SIDA | Mais de 30 casos desde Janeiro. Macau mantém-se abaixo do risco

O número de casos detectados de SIDA ultrapassa os 30, valor contado desde Janeiro e que mantém Macau num “nível baixo” de taxa de infecção. Ainda assim é preciso intensificar a promoção e prevenção, diz o Governo

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão 31 os casos de infecção por HIV declarados desde Janeiro do presente ano em Macau. Os números são dos Serviços de Saúde (SS), que indicam que, do total, 19 correspondem a residentes de Macau e os restantes a não residentes.
“Nos 19 casos de infecção nos residentes de Macau o contacto sexual foi a via principal de transmissão. Foram registados dez casos infectados por contactos heterossexuais, oito casos por contactos homossexuais ou bissexuais e num caso identificado a via de transmissão é desconhecida”, indicam em comunicado à imprensa.
Lam Chong, secretário-geral da Comissão de Luta Contra a SIDA, indicou que a taxa de infecção de SIDA em Macau tem registado um nível baixo. O representante falava durante o Fórum Comunitário de Sida em Macau, que aconteceu na passada sexta-feira. Em dez anos de existência, a Comissão, tem desenvolvido “diversos programas e medidas de prevenção com resultados notáveis, incluindo aquelas que visam criar condições para promover e ensinar o público a encarar correctamente a infecção, a submeter-se ao teste e a eliminar formas de descriminação”.

90-90-90

Ainda assim, disse Lam Chong, é preciso intensificar a promoção, a prevenção e os testes de SIDA na comunidade e nos grupos-chaves se Macau quiser atingir a meta – proposta até 2020 – de atingir os 90-90-90 – ou seja 90% dos infectados conhecem a sua situação de infecção, 90% dos infectados que conheçam a sua situação recebem o tratamento e 90% dos infectados que recebem o tratamento podem inibir eficazmente a doença do próprio organismo.
Só com um maior empenho na prevenção é que o território poderá “detectar precocemente os casos de infecção e proporcionar tratamento adequado e atempado”, frisou.
Zhou Kai, assessora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV (UNAIDS), presente no mesmo fórum, alertou “que para concretizar as três metas é necessária a participação das organizações comunitárias já que estas ocupam um lugar preponderante e um papel insubstituível em vários aspectos, particularmente na promoção e educação sobre a SIDA, promoção e detecção, elevação da adesão ao tratamento, carinho e apoio, eliminação de discriminação, entre outros”.
Números globais indicam que, desde a detecção do primeiro caso de SIDA em 1981 até 2014, foram registados no mundo dois milhões de novos casos de infecções por HIV. “Há 36,9 milhões de doentes infectados por HIV e 22 milhões doentes não conseguiram aceder às terapias”, apontou.
O Fórum teve como directivas a situação epidemiológica e estratégia de prevenção da SIDA no mundo e nas três regiões – Macau, Hong Kong e China continental -, prevenção e controlo da SIDA na adolescência, prevenção e controlo nos toxicodependentes, eliminação da discriminação. Do momento fizeram parte assistentes sociais, profissionais de saúde e estudantes do ensino superior.

23 Nov 2015

Canídromo | SJM quer desenvolver PME e indústrias criativas e culturais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ngela Leong, directora executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) afirmou que já apresentou ao Governo várias propostas sobre o futuro no Canídromo de Macau, cujo contrato acaba já no próximo mês. A directora mostra-se esperançosa quanto ao futuro e conta renovar a licença por mais dois ou três anos.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Angela Leong referiu, ontem, que está a negociar com o Governo sobre o futuro da Companhia de Galgos Yat Yuen, mas que ainda não há decisão. Ainda assim a directora afirmou que espera que possa renovar o contrato de exclusividade por mais dois ou três anos, de forma temporária. angela leong
A directora executiva avançou que a SJM já apresentou várias propostas para o desenvolvimento de pequenas e médias empresas (PME) e indústrias culturais e criativas no Canídromo, sugerindo construir uma “residência de jovens” ao lado do Canídromo para que arrende os imóveis a jovens com uma renda mais barata.
Questionada sobre o valor de novo investimento e de construção de novas instalações, Angela Leong disse apenas que depende do período de renovação aprovado pelo Governo.
Ao Governo, em Setembro passado, foi entregue uma petição da autoria da Anima – Sociedade Protectora de Animais, para o encerramento do Canídromo. Iniciativa que recolheu 340 mil assinaturas só através das redes sociais. Em reacção, Angela Leong diz que é necessário que o Governo recolha opiniões de residentes para estudar o seu desenvolvimento.

23 Nov 2015

Alexis Tam quer Comissão das Crianças criada para o ano

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lexis Tam está confiante de que a proposta de revisão do regulamento da Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças seja aprovada já para o ano. O objectivo é dar a esta comissão a possibilidade, o mais rápido possível, de coordenar também problemas relacionados com crianças.
“[Alexis Tam] referiu ainda que está em curso a revisão da proposta de regulamento administrativo para a criação da Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças, acrescentando que tem confiança na aprovação, em 2016, da referida proposta com vista à criação da referida Comissão. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura deixou o apelo durante a mais recente reunião da Comissão das Mulheres (CAM), que fez no sábado dez anos.
A partir de 2016 a Comissão dos Assuntos das Mulheres vai passar a chamar-se Comissão dos Assuntos das Mulheres e Crianças. A decisão foi anunciada pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, no âmbito da realização da segunda reunião ordinária de 2015 da Comissão. A mudança implica que as matérias relacionadas com os mais novos passam a ser debatidas neste órgão consultivo. Segundo um comunicado, Alexis Tam referiu aos jornalistas que “a Comissão dos Assuntos das Mulheres foi criada há mais dez anos, e perante o desenvolvimento social existem opiniões que defendem a criação de uma comissão que acompanhe os assuntos relacionados com as crianças”. Com base em análise das “referências internacionais”, toda a tutela chegou à conclusão “que o melhor seria integrar os assuntos das crianças na referida Comissão”.
A passagem da pasta está já a ser levada a cabo, assegurou o Secretário durante o debate. Isto inclui a coordenação entre os Serviços de Saúde, os Serviços de Educação e Juventude, o Instituto de Acção Social, entre outros.
“A respeito aos trabalhos futuros dos assuntos das crianças, o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura irá reforçar a coordenação entre os organismos envolvidos na protecção dos direitos das crianças (…) em prol da criação de um ambiente favorável à educação, bem como, ao crescimento e desenvolvimento saudável das crianças de Macau”, acrescenta um comunicado da CAM.
Durante o encontro, a directora assistente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau apresentou o relatório da primeira fase do estudo “Objectivo do desenvolvimento das mulheres de Macau”, ainda em curso.
A reunião focou-se ainda em definir o conceito de “criança” em termos de idade, pelo que todos os membros da Comissão concordaram que estabelecer este novo grupo de trabalho seria a melhor forma de lidar com as problemáticas relativas a esta faixa etária da população. Foram ainda referidos assuntos como a pressão sentida pelas mulheres no trabalho e harmonia familiar, tendo Alexis Tam concordado com a sugestão de um dos intervenientes, de criar uma academia para mulheres.
“[Alexis Tam], com a necessidade de reforçar os estudos sobre o género da sociedade, achou que deveria considerar cuidadosamente a sugestão da criação de uma academia para as mulheres”, lê-se no comunicado. O mesmo governante prometeu ainda o reforço das acções de sensibilização sobre doenças mentais e um maior apoio aos residentes que necessitem de ajuda psicológica.

23 Nov 2015

Reforma legislativa| Ng Kuok Cheong critica inacção do Executivo

O Governo promete várias reformas nas leis mas as LAG deixam, na opinião do deputado, são promessas vazias

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ng Kuok Cheong criticou o atraso da reforma legislativa em Macau demonstrado no relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016. Para o deputado o documento mostra de forma clara a falta de acção na legislação dos regimes de previdência central não obrigatórios e de credenciação e inscrição para o exercício de funções de assistente social. Opinião também partilhada pela deputada Ella Lei numa interpelação escrita.
Em reacções à apresentação do relatório, pela voz de Chui Sai On, Chefe do Executivo, Ng Kuok Cheong indica agora que o documento está carregado de promessas vazias quando comparadas com as propostas de lei em análise. Isto, diz o deputado, causa uma reforma política desfasada e faz com que o funcionamento de cada pasta do Governo esteja menos suave.
O pró-democrata avançou que as LAG prometeram que o Regime de Previdência Central não Obrigatório entraria em processo legislativo no próximo ano, enquanto se tenta que o Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social seja legislado na mesma altura.
No entanto, apontou que no anexo do relatório sobre as propostas de lei do Governo para 2016 não estão as propostas destes dois regimes.
“A preparação e elaboração dos Regimes de Previdência Central não Obrigatório e de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social já foram trabalhos realizados no último mandato, ainda com o antigo Governo. Por que é que só promete entrar no processo legislativo no próximo ano? E porque é que não são parte das propostas de lei do Governo para o próximo ano?”, questionou.
Além disso, Ng Kuok Cheong avançou que as LAG prometeram rever a Lei das Relações Laborais permitindo adicionar licenças de paternidade, bem como melhorar a Lei de Contratação de Trabalhadores não residentes. Contudo, no mesmo anexo, também não estão mencionadas. O deputado quer ainda saber quais os calendários concretizados para a elaboração ou revisão dessas mesmas propostas.

23 Nov 2015

Autocarros | TCM e Nova Era lançam aplicação com horários em Dezembro

A empresas de autocarros Nova Era e Sociedade de Transportes Colectivos de Macau (TCM) estão a apontar para Dezembro o lançamento de uma aplicação móvel com informações das horas de chegada dos autocarros a cada paragem, estando a mesma em fase de teste.
A aplicação chama-se “Autocarros Públicos de Macau” e as duas empresas montaram um sistema de GPS nos veículos para oferecer aos cidadãos a possibilidade de saberem a que horas chegam os autocarros a cada paragem. No entanto, segundo o canal chinês de Rádio Macau, a aplicação está ainda em fase de teste e ainda não satisfazem os padrões. Na maioria das vezes, a aplicação indica mesmo que os autocarros “ainda estão à espera de partir” quando já chegaram às paragens.
Para o vogal da Conselho Consultivo de Trânsito, Kou Kun Pang, a aplicação é uma boa medida, mas este sugere que lhe sejam acrescentadas funções de mediação de tempo de chegada de autocarros e sobre o volume de passageiros para que os utentes coordenem melhor o tempo de espera. A Nova Era e TCM referiram que caso a fase piloto seja bem sucedida, a aplicação poderá ser oficialmente lançada já no próximo mês. As duas empresas pretendem ainda acrescentar ao projecto um sistema de recolha de queixas e opiniões e de perdidos e achados. As mesmas não excluem ainda a hipótese de cooperação com a terceira empresa de serviço de transportes do território, a Transmac.

23 Nov 2015

Proibido fumar | Um ano depois, quais as consequências?

Nas salas VIP, ainda se fumega. E no mercado de massas, que efeito teve a proibição?

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um ano depois da interdição de fumar nas zonas comuns dos casinos de Macau, as operadoras de jogo tentam travar uma proibição total, que abranja as salas VIP, com receio de diminuição das receitas. A interdição parcial de fumo de outubro de 2014 deixou de fora as salas VIP dos casinos, dos grandes apostadores, e abrangeu apenas as áreas comuns do denominado mercado de massas.
O receio é que a proibição de fumar nas salas VIP agrave ainda mais a tendência de queda das receitas dos casinos, que caem ininterruptamente desde Junho de 2014. E o mercado de massas?
“É virtualmente impossível quantificar com precisão o impacto negativo da interdição de fumar no mercado de massas”, em vigor há pouco mais de um ano, observou Grant Govertsen, analista da Union Gaming, recordando que as receitas dos casinos já estavam em queda quando a legislação começou a ser aplicada, influenciadas pela convergência de uma série de fatores, como a campanha anticorrupção lançada por Pequim ou o abrandamento da economia chinesa.
“Dito isto, e baseado em conversas com membros da indústria, parece que houve provavelmente um impacto negativo de três ou quatro pontos percentuais nas receitas do mercado de massas”, afirmou.
Ricardo Siu, professor da Universidade de Macau, com artigos publicados sobre a indústria do jogo, afina pelo mesmo diapasão, quando estima um impacto directo de idêntica ordem e também com a ressalva de que, “de facto, muitos factores misturados e em conjunto contribuíram para a queda das receitas de jogo”.
“O impacto da proibição parcial de fumar nas receitas de jogo do mercado de massas pode não ser significativo em comparação com outras medidas restritivas tomadas pelo governo chinês”, realçou.
A queda das receitas dos casinos de Macau deve-se, por outro lado, aparentemente, a um maior declínio no segmento VIP. “Se forem permitidas salas para fumadores para o segmento VIP, o efeito negativo nas receitas brutas do jogo poderia ser menor”. Mas “só vai ser possível avaliar os efeitos reais quando os detalhes dos regulamentos relacionados forem confirmados”, observou Ricardo Siu.
O Governo de Macau estima que a proibição total do fumo nos casinos em geral tenha um impacto nas receitas de jogo de entre 2,76 e 4,6 por cento, segundo uma avaliação preliminar dos Serviços de Saúde e da Direção de Inspecção e Coordenação de Jogos.
As operadoras de jogo têm alertado para o impacto negativo na economia de tal medida, tendo, com base num estudo conjunto encomendado à consultora internacional KPMG, avançado a possibilidade de fazer cair o Produto Interno Bruto (PIB) em 16%, defendendo, portanto, a manutenção de salas de fumo.

23 Nov 2015

Músico da RAEHK dá workshop na Cinemateca Paixão

A Cinemateca Paixão acolhe, a partir das 11h30 do próximo sábado, um workshop sobre a composição de bandas sonoras para cinema, liderado pelo músico de Hong Kong Tomy Wai. “Na palestra, irá falar sobre a sua experiência de cooperação com diferentes realizadores no início da sua carreira, partilhar a sua experiência de trabalho sobre bandas sonoras de filmes e através de estudos de caso e exemplos interactivos, mostrar aos participantes como usar uma combinação de som e luz para tocar o público”, explica o Instituto Cultural em comunicado. Wai compôs bandas sonoras para mais de 100 filmes e séries televisivas, incluindo New Police Story, Visible Secret e As the Light Goes Out. No entanto, foi com Temptation of a Monk que o artista venceu o prémio de Melhor Banda Sonora de Cinema no Festival de Cinema de Hong Kong e nos Prémios Cavalo Dourado de Taipei. A palestra tem entrada gratuita, mas o IC recomenda que os interessados reservem os seus lugares quanto antes, devido à elevada procura. Estes devem efectuar a reserva através de envio de email para info.dpicc@icm.gov.mo até à próxima sexta-feira.

23 Nov 2015

Fórum Macau | Colóquio sobre inspecção comercial junta 21 participantes

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ortugal trouxe a Macau quatro profissionais da área de inspecção comercial e económica para participarem no 5º colóquio organizado pelo Centro de Formação do Fórum Macau. De acordo com uma das representantes da Autoridade de Segurança Alimentar (ASAE) portuguesa, o país veio aqui trocar impressões sobre o modelo utilizado para inspeccionar este tipo de negócios. “Há uma diversidade de aplicação e articulação aqui na RAEM distinta da que temos em Portugal. Mas também não nos podemos esquecer que temos realidades completamente diversas. Portugal tem (…) regras muito bem definidas para países que fazem parte da UE”, disse à TDM uma das participantes do colóquio, Cristina Caldeira. “O que tiramos daqui é essa partilha e forma de estar que também nos ensina, de alguma forma, a melhorar o nosso desempenho em Portugal”, continuou.
O colóquio, que aconteceu entre os dias 8 e 22 de Novembro, juntou 22 representantes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. O brasileiro Felipe Carvalho foi outro dos participantes. A representar o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, assegura ter vindo ao território para ter Macau “como exemplo”. As delegações vieram à RAEM para ver como se fazer os serviços de inspecção por estes lados. “O Brasil é um país muito grande, muito diverso e temos diversas entidades de níveis políticos diferentes e por isso a inspecção das actividades económicas e comerciais é muito mais dispersa”, acrescentou.
Os visitantes visitaram vários serviços públicos e instituições de ensino como a Universidade de São José, entidade co-organizadora do colóquio. De acordo com declarações da Coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado do Fórum Macau, Cristina Morais, estão pensados mais três colóquios para breve. “Prevemos organizar cerca de três colóquios. Actualmente os temas ainda estão a ser considerados no seio do Secretariado Permanente porque vamos dar prioridade à organização da 5ª Conferência Ministerial do próximo ano”, disse a responsável à TDM.

23 Nov 2015

Salários | Relatório prevê subida da Administração e marasmo no sector privado

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m relatório internacional mostra que Macau está em penúltimo lugar, de entre uma lista de 20 países e regiões asiáticos, quando se fala do aumento do salário médio no próximo ano. O mesmo documento prevê que o ordenado oferecido pelas empresas privadas locais não vai aumentar de forma significativa. Segundo do jornal Ou Mun, o órgão consultivo internacional para a gestão de recursos humanos, ECA, publicou um relatório sobre tendências de salário, onde se afirma que o ordenado médio mundial deverá aumentar 5,1%, sendo a percentagem mais baixa dos últimos anos. No ranking asiático, Macau encontra-se no fim da linha, abaixo de si ficando somente o Myanmar.
Um especialista de Economia – cujo nome não foi identificado – citado pelo jornal chinês considera que “o aumento da taxa salarial se baseia na informação e nos dados do ambiente económico, inflação e salário das várias profissões”, mas está pouco confiante de que a tendência se alastre para o sector laboral privado. “Havia um crescimento económico negativo, e é louvável que o salário dos funcionários públicos seja alvo de um aumento no próximo ano, mas o mercado privado não deve seguir a tendência do Governo”, disse o mesmo especialista. “Como Macau é uma região desenvolvida, o salário médio fixa-se num nível mais alto. As empresas privadas não contrariam a inflação de acordo com o crescimento de salário”, finalizou.
São factores como a campanha anti-corrupção do Governo Central, o declínio no negócio dos casinos, a diminuição do imposto sobre o Jogo e a queda das receitas dos sectores aliados ao dos casinos que justificam a manutenção do mesmo salário médio do sector privado. Também os sectores adjacentes ao Jogo verão, diz o economista, uma diminuição da força laboral. Há ainda a hipótese da percentagem de desemprego vir a crescer. Ultimamente, as operadores de Jogo têm apostado mais na formação dos profissionais já empregados para responder às necessidades dos consumidores sem recorrer a contratações extras. Estes funcionários podem assim ser transferidos de uma área de especialização para outra sem necessidade de mais mão-de-obra, explica o Ou Mun.

23 Nov 2015

Pintura | Sofia Bobone com “Salpicos” na Fundação Oriente

A designer Sofia Bobone estreia-se com a sua primeira exposição a solo de pintura na Casa Garden. Em foco estão telas de cavalos e corpos femininos que podem ser apreciadas até meados de Janeiro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]designer portuguesa Sofia Bobone inaugura uma exposição a solo de pinturas originais intitulada “Salpicos” na Fundação Oriente. Formada em Design, seguiu carreira na área da publicidade, mas também de design gráfico e de joalharia. Foi há cerca de dois anos que nasceu o gosto pela pintura, tendo Sofia Bobone frequentado cursos e workshops leccionados pela Casa de Portugal em Macau. Um ano depois, foi convidada para participar na parada do Ano Novo Chinês do Cavalo, organizada pelo Venetian. Para a iniciativa, entrou com um cavalo alado feito de arames. Esta é a sua primeira exposição individual e Salpicos prioriza o retrato animal, especificamente de cavalos. No entanto, há ainda espaço para a representação do corpo humano, à imagem do artista britânico Lucian Freud.
De acordo com a coordenadora da Delegação de Macau da FO, Ana Paula Cleto, Sofia Bobone é “artista desde sempre, mas de expressão algo tardia”, pois o talento para a tela só foi descoberto há cerca de dois anos. “Os motivos dominantes desta exposição são a mulher e o cavalo, dois elementos comummente aceites como sinónimo de beleza, mas também de grande força e sensualidade”, explica a coordenadora da entidade cultural. “No seu conjunto, as obras que a artista exibe distinguem-se pelo equilíbrio entre o figurativo e o abstracto, o belo e o disforme”, completa Ana Paula Cleto. A mostra, que se estreia na Casa Garden às 18h30 do próximo dia 3 de Dezembro, fica patente até 10 de Janeiro de 2016, com entrada gratuita.
À conversa com o HM, Sofia Bobone confessa estar “ainda a aprender” e acrescenta que há nisso várias vantagens. Há, por exemplo “muito para explorar” no universo da pintura. Em exposição estarão entre 16 a 18 obras com recurso a técnicas mistas incluindo pastel. “Os cavalos são uma paixão minha e de família, até porque inicialmente comecei a desenhá-los para os meus filhos e para o meu marido”, explica Sofia Bobone. A representação deste animal é, acrescenta a designer, um contraste com as telas de mulheres volumosas que estarão patentes na FO. O gosto pela pintura esteve sempre latente, mesmo desde a universidade, quando a artista teve aulas de pincel e lápis na mão. Várias delas tinham modelos humanos como base e foi essa, a par com o trabalho de Lucian Freud, a inspiração da portuguesa.

23 Nov 2015

Marjory Vendramini, directora da Associação Berço da Esperança

São mais de 20 anos a cuidar dos filhos dos outros. Duas décadas de dedicação a crianças com marcas psicológicas e registos de vários tipos de violência. Do Brasil até Macau, a missão tornou-se a causa maior da vida da directora Marjory

Como era o cenário de Macau há 22 anos, quando avançou com a ideia de criar esta associação?
O que nos fez começar este projecto foi o caso de um bebé abandonado num contentor do lixo, tornado público pelos jornais. Nessa altura, depois de ler a notícia, fiquei motivada em ajudar aquela criança. Entrei em contacto com o Instituto de Acção Social (IAS) e percebi que não existia em Macau nenhum orfanato, nenhuma instituição que cuidasse de crianças os zero aos três. Nada.

Levou a criança para sua casa?
Sim, durante quatro meses. Foi a primeira família de acolhimento em Macau e esse era o programa que se gostaria de iniciar na altura. A questão é que surgiram mais crianças e – eu e o meu marido – decidimos não ficar mais em casa, porque eu já tinha cinco crianças, mais o meu filho. Depois disso, arrendámos um apartamento pequeno, na Taipa, e ficámos lá como associação de Março de 1994 até ao final de 1996.

Mas continuaram a crescer…
Sim, muito. Cada vez havia mais crianças. Foi depois de 1996 que o IAS nos doou o primeiro espaço que era na Nova Taipa. Mas as necessidades mantiveram o ritmo, e cresciam cada vez mais, o número de crianças aumentava sempre. O que não é de estranhar porque somos a única associação desta faixa etária em Macau.

Mas com o crescimento das crianças a base da vossa associação mudou.
Pois, é verdade. No início as crianças eram para ficar temporariamente, a curto prazo. Aos três anos voltavam para a família ou teriam de ser adoptados. Mas esta última opção era uma problemática, porque grande parte destas crianças tinhas as suas famílias, não podiam ser adoptadas. Assim estas crianças tinham de ir para algum lugar, mas não podiam ficar connosco porque só tínhamos licença até aos três. Com esta problemática nas mãos surgiu a ideia de criarmos um novo espaço para as crianças mais velhas. Foi um processo, porque não conseguíamos encontrar o lugar apropriado. Até que um dia recebemos a visita do Carlos Monjardino, presidente da Fundação Oriente, que veio entregar-nos uma prenda de natal que era uma carrinha. Foi um momento de muito emoção e lembro-me de ele me perguntar quais as nossas maiores dificuldades e o que estávamos a precisar. E eu contei-lhe que algumas crianças teriam de sair da nossa tutela porque não tínhamos encontrado um espaço.

Quantas crianças tinham nessa altura?
Nessa altura estávamos acima daquilo que esperávamos e devíamos. Tínhamos uma licença de 18 crianças mas connosco estavam 26, das quais nove já ultrapassavam os três anos. marjory

Foi então que a Fundação Oriente doou o novo espaço?
Sim, ele ouviu a história, olhou para mim e disse que tinha um espaço ideal. Ele próprio tinha adoptado 12 crianças e tinha esta intenção de doar o espaço para esta causa, só ainda não tinha encontrado a instituição. Foi assim que aconteceu. Depois de obras, tudo isto em 2000, abrimos aquele espaço para podermos manter as crianças até aos 12 anos, que depois cresceu para os 18. Licença que se mantém até agora.

Quantas crianças estão à guarda da associação neste momento?
No Berço e na Fonte Esperança, nos dois espaços, temos 72 crianças, 30 com idades entre os zero aos seis, e 42 dos seis até aos 18. Temos lugar até 84 crianças.

Imaginava tantos casos de crianças em risco quando quis ficar com aquele bebé em 1993?
Não, nunca. No início pensámos em adoptar aquela criança, mas depois começámos a perceber que o problema era bem maior do que aquele que parecia ser. Não era só uma criança, eram muitas. São muitas.

Quais são as maiores dificuldades que a associação sente e ultrapassa neste momento?
Os dois maiores problemas é a falta de mão-de-obra e os problemas que as crianças têm apresentado, a solução para esses problemas. São questões emocionais, psíquicas.

Mas existem profissionais especializados para o tratamento destas crianças?
Temos uma psicóloga. Uma apenas. Vem de Hong Kong, porque Macau não tem este tipo de profissionais preparados para lidar com estas questões. Tem uma psicóloga no hospital, que é muito profissional, mas é só uma, e está cheia de trabalho. Já nos ajuda no que pode. De forma particular vem então a psicóloga de Hong Kong, mas só uma vez por semana. Temos também assistentes sociais que têm de trabalhar nesta parte, mas claro não é suficiente. Há aqui uma grande questão de preparação também, que é o facto dos profissionais recém-formados não estarem preparados para esta realidade, nem sabem o que significa este trabalho.

O recrutamento é difícil?
Muito difícil. Não há muitas pessoas que queiram trabalhar aqui. Devido ao horário de trabalho, aos problemas que se encontram. A própria estrutura do trabalho, não é fácil trabalhar com crianças. É preciso um perfil especial, não é qualquer pessoa que consegue. É difícil de encontrar alguém em Macau. Também pelas ambições que cada profissional tem para si. Se pudéssemos gostaríamos, por exemplo, de ter professores para trabalhar com as crianças, mas é difícil, não conseguimos encontrar ninguém.

E os voluntários?
Sim temos, o trabalho voluntário e de grande importância, pois fazem o trabalho de coração. Há várias pessoas que nos ajudam como por exemplo: cabeleleiros profissionais, que uma vez por mês vêm ao nosso lar e cortam o cabelo às crianças. Também a escolinha de futebol do Benfica que dá aulas as crianças gratuitamente, sem falar em várias senhoras do clube International de senhoras de Macau que vêm ao nosso lar para passear e fazer atitvidades com os bebés. Assim como muitos advogados que nos dão assistência profissional, sem cobrar qualquer honorário.

Até pelo ambiente…
Exactamente, estar numa instituição não é o ambiente ideal. O ideal seria estar em família, se estivessem bem, claro. São os problemas que as fazem estar aqui, mas uma instituição nunca é o lugar ideal para uma criança. Até pelas coisas pequenas, por exemplo a mudança dos pessoal trabalhador, isso cria instabilidade emocional para a criança, em termos de segurança e confiança. Ferramentas muito necessárias para que as crianças consigam criar uma ligação, e só assim é que é possível trabalhar com elas. Não pode haver medo.

Sentimento comum na educação chinesa…
Sim, mas aqui não permito isso. O pessoal aqui não pode trabalhar com a regra de impor o medo, aqui não há esse tipo de trato. Fazemos muito treino e formação nessa área.

Como é que acompanha 72 casos tão delicados?
Eu tento acompanhar. Faço metade do meu tempo nos dois espaços, no Berço e na Fonte, e vou-me metendo a par de cada caso.

É importante referir que estas crianças não estão para adoptar.
Sim, estas não. É errado pensar que estas crianças estão para processo de adopção. Não. Elas foram retiradas ou entregues pelas famílias que não conseguem educá-las. Estão aqui num regime provisório, que às vezes acaba por ser até aos 18 anos. A designação correcta para a nossa associação é Lar Residencial.

Há 22 anos a acompanhar estas vidas, são muitas os momentos intensos vividos…
Tantos. Este ano é um ano desses. Cinco crianças que nos foram entregues ainda em fase bebé fizeram agora 18 anos e, claro, tiveram de seguir sua vida. É muito difícil, muito. Pelo menos três delas já cá estavam com menos de três anos. Por mais que tentes ser profissional não consegues: são filhos, são pessoas, são da casa. A saída destas cinco crianças, principalmente estas três, fazem-me olhar para trás e pensar que se calhar até fizemos um bom trabalho.

Mas continuam a acompanhar estes jovens?
Claro. Quero ver como é que estas crianças seguem. Estas não foram as primeira a ir embora, já tivemos crianças que voltaram para casa mais cedo, para as suas famílias.

E comparando os casos, quais as conclusões?
Se comparamos as crianças que fizeram os 18 anos aqui com as crianças que saíram antes, posso dizer que as primeiras estão num caminho muito melhor. A maioria, não são todas. Estas que fizeram todo o seu percurso aqui vejo que têm o seu futuro planeado. Dos cinco, uma voltou para casa, outra está na China, a estudar na Universidade, outros dois estão a estudar também em Taiwan e uma está em Macau. Esta última tem sido um presente para todos nós. Foi uma criança que conseguiu uma bolsa de estudo, é muito aplicada e estudiosa. E todos os restantes estão a ser bons alunos.

Essa é a maior recompensa para a associação…
Sim. O que mais queremos é quebrar o ciclo de miséria, de pobreza, de violência. Todos este valores se envolvem uns com os outros, parecem sempre todos encaixados uns nos outros. A negligência, com a miséria, com a pobreza, com a doença, vício. Estas são sempre as raízes. Uma coisa atrai a outra.

Por receber crianças tão novas é mais fácil de trabalhar?
Pois, o número de casos de crianças com estes problemas é menor, porque são mesmo muito pequeninas. Mas em 2007, 2008 começamos a receber crianças mais velhas e este tipo de criança viu coisas, passaram por coisas. Violência, foram maltratadas, passaram fome. Há bem pouco tempo uma das crianças olhou para mim e disse “não tinha o que comer”. Não tinha água, não tinha banho, não tinha onde dormir.

Como é que uma criança supera isso?
É muito difícil uma criança transmitir estas ideias e as situações pelas quais passou. É preciso ser feito um trabalho muito, muito mesmo, profundo, para que ela consiga começar a falar. É muito raro uma criança conseguir falar, o que denúncia os seus traumas é o comportamento. Na escola, a agressividade, a atitude deles para com as outras crianças. Nos mais velhos é difícil.

Qual é o papel da família depois da criança ser entregue à vossa associação?
Há um procedimento, mas, claro, cada caso é um caso. Quando a criança chega, a família pode visitar, mas isto só acontece depois de um período de tempo. Normalmente seis meses. Nos primeiros meses a família só pode visitar com o acompanhamento de um assistente social e dependendo da atitude da criança com os pais, eles podem começar a ir à rua. Mas tudo depende da reacção. Depois se acharmos que está tudo bem, eles começam a visitar sem acompanhamento do profissional. Enquanto isto, nós, associação, vamos fazendo e estudando as reacções das crianças. Se gostam, se estão confortáveis. No final de seis meses talvez a criança possa ir para casa, se a família estiver em condições. E aí são feitas visitas às casas. É muito difícil tomar esta decisão, porque são os pais e eles têm os direitos, mas a associação quer garantir a segurança da criança.

Como se sente depois de 22 anos desta missão?
Não consigo avaliar, não tenho muito tempo para pensar nisso. Mas é um trabalho pesado, tem sido. Porque são muitas necessidades e o meu trabalho é muito exigente. Já por mim eu preciso de contacto com as pessoas para perceber e ser profissional. E depois há todo o trabalho de gestão e liderança. Para o ano seremos 63 profissionais. É muita coisa para gerir, muita responsabilidade e nós queremos fazer tudo muito bem, claro. Tem sido superexigente.

Vai escrever um livro?
Sim, nos próximos três ou quatro anos. Quero acompanhar aquelas cinco crianças que referi. São 15 anos com aquelas crianças e perceber a nossa missão. É um livro sobre todo o meu trabalho. Uma das minhas paixões é transmitir aquilo que tenho feito para outras pessoas. Tenho feito várias formações na China, Malásia e Tailândia. Sempre que dou palestras, por exemplo, o feedback é sempre muito bom. Partilhar faz-nos perceber que não estamos sozinhos, que passamos todos por situações muito parecidas ou até iguais.

23 Nov 2015

Tribunal nega ao IH a retirada de casa a residente idosa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Tribunal Administrativo (TA) proibiu o Instituto da Habitação (IH) de rescindir o contrato de arrendamento que havia feito com uma residente de 73 anos, doente de cancro. A situação teve início em Janeiro de 2012, quando o IH recebeu uma denúncia de que a residente, que estava a arrendar uma habitação pública, tinha mais pessoas a viver no apartamento do que aquelas que o contrato de arrendamento permitia.
Depois de investigar o caso e fazer algumas inspecções ao local, o IH concluiu que a residente da casa esteve ausente do território entre Janeiro de 2012 e Outubro de 2013, enquanto a sua filha e neto lá viviam. “Em 9 de Outubro de 2013, o pessoal do IH recebeu, por telefone, uma queixa que disse suspeitar que residissem na referida fracção pessoas não inscritas no contrato”, escreve o TA em acórdão.
Tal levou a que o presidente substituto do IH decidisse rescindir o contrato com a idosa, que havia sido submetida a uma cirurgia para retirar um cancro intestinal. A justificação do IH é que a idosa havia infringido normas do regulamento de Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social e por isso deveria perder o direito àquela habitação. O apartamento em questão localiza-se no edifício Cheng Chong da Ilha Verdade e apenas a residente estava autorizada a lá residir.

Permanecer a sofrer

Em sua defesa, a residente alegou, numa carta dirigida ao IH, que a sua filha e neto só vieram para Macau para a auxiliar durante o período de convalescença da operação a que havia sido submetida. No entanto, a entidade não ficou satisfeita com o argumento dado e seguiu com o pedido de rescisão de contrato.
No entanto, a idosa recorreu ao TA e pediu a suspensão deste acto, referindo que a sua pensão de 3000 patacas a impossibilitava de arrendar uma habitação no mercado privado, a isto acrescendo o facto de precisar de estabilidade enquanto estava em tratamento.
“Adiantou a requerente ao mesmo tempo que, vivendo da pensão para idosos no valor de 3.000 patacas, ela não tem capacidade económica para arrendar um prédio colocado no mercado privado, ao que acresce que a imediata execução do respectivo acto determinará afectação grave da saúde dela”, refere o documento do TA.
O tribunal determinou então que a requerente, que é já de avançada idade, está doente e precisou de ir ao continente para estar com o marido, também mal de saúde, deveria continuar naquela casa.
“Não se pode negar completamente que, no caso duma pessoa doente e em situação económica desfavorecida, a execução de tal acto vai deixá-la com receio de perder a habitação, causar-lhe pressões psicológicas e, por conseguinte, provocar, certas influências ou prejuízos à sua saúde, todos esses traduzidos em prejuízos de difícil reparação”, define o acórdão.

23 Nov 2015

Plano de hipoteca da casa de idosos, afinal, é hipótese “arriscada”

Governo quis implementar mas afasta agora ideia. Medida de hipoteca é difícil para um território que tem por base “guardar para os filhos”. Bancos dizem-se preparados se Governo assumir o seu papel

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ideia foi lançada na semana passada, mas agora, uma semana depois, o Governo apresenta muitas dúvidas. Em causa está a medida que o Governo afirmou ter vontade de implementar: atribuir a possibilidade aos idosos, em dificuldades monetárias e proprietários de um imóvel, em avançar com uma hipoteca à sua casa. O objectivo era claro: o idoso em causa receberia um apoio monetário pela hipoteca, facilitando-lhe o pagamento das suas despesas pessoas e à sua morte a casa ficaria na posse do próprio Governo.
Questionado pelo HM, o Instituto de Acção Social (IAS) admite, agora, que a ideia é de difícil implementação, muito por causa da cultura local. “O Governo já discutiu sobre a criação da medida para pedido de hipoteca, mas isto é um plano entre os proprietários dos imóveis – os idosos – e as instituições bancárias. Ainda assim o Executivo considera que esta medida levanta várias questões que merecem a sua ponderação exaustiva.
Na resposta enviada, o IAS argumenta que no âmbito cultura os “idosos de Macau não querem, nem têm em mente hipotecar as suas próprias casas, pois a compra de um imóvel é um investimento futuro para que os seus filhos possam usufruir depois da mortes dos pais”. Também os filhos, diz o IAS, preferem a hipótese de herdar a propriedade do que os pais pedirem uma hipoteca.
A idade, tendo em conta que a medida é direccionado para idosos, é também um risco apresentado pelo Governo. Quanto mais velho, mais risco de morte próxima, logo mais risco na hipoteca. Motivo que os faz, aos idosos, não querer arriscar.
“A medida de hipoteca envolve questões complicadas, tais como o risco de hipoteca, o nível de aceitação de idosos e dos próprios residentes de Macau. O papel, a responsabilidade e o direito das partes interessadas são pontos complicados. O Governo vai estudar a viabilidade de medida de hipoteca dentro do plano de actividades de dez anos para serviços de idosos”, indicou o IAS.
As instituições bancárias contactadas pelo Governo admitiram que é possível avançar com a tentativa mas o próprio Executivo terá que assumir um papel de protecção final.
De acordo com o modelo de experiências práticas de outras regiões, os idosos podem, na maioria das vezes, ganhar mais despesas de vida através de hipoteca de imóveis do que ganhar qualidade de vida, argumenta ainda o Governo. Sem pagamento total da hipoteca, os bancos poderiam leiloar os imóveis que poderia ser adquiridos, através de um nova compra, pelos próprios familiares, ideia que não vai de acordo aos interesses das famílias.

23 Nov 2015

Advogados de Ricardo Salgado desmentem desvio de dinheiro para Macau

O tribunal diz que o antigo presidente do BES transferiu para a RAEM 30 milhões de euros, mas os advogados dizem que a notícia é falsa. O dinheiro teria sido desviado antes do colapso da instituição bancária

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s advogados de Ricardo Salgado, ex-banqueiro do antigo Banco Espírito Santo, actualmente em prisão domiciliária, desmentem o desvio para Macau de 30 milhões de euros em Dezembro de 2013. Num comunicado enviado ao jornal Sol – que avançou com a notícia -, fonte oficial da defesa do antigo presidente do BES diz que a notícia é falsa. A informação do desvio de dinheiro consta de um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, citado pelo mesmo semanário. De acordo com a notícia, o montante teria sido transferido para uma conta bancária no território oito meses antes do colapso do BES, fase em que o supervisor bancário em Portugal já tinha detectado a existência de um buraco financeiro nas contas da holding do Grupo Espírito Santo (GES).
Apesar da defesa ter desmentido a notícia, o acórdão revela que o ex-banqueiro tinha na sua agenda pessoal anotações como “chegaram a Macau 30mE”, “39 Ok” e “Saldo Suisse”, detectadas pelos investigadores a 11 de Dezembro de 2013. Segundo o Sol, Ricardo Salgado terá sido confrontado com estas informações a 20 e 24 de Julho deste ano, mas não deu explicações às autoridades.
“O arguido não apresentou justificação para um conjunto de inscrições na sua agenda de 2013, do qual aparentemente se extraem movimentos com destino a uma conta em Macau”.
Salgado não terá conseguido decifrar o conteúdo da agenda, mas referiu que a informação “poderá dizer respeito a movimentos de clientes”. Contudo, o Ministério Público terá referido que “resta explicar por que razão é feita alusão a esta operação na sua agenda pessoal”.
A fortuna que Ricardo Salgado terá no estrangeiro já não é novidade, tendo sido noticiado recentemente a possível existência de fundos em Singapura e Brasil, os quais serão na ordem dos 26,5 milhões de euros. O acórdão da Relação de Lisboa citado pelo jornal Sol dá ainda conta da existência de duas contas abertas por Ricardo Salgado na Suíça, nas instituições UBS e CreditSuisse, em Agosto de 2012.
O Ministério Público referiu que as contas “têm valores com proveniências ainda não apuradas, e de expressão elevadíssima”.

23 Nov 2015

Taça do Mundo de GT poderá mudar de formato

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]primeira edição da Taça do Mundo FIA de GT apresentou-se com um formato diferente do que era a Taça GT Macau até aqui, isto porque a corrida em si teve uma Corrida de Qualificação, realizada no sábado, que não existia, e a corrida a valer foi no domingo. Christian Schacht, presidente da Comissão de GT da FIA, esteve presente na RAEM este fim-de-semana e afirmou à imprensa internacional que o formato da prova ainda poderá sofrer alterações no futuro.
“Talvez um formato com dois pilotos por carro é algo que temos que considerar no futuro também, pois esse é o espírito das corridas de GT. Mas depois, a corrida terá que ser longa”, disse o responsável dos GT na federação internacional, que no entanto acrescentou que “em termos de comunicação, é melhor ter apenas um piloto como campeão do mundo.
É algo que teremos que falar no futuro”, disse apenas.
Apesar da FIA ter tentado um acordo a longo termo com Macau, após o território ter vencido o concurso lançado pelo Conselho Mundial da organização para a organização da provas, ambas as partes ainda terão que se sentar à mesa depois do evento deste fim-de-semana para discutir o futuro desta competição entre nós.

Macau Road Sport Challenge | Piloto local leva vitória

A primeira corrida do fim-de-semana teve um vencedor da casa. O piloto de Macau Leong Ian Veng, ao volante de um Mitsubishi Lancer EVO 9 de “outro campeonato”, confirmou o seu favoritismo, triunfando pela primeira vez na categoria que puxa pela criatividade dos preparadores locais de automóveis. Leong esteve intocável durante todo o fim-de-semana, acabando por levar a melhor na corrida de nove voltas – quatro delas atrás do safety-car – sobre o japonês Mitsuhiro Kinoshita, num Nissan GTR34 preparado na China continental.
O terceiro a subir ao pódio foi Billy Lo, piloto residente em Hong Kong mas que corre com licença desportiva de Macau e que tripulou um Mitsubishi Lancer EVO 7. Luciano Castilho Lameiras, o único piloto de matriz portuguesa em prova, foi o 12º classificado da geral. A prova ficou marcada pela violenta colisão nos primeiros metros da corrida entre Wong Wan Long, vencedor desta corrida em 2014, e Choi Kei Lei, com este último a demorar algum tempo até abandonar a sua viatura antes de ser transportado para o hospital para ser observado.

Suncity Lotus Celebrity Cup | Anónimos apagam estrelas

A corrida de celebridades com os dezasseis Lotus Elise que se qualificaram teve um pódio sem uma única celebridade, sendo composto por três pilotos que conseguiram comprar lugares na grelha de partida. Sin Ling Fung de Hong Kong venceu a corrida, seguido dos conterrâneos Vincent Chao e Kevin Liu. O actor Fong Lik Sun foi a primeira celebridade na lista, vendo a bandeira de xadrez no sétimo posto da geral.

Casinos discretos

Os mais atentos terão certamente reparado na presença muito mais discreta este ano das operadoras de jogo do território nos placares de publicidade no circuito na edição deste ano. As limitações de publicidade e a quebra de receitas são as justificações mais plausíveis para esta descrição. No entanto, a Comissão do Grande Prémio afirmou que terá reunido apoios na ordem daqueles obtidos o ano passado.

Polémico BOP

A maior reclamação dos pilotos da prova do GT ao longo do fim-de-semana foi certamente o BOP (balanço de performance), a fórmula que a FIA aplica em todas as corridas desta categoria para equilibrar o andamento de carros tão diferentes. Edoardo Mortara, Earl Bamber, Kevin Estre e Álvaro Parente foram alguns dos pilotos que se mostraram desagradados com os BOP aplicados nos seus carros.

Subaru TCR sem peças

Alain Menu teve uma curta passagem pelo Circuito da Guia, visto que logo na quinta-feira o motor do seu Subaru Impreza TCR cedeu. A equipa italiana Top-Run não trouxe nenhum motor sobressalente e a concessionária de Macau só vende o motor 2.5 turbo em vez do 2000cc. Como mandar vir um novo motor de Hong Kong demorava dois dias a chegar a Macau, a equipa desistiu da prova.

Yip Jr desinveste na Europa

Teddy Yip Jr voltou este ano a estar presente no Grande Prémio, onde a sua Theodore Racing apoiou novamente a Prema PowerTeam. Porém, o sobrinho de Stanley Ho reduziu a sua operação europeia. Em 2016, a Status Grand Prix, abandonará a GP3 Series, categoria rival à Fórmula 3, para se concentrar na GP2 Series, a antecâmara da F1. Yip Jr comprou o ano passado a equipa de GP2 a Tony Fernandes, o patrão da Air Asia.

80 mil assistiram

Cerca de 80 mil pessoas assistiram das bancadas ao GP. Nos dias de treinos, somaram-se 22.500 pessoas na assistência, com os dias de corridas a fazerem 60 mil lugares serem ocupados

Taça da Corrida Chinesa | Finalmente Macau

Michael Ho, em representação da Associação Geral de Automóvel Macau-China (AAMC), venceu a segunda edição da Taça da Corrida Chinesa, naquele que foi também o primeiro triunfo da AAMC nesta competição em duas épocas. Cui Ye, a correr pela Federação do Desporto Automóvel da República Popular da China (FASC), e Lo Ka Chun, a representar a federação de Hong Kong, completaram o pódio. Hélder Assunção teve um sábado infeliz, não tendo o seu BAIC Motor Senova D70 completado uma volta sequer.

23 Nov 2015

Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3 | Acidentes e emoção ao rubro. Vitória dupla para Rosenqvist

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]elix Rosenqvist igualou o recorde de Edoardo Mortara e tornou-se ontem o segundo piloto a vencer por duas ocasiões a Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3. O sueco teve um fim-de-semana imaculado em Macau, dominando os dois treinos de qualificação, para além de ter triunfado na Corrida de Qualificação de sábado, apesar desta vitória decisiva ter acontecido na secretaria.
O piloto da Prema Powerteam viu-se surpreendido por Charles Leclerc, que é por agora provavelmente mais conhecido pela cadeia de supermercados da família que pelas suas proezas em pista, na travagem para o Lisboa.
O piloto do Mónaco surpreendeu e tonrou a corrida emocionante, já que estava decidido a obrigar Rosenqvist a um esforço suplementar. Depois do nórdico ter recuperado a primeira posição no Reservatório, Leclerc voltou a ultrapassá-lo no Lisboa. 62ndMacauGP_Sun_F3055 A corrida viria a ser interrompida à segunda volta, devido a um acidente na Curva dos Pescadores que deixou de fora Gustavo Menezes, Ryan Tveter e Mitsunori Takaboshi. No recomeço, Rosenqvist, que este fim-de-semana vestiu a camisola da Theodore Racing, não se deixou surpreender e Leclerc viu-se superado por Sam MacLeod. Leclerc só voltou ao segundo posto na sétima volta, enquanto que o escocês viria às boxes com problemas no seu monolugar, após um ligeiro toque no Ramal dos Mouros, regressando já no final para efectuar a melhor volta, mas para um mero 20º lugar.
“Quando cheguei à curva, o carro escorregou completamente. Acho que havia cimento, óleo ou alguma porcaria na estrada. Não sei. Infelizmente bati contra a parede e parti o volante. Depois disso, mudei o volante e voltei mas já era tarde. Estou desiludido porque poderíamos ter dado cartas, com a posição em que estávamos”, frisou ao HM.
Com Leclerc mais preocupado em segurar o segundo posto, Rosenqvist teve uma segunda parte de corrida tranquila rumo ao triunfo. Alexander Sims foi o terceiro classificado, usando a sua experiência para subir ao último lugar do pódio, apesar de ter terminado com Antonio Giovinazzi na sua traseira. O italiano da Carlin, que venceu em pista a Corrida de Qualificação, subiu seis posições ao longo da corrida.
O único lusófono em pista, o brasileiro Sérgio Sette Câmara, era quinto quando o que o jovem terá tido uma disputa com dois outros carros, ao que o HM apurou, que o obrigou a ir às boxes por o que terá sido um furo no carro, terminando no último lugar da corrida.
O espanhol Dani Juncadella não alinhou na corrida de domingo, porque a monocoque do Dallara-Mercedes da Fortec Motorsport ficou comprometida no acidente de sábado.

O que disse… Rosenqvist ao HM

Rosenqvist disse que poderia conduzir em GT no próximo ano (Foto de Kelsey Wilhelm)
Rosenqvist disse que poderia conduzir em GT no próximo ano (Foto de Kelsey Wilhelm)
“É um sentimento especial vencer duas vezes seguidas. Só um piloto fez isso antes de mim. Rosenqvist disse que poderia conduzir em GT no próximo ano (Foto de Kelsey Wilhelm)[/caption]A corrida de hoje foi muito boa e tivemos a boa estratégia, defendi a minha posição”, frisou, dizendo que não sentiu que a corrida tinha sido mais competitiva do que no ano anterior. “Este ano tive de mais para cosnseguir, mas isso é sempre bom e nunca é fácil vencer aqui. Foi algo que me fez provar a mim mesmo que eu consegui. É a melhor demonstração de que merecemos, quando vencemos duas vezes.” Depois de ter vencido a Taça Intercontinental de F3 pela segunda vez, o sueco admitiu ao HM que poderia regressar à Guia para uma outra prova. “Não acho que vou voltar em Fórmula 3, mas em GT talvez. Nunca se sabe.”

Andy Chang cumpriu

Andy Chan (Foto de Kelsey Wilhelm)
Andy Chan (Foto de Kelsey Wilhelm)
Antes do início do fim-de-semana Andy Chang Wing Chung apontava um lugar no “Top-10” como o ideal, mas sabia que se não terminasse dentro dos vinte primeiros a continuidade no desporto motorizado poderia estar seriamente comprometida. O piloto do território, tal como já acontecia nas provas de karting no Kartódromo de Coloane, voltou a dar-se bem com os ares da casa. Apesar de nunca ter andamento para os dez primeiros, ao longo do fim-de-semana, o jovem teve rasgos de competitividade terminando a corrida de domingo no 14º lugar, depois de partir do 18º lugar, superando muitos dos seus habituais adversários no europeu da especialidade. “Sinto-me bem, cumpri o objectivo dos top15. Estou feliz. Volto para o próximo ano. É difícil ter carro para os primeiros dez, mas tentamos sempre”, disse ao HM.

Sábado polémico

A primeira volta da Corrida de Qualificação de sábado acabou por ser um momento determinante no decorrer da prova de Fórmula 3. Isto porque Dani Juncadella e Antonio Giovinazzi colidiram entre o Lisboa e a subida para São Francisco, com o espanhol, que se tinha qualificado em segundo, a terminar a sua corrida nos muros. O italiano da Carlin, que partiu de terceiro no sábado, ultrapassou Rosenqvist e acabou mesmo por vencer a corrida em pista. Contudo, os Comissários Desportivos aplicaram-lhe uma penalização pela manobra que causou o acidente e que retirou de prova o vencedor do Grande Prémio de Macau de 2012, atirando-o para o 10º lugar final. Esta decisão polémica, pois pelas imagens televisivas é difícil culpar Giovinazzi pelo acidente, fez correr muita tinta na imprensa inglesa que não foi meiga com a decisão dos Comissários Desportivos. Estes, em vez de esperarem pelas imagens de vídeo do carro do piloto transalpino ou ouvirem a versão dos factos apresentada por Giovinazzi, como é habitual, mas não obrigatório nestas situações, tomaram a decisão no momento, não dando hipóteses à equipa Carlin de apelar.

Portugueses em provas não será para breve

Após praticamente uma década e meia representado na Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3, Portugal voltou este ano a não ter nenhum piloto presente na prova, algo que não deverá mudar nos anos mais próximos. “Actualmente não existe nenhum piloto português a competir em Formulas de iniciação com resultados de destaque, por isso não vejo a possibilidade de termos algum piloto português a participar em Macau na F3 nos próximos dois anos”, disse ao HM Nuno Pinto, fundador da WinWay – Intensive Driver Development Program, uma empresa portuguesa de gestão e treino de pilotos com vários sucessos além-fronteiras.
O também ex-piloto relembra que nos últimos 15 anos Portugal obteve “primeiro a vitória do André Couto e depois a do António Félix da Costa, em 2012, um feito único para o desporto automóvel português”. A crise que atravessa Portugal e a falta de aposta na formação jogam contra a internacionalização dos jovens lusos e só um cenário radical poderá eventualmente mudar o actual panorama pouco animador.
“É uma pena que a BMW não tenha motores na F3 pois assim talvez pudéssemos ter novamente a presença do António [Félix da Costa] em Macau para também ele tentar alcançar uma segunda vitória numa prova que acredito que é uma das suas preferidas”, refere Pinto.

23 Nov 2015

TCR pode ser possível para os locais no próximo ano

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]O conceito TCR para as corridas de carros de turismo teve uma estreia auspiciosa em Macau, com a audiência a esquecer depressa a saída do WTCC da Corrida da Guia. Com um custo a rondar os cem mil euros por viatura, estes carros de turismo equipados com motores 2.0 turbo estão a tornar-se uma força viva no automobilismo mundial, com vários campeonatos nacionais e regionais a adoptarem a regulamentação lançada apenas este ano por Marcello Lotti, o antigo patrão do WTCC.
Portugal, Itália, Alemanha e o Benelux vão avançar já com os seus campeonatos no próximo ano. Na Ásia, a Tailândia já aderiu e a República Popular da China poderá ser a seguinte, sendo que no caso chinês os carros do TCR serão integrados dentro de uma das três actuais categorias do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC). 2015_TCR_International_Series_Malaysia_Race_1_start
Por agora, a Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC) terá eventualmente recusado esta aposta a curto prazo, mantendo a regulamentação 1.6 litros turbo vigente na sua categoria rainha, a “AAMC Challenge”, o que tem sido alvo de críticas de vários pilotos, dada a impossibilidade de usar estas viaturas fora dos campeonatos especialidade de Macau e Hong Kong, para além dos custos que têm subido em flecha.
Por seu lado, segundo fonte bem posicionada junto da Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA), a aceitação das viaturas 2.0 litros turbo do TCR no campeonato de turismo do território em 2016 está ser ponderada, havendo a hipótese destes carros serem colocados numa das já existentes classes.
SEAT, Honda, Volkswagen, Ford, Subaru, Opel e Alfa Romeo já aderiram a este novo conceito, sendo que a KIA, Peugeot e Audi poderão juntar-se no futuro.

23 Nov 2015

À conversa com…Nuno Pinto

“Rosenqvist e Juncadella não têm nada a provar, tanto em Macau como na F3”
O português Nuno Pinto, fundador da WinWay – Intensive Driver Development Program, é um dos treinadores de piloto da Prema Powerteam e tem a particularidade de ter trabalhado de perto com os dois ex-vencedores do GP Macau F3 que estarão novamente prova este fim-de-semana, Felix Rosenqvist e Dani Juncadella

Tanto o Rosenqvist, como o Juncadella venceram a prova de F3 em Macau. Ao voltarem este ano, não têm mais a perder que a ganhar?
É verdade que os dois já não têm nada a provar tanto em Macau como na F3, mas a verdade é que ambos voltam principalmente pela paixão que têm por esta prova e pela vontade de voltar a competir naquele que é o seu circuito e evento preferido. Claro que em termos de carreira não existe muito para ganhar, mas é bom perceber que alguns pilotos ainda correm pelo simples prazer de conduzir num dos circuitos mais desafiantes para um piloto e não deixa de ser um aliciante suplementar o facto de poderem tentar igualar o feito do Mortara. Para além disto, o Felix é o único piloto da Prema com experiência prévia de Macau e desde o início do acordo com a equipa que estava previsto que ele ia participar novamente na prova para servir de referência aos novos pilotos.

O Rosenqvist é mesmo o piloto a bater este fim-de-semana?
Sim, o Felix é o claro favorito para esta prova uma vez que é o piloto mais experiente do pelotão da F3 e vem de uma época em que finalmente conseguiu o seu grande objectivo de vencer o campeonato FIA F3, tendo demonstrado ser também o piloto mais rápido ao longo de todo o ano. Depois de cinco temporadas na F3, onde foi sempre rápido mas pouco regular de forma a poder lutar pelo campeonato, a verdade é que desde que ingressou na Prema, que tem sido a equipa a bater na F3. O Rosenqvist ganhou nova motivação e confiança e dominou totalmente os adversários, não tendo assegurado o título com maior antecedência apenas porque foi vítima de alguns infortúnios e incidentes causados por outros pilotos na primeira metade da temporada. Penso que ele chega agora a Macau ainda mais motivado para fechar com chave de ouro um ano memorável na sua carreira.

O que fez o Juncadella voltar a Macau, sabendo à partida que, devido ao facto de ter estado afastado das provas de monolugares nos últimos anos, pode pecar por falta de ritmo?
O Dani, depois de ter ganho em Macau em 2011, ter vencido o Masters de F3 e o Campeonato FIA F3 em 2012, tornou-se piloto profissional no DTM com a Mercedes e foi ainda 3º piloto da Force India na F1 em 2014, mas nunca deixou de afirmar que o GP de Macau tinha sido o momento mais especial da sua carreira e que desejava voltar a competir aqui. Tem nos últimos anos tentado regressar, mas devido a compromissos no DTM ou na F1 não foi possível. Este ano desde o início que sabia que não haveria coincidências de calendário e esteve o ano inteiro a “chatear”, passe a expressão, os responsáveis da Mercedes para correr na prova dos GT. Essa participação esteve perto de acontecer mas no final a marca propôs que ele competisse antes na F3 uma vez que duas das equipas Mercedes iriam alinhar apenas com pilotos “rookies” em Macau. Quando surgiu esta possibilidade, ele não hesitou e volta não só para representar a marca mas também para cumprir o sonho de voltar a correr em Macau. Claro que não vai ser fácil e falta-lhe ritmo de F3 mas o trabalho que fez na F1 nos últimos anos permitiu-lhe não estar três temporadas sem pilotar um monolugar. Ele rodou um dia com o F3 da Fortec em Silverstone antes dos carros partirem para Macau e participou na última corrida do EuroOpen F3 em Barcelona, o que não é suficiente para estar ao nível dos pilotos que competiram toda a temporada com estes monolugares. Mas a motivação do piloto está em alta e pode ser que consiga fazer alguma surpresa e dê trabalho aos favoritos.

20 Nov 2015

Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Prema Powerteam de hoje não é a mesma equipa que André Couto correu de 1995 a 1998 de F3 em Macau. Hoje, a equipa da família Rosin, fundada nos anos oitenta do século passado como Prema Racing, está ainda mais forte. O investimento encapotado do empresário canadiano multi-milionário Lawrence Stroll, pai do seu piloto Lance Stroll, trouxe outra estabilidade e possibilidades de ir mais além, como investir em desenvolvimento e contratar este ano o “veterano” Felix Rosenqvist.

Na sua quinta tentativa, o sueco venceu o europeu da especialidade, dando o quinto título consecutivo aos milaneses. Este ano, Rosenqvist vai tentar repetir o feito do ano passado e igualar o recorde de duas vitórias de Edoardo Mortara. Ao mesmo tempo o piloto nórdico continuará a servir de “tutor” dos seus companheiros de equipa Jake Dennis e Stroll, este último piloto da academia de pilotos da Ferrari e que para o ano poderá ter uma posição na Williams F1 Team.

Rosenqvist admite o estatuto de favorito este ano, até porque a equipa transalpina goza de uma relação privilegia com a HWA Mercedes, mas também diz “que só é possível vencer em Macau com um pouco de sorte”.

Como nos últimos três anos, a equipa italiana veste o traje da SJM Theodore Racing, trazendo à memória a antiga equipa do saudoso Teddy Yip, agora com o seu filho, Teddy Yip Jr, ao leme.

“O René fornece-nos consistentemente os carros melhores preparados da grelha de partida e a nossa longa relação com a SJM assegura que a Theodore Racing esteja sempre na frente do clamor e excitação deste carnaval conhecido mundialmente da cidade”.

Sob a bandeira da SJM Theodore Racing, a Prema Powerteam venceu esta corrida em 2013 com o inglês Alex Lynn. Mas enganam-se todos aqueles que pensem que esta vai ser uma caminhada fácil para o sueco.

Antonio Giovinazzi será o ponta-de-lança da equipa Carlin, a poderosa formação britânica que conta com motores VW e que ajudou Félix da Costa a vencer aqui em 2012. O italiano venceu o Masters de Fórmula 3 em Zandvoort e foi o maior adversário de Rosenqvist ao longo do ano.

“Macau é sempre Macau, nunca sabes o que pode acontecer. Saímos do Reino Unido 100% preparados para vencer. Veremos o que conseguiremos no domingo”, diz o simpático piloto que hoje está na esfera da Audi.

Devido às medidas de contenção de custos impostas pela FIA, os carros são os mesmos: Dallara F312, iguais para todos, mas com motores diferentes – Mercedes-Benz, VW, Toyota, e Tomei. Se é da Europa que chegam a maior parte das equipas, do Japão aterra como é hábito em Macau uma equipa que todos respeitam. A Tom’s voltará a trazer os seus monolugares equipados com os badalados super-motores Toyota, este ano entregues ao campeão e vice-campeão japoneses, Nick Cassidy e Kenta Yamashita. Destaque igualmente para o regresso de Daniel Juncadella, o vencedor da edição de 2011, que aproveitou a vaga causada pela desistência do neto de Emerson Fittipaldi. O espanhol que tem estado empenhado no DTM só fez uma corrida de F3 este ano, mas como diz o povo, “quem sabe, nunca esquece…”

O que esperar:

Tudo o que não seja um triunfo de Rosenqvist será uma surpresa. Contudo, o Circuito da Guia é dado a surpresas e Giovinazzi já mostrou que ombrear o rival sueco em condições normais. O campeão japonês Nick Cassidy foi a revelação da corrida de 2014 e num evento onde a sorte conta mesmo, ninguém poderá ignorar a experiência de Juncadella ou Sims.

Correr pela sobrevivência

A incompreensível política de atribuição subsídios para as provas internacionais pode fazer este fim-de-semana várias vítimas, mas esta pode ser a mais pesada, pois trata-se do único piloto da RAEM com menos de 20 anos e com uma carreira internacional já lançada. Visto que é o único representante de Macau na corrida, Andy Chang Wing Chung terá que terminar nos “70% dos melhores resultados na classificação final” na corrida de domingo se quiser estar habilitado a receber o precioso “subsídio a pilotos locais participantes nas corridas no exterior em 2016”, isto, segundo o regulamento publicado em Julho passado. A estudar em Inglaterra e sem apoios para mais, Chang fez apenas cinco eventos do Campeonato da Europa FIA de Fórmula 3, tendo terminado no 18º posto em três ocasiões nas catorze corridas que completou. Para conseguir o seu objectivo primordial, Chang irá tripular um Dallara-Mercedes da equipa inglesa Fortec Motorsport, equipa que desapontou ligeiramente esta temporada, e espera “um lugar nos dez primeiros seria fantástico, mas não será fácil de obter porque a concorrência é muitíssimo forte este ano”. O ano passado Chang terminou no 19º lugar, um resultado que este ano “caía quem nem uma luva”.

20 Nov 2015

Jonathan Wong, da Associação de Arquitectos: “Governo tem escolhas na parte antiga de Macau”

Para o presidente da Associação dos Arquitectos, o relatório das Linhas de Acção Governativa para 2016 limitou-se a apresentar números de habitação pública já anunciados, mas Jonathan Wong acredita que há vontade de concretização por parte do Executivo. E diz ainda haver soluções para mais habitação nos bairros antigos

Chui Sai On apresentou as Linhas de Acção Governativa (LAG) esta semana. Que análise faz do relatório, no que diz respeito à questão da concessão de terrenos e de políticas de habitação?
Em termos de política de habitação penso que basicamente providenciou o que já tinha prometido durante o processo de terceira consulta pública sobre os novos aterros, que decorreu este ano. Lembro-me que nessa altura foi anunciado que iriam proporcionar cerca de 28 mil fracções. Mas tendo em conta o que ouvi na quarta-feira, Chui Sai On limitou-se a confirmar esses dados, o que é bom. Actualmente sabemos que a construção da zona A dos novos aterros está a ser feita de forma lenta, mas prometeram que no final do próximo ano esse projecto iria estar terminado e penso que dentro de alguns anos poderemos ter as primeiras casas públicas disponíveis e depois todas as infra-estruturas poderão estar concluídas.

Chui Sai On apresentou soluções nas quais a população pode acreditar, especialmente as pessoas que estão à espera de uma casa do Governo?
Não tenho números exactos de quantas pessoas estão à espera de uma casa do Governo, mas claro que se olharmos para todas as cidades em todo o mundo com este tipo de política, vão existir mais candidatos do que casas disponíveis. Penso que Macau é um caso especial, porque as concessões de jogo arrancaram no início dos anos 2000 e registou-se um ‘boom’ nos preços das casas, mas os salários não cresceram ao mesmo ritmo. Estes problemas são especialmente sérios, porque os salários dos residentes não conseguem acompanhar os preços das casas. Temos de admitir que há uma certa limitação em termos de fornecimento de terrenos em Macau, então em vez de construir mais casas públicas em novos terrenos, o Governo também tem escolhas na revitalização da parte antiga de Macau. Se olharmos para a janela (aponta para a zona da Barra), vemos vários edifícios antigos não restaurados. A maioria está ocupada, mas se for feita uma revitalização, tenho a certeza de que mais pessoas podem morar ali. O Governo também poderia concentrar as atenções nas zonas antigas, para obter mais espaços para casas públicas. O Governo Central já autorizou a construção de quatro novos aterros, não deverá dar autorização para mais. E o Governo ainda não começou a tratar da zona C e D. A zona A está a ser parcialmente desenvolvida, bem como a zona B, mas as restantes ainda não arrancaram. A maior parte da habitação pública vai surgir na zona A e devíamo-nos concentrar nessa zona. Mas segundo o que disse o Chefe do Executivo, ele comprometeu-se a resolver esses projectos o mais depressa possível. Penso que Macau tem de finalizar a zona A, porque a ponte que vai ligar Macau a Zhuhai e Hong Kong vai estar completa no próximo ano. E assim que estiver concluída, as pessoas vêm para Macau através da ponte e, se a ilha não estiver terminada, as pessoas não conseguem vir para Macau. Há urgência em fazer isso.

O Secretário Raimundo do Rosário está a tentar arrumar a casa e acelerar o processo ligado à concessão de terrenos. Acredita que o anterior Secretário, Lau Si Io, deveria falar publicamente sobre o que poderá ter falhado durante o seu mandato em relação a essa questão?
Essa é uma questão complicada. Penso que cada terreno tem a sua própria história. Claramente alguns dos concessionários não fizeram o seu trabalho, ao não desenvolverem o terreno. Mas em alguns casos, penso que os concessionários submeteram projectos junto do Governo e esperaram. E pelo que oiço de vozes do sector, essa espera pode ser de oito anos, dez anos. A razão da parte do Governo é que existe a preocupação em relação ao património histórico.

Chui Sai On referiu isso no debate com os deputados.
Sim e referiu que haveria ainda outros planeamentos a fazer. E como concessionário, sem existirem esses planos não se pode sequer submeter o primeiro projecto. Não tenho os dados, mas o que ouvi é que, neste caso, uns fizeram alguma coisa e outros não fizeram nada. Em relação ao anterior Secretário, Lau Si Io, estamos a falar de concessões muito antigas. É uma história longa e talvez o Governo possa obter avisos ou explicações da parte dele. Provavelmente o Governo já fez algumas questões, se fosse o Secretário Raimundo do Rosário já lhe tinha ligado (risos). Penso que o público em geral sabe que não é culpa de [Lau Si Io].

É culpa do sistema?
São questões da década de 90, depende que cada terreno. Naquela altura nem sequer tínhamos Ao Man Long no Governo. Não é uma questão assim tão simples.

O deputado Gabriel Tong disse que se o Governo não solucionar os problemas com as concessões de terrenos isso pode causar “impacto social”. Concorda com ele?
Tudo pode trazer impacto social se não for solucionado de forma correcta. Neste momento não há uma resposta certa, e como Governo, tem de respeitar a lei. O que podem fazer agora? Não sou Chefe do Executivo, não estou em posição [para dizer].

Chui Sai On apresentou um Plano de Desenvolvimento Quinquenal para 2020, com sete principais objectivos. Como olha para esse plano?
São objectivos principais e não há nada de errado em lançar esses objectivos. Se olharmos de forma mais detalhada, vão ter cinco ou seis consultas públicas para diferentes áreas, os novos aterros, a ponte, Areia Preta. Penso que é bom termos finalmente algo mais detalhado. Na última sessão de consulta pública [sobre os novos aterros] acho que foi contratada uma empresa de design da China. Não há nada de errado nisso, mas é um plano especialmente concebido para Macau, que é um lugar único, com as culturas oriental e ocidental, muito pequeno, com muita população e poucos terrenos. Na China há bastante espaço, podem fazer o que quiserem. Mas neste caso recomendaria ao Governo contratar uma equipa local para fazer esse trabalho. A empresa contratada pode fazer o trabalho, mas nós vivemos e trabalhamos aqui. Eu levo os meus filhos todos os dias à escola e sei o que acontece no trânsito e como as pessoas não conseguem sequer apanhar autocarros. Conheço a falta de espaço. São as coisas que as pessoas que não vivem em Macau não têm percepção. Na última sessão de consulta pública fiz uma pergunta sobre a estrada que vai ligar à nova ponte. Todos os dias essa estrada está congestionada, então o que vai acontecer se trouxermos mais tráfego? Vai chegar até à zona de táxis do terminal (risos). Foi-me dito que poderíamos mudar a nossa forma de deslocação e que iríamos usar mais autocarros e menos veículos privados. Esta resposta é muito simples, com a qual não concordo. No final poderão criar um plano mais específico.

Chui Sai On vai deixar o Governo em 2019 com um melhor Governo e um melhor território?
Em termos gerais sim. Estamos numa fase muito diferente em relação a 1999, o Governo está de facto a ouvir a população, há muitos conselhos consultivos, consultas públicas… A população de Macau está um pouco mais embrenhada nas questões políticas, as pessoas falam muito à hora de almoço, em encontros de amigos. Quando dizemos para escreverem algo, para que o Governo conheça a sua opinião, são muitos poucos aqueles que o fazem. Quem o faz são uma espécie de partidos políticos e fazem-no com um determinado objectivo.

Temos visto nos últimos dois anos muitos protestos a acontecer.
Sim, por exemplo. Mas no fim de tudo podemos pensar: esses comentários são mesmo dessas pessoas, ou são das estruturas organizadas? Aí a situação é muito diferente em relação ao período da transferência de soberania. Até a imprensa é diferente e há uma tendência de aproximação do modelo de Hong Kong, mais virado para o populismo, especialmente a imprensa chinesa.

Em relação aos protestos, também é uma tentativa de imitação?
Claro que estão a aprender algo com o que se passa em Hong Kong. Ouvi que até têm conselheiros em Hong Kong e Taipei (em Taiwan), para aprenderem como se fazem este tipo de coisas. (risos)

20 Nov 2015

Metro | Novo concurso para parque no segundo semestre de 2016

O parque de materiais e a oficina do metro ligeiro vão mudar de empresa de construção. No segundo semestre do próximo ano o Governo vai abrir um novo concurso para a construção destas infra-estruturas, conforma anunciou ontem o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. A questão do parque de materiais e da oficina tem levantado polémica pelo desacordo entre Governo e empresas na construção de uma infra-estrutura que deveria estar já prestes a ser concluída. Raimundo do Rosário revelou ontem que os pormenores relativamente à rescisão contratual e ao “acordo alcançado entre o Governo e o empreiteiro” que estava encarregue das obras vão ser “esclarecidos” quando o responsável da tutela estiver presente na sessão de debate das Linhas de Acção Governativa da sua pasta. O Secretário foi ainda instado, de acordo com um comunicado, a falar do novo hospital das ilhas. Raimundo do Rosário disse que já se iniciaram as obras de fundação de dois prédios e as outras duas – de sete prédios – arrancam “no final do corrente ano ou início do próximo”. Quanto à quarta ligação Macau-Taipa, Raimundo do Rosário revelou já terem sido dadas instruções aos serviços competentes para divulgarem todas as informações referentes à sugestão da construção da nova passagem.

20 Nov 2015

Obras Públicas | Saída de Raimundo do Rosário depois de primeiro mandato não preocupa

Raimundo do Rosário confirmou que não aceitará fazer um segundo mandato como Secretário. Em reacção, deputados não se mostram preocupados e dizem que o dirigente está a iniciar uma conduta para quem vier a seguir

[dropcap style=’circle’]“R[/dropcap]aimundo do Rosário vai deixar um início de conduta”. As palavras são do deputado José Pereira Coutinho, quando questionado sobre as declarações do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, que confirmou que só fará um mandato no Governo. O anúncio surge numa entrevista de Raimundo do Rosário à revista Macau Business, onde o próprio indica que só irá cumprir um mandato. “Em 2019, irei ter 63 anos. Esta é o meu último período”, disse.
Para os deputados, a saída de Rosário não é preocupante. “Quatro anos é pouco tempo para fazer muita coisa, mas acho que é suficiente para resolver os problemas que não foram resolvidos ao longo do mandato de Lau Si Io [ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas]”, continuou Pereira Coutinho.
“Raimundo do Rosário herdou uma pasta extremamente complicada e com muitos problemas (…) Poderá conseguir [em quatro anos apenas] resolver alguns problemas que herdámos. Mas [este mandato] servirá para definir uma conduta para o [Secretário] que se seguirá (…), uma conduta para uma sistematização de como se deve lidar com os assuntos da sua pasta”, defendeu o deputado.
Para uma pasta que muitos problemas tem acumulado, Raimundo do Rosário é visto como um ponto final no passado e uma porta aberta para o futuro. “É preciso definir que existiram duas fases. Uma com o ex-Secretário Ao Man Long, em que muito se fez para a sociedade e, também, para o interesse pessoal, e uma segunda [fase], de Lau Si Io, em que não se fez nada, em que as coisas pararam no tempo”, argumenta.
Em apenas quatro anos de mandato, Raimundo do Rosário terá apenas duas funções. “Por um lado montar um sistema transparente, acabando com o tráfico de influências e, por outro, recuperar o tempo perdido. E será nesta fase que a população perceberá se [Raimundo do Rosário] se empenhou ou não”, assinou.

Nada a temer

Para a deputada Melinda Chan apenas um mandato não é motivo de preocupação, mesmo que isso implique uma nova equipa e uma nova fase de tempo de adaptação à realidade novamente.
“Não é importante quem assume o cargo, temos um regime de gestão e uma linha política principal, portanto quem assumir deve dar continuidade ao trabalho. Não acredito que as mudanças e adaptações possam vir a prejudicar os trabalhos, não acredito que afecte as obras públicas, como a construção de sistemas de transportes. Só muda a forma de como executar os trabalhos”, argumenta.
A também membro da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Púbicas acredita que até 2019 muitas obras devem estar em ordem. Melinda Chan acredita ainda que o segmento da Taipa do metro ligeiro deve estar concluído, enquanto o segmento de Macau deverá estar definido até à altura.
A mesma opinião é partilhada pelo deputado Mak Soi Kun. “Sei, por aquilo que o sector da construção me tem contado, que os processos de aprovação de concessão na actual pasta dos Transportes e Obras Públicas estão mais rápidos”, partilhou.
A passagem da pasta de Lau Si Io para Raimundo do Rosário não trouxe muitas alterações, apesar do actual Secretário ter ocupado o último ano a adaptar-se à realidade de Macau. “Não é fácil para quem esteve 16 anos fora”, reforça Pereira Coutinho. “Temos que acreditar que, mesmo que se mude de pessoa e equipa, o regime político é o mesmo e por isso os trabalhos devem corresponder a esses mesmos processos”, frisou.

Arrumar a casa

Mak Soi Kun caracteriza Raimundo do Rosário como um homem “corajoso”. “Ele tem mostrado coragem em querer recuperar os terrenos não aproveitados, comparado com o [Secretário] anterior. Não vejo problemas”, indicou, defendendo que a sua saída não trará conflitos na resolução dos problemas da pasta.
“A responsabilidade pelos erros nas Obras Públicas deve ser atribuída aos chefes dos departamentos, não ao Secretário, portanto a alteração de mandato não deve afectar os trabalhos. Não acho que nos devamos preocupar com isso”, reforçou.
De opinião contrária é Au Kam San, que acredita que apenas um mandato poderá definir o fim de algumas políticas. Ao mudar de equipa, aponta, algumas medidas idealizadas pela anterior nunca serão cumpridas. No entanto, até ao momento nada disso se revelou, mesmo com a entrada de Raimundo do Rosário.
O deputado considera que o actual Secretário é bom a “simplificar os trabalhos”.
“A sua forma de trabalho é fazer no imediato. Ele é prático, sabe o que deve fazer na hora e o que não deve fazer, simplifica trabalho e diminui a pressão. Se o seu comportamento e conduta forem sempre assim parece-me que Raimundo do Rosário conseguirá acabar os trabalhos em apenas quatro anos”, rematou.

20 Nov 2015

Segurança ocupacional | Ella Lei questiona atraso na discussão de regulamento

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] deputada Ella Lei quer saber quando é que o Governo vai entregar a proposta do Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional para discussão na Assembleia Legislativa (AL), algo previsto para 2012, mas que nunca chegou a acontecer.
Numa interpelação escrita, a deputada apontou que o Regulamento de Higiene no Trabalho da Construção Civil de Macau está em vigor desde 1991, mas está desactualizado, porque não corresponde ao actual desenvolvimento económico e social do território. Sobretudo, diz, ao baixo montante da multa que está regulamentado. A deputada defende que, assim, é difícil criar um efeito dissuasório e de alerta para o sector da construção.
Ella Lei recordou que o Governo afirmou já ter elaborado um Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional há muito tempo. Este regulamento integra a orientação das leis de segurança e saúde ocupacional para os estabelecimentos comerciais, industriais e lotes de construção. Mas, adiantou, até agora nada foi apresentado.
Lei apontou ainda que o Governo previu entregar a proposta de revisão à AL em 2012, mas a Direcção dos Serviços para Assuntos Laborais (DSAL) revelou, no início deste ano, que só foi concluída a proposta preliminar e que iria entregar para discussão do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS). Agora não se sabe onde é que esta anda.
“O Governo já estuda a proposta do Regulamento de Segurança e Saúde Ocupacional há muitos anos. Quando é que a publica para discussão tanto na sociedade, como na AL?”, questionou.

20 Nov 2015

Deputado Dominic Sio pede novas ideias ao Executivo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Sio Chi Wai defende que a Governo deve ter uma postura diferente no que respeita ao mundo actual. Numa interpelação escrita, o deputado indica que o Executivo, perante a nova conjuntura que se faz sentir, deve “inovar” e “introduzir novas tecnologias para abandonar pensamentos mais convencionais”.
Sio Chi Wai acredita que actualmente são “grandes” as necessidades da população relativamente aos serviços públicos, portanto “esta pode ser uma oportunidade para os dirigentes introduzirem novas ideias de governação, para reforçarem o espírito de equipa e recorrerem a novos modelos de gestão para elevar a eficácia da execução e fiscalização”.
Ainda assim, defende, é preciso assumir um espírito inovador das reformas, pois “só assim é que se podem enfrentar os desafios do futuro desenvolvimento”.
Uma tarefa para cada um
Frisando que o Governo “tem ganho muita experiência com o enfrentar dos desafios” , o deputado acredita que face à actual situação de insuficiência de fiscalização decorrente da “fraca execução”, as autoridades devem assumir uma postura de proactividade e, por sua vez, “alargar o espectro da sua reflexão”. Enquanto isso os dirigentes dos serviços responsáveis pela execução “devem formular novas ideias para aumentar a respectiva eficácia”.
Em conclusão, Sio Chi Wai defende ainda que as autoridades e cada serviço esteja conscientes da importância que cabe a cada um para melhorar e aumentar a eficácia de execução dos trabalhos. Só assim, diz, “é possível enfrentar e resolver novos desafios”.

20 Nov 2015