Aeroporto chinês automatiza ‘check-in’ através de reconhecimento facial

O registo dos passageiros num dos aeroportos de Xangai, capital económica da China, pode a partir de hoje ser feito através de reconhecimento facial, ilustrando a ambição de Pequim em alargar aquela tecnologia a todos os sectores.

Segundo um comunicado da Administração da Aviação Civil da China, o Aeroporto Internacional de Hongqiao instalou terminais de reconhecimento facial para ‘check-in’ dos passageiros e bagagens de porão, controlo de segurança e embarque.

O mesmo sistema deve ser implementado em breve nos aeroportos de Pequim e na cidade de Nanyang, província de Henan, centro do país, detalhou o mesmo comunicado.

Vários aeroportos na China usam já sistemas de reconhecimento facial para acelerar as verificações de segurança, mas o sistema implementado em Xangai é “completamente automatizado”, lê-se naquela nota. A tecnologia está disponível apenas para titulares do passaporte chinês.

Em toda a China, o reconhecimento facial está a ser implementado na vida quotidiana, incluindo para dar entrada em hotéis, fazer pagamentos em restaurantes ou detetar a reação dos estudantes nas salas de aula.

A polícia chinesa usou já aquele sistema para identificar pessoas em locais públicos e apanhar criminosos em flagrante, e está a desenvolver um sistema nacional integrado de monitorização através dos dados recolhidos através daquela tecnologia.

Mas a crescente comodidade poderá ter custos, à medida que o Estado chinês usa os meios digitais para aprimorar o seu caráter policial.

“As autoridades estão a usar dados biométricos e a inteligência artificial para registarem e rastrearem pessoas por motivos de controlo social”, afirmou Maya Wang, investigadora para a China da organização de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch.

“Estamos preocupados com a crescente integração e uso de tecnologias de reconhecimento facial em todo o país, porque fornece cada vez mais dados, que servem para as autoridades monitorizarem os cidadãos”.

17 Out 2018

A inteligência artificial (II)

“Artificial intelligence will reach human levels by around 2029. Follow that out further to, say, 2045, we will have multiplied the intelligence, the human biological machine intelligence of our civilization a billion-fold.”

 

The Age of Spiritual Machines: When Computers Exceed Human Intelligence

Ray Kurzweil

Se considerarmos o caso de uma grande empresa agrícola que queria implantar a tecnologia da IA ​​para ajudar os agricultores e uma enorme quantidade de dados estava disponível sobre as propriedades do solo, padrões climáticos, colheitas históricas, e o plano inicial era criar um aplicativo de IA que pudesse prever com mais precisão o rendimento futuro das colheitas, mas nas discussões com os agricultores, a empresa aprendeu sobre uma necessidade mais premente. O que os agricultores realmente queriam era um sistema que pudesse fornecer recomendações, em tempo real, sobre como aumentar a produtividade, quais os terrenos e onde cultivar e quanto nitrogénio a usar no solo.

A empresa desenvolveu um sistema de IA para fornecer tais conselhos, e os resultados iniciais foram promissores; os agricultores ficaram felizes com o rendimento das colheitas obtido com a orientação da IA. Os resultados desse teste inicial foram então enviados de volta ao sistema para refinar os algoritmos usados. Assim, como na etapa de descoberta, novas técnicas analíticas e de IA podem auxiliar na co-criação, sugerindo novas abordagens para melhorar os processos. O terceiro passo para as empresas é escalonar e depois sustentar a solução proposta. O SEB, por exemplo, implantou originalmente uma versão da “Aida”, internamente, para ajudar os quinze mil trabalhadores do banco, mas depois, implementou o “chatbot” em um milhão de clientes.

O último estudo realizado nos Estados Unidos com uma sondagem a centenas de empresas, foram identificadas cinco características dos processos de negócios, que as empresas normalmente desejam melhorar que são a flexibilidade, velocidade, escala, tomada de decisões e personalização. Ao reinventar um processo de negócios, é necessário determinar qual dessas características é central para a transformação desejada, como a colaboração inteligente poderia ser aproveitada para resolvê-lo, e quais os ajustamentos e compensações com outras características do processo seriam essenciais.

Os braços “cobot” na Mercedes-Benz, tornam-se uma extensão do corpo do trabalhador e para os executivos da empresa, os processos inflexíveis apresentaram um desafio crescente. Os clientes que maior lucro dava à empresa, vinham a exigir cada vez mais, carroçarias individualizadas da classe S, mas os sistemas de montagem não conseguiam oferecer a personalização que as pessoas queriam. A fabricação de automóveis, tradicionalmente, tem sido um processo rígido com etapas automatizadas, executadas por robôs “pouco inteligentes”. A fim de melhorar a flexibilidade, a Mercedes substituiu alguns desses robôs por “cobots” com IA, e redesenhou os seus processos em torno de colaborações entre seres humanos e máquinas. Os braços robotizados, na fábrica da empresa, perto de Estugarda, guiados por trabalhadores pegam e colocam peças pesadas, tornando-se uma extensão do corpo do trabalhador.

O sistema coloca o trabalhador no controlo da construção de cada carro, fazendo menos trabalho manual e mais um trabalho de pilotagem com o robô. As equipas de máquinas humanas da empresa podem adaptar-se rapidamente. Os “cobots” na fábrica, podem ser reprogramados facilmente com um “tablet”, permitindo que trabalhem em tarefas diferentes, dependendo das alterações no fluxo de trabalho. Tal agilidade, permitiu que o fabricante atingisse níveis sem precedentes de personalização. A Mercedes pode individualizar a produção de veículos de acordo com as escolhas em tempo real que os consumidores fazem nas concessionárias, alterando tudo, desde os componentes do painel do veículo até à pele do assento ou às tampas das válvulas dos pneus, e como resultado, não existem dois carros iguais a sair da linha de montagem da fábrica na Alemanha. Algumas empresas estão a usar a IA para descobrir incógnitas desconhecidas nos seus negócios.

A “GNS Healthcare (GNS)” é uma empresa privada de análise de dados, sediada em Cambridge, nos Estados Unidos, que aplica “software” de aprendizagem de máquinas para encontrar relações negligenciadas, entre os dados nos registos de saúde dos pacientes e em outros locais. O “software” depois de identificar um relacionamento, elabora várias hipóteses para explicá-lo e, em seguida, sugere quais delas são mais prováveis. Tal abordagem, permitiu que o GNS descobrisse uma nova interacção medicamentosa escondida em anotações de pacientes não estruturados, não se tratando de uma peneira de dados para encontrar associações, pois a plataforma de aprendizagem de máquinas não vê apenas padrões e correlações nos dados. É de considerar que para algumas actividades de negócios, o prémio está na velocidade e uma dessas operações é a detecção de fraudes com cartões de crédito. As empresas têm apenas alguns segundos para determinar se devem aprovar uma determinada transacção. Se for fraudulenta, provavelmente terão que repor essa perda, mas se negarem uma transacção legítima, perdem a taxa da compra e irritam o cliente.

O “The Hongkong and Shanghai Banking Corporation (HSBC)”, como a maioria dos grandes bancos, desenvolveu uma solução baseada em IA que melhora a velocidade e a precisão da detecção de fraudes. A IA monitora e marca milhões de transacções diariamente, usando dados sobre o local de compra e o comportamento do cliente, endereços IP e outras informações para identificar padrões subtis que sinalizam possíveis fraudes. O HSBC implementou pela primeira vez o sistema nos Estados Unidos, reduzindo significativamente a taxa de fraudes e falsos positivos não detectados e, em seguida, implementou-o no Reino Unido e na Ásia. Um sistema de IA diferente usado pelo Danske Bank melhorou a sua taxa de detecção de fraudes em 50 por cento e diminuiu os falsos positivos em 60 por cento. A redução no número de falsos positivos, liberta os investigadores para concentrar os seus esforços em transacções equívocas, que a IA sinalizou, onde o julgamento humano é necessário.

A luta contra a fraude financeira é como uma corrida armamentista, pois uma melhor detecção conduz a criminosos mais perigosos, levando por conseguinte a uma melhor detecção, que continua o ciclo. Assim, os algoritmos e modelos de pontuação para combater fraudes têm uma vida útil muito curta e exigem actualização contínua. Além disso, diferentes países e regiões usam modelos diferentes e por essas razões, legiões de analistas de dados, profissionais de “Tecnologia de Informação (TI)” e especialistas em fraudes financeiras são necessárias no sistema de meios de ligação entre os seres humanos e as máquinas, para manter o “software” na dianteira dos criminosos. A baixa escalabilidade, para muitos processos de negócios, é o principal obstáculo para a melhoria e é particularmente verdadeiro em processos que dependem de trabalho humano intensivo com assistência mínima da máquina.

É de considerar, por exemplo, o processo de recrutamento de trabalhadores da “Unilever” que é uma multinacional britânica-neerlandesa de bens de consumo, que estava à procura de uma forma de diversificar a sua força de trabalho de cento e setenta mil pessoas. Os recursos humanos da empresa, determinaram que precisavam de se concentrar em contratações de nível básico e, de seguida, contratar o melhor para a gestão, mas os processos existentes na empresa não foram capazes de avaliar potenciais candidatos em número suficiente, ao mesmo tempo que davam atenção individual a cada aspirante para garantir uma população diversificada de talentos excepcionais. A “Unilever” combinou recursos humanos e de IA para dimensionar a contratação individualizada, e na primeira fase do processo de inscrição, os candidatos são convidados a brincar com jogos “on-line” que ajudam a avaliar características como a aversão ao risco.

Os jogos não têm respostas certas ou erradas, mas ajudam a IA da “Unilever”, a descobrir quais os indivíduos que podem ser mais adequados para uma determinada posição. Os candidatos, na fase seguinte, são convidados a enviar um vídeo em que respondem a perguntas específicas, para a posição em que estão interessados. As suas respostas são analisadas por um sistema de IA, que considera não apenas o que dizem, mas também a sua linguagem corporal e tom de voz. Os melhores candidatos dessa fase, conforme o decidido pela IA, são então convidados à “Unilever” para realizarem entrevistas pessoais, após as quais os seres humanos tomam as decisões finais de contratação.

É muito cedo para dizer se o novo processo de recrutamento resultou na contratação dos melhores trabalhadores. A empresa tem acompanhado de perto o sucesso dessas contratações, mas ainda são necessários mais dados. É claro, no entanto, que o novo sistema ampliou enormemente a escala do recrutamento da “Unilever”, em parte, porque os candidatos a emprego podem ter acesso facilmente ao sistema por “smartphone”. O número de candidatos duplicou para trinta mil em um ano, o de universidades representadas subiu de oitocentas e quarenta para duas mil e seiscentas, e a diversidade socioeconómica das novas contratações aumentou. Além disso, o tempo médio entre a aplicação e a decisão de contratação, baixou de quatro meses para apenas quatro semanas, enquanto o tempo que o pessoal que recruta a fazer a revisão dos aplicativos baixou 75 por cento. O facto de fornecer aos trabalhadores informações e orientações personalizadas, a IA pode ajudá-los a tomar melhores decisões, que pode ser especialmente valioso para os trabalhadores, pois onde fazer a escolha certa tem um enorme impacto.

É de considerar a forma pela qual a manutenção de equipamentos está a ser aprimorada com o uso de “gémeos digitais”, que são modelos virtuais de equipamentos físicos, ou cópias elaboradas das linhas de produção. A “General Electric (GE)” constrói esses modelos de “software” das suas turbinas e outros produtos industriais e actualiza-os continuamente, com a transmissão de dados operacionais do equipamento. Ao recolher leituras de um grande número de máquinas, a GE acumulou uma grande quantidade de informações sobre o desempenho normal e aberrante. O seu aplicativo “Predix”, que usa algoritmos de aprendizagem da máquina, pode prever quando uma peça específica em uma máquina pode falhar.

A tecnologia mudou fundamentalmente o processo decisivo de manutenção de equipamentos industriais. A “Predix” pode, por exemplo, identificar algum desgaste inesperado do rotor, em uma turbina, verificar o histórico operacional da turbina, informar que o dano quadruplicou nos últimos meses e avisar que, se nada for feito, o rotor perderá cerca de 70 por cento da sua vida útil. O sistema pode, então, sugerir acções apropriadas, tendo em consideração a condição actual da máquina, o ambiente operacional e os dados agregados sobre os danos e reparações semelhantes em outras máquinas. A “Predix” conjuntamente, com as suas recomendações, pode gerar informações sobre os custos e benefícios financeiros e fornecer um nível de confiança (por exemplo, de 95 por cento) para as hipóteses usadas na sua análise.

Os trabalhadores sem o “Predix” teriam sorte de descobrir o dano do rotor em uma verificação de manutenção de rotina. É possível que não seja detectado até que o rotor falhe, resultando em uma interrupção custosa. Os funcionários de manutenção, com a “Predix” são alertados sobre possíveis problemas antes de se tornarem sérios, e têm as informações necessárias na ponta dos dedos para tomar boas decisões, que por vezes podem economizar milhões de dólares à GE. A questão da personalização é importante, pois fornecer aos clientes experiências de marcas personalizadas individualmente é o santo graal do marketing e com a IA, essa personalização pode ser alcançada com precisão inimaginável e em larga escala.

É de pensar como o serviço de “streaming” de música “Pandora” usa algoritmos de IA para criar listas de reprodução personalizadas para cada um dos seus milhões de utilizadores de acordo com suas preferências em músicas, artistas e géneros, ou se considerarmos a “Starbucks”, que, com a permissão dos clientes, usa a IA para reconhecer os seus dispositivos móveis, e ter acesso ao seu histórico de pedidos para ajudar a fazer recomendações de serviços. A tecnologia da IA ​​faz melhor, analisando e processando grandes quantidades de dados para recomendar certas ofertas ou acções, que não é possível ao ser humano, A “Carnival Corporation”, é a maior empresa de viagens de lazer do mundo, que oferece aos viajantes férias extraordinárias com um valor excepcional, com uma frota de cento e dois navios que visitam mais de setecentos portos em todo o mundo, e está a aplicar a IA para personalizar a experiência de cruzeiro para milhões de turistas, através de um dispositivo “wearable” chamado “Ocean Medallion” e uma rede que permite que dispositivos inteligentes se conectem.

A máquina processa dinamicamente os dados que fluem do medalhão e dos sensores e sistemas em todo o navio, para ajudar os hóspedes a tirar o máximo proveito das suas férias. O medalhão agiliza os processos de embarque e desembarque, rastreia as actividades dos hóspedes, simplifica a compra conectando os seus cartões de crédito ao dispositivo, e actua como uma chave, como também se conecta a um sistema que antecipa as preferências dos hóspedes, ajudando os membros da equipa a oferecer um serviço personalizado a cada hóspede, sugerindo roteiros personalizados de actividades e experiências gastronómicas.

A questão da necessidade de novas tarefas e talentos, passa por re-imaginar um processo de negócios que envolve mais do que a implementação da tecnologia da IA; também requer um compromisso significativo para desenvolver trabalhadores com habilidades de fusão, ou seja os que permitem que se trabalhe efectivamente no sistema de comunicação homem-máquina. As pessoas, para começar, devem aprender a delegar tarefas à nova tecnologia, como os médicos confiam nos computadores para ajudar na leitura de raios X e ressonância magnética. Os trabalhadores também devem saber combinar as suas habilidades humanas distintas, com as de uma máquina inteligente para obter um resultado melhor do que qualquer um poderia alcançar só, como na cirurgia assistida por robô.

Os trabalhadores devem ser capazes de ensinar novas habilidades aos agentes inteligentes e passar por formação para trabalhar bem nos processos aprimorados por IA. Assim, por exemplo, devem saber a melhor forma de formular perguntas a um agente de IA para obter as informações de que precisam. É de esperar que, no futuro, as funções da empresa sejam redesenhadas ao redor dos resultados desejados dos processos reinventados, e as empresas sejam cada vez mais organizadas ao redor de diferentes tipos de habilidades, e não à volta de dísticos de trabalho rígidos. A “AT&T” iniciou essa transição ao mudar de serviços de rede telefónica fixa para redes móveis e começa a treinar cem mil trabalhadores para novas colocações.

A empresa, como parte desse esforço, reformulou completamente seu organograma, e aproximadamente, dois mil empregos foram simplificados em um número muito menor de categorias abrangentes, englobando habilidades similares. Algumas dessas habilidades são o que se pode esperar (por exemplo, proficiência em ciência e disputas de dados), enquanto outras são menos óbvias (por exemplo, a capacidade de usar ferramentas simples de aprendizagem da máquina para serviços de venda cruzada). A maioria das actividades no sistema de comunicação homem-máquina, exige que as pessoas façam coisas novas e diferentes (como treinar um “chatbot”) e façam de forma diferente (usar esse “chatbot” para fornecer um melhor atendimento ao cliente).

Actualmente, apenas um pequeno número de empresas começou a re-imaginar os seus processos de negócios para optimizar a inteligência colaborativa. Mas a lição é clara, pois as organizações que usam máquinas, apenas para deslocar trabalhadores através da automação perderão todo o potencial da IA. Tal estratégia é mal orientada desde o início. Os líderes de amanhã serão aqueles que abracem a inteligência colaborativa, transformando as suas operações, mercados, indústrias e a força de trabalho.

13 Jul 2018

A inteligência artificial (I)

“Artificial intelligence (AI) is taking an increasingly important role in our society. From cars, smartphones, airplanes, consumer applications, and even medical equipment, the impact of AI is changing the world around us. The ability of machines to demonstrate advanced cognitive skills in taking decisions, learn and perceive the environment, predict certain behavior, and process written or spoken languages, among other skills, makes this discipline of paramount importance in today’s world. Although AI is changing the world for the better in many applications, it also comes with its challenges.”

Artificial Intelligence: Emerging Trends and Applications

Marco Antonio Aceves-Fernandez

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] inteligência artificial (IA) está a tornar-se benéfica em muitas actividades humanas, ao diagnosticar doenças, traduzir idiomas e fornecer atendimento ao cliente, entre muitas outras. A situação está a melhorar rapidamente, fazendo criar razoáveis receios ​de que a IA acabará por substituir os trabalhadores em toda a economia. Mas esse não é o resultado inevitável ou o mais provável, pois nunca antes as ferramentas digitais foram tão receptivas aos seres humanos e estes àquelas. Ainda que a IA altere radicalmente a forma como trabalho é realizado e quem o faz, o maior impacto da tecnologia será complementar e aumentar as capacidades humanas, não substituí-las.

É um dado certo que muitas empresas utilizam a IA para automatizar processos, mas são implantadas principalmente para substituir os trabalhadores e verão apenas lucros de produtividade a curto prazo. A última sondagem realizada nos Estados Unidos que envolveu mil e quinhentas empresas, revelou que as empresas alcançam melhorias de desempenho mais significativas, quando os seres humanos e máquinas trabalham conjuntamente. Através dessa inteligência cooperativa, os seres humanos e a IA aumentam activamente os pontos fortes e complementares uns dos outros, como a liderança, trabalho em equipa, criatividade e as habilidades sociais dos primeiros, bem como a velocidade, escalabilidade e as capacidades quantitativas dos últimos.

O que é natural para as pessoas pode ser complicado para as máquinas, e o que é simples para as máquinas (analisando gigabytes de dados), permanece praticamente impossível para os seres humanos. Os negócios requerem ambos os tipos de recursos e para aproveitar ao máximo essa colaboração, as empresas precisam de entender como os seres humanos podem efectivamente aumentar a capacidade das máquinas, como as máquinas podem aprimorar o que os seres humanos fazem de melhor, e como redesenhar os processos de negócios para apoiar a parceria. Os seres humanos precisam de desempenhar três papéis cruciais, pois devem treinar máquinas para executar determinadas tarefas; explicar os seus resultados, especialmente quando são contra intuitivos ou controversos; e sustentar o uso responsável de máquinas (evitando, por exemplo, que robôs prejudiquem os seres humanos).

Os algoritmos de aprendizagem da máquina devem ser ensinados a executar o trabalho para o qual foram projectados e nesse esforço, enormes conjuntos de dados de treino são acumulados, para ensinar aplicativos de tradução automática para lidar com expressões idiomáticas, aplicativos médicos para detectar doenças e mecanismos de recomendação para apoiar a tomada de decisões financeiras. Além disso, os sistemas de IA devem ser treinados da melhor forma para interagir com os seres humanos. Ainda que as organizações em todos os sectores estejam nos estágios iniciais de preenchimento das funções de instrutor, as principais empresas de tecnologia e grupos de pesquisa contam com equipas de formação e especialização amadurecidas. Se considerarmos a assistente de IA da Microsoft, “Cortana”, deparamos que o “bot” que é uma aplicação de “software” criado para simular acções humanas repetidas vezes de forma padrão, como faria um robô, exigia treino extensivo para desenvolver apenas a personalidade certa, confiante, carinhosa e prestativa, mas não autoritária. Incutir essas qualidades, exigiu incontáveis ​​horas de atenção de uma equipa que incluía um poeta, um romancista e um dramaturgo.

É de notar que de igual forma, eram necessários treinadores humanos para desenvolver as personalidades do aplicativo “Siri” (que é uma maneira fácil e rápida de fazer tudo), da “Apple”, e da “Alexa” da “Amazon”, para garantir que reflectissem com precisão as marcas das suas empresas. A “Siri”, por exemplo, tem apenas um toque de inconveniência, como os consumidores podem esperar da “Apple”. Os assistentes de IA estão a ser treinados para exibir características humanas ainda mais complexas e subtis, como a simpatia. O “start-up” “Koko”, um desdobramento do “MIT Media Lab”, desenvolveu uma tecnologia que pode ajudar os assistentes da IA a parecerem solidários, como por exemplo, se um utilizador está a ter um dia mau, o sistema “Koko” não responde de forma automática, como “sinto muito ouvir tal situação”, mas ao invés pode pedir mais informações e depois oferecer conselhos para ajudar a pessoa. Há que ver os problemas sob uma luz diferente e se estiver a sentir “stress”, o sistema recomendaria pensar na tensão, como uma emoção positiva que poderia ser canalizada para a acção.

À medida que as IAs chegam cada vez mais a conclusões por meio de processos que são opacos (o chamado problema da caixa-preta), exigem especialistas humanos no terreno para explicar o seu comportamento a utilizadores não especialistas. Os explicadores são particularmente importantes em indústrias baseadas em evidências, como leis e medicina, onde um profissional precisa de entender, como uma IA pesou todo o que é disponível para o uso e desenvolvimento da vida humana em uma sentença ou recomendação médica. Os explicadores, são igualmente importantes, para ajudar as seguradoras e a polícia a entenderem porque razão um automóvel, realizou acções que levaram a um acidente, ou não conseguiu evitá-lo. E os explicadores estão a tornar-se parte integrante de sectores regulados, em qualquer indústria voltada para o consumidor, onde a produção de uma máquina poderia ser desafiada como injusta, ilegal ou simplesmente errada, como por exemplo menciona o “Regulamento 2016/679 do Parlamento Europeu e do Conselho”, que é o novo “Regulamento Geral sobre a Protecção de Dados (RGPD)” da “União Europeia (UE)”, que estabelece as regras relativas ao tratamento, por uma pessoa, ou organização, de dados pessoais relativos a pessoas na UE.

O RGPD concede aos consumidores o direito de receber uma explicação para qualquer decisão baseada em algoritmos, como a oferta de tarifa em um cartão de crédito ou hipoteca. Esta é uma área onde a IA contribuirá para o aumento do emprego, dado que os especialistas estimam que as empresas terão que criar cerca de setenta e cinco mil novos empregos para administrar os requisitos do GDPR. Além de ter pessoas que podem explicar os resultados da IA, as empresas precisam de sustentadores, ou seja funcionários que trabalham continuamente para garantir que os sistemas de IA estejam a funcionar de forma adequada, segura e responsável. A IA pode impulsionar as nossas habilidades analíticas e de tomada de decisão, bem como aumentar a criatividade, como por exemplo, um conjunto de especialistas, às vezes chamados de engenheiros de segurança, quando se concentram para antecipar e tentar evitar danos causados ​​por IAs.

Os desenvolvedores de robôs industriais que trabalham ao lado das pessoas, prestaram cuidadosa atenção para garantir que reconheçam os seres humanos por perto e não os ponham em perigo. Tais especialistas, também, podem rever a análise dos explicadores quando as IAs causam danos, como quando um carro autónomo está envolvido em um acidente fatal. É de considerar que outros grupos de sustentadores garantem que os sistemas de IA mantenham as normas éticas. Se um sistema de IA para aprovação de crédito, por exemplo, for discriminatório contra pessoas em determinados grupos, esses gerentes de ética são responsáveis ​​por investigar e resolver o problema. Os responsáveis ​​pela conformidade de dados, desempenhando um papel semelhante, tentam garantir que os dados que alimentam os sistemas de IA estejam em conformidade com o GDPR e outras regulamentações de protecção ao consumidor, e um papel relacionado ao uso de dados envolve garantir que as IAs façam a gestão das informações com responsabilidade.

A “Apple”, como muitas empresas de tecnologia, usa a IA para recolher detalhes pessoais sobre os utilizadores quando se envolvem com os dispositivos e “softwares” da empresa. O objectivo é melhorar a experiência do utilizador, mas a recolha de dados irrestrita pode comprometer a privacidade, enfurecer os clientes e entrar em conflito com a lei. As empresas beneficiam da optimização da colaboração entre seres humanos e a IA. É de considerar a existência de cinco princípios que podem ajudar como reimaginar os processos de negócios; abraçar a experiência/envolvimento do funcionário; estratégia de IA activamente directa; recolher dados com responsabilidade e redesenhar o trabalho para incorporar a IA e cultivar as habilidades dos funcionários relacionados com o processo. A última pesquisa realizada nos Estados Unidos com mil e setenta e cinco empresas em doze sectores descobriu que quanto mais adoptadas por essas empresas, melhores são as iniciativas de IA, realizadas em termos de velocidade, redução de custos, receitas ou outras medidas operacionais.

As máquinas inteligentes estão a ajudar os seres humanos a expandir as suas habilidades de três formas, pois podem ampliar as nossas forças cognitivas; interagir com clientes e funcionários para nos libertar para tarefas de alto nível e incorporar habilidades humanas para alargar as nossas capacidades físicas. A inteligência artificial pode impulsionar as nossas habilidades analíticas e de tomada de decisão, fornecendo as informações certas no momento correcto, mas também podem aumentar a criatividade. Se considerarmos o “Dreamcatcher” da “Autodesk” que aumenta a imaginação de desenhadores excepcionais, deparamos que um desenhador fornece ao “Dreamcatcher” critérios sobre o produto desejado, por exemplo, uma cadeira capaz de suportar até centro e trinta quilogramas, com um assento de quarenta e cinco centímetros de altura, feita de materiais que custam menos de setenta e cinco euros, e assim por diante, e também pode fornecer informações sobre outras cadeiras que considera atraentes.

O “Dreamcatcher” produz milhares de desenhos que combinam com esses critérios, muitas vezes criando ideias que o desenhador pode não ter considerado inicialmente, e pode então orientar o “software”, dizendo quais as cadeiras que gosta, levando a uma novo círculo de projectos. Ao longo do processo interactivo, o “Dreamcatcher” realiza os diversos cálculos necessários para garantir que cada projecto proposto atenda aos critérios especificados. Tal, liberta o projectista para se concentrar na implantação de forças exclusivamente humanas, como o julgamento profissional e a sensibilidade estética. A colaboração homem-máquina, permite que as empresas interajam com funcionários e clientes de formas novas e mais eficazes. Os agentes de IA como a “Cortana”, por exemplo, podem facilitar a comunicação entre pessoas ou em nome de pessoas, como transcrever uma reunião e distribuir uma versão de voz pesquisável para aqueles que não puderam comparecer.

Tais aplicativos são inerentemente escalonáveis, pois um único “chatbot” (é um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas), por exemplo, pode fornecer serviço de rotina ao cliente para um grande número de pessoas simultaneamente, onde quer que se encontrem. O “Skandinaviska Enskilda Banken (SEB)”, um dos principais bancos suecos usa um assistente virtual chamado “Aida” para interagir com milhões de clientes. O “Aida” tem a capacidade para trabalhar com conversas em linguagem natural, com acesso a vastos repositórios de dados e pode responder a muitas perguntas feitas frequentemente, como abrir uma conta ou fazer pagamentos internacionais, bem como também pode fazer perguntas de acompanhamento aos telespectadores para resolver os seus problemas, e é capaz de analisar o tom de voz de um chamador (por exemplo, frustrado versus apreciativo) e usar essa informação para fornecer um serviço melhor posteriormente.

Se o sistema não conseguir resolver um problema, o que acontece em cerca de 30 por cento das situações, encaminha o interlocutor para um representante humano de atendimento ao cliente, e monitora essa interacção para aprender a resolver problemas semelhantes no futuro, e com o “Aida” a trabalhar com os pedidos básicos, os representantes humanos podem concentrar-se em abordar questões mais complexas, especialmente, as de interlocutores infelizes que podem precisar de apoio extraordinário. É de entender que muitas IAs, como o “Aida” e a “Cortana”, existem principalmente como entidades digitais, mas em outras aplicações, a inteligência é incorporada em um robô que dá mais-valia a um trabalhador humano. Os motores e actuadores com os seus sofisticados sensores, as máquinas habilitadas por IA, podem reconhecer pessoas e objectos e trabalhar com segurança ao lado dos seres humanos em fábricas, armazéns e laboratórios.

Os robôs na fabricação, por exemplo, estão a evoluir de máquinas industriais potencialmente perigosas e “tolas” para “cobots” inteligentes e sensíveis ao contexto. Um braço “cobot” pode, por exemplo, trabalhar com acções repetitivas que exigem tarefas pesadas, enquanto uma pessoa realiza funções complementares que exigem destreza e julgamento humano, como a montagem de um motor da engrenagem. A “Hyundai” está a ampliar o conceito de “cobot” com exoesqueletos. Esses dispositivos robóticos vestíveis, que se adaptam ao utilizador e à localização em tempo real, permitirão que os trabalhadores industriais executem os seus trabalhos com resistência e força sobre-humanas. A fim de obter o máximo de valor da IA, as operações precisam ser redesenhadas e para o fazer, as empresas devem primeiro descobrir e descrever uma área operacional que possa ser melhorada. Pode ser um processo interno desajeitado (como a lentidão dos RHs para preencher vagas de pessoal), ou pode ser um problema anteriormente intratável que pode ser resolvido usando IA (como identificar rapidamente reacções adversas a medicamentos em multidões de pacientes). Além disso, uma série de novas técnicas analíticas avançadas e de IA, podem ajudar a detectar problemas anteriormente invisíveis passíveis de soluções de IA. As empresas, de seguida, devem desenvolver uma solução por meio da co-criação, fazendo que as partes interessadas visualizem como podem colaborar com sistemas de inteligência artificial para melhorar um processo.

6 Jul 2018

Tecnologia | 2017 marcado pelo investimento na inteligência artificial

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] indústria de inteligência artificial (IA) da China recebeu cerca de 180 mil milhões de yuans de financiamento no ano passado. A condução inteligente, big data e serviço de dados estavam entre as principais áreas de investimento, segundo o relatório divulgado pela Academia Chinesa para Tecnologia de Informação e Comunicações.

A China registou 28 novas empresas de IA em 2017, comparadas com 128 em 2016, disse o relatório, acrescentando que a flutuação não afectará uma tendência de crescimento no longo prazo.

No ano passado, as empresas de IA estavam principalmente em Pequim, Shanghai e Guangdong. Pequim tinha o maior número, com mais de 260 empresas de IA.

O relatório previu que a indústria chinesa de IA continuará a crescer em 2018 e que avanços serão obtidos em áreas como visão de computador e tecnologias de voz.

A China divulgou um plano de desenvolvimento de IA no ano passado, prometendo elevar o valor das indústrias essenciais de IA para mais de 150 mil milhões de yuans até 2020, mil milhões de yuans até 2025 e um milhão de milhões de yuans até 2030.

26 Fev 2018

Industrialização selvagem levou à contaminação de solos e águas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s colheitas dos agricultores chineses correm um grande risco de estarem contaminadas devido à poluição provenientes das grandes indústrias. Além de contaminarem nascentes, rios e o solo, os fumos químicos libertados na queima de chumbo, ferro e cobre, contamina os organismos dos agricultores locais, causando doenças articulares, ósseas e, quando inalados em grandes quantidades e por muito tempo, cancro.

Foram feitas amostragens da produção de arroz nas regiões das províncias onde se instalaram algumas das maiores indústrias, e descobriu-se que há uma quantidade maior do que a permitida de substâncias perigosas nos produtos finais, que são distribuídos para toda a região Sul da China.

A contaminação do solo e da água nesta região causa grande preocupação, pois além de contaminar uma comunidade que produz e distribui comida para outros países, este tipo de poluição também afecta o meio ambiente de forma irreversível. A quantidade de poluentes chamou atenção de alguns órgãos, o que fez com que as indústrias chinesas fizessem um acordo de diminuir a queima de carvão de modo minimizar os danos no meio ambiente. São acções que no decorrer dos anos poderão fazer a diferença.

Foram feitas alguns testes em solos chineses e descobriu-se que muitos dos poluentes encontrados são proibidos e perigosos para o consumo da população. Por causa disso foram criadas algumas regulamentações, que determinaram a construção de novas indústrias numa espécie de parque industrial que monitorado e supervisionado de forma mais rigorosa.

Além de poluir diariamente o solo, ocorreram muitos acidentes que resultaram no vazamento de produtos químicos que poluíram directamente o solo e rios, afetando a produção e também a saúde dos camponeses.

Devida à quantidade de pessoas no país, a procura e a oferta de produção aumentou em larga escala, fazendo com que o solo se encontre não só de cheio de poluentes industriais, mas também de fertilizantes e pesticidas.

O dano causado pela poluição do solo tornou-se algo muito grave, pois a ingestão dos metais pesados encontrados no solo são excepcionalmente prejudiciais para a segurança alimentar e a saúde. Devido às incidências destes casos o governo chinês preocupa-se agora com a opinião pública, com a saúde da população e com o rendimento da produção agrícola, já que esta abastece grande parte da economia do país.

O governo determinou algumas medidas para diminuir a poluição e proteger as áreas que ainda não foram contaminadas e emitir multas para os responsáveis pelos poluentes lançados em solos e rios. Estas novas medidas adoptadas são um começo, mas dão esperança para uma produção mais saudável e limpa de alimentos e também um tratamento diferenciado do meio ambiente deste país.

Pequim lança plano para liderar na Inteligência Artificial

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês lançou um plano para converter o país em líder no campo da Inteligência Artificial (IA) até 2030, visando aplicar aquela tecnologia na indústria, planificação urbana, agricultura ou defesa do país, informou ontem a imprensa oficial.

A estratégia, aprovada pelo Conselho de Estado chinês, estabelece que a produção de tecnologia classificada como IA alcançará os 147.000 milhões de dólares, em 2030. Isto colocará a China “ao nível dos países líderes neste sector e na sua aplicação”, aponta o jornal oficial Diário do Povo.

Segundo a consultora PricewaterhouseCoopers, este plano poderá contribuir para um aumento de 26% no Produto Interno Bruto da China, a segunda maior economia do mundo.

O anúncio levou a que as acções de empresas que operam com IA subissem 1,25%, na bolsa de Xangai, a principal praça financeira do país, informou a agência noticiosa oficial Xinhua. Nos últimos meses, a imprensa chinesa difundiu várias notícias sobre inteligência artificial, como o desenvolvimento de veículos sem condutor ou robôs.

Os líderes chineses consideram a IA chave para tornar a China uma “potência económica”, afirma um comunicado do Conselho de Estado.

A IA é uma das áreas emergentes, junto com a energia renovável, robótica e carros elétricos, em que a China quer assumir a liderança, visando transformar o país numa potência tecnologia, com capacidades nos sectores de alto valor agregado, de acordo com o plano “Made in China 2025”. As fábricas do país têm-se automatizado rapidamente, de forma a enfrentar a subida dos custos laborais e aumentar a eficiência.

 

24 Jul 2017