“Churros”, café | Palmira Pena, sócia-gerente

Nasceu por brincadeira e veio tornar Macau muito mais doce. De caramelo, chocolate ou até simples, os churros de Palmira Pena não passam indiferentes a ninguém. Para os mais gulosos há ainda farturas e bolas de Berlim. A gerência garante qualidade e o sabor a casa

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m negócio que surgiu pela saudade. Assim começa por explicar Palmira Pena, uma jovem empreendedora, muito apaixonada por cozinha, que decidiu transportar da Europa um doce muito típico de alguns países: os churros e as farturas. “Uma vez estava em casa e apeteceu-me muito comer uma fartura. Bateu aquela saudade de comer farturas. Comecei a pensar – e como gosto tanto de cozinhar – decidi fazer eu mesma farturas para saber se conseguia”, relembra a sócia gerente do novo espaço “Churros”, na Taipa.
Na impossibilidade de fazer em pouca quantidade, Palmira Pena acabou por decidir partilhar o que acabara de fazer com os amigos. “Decidi oferecer aos meus amigos e familiares e a reacção foi muito boa, mesmo sem saber o que era”, conta.
A curiosidade despertou logo ali. “Começaram a perguntar se era uma espécie de fartura chinesa – que nós costumamos pôr na canja – e eu expliquei que não, que era uma fartura tipicamente portuguesa”, aponta. Este foi início que colmatou na abertura do novo espaço. churros
“Os meus amigos começaram a pedir se lhes podia fazer umas farturas”, diz. O interesse foi tanto, e o feedback tão positivo, que Palmira Pena começou a questionar a viabilidade de um negócio. “Porque razão não podia eu abrir uma casa de farturas? O que é que me impedia? Nada”, partilha.
Garantindo que seria um negócio único, esta era a altura ideal para avançar com o projecto. “Quando é que nos passaria pela cabeça poder ter um sítio em Macau onde se pudesse comer uma boa fartura acompanhada por um óptimo café?”, brincou. A verdade é que o “Churros” não tem só farturas, mas aposta também no seu melhor acompanhante: o café. “Mas é café português, tudo o que estou a fazer é com produtos portugueses”, garante.

Espaço para todos

A primeira questão surgiu no imediato. “Não fazia sentido abrir um espaço só com venda de farturas e café”, admitiu, dizendo que, por isso, foi necessário aumentar os tipos de negócio que lidera. Os churros surgiram logo por associação, muito também “por causa das crianças”. E o ano começou com a inauguração do espaço, na Vila da Taipa, entre as ruas “mais sossegadas de Macau”.
Apesar do horário de encerramento ser às 20h30, o que tem acontecido é a equipa de trabalho ter de fechar mais cedo. “Às vezes às 18h00 ou 19h00 temos de fechar porque já vendemos tudo, porque estamos cansadíssimos, porque já não dá mais”, aponta, mostrando-se muito satisfeita com o feedback.
Com apenas duas mesas no espaço interior e uma com funções de esplanada, o “Churros” funciona maioritariamente em serviço de take-away. Com uma montra que não deixa ninguém indiferente com deliciosas gulosices, o pequeno espaço mostra a sua cozinha em aberto, podendo os clientes ver todo o processo.
As visitas de turistas são imensas, assegura Palmira Pena. “Recebemos muitos turistas de Hong Kong que têm vindo aqui, muito mesmos, e os portugueses também”, frisou, admitindo que é esta comunidade – a lusa – que o negócio pretende atrair. “Sim, quero que os portugueses provem e sintam o sabor a casa”, brincou.
As farturas são, inegavelmente, o ex-líbris da casa. “Tenho recebido muitos comentários positivos, as pessoas que provam dizem que adoram”, diz, mostrando-se orgulhosa. Com os churros o processo é diferente. “Os churros depende sempre se a pessoa quer mais ou menos doce, não é como a fartura que não leva recheio”, esclareceu.
Contrariando a ideia de que a cultura chinesa não gosta do excesso de doce, Palmira Pena garante que não mudou a receita e que ainda assim a comunidade chinesa tem-se mostrado muito satisfeita. “Acho que essa ideia não se confirma quando estamos a falar de farturas”, brincou. “Temos também outros produtos portugueses, como rissóis, bolos de bacalhau e bolas de Berlim, estas em tamanho mais pequeno porque este bolo é de facto muito doce”, apontou.

Tudo caseiro

As receitas são todas caseiras. “Não alterei a receita original das farturas, mas o recheio de chocolate e caramelo são receitas minhas. Quando estamos a vender explicamos à pessoa se é mais ou menos doce, como fica a combinação, que é para a pessoa poder escolher o que quer”, partilha. O caramelo é o recheio que tem liderado o top de preferências dos clientes. “Sim, é de facto o mais popular”.
O segredo? Esse está “na massa”. “É a forma como nós fazemos a massa, esse é o grande segredo”, revela. Palmira Pena olha agora para as paredes à sua volta. Está orgulhosa daquilo que conseguiu e da equipa que tem. “Foi difícil arranjar um espaço, apesar de eu ter o beneficio de ser um negócio take-away, portanto foi mais fácil”, partilhou.
Desengane-se quem ache que os churros são só espanhóis. “Não, a minha receita é completamente portuguesa. Isto não é espanhol”, brinca, partilhando a visita de uns espanhóis que preferiram os churros de Palmira do que os do seu país. Para já ainda não existe serviço de entrega ao domicilio, mas é um objectivo para o futuro. “Isso e um novo espaço mas no lado de Macau. Mas um passo de cada vez”, termina.
O espaço fica na vila da Taipa, na Rua dos Clérigos.

27 Jan 2016

Mais uma idosa morre por “hipotermia grave”

Mais uma paciente morreu na sequência de hipotermia, informaram ontem os Serviços de Saúde (SS). A mulher, de 65 anos, sofria de cirrose e insuficiência renal, sendo que deu entrada no Hospital Conde de São Januário por causa das baixas temperaturas que se fizeram sentir. É a segunda morte esta semana decorrente de hipotermia, depois de uma idosa de 88 anos ter também sucumbido. A senhora que ontem faleceu morava sozinha, dizem os SS, mas foi transportada pelos familiares ao hospital público, ainda que já em estado de “hipotermia grave”. Os médicos ainda tentaram a reanimação, mas sem sucesso. Até ontem, outras sete pessoas deram entrada nos dois hospitais de Macau com hipotermia.

27 Jan 2016

USJ acolhe palestra sobre poluição fluvial

A Universidade de São José vai acolher uma palestra do Prof. Wen-Xiong, docente de Ciências da Vida na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong. Em análise vai estar a poluição fluvial com metais, um problema emergente em muitos estuários na China devido ao processo acelerado de industrialização. Nesta palestra, o reconhecido académico vai reflectir e apresentar dados sobre poluição de metais nos estuários do Sul da China e o seu impacto nos organismos locais. O professor Wang é um investigador de renome em Bioquímica e toxicidade de metais nos organismos aquáticos. Recebeu, em 2002, o prémio para Cientistas Jovens Distintos no Exterior entregue pela Fundação Nacional de Ciência da China entre várias outras distinções nacionais e internacionais. A palestra decorrerá no próximo dia 29, sexta-feira, pelas 19h00 e tem entrada livre.

27 Jan 2016

Segurança | Crimes ligados aos casinos voltam a aumentar

Os crimes de agiotagem e sequestro relacionados com o Jogo voltaram a aumentar em 2015, bem como o número de residentes da China envolvidos em delitos no território

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos continuam a ocupar um lugar negativo ao nível da segurança. Dados apresentados ontem pela Polícia Judiciária (PJ) relativos a 2015 mostram que aumentaram o número de crimes de agiotagem e sequestro ligados aos casinos, um acréscimo que tem vindo a verificar-se desde 2013. Enquanto isso, há cada vez mais residentes da China envolvidos em crimes praticados no território, a maior parte deles também ligados ao sector do Jogo.
A PJ estima que o aumento dos casos relacionados com o Jogo foi de 38%, especificamente “todos os crimes ocorridos dentro dos casinos”. “Registou-se uma subida notável dos casos de sequestro resultante de agiotagem para o Jogo”, apontaram ontem os responsáveis. O ano passado ocorreram 366 casos, face aos 65 detectados em 2014. No total, os crimes de Jogo passaram de 3023 em 2014 para 3658 no ano passado.
Apesar disso, as autoridades garantem que fora dos casinos a segurança da população mantém-se. “A maior parte destes casos foi resolvida por iniciativa da PJ e muitos deles aconteceram dentro dos casinos, o que demonstra que este tipo de crime não afectou a segurança fora dos casinos”, apontou Chau Wai Kuong, director da PJ. polícia judiciária PJ
No ano passado um total de 1737 pessoas envolvidas em crimes de Jogo foram apresentadas ao Ministério Público (MP), sendo que 966 destes casos estão ligados à agiotagem.

Mais estrangeiros

A par deste aumento, a PJ verificou ainda um aumento do número de estrangeiros a praticar crimes em Macau. Os números mostram que estas pessoas vêm sobretudo da China continental: em 2014, foram 4621 os residentes do continente envolvidos em crimes. O ano passado este número subiu para 5560. Mais 26,6% destes suspeitos foram apresentados ao MP, enquanto que foi registado um aumento de 28,2% no número de pessoas vindas do continente que foram mesmo detidas.
“A maior parte é residente da China e está envolvido em crimes de Jogo e de burla por via de estações emissoras simultâneas. Precisamos da cooperação com as autoridades da China para resolvermos estes casos com a maior brevidade”, disse Chau Wai Kuong.
O director da PJ garantiu que as burlas de incitamento ao jogo online, prática ilegal em Macau, continuam a ocorrer com frequência. “Este tipo de crimes acontece com frequência junto aos postos transfronteiriços e as estações emissoras simultâneas estão localizadas em edifícios altos. As pessoas aproveitam as trocas de rede para emitirem mensagens de telemóvel sobre o jogo online. Há casos de residentes da China que transportam estes equipamentos nas mochilas. Isto afecta a imagem de Macau”, rematou Chau Wai Kuong.

PJ quer recrutar mais agentes para Investigação

O director da PJ, Chau Wai Kuong, admitiu ontem que são necessários mais agentes na área da investigação não só para responder ao aumento dos crimes de Jogo mas também do número de visitantes. Dos actuais 700 agentes, a PJ pretende atingir a fasquia dos 900, sendo que este ano deverão ser abertos dois concursos públicos de recrutamento.
“A PJ como órgão de execução da lei notou as mudanças no sector do Jogo. Houve um aumento do número de casos e aumentámos o número de pessoal nos trabalhos de fiscalização e reforçámos os trabalhos de investigação. Iremos destacar mais pessoal para o posto transfronteiriço Flor de Lótus para reforçar as nossas acções no Cotai. Temos uma relação íntima com os seguranças dos casinos que nos informam imediatamente dos casos. Neste momento temos 700 investigadores mas queremos chegar aos 900”, disse o director da PJ.
A falta de recursos humanos continua a ser uma realidade. “Em relação aos crimes nos casinos vamos aumentar mais pessoal na área da investigação para combater estes crimes. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) já disse que este ano teremos pouco mais do que 30 milhões de turistas e muitos deles vêm da China continental. Claro que não teremos pessoal suficiente para tantos visitantes e precisamos de recrutar mais agentes que trabalhem durante 24 horas”, rematou Chau Wai Kuong.

Pedida revisão da lei informática

O director da PJ, Chau Wai Kuong, voltou a referir que é necessária uma revisão à Lei de Combate à Criminalidade Informática, implementada em 2009. Tudo devido à ocorrência frequente de burlas na área do jogo online praticadas por residentes da China.
“Estamos em contacto com a polícia de Zhuhai para saber se há mais equipamentos disponíveis que podem ajudar nessa matéria. Estamos a pensar fazer uma revisão da lei da segurança informática para ver se podemos fazer algo sobre isto. As pessoas que cometem este crime talvez não sejam residentes de Macau e podem pertencer a associações criminosas. Estamos a propor aos nossos superiores para darem mais opiniões nessa área, para que haja algum efeito. Nos casos graves queremos que as penas sejam mais graves”, disse Chau Wai Kuong aos jornalistas à margem do encontro anual com a imprensa.
Não foi avançado um possível calendário para a revisão da lei. A.S.S.

Consumo e tráfico de estupefacientes diminuiu

Apesar de estar em marcha um aumento das penas ao nível do consumo de droga, a verdade é que o ano de 2015 registou uma quebra tanto ao nível do consumo como do tráfico. Os dados apresentados ontem pela PJ revelam que o houve apenas 85 casos de tráfico em 2015, uma queda de 17,5% face a 2014. A PJ destacou um caso resolvido em Dezembro, com a apreensão de 9,3 quilos de cocaína no valor de 25 milhões de patacas, bem como quatro outros casos detectados no Aeroporto Internacional de Macau.
Apesar disso, o tráfico oriundo de Hong Kong tem sido uma realidade cada vez mais visível. “É de salientar que os crimes de tráfico de droga que envolvem residentes de Hong Kong têm vindo a aumentar em 2015, por isso a PJ irá estreitar os contactos com a polícia de Hong Kong”, apontou Chau Wai Kuong, director. A cocaína, heroína e metanfetamina foram as drogas mais apreendidas.
Quanto ao consumo, registaram-se 50 casos em 2015, face aos 114 casos de 2014. Ainda assim, a PJ admitiu que “os crimes ligados a estupefacientes são praticados de forma muito encoberta, por isso a PJ irá continuar a deslocar-se no seio da comunidade e a efectuar acções de prevenção criminal. Ao mesmo tempo será melhorada a preparação do trabalho de investigação criminal e os equipamentos que ajudam na detecção de droga”.

Mais investigações e mais suspeitos no MP

O ano de 2015 trouxe à PJ mais 5,3% de processos para investigação, num total de 110.305 casos. Enquanto isso, foram encaminhadas para o Ministério Público (MP) 343 casos, mais 30,7% face ao ano de 2014. Tendo o ano fechado com apenas um homicídio, verificou-se uma estabilidade no número de crimes informáticos, que continuaram a ser de 600. Já as burlas diminuíram 13,8%.

27 Jan 2016

Presidenciais | Abstenção mancha eleições que levam Marcelo a Belém

Metade do povo votou e escolheu o professor Marcelo Rebelo de Sousa para representar o país nos próximos cinco anos. A abstenção continua a ser a personagem principal nas eleições portuguesas e “é “urgente mudar” esta tendência

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]povo decidiu e não foi necessária uma segunda volta: Marcelo Rebelo de Sousa é o novo Presidente da República portuguesa, apesar de só tomar posse em Março próximo. Foram mais de dois milhões os portugueses que votaram – tanto no país como nos círculos fora dele – no professor de Direito e ex-comentador político.
Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em todos os distritos de Portugal e recolheu 52% dos votos, deixando o candidato independente Sampaio da Nóvoa em segundo lugar, com 22,9%. Logo depois, a representante do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, conseguiu 10,13% dos votos e, na quarta posição, a Socialista, também com candidatura independente, Maria de Belém, com 4,24%.
“Nunca esperei que fosse [uma vitória] tão expressiva perante os outros candidatos. Dois milhões e quatrocentas mil pessoas a votar no professor Marcelo é uma indicação clara do que ele fazia na opinião maioritária, junto dos eleitores. É também um sinal positivo da percentagem que obteve em Macau (49%), o que é a confirmação de que os eleitores de Macau votam sobretudo no centro de Direita e seguem uma tradição de votação aqui [no território]”, indicou Arnaldo Gonçalves, académico, comentador e militante do Partido Social Democrata (PSD) no território.
Já para Tiago Pereira, líder do Partido Socialista (PS) em Macau, Marcelo Rebelo de Sousa exercerá o cargo “com a dignidade e sabedoria que o mesmo exige”. “É uma pessoa com cultura democrática, de diálogo. Estou confiante que será um digno Presidente de República”, afirmou ao HM.
João Pedro Góis, apoiante de Sampaio da Nóvoa na RAEM, lamentou os resultados, que não deram hipótese da segunda volta. “Temos que aceitar”, referiu, frisando o trabalho “notável” que o candidato independente realizou durante a sua campanha. Os mais de um milhão de votos são sinal de “maturidade democrática”, um sinónimo “muito positivo da força que pode ter a cidadania e o empenhamento cívico”.

Medidas urgentes

Uma vez mais, contudo, a abstenção foi a personagem principal. Quase cinco milhões de pessoas não votaram, só em Portugal, o que dá 51,16%. Em Macau o número sobe para 96,71% de abstenção, sendo que apenas 526, dos 15.977 eleitores, votaram.
Para Arnaldo Gonçalves, os resultados reflectem “a evolução gradual” da abstenção que tem existido na democracia portuguesa. “Não é só destas eleições presidenciais, mas também nas legislativas. As pessoas sentem-se pouco motivadas para ir votar, isso acontece quando escolhem o partido que as vai governar, ou o Presidente da República”, apontou o académico.
Esta tendência, que diz ser geral no espaço europeu, deve-se ao “desinteresse” e ao complicado “sistema administrativo e burocrático em termos de exercício de voto”. “Não se percebe muito bem porque é que não evoluímos para o sistema americano em que é possível o voto electrónico. E há maneira de fazer isso com viabilidade, não se percebe porque é que não se consegue fazer. Seria muito mais fácil”, argumentou.
Na opinião de Tiago Pereira uma coisa é certa e urgente: é preciso combater a abstenção. “É preciso fomentar uma maior participação das pessoas, não só nas eleições mas também na vida política. É preciso reverter isto”, apontou.
Em concordância com Arnaldo Gonçalves, o representante Socialista não tem dúvidas que o sistema de voto electrónico seria uma boa solução. “Esse será claramente um passo importante. Em Macau não é tão relevante porque no que concerne às eleições presidenciais o voto pode ser feito presencialmente, mas em vários outros sítios é extremamente difícil as pessoas deslocarem-se aos postos consulares ou embaixadas para exercerem o seu direito. Nestes casos é óbvio que o voto electrónico contribuirá para diminuir a abstenção”, refere.
O “valor altíssimo” da abstenção é um “combate que deve ser comum a todas as forças políticas”, diz Tiago Pereira, que reforça que “tem de se combater a abstenção”.
A distância larga que existia na campanha de Marcelo Rebelo de Sousa para com outros candidatos pode ter sido um motivo que levou muitas pessoas a não votarem, conforme argumenta Miguel Bailote, coordenador da secção do PSD em Macau.
“As eleições presidenciais têm menos apelo do que as [eleições] legislativas. Isto é uma coisa que tem sido um crescendo na democracia portuguesa, acho que as pessoas estão cada vez mais desligadas da política e os políticos não têm conseguido motivar as pessoas”.
Ainda assim, ao contrário dos restantes militantes, Miguel Bailote não acredita que o voto electrónico melhorasse o cenário votante actual. “Acho que o voto electrónico é uma coisa que tem de ser muito bem pensada e tem de ter uma garantia muito elevada”, registou.
Benefícios fiscais é uma das propostas que poderia apelar ao voto, sendo defendida por João Pedro Góis. “Provavelmente como isto já teria algum peso na vida das pessoas, as pessoas já se motivariam mais a votar”, defendeu. O voto electrónico seria uma “solução magnífica” para o país, correspondendo ao nível tecnológico que se vive actualmente.

Voltas e mais voltas

Uma segunda volta foi muito desejada por João Pedro Góis, mas a maioria absoluta atingida por Marcelo Rebelo de Sousa não o permitiu. “Em vantagem”, com “anos de campanha eleitoral na televisão”, o professor amoleceu o coração dos portugueses, apontou ao HM. A contrariar está Arnaldo Gonçalves, que afirma que “se houvesse mais votantes, a distribuição dos votos seria exactamente a mesma”.
“A distância do primeiro ao segundo lugar indica isso mesmo”, defendeu. Tiago Pereira acha difícil prever o que poderia acontecer, mas para Miguel Bailote os resultados seriam claros. “Os resultados são o espelho da vontade do país. Acho que a abstenção não influenciou o não ir a uma segunda volta. Se não houve segunda volta é porque os candidatos da Esquerda, designadamente do PS, eram fracos”, rematou.

Macau elege Marcelo Rebelo de Sousa com 97% de abstenção

Ainda são resultados provisórios, mas mostram que os votantes de Macau pouco se mexeram para exercer o seu direito. Às mesas do Consulado Geral de Portugal em Macau deslocaram-se 526 votantes, ou seja, 3,29% dos 15.977 eleitores inscritos. Feitas as contas, sem contar com os resultados relativos aos eleitores de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio, Marcelo Rebelo de Sousa recolheu 187 votos, seguindo-se Sampaio da Nóvoa com 101, Marisa Matias com 28 votos e Maria de Belém com 20.
O candidato Paulo Morais não conseguiu ultrapassar as duas dezenas de votos e Henrique Neto, Jorge Sequeira, Vitorino Silva não passaram a barreira dos cinco votos e Cândido Ferreira não reuniu qualquer voto. Registaram-se 12 votos brancos e dois nulos.
Vítor Sereno, Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, indicou, ao HM, estarem garantidas as condições necessárias para que a afluência fosse mais intensa por parte da massa eleitoral. “Tínhamos as condições logísticas preparadas para uma maior afluência, mas acho que a condições climatéricas não ajudaram”, apontou. Para o representante oficial português, o desinteresse por parte do eleitorado deverá ser uma hipótese afastada. “Pelo menos não quero pensar que [a abstenção] é desinteresse pelas eleições presidenciais”, referiu. Apesar das percentagens, Vítor Sereno garante a “sensação de dever cumprido”.
Recorde-se que a massa eleitora de Macau é composta por eleitores chineses com passaporte português, sendo clara a não ligação com a vida política portuguesa.

26 Jan 2016

Invalidez | Chan Hong questiona conceito do subsídio provisório

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Chan Hong quer saber se o subsídio provisório de invalidez, atribuído pelo Instituto de Acção Social (IAS), ganhará estatuto de sistema de segurança social ou de política de regalias. Implementando em Julho de 2014, o subsídio provisório de invalidez é atribuído a residentes permanentes de Macau que tenham contribuído para o Fundo de Segurança Social (FSS) pelo menos 36 meses e que perderam a capacidade de trabalho, temporária ou permanentemente. O subsídio, contudo, é provisório e os deputados têm vindo a pedir que se torne efectivo.
Numa interpelação escrita, Chan Hong frisou que uma parte dos portadores de deficiência não tem capacidade de trabalho, nem contribui suficientemente para o FSS, características que não lhes permite candidatarem-se ao subsídio em causa.
“Até fim de 2014, entre dez mil portadores de cartão de deficiência, 1100 ainda não se registaram no FSS e 950 portadores ainda não contribuíram para o FSS pelo menos durante 36 meses”, apontou. 
O período da implementação do subsídio provisório de invalidez já foi prolongado até final deste ano, mas a medida tem sido prorrogada sempre que o Governo decide, não sendo efectiva. Chan Hong lembrou que o Governo já disse que este subsídio é complementar à pensão de invalidez e que, neste momento, está a ser revisto o regime de segurança social. O Governo indicou ainda que iria resolver o problema de contribuição insuficiente ao FSS, no final de 2015, no entanto, a deputada criticou o facto de que até ao momento não haja novidades.
“O Governo deve ter um atitude clara sobre a definição do subsídio provisório de invalidez como um modelo de segurança social, ou como uma política de regalias”, apontou.

26 Jan 2016

Rui Furtado perde mandato na Associação de Médicos de Língua Portuguesa

O Tribunal de Segunda Instância deu razão ao médico Jorge Humberto e decretou a anulação do resultado das eleições de 2012 da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa. Rui Furtado lamenta que o caso não tenha permitido a realização de mais actividades

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]a decisão final. Os juízes do Tribunal de Segunda Instância (TSI) negaram o recurso apresentado pela direcção de Rui Furtado, da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa (AMLP), sobre a anulação do resultado das eleições de 2012, um processo que tinha sido desencadeado pelo médico Jorge Humberto, que concorria pela lista B. A sentença havia sido conhecida em Junho do ano passado, mas Rui Furtado interpôs recurso.
Segundo o acórdão, a que o HM teve acesso, o TSI entendeu que a direcção de Rui Furtado “não agiu de boa-fé” ao não entregar a lista completa dos associados da AMLP antes do acto eleitoral de Novembro de 2012. O médico perde o mandato, que também só se prolongaria até 7 de Fevereiro.
“A direcção cessante não deu a conhecer ao autor, quer enquanto associado, quer enquanto cabeça de lista concorrente às eleições para os corpos sociais – Lista B – a lista completa e actualizada de todos os associados inscritos até 29 de Novembro de 2012, apesar de o autor ter solicitado para o efeito”, pode ler-se.
O acórdão lembra ainda que a “lista A, como candidata à presidência da direcção, podia efectuar acções de campanha junto dos associados com direito de voto, enquanto que a lista B apenas podia efectuar acções de campanha junto aos associados constantes na lista que foi informada ao autor no dia 27 de Novembro de 2012”. Apesar disso, “o atraso na entrega da lista integral não causou prejuízo para a lista B”, apontam os juízes.
Em declarações à TDM, Jorge Humberto disse estar contente com a decisão. “Estou satisfeito porque finalmente foi feita justiça”, disse, admitindo que não vai concorrer nas próximas eleições, que decorrem a 7 de Fevereiro. “Já tinha tomado uma decisão no sentido de não me candidatar mais à direcção da Associação”, apontou.

O que faltou

Ao HM, Rui Furtado não quis comentar a decisão do TSI, mas disse que o processo acabou por dificultar a realização de actividades no seio da AMLP.
“Foi triste e lamentável que não se tenha conseguido fazer mais, mas o ambiente criado entre os sócios com esta questão das eleições anteriores não permitiu que se fizesse mais. Arranjou-se um ambiente de cisão dentro da Associação e isso impediu que se fizessem mais coisas”, apontou o médico.
Apesar disso, Rui Furtado traça um balanço positivo do trabalho realizado. “A Associação teve uma acção positiva e desenvolveu várias actividades do ponto de vista científico e social. Fez um simpósio em que tentou juntar as associações médicas de Macau, teve um papel importante na comunidade médica de Língua Portuguesa. O balanço é positivo. Comprometemo-nos a fazer quatro acções por ano e fizemos as quatro. A Associação não se envergonha daquilo que fez”, declarou.
Cumpridos os dois mandatos à frente da direcção da AMLP, Rui Furtado não pode candidatar-se novamente à presidência. À TDM, Jorge Humberto também garantiu que não vai candidatar-se, mas admitiu apoiar a lista que deverá concorrer, encabeçada pelo médico pediatra Jorge Sales Marques. O HM contactou Jorge Sales Marques, que garantiu que só prestará declarações sobre a sua candidatura após as eleições, a 7 de Fevereiro.

26 Jan 2016

Ng Kuok Cheong exige explicações do Governo sobre terrenos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ng Kuok Cheong voltou a interpelar o Governo sobre os planos de aproveitamento de nove dos 48 terrenos que ainda não foram desenvolvidos pelos concessionários, incluindo um terreno que iria albergar o Ocean World, um parque temático.
Na interpelação escrita, Ng Kuok Cheong indicou que o Executivo iniciou a análise dos terrenos não aproveitados em 2009, sendo que apenas foi estudada a possibilidade de recuperação de 48 lotes. O deputado lembrou que alguns desses terrenos já entraram num processo de recuperação, mas não existe qualquer novidade sobre os restantes nove lotes.
“Vários cidadãos exigem a recuperação dos terrenos desaproveitados, tal como o terreno para o projecto do Ocean World, cuja concessão foi feita antes da transferência de soberania. Os cidadãos acham que existe a possibilidade de conluio entre empresários e o Governo, porque ainda não foi anunciada qualquer novidade sobre estes terrenos”, explicou o deputado.
Para Ng Kuok Cheong, o terreno do Ocean World poderia servir para a construção de vinte mil fracções de habitação pública. “Depois de uma investigação de seis anos, o Governo tem ou não razões para não declarar a caducidade dos nove terrenos desaproveitados?”, questionou.
O deputado do campo pró-democrata considerou “normal” a possibilidade de surgirem processos judiciais no período de recuperação dos terrenos, se o Governo tomar a decisão correcta. “Vai o Governo começar o processo de recuperação, declarando ou não a caducidade das concessões desses terrenos, para que não se gastem os recursos de solos e se sacrifique os interesses públicos?”, rematou ainda.

26 Jan 2016

Caso Lisboa | Alan Ho terá participado em check-in de prostitutas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]caso Alan Ho continua e com novas informações. Desta vez, na sessão de ontem, testemunhou uma recepcionista do Hotel Lisboa que indicou que a expressão “Young Single Ladies” designava um departamento especial de clientes da unidade hoteleira que se dedicava em exclusivo às mulheres que se prostituíam e cuja principal responsável era a segunda arguida do processo, Kelly Wang.
A recepcionista apontou que Kelly Wang assumia a posição de “directora-adjunta para o mercado especial” e era a principal responsável pela gestão do departamento das “Young Single Ladies”, explica a Rádio Macau, indicando que para “obter quarto no Hotel Lisboa, as mulheres dirigiam-se aos balcões da unidade e apresentavam os documentos de identificação”. Era através destes dados que os funcionários sabiam imediatamente se as raparigas poderiam ou não ter quarto, mediante códigos que eram introduzidos no sistema.
Contudo, no sistema informático existiam ainda códigos com as siglas dos três primeiros arguidos do processo – Alan Ho, Kelly Wang e Peter Lun – que a recepcionista disse serem as únicas pessoas que tinham o poder para autorizar alterações nas fichas das raparigas que constavam do sistema.
Alan Ho e Peter Lun terão assumido a direcção do departamento quando Kelly Wang ficou doente, ficando responsáveis pelo “check-in” das raparigas e marcando presença no balcão da unidade hoteleira.

Ver tardio

Durante a sessão do julgamento, um dos inspectores da Polícia Judiciária (PJ) indicou ainda que só em 2014 é que as autoridades se aperceberam da existência de uma zona própria na unidade para o check-in e check-out das mulheres que se prostituíam.
Um dos investigadores, que trabalha na PJ há mais de dez anos, disse que a presença de prostitutas era um facto conhecido da polícia há vários anos mas que só recentemente, durante a última investigação ao Hotel Lisboa, é que o Departamento da PJ que se dedica a este tipo de criminalidade, se apercebeu da existência de uma zona no balcão principal na unidade hoteleira onde as raparigas se deslocavam todos os dias para arranjar um quarto na unidade hoteleira, relata a Rádio Macau.
No Tribunal Judicial de Base foram ouvidos nove investigadores da que participaram nas investigações e na rusga policial do dia 10 de Janeiro de 2015.

26 Jan 2016

Agnes Lam pede auditoria interna a serviços públicos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]presidente da Associação Energia Cívica, Agnes Lam, considera necessário criar um sistema de auditoria interna e de responsabilização do pessoal da Função Pública que trabalha na área da adjudicação de serviços, por forma a evitar os abusos que foram denunciados no mais recente relatório do Comissariado de Auditoria (CA).
Em declarações ao Jornal do Cidadão, a também docente da Universidade de Macau (UM) e ex-candidata às eleições legislativas defende que sejam criados critérios internos para a avaliação das condições das entidades a quem são adjudicados os serviços, regras essas que devem ser aplicadas a todos os organismos públicos.
“Cada organismo deve ser alvo de auditoria interna para evitar que aconteçam estes problemas. Os departamentos financeiros devem ter cuidado face aos trabalhos de auditoria”, defendeu Agnes Lam, tendo referido ainda que o regime de responsabilização é essencial para punir os funcionários públicos que abusem das suas competências ou que tenham um mau desempenho nas suas funções.
A docente disse ainda ser necessário não apenas consultar os valores praticados por entidades locais mas também estrangeiras, para que haja uma comparação de preços de forma mais abrangente.
Recorde-se que o CA indicou que mais de mil estudos e sondagens foram feitos sem autorização e sem necessidade, tendo havido despesas no valor acima dos cem milhões de patacas.

26 Jan 2016

IACM | Lei de gestão de mercados elaborada este ano

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) afirmou que a elaboração da proposta da lei sobre gestão de mercados pode estar concluída ainda este ano. A notícia foi dada numa resposta do organismo a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon.
Depois do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ter descoberto, no ano passado, que alguns regulamentos e posturas municipais estavam caducados ou desactualizados perante a realidade actual de Macau mas continuavam a ser usados, o deputado questionou o IACM sobre se o mesmo iria levar a cabo uma revisão e adaptação desses mesmos documentos.
Em resposta, Lo Veng Tak, presidente substituto do presidente do Conselho de Administração  do Instituto, admitiu que o Regulamento do Licenciamento de Estabelecimentos para Venda a Retalho de Carnes, Pescados, Aves e Vegetais e o Regulamento para os Mercados Municipais foram elaborados no “século passado” e já não correspondem às necessidades, pelo que estariam a ser revistos estes regulamentos. Agora, o IACM diz que a conclusão da revisão poderá ser este ano.
“O IACM concorda com as opiniões apresentadas pelo CCAC sobre os regulamentos e posturas municipais, por isso vai acelerar os trabalhos de revisão, dependendo da sua urgência”, indicou.  Lo Veng Tak acrescentou que o organismo “irá tentar concluir a elaboração da proposta da lei sobre gestão de mercados ainda em 2016”, bem como acelerar a revisão de outros regulamentos.  

26 Jan 2016

Indústrias Culturais | Si Ka Lon defende apoio a projectos chumbados

Mais de duas centenas de projectos que pediam o apoio do Fundo das Indústrias Culturais foram chumbados, mas o deputado Si Ka Lon considera que estes deveriam ter apoios na mesma

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Si Ka Lon sugere que as empresas que foram excluídas da atribuição do subsídio do Fundo das Indústrias Culturais sejam apoiadas para melhorar os seus projectos antes chumbados. O Fundo aprovou 86 de 321 candidaturas.
O Fundo de Indústrias Culturais divulgou a lista dos subsídios atribuídos no último ano, que conta com sete plataformas e 66 projectos comerciais. O deputado considera que as sete plataformas podem cumprir funções de centros de incubação para projectos culturais, auxiliando os próprios projectos excluídos da lista. Este apoio irá permitir que a qualidade dos mesmos possa ser desenvolvida. Si Ka Lon falou ao jornal Ou Mun e explicou ainda que o Centro de Design de Macau e o Centro dos Serviços Integrados Culturais e Criativos de Macau servem como estes espaços. “Estas plataformas têm capacidade, condições e espaço para ajudar outras empresas, para que se desenvolvam os projectos das empresas e, compreensivamente, a indústria cultural em Macau”, apontou.
O deputado sublinhou que “os centros podem ainda dar mais sugestões para o desenvolvimento do sector, a fim de empurrarem o sector para uma nova etapa”.
Dicro Fong, o represente do Centro de Design de Macau, garantiu que “o centro pode arrendar, a um baixo preço, espaços às empresas de indústrias culturais que não foram seleccionadas para o subsídio do Governo, para que possam desenvolver os seus projectos”.
O mesmo responsável explicou que o facto das empresas não terem sido incluídas no Fundo poderá dever-se à insuficiente clareza financeira aquando da candidatura ou até mesmo ao desenvolvimento do próprio projecto. “Mas o nosso centro auxiliará as empresas activamente”, frisou, apontando que a taxa de ocupação do espaço reside nos 90%. O responsável admite que existem algumas lacunas que pedem melhoras, tal como o limite de recursos humanos nos projectos. Por isso, apontou, este serviço deve ser melhorado, funcionando também como um incentivo a mais inscrições.

26 Jan 2016

AL | Governo responde a perguntas de deputados em Fevereiro

Habitação e terrenos. Os dois temas preenchem de novo a maioria das interpelações dos deputados em dia de ouvirem respostas do Governo

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ezassete interpelações orais submetidas pelos deputados vão obrigar representantes do Governo a irem à Assembleia Legislativa (AL), no próximo dia 1 de Fevereiro, para responder sobretudo sobre terrenos e habitação pública. Treze dos 14 deputados eleitos directamente pela população vão usar da palavra na ronda de interpelações orais, a primeira da actual sessão legislativa, a somar a quatro eleitos escolhidos por sufrágio indirecto.
“A concretização dos princípios de justiça, transparência e equidade na recuperação dos terrenos desaproveitados e a mobilização dos recuperados para a construção de habitação pública são as principais tarefas governativas a que o público presta especial atenção”, sintetiza Ng Kuok Cheong. “Após um longo tempo de estudos, não se deverá tomar uma decisão para proteger o interesse público?”, questiona o deputado ao falar de parcelas de terrenos que não foram aproveitadas pelos privados a quem foram concrecionadas dentro do prazo – algumas a recuperar, algumas “em tratamento” e outras “deixadas em paz”.
É também de terrenos que fala Kwan Tsui Hang, que quer saber se o Governo pretende divulgar periodicamente o ponto de situação do uso, do direito de propriedade, do aproveitamento e prazos dos terrenos ao público. Já Lam Heong Sang, vice-presidente da AL, toca nos lotes definidos para a habitação pública, indagando quando vão estar concluídas as mais de quatro mil fracções prometidas.

Era zero

A política de habitação pública também merece a atenção de Melinda Chan que recorda que o Secretário da tutela afirmou não ser possível construir no presente ano, porque não existem terrenos, o que significa que “Macau vai entrar numa era de ‘zero’ habitações públicas disponíveis”.
Ho Ion Sang, ao notar que esta oferta não satisfaz as necessidades dos residentes de classe baixa e que “as pessoas não conseguem suportar os elevados preços e as altas rendas dos imóveis”, insta à criação de “mecanismos eficientes de longo prazo”, por forma “a evitar a discricionariedade das políticas resultando em flutuações no mercado imobiliário”.
Zheng Anting tem idênticas preocupações, defendendo que “há que recuperar, o quanto antes, terrenos desaproveitados para construir habitação pública”.
O reordenamento dos bairros antigos serve também de mote para as interpelações ao Governo: “Ao longo dos últimos dez anos, nunca foram concretizados os trabalhos” e o Governo retirou a proposta de Lei do Regime Jurídico (submetida em 2011 e retirada em 2013), sem que nada tivesse dito sobre o regime que o vai substituir (renovação urbana) desde o seu anúncio, afirma Leong Veng Chai, pedindo um ponto de situação.
Si Ka Lon põe o dedo na mesma ferida, estabelecendo paralelismos com Hong Kong: “Macau, por sua vez, anda às voltas com o mesmo assunto – quando é que cria o conselho – e, perante a renovação urbana, não tem coragem e não o assume”.
Também o ambiente estará em foco no dia 1 de Fevereiro: Chan Hong aponta que “a taxa de reciclagem é desproporcionada em comparação com o avolumar do lixo e o desenvolvimento económico” há muitos anos, criticando o “fraco apoio” à recolha e reutilização de recursos e a ausência de uma “política de longo prazo”.
Wong Kit Cheng aborda, por sua vez, os lugares de estacionamento com parquímetro reservados aos serviços públicos para saber se vão ser “devolvidos”.
Outra pasta visada é a da Saúde. Angela Leong centra-se nas doenças de foro psicológico e Chan Iek Lap nos preparativos para a abertura de uma Academia de Saúde da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Macau, em Setembro, e sobre os médicos especialistas a formar, a pensar no segundo hospital público, previsto para 2019.
Já Ella Lei pretende saber se há estatísticas e uma avaliação sobre as necessidades em termos de transplantes de órgãos, num território onde durante mais de dez anos nunca foi instituído um regime de dádiva.
Mak Soi Kun interpela o Governo sobre o acesso a um “número bastante limitado” de canais da Televisão Central da China, enquanto Au Kam San pretende perguntar ao Governo se vai estudar que indústrias têm espaço para desenvolvimento no quadro de “ajustamento” do sector do Jogo.

26 Jan 2016

DSPA | Novos planos de apoio financeiro em estudo

A Direcção dos Serviços para a Protecção Ambiental (DSPA) defende que vai estudar outros planos de apoio financeiro, depois de ter decidido acabar com o de ajuda à aquisição de produtos e equipamentos para a protecção ambiental e para a conservação energética. Numa interpelação escrita, datada de Agosto passado, o deputado Chan Meng Kam questionou o Governo sobre se considera atribuir um subsídio para impulsionar a classificação e reciclagem de lixos domésticos. Na resposta, o director da DSPA, Vong Hoi Ieong, apontou que o plano de apoio financeiro implementado há quatro anos não iria continuar, depois de uma avaliação, por ter “atingido o seu propósito”. Vong Hoi Ieong afirmou que o Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética irá, em breve, estudar um meio para implementar outros planos de apoio financeiro especializados.

26 Jan 2016

Trudno byt’ bogom, Hard to be a God, Aleksei German, 2013

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m pouco como as imagens de Bosch, este filme é confuso e mostra o ecrã constantemente repleto de corpos dos habitantes desta localidade deste planeta que não é o planeta Terra mas um outro que não fica muito longe e que não evoluiu para lá daquilo que chamamos a Idade Média, que em si é um nome estúpido porque não quer dizer nada, apenas que está no meio. As primeiras imagens parecem mais Brueghel que Bosch, superfícies nevadas com figuras ao fundo mas depois não, e aí começa uma demente perambulação.
Uma das suas figuras é um terráqueo enviado para o meio dos habitantes deste planeta imaginado primeiro pelos irmãos Strugatski e adaptado pelo realizador Alexei German que morreu antes da conclusão das filmagens que se arrastaram por quinze anos e que foi acabado pelo seu filho e pela sua mulher, Alexei German Jr. e Svetlana Karmalita.
É ideal no género. Escatológico, sujo, demente, com muito cuspo e ranho, cagalhões e anões, extremamente sensorial, um permanente lodaçal porque neste planeta a chuva cai com muita intensidade mesmo que durante pouco tempo e todas as pessoas andam sujas e enlameadas e de chapéus cómicos, só o protagonista (pelo menos é o que aparece mais vezes e que constitui a linha que nos guia ao longo do filme) é que tem a pele branca e mostra um tronco limpo de tempos a tempos. E algumas mulheres. Um aristocrata deve andar limpo e cheirar bem, o que constitui firme contraste num local onde tudo e todos fedem.
A câmara acompanha este principal, Don Rumata, que é uma espécie de aristocrata ou deus ou descendente de deuses, seguindo-o verdadeira e obsessivamente ao longo de uma extensa perambulação e os episódios que se sucedem parecem não ter grande relação entre si, apenas o deus ou semi-deus no meio de muitos rostos e animais e objectos (e animais) pendurados.
Seria um grande avanço se houvesse mais filmes assim caóticos e com gente suja que (isto eu gosto muito) olha directamente para a câmara como se isto fosse um documentário e talvez porque pode ser mesmo um documentário – é noutro planeta, um que ficou na Idade Média e não chegou ainda ao Renascimento, que é uma queixa que se ouve no filme.
E o Renascimento, onde está? É tentador pensar que isto seria o que a Europa podia ter sido se, como aconteceu neste planeta, a Renascença não tivesse florescido ou porque não ou porque alguma força com propensão totalitária a tivesse impedido de florescer. Aqui chegou a haver algo que não se desenvolveu.
Quem não vir este filme será mais burro. Quem o vir ficará a andar de uma maneira diferente durante algumas horas – enquanto o seu efeito perdurar, um pouco como quando as pessoas eram mais simples e saíam do cinema transformadas. Isto quer dizer que este filme tem um poder transformativo.
Não é inocente que a semana passada aqui se tenha falado de Markéta Lazarová porque há semelhanças na intensidade colocada na criação das imagens. Existem igualmente semelhanças a nível do som, mais precisamente num desfasamento entre as imagens e o som das falas, um artifício estilístico que marca todo o filme, como marca alguns filmes de Sokurov, e que equivale a um sussuro intimista no meio de tanta confusão de gentes.
Não ver este filme é um erro, porque poucos serão tão grandiosos e tão ambiciosos e tão úteis como modelo extremo, como exemplo único.*
A história passa-se num planeta que se encontra com cerca de 800 anos de atraso em relação à Terra, na cidade de Arkanar, no Oltregolfo. 30 cientistas são enviados para estudar a situação. A Renascença não chegou a florescer, a Universidade foi fechada e as mentes mais iluminadas foram perseguidas. Alguns fugiram para Irukan, onde há mais liberdade. Isto é-nos contado no início, depois das imagens frias que parecem Brueghel e enquanto um espertalhão espeta uma lança no rabo de um defecador. Depois começa a dança.
Há uma aparência de conflito. Os Grays e os de Preto, semelhantes estes últimos a um grupo de religiosos, que se disputam no Reino de Arkanar. Eu sei que o livro dos irmãos Strugatski tem uma trama muito mais clara e que Don Rumata tem como missão salvar poetas e cientistas ameaçados por um estado em estado pré-totalitário. No filme este conflito não se define, mas a vertigem de seguir Don Rumata por entre os labirintos de Arkanar é mais que suficiente a olhos gulosos e ávidos de emoções. Se a indefinição foi propositada ou não não sei mas sei que com esta “falta” a navegação de Rumata pelo meio de tantos objectos pendurados, chouriços, animais, chocalhos, pedaços de comida, de pano, a interferir constantemente com a progressão das personagens, se torna inesquecível. Fica aqui o aviso: quem não vir Trudno byt’ bogom pode vir a sofrer com isso.

*como acontece com filmes que se tornam inesquecíveis pela sua imagética particular, como Blue, ou Tetsuo, Querelle, Eraserhead, Markéta Lazarová, Ashes of Time, Der Tod der Maria Malibran, Delicatessen, La Jetée, ou Amor de Perdição.

26 Jan 2016

Graffiti | Criticada exclusividade de estrangeiros em festival local

Asseguraram que era o primeiro Festival de Graffiti de Macau, mas não convidaram artistas locais para participar. A Associação do Poder das Artes está a ser criticada por um grupo de ‘writters’ do território

[dropcap style=’circle’]V[/dropcap]ários artistas de Macau da área do graffiti queixam-se da organização daquele que é considerado o primeiro Festival de Graffiti de Macau, por não terem sido convidados artistas locais a participar. Ontem, como forma de protesto, os artistas optaram por apagar os graffitis já feitos por quatro ‘writers’ italianos no chamado Parque do Graffiti, junto à Rua dos Mercadores, tendo feito a sua versão do Festival.
Conforme o HM já noticiou, a Associação do Poder das Artes convidou quatro artistas de graffiti do grupo italiano Truly Design, em meados deste mês, para a realização de palestras e sessões de graffiti em espaços públicos. O evento prolongou-se por mais de uma semana, mas, pelo que defendem artistas ouvidos pelo HM, não passaram por lá talentos locais.
“Esse festival de graffiti foi organizado de uma forma muito individual, tendo apenas sido convidado um grupo estrangeiro para fazer uma apresentação. Acredito que um evento de graffiti deve permitir a participação de todos. Lamentamos o facto de não termos sido convidados para participar. Iríamos usar as nossas capacidades para fazer um festival que pertence a todos”, disse ao HM Pat Lam, um dos artistas de Macau que ontem participou na acção de protesto.

Dedo em riste

O artista explicou que a acção ontem realizada junto à Rua dos Mercadores contou com a participação de cidadãos, que asseguram que a actividade “foi autorizada” pelo Governo. “Existe um grupo em Macau de artistas que fazem graffiti em espaços públicos há mais de dez anos. Muitos também dão aulas”, acrescentou Pat Lam.
O ‘writter’ apontou ainda o dedo à Associação do Poder das Artes por descurar esta arte, referindo ainda que o Festival não foi o primeiro em Macau, já que o grupo de artistas tem realizado diversas actividades no território. Para Pat Lam, a Associação utilizou o dinheiro do Governo para “fazer um show” que nem sequer incluiu aqueles que são de cá.
O HM tentou confirmar a denúncia, mas não foi possível até ao fecho da edição.

26 Jan 2016

La Scala | Recurso de Joseph Lau negado pelo TUI

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]oseph Lau perdeu um recurso no Tribunal de Última Instância (TUI), que não deu razão ao empresário de Hong Kong condenado por corrupção quando este pediu a fixação de jurisprudência sobre o seu caso. Lau defendia que a decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI) que o condenou era oposta a uma decisão relativa à mesma questão de Direito do mesmo tribunal, mas proferida em 2009.
O empresário, recorde-se, está ligado ao chamado Caso La Scala e foi condenado a cinco e três meses por um crime de corrupção activa e um de branqueamento de capitais. Joseph Lau considerou, contudo, que para que fosse condenado por branqueamento teria de ter existido um crime de corrupção passiva praticado por Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado a 29 anos e meio de cadeia, e não deveria ter sido considerado, segundo o recorrente, o crime de corrupção activa praticado por ele próprio.
“[No acórdão que serve de base ao recurso] entendeu-se que, para efeitos de imputação do crime de branqueamento de capitais a uma arguida, o crime precedente não pode ser o crime de corrupção passiva para acto ilícito praticado pelo funcionário, devendo antes ser o crime de corrupção activa para acto ilícito praticado por outro arguido”, pode ler-se no acórdão ontem tornado público e que se refere a um julgamento que também envolve Ao Man Long.

Perspectivas

O Colectivo do TUI não concorda. Para os juízes, Jospeh Lau foi não só condenado pelo crime de branqueamento de capitais porque cometeu corrupção activa, mas também porque “prestou colaboração na dissimulação da origem das vantagens pagas ao arguido Ao Man Long, efectuando o pagamento, em forma sinuosa, dos subornos”.
Já na outra decisão utilizada como fundamento para o recurso do empresário, a arguida foi absolvida do crime de branqueamento de capitais pois ficou provado “apenas que ela colaborou com [um] arguido que era corruptor activo na dissimulação das vantagens por este prometidas pagar a Ao Man Long”. O TUI defende que os factos “fundamentais sobre os quais assentam as decisões em causa são distintos” e até que não se encontram decisões opostas: “O TSI considerou que, para efeitos de imputação do crime de branqueamento de capitais, o crime precedente não pode ser o crime de corrupção activa. [O recurso] afirma que o crime de branqueamento de capitais tem como crime precedente a corrupção passiva para acto ilícito cometido pelo corrupto passivo, pelo que não se encontra, de modo algum, em oposição com [a decisão] que negou a punibilidade do crime de branqueamento de capitais porque o crime precedente não pode ser o crime de corrupção activa”. Ao Man Long foi condenado por corrupção passiva e, para o tribunal, “não se vislumbra nenhuma oposição, muito menos expressa” entre as duas decisões, pelo que decidiu negar o recurso a Joseph Lau.

26 Jan 2016

Idosa morre na sequência de hipotermia

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma mulher, de 88 anos, que tinha dado entrada no São Januário morreu ontem de hipotermia depois de ter sido transferida de um lar idosos no domingo para o hospital, informaram os Serviços de Saúde.
Foram sinalizados, entre a tarde de sexta-feira e de ontem, nove casos de hipotermia, um dos quais que se encontra em estado grave. Em comunicado, os Serviços de Saúde indicam que não houve, porém, um evidente aumento do número de utentes desde o início da rara vaga de frio.
A temperatura baixou no domingo até aos 1,6 graus centígrados na Taipa Grande, situando-se entre os 2,4 e os 3,1 graus nos restantes pontos do território ao início da tarde, um valor que, segundo os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau, constitui o mais baixo em 67 anos.
Em Hong Kong, o termómetro desceu no domingo para 3,3ºC na cidade e nas colinas chegaram a ser registadas temperaturas negativas, com a temperatura a atingir o valor mais baixo dos últimos 59 anos na antiga colónia britânica.
Em linha com as previsões meteorológicas, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) decidiu suspender as aulas do ensino infantil, primário e especial, devendo as escolas regressarem à normalidade esta terça-feira.

26 Jan 2016

Literariamente pelo sexo

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o seguimento dos incentivos à masturbação, vêm os facilitadores de erotização que hoje em dia são de muito fácil acesso – nomeadamente a pornografia. Mas porque incentivos visuais não podiam ser mais óbvios, sugerem-se alternativas. Os movimentos pró-leitura são infindavelmente úteis, e não vi razão porque não devesse pregar o uso literário para satisfazer não só a nossa sede de conhecimento, mas também o nosso desejo.
A tese é de que usar literatura para fins masturbatórios ou simplesmente para exercícios de imaginação erótica será muito mais saudável, porque pelo menos é complementada pelo desenvolvimento de capacidades linguísticas.
Há leituras sexuais para todos os gostos, não há necessidade de serem categorizadas como brejeiras, rascas, ou sem gosto. Há alguma memória de ver em quiosques portugueses uns livros de capa cor-de-rosa e de pessoas bem aparecidas (demais), de qualidade literária duvidosa, mas de expressão sexual suficientemente potente. O estereótipo tem tendência a colar-se às donas de casa desesperadas que vêm as suas fantasias satisfeitas com suas secretas leituras. Mas juntando o útil ao agradável, porque não envolvermo-nos na arte das letras (melhor desenvolvida) com excitantes descrições de sexo? Por uma experiência intelectual e sexualmente estimulante.
A lista de autores de escrita erótica é extensa, o meu conhecimento em relação aos ditos autores talvez seja mais limitada. Todos os géneros literários encontram-se erotizados, temos manuais de sexo (e.g. Kama Sutra), romances, poesia, biografias, autobiografias. Desde já garanto uma diversidade na explícita sexualidade, por isso, certamente existem autores adequados a cada um de nós. Muito provavelmente uma boa procura seja imperiosa. Deixo aqui poucas (mas boas) sugestões:
D. H. Lawrence – Um pioneiro no eroticismo literário, a quem fora outrora acusado de ter desperdiçado a sua carreira em pornografia barata. Nonsense. D. H. Lawrence quis explorar emoção e comportamento humano à sua última consequência, e por isso, não deveria ser o acto anti-obscenidade a pará-lo. O mundo foi-lhe tão cruel que até nos obituários a ele dedicados mostraram antipatia e hostilidade. Mas a ele agradecemos a coragem e convicção. Quem agora o lê, dificilmente se chocará com o seu conteúdo, mas uma boa referência para quem gosta do setting de há dois séculos atrás.
Henry Miller – Um grande fã de D. H. Lawrence, quis deixar um legado erótico-literário, mas zangado. Entre várias obras eróticas, o ‘Trópico de Câncer’ passa-se em Paris, onde o autor viveu momentos especialmente boémios. Uma reflexão sobre a condição humana de uma brutal sexualidade, sem freio, nem filtro. Para quem tem interesse em pesquisar as diferentes formas de nomear e descrever o órgão sexual feminino.
Anaïs Nin – Amante de Henry Miller (muito conveniente, muita prática inspirativa) deixou literatura erótica, porque, apesar de uma curiosa pelo sexo, havia uma coleccionador que pessoalmente lhe encomendava estórias (bem pagas). O ‘Delta de Vénus’ é um conjunto dessas mesmas estórias, com descrições femininas em conteúdo e em perspectiva. Depois de só homens explorarem (e arreliarem meio mundo com) a considerada ‘vulgaridade’, Nin torna-se na pioneira do sexo oposto, na procura erótica das palavras.
As vantagens de nos debruçarmos na leitura para exercício imaginativo sexual traz várias vantagens, mas há uma que me vem à cabeça assim de repente: é silencioso! O ideal para quem partilha casa e não quer pôr headphones para ouvir arfejos exagerados. E depois, claro, o produto final imaginativo torna-se numa co-produção entre o escritor e o leitor. Há espaço para tornar a experiência nossa, adicionando aqui e ali pormenores reflectores da nossa individualidade, por exemplo: ajustar tamanhos de mamas, pôr mais ou menos pêlos no peito do rapaz, imaginar-se um vouyer ‘real’ do encontro ou, mesmo, imaginar-se um elemento extra. O problema é que se a leitura tem como consequência a masturbação, ocorre-me alguma dificuldade com a posição das mãos, pegar no livro e/ou virar a página e carícias genitais. Problema logístico. Talvez ultrapassável se se usar uma estante? Deixo ao critério criativo de cada um. Acima de tudo, votos de motivação literária. Leia-se mais.

26 Jan 2016

Blademark lançam faixas de novo EP e têm novos projectos

Querem ser estrelas do rock, lutam contra as dimensões de Macau – materiais e mentais – mas continuam a trabalhar. Separaram-se da 100PlusMusic e estão a montar o seu próprio estúdio. Edições anuais, merchandising e concertos lá fora são aposta dos Blademark, a banda de Macau que pisca agora o olho à China. É o que conta Fortes Pakeong Sequeira, o líder do grupo

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]no novo, vida nova parece mesmo ser o lema para os Blademark neste início de 2016. A banda de Macau terminou a ligação à 100PlusMusic para seguir o seu próprio caminho e está em negociações adiantadas com um investidor privado interessado no desenvolvimento da cultura local, para montar o seu próprio estúdio e dedicar-se em exclusivo à produção de música.
“A grande diferença em termos de posicionamento”, adianta-nos Fortes Pakeong Sequeira, fundador da banda, “é começarmos a olhar mais para nós como um produto cultural que pode gerar rendimentos complementares para além dos concertos”. pakeong fortes sequeira
Por isso mesmo, os Blademark querem iniciar a produção de merchandising próprio da banda, como t-shirts ou outros gadgets. “É a nossa bandeira. É a marca da nossa banda. Além da música queremos criar coisas que as pessoas usem, agarrem e sintam.”
Para já, as pessoas podem sentir três músicas do EP que os Blademark esperam que esteja concluído este Verão: duas em Mandarim que servem como “um ‘olá’ ao público do outro lado das Portas do Cerco”, como adianta Fortes, e que se chamam “Just a little thing” e “Livin’ Off The Wall”, e uma em Cantonês, “Rainy Night Dream”, numa sentida homenagem à mãe de Fortes.
“A minha querida mãe faleceu em Outubro de 2013. Não há dor maior que esta na vida. Nos dias que se seguiram sentia-me com um patinho perdido às voltas no lago. Felizmente esses dias passaram e a minha tentativa foi a de transformar o negro em energia positiva, para ser capaz de enfrentar com coragem desafios ainda maiores que esse grande mundo com certeza tem para mim.”

Cresçam e apareçam

Sabemos que não é fácil viver como artista em muitos sítios e em Macau não é excepção, mas quisemos saber como Fortes Pakeong lida com isso. A exiguidade do local é claramente um dos principais problemas: “Não é fácil. Não temos estruturas sociais de apoio”, pois a mentalidade não ajuda. “Artista? Os locais são capazes de reconhecer valor artístico a músicos de Hong Kong, da China ou de outros lados, mas com os daqui é diferente. Olham para nós e acham ‘tu és apenas o meu vizinho…’”.
Fortes Pakeong, todavia, assume a inexistência de uma cultura rock em Macau, “As pessoas têm dificuldade em entender a cultura rock porque a verdade é que apesar de alguns ouvirem as músicas e irem aos concertos, acho que não entendem o que estamos a fazer. E não entendem porque precisam de crescer culturalmente”, rematou.

Artistas unam-se

Umas das preocupações de Fortes Pakeong é o isolamento a que muitos criadores se votam. Para ele, os artistas têm de fazer mais, de cooperar mais, não sendo correcto assacar sempre as culpas ao Governo. Segundo ele, o Governo até tem desenvolvido uma acção positiva ao “disponibilizar financiamento e criar acções de apoio”. Contudo, diz o músico, as pessoas trabalham demasiado em pequenas ilhas isoladas e colaboram de menos.
“Claro que podemos e devemos fazer espectáculos e eventos a solo, mas também devemos pensar em formas de colaboração mais abrangente. Alguns preocupam-se apenas em receber os subsídios e fazerem as coisas para eles próprios em vez de criarem bases para o nosso futuro. Isso é muito errado.”
Depois da nossa entrevista, Fortes Pakeong tinha ir para um concerto privado, um lançamento de produto, num dos hotéis do Cotai, pois assim se vão pagando as contas. Enquanto não temos datas ao vivo dos Blademark para anunciar, fique com um excerto da letra de “Rainy Night Dream”, um tema, tal como os outros dois, disponível na internet.

“(…) On the day when all was gone
Only left an unfinished dream
Who can understand?
A million words hidden in my heart
Hard to be burnt, in this broken dream
I wish for a reunion with you, in heaven (…)”

26 Jan 2016

Comissão para a Cidade Saudável estendida

A Comissão para a Cidade Saudável foi estendida por mais três anos, conforme publicação oficial em Boletim Oficial, assinada pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. O Chefe do Executivo justifica o prolongamento da Comissão por dar continuidade às acções lançadas no âmbito do projecto “Cidade Saudável”, nomeadamente, as denominadas “Escolas Promotoras de Saúde”, “Edifício Saudável”, “Comunidade Segura”, “Tabaco ou Saúde” e “Estilos de Vida Saudáveis”.

26 Jan 2016

Mais de 180 mil TNR em 2015

Macau fechou 2015 com o registo de 181.646 trabalhadores não residentes, um aumento de 6,6% comparativamente a 2014, indicam dados oficiais ontem divulgados.
De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP), disponíveis no portal do Gabinete para os Recursos Humanos, o universo de mão-de-obra importada equivalia a 45,3% da população activa e a 46,1% da população empregada, estimadas no final de Novembro. No intervalo de um ano, Macau ganhou, assim, 11.300 trabalhadores não residentes. Porém, em termos mensais verificou-se um decréscimo – o universo de mão-de-obra importada recuou de 182.246 pessoas em Novembro para 181.646 em Dezembro. O interior da China continua a ser a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior, com 116.366 (64,06% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, que ocupa o segundo lugar (24.729) num pódio que se completa com o Vietname (14.727).
O sector dos hotéis, restaurantes e similares continua a figurar como o que mais absorve mão-de-obra importada (48.101), seguido do da construção (43.482). O universo de trabalhadores não residentes superou os cem mil pela primeira vez na história da RAEM chinesa em Setembro de 2008, número que voltou a ser ultrapassado em Maio de 2012, numa tendência não mais invertida em termos anuais homólogos.

26 Jan 2016

Auto-silos com novas tarifas a partir de Março

São no total onze os auto-silos que irão ter novas tarifas a partir de Março próximo, segundo um comunicado à imprensa do Gabinete de Comunicação Social (GCS). Jardim Vasco da Gama, Rua do Almirante Sérgio, Pak Vai (Estrada do Repouso), Pak Keng, Pak Kong, Pak Wai, Pak Kong, ETAR, Jardim de Iao Hon, Pak Lai (Portas do Cerco) e Edifício Cheng I são os espaços com novos preços. Com a actualização das tarifas, serão cobradas, ao automóveis, seis patacas por hora durante o tempo diurno e três no nocturno. Os passes mensais também ficam mais caros, variando entre as 1600 e as três mil patacas. As motas passam a pagar duas patacas por dia e uma à noite.

 

26 Jan 2016

Saúde | Quase três mil tratamentos no exterior. RAEM sem “capacidade”

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]or semana são registados 200 pedidos de tratamento médico no exterior, mostram dados dos Serviços de Saúde (SS). A transferência de doentes acontece quando “o Centro Hospitalar Conde de São Januário ou o Hospital Kiang Wu não tenham capacidade e tecnologia para prestar a assistência médica” necessária, sendo que, actualmente, as doenças para acesso aos serviços médicos no exterior incluem as doenças oncológicas, doenças vasculares, transplantes de órgãos e medula óssea, electroterapia e tratamento de “casos complexos”.
Em 2015 foram autorizados 2954 pedidos de doentes para tratamento médico no exterior, sendo que 1855 destes foram transferidos para Hong Kong e nove para a China continental. Outros 21 utentes foram até Portugal, tendo os restantes ido parar “a diferentes territórios”, não especificados nos dados dos SS.
Os SS gastaram cerca de 230 milhões de patacas com a transferência de doentes até Dezembro do ano passado, sendo que o limite da competência para autorização de despesas pela parte do organismo não pode exceder as 500 mil patacas.
Desde que os SS e a Hong Kong Hospital Authority (HA) celebraram o Memorando de Registo de Doadores de Medula Óssea de Macau é possível aos residentes da RAEM procederem ao registo de doação no Centro de Transfusões de Sangue dos SS e poderem ser submetidos ao transplante de medula óssea. Contudo todo o plano de tratamento, que é específico, será efectuado por uma entidade externa, um estabelecimento hospitalar para o qual os SS encaminham os pacientes.

25 Jan 2016