Vergílio Ferreira nasceu há cem anos

Apaixonado por questões existenciais, Vergílio Ferreira foi quem um dia disse que “o amor afirma, o ódio nega”. “Mas por cada afirmação há milhentas de negação. Assim o amor é pequeno em face do que se odeia. Vê se consegues que isso seja mentira. E terás chegado à verdade”

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]omemora-se hoje o centenário do nascimento do autor de “Manhã Submersa” ou “Esplanada sobre o Mar”, no seio de uma obra extensa onde a reflexão sobre a condição humana, as grandes interrogações do homem ou a procura de sentido para a vida foram uma tónica dominante. Para assinalar a efeméride dos cem anos de nascimento de Vergílio Ferreira, a Câmara Municipal de Gouveia inicia hoje um ciclo de um ano de comemorações para assinalar a vida e obra de uma das figuras incontornáveis das letras portuguesas.
O programa arranca com três dias consecutivos de actividades onde se incluem o lançamento da reedição das obras de Vergílio Ferreira (pela editora Quetzal), a reposição de um busto na praça de São Pedro (no centro da cidade de Gouveia), a inauguração de uma exposição e a realização de um colóquio.
Nascido em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, no ano de 1916, o escritor viu os pais emigrarem para o Canadá quando tinha apenas nove anos ficando ele em Portugal com os irmãos mais novos. Uma experiência dolorosa que exorciza em “Nítido Nulo”. Aos 12 anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão e por lá fica seis anos. Uma experiência que mais tarde viria a dar origem a “Manhã Submersa”, um livro que retrata a vida de um conjunto de seminaristas oriundos de famílias pobres que se encontram num beco sem saída, entre uma suposta perspectiva de vida boa mas cheia de limitações em contraste com uma suposta liberdade em más condições de vida. Em 1980, Lauro António viria a trazer a história para o cinema e Vergílio Ferreira desempenha mesmo um dos principais papéis, ironicamente o de Reitor do Seminário. vergílio ferreira
Até se formar em Filologia Clássica em 1940, Vergílio – que apenas deixou o seminário quatro anos antes – dedica-se à poesia, nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance, “O Caminho Fica Longe”. Depois foi professor estagiário no Liceu D.João III em Coimbra e aí arranca a sua carreira docente que o levou a leccionar em Faro e no liceu de Gouveia (período em que escreveu “Manhã Submersa), acabando por se fixar no Liceu Camões até ao final da sua carreira.
Em 1992, recebe pelo conjunto da sua obra o “Prémio Camões” entre muitos outros galardões ao longo da sua vida. Faleceu no dia 1 de Março de 1996 em Lisboa e foi sepultado no cemitério de Melo, sua terra-natal, com o caixão virado para a Serra da Estrela, conforme era seu desejo.

“Não se pode esquecer Vergílio”

Em declarações à Lusa, a escritora Lídia Jorge, diz que Vergílio Ferreira precisa de ser lembrado e queixa-se do quase esquecimento a que o autor tem sido sujeito, dizendo que como o “mundo está organizado, neste momento, é muito difícil recuperar figuras como [a de] Vergílio Ferreira”, que considera “estarem um pouco afastadas, injustamente”. A escritora acrescenta ainda que “a escola e a universidade estão a descurar muito a obra de Vergílio, inclusive o romance ‘Aparição’ que é fundamental para os rapazes, entre os 16 e os 17 anos, que encontravam nessa obra uma grande projecção interior e aprendiam muito com esse livro, que desapareceu, e praticamente já não se lê”.


“Está a ser uma perda muito grande. Do ponto de vista estilístico, [Vergílio Ferreira] é irrepreensível, tem humor na escrita, tem caricatura, por alguma coisa era um admirador do Eça de Queiroz. Não é um sarcástico, mas um irónico, ele ensina”, rematou.
Antes de morrer, Vergílio Ferreira contou a Lídia Jorge o enredo do romance que contava ainda escrever. “É essa alegria de narrar que devia ser sublinhada” nestas celebrações, defendeu a autora.

“Fixei muito bem a história e pensei: é um livro semelhante aos outros, a história é a mesma, e, com o impacto da morte [dele], que aconteceu dois ou três dias depois, não fui capaz de a contar. A história era a mesma: a impossibilidade de amar a mulher, uma adoração pela mulher que desaparece, era a mesma fixação literária, que dá a impressão que nunca leu Freud”.

Obra Completa

Ficção
1943 O Caminho Fica Longe
1944 Onde Tudo Foi Morrendo
1946 Vagão “J”
1949 Mudança
1953 A Face Sangrenta
1954 Manhã Submersa
1959 Aparição
1960 Cântico Final
1962 Estrela Polar
1963 Apelo da Noite
1965 Alegria Breve
1971 Nítido Nulo
1972 Apenas Homens
1974 Rápida, a Sombra
1976 Contos
1979 Signo Sinal
1983 Para Sempre
1986 Uma Esplanada Sobre o Mar
1987 Até ao Fim
1990 Em Nome da Terra
1993 Na Tua Face
1995 Do Impossível Repouso
1996 Cartas a Sandra

Ensaios
1943 Sobre o Humorismo de Eça de Queirós
1957 Do Mundo Original
1958 Carta ao Futuro
1963 Da Fenomenologia a Sartre
1963 Interrogação ao Destino, Malraux
1965 Espaço do Invisível I
1969 Invocação ao Meu Corpo
1976 Espaço do Invisível II
1977 Espaço do Invisível III
1981 Um Escritor Apresenta-se
1987 Espaço do Invisível IV
1988 Arte Tempo
1998 Espaço do Invisível V (póstumo)

Diários
1980 Conta-Corrente I
1981 Conta-Corrente II
1983 Conta-Corrente III
1986 Conta-Corrente IV
1987 Conta-Corrente V
1992 Pensar
1993 Conta-Corrente-nova série I
1993 Conta-Corrente-nova série II
1994 Conta-Corrente-nova série III
1994 Conta-Corrente-nova série IV
2001 Escrever (póstumo)

28 Jan 2016

Fadas, luzes e muito amor nas vésperas do Ano Novo Chinês

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Turismo organizam, em conjunto com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), realizam de 7 a 29 de Fevereiro, nas Casas Museu da Taipa e noutros pontos de Macau, um espectáculo de luzes com o objectivo de atrair visitantes para umas férias prolongadas e proporcionar um programa de lazer aos residentes. Assim, vão surgir instalações luminosas em mais de dez locais, mas o evento prevê ainda espectáculos de vídeo mapping 3D e um jogo interactivo para crianças.
Os contos de fadas e as histórias de amor são o tema deste evento que pretende interligar, a 14 de Fevereiro, a véspera de Ano Novo Lunar, o Dia de São Valentim, o sétimo dia do Ano Novo Lunar (Dia de Aniversário para todos) e o Dia dos Namorados Chinês (Festival de Lanternas). As instalações luminosas prometem 9999 rosas que estarão dispostas nas Casas Museu e na Freguesia de Nossa Senhora do Carmo – na Escadaria da Rua do Cunha, na Calçada do Quartel, na Av. Carlos da Maia, na Rua da Restauração, na Calçada do Carmo, no Jardim do Carmo e na Escadaria do Largo do Carmo.
O sapato de cristal da Cinderela serve de tema para a exibição de vídeo mapping em 3D numa história de reencontro de uma rapariga com um príncipe que viaja no tempo, em Macau, na noite do dia dos namorados. O jogo interactivo acontece após cada exibição de vídeo mapping e será ligado por via de uma bicicleta.

Concerto de São Valentim antecipado

O Concerto do Dia de S. Valentim, pela Orquestra Chinesa de Macau, que estava originalmente programado para o dia 14 de Fevereiro, foi antecipado para o dia 13, sábado, pelas 14h00 horas, continuando a acontecer na Igreja de Santo António. Com o intuito de promover a cultura chinesa, a Orquestra irá apresentar uma série de obras conhecidas, como a “Virgem Maria”, “Louvar a Deus”, “Amazing Grace”, “O Teu Doce Sorriso”, “Por Causa do Amor” e “Os Ratos Adoram o Arroz”, entre outras, de modo a promover a música chinesa. A entrada é gratuita e os bilhetes começam a ser distribuídos no local uma hora antes da actuação.

28 Jan 2016

Jovens de Macau começam a jogar e a apostar antes dos 18 anos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]maioria dos menores gosta de Jogo e de apostas, o que preocupa o Centro de Aconselhamento sobre o Jogo e de Apoio à Família de Sheng Kung Hui. Num estudo feito a cerca de 1385 jovens, 74% dos inquiridos disse que começou a apostar e a jogar antes dos 18 anos. A dependência da internet, alertam os responsáveis do Centro, cria mais possibilidades de ser viciado em jogos de apostas, fora ou dentro dos casinos.
O relatório ontem divulgado pelo Centro mostra que os inquiridos, com idades entre os 13 e 25 anos, jogaram pela primeira vez antes dos 18 anos, sendo a idade média de iniciação aos 15 anos. No ano passado, 19,21% destes entrevistados admite ter jogado com dinheiro, sendo que 2,38% deles participam também em jogos online. A maioria admite ainda ter começado a jogar na internet antes dos 21 anos. Para o Centro, estas respostas mostram a possibilidade de haver jovens dependentes do jogo sem se aperceberem dessa realidade.
Cerca de 61,35% destes jovens ganhou interesse pelo jogo devido à internet, até porque 11% deles admite que começou a jogar por ser gratuito. Ainda assim, o dinheiro está sempre envolvido na “jogatana”, que abrange qualquer tipo de jogo – online, dentro ou fora dos casinos e até em casa. Os dados mostram que os jovens jogam não só porque se sentem “aborrecidos”, mas também pela vontade de ganharem mais dinheiro.
Wong Wai Chan, uma das principais investigadoras do Centro, indicou na conferência de imprensa de ontem que “os jovens sabem que os jogos podem causar um efeito negativo” e que a maiorias deles concorda que a técnica e a sorte não ajudam a vencer. “Os jovens gostam normalmente de jogar póquer e mahjong”, frisou, acrescentando que os familiares e amigos também participam.
Mais de 70% desses jovens afirma que vai continuar a jogar no próximo meio ano. Outro investigador, Chan Chio Weng, sublinhou que 21,24% dos entrevistados navegou na Internet mais de cinco horas por dia, sendo que 145 jovens são viciados em jogos online.
Ip Kam Po, presidente do Centro, sugere que haja mais preocupação com estes jovens, especialmente os que demonstram o vício de jogar na internet, uma vez que este é o primeiro passo para passar a apostar noutro tipo de jogos.

28 Jan 2016

Creches | UM recebe milhão e meio por estudo por ser a única “competente”

Depois da Auditoria apontar o dedo ao altos preços de estudos, opiniões e consultas adjudicados pelo Governo, o IAS admite a atribuição de mais um estudo por ajuste directo, com um custo superior a um milhão, à UM. A razão? É a única “competente”

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]A Universidade de Macau (UM), mais precisamente a Faculdade de Ciências de Educação, é a “única instituição de ensino superior local” capaz de realizar o “estudo sobre a procura dos serviços das creches e planeamento da respectiva política”. Quem o diz é o próprio Instituto de Acção Social (IAS), entidade que requereu a consulta, que foi atribuída por ajuste directo à instituição.
O Governo encomendou um estudo – sem concurso público – para conhecer “os possíveis factores que influenciam a escolha da forma de cuidar das crianças por parte dos encarregados de educação da RAEM”, para “analisar os motivos e a esperança dos mesmos para porem as suas crianças nas creches” e para “avaliar as necessidades dos serviços de creches de 2018 a 2022”, bem como para estudar e planear as políticas da área. Para isso, explica o IAS numa resposta ao HM, precisava de uma entidade competente e experiente para proceder ao estudo desta natureza, tendo sido a UM a entidade escolhida.

Sem alternativas

Um vez mais o Governo seleccionou, por ajuste directo, a UM para a elaboração do estudo, por considerar que esta é a “única instituição de ensino superior local que não só tem instituído um curso de formação profissional de educação infantil, como também possui uma equipa docente profissional e vários centros de estudos a ela subordinados”.
O estudo em causa tem um custo de cerca de um milhão e 400 mil patacas e estará pronto em Dezembro deste ano. A situação das creches em Macau é tema recorrente, muito devido à falta de vagas e recursos humanos, sendo que o Governo já assegurou que vai não só construir mais destes espaços, como abrir mais vagas. O Governo alterou também o sistema das salas, passando estas a acolher no máximo 30 crianças, em vez de 28.

28 Jan 2016

Coordenador do GPDP alerta para perigo das “pegadas digitais”

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o preâmbulo do último boletim do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), dedicado à “big data”, o Coordenador Vasco Fong alerta para o facto de “as transacções online, as conversas na Internet e os comentários nas redes sociais serem plataformas onde se compila um grande volume de dados pessoais”. Para Fong, os retalhistas online e as entidades que adoptam sistemas informáticos com registo de utilizador recolhem imensos dados pessoais, pelo que o Coordenador alerta a população para não negligenciar, “como tem acontecido até aqui”, a protecção dos seus dados. Com o rápido desenvolvimento da “big data”, diz Vasco Fong, os problemas de privacidade anteriormente ocultos têm vindo a ser revelados e a compilação e análise dos dados reunidos poderá provocar um grande impacto na nossa privacidade.
Na opinião do Coordenador do GPDP, “num contexto de globalização de tecnologias informáticas, é necessário reforçar a cooperação entre vários sectores sociais, para procurar soluções em conjunto.”
Segundo a IBM, “big data” é um termo utilizado para descrever toda a informação que está a ser gerada à nossa volta e a todo o momento. Cada processo digital e troca nas redes sociais produz essa informação e os sistemas, sensores e telefones móveis transmitem-na.

28 Jan 2016

Atraso na construção do Wynn Palace pode valer indemnização

A construtora do Wynn Palace poderá ter de vir a pagar uma indemnização à operadora se atrasar ainda mais a abertura do novo casino no Cotai. Numa carta enviada aos média e à Bolsa de Hong Kong, assinada por Steve Wynn, a empresa diz que a Leighton Contractors poderá ter de pagar “200 mil dólares americanos por dia” que a obra se atrasar. A Wynn já reviu a abertura do casino para 25 de Junho e sublinha “a importância” que tem que o casino abra neste dia. A operadora já disse que vai retirar o pagamento de um milhão de dólares americanos do mês de Dezembro e prevê que “é possível o pagamento adicional de 6,2 milhões de dólares” até final de Janeiro. “A potencial responsabilidade agregada nos termos do contrato poderá chegar a 200 milhões de dólares americanos e a empresa não está mais elegível para receber o bónus de conclusão antecipada, no valor de cerca de 38 milhões de dólares”, pode ler-se.

28 Jan 2016

Arquitecto nomeado para o LECM

O Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, nomeou o arquitecto José Maneiras para presidente da mesa da assembleia geral do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM), em representação do Governo. Ao Peng Kong será o presidente da direcção, enquanto que Tam Lap Mou será vogal da direcção. Todas as nomeações têm efeito até 2018.

28 Jan 2016

Nomeados membros do Conselho do Desporto

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, nomeou ontem os dez membros do Conselho do Desporto. Segundo o despacho publicado em Boletim Oficial, Duarte Alves, presidente do Benfica de Macau, é um dos nomes que fará parte deste órgão consultivo. O mandato dos membros prolonga-se até 2018.

28 Jan 2016

Rendas do Governo preocupam deputados

Os membros da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas continuam a querer ouvir explicações do Governo sobre o arrendamento de espaços comerciais privados para a instalação de serviços públicos. Para Mak Soi Kun, presidente da Comissão que relembrou que no ano passado foram gastos mais de 600 milhões de patacas neste sentido, os deputados querem mudar uma situação que surgiu há vários anos. “Com o PIB a subir e a prosperidade registada no comércio, o Executivo já devia ter revisto esta situação há muito tempo, mas tem tido uma reacção muito morosa. De qualquer forma, o Governo disse-nos que irá haver uma cooperação entre os vários serviços no sentido de construir armazéns num terreno situado no Pac On”, referiu Mak Soi Kun.

28 Jan 2016

Menos 42 promotores licenciados

Macau conta, neste momento, com 141 promotores de jogo licenciados, menos 42 do que no ano passado. Os números são da Direcção de Inspecção de Coordenação de Jogos (DICJ), que ontem publicou a lista de junkets licenciados em Boletim Oficial. Da lista, continua a fazer parte a Dore – que viu uma funcionária de uma das suas salas envolvida no caso de furto de mais de 300 milhões de patacas –, a Tak Shun e a Sun City, entre outras, sendo que 20 dos promotores são indivíduos sem qualquer ligação a empresas. No início do ano, Paulo Chan, director da DICJ, já tinha indicado que 35 junkets deixaram de estar autorizados a operar em Macau na sequência das novas exigências implementadas após o caso Dore e que passavam pelo controlo contabilístico e financeiro dos promotores de jogo.

28 Jan 2016

Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças pode ser dividida

O Governo estará a ponderar dividir os assuntos das mulheres dos das crianças. A ideia já foi defendida por vários organismos, mas até agora nada tinha sido feito. A ideia é muito bem recebida pelos agentes dos sectores

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças que o Governo diz que vai funcionar este ano, e que no ano passado era só Comissão das Mulheres, poderá, afinal, ser alvo de nova reforma, antes sequer da aprovação da revisão do regulamento da Comissão, apontada para 2016. Fonte envolvida no processo avançou ao HM que “a Administração está a ponderar separar os assuntos”, criando um departamento exclusivo para mulheres e outro para as crianças.
Do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ainda não houve confirmação, mas o HM sabe que já começaram os primeiros contactos para atingir esta meta. Questionados sobre a possibilidade, os agentes activos da duas áreas mostraram-se felizes com a abertura do Governo para uma medida, dizem, que devia ter sido avançada há muito tempo.
Rita Borges, assistente social na associação Be Cool, concorda. “Concordo, sim. Acho que haver a separação dos direitos das crianças e dos das mulheres é importante”, apontou a profissional. A dependência entre os dois grupos é inevitável, pois “deve sempre existir uma ligação, com a mulher, o homem, a criança, o conceito de família”, mas também é importante que existam “departamentos separados que se foquem em cada um deles”.
Para Christiana Ieong, presidente do grupo Zonta Club, esta hipótese vem ao encontro daquilo que tem vindo a defender, desde sempre. “Ficarei muito feliz se se confirmar esta vontade do Governo. Numa entrevista ao vosso jornal e em tantas outras ocasiões defendi esta separação. Todos precisamos disto”, argumentou.

Separar as águas

Apesar de muitas vezes ligados, os assuntos das mulheres são diferentes dos das crianças e precisam de soluções adequadas a cada caso. É preciso, aponta Christiana Ieong, que “a mudança aconteça”. Esta possibilidade mostra “a postura de mente aberta da pasta dos Assuntos Sociais e, mais do que isso, um passo em frente na protecção da sociedade”. Com a abertura do Governo, as Organizações Não Governamentais (ONG), diz, devem “unir forças e trabalhar juntas”.
Melody Lu, docente de Sociologia na Universidade de Macau (UM), acredita que esta seria a melhor decisão do Governo. “Antes de tudo, não se percebe porque é que estes dois grupos estão juntos, parece-me que eles ganham a conotação de grupos mais fracos e que precisam de protecção. Não concordo que se parta deste princípio, de ver as mulheres em desvantagem (…)”, apontou.
É de facto necessário separar os grupos, diz, e uma das razões apresentadas pela socióloga é a ligação entre mulheres e crianças, pois implicará que “tudo o que se fizer é em nome da família”. Algo errado, porque separar permitirá trazer outros assuntos que só às mulheres correspondem e vice-versa. “Devem ser vistos [os grupos] de forma diferente”, apontou.
A junção dos grupos é “assumir-se que o papel da mulher é na família”, algo também errado para Melody Lu. “Acho que colocarmos estes dois grupos juntos é assumir que a [Comissão] só servirá para assuntos de família”, rematou.

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27 Jan 2016

Mediação familiar | Governo quer introduzir quadro jurídico no CPC

Para convencer os casais a tratar do conflitos familiares fora dos tribunais, a DSRJDI vai avançar com um plano de mediação ainda este ano e fará uma revisão ao Código de Processo Civil

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI) afirmou que vai introduzir, através da revisão do Código do Processo Civil e do regime relativo às despesas com processos judiciais, um quadro jurídico sobre conciliação familiar. O assunto passará pela elaboração de um plano piloto, da responsabilidade do Instituto de Acção Social (IAS), que, avança, será lançado este ano.
Numa resposta a uma interpelação escrita da deputada Wong Kit Cheng, que questionava o andamento da criação de um regime completo de mediação familiar e o aconselhamento da utilização da conciliação através da atribuição de um subsídio, Chu Lam Lam, directora da DSRJDI, disse que a intenção do Governo era diminuir a pressão nos tribunais.
A responsável quer que a conciliação permita que os casais encontrem um consenso sobre a questão de divórcio, sendo que, com o acordo entre as duas partes, “será menor a acumulação de casos” nos tribunais. A directora da DSRJDI indicou ainda que, depois de encontrar consenso com o IAS, a direcção irá avançar com trabalhos de formação de mediadores e todas as situações serão acompanhadas pelo instituto. família macau pessoas
“Em Maio de 2015, três assistentes sociais e um profissional jurídico do IAS aceitaram fazer uma formação de conciliação em Hong Kong. A DSRJDI forneceu ainda formação jurídica especializada a mais de 20 funcionários da mesma instituição”, indicou.

Avançar agora

Para implementar de forma eficaz o regime de mediação familiar, a directora apontou que o IAS está a planear lançar um plano piloto ainda este ano. Acção que contará com a cooperação entre serviços públicos e instituições de serviço social.
No que toca à criação do quadro jurídico, a responsável da DSRJDI revelou que o organismo irá fazê-lo através da revisão do Código do Processo Civil e do regime de despesas de processo judicial. Chu Lam Lam explicou que a redução de despesas do processo judicial nos tribunais é um dos modelos mais directos e eficazes para que as partes entrem em acordo.
A deputada quis ainda saber se o Governo irá liderar ou apoiar as instituições de serviço social na organização de cursos de formação sobre a mediação familiar. A directora da DSRJDI afirmou que até à fase actual, o organismo não tem um plano para tal, mas tudo dependerá de situação real no futuro. “Podemos estudar um ‘modelo local’ de formação de mediadores”, apontou.

27 Jan 2016

Deputadas querem regulação para amamentação em espaços públicos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s deputadas Ella Lei e Wong Kit Cheng querem ver garantido o direito de amamentação dos recém-nascidos em espaços públicos e exigem que o Governo elabore regulamentos ou instruções para a criação de salas de amamentação. As deputadas apresentaram o pedido ao Executivo através de interpelações escritas.
“A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a amamentação é a forma ideal de alimentação para um bom crescimento dos bebés, sendo também importante para a saúde das mães”, começa por justificar Wong Kit Cheng.
Citando informações dos Serviços de Saúde (SS), a deputada da União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), lembrou que a taxa de amamentação passou dos 55% em 2003 para os 88,73% em 2014, sendo que apenas 20% das mães em Macau continua a dar de mamar para lá dos seis meses. Wong Kit Cheng considera, contudo, que a decisão das mães de amamentar ou não depende não apenas do seu estado de saúde, mas também do apoio e aceitação da sociedade.
Wong Kit Cheng referiu que não é satisfatório que existam poucos estabelecimentos com salas de amamentação. Já a deputada Ella Lei, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defendeu que a falta desses espaços em parques, restaurantes ou postos fronteiriços faz com que muitas mães tenham de amamentar os seus filhos nas casas de banho, por forma a evitarem olhares estranhos.
“O Governo referiu em Dezembro do ano passado que está a elaborar instruções para regulamentar a criação de salas de amamentação em espaços públicos, para além de estudar o limite de publicidade ao leite em pó. Quais serão as exigências para os equipamentos nessas salas?”, questionou Ella Lei.
Wong Kit Cheng frisou ainda que o Executivo já tinha referido que iria garantir a protecção da amamentação das trabalhadoras na Lei das Relações Laborais, mas aquando do processo de revisão do diploma não foi mencionada essa sugestão. Se a deputada da UGAMM defende que os Serviços de Saúde (SS) devem avançar com o projecto, Ella Lei espera que o Governo torne a criação das salas de amamentação algo obrigatório.

27 Jan 2016

Habitação pública | Ho Ion Sang quer prolongar garantia dos edifícios

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang disse ao jornal Ou Mun que o Regulamento Geral de Construção Urbana deve ser revisto por forma a prolongar o período de garantia dos edifícios de habitação pública caso haja necessidade de reparação de problemas nas partes comuns dos prédios. Para Ho Ion Sang, a revisão do diploma deve ainda clarificar as responsabilidades sobre os problemas que se venham a verificar.
“A qualidade dos projectos públicos não é boa e o Governo poderia ter mais tempo para melhorar questões de concepção dos edifícios, os concursos, a construção e a manutenção dos edifícios. Apesar de ainda não ter uma ideia sobre a criação de uma lista negra de empresas de construção, o Governo podia rever o Regulamento Geral da Construção Urbana para prolongar o período de garantia para manutenção”, apontou o deputado ao diário chinês. Neste momento o regulamento apenas prevê uma garantia de cinco anos para os problemas de estrutura e dois anos para problemas menos graves.
“O Governo já disse que a revisão do regulamento iria ser feita entre 2009 e 2010, mas até hoje não foi avançada qualquer novidade. Por isso os empreiteiros dos projectos acham que não têm responsabilidades na manutenção dos prédios”, acusou Ho Ion Sang.

Na prática

O deputado levantou a questão falando do exemplo do Edifício do Lago, na Taipa, que, apesar do pouco tempo de construção, já tem problemas nas canalizações e de queda de azulejos. “Esta não é a primeira vez que o edifício tem problemas e os moradores afirmaram que têm receio. O Governo já verificou que existem problemas e pediu aos concessionários para garantir a manutenção do prédio, mas os problemas continuam. O Governo ainda não divulgou os resultados da avaliação e as informações são limitadas”, frisou o deputado.
Ho Ion Sang falou ainda do facto de não terem sido concluídos os trabalhos de assinatura de contratos com os proprietários das fracções, existindo uma lacuna quanto ao estabelecimento de uma associação de moradores. Desta forma, os moradores não conseguem ter os seus direitos protegidos, defendeu o deputado.
“Como o Instituto da Habitação (IH) é o administrador do edifício, deve discutir com o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) e os concessionários dos edifícios por forma a clarificar a responsabilidade dos problemas para que seja dada uma resposta aos moradores”, apontou Ho Ion Sang. Recorde-se que o IH disse que a queda dos azulejos se deu por causa do “estado do tempo”, que ficou mais frio recentemente. O subdirector da Instituição de Engenheiros de Macau não acha a explicação aceitável, dizendo que o problema tem a ver com negligência nos materiais utilizados.

27 Jan 2016

Sio Tak Hong deixa cargo no Comité

Sio Tak Hong, fundador-presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau, pediu a saída do cargo de deputado à Assembleia Popular Nacional e do Comité Permanente da Conferência Consultiva do Povo Chinês, onde representava a província de Guangdong. A notícia foi dada ontem na reunião da Assembleia Popular Nacional, segundo o canal chinês da Rádio Macau, sendo que Sio Tak Hong apresentou a ideia já há três anos por “não esperar manter vários cargos ao mesmo tempo”. O empresário de Macau só foi, contudo, autorizado este ano. Sio Tak Hong continua, contudo, a ser representante de Macau na Conferência Consultiva e membro do Conselho Executivo da RAEM.

27 Jan 2016

Frio | EPM proíbe alunos de entrar na escola sem uniforme

Uma nota da direcção da Escola Portuguesa de Macau no Facebook proibia os alunos de entrarem nas instalações sem o uniforme, depois destes terem usado roupas normais na segunda-feira. Na prática a ordem não se verificou, tendo sido distribuídas peças suplentes do uniforme

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Escola Portuguesa de Macau (EPM) decidiu proibir a entrada aos alunos nas instalações da instituição de ensino que não tivessem o uniforme vestido. A informação constava numa nota publicada na página oficial do Facebook da instituição, que ditava que a ordem era para ser cumprida a partir de ontem.
“Notou-se um abuso por parte de alguns alunos relativamente à ausência de uniforme, trocando as peças do mesmo por outras bem mais ligeiras, no dia 25 de Janeiro. No dia 26, terça-feira, todos os alunos deverão vir devidamente uniformizados, sendo permitido apenas um agasalho mais forte. Quem não cumprir esta directiva irá a casa vestir-se de acordo com a mesma e só depois poderá permanecer na escola”, pode ler-se na nota assinada pela direcção.
Ao HM, o presidente da Associação de Pais da EPM, Fernando Silva, confirmou a existência de um “pequeno desentendimento entre a escola e os estudantes” e referiu que poderia abrir-se uma excepção. “Hoje [ontem] avisaram que os alunos não entravam se não levassem os uniformes por baixo de roupas mais quentes. Se me pergunta, acho que a escola tem problemas mais graves para resolver. Nestes dias [de frio], que são poucos, esta questão podia entrar no esquecimento e podiam dizer para pôr uma roupa mais quente. Abria-se uma excepção”, frisou.
Apesar de garantir que a associação não recebeu queixas de pais, a verdade é que o HM teve conhecimento da mãe de uma aluna que ponderou fazer queixa da decisão caso a entrada da sua filha não fosse aceite na EPM no dia de ontem, algo que não veio a acontecer.
Zélia Mieiro, vice-presidente da EPM, confirmou ao HM que nenhum aluno foi proibido de entrar na escola e que, afinal, foram fornecidas peças de uniforme suplentes. “A escola e a associação de pais têm peças de uniforme suplentes e os que não vinham de acordo com as regras (uniforme por debaixo de agasalhos quentes) tiveram de trocar a roupa que traziam e vestir as peças que lhes foram entregues. Depois seguiram para as aulas”, disse.

DSEJ emitiu ordem

O caso começou depois da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) ter emitido um aviso em Chinês para que as instituições de ensino mantivessem o uso dos uniformes durante a semana, apesar do mau tempo. “A DSEJ publicou um aviso só em Chinês para alertar as escolas que tivessem cuidado com as baixas temperaturas e referiam que os alunos fossem mais agasalhados, mas com roupas por cima do uniforme. Sei que ontem (segunda-feira) alunos não levaram o uniforme e isso não é aceitável. Iam com roupas normais que não tinham nada a ver com a escola”, explicou Fernando Silva. “Pessoalmente, como presidente da associação de pais, enviei o aviso traduzido, porque a direcção da escola não sabia de nada e perguntei o que iriam fazer. O que a escola impôs é que por cima do uniforme pudessem usar agasalhos ou casacos. Esta é uma questão da escola, pessoalmente acho que o aluno se for bem agasalhado e levar o uniforme por baixo não terá problemas”, acrescentou o presidente da associação de pais.

Mudanças a caminho

Na calha, indicou ainda Zélia Mieiro, estão alterações às roupas da escola. “Temos tido problemas na execução dos modelos escolhidos e temos estado a fazer algumas adaptações que terão de estar concluídas antes do Ano Novo Chinês, para conseguirmos concretizar o nosso projecto, de modo a que no ano lectivo de 2016/2017 os alunos do 1º, 5º, 7º e 10º anos possam começar o ano com uniformes novos e do agrado deles”, disse ainda ao HM.

27 Jan 2016

Canídromo | APAAM diz ter dúvidas sobre justificações para fecho

A APAAM vai organizar um Carnaval Canino no Canídromo, já que a STDM “quer contribuir para a sociedade”, e garante que não há contradição na realização do evento e o pedido de encerramento do espaço. A Associação garantiu que dois galgos vão até estar disponíveis para adopção e diz estar de pé atrás com os factos apresentados pelas associações que apelam ao encerramento

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM) diz ter dúvidas quanto à veracidade dos factos que são evocados para pedir o encerramento do Canídromo. A Associação foi questionada pelo HM sobre uma actividade de adopção que vai realizar nas instalações da Yat Yuen e sobre se a escolha do local poderia entrar em conflito com o pedido de encerramento que tem vindo a ser defendido pelas associações de animais locais. Mas a APAAM garante que o Carnaval Canino não é novo e que o local sempre foi utilizado. Da mesma forma, a vice-presidente da Associação interroga-se sobre a veracidade dos factos que servem de justificação para os pedidos de encerramento do espaço.
“Há quem diga nas redes sociais que os galgos do Canídromo são alvo de eutanásia quando não conseguem correr mais de três vezes. Mas a APAAM questionou o Canídromo sobre isso e a resposta indica que, na verdade, cada galgo tem um dono específico e não é o Canídromo que decide se o animal é ou não abatido”, começa por explicar ao HM Josephine Lau, vice-presidente da direcção da Associação.
A forma como os galgos são tratados no espaço da Yat Yuen tem sido polémica e motivou mais de 300 mil assinaturas e cartas ao Chefe do Executivo, onde é pedido o encerramento do espaço. Associações de animais locais, como é o caso da Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA, e organizações internacionais juntaram-se à causa, sendo que notícias da imprensa internacional – como a rede de televisão australiana que entrou com uma câmara oculta no local – dão a entender que os galgos não têm condições suficientes. Mas o Canídromo nunca respondeu publicamente às acusações, nem quando questionado pelos média. Também o Jockey Club tem sido alvo de pedidos de encerramento, ainda que mais ligeiros.

Factos apurados

Mas, os dois sítios são realmente “maus para os animais”, como são acusados? Josephine Lau diz ter dúvidas e necessitar de provas. “Não há provas que mostrem que essas [acusações] são correctas”, referiu ao HM, acrescentando que “existem até galgos reformados que continuam a ser cuidados pelo Canídromo, desde que os donos mostrem vontade de financiar” esses cuidados.
Para a responsável, “todos acham que o Canídromo é problemático”, mas para a APAAM isso não é bem assim. “As leis de Macau é que são [problemáticas]”, argumentou. “Há vários anos, o Canídromo contactou-nos para [ajudarmos] na adopção de galgos reformados. No entanto, os galgos têm apenas a licença de corrida e o IACM exige que haja licença de cão doméstico para serem adoptados. O Canídromo quer que encontremos treinadores de galgos para ter a licença de cão doméstico. Até ao momento, um já foi adoptado”, complementa Josephine Lau.
Quanto à questão do pedido de encerramento – algo que não vai acontecer com o Canídromo pelo menos até ao final deste ano, já que o contrato foi prorrogado – a responsável acha necessário esclarecer os factos antes de tomar uma decisão.
“Pensando no ângulo dos animais, sem dúvida, o encerramento [deve acontecer]. Se se considerar que o tratamento dado aos galgos é [de facto mau], então fecha-se a porta, mas se só for pela eutanásia não espero o encerramento, prefiro que não se permita a importação de mais galgos. Mas acho importante que, dentro de um a dois anos, se resolva esta questão, bem como se arranjem mais funcionários [para o Canídromo].”
Questionada sobre se a organização do Carnaval Canino no espaço da Yat Yuen no Fai Chi Kei poderá influenciar a visão da APAAM, a responsável diz que não. Até porque, admite, o evento acontece há sete anos no mesmo local, tendo sido o convite feito pelo Jockey Club, diz a Associação. “[Ele] contactou primeiro com a APAAM”, porque quer “contribuir para a sociedade de Macau”. Assim, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), proprietária, permite a utilização tanto deste local, como do Jockey Club.
O Carnaval Canino da APAAM vai ser realizado no dia 31 de Janeiro no Canídromo e no dia 14 de Fevereiro no Jockey Club. Haverá jogos e vendas para caridade, sendo que o próprio Canídromo, diz Josephine Lau, vai permitir aos cidadãos brincarem com dois galgos, de forma a que estes possam ser adoptados.

27 Jan 2016

Coloane | DSAT diz ser preciso melhorar espaços pedonais

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) não vai, para já, construir passeios na Estrada do Altinho de Ká-Ho, que dá acesso ao trilho de Coloane, mas assume a necessidade de mudanças. “Neste momento não é possível construir passeios na estrada devido aos constrangimentos geográficos. Além disso, tendo em conta os factores da gestão de terrenos e da renovação dos trilhos, é necessária uma pesquisa geral e um planeamento para a melhoria do ambiente pedonal”, apontou o organismo ao HM. Um leitor que habitualmente frequenta o trilho alertou o HM, através do envio de fotos, para a insegurança do local devido à ausência de passeios para quem caminha a pé, pedindo a intervenção da DSAT.

27 Jan 2016

Instituto da UM não foi investigado. Governo diz não haver indícios de violação à Lei Básica

A opinião de alguns é que a transferência de fundos para a criação do Instituto de Investigação Científica Tecnológica da UM em Zhuhai viola a Lei Básica, mas o Governo optou por não investigar o caso, porque no relatório que espoletou esta ideia não estava claramente descrita esta “interpretação”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo decidiu não avançar com qualquer investigação à Universidade de Macau (UM) e ao Instituto de Investigação Científica Tecnológica da UM em Zhuhai por considerar que não há indícios que apontem para violação à Lei Básica no relatório do Comissariado de Auditoria (CA) lançado o ano passado sobre a instituição. A criação deste Instituto “comportou graves riscos”, segundo o CA, e embora advogados tenham defendido ao HM que a transferência de fundos de Macau para a região vizinha sem autorização viola a mini-constituição da RAEM, o Executivo diz que houve uma interpretação diferente.
“A alegada violação da Lei Básica corresponde a uma interpretação que todavia não encontra qualquer reflexo no relatório do Comissariado de Auditoria”, diz ao HM o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, tutela responsável pela UM.

[quote_box_left]“A alegada violação da Lei Básica corresponde a uma interpretação que todavia não encontra qualquer reflexo no relatório do Comissariado de Auditoria”
Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura[/quote]

Perspectivas

Juristas contactados pelo HM o ano passado defendiam que existiria, de facto, essa violação da Lei Básica, uma vez que haveria mais do que uma “alínea” a indicar que a UM não respeitou nem a mini-constituição, nem o Código de Procedimento Administrativo. De acordo com a Lei Básica, a RAEM é dotada de um sistema fiscal independente, sendo que nenhuma das suas receitas pode ser entregue ao Governo Central. O mesmo é dizer que “qualquer receita colectável em Macau só pode ser utilizada em Macau”, como indicava um jurista ao HM. De acordo com o relatório do CA, contudo, o espaço foi precisamente criado com dinheiro público de Macau.
“Os recursos financeiros para a criação do Instituto de Investigação são provenientes de transferências do orçamento da RAEM para a UM”, lia-se no relatório do Comissariado, onde se revelava que, só na fase inicial, foram injectados 1,3 milhões de patacas como capital de investimento. No total, 2,4 milhões de patacas foi o valor do orçamento apresentado para cobrir despesas de funcionamento dos primeiros três anos.
Além disto, o que poderia ser uma excepção para a utilização destes fundos de Macau na China, não o foi, porque a UM não terá pedido autorização às autoridades da RAEM ou de Pequim para a criação do Instituto. Algo que, de acordo com os profissionais ouvidos pelo HM no ano passado, teria de ser feito, como aliás foi para a Ilha da Montanha.
A decisão sobre os limites físicos do espaço onde a RAEM tem jurisdição na Ilha da Montanha – e onde foi investido dinheiro público, nomeadamente com o campus da UM – teve de ser publicado em Boletim Oficial “como anexo à Lei Básica” e o despacho, publicado em 2012, concedia precisamente o espaço do túnel e do campus da UM a Macau, mas só depois de uma decisão do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, que “delegou” estes poderes à RAEM. A criação do Instituto em Zhuhai, contudo, foi apenas deliberada pelo Conselho da UM, como indicava a análise do CA. “O Conselho da Universidade deliberou em 24/8/2011 [que] a UM é autorizada a estabelecer em Zhuhai uma base de investigação científica, sob a forma de companhia limitada e com capital exclusivo da UM”.
Ainda que, devido a problemas na obtenção de fundos da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, o Instituto de Investigação tivesse de mudar a forma jurídica sob a qual foi criado, tendo passado a ser uma entidade privada não empresarial (pessoa colectiva) e, segundo o que garante a UM, “financiado por docentes da UM”, houve capitais da UM que foram usados para a criação do Instituto, o que, para os juristas contactados pelo HM em 2015, não deixava dúvidas: “A UM não pode constituir um instituto público – tipo ‘sucursal’ – em Zhuhai nem sem a autorização do Governo da RAEM, nem sem a autorização do Governo Popular Central. Nem pode investir dinheiros públicos da RAEM atribuídos à UM em Zhuhai. [Isso] viola a Lei Básica, logo é ilegal.”

Interpretações

Agora, e depois de diversas tentativas para perceber se haveria, de facto, necessidade de investigação, o Gabinete de Alexis Tam responde ao HM, frisando que não houve essa interpretação do relatório do CA. O HM tentou perceber junto do Ministério Público e do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) se estão a levar a cabo qualquer investigação, como órgãos independentes, mas não foi possível receber resposta.
O Instituto foi criticado pelo CA por não ser possível à Universidade controlar os gastos ou ter qualquer poder hierárquico sobre ele, entre outros factores. A UM ponderou encerrá-lo, mas Alexis Tam referiu ao Jornal Tribuna de Macau, a semana passada, que a decisão será tida até Junho, não tendo adiantado pormenores sobre qual será.

Universidade vai ter nova Fundação

Respondendo ao HM, o Gabinete de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, frisa ainda que está a ser criada uma nova fundação para a Universidade de Macau, denominada “por Fundação da Universidade de Macau”. Esta virá substituir a Fundação para o Desenvolvimento da UM (FDUM), criticada pelo Comissariado de Auditoria (CA) por não ter qualquer controlo sobre a gestão e os gastos da Fundação, que recebe doações. A FDUM foi criada de forma independente da UM, que é sua beneficiária, e não há qualquer relação jurídica entre ambas.
Com a nova fundação, diz o Gabinete de Tam, será permitida a “supervisão pela UM”, sendo que os membros do órgão serão nomeados pela universidade. De acordo com o Governo, “todo o património da FDUM será transferido para a nova Fundação, na medida em que a actual Fundação será extinta” – até Fevereiro do ano passado mais de 800 milhões de patacas pertenciam a este organismo.
O HM quis saber ainda se o Governo poderá ter mais poder de fiscalização sobre a Universidade, mas o Gabinete do Secretário respondeu apenas que os poderes do Governo são aqueles actualmente “elencados na lei que estabelece o regime jurídico da UM”, criado em 2006. Segundo o Jornal Tribuna de Macau, que avançou com a notícia na semana passada, a questão do alojamento dos professores – criticada por existirem docentes que recebiam casas mesmo tendo a sua própria no território – está a ser revista, sendo que estará concluída no “segundo semestre”.

27 Jan 2016

Pacha procura Djs para tocar em festa de Madonna

Para assinalar a vinda de Madonna a Macau, o Pacha está a seleccionar DJs para a festa pós-concerto. Se se sente à altura, basta enviar para o Pacha uma breve descrição onde explica porque deve ser o novo “Rebel Heart DJ” junto com uma demo com as suas melhores misturas (via Soundcloud, ou algo parecido). Um painel de juízes irá seleccionar os melhores, sendo que serão escolhidos dois finalistas. O vencedor entrará no cartaz da “Rebel Heart Tour After Party” a acontecer no Pacha, sábado dia 20 de Fevereiro. O texto de apresentação e a demo devem ser enviados para charlesherbert@sc-macau.com ou pacha@sc-macau.com até às 23h59 do dia 6 de Fevereiro.



27 Jan 2016

Biscoitos da caridade

Numa acção de angariação de fundos para caridade, o Centro de Design de Macau (CDM) propôs à chefe pasteleira local Betty, formada pela Le Cordon Bleu, que produzisse uns biscoitos especiais e à Shidu Art que produzisse umas caixinhas à altura. O resultado são umas colecções de prendas de Ano Novo sob o tema “bênção” e que incluem um sortido de três tipos de sabores de biscoitos de manteiga. Os lucros serão entregues à Orbis para que, conforme adianta a organização, aquela ONG os aplique nas suas acções de apoio em curso nos vários países em desenvolvimento onde actua. As caixas custam 168 patacas cada uma e podem ser adquiridas directamente no CDM, Travessa da Fábrica, nº5, ou via email para info@dcmacau.com.

27 Jan 2016

Muralhas da cidade vandalizadas

O troço das antigas muralhas da cidade foi vandalizado com graffiti, levando à destruição da estrutura em “chunambo”, um material utilizado em Macau feito de argila, areia, terra, palha de arroz, pedras e conchas, e “à imagem geral do monumento”. Num comunicado à imprensa, o Instituto Cultural diz que encaminhou o caso para as muralha_ICautoridades policiais, uma vez que é uma violação da lei a execução de “inscrições ou de pinturas no património cultural imóvel”. Durante o ano passado, o IC reforçou os “trabalhos da promoção e fiscalização, realizando cerca de 400 inspecções”.

27 Jan 2016

Ciclo de palestras na Cinemateca Paixão

Saber criticar é preciso mas entender o crítico também. Joyce Yang, crítica de cinema, e membro da associação de críticos de Hong Kong, vem a Macau no final do mês propor uma reflexão sobre o papel dos críticos no processo cinematográfico. A palestra, intitulada “Cinema X Crítica X Público: As Relações Triangulares de um Filme” será a primeira de uma nova série organizada pela Cinemateca Paixão, que ainda funciona em regime experimental. Para as próximas sessões são de esperar temas como planeamento e coordenação de festivais de cinema, marketing de cinema, montagem, efeitos sonoros para cinema, arte cinematográfica, figurinos de cinema ou realização. No que toca a Joyce Yang, estará connosco no próximo dia 30 de Janeiro (sábado), das 15h00 às 17h00 horas. A entrada é livre mas os lugares são limitados, pelo que têm de ser reservados até ao meio dia de sexta-feira através de um e-mail para info.dpicc@icm.gov.mo.

27 Jan 2016

Sir James Galway sobe ao palco do CCM esta sexta-feira

Dois ícones da música mundial – James e Jeanne Galway – estão em Macau. Na sexta-feira o casal de mestres fã do Rigoletto vai estar no Centro Cultural de Macau, mas não sem antes falar da vida e da música que o fez cá chegar

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]James Galway é sinónimo de flauta. “Um som único, inesquecível, que, por mais anos que oiça, nunca conseguirei imitar”, confessa Jeanne Galway, a esposa do artista há 32 anos e, também ela, considerada uma das melhores flautistas mundiais. Os dois conheceram-se em 1978 em Nova Iorque era Jeanne uma estudante finalista. Um dia, o mestre que todos ouviam na rádio vinha visitá-los. Foi o delírio.
“Trouxe aquela energia forte dele que a nossa classe tanto precisava. Lembro-me como se fosse ontem: entrou, abriu a mala e tirou de lá uma série de flautas douradas que distribuiu pelos mais de cem alunos. Depois tocou e nós maravilhámo-nos.”
Quisemos saber o que de tão especial tem o som de Galway, mas Jeanne ficou sem palavras apesar da sua expressão de profundo encanto quase as dispensasse. James Galway veio em seu socorro: “Eu explico”, disse, “é assim”, continua, “muita gente limita-se a soprar para a flauta mas este instrumento requer muito mais do que isso”. Para ilustrar a sua ideia, dá o exemplo dos Beatles, começando a trautear os primeiros versos de “With a Little Help From My Friends”. “Se eu cantasse fora de tom, será que te levantavas e te ias embora?”.
“O segredo é esse”, diz, “desafinar”, garante. “Algo apenas a acessível a executantes como Pavarotti, Callas… Foi isso que fez deles o que são.”

Não há tv, há flauta

Tudo começou para James por falta de melhor para fazer. Só havia rádio e a televisão ainda não tinha chegado a Belfast, pelo que as pessoas criavam o próprio divertimento.
“Na minha rua havia um tocador de trompete, dois que tocavam clarinete, um tocador de banjo, gaita de foles, eu, com a flauta, e mais uma série de gente que cantava. Havia até um que a gente chamava de Bing Crosby (risos). E assim passávamos o tempo.” Tinha menos de nove anos. Aos 11 já começava a levar o assunto a sério e aos 13 tocava em pequenas orquestras de escolas. Teve sempre professores mas foi o seu tio Joe – que “tinha paciência para o aturar” – que o ajudou a dar os primeiros passos. Já o tio tinha aprendido com o avô de Galway. Assunto de família, portanto.

“Karajan? Éramos os dois bons”

Mais tarde, aos 21 era solista na ópera de Londres onde ficou seis anos, “até não aguentar mais”, como confessa, seguindo-se a Sinfónica da BBC, a de Londres e a Royal Philarmonic, onde esteve já como solista, chegando depois a Berlim ainda antes de completar 30 anos, altura que enfrenta o lendário Herbert Von Karajan. Quisemos saber como foi e a resposta não tardou: “Éramos os dois bons no que fazíamos por isso não houve problema. Assim consegui o emprego.” E o maestro gostou tanto do trabalho dele que até criou programas especiais para destacar a flauta.

“Vamos já a correr”

James Calway tem feito parcerias com os mais variados músicos, como Elton John, Stevie Wonder ou BB King. “Só depois de estar em palco com eles percebi a diferença entre mim e estas grandes estrelas”, diz James . Mas tocar com Ray Charles foi memorável: “Que concerto! Impressionante, impressionante com letras grandes, garanto. Quando ele começou a tocar os primeiros acordes de Geórgia… Meu Deus”, diz entusiasmado.
Além destes casos, Galway adora colaborar com outros artistas, mas o critério de escolha é bastante importante, como diz Jeanne. “Depois de tocar com mestres como Karajan, o nível dele é muito alto”, pelo que se torna necessário um conhecimento prévio antes de se partir às cegas numa tournée.
Galway dá o exemplo do músico que os acompanha nesta deslocação a Macau, Phillipe Moll, que é alguém com quem já toca há muitos anos. “Mas, claro”, diz Jeanne “se o Roger Waters e os Pink Floyd nos ligarem para ir gravar, aí vamos a correr e depois esperamos que corra tudo bem”, brinca.
Trabalhar com este tipo de artistas é “uma experiência incrível”, garante Galway, “é impressionante como eles têm um grupo tão organizado, onde tudo bate certo. Bandas como os Pink Floyd, Supertramp, os Beatles, ou outras do género têm níveis de execução e de harmonia de conjunto ao nível dos melhores quartetos de cordas de música clássica do mundo”, assegura o mestre flautista.

Nunca é tarde para começar

A paixão que o casal nutre pelo ensino é uma das suas características salientes, que se materializa na sua escola virtual online (firstflute.com) onde ensina estudantes de todo o mundo. “Um projecto que surgiu por não existir uma escola tradicional de flauta com violino ou piano”, diz Jeanne, e que foi idealizada como um complemento às aulas que os alunos têm com o seu próprio tutor.
Não é todos os dias que se pode ter um acesso destes a um mestre, a grande particularidade deste projecto, mas os dois também fazem mentoria com vários dos seus alunos. “Às vezes tenho umas 20 mensagens para responder no Facebook”, confessa Jeanne.
Um curso que começa “mesmo do princípio”, diz James, “desde [aprender] como tirar a flauta do estojo sem a danificar.” E não há falta de interessados: “a flauta é como uma doença”, garante. “Há imensos miúdos loucos por tocarem flauta.”
Há também não tão miúdos, como uma aluna que começou a estudar flauta aos 70 anos. De resto, o legado de James Galway parece bem entregue aos seus ex-alunos na filarmónica de Los Angeles ou na orquestra sinfónica da BBC. “Estão por todo o lado e a gravarem”, afiança-nos.

O mito do apito

Diz-se que começou por tocar um apito ainda criança, mas Galway desmente por completo e conta o que de facto aconteceu: já estava na Filarmónica de Berlim quando se juntou com uns amigos e alugaram o Queen Elizabeth Hall para assim ficarem com o dinheiro todo dos bilhetes. “Ganhámos imenso dinheiro”, lembra-se divertido.
Correu tudo pelo melhor: casa cheia, público em delírio, imensos encores, mas às tantas o tocador de cravo decidiu não tocar mais, “que nem músico clássico”, acrescenta Galway ironizando. Assim, para contentar o público, resolveu tocar umas coisas num apito – assim nasceu o mito.

Música? Beethoven sempre

Jeanne prefere os compositores românticos italianos, mas James vira-se mais para Wagner e, acima de tudo, Beethoven, “Ele é o meu gajo! Oiço muito Beethoven.”
Também ouve outras coisas, claro, mesmo que a flauta pareça estar sempre presente, pois recomendou-nos vivamente o último álbum do flautista canadiano de jazz Bill McBirnie, que faz “um trabalho impressionante”, diz Galway, “do melhor que pode haver”.
Antes de nos despedirmos, Jeanne desafiou-nos a assistir ao concerto para percebermos o tal som inconfundível de que fala e depois irmos explicar a sensação ao camarim. Dá para recusar? A noite de sexta feira está reservada para assistir às composições de Philippe Gaubert, Cécile Chaminade ou do mestre do Barroco Marin Marais, entre outras lendas da música, tocadas pelos que serão os melhores flautistas do mundo. O concerto acontece às 20h00 de dia 29, sendo que os bilhetes custam entre as 150 e as 300 patacas.

27 Jan 2016