Festival de Cinema | Já são conhecidos dez dos 11 filmes em competição

Dramas familiares, histórias reais e surrealismos de guerra são alguns dos temas que marcam a selecção de filmes em competição na 2ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau. São na sua maioria filmes que marcam a estreia nas longas metragens dos seus realizadores. Todos de 2017, já passaram também pelos principais festivais de cinema internacionais e prometem marcar a diferença no evento local

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secção de competição da 2ª edição do Festival Internacional de Cinema de Macau abre as hostes, a 9 de Setembro, com a “história por contar” dos tenistas Björn Borg e Joe McEnroe. A produção sueca do realizador galardoado pela crítica em Cannes com o filme “Armadillo” em 2010, Janus Metz, traz ao ecrã do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau o drama dos bastidores do campeonato de Wimbledon de 1980. Björn Borg, à conquista do quinto título mundial está exausto. Borg e John McEnroe confrontam-se no campo, mas nos balneários só são compreendidos por aquele que é o seu maior inimigo.

O dia continua com o filme galardoado pelo público na secção da crítica de Cannes deste ano. Trata-se de “Hunting Season” , a primeira longa metragem de Natalia Garagiola. A película conta a história de Nahuel que regressa a casa do pai, Ernesto, um respeitado caçador da Patagónia argentina. Nahuel é acolhido numa nova família que o despreza e está agora com um pai que o abandonou e não traz boas memórias do passado onde o filho se insere. É, no entanto, numa caçada que os dois, sozinhos na imensa Patagónia, têm oportunidade de se reencontrar.

O sábado de competição fecha com o filme do alemão Jan Zabeil “Three Peaks”. A película trata de um drama familiar. Aeron vive com Lea e o seu filho de oito anos, Tristan, com quem não consegue construir uma relação. A esperança mora numas férias nas Dolomitas italianas. A ideia é que este tempo possa representar um ponto de partida para uma nova vida e uma nova vivência familiar. No entanto, e apesar dos esforços de Aaron, Tristan continua leal ao pai biológico. É num passeio entre os dois, dentro de mais uma tentativa de aproximação, que a situação começa a ganhar outro rumo, quando Aaron e Tristan, devido ao nevoeiro, se perdem um do outro.

Das minas à pastelaria

O dia seguinte começa com a projecção de “Wrath of silence” do realizador natural da Mongólia Interior, Yukun Xin. Xin explora, em “Wrath of silence”, não só o drama de um pai que procura o filho desaparecido como o submundo ligado à corrupção da exploração mineira. Depois de saber que o filho não voltou a casa após dois dias no campo a guardar ovelhas, o mineiro Zhang Baomin decide voltar à aldeia para o procurar. As dificuldades são muitas. A população não se mostra com vontade de ajudar a encontrar a criança desaparecida e, sem desistir, Zhang acaba por se confrontar com os perigos e os negócios que determinam a exploração mineira.

O fim-de semana termina com “The Cakemaker”. Trata-se de uma produção israelita a cargo do realizador Ofir Raul Graizer. Em “The Cakemaker”, Thomas, um jovem padeiro alemão que gere uma pastelaria em Berlim, tem um caso com Oren, um homem casado de Israel que vai frequentemente à Alemanha em negócios. Quando Oren morre, vítima de um acidente em Israel, Thomas viaja para Jerusalém à procura de respostas. Sem dar a conhecer a natureza da relação que mantinha com Oren, Thomas começa a trabalhar para Anat, a viúva, e consegue com a perícia que traz de Berlim, revitalizar o negócio de biscoitos tradicionais. Mas, a relação entre Thomas e Anat não se fica por aqui. “The cakemaker é a primeira longa metragem de Ofir Raul Graizer, o realizador que trabalha entre a Alemanha e Israel e teve a sua estreia galardoada com o “Ecumenical Jury Award” no Karlovy Vary International Film Festival, na Répública Checa.

Tragédias entre a Índia e Inglaterra

A segunda-feira abre com uma adaptação de uma peça de Shakespeare a uma família de elite indiana. A protagonista é a viúva Tulsi Joshi que tem o filho prestes a casar com uma descendente da família Ahuja. Com a união, fica concretizada a associação de duas famílias de negócios. Mas o filho de Tulsi Joshi acaba por ser encontrado morto antes da cerimónia, e aparentemente a causa seria o suicídio. Tulsi não se conforma e dois anos mais tarde trata de se casar ela com um herdeiro da família Ahuja. O objectivo: ir à procura da verdade acerca da morte do filho e vingar-se a qualquer preço.

O filme é “The Hungry” e conta com a realização da realizadora natural de Cálcutá, Bornila Chatterjee. “The Hungry” é a segunda longa metragem de Chatterjee e teve a estreia destacada como apresentação especial no Toronto International Film Festival, em Setembro.

No mesmo dia, mas ao serão, vai ser exibido no grande ecrã “Beast” do britânico Michael Pearce. Moll Huntford é uma jovem de 27 que vive na ilha de Jersey, ao largo da costa da Inglaterra. Moll ainda está em casa dos pais e teve o crescimento marcado por uma mãe dominadora e uma educação sem liberdade, principalmente depois de ter sofrido um acidente na adolescência. Mas Moll apaixona-se por um estranho e misterioso individuo, Pascal. Quando a vida parece estar a mudar, é encontrado um corpo na ilha, a quarta vítima de um assassino em série, e Pascal é o principal suspeito. É mais uma vez uma primeira longa metragem do realizador, já com créditos ganhos nos BAFTA e que viu a sua estreia na secção “Plataforma” Toronto International Film Festival deste ano.

Divórcios e surrealismos

O dia 12 de Dezembro traz à tela mais duas películas em competição. “Custody” de Xavier Legrand é um outro drama familiar vindo de França que trata, desta feita, da luta de uma mãe pela custódia do filho após o divórcio. O argumento é que a criança pode correr o risco de ser abusada pelo pai. Como em dramas do género, a criança vê-se numa luta que não é a dela e acaba por ser refém dos desentendimentos entre os pais. O realizador Xavier Legrand é conhecido pelo seu trabalho de actor de teatro, mas em “Custody”, a sua primeira longa metragem, foi já galardoado com o prémio de melhor realizador no Festival de Veneza no passado mês de Setembro.

“Foxtrot” traz ao ecrã uma abordagem com toques de surrealismo. Michael e Dafna são um casal devastado pela tristeza causada pelas mortes na guerra dos seus familiares. Agora foi a vez do filho. No entanto, com Dafna sedada, Michael começa a duvidar da morte do filho. O filme é do israelita Samuel Maoz que aos 13 aos já filmava em 8mm. Aos 18 anos contava com vários filmes feitos quando foi obrigado a integrar o exército e destacado para  a guerra no Líbano. O seu primeiro filme, “Lebannon” ganhou, em 2009 o Leão de Ouro em Veneza e “Foxtrot” arrecadou, este ano, o prémio do júri no mesmo evento.

A secção de competição termina a apresentação a 13 de Dezembro com “My Pure Land” de Sarmad Masud. Tal como o filme que abre a secção, trata-se mais uma vez de uma película baseada em factos reais.

No Paquistão, Nazo juntamente com a mãe e uma irmã são forçadas a defender a sua casa depois da prisão do pai. Estas mulheres vêm-se cercadas por milícias, que a mando do tio, querem reaver as terras da família. Nazo não se rende.

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