Pequim defende que futuro da IA seja decidido por todos os países

A China defendeu na passada sexta-feira que o futuro da Inteligência Artificial (IA) deve ser “decidido por todos os países” e que as suas regras não devem ser “ditadas pelos países desenvolvidos”.

Durante uma reunião com a comunicação social, o director do Gabinete de Coordenação de Cibersegurança da Administração do Ciberespaço da China, Gao Lin, afirmou que a IA é uma “nova área de desenvolvimento humano” à qual a China “atribui grande importância”.

Gao apresentou as propostas da China para o desenvolvimento da IA, que focam “o respeito pela soberania de outros países”, “a não-interferência nos assuntos internos” e “a garantia de que a Inteligência Artificial está sob controlo humano”.

Gao sublinhou ainda a importância de “aumentar a voz dos países em desenvolvimento no avanço da IA”. Liu Bochao, director-adjunto do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Indústria, afirmou, por sua vez, que a gestão da IA é “um desafio para todos os países”.

“A China tem o maior mercado de consumo e de aplicações industriais de IA do mundo”, disse Liu, acrescentando que espera que “China e Estados Unidos possam cooperar nesta área”, depois de a tecnologia ter sido um dos tópicos abordados entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, durante um encontro na cidade norte-americana de São Francisco, este mês.

Liu Bochao manifestou o seu apoio à “colaboração entre institutos de investigação chineses e norte-americanos” e disse que acolhia “com agrado as empresas norte-americanas que criam institutos de investigação de IA em conjunto com as suas homólogas chinesas para acelerar a inovação tecnológica”.

Limites a definir

O país asiático aprovou em Julho passado um regulamento provisório para regular os serviços de Inteligência Artificial generativa semelhantes ao ChatGPT, que estarão sujeitos a “regulamentos existentes sobre segurança da informação, protecção de dados pessoais, propriedade intelectual e progresso científico e tecnológico”.

Os serviços de IA devem também respeitar os “valores socialistas fundamentais”, a “moral social e a ética profissional” e estão proibidos de “gerar conteúdos que ponham em causa a segurança nacional, a unidade territorial, a estabilidade social ou os direitos e interesses legítimos de terceiros”, de acordo com as orientações chinesas.

Esses serviços devem ainda garantir “transparência e fiabilidade”, identificando como tal os conteúdos gerados por este tipo de tecnologia, segundo os mesmos regulamentos. “Ao traçar linhas vermelhas, garantimos que as ferramentas de IA podem ser utilizadas pelos utilizadores de forma segura”, afirmou ainda Gao Lin. Vários gigantes tecnológicos chineses, como Baidu, Tencent e Alibaba, introduziram serviços baseados em IA nos últimos meses.

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