nenhum caso particular, Paul Pun entende que “uma escola deve focar-se em educar, assim como uma entidade de serviços sociais deve focar-se nas suas funções”. Ou seja, não se imiscuir na batalha política. Além disso, um bom exercício de cidadania deve ser algo fomentado pelas escolas “para formar as gerações futuras”.
Victor Ng PolíticaEleições | Debate final com Pearl Horizon em destaque O último debate entre listas candidatas às eleições à Assembleia Legislativa teve lugar na passada sexta-feira. O encontro foi marcado pela defesa dos compradores de casa ao grupo Polytec, pela licença de paternidade, questões de turismo e direitos dos trabalhadores da função pública e sector do jogo [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]urismo, paternidade e Pearl Horizon foram os temas que marcaram o último debate entre listas candidatas às eleições do próximo dia 17. No programa Fórum das Eleições para a Assembleia Legislativa da passada sexta-feira, estiveram presentes “A Aurora dos Trabalhadores de Nível Básico”, a “Ajuda Mútua Grassroots”, a “Início Democrática”, a “União dos Promitentes-Compradores do “Pearl Horizon” para Defesa dos Direitos” e a “Linha de Frente dos Trabalhadores de Casinos”. A sessão foi marcada pelo discurso preparado do número 1 da lista 24, que defende os direitos dos compradores de casa no empreendimento Pearl Horizon, Kou Meng Pok. O candidato precedia cada frase com “na condição de o caso de Pearl Horizon ser resolvido”, e terminava cada opinião com o pedido para obter a casa que adquiriu no projecto em causa. A pergunta que abriu o debate questionava as listas participantes acerca da relação do turismo com a qualidade de vida dos residentes. Lam Wai Koi, líder da lista 21, “A Aurora dos Trabalhadores de Nível Básico”, manifestou que Macau, apesar de ser um destino turístico, já atingiu o seu limite, pelo que, considera, devem ser tomadas medidas para restringir a entrada de visitantes no território. A razão aponta, tem que ver também com a própria dimensão de Macau. Lam Wai Koi, sugere ainda que o Governo deve proceder a uma análise da situação local de modo a contribuir para uma melhor qualidade de vida dos residentes. À mesma pergunta, Wong Wai Man, líder da lista 22 “Ajuda Mútua Grassroots” , responde ao lado. O n.º 1 da lista 22 optou por criticar as associações locais por não alcançarem nenhum dos objectivos a que se propõem. Temas desligados No que respeita à licença de paternidade, Wong Wai Man defende que quando nasce uma criança os homens devem acompanhar a mãe. Lee Kin Yun, líder da lista 23, Início Democrática, aproveitou para, enquanto defendia o direito à licença de paternidade, lembrar a lei sindical e a necessidade da sua existência em Macau, de modo a proteger os trabalhadores locais. A fase final do programa, dedicada a uma intervenção e dois minutos por parte de cada um dos participantes em que podem questionar as listas rivais foi marcada pela defesa dos compradores de casa do Pearl Horizon. Kou Meng Pok lançou também questões acerca do projecto. Por sua vez, Cloee Chao, candidata que defende que as regalias dos trabalhadores de jogo sejam idênticas às da função pública, questionou a lista 21 acerca deste aspecto. Lam Wai Koi, defensor dos direitos e interesses dos funcionários públicos não discordou da candidata com ligações ao sector do jogo.
Victor Ng Manchete PolíticaEleições | Lista de Cloee Chao pede benefícios iguais aos da Função Pública [dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]omeçou por ser activista em defesa dos direitos dos croupiers. Depois dos protestos de 2014, Cloee Chao deixou de estar tão activa nesse trabalho. Este ano, porém, decidiu voltar à ribalta como candidata às eleições legislativas através da “Linha da Frente dos Trabalhadores de Casinos”. A lista, composta por oito membros, todos eles funcionários da indústria do jogo de nível básico, apresentou ontem o seu programa político. Cloee Chao disse que o objectivo da candidatura é aumentar os benefícios de todos os que trabalham no sector, equiparando as regalias às que são atribuídas aos funcionários públicos. A candidata fala de benefícios como a atribuição de cinco dias de trabalho e dois dias de folga por semana, 22 dias de férias por ano, 90 dias de licença de maternidade e cinco de licença de paternidade. Cloee Chao pede ainda que sejam pagos 14 meses de ordenado. Cloee Chao referiu que, aquando da liberalização do sector do jogo, as operadoras que investiram no mercado prometeram regalias como a atribuição de subsídios para a habitação ou mais vagas nas creches destinadas aos filhos dos trabalhadores do jogo. A candidata lamentou que, passados mais de dez anos, o aumento significativo das receitas não levou as operadoras a cumprirem as promessas feitas. Uma delas prende-se com o não pagamento das gorjetas pagas pelos clientes nas mesas de jogo. “Todos os anos as operadoras têm lucros elevados mas nem todos os anos recebemos aumentos de salário ou bónus”, apontou a líder da lista 25. Sim à Lei Sindical A “Linha da Frente dos Trabalhadores de Casinos” pede ainda que seja legislada a Lei Sindical, que já foi chumbada nove vezes na Assembleia Legislativa. Para Cloee Chao, o diploma em causa nunca foi aprovado devido aos interesses de alguns deputados do hemiciclo. Por isso, um dos objectivos da candidatura é apresentar a Lei Sindical, para que os trabalhadores possam ter outras formas de diálogo com as operadoras em vez de optarem por protestos ou greve. Cloee Chao defende ainda que os trabalhadores não residentes não devem desempenhar as funções de croupier (algo que a legislação em vigor já prevê), além de defender o fim das salas de fumo nos casinos. A maioria dos pontos do programa político versam sobre os trabalhadores do jogo, mas a lista 25 diz estar também atenta a questões como o trânsito ou a habitação. Contudo, como são temas presentes em todas as candidaturas, Cloee Chao disse preferir enfatizar a luta pelos direitos dos trabalhadores do jogo.
Hoje Macau Manchete SociedadeHato | Vitor Sereno assina carta a pedir apoio para associações [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]em possibilidades de arcar com as despesas nos reparos aos estragos causados pela passagem do Hato por Macau, associações pedem apoio ao Governo em carta assinada por Vitor Sereno. Os danos e necessidades foram debatidos em reunião no passado dia 30 entre as associações de matriz portuguesa no território e o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong Vinte e uma associações portuguesas e de matriz portuguesa propuseram, na sexta-feira, ao Governo de Macau a criação de um mecanismo de apoio para os trabalhos de recuperação dos danos causados pela passagem do tufão Hato, a 23 de Agosto. Na carta, assinada pelo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno, em nome das 21 associações e entregue à secretária para Administração e Justiça, Sónia Chan, é destacada a necessidade de um apoio específico para estas organizações sem fins lucrativos. Sobre o “mecanismo de apoio” às associações afectadas é proposto um “subsídio extraordinário, tendo em conta a gravidade dos danos e o valor das respectivas reparações”, ou que sejam autorizadas a utilizar “algum montante do subsídio já concedido no presente ano”. As associações de matriz portuguesa “têm desempenhado um papel importante nas áreas da cultura, educação e solidariedade social”, com destinatários “que ultrapassam o universo dos sócios”, representando um “complemento no cumprimento das metas da acção governativa”, de acordo com a mesma carta. Apoios para quase todos Após a passagem do Hato, o mais forte tufão a atingir Macau em 53 anos, o Governo de Macau lançou uma linha de crédito, sem juros, para as PME afectadas até ao montante máximo de 600 mil patacas, e anunciou um pacote de “Medidas de abono” paras as empresas “responderem às situações emergentes”, “de natureza pós-calamidade” com um limite máximo de 30 mil patacas. A nível individual, a Fundação Macau (FM) anunciou três tipos de apoios financeiros para as vítimas do tufão, incluindo familiares de cada vítima mortal, residentes que ficaram feridos, um montante máximo de 30 mil patacas a atribuir às famílias que “sofreram estragos nas suas residências provocados pela intrusão de água do mar causada pela passagem do tufão, ou com janelas partidas ou vidros quebrados”. Duas mil patacas serão disponibilizadas às famílias “afectadas pelo corte do abastecimento de electricidade e água”, sendo este subsídio “acertado” com as empresas de abastecimento de electricidade e água, de acordo com a FM. No passado dia 30, teve lugar uma reunião entre Vitor Sereno e as associações e matriz portuguesa no território. Após o encontro, o presidente da Associação dos Macaenses, Miguel de Senna Fernandes disse ao HM que quando questionou a FM acerca de possíveis apoios a resposta foi negativa. “A Fundação Macau disse que não há, neste momento, qualquer tipo de apoio dirigido às associações”, referia Miguel de Senna Fernandes. Associação dos Macaenses, Casa de Portugal em Macau, Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau, Instituto Internacional de Macau e Associação Promotora da Instrução dos Macaenses, Escola Portuguesa, Jardim de Infância D.José da Costa Nunes. Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, Clube Militar, Instituto Português do Oriente são algumas das 21 associações subscritoras.
Hoje Macau SociedadeInstituto Ricci | Acervo destruído pelas inundações Serão cerca de 15 milhões de patacas de prejuízos. O acervo do Instituto Ricci a cargo da Universidade de São José estava guardado em caixotes numa cave, e não resistiu às inundações provocadas pela passagem do Hato no território [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s inundações causadas pela passagem do tufão Hato em Macau destruíram todo o acervo do Instituto Ricci, cerca de 25.000 livros e revistas, armazenado no novo ‘campus’ da Universidade de São José. Peter Stilwel, reitor da instituição de ensino superior ligada à Universidade Católica, estimou em cerca de 15 milhões de patacas, os prejuízos da perda de cerca de 28.000 exemplares, incluindo 3.000 livros da Universidade de São José. “Veio a enxurrada e [os livros] ficaram todos irrecuperáveis”, disse à agência Lusa Peter Stilwell. “Quando se percebeu a dimensão do tufão [Hato] já era tarde para fazer alguma coisa”, acrescentou. Todo o acervo da Biblioteca Tomás Pereira, do Instituto Ricci, estava encaixotado numa das caves do novo ‘campus’ da Universidade de São José, para onde tinha sido enviado nos últimos meses, com o objectivo de mais tarde ser transferido para a biblioteca daquela instituição do ensino superior. Os livros ficaram durante três dias submersos em água salgada que galgou do delta do Rio das Pérolas, juntamente com peixes trazidos na enxurrada. “Percebemos logo que os livros tinham sido atingidos, porque as caixas [dos livros] estavam desfeitas e ainda por cima era água salgada vinda do Porto Interior. Mas como havia animais a apodrecer ali, e gases tóxicos, tivemos primeiro de despejar a água e fazer alguma ventilação”, afirmou. O novo ‘campus’ da Universidade de São José, que recebe este ano lectivo estudantes e professores pela primeira vez, está localizado na Ilha Verde, na península de Macau, uma das zonas da cidade mais afectadas pelas inundações. Segundo um relatório dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), a estação da Doca da Ilha Verde que monitoriza o nível da maré chegou a registar 5,04 metros. Fragilidades A cave onde estavam os caixotes com os exemplares fica situada numa zona contígua à que inicialmente tinha sido pensada para armazém dos livros da biblioteca, explicou o reitor da Universidade de São José. “Agora percebemos que tem uma vulnerabilidade enorme”, disse. Segundo Stilwell, o gasto que seria necessário para tentar recuperar os livros era superior à substituição do acervo, que deverá demorar pelo menos três anos. “A notícia menos má é a de que não haveria exemplares raros na colecção do Instituto Ricci, que é excelente e preciosa, e que vale a pena tentar recuperar”, acrescentou, indicando que vão tentar a compra em editoras ou alfarrabistas, ou ainda por via da solidariedade de outras bibliotecas, que podem ter exemplares repetidos, nomeadamente das revistas perdidas na inundação. No acervo perdido da biblioteca do Instituto Ricci havia livros de teologia e da história da Igreja, mas também outros de carácter geral, sobre a história de Macau e sobre o encontro de culturas entre o ocidente e o oriente. “Imagino que em Macau haverá interesse em ter uma biblioteca sobre a história do território e sobre a relação de Macau com a China continental ao longo dos séculos”, observou Stiwell. O reitor adiantou que à excepção das inundações, as instalações do novo campus resistiram à passagem do tufão Hato. “Ainda estamos a lamber as feridas, a tentar perceber a dimensão dos estragos. Acima do piso térreo, o ‘campus’ resistiu bastante bem. (…) Não houve uma única árvore arrancada nos jardins que temos nos telhados”, afirmou. As aulas no novo campus da Universidade de São José têm início a 18 de Setembro. No total estão inscritos cerca de 1.100 alunos, incluindo 355 novos estudantes.
Hoje Macau Manchete SociedadeHo Chio Meng | Negada possibilidade de recurso [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] processo que culminou com a sentença que condenou o ex-procurador a uma pena única em cúmulo jurídico de 21 anos de prisão transitou em julgado. O arguido interpôs recurso, a 4 de Agosto, da decisão condenatória sugerindo a criação de um tribunal de recurso, ou de um tribunal ad hoc que admitisse essa fase processual. Foi exactamente a falta desta entidade que sustentou o despacho da juiz que decidiu sobre o recurso da defesa de Ho Chio Meng. “A admissão de recurso pressupõe a existência de um órgão judiciário com poder de julgar em instância superior, que pode apreciar e decidir o recurso”. Uma vez que o Tribunal de Última Instância é o mais elevado órgão judiciário da RAEM, não existe outro tribunal competente para julgar o recurso de uma decisão que daí seja emanada. Além disso, a juiz argumenta que a criação de um órgão judiciário é algo que pressupõe “a existência de uma previsão legal”.
Hoje Macau EventosDois portugueses escolhidos para Bienal de Lyon [dropcap style≠’circle’]B[/dropcap]andeiras transparentes, paredes carimbadas com “Forever Immigrant” e um piano a tocar um poema são algumas das obras de Marco Godinho e Davide Balula escolhidas para a Bienal de Lyon, em França, sob o tema “Mundos Flutuantes”. A 14.ª edição do evento, que se realiza de 20 de Setembro a 07 de Janeiro, conta com artistas de 23 países e questiona o conceito do “moderno” na arte, a partir do tema “Mondes Flottants” (“Mundos Flutuantes”). O tema atraiu, de imediato, Marco Godinho que, no ano passado, já tinha feito uma exposição no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice intitulada “Mundos Nómadas”, tendo agora escolhido três obras que convidam à “deambulação porque não se pode apreender só com o olhar”. “O mundo flutuante é um mundo incerto que se gere no presente. Com estas obras, a minha leitura tem a ver com a ideia de uma certa poesia no nosso quotidiano, tem a ver com os poemas de Mallarmé e uma forma um pouco mais aberta de fazer arte e realizar experiências que não se limitem à ideia do observador, que vai para um espaço confinado simplesmente observar”, explicou à Lusa Marco Godinho. Na primeira obra, “Forever Immigrant”, um carimbo circular da frase em inglês vai preencher a fachada do edifício de exposições, La Sucrière, e propagar-se ao interior, fazendo eco não apenas do exílio e “tudo o que acontece no Mediterrâneo” mas também da própria “ideia de incerteza”, ligada ao seu percurso de emigrante. “Sem Título (Bandeiras Transparentes)” é uma “obra em evolução”, inicialmente inspirada nas estrelas da União Europeia, em que “as bandeiras em vez de terem símbolos são completamente transparentes” e, sendo expostas no exterior, “pouco a pouco vão começar a rasgar e evoluir no tempo”. Em “Written By Water”, vão ser expostos cadernos que o artista recolheu ao longo de viagens por países mediterrânicos e que mergulhou em água, “para que a água pudesse escrever a sua própria poesia e história”, uma obra que vai estar acompanhada pela projecção de um vídeo. Marco Godinho, nascido em 1978 em Salvaterra de Magos, e residente entre Paris e o Luxemburgo, participou, no ano passado, na feira de arte contemporânea Art Central de Hong Kong e expôs no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice, tendo apresentado o seu trabalho, em 2015, no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, em Lisboa. Experiência no espaço Davide Balula, que nasceu em 1978 na aldeia de Vila Dum Santo, no concelho de Viseu, e reside entre Paris e Nova Iorque, escolheu para a Bienal de Lyon duas obras inéditas: uma peça sonora em que “um piano vai tocar um poema” e uma peça luminosa que realiza um “movimento abstracto de ‘laser’ nas paredes”. “É difícil descrever com palavras porque é simplesmente fazer a experiência da obra no espaço. Recorrendo a uma espécie de narração abstracta, eu diria que as duas obras tocam a questão da percepção”, explicou o artista à Lusa, sublinhando a importância do espaço e do tempo no seu trabalho, assim como o papel do espectador que “constata a sua própria presença quando observa uma obra”. Os trabalhos apresentados dialogam, assim, com o tema da bienal, com David Balula a interpretar os “Mundos Flutuantes” como “a impossibilidade de alcançar as coisas”, ilustrando a sua ideia com uma peça de Marcel Broodthaers, “muito importante” para si e exposta na sala ao lado da sua. “O autor tenta escrever uma carta debaixo da chuva. Escreve com tinta e chove na folha e a tinta não se agarra. Esta ideia de continuar a escrever e ter a tinta a escorrer faz parte da peça”, descreveu o artista que costuma explorar elementos naturais como a água e a terra, por exemplo, em “River Paintings” e “Buried Paintings”, e também o fogo, como em “Speaking in Flames (The Voice of the Firebreather)”, uma performance em que a voz é substituída por chamas. No ano passado, Balula apresentou a performance “Mimed Sculptures”, na Art Basel Unlimited, em Basileia, na Suíça, e “Speaking in Flames (The voice of the Fire Breather)”, na Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris, uma performance que também levou, em 2014, ao Palais de Tokyo, em Paris, e ao MoMA PS1, em Nova Iorque. Para a Bienal de Lyon, também foi convidado o artista mexicano Hector Zamora, que vive e trabalha em Portugal, os brasileiros Cildo Meireles e Ernesto Neto, residentes no Rio de Janeiro, e o realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul, vencedor da Palma de Ouro de Cannes, em 2010, com o filme “O Tio Boome Que Se Lembra das Suas Vidas Passadas”, e que em 2016 esteve em Portugal, para acompanhar o ciclo que lhe dedicou o Cinema Ideal, em Lisboa, e apresentar a sua primeira performance, “Fever Room”.
Andreia Sofia Silva EventosWarmwall | No disco “City of Dreams” há um outro lado de Macau Chamam-se Gassi Pang e Chai Kefu e juntos formam a banda Warmwall. O disco “City of Dreams”, lançado recentemente, é muito mais do que uma alusão ao famoso casino do Cotai. São oito canções sobre os sonhos ou a falta deles, ou de como podemos ficar confortavelmente presos a cadeiras imaginárias [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s sonoridades pouco ou nada têm de asiático ou de inspiração das famosas musicas K-Pop. Ouvir as oito canções que compõem o álbum “City of Dreams” remetem-nos para a Europa ou Estados Unidos. São estas sonoridades mais pop-rock, ou de rock alternativo, que fazem bater os corações de Gassi Pang e Chai Kefu na hora de fazer canções. “City of Dreams” foi lançado recentemente no espaço de concertos intitulado Live Music Association e, para ser gravado, obteve o apoio financeiro do Instituto Cultural (IC). O HM encontrou-se com Gassi Pang e Chai Kefu e conversámos sobre um álbum que começou a ser delineado, um pouco por acaso, quando ambos eram alunos da escola secundária. Chai Kefu começou a escrever algumas canções, enquanto Gassi Pang concluiu muitas das composições que iam surgindo. “Já tocávamos numa banda há cinco anos”, contou Gassi Pang. “Nessa altura tinha outro nome, mas esse projecto acabou.” Para gravar “City of Dreams”, os dois fizeram-se acompanhar por vários músicos para chegarem ao resultado desejado. “Tivemos muitos parceiros para gravar este disco. Somos apenas dois músicos e gostaríamos de adicionar outras sonoridades, outros instrumentos”, explicou Gassi Pang. Gritos na cidade “City of Dreams”, a música que dá o nome ao álbum, é, aos olhos dos seus compositores, um grito, uma expressão por aquilo que este território é na maior parte das vezes. “Quando escrevi a canção ainda era estudante. Já conhecia o Gassi e foi ele que acabou de compor. A sensação que tínhamos nesta altura era uma enorme vontade de gritar. Gritar por causa da cidade”, contou Chai Kefu. Para Gassi, as oito canções do disco dão a resposta aquilo que o álbum é na sua essência. “Todas estas canções são diferentes, mas têm um ponto em comum: o facto de estarmos em Macau. É o mesmo nome do casino, mas é um nome que tem outro significado. A imagem do álbum mostra uma cadeira, e é como se alguém tivesse sempre amarrado à cadeira. A partir daí decidimos dar o nome ‘City of Dreams’”, apontou. Quando Gassi saiu da escola começou a trabalhar num casino. Foi aí que se deparou com vidas presas a cadeiras, pessoas que ficam eternamente em empregos demasiado confortáveis, mas sem uma perspectiva de futuro. “Trabalhava num casino há cinco anos mas não estava muito feliz. Vi muitos jovens assim, nestes trabalhos, sentados nestas cadeiras. Os meus colegas eram assim. Alguns deles preferiam estar a fazer música, ou outro tipo de trabalho, mas simplesmente optavam por ficar na cadeira, por causa do bom salário.” Na cidade onde existe um espaço de jogo intitulado “City of Dreams” será fácil sonhar? Gassi garante que, no território onde existe pleno emprego, é fácil ter um bom salário, mas não chega para ter acesso a todos os sonhos. “Talvez seja difícil sonhar em Macau. É fácil encontrar um trabalho, é fácil entrar nos casinos, este nome explica isso. Os mais jovens podem encontrar facilmente um emprego mas não têm outras perspectivas. A maior parte está sentada numa cadeira como a que está na capa do álbum e não se mexem, estão confortáveis. É isso que significa”, acrescentou um dos membros da banda. Em Macau “as pessoas andam pela cidade, a um ritmo alucinante, e existem construções por todo o lado”. “Vivemos na cidade dos sonhos, mas só temos acesso a metade disso”, frisou Gassi. Banda separada Para divulgarem este projecto, a banda deixou espalhadas pela cidade várias mensagens nas paredes, onde constam apenas as palavras “City of Dreams” e pequenas cadeiras. Depois do primeiro concerto no LMA, é pouco provável que este disco volte a ser tocado ao vivo. Pelo menos no território, já que há a possibilidade de serem realizados alguns espectáculos em Taiwan, onde estuda Chai Kefu. “Quanto a outros concertos, para já não, porque eles os dois vão voltar para Taiwan para estudar e este mês ainda podemos tocar em Macau. Mas como grupo será difícil voltar a tocar o ‘City of Dreams’”, explicou Gassi. Gassi diz-se, ele próprio, afastado das canções que ajudou a compor há um punhado de anos. O tempo passou e ele próprio mudou como pessoa. Ainda trabalha num casino, mas confessa ter outros projectos musicais em mente. “Acho que não vou fazer outro álbum, mas ele (Chai Kefu) sim. Fizemos estas músicas há três anos mas já não sinto nada em relação a estas canções, porque estou mais virado para outras sonoridades, como o Folk. Já não sou a mesma pessoa, mudei”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Bilionário pede asilo político aos Estados Unidos [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] bilionário chinês Guo Wengui, que fugiu para os Estados Unidos e que tem acusado de corrupção altos quadros de Pequim, pediu asilo político ao Governo norte-americano, afirmou sexta-feira o seu advogado. O pedido de Guo constitui um dilema para a diplomacia norte-americana, que deve optar entre expulsar um dissidente com ligações à elite do regime chinês ou acrescentar mal estar às relações com Pequim. Thomas Ragland, advogado de Guo, afirmou na quinta-feira que o bilionário vai permanecer “legalmente protegido” nos Estados Unidos, enquanto o pedido está a ser analisado, processo que normalmente demora mais de dois anos. Caso o pedido seja rejeitado, Guo poderá permanecer em território norte-americano, até que não tenha mais possibilidades de recorrer. Em Agosto, funcionários chineses afirmaram, citados pela agência noticiosa Associated Press (AP), que Guo está a ser investigado por pelo menos 19 crimes, incluindo suborno, rapto, fraude, branqueamento de capitais e violação. Guo negou todas as acusações. O bilionário deixou de ser visto em público em 2014, mas voltou recentemente a surgir nas redes sociais, afirmando ter informações comprometedoras para a liderança chinesa. Entre os seus alvos está Wang Qishan, director do órgão máximo anticorrupção do Partido Comunista Chinês (PCC), que nos últimos anos puniu mais de um milhão de membros da organização, numa campanha lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping. Segundo Guo, Wang detém secretamente parte do grupo HNA, um dos maiores conglomerados privados chineses e accionista indirecto da TAP, através de uma participação de 13% na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a Atlantic Gateway) e uma participação de 7% na Atlantic Gateway. Exposições de risco As afirmações do milionário surgiram poucos meses antes do XIX congresso do PCC, o mais importante acontecimento da agenda política chinesa, durante o qual se definirá a liderança da segunda economia mundial durante os próximos cinco anos. O pedido de asilo visa demonstrar às autoridades norte-americanas que ele quer fugir à “perseguição” da China, afirmou o advogado. “Ele receia ser deportado para a China com base nas suas afirmações políticas, que expõem a corrupção entre funcionários chineses”, afirmou Ragland. “Tem sido um delator”, acrescentou. Guo tinha declarado anteriormente que expôs a corrupção entre altos quadros do PCC para o bem do seu país. Era uma forma de provar a sua lealdade a Xi e negociar um eventual retorno à China. Depois de não ser visto em público durante várias semanas, Wang Qishan reapareceu recentemente na imprensa estatal chinesa, num sinal de que a sua influência política se mantém intacta. Durante o congresso do PCC irá decidir-se se Wang permanece no Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China. Observadores chegaram a indicar Wang como possível futuro primeiro-ministro do país, por ser próximo de Xi.
Hoje Macau China / ÁsiaInternet | Controlo reforçado antes de congresso do PCC [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas reforçaram o controlo sobre as redes sociais, sobretudo na verificação da identidade dos utilizadores, nas vésperas do próximo congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), o mais importante acontecimento da agenda política do país. A Administração do Ciberespaço da China publicou na quinta-feira à noite um novo regulamento, no qual estabelece que as empresas do sector devem verificar as identidades reais dos membros em grupos de conversação no espaço ‘online’. O regulamento estipula também um aumento do controlo sobre os comentários na rede e o estabelecimento de um mecanismo que classifica a credibilidade dos utilizadores. A normativa entra em vigor no próximo dia 8 de Outubro, apenas dez dias antes do início do XIX congresso do PCC, durante o qual será definida a liderança da segunda economia mundial durante os próximos cinco anos. O Wechat – equivalente chinês à aplicação para mensagens de texto e voz WhatsApp – tem 800 milhões de utilizadores, enquanto o Weibo – semelhante à rede de mensagens instantâneas Twitter – tem cerca de 200 milhões. A rede social Facebook e o Twitter estão bloqueados na China. Nos últimos meses, a Administração do Ciberespaço proibiu a difusão de rumores sobre celebridades nas redes sociais e apertou o controlo sobre as notícias que podem ser difundidas. As autoridades chinesas lançaram também uma campanha contra os serviços de VPN (Virtual Proxy Network), um mecanismo que permite aceder à Internet através de um servidor localizado fora da China.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Pequim apoiará novas sanções, mas não embargo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] especialista em assuntos asiáticos Jamie Metzl defendeu que a China “vai aprovar novas sanções” contra Pyongyang, mas não “um embargo que ameace a estabilidade do regime”, e excluiu a possibilidade de uma intervenção militar na Coreia do Norte. “Pequim vê a relação com Pyongyang do prisma da estratégia chinesa para os Estados Unidos. Não como uma questão em si mesmo”, disse à agência Lusa o pesquisador da Atlantic Council, unidade de investigação com sede em Washington. A China é o principal aliado diplomático e maior parceiro comercial da Coreia do Norte. Cerca de 80% das importações norte-coreanas de petróleo são oriundas do país vizinho. Pequim admitiu já estar disposta a adoptar novas medidas contra a Coreia do Norte, depois de os EUA anunciarem que vão pedir uma reunião ao Conselho de Segurança da ONU, com o objectivo de submeter a votação “sanções adicionais” contra o país. A proposta de Washington inclui a proibição de venda de petróleo. Jamie Meltz admitiu que “a China use o petróleo, como já fez no passado, para passar uma mensagem aos norte-coreanos”, mas rejeitou um corte definitivo do fornecimento. “Pequim continua a preferir uma Coreia do Norte hostil e com armas nucleares à reunificação da península coreana pela Coreia do Sul”, país aliado dos EUA, explicou. Com 24,5 milhões de habitantes e um território pouco maior do que Portugal, a Coreia do Norte tem sabido jogar com as “diferentes perspectivas estratégicas” de Washington e Pequim, no nordeste da Ásia, para concretizar a sua ambição nuclear. Na semana passada, realizou o sexto e mais poderoso teste nuclear até à data, no que revelou ter sido a detonação de uma arma termonuclear para ser colocada num míssil balístico intercontinental. Em reacção, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que uma acção militar “é certamente” uma opção contra a Coreia do Norte. Metzl considerou, porém, que Washington está a fazer ‘bluff’: “Uma opção militar resultaria numa guerra total, que os EUA e a Coreia do Sul venceriam, mas cujos custos seriam muito mais altos do que o aceitável”. Poder de fogo Seul, onde vivem mais de 10 milhões de pessoas, está ao alcance da artilharia convencional e misseis norte-coreanos, dispostos em grande número ao longo da fronteira. Em Julho, Pyongyang testou por duas vezes o modelo de mísseis Hwasong-14, que os analistas consideram ser capazes de atingir os EUA, incluindo cidades importantes como Chicago e Los Angeles, abrindo um novo precedente na ameaça norte-coreana. Face ao contexto atual, Metzl considera que “o resultado mais provável é que a Coreia do Norte desenvolva armas nucleares mais capazes e o mundo terá que viver com isso”. Jamie Metzl disse que a única esperança é o “totalitarismo do regime norte-coreano voltar-se contra si mesmo”, referindo-se à possibilidade de um crescente receio entre líderes norte-coreanos, face às consecutivas purgas feitas por Kim Jong-un. Desde que ascendeu ao poder, em 2011, o líder norte-coreano, de 33 anos, terá já executado 140 altos quadros do Governo, entre os quais o seu próprio tio, Jang Song-Thaek, considerado a segunda figura do regime, e o seu meio irmão Kim Jong-nam, que vivia em Macau sob protecção da China. “Como se pode imaginar, com todas estas purgas, há líderes dentro da Coreia do Norte que acordam todas as manhãs e se questionam: Estou mais seguro a apoiar Kim Jong-un ou a atacar a liderança?'”, argumentou Metzl. “Quanto mais purgas há, mais inseguras as pessoas se sentem”, disse. “E talvez um dia concluam que estão mais seguras se o líder for removido”.
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasAuf Wierdersehen, Macau [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]o contrário de muitos dos meus amigos, não achei o Lost in Translation, da Sofia Coppola, minimamente merecedor do hype que despertou na altura em que foi exibido em cinema. Pareceu-me uma colecção de clichés absolutamente banais adornando uma história ainda mais banal. Uma sopa instantânea temperada com uma mistura de especiarias exóticas de exportação. Sentia que o Japão – e toda a Ásia – eram muito mais do que o mosaico de caricaturas que a nossa ignorância compõe na tentativa de inscrever um sentido para um estado de coisas que não compreendemos. Os dias que passei em Macau não me ensinaram muito sobre o que é ser chinês. Ou macaense, ou estrangeiro em Macau. Mas dissiparam muitas das ideias pré-concebidas que tinha acerca da região. E aprender que não se sabe é tão valioso como acumular conhecimento. O desconhecimento das coisas muito raramente é nocivo. Não temos medo daquilo que não sabemos sequer existir. Não o odiamos. Não formamos qualquer opinião sobre isso. Já as construções que derivam de uma interpretação truncada de uma realidade distante podem ser tóxicas. Como li algures: o melhor antídoto para o racismo é viajar. Fui extremamente bem acolhido em Macau. Tanto pelos chineses como pelos portugueses que lá residem. Não que esperasse ser maltratado. Mas considerava deveras provável a possibilidade de me sentir muito mais indefeso no contraste com uma cultura que me era absolutamente desconhecida. Para tal contribuiu certamente o facto de Macau ser uma cidade muito segura. Um tipo pode andar por todo o lado sem receio de ser assaltado ou vigarizado. A quota-parte de atenção que poderia reservar, noutra cidade, para a percepção do perigo fica disponível para tudo o resto. E para um tipo que fica tão mais ansioso quanto menos compreende a língua falada em seu redor, como eu, não é um aspecto de somenos. São os caracteres e os néons, a temperatura e, sobretudo, a humidade. São as salas de jogo dos hotéis, apinhadas de gente apostando um ano ou mais de trabalho, são os cheiros e os sabores, as chuvas torrenciais ao final da tarde, as árvores assemelhando-se a um entrelaçado de cobras comunitárias, os colegiais de uniformes impecavelmente brancos, os letreiros em português, o barulho incessante do ar condicionado omnipresente, as oferendas aos mortos na forma de comida e bebida e pequenas piras pontuando a calçada portuguesa, são os gestos que não compreendemos à primeira, a língua que não logramos compreender nunca. A contaminação resultante do processo de globalização em curso acaba por hipernormalizar todas as culturas, por mais remotas que sejam. A quantidade de locais exóticos diminui à medida que o capitalismo se impõe como modo de vida dominante. Mas cada um dos lugares expressa de forma muito particular essa contaminação. E gradualmente vão aparecendo os detalhes, sem que com isso a compreensão do que se passa efectivamente sofra uma modificação radical. Não vai fazendo mais sentido, mas vai desfazendo equívocos e perspectivas caricaturais. E quando damos por nós a finalmente entreler uma pequena parte da realidade com que deparamos no dia-a-dia, é altura de voltar. Voltar de uma experiência tão intensa que em apenas oito dias a sensação é de se ter estado fora um mês. Até à vista, Macau.
João Luz VozesTrompete [dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ou uma onda contínua de embalo cruel, quero encher todos os copos com whisky, os oceanos e sistemas de canalização com single malt e trazer substância caótica às vossas inócuas vidas. Sou olhos cerrados no sublime, capturados pela fantástica nota que destrói o mundo. Uma escala imprecisa de variados agudos e precoces graves, uns soltos, outros despidos, expondo melancolia ao sol, a caminhar para onde o vento escolher em direcção à arritmia de cósmicas tarolas. Sou um vibrato de dourados. Dou o remate entre saliva e vida, deslizo com o veludo do Chet e corto com as facas do Miles, sou trilogia oscilatória, um metal dourado erigido em direcção ao firmamento. Fixo as coisas no definitivo, transformo o momento numa fotografia de nota azul. Levo os exaltados Deans e Jacks a saltarem afirmativos num amplexo que embarca todo o tempo que os relógios são capazes de conter. Sou exaltação de metedrina, combustível para almas que rasgam continentes de costa a costa. Tenho carícias de cetim e vertigem de suor, aceito tudo o que o alcatrão me traz, sou o seu mais benevolente filho e amante. Vivo em sessões a preto e branco em caves do East Side, uma sépia alma, longos e sofridos dedos negros em mim a voar num indómito vento melódico. Sou o ultraje que matou Lee Morgan, demasiado ousado para chegar aos 30, estouvado e escandaloso maquinista do comboio azul. Que me perdoem os saxofones, mas vocês são a minha salada, o acompanhamento, os lençóis onde me espreguiço libidinosamente. Tenho estado calado, antecipação nervosa no bocal, à espera de uma abertura para trazer o abismo ao ritmo do contrabaixo. Sou o melhor que a vida tem para oferecer, autenticidade recheada de ingenuidade, sou uma prenda inesperada num dia triste. Bochechas em lua cheia, amendoins salgados e descida ritmada até à mais aguda nota abafada pela surdina numa noite tunisina. Como fui feliz e torcido naqueles duplos balões de ar, cercado por anticiclones de fumo e corações brutos, meu querido pai Dizzy, minha alada mãe Bird, percursores artísticos da luta por direitos civis dos negros. Miles nosso que estais no céu, santificado seja o vosso bop, tanto no Harlem como em Nova Orleães, venha a nós o beat e livrai-nos de Kenny G. Amen-doim. Salt Peanuts, errante e aos saltos, com ginga na anca, matreiro como uma sorridente hiena e mais ágil que qualquer metal de orquestra. A minha voz é o som que exclama: Sim! Que impele à fuga das triturantes maquinações do tédio, que arranca sorrisos demolidores a anjos sacanas. A minha campânula é a fonte de vida desbragada, a liberdade que esmaga a conformidade, a paisagem adequada à ferocidade dos amantes, um divino chafariz sonoro. Trago alucinações e corpos suados a caves escuras, um sentimento sacramental a tudo o que é transitório, o gosto do ferro na saliva. Sou o completo oposto da docilidade, a estrada que se abre para a viagem infinita sem qualquer vestígio de destino no horizonte. Venham os saxofones e o titubeante contrabaixo suspirar pelo Terror vindouro, pela estridência que vai da agonia ao êxtase num amplo ápice. Que a luz rompa a treva como nos primeiros clarões de Vermeer e na revolta das alvas ondas de Turner. Sou um veículo de dom, o pedaço de metal que faz a extensão do Homem até ao Cosmos, a transcendência numa escala de notas astrofísicas. Projecto delírio fulminante e o nascimento do cool, pedaços de Espanha e África trasladados através do Atlântico. Sou um milhão de olhos raiados de sangue, veias salientes, esgares gelados, a perdição da carne com um trio de pistões que nascem e se põem como o Astro. Transformo marginais em deuses, becos em catedrais, fome em abundância, silêncio em amor. Sou a Anunciação, as sete trompetas do Apocalipse que pintam tudo de preto depois de rompido o sétimo selo. Trago presságios de fim, declaro o óbito da humanidade, a tudo precedo e a tudo sobrevivo. Sou o céu e o inferno.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Exportações sobem 5,5% e importações 13,3% [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s exportações da China abrandaram em Agosto, num sinal de menor procura internacional, enquanto as importações registaram um inesperado aumento, apesar das previsões de um abrandamento da segunda maior economia mundial. As exportações chinesas subiram em Agosto 5,5%, em relação ao mesmo mês do ano anterior, para 199,2 mil milhões de dólares, um ritmo menor do que o registado em Julho, de 7,2%, indicaram dados oficiais. As importações aumentaram 13,3%, para 157,2 mil milhões de dólares, um ritmo de crescimento superior à média registada nos onze meses anteriores, de 11%. As previsões apontam para um abrandamento no ritmo de crescimento da economia chinesa, que afectaria a procura por produtos estrangeiros, agravada por maiores restrições ao crédito impostas pelo Governo chinês. O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu que a economia chinesa cresça 6,6%, este ano, menos uma décima do que o registado em 2016. Para 2018, o FMI afirmou esperar um crescimento de 6,2%. “A força das importações sugere que a procura interna é mais resiliente do que o esperado”, afirmou Louis Kuijs, num relatório da unidade de investigação Oxford Economics. O aumento das exportações superou as previsões, na primeira metade do ano, num sinal positivo para a liderança chinesa, que quer evitar a perda de empregos nas indústrias exportadoras. A China tem sido o motor da recuperação global, desde a crise financeira de 2008, e um abrandamento nas importações chinesas pode ter repercussões em vários países. O excedente comercial da China subiu 19%, em Agosto, relativamente ao mesmo mês de 2016, para 42.000 milhões de dólares. O excedente da China com a União Europeia, o principal parceiro comercial do país, aumentou 14%, para 11,7 mil milhões de dólares.
Hoje Macau China / ÁsiaBirmânia | Aung San Suu Kyi rejeita tréguas com rebeldes rohingya [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe de gabinete da Conselheira de Estado da Birmânia Aung San Suu Kyi rejeitou ontem o cessar-fogo temporário oferecido pelos rebeldes rohingya para permitir a entrada de ajuda humanitária no estado birmanês de Rakhine. “Não temos como política negociar com terroristas”, escreveu Zaw Htay, referindo-se ao Exército de Salvação do Estado Rohingya (ARSA), na rede social de mensagens curtas Twitter. O ARSA, que a 25 de Agosto atacou vários postos de segurança no estado de Rakhine, declarou no sábado à noite um cessar-fogo unilateral de um mês para permitir o acesso de ajuda humanitária à região, onde operações militares causaram centenas de mortos e forçaram quase 300.000 pessoas a fugir para o vizinho Bangladesh. Os rebeldes instaram o Governo birmanês a responder à sua declaração. “O ARSA insta o Governo birmanês a responder às tréguas com a cessação das operações militares e a participar na assistência às vítimas nas áreas de conflito, seja qual for a sua etnia ou religião”, indicaram os rebeldes através do Twitter. A resposta dos militares aos ataques de 25 de Agosto foi violenta e, segundo refugiados rohingya, vilas inteiras foram queimadas e centenas de civis mortos. O governo birmanês disse que a maioria dos 400 mortos era “terrorista”. A ONU estima que mais de um milhar de pessoas, maioritariamente da minoria muçulmana rohingya, pode ter morrido devido à violência no estado de Rakhine, um número duas vezes superior às estimativas das autoridades da Birmânia, que não reconhecem a cidadania aos rohingyas e consideram-nos imigrantes, impondo-lhes múltiplas restrições, incluindo a privação de liberdade de movimentos.
Hoje Macau SociedadePearl Horizon | Polytec disponibiliza empréstimos sem juros O Grupo Polytec vai disponibilizar um plano de empréstimos sem juros aos compradores de casa no empreendimento Pearl Horizon. A medida é bem-vinda, no entanto, para Zheng Anting, o montante não é o suficiente [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Grupo Polytec avançou com um plano de empréstimo sem juros aos compradores de fracções no Pearl Horizon. De acordo com o jornal Ou Mun, a medida destina-se aos compradores que estão a pagar pelas casas que compraram no empreendimento. O Grupo Polytec vai oferecer 8 mil patacas em empréstimo sem juros que podem ser pagas num máximo de quatro prestações. Para Zheng Anting, esta é uma medida que pode vir a atenuar a pressão vivida pelos compradores de fracções, apesar de não corresponder ao desejado. “O montante de empréstimo é menor do que o falado nas reuniões com o Grupo Polytec, mas vai aliviar aqueles que estão sob uma situação urgente de pagamento”, disse. Zheng Anting prevê que os apoios possam estar disponíveis no final do mês, sendo que o Grupo Polytec alerta para a total devolução dos apoios concedidos aquando da entrega das fracções. Com fundamento O n.º 2 da União Macau Guandong, refere ainda que a situação vem na sequência de alguns dos proprietários do Pearl Horizon se terem mostrado muito preocupados com os pagamentos mensais a que têm vindo a ser sujeitos numa altura em que não sabem ainda se as obras vão ser retomadas. Quando Zheng Anting entrou em contacto com o Grupo Polytec o montante falado era de 10 mil a 15 mil patacas de empréstimo, o que não veio a acontecer. O candidato não está satisfeito, e frisa que no futuro vai lutar pela extensão do período de apoio até que as obras sejam retomadas. Os formulários de pedido de apoio já começaram a ser distribuídos e prevê-se que cerca de 80 por cento dos proprietários se inscrevam. Em resposta ao plano de apoio do Grupo Polytec, Kou Meng Pok, presidente da União dos Proprietários do Pearl Horizon, disse ao Jornal Ou Mun que esta medida veio aumentar o trabalho da associação que lidera e não se mostrou agradado com o montante, nem com o número de prestações. Para Kou Meng Pok, os proprietários só deveriam pagar de volta o empréstimo quando estivessem na casa que compraram.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | O balanço da primeira semana de campanha [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]az amanhã uma semana que as 24 listas candidatas à Assembleia Legislativa andam nas ruas a apresentar os seus programas políticos à população. Três analistas dizem existir pouca inovação por parte dos candidatos, uma repetição de ideias e uma mera troca de acusações entre adversários. O pontapé de saída oficial para a campanha eleitoral deu-se na passada sexta-feira à noite, na praça do Tap Seac. Desde então que a semana tem sido preenchida com acções de campanha e apresentação dos programas políticos das 24 listas que se candidatam este ano à Assembleia Legislativa (AL) pela via directa. Além das promessas habituais, os debates na TDM com todos os candidatos já originaram uma polémica, com a deputada Song Pek Kei a fazer referência ao facto dos filhos de José Pereira Coutinho estarem a ser julgados no Tribunal Judicial de Base por suspeitas de tráfico de droga. (Ver texto na secção de política). Troca de galhardetes e promessas à parte, três analistas dizem que existe pouca inovação dos programas políticos e que falta uma estratégia bem definida. “O maior problema que encontro nos programas políticos é o facto de parecerem catálogos e de não estarem muito bem projectados”, disse Eric Sautedé, analista político e docente universitário. “Falta um projecto, uma ambição, propostas que sejam abrangentes e ainda assim coerentes. Em vez disso, na melhor das hipóteses, os eleitores têm um catálogo com algumas boas ideias sem uma perspectiva articulada”, acrescentou o académico. Eric Sautedé diz que estes “catálogos” têm uma boa dose de populismo. “Do que temos visto, temos sobretudo um catálogo com sugestões populistas. São, na maioria, propostas que os candidatos, assim que forem eleitos, vão esquecer ou deixar de lado.” O analista, que expressou, nas redes sociais, o apoio à lista Associação do Novo Progresso de Macau, encabeçada por Sulu Sou e Paul Chan Wai Chi, explica as estratégias que as listas deveriam adoptar. “Se é uma lista pró-ambiente, as medidas de protecção ambiental devem ser o principal foco do projecto político. Se é uma lista mais virada para o mercado, então as medidas económicas são cruciais. Isto não significa que as listas não devam cobrir todos os assuntos, apenas revela que os candidatos estão dispostos a assumir prioridades.” Só acusações Façamos então uma retrospectiva do que algumas listas têm prometido, caso obtenham votos suficientes para os seus líderes terem assentos no hemiciclo. A lista União para o Desenvolvimento é agora liderada por Ella Lei e volta a defender a necessidade de atribuir regularmente habitação pública aos residentes, tal como garantir que não há importação excessiva de não residentes. Au Kam San e Ng Kuok Cheong são veteranos e concorrem este ano em listas separadas, Associação Novo Democrático e Associação Próspero Macau Democrático, respectivamente, mas as suas promessas não variam muito do que têm dito na AL: querem que seja implementado o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo e dos deputados, pedem mais concursos para habitação pública, sem esquecer a renovação dos bairros antigos. Wong Kit Cheng, estreante nas lides da política em 2013, lidera agora a Aliança do Bom Lar, que volta a pedir a implementação da licença de paternidade e o alargamento da licença da maternidade, sem esquecer mais medidas para os idosos e os jovens. Para Larry So, politólogo, estamos perante um sem número de ideias que estão longe de ser novidade. Até porque a maioria dos candidatos foram deputados nos últimos anos e estes são os temas que têm sido abordados na maioria das interpelações que apresentam ao Governo ou nas intervenções que fazem nos plenários. Larry So, politólogo, acredita que os candidatos estão sobretudo a auto-promoverem-se, ao invés de trazerem novas ideias ao panorama político. “Temos muitos debates e repetem-se os mesmos assuntos. Se olharmos para todas estas campanhas parece que os candidatos se estão a promover a si próprios mais do que a fazer realmente uma campanha. Depois falam do tufão, dos casinos e dos seus trabalhadores, mas não apontam o cerne das questões para que depois sejam feitas sugestões que resolvam os problemas”, acrescentou. Aniquilar o adversário Há, na maioria, uma troca de acusações entre candidatos, na visão de Larry So. “A maior partes das listas não tens mais objectivos em mente se não o de se venderem. Eles sabem que estão a ser irracionais e que não estão a usar este momento para propor mudanças para melhor por parte do governo”, disse. O antigo docente do Instituto Politécnico de Macau reforça a ideia da existência de uma certa irracionalidade. “Estão treinados para ser mais agressivos para com os seus adversários e não para fiscalizar e olhar para o Governo. Desta forma querem ganhar a confiança das pessoas, através da supressão do adversário, em termos de performance e tendo em conta diferentes personalidades e backgrounds.” Ainda assim, o politólogo assegura que o panorama não é muito diferente daquele que se verifica em Hong Kong. “Este tipo de debates não traz uma discussão genuína nem racional. Mas a maior parte dos debates que vimos em Hong Kong para a campanha do Conselho Legislativo (LegCo) também revelaram o mesmo tipo de comportamento.” Incompetências antigas Eric Sautedé não esquece as várias polémicas que têm povoado o hemiciclo, tal como a aprovação da Lei de Terras, em 2013, que deixou sem casas centenas de investidores do edifício Pearl Horizon. “Diria que oito listas pertencem à categoria dos candidatos pró-Governo que ultimamente têm falhado na monitorização e na supervisão das acções governativas e falharam na sua acção ao votarem a favor de leis que interessam a toda a comunidade.” Na sua visão, “os deputados que são eleitos por sufrágio universal são os únicos que têm alguma legitimidade popular. Os que são nomeados pelo Chefe do Executivo provaram ser incompetentes e não terem qualquer tipo de representatividade, algo que ficou claro com o caso da Lei de Terras”, exemplificou. O antigo docente da Universidade de São José fala também da campanha, bem mais discreta, que tem sido feita pelas 14 listas que concorrem pela via do sufrágio indirecto. “Os deputados eleitos pela via indirecta concorrem num campo oposto e representam vastos interesses relacionados com o sector empresarial. Os dois assentos adicionados em 2012 ao sufrágio indirecto revelaram-se absolutamente inúteis e provou-se ser um desastre nos casos de Chan Hong e Chan Iek Lap. Estes deputados têm acções ineficazes e irrelevantes”, rematou. Quando os candidatos parecem governantes [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]os últimos dias os programas políticos têm-se focado mais em medidas que entram na alçada do poder Executivo, relacionadas com a adopção de políticas ao nível da habitação, trânsito ou emprego. São poucos aqueles que dão destaque a matérias relacionadas com a iniciativa legislativa dos deputados. A título de exemplo, a lista Ou Mun Kong I, liderada por Lee Sio Kuan, apresentou há dias um programa político que, entre outras coisas, promete lutar pela proibição de importação de trabalhadores não residentes no sector dos croupiers e dos motoristas. Para Eric Sautedé, este não é, contudo, “o maior problema” nesta campanha. “O facto dos candidatos fazerem propostas relacionadas com o poder Executivo tem alguma lógica, se considerarmos que o Governo não é uma emanação do poder legislativo nem uma escolha soberana da população, mas uma selecção oriunda dos interesses da comissão eleitoral do Chefe do Executivo atestados por Pequim.” Pouca manobra António Katchi, jurista e docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM) também desvaloriza esta questão, referindo que a apresentação destas medidas estão relacionadas com os entraves do próprio sistema. “Nestas eleições, como nas anteriores, as medidas preconizadas nos programas eleitorais exorbitam não tanto o poder legislativo da AL mas sobretudo o poder de iniciativa legislativa dos deputados, nomeadamente o seu poder de apresentar projectos de lei.” Para António Katchi, “um dos vários aspectos anti-democráticos do sistema político de Macau consiste precisamente nesta limitação do poder de iniciativa legislativa dos deputados”. “Sirva de exemplo a proibição que impende sobre os deputados de apresentarem quaisquer projectos de lei que envolvam receitas ou despesas públicas”, acrescentou. Isto faz com que os candidatos tenham de ir um pouco mais além da sua função legislativa. “Imaginemos quão pouco substancial ficaria reduzido um programa eleitoral se estivesse cingido às matérias sobre as quais os deputados dispõem de um poder de iniciativa legislativa. É natural que as listas concorrentes não queiram circunscrever o seu programa eleitoral dessa maneira.” Katchi diz mesmo que “há vantagem para os eleitores” que assim seja. “É importante que as listas exponham com a máxima amplitude possível o seu ideário político. Quanto mais não seja, fica-se a saber que posição os candidatos a deputados tencionam adoptar perante as propostas do Governo. Ainda assim, convém que informem os eleitores sobre as dificuldades impostas pelo quadro constitucional e político vigente”, concluiu. Aproveitamento político de um tufão A passagem do tufão Hato e as suas consequências desastrosas entraram de imediato para a agenda política dos candidatos. Larry So não tem dúvidas de que houve um aproveitamento político da tragédia. “Quase todas as listas falam no facto de o Governo não ter feito o trabalho necessário. Algumas vão mesmo mais longe e falam dos voluntários e das motivações políticas associadas. De certo modo o tufão veio trazer aspectos de que as diferentes listas estão a tirar vantagens. Por um lado acusam o Governo de não ter feito nada, e depois as listas atacam-se mutuamente”, defendeu.
Victor Ng PolíticaLista de Ella Lei acusada de corrupção [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] lista União para o Desenvolvimento, liderada por Ella Lei, foi ontem alvo de uma queixa de corrupção apresentada à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). A denuncia foi feita pela Associação Poder do Povo, que não está na corrida eleitoral, mas que alega ter recebido uma queixa que envolve alegados benefícios por parte da lista candidata. Em causa está um jantar em promoção para os eleitores, situação que representa uma ilegalidade, de acordo com a lei eleitoral, argumenta a Poder do Povo. A situação está relacionada com um convite em que, apesar de ter sido pedido um valor a pagar pelos interessados, a Poder do Povo considera que é muito abaixo do valor real normalmente pago pelo tipo de refeição e local em causa, apontando que se trata de um acto de campanha eleitoral. O local em questão terá sido o Hotel Pousada, sendo que o evento esteve aberto a todos os residentes e foi promovido pela Associação dos Operários de Artigos de Vestuários de Macau, entidade subordinada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Preços baixos O preço pedido pela refeição variou entre as 50, 70 e 85 patacas, consoante o tipo de associado, sendo que o valor mais alto é para quem não seja membro de nenhuma das associações. No mesmo convite é feito, diz a Poder do Povo, um apelo ao voto na lista 16, liderada por Ella Lei, com ligações à FAOM. Ella Lei, foi eleita como deputada em 2013 pela via indirecta enquanto representante da federação dos operários. Os benefícios estarão ligados ao preço do jantar. De acordo com a queixa apresentada pela associação Poder do Povo, uma refeição no hotel em questão não custa 85 patacas, mas sim muito mais, pelo que o restante montante estará a ser pago pelas associações envolvidas. Trata-se, pois, de uma forma de benefício para atrair pessoas e servir à campanha eleitoral agora ex-deputada indirecta. A Poder do Povo acabou por denunciar o caso de alegada corrupção, e pede investigação por parte da CAEAL. Imobiliário | Melinda Chan contra o valor da habitação a funcionários públicos [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cabeça de lista da Aliança Para a Mudança repudia o despacho do Chefe do Executivo publicado no passado dia 4 de Setembro, por entender que é prejudicial aos interesses dos funcionários da administração pública. Melinda Chan entende que é injusta a filosofia de fixar um valor base de 68 100 patacas por metro quadrado para efeitos de valor da habitação a ser alienada a inquilinos/funcionários enquanto arrendatários de casas públicas. De acordo com Melinda Chan, o despacho em questão não tem em consideração a localização, a idade e a natureza de construção do apartamento. A candidata entende que a fixação de um preço unitário já não corresponde à realidade actual do mercado.
Victor Ng Manchete PolíticaEleições | Salário mínimo foi tema de debate entre candidatos [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m mais um dia de debate sobre as eleições legislativas, promovido pela TDM, cinco candidatos discutiram a questão do salário mínimo. Lee Sio Kuan teve ainda alguma troca de palavras com Melinda Chan por causa de David Chow. A TDM voltou ontem a transmitir mais um debate com cinco candidatos às eleições legislativas de 17 de Setembro. Participaram Ella Lei, da União para o Desenvolvimento, Melinda Chan, da Aliança pr’a Mudança, Mak Soi Kun, da União de Macau-Guangdong e ainda Lee Sio Kuan, da Ou Mun Kong I e o advogado Hou Weng Kuan, da Associação dos Cidadãos Unidos para a Construção de Macau. A implementação do salário mínimo em Macau, que actualmente não é universal e existe apenas para as profissões de segurança e trabalho doméstico foi o tema principal do encontro. Lee Sio Kuan disse que, apesar do Governo realizar vários estudos sobre a matéria, existem sempre dificuldades a aprovar propostas de lei na Assembleia Legislativa (AL), não tendo feito mais comentários sobre o tema. Já Hou Weng Kuan, líder da lista número 19, afirmou que é necessário aumentar os valores do salário mínimo, mas não disse se concorda com o salário mínimo universal, pelo facto de muitas famílias não conseguirem suportar os custos de ter empregados domésticos. Ella Lei defendeu que é necessária a realização, o mais depressa possível, de um estudo sobre a matéria, tendo acrescentado que, se for bem discutido, o salário mínimo pode garantir os direitos e interesses dos trabalhadores. Liga ao David O debate serviu ainda para falar da ocupação de cargos de gestão nos casinos pelos residentes. Ella Lei questionou Melinda Chan sobre a possibilidade de 90 por cento destas vagas de emprego serem ocupadas por locais. A candidata pela lista Aliança pr’a Mudança disse apenas “concordamos”, sem mais nada acrescentar. Na hora de Lee Sio Kuan colocar perguntas, o nome de David Chow, empresário e marido de Melinda Chan, foi bastante evocado. Como resposta, Melinda Chan sugeriu ao adversário ligar, ele próprio, ao proprietário dos empreendimentos Doca dos Pescadores e Landmark para colocar as suas questões. A líder da Aliança pr’a Mudança quis deixar claro que a sua candidatura representa todos os cidadãos de Macau e não apenas as operadoras de jogo e o sector do turismo. “Votem em mim” O tema da corrupção eleitoral também foi abordado. Hou Weng Kuan questionou os restantes candidatos se defendiam a realização de eleições limpas, tendo Mak Soi Kun afirmado que nunca ofereceu refeições em troca de votos. O advogado e candidato pediu a Mak Soi Kun que mantenha a máxima “não vote por mim só pela refeição por mim oferecida”, mas o líder da União de Macau-Guangdong referiu apenas que “uma sociedade democrática tem a sua própria maneira de eleição”, tendo pedido aos telespectadores e presentes para votarem em si. Na sessão de perguntas e respostas, os candidatos falaram ainda sobre o mecanismo de garantias dos idosos e os serviços a eles prestados. A líder da União para o Desenvolvimento prometeu lutar pela implementação do regime de previdência central obrigatório, sem esquecer a criação de dormitórios para os mais velhos, para que tenham cuidados adequados.
Hoje Macau PolíticaTufão | Chui Sai On visita zona do Porto Interior [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Chui Sai On, realizou ontem uma visita na zona do Porto Interior (Rua Cinco de Outubro), com o objectivo de se “inteirar, junto dos donos de lojas e moradores, e observar o restabelecimento da cidade após a passagem do tufão Hato”. Segundo um comunicado oficial, Chui Sai On cumprimentou moradores e “procurou conhecer melhor o restabelecimento normal do dia-a-dia da população, assim como o ponto de situação no sector do comércio”. O governante “visitou várias empresas antigas e de renome”, como lojas de mariscos secos, de chás, sapatarias e espaços de medicina tradicional chinesa. O mesmo comunicado aponta que tanto residentes como comerciantes “agradeceram a atenção do Chefe do Executivo”, tendo narrado “as experiências vividas com as inundações na zona”. “Um idoso disse compreender as dificuldades de enfrentar uma catástrofe natural”, tendo dito que o “mais importante é garantir a segurança da população”. Citado pelo comunicado, o morador pediu “uma resolução adequada do problema das inundações”. O Chefe do Executivo garantiu que a sua equipa “continua a observar o ponto da situação, de acordo com as necessidades e de forma não regular, percorrendo as várias zonas da cidade, como forma de prestar a devida atenção ao dia a dia da população”. Chui Sai On fez-se acompanhar pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, o director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, Li Canfeng e ainda o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. Hato | Gabinete do procurador apoia nova comissão [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] recém anunciada comissão de inquérito para apurar responsabilidades na sequência da passagem do tufão Hato por Macau vai contar com o apoio do gabinete do procurador do Ministério Público (MP). O inquérito visa apurar se, durante a passagem do tufão Hato, “houve erros ou responsabilidades por parte dos serviços públicos e pessoal, em termos de cumprimento dos deveres legais, particularmente no âmbito de prevenção e trabalhos de salvamento em catástrofes”. Segundo um comunicado divulgado pelo MP, os membros da comissão de inquérito, que foi anunciada esta quarta-feira, “chegaram ao consenso” de que “cabe ao gabinete do procurador prestar-lhes apoio administrativo, tendo em consideração a exigência de independência do seu funcionamento e com vista a evitar o desperdício do erário público”. A comissão é composta pelo procurador-adjunto Mai Man Ieng (que preside), pelo professor da Universidade de Macau Iu Wai Pan e pela auditora Ho Mei Va. Segundo uma estimativa preliminar, os prejuízos deixados pelo tufão Hato ascendem a 11,4 mil milhões de patacas: 8,3 mil milhões em directos e 3,16 mil milhões em indirectos.
João Luz Manchete PolíticaCAEAL | Nova Esperança queixa-se por alegada injúria de Song Pek Kei [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois do debate quente na TDM, onde Song Pek Kei trouxe à baila o processo criminal onde os filhos de Pereira Coutinho são arguidos, a lista Nova Esperança apresentou queixa à comissão eleitoral. De acordo com a mandatária Rita Santos, houve um ataque pessoal que precisa de ser apreciado. O debate entre as listas lideradas por Pereira Coutinho e Song Pek Kei foi, até agora, o mais aceso da campanha eleitoral. A candidata da lista da Associação dos Cidadãos para o Desenvolvimento de Macau, trouxe à baila o processo crime no qual os filhos de Pereira Coutinho são réus num caso de tráfico de droga (ver página 9). Song Pek Kei, entende que “as pessoas sabem bem a verdade”, acrescentando que as suas declarações foram baseadas em factos amplamente noticiados pelos jornais acerca do referido julgamento. A candidata esclarece que não fez qualquer pergunta sobre os filhos de Pereira Coutinho limitando-se a questionar se o candidato “concorda com o aumento das sanções para casos que envolvam drogas e se assume a responsabilidade social pelo caso”. A polémica motivou uma queixa remetida pela mandatária da lista Nova Esperança, Rita Santos, para a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Além disso, foi também enviada uma carta para a direcção da própria TDM. “Antes do debate, durante a sessão de esclarecimento, houve o cuidado de explicar as regras que os candidatos deviam cumprir, onde foi especificado que não podia haver ataques pessoais, regra repetida pelos moderadores no dia do debate”, lembra Rita Santos. A mandatária confessa que não dormiu na noite depois do debate e que ficou muito desiludida com o comportamento de Song Pek Kei. Uma surpresa Durante a emissão, Rita Santos queixa-se da passividade dos moderadores da TDM perante os ataques pessoais feitos pela candidata Song Pek Kei. “Deviam ter fechado o microfone, porque aquilo nada tinha a ver com programa político, sendo apenas acusações”, argumenta a mandatária da lista de Pereira Coutinho. Rita Santos acrescenta ainda que já nas eleições de 2013 houve casos de difamação contra o português. Song Pek Kei não entende que tenha usado ataques pessoais. “Os moderadores do programa poderiam ter cortado as minhas intervenções, segundo as regras do debate, como não o fizeram significa que não foram ataques pessoais”, argumenta. “Fiquei muito surpreendida porque, aquando da apresentação do projecto de lei das rendas, foram todos muito simpáticos, com muita camaradagem e amizade”, desabafa Rita Santos. A mandatária acrescenta que tem uma “ideia muito correcta de Chan Meng Kam mas que ficou desiludida na sequência do debate. A mandatária da Nova Esperança recorda que quando a campanha eleitoral arrancou, o discurso do presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, no pavilhão do Tap Seac, perspectivou a campanha como um debate de ideias entre cavalheiros, onde deveria imperar o respeito. “Infelizmente, a TDM, uma televisão pública, não respeitou as regras emanadas pela CAEAL”, comenta Rita Santos. A mandatária revela que depois do debate ainda se dirigiu aos moderadores tendo dado a opinião de que o debate, que foi gravado em diferido, não deveria ser transmitido. Entretanto, Rita Santos espera que a CAEAL reaja à queixa e que proceda de acordo com a lei eleitoral, recordando que a comissão até agora tem sido muito rígida.
Andreia Sofia Silva PolíticaPrograma político dedicado à defesa dos lesados do Pearl Horizon [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] defesa dos compradores de casa ao grupo Polytec é quase objectivo único da União dos Promitentes-Compradores do “Pearl Horizon” para Defesa dos Direitos. A lista 24 apresentou ontem o seu programa político e comparou o caso ao tufão Hato. Na corrida eleitoral, a lista 24 é aquela que tem como objectivo a defesa dos compradores de casa do Pearl Horizon. A União dos Promitentes-Compradores do “Pearl Horizon” para Defesa dos Direitos, liderada por Kou Meng Pok, apresentou ontem o seu programa eleitoral e reforçou o propósito que levou os cinco candidatos que a compõem, a avançar para o voto. Em conferência de imprensa, o número um da lista candidata foi claro: “o objectivo de candidatura é intensificar forças de modo a resolver o caso”, disse. Kou Meng Pok admite que apesar de o programa político ser simples, em que o destaque vai apenas para o caso que levou os deputados a apresentarem candidatura, não deixa de ter importância, visto tratar-se de uma causa que diz respeito a muitos residentes do território. “O caso de Pearl Horizon é um dos assuntos maiores na sociedade e envolve mais de 10 mil indivíduos directamente, e indirectamente, dezenas de milhares das pessoas”, argumentou o cabeça de lista. Kou Meng Pok não deixou de comparar o caso que defende com o tufão Hato que teve um efeito devastador no território há duas semanas. “É uma bomba relógio, que pode ter efeitos semelhantes aos provocados pelo tufão”, referiu, sendo que considera prioritária a resolução do caso que envolve os compradores de casa no projecto que não vai avante. A ideia é evitar “a repetição de um desastre e salvar a reputação de Macau a nível internacional”. Caso pessoal Durante a conferência de imprensa, Kou Meng Pok mencionou o seu caso pessoal no processo Pearl Horizon. O candidato comprou casa ao grupo Polytec, e está neste momento sem ela e sem solução para o dinheiro que avançou. Esta, considera, é a razão principal que o move há cerca de dois anos e meio e à qual as autoridades não têm dado importância. “O Pearl Horizon não tem sido tratado de forma razoável”, referiu. “Os compradores lesados adquiriram casa entre 2010 e 2013, mas em 2015 o Governo recuperou as nossas fracções residenciais com a lei de terras aprovada em 2014”, recordou Kou Meng Pok. O candidato afirma que não fez nada que fosse contra a lei, mas que, ainda assim, acabou por sofrer as consequências. Defendendo aqueles que se encontram em situação semelhante à sua, Kou Meng Pok lamenta que “nem todas as pessoas são capazes de aguentar tal sofrimento”. Outro dos aspectos referidos como parte do programa político da União dos Promitentes-Compradores do “Pearl Horizon” para Defesa dos Direitos é a “luta pelo aumento do nível e felicidade dos residentes de Macau”. Kou Meng Pok deu alguns exemplos de sectores que podem ser melhorados neste sentido, e destacou a necessidade de uma melhor dinâmica comercial, de uma distribuição justa de recursos e de um aumento de eficácia por parte do Governo. Mesmo que não seja eleito, Kou Meng Pok garante que o a luta não vai terminar até que os proprietários lesados consigam reaver as suas casas.
Hoje Macau SociedadeAutocarros | Começam hoje mais dois trajectos rápidos [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]ntram hoje em actividade mais duas carreiras rápidas extra. O autocarro n.º 3AX e o n.º 25AX têm o objectivo “de escoar a afluência dos passageiros da Zona Norte e de Seac Pai Van”, diz a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) em comunicado. As duas carreiras irão operar nos dias úteis durante a parte da manhã e horas de ponta, para responder à necessidades de deslocação dos residentes nos momentos de maior afluência de trânsito. A carreira n.º 3AX terá um percurso em sentido único, saindo da zona de estacionamento de veículos pesados de passageiros do norte da Praça das Portas do Cerco, seguindo para as paragens, “Av.1 de Maio/ Kwong Wa”, “Av. Dr. Sun Yat-Sen/Av. Amizade”, “Nape / Centro Cultural”, “Centro Transfusões Sangue”, “Rua Cidade de Sintra”, até a última paragem “Praça Ferreira Amaral”. A frequência das partidas é de 8 a 10 minutos, das 7h à 8h45 da parte de manhã, nos dias úteis. Já o n.º 25AX terá um percurso de sentido circular, saindo também das Portas do Cerco, e passando pelas paragens, “Av.1 de Maio/ Kwong Wa”, “Praça Ferreira Amaral”, “Esparteiro/ Regency”, “Edf. Chun Luen”, “Est. do Istmo/ C.O.D.”, “Av. Vale das Borboletas / Terminal”, em sentido oposto, “Al. da Harmonia/ Edf. Lok Kuan”, “Est. do Istmo/ Parisian”, “Treasure Garden”, “Av. Sun Yat Sen/ CTM”, “Praça Ferreira Amaral”, “R. Nova Areia Preta/ Nam Wa”. Também os autocarros n.º 3A e 25 foram alvo de melhorias, tendo em conta a temporária suspensão de funcionamento do Terminal das Portas do Cerco. São Januário | Funcionário do hospital encontrado sem vida [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ), confirmou, na quarta-feira, um caso de suicídio dentro das suas instalações. De acordo com o comunicado dos Serviços de Saúde, foi encontrado o corpo de um funcionário do hospital, com 50 anos de idade numa sala de arrumos. O São Januário fez, de imediato, a notificação do caso às autoridades e a Polícia Judiciária já iniciou a investigação. A suspeita é de que se trata de suicídio até porque, antes do incidente, o funcionário tinha deixado uma nota nesse sentido em casa, tendo os familiares informado o hospital da situação. O CHCSJ tendo conhecimento da situação começou a procurar o funcionário que acabou por encontrar sem vida.
João Luz Manchete SociedadeDSAT | Anunciadas isenções para veículos novos após danos com tufão [dropcap style≠’circle’]Q[/dropcap]uem ficou com o carro danificado na sequência da devastação provocada pelo Hato pode ser reembolsado do imposto pago pelo veículo danificado. Esta isenção estende-se ainda a viaturas que não existem à venda no território, tais como carros movidos a energia solar ou gás natural Estão aí as medidas concretas que se esperavam para remediar os danos causados aos veículos que foram apanhados pelo tufão Hato. “No dia 23 de Agosto lançámos apenas um quadro geral. Para implementar esta medida em concreto tivemos de ouvir opiniões de várias partes e depois definimos o limite mínimo e máximo de reembolso”, explica Lam Hin San, director da Direcção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego (DSAT). O dirigente, explicou ainda que quem ficou com os veículos danificados terá até 18 de Setembro para proceder ao cancelamento de matrículas. “Entre 23 de Agosto e 6 de Setembro recebemos 1100 requerimentos para cancelar matrículas, 548 automóveis e 460 motociclos”, anunciou Lam Hin San. O director acrescentou ainda que destes cancelamentos, 90 por cento são veículos afectados pelo tufão. Os automobilistas, assim como os motociclistas, que necessitem de um novo veículo vão ter uma isenção, ou reembolso, de imposto pago pela viatura danificada pelo tufão. Em primeiro lugar, será necessário uma lei aprovada pela nova Assembleia Legislativa, uma vez que é o órgão com competência exclusiva para aprovar uma medida desta natureza. Iong Kong Leong, director dos Serviços de Finanças, adianta que “será pedido efeito retroactivo” para reembolsar quem já pagou o imposto dos novos veículos antes da lei aprovada. O director acrescentou que “o processo legislativo terá natureza urgente” e que ainda não existe uma redacção para a proposta de lei que fixará estes reembolsos fiscais. Carros inexistentes O proprietário do automóvel danificado que adquirir um carro novo que use combustíveis fósseis, terá um reembolso até 80 por cento do imposto pago pelo veículo danificado, num montante máximo de 140 mil patacas. Quanto aos motociclos, o reembolso pode atingir os 100 por cento, para um valor limite de 5500 patacas. Quem estiver interessado terá de pedir primeiro o cancelamento da matrícula. A DSAT adianta que a taxa de amortização pode ir até aos 100 por cento no caso da compra de veículos movidos a energias renováveis. Em comunicado de imprensa dos serviços pode-se ler que quem comprar viaturas movidas a gás natural, energia solar e carros eléctricos será reembolsado dos impostos pagos pelo veículo danificado. É de referir neste capítulo que em Macau não existem viaturas movida a energia solar e que a gás natural apenas existem alguns autocarros de transporte público. Quanto aos carros eléctricos, são uma parcela ínfima do parque automóvel do território. Em Abril último, havia 180 veículos eléctricos, sendo que 22 pertenciam ao Governo. Neste aspecto, Lam Hin San entende que “se houver mais procura destas viaturas movidas a novas energias, acredito que os concessionários terão mais incentivos para importar este tipo de veículos”. Outra das questões levantadas pela destruição de carros e motociclos prende-se com a falta de locais para acolherem aquilo que normalmente se designa como ferro-velho. Aliás, um problema que Macau já sentia antes da passagem do Hato, sendo recorrente o abandono de veículos na via pública. Porém, o director da DSAT refere que “segundo os dados recolhidos não temos problemas nesta matéria”. Lam Hin San acrescentou ainda que serão feitos esforços para que “os veículos abatidos sejam enviados para a DSF para irem a leilão”. Em seguida, de acordo com o director, a empresa que os adquirir pode exportá-los para o exterior.