Educação | Portugal quer vincular docentes no estrangeiro, mas excluí Macau

O Ministério da Educação admite a possibilidade de os professores que estão no estrangeiro ficarem vinculados em Portugal, mas recusa alargar a proposta à Escola Portuguesa de Macau, por considerar que existe “um quadro próprio”

 

Ao contrário do que vai acontecer com outros professores de Portugal no estrangeiro, os docentes da Escola Portuguesa de Macau não vão ter a possibilidade de se vincularem com o Ministério da Educação. Alguns dos contornos do cenário de vinculação que está a ser negociado em Portugal foram revelados ontem, após uma reunião entre responsáveis do Ministério da Educação e representantes dos sindicatos.

De acordo com a agência lusa, na reunião que decorreu ontem, o Ministério da Educação apresentou aos sindicatos uma proposta que permitirá vincular todos os professores que dão aulas nas escolas portuguesas no estrangeiro. Os requisitos para a vinculação não foram, no entanto, detalhados.

“Este projecto de decreto-lei abrange as escolas que ainda não têm quadro, ou seja, todas as escolas portuguesas, à excepção da Escola Portuguesa de Macau e a de Luanda, porque já tem quadro próprio”, explicou João Costa, acrescentando que “são cerca de uma centena de professores que têm estado numa condição precária”.

Ainda segundo o ministro da Educação, a proposta exposta naquela que pode ter sido a última ronda de negociações antes de Marcelo Rebelo de Sousa dissolver o Governo visa resolver o problema de cerca de cem professores que trabalham nas escolas a contrato.

Ordenados ajustáveis

Sobre os salários, João Costa explicou que os docentes que dão aulas lá fora “têm valores remuneratórios diferentes, até para fazer face às despesas inerentes a estar no estrangeiro”, mas se optarem por candidatar-se a dar aulas em Portugal terão “o vencimento correspondente ao reposicionamento da carreira”.

A explicação aponta assim para que nos casos em que os professores no estrangeiro auferem um salário maior este é automaticamente reduzido quando regressam a Portugal, para se enquadrar com os valores praticados face aos restantes docentes.

Em declarações aos jornalistas no final da reunião, o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), Pedro Barreiros, saudou a iniciativa que combate a precariedade dos professores espalhados pelos países de língua portuguesa, mas lembrou a urgência de aprovar o diploma.

“Carece de muita urgência, por não se saber se o Governo em funções será destituído logo após a aprovação do Orçamento do Estado [no final do mês]”, afirmou, acrescentando que o diploma só pode ser publicado depois da “audição e parecer dos governos das regiões autónomas [dos Açores e da Madeira]”.

22 Nov 2023

EPM | Exames nacionais cancelados. Pais pedem regime especial 

A Escola Portuguesa de Macau (EPM) cancelou ontem à tarde a realização dos exames nacionais para o acesso ao ensino superior em Portugal após ser divulgado um despacho da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) sobre a suspensão dos exames em todas as escolas. Em causa, está também a suspensão das provas de aferição do terceiro ciclo. Recorde-se que os exames vinham sendo realizados esta semana dentro da normalidade, bastando a apresentação de testes rápidos com resultado negativo.

A informação foi confirmada ao HM por Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da EPM. “Sei que os exames estavam a ser feitos e decorreram até ontem [quarta-feira] com alguma normalidade. Hoje [ontem], com esta confusão toda, os directores de turma começaram a enviar mensagens aos pais, a seguir à hora de almoço, com a informação de que os exames seriam cancelados.”

O presidente da associação de pais já contactou com Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, com quem não foi possível estabelecer contacto até ao fecho desta edição, que terá assegurado que nenhum aluno irá ficar prejudicado.

O Ministério da Educação português autorizou a que a segunda fase de exames seja equivalente à primeira, tal como ocorreu em 2020, no pico da pandemia. Para já, a proposta que está em cima da mesa é que os exames se possam realizar entre os dias 27 de Junho e 5 de Julho, nas disciplinas de Física e Química, Filosofia, Matemática e Desenho.

Pais protestam

Os encarregados de educação dos alunos finalistas não estão, contudo, satisfeitos com esta proposta. Cristina Ferreira é uma das signatárias de uma carta enviada à DSEDJ, através da associação de pais, e com o conhecimento do Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong e da direcção da EPM, a exigir um regime especial para que os alunos abrangidos por esta decisão, que não são mais de 20, possam fazer os exames.

“A situação dos alunos do 12.º ano deverá merecer um tratamento especial. Sem prejuízo das medidas de segurança de saúde e de higiene que devem ser asseguradas, a realização dos exames nacionais deve ser mantida por forma a não prejudicar o futuro destes alunos”, lê-se na carta a que o HM teve acesso e que é assinada em conjunto com Rita Rebelo.

Cristina Ferreira explicou ainda que “a direcção da EPM deve negociar com a DSEDJ e não apenas com o Ministério da Educação. Há miúdos que já têm viagens marcadas para Portugal [nas datas propostas para os exames] e nada nos garante que a situação pandémica não vá piorar. Se cancelarem a nova fase de exames, os miúdos ficam impedidos de concorrer [à universidade]. Além disso, ficam sem possibilidade de fazer melhoria de nota”, disse ao HM.

A ideia é que possa ser garantido “um regime excepcional” por estar em causa um pequeno grupo de alunos, que podem fazer os exames em maiores instalações para assegurar as regras de saúde pública e segurança, adiantou Cristina Ferreira. Até ao fecho desta edição, a direcção da EPM não tinha reagido a esta carta.

24 Jun 2022

DSEDJ | EPM e D. José da Costa Nunes recebem mais 20 milhões

A Escola Portuguesa de Macau recebeu apoios de cerca de 19 milhões de patacas da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), no último trimestre de 2021. Os números foram revelados ontem, através da publicação dos apoios distribuídos em Boletim Oficial.

Entre os 19 milhões de patacas entregues à escola dirigida por Manuel Machado, 3,3 milhões de patacas foram cedidos no âmbito do subsídio para o ensino integrado no ano lectivo de 2021/2022. Por outro lado, 2,6 milhões foram justificados com o protocolo de cooperação entre a DSEDJ e a Fundação Escola Portuguesa de Macau, 8 milhões de patacas com a concessão de subsídios de propinas e 1.360 patacas para a vacinação de professores e alunos.

Para o bolo de 19 milhões de patacas contribuíram igualmente os subsídios para a para prestação de serviços de aconselhamento aos alunos, plano de subsídio para actividades extracurriculares, subsídio para melhoria do rácio turma/professor ou do rácio professor/aluno, subsídio para aquisição de manuais escolares, subsídio para a elaboração de contas das instituições educativas particulares sem fins lucrativos e ainda para as propinas do curso intensivo de língua portuguesa.

Dos pequenos

Por sua vez, o Jardim de Infância Dom José da Costa Nunes recebeu 2 milhões de patacas em apoios da entidade. Entre o montante, 344,4 mil patacas dizem respeito ao subsídio para prestação de serviços de aconselhamento aos alunos, 451,2 mil patacas em subsídio para a melhoria do rácio turma/professor ou do rácio professor/aluno, 684 mil patacas para a aquisição de manuais escolares e 526,5 mil patacas como parte do subsídio para o ensino integrado do ano lectivo.

3 Mar 2022

Ambiente | EPM na Associação Nacional de Coberturas Verdes 

A Escola Portuguesa de Macau tornou-se membro da Associação Nacional de Coberturas Verdes, que trabalha em prol de infra-estruturas mais amigas do ambiente. Desta ligação, irão nascer mais acções de formação para pais e alunos e projectos sustentáveis, como é o caso da criação de jardins verticais, com financiamento do FDCT

 

Está formalizada a ligação da Escola Portuguesa de Macau (EPM) à Associação Nacional de Coberturas Verdes (ANCV), que trabalha em prol da criação de infra-estruturas e edifícios mais sustentáveis do ponto de vista ambiental. A ANCV é, por exemplo, responsável pelo primeiro guia de coberturas verdes lançado em Portugal, seguido pelo Governo.

Ao HM, a investigadora Cristina Calheiros, vice-presidente da ANCV e investigadora na Universidade de São José, disse que desta ligação poderão nascer acções de formação para professores e alunos, além de estar previsto um levantamento das mudanças necessárias no edifício da EPM a favor de uma maior sustentabilidade.

“Trabalhamos [a ANCV] com municípios, empresas e instituições de ensino. A ligação à EPM permite uma maior proximidade a Macau. Eles têm planeadas estas soluções de base, como coberturas verdes ou jardins verticais, e esperamos que, no futuro, possamos participar activamente em vários projectos”, disse Cristina Calheiros.

Andreia Ramos, docente da EPM, foi uma das impulsionadoras desta ligação à ANCV. “Queremos continuar a desenvolver projectos na escola, contando com o importante contributo do conhecimento especializado que a ANCV nos pode fornecer, e queremos também contar com colaborações locais.”

Um dos planos, financiados pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia (FDCT), passa pela construção de mais jardins verticais na escola. “O projecto está em andamento e contamos ter, em breve, mais espaços verdes. Este projecto conta com a colaboração da arquitecta paisagista Isabel Lúcio, que nos apoia no terreno, e de Cristina Calheiros que, através da plataforma Zoom, transmite o seu vasto conhecimento em soluções baseadas na natureza aos alunos”, frisou Andreia Ramos.

Nicho de mercado

Para Cristina Calheiros, Macau é o território ideal para apostar em infra-estruturas mais verdes, pois está em causa um nicho de negócio por explorar que pode gerar empregos. “Existe uma pressão muito grande em termos de urbanização e de edificado, que tem de se transformar para fazer face a esses desafios [ambientais]. Não é uma questão de estética, mas de emergência”, apontou.

Para a investigadora, o território tem de ter uma zona costeira mais resiliente e há que olhar para questões como o nível térmico ou gestão da água nos edifícios. Cristina Calheiros aponta que já existem parcerias entre o ensino superior e os casinos para a edificação destas infra-estruturas mais sustentáveis, mas que falta iniciativa por parte do sector público.

“Em cidades como Singapura, no Vietname ou na China, estão a ser incorporadas estas soluções baseadas na natureza. Se tivermos em Macau um tecido empresarial para dar resposta, temos uma enorme gama de oportunidades”, concluiu.

Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, disse ao HM que é “essencial a colaboração da escola com este tipo de associações”. O objectivo é “aumentar a literacia ambiental junto dos nossos alunos e a abordagem destas questões ligadas ao ambiente e à sustentabilidade”.

Para o responsável, são matérias “importantes nos dias de hoje e sobretudo em Macau, onde os alunos vivem num ambiente citadino”. Com o projecto de uma horta pedagógica a decorrer, está nos planos da escola desenvolver uma outra, “em moldes diferentes, aproveitando o pouco espaço que temos aqui”, frisou Manuel Machado.

17 Fev 2022

Subsídios | Escola Portuguesa recebeu mais de 13 milhões no 2.º trimestre

Entre Abril e Junho de 2021, a Escola Portuguesa de Macau (EPM) recebeu, juntamente com a Fundação EPM, 13,64 milhões de patacas em subsídios concedidos pelos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) e pela Fundação Macau.

Detalhando, a descrição referente aos apoios financeiros concedidos a particulares e a instituições particulares pela DSEDJ publicada ontem no Boletim Oficial, revela que a EPM recebeu 10,44 milhões de patacas distribuídos por subsídios às propinas do ano lectivo 2020/2021 (7,52 milhões de patacas), subsídios para o ensino integrado (1,51 milhões), subsídio para as propinas do curso intensivo de língua portuguesa (756 mil patacas), e ainda subsídios para a prestação de serviços de aconselhamento aos alunos (344 mil patacas). As restantes verbas são destinadas a apoiar campeonatos escolares de badminton, judo, futebol, voleibol e bolinha.

Já a Fundação da EPM, recebeu da Fundação Macau 3,2 milhões de patacas destinadas a custear as despesas do plano anual do estabelecimento de ensino.

Por seu turno, o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes recebeu cerca de 832 mil patacas em subsídios concedidos pela DSEDJ distribuídos por apoios à prestação de serviços de aconselhamento aos alunos (344 mil patacas) e subsídios para o ensino integrado (283 mil e 182 mil patacas).

O estabelecimento de ensino que mais apoio recebeu foi a escola Pui Ching, a quem foram concedidos subsídios no valor total de 38,44 milhões de patacas. Da lista de escolas mais apoiadas fazem ainda parte a Escola Internacional de Macau (13,30 milhões) e a Escola das Nações (8,19 milhões).

De apontar ainda que, no segundo trimestre de 2021, foram concedidos apoios a sete escolas no valor de 972.051 patacas destinados a subsidiar viagens de finalistas.

29 Jul 2021

EPM | Manuel Machado toma hoje posse como director até 2024

Manuel Machado, director da Escola Portuguesa de Macau desde 2013, toma hoje posse para um novo mandato de quatro anos. José Sales Marques destaca os bons resultados nos rankings escolares, mas a associação de pais gostaria de ver uma mudança

 

Presidente da direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) desde 2013, ano em que substituiu Edith Silva, Manuel Machado toma hoje posse para um novo mandato como director até 2024. A tomada de posse acontece na biblioteca da escola às 18h30, tendo sido enviados convites para alguns membros da comunidade escolar por parte do conselho de administração da Fundação da EPM (FEPM).

Em declarações ao HM, José Sales Marques, administrador e porta-voz da FEPM, destaca os bons resultados escolares que a instituição de ensino de matriz portuguesa tem tido nos últimos anos.

“O Dr. Machado e a sua equipa procurou sempre fazer o melhor possível para garantir que a EPM continuasse a oferecer um ensino de qualidade, mesmo em circunstâncias difíceis, o que tem conseguido e com muito mérito”, apontou. Sales Marques dá como exemplo o “ranking anual da EPM, no contexto das escolas portuguesas no estrangeiro, mantendo-se nos lugares cimeiros, ou ocupando até o primeiro lugar”.

“O mesmo se pode dizer quanto ao bom desempenho nos resultados do PISA para Macau, que como se sabe são avaliações conduzidas pela OCDE”, acrescentou ainda. Desta forma, José Sales Marques considera que “a nomeação do Dr. Manuel Machado para director da EPM é uma consequência natural dos resultados acima indicados e da sua vontade, que muito apreciamos, de continuar a servir a EPM e o ensino em Macau”.

Mudança, precisa-se

Esta opinião não é partilhada pela Associação de Pais da EPM. Filipe Regêncio Figueiredo, presidente, defende uma mudança, uma vez que é “a favor da limitação de mandatos no exercício de quaisquer cargos”, algo que “promove a transparência e força a mudança, independentemente das qualidades e competências de quem ocupa os cargos”.

“É uma grande tentação pretender enfrentar os desafios do futuro com as respostas do passado, por muito boas que elas tenham sido. A EPM, graças ao seu corpo docente, é uma boa escola, mas quem a dirige e lidera o corpo docente não se pode eternizar, sob o risco de a escola ficar parada no tempo, principalmente quando as mudanças na comunidade educativa saltam à vista”, frisou ainda.

À luz do novo estatuto das escolas particulares do ensino não superior, que entra em vigor a 1 de Setembro, Filipe Regêncio Figueiredo lamenta que a FEPM “não se tenha adiantado e aproveitado para fazer uma nomeação ou recondução de acordo com as novas regras”, apesar de as propostas de gestão já terem sido entregues junto da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ). O diploma estabelece que pais e docentes passam a fazer parte do conselho de administração da escola, que tem como competências nomear o director.

Tal iria permitir “uma discussão mais alargada” mas, no entanto, “manteve-se a direcção nomeada em funções após o início do funcionamento dos novos órgãos”. Filipe Regêncio Figueiredo apontou ainda que a FEPM “não pode pôr-se à margem, demarcar-se e alegar desconhecer o que se passa na EPM, como o fez diversas vezes em reuniões com a APEP, uma vez que apoia o status quo existente”.

23 Jul 2021

EPM | Pais questionam aumento de propinas na ordem dos 12 por cento

Os encarregados de educação da Escola Portuguesa de Macau foram ontem informados do aumento de propinas na ordem dos 12 por cento, mas a Associação de Pais contesta os números e pede explicações sobre a gestão do estabelecimento de ensino. A Fundação que gere a escola diz-se aberta ao diálogo, mas afirma que os aumentos são inevitáveis dada a redução dos subsídios

 

A Fundação da Escola Portuguesa de Macau (FEPM) decidiu aumentar as propinas em 12 por cento, depois de em Fevereiro ter sido proposto um aumento de 15 por cento. Os pais foram ontem informados desta actualização.

“Este aumento tem um peso real no bolso dos pais que varia entre 34,05 e 46,19 por cento, dependendo do ciclo de ensino”, disse Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da EPM (APEP) ao HM. O Governo, através da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, financia parte destes valores, mas apenas para os portadores do BIR.

“Como o subsídio não aumenta com a mesma dimensão da propina, o grande aumento acaba por recair nos encarregados de educação. [Os pais sem BIR] já pagavam bastante mais e vão continuar a pagar mais”, frisou. Estão em causa aumentos, por exemplo, de mais 3.900 patacas anuais no primeiro ciclo, ou de 4.700 patacas por ano no ensino secundário.

Filipe Regêncio Figueiredo alerta para casos em que muitos encarregados de educação perderam o emprego ou viram os seus salários reduzidos devido à crise gerada pela pandemia.

A APEP não está contra o aumento, mas pede justificações sobre o orçamento e gestão da escola. “No ano lectivo de 2014/2015 a EPM teve um resultado líquido de exercício positivo de perto de 2 milhões de patacas. Passados quatro anos, em 2018/2019, teve um resultado líquido negativo superior a 3 milhões de patacas. Com o número de alunos a subir, que leva ao aumento de propinas, pode haver questões com a contratação de mais professores, mas tenho dúvidas”, adiantou o presidente da APEP.

Uma das explicações reside no corte do subsídio, em 1 milhão de patacas, por parte da Fundação Macau (FM), mas é um argumento que também não convence a APEP. “Este aumento [de propinas] é, em média, de 2,5 milhões de patacas, muito acima de 1 milhão cortado pela FM. Não basta dizer que a única forma de reduzir custos é despedir pessoal, porque não é verdade.”

Filipe Regêncio Figueiredo diz não compreender “a discrepância entre o valor médio de um salário de um docente e o valor médio de um salário de alguém da direcção, que é três vezes superior”. De frisar que, nos últimos anos houve aumentos residuais de propinas, à excepção do último ano lectivo.

FEPM “em dificuldades”

Contactado pelo HM, José Sales Marques, administrador e porta-voz da FEPM, garantiu que continuam abertos ao diálogo com os pais, mas que os tempos são outros. “Este ano tivemos de fazer uns acertos porque os custos da escola são, em muitos aspectos, fixos, como os salários, que tendem a aumentar e não a diminuir. A escola tem tido propinas que são relativamente inferiores a outras escolas privadas. Isso só tem sido possível por causa dos subsídios”, frisou.

Sales Marques confirmou o corte de subsídios por parte da FM e o facto de “a FEPM ter vindo a cobrir os défices anuais [da EPM] com recurso ao seu fundo de reserva”. O responsável destaca o facto de a situação financeira da EPM se dever “a um problema estrutural”, pois começou com “uma base de propinas muito baixa”. Sales Marques admitiu que o donativo de 65 milhões de patacas feito pela Sociedade de Jogos de Macau (SJM) tem vindo a ser gasto nos últimos anos.

“O fundo inicial da FEPM foi de cerca de 25 milhões de patacas e já passamos por muitas dificuldades financeiras que nunca foram reflectidas. Houve anos em que a Fundação Oriente deixou de contribuir, depois houve uma certa reposição de valores, mas sem esses fundos que foram doados, como da SJM, se calhar teríamos de pedir algum ‘socorro’. Mas isso nunca se reflectiu no dia-a-dia da escola. Os salários foram sempre pagos a horas.”

Sales Marques explica que há o risco de não se voltar aos antigos valores subsidiados. “Não sei se irá, provavelmente não, haver uma recuperação do ponto de vista dos subsídios que são dados pela FM”, disse, destacando que esta actualização das propinas é necessária “para que no futuro não tenhamos de fazer aumentos ainda maiores”.

Sales Marques acrescentou que o maior número de alunos não explica tudo. “O aumento do número de alunos não se reflecte imediatamente no rácio entre o custo por aluno e as receitas que a escola pode gerar. Terá de ser sempre compensado com um aumento de propinas. Nos anos anteriores houve inflação e fomos sempre muito prudentes, não quisemos sobrecarregar as famílias”, rematou.

2 Jun 2021

Guilherme d’Oliveira Martins, ex-ministro da Educação: “Negociar a Declaração Conjunta obrigou a coragem”

Guilherme d’Oliveira Martins dá amanhã, às 18h30, uma palestra online sobre a relação entre arte e educação na Fundação Rui Cunha. Em entrevista, o administrador executivo da Fundação Calouste Gulbenkian e antigo ministro da Educação, que acompanhou a criação da Escola Portuguesa de Macau, revela-se orgulhoso do trabalho feito e lembra as negociações com a China para a Declaração Conjunta como o principal momento da presidência de Mário Soares

 

Arte e educação. São complementares e fundamentais?

A arte é fundamental, uma vez que se trata da primeira etapa da aprendizagem de qualquer ser humano. Os estudos de psicologia educativa demonstram que o primeiro passo que damos tem a ver com a aprendizagem dos sentidos e das artes. Hoje sabemos que ainda dentro da barriga da mãe uma criança já responde a estímulos musicais, e por isso quando temos educação de infância deparamo-nos imediatamente com o primeiro passo em relação às artes, música e pintura. Quando um dia perguntaram a Sophia de Mello Breyner o que era indispensável numa escola, ela disse: “Poesia, música e ginástica”. O jornalista ficou muito surpreendido, e disse: “Mas, senhora dona Sophia, e a matemática?”. Sophia respondeu: “Acha que é possível distinguir uma redondilha de um alexandrino, ouvir uma pauta de música, sem relacionar a matemática?”. O jornalista ficou esclarecido. Sophia estava a falar da aprendizagem das suas referências mais antigas, a escola grega, que tem todos estes elementos. As artes estão sempre no princípio. E daí a importância que o ensino artístico tem quando falamos daquilo que é uma experiência indispensável, a do diálogo, inovação, da criação e da capacidade de nos conhecermos melhor.

Fala destas questões para um território onde existe a Escola Portuguesa de Macau (EPM), um projecto educativo diferente…

Que eu conheço muito bem. Tivemos a oportunidade de desenvolver um projecto que superou as expectativas iniciais. Sinto um especial orgulho em virtude da qualidade do projecto educativo e dos resultados alcançados. Houve, no início, muitas dúvidas naturais, estávamos próximos do handover e não sabíamos sequer o que iria ser o futuro desenvolvimento da EPM. Daí ter superado as expectativas como um projecto pedagógico de grande qualidade e que vai ao encontro daquilo que são as exigências da contemporaneidade.

Que desafios aponta à EPM para o futuro? Hoje a maior parte dos alunos tem o chinês como língua nativa.

Essa é hoje uma realidade muito evidente, a do multilinguismo. O futuro é o diálogo entre várias línguas, é indispensável garantir o paradigma da educação e da formação ao longo da vida. Há a necessidade de aprendermos várias línguas e de em simultâneo garantir que, ao termos conhecimento, podemos dialogar melhor. O centro académico do mundo onde existe o maior número de aprendentes de língua portuguesa está em Pequim. Sou jurista de formação e quando saí da universidade fui para a contratação internacional, para o Direito internacional. Tive de trabalhar na língua inglesa e um dos problemas que existia era a falta de compreensão dos subscritores dos contratos em relação ao conteúdo dos mesmos. Hoje não temos qualquer dúvida de que quem assina um contrato tem de saber as suas consequências na língua que domina. O português é hoje a língua mais falada no hemisfério sul…

Graças ao Brasil.

Sim, ao português do Brasil. E há uma compreensão exacta que leva a que a nossa relação com a cultura chinesa, com a aprendizagem das instituições da República Popular da China (RPC), parta desta ideia, da necessidade de aprender o português porque é uma língua importante. Estamos a chegar à sua primeira pergunta, sobre a importância das artes. Esta capacidade que temos de aprender várias línguas, paralela à necessidade de usarmos a linguagem universal da arte, para podermos dialogar melhor.

Que análise faz à intervenção do Estado português na EPM nos últimos anos? Houve algum distanciamento?

É indispensável continuar a haver uma atenção especial e um acompanhamento relativamente à experiência da EPM. É algo que, quer junto do ministro da Educação e do Governo, tenho exprimido com especial ênfase, até pela ligação antiga que tenho à escola, em relação a alguém de quem sou muito próximo, que é o professor Roberto Carneiro [ligado à Fundação da EPM]. Essa atenção terá sempre resultados positivos no plano político e na relação com o centro fundamental da economia mundial, que é a RPC e a língua chinesa.

Quando era ministro da Educação e lidou com o dossier da EPM, quais eram os maiores receios relativamente ao período pós-1999?

O receio fundamental não se verificou, que era uma redução muito drástica do número de alunos e da presença da língua portuguesa em Macau. Considero que o trabalho realizado e a prática assumida em Macau tem permitido que a língua portuguesa continue a ter um lugar importante.

As autoridades chinesas também contribuíram para esse sucesso ao apostar na língua portuguesa, nomeadamente Pequim, além do apoio financeiro das autoridades de Macau à escola.

Não tenho dúvidas. Sei bem, até porque a minha experiência, na sociedade civil, em termos do diálogo cultural, tem sido positiva. O papel da RPC no aspecto da língua é positivo.

Acompanhou o diálogo com a China relativamente à Declaração Conjunta quando era assessor de Mário Soares na Casa Civil da Presidência da República. Considera que a Declaração Conjunta e a Lei Básica têm sido cumpridas por Pequim?

Pelo que tenho acompanhado, sim. Há uma relação que globalmente é positiva.

Portugal deveria dar mais atenção a Macau no plano político, e não apenas económico?

Nesse domínio, não tenho uma leitura pessimista. A minha preocupação é defender o aprofundamento do carácter positivo dessa relação. Tenho uma perspectiva positiva [da evolução da situação após 1999], pois penso que devemos fazer um esforço real para que as coisas corram o melhor possível.

Em relação à relação bilateral entre Portugal e China, que análise traça sobre o seu futuro?

A posição portuguesa desenvolve-se no contexto europeu e compreendendo as condicionantes geoestratégicas actuais. Vivemos um sistema de polaridades difusas e vão haver vários focos de desenvolvimento. A verdade é que não podemos pensar no futuro da geoestratégia mundial sem o papel crescente da China e a sua importância. É indispensável que essas polaridades que encontramos devam pender para se equilibrar em nome da paz. Uma cultura de paz para mim é particularmente importante e isso só existe se houver equilíbrio de várias influências. Naturalmente que esse equilíbrio obriga a que a Europa tenha maior protagonismo na cena internacional ao lado dos grandes polos que se vão desenvolvendo. O que mais se vai desenvolver nos próximos anos será o polo asiático e a RPC. Devemos fazer com que haja mais cooperação na cultura, na ciência, economia, de forma a que possamos ter paz. Daí a importância que tem a ONU e sobretudo uma perspectiva positiva relativamente à acção dos vários países. Não posso deixar de referir a nova rota da seda e a importância que um país com uma grande costa marítima, como é Portugal, com relacionamento com todos os continentes, tem numa estratégia como essa.

O dossier Macau foi muito importante no período da Presidência de Mário Soares. Houve momentos de tensão também.

Naturalmente que sim. Recordo-me que havia, da parte de Mário Soares, uma consciência muito clara relativamente à importância da cooperação com a Ásia e com o desenvolvimento das potências asiáticas nos vários domínios. Falo da China, mas também da Índia. De facto, se hoje não temos qualquer dúvida sobre a importância geoestratégica da Ásia, nessa altura nem todos puderam ver tão longe como o então Presidente da República, que compreendeu bem que o futuro estaria justamente num país tão antigo e rico culturalmente e espiritualmente como a China.

A China era também um país em desenvolvimento, isso também terá contribuído para uma diferente visão por parte das autoridades portuguesas.

Mas a verdade é que o lugar que hoje a China tem no mundo confirma a ideia que então existia, de que o desenvolvimento iria ter um curso de grande importância. Daí chamar a atenção para o facto de se ter confirmado essa ideia que só os mais lúcidos tinham.

Se tivesse de apontar o momento de maior tensão durante a Presidência de Mário Soares, relativamente a Macau, qual seria?

O momento em que se tornou indispensável assinar a Declaração Conjunta e subscrever um regime que se revelou positivo, mas onde havia muitas desconfianças nos anos 80.

Em relação às autoridades chinesas ou ao futuro?

Ao futuro. Nem todos seguiam a ideia de Mário Soares e outros governantes. Aí devo referir que além de Soares também o general Ramalho Eanes teve um papel extremamente positivo porque conhecia Macau. Eles tiveram um papel importante ao poder antecipar o futuro. Havia desconfianças que os rodeavam, a opinião pública está sempre cá e tem uma visão menos aberta e consciente. Quer Eanes e Soares compreenderam que o futuro passaria por Macau. Sinto-me sempre em casa em Macau e ao se assinalar os 100 anos da publicação de Clepsydra, de Camilo Pessanha, o facto de ele ser um autor da língua portuguesa, é um forte elo que nos leva a compreender a importância do diálogo cultural com Macau. Os 100 anos da Clepsydra podem e devem ser uma oportunidade para uma reflexão positiva sobre a importância desta relação cultural. Daí ter referido a complexidade da Declaração Conjunta e não factos menores, episódios que ocorreram que foram circunstâncias menores. No plano dos factos, menciono essa negociação que obrigou a coragem, a visão de futuro, designadamente a compreensão quanto à permanência da língua portuguesa. É algo que existe em Macau, mas [que existe] também pela compreensão da RPC.

Programa “Arte na Escola”

A palestra online protagonizada por Guilherme d’Oliveira Martins insere-se no programa educacional e artístico “Arte na Escola”, que arrancou a 25 de Março e que é desenvolvido pela associação BABEL em parceria com a Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau. Importado do modelo que a Fundação Serralves, em Portugal, apresenta em várias escolas, “Arte na Escola” destina-se a toda a comunidade escolar, incluindo pais, alunos e educadores.

20 Abr 2021

BABEL | Programa “Arte na Escola” apresenta oficinas artísticas e debates

Arranca hoje o programa educacional e artístico “Arte na Escola”, que importa o modelo que a Fundação Serralves, em Portugal, pratica com várias escolas. A associação BABEL trouxe este programa em parceria com a Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau, destinado a alunos, pais e educadores. A iniciativa começa hoje com um workshop na Casa de Portugal em Macau e inclui palestras com Guilherme D’Oliveira Martins e Álvaro Laborinho Lúcio

 

Para que serve a escola e como nos podemos servir dela? Como pensar as grandes questões do nosso mundo, como fazer usufruto da educação de que dispomos? Estas são algumas das questões às quais o programa “Arte na Escola” pretende dar resposta. Inicialmente pensado pela Fundação Serralves, em Portugal, para ser desenvolvido com as escolas, este programa foi adaptado a Macau, e mais especificamente ao universo educativo da Escola Portuguesa de Macau (EPM), pela associação BABEL e pela Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEPM).

“Arte na Escola” inclui palestras sobre educação e questões de cidadania, além de workshops destinados à comunidade escolar. O primeiro acontece hoje na escola de artes e ofícios da Casa de Portugal em Macau (CPM) e intitula-se “Como nasce uma imagem?”, contando com a colaboração de Isaac Pereira. O objectivo desta iniciativa é a descoberta da fotografia analógica, numa altura em que o digital revolucionou essa área. Isaac Pereira, nascido em 1966, tem como nome artístico Ezaak Ez e formou-se em comunicação pela Universidade do Minho, e em fotografia pelo Ar.co – Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa.

Ao HM, Margarida Saraiva, co-fundadora da BABEL, falou de um programa que “é particularmente desenhado para a EPM” e que traz “formas de reflexão em torno da arte”. “Formulámos os workshops em torno das questões fundamentais para os alunos da EPM, na forma como elas são identificadas pelos próprios pais”, explicou Margarida Saraiva.

“Consideramos que há uma escassez ou falta de oportunidades para as crianças conhecerem os processos artísticos contemporâneos. Este programa parte sempre de obras de arte contemporâneas e, através delas, questiona o mundo”, frisou.

Exemplo disso é o olhar sobre a obra que Barbara Kruger expôs no The Geffen Contemporary (MOCA), com o nome “Sem título (perguntas)”. A iniciativa “Quem está acima da lei?” acontece no dia 5 de Abril na EPM, entre as 10h e as 13h, estando aberta a todos os interessados e conta com a participação de Diogo Baptista, licenciado em Direito pela Universidade Católica Portuguesa.

Natália dá o mote

A 17 de Abril tem lugar, também na EPM, a oficina “O que será que nos alimenta?”, com Valentina Thayer, fundadora da Macau Moons. Esta actividade parte da prerrogativa deixada pela poetisa Natália Correia, “A poesia é para comer!”. “O que será que nos alimenta? Serão frutas e vegetais? Proteínas e fibras? Filmes e livros? Arte e poesia? Ou será tudo isso em conjunto? Seja qual for a resposta encontrada pelos estudantes durante a oficina, o certo é que talvez seja necessário equacionar de forma mais vasta a questão do alimento”, explica a brochura do evento.

Ainda na área das artes estará em destaque a obra “A Noiva”, de Joana Vasconcelos, com a oficina “Haverá algo de especial no corpo de uma mulher?”, também com Valentina Thayer. Esta oficina está agendada para 24 de Abril.

“Abecedário ou Oiradeceba?” é o nome dado à oficina que acontece entre os dias 1 e 3 de Maio e que está pensada para crianças com mais de 9 anos. Acontece na EPM entre as 15h e as 17h30 com a própria Margarida Saraiva como mentora.

“Já imaginaste imprimir o teu próprio rosto? é uma outra oficina agendada para os dias 29 e 30 de Março e também para 1 de Abril, entre as 10h e as 13h, e que terá como participante Gerald Estadieu, professor e coordenador de Investigação do departamento de design da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José (USJ) desde 2009.

“Como se pode usar uma máscara” acontece nos dias 5 e 6 de Junho, na EPM, e é uma oficina que contará com a coordenação não só de Margarida Saraiva mas também de Elisa Vilaça, da CPM.

Questões do nosso mundo

Além do universo artístico, o programa “Arte na Escola” traz dois pensadores portugueses sobre as questões da educação e da cidadania, sem esquecer a sua vasta formação e experiência na área do Direito. São eles Álvaro Laborinho Lúcio, que fala numa palestra online na Fundação Rui Cunha dia 19 de Abril, e Guilherme D’Oliveira Martins, que fala no dia 21 de Abril. “Queríamos fazer um programa que fosse muito interdisciplinar e que abordasse a educação não só do ponto de vista prático, mas também que oferecesse algum enquadramento teórico e filosófico até, mais vasto, às questões da educação na contemporaneidade”, disse Margarida Saraiva.

A co-fundadora da BABEL pretende, com estas reflexões, “intervir e contribuir para uma transformação concreta da forma como se pensa a educação, em particular no contexto de uma comunidade específica que é aquela que existe em torno da EPM”.

“O que significa realmente ser cool?” é outra das palestras programadas e que acontece em parceria com o projecto Be Cool, da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM).

Para dia 29 de Maio está programada a palestra “I Upload, Therefore I exist” que parte da obra da artista de Macau Wong Weng Yo, exposta em 2018. A conversa terá lugar no auditório da EPM entre as 15h e as 17h e versa sobre o poder dos algoritmos e das redes sociais nos dias de hoje.

Haverá ainda lugar, entre os dias 11 e 25 de Abril, à iniciativa “A arte como desporto ou o desporto como arte?”, que tem a colaboração do Clube de Rugby de Macau.

“Como potenciar a diversidade linguística?” Está agendada para o dia 29 de Maio, no auditório da EPM, e conta com José Pascoal, autor de programas e referenciais para o ensino, avaliação e aprendizagem da língua portuguesa. Este “apresenta perspectivas teóricas e abordagens práticas a partir da sua própria experiência, capazes de abrir novos horizontes ao convívio e aprendizagem muitas vezes difícil de gerir, de alunos que não dominam a mesma língua”.

“O título do programa comunica uma ideia, que é a mais importante do programa inteiro: é preciso questionar o mundo contemporâneo”, adiantou Margarida Saraiva ao HM. “É preciso imaginarmos o que vai ser a escola [EPM] no futuro, sobretudo porque estamos num tempo em que é possível aprender tudo o que se deseje em qualquer sítio e hora. Vai ser difícil explicar aos nossos jovens o que é a escola e para que serve.”

A BABEL gostava de levar o programa “Arte na Escola” a todas as instituições de ensino em Macau, mas tal não foi ainda possível de concretizar. “Os projectos vão-se adaptando. E agora foi possível realizá-lo no contexto possível da EPM e essa é uma oportunidade que não pode ser menosprezada de maneira nenhuma.”

Num território onde “há várias culturas, que são diferentes”, Margarida Saraiva, que também faz parte da direcção da APEP, não quis desperdiçar esta oportunidade. “Quando falamos de educação falamos de valores e aí temos de escolher o que ensinar e porquê. Há várias possibilidades de posicionamento na área da educação. A nossa cultura, a portuguesa, é diferente e essa deve ser assumida e expressa”, rematou.

25 Mar 2021

Covid-19 | Escolas Portuguesas no estrangeiro com calendário escolar local

As Escolas Portuguesas no Estrangeiro, onde estudam cerca de 6.000 alunos, estão este ano dispensadas de seguir o calendário escolar português, uma vez que as suas medidas contra a covid-19 dependem da evolução local da pandemia, segundo fonte oficial.

Estas seis escolas, que funcionam em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Macau, seguem os planos e os programas dos ensinos básico e secundário em vigor no sistema educativo português. Tuteladas pelo Estado português, as Escolas Portuguesas no Estrangeiro (EPE) seguem o calendário escolar português, mas não o actual, alterado devido à covid-19. Fonte oficial do Ministério da Educação português disse que as medidas adotadas em Portugal para “inverter o crescimento acelerado da pandemia” não são aplicadas às EPE.

“Estas escolas, face à especificidade de cada realidade onde estão inseridas, à evolução da pandemia no território local e às regras emanadas pelas autoridades governativas e de saúde do respetivo país, vão acionando e implementando os seus planos de contingência e planos de ensino à distância”, prossegue o esclarecimento. Apenas os exames terão de ser realizados por todos os alunos, “independentemente da sua localização”.

Em relação à restante calendarização, esta “deverá ajustar-se à realidade destas escolas, considerando outros factores sempre tidos em conta com as especificidades locais, como são exemplo os dias feriados”. Em Portugal, o calendário escolar foi alterado devido à pausa lectiva que ocorreu entre o final de Janeiro e princípios de Março para inverter o crescimento acelerado da pandemia de covid-19.

18 Fev 2021

Documentário | Poluição de plástico em debate no auditório da EPM

A Macau for Waste Reduction promove amanhã um evento sobre o impacto da poluição de plástico em Macau. Além da exibição do documentário “Plastic China”, haverá ainda uma sessão de debate com ambientalistas locais, empresários e académicos

 

[dropcap]C[/dropcap]om o intuito de aumentar a sensibilização para a poluição provocada pelo plástico e contribuir para a redução da produção de resíduos, a Macau for Waste Reduction irá exibir amanhã, no Auditório da Escola Portuguesa de Macau (EPM), o documentário “Plastic China”. Depois da projecção, será ainda promovida uma sessão de debate com ambientalistas, empresários e académicos locais.

Contactada pelo HM, Capricorn Leong, activista e presidente do grupo Macau Free-Cycle, sublinha a importância do evento como ferramenta de discussão sobre um tema que tem vindo a ganhar relevância em Macau mas que tem ainda “um longo caminho a percorrer”.

“Através deste documentário espero que as pessoas percebam o perigo que o plástico trouxe à existência humana. Não é um perigo imediato como um incêndio (…) mas sim algo que está a ser ‘cozinhado em lume brando’”, vincou.

Da autoria do premiado realizador chinês Jiuliang Wang, o documentário “Plastic China” pretende assim, de acordo com uma nota oficial, “mergulhar profundamente nos efeitos nocivos dos resíduos plásticos importados pela China”, que vêm um pouco de todo o mundo e são maioritariemente produzidos pela franja mais desvaforecida da população.

A obra foca ainda o facto de muitos profissionais que ganham a vida a separar resíduos de plástico em aterros, estarem constantemente sujeitos a contrair doenças causadas pela inevitável exposição a químicos tóxicos, por não usarem qualquer tipo de protecção.

Outro dos pontos incontornáveis de “Plastic China” diz respeito à relativização espacial e temporal que este tipo de poluição acarreta. Isto porque, dado tratar-se de materiais extremamente resistentes, a poluição através do plástico pode circular por diferentes regiões do globo e ao longo de vários anos.

Solução conjunta

Questionada sobre a situação de Macau, Capricorn Leong aponta que “aqueles que produzem diariamente toneladas de lixo através do plástico, vão um dia pagar pelas consequências”.

“A percentagem de reciclagem em Macau é muito reduzida. Além disso, apesar de a DSPA atribuir a elevada produção de lixo aos turistas, a situação não se alterou muito durante os meses da pandemia”, explicou a activista.

Em busca de “soluções eficazes” para resolver o problema, além de Capricorn Leong, o painel de debate que terá lugar após a exibição do documentário, conta ainda com o académico David Goncalves, Diretor do Institudo de Ciência e Ambiente da Universidade de São José (USJ), Deep Ao, Gerente da companhia de reciclagem TAI ON – Macau, a ambientalisa Benvinda dos Santos e Gilberto Camacho, fundador do grupo Econscious Macau.

Numa perspectiva científica, o professor da USJ irá trazer à discussão, dados sobre os microplásticos e os químicos libertados pelos plásticos, e o seu impacto na função cerebral e no comportamento dos animais aquáticos.

Como actor da indústria de reciclagem em Macau, Deep So irá partilhar informações sobre a actual situação e os desafios que o sector enfrenta, assim como sublinhar a importância de reciclar, quer seja dentro ou fora de Macau.

Destaque ainda para o fundador do grupo ambiental Econscious Macau, que se tornou no primeiro empresário ecológico a introduzir sacos de compras feitos a partir de amido de milho em supermercados locais.

O evento, que terá a capacidade para acolher uma audiência de 50 pessoas, terá início amanhã, a partir das 13h45. O documentário “Plastic China”, falado em chinês, irá dispôr de legendas em inglês, língua que irá também ser usada durante o debate.

A participação no evento é gratuita, mas carece de inscrição prévia, podendo ser feita online através das plataformas sociais da organização.

9 Out 2020

EPM | Ataque informático com possível origem na Ucrânia

Depois do ataque informático, foi detectada uma entrada no sistema NetGiae, da Escola Portuguesa de Macau, a partir de um endereço de IP localizado Ucrânia. Três empresas não conseguiram desencriptar os dados bloqueados, num caso que está a ser investigado pelo Gabinete de Protecção de Dados Pessoais. A Escola Portuguesa reforçou a segurança informática, para impedir novos ataques

 

[dropcap]L[/dropcap]ockbit. Assim se chama o software de encriptação e resgate que atacou o sistema informático NetGiae da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Segundo uma troca de e-mails, a que o HM teve acesso, entre a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Portuguesa de Macau (APEP) e a direcção da escola, o ataque pode ter vindo de um computador situado na Ucrânia. “Durante as perícias realizadas, detectou-se uma entrada no sistema a partir de uma morada/IP que corresponde a um computador localizado na Ucrânia (Kharkiv)”, informou a direcção da EPM, acrescentando que “não foi pedido qualquer resgate para a desencriptação da base de dados”.

O Lockbit esteva na origem de vários alertas da Interpol devido a ataques a hospitais e empresas do sector da saúde, com particular incidência durante a pandemia. No início de Abril, mês em que a EPM foi atacada, a Interpol alertou as autoridades policiais dos quase 200 países-membros para os perigos deste software e de associações criminais que o usam.

Depois do ataque, a EPM contactou a empresa responsável pela gestão de rede para tentar recuperar a informação encriptada. Como a primeira tentativa falhou, foram contactadas duas outras empresas, alegadamente especializadas em recuperação de informação afectada por este tipo de ataque, uma com sede em Guangzhou e a outra na Nova Zelândia. Ambas foram incapazes de recuperar a informação encriptada pelo Lockbit.

Aplicações actualizadas

Para prevenir novos ataques, a EPM implementou uma série de medidas de segurança como reforço da firewall e sistema de antivírus, alteração de todas as passwords de docentes e funcionários da EPM, “com atribuição de passwords mais robustas” e obrigatoriedade de alteração periódica.

A escola vai também fazer o backup da base de dados do NetGiae em três servidores diferentes e da cópia para um suporte físico externo sem ligação à internet. Além disso, o servidor será desligado durante os fins-de-semana.

O ataque informático foi o ponto fulcral da reunião da associação de pais com o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP), que está a investigar o caso. A APEP foi “informada que uma investigação estava em curso e que, no final, caso fosse necessário, seriam feitas recomendações à EPM de forma a proteger os dados pessoais da melhor forma possível”, e que o GPDP se disponibilizou para realizar sessões de esclarecimento com a escola e os encarregados de educação.

A APEP considera a disponibilidade do GPDP de louvar “face da insuficiente e contraditória informação prestada pelo Presidente da Direcção da EPM”, lê-se no e-mail da associação dirigido aos encarregados de educação.

14 Set 2020

EPM | Escola pede a pais que declarem o saldo do cartão interno

[dropcap]A[/dropcap]pós o ataque informático à Escola Portuguesa de Macau (EPM) em Abril, a direcção enviou, esta segunda-feira, o primeiro comunicado sobre o assunto aos pais dos alunos. Na mensagem, é sublinhado que os dados que foram encriptados não contêm informações sobre contas bancárias, cópias de assinaturas ou documentos de identificação e é pedido aos encarregados de educação que declarem à instituição o montante que os filhos tinham no cartão electrónico interno.

Foi em Abril do ano passado que a base de dados do programa informático GIAE da EPM foi vítima de um ataque informático, que impediu o acesso aos dados. Face à incapacidade de descodificar a informação, os dados sobre os alunos ficaram inacessíveis e tiveram de voltar a ser colocados numa nova plataforma. Um aspecto reconhecido na missiva enviada aos encarregados de educação. “Com o objectivo de desbloquear a referida base e aceder aos dados ali armazenados, têm sido desenvolvidos esforços por empresas especializadas, contudo, até ao momento, sem sucesso”, é reconhecido, na carta a que o HM teve acesso.

“Por esta razão, foram de novo introduzidos os dados referentes à aplicação do aluno, designadamente identificação, turmas, disciplinas, docentes, horários, transferências e avaliações”, é acrescentado.

Além dos vários desafios práticos, a EPM reconhece que não tem meios para saber o montante que os alunos tinham nos cartões electrónicos e que são utilizados para os pagamentos internos. Neste sentido foi pedido aos encarregados de educação que declarem o montante: “Enquanto os dados se mantiverem encriptados não nos é possível conhecer os respectivos saldos [dos cartões electrónicos]. Por este motivo, solicitamos a V. Exa. que, até ao dia 11 de Setembro, declare nos serviços administrativos da EPM o saldo do cartão do seu educando ou, caso o desconheça, o montante referente ao último carregamento”, é requerido.

Com tranquilidade

Apesar de o ataque ter acontecido em Abril, e sido comunicado às autoridades apenas meses depois, em Agosto, a carta datada de 31 de Agosto é a primeira comunicação directa da direcção da EPM com os encarregados de educação.

Neste documento, o ataque informático é explicado com um programa “ransomware” que fez com que a base de dados fosse encriptada. Normalmente, este tipo de programas informáticos é acedido através de mensagens de correio electrónico ou portais online e faz com a informação seja encriptada e escondida com uma palavra passe. No entanto, para aceder à palavra de acesso o utilizador tem de pagar aos criadores do ransomware.

Face à situação, a escola optou por pagar a especialistas para tentarem decifrar a encriptação, mas até agora sem sucesso. Porém, a direcção tenta deixar os encarregados tranquilizados em relação às informações que foram envolvidas no ataque: “Aproveitamos para informar que a base de dados do programa GIAE não contém dados de contas bancárias, nem cópia de assinaturas ou documentos de identificação”, é afirmado.

2 Set 2020

EPM | Consulado nega voo charter para transportar alunos finalistas 

Alguns encarregados de educação de alunos finalistas da Escola Portuguesa de Macau reuniram ontem com Paulo Cunha Alves, cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, tendo pedido um voo charter para que os estudantes possam prosseguir os estudos superiores fora de Macau. Contudo, o consulado entende que essa opção não é, para já, viável

 

[dropcap]O[/dropcap]s alunos finalistas da Escola Portuguesa de Macau (EPM) continuam sem saber como se vão deslocar para países fora de Macau para continuarem os estudos universitários, uma vez que não há uma data prevista para o regresso do corredor especial com o Aeroporto Internacional de Hong Kong. Alguns encarregados de educação reuniram ontem com o cônsul-geral de Portugal em Macau, Paulo Cunha Alves, mas este disse não poder disponibilizar um voo charter para os cerca de 40 alunos finalistas.

“O cônsul disse-nos que essa possibilidade seria complicada por questões financeiras e pela própria justificação de um voo charter”, disse ao HM João da Silva, encarregado de educação e representante dos pais. “Sabemos que na Venezuela isso foi feito, mas foi-nos dito que isso ocorre em situações extremas. Saímos da reunião sem uma solução e continuamos preocupados”, frisou. O encontro decorreu depois do grupo de pais ter enviado uma carta ao consulado na última semana.

Em resposta escrita enviada ao HM, o consulado-geral disse que vai continuar “a desenvolver contactos com as autoridades da RAEM no sentido de as sensibilizar para a necessidade de encontrar uma solução justa e equilibrada para o problema da saída de Macau dos estudantes finalistas, portugueses, mas não só, que pretendem ingressar no Ensino Superior em Portugal e em outros países europeus e da América do Norte”.

Na reunião, Paulo Cunha Alves aconselhou os pais a optarem por voos via Taipei e Seul, “de modo a demonstrar a necessidade e a pertinência da realização de mais voos para além do previsto para 26 de Agosto pela companhia Eva Air, que tem Londres como destino final”.

Na mesma resposta, é referido ainda que os “pais e encarregados de educação deverão, enquanto sociedade civil, continuar a exercer todos os meios de pressão possíveis sobre as autoridades locais pertinentes, notando que este é um problema transversal que abrange estudantes de diversas nacionalidades”.

Rotas arriscadas

João da Silva considera que enviar os finalistas sozinhos para estes voos constitui um risco. “São viagens com algumas escalas. No caso de Taipé podem ultrapassar as oito horas e corremos o risco de fazer quarentena. Por Seul podemos estar 24 horas em escala, mas nada é garantido, os voos podem ser cancelados e há alunos que não podem ser acompanhadas por familiares. Gostávamos de não ter de optar por essas duas vias.”

Paulo Cunha Alves referiu que, em Setembro, poderá haver uma mudança, mas que por enquanto nada é certo. “Sabemos que o cônsul não pode passar por cima das autoridades locais, apenas pode sensibilizá-las”, disse João da Silva, que está a ponderar pedir apoio junto das entidades governamentais em Portugal.

“Da parte de Portugal poderia haver mais apoio, nós é que não temos contactos nem conhecemos ninguém. De certeza que os governadores que aqui estiveram, como por exemplo Rocha Vieira ou Garcia Leandro, têm contactos, mas não sei como chegar até eles para que nos possam ajudar. Não estamos sozinhos, mas não estamos a conseguir fazer muito.”

Dos 40 finalistas, são poucos os alunos que, como alternativa, pretendem ficar a estudar em Macau. Apenas o filho de Anabela Fong se inscreveu, por precaução, no curso de Direito da Universidade de Macau, mas o objectivo é estudar na Universidade Católica. Aguarda, neste momento, o processo de obtenção do passaporte português.

João da Silva disse ainda lamentar que o corredor exclusivo com Hong Kong não tenha terminado mais tarde, a 25 de Julho, uma vez que muitos alunos só concluíram os exames de 12º ano no dia 23 do mesmo mês. “Quase todos os alunos não podiam faltar aos exames e por isso não puderam aproveitar o corredor especial”, concluiu.

6 Ago 2020

CPU | Projecto de expansão da EPM aprovado sem discussão

O Conselho do Planeamento Urbanístico aprovou a planta de condições urbanísticas da Escola Portuguesa de Macau sem discussão. A presidente do organismo disse não ser possível esperar pelo relatório da Docomomo porque chegou ao fim o período de consulta pública

 

[dropcap]A[/dropcap] planta de condições urbanísticas para a expansão da Escola Portuguesa de Macau (EPM) foi aprovada pelo Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) sem discussão, noticiou a TDM – Rádio Macau. A organização não-governamental Docomomo Internacional pretendia enviar ao Conselho de Planeamento Urbanístico, no prazo de um mês, um relatório sobre o projecto de expansão do edifício, alegando que põe em risco a preservação do que já está construído. No entanto, Chan Pou Ha, presidente do CPU, apontou que não é possível esperar por opiniões apresentadas depois do período de consulta.

“Temos de seguir os trabalhos segundo as circunstâncias enunciadas na lei. São sempre bem-vindos a apresentar opiniões nos termos da lei, mas fora desse prazo legal não podemos fazer”, explicou.

A consulta pública sobre a planta de condições urbanísticas terminou a 15 de Junho. Entre as três opiniões recolhidas sobre a planta de condições urbanísticas houve quem defendesse que “o afastamento mínimo entre edifícios no interior do lote, em que um deles tem valor patrimonial, não deve caber ao proprietário ou projectista” e que “esta PCU assume os mesmos princípios universais para uma configuração tipo pódio-torre, ignorando a pré-existência Modernista com valor patrimonial”.

Defesa de património

Para além disso, foi defendida uma “altimetria intermédia” para a área do lote mais próxima do volume do ginásio para “assegurar a integração urbana entre os edifícios existentes no lote, de alto valor patrimonial e as novas construções”. Além disso, sugeriu-se realização de um estudo para verificar se o pátio central, salas de aula e ginásio vão receber luz natural suficiente.

A falta de luz natural foi uma preocupação expressa por Rui Leão e pela Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEP) no ano passado. Em causa está a construção de uma torre com 50 metros de altura, que pode ficar a menos de 1,5 metros dos edifícios já existentes.

À saída da reunião de quarta-feira, a vice-presidente do Instituto Cultural, que também integra o CPU, reconheceu que a maior preocupação é a proximidade entre os edifícios na escola, mas defendeu não haver conflito com a protecção do conjunto já edificado. A responsável sublinhou a necessidade de preservar a arquitectura existente e de manter espaço livre entre os topos do pódio. De acordo com a TDM – Rádio Macau, Leong Wai Man afirmou que o Instituto Cultural “não emitiu nenhuma opinião sobre a altura” da futura torre, que vai ficar com 50 metros, mas que tem “algumas exigências” em relação seu desenvolvimento.

A mesma fonte avançou ainda que a EPM vai ter um novo auditório, para servir tanto a escola como a população, e que a expansão vai demorar entre três a três anos e meio para ficar concluída.

26 Jun 2020

Docomomo promete enviar relatório sobre projecto de expansão da EPM

A organização não-governamental Docomomo Internacional promete enviar ao Conselho de Planeamento Urbanístico, no prazo de um mês, um relatório sobre o projecto de expansão do edifício da Escola Portuguesa de Macau, alegando que o mesmo põe em risco a preservação do que já está construído. André Ritchie, arquitecto ligado ao projecto, nega as acusações

 

[dropcap]A[/dropcap] construção de uma torre com 50 metros de altura que deverá ficar a um mínimo de 1,5 metros dos edifícios já existentes é o motivo da discórdia no projecto de expansão da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Neste âmbito, a Docomomo Internacional, uma organização não-governamental ligada à preservação de espaços arquitectónicos, promete enviar, no espaço de um mês, um relatório de análise ao projecto, depois de ter sido alertada pela Docomomo Macau, presidida pelo arquitecto Rui Leão.

“Solicitamos para tal a vossa atenção para a recepção do nosso relatório e a possibilidade de re-agendar a discussão desta planta de condições urbanísticas (PCU) na reunião consecutiva do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU), ou caso isso não seja politicamente viável, encaminhar o dito relatório aos técnicos com competências de avaliar o dito projecto para a EPM”, lê-se na carta enviada a Chan Po Ah, presidente do CPU.

O documento alerta para o risco de descaracterização do edifício da autoria do arquitecto Chorão Ramalho e que é um dos poucos exemplos de arquitectura moderna em Macau.

“Entendemos que os edifícios evoluem e acompanham o desenvolvimento institucional das actividades que albergam, mas igualmente reconhecemos que muitas vezes, as intervenções em áreas de valor patrimonial pré-existente não consideram a priori um enquadramento urbanístico que previna intervenções ou abordagens que ponham em risco a visibilidade e funcionamento dos edifícios pré-existentes.”

Ana Tostões, também historiadora de Arquitectura Portuguesa do Século XX, coordena o relatório que ainda está a ser produzido e assume que “não contava que esta PCU voltasse ao plenário passado tão pouco tempo”.

Na visão da Docomomo Internacional, é necessário “clarificar algumas questões relativas à sua salvaguarda, perante a necessidade de prever áreas para instalações adicionais para a EPM”.

Arquitectos atentos

Num contacto recente feito pelo HM, arquitecto André Ritchie, que colabora no projecto de expansão juntamente com o arquitecto Carlos Marreiros, rejeitou as críticas apontadas.

“O projecto propriamente dito ainda não foi desenvolvido e até agora fizemos apenas um estudo volumétrico das edificações. É um estudo muito preliminar, mas nada de definitivo. A questão da distância de 1,5 metros, a ser colocada, seria numa fase mais desenvolvida de apreciação do projecto, e não agora.”

Sobre a carta da Docomomo Internacional, André Ritchie frisou ontem que “está-se a levantar uma alegada ameaça ao património feita com base em pressupostos etéreos e que, verdadeiramente, não existem”.

“No pior cenário, e caso as dificuldades sejam de facto criadas no desenvolvimento do processo, os verdadeiros prejudicados serão os alunos e não a arquitectura moderna portuguesa, a qual todos nós respeitamos”, frisou o responsável.

O CPU discute hoje o projecto de expansão da EPM, que foi suspenso em Outubro do ano passado depois das críticas feitas pelo arquitecto Rui Leão relativamente à baixa distância entre a torre e os edifícios já existentes.

24 Jun 2020

EPM | Pais querem esclarecimentos sobre disciplinas obrigatórios

É já a partir do próximo ano lectivo que os alunos do ensino secundário complementar vão passar a ter mais disciplinas obrigatórias. O presidente da Associação de Pais defende serem necessários mais esclarecimentos por parte da direcção da escola, nomeadamente sobre qual o acréscimo de carga horária

 

[dropcap]N[/dropcap]um ano já de si atípico, a direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) prepara-se para implementar a medida da frequência de mais disciplinas obrigatórias por parte dos alunos do ensino secundário complementar, do 10º ao 12º ano. Segundo noticiou a TDM Rádio Macau na sexta-feira, os alunos terão de frequentar disciplinas como história, geografia, artes e música, independentemente da área de ensino que escolherem. Neste grupo estão também incluídas as disciplinas de ciências e matemática. Quem já tem estas disciplinas no currículo não terá de as repetir.

As medidas deverão começar a ser implementadas já em Setembro, conforme disse à TDM Rádio Macau Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, e surgem como resposta às alterações a um regulamento administrativo de 2014, publicadas pelo Governo em Novembro do ano passado, e que se referem ao Quadro da organização curricular da educação regular do regime escolar local.

Contactado pelo HM, Filipe Regêncio Figueiredo, presidente da Associação de Pais da EPM (APEP), disse serem necessários mais esclarecimentos para com a comunidade escolar.

“Seria importante perceber qual o acréscimo de carga horária que isto vai trazer, porque o 12º ano já tem uma carga horária inferior face ao 10º ou 11º ano por alguma razão. Convém perceber em concreto do que estamos a falar.”

Desta forma, “era bom que a escola mostrasse quais são os horários que vão ser feitos e como vai ser a organização do tempo. É tudo muito vago e abstracto. Não dizem [a direcção da EPM] em concreto como é que os horários vão crescer, dizem apenas que é entre dois a quatro tempos lectivos por semana. Depois, em relação aos conteúdos e manuais, dizem que não sabem de nada”, frisou Filipe Regêncio Figueiredo.

“Alguma” sobrecarga

Manuel Machado disse não ter ainda certeza sobre a autonomia da EPM quanto à aplicação destas novas normas, além de não saber se será necessário contratar mais professores. Quanto à carga horária, e para não sobrecarregar os alunos dos 10º e 11º anos, Manuel Machado disse ter optado por concentrar a maioria das disciplinas adicionais no último ano do secundário, e que “têm um peso semanal de dois a quatro tempos lectivos”.

Neste sentido, haverá “alguma” sobrecarga horária para quem entra no 12º ano, mas o presidente da EPM desvaloriza o impacto na preparação para os exames nacionais, uma vez que “o 12.º ano é o que tem menos carga horária”. “São mais duas disciplinas, mas não pesarão excessivamente no currículo e no trabalho que os alunos terão de desenvolver”, acrescentou.

Contudo, para Filipe Regêncio Figueiredo, “a escola já deveria ter um plano e saber dar explicações cabais sobre horários e manuais, e não as dá”.

“No fim de um ano lectivo complicado junta-se mais este problema. Sei que o programa de português, no geral, já é bastante extenso e com uma carga horária muito grande. Juntar mais duas ou três disciplinas vai agravar [o horário], obviamente. Não sabemos depois qual será o peso destas disciplinas na avaliação, e os alunos da EPM podem ficar em desvantagem porque acabam por ser avaliados em mais disciplinas do que os alunos de português do currículo dito normal”, rematou.

15 Jun 2020

Ensino online | DSEJ prepara nova plataforma digital para próximo ano lectivo

Depois de um ano lectivo em que as escolas tiveram de se adaptar rapidamente ao ensino online devido à pandemia da covid-19, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude está a preparar um campus digital para ser utilizado por toda a comunidade escolar no próximo ano lectivo, incluindo os alunos transfronteiriços

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) adiantou ao HM que está a preparar um campus digital para ser usado por escolas, professores, alunos e encarregados de educação no próximo ano lectivo de 2020/2021, a fim de modernizar o ensino à distância.

“Devido à situação epidémica e à eventual ocorrência de situações semelhantes no futuro, a DSEJ está a preparar uma plataforma para a construção de um campus inteligente, com o objectivo de entrada em funcionamento no ano lectivo de 2020/2021”, assegurou o organismo numa resposta escrita.

Esta nova plataforma terá “recursos como a comunicação em larga escala e o ensino online através da utilização de programas de software mais comuns na sociedade”. A ideia é “reduzir as barreiras para os utilizadores, assegurando um bom uso por parte dos estudantes e encarregados de educação transfronteiriços”. Desta forma, “a plataforma irá fornecer recursos didácticos de qualidade aos docentes e alunos para apoiar o desenvolvimento da escola online”.

A DSEJ promete ainda “elaborar as orientações para os programas de aprendizagem domiciliária e promover ainda mais o desenvolvimento dos recursos pedagógicos das escolas, apoiando o desenvolvimento do ensino online nas escolas”.

EPM cumpriu

Relativamente à forma como a Escola Portuguesa de Macau (EPM) geriu o sistema de ensino online, a DSEJ assegura que as regras foram cumpridas. A EPM “disponibilizou aos alunos, a partir do dia 3 de Fevereiro, os conteúdos para o estudo em casa, algo que envolveu as diferentes disciplinas”.

Afirma ainda a DSEJ que a plataforma Google Classroom teve uma taxa de utilização na ordem dos 99,5 por cento, enquanto que o email e outras plataformas de comunicação tiveram, respectivamente, 44,8 e 38 por cento de utilização. Já a plataforma Zoom teve uma taxa de utilização de 24 por cento. Além disso, “foram utilizados meios de comunicação visual ou áudio para apoiar as aulas online ou conversas entre professores e alunos, tal como o YouTube ou o Zoom”.

Desta forma, a DSEJ entende que a EPM “implementou medidas de aprendizagem no domicílio e não forneceu informações através de uma única plataforma, tendo em conta a adaptação aos hábitos e condições de aprendizagem por parte de diferentes pais e alunos”.

O HM contactou Miguel de Senna Fernandes, vice-presidente da Fundação da EPM, que garantiu que as críticas contidas na carta enviada pela Associação de Pais da EPM, relativamente ao funcionamento do ensino online, estão a ser acompanhadas e discutidas. O Ministério da Educação em Portugal não respondeu às perguntas colocadas.

3 Jun 2020

Guia | Terreno junto à colina vai receber torre com 90 metros



Além da torre residencial ao pé da rotunda do Arco do Oriente, a planta para a Escola Portuguesa de Macau também está em consulta pública e deve regressar nas próximas semanas ao Conselho do Planeamento Urbanístico

 

[dropcap]A[/dropcap] Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, junto à rotunda do Arco do Oriente, deverá receber um projecto residencial com torres que podem atingir 90 metros de altura. A informação consta do projecto de Planta de Condições Urbanísticas que está em consulta pública e vai ser discutido no Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU).

Segundo as condições apresentadas no documento, o terreno tem 7.802 metros quadrados de área e a fachada virada para o Arco Oriental poder atingir 90 metros de altura. A zona posterior tem prevista uma altura limitada até 60 metros, que equivale à redução de 30 metros.

A localização do terreno faz com que fique sujeito aos condicionamentos do despacho que limita a altura das construções que ficam nas proximidades do Farol da Guia. No entanto, esta parcela está integrada na chamada zona 5, mais concretamente na zona 5.1, que permite que a construção chegue aos 90 metros de altura. Esta é uma das poucas áreas que permite um nível elevado de edificação em altura, estabelecida no plano de protecção da vista para a Colina da Guia foi traçado.

No entanto, a concessionária optou por limitar a altura a 60 metros na zona mais próxima da Colina, algo a que não estava obrigada, pelo menos segundo as condicionantes da zona de protecção da vista para o Farol da Guia.

A concessão do terreno, que remonta a um despacho de 1983, determina que deve ser utilizado para a construção de habitações, apesar de ficar situado entre o Colégio de Santa Rosa – Secção Inglesa e o edifício do Gabinete de Ligação do Governo Central.

Planta da escola portuguesa

Outro projecto em fase de recolha de opiniões é a Planta de Condições Urbanísticas (PCU) da Escola Portuguesa de Macau. A ampliação das infra-estruturas da instituição escolar já tinha sido levada a uma reunião do CPU em Outubro do ano passado, mas a PCU acabou por ser revista devido aos impactos para a entrada de luz natural no ginásio.

Agora a planta está novamente em consulta e prevê-se uma altura máxima de construção de 50 metros. No entanto, o edifício principal, da autoria do arquitecto Chorão Ramalho, não deverá sofrer alterações.

Em relação às árvores da escola, a planta estipula que serão mantidas nos locais actuais. Se não for possível, o Instituto para os Assuntos Municipais deverá ser contactado para as transplantar.
A consulta pública vai estar aberta até ao dia 16 deste mês.

2 Jun 2020

EPM | Direcção rejeita críticas apontadas pela APEP em carta aberta 

Depois da carta aberta da Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau, que faz acusações relativas à forma como a escola geriu o ensino à distância em tempos de covid-19, eis que a direcção, presidida por Manuel Machado, vem refutar muitas das críticas. Direcção, docentes, psicólogos e professores de ensino especial reuniram ontem

 

[dropcap]A[/dropcap] direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM) rejeita as críticas apontadas na carta aberta da Associação de Pais da EPM (APEP), relativas à forma como tem vindo a funcionar o ensino online em tempos de pandemia. Ainda assim, Manuel Machado, presidente da direcção, assume que há sempre espaço para melhorar e que está disposto a ouvir os pais.

Num comunicado enviado ontem às redacções, a direcção da EPM começa por rejeitar as críticas de que o ensino à distância não foi uniforme a todos os níveis de ensino.

“Assim que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude anunciou a suspensão das actividades lectivas presenciais a 24 de Janeiro, a EPM desenvolveu de imediato um mecanismo que envolveu todo o corpo docente e o serviço de psicologia e ensino especial para viabilizar as aprendizagens de ensino à distância a todos os alunos, mobilizando, com celeridade, os recursos que permitiram dar formação ao corpo docente sobre as plataformas a utilizar neste tipo de ensino.”

O comunicado acrescenta que “só esta pronta actuação permitiu que as actividades não presenciais destinadas aos alunos de todos os níveis de ensino da EPM se iniciassem a 5 de Fevereiro em plataforma assíncrona”.

A acusação de que houve falhas de comunicação entre a direcção da EPM e os encarregados de educação é também rejeitada. “A direcção da escola enviou aos pais e encarregados de educação 24 notas informativas entre 24 de Janeiro e 20 de Maio relativas ao início do acompanhamento domiciliário síncrono e assíncrono, procedimentos e recomendações de segurança nas aulas de videoconferência, datas e procedimentos sanitários relativos ao regresso às aulas, avaliação, entre outras.”

Além disso, “a direcção da escola procurou acompanhar as preocupações dos encarregados de educação ao longo deste período, quer através dos seus directores de turma e professores titulares quer através de reuniões realizadas com a APEP, mobilizando diversos canais de comunicação”.

Autoridades acompanharam

Na carta aberta da APEP questiona-se o cumprimento, por parte da direcção da EPM, das disposições legais relativamente ao ensino especial e demais actividades lectivas. Algo que a direcção da escola também repudia. “Estes trâmites foram acompanhados pela DSEJ e reportados ao Ministério da Educação em Portugal, indo ao encontro das orientações de ambas as tutelas, ao contrário do afirmado pela APEP.”

Aquando do regresso às aulas, a EPM afirma ter procedido “ao reajustamento dos horários lectivos de forma a assegurar, a bem da protecção e segurança de todos os alunos, o cumprimento das directrizes sanitárias”.

“É, portanto, falsa a afirmação da APEP relativa ao incumprimento das orientações da DSEJ e do Ministério da Educação de Portugal”, frisa o comunicado assinado por Manuel Machado.

A divulgação da carta aberta nos media locais levou a direcção da escola a convocar uma reunião com docentes e psicólogos, que decorreu ontem por volta das 17h. O HM tentou obter uma reacção da APEP, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter esclarecimentos adicionais.

22 Mai 2020

EPM | Pais revelam descontentamento em carta enviada à direcção 

Falhas de comunicação entre a direcção e os pais, falta de coordenação e de uniformização na gestão do ensino à distância e pouco apoio a alunos com necessidades educativas especiais. São estas as queixas que constam numa carta enviada pela Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau à direcção presidida por Manuel Machado, bem como à DSEJ e ao Ministério da Educação em Portugal

 

[dropcap]A[/dropcap] Associação de Pais da Escola Portuguesa de Macau (APEP) realizou uma assembleia-geral no passado dia 13 com a gestão do ensino à distância no período em que as escolas estiveram encerradas, devido à covid-19, a ser um dos pontos em debate. O HM teve acesso a uma carta, repleta de críticas à direcção da Escola Portuguesa de Macau (EPM), que não se fez representar nessa reunião. A missiva foi enviada ontem.

“Vimos comunicar que alguns pais e encarregados de educação têm mostrado desagrado pela forma como a situação foi gerida ao longo destes 4 meses, tendo sido visível a descoordenação e a falta de comunicação da direcção da EPM, tanto interna como externa”, começa por apontar a carta que também foi enviada à Fundação da EPM, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Ministério da Educação em Portugal e Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

A APEP considera que a forma como a EPM geriu o ensino à distância apenas permitiu o cumprimento “dos mínimos exigíveis e necessários, sem ambição nem inovação, e uma enorme falta de coordenação interna da escola, que não permitiu a adopção de procedimentos consistentes e uniformizados”.

São também apontadas falhas na comunicação com os pais, algo que “foi particularmente sentido neste período específico”. Em causa estão mudanças nos horários de aulas online agendadas em cima da hora ou a ausência de informações de vária ordem. “E não se diga que estas falhas de comunicação são fruto das circunstâncias excepcionais que vivemos, pois a direcção da EPM sempre habituou os pais e encarregados de educação a viver com ausências de informação, bem como a receber a informação em cima da hora.”

“Medida simbólica”

A APEP aponta ainda o dedo quanto à “falta de uniformização de práticas e procedimentos entre professores e turmas, nomeadamente quanto aos meios de leccionação utilizados, quanto ao volume de trabalhos e de matéria leccionada e ao acompanhamento de cada aluno, o que não permitiu estabelecer um padrão mínimo de qualidade para todos os professores.”

É ainda referida a falta de apoio sentida pelos alunos com necessidades educativas especiais. Esses apoios foram “manifestamente insuficientes e, de fins de Janeiro até ao presente momento, foram, em alguns casos, inexistentes”. A APEP questiona, portanto, se a EPM “está a promover verdadeiramente uma educação inclusiva”.

Outro ponto de discórdia, prende-se com o final do ano lectivo. A APEP diz “não compreender a decisão” de adiar o final do ano lectivo até 3 de Julho, quando a DSEJ permite o seu prolongamento até 31 de Julho. “Não passa de uma medida simbólica que terá um reduzido efeito na recuperação da aprendizagem de conteúdos essenciais”, pode ler-se.

Tendo em conta a possibilidade de ocorrência de um novo surto, a APEP deseja saber que formações vão ser dadas aos professores e quais os planos para a ocorrência de aulas em tempos de pandemia.

O HM tentou chegar à fala com Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto.

21 Mai 2020

EPM | Portas abertas a crianças sem acompanhamento em casa

[dropcap]À[/dropcap] semelhança do jardim de infância D. José da Costa Nunes, também a Escola Portuguesa de Macau (EPM) vai abrir portas, de forma limitada, às crianças dos três primeiros anos do ensino primário que não tenham acompanhamento em casa.

De acordo com um comunicado emitido pela direcção da escola, a medida entra em vigor esta quarta-feira. “Na sequência das medidas cordiais adoptadas para as escolas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) vimos, por este meio, informar que a EPM estará aberta a partir do dia 13 de Maio para os alunos cujas famílias não reúnam condições para os ter em casa. Caso tenham empregadas ou avós, a DSEJ e os Serviços de Saúde recomendam que permaneçam em casa e não regressem à escola”, lê-se na mesma nota.

A EPM aceita, no máximo, 10 crianças por ano de escolaridade. Caso existam muitos pedidos por parte das famílias, a EPM dispõe-se a analisá-los “de acordo com a situação familiar” e tendo em conta a ordem de inscrição.

11 Mai 2020

EPM | Três em cada quatro alunos não são de língua materna portuguesa 

A Escola Portuguesa de Macau tem vindo a receber cada vez mais alunos de língua portuguesa não materna, com estes estudantes a representarem já um universo de 75 por cento no actual ano lectivo. Amanhã regressam as aulas presenciais de forma faseada

 

[dropcap]A[/dropcap] Escola Portuguesa de Macau (EPM) é cada vez mais escolhida por famílias que não têm o português como língua materna. Segundo declarações do director da EPM, Manuel Machado, à Lusa, os alunos de língua materna não portuguesa que ingressam na EPM “têm vindo a aumentar significativamente”, atingindo este ano 75 por cento do total dos estudantes.

Há três anos, eram cerca de 40 por cento, frisou Manuel Machado. Há dois, o número cresceu para 60 por cento. E este ano lectivo, em cada quatro alunos que entram na EPM, três não têm o português como língua materna.

Uma realidade que exige agora “por parte dos professores todo um desenhar de novas estratégias capazes de responder às necessidades linguísticas destes alunos”, salientou.

Para isso tem-se privilegiado “o ensino do português relativamente a outras áreas do currículo, o que não significa que essas áreas não venham a ser exploradas mais tarde”, ressalvou o responsável da escola. “É um grande desafio”, enfatizou.


Clubes e oficinas

Entre as estratégias delineadas, avançou-se para a criação de um clube de filosofia, no qual o desenvolvimento das competências passa pelo uso obrigatório da língua portuguesa para todos os estudantes do primeiro ao quarto ano de escolaridade.

Há também uma oficina de escrita, mas a escola teve igualmente a ‘arte’ de conceber um espaço que parece feito à medida para dar resposta a estes desafios e que é destacado por Manuel Machado: uma sala de leitura.

A maioria daqueles que ingressam no primeiro ciclo na EPM tem o cantonense como idioma nativo. O estabelecimento de ensino integra 70 professores, a tempo inteiro e parcial, e 623 alunos do 1.º ao 12.º ano de escolaridade, divididos por 14 turmas. Quase 50 por cento dos alunos frequentam o 1.º ciclo. “Tem havido de facto uma procura cada vez maior da escola e do nosso currículo, todo ele, exceptuando as disciplinas de línguas, leccionado em português”, salientou o director.

A EPM recomeça amanhã, de forma faseada, as aulas presenciais, depois do encerramento ditado pela pandemia da covid-19. Mas o dia 5 de Maio serve também para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa.

A data vai ser assinalada na EPM por uma pequena cerimónia durante a qual será fixada uma placa alusiva ao dia em questão. Será também feita uma leitura do “Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa, que chegará às diferentes turmas através do sistema de som da escola.

4 Mai 2020

Fundo de Desenvolvimento Educativo | EPM recebeu mais de três milhões

[dropcap]F[/dropcap]oram ontem tornados públicos, através de despacho publicado em Boletim Oficial (BO), os subsídios atribuídos às escolas pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), no âmbito do Fundo de Desenvolvimento Educativo (FDE).

No caso da Escola Portuguesa de Macau, o FDE concedeu mais de três milhões de patacas de subsídio, cerca de 111 mil patacas foram atribuídas para “a reparação urgente do edifício escolar”. Foram concedidas ainda 453 mil patacas no âmbito do Plano de Desenvolvimento das Escolas relativo ao ano lectivo de 2019/2020, e que inclui “as viagens de estudo ao Continente, o ensino especial e a transmissão da cultura chinesa”, entre outras despesas.

O FDE atribuiu ainda cerca de dois milhões de patacas também no âmbito do mesmo plano, para actividades como “a reparação do edifício escolar, a aquisição dos equipamentos, a formação da própria escola, a aquisição de livros, jornais, publicações e a contratação de pessoal especializado”.

2 Abr 2020