Hoje Macau China / ÁsiaTribunal de Hong Kong rejeita recurso de português condenado por subversão Um tribunal de Hong Kong rejeitou sexta-feira um pedido apresentado pelo cidadão português Joseph John para tentar recorrer da pena de cinco anos de prisão a que foi condenado pelo crime de incitação à subversão. De acordo com a imprensa local, três juízes de um tribunal intermédio, Jeremy Poon, Derek Pang e Anthea Pang, negaram o pedido, apresentado em Maio, para enviar um recurso para o Tribunal de Última Instância. Em Abril de 2024, a justiça de Hong Kong condenou Joseph John a cinco anos de prisão pelo crime de incitação à subversão, no primeiro caso de segurança nacional a envolver um arguido com dupla nacionalidade. A lei de segurança nacional foi promulgada em 2020 por Pequim, para pôr fim à dissidência na região semiautónoma chinesa. Mais tarde, o advogado do português, Randy Shek Shu Ming, pediu ao Tribunal de Recurso que reduzisse a pena para quatro anos e quatro meses, sublinhando que Joseph John se tinha declarado culpado. Randy Shek é conhecido em Hong Kong por defender arguidos ligados aos protestos de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder. Mas, em Abril passado, o Tribunal de Recurso recusou o pedido da defesa do português, concluindo que qualquer crime ligado à segurança nacional que seja classificado como “sério” implica uma pena mínima de cinco anos. Os juízes do Tribunal de Recurso citaram uma sentença de 2023 do Tribunal de Última Instância como base para esta decisão. Na decisão de sexta-feira, os três juízes do mesmo tribunal usaram a mesma justificação para rejeitar o recurso de Joseph John, também conhecido como Wong Kin Chung. O português tem como última opção apresentar um pedido directamente junto do Tribunal de Última Instância, que conta entre os seus juízes com o lusodescendente Roberto Ribeiro. Apelos à independência Joseph John, funcionário do Royal College of Music, no Reino Unido, está detido desde o final de Outubro de 2022 e, caso a pena se mantenha inalterada, poderá sair em liberdade no final de 2027. Entre Julho de 2020 e Novembro de 2022, o português fez 42 publicações nos perfis em redes sociais e na página da Internet do Partido para a Independência de Hong Kong, dos quais era um dos administradores. A organização foi fundada no Reino Unido em 2015, mas a comissão eleitoral britânica revogou o estatuto de partido político em 2018. O português pediu a Londres para declarar que a China estaria a “ocupar ilegalmente” Hong Kong, assim como apelou ao Reino Unido e aos Estados Unidos para enviarem tropas para a antiga colónia britânica, cujo controlo passou para Pequim em 1997. Joseph John defendeu também “uma invasão” da cidade vizinha de Shenzhen, para libertar 12 activistas de Hong Kong que tinham tentado fugir de barco para Taiwan, grupo que incluía Kok Tsz-Lun, com dupla nacionalidade portuguesa e chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Três condenados por conspiração para ataque à bomba A justiça de Hong Kong considerou hoje três pessoas culpadas de conspiração para cometer ataques à bomba durante os protestos antigovernamentais que paralisaram a região semiautónoma chinesa em 2019. De acordo com a imprensa local, um tribunal de primeira instância declarou Lukas Ho Cheuk-wai, Lee Ka-pan e Cheung Ka-chun culpados de “conspiração para causar uma explosão de natureza que possa colocar vidas em risco ou causar danos graves à propriedade”. Após esta decisão, tomada por um júri composto por sete mulheres e dois homens, os três arguidos, com idades entre os 30 e os 41 anos, podem enfrentar uma pena de até 20 anos de prisão, de acordo com uma lei aprovada ainda no tempo colonial. Depois do final do julgamento, que durou quase meio ano, a sentença será conhecida mais tarde, numa data ainda por determinada. Todos os sete arguidos foram absolvidos do envolvimento em actividades terroristas, acusação que podia acarretar a pena de prisão perpétua. De acordo com a acusação, o grupo teria tentado fabricar explosivos para colocar bombas em toda a cidade entre Novembro de 2019 e Março de 2020. Em Julho de 2021, a polícia disse que os arguidos planeavam utilizar o material para bombardear tribunais, túneis, caminhos-de-ferro e fazer explodir caixotes do lixo na rua, “para maximizar os danos causados à sociedade”. A polícia disse que o grupo planeava deixar Hong Kong e sabotar a cidade antes da partida.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Novas caras na Comissão de Indigitação de Juízes A presidente do Tribunal de Última Instância, Song Man Lei, passa a integrar a comissão que propõe os juízes a serem nomeados pelo Chefe do Executivo. Também o advogado António José Dias Azedo, foi nomeado para a comissão por Sam Hou Fai, substituindo Philip Xavier O Chefe do Executivo nomeou a juíza Song Man Lei e o advogado António José Dias Azedo para a Comissão Independente para a Indigitação de Juízes. As nomeações de Sam Hou Fai foram feitas a 25 de Agosto, e o despacho oficial foi publicado ontem no Boletim Oficial. A Comissão Independente para a Indigitação de Juízes tem como função propor ao Chefe do Executivo a nomeação dos novos juízes para os tribunais locais. Este grupo é nomeado pelo Chefe do Executivo e constituído por um juiz, um advogado e cinco personalidades locais. Song Man Lei é nomeada como membro da comissão ao mesmo tempo que desempenha as funções de presidente do Tribunal de Última Instância (TUI). Apesar de não ser exigido que o membro da comissão seja o presidente do TUI, esta tem sido uma tradição desde a formação da RAEM. Antes de ser Chefe do Executivo, também Sam Hou Fai integrou a comissão entre 1999 e 2024, dado que era o presidente do TUI. Song Man Lei integra o TUI desde 2012 e desde o ano passado que preside a esse tribunal. Antes da entrada nos tribunais, desempenhou as funções de delegada do Procurador e Procuradora-Adjunta no Ministério Público. Em 2024, também presidiu à Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo. Por sua vez, António José Dias Azedo foi presidente da direcção da Associação dos Advogados de Macau entre 2000 e 2001, além de ter sido vogal e secretário geral, entre 1994 e 1999. É a segunda vez que é nomeado para cargos públicos por Sam Hou Fai, depois de em Março deste ano ter sido escolhido para presidente do Conselho Fiscal da TDM-Teledifusão de Macau. Também em 2013, António José Dias Azedo desempenhou as funções de presidente do Conselho Fiscal no Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), actual Instituto para os Assuntos Municipais (IAM). António José Dias Azedo vai ocupar a vaga em aberto deixada pelo colega de profissão Philip Xavier, cuja exoneração foi confirmada no mesmo despacho que revelou as novas nomeações para a Comissão Independente para a Indigitação de Juízes. Cinco personalidades A comissão é actualmente presidida por Lau Cheok Va, antigo presidente da Assembleia Legislativa e histórico membro da Federação das Associações dos Operários de Macau. Os restantes membros são Tina Ho Teng Iat, ex-deputada, e ex-dirigente da Associação das Mulheres de Macau e irmã do ex-Chefe do Executivo Ho Iat Seng, Ieong Tou Hong, membro do Conselho Executivo, ex-deputado, economista e presidente da Associação de Elites Intelectuais de Chong Hang, Chan Hong, ex-deputada, membro da associação das Mulheres e dos Moradores, com passagens por organismos públicos como Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos, o Conselho de Curadores da Fundação Macau, o Conselho da Universidade Politécnica de Macau e o Conselho da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau. Entre as personalidades que integram a comissão que indigita os juízes, surge também o nome de Wang Yu, professor catedrático na Faculdade de Direito da Universidade de Macau e subdirector do Centro de Estudos do Direito Constitucional e da Lei Básica.
João Luz Manchete SociedadeHK | Caso de subornos envolve Don Don Donki de Macau Uma empregada de uma consultora de Hong Kong confessou em tribunal ter recebido subornos de empresas contratadas para renovar duas lojas de produtos japoneses. Os dois projectos ultrapassaram 25 milhões de dólares de Hong Kong, dos quais 23,4 milhões foram para o projecto da Don Don Doki, no Fai Chi Kei No próximo dia 21 de Julho, o Tribunal de Kowloon City, em Hong Kong, irá revelar a sentença de um julgamento que coloca no banco dos réus uma empregada de uma empresa de consultadoria de design e dirigentes de duas companhias num caso em que as autoridades da região vizinha alegam um esquema de subornos para conseguir contratos de renovação de duas lojas: a Tokyo Lifestyle em Kowloon e o supermercado da cadeia Donki Japan em Macau. Segundo um comunicado da Independent Commission Against Corruption (ICAC) de Hong Kong, na passada segunda-feira, Pian Pang Ka-shin, gestora de marketing da K&C Creation Limited (KCL), declarou-se culpada em tribunal de receber 230 mil dólares de Hong Kong para garantir que as duas empresas conseguiam os contratos de renovação das lojas mencionadas, que valeriam um total de 25 milhões de dólares de Hong Kong. O caso conta com mais três arguidos, dirigentes das duas empresas que conseguiram os contratos, e começou a ser julgado no Tribunal de Kowloon City no passado mês de Fevereiro. Estilos de vida Em 2019, a KLC ficou encarregue dos dois projectos de renovação e, nessa altura, Pian Pang Ka-shin era a responsável da empresa por coordenar os concursos para encontrar as empresas que seriam responsáveis pelos trabalhos nas duas lojas. A arguida estava encarregue de apresentar as propostas e orçamentos de empresas concorrentes para selecção da KLC e Donki Japan. Segundo o ICAC, Pang confessou ter recebido entre Junho de 2019 e Janeiro de 2022 subornos superiores a 230 mil dólares de Hong Kong de três dirigentes das empresas para as ajudar a conseguir contratos para os projectos. No concurso para a renovação da Tokyo Lifestyle, Pian Pang Ka-shin submeteu duas propostas, mas seguindo a recomendação da gestora, a RNK acabou por ficar com o contrato no valor de 1,7 milhões de dólares de Hong Kong. O projecto de maior volume foi mesmo o do espaço comercial no Fai Chi Kei. Aí, Pang ajudou a empresa que acabaria por ficar com o contrato, a FEL, a submeter a proposta para conseguir o projecto no valor 23,4 milhões de dólares de Hong Kong. Os três dirigentes das empresas que terão, alegadamente, subornada a gestora declararam-se inocentes em tribunal. O Don Don Donki no Fai Chi Kei abriu Setembro de 2021, em plena pandemia. Com fortes restrições fronteiriças, a abertura do supermercado de produtos japoneses foi encarada pela população como uma oportunidade de viajar sem sair de Macau. Durante largas semanas, a imposição de medidas de prevenção e controlo de multidões não foi o suficiente para originar longas filas de clientes para entrar na loja aberta 24 horas por dia. Em Fevereiro do ano passado, a marca abriu uma segunda loja em Macau no Studio City.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Nomeado primeiro juiz estrangeiro em um ano O parlamento de Hong Kong aprovou a primeira nomeação de um juiz estrangeiro para o tribunal superior da região semiautónoma chinesa no espaço de um ano, após uma série de demissões. O Conselho Legislativo do território votou na quarta-feira a favor de uma proposta do Governo para nomear William Young para o Tribunal de Última Instância de Hong Kong, para um mandato de três anos, que deverá começar ainda em Junho. O número dois do executivo de Hong Kong, o secretário-chefe Eric Chan Kwok-ki, sublinhou aos deputados que o juiz liderou uma comissão de inquérito ao ataque de Março de 2019 contra duas mesquitas em Christchurch. Em Agosto de 2020, um supremacista branco foi condenado a pena perpétua sem direito a liberdade condicional – a primeira sentença deste tipo na Nova Zelândia – por ter morto 51 muçulmanos. A nomeação de juízes de outras jurisdições que partilham o sistema conhecido como ‘Common Law’ (direito comum) herdado do Reino Unido “contribuiu para a manutenção de um elevado nível de confiança no sistema judicial” de Hong Kong, defendeu Eric Chan. O secretário-chefe disse ainda que a vinda de juízes estrangeiros “demonstra que a Lei Básica [a ‘mini-constituição’ de Hong Kong] garante o exercício independente do poder judicial”. Volta ao mundo Depois de se reformar do Supremo Tribunal da Nova Zelândia, em 2022, William Young, de 73 anos, serviu como juiz nos tribunais superiores das Seychelles, de Samoa e das ilhas Fiji. Em Julho de 2022, o neozelandês foi nomeado para os Tribunais do Centro Financeiro Internacional do Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, mas demitiu-se menos de um mês depois. Na altura, Young deu como razão o risco de “percepções adversas”, após a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional ter acusado o país de nomear juízes estrangeiros para tentar legitimar o regime político. Cinco juízes estrangeiros não permanentes (dois do Reino Unido e três da Austrália) desempenham actualmente funções no tribunal superior de Hong Kong, que conta também com o lusodescendente Roberto Ribeiro. Vários magistrados estrangeiros, incluindo do Reino Unido e do Canadá, abandonaram o Tribunal de Última Instância do território nos últimos 12 meses.
Hoje Macau PolíticaTribunais | Editais vão ser publicados online Desde ontem, que os editais publicados pelos tribunais e que normalmente são afixados fora dos espaços, na sede do Instituto para os Assuntos Municipais e ainda nos jornais locais, passam também a poder ser divulgados através do sítio dos tribunais na Internet. A informação foi transmitida num comunicado do gabinete do Presidente do Tribunal de Última Instância, que garante que a alteração visa concretizar as alterações à Lei do envio de peças processuais, pagamento de custas e prática de outros actos por meios electrónicos. “Com vista a promover o desenvolvimento da digitalização dos tribunais, a partir de 31 de Março de 2025, os editais publicados pelos tribunais das três instâncias da Região Administrativa Especial de Macau serão divulgados, por meio electrónico, no sítio dos tribunais, com o objectivo de substituir a forma de afixação de editais nos tribunais e na sede do Instituto para os Assuntos Municipais”, foi indicado. “As disposições legais que obrigam à afixação de editais fora dos tribunais e da sede do Instituto para os Assuntos Municipais e à publicação de anúncios em jornais continuam a ser aplicadas”, foi acrescentado.
João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Ho Kam Meng detido e acusado de associação criminosa Em prisão preventiva há cerca de dois meses e com a inscrição na Associação dos Advogados suspensa, o advogado Ho Kam Meng está detido acusado do crime de associação criminosa e corrupção Ho Kam Meng está a ser acusado de ter criado uma associação secreta em conjunto com o ex-Procurador da RAEM, Ho Chio Meng, e o Procurador-Adjunto, Kong Chi. A informação foi revelada pelo Canal Macau, que adianta que o advogado está em prisão preventiva há cerca de dois meses. De acordo com a mesma fonte, as suspeitas sobre o advogado estão relacionadas com o exercício de funções no Ministério Público (MP), ainda antes de se tornar advogado. Desde Setembro que era público que Ho Kam Meng estava suspenso enquanto advogado, embora a associação nunca se tenha expressado publicamente sobre o assunto. Nessa altura, o perfil do advogado deixou de estar acessível no portal da associação. A emissora recorda também que em 2017 o nome de Ho Kam Meng surgiu durante o julgamento de Ho Chio Meng, como uma das pessoas que chefiava um dos grupos responsáveis pela aquisição de património, por nomeação do antigo Procurador. Além da acusação de associação secreta, a TDM indica que o advogado está igualmente acusado de crimes de corrupção, o que terá levado a que fossem realizadas buscas no seu escritório, com a apreensão de computadores e processos. Más companhias A associação entre Ho Kam Meng, Ho Chio Meng e Kong Chi deixa antever problemas para o advogado, dado que no passado os magistrados foram condenados com penas pesadas. Ho Chio Meng foi condenado em 2017 a uma pena de prisão de 21 anos pela prática de 1092 crimes no Tribunal de Última Instância, que tinha como principal juiz Sam Hou Fai, actualmente Chefe do Executivo. O ex-Procurador foi dado como culpado da prática de 490 crimes de participação económica em negócio, 450 crimes de burla simples, 65 crimes de burla qualificada de valor elevado, 49 crimes de branqueamento de capitais agravado, 23 crimes de burla qualificada de valor consideravelmente elevado, dois crimes de inexactidão dos elementos de declaração de rendimentos, um crime de peculato de uso, um crime de peculato, um crime de destruição de objectos colocados sob o poder público, um crime de promoção ou fundação de associação criminosa e um crime de riqueza injustificada. Kong Chi, de quem Ho Kam Meng é amigo de infância, foi condenado no ano passado a uma pena de prisão de 17 anos, pela prática de 22 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, 19 crimes de prevaricação, 7 crimes de violação de segredo de justiça, 3 crimes de abuso de poder, 1 crime de favorecimento pessoal e 1 crime de riqueza injustificada.
Hoje Macau China / ÁsiaJustiça | Pequim quer juízes focados na resolução de conflitos Os últimos ataques sangrentos no país levaram um responsável político a apelar à maior consciencialização da justiça na resolução dos conflitos para evitar a escalada de casos e manter a estabilidade social A justiça chinesa deve prestar mais atenção à resolução de conflitos, em vez de se limitar a encerrar casos, afirmou ontem um responsável judicial do país, após uma série de ataques indiscriminados que fizeram dezenas de mortos. Wang Chengguo, secretário da Comissão de Assuntos Políticos e Jurídicos da província de Zhejiang, escreveu no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, que o sistema judicial chinês deve concentrar-se na manutenção da estabilidade social como a “principal tarefa”. A China enfrenta “um número crescente de factores incertos e imprevisíveis”, e a aplicação da lei e o trabalho judicial servem para “alcançar a justiça em casos individuais, reparar relações sociais e fazer avançar a governação social”, afirmou. Se os funcionários se concentrarem nos procedimentos judiciais e tiverem como único objectivo encerrar rapidamente os casos, ignorando a justiça individual, ou se aplicarem as leis de forma mecânica, para simplificar os casos sem resolver problemas reais, poderão “intensificar os conflitos entre as partes envolvidas”, escreveu Wang. Apelou para a resolução dos problemas e ao reforço da governação “na raiz” para evitar “a escalada de vários riscos sociais”. O comentário surgiu depois de uma série de assassínios em massa. Série de desastres A 11 de Novembro, um homem conduziu deliberadamente contra uma multidão de pessoas que faziam exercício em Zhuhai, na província de Guangdong, vizinha de Macau, causando 35 mortos e 43 feridos. A 16 de Novembro, numa escola profissional em Wuxi, na província de Jiangsu, um antigo estudante matou oito pessoas e feriu 17 num ataque com faca. Três dias depois, um homem atropelou um grupo de pais e filhos à porta de uma escola primária em Changde, na província central de Hunan. A polícia local informou que várias crianças ficaram feridas e necessitaram de tratamento hospitalar, mas não se registaram mortes. A polícia local indicou que o suspeito do ataque em Zhuhai, um homem de 62 anos, estava descontente com as decisões do tribunal relativas à divisão dos bens no âmbito do divórcio. Wang afirmou que, para promover a harmonia social no trabalho judicial, devem existir leis e regulamentos, bem como um mecanismo de resolução de conflitos para incentivar a comunicação entre as partes e procurar um compromisso que satisfaça todos os envolvidos. O responsável pediu aos voluntários das comunidades residenciais para participarem na resolução de conflitos e apelou para a utilização de grandes volumes de dados e de outras medidas técnicas para promover a eficiência. Os funcionários devem melhorar as capacidades e “actuar como uma ponte de comunicação” para equilibrar os interesses de todas as partes e resolver os problemas de forma criativa, escreveu. No mês passado, o Ministério da Justiça da China organizou uma reunião para discutir medidas específicas para a resolução de conflitos e pediu aos funcionários locais para que analisassem “questões matrimoniais, relações de vizinhança, heranças, disputas de propriedade e de terras e salários em atraso”, numa tentativa de “eliminar os problemas pela raiz”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCaso MCB | Alegações finais na terça-feira A sessão destinada à audição das testemunhas abonatórias ficou marcada pelo depoimento da mãe do arguido Liu Wai Gui, que tentou ajoelhar-se no tribunal e pedir clemência ao colectivo de juízes De coração partido, a tentar ajoelhar-se e a pedir clemência. Foi desta forma que a mãe do arguido Liu Wai Gui depôs em tribunal na quarta-feira, em mais uma sessão do julgamento do caso do Banco Chinês de Macau (MCB, em inglês). De acordo com o relato feito pelo Canal Macau, numa sessão dedicada a ouvir as testemunhas abonatórias, foi ouvida a mãe de Liu Wai Gui (arguido que está desaparecido) e também da arguida Liu Hai Qin (detida em Coloane). A mãe dos dois afirmou perante o tribunal que nem o filhou ou a filha tinham feito alguma coisa de ilegal. Apesar disso, reconheceu desconhecer o paradeiro daquele que é um dos principais arguidos, e indicou ainda que há cerca de um ano que não tem notícias dele, não tendo havido qualquer contacto. Num depoimento feito no dialecto de Putian, uma cidade de Fujian, a mãe definiu os seus filhos como “respeitadores”. Sobre a filha, Liu Hai Qin, a progenitora afirmou que ela abdicou de se casar, para poder tomar conta dos pais. Contudo, o depoimento ficou marcado pelo desespero da mãe, que tentou ajoelhar-se e pedir clemência aos colectivo de juízes, antes de ser amparada pelos funcionários judiciais. Segundo a tese da acusação, a associação criminosa liderada pelos arguidos Yau Wai Chi e Liu Wai Gui criou empresas fictícias, com a ajuda de familiares e amigos, como a Companhia de Engenharia Junpam, para pedir empréstimos junto do banco para obras que nunca foram realizadas ou que tinham um custo inferior ao dos empréstimos pedidos. Aprovados os pedidos de empréstimo, as verbas eram distribuídas pelos diferentes membros da associação, o que terá causado perdas de 456 milhões de patacas ao banco. Alegações a 5 de Novembro Na sessão de quarta-feira, foram igualmente ouvidas outras testemunhas abonatórias, como um amigo da ex-directora do jornal Hou Kong, Bobo Ng, que é suspeita de ter estado ligado a uma empresa utilizada para desviar dinheiro do banco. Bobo Ng, que se encontra detida em Coloane, e o arguido Liu Wai Gui teriam uma relação de grande proximidade. Segundo o amigo de Bobo, a empresária era uma pessoa “decente, honesta e amiga do seu amigo”. Esta testemunha sublinhou também que Bobo Ng era uma pessoa em quem se podia confiar, mas que seria muito ingénua porque “confiava em demasiado nas pessoas”. A quarta-feira serviu igualmente para agendar as alegações finais para 5 de Novembro, a próxima terça-feira. No entanto, o colectivo de juízes deixou antever um total de 10 horas para estas alegações, o que pode significar que apenas um dia não será suficiente para todo o processo. O caso tem como principal arguida Yau Wai Chu, antiga presidente do MCB, que nas sessões anteriores afirmou a sua inocência face a todas as acusações.
Hoje Macau SociedadeMCB | Arguidos dizem desconhecer que documentos eram falsos Yau Wai Chu, ex-presidente do Banco Chinês de Macau (MCB, na sigla em inglês), afirmou desconhecer que vários dos documentos utilizados para aprovar empréstimos eram falsificados. De acordo com o Canal Macau da TDM, as declarações foram prestadas na segunda-feira, no terceiro dia do julgamento em que Yau Wai Chi e Liu Wai Gui são acusados de terem criado empresas fictícias para pedir empréstimos ao banco, ficando com as verbas. A ex-presidente da instituição afirmou ter confiado nos documentos fornecidos pelos colegas responsáveis pela avaliação dos requerentes de empréstimos e destacou ter aprovado os empréstimos com base em pareceres favoráveis dos subordinados. Na sessão de segunda-feira foi também ouvido Ng Man Un, ex-director do Departamento Empresarial do Banco, que assegurou nunca ter tido suspeitas de existirem contratos falsos na instituição. Contudo, reconheceu que os empréstimos foram aprovados por “confiança”, sem que tivessem sido prestadas garantias por parte dos clientes. O ex-director do Departamento Empresarial do Banco acrescentou que os empréstimos eram aprovados sem que se pedissem informações sobre o destino do dinheiro. De acordo com a acusação, os empréstimos eram justificados pelas diferentes empresas utilizadas no alegado esquema com a realização de obras, atribuídas pelas concessionárias do jogo ou pelo Governo da RAEM. Contudo, Yau Wai Chi e Ng Man Un admitiram que não visitavam os lugares onde decorriam as alegadas obras. Segundo o MP, o esquema terá causado perdas de 456 milhões de patacas ao MCB. A instituição tem como principal accionista a empresa Nam Yue, controlada pelo Governo da Província de Guandong.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Executado por matar mulher ao atirar objectos do 33.º andar O Supremo Tribunal Popular da China confirmou e executou ontem a pena de morte de um homem responsável pelo óbito de uma mulher, após ter atirado uma série de objectos do 33.º andar de um edifício na cidade de Changchun, no nordeste do país. Zhou atirou vários objectos pesados, incluindo dois garrafões de água de cinco litros e três latas de refrigerante fechadas, da janela de um apartamento no 33.º andar de um edifício residencial em Junho de 2023, antes de atirar o tijolo que matou a vítima, uma mulher de 28 anos, noticiou o jornal local The Paper. O homem estava desempregado, vivia num apartamento alugado temporariamente e disse às autoridades que se sentia “insatisfeito com a vida e tinha ódio à sociedade”, o que o levou a planear e executar os ataques. A condenação de Zhou, que não foi considerado doente mental, segundo o tribunal, foi confirmada em Dezembro de 2023 por um tribunal local de primeira instância de Changchun, que considerou que os actos cometidos constituíam um “grave perigo” para a segurança pública. Para além da pena de morte, Zhou foi condenado a pagar mais de 40.000 yuan de despesas de funeral e outras indemnizações à família da vítima.
João Santos Filipe Manchete SociedadeCaso MCB | Empréstimos justificados com apoios na pandemia A ex-presidente do Banco Chinês de Macau, Yau Wai Chu, justificou os empréstimos feitos a várias empresas ligadas a familiares e amigos de Liu Wai Gui, com os apoios à economia e a crença de que as companhias teriam capacidade para devolver o dinheiro Apoios para ajudar as empresas que atravessavam dificuldades durante a pandemia. Foi desta forma que Yau Wai Chu, ex-presidente do Banco Chinês de Macau (MCB na sigla em inglês), justificou vários empréstimos aprovados para empresas de familiares do arguido Liu Wai Gui. As declarações foram prestadas durante o segundo dia do caso MCB, que decorre no Tribunal Judicial de Base e tem como principais arguidos Yau Wai Chi e Liu Wai Gui. De acordo com a acusação, os dois criaram uma associação criminosa, com apoio de familiares de Liu, e utilizaram empresas fictícias para pedir empréstimos junto do banco e apropriarem-se de dinheiro da instituição. O esquema terá causado perdas de 456 milhões de patacas ao banco. Segundo o jornal All About Macau, Yau Wai Chi foi confrontada com vários empréstimos feitos a empresas de familiares de Liu Wai Gui que não ofereciam garantias financeiras. Além da restruturação da dívida à Companhia de Engenharia Junpam, de Liu Wai Gui, que atingiu 120 milhões de patacas, Yau foi questionada sobre o aumento do crédito concedido à empresa Fong Si (tradução fonética), propriedade de Ng Hong, primo de Liu Wai Gui. Este crédito foi aumentado de 13 milhões de patacas para 27 milhões de patacas. O delegado do Procurador do Ministério Público, Pao In Hang questionou os motivos do empréstimo ser aumentado, quando Ng tinha mais de 5 milhões de patacas em créditos pessoais por pagar. A ex-presidente do Banco Chinês de Macau teve igualmente de responder sobre um empréstimo de 60 milhões de patacas à empresa Ian Pok Kuok Tsai (tradução fonética), propriedade de Liu e da sua irmã, apesar de, segundo o delegado do procurador, a companhia não ter qualquer actividade. Em cima da mesa, esteve ainda o crédito de 130 milhões à empresa Ou In Chi Si, que tinha como accionista Bobo Ng, madrinha de Liu Wai Gui e ex-proprietária do jornal Hou Kong. Perspectivas futuras Por sua vez, Yau Wai Chi insistiu que a aprovação dos empréstimos teve por base os planos de negócios das empresas, considerados viáveis, mas também diferentes garantias sobre a capacidade dos empréstimos serem devolvidos. A ex-presidente do MCB afirmou que durante a pandemia, a política de empréstimos dos bancos visou apoiar as empresas que estivessem em dificuldades, quando se acreditava que as empresas teriam capacidade para dar a volta à situação. Sobre Liu Wai Gui, a arguida indicou que este apresentou provas de estar a trabalhar com diferentes concessionárias do jogo e que os negócios lhe estavam a correr bem, a partir do momento em que abdicou de tentar fazer grandes obras e começou a aceitar trabalhos de menor dimensão. No entanto, Yau recusou ser amiga de Liu, que na sessão anterior do julgamento até acusou de a ter enganado. Ao contrário de Yau, que está em prisão preventiva, Liu Wai Gui está a ser julgado à revelia, não se encontrando em Macau. A ex-presidente do banco foi igualmente questionada sobre a alteração ao método de aprovação dos empréstimos. O modelo que exigia uma decisão colectiva, de vários membros do conselho administrativo. Contudo, foi alterado, com Yau Wai Chi a concentrar todas as decisões. Sobre este aspecto, a ex-presidente afirmou que a mudança resultou da decisão de todo o conselho de administração, apesar de ter sido ela a apresentar a proposta.
Hoje Macau PolíticaTribunais | Kan Cheng Ha e Seng Ioi Man sobem ao TSI Os juízes Kan Cheng Ha e Seng Ioi Man foram promovidos para o Tribunal de Segunda Instância (TSI), de acordo com a proposta da Comissão Independente para a Indigitação de Juízes, que entra hoje em vigor. Esta comissão é liderada pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa, Lau Cheok Va, e tem como membros a irmã do Chefe do Executivo, Tina Ho, a ex-deputada Chan Hong, ligada aos Moradores, o advogado Philip Xavier, o membro do Conselho Executivo e economista Ieong Tou Hong e ainda o académico Wang Yu. Kan Cheng Ha e Seng Ioi Man desempenhavam até agora as funções de juízes presidentes do Tribunal Colectivo dos Tribunais de Primeira Instância., e apesar de apenas terem sido deixadas em abertas duas vagas, a comissão optou por nomear três juízes como juízes presidentes dos Tribunais de Primeira Instância. Os escolhidos foram Leong Sio Kun, Chiang I Man e Chan Chi Weng. O Boletim Oficial de ontem revela também a nomeação de mais nove juízes para o TJB, que são Wong Weng Han, Wang Huating, Liang Tsai Ni, Lou In Leng, Wu Un Tat, Lok Ka Long, Vitor Tang Chon In, Chan Cheok Kei, Lam Sok Cheng e Sio Wai Fong. As alterações ao nível das nomeações de magistrados não se ficaram pelos tribunais, também o Ministério Público vai ser reforçado, com mais oito delegados. Por indigitação de Ip Son Sang, Procuradora da RAEM, foram nomeados: Lei Lei, Leong Choi Man, Celina Ling Lee, Chiang Pak Seng, Wong Heng Ut, Chou Sin Teng, Wong Fai e Kong I Teng.
Hoje Macau SociedadeBanco Chinês de Macau | Julgamento adiado novamente O início do julgamento do Banco Chinês de Macau (MCB na sigla em inglês) foi adiado na sexta-feira, dado que só compareceram no tribunal seis dos 15 arguidos, de acordo com a Rádio Macau. Esta é o segundo adiamento, depois de uma primeira tentativa de arranque, a 18 de Julho. O julgamento ficou agora agendado para a tarde de 16 de Outubro, dia em que deverá mesmo ter lugar. Segundo a acusação do Ministério Público, o Banco Chinês de Macau terá registado perdas de 456 milhões de patacas, devido à associação criminosa que envolveu a antiga presidente, Yau Wai Chu, e também Bobo Ng, empresária e ex-directora do jornal Hou Kou. A associação criminosa pedia empréstimos falsos ao banco, criando contratos fictícios para obras que não se realizaram, de forma a desviar o dinheiro para os membros. Entre a lista empréstimos bancários, encontram-se projectos como a expansão do Metro Ligeiro, trabalhos nos hotéis The Londoner, The Venetian ou Grande Lisboa.
Hoje Macau SociedadeCaso BCM | Julgamento foi adiado para Outubro O julgamento do caso do Banco Chinês de Macau (BCM), que tem como principais arguidos a antiga presidente Yau Wai Chu e Liu Wai Gui, foi adiado para Outubro. De acordo com a TDM – Rádio Macau, apesar da sessão ter sido agendada para a manhã de ontem, o colectivo de juízes considerou haver necessidade de adiar o julgamento, dado que o processo cível ainda está a decorrer. O BCM pretende ser compensado por perda de 500 milhões de patacas, devido a esquemas que surgiram na instituição. Segundo o Ministério Público, Liu e Yau criaram empresas fictícias para pedir empréstimos ao banco, assim como o tipo de empréstimos e as quantias. O grupo teria apenas como objectivo cometer fraudes, através da criação de empresas fictícias com recurso a familiares e amigos, que depois pediam o dinheiro emprestado. Aprovados os empréstimos, os fundos eram divididos pelos envolvidos na associação criminosa, uma vez que as obras não eram realizadas. Entre a lista de obras que terão servido como pretexto para requisitar os empréstimos bancários, encontram-se projectos como a expansão do Metro Ligeiro para a Ilha da Montanha, trabalhos nos hotéis The Londoner, The Venetian, Grande Lisboa, MGM e no Wynn. Além de Yau Wai Chu e Liu Wai Gui, a acusação de fraude bancária também envolve a empresária Bobo Ng, directora do jornal Hou Kou, que está em prisão preventiva. Bobo é acusada de ser parceira de longa data e também madrinha de outro alegado líder da associação, Liu Wai Gui.
Andreia Sofia Silva SociedadeCasal obrigado a pagar indemnização por impedir uso de fracção O Tribunal de Segunda Instância (TSI) entendeu que um homem tem direito a receber uma indemnização superior a três milhões de patacas por, durante vários anos, ter sido impedido por um casal de usar a metade indivisa de uma casa que tinha comprado, casa essa habitada pelo casal. O caso remonta a 5 de Setembro de 2012, quando o homem comprou a duas pessoas, descritas no acórdão da TSI como “A” e “D”, uma fracção, adquirida, em partes iguais, em 1983. O homem pagou ao casal cerca de 1.080 milhões de dólares de Hong Kong. Porém, a escritura pública sobre este negócio contém dados errados sobre o estado civil de “A”, que se casou com “B” em 1979, na província de Guangdong. A escritura não só tinha o nome de “B” errado como também não ficou escrito correctamente o regime matrimonial de bens como o de separação. Desta forma, “B” recorreu ao Tribunal Judicial de Base (TJB) para anular o negócio, mas este tribunal entendeu que este era casado com “A” e que os bens de ambos estavam “sujeitos ao regime previsto pela Lei de Casamento da República Popular da China”. Assim, o TJB entendeu anular o negócio de compra e venda de metade da casa, sendo “B” obrigado a considerar o homem agora indemnizado como o verdadeiro proprietário da parte indivisa da casa. Contudo, “A” e “B” usaram a parte indivisa a partir de 2013, impedindo o homem de a habitar. Casa de todos Na primeira instância, o homem recorreu aos tribunais exigindo a “A” e “B” o reembolso de metade do montante pago pela casa, cerca de 556 mil patacas, bem como uma indemnização por não poder usar o imóvel no valor de três mil patacas por mês. O TJB entendeu que o homem tinha, de facto, razão a ser reembolsado do valor pago pela casa, tendo recebido pouco mais de 556 mil patacas, mas entendeu que este não merecia receber qualquer indemnização. O TSI veio agora considerar, com base no Código Civil, que “pertencendo o imóvel a vários comproprietários, e na falta de regulamento sobre o uso da coisa, a todos é lícito servirem-se dela de acordo com o fim a que se destina, não podendo algum deles privar os outros consortes do uso a que também têm direito”. Assim, o pagamento da indemnização deve-se ao facto de o homem “ter sido impedido de usar a fracção em causa”, sendo o montante correspondente “à metade do referido valor multiplicado pelos meses de duração do impedimento [de residência]”. Entendeu o TSI que só se pode exigir o pagamento de indemnização a partir de 9 de Janeiro de 2013, “momento em que o [homem] manifestou a intenção de usar a fracção”.
Hoje Macau Manchete SociedadeTSI | Tribunal volta a reduzir penas de Sio Tak Hong e Ng Lap Seng O Tribunal de Segunda Instância reduziu pela segunda vez as penas de prisão de dois empresários num processo de corrupção ligado a projectos imobiliários que envolveu o antigo governante responsável pela concessão de solos no território O Tribunal de Segunda Instância (TSI) cortou a pena de Sio Tak Hong de 12 anos para 11 anos e meio, decidindo que um crime de branqueamento de capitais do qual o empresário foi considerado culpado já tinha prescrito, por ter acontecido em 2010. Os três juízes do TSI reduziram ainda a pena de Ng Lap Seng de quatro anos e meio para dois anos e meio, devido à prescrição de dois dos três crimes de branqueamento de capitais (ocorridos em 2008 e 2009), pelos quais o empresário tinha sido condenado. Num veredicto datado de 4 de Dezembro, o tribunal rejeitou, no entanto, suspender a pena de Ng, sublinhando que “as circunstâncias [e] as consequências do crime são sérias” e tiveram “um enorme impacto negativo”. Recorde-se que Ng foi condenado em 2018, nos Estados Unidos, e cumpriu uma pena de prisão de menos de três anos por subornar o então presidente da Assembleia-Geral da ONU John Ashe, para conseguir apoio para um centro de conferências patrocinado pela ONU em Macau. O TSI rejeitou reduzir as penas de prisão de quatro outros arguidos neste processo. A 21 de Novembro, o mesmo tribunal já tinha reduzido as penas de Sio Tak Hong e Ng Lap Seng, que originalmente tinham sido condenados a 24 anos e 15 anos de prisão, respectivamente, no Tribunal Judicial de Base (TJB), em Março. Planos de director O TJB condenou o antigo director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) Li Canfeng a 24 anos de prisão “por abusar” do poder para aprovar projectos que “violavam as instruções administrativas ou os respectivos procedimentos”, em troca de “vantagens” de vários empresários. A lista inclui um empreendimento residencial, de Sio Tak Hong, que previa torres com até 37 andares e 115 metros de altura num terreno no Alto de Coloane, onde se localiza uma antiga casamata portuguesa. O projecto, aprovado apesar de um parecer ambiental desfavorável e a alertar para potenciais danos a Coloane, acabou por ser abandonado em 2018 devido a ilegalidades na demarcação do terreno. Um outro antigo director da DSSOPT, Jaime Carion, ausente de Macau há vários anos, foi condenado à revelia a 20 anos de prisão, pena igual à aplicada ao empresário Si Tit Sang. O empresário William Kuan Vai Lam foi condenado a 18 anos de prisão. Entre outros crimes, Jaime Carion e Li Canfeng foram considerados culpados de corrupção na autorização dada a um outro projecto habitacional, o Windsor Arch, na ilha da Taipa, um prédio com 37 andares junto à colina da Taipa Pequena, embora o limite estivesse fixado em 16 andares.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Julgamento de português marcado para Fevereiro Um tribunal de Hong Kong marcou ontem para 27 de Fevereiro de 2024 o início formal do julgamento do cidadão português Joseph John, acusado de incitação à subversão, crime com uma pena máxima de 10 anos de prisão. No tribunal do distrito de Wanchai, após cinco adiamentos devido a mudanças na defesa do português, o juiz Kwok Wai-kin marcou para o próximo ano uma sessão em que o arguido poderá declarar-se culpado ou inocente, assim como a defesa poderá apresentar eventuais atenuantes. A defesa voltou a não apresentar ontem qualquer pedido para que Joseph John, detido desde o final de Outubro de 2022, saísse em liberdade sob fiança. Em Agosto, um outro juiz rejeitou um pedido do anterior advogado para que o português saísse sob uma fiança no valor de 26 mil dólares de Hong Kong (cerca de três mil euros), considerando que continua a representar um perigo para a segurança nacional da China Kwok Wai-kin é um dos juízes nomeados pelo governo de Hong Kong para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional, promulgada em 2020 por Pequim. De acordo com a acusação, Joseph John era administrador do perfil na rede social Facebook do Partido para a Independência de Hong Kong. O suspeito, funcionário do Royal College of Music no Reino Unido, terá usado o perfil para, desde Setembro de 2019, “lançar uma campanha de angariação de fundos para despesas militares, enviar petições para páginas de governos estrangeiros e apelar ao apoio de tropas estrangeiras”. Na sessão de ontem esteve presente o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão.
Hoje Macau China / ÁsiaCorrupção | Antigo vice-presidente do banco central julgado Um tribunal da província chinesa de Hubei iniciou um processo judicial contra o antigo vice-governador do Banco do Povo da China (banco central) Fan Yifei, acusado de aceitar avultados subornos, noticiou ontem a imprensa local. A acusação surge na sequência de uma investigação iniciada pela Comissão Nacional de Supervisão, o órgão máximo da estratégia anticorrupção do Estado chinês, indicou a agência noticiosa oficial Xinhua. Fan Yifei, que foi um dos seis vice-governadores do banco central chinês desde 2015 até ao ano passado, é acusado de ter utilizado a sua posição para beneficiar terceiros em troca de somas “extremamente grandes” de dinheiro, avançou a agência noticiosa. O processo judicial está a ser conduzido pelo Tribunal Popular Intermédio de Huanggang, segundo um comunicado oficial divulgado ontem. No final de Fevereiro passado, o poderoso órgão anticorrupção do Partido Comunista da China (PCC), a Comissão Central de Inspecção e Disciplina, prometeu reforçar a sua estratégia contra a conduta ilícita no sector financeiro. Tal posicionamento resultou em acusações contra vários funcionários de agências reguladoras e altos executivos de empresas, incluindo recentemente antigos responsáveis do Banco da China e do conglomerado financeiro estatal China Everbright.
Hoje Macau PolíticaTSI | Todas as propostas para construir novo tribunal admitidas A Direcção dos Serviços de Obras Públicas (DSOP) revelou ontem os valores e prazos de execução das propostas apresentadas no concurso público para a Empreitada de construção do edifício do Tribunal de Segunda Instância nos lotes C12 e C14 do Lago Nam Van. A DSOP recebeu um total de 15 propostas, que foram todas admitidas, para a empreitada cujo início está previsto para o final deste ano. “Os preços propostos da empreitada variam entre mais de 582 milhões de patacas e mais de 648 milhões de patacas e os prazos de execução variam entre 806 dias de trabalho e 815 dias de trabalho”, revelou ontem a DSOP. O edifício ficará localizado nos lotes C12 e C14 do Lago Nam Van e tem uma área total de cerca de 5,928 m2. O projecto vai reajustar as instalações dos Tribunais de Segunda e Última Instâncias existentes e, construir no terreno adjacente um novo edifício do Tribunal de Segunda Instância, com cinco pisos de altura e três pisos em cave, que ficará ligado ao actual edifício.
João Luz Manchete SociedadeJustiça | Condenado por denunciar partilha de vídeo “íntimo” de crianças Um ex-professor da Escola Xin Hua foi condenado a um ano de prisão, com pena suspensa, e a pagar 80 mil patacas de multa depois de ter sido considerado culpado pelo crime de publicidade e calúnia. No final de Março do ano passado, o homem revelou que mais de 20 professores da Escola Xin Hua teriam difundido vídeos de alunos sem roupa Na segunda-feira, um ex-professor da Escola Secundária Xin Hua, de apelido Kuok, foi condenado no Tribunal Judicial de Base a pena de um ano de prisão, suspensa por dois anos, e ao pagamento de uma indemnização no valor de 80 mil patacas ao estabelecimento de ensino. As penas foram aplicadas depois de o juiz ter considerado Kuok culpado do crime de publicidade e calúnia, na sequência da denúncia que fez no final de Março do ano passado. Tudo começou quando Kuok divulgou no Facebook que mais de 20 professores da Escola Xin Hua teriam partilhado e difundido entre si, imagens de comportamentos desviantes de alunos do ensino primário do estabelecimento, onde são facilmente identificáveis e aparecem sem roupa. A publicação tornou-se viral e ganhou dimensões que levaram à investigação por suspeitas da prática do crime de pornografia infantil, depois de o ex-docente ter enviado uma carta ao Ministério Público, e levou também a reacções do Governo. Segundo o jornal All About Macau, um dos argumentos usados para a condenação foi o juiz duvidar das razões que levaram Kuok a denunciar o caso um ano depois de os factos se terem revelado. Além disso, o tribunal decidiu que o docente agiu com intenção de prejudicar intencionalmente a reputação da escola. Factos e conceitos Um dos pontos basilares que levaram à condenação de Kuok foi o facto de o juiz não ter considerado que a denúncia correspondia ao que realmente se passou. Um dos exemplos dados pelo magistrado foi a afirmação do ex-docente de que o vídeo partilhado mostraria seis crianças a mostrar as partes íntimas. Tese que difere da realidade considerada pelo tribunal, que corrige a versão de Kuok firmando que o vídeo mostrava dez alunos da escola a brincar ao “pedra, papel e tesoura”, com as regras do jogo a determinarem que os derrotados teriam de mostrar os genitais, situação que apenas se verificou uma vez, com um aluno. Este desfasamento foi usado pelo tribunal para concluir que a descrição de Kuok não foi factual. Além disso, durante o julgamento houve uma troca de argumentos sobre a definição de pornografia, com o juiz a afirmar que o vídeo não era pornográfico por não haver toque ou apalpação de órgãos genitais, ou beijos e intimidade. O magistrado afirmou ainda que é necessário ter em conta o cenário em que o vídeo é filmado e se existem movimentos corporais que transmitam pensamentos sexuais. Como tal, mais uma vez, as alegações de que o vídeo teria cariz sexual foram negadas. Também a partilha do vídeo num grupo de conversação entre docentes não foi encarada negativamente pelo tribunal, que considerou o acto natural num contexto de trabalho e para decidir que rumo disciplinar a escola deveria seguir para punir os alunos. O All About Macau indicou que o ex-docente irá recorrer da sentença.
Hoje Macau China / ÁsiaAlexei Navalny julgado em novo caso de extremismo Um tribunal russo começou a julgar ontem o oposicionista Alexei Navalny num novo processo por alegado extremismo em que pode vir a ser condenado a trinta anos de prisão. De acordo com a agência France-Presse (AFP), o processo decorre no estabelecimento prisional de alta segurança de Melekhovo, a 250 quilómetros de Moscovo, onde Navalny se encontra preso. Neste novo processo, o oposicionista russo é acusado de financiamento duma “organização extremista”. Segundo a AFP, Navalny esteve ontem presente na audiência acompanhado dos advogados de defesa. O dirigente da oposição russa, de 47 anos, está preso desde que regressou ao país, em Janeiro de 2021, após convalescença hospitalar na Alemanha na sequência de envenenamento com gás tóxico (Novichok) na Rússia. Após o início da campanha militar da Rússia contra a Ucrânia, em Fevereiro de 2022, a maior parte dos oposicionistas que não abandonaram o país estão presos ou são alvo de mandados de captura, por denunciarem ou criticarem o conflito. Navalny, em particular, foi envolvido anteriormente num processo anticorrupção tendo sido condenado a nove anos de prisão por “fraude”. Para Navalny tratou-se de um “julgamento político”. Mudança de planos Ontem, na abertura do processo que começou no estabelecimento prisional onde se encontra, Navalny pediu para as autoridades permitirem a entrada dos familiares na audiência, mas o pedido foi recusado. Os advogados de defesa têm dez dias para consultarem os 196 dossiers fornecidos pela acusação. Navalny mantém actividade política através de comentários que colaboradores seus difundem nas redes sociais. Uma das porta-vozes de Navalny, Kira Iarmych, disse ontem à France Presse que o oposicionista está a ser alvo de um novo processo devido à actividade política que desenvolve, apesar de estar preso. De acordo com a mesma fonte, o julgamento que começou ontem deveria ter sido aberto ao público, mas o juiz determinou que a sessão ia decorrer “à porta fechada”. Os colaboradores de Navalny referem ainda que o recluso tem sido submetido a um tratamento “muito severo” e foi sujeito pela 16.ª vez à “célula disciplinar” onde as condições de vida são particularmente precárias. Um outro oposicionista do regime do Kremlin, Vladimir Kara-Mourza, foi condenado no passado mês de Abril a 25 anos de cadeia “por alta traição”. Em Dezembro do ano passado, outro oposicionista, Ilia Iachine, foi sentenciado a oito anos e meio de prisão por ter criticado a ofensiva russa contra a Ucrânia.
Hoje Macau China / ÁsiaJulgamento de português em Hong Kong adiado para Agosto Um tribunal de Hong Kong adiou ontem para 15 de Agosto o início do julgamento do cidadão português Joseph John, acusado de incitação à subversão, crime com uma pena máxima de 10 anos de prisão. Numa sessão no tribunal do distrito de Wanchai, o juiz Stanley Chan Kwong-chi aceitou o pedido da defesa do arguido por mais tempo para analisar a acusação, adiando pela terceira vez o arranque do julgamento. O novo advogado do arguido, Randy Shek Shu Ming, sublinhou que o Departamento de Justiça de Hong Kong só no final de Maio aceitou um pedido de apoio judiciário para Joseph John. O juiz Stanley Chan aceitou o pedido do advogado do português, mas defendeu tratar-se de “um caso muito simples, em que é somente necessário analisar o conteúdo das mensagens electrónicas”. De acordo com a acusação, Joseph John era administrador do perfil na rede social Facebook do Partido para a Independência de Hong Kong. A organização foi fundada no Reino Unido em 2015, mas a comissão eleitoral britânica revogou o estatuto de partido político em 2018. O suspeito, funcionário do Royal College of Music no Reino Unido, terá usado o perfil para, desde Setembro de 2019, “lançar uma campanha de angariação de fundos para despesas militares, enviar petições para páginas de governos estrangeiros e apelar ao apoio de tropas estrangeiras”. O homem terá apelado a Londres para declarar que a China estaria a “ocupar ilegalmente” Hong Kong, assim como pediu ao Reino Unido e aos Estados Unidos para enviarem tropas para a antiga colónia britânica, cujo controlo passou para Pequim em 1997. Stanley Chan, um dos juízes nomeados pelo governo de Hong Kong para lidar com casos ligados à lei de segurança nacional, já tinha adiado o início do julgamento, primeiro a 9 de Março e depois a 28 de Março. A somar No dia 9 de Março, o Ministério Público adicionou o crime de incitação à subversão à acusação, com uma pena mínima de cinco anos de prisão e uma pena máxima de 10 anos. Este crime foi criado pela lei de segurança nacional promulgada em 2020 por Pequim. O novo advogado de Joseph John é conhecido em Hong Kong por defender arguidos ligados aos protestos pró-democracia de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder. O português, também conhecido como Wong Kin Chung, está detido desde o final de Outubro, inicialmente acusado do crime de sedição, ao abrigo de uma outra lei, da era colonial britânica, cuja pena máxima é de dois anos de prisão. Joseph John, nascido em Hong Kong e com estatuto de residente permanente na região administrativa especial chinesa, terá pedido um salvo-conduto para deslocação ao interior da China. A China, cujo regime jurídico chinês não reconhece a dupla nacionalidade, só atribui o salvo-conduto a pessoas de etnia chinesa e considera que o documento serve como reconhecimento da nacionalidade chinesa.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Arranca julgamento de 13 alegados envolvidos em ataque a parlamento O julgamento de 13 pessoas alegadamente envolvidas no ataque ao parlamento de Hong Kong, em 2019, começou ontem, na região administrativa chinesa. O episódio foi o mais violento dos primeiros dias dos protestos que abalaram Hong Kong nesse ano, com milhões de manifestantes a organizarem marchas e concentrações durante várias semanas. Na noite de 1 de Julho de 2019, quando se assinalava o 22.º aniversário da transferência de Hong Kong do Reino Unido para a China, manifestantes atacaram o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong, depois de forçarem a entrada e exibirem a bandeira da era colonial britânica. Os manifestantes partiram janelas e pintaram as paredes com graffiti. As 13 pessoas que estão a ser julgadas enfrentam acusações de participarem num motim, um crime punível com uma pena de prisão de até dez anos. Sete dos suspeitos declararam-se culpados no início da audiência, em troca da retirada de outras acusações. “Nunca me arrependi da minha luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia”, disse Althea Suen, que se declarou culpada, numa mensagem publicada na rede social Facebook, no início do julgamento. “Os meus pensamentos continuarão a ser livres quando estiver na prisão”. Os seis arguidos que não se declararam culpados de participarem num motim enfrentam outras acusações, como entrada ilegal no parlamento e “danos criminais”, crimes que podem implicar uma pena de prisão perpétua. O julgamento deverá ter uma duração de 44 dias. Mais de dez mil pessoas foram detidas na sequência dos protestos de 2019, um dos maiores desafios às autoridades de Pequim desde a transferência de poder em 1997, que levou a China a impor na região, em 2020, uma lei de segurança nacional. Cerca de 2.900 pessoas foram acusadas por crimes relacionados com os protestos.