Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePearl Horizon | Compradores insistem na intervenção do Executivo A União dos Proprietários do Pearl Horizon entregou ontem duas cartas na Assembleia Legislativa. O grupo de compradores de casa lesados não desiste e exige ao Governo que actue. Sónia Chan agurada a decisão do TUI e até lá, apesar dos estudos e planos que, diz, estão a ser feitos, não avança com qualquer afirmação adicional [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]eve ontem lugar mais uma manifestação por parte dos proprietários lesados na compra de casa no Pearl Horizon. O protesto decorreu junto à Assembleia Legislativa (AL) em dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa da secretaria da administração e justiça. De acordo com a União dos Proprietários do Pearl Horizon, o objectivo foi reforçar o pedido de intervenção do Governo. Para o efeito, o presidente da União, Kou Meng Pok, apresentou duas cartas, uma dirigida à secretária para a administração e justiça, Sónia Chan, e outra ao presidente da AL, Ho Iat Seng. Os queixosos pedem uma reunião com o Executivo com a presença de representantes do Grupo Polytec de modo a que sejam analisadas propostas capazes de entregar as casas aos compradores. Ao HM, o presidente da União manifestou-se muito desiludido com a forma de tratamento do caso que tem sido dada pelo Governo. A situação já conta com mais de dois anos e até agora, não tem tido qualquer evolução. De acordo com Kou Meng Pok, o Grupo Polytec já mostrou estar disponível para reunir com o Executivo, falta agora ao Governo concretizar o encontro. Planos secretos Dentro da AL, o caso não passou despercebido. Para o deputado Zheng Anting, “os proprietários do Pearl Horizon continuam a sofrer”. Entretanto, aponta, “o Governo abriga-se sempre nos acórdãos dos tribunais”. No caso em questão, Zheng Anting considera que está na altura do Executivo apresentar outro tipo de soluções capazes de resolver os problemas dos lesados. “Estamos sempre a aguardar pela decisão dos tribunais. Que opiniões é que o Governo recebeu? Quais as soluções que o Governo vai lançar para os proprietários do Pearl Horizon?”, questionou. Entretanto, “os anos passam e como no caso Sin Fong Garden, as pessoas continuam a aguardar os casos em tribunal”. Em resposta a Zheng Anting, Sónia Chan garante que o Executivo “compreende as dificuldades dos compradores”. No entanto, resultados ainda não existem, mas existe “uma equipa para estudar as medidas de protecção dos interesses dos lesados e que conta com a participação de diferentes secretarias”. Por outro lado, “como ainda não há uma sentença do Tribunal de Última Instância, há que respeitar os procedimentos e não é possível divulgar neste momento um plano”, sendo que, adianta, “estamos a fazer planos diferentes”.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Congresso arranca hoje e reúne mais de 700 pessoas Começa hoje o 43.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, na Torre de Macau. O evento bate, nesta edição, o recorde de participantes. A organização teve de recusar candidaturas e vai receber mais de 700 agentes ligados ao sector do turismo [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] 43.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) começa hoje, na Torre de Macau, e reunirá mais de 700 congressistas de todas as áreas, para debater o sector. A reunião anual destes agentes de turismo vai contar, nesta edição, com “mais de 700 congressistas, sendo 650 portugueses”, disse fonte oficial da APAVT à agência Lusa. “Podemos dizer que é a maior afluência dos últimos 20 anos, tendo ultrapassado todas as expectativas, o que nos obrigou pela primeira vez a suspender inscrições”, acrescentou. Uma nota da APAVT já referia, anteriormente, que “o sucesso” da iniciativa tinha obrigado “a condicionar a aceitação de novas inscrições à disponibilidade de alojamento que, caso a caso, se consiga obter, facto que acontece pela primeira vez na história deste evento”. Uma vez mais, sublinha a APAVT, “o congresso deste ano reflecte nos seus painéis a transversalidade desta actividade, voltando a assumir-se como o mais importante fórum do sector turístico nacional”. Abertura de honra No primeiro dia de congresso, a abertura oficial tem como oradores a secretária de Estado do Turismo de Portugal, Ana Mendes Godinho, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura de Macau, Alexis Tam, e o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira. “Os desafios e a responsabilidade de ser português”, que contará, entre outros, com o ex-presidente da Assembleia da República Jaime Gama e com o politólogo e empresário Jaime Nogueira Pinto, e o ‘workshop’ Portugal – China preencherão o primeiro dia do congresso. Nos restantes dias, abordar-se-ão, entre outros, temas como “Turismo – a transformação digital no caminho das oportunidades”, “O papel do Turismo na reinvenção do crescimento económico em Portugal” ou “O valor económico da distribuição turística em Portugal”. Relações de proximidade A 16 de Fevereiro, quando foi enunciado o evento, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) de Macau lembrava que tem vindo a manter uma relação de proximidade histórica com a APAVT, tendo Macau acolhido quatro congressos da associação no passado”, o último em 2008. “A parceria tem sido crucial no sucesso da atractividade de Macau junto dos operadores e turistas portugueses”, afirmavam então os Serviços de Turismo de Macau. Nessa altura, eram esperados cerca de 500 profissionais do turismo português, em particular operadores turísticos e agentes de viagens. A directora da DST, Helena de Senna Fernandes, considerou “uma honra acolher uma vez mais este importante congresso” e destacou a relevância do evento “ao contribuir simultaneamente para a diversificação da indústria turística de Macau, e para o reforço da estratégia de promoção e de crescimento do número de turistas internacionais”. O presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, também citado no comunicado, afirmava que “o anúncio desta decisão constitui uma enorme alegria para todos”, já que revela que a “atmosfera económica e a dinâmica da procura em Portugal” está agora “mais positiva e confiante”, permitindo à associação “voltar a optar por um congresso fora das fronteiras de Portugal”. “Macau é um destino histórico que, estando em permanente desenvolvimento, reúne todas as condições para cativar o interesse dos nossos operadores turísticos e agentes de viagens, e através deles os clientes nacionais”, acrescentava.
Sofia Margarida Mota Manchete SociedadeTufão Hato | Deputados não estão satisfeitos com relatório independente Os deputados querem mais do que processos disciplinares aos responsáveis dos serviços meteorológicos. É preciso, além da responsabilização e punição dos presumíveis culpados, um plano futuro que previna que a tragédia se repita. Algo que ainda não existe [dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m reacção à abertura de um novo processo disciplinar que visa, além do ex-director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), a ex-subdiretora Florence Leong, a deputada Song Pek Kei considera que, mais do que responsabilização pelos estragos causados, é altura de ter planos concretos. No entender de Song Pek Kei, os problemas ligados à antiga direcção dos serviços já são do conhecimento público. De acordo com o jornal Ou Mun, “a sociedade já conhece os problemas ligados à antiga direcção dos serviços e, apesar de querer a responsabilização pelo sucedido, está mais atenta à criação do futuro mecanismo de prevenção de catástrofes”, diz a deputada. Já Ella Lei queixa-se doutros aspectos. Para ela, o relatório dado a conhecer na segunda-feira tem conteúdos insuficientes. A deputada da ala política da FAOM refere que a prioridade são os trabalhos de seguimento que estão a ser feitos, nomeadamente no que respeita aos melhoramentos das instalações básicas e de mecanismos de apoio. O objectivo, afirma Ella Lei, é poder evitar a gravidade dos estragos em acontecimentos idênticos que venham a acontecer. No entanto, salvaguarda, os processos disciplinares devem avançar o mais rapidamente possível. Em causa está “a necessidade da população perceber o que se passou”. Detalhes de fora O deputado pró-democrata Sulu Sou, que se estreia nesta legislatura no hemiciclo, lamenta que não sejam dados a conhecer pormenores importantes que constam do relatório. “Penso que o Chefe do Executivo não mostrou os detalhes à Assembleia Legislativa (AL) o que não é aceitável”, referiu ao HM. Para o pró-democrata trata-se de um assunto público e, como tal, deveria haver mais informações acessíveis aos cidadãos. “Podem-se omitir as informações pessoais e dar a conhecer as de interesse público”, explicou. Por outro lado, e na sequência da opinião já manifestada pela Associação Novo Macau à qual Sulu Sou está ligado, “a responsabilidade não é de um ou dois elementos do Governo”. “Não posso aceitar este relatório que só imputa responsabilidades a dois dirigentes dos SMG. Não consigo conceber que a quantidade de estragos e de coisas que não funcionaram com a passagem do tufão Hato possa ser apenas da responsabilidade de apenas dois funcionários públicos”, reitera Sulu Sou. O relatório relativo ao apuramento de responsabilidades pelos estragos causado com a passagem do tufão Hato por Macau foi dado a conhecer na segunda-feira pela Comissão de Inquérito sobre a Catástrofe “23.08” ao Chefe do Executivo. No mesmo dia, Chui Sai On ordenou a abertura de um novo processo disciplinar agora dirigido aos dois ex-responsáveis pelos SMG. Além do ex-director, Fong Soi Kun, a ex-subdirectora, Florence Leong é também alvo de um processo disciplinar pelas falhas cometidas pelos serviços. Mais de três mil pedidos de compensação às seguradoras Até ao dia 15 de Novembro, as seguradoras de Macau receberam um total de mais de 3031 pedidos de compensação por danos registados durante a passagem do tufão Hato. De acordo com o canal de rádio da TDM, os casos envolvem um montante global de cerca de 3,8 mil milhões de patacas, mas apenas cerca de 200 milhões foram já pagos pelas seguradoras. De acordo com Maria Luísa Man, directora executiva da Autoridade Monetária de Macau, “a maioria dos pedidos está relacionada com danos em propriedades, resultantes de danos provocados pela água ou acidentes”. “Trata-se de 1497 pedidos que envolvem perdas estimadas de 3,6 mil milhões de patacas. No que diz respeito aos pedidos de compensação por parte de trabalhadores, receberam cerca de 80 casos com uma perda estimada de cerca de 3 milhões. Portanto, até agora, o sector dos seguros já resolveu cerca de 1500 casos. O valor total envolvido é de cerca de 200 milhões”, explicou Maria Luísa Man em declarações à TDM – Rádio Macau. A directora executiva da Autoridade Monetária de Macau justifica a demora no tratamento de todos os casos com a complexidade da situação. Em causa estão dificuldades em obter orçamentos e danos avultados na indústria do turismo.
Hoje Macau Manchete PolíticaLAG 2018 | Secretária invocou economia para não proceder a reformas no sistema político [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça de Macau disse ontem que lançar novo processo de reforma política “não é favorável ao desenvolvimento” económico, mas deputados pró-democracia discordaram que as alterações introduzidas desde 2001 tenham afectado a economia. “Em 2012, procedemos à reforma, demos um passo para a reforma do sistema político”, disse Sónia Chan, indicando que, desde então, passou “muito pouco tempo” e que é “preciso consolidar os resultados”. “Se houver alterações frequentes ao sistema político, isto não é favorável ao desenvolvimento da economia, da sociedade. Por isso, temos de consolidar os frutos sobre o actual sistema político (…). Só depois é que podemos pensar no próximo passo”, acrescentou a governante, que falava no segundo dia da apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua tutela na Assembleia Legislativa. O campo pró-democracia, actualmente com três deputados no hemiciclo, tem ao longo dos anos reiterado o pedido ao governo para cumprir a promessa de “promover paulatinamente o desenvolvimento da política democrática”. Eleito pela população, Sulu Sou, o mais jovem deputado de Macau, com 26 anos, foi um dos eleitos pela população a discordar da posição hoje reiterada pela secretária. “Que a reforma administrativa não é favorável ao desenvolvimento social, eu não concordo, porque em 2007 e 2008 o nosso sistema político mudou. A comissão para [a eleição] do chefe do Executivo passou de 200 para 300 membros. Porque é que essas mudanças vão contribuir com factores desfavoráveis ao desenvolvimento?”, replicou Sulu Sou. Também eleito pelo sufrágio directo, o deputado veterano Au Kam San, por sua vez, acusou Sónia Chan de ter “sempre a mesma retórica, a falar que a oscilação na política pode afectar a economia”. De facto, de 2001 até 2009 houve alterações na composição da Assembleia e a economia não foi afectada. Temos de fazer esta alteração passo a passo e isto não vai afectar a nossa economia. Acho que o seu discurso é sempre o mesmo e não tem fundamento”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFunção Pública | Chui Sai Cheong sugere novo regime de reformas antecipadas O vice-presidente da Assembleia Legislativa, Chui Sai Cheong, defendeu a criação de um novo regime de reformas antecipadas para os funcionários que estão dependentes do Fundo de Pensões, para que os funcionários mais novos possam subir na carreira. Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, prometeu debruçar-se sobre a matéria [dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ns podem reformar-se mais cedo, outros tem de cumprir a jornada até ao fim. O vice-presidente da Assembleia Legislativa (AL), Chui Sai Cheong, defendeu, no segundo dia de debate das Linhas de Acçao Governativa (LAG) para a área da Administração e Justiça, que se crie um regime especial de reformas antecipadas para os trabalhadores públicos que estão anexados ao Fundo de Pensões. “Há uns anos não era possível criar um regime que permitisse a saída dos funcionários públicos, tendo em conta a situação económica adversa. Mas agora estamos numa boa situação económica. Passaram-se 18 anos e alguns funcionários públicos trabalham no Governo desde o período anterior a 1999. Alguns deles tem dúvidas, não sabem se podem continuar na Função Pública ou se querem trabalhar lá fora. Não sei se é possível pensar em condições mais aceitáveis para os funcionários. Não deve ser um regime coercivo, mas voluntário”, defendeu. Na óptica de Chui Sai Cheong, este novo regime seria aplicado apenas a “funcionários que cumpram determinadas funções”, para que os trabalhadores afectivos “possam ter oportunidades de promoção”. Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, deixou claro que se trata de uma matéria de difícil implementação, mas referiu que a sua tutela vai estudar a matéria: “Isso diz respeito ao fundo de previdência e teremos de ver as diferentes vertentes. Há vários factores que temos de estudar.” De lembrar que os funcionários públicos que estão indexados ao Fundo de Previdência Central tem o direito a pedir reforma antecipada ao fim de dez ou quinze anos de serviço. O receio da razia À margem do debate, o deputado José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, disse concordar com a sugestão apresentada por Chui Sai Cheong. “Há muitos trabalhadores que estão no Governo há 30 anos e que não podem pedir a aposentação voluntária porque tem cerca de uma dezena de anos de trabalho eventual. Estão fartos de trabalhar na Função Pública, trabalham há 25, 30 anos e não conseguem reformar-se”, apontou. O deputado criticou aquilo que considerou ser uma ausência de resposta por parte de Sónia Chan. “Não respondeu à pergunta porque ela tem medo que muitos dos trabalhadores saiam da Função Pública e por isso não quer permitir a reforma antecipada. Mas o discurso dela é contraditório porque neste momento ela está a incentivar o Governo electrónico.” José Pereira Coutinho lembrou que há muitas vozes a apontar para o excesso de funcionários públicos. “A sociedade está a queixar-se de que há muitos trabalhadores na função pública. Nós estamos a caminho dos 40 mil, já estamos nos 36 mil, e cada vez se gasta mais com os recursos humanos, porque há muita gente a entrar na função pública. Se um contrato de casamento pode ter divórcio ao fim de três ou cinco anos, porque é que um contrato na Função Pública tem de continuar?”, questionou. Arbitragem e Conciliação: É preciso “alargar os horizontes” Chui Sai Cheong fez ainda uma sugestão quanto aos novos regimes de arbitragem e conciliação, matérias sobre as quais o Governo já está a consultar opiniões junto das entidades ligadas ao Direito. “Não sei se é possível fazer leis que alarguem os horizontes. Pretendemos que os regimes de conciliação e arbitragem em matéria comercial possam ter uma visão mais alargada, porque Macau é uma plataforma e assume um papel importante na política ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Deve ser feita uma lei para satisfazer as necessidades do futuro e criar um bom instrumento”, apontou. A secretária lembrou que, actualmente, há poucas pessoas a recorrer ao sistema de arbitragem. “Os casos são poucos e ainda temos de trabalhar muito na área de sensibilização e divulgação, pois tudo depende dos interessados. Ainda temos de exibir os resultados deste regime e fazer algumas acçoes de divulgação”, rematou. De frisar que a necessidade de criação de sistemas de mediação e arbitragem faz parte dos objectivos das LAG para 2018 e foi um dos temas abordados pelas autoridades judiciais na abertura do Ano Judiciário 2017/2018.
Andreia Sofia Silva PolíticaLAG 2018 | Deputados preocupados com formação dos funcionários públicos A formação dos funcionários públicos foi um dos temas mais abordados pelos deputados no segundo dia de debate sobre as Linhas de Acção Governativa para a área da Administração e Justiça. Manuel Trigo, director do Centro de Formação Jurídica e Judiciária, lembrou que não dispõem de formadores a tempo inteiro e que é necessário formar novas caras [dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ormar para melhorar, para simplificar, para que haja mais eficiência na Administração. Estas foram as exigências feitas pelos deputados da Assembleia Legislativa à secretária Sónia Chan, da tutela da Administração e Justiça. A questão da necessidade de mais e melhor formação no seio da Função Pública foi lançada pelo deputado Vong Hin Fai. “A formação dos funcionários públicos afecta directamente a capacidade governativa. Há que reforçar a formação jurídica dos trabalhadores, como é que os trabalhos vão ser realizados? Há que resolver acções de formação específicas e próprias”, defendeu. Já o deputado Si Ka Lon voltou a lembrar que o número de despesas com funcionários públicos não para de subir. “Com esta tendência como é possível implementar a racionalização de quadros? Isso não resulta na simplificação administrativa. Há dez anos que se fala do governo electrónico no interior da China. Nós estamos desactualizados”, frisou. Manuel Trigo, director do Centro de Formação Jurídica e Judiciária, lembrou que é também preciso investir na formação de formadores, que não existem a tempo inteiro nesta entidade criada em 2001. “Ao nível da formação judiciária, não temos formadores a tempo inteiro e sao seleccionadas pessoas de várias áreas. Também recorremos ao convite a formadores da área académica, de instituições superiores públicas de Macau. É uma preocupação fazer formação de formadores e ter um leque o mais vasto possível.” Além disso, “são incluídos funcionários aposentados para que possamos beneficiar da sua experiência.” “No essencial é esse o método de que dispomos, mas temos sempre a preocupação de dar oportunidade a novos formadores para não depender dos que se aposentaram”, acrescentou Manuel Trigo. Uma nova academia? Apesar do Centro de Formação Jurídica e Judiciária dar formação a funcionários públicos de todas as áreas, e não apenas da área do Direito, o deputado Lei Chan U considerou ser necessário criar uma academia de formação para funcionários públicos, à semelhança do que está a ser pensado para Hong Kong. “Este ano o Governo de Hong Kong falou da possibilidade de criar uma academia para funcionários públicos. Acho que é uma medida que acompanha a evolução do tempo. Apesar da formação ter conhecido uma melhoria, com o desenvolvimento da sociedade temos verificado insuficiências.” Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), mostrou algumas reticencias em relação à criação de uma nova academia de formação. “Temos de fazer um estudo aprofundado. Temos 34 mil trabalhadores públicos, mas 11 mil são da área da segurança, que tem a sua própria escola. Temos 20 mil trabalhadores que participam nas acções de formação dos SAFP e temos de estudar a criação de uma academia, como será a sua dimensão e se há margem de melhoria nas restantes escolas de formação.” Lei Chan U, também membro do Conselho Permanente de Concertação Social, citou vários inquéritos realizados por associações da Função Pública para mostrar que a qualidade das formações nem sempre é a melhor. “Não há um relatório de avaliação dessas formações e não sabemos quais são os resultados, mas um inquérito de 2015 (realizado pela Federação das Associações dos Operários, associação a que pertence Lei Chan U) concluiu que mais de 70 por cento dos funcionários públicos considerou essas acções de formação totalmente inúteis.” Kou Peng Kuan admitiu que “nos cursos de formação, em termos de concepção e necessidades dos trabalhadores, verificamos que há margem para aperfeiçoamento”.
Andreia Sofia Silva PolíticaChan Chak Mo quer esplanadas nas Ruínas de São Paulo. IACM promete analisar [dropcap style≠’circle’]J[/dropcap]osé Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), disse ontem que vai ser analisada a possibilidade de criar mais esplanadas junto à zona das Ruínas de São Paulo. “Queremos definir um rumo mais concreto. De facto, na zona das Ruínas há uma falta de esplanadas. Se houver condições poderemos discutir com o Instituto Cultural como podemos criar mais esplanadas na zona e delimitar áreas”, apontou. A questão foi levantada pelo deputado Chan Chak Mo, que é também empresário do sector da restauração. Além disso, Chan Chak Mo é também proprietário do edifício Casa Amarela, localizado, precisamente, ao lado das Ruínas de São Paulo. “Os turistas não têm sequer uma bancada para se sentar nesta zona. Estamos ou não num ambiente de lazer? Em qualquer cidade turística existem esplanadas”, apontou. Dualidade de licenças O deputado levantou também a questão do facto das licenças de funcionamento dos espaços de restauração e de hotelaria serem atribuídas pela Direcção dos Serviços de Turismo e pelo IACM. “Será que os dois organismos se podem sentar e ponderar uma junção? A lei diz que a DST pode licenciar os hotéis, mas em alguns hotéis as licenças foram autorizadas pelo IACM.” Chan Chak Mo deu mesmo o exemplo dos hotéis da Sociedade de Jogos de Macau localizados na península. “No Lisboa as licenças foram autorizadas pelo IACM. Para os cidadãos e investidores é difícil de compreender. Só pelo facto dos espaços ficarem numa zona turística o IACM já não pode licenciar? A sua natureza é a mesma”, frisou o deputado. Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, lembrou que “há uma legislação sobre o sector hoteleiro que está em fase de revisão”. “Temos a ideia de definir a emissão de licença com base no espaço onde se localiza o empreendimento. As instalações dentro dos hotéis devem recorrer à DST, enquanto que as instalações fora dessas áreas ficam dentro do âmbito do IACM”, concluiu. A questão da inexistência de esplanadas em Macau tem levantado críticas e, por vezes, sorrisos de incredulidade em diversos sectores, sendo o facto caracterizado como “um sintoma de atraso cultural e civilizacional”.
João Santos Filipe Desporto MancheteGrande Prémio | Morte de Hegarty relança debate sobre prova de motociclismo A oitava morte na principal categoria do Grande Prémio de Macau em Motos colocou o debate sobre a segurança do circuito na ordem do dia. Apesar da tragédia, as pessoas ouvidas pelo HM defendem que o futuro da prova não deve ser colocado em causa, mas que é necessário fazer algo para evitar este tipo de tragédias [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] morte do piloto Daniel Hegarty, de 31 anos, durante a corrida do Grande Prémio de Motas voltou a colocar na agenda do dia a segurança no Circuito da Guia. Cinco anos depois da morte de Luís Carreira, piloto português que em 2012 também perdeu vida na Curva dos Pescadores, a segurança no local volta a ser questionada. Isto apesar dos esforços organizativos para reforçar a protecção na zona. Se por um lado, há quem ache impensável que a corrida de motos se deixe de realizar, até pelo seu valor histórico, por outro, há pessoas que simplesmente defendem que a pista não tem as condições de segurança necessária para um evento deste género. Para Paulo Godinho, residente de Macau a viver em Portugal, o circuito da Guia já não tem condições para receber provas de motos, devido à ausência de espaço para instalar escapatórias: “Hoje, como se vê nas provas principais de motociclismo em todo o mundo, os circuitos destinados à modalidade têm de ter enormes escapatórias, o que é impossível de construir em Macau”, começou por explicar, em declarações ao HM, o sociólogo. “Não é aceitável que os praticantes tenham, hoje em dia, protecções cervicais para evitar danos na coluna, em caso de acidente, e depois considerar como normal que possam ser atirados, a 200 km/hora de encontro a um muro de betão”, acrescentou. Produto de Macau André Ritchie tem uma opinião oposta. Para o arquitecto e ex-coordenador do Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes é necessário continuar a adoptar medidas de segurança, mas não se deve aceitar de todo o final da corrida de motas. “Sou completamente contra acabar-se com a corridas de motociclos. É um produto genuíno de Macau. Estamos sempre a dizer que Macau tem falta de elementos próprios, por isso mesmo faz ainda mais sentido preservar o Grande Prémio, que é um produto só nosso. Isto é a nossa identidade”, afirmou André Ritchie, ao HM. “Eu defendo que é sempre possível melhorar as condições de segurança. É o facto das pessoas não conhecerem as últimas inovações ao nível da segurança e falarem contra a corrida que me incomoda”, explicou. Opinião que levou a um acesso debate nas redes sociais, foi a de Pedro Coimbra, autor do blog “Devaneios a Oriente”. Contudo, o jurista explica que tem sido mal-interpretado e que nunca quis que as corridas de motos chegassem ao fim. “Eu não defendo o fim das corridas de motos no Grande Prémio, nem tenho conhecimentos técnicos para fazer uma afirmação dessas. O que me mete um bocado de impressão, como espectador, é a sensação de falta de segurança”, vincou Pedro Coimbra, ontem, ao HM. “Acredito pouco em coincidências. No prazo de cinco anos morreram duas pessoas no mesmo sítio. Morreram de uma forma horrorosa. Um pequeno erro, um azar, uma avaria mecânica – que até poderá ter acontecido neste caso – é suficiente para uma pessoa embater imediatamente no muro ou na protecção metálica e haver uma tragédia”, sublinhou. Pedro Coimbra fez questão de sublinhar que não tem conhecidos profundos sobre o tema e que fala na perspectiva de um leigo. Contudo, explica que a impressão que tem das corridas de motas é que “é uma sorte não haver outras tragédias como estas”. Alterações ao circuito A reboque do debate sobre a segurança, há quem defenda que podem ser implementadas alterações ao circuito para fazer com que seja mais seguro para as motos. Também este tópico não gera unanimidade. André Couto, piloto que venceu a prova de Fórmula 3 em 2000, aceita esta solução, caso os pilotos das motos concordem que pode resultar num circuito menos perigoso. “Não sou contra a introdução de chicanes para fazer com que os pilotos abrandem em certos sítios do circuito. Mas uma decisão dessas tem de ser tomada depois de ouvir os próprios pilotos. São eles que estão na pista e sabem o que é melhor”, disse André Couto ao HM. “Há eventos no exterior em que quando corre uma categoria metem uma chicane amovível na pista. A chicane é depois retirada quando são realizadas corridas de outras categorias. Acho que se podem encontrar outras soluções de segurança, como as chicanes, mas também é preciso estudar bem se essa é a melhor solução e saber se os pilotos estão de acordo”, acrescentou. Por sua vez, André Ritchie é contra a introdução de alterações ao traçado do circuito, que defende ser património de Macau e que precisa de ser protegido. Para o antigo director do GIT é mesmo necessário classificar o circuito da Guia. “O Grande Prémio é património de Macau, tal como o circuito da Guia, e deve ser protegido. Há pessoas que dizem que se colocava antes da Curva dos Pescadores uma chicane. Mas não se pode fazer isto, estamos a falar de património. O Circuito da Guia manteve-se inalterado ao longo destes anos todos e devia manter-se assim”, defende André Ritchie. “Também não vou às Ruínas de São Paulo pedir para colocarem uns ventiladores por causa da circulação do ar. Não podemos fazer isso. Qualquer mudança no circuito deve ser feita com pinças. Mas há alternativas e podemos sempre melhorar, mantendo a corrida”, frisou. Ritchie colocou também a hipótese, que admite precisar de ser estudada, de recuar as barreiras na zona da Curva dos Pescadores. O objectivo passa por ganhar espaço para colocar mais materiais absorventes de eventuais impactos, como barreiras de pneus. Desporto perigoso No que as pessoas ouvidas pelo HM parecem unânimes é no facto das corridas envolverem sempre um risco. “É preciso compreender a modalidade. Os riscos que a modalidade implica. O desporto motorizado, de forma geral, é perigoso. Não é por acaso que até os espectadores são avisados no verso do bilhete sobre os perigos de assistir às corridas. Este desporto é perigoso e há que ter consciência disso”, diz Ritchie. Por sua vez, André Couto recorda que no caso em concreto das motas que o piloto faz sempre parte do primeiro impacto, em caso de acidente: “Mesmo com muita segurança, quando se bate a 200 e tal km/h, no caso das motos, e ao contrário dos carros, o piloto que faz parte do primeiro impacto. Mesmo que se evolua na segurança das pistas, acredito que este tipo de acidentes vai continuar a acontecer”, apontou. “O circuito da Guia não é propício para as quedas a grandes velocidades” acrescenta. São estas características que fazem com que Paulo Godinho acredite que as mortes nunca serão uma excepção: “Com as características do circuito da Guia, [as mortes] não serão nunca a excepção mas sim uma triste regra, se não se acabar, definitivamente, com as provas de motociclismo”, apontou. Mortes no Grande Prémio de Motociclos Ano Piloto Local de Nascimento 1973 Shea Lun Tsang Hong Kong 1977 Lam Sai-Kwan Hong Kong 1983 Chan Wai Chi China 1993 Tung Sai-Wing Hong Kong 1994 Katsuhiro Tottori Japão 2005 Bruno Bonhuil França 2012 Luís Carreira Portugal 2017 Daniel Hegarty Reino Unido Alexis Tam comprometido com a segurança Após a morte de Daniel Hegarty, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, prometeu que a organização vai continuar a fazer os seus melhores esforços para aumentar os níveis de segurança no circuito. O também presidente do Comité de Organização do Grande Prémio de Macau garantiu ainda que não existe a intenção de acabar com a prova de motos. Por outro lado, Alexis Tam recordou a história e importância do evento de motociclos para o Grande Prémio, que se realiza há 51 edições. O japonês Hiroshi Hasegawa, em 1967, foi o primeiro vencedor da prova de motos. André Couto admite admiração pelas motos André Couto é o único piloto de Macau a ter vencido o Grande Prémio de Fórmula 3, no ano de 2000. Porém, e apesar de ter igualmente competido nos GT e carros de turismo, Couto reconhece que sempre sentiu uma grande admiração pela prova de motociclos. “Não estou muito por dentro do mundo das motas, mas uma das partes do meu gosto pelas corridas do Grande Prémio de Macau deve-se muito às motas. Era uma das categorias que mais gostava de ver, em criança. Lembro de ver o Ron Haslam ou o Kevin Schantwz e algo passou para mim, também um pouco pelas motos”, reconhece o piloto de 40 anos. “O circuito da Guia ficou conhecido por ser muito rápido, perigoso e que não perdoa qualquer erro. O Grande Prémio de Motos veio contribuir para essa fama”, frisou. Ilha de Man : 255 pilotos mortos No topo dos circuitos mais mortais está o Snaefell Moutain, localizado na Ilha de Man, no Reino Unido, com um total de 255 fatalidades só entre pilotos. Este número tem em conta as diferentes provas que se realizam no traçado rural, que tem uma extensão de 60,72 quilómetros. A prova mais conhecida disputada no circuito é a International Isle of Man Tourist Trouphy Race, e tem no palmarés vencedores como John McGuinness, Michael Rutter, ou Ian Hutchinson, corredores que também já triunfaram em Macau.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Ex-governantes do Senegal e de Hong Kong acusados nos EUA [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois antigos governantes de Hong Kong e do Senegal foram acusados nos Estados Unidos de subornarem o Presidente do Chade e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda para conseguirem negócios. De acordo com um comunicado do Ministério Público norte-americano, divulgado na segunda-feira, Chi Ping Patrick Ho, de 68 anos, e Cheikh Gadio, de 61 anos, foram acusados de, durante vários anos, terem corrompido altos responsáveis daqueles países africanos para obterem vantagens para uma petrolífera chinesa. O mesmo comunicado indicou que os subornos representam vários milhões de dólares. O nome da empresa estatal chinesa não foi divulgado. Cheikh Gadio é ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do Senegal e Patrick Ho Chi-ping é ex-secretário para a Administração Interna do governo de Hong Kong (2002-2007). Patrick Ho é actualmente vice-presidente de um ‘think thank’, o China Energy Fund Committee [Comité do Fundo de Energia da China], com sede na antiga colónia britânica e no estado norte-americano da Vírginia. Ambos estão indiciados de terem violado o Foreign Corrupt Practices Act [Lei norte-americana contra Práticas de Corrupção no Exterior], entre outras acusações. “Responsáveis ao mais alto nível dos governos dos dois países são suspeitos de terem recebido subornos”, informou Kenneth Blanco, procurador-geral assistente do Departamento da Justiça norte-americano, citando o Presidente do Chade e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda, sem referir os respectivos nomes, escreve a agência noticiosa France Presse. Fim-de-semana de detenções O antigo ministro senegalês foi detido na sexta-feira em Nova Iorque e presente perante um juiz no dia seguinte, enquanto o ex-secretário para a Administração Interna de Hong Kong foi detido no sábado e presente a um juiz na segunda-feira. Blanco afirmou que a justiça norte-americana estava determinada a perseguir aqueles que comprometem a competitividade das empresas. “Os seus subornos e actos de corrupção prejudicam a nossa economia e minam a confiança num mercado livre”, acrescentou. Os acusados são suspeitos de terem transferido quase um milhão de dólares por intermédio do sistema nova-iorquino. Em troca de um suborno de dois milhões de dólares, o Presidente do Chade terá presumivelmente oferecido à empresa chinesa direitos petrolíferos no país sem passar por um concurso internacional. O antigo ministro senegalês terá desempenhado um papel central neste caso. Por sua vez, Patrick Ho terá alegadamente distribuído presentes ao mesmo tempo que prometeu outros benefícios, incluindo a partilha dos lucros de uma ‘joint-venture’, bem como a potencial aquisição de um banco no Uganda, com vista a obter benefícios para a empresa de energia para a qual desempenhou o papel de intermediário. No final de Agosto, a justiça norte-americana condenou o antigo ministro das Minas e Energia da Guiné-Conacri Mahmoud Thiam a sete anos de prisão por branqueamento de capitais e subornos recebidos de empresas chinesas. Nascido em Conacri, Thiam tinha sido declarado culpado em Maio. O antigo ministro tinha, nomeadamente utilizado os 8,5 milhões de dólares recebidos para pagar a escola dos seus filhos e comprar uma casa no valor de 3,75 milhões de dólares perto de Nova Iorque.
Sofia Margarida Mota Ócios & Negócios PessoasKing’s Lobster | A lagosta secreta Na zona velha da Taipa, a lagosta tem destaque. É o prato de excelência do King’s Lobster. De acordo com o proprietário, Félix Dias, as receitas são únicas e estão guardadas no segredo dos deuses e é isso que faz com que sejam especiais. Por outro lado, há a relação qualidade preço, que é das mais apelativas no território [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] restaurante, quase escondido entre as ruelas da Taipa velha, destaca-se pelos néons que apresenta à entrada e a lagosta indica a especialidade da casa. Foi em Inglaterra que o proprietário teve o primeiro contacto com o conceito que acabou por dar o mote ao King’s Lobster. “Depois de ter contacto com um restaurante idêntico em Inglaterra, sítio onde também estudámos, viemos para Macau e trouxemos o conceito”, explica o proprietário, Félix Dias. Mas o King’s Lobster não é uma mera cópia do que foi visto e aprendido em terras de Sua Majestade até porque, diz Félix Dias, “foram feitas modificações à nossa maneira e são coisas que fazemos todos os dias para melhorar as nossas receitas”. O restaurante abriu em Janeiro deste ano, mas a inauguração foi preparada com antecedência. “No ano passado já estivemos presentes no Food Festival e usámos o evento como uma campanha de marketing para preparar a nossa abertura”, explica. Outros pitéus A prata da casa é a lagosta e as especialidades são o rolo de lagosta e a lagosta grelhada. “As lagostas são escolhidas por nós e a maneira como são cozinhadas não pode ser dita”, salienta o proprietário. Os pratos mais pedidos são as especialidades da casa que têm como estrela do prato a lagosta, mas os segredos da escolha do ingrediente também são confidenciais. “Temos um fornecedor que nos dá a quantidade diária que nós pedimos, que normalmente é mais de 100 unidades e contamos também com o nosso próprio fornecimento”, refere Félix Dias. “Temos ainda cataplana à moda portuguesa”, avança, acerca do menu. No entanto, salienta, “não deixa de ter toques da casa”. “também servimos vários burritos” e o destaque vai para o burrito com arroz e com macarrão e queijo. Apesar de poderem, à primeira vista, parecer pratos capazes de serem encontrados noutros restaurantes da cidade, Félix Dias ressalva que não é bem assim. “São pratos que não se encontram em qualquer lado em Macau, por enquanto”, aponta. Para o proprietário a melhor definição que se aplica à cozinha feita no King’s Lobster é a de “western modern cuisine”. Sucesso conquistado A expansão do espaço não está agora na mesa, mas caso venha a acontecer não será, com certeza no território, até porque “Macau é pequeno e se abrirmos mais uma loja nesta área podemos dividir os clientes”. Neste sentido Felix Dias prefere ter “uma loja especializada no território”. Os olhos estão postos no estrangeiro, e as possibilidades já são algumas. “Já tivemos sugestões no sentido de abrir portas em Hong Kong, na Coreia e mesmo na China Continental”, diz. O funcionamento não podia ser melhor. Para já os clientes estão divididos em que metade são locais e a outra metade turistas. Mas a tendência tende a mudar. “Começamos a ficar conhecidos entre os turistas coreanos e estes começam a ocupar a maioria das mesas do King’s Lobster”, explica. O segredo do sucesso tem que ver não só com a particularidade da cozinha que o King’s Lobster adopta mas também com a relação qualidade preço. “As pessoas não conseguem encontrar este tipo de cozinha no território, muito menos a este preço”, diz o proprietário. “Utilizamos só lagosta fresca e para comprar uma lagosta destas em qualquer lado no território as pessoas nunca dão menos do que 400 patacas e nós vendemos a 218 patacas no prato de lagosta grelhada”, ilustra. Para Félix Dias o facto de Macau ter sido classificada como cidade gastronómica pela UNESCO não vai trazer vantagens ao negócio. A razão, aponta, tem que ver com o facto da gastronomia local apresentar algumas falhas. “Está a faltar comida portuguesa, por exemplo”, começa por dizer. “Nos roteiros gastronómicos locais não há assim tantas receitas macaenses ou portuguesas, a maioria ainda são de comida chinesa o que não faz sentido para nós”, remata.
João Paulo Cotrim h | Artes, Letras e IdeiasBuracos do mundo CCB, Lisboa, 9 de Novembro [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ssisto deliciado ao Obra Aberta da semana (https://www.abysmo.pt/obra-aberta/), com páginas folheadas pelos nómadas Patrícia Portela e Mário Gomes. Ambos me pareceram tímidos, mas de modos distintos. O Mário pensa cada frase, com a dicção marcando ritmos que o vão deixando cair em murmúrio quase inaudível, até se acomodar no silêncio. Mesmo quando fala do seu Arno Schmidt com paixão, que sem ela não se alimenta a disciplina e o esforço necessários para desafio deste nível. O tom do alemão de Schmidt, sendo respeitado ao ínfimo, foi transposto para um português tão elegante que quase o torna transparente. Mas plantou na conversa outros autores, todos do continente americano, e temas como este de que a ferramenta pode estar na origem da linguagem. Tomo nota para saber mais, para procurar livros, afinal o objectivo último do programa. A Patrícia parece querer correr contra o vento, como personagem de um dos seus contos de «Dias Úteis». Em cada ideia esconde-se uma história e o contrário não será muito diferente. Discorre sobre sabedoria e infância de tal modo tal que me parece ter alcançado essa suave mistura. Diz que não é das escritas, mas das artes performativas, e talvez por isso os seus livros possuam uma força lúdica extraordinária e pulsem em múltiplos detalhes. Nota ou epígrafe resulta em pista que importa seguir. Em «Dias Úteis», cada conto diz de maneira diferente o buraco do mundo, escondendo-o no nevoeiro de metáforas que parecem ora sonhos, ora pesadelos, ora ambos. Para este lusco-fusco, atravessou também o Atlântico para recolher as matizes do Brasil de Clarisse Lispector e Machado de Assis e de um João Gilberto Noll que fiquei com muita vontade de visitar, por causa do seu «erotismo marxista»: quando nada temos, resta-nos ainda o corpo. Lá pelo meio, aproveitou para me chamar panda, ironizando sobre a ameaça que paira sobre certo tipo de edição e editor. Ganhei assim novo argumento para fugir da inevitável dieta. Mais importante: contou da importância que a Bedeteca de Lisboa teve nos seus hábitos de leitura. Uma biblioteca, afinal, custa a matar. Casa da Cultura, Setúbal, 10 Novembro Sendo de cultura, uma casa desdobra-se sem fim. Apanho as cidades de Miguel Galano e fico a pairar em «París/Madrid/Lisboa». Gostava de escrever literalmente, para descrever a libertação da gravidade por via do estado em que me deixa a contemplação desta pintura. Parece figurativa, e até concreta, se pensarmos que são lugares, edifícios, esquinas e paredes com nome, mas as formas desfazem perante os nossos olhos para revelarem o buraco do mundo. O nevoeiro da melancolia toma a cidade, a luz perde a quotidiana batalha para o negrume e as arestas do mundo ganham ternas suavidades. São paisagens que agora suam a humanidade de quem os habita. Ou então sólidos geométricos que nos falam, por exemplo, de solidão. Parroquia de San José sussurra-me em baixo contínuo o quanto de espírito se esconde na rica escuridão. Fado na Mouraria (algures nesta página) canta-me alegrias que se podem colher na solidão. Bar A Barraca, Lisboa, 15 Novembro Alguns livros são peregrinos. Saltámos o Verão para só agora apresentar a viagem mais recente do Luís [Brito]: «Oi?». Como explicou o Paulo [José Miranda], que o sabe não apenas de ouvido, na sua poderosa apresentação, a expressão comummente quer dizer «não entendi». Os muitos brasis não são matéria óbvia, mas por ser viagem, portanto com o autor em plena transformação, acontecem por aqui acessos arrepiantes aos buracos do mundo. Não deixa de me surpreender a frescura dos seus relatos, nos quais viajamos tanto nele como nos lugares por onde vai vivendo. Isto sem ignorar a perspicaz percussão do seu olhar. Sim, ele toca os seres e as coisas como o hang drum, que agora pratica com arte, para lhes retirar inesperadas vozes e perspectivas, enfim, existências. Não revelo grande coisa se o autor não beijou apenas: apaixonou-se. Diz-se já longe do texto. Talvez esteja na altura de voltar a partir. Teatro do Bairro, Lisboa, 18 Novembro Precisava ser três ou mais para saltar de Braga a Silves, sem esquecer o concerto dos Mão Morta, que celebra, em Lisboa, os 25 anos do «Mutantes S.21». Também por outras tristezas, mal entendidos e ridicularias enovelo-me e acabo, noite dentro, no lançamento de «Se Houvesse Vida Aqui», EP dos «Não Simão», a banda do Simão [Palmeirim], do Pedro [Fernandes] e do José [Anjos], ainda para mais hoje acompanhados, além dos sopros da Ana Raquel e do Marco Alves, pelo Carlos [Barretto] e pela Madalena Palmeirim. A festa deste palco foi contagiante. Aprecio a riqueza de ideias que se desprende das suas canções e diverte-me muito o surrealismo da lírica, mesmo quando negra. Em «Catarse ao mar» há quem se equilibra na linha do horizonte, que puxa cabos para anunciar réstias de alento e aproveitamentos do vento. Rimas que me dão jeito. Dona Maria, Lisboa, 19 Novembro Matiné das antigas com «Sopro», a mais comovente das homenagens ao Teatro a que me foi dado assistir. Inspirada e inspiradora. Ecoarão por muitos dias algumas das frases, das ideias, das imagens. Sobre um velho tabuado resgatado ao armazém, deambulam personagens/actrizes insufladas pela ponto, Cristina Vidal. A peça nasce dela, anda à sua volta, sob sua orquestração, que representa a encenação do director do seu teatro, que doravante será o seu director. Vinda das sombras, só ouviremos a voz da pálida ponto no exacto final da peça. Tudo assenta, portanto, em nada: vento e simulação. Mas, como a respiração, sem esse sopro não corre sangue, não bate coração, não oxigena cérebro. Regidos com extrema inteligência e enorme sensibilidade, os actores (a enorme Isabel [Abreu], o João Pedro Vaz e o Vitor Roriz, a Beatriz Brás e a Sofia Dias, além da Cristina, claro) incham e desincham para nos virar o palco do avesso e dar a ver as vísceras, a frágil humanidade em que tudo assenta. Derradeiro espelho da vida. Tudo pode, a qualquer momento, falhar, mas acontecerá lutando contra a morte. A cada momento nos é dada a hipótese de escolha. Pela vida. O destino não tem ponto.
Julie Oyang h | Artes, Letras e IdeiasO que é que Confúcio tem a ver com os “pés de lótus”? [dropcap style≠’circle’]R[/dropcap]ecentemente houve duas coisas que me chamaram a atenção. O ressurgimento dos valores tradicionais chineses, como parte das novas políticas do Partido Comunista, que justifica assim esta opção, “a soberba cultura tradicional é um alicerce espiritual importante para atingir o Sonho Chinês” e a ressurreição do “enfaixamento dos pés das raparigas”, através da implementação em todo o país de aulas sobre “virtudes femininas”. O enfaixamento dos pés é uma antiga tradição chinesa, que não deve ter lugar na sociedade moderna. É um dos exemplos mais flagrantes de crueldade contras as mulheres, condenando-as a uma vida inteira de sofrimento e de incapacidade. Diz-se que esta prática se ficou a dever a Yao Niang, uma prostituta e dançarina da corte do séc. X, que começou a atar os pés em forma de Quarto Crescente. Ela enfeitiçava o Imperador dançando na ponta dos pés, dentro de um lótus dourado com 1,80m de altura, decorado com fitas e pedras preciosas. Além disso, os pés enfaixados provocam o “andar de salgueiro”, um movimento que é produzido pelo apoio do corpo nos músculos das coxas e das nádegas. Inicialmente, o enfaixamento dos pés surgiu revestido de conotações eróticas e, gradualmente, foi-se tornando moda entre as elites. Mulheres com dinheiro, tempo e um vazio por preencher, fizeram desta prática um símbolo do seu estatuto social. As famílias com filhas casadoiras passaram a utilizar o tamanho do pé das jovens como passaporte para a ascensão social. A noiva de sonho tinha um pé de 7,5 cm, designado por “lótus dourado”, um processo que demorava seis anos, através da aplicação de faixas muito apertadas nos pés das meninas em crescimento, de forma a que estes não excedessem os 12 cm de comprimento. Os “pés de lótus” representavam o ideal de beleza na antiga China. Eram também sinal de um elevado estatuto social, porque estava implícito que as suas “donas” se podiam dar ao luxo de não trabalhar e de ficar em casa a maior parte do tempo. As mulheres com pés enfaixados tinham grandes probabilidades de se casar com homens ricos. Neo-Confucionismo e Mongóis A Era Song (960-1279) assistiu ao desenvolvimento do Neo-Confucionismo, o mais parecido que a China teve com uma religião de Estado. O Neo-Confucionismo valorizava sobremaneira a castidade, a obediência e o esmero da mulher. Uma boa esposa deveria ter como único desejo servir o marido, nenhuma outra ambição para além de dar à luz um rapaz e qualquer outro interesse que não o de se subjugar à família do consorte – o que significava, entre outras coisas, que não se deveria voltar a casar se enviuvasse. O acto do enfaixamento dos pés– a dor e as limitações físicas que provocava — era uma demonstração diária da dedicação da mulher aos valores de Confúcio. Após os Mongóis terem conquistado a China, em 1279, o enfaixamento dos pés representava a expressão da identidade Han. Para as mulheres chinesas, esta prática cruel era a prova diária da sua superioridade cultural sobre os bárbaros incultos que as governavam. A partir daqui os pés de lótus tornaram-se, à semelhança do Confucionismo, num marco da diferença entre os Han e o resto do mundo. Para cúmulo da ironia, embora os seguidores de Confúcio condenassem inicialmente esta prática por a considerarem frívola, a adesão das mulheres a ambas uniu-as num acto único. Enquanto tradição, o enfaixamento dos pés foi vivido, perpetuado e realizado pelas mulheres até ter sido banido em 1912, embora a prática se tivesse mantido até à década de 30. A última fábrica a produzir sapatos de lótus fechou em 1999.
Hoje Macau China / ÁsiaNegligência | Detidas 18 pessoas por incêndio que fez 19 mortos [dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ezoito pessoas foram detidas pela polícia de Pequim, por alegada negligência, no incêndio que no fim de semana passado causou 19 mortos num edifício residencial da cidade, noticiou ontem a agência oficial chinesa Xinhua. Sete dos detidos eram administradores do edifício, e os restantes electricistas e trabalhadores da construção civil, indicou a Xinhua. De acordo com as investigações preliminares, o incêndio, um dos mais graves na capital, nos últimos anos, terá começado nos sistemas de refrigeração, situados na cave do edifício, num subúrbio de Pequim. Nenhum dos 11 electricistas ou operários detidos tinham a qualificação necessária para exercer a actividade, indicaram as conclusões da investigação. Entre os 19 mortos, oito eram menores de idade e, entre os oito feridos, sete continuam em estado grave, disseram as autoridades do distrito de Daxing. O fogo começou às 18:15 de sábado e demorou três horas até ser controlado. Mais de 400 pessoas viviam no edifício. Sede de um município com cerca de 22 milhões de habitantes, a maioria dos residentes em Pequim são trabalhadores migrantes. Os altos preços do imobiliário e o restrito sistema de residência da capital, conhecido como “hukou”, mantêm muitos destes trabalhadores em bairros degradados na periferia.
Hoje Macau China / ÁsiaPortugal | Governo diz que “é possível diversificar o investimento” chinês [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, afirmou segunda-feira que “é possível diversificar o investimento da República Popular da China em Portugal”, salientando que o país é um “parceiro económico incontornável”. O governante falava no seminário “Cooperação no comércio, investimento e capacidade produtiva”, organizado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Fórum Macau e o IPIM – Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, que decorreu em Lisboa. “A República Popular da China é um parceiro económico incontornável”, afirmou Eurico Brilhante Dias, salientando que a organização deste evento, onde a vice-ministra do Comércio da China, Gao Yan, esteve presente, “é mais um passo no aprofundamento das relações entre os dois países”. “Não temos uma visão de curto prazo, acreditamos em parcerias de investimento a longo prazo, de longa duração e cremos que é possível diversificar o investimento na República Popular da China em Portugal”, não só em sectores de inovação como as tecnologias de informação e comunicação (TIC), como também na área das infra-estruturas. “Portugal apresenta, no caso por exemplo do Porto de Sines, boas e novas oportunidades de investimento que o Governo português” sinalizou no mês passado na República Popular da China, prosseguiu o secretário de Estado da Internacionalização. Destacou o voo directo Portugal-China, que arrancou este ano e que representou “um passo fundamental para o aprofundamento” do relacionamento económico entre os dois países. Dois focos Eurico Brilhante Dias sublinhou que “há duas áreas” que o Governo português considera importante “aprofundar de forma prioritária”. A primeira diz respeito “à identificação e à eliminação de barreiras de acesso aos mercados e, no nosso caso, no acesso ao mercado da República Popular da China, com acento particular na área do agro-alimentar”, sublinhou. “Acreditamos no desenvolvimento de plataformas logísticas de produtos portugueses na República Popular da China, é um passo importante”, acrescentou. O governante destacou “os esforços continuados” no âmbito do quadro de políticas de eliminação de barreiras fitossanitárias, apontando que esta é uma área que deve ser melhorada e em que Portugal “já manifestou absoluta disponibilidade” para o efeito. A segunda área assenta no financiamento. Brilhante Dias sublinhou que o Governo português, junto das autoridades da Região Administrativa Especial de Macau, “manifestou a sua vontade para poder construir um instrumento de co-financiamento entre Portugal”, o qual deverá estar “prioritariamente focado no comércio e no desenvolvimento de projectos de pequenas e médias empresas”. Por sua vez, a vice-ministra do Comércio da China, Gao Yan, disse que há uma “forte complementaridade” para “potenciar a cooperação” entre Portugal e a China e recordou os vários sectores onde o país investiu no mercado português, desde a energia, passando pelo sector financeiro, saúde, entre outros. Disse ainda que Macau tem “o papel de ponte insubstituível entre a China e Portugal”. Gao Yan sublinhou que a China tem manifestado uma “atitude de querer ser mais aberta ao mundo” e convidou o Governo português e os empresários portugueses a estarem presentes na exposição internacional de importação que o país vai realizar.
Hoje Macau China / ÁsiaCirurgião descarta dilemas éticos em transplante de cabeça [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] cirurgião chinês Ren Xiaoping, que realizará em conjunto com o italiano Sergio Canavero o primeiro transplante de sempre de uma cabeça humana, recusou ontem “problemas éticos” nesta intervenção, afirmando que “são médicos e não filósofos”. “Este transplante alimentará debates na imprensa, mas o que queremos é desenvolver o modelo de operação, para contribuir para que esta tecnologia avance”, disse ontem Ren, numa conferência de imprensa na cidade de Harbin, onde se realizará a intervenção. Na semana passada, Canavero afirmou que o primeiro transplante de uma cabeça se realizará na China, face às dúvidas de que a Europa ou Estados Unidos executarão aquela operação, mas Ren disse ontem que não há ainda uma data exacta. O médico chinês confirmou que praticou aquele tipo de operação com animais como cães e cadáveres humanos, numa intervenção realizada na semana passada, e que demorou 18 horas. E afirmou que antes da intervenção definitiva publicarão, esta semana, os resultados das suas investigações prévias na revista Surgical Neurology International. Vários membros da comunidade científica apontaram dúvidas sobre a viabilidade deste tipo de transplante, não só por questões éticas, mas também pelo risco inerente. “A ciência não teme a polémica”, afirmou Ren, que numa entrevista à Radio Nacional da China, na semana passada, afirmou que há mais de meio século o primeiro transplante de rins foi também polémico, antes de se converter numa prática habitual. Canavero adiantou que o transplante poderá custar cerca de 100 milhões de dólares e envolverá dezenas de cirurgiões e outros especialistas, prevendo que demorará 24 horas.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | Air China suspende voos para Pyongyang [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] companhia aérea estatal chinesa Air China suspendeu os voos entre Pequim e Pyongyang devido à fraca procura, agravando o isolamento do regime de Kim Jong-un, já sujeito a sanções das Nações Unidas. Um funcionário do gabinete de imprensa da Air China, citado pela agência Associated Press, disse ontem que os voos “foram temporariamente suspensos, devido a operações de negócio insatisfatórias”. O funcionário, que se identifica como Zhang, afirmou que o último voo partiu na segunda-feira e que não sabe quando recomeçará. Pequim votou a favor da última ronda de sanções imposta pelas Nações Unidas à Coreia do Norte, visando pressionar o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, a abdicar do seu programa nuclear e de mísseis balísticos. Já em Abril passado, a Air China suspendeu os voos para a Coreia do Norte, durante três semanas. Um porta-voz da empresa, que começou a voar para a Coreia do Norte em 2009, disse então que a suspensão não se devia a razões políticas, mas à queda na venda de bilhetes. Nos últimos meses, e face à troca de ameaças entre Pyongyang e Washington, o número de turistas chineses que visitam a Coreia do Norte caiu, enquanto sanções unilaterais adoptadas pela China prevêem o encerramento de empresas norte-coreanas no país.
Hoje Macau China / ÁsiaDireitos Humanos | Advogado condenado a dois anos de prisão [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] advogado chinês de Direitos Humanos Jiang Tianyong foi ontem condenado a dois anos de prisão, por “incitamento à subversão do poder de Estado”, de acordo com a sentença divulgada na Internet. Jiang recorreu às redes sociais para denegrir o Governo e as autoridades judiciais e incitou outros a subverter o poder de Estado, indicou a sentença de um tribunal da cidade de Changsha, centro da China. No mesmo documento, colocado ‘online’ pelo tribunal, Jiang é também acusado de ter mentido ao afirmar que o advogado Xie Yang foi torturado na prisão. Fotografias difundidas pelo tribunal mostram Jiang, que enverga um casaco preto, sentado, sem expressão, enquanto o juiz lê o veredicto. Grupos de defesa dos direitos cívicos afirmaram que o julgamento se tratou de uma encenação e que Jiang foi vítima de uma campanha que visa extinguir qualquer oposição ao Partido Comunista Chinês (PCC), partido único no país. Os tribunais na China são controlados pelo PCC e a taxa de condenação no país ascende a quase 100%. Grupos de defesa dos direitos humanos e vítimas indicaram que o uso de coerção para obter confissões, incluindo através da tortura física e psicológica, é comum, apesar de ser proibido pela lei chinesa. Clientes de risco Jiang era advogado e defendeu clientes em casos politicamente sensíveis, como o activista chinês cego Chen Guangcheng e seguidores da corrente espiritual Falun Gong, que foi banida do país. Em 2009, as autoridades recusaram renovar a licença de Jiang. Antes de ser detido, Jiang trabalhou para divulgar a condição dos advogados detidos durante uma campanha contra activistas, lançada em Julho de 2015. Jiang encontrou-se com a mulher de Xie Yang, meses antes de esta difundir relatos do marido de que tinha sido espancado, privado de sono e torturado na prisão. A mulher de Xie e os dois filhos fugiram mais tarde para os Estados Unidos. Xie foi libertado em Maio passado, depois de ter confessado os crimes de incitamento à subversão e perturbação de acções judiciais. Jiang foi detido em Novembro passado e, em Março, apareceu na televisão estatal chinesa a afirmar que mentiu sobre a tortura a Xie. A transmissão foi criticada por grupos de activistas e o embaixador alemão na China, Michael Clauss, afirmou que Jiang foi “obviamente condenado através de uma ‘confissão’ transmitida pela televisão chinesa antes do julgamento começar”, de acordo com um comunicado difundido pelo embaixada da Alemanha.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialFilmes de Pang Ho-Cheung em exibição esta semana na Cinemateca [dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Festival Internacional de Cinema de Macau só começa em Dezembro, mas, entretanto, já se faz sentir no território. Exemplo disso é o ciclo que decorre na Cinemateca desde ontem, dedicado ao realizador Pang Ho-Cheung. Depois de “Love Puff”, exibido ontem, amanhã é dia de apresentar “Isabella”. O filme passa-se em Macau, na véspera da transferência de administração e conta a história de um polícia local, Shing, que está a atravessar um mau momento na vida e a ser investigado por crimes de corrupção. Para se animar, vai à procura de consolo feminino e conhece Yan, a filha que não sabia que tinha. Com o novo papel de pai, Shin tem agora de lidar com a relação homossexual de Yan e com os abusos que sofre por parte de um colega de trabalho. Resta saber se pai e filha se conseguem reconhecer como tal. “Isabella” ganhou o Urso de Prata no 56.º Festival de Cinema de Berlim. Sexta-feira é dia de “You shoot, I shoot”. O filme passa-se na vizinha Hong Kong. Numa cidade superpopulosa, em que o espaço, escasso, é palco de pequenas conquistas diárias e gerador de ódios e conflitos, os serviços de assassinato profissionais estão em boa maré de negócio. É o caso de Bart que investe o que ganha com as encomendas de morte no mercado imobiliário. No entanto a crise aparece, Bart começa a ter menos propostas de trabalho e as rendas do aluguer de casas também descem. Em Hong Kong, apenas as mulheres mais ricas começam a ter possibilidades de contratar assassinos. Bart dedica-se agora a este mercado. Pang Ho-Cheung é um argumentista e realizador de Hong Kong que tem na carreira, não só múltiplas produções, como prémios internacionais e, este ano, é convidado para dirigir uma masterclass promovida pelo Festival de Cinema de Macau. O ciclo conta com entrada livre e as projecções são às 15h30.
Sofia Margarida Mota Eventos Festival Internacional de Cinema - EspecialFestival de Cinema | Já são conhecidos dez dos 11 filmes em competição Dramas familiares, histórias reais e surrealismos de guerra são alguns dos temas que marcam a selecção de filmes em competição na 2ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. São na sua maioria filmes que marcam a estreia nas longas metragens dos seus realizadores. Todos de 2017, já passaram também pelos principais festivais de cinema internacionais e prometem marcar a diferença no evento local [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secção de competição da 2ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau abre as hostes, a 9 de Setembro, com a “história por contar” dos tenistas Björn Borg e Joe McEnroe. A produção sueca do realizador galardoado pela crítica em Cannes com o filme “Armadillo” em 2010, Janus Metz, traz ao ecrã do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau o drama dos bastidores do campeonato de Wimbledon de 1980. Björn Borg, à conquista do quinto título mundial está exausto. Borg e John McEnroe confrontam-se no campo, mas nos balneários só são compreendidos por aquele que é o seu maior inimigo. O dia continua com o filme galardoado pelo público na secção da crítica de Cannes deste ano. Trata-se de “Hunting Season” , a primeira longa metragem de Natalia Garagiola. A película conta a história de Nahuel que regressa a casa do pai, Ernesto, um respeitado caçador da Patagónia argentina. Nahuel é acolhido numa nova família que o despreza e está agora com um pai que o abandonou e não traz boas memórias do passado onde o filho se insere. É, no entanto, numa caçada que os dois, sozinhos na imensa Patagónia, têm oportunidade de se reencontrar. O sábado de competição fecha com o filme do alemão Jan Zabeil “Three Peaks”. A película trata de um drama familiar. Aeron vive com Lea e o seu filho de oito anos, Tristan, com quem não consegue construir uma relação. A esperança mora numas férias nas Dolomitas italianas. A ideia é que este tempo possa representar um ponto de partida para uma nova vida e uma nova vivência familiar. No entanto, e apesar dos esforços de Aaron, Tristan continua leal ao pai biológico. É num passeio entre os dois, dentro de mais uma tentativa de aproximação, que a situação começa a ganhar outro rumo, quando Aaron e Tristan, devido ao nevoeiro, se perdem um do outro. Das minas à pastelaria O dia seguinte começa com a projecção de “Wrath of silence” do realizador natural da Mongólia Interior, Yukun Xin. Xin explora, em “Wrath of silence”, não só o drama de um pai que procura o filho desaparecido como o submundo ligado à corrupção da exploração mineira. Depois de saber que o filho não voltou a casa após dois dias no campo a guardar ovelhas, o mineiro Zhang Baomin decide voltar à aldeia para o procurar. As dificuldades são muitas. A população não se mostra com vontade de ajudar a encontrar a criança desaparecida e, sem desistir, Zhang acaba por se confrontar com os perigos e os negócios que determinam a exploração mineira. O fim-de semana termina com “The Cakemaker”. Trata-se de uma produção israelita a cargo do realizador Ofir Raul Graizer. Em “The Cakemaker”, Thomas, um jovem padeiro alemão que gere uma pastelaria em Berlim, tem um caso com Oren, um homem casado de Israel que vai frequentemente à Alemanha em negócios. Quando Oren morre, vítima de um acidente em Israel, Thomas viaja para Jerusalém à procura de respostas. Sem dar a conhecer a natureza da relação que mantinha com Oren, Thomas começa a trabalhar para Anat, a viúva, e consegue com a perícia que traz de Berlim, revitalizar o negócio de biscoitos tradicionais. Mas, a relação entre Thomas e Anat não se fica por aqui. “The cakemaker é a primeira longa metragem de Ofir Raul Graizer, o realizador que trabalha entre a Alemanha e Israel e teve a sua estreia galardoada com o “Ecumenical Jury Award” no Karlovy Vary International Film Festival, na Répública Checa. Tragédias entre a Índia e Inglaterra A segunda-feira abre com uma adaptação de uma peça de Shakespeare a uma família de elite indiana. A protagonista é a viúva Tulsi Joshi que tem o filho prestes a casar com uma descendente da família Ahuja. Com a união, fica concretizada a associação de duas famílias de negócios. Mas o filho de Tulsi Joshi acaba por ser encontrado morto antes da cerimónia, e aparentemente a causa seria o suicídio. Tulsi não se conforma e dois anos mais tarde trata de se casar ela com um herdeiro da família Ahuja. O objectivo: ir à procura da verdade acerca da morte do filho e vingar-se a qualquer preço. O filme é “The Hungry” e conta com a realização da realizadora natural de Cálcutá, Bornila Chatterjee. “The Hungry” é a segunda longa metragem de Chatterjee e teve a estreia destacada como apresentação especial no Toronto International Film Festival, em Setembro. No mesmo dia, mas ao serão, vai ser exibido no grande ecrã “Beast” do britânico Michael Pearce. Moll Huntford é uma jovem de 27 que vive na ilha de Jersey, ao largo da costa da Inglaterra. Moll ainda está em casa dos pais e teve o crescimento marcado por uma mãe dominadora e uma educação sem liberdade, principalmente depois de ter sofrido um acidente na adolescência. Mas Moll apaixona-se por um estranho e misterioso individuo, Pascal. Quando a vida parece estar a mudar, é encontrado um corpo na ilha, a quarta vítima de um assassino em série, e Pascal é o principal suspeito. É mais uma vez uma primeira longa metragem do realizador, já com créditos ganhos nos BAFTA e que viu a sua estreia na secção “Plataforma” Toronto International Film Festival deste ano. Divórcios e surrealismos O dia 12 de Dezembro traz à tela mais duas películas em competição. “Custody” de Xavier Legrand é um outro drama familiar vindo de França que trata, desta feita, da luta de uma mãe pela custódia do filho após o divórcio. O argumento é que a criança pode correr o risco de ser abusada pelo pai. Como em dramas do género, a criança vê-se numa luta que não é a dela e acaba por ser refém dos desentendimentos entre os pais. O realizador Xavier Legrand é conhecido pelo seu trabalho de actor de teatro, mas em “Custody”, a sua primeira longa metragem, foi já galardoado com o prémio de melhor realizador no Festival de Veneza no passado mês de Setembro. “Foxtrot” traz ao ecrã uma abordagem com toques de surrealismo. Michael e Dafna são um casal devastado pela tristeza causada pelas mortes na guerra dos seus familiares. Agora foi a vez do filho. No entanto, com Dafna sedada, Michael começa a duvidar da morte do filho. O filme é do israelita Samuel Maoz que aos 13 aos já filmava em 8mm. Aos 18 anos contava com vários filmes feitos quando foi obrigado a integrar o exército e destacado para a guerra no Líbano. O seu primeiro filme, “Lebannon” ganhou, em 2009 o Leão de Ouro em Veneza e “Foxtrot” arrecadou, este ano, o prémio do júri no mesmo evento. A secção de competição termina a apresentação a 13 de Dezembro com “My Pure Land” de Sarmad Masud. Tal como o filme que abre a secção, trata-se mais uma vez de uma película baseada em factos reais. No Paquistão, Nazo juntamente com a mãe e uma irmã são forçadas a defender a sua casa depois da prisão do pai. Estas mulheres vêm-se cercadas por milícias, que a mando do tio, querem reaver as terras da família. Nazo não se rende.
João Luz SociedadeEstatística | Fogo posto e burlas aumentam nos primeiros nove meses do ano O secretário para a Segurança revelou que a criminalidade em Macau diminuiu ligeiramente, 0,7 por cento, nos primeiros nove meses do ano. Houve menos crimes violentos e os casos de tráfico de droga e delinquência juvenil também caíram. Já o fogo posto e as burlas tiveram um considerável incremento [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s estatísticas da criminalidade entre Janeiro e Setembro deste ano indicam que a criminalidade violenta desceu 2,3 por cento, em comparação com o período homólogo do ano transacto, sendo que houve um total de 594 casos. Esta descida foi empurrada, principalmente, por crimes que normalmente ocorrem associados a negócios paralelos à indústria do jogo. Os casos de “cárcere privado” caíram 2,9 por cento nos primeiros nove meses de 2017, um total de 339 processos instaurados. Numa vertente menos violenta, o crime de agiotagem desceu 8,6 por cento no período analisado, para um total de 348 casos. É de referir que os crimes relacionados com o sector do jogo motivaram a abertura de 1323 processos, um incremento de 1,9 por cento em relação ao período homólogo de 2016, enquanto o número de arguidos subiu para 1598, mais 10,7 por cento. No que diz respeito aos homicídios, os primeiros nove meses deste ano registaram dois casos, um por razões passionais e outro motivados por dificuldades financeiras de uma família. Diminuíram, igualmente, os casos relativos a tráfico de drogas em 18,9 por cento, numa tendência acompanhada pelo consumo e delinquência juvenil. Taxi Drivers Um dos capítulos mais negros nas estatística reveladas pelo secretário para a Segurança refere-se aos crimes praticados por motoristas de táxi. Durante os primeiros nove meses deste ano, foram registadas 3781 ilegalidades praticadas por esta classe profissional, o que representou uma subida de 24,5 por cento, sendo que a larga maioria das irregularidades foi de cobrança de tarifa excessiva. Wong Sio Chak confessa que “não é o resultado que se esperava”, e que talvez seja necessário aumentar as punições, incluindo cancelar licenças. Por outro lado, foi anunciado que as autoridades policiais autuaram 1158 condutores por prestação de serviços de transporte em veículo privado, ou seja, casos de motoristas de serviços semelhantes à Uber. A passagem de moeda falsa foi um dos crimes que mais cresceu nos primeiros nove meses do ano, 17,2 por cento em relação a 2016. Mas a maior subida foi no crime de fogo posto, que aumentou 176,9 por cento, para um total de 36 casos, a maioria deles relacionados com pontas de cigarro descartadas. Neste capítulo, Wong Sio Chak fez questão de ressalvar que este aumento não tem qualquer relação com “sociedades secretas”. Outro dos maiores acréscimos aconteceu com as burlas, em especial as burlas telefónicas que marcaram o último Verão. Entre Janeiro e Setembro registaram-se 702 casos, o que representou um crescimento de 27,9 por cento. O secretário para a Segurança anunciou ainda que nos primeiros nove meses do ano foram identificados 20.905 imigrantes ilegais e em excesso de permanência, o que representou uma descida ligeira de 0,39 por cento. Deste total, entraram ilegalmente em Macau, com proveniência do Interior da China, 663 pessoas. Os titulares de Visto Individual que foram apanhados em excesso de permanência foram 2413.
João Santos Filipe SociedadeSMG | Frio vai manter-se até à próxima semana [dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]os últimos dias as temperaturas baixaram e devem manter-se assim até ao início da próxima semana, de acordo com as previsões dos Serviços Meteorológico e Geofísicos (SMG). Até domingo, o valor mais elevado da temperatura máxima vai rondar os 19 graus, nesse mesmo dia, e a mínima vai atingir os 13 graus, com o dia mais frio a ser o de sexta-feira. Em causa está o facto do território estar a ser afectado por duas reposições de ar frio: “Uma reposição de ar frio fez com que a temperatura do ar descesse, significativamente, desde o fim da semana passada”, explicaram os SMG, ao HM. “Uma vez que outra reposição de ar frio chegará à região no fim do dia de amanhã [hoje], o clima deve permanecer frio esta semana”, foi acrescentado. No o início da próxima semana a situação vai alterar-se e deverá haver uma subida das temperaturas. Assim, na terça-feira a temperatura mínima vai subir para os 18 graus e a máxima para os 23 graus, de acordo com as previsões dos SMG, “Durante o início da próxima semana, à medida que o anticiclone se desloca para leste, a temperatura do ar aumentará”, foi apontado.
João Santos Filipe SociedadeGoverno, Cáritas e Cruz Vermelha com serviço para deficientes [dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] partir de 15 de Dezembro vão começar a circular no território três autocarros shuttle para pessoas que se deslocam em cadeiras-de-rodas. O novo serviço foi apresentado, ontem, pelo Instituto para a Acção Social (IAS) e vai ser gerido pela Cáritas de Macau. Os autocarros vão circular entre as 8h00 e 20h00 e há dois percursos: um na Península de Macau e outro nas Ilhas. Em Macau, o itinerário tem nove paragens, e passa pelo Serviços de Urgência do Centro Hospitalar do Conde São Januário e pelo Hospital Kiang Wu. Nas Ilhas, o percurso passa pelo Centro de Saúde dos Jardins do Oceano. “É um plano experimental, por isso criámos dois percursos. No futuro esperamos alargar o âmbito a outras paragens”, afirmou Choi Sio Un, chefe do Departamento de Solidariedade Social do IAS. “Em Macau há cerca de mil pessoas com cadeiras de rodas que usam o serviço. Consideramos, que nesta fase, não podemos satisfazer todas as necessidades”, frisou. Paul Pun, secretário-geral da Cáritas, pediu “desculpa e compreensão” para a possibilidade de haver grandes filas na utilização do shuttle. O responsável explicou que esta alternativa vai permitir às pessoas não só deslocarem-se aos serviços de saúde, mas também “alargarem as redes sociais”. Custo de três milhões Além da criação destes itinerários, há uma reorganização do serviço de transporte de doentes não urgentes, que exige marcação prévia, a cargo da Cruz Vermelha de Macau. Este é um serviço que já funcionava no passado, mas que agora passa também a transportar os utentes da Cáritas. “São três autocarros shuttles e 10 autocarros da Cruz Vermelha. As pessoas com cadeiras de rodas podem ligar à Cruz Vermelha para utilizarem o serviço. O shuttle é para as pessoas que se podem movimentar de forma independente, mas que têm dificuldades em apanhar o autocarro”, explicou Choi Sio Un. Já Chiang Sao Meng, vice-presidente do Conselho Central da Cruz Vermelha, prometeu esforços para que a prestação do serviço vá melhorando com a experiência recolhida. Os dois serviços envolvem um total de 13 autocarros e têm um orçamento de três milhões de patacas.
Victor Ng SociedadeC&C Advogados | Nam An Shishan pede intervenção do Governo Depois da manifestação do mês passado à porta da C&C Advogados, a Associação Macau Nam An Shishan volta ao ataque. Desta feita, além do escritório dos seus representantes legais, os manifestantes juntaram-se ainda à porta da sede do Governo a pedir a intervenção do Executivo [dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]eve ontem lugar mais uma manifestação por parte da Associação Macau Nam An Shishan à porta da C&C Advogados que juntou cerca de 50 pessoas. Depois dos protestos do mês passado, a associação que se queixa dos seus representantes legais não terem alegadamente feito os esforços necessários para que a entidade pudesse manter o espaço da sua sede, voltou a repetir a manifestação do seu descontentamento. Mas a entidade não se ficou por aqui e agora pede a intervenção do Executivo. Numa manifestação paralela, cerca de 1000 pessoas deslocaram-se do Fai Chi Kei até à sede do Governo para entregar uma carta a pedir a intervenção do Executivo para adiar a data marcada para a hasta pública da fracção. Loi Chi On, presidente da Associação Macau Nam An Shishan, disse que, após a última manifestação, a C&C Advogados não avançou com nenhuma reacção, apesar do caso ter sido levado à secretária para a Administração e Justiça e à Polícia. Tendo conhecimento de que a fracção em causa, local que acolhe a sede da associação de carácter religioso, tem hasta pública marcada para o dia 30 deste mês, Loi Chi On entregou uma petição ao Governo para que este encontre uma solução para o caso. O presidente da Nam An Shishan insiste que comprou a sede da associação e cumpriu com todos os requisitos legais e está agora preocupado com possíveis problemas no dia em que a fracção for a hasta pública. “Acredito que vários crentes vão estar contra o Governo, e nós não vamos deixar a nossa sede para outros, porque temos estado sempre legais”, disse Loi Chi On. Loi Chi On, que considera não ser necessário pedir ajudar aos deputados, disse ainda que, “caso não haja resolução satisfatória, os protestos vão continuar mensalmente, de forma pacífica em frente da C&C Advogados”. Processo antigo No mês passado a Associação Macau Nam An Shishan fez o primeiro protesto referente a esta matéria. Em causa está o processo que diz respeito à compra de uma fracção num prédio industrial pela Associação Macau Nam An Shishan. O início do processo data de Agosto de 2009 e a propriedade, estava hipotecada a um banco local, e pertencia à Fábrica de Malhas Três Estrelas Macau Limitada, que por sua vez já tinha contraído uma elevada dívida a um banco de Hong Kong. O acompanhamento da compra da fracção tem estado nas mãos da firma C&C Advogados que, perante a manifestação, se mostrou mais uma surpreendida.
João Luz Manchete SociedadeWong Sio Chak | Polícia não persegue nenhuma associação específica O secretário para a Segurança esclarece que as autoridades policiais de Macau cumprem a lei e não perseguem ninguém em especial. Wong Sio Chak referia-se ao crime de desobediência agravada em resposta às vozes que sustentam que a acusação a Sulu Sou é mais política do que um caso de polícia [dropcap style≠’circle’]“M[/dropcap]acau é um Estado de Direito e uma sociedade muito livre”. As palavras são de Wong Sio Chak, o secretário para a Segurança, referindo-se à frequência com que se realizam protestos no território. O responsável do Governo pela tutela das forças de segurança discorreu sobre os raros casos de acusações por desobediência agravada para refutar a ideia de que as autoridades policiais usam esta tipologia criminal com fins políticos. Sem mencionar directamente o nome de Sulu Sou, o secretário para a Segurança referiu estar “sempre a cumprir a lei”, sem “atacar ninguém de uma associação específica”. Wong Sio Chak, acrescentou ainda que só o desconhecimento da lei pode justificar as críticas que as autoridades receberam na sequência da possibilidade da suspensão do mandato do deputado pró-democrata. Scott Chiang, também acusado de desobediência agravada em conjunto com Sulu Sou, considera que “se virmos a forma como actuam com outras pessoas que fizeram o mesmo que nós observamos claras diferenças, nem há discussão”. “As autoridades tomam uma atenção extra quando estamos por perto”, comenta o ex-presidente da Associação Novo Macau. Porém, Wong Sio Chak realçou que a grande parte das manifestações que se realizam em Macau obedecem à lei, com o devido pedido feito junto do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), e que respeitam as instruções das autoridades policiais. Povo na rua O secretário para a Segurança reiterou que são raros os casos em que não se respeita o pedido de manifestação junto do IACM, assim como aqueles em que se viola “a lei, a decisão do Tribunal de Última Instância e as orientações da polícia”. Neste aspecto, Scott Chiang entende que “deve ser o tribunal a decidir se as acusações têm fundamento e que é muito perigosa a ideia de que as autoridades de segurança são a personificação da justiça”. Wong Sio Chak referiu, em conferência de imprensa onde apresentou as estatísticas da criminalidade, que em Macau é comum as pessoas se manifestarem, algo que acontece “quase todos os feriados”. “Na Coreia do Norte também há protestos contra Donald Trump, mas é claro que as pessoas não podem exercer os seus direitos políticos”, comenta Scott Chiang. O pró-democrata entende que, obviamente, Macau está melhor que outros sítios no mundo. Porém, “as autoridades não respeitam totalmente os direitos conferidos às pessoas pela lei”. O antigo líder da Nova Macau não faz a conexão directa entre o grau de liberdade e o número de protestos organizados, entendendo que se erguem “barreiras desnecessárias e limitações ao exercício ao direito de protesto”. Wong Sio Chak revelou ainda que desde 2014 houve 12 casos de acusações pelo crime de desobediência qualificada na sequência de manifestações no território. Nestes casos estiveram envolvidas um total de 47 pessoas.