Covid-19 | Voo prevê trazer 60 residentes retidos em Wuhan

Uma equipa composta por sete funcionários do Governo vai juntar-se a sete tripulantes da Air Macau na operação de resgate dos residentes de Macau que estão em Wuhan. No voo, que deve chegar ao território por volta das 16h do próximo sábado, irão embarcar 19 menores de idade

 

[dropcap]C[/dropcap]hegam a Macau no dia 7 de Março, 60 residentes provenientes da província de Hubei, no voo fretado da Air Macau. O anúncio foi feito ontem pelo director dos Serviços de Saúde (SS) Lei Chin Ion, que revelou ainda detalhes sobre a operação de retirada dos residentes de Macau e a composição da equipa que irá viajar para Wuhan. O voo parte de Macau às 9h30 de sábado e deverá regressar por volta das 16h ao território.

Contas feitas, vão regressar cerca de um terço dos 180 residentes de Macau espalhados pela província de Hubei que solicitaram ajuda, já que só serão resgatados aqueles que não apresentem sintomas e que se encontrem na cidade de Wuhan ou arredores.

“Registaram-se até agora, no total, 60 pessoas que vão apanhar o voo. Nenhum manifestou sintomas como febre ou sintomas no trato respiratório e que nos últimos 14 dias não foram ao hospital, nem tiveram contacto com pacientes de casos confirmados”, explicou Lei Chin Ion, por ocasião da conferência diária do novo tipo de coronavírus, o Covid- 19.

Quanto à equipa incumbida de executar a operação, o director dos serviços de saúde revelou que, além da tripulação da Air Macau composta por sete pessoas, irão integrar a equipa de resgate outras sete, divididas entre cinco membros dos serviços de saúde e dois dos serviços de turismo.

Quanto a passageiros, dos 60 residentes, 19 são menores, existindo seis crianças com idade inferior a cinco anos. “Temos seis crianças com idade inferior a dois anos, destas, duas têm idade inferior a um ano, duas têm três anos e uma criança tem um ano e, de acordo com os regulamentos das autoridades de aviação, as crianças com idade inferior a cinco anos (…) têm de ser acompanhadas por encarregados de educação”, apontou, Inês Chan, dos Serviços de Turismo.

À chegada a Macau no próximo sábado, os residentes serão enviados para o Centro Clínico do Alto de Coloane, onde vão ser isolados durante 14 dias. A alta médica só será concedida após testarem negativo por três vezes.

“Se não manifestarem nenhum sintoma vão ser enviados para o alto de Coloane, (…) para cumprir uma quarentena de 14 dias. No dia seguinte vamos realizar testes de ácido nucleico a todos os residentes e vamos avaliando a situação e, caso o primeiro teste seja negativo, alguns dias depois realizamos o segundo teste (…) até assegurar que os três testes de ácido nucleico apresentam resultados negativos”, explicou o director dos SS.

Questionada sobre como seria feito o transporte dos residentes de Macau até ao aeroporto de Wuhan, Inês Chan anunciou que estes terão de fazer a viagem pelos seus próprios meios.

“Antes de apanhar o avião, todos têm de assegurar o seu meio de transporte. Como sabem os nossos profissionais vão também acompanhar o voo para Wuhan e vão enfrentar certos riscos (…) e evitar sair do aeroporto, de modo a diminuir o risco de contágio”, esclareceu inês Chan.

Mais uma alta

Os serviços de saúde anunciaram ainda, a alta hospitalar de mais uma paciente que estava infectada com o novo tipo de coronavírus. É o nono paciente a receber alta hospitalar em Macau.

Trata-se de uma residente de Macau de 29 anos, que esteve em contacto com o oitavo caso da doença e recebeu tratamento durante quase um mês.

“Foi internada durante 29 dias e depois de receber tratamento antiviral, tem agora um quadro clínico estável, sem febre nem sintomas do trato respiratório. Fez dois testes de ácido nucleico nos dias 1 e 3 de Março e deram negativo, satisfazendo os critérios para a alta hospitalar, detalhou Lo Iek Long, médico adjunto do Centro Hospitalar Conde de São Januário

À semelhança do oitavo paciente a receber alta, esta paciente vai continuar em isolamento durante mais duas semanas no centro clínico do Alto de Coloane. Dos 10 casos registados em Macau, existe agora apenas um que continua internado.

4 Mar 2020

Glenn Mccartney, professor da UM, sobre reabertura dos casinos: “Precisávamos de um sinal positivo”

Apesar de defender que, no combate ao surto do Covid-19, a saúde está em primeiro lugar, Glenn Mccartney, professor da Universidade de Macau, defende que a reabertura dos casinos depois de um encerramento de 15 dias era importante para mostrar à população que é necessário seguir em frente. O docente defende que os sectores turístico, hoteleiro e do jogo vão recuperar ao mesmo tempo e de forma interligada, mas só a partir de meados deste ano

[dropcap]H[/dropcap]elena de Senna Fernandes [directora dos Serviços de Turismo], disse a semana passada que a crise gerada pelo Covid-19 é pior do que no tempo da SARS. Acredita que, além dos casinos, a recuperação dos sectores hoteleiro e do turismo vai ser lenta?
Sim, sem dúvida. Há uma clara ligação entre a recuperação do sector do jogo e outros sectores. Isto porque, nos últimos anos, o alojamento turístico ligado à parte do entretenimento e não às apostas nos casinos tem estado muito dependente do jogo. Então, quando os casinos fecham, há este efeito triplo no alojamento, porque a grande maioria dos quartos são um complemento às apostas nas salas VIP para os clientes premium. Quando se perde esse grande segmento também se registam grandes quebras na taxa de ocupação deste tipo de alojamento. Estão completamente interligados, um sector não recupera sem o outro. Também não temos outros segmentos turísticos além dos casinos, o mercado de convenções e exposições não funciona nesta fase, porque não há conferências. Não existe um verdadeiro mercado fora da indústria do jogo. Assim que o sector do jogo começar a recuperar veremos também uma recuperação dos restantes sectores económicos como é o caso do retalho, da hotelaria e do entretenimento. Não é surpreendente que os casinos tenham aberto portas depois do encerramento de duas semanas, porque é fundamental para a recuperação económica de Macau no seu todo.

Poderemos esperar uma recuperação no início de 2021 apenas, ou ainda este ano?
Por altura do Verão veremos alguns sinais de procura no sector do jogo e isso vai ser um factor regulador no sector hoteleiro. Faço a minha análise com base em dados históricos de crises anteriores. Entre o período da Páscoa e do Verão começaremos a ver esta tendência de recuperação do sector do jogo e aí todos os restantes sectores, sobretudo o hoteleiro, começarão a recuperar. O preço dos quartos de hotel por noite poderá ser ainda baixo, e poderemos também verificar uma baixa taxa de ocupação. Isto se não surgirem mais casos de infecção em Macau e se as autoridades chinesas abrirem alguns dos ‘corredores’ aéreos e marítimos. Aí poderemos ter uma recuperação em termos do número de visitantes. Está tudo dependente disso, porque não temos nenhum mercado significativo fora da China, não podemos ir aos tradicionais mercados turísticos a nível global, não temos um novo mercado, as coisas não funcionam assim. Vai demorar muito tempo e dependemos da China e de Hong Kong para a recuperação do mercado.

Desde a SARS que a génese do sector turístico de Macau é a mesma. Estamos perante uma problemática semelhante em termos da fonte de turistas, se compararmos com o ano de 2003?
Há uma série de factores que são diferentes. Em primeiro lugar, em 2003 não tínhamos redes sociais, não havia o WeChat. As redes sociais têm levado à difusão de muita informação [sobre o Covid-19] que não é correcta e que acaba por gerar uma série de reacções e ansiedades. Também não tínhamos o enorme número de visitantes da China em Macau e não tínhamos a Strip do Cotai. Toda a dinâmica se alterou um pouco. As pessoas vão buscar referências à SARS porque é uma espécie de ponto de referência. Em termos médicos as duas epidemias não são iguais, não sou nenhum especialista em medicina, mas vemos que há diferenças. Isso significa que o impacto é maior. Mesmo agora vemos que a abertura dos casinos representa um passo em frente positivo e isso deve-se à acção dos médicos e às políticas adoptadas.

Uma associação de defesa dos direitos dos croupiers diz ser contra a reabertura dos casinos. Acredita que estão certos? A economia prevaleceu, neste aspecto?
Não. A saúde foi absolutamente prioritária, a economia nunca deveria estar em primeiro lugar. Mas também temos de olhar para a forma como vamos iniciar a recuperação, e fazê-lo da forma mais segura possível. Temos de seguir em frente em prol da normalidade. Em duas semanas não aconteceu absolutamente nada, então quando seria a altura certa [para o regresso das actividades económicas]? Há sempre um estigma muito grande numa crise, e todos usavam máscara. Uma crise de saúde leva sempre muito tempo [a resolver] e é importante ter a mensagem na altura certa de que está tudo bem. Eu venho do mundo da investigação e dos números e é com base nisso que trabalho, e não com base em especulações.

O Governo tomou então a decisão certa de decretar a reabertura dos casinos ao fim de duas semanas.
Necessitávamos de um sinal positivo para seguir em frente em prol de uma recuperação. Defendi que os casinos iriam abrir mediante certas condições, e foi o que fizeram para garantir a segurança das operações. Em Macau, 85 por cento dos impostos são pagos pelas operadoras de jogo, por isso quanto mais tempo mantivermos os casinos fechados [pior]. Além disso, o sector tem de pagar salários aos funcionários e rendas. Chegamos a uma altura em que o argumento económico tem de surgir, garantindo que as regras de segurança e de saúde são cumpridas. É importante olhar para o lado económico porque há muito investimento em Macau. Não posso dizer que a saúde está em segundo lugar, mas temos sempre de olhar para o início de uma recuperação.

Como é que as operadoras de jogo vão levar essa recuperação a cabo? Que tipo de políticas vão implementar? Vão criar pacotes especiais para turistas, por exemplo?
O mercado do turismo funciona de uma maneira muito agressiva, portanto assim que surgir o primeiro sinal [de regresso à normalidade], vão mudar as suas mensagens e as suas campanhas, porque o marketing pensado para os meses de Fevereiro e Março já não funciona. Têm de ter os seus corredores abertos para a China, com as suas medidas, para mantermos o mercado [a funcionar] e para que os clientes possam vir. Não tenho dúvidas de que o sector do jogo vai fazer este tipo de aproximação ao mercado e todos os resorts integrados no Cotai vão ser assertivos nas mensagens que vão transmitir, mas as mensagens têm de ser diferentes. O marketing será, sem dúvida, uma parte importante.

No que diz respeito às Pequenas e Médias Empresas (PME), os casinos deveriam cooperar com elas, em prol de uma recuperação conjunta, além do apoio que já é dado pelo Governo?
Alguns resorts integrados podem de facto ajudar porque facilmente precisam de fornecedores. Nos últimos anos têm procurado fornecedores locais para as suas actividades e isso pode agora ser reforçado. Os pequenos negócios têm sofrido com o problema das rendas e é um grande desafio para estas empresas nesta fase. Todas as PME que não são proprietárias dos imóveis que ocupam vão passar por enormes desafios, por terem de pagar rendas e salários. O Governo já concedia empréstimos sem juros, mas, ainda assim, é mais uma dívida. Sem dúvida que é necessário ter uma estratégia. A SARS gerou um problema semelhante, mas agora temos de ir mais além na ajuda às PME. Alguns negócios vão fechar portas, por isso quanto mais rápido agirmos, agora… como cidade internacional de turismo e de lazer temos de manter as PME. Esse é o meu maior receio.

O Lisboa Palace, no Cotai, está ainda em construção. A Sociedade de Jogos de Macau vai estar numa situação mais complicada do que as restantes operadoras de jogo?
A competição vai lá estar quando abrir. Quando olhamos para a distribuição do mercado vemos quem tem maiores e menores percentagens ano após ano. Quando abrir [o Lisboa Palace] estará num mercado muito competitivo. Não vejo a dinâmica a mudar com tudo o que está a acontecer e penso que quando abrirem apenas vão ter de participar na competitiva Strip do Cotai. No Cotai é mais difícil porque muitos clientes tornaram-se frequentes, e como se vai buscar de novo essa lealdade? É preciso apostar em novos mercados. O desafio é como se entra na competição aquando da abertura do empreendimento, mas não vejo uma grande mudança em termos de dinâmica.

Teremos novos concursos públicos para a concessão de novas licenças. O Governo vai fazer algum tipo de alteração para dar resposta a esta crise?
Penso que é algo em que vão pensar. Eu pensaria. Considerando o que aconteceu nos últimos tempos seria um factor a ter em consideração.

4 Mar 2020

Covid-19 | Número de infectados em Portugal sobe para quatro

[dropcap]A[/dropcap] Direcção-Geral da Saúde (DGS) elevou ontem para quatro o número de casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal. Em comunicado, a DGS indica que foram confirmados dois casos positivos, um deles um homem de 60 anos no Hospital de S. João, no Porto, com “ligação a caso confirmado” para o novo coronavírus que causa a doença Covid-19.

O segundo caso de infecção em Portugal hoje reportado é o de um homem de 37 anos no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, igualmente com “ligação a caso confirmado” para o novo coronavírus. Na segunda-feira, a DGS confirmou os dois primeiros casos de infecção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.

Os hospitais Curry Cabral, em Lisboa, e de S. João e Santo António, no Porto, onde estão internados os quatro homens, são unidades de referência indicadas pela DGS para a fase de contenção da propagação do novo coronavírus. Há um tripulante português de um navio de cruzeiros que está hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.

O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infectou mais de 90.300 pessoas em cerca de 70 países e territórios, incluindo Portugal. Das pessoas infectadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo as autoridades de saúde de vários países.

Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.

A Organização Mundial de Saúde declarou a epidemia de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e o risco de contágio “muito elevado”.

4 Mar 2020

Covid-19 | Número de infectados em Portugal sobe para quatro

[dropcap]A[/dropcap] Direcção-Geral da Saúde (DGS) elevou ontem para quatro o número de casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal. Em comunicado, a DGS indica que foram confirmados dois casos positivos, um deles um homem de 60 anos no Hospital de S. João, no Porto, com “ligação a caso confirmado” para o novo coronavírus que causa a doença Covid-19.
O segundo caso de infecção em Portugal hoje reportado é o de um homem de 37 anos no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, igualmente com “ligação a caso confirmado” para o novo coronavírus. Na segunda-feira, a DGS confirmou os dois primeiros casos de infecção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.
Os hospitais Curry Cabral, em Lisboa, e de S. João e Santo António, no Porto, onde estão internados os quatro homens, são unidades de referência indicadas pela DGS para a fase de contenção da propagação do novo coronavírus. Há um tripulante português de um navio de cruzeiros que está hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.
O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infectou mais de 90.300 pessoas em cerca de 70 países e territórios, incluindo Portugal. Das pessoas infectadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo as autoridades de saúde de vários países.
Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde declarou a epidemia de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e o risco de contágio “muito elevado”.

4 Mar 2020

Covid-19 em Portugal | Hospitais São João e Santo António esgotaram capacidade, novas unidades activadas

[dropcap]O[/dropcap]s hospitais de Santo António e de São João, no Porto, “esgotaram a capacidade”, pelo que mais quatro hospitais na região norte foram activados na noite de segunda-feira devido à epidemia de Covid-19, anunciou a directora-geral da Saúde. “Recebi um telefonema (…) que me disse que [os hospitais de] Santo António e São João esgotaram a capacidade”, disse na segunda-feira Graça Freitas, durante o programa “Prós e Contras”, na RTP1.

A directora-geral da Saúde referiu que, por essa razão, contactou com a Administração Regional de Saúde do Norte para “activar os outros quatro hospitais que estavam na retaguarda prontos para ser activados”, sem especificar quais as unidades hospitalares.

Questionado sobre as razões pelas quais os hospitais de Santo António e de São João esgotaram a capacidade, a responsável da Direcção-Geral da Saúde (DGS) explicou que os quartos de pressão negativa nestas unidades de saúde “têm lá outros doentes internados”, “os dois casos positivos” já conhecidos e também os casos “suspeitos que lá estão neste momento”.

O surto de Covid-19, detetado em Dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infectou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal. Das pessoas infectadas, cerca de 45 mil recuperaram.

Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas. Um português tripulante de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”. Em Portugal, a DGS confirmou os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.

3 Mar 2020

Covid-19 em Portugal | Hospitais São João e Santo António esgotaram capacidade, novas unidades activadas

[dropcap]O[/dropcap]s hospitais de Santo António e de São João, no Porto, “esgotaram a capacidade”, pelo que mais quatro hospitais na região norte foram activados na noite de segunda-feira devido à epidemia de Covid-19, anunciou a directora-geral da Saúde. “Recebi um telefonema (…) que me disse que [os hospitais de] Santo António e São João esgotaram a capacidade”, disse na segunda-feira Graça Freitas, durante o programa “Prós e Contras”, na RTP1.
A directora-geral da Saúde referiu que, por essa razão, contactou com a Administração Regional de Saúde do Norte para “activar os outros quatro hospitais que estavam na retaguarda prontos para ser activados”, sem especificar quais as unidades hospitalares.
Questionado sobre as razões pelas quais os hospitais de Santo António e de São João esgotaram a capacidade, a responsável da Direcção-Geral da Saúde (DGS) explicou que os quartos de pressão negativa nestas unidades de saúde “têm lá outros doentes internados”, “os dois casos positivos” já conhecidos e também os casos “suspeitos que lá estão neste momento”.
O surto de Covid-19, detetado em Dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infectou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal. Das pessoas infectadas, cerca de 45 mil recuperaram.
Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas. Um português tripulante de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”. Em Portugal, a DGS confirmou os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.

3 Mar 2020

Covid-19 | Mais de 4.800 infectados na Coreia do Sul, 600 novos casos em 24 horas

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde sul-coreanas anunciaram hoje 600 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus, elevando para 4.812 o total de pessoas infectadas no país, onde já morreram 28 pessoas.

Os números divulgados pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Contagiosas da Coreia (KCDC) calculam todos os casos que ocorreram entre meia-noite de domingo e segunda-feira. Durante este período foram registadas seis novas mortes.

A cidade de Daegu (cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul) e a província vizinha de Gyeongsang do Norte, o epicentro do surto no país, registaram a grande maioria dos novos casos, 580 dos 600 em todo o país.

Essa região tem um total de 4.285 infecções, 89% de todas as que ocorreram na Coreia do Sul desde que o vírus foi detetado no país no dia 20 de janeiro. Cerca de 60% das infeções em todo o território nacional estão ligadas à seita cristã Shincheonji, cuja sede é em Daegu, onde foram realizadas várias missas no início de Fevereiro.

Para combater a saturação da saúde na região sudeste, o Governo sul-coreano começou a classificar os novos infectados em quatro grupos, a fim de diferenciar entre as condições clínicas mais e menos graves e, assim, priorizar a hospitalização dos casos mais graves.

No resto do país, apenas 20 casos foram detetados na segunda-feira, e Seul foi a área com mais infecções, sete. Até meia-noite da segunda-feira, o KCDC mantém 35.555 pessoas em quarentena, aguardando resultados.

3 Mar 2020

Covid-19 | Mais de 4.800 infectados na Coreia do Sul, 600 novos casos em 24 horas

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades de saúde sul-coreanas anunciaram hoje 600 novos casos de contaminação pelo novo coronavírus, elevando para 4.812 o total de pessoas infectadas no país, onde já morreram 28 pessoas.
Os números divulgados pelo Centro de Controlo e Prevenção de Doenças Contagiosas da Coreia (KCDC) calculam todos os casos que ocorreram entre meia-noite de domingo e segunda-feira. Durante este período foram registadas seis novas mortes.
A cidade de Daegu (cerca de 230 quilómetros a sudeste de Seul) e a província vizinha de Gyeongsang do Norte, o epicentro do surto no país, registaram a grande maioria dos novos casos, 580 dos 600 em todo o país.
Essa região tem um total de 4.285 infecções, 89% de todas as que ocorreram na Coreia do Sul desde que o vírus foi detetado no país no dia 20 de janeiro. Cerca de 60% das infeções em todo o território nacional estão ligadas à seita cristã Shincheonji, cuja sede é em Daegu, onde foram realizadas várias missas no início de Fevereiro.
Para combater a saturação da saúde na região sudeste, o Governo sul-coreano começou a classificar os novos infectados em quatro grupos, a fim de diferenciar entre as condições clínicas mais e menos graves e, assim, priorizar a hospitalização dos casos mais graves.
No resto do país, apenas 20 casos foram detetados na segunda-feira, e Seul foi a área com mais infecções, sete. Até meia-noite da segunda-feira, o KCDC mantém 35.555 pessoas em quarentena, aguardando resultados.

3 Mar 2020

Covid-19 | China reporta casos de infecção importados de Itália

A China reportou hoje sete novos casos de infecção pelo coronavírus entre passageiros oriundos de Itália, aumentando a possibilidade de novo surto no país asiático, de onde o vírus é originário, por importação de casos. Os infectados foram detetados na província de Zhejiang, leste da China, entre cidadãos chineses que regressaram de Itália na semana passada, informaram as autoridades locais.

Zhejiang, uma das mais prósperas províncias chinesas, é a terra natal da maioria dos chineses radicados no sul da Europa, incluindo em Portugal. Um dos infectados trabalha em Bérgamo, no nordeste da cidade italiana de Milão, no mesmo restaurante onde uma empregada de mesa deu positivo na segunda-feira, detalharam as autoridades do país asiático. As outras seis pessoas infectadas trabalham também na indústria alimentar.

Estes novos casos de pessoas que regressaram do exterior aumentam o medo de uma recontaminação no país onde a doença foi inicialmente reportada, no final do ano passado.

Segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily, outros cinco novos casos de infeção foram detectados nos últimos dias entre pessoas que regressaram do Irão e do Reino Unido. De frisar que a China continuou a registar hoje uma quebra no número de mortes e de novos casos de infecção.

3 Mar 2020

Covid-19 | China reporta casos de infecção importados de Itália

A China reportou hoje sete novos casos de infecção pelo coronavírus entre passageiros oriundos de Itália, aumentando a possibilidade de novo surto no país asiático, de onde o vírus é originário, por importação de casos. Os infectados foram detetados na província de Zhejiang, leste da China, entre cidadãos chineses que regressaram de Itália na semana passada, informaram as autoridades locais.
Zhejiang, uma das mais prósperas províncias chinesas, é a terra natal da maioria dos chineses radicados no sul da Europa, incluindo em Portugal. Um dos infectados trabalha em Bérgamo, no nordeste da cidade italiana de Milão, no mesmo restaurante onde uma empregada de mesa deu positivo na segunda-feira, detalharam as autoridades do país asiático. As outras seis pessoas infectadas trabalham também na indústria alimentar.
Estes novos casos de pessoas que regressaram do exterior aumentam o medo de uma recontaminação no país onde a doença foi inicialmente reportada, no final do ano passado.
Segundo o jornal oficial em língua inglesa China Daily, outros cinco novos casos de infeção foram detectados nos últimos dias entre pessoas que regressaram do Irão e do Reino Unido. De frisar que a China continuou a registar hoje uma quebra no número de mortes e de novos casos de infecção.

3 Mar 2020

Covid-19 | Número de mortos e de novos casos na China continua a cair

[dropcap]O[/dropcap] número de mortos e de novos casos de infecção pelo coronavírus Covid-19 na China continental continuou hoje a abrandar, aumentando 31 e 125, respetivamente, informou a Comissão Nacional de Saúde do país. Segundo os dados atualizados, até à meia-noite de hoje, a doença fez menos 11 mortos e 77 infectados do que no dia anterior. No total, o número de mortos e infectados no país ascendeu a 2.943 e 80.151, respectivamente.
Todas as mortes nas últimas 24 horas ocorreram na província de Hubei, epicentro da epidemia, e onde várias cidades foram colocadas sob quarentena, com entradas e saídas bloqueadas. No total, a província soma 2.834 mortes e 67.217 casos confirmados de infeção pela doença, que foi inicialmente identificada no final do ano passado.
A Comissão Nacional de Saúde informou ainda que, no mesmo período de 24 horas, 2.742 pessoas receberam alta em toda a China continental, que exclui Macau e Hong Kong, após superarem a doença.
Segundo a mesma fonte, 47.204 pacientes receberam alta desde o início da epidemia e mais de 664.899 pessoas que tiveram contato próximo com os infectados foram acompanhadas, entre as quais 40.651 permanecem sob observação.
A prioridade do Governo chinês é agora “proteger contra a importação” de infeções oriundas de outros países, após vários dias consecutivos em que se registaram mais casos novos de Covid-19 fora da China do que dentro do país.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infectou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

3 Mar 2020

Covid-19 | Número de mortos e de novos casos na China continua a cair

[dropcap]O[/dropcap] número de mortos e de novos casos de infecção pelo coronavírus Covid-19 na China continental continuou hoje a abrandar, aumentando 31 e 125, respetivamente, informou a Comissão Nacional de Saúde do país. Segundo os dados atualizados, até à meia-noite de hoje, a doença fez menos 11 mortos e 77 infectados do que no dia anterior. No total, o número de mortos e infectados no país ascendeu a 2.943 e 80.151, respectivamente.

Todas as mortes nas últimas 24 horas ocorreram na província de Hubei, epicentro da epidemia, e onde várias cidades foram colocadas sob quarentena, com entradas e saídas bloqueadas. No total, a província soma 2.834 mortes e 67.217 casos confirmados de infeção pela doença, que foi inicialmente identificada no final do ano passado.

A Comissão Nacional de Saúde informou ainda que, no mesmo período de 24 horas, 2.742 pessoas receberam alta em toda a China continental, que exclui Macau e Hong Kong, após superarem a doença.

Segundo a mesma fonte, 47.204 pacientes receberam alta desde o início da epidemia e mais de 664.899 pessoas que tiveram contato próximo com os infectados foram acompanhadas, entre as quais 40.651 permanecem sob observação.

A prioridade do Governo chinês é agora “proteger contra a importação” de infeções oriundas de outros países, após vários dias consecutivos em que se registaram mais casos novos de Covid-19 fora da China do que dentro do país.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infectou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.

3 Mar 2020

Covid-19 | Adiada presença de Macau na Bienal de Arquitectura

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau decidiu adiar a sua presença na Bienal de Arquitectura de Veneza devido ao surto do novo coronavírus, de nome Covid-19. A garantia foi dada pelo Instituto Cultural à TDM Rádio Macau e deve-se a dificuldades de ordem logística, uma vez que o serviço prestado pelas empresas de transporte e produção também está suspenso devido à epidemia.

Macau estará representado na 17ª edição da Bienal com uma exposição centrada no futuro do território e na sua integração no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O arquitecto macaense Carlos Marreiros é o curador do projecto, cuja equipa é formada por Ho Ting Fong, Che Chi Hong, Ina Lau e Chan Man Na. Até ao fecho desta edição, não foi possível chegar à fala com Carlos Marreiros.

Ligações expressas

Numa altura em que o surto do Covid-19 se está a propagar por vários países da Europa, Portugal incluído, Itália é um dos países que está em alerta máximo, uma vez que foram confirmados dezenas de casos. Eventos como o carnaval de Veneza, entre outros, foram cancelados devido ao surto.

Em Janeiro, em declarações ao JTM, Carlos Marreiros disse que a exposição na Bienal de Arquitectura de Veneza centra-se sobretudo nas ligações que a Grande Baía irá proporcionar. Essas conectividades “serão físicas, rodoviárias, fluviais, mas também e principalmente de pessoas”. “Foi este o tema que propus porque fizeram projectos, instalações, que variam de expressão, portanto tentei unificar ao máximo, mantendo a individualidade de cada participante”, frisou.

O arquitecto disse estar em causa um “exercício com alguma dificuldade, mas há propostas interessantes e os desafios são engraçados”, disse. Até porque “uma coisa é ser curador e imaginar uma participação, outra é já terem as suas ideias e ter de enquadrá-los e organizá-los”, rematou. A Bienal de Arquitectura de Veneza tem inauguração marcada para o dia 23 de Maio e estará patente ao público até 29 de Novembro.

3 Mar 2020

Covid-19 | Adiada presença de Macau na Bienal de Arquitectura

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Macau decidiu adiar a sua presença na Bienal de Arquitectura de Veneza devido ao surto do novo coronavírus, de nome Covid-19. A garantia foi dada pelo Instituto Cultural à TDM Rádio Macau e deve-se a dificuldades de ordem logística, uma vez que o serviço prestado pelas empresas de transporte e produção também está suspenso devido à epidemia.
Macau estará representado na 17ª edição da Bienal com uma exposição centrada no futuro do território e na sua integração no projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. O arquitecto macaense Carlos Marreiros é o curador do projecto, cuja equipa é formada por Ho Ting Fong, Che Chi Hong, Ina Lau e Chan Man Na. Até ao fecho desta edição, não foi possível chegar à fala com Carlos Marreiros.

Ligações expressas

Numa altura em que o surto do Covid-19 se está a propagar por vários países da Europa, Portugal incluído, Itália é um dos países que está em alerta máximo, uma vez que foram confirmados dezenas de casos. Eventos como o carnaval de Veneza, entre outros, foram cancelados devido ao surto.
Em Janeiro, em declarações ao JTM, Carlos Marreiros disse que a exposição na Bienal de Arquitectura de Veneza centra-se sobretudo nas ligações que a Grande Baía irá proporcionar. Essas conectividades “serão físicas, rodoviárias, fluviais, mas também e principalmente de pessoas”. “Foi este o tema que propus porque fizeram projectos, instalações, que variam de expressão, portanto tentei unificar ao máximo, mantendo a individualidade de cada participante”, frisou.
O arquitecto disse estar em causa um “exercício com alguma dificuldade, mas há propostas interessantes e os desafios são engraçados”, disse. Até porque “uma coisa é ser curador e imaginar uma participação, outra é já terem as suas ideias e ter de enquadrá-los e organizá-los”, rematou. A Bienal de Arquitectura de Veneza tem inauguração marcada para o dia 23 de Maio e estará patente ao público até 29 de Novembro.

3 Mar 2020

Hábitos alimentares

[dropcap]A[/dropcap] semana passada, o Governo chinês tomou uma decisão de vital importância no combate ao novo coronavírus. Esta decisão poderá efectivamente travar a propagação do vírus, mas irá mudar os hábitos alimentares ancestrais dos chineses.

Desde a antiguidade, que a China acredita que “a comida tem um carácter divino”, e que a sua gastronomia é intocável. O segredo desta cozinha, mais do que na técnica, está nos ingredientes; devem ser usados os animais mais raros para preparar os pratos mais requintados.

Os chineses têm um ditado que diz: “Podem comer-se todos os animais que voltem a coluna para o céu”, como esquilos, doninhas, javalis, elefantes, civetas, pangolins, etc. É por este motivo que os chineses têm o hábito de comer animais selvagens. Existem muitas lojas na China onde se vende caça. Segundo uma notícia publicada a 28 de Fevereiro, a fim de combater a propagação do vírus, mais de 350.000 destas lojas vão ser encerradas. Foram detectados 690 casos de violação da legislação, encontraram-se 2.919 utensílios ilegais e apreenderam-se 39.000 animais selvagens.

O surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS sigla em inglês) em 2003, ficou a dever-se a uma bactéria transmitida sobretudo por civetas e morcegos. O costume de comer estes animais pode ter estado na raiz do problema. Depois do surto desta infecção ter sido ultrapassado, os hábitos alimentares ancestrais foram retomados por muitas pessoas. Com o aparecimento deste novo vírus, o Comité Permanente do Congresso Nacional do Povo (CPCNP) decidiu por ponto final a esta situação. Mas será que uma folha de papel pode acabar com os hábitos de milhares de chineses?

No dia 24 de Fevereiro, o CPCNP implementou a “Decisão de Banir Definitivamente o Comércio de Animais Selvagens e Eliminar o Hábito de Comer sua Carne, para Salvaguardar Eficazmente a Vida e a Saúde do Povo Chinês”. Esta Decisão deverá ter efeitos imediatos. Segundo este documento os animais são divididos em duas categorias. Na primeira encontram-se os que podem ser consumidos como peixe, porco, vaca, cabrito, ovelha, etc. Em relação ao consumo da carne de animais como o pombo e o Coelho, vai haver um conjunto de regulamentos. Os conteúdos mais significativos desta Decisão são os seguintes:

Em primeiro lugar, animais marinhos selvagens, como o peixe, marisco e moluscos não são proíbidos.
Segundo, a criação de porcos, vacas, ovelhas, cabritos, galinhas, patos, gansos e outros animais de capoeira, passará a obedecer à legislação consagrada nos Regulamentos da “Lei da Pecuária” e da “Lei da Prevenção de Epidemias de Origem Animal”.

Terceiro, pombos, coelhos e outros animais que passaram a ser criados para consumo doméstico, estarão incluídos no “Catálogo dos Recursos Genéticos Pecuários e Aviários” ao abrigo da Lei de Criação de Animais, que regulará de forma estrita a sua criação e o consumo da sua carne.

E porque é que o porco, a vaca, o cabrito, a ovelha, a galinha e o peixe não são proíbidos? As bactérias podem afectar tanto os seres humanos como os animais. Algumas doenças desenvolvem-se sobretudo nos animais, mas, em alguns casos, podem ser transmitidas aos humanos. Os animais criados pelo homem para fins alimentares, se forem sujeitos a controle sanitário, não são, à partida, um perigo para a saúde pública.

Mas os morcegos, as civetas, os pangolins, etc. não são criados pelo homem, nem são sujeitos a nenhum tipo de controle sanitário. De facto, não existe qualquer prova científica de que esta carne seja adequada para consumo. A “Lei de Protecção da Vida Selvagem” na China proíbe o consumo de:

a. espécies protegidas;
b. animais caçados ilegalmente
c. outros animais que não tenham sido sujeitos a inspecção.

Os morcegos, pangolins e civetas não são regulados pela Lei de Protecção da Vida Selvagem.
Para além disso, até aqui, não estava proíbido o consumo da carne dos “animais selvagens terrestres de importante valor ecológico, científico e social” nem de outras espécies não protegidas. Assim, esta Decisião veio colmatar as lacunas da lei, proibindo o consumo da carne de animais selvagens. As medidas tomadas nesse sentido são as seguintes:

Primeiro, o consumo da carne de animais selvagens terrestres, regulamentado ao abrigo da Lei de Protecção da Vida Selvagem, está proíbido.

Segundo, é proibido consumir a carne de animais selvagens terrestres, mesmo quando mantidos em cativeiro.

Terceiro, é proibido caçar, comercializar e transportar animais selvagens terrestres, para fins alimentares.
Quarto, a utilização de animais selvagens em laboratório, para pesquisa médica e científica, fica sujeita a aprovação, após terem sido submetidos a inspecção e quarentena.

A julgar pelos conteúdos da Decisão, basicamente, os animais selvagens terrestres, quer tenham sido criados na natureza ou em cativeiro, estão protegidos pela Lei, desde que sejam valiosos, que estejam em perigo, ou sejam necessários para pesquisa económica ou científica. Assim, de futuro, comer animais selvagens na China passará a ser ilegal. A Decisão despertou as consciências para os riscos para a saúde pública e para as questões de segurança, abolindo o mau hábito de consumir carne de animais selvagens e garantindo a segurança dos animais selvagens.

Precisávamos desta lei. Esperemos que esta epidemia torne as pessoas mais conscientes do perigo que este hábito alimentar representa para a saúde pública. Os costumes há muito enraizados não vão mudar de um dia para o outro com um conjunto de leis. Esperemos que com o tempo essa transformação seja possível.

O Departamento de Pescas e Conservas de Hong Kong anunciou no passado dia 28 de Fevereiro, que um cão cujo dono adoeceu devido ao coronavírus também está infectado. Embora não existam provas científicas de que os animais de estimação possam contrair o vírus, esta notícia é preocupante.

Em face do que foi dito, deve o Governo de Macau implementar uma lei para proíbir a caça, comercialização e o transporte de animais selvagens para fins alimentares? Devemos também considerar a forma de tratar os animais domésticos se vierem a ser infectados pelo coronavírus?

 

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

3 Mar 2020

Covid- 19 | Zhuhai envia 376 contentores para isolar não-residentes

As autoridades de Zhuhai estão a proceder ao envio de 376 unidades móveis de habitação, instaladas em contentores, para albergar trabalhadores não-residentes de Macau sujeitos a quarentena. A primeira remessa, de 10 contentores, deverá custar aos cofres públicos 2,34 milhões de dólares de Hong Kong

 

[dropcap]O[/dropcap]s trabalhadores não-residentes que queiram entrar em Macau oriundos de países com alta incidência de infecção de coronavírus vão passar a ter uma alternativa para fazer a quarentena obrigatória. As autoridades de Zhuhai anunciaram ontem que está em curso o envio de 376 contentores, ou unidades pré-fabricadas de alojamento, que vão chegar a Macau oriundos da zona de Foshan, na cidade vizinha. A medida tem como objectivo responder à propagação do Covid- 19.

As unidades pré-fabricadas têm uma área de 18 metros quadrados e estão equipadas com detectores de temperatura, ar-condicionado, máquinas de lavar e camas de ferro.

A notícia publicada no portal do Governo de Zhuhai é ilustrada por uma fotografia que mostra camiões carregados com as unidades pré-fabricadas. De acordo com o canal chinês da TDM – Rádio Macau, a primeira remessa destinada a Macau chega em cinco camiões, com dois contentores cada, com um custo total de 2,34 milhões de dólares de Hong Kong.

Sempre a abrir

O carregamento está pronto desde 26 de Fevereiro e o seu envio aguardou o complicado processo de autorização, que de acordo com o Governo Municipal de Zhuhai, foi favorecido por medidas extraordinárias de despacho aduaneiro implementadas pelos serviços fronteiriços de Hengqin.

Face à quantidade das unidades pré-fabricadas e aos calendários apertados decorrentes da emergência provocada pelo coronavírus, as autoridades fronteiriças de Hengqin tiveram luz verde para autorizar a passagem dos camiões ainda durante a fase de preparação dos documentos.

Foram dadas instruções para preenchimento das declarações online, outro factor que ajudou a resolver as questões logísticas e a acelerar o processo de inspecção. Além disso, o Governo de Zhuhai destaca que vários departamentos da Administração estiveram em alerta, dia e noite, para assegurar que os carregamentos saem da cidade vizinha o mais rapidamente possível.

3 Mar 2020

Covid- 19 | Zhuhai envia 376 contentores para isolar não-residentes

As autoridades de Zhuhai estão a proceder ao envio de 376 unidades móveis de habitação, instaladas em contentores, para albergar trabalhadores não-residentes de Macau sujeitos a quarentena. A primeira remessa, de 10 contentores, deverá custar aos cofres públicos 2,34 milhões de dólares de Hong Kong

 
[dropcap]O[/dropcap]s trabalhadores não-residentes que queiram entrar em Macau oriundos de países com alta incidência de infecção de coronavírus vão passar a ter uma alternativa para fazer a quarentena obrigatória. As autoridades de Zhuhai anunciaram ontem que está em curso o envio de 376 contentores, ou unidades pré-fabricadas de alojamento, que vão chegar a Macau oriundos da zona de Foshan, na cidade vizinha. A medida tem como objectivo responder à propagação do Covid- 19.
As unidades pré-fabricadas têm uma área de 18 metros quadrados e estão equipadas com detectores de temperatura, ar-condicionado, máquinas de lavar e camas de ferro.
A notícia publicada no portal do Governo de Zhuhai é ilustrada por uma fotografia que mostra camiões carregados com as unidades pré-fabricadas. De acordo com o canal chinês da TDM – Rádio Macau, a primeira remessa destinada a Macau chega em cinco camiões, com dois contentores cada, com um custo total de 2,34 milhões de dólares de Hong Kong.

Sempre a abrir

O carregamento está pronto desde 26 de Fevereiro e o seu envio aguardou o complicado processo de autorização, que de acordo com o Governo Municipal de Zhuhai, foi favorecido por medidas extraordinárias de despacho aduaneiro implementadas pelos serviços fronteiriços de Hengqin.
Face à quantidade das unidades pré-fabricadas e aos calendários apertados decorrentes da emergência provocada pelo coronavírus, as autoridades fronteiriças de Hengqin tiveram luz verde para autorizar a passagem dos camiões ainda durante a fase de preparação dos documentos.
Foram dadas instruções para preenchimento das declarações online, outro factor que ajudou a resolver as questões logísticas e a acelerar o processo de inspecção. Além disso, o Governo de Zhuhai destaca que vários departamentos da Administração estiveram em alerta, dia e noite, para assegurar que os carregamentos saem da cidade vizinha o mais rapidamente possível.

3 Mar 2020

PME | Deputados questionam sobre novo pacote de apoio

Os deputados querem inquirir os secretários das pastas da Economia e dos Assuntos Sociais, para detalhar as medidas a adoptar de apoio às PME e aos alunos que pretendem candidatar-se ao ensino superior no próximo ano. No entanto, em plena crise derivada do Covid- 19, outro tema que vai merecer atenção do Governo é a lei de salvaguarda do património cultural

 

[dropcap]O[/dropcap]s deputados querem ouvir o secretário da pasta da Economia e Finanças, Lei Wai Nong, acerca das medidas a adoptar pelo Governo para apoiar as pequenas e médias empresas (PME), nomeadamente os detalhes de implementação dos planos de empréstimo sem juros, vales de consumo e isenção de impostos. Além disso, em cima da mesa esteve ainda o apoio único às empresas e a possibilidade de vir a existir uma segunda vaga de medidas para apoiar as PME.

“As PME estão a passar dificuldades, estão numa situação difícil. Por isso os deputados (…) querem saber como é que o Governo vai dar mais apoio, pois temos de garantir o emprego dos trabalhadores (…) saber detalhadamente que medidas vão ser desenvolvidas para, por exemplo, conceder empréstimos sem juros ou como vai ser executado o plano dos vales de consumo de três mil patacas e se existem mais medidas de apoio às PME. Queremos perguntar se há uma segunda vaga de medidas para apoiar as PME”, revelou ontem Si Ka lon, no final da reunião da Comissão de acompanhamento para os assuntos da administração pública.

Na reunião, que teve como objectivo decidir os temas sobre os quais irão incidir os trabalhos da comissão, Si Ka Lon apontou ainda que foram realçadas as especificidades de alguns negócios que têm enviado pedidos ao Governo. Isto porque, dentro do espectro empresarial, “existem indústrias com diferentes solicitações”, como por exemplo os bares, que têm de pagar imposto de turismo e que pedem isenção do pagamento desta taxa.

Outra das prioridades de trabalhos que saiu da reunião presidida por Si Ka Lon, prende-se com o regresso às aulas. “O Governo disse que as aulas devem ser retomadas mais ou menos no final de Abril, mas durante este tempo os alunos vão ficar em casa e os pais já retomaram os seus trabalhos. Por isso as famílias cujos pais trabalham estão a encarar dificuldades. Queremos saber que tipo de medidas o Governo vai adoptar para ajudar as famílias e os alunos”, transmitiu Si Ka Lon.

Os deputados estão ainda preocupados com os estudantes do ensino secundário que estão a finalizar o seu curso e que têm de fazer exame final para aceder ao ensino superior. “Queremos chamar os dirigentes do Governo para trocar opiniões com a comissão”, afirmou Si Ka Lon, referindo-se à secretária para os Assuntos sociais e Cultura, Ao Leong U.

Fora do baralho?

Na mesma ocasião, o presidente da comissão deu ainda prioridade à Lei da Salvagurada do Património Cultural, que define a necessidade dos proprietários de imóveis nas zonas históricas, as chamadas zonas tampão, terem de pedir um parecer ao Instituto Cultural (IC) em caso de venda destes imóveis. A discussão do assunto foi entretanto interrompida pela crise do Covid- 19.

“Na sessão legislativa anterior já decidimos dar acompanhamento à lei de salvaguarda do património cultural. Segundo essa lei são definidas zonas de tampão e existem propriedades que precisam de obter o parecer do IC. Esta regra perturba os cidadãos”, afirmou Si Ka Lon.

Sobre este ter sido um dos temas escolhidos para a comissão analisar nos próximos meses, o deputado Pereira Coutinho referiu em declarações à TDM Rádio Macau estar surpreendido “com o desplante” do presidente da comissão por ter sugerido uma questão desta natureza quando se vive “uma situação de crise”, derivada do impacto do Covid- 19 em Macau.

DSE | 2.500 candidaturas recebidas

Desde o dia 1 de Fevereiro até 2 de Março, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) recebeu aproximadamente 2.500 candidaturas referentes às medidas de apoio às pequenas e médias empresas (PME), lançadas pelo Governo para fazer face à crise provocada pelo novo tipo de coronavírus, o Covid- 19.

De acordo com um comunicado oficial divulgado ontem pela DSE, o “Plano de Apoio a Pequenas e Médias Empresas”, onde é concedido à empresa qualificada um empréstimo sem juros no valor de 600 mil patacas, recolheu a maior fatia das candidaturas (1.328), tendo sido aprovadas 344. Já o “Plano de Garantia de Créditos a PME”, que concede uma garantia de 70 por cento de crédito bancário, recolheu 14 candidaturas, tendo sido aprovada apenas uma. Por fim, a “medida de ajustamento de reembolso”, recolheu 1.151 pedidos, tendo sido aprovados 1.081.

3 Mar 2020

PME | Deputados questionam sobre novo pacote de apoio

Os deputados querem inquirir os secretários das pastas da Economia e dos Assuntos Sociais, para detalhar as medidas a adoptar de apoio às PME e aos alunos que pretendem candidatar-se ao ensino superior no próximo ano. No entanto, em plena crise derivada do Covid- 19, outro tema que vai merecer atenção do Governo é a lei de salvaguarda do património cultural

 
[dropcap]O[/dropcap]s deputados querem ouvir o secretário da pasta da Economia e Finanças, Lei Wai Nong, acerca das medidas a adoptar pelo Governo para apoiar as pequenas e médias empresas (PME), nomeadamente os detalhes de implementação dos planos de empréstimo sem juros, vales de consumo e isenção de impostos. Além disso, em cima da mesa esteve ainda o apoio único às empresas e a possibilidade de vir a existir uma segunda vaga de medidas para apoiar as PME.
“As PME estão a passar dificuldades, estão numa situação difícil. Por isso os deputados (…) querem saber como é que o Governo vai dar mais apoio, pois temos de garantir o emprego dos trabalhadores (…) saber detalhadamente que medidas vão ser desenvolvidas para, por exemplo, conceder empréstimos sem juros ou como vai ser executado o plano dos vales de consumo de três mil patacas e se existem mais medidas de apoio às PME. Queremos perguntar se há uma segunda vaga de medidas para apoiar as PME”, revelou ontem Si Ka lon, no final da reunião da Comissão de acompanhamento para os assuntos da administração pública.
Na reunião, que teve como objectivo decidir os temas sobre os quais irão incidir os trabalhos da comissão, Si Ka Lon apontou ainda que foram realçadas as especificidades de alguns negócios que têm enviado pedidos ao Governo. Isto porque, dentro do espectro empresarial, “existem indústrias com diferentes solicitações”, como por exemplo os bares, que têm de pagar imposto de turismo e que pedem isenção do pagamento desta taxa.
Outra das prioridades de trabalhos que saiu da reunião presidida por Si Ka Lon, prende-se com o regresso às aulas. “O Governo disse que as aulas devem ser retomadas mais ou menos no final de Abril, mas durante este tempo os alunos vão ficar em casa e os pais já retomaram os seus trabalhos. Por isso as famílias cujos pais trabalham estão a encarar dificuldades. Queremos saber que tipo de medidas o Governo vai adoptar para ajudar as famílias e os alunos”, transmitiu Si Ka Lon.
Os deputados estão ainda preocupados com os estudantes do ensino secundário que estão a finalizar o seu curso e que têm de fazer exame final para aceder ao ensino superior. “Queremos chamar os dirigentes do Governo para trocar opiniões com a comissão”, afirmou Si Ka Lon, referindo-se à secretária para os Assuntos sociais e Cultura, Ao Leong U.

Fora do baralho?

Na mesma ocasião, o presidente da comissão deu ainda prioridade à Lei da Salvagurada do Património Cultural, que define a necessidade dos proprietários de imóveis nas zonas históricas, as chamadas zonas tampão, terem de pedir um parecer ao Instituto Cultural (IC) em caso de venda destes imóveis. A discussão do assunto foi entretanto interrompida pela crise do Covid- 19.
“Na sessão legislativa anterior já decidimos dar acompanhamento à lei de salvaguarda do património cultural. Segundo essa lei são definidas zonas de tampão e existem propriedades que precisam de obter o parecer do IC. Esta regra perturba os cidadãos”, afirmou Si Ka Lon.
Sobre este ter sido um dos temas escolhidos para a comissão analisar nos próximos meses, o deputado Pereira Coutinho referiu em declarações à TDM Rádio Macau estar surpreendido “com o desplante” do presidente da comissão por ter sugerido uma questão desta natureza quando se vive “uma situação de crise”, derivada do impacto do Covid- 19 em Macau.

DSE | 2.500 candidaturas recebidas

Desde o dia 1 de Fevereiro até 2 de Março, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) recebeu aproximadamente 2.500 candidaturas referentes às medidas de apoio às pequenas e médias empresas (PME), lançadas pelo Governo para fazer face à crise provocada pelo novo tipo de coronavírus, o Covid- 19.
De acordo com um comunicado oficial divulgado ontem pela DSE, o “Plano de Apoio a Pequenas e Médias Empresas”, onde é concedido à empresa qualificada um empréstimo sem juros no valor de 600 mil patacas, recolheu a maior fatia das candidaturas (1.328), tendo sido aprovadas 344. Já o “Plano de Garantia de Créditos a PME”, que concede uma garantia de 70 por cento de crédito bancário, recolheu 14 candidaturas, tendo sido aprovada apenas uma. Por fim, a “medida de ajustamento de reembolso”, recolheu 1.151 pedidos, tendo sido aprovados 1.081.

3 Mar 2020

SSM | Governo diz que tem obrigação de proteger cidadãos

O director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, apontou a existência de “pressão” para resgatar os cidadãos de Macau em Hubei e a declaração foi interpretada como uma responsabilização da imprensa. Ontem, Lei esclareceu que o resgate faz parte das obrigações do Executivo

 

[dropcap]N[/dropcap]o domingo, Lei Chin Ion afirmou que o Governo estava sob forte pressão para resgatar os residentes de Macau em Wuhan. A declaração foi alvo de diversas interpretações, mas nas redes sociais foram vários os ataques aos meios de comunicação social em língua portuguesa, devido à insistência no tema.

No entanto, ontem, o director dos Serviços de Saúde veio a público esclarecer as declarações e apontar que a “pressão” se deve às funções do Executivo para com a sua população.

“Eu disse que havia uma grande pressão. Na internet houve quem fizesse diferentes interpretações destas declarações. Mas a pressão deve-se à responsabilidade que o Governo tem de tomar conta dos cidadãos”, afirmou Lei Chin Ion. “É uma tarefa muito difícil e é dessa responsabilidade que vem a pressão”, acrescentou.

Nas mesmas declarações, Lei apontou dois motivos para que o “resgate” possa agora ser realizado. “Primeiro, em Macau a epidemia está controlada e não há casos novos há 27 dias. Em segundo lugar, a situação de Wuhan é mais estável e há cada vez menos casos […] os riscos envolvidos são mais reduzidos”, afirmou.

De seguida, Lei Chin Ion saiu em defesa da classe dos jornalistas. “Acho que todos vão concordar que a responsabilidade dos jornalistas passa por fiscalizar o Governo e fazer eco das diferentes vozes da sociedade. Os jornalistas só estão a fazer o seu trabalho e não estão a fazer qualquer tipo de pressão”, concluiu.

Segundo os números apresentados ontem, neste momento há 46 residentes em Hubei, que se dividem em 27 famílias, com condições para serem trazidos para Macau. No entanto, antes de poderem embarcar, vão ter de ser alvo de exames no aeroporto. O Governo garante que tem as condições para liderar este processo e assegurar a segurança de todos.

Entre estes residentes constam dois menores, um com 17 anos, que pode ser transportado sozinho e uma menina com 10 anos, que precisa de viajar com um encarregado de educação. Esta pessoa terá de ficar de quarentena assim que o voo chegar a Macau.

Explicações de regresso

A principal novidade anunciada na conferência de imprensa de ontem é o regresso à actividade dos centros de explicações e dos centros de formação ligados ao programa de aperfeiçoamento contínuo.

“Há muitos encarregados de educação que precisam de trabalhar e não têm com quem deixar as crianças. Também há muita gente que quer frequentar os espaços de formação continua. Por isso, a partir de hoje os centros vão reabrir”, anunciou Wong Chi Iong, Chefe da Divisão de Extensão Educativa da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).

No entanto, Wong realçou que a segurança continua a ser a prioridade e que esta reabertura já estava a ser preparada desde sexta-feira. “A segurança é o mais importante e nesse sentido houve uma reunião com as diferentes associações no dia 28 de Fevereiro, em que foram transmitidas as obrigações e as diversas medidas de segurança”, revelou.

Segundo as normas transmitidas, estes centros têm de exigir a utilização de máscaras, disponibilizar gel desinfectante para as mãos e que a declaração de saúde seja preenchida. Com vista ao funcionamento pleno, o Executivo disponibilizou 37.500 máscaras aos centros e 7.000 embalagens de gel.

Ajuntamentos | Confirmadas operações de dispersão

As autoridades de Macau estão a realizar operações para dispersar os cidadãos quando se registam grandes ajuntamentos. Uma dessas operações terá acontecido ontem, na Praça do Tap Seac, e foi confirmada por Lei Tak Fai, chefe da Divisão de Relações Públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública. “Enviamos agentes para os sítios com grande concentração. Seguimos as orientações do Governo e vamos continuar a articular-nos com elas. Por isso, já apelámos várias vezes às pessoas para que não saiam de casa”, apelou Lei Tak Fai.

Máscaras | Menos funcionários a vender

A quinta fase do programa do Governo de venda de máscaras tem hoje início. Ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, apelou ao cidadãos para que evitem uma corrida aos centros públicos de venda. Segundo a explicação de Lei, uma vez que a Função Pública regressou ao trabalho, há menos pessoas disponíveis para estarem nos postos de venda. Por outro lado, o director dos SSM, recordou que apesar de haver uma grande corrida nos primeiros dias à venda de máscaras, que nos últimos dias das diferentes fases há sempre menos filas, o que pode ser melhor para os cidadãos, que assim evitam concentrações. Lei Chin Ion recusou ainda a hipótese de haver problemas com as máscaras que em vez de plástico utilizam fitas para se presas: “Não temos tido queixas, todas as máscaras foram bem aceites pela população”, atirou.

3 Mar 2020

SSM | Governo diz que tem obrigação de proteger cidadãos

O director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, apontou a existência de “pressão” para resgatar os cidadãos de Macau em Hubei e a declaração foi interpretada como uma responsabilização da imprensa. Ontem, Lei esclareceu que o resgate faz parte das obrigações do Executivo

 
[dropcap]N[/dropcap]o domingo, Lei Chin Ion afirmou que o Governo estava sob forte pressão para resgatar os residentes de Macau em Wuhan. A declaração foi alvo de diversas interpretações, mas nas redes sociais foram vários os ataques aos meios de comunicação social em língua portuguesa, devido à insistência no tema.
No entanto, ontem, o director dos Serviços de Saúde veio a público esclarecer as declarações e apontar que a “pressão” se deve às funções do Executivo para com a sua população.
“Eu disse que havia uma grande pressão. Na internet houve quem fizesse diferentes interpretações destas declarações. Mas a pressão deve-se à responsabilidade que o Governo tem de tomar conta dos cidadãos”, afirmou Lei Chin Ion. “É uma tarefa muito difícil e é dessa responsabilidade que vem a pressão”, acrescentou.
Nas mesmas declarações, Lei apontou dois motivos para que o “resgate” possa agora ser realizado. “Primeiro, em Macau a epidemia está controlada e não há casos novos há 27 dias. Em segundo lugar, a situação de Wuhan é mais estável e há cada vez menos casos […] os riscos envolvidos são mais reduzidos”, afirmou.
De seguida, Lei Chin Ion saiu em defesa da classe dos jornalistas. “Acho que todos vão concordar que a responsabilidade dos jornalistas passa por fiscalizar o Governo e fazer eco das diferentes vozes da sociedade. Os jornalistas só estão a fazer o seu trabalho e não estão a fazer qualquer tipo de pressão”, concluiu.
Segundo os números apresentados ontem, neste momento há 46 residentes em Hubei, que se dividem em 27 famílias, com condições para serem trazidos para Macau. No entanto, antes de poderem embarcar, vão ter de ser alvo de exames no aeroporto. O Governo garante que tem as condições para liderar este processo e assegurar a segurança de todos.
Entre estes residentes constam dois menores, um com 17 anos, que pode ser transportado sozinho e uma menina com 10 anos, que precisa de viajar com um encarregado de educação. Esta pessoa terá de ficar de quarentena assim que o voo chegar a Macau.

Explicações de regresso

A principal novidade anunciada na conferência de imprensa de ontem é o regresso à actividade dos centros de explicações e dos centros de formação ligados ao programa de aperfeiçoamento contínuo.
“Há muitos encarregados de educação que precisam de trabalhar e não têm com quem deixar as crianças. Também há muita gente que quer frequentar os espaços de formação continua. Por isso, a partir de hoje os centros vão reabrir”, anunciou Wong Chi Iong, Chefe da Divisão de Extensão Educativa da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ).
No entanto, Wong realçou que a segurança continua a ser a prioridade e que esta reabertura já estava a ser preparada desde sexta-feira. “A segurança é o mais importante e nesse sentido houve uma reunião com as diferentes associações no dia 28 de Fevereiro, em que foram transmitidas as obrigações e as diversas medidas de segurança”, revelou.
Segundo as normas transmitidas, estes centros têm de exigir a utilização de máscaras, disponibilizar gel desinfectante para as mãos e que a declaração de saúde seja preenchida. Com vista ao funcionamento pleno, o Executivo disponibilizou 37.500 máscaras aos centros e 7.000 embalagens de gel.

Ajuntamentos | Confirmadas operações de dispersão

As autoridades de Macau estão a realizar operações para dispersar os cidadãos quando se registam grandes ajuntamentos. Uma dessas operações terá acontecido ontem, na Praça do Tap Seac, e foi confirmada por Lei Tak Fai, chefe da Divisão de Relações Públicas do Corpo de Polícia de Segurança Pública. “Enviamos agentes para os sítios com grande concentração. Seguimos as orientações do Governo e vamos continuar a articular-nos com elas. Por isso, já apelámos várias vezes às pessoas para que não saiam de casa”, apelou Lei Tak Fai.

Máscaras | Menos funcionários a vender

A quinta fase do programa do Governo de venda de máscaras tem hoje início. Ontem, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, apelou ao cidadãos para que evitem uma corrida aos centros públicos de venda. Segundo a explicação de Lei, uma vez que a Função Pública regressou ao trabalho, há menos pessoas disponíveis para estarem nos postos de venda. Por outro lado, o director dos SSM, recordou que apesar de haver uma grande corrida nos primeiros dias à venda de máscaras, que nos últimos dias das diferentes fases há sempre menos filas, o que pode ser melhor para os cidadãos, que assim evitam concentrações. Lei Chin Ion recusou ainda a hipótese de haver problemas com as máscaras que em vez de plástico utilizam fitas para se presas: “Não temos tido queixas, todas as máscaras foram bem aceites pela população”, atirou.

3 Mar 2020

Covid-19 | Portugal com dois casos. Portugueses criticam ausência de prevenção no aeroporto 

Portugal já tem dois casos de infecção com o Covid-19, tendo decretado o maior controlo de voos vindos de Itália. A medida chega com dois dias de atraso, uma vez que dois portugueses, regressados do norte do país de férias, disseram ao HM que no aeroporto de Lisboa não foram sujeitos a nenhuma medida preventiva. De regresso à rotina diária, assumem não tomar nenhuma medida adicional por não terem sintomas de infecção, mas dizem estar preocupados

 

[dropcap]D[/dropcap]epois dos dois casos de infecção com o novo surto do Covid-19 fora do país, Portugal confirmou ontem os primeiros dois casos em território nacional. Um deles diz respeito a um médico de 60 anos que regressou há pouco tempo do norte de Itália onde esteve de férias. O clínico está internado no Hospital Tâmega e Sousa. O outro doente, de 33 anos, começou a sentir sintomas no passado dia 26 de Fevereiro, mas a ligação com a epidemia terá tido origem em Valência, Espanha.

Marta Temido, ministra da Saúde em Portugal, disse ontem em conferência de imprensa que ambos os doentes estão num estado de saúde considerado “estável”. No que diz respeito ao segundo caso de infecção, à hora do fecho desta edição aguardava-se ainda o cruzamento de resultados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge.

“Neste momento aquilo que é a recomendação geral para as pessoas que venham de uma área afectada, e onde possam ter tido contacto com os doentes, é o de fazerem vigilância activa e de contactarem a linha SNS 24 [associada ao Serviço Nacional de Saúde no país] no sentido de obterem aconselhamento. Será caso a caso e em função desse contacto que poderão ser definidas outras medidas”, apontou a ministra.

À semelhança do que aconteceu com voos vindos da China, o Governo português decidiu ontem aplicar o rastreio a todos os voos de Itália para Portugal. “Foi tomada a decisão de aplicar aos voos que são provenientes de áreas afectadas um rastreio dos contactos e um reforço da informação dada aos provenientes de regiões afectadas, e é algo que já tínhamos feito com os voos provenientes da China”, explicou a ministra.

Marta Temido disse também que as autoridades vão insistir para que “as pessoas estejam atentas ao seu estado de saúde e em caso de qualquer sintoma que contactem primeiro a linha SNS 24 no lugar de se dirigirem directamente ao SNS. A mensagem é de tranquilidade e de contacto com a linha de saúde 24”.

Graça Freitas, da Direcção-geral de Saúde (DGS), assegurou que Portugal está, neste momento, “em fase de contenção”. “Teremos em Portugal quase de certeza dois casos confirmados e isso não aumenta o nosso nível de prevenção e preparação, mas gera uma segunda linha muito importante que é a detecção de contactos directos nestes casos”, disse na conferência de imprensa de ontem.

Sem acompanhamento

O HM conversou com dois portugueses, residentes no distrito de Évora, que estiveram precisamente na zona norte de Itália a passar férias com os respectivos cônjuges. Regressados na última sexta-feira, dois dias antes das medidas ontem anunciadas por Marta Temido, estes portugueses queixam-se da falta de acompanhamento das autoridades no aeroporto de Lisboa. A estadia fez-se na zona de Riva Del Guarda, a alguns quilómetros de Milão.

Quando chegaram a Itália, foi-lhes medida a temperatura, mas o mesmo não aconteceu no regresso. “Ficámos surpreendidos como é possível, perante estas notícias bombásticas [não se fazer nada]. O que vivemos depois no terreno não corresponde à realidade, e por isso ficamos um bocado baralhados”, disse Fátima Nunes, residente na cidade de Montemor-o-Novo.

Em Itália, apesar da normalidade da situação, Fátima Nunes diz ter comprado máscaras “caríssimas”, a dez euros por unidade [cerca de 89 patacas]. De regresso à rotina, Fátima Nunes, que trabalha numa instituição que cuida de portadores de deficiência, diz estar com dúvidas sobre o regresso ao trabalho, por temer a reacção negativa dos colegas.

“Depois destas férias estou aqui completamente indecisa sem saber o que fazer. Segundo as indicações do SNS 24 [linha de atendimento telefónico do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal] não há problema nenhum. Estou mais expectante em relação aos pais dos jovens [que estão na instituição] e às pessoas, porque sinto um ambiente de medo. Hoje [domingo] já fui às compras, tentei não estar muito perto de pessoas. Estou muito relutante em relação às minhas colegas, fartaram-se de me ligar.”

Vítor Vinagre, natural de Mora e também regressado da mesma viagem de férias, também acusa as autoridades portuguesas de não fazerem o devido acompanhamento aos portugueses que chegam de Itália.

“À chegada a Itália foi-nos medida a temperatura, à saída do aeroporto. Quando cheguei ao aeroporto [de Lisboa] ainda mais indignado fiquei porque vinha com uma máscara, no avião cerca de 10 por cento das pessoas vinham de máscara, chegámos e cada um foi à sua vida. Não nos mediram a temperatura. Cá foi tudo à vontade.”

Esta foi a segunda vez que Vítor viajou para Itália e, na primeira vez, viajou na altura em que a epidemia do Ébola assustava o mundo. O cidadão português, a residir em Mora, pertencente ao distrito de Évora, recorda que a postura das autoridades foi completamente diferente.

“Ninguém saiu do avião sem o avião ser pulverizado com um desinfectante. Agora, quando chegámos a Itália, todos os que passavam tinham de verificar a temperatura. Aqui [em Lisboa] deixaram-nos sair e ninguém apareceu. Pode ser um alarme, uma coisa grave, e ninguém nos informa.”

Por precaução, antes de regressar a Portugal, Vítor Vinagre falou com o seu patrão. “Antes de embarcar para Portugal falei com o meu chefe, expus a situação, mas eu estou bem, nada de anormal aconteceu e se ele quiser que eu não vá trabalhar, eu não vou.”

A entrevista com o HM aconteceu antes de serem confirmados os dois novos casos em Portugal. Confrontado posteriormente com as notícias, Vítor Vinagre assegurou não tomar nenhuma medida adicional, apesar de ter regressado da mesma zona que o médico infectado. “Estou preocupado, mas sinto-me bem, não vou tomar nenhuma medida adicional. Se calhar esse médico até vinha num avião para o Porto, não sei. Vou continuar a fazer a minha vida normal. Se entro em histerismo fico louco”, assegurou. Não foi possível chegar à fala com Fátima Nunes.

“Uma vida normal”

A ideia dos quatro portugueses era visitarem também Veneza por causa do carnaval, que, entretanto, foi cancelado devido ao surto do Covid-19. Mas, na zona que visitaram, o dia-a-dia aconteceu de forma normal e não houve quaisquer sinais de pânico.

“Foi tudo tranquilo, não sentimos nada daquilo que vimos nas notícias quando chegámos a Portugal. Tivemos umas férias espectaculares, nunca vi ninguém de máscaras nem de luvas. As pessoas com quem estávamos, que viviam no norte de Itália, estavam todas tranquilos. Apercebíamo-nos da situação quando chegávamos a casa e víamos as notícias”, relatou Fátima Nunes.

Em Portugal, os familiares mostravam-se muito preocupados. “Os telefonemas eram mais que muitos”, adiantou Fátima, o que os obrigou a comprar máscaras na farmácia. Além das medidas preventivas adoptadas pela alentejana, também o marido, Manuel Nunes, disse ligar para a médica de família para se informar das medidas a tomar, apesar de não sentir quaisquer sintomas e de não terem estado em contacto com potenciais infectados.

Fátima Nunes relata, no entanto, que até ao fecho desta edição ainda não conseguiu chegar à fala com o seu médico. “Nesse dia a minha médica de família não estava de serviço e liguei para o serviço de urgência. O médico disse-me para voltar a ligar para um médico de substituição do médico de família, tentei três ou quatro vezes, mas as chamadas caíam e não fui capaz. Vou tentar ligar novamente à médica de família e a pensar se me apresento esta segunda-feira [ontem] no trabalho. Não sei o que fazer, mas a minha ideia é apresentar-me ao serviço.”

A conversa com Fátima e Vítor aconteceu no domingo, mas ontem, segunda-feira, ambos resolveram apresentar-se ao serviço por se sentirem bem e não apresentar quaisquer sintomas.

Itália com medidas de apoio

A situação em Itália está tão complicada que o Governo anunciou, no último sábado, a preparação de um pacote de medidas para reduzir o impacto económico do surto de Covid-19 nas empresas, da ordem dos 3,6 mil milhões de euros, revelou o ministro da Economia italiano.

Em entrevista ao jornal “La Repubblica”, o ministro Roberto Gualtieri, citado pela agência espanhola Efe, adiantou que o pacote de medidas está a ser desenhado pelo Executivo e será aprovado nos próximos dias “contendo intervenções a todos os níveis”, que estão a ser negociados com organizações de ação social e autoridades locais.

Segundo o jornal, numa primeira fase, terá sido assinado na sexta-feira um decreto-lei em Itália que, entre outras coisas, suspende o pagamento de contas de energia e gás nos onze municípios do norte, isolados por causa da epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus, considerados “zona vermelha”.

“Temos várias hipóteses em mente [para esta segunda fase]. Desde o crédito tributário para empresas que sofreram uma queda no volume de negócios de mais de 25 por cento, até uma baixa de impostos”, precisou Roberto Gualtieri.

Segundo o governo italiano, este pacote de ajudas vai implicar um desvio do défice planeado para este ano, estimado em setembro em 2,2 por cento do PIB, para o qual Roma vai solicitar flexibilidade junto de Bruxelas.

“Trata-se de um aumento de gastos adicionais (…) compatível com a flexibilidade previstas pelas normas do Pacto de Estabilidade, uma vez que estamos na presença de circunstâncias excepcionais objectivas”, sustentou o governante italiano.

“É um número consistente e sustentável, calculado com critérios objectivos e de acordo com as necessidades reais. Não há razão para temer que Bruxelas o rejeite”, acrescentou.

3 Mar 2020

Covid-19 | Portugal com dois casos. Portugueses criticam ausência de prevenção no aeroporto 

Portugal já tem dois casos de infecção com o Covid-19, tendo decretado o maior controlo de voos vindos de Itália. A medida chega com dois dias de atraso, uma vez que dois portugueses, regressados do norte do país de férias, disseram ao HM que no aeroporto de Lisboa não foram sujeitos a nenhuma medida preventiva. De regresso à rotina diária, assumem não tomar nenhuma medida adicional por não terem sintomas de infecção, mas dizem estar preocupados

 
[dropcap]D[/dropcap]epois dos dois casos de infecção com o novo surto do Covid-19 fora do país, Portugal confirmou ontem os primeiros dois casos em território nacional. Um deles diz respeito a um médico de 60 anos que regressou há pouco tempo do norte de Itália onde esteve de férias. O clínico está internado no Hospital Tâmega e Sousa. O outro doente, de 33 anos, começou a sentir sintomas no passado dia 26 de Fevereiro, mas a ligação com a epidemia terá tido origem em Valência, Espanha.
Marta Temido, ministra da Saúde em Portugal, disse ontem em conferência de imprensa que ambos os doentes estão num estado de saúde considerado “estável”. No que diz respeito ao segundo caso de infecção, à hora do fecho desta edição aguardava-se ainda o cruzamento de resultados pelo Instituto Nacional Ricardo Jorge.
“Neste momento aquilo que é a recomendação geral para as pessoas que venham de uma área afectada, e onde possam ter tido contacto com os doentes, é o de fazerem vigilância activa e de contactarem a linha SNS 24 [associada ao Serviço Nacional de Saúde no país] no sentido de obterem aconselhamento. Será caso a caso e em função desse contacto que poderão ser definidas outras medidas”, apontou a ministra.
À semelhança do que aconteceu com voos vindos da China, o Governo português decidiu ontem aplicar o rastreio a todos os voos de Itália para Portugal. “Foi tomada a decisão de aplicar aos voos que são provenientes de áreas afectadas um rastreio dos contactos e um reforço da informação dada aos provenientes de regiões afectadas, e é algo que já tínhamos feito com os voos provenientes da China”, explicou a ministra.
Marta Temido disse também que as autoridades vão insistir para que “as pessoas estejam atentas ao seu estado de saúde e em caso de qualquer sintoma que contactem primeiro a linha SNS 24 no lugar de se dirigirem directamente ao SNS. A mensagem é de tranquilidade e de contacto com a linha de saúde 24”.
Graça Freitas, da Direcção-geral de Saúde (DGS), assegurou que Portugal está, neste momento, “em fase de contenção”. “Teremos em Portugal quase de certeza dois casos confirmados e isso não aumenta o nosso nível de prevenção e preparação, mas gera uma segunda linha muito importante que é a detecção de contactos directos nestes casos”, disse na conferência de imprensa de ontem.

Sem acompanhamento

O HM conversou com dois portugueses, residentes no distrito de Évora, que estiveram precisamente na zona norte de Itália a passar férias com os respectivos cônjuges. Regressados na última sexta-feira, dois dias antes das medidas ontem anunciadas por Marta Temido, estes portugueses queixam-se da falta de acompanhamento das autoridades no aeroporto de Lisboa. A estadia fez-se na zona de Riva Del Guarda, a alguns quilómetros de Milão.
Quando chegaram a Itália, foi-lhes medida a temperatura, mas o mesmo não aconteceu no regresso. “Ficámos surpreendidos como é possível, perante estas notícias bombásticas [não se fazer nada]. O que vivemos depois no terreno não corresponde à realidade, e por isso ficamos um bocado baralhados”, disse Fátima Nunes, residente na cidade de Montemor-o-Novo.
Em Itália, apesar da normalidade da situação, Fátima Nunes diz ter comprado máscaras “caríssimas”, a dez euros por unidade [cerca de 89 patacas]. De regresso à rotina, Fátima Nunes, que trabalha numa instituição que cuida de portadores de deficiência, diz estar com dúvidas sobre o regresso ao trabalho, por temer a reacção negativa dos colegas.
“Depois destas férias estou aqui completamente indecisa sem saber o que fazer. Segundo as indicações do SNS 24 [linha de atendimento telefónico do Serviço Nacional de Saúde, em Portugal] não há problema nenhum. Estou mais expectante em relação aos pais dos jovens [que estão na instituição] e às pessoas, porque sinto um ambiente de medo. Hoje [domingo] já fui às compras, tentei não estar muito perto de pessoas. Estou muito relutante em relação às minhas colegas, fartaram-se de me ligar.”
Vítor Vinagre, natural de Mora e também regressado da mesma viagem de férias, também acusa as autoridades portuguesas de não fazerem o devido acompanhamento aos portugueses que chegam de Itália.
“À chegada a Itália foi-nos medida a temperatura, à saída do aeroporto. Quando cheguei ao aeroporto [de Lisboa] ainda mais indignado fiquei porque vinha com uma máscara, no avião cerca de 10 por cento das pessoas vinham de máscara, chegámos e cada um foi à sua vida. Não nos mediram a temperatura. Cá foi tudo à vontade.”
Esta foi a segunda vez que Vítor viajou para Itália e, na primeira vez, viajou na altura em que a epidemia do Ébola assustava o mundo. O cidadão português, a residir em Mora, pertencente ao distrito de Évora, recorda que a postura das autoridades foi completamente diferente.
“Ninguém saiu do avião sem o avião ser pulverizado com um desinfectante. Agora, quando chegámos a Itália, todos os que passavam tinham de verificar a temperatura. Aqui [em Lisboa] deixaram-nos sair e ninguém apareceu. Pode ser um alarme, uma coisa grave, e ninguém nos informa.”
Por precaução, antes de regressar a Portugal, Vítor Vinagre falou com o seu patrão. “Antes de embarcar para Portugal falei com o meu chefe, expus a situação, mas eu estou bem, nada de anormal aconteceu e se ele quiser que eu não vá trabalhar, eu não vou.”
A entrevista com o HM aconteceu antes de serem confirmados os dois novos casos em Portugal. Confrontado posteriormente com as notícias, Vítor Vinagre assegurou não tomar nenhuma medida adicional, apesar de ter regressado da mesma zona que o médico infectado. “Estou preocupado, mas sinto-me bem, não vou tomar nenhuma medida adicional. Se calhar esse médico até vinha num avião para o Porto, não sei. Vou continuar a fazer a minha vida normal. Se entro em histerismo fico louco”, assegurou. Não foi possível chegar à fala com Fátima Nunes.

“Uma vida normal”

A ideia dos quatro portugueses era visitarem também Veneza por causa do carnaval, que, entretanto, foi cancelado devido ao surto do Covid-19. Mas, na zona que visitaram, o dia-a-dia aconteceu de forma normal e não houve quaisquer sinais de pânico.
“Foi tudo tranquilo, não sentimos nada daquilo que vimos nas notícias quando chegámos a Portugal. Tivemos umas férias espectaculares, nunca vi ninguém de máscaras nem de luvas. As pessoas com quem estávamos, que viviam no norte de Itália, estavam todas tranquilos. Apercebíamo-nos da situação quando chegávamos a casa e víamos as notícias”, relatou Fátima Nunes.
Em Portugal, os familiares mostravam-se muito preocupados. “Os telefonemas eram mais que muitos”, adiantou Fátima, o que os obrigou a comprar máscaras na farmácia. Além das medidas preventivas adoptadas pela alentejana, também o marido, Manuel Nunes, disse ligar para a médica de família para se informar das medidas a tomar, apesar de não sentir quaisquer sintomas e de não terem estado em contacto com potenciais infectados.
Fátima Nunes relata, no entanto, que até ao fecho desta edição ainda não conseguiu chegar à fala com o seu médico. “Nesse dia a minha médica de família não estava de serviço e liguei para o serviço de urgência. O médico disse-me para voltar a ligar para um médico de substituição do médico de família, tentei três ou quatro vezes, mas as chamadas caíam e não fui capaz. Vou tentar ligar novamente à médica de família e a pensar se me apresento esta segunda-feira [ontem] no trabalho. Não sei o que fazer, mas a minha ideia é apresentar-me ao serviço.”
A conversa com Fátima e Vítor aconteceu no domingo, mas ontem, segunda-feira, ambos resolveram apresentar-se ao serviço por se sentirem bem e não apresentar quaisquer sintomas.

Itália com medidas de apoio

A situação em Itália está tão complicada que o Governo anunciou, no último sábado, a preparação de um pacote de medidas para reduzir o impacto económico do surto de Covid-19 nas empresas, da ordem dos 3,6 mil milhões de euros, revelou o ministro da Economia italiano.
Em entrevista ao jornal “La Repubblica”, o ministro Roberto Gualtieri, citado pela agência espanhola Efe, adiantou que o pacote de medidas está a ser desenhado pelo Executivo e será aprovado nos próximos dias “contendo intervenções a todos os níveis”, que estão a ser negociados com organizações de ação social e autoridades locais.
Segundo o jornal, numa primeira fase, terá sido assinado na sexta-feira um decreto-lei em Itália que, entre outras coisas, suspende o pagamento de contas de energia e gás nos onze municípios do norte, isolados por causa da epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus, considerados “zona vermelha”.
“Temos várias hipóteses em mente [para esta segunda fase]. Desde o crédito tributário para empresas que sofreram uma queda no volume de negócios de mais de 25 por cento, até uma baixa de impostos”, precisou Roberto Gualtieri.
Segundo o governo italiano, este pacote de ajudas vai implicar um desvio do défice planeado para este ano, estimado em setembro em 2,2 por cento do PIB, para o qual Roma vai solicitar flexibilidade junto de Bruxelas.
“Trata-se de um aumento de gastos adicionais (…) compatível com a flexibilidade previstas pelas normas do Pacto de Estabilidade, uma vez que estamos na presença de circunstâncias excepcionais objectivas”, sustentou o governante italiano.
“É um número consistente e sustentável, calculado com critérios objectivos e de acordo com as necessidades reais. Não há razão para temer que Bruxelas o rejeite”, acrescentou.

3 Mar 2020

COVID-19 | Marcelo Rebelo de Sousa alerta que “não se deve entrar em alarmismos”

[dropcap]O[/dropcap] Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou hoje que a existência de casos positivos de coronavírus (Covid-19) em Portugal era uma “notícia esperada há muito tempo”, mas alertou que “não se deve entrar em alarmismos”.

“Isto é a chamada notícia esperada há muito tempo. Com tantos países, nomeadamente da Europa, a ter casos positivos, era de estranhar que não houvesse nenhum caso positivo em Portugal”, afirmou o Presidente da República à chegada ao Salão Internacional do Setor Alimentar e de Bebidas (SISAB), em Lisboa. Na óptica do chefe de Estado português, “não se deve entrar em alarmismos”

“Deve-se admitir que este é um fenómeno que era expectável. Passaram seis semanas e o que era estranho era que, havendo em todos os países vizinhos, próximos, para onde iam e de onde vinham compatriotas nossos, que não houvesse nenhum caso em Portugal”, vincou o Presidente.

Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que “estes dois [casos] que estão confirmados têm uma origem fora do território português e que é fácil de detetar, o que é uma vantagem”. “Até agora, com origem em Portugal ainda não há nenhum. Vamos continuar a acompanhar serenamente a evolução”, considerou o Presidente.

Há um caso confirmado e o outro caso aguarda uma contraprova através de análise do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA), adiantou a ministra da Saúde, Marta Temido, numa sessão de esclarecimentos para atualização de informação relativa à infeção pelo novo coronavírus (Covid-19).

O caso confirmado é o de um homem de 60 anos, que está internado no Centro Hospitalar de São João que reportou os primeiros sintomas no dia 26 de Fevereiro.

O outro homem, 33 anos, que aguarda a contra-análise reportou os primeiros sintomas no dia 29 de fevereiro, disse a ministra, adiantando que os dois homens, que estão internados no Porto, estão em boa condição de saúde e estiveram em Itália e em Espanha.

Um português tripulante de um navio de cruzeiros encontra-se hospitalizado no Japão com confirmação de infecção.

2 Mar 2020