DSEJ | Ensino técnico-profissional com mais cursos este ano

Este ano lectivo arrancou com mais cursos técnico-profissionais leccionados em mais instituições de ensino. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude revela ainda que está prevista a adesão de Macau a um estudo internacional que avalia competências nas áreas da matemática e ciências

 

[dropcap]A[/dropcap]pesar de ainda não haver números definitivos quanto às matrículas em cursos técnico-profissionais, este ano lectivo arranca com mais três cursos em relação ao ano passado e com mais uma escola envolvida. De acordo com dados facultados ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), os novos cursos vão ser dados na Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional (curso de culinária), na Escola D. Luis Versiglia, em Coloane, (redes de comunicação) e na Escola Secundária Xin Hua (curso de hotelaria).

No total, este ano lectivo a rede de estabelecimentos de ensino oferece um total de 35 cursos, mais três do que no ano 2018/2019. Apesar de apenas existirem duas escolas em Macau dedicadas ao ensino técnico-profissional, a formação será ministrada em nove escolas, com um novo estabelecimento de ensino a dar esta oportunidade aos seus alunos.

No que diz respeito aos estágios, Leong I On, chefe da divisão do ensino secundário e técnico-profissional da DSEJ, revela que os alunos podem estagiar em qualquer altura do curso, e que esta decisão fica ao critério das escolas. Entre os cursos mais populares figuram os que dão valências nas áreas da hotelaria, desporto e artes.

Segundo os dados revelados pela DSEJ, no ano lectivo anterior, 80 por cento dos graduados do ensino técnico-profissional seguiram para o ensino superior. Enquanto que, entre os alunos do ensino secundário, 90 por cento seguiram para a universidade. Outro dado relevante é que mais de 50 por cento dos estudantes do técnico-profissional continuam os estudos nas áreas que frequentaram.

Ligação aos números

Ainda no âmbito do ensino técnico-profissional, a DSEJ revelou que no ano lectivo 2018/2019 havia cerca de 1200 alunos, número que, para já, ainda não tem comparação possível com este ano porque as matrículas ainda estão abertas.

No que diz respeito às áreas prioritárias no ensino técnico-profissional, Leong I On esclareceu que a DSEJ não pretende regulamentar prioridades educativas, e apenas quer promover a diversificação dos cursos oferecidos aos alunos. Nesse aspecto, as formações disponíveis dependem da cooperação entre empresas e estabelecimentos de ensino.

Outra das novidades reveladas ontem diz respeito à participação dos alunos de Macau em programas de avaliação internacionais. A DSEJ apontou que seria interessante que os estudantes locais pudessem participar, a partir de 2023, no TIMMS, Tendências do Estudo Internacional de Matemática e Ciências. Este teste avalia as capacidades dos alunos do 4º ano do ensino primário em matemática e ciências e junta-se aos três exames do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) em que os estudantes locais participam para avaliar capacidades de leitura, ciência e matemática.

13 Set 2019

DSEJ | Ensino técnico-profissional com mais cursos este ano

Este ano lectivo arrancou com mais cursos técnico-profissionais leccionados em mais instituições de ensino. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude revela ainda que está prevista a adesão de Macau a um estudo internacional que avalia competências nas áreas da matemática e ciências

 
[dropcap]A[/dropcap]pesar de ainda não haver números definitivos quanto às matrículas em cursos técnico-profissionais, este ano lectivo arranca com mais três cursos em relação ao ano passado e com mais uma escola envolvida. De acordo com dados facultados ontem pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), os novos cursos vão ser dados na Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional (curso de culinária), na Escola D. Luis Versiglia, em Coloane, (redes de comunicação) e na Escola Secundária Xin Hua (curso de hotelaria).
No total, este ano lectivo a rede de estabelecimentos de ensino oferece um total de 35 cursos, mais três do que no ano 2018/2019. Apesar de apenas existirem duas escolas em Macau dedicadas ao ensino técnico-profissional, a formação será ministrada em nove escolas, com um novo estabelecimento de ensino a dar esta oportunidade aos seus alunos.
No que diz respeito aos estágios, Leong I On, chefe da divisão do ensino secundário e técnico-profissional da DSEJ, revela que os alunos podem estagiar em qualquer altura do curso, e que esta decisão fica ao critério das escolas. Entre os cursos mais populares figuram os que dão valências nas áreas da hotelaria, desporto e artes.
Segundo os dados revelados pela DSEJ, no ano lectivo anterior, 80 por cento dos graduados do ensino técnico-profissional seguiram para o ensino superior. Enquanto que, entre os alunos do ensino secundário, 90 por cento seguiram para a universidade. Outro dado relevante é que mais de 50 por cento dos estudantes do técnico-profissional continuam os estudos nas áreas que frequentaram.

Ligação aos números

Ainda no âmbito do ensino técnico-profissional, a DSEJ revelou que no ano lectivo 2018/2019 havia cerca de 1200 alunos, número que, para já, ainda não tem comparação possível com este ano porque as matrículas ainda estão abertas.
No que diz respeito às áreas prioritárias no ensino técnico-profissional, Leong I On esclareceu que a DSEJ não pretende regulamentar prioridades educativas, e apenas quer promover a diversificação dos cursos oferecidos aos alunos. Nesse aspecto, as formações disponíveis dependem da cooperação entre empresas e estabelecimentos de ensino.
Outra das novidades reveladas ontem diz respeito à participação dos alunos de Macau em programas de avaliação internacionais. A DSEJ apontou que seria interessante que os estudantes locais pudessem participar, a partir de 2023, no TIMMS, Tendências do Estudo Internacional de Matemática e Ciências. Este teste avalia as capacidades dos alunos do 4º ano do ensino primário em matemática e ciências e junta-se aos três exames do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) em que os estudantes locais participam para avaliar capacidades de leitura, ciência e matemática.

13 Set 2019

Governo Electrónico | 100 milhões para simplificação administrativa

O Conselho Executivo deu ontem a conhecer alguns detalhes da proposta de lei da governação electrónica, que pretende digitalizar procedimentos, aumentar a eficiência administrativa e a conveniência dos cidadãos. O Governo vai investir 100 milhões de patacas para simplificar a máquina administrativa

 

[dropcap]T[/dropcap]empo, recursos e papel. Três bens que podem ser economizados graças à governação electrónica, uma política que será regulamentada por legislação cuja proposta foi apresentada ontem pelo Conselho Executivo.

“O orçamento é de cerca de 100 milhões de patacas”, revelou ontem o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. Este dinheiro será aplicado na simplificação electrónica da máquina administrativa. Nesse sentido, o Governo espera ter prontos todos os detalhes técnicos para tratar de 90 serviços por meio electrónico a partir do momento em que a lei entrar em vigor (no próximo ano).

Leong Heng Teng deu alguns exemplos da simplificação administrativa que se pretende alcançar, em que se tenta dispensar o residente de apresentar documentos que a administração já tem em sua posse. “Por exemplo, quanto a registos de nascimento. Um casal que tenha contraído matrimónio em Macau e que tenha um filho nascido no Hospital Conde de São Januário.” Depois de emitido o registo de nascimento, o casal pode recorrer à plataforma electrónica para submeter esse documento de forma a pedir tanto a declaração de nascimento, como o subsídio de nascimento. No fundo, em vez de apresentar o mesmo documento na conservatória de registo civil e na segurança social, ambos os actos administrativos podem ser resolvidos online.

A ideia é que o cidadão se inscreva na plataforma online, onde se faz o upload dos documentos. “Isto vai poupar muito tempo, também aos trabalhadores dos serviços públicos, se o acto administrativo for feito de forma automática, só precisamos de verificar os dados e informações, e emitimos o documento”, comentou o porta-voz do Conselho Executivo.

Leong Heng Teng esclareceu que a utilização dos meios digitais não será obrigatória e que o utente pode continuar a seguir a forma tradicional, dirigir-se a um balcão público e submeter documentos em papel.

Todos em um

O director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Eddie Kou, revelou que a digitalização da máquina administrativa implica a coordenação dos SAFP com mais de uma dezena de serviços públicos. O objectivo é analisar quais as formalidades que se podem incluir na optimização dos serviços. Registos de casamento, nascimento, educação, segurança social, registo comercial, serviços fiscais, foram sectores auscultados para se aferir que serviços podem ser digitalizados.

O Governo assegura que, com a entrada em vigor da lei da governação electrónica, mais de 90 serviços vão passar a ser fornecidos numa plataforma única, através de uma conta única. “Nos próximos dois a três anos vamos continuar a optimizar estes serviços”, relevou Leong Heng Teng.

13 Set 2019

Governo Electrónico | 100 milhões para simplificação administrativa

O Conselho Executivo deu ontem a conhecer alguns detalhes da proposta de lei da governação electrónica, que pretende digitalizar procedimentos, aumentar a eficiência administrativa e a conveniência dos cidadãos. O Governo vai investir 100 milhões de patacas para simplificar a máquina administrativa

 
[dropcap]T[/dropcap]empo, recursos e papel. Três bens que podem ser economizados graças à governação electrónica, uma política que será regulamentada por legislação cuja proposta foi apresentada ontem pelo Conselho Executivo.
“O orçamento é de cerca de 100 milhões de patacas”, revelou ontem o porta-voz do Conselho Executivo, Leong Heng Teng. Este dinheiro será aplicado na simplificação electrónica da máquina administrativa. Nesse sentido, o Governo espera ter prontos todos os detalhes técnicos para tratar de 90 serviços por meio electrónico a partir do momento em que a lei entrar em vigor (no próximo ano).
Leong Heng Teng deu alguns exemplos da simplificação administrativa que se pretende alcançar, em que se tenta dispensar o residente de apresentar documentos que a administração já tem em sua posse. “Por exemplo, quanto a registos de nascimento. Um casal que tenha contraído matrimónio em Macau e que tenha um filho nascido no Hospital Conde de São Januário.” Depois de emitido o registo de nascimento, o casal pode recorrer à plataforma electrónica para submeter esse documento de forma a pedir tanto a declaração de nascimento, como o subsídio de nascimento. No fundo, em vez de apresentar o mesmo documento na conservatória de registo civil e na segurança social, ambos os actos administrativos podem ser resolvidos online.
A ideia é que o cidadão se inscreva na plataforma online, onde se faz o upload dos documentos. “Isto vai poupar muito tempo, também aos trabalhadores dos serviços públicos, se o acto administrativo for feito de forma automática, só precisamos de verificar os dados e informações, e emitimos o documento”, comentou o porta-voz do Conselho Executivo.
Leong Heng Teng esclareceu que a utilização dos meios digitais não será obrigatória e que o utente pode continuar a seguir a forma tradicional, dirigir-se a um balcão público e submeter documentos em papel.

Todos em um

O director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), Eddie Kou, revelou que a digitalização da máquina administrativa implica a coordenação dos SAFP com mais de uma dezena de serviços públicos. O objectivo é analisar quais as formalidades que se podem incluir na optimização dos serviços. Registos de casamento, nascimento, educação, segurança social, registo comercial, serviços fiscais, foram sectores auscultados para se aferir que serviços podem ser digitalizados.
O Governo assegura que, com a entrada em vigor da lei da governação electrónica, mais de 90 serviços vão passar a ser fornecidos numa plataforma única, através de uma conta única. “Nos próximos dois a três anos vamos continuar a optimizar estes serviços”, relevou Leong Heng Teng.

13 Set 2019

Sustentabilidade | ONU alerta para que muitos dos objectivos para 2030 podem não ser cumpridos 

A pobreza extrema está em declínio, mas não a um ritmo acelerado. Na área ambiental, muitos países, sobretudo na União Europeia, têm medidas de combate às alterações climáticas, mas são insuficientes. O relatório da ONU, ontem divulgado, sobre os objectivos do desenvolvimento sustentável, diz que muitas das metas traçadas para 2030 podem vir a não ser cumpridas

 
[dropcap]O[/dropcap] relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) deste ano relativo aos objectivos de desenvolvimento sustentável, ontem divulgado, apresenta alguns pontos animadores, mas revela também que há ainda muito a fazer no que diz respeito à erradicação da pobreza e no combate à poluição.
António Guterres, secretário-geral da ONU, denota que o relatório revela que “o progresso tem vindo a ser feito em algumas áreas críticas, e há algumas tendências favoráveis que são evidentes”. A título de exemplo, “a pobreza extrema diminuiu consideravelmente, uma vez que a taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos baixou 49 por cento entre 2000 e 2017”, além de que o sistema de vacinação “salvou milhões de vidas”. António Guterres denota ainda que “uma vasta maioria da população tem agora acesso a electricidade”.
Em matéria ambiental, o secretário-geral da ONU observa que “os países estão a adoptar acções concretas para proteger o nosso planeta”, uma vez que “as áreas marítimas protegidas duplicaram desde 2010, e os países estão a trabalhar de forma concertada para combater a pesca ilegal”. Um total de 186 países ratificaram o Acordo de Paris, lembrou Guterres, “e quase todos comunicaram as suas primeiras contribuições nacionais” sobre o acordo na área do ambiente.
Na nota introdutória, Guterres salientou ainda que cerca de 150 países “desenvolveram políticas nacionais para responder aos desafios da rápida urbanização”, sendo que 71 deles, e a União Europeia “têm agora mais de 300 políticas e instrumentos que suportam o consumo e a produção sustentáveis”.
No entanto, o secretário-geral da ONU considera que há ainda “muitas áreas que necessitam de uma atenção colectiva urgente”, uma vez que “o ambiente natural está a deteriorar-se a um nível alarmante: os níveis da água do mar estão a aumentar, a acidez do mar está a acelerar e os últimos quatro anos têm sido os mais quentes de que há registo”.
Neste sentido, Liu Zhenmin, vice-secretário-geral da ONU para as questões económicas e sociais, denota que “a área mais urgente em termos de acção são as alterações climáticas”. “Se não cortarmos a emissão de gases de efeitos de estufa agora, o aquecimento global deverá ser de 1,5 graus nas próximas décadas. Tal como já estamos a verificar, os efeitos compostos vão ser catastróficos e irreversíveis: aumento da acidez dos oceanos, erosão costeira, condições atmosféricas extremas, aumento da frequência e gravidade dos desastres naturais, a continuação da degradação das terras, perda de espécies vitais e colapso dos ecossistemas”, exemplificou.
Além disso, Liu Zhenmin alerta para uma crescente desigualdade entre países, uma vez que “a pobreza, a fome e a doença continuam a estar concentrados nos países mais pobres e vulneráveis.”
Os dados mostram que mais de 90 por cento de mortes infantis decorrem em países em desenvolvimento, sendo que três quartos das crianças em situação de fome vivem nos países do Sudeste Asiático e na África Subsariana.

Por cumprir

Apesar de alguns sinais de melhoria, António Guterres deixa o alerta: é preciso acelerar a implementação de medidas para que o mundo cumpra os seus objectivos para 2030 relativamente à promoção de uma maior sustentabilidade.
“Estamos a mover-nos muito devagar no que diz respeito aos esforços para pôr fim ao sofrimento humano e a criar oportunidades para todos: o nosso objectivo de erradicar a pobreza extrema em 2030 tem vindo a ser comprometido à medida que lutamos para responder aos conflitos violentos e às vulnerabilidades dos desastres naturais. É claro que é necessária uma resposta mais profunda, rápida e mais ambiciosa para levar a cabo uma transformação social e económica para atingir os objectivos de 2030.”
A ONU faz notar que entre 1998 e 2017 os desastres resultaram em perdas económicas directas de três mil milhões de dólares americanos, sendo que os desastres naturais representam uma fatia de 77 por cento, um aumento de 151 por cento se olharmos para o período entre 1978 e 1997.
A questão dos desastres naturais está intimamente relacionada com a pobreza extrema, uma vez que “não é surpresa que os países mais pobres tenham vindo a experienciar uma percentagem desproporcional de perdas e danos de vidas atribuídas aos desastres”. O relatório dá conta de que mais de 90 por cento de mortes se devem a desastres ocorridos em países com níveis médio-baixos de desenvolvimento.
No que diz respeito à evolução lenta da erradicação da pobreza de que fala António Guterres, em 2018 a percentagem de população mundial em situação de pobreza extrema era de 8,6 por cento e as estimativas mostram que, em 2030, seis por cento da população global ainda estará nessa situação, “se esta tendência continuar”. Os casos mais graves continuam a registar-se na África Subsariana, onde milhões de pessoas continuam a viver com menos de 1,9 dólares diários.
Registaram-se, no entanto, melhorias no combate à fome na zona do Sudeste Asiático. A Cimeira Global de Acção Climática tem lugar este mês, na cidade de Nova Iorque, tendo António Guterres destacado o evento como uma forma de levar a cabo novas medidas nestas áreas.

13 Set 2019

Sustentabilidade | ONU alerta para que muitos dos objectivos para 2030 podem não ser cumpridos 

A pobreza extrema está em declínio, mas não a um ritmo acelerado. Na área ambiental, muitos países, sobretudo na União Europeia, têm medidas de combate às alterações climáticas, mas são insuficientes. O relatório da ONU, ontem divulgado, sobre os objectivos do desenvolvimento sustentável, diz que muitas das metas traçadas para 2030 podem vir a não ser cumpridas

 

[dropcap]O[/dropcap] relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) deste ano relativo aos objectivos de desenvolvimento sustentável, ontem divulgado, apresenta alguns pontos animadores, mas revela também que há ainda muito a fazer no que diz respeito à erradicação da pobreza e no combate à poluição.

António Guterres, secretário-geral da ONU, denota que o relatório revela que “o progresso tem vindo a ser feito em algumas áreas críticas, e há algumas tendências favoráveis que são evidentes”. A título de exemplo, “a pobreza extrema diminuiu consideravelmente, uma vez que a taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos baixou 49 por cento entre 2000 e 2017”, além de que o sistema de vacinação “salvou milhões de vidas”. António Guterres denota ainda que “uma vasta maioria da população tem agora acesso a electricidade”.

Em matéria ambiental, o secretário-geral da ONU observa que “os países estão a adoptar acções concretas para proteger o nosso planeta”, uma vez que “as áreas marítimas protegidas duplicaram desde 2010, e os países estão a trabalhar de forma concertada para combater a pesca ilegal”. Um total de 186 países ratificaram o Acordo de Paris, lembrou Guterres, “e quase todos comunicaram as suas primeiras contribuições nacionais” sobre o acordo na área do ambiente.

Na nota introdutória, Guterres salientou ainda que cerca de 150 países “desenvolveram políticas nacionais para responder aos desafios da rápida urbanização”, sendo que 71 deles, e a União Europeia “têm agora mais de 300 políticas e instrumentos que suportam o consumo e a produção sustentáveis”.

No entanto, o secretário-geral da ONU considera que há ainda “muitas áreas que necessitam de uma atenção colectiva urgente”, uma vez que “o ambiente natural está a deteriorar-se a um nível alarmante: os níveis da água do mar estão a aumentar, a acidez do mar está a acelerar e os últimos quatro anos têm sido os mais quentes de que há registo”.

Neste sentido, Liu Zhenmin, vice-secretário-geral da ONU para as questões económicas e sociais, denota que “a área mais urgente em termos de acção são as alterações climáticas”. “Se não cortarmos a emissão de gases de efeitos de estufa agora, o aquecimento global deverá ser de 1,5 graus nas próximas décadas. Tal como já estamos a verificar, os efeitos compostos vão ser catastróficos e irreversíveis: aumento da acidez dos oceanos, erosão costeira, condições atmosféricas extremas, aumento da frequência e gravidade dos desastres naturais, a continuação da degradação das terras, perda de espécies vitais e colapso dos ecossistemas”, exemplificou.

Além disso, Liu Zhenmin alerta para uma crescente desigualdade entre países, uma vez que “a pobreza, a fome e a doença continuam a estar concentrados nos países mais pobres e vulneráveis.”

Os dados mostram que mais de 90 por cento de mortes infantis decorrem em países em desenvolvimento, sendo que três quartos das crianças em situação de fome vivem nos países do Sudeste Asiático e na África Subsariana.

Por cumprir

Apesar de alguns sinais de melhoria, António Guterres deixa o alerta: é preciso acelerar a implementação de medidas para que o mundo cumpra os seus objectivos para 2030 relativamente à promoção de uma maior sustentabilidade.

“Estamos a mover-nos muito devagar no que diz respeito aos esforços para pôr fim ao sofrimento humano e a criar oportunidades para todos: o nosso objectivo de erradicar a pobreza extrema em 2030 tem vindo a ser comprometido à medida que lutamos para responder aos conflitos violentos e às vulnerabilidades dos desastres naturais. É claro que é necessária uma resposta mais profunda, rápida e mais ambiciosa para levar a cabo uma transformação social e económica para atingir os objectivos de 2030.”

A ONU faz notar que entre 1998 e 2017 os desastres resultaram em perdas económicas directas de três mil milhões de dólares americanos, sendo que os desastres naturais representam uma fatia de 77 por cento, um aumento de 151 por cento se olharmos para o período entre 1978 e 1997.

A questão dos desastres naturais está intimamente relacionada com a pobreza extrema, uma vez que “não é surpresa que os países mais pobres tenham vindo a experienciar uma percentagem desproporcional de perdas e danos de vidas atribuídas aos desastres”. O relatório dá conta de que mais de 90 por cento de mortes se devem a desastres ocorridos em países com níveis médio-baixos de desenvolvimento.

No que diz respeito à evolução lenta da erradicação da pobreza de que fala António Guterres, em 2018 a percentagem de população mundial em situação de pobreza extrema era de 8,6 por cento e as estimativas mostram que, em 2030, seis por cento da população global ainda estará nessa situação, “se esta tendência continuar”. Os casos mais graves continuam a registar-se na África Subsariana, onde milhões de pessoas continuam a viver com menos de 1,9 dólares diários.

Registaram-se, no entanto, melhorias no combate à fome na zona do Sudeste Asiático. A Cimeira Global de Acção Climática tem lugar este mês, na cidade de Nova Iorque, tendo António Guterres destacado o evento como uma forma de levar a cabo novas medidas nestas áreas.

13 Set 2019

MGM | Grant Bowie esperançado que 2020 traga melhores resultados

O director executivo da MGM China Holdings espera que as receitas da operadora voltem a cair no segundo semestre de 2019, situação complicada que compara ao que aconteceu em 2014. Ainda assim, Grant Bowie mostra-se confiante quanto aos resultados do próximo ano

 
[dropcap]E[/dropcap]stamos dependentes dos mercados. Acho que há muitos desafios globais por ultrapassar e Macau não está imune a essas dificuldades”, referiu o CEO da MGM China Holdings Ltd, Grant Bowie, citado pela TDM. O director da operadora referiu que depois de ultrapassados os “desafios” que se devem estender até ao final do ano, é expectável que os resultados da indústria do jogo melhorem em 2020. Apesar dos alertas, Bowie não esclareceu quais os desafios a que se referiu.
“É preciso cuidado, temos de ser diligentes e trabalhar muito para mostrar aos nossos clientes que vale a pena virem a Macau”, acrescentou o CEO da MGM.
Apesar do panorama negro deste ano, Grant Bowie está confiante no futuro. “Mantenho o optimismo em relação a 2020. Acho que quando superarmos todos estes desafios, quando tivermos alguma clarividência e os negócios retomarem a dinâmica, as receitas do jogo de Macau vão voltar a crescer”, projectou o homem forte da MGM.
A descida do número de visitantes até ao final do ano é uma possibilidade que Grant Bowie não afasta, no contexto dos inúmeros eventos oficiais programadas para a segunda metade do ano, como o 20º aniversário da RAEM. “Vão acontecer muitas actividades, mas, ao mesmo tempo, a proliferação de eventos oficiais, numa altura histórica tão importante para Macau, pode resultar na quebra de visitantes”, comentou.

Há cinco anos

Nos primeiros sete meses do ano, entraram no território mais de 23,8 milhões de visitantes, o que representou um crescimento de 20 por cento em relação ao período homólogo do ano passado.
Apesar deste contexto, Bowie traçou uma comparação com o que se passou em 2014, ressalvando que este ano o impacto foi menos severo porque as seis operadoras se precaveram a tempo para a quebra do crescimento das receitas.
Em relação ao impacto da turbulência política vivida em Hong Kong no número de visitantes que chegam a Macau, Grant Bowie entende que é “melhor esperar para ver”.
De acordo com dados oficiais, as receitas da indústria do jogo caíram 1,9 por cento nos primeiros oito meses do ano, em relação ao mesmo período de 2018, para 198,2 mil milhões de patacas. Números que contrastam com o aumento de 20 por cento de visitantes nos primeiros sete meses do ano para 23,8 milhões de pessoas.

12 Set 2019

MGM | Grant Bowie esperançado que 2020 traga melhores resultados

O director executivo da MGM China Holdings espera que as receitas da operadora voltem a cair no segundo semestre de 2019, situação complicada que compara ao que aconteceu em 2014. Ainda assim, Grant Bowie mostra-se confiante quanto aos resultados do próximo ano

 

[dropcap]E[/dropcap]stamos dependentes dos mercados. Acho que há muitos desafios globais por ultrapassar e Macau não está imune a essas dificuldades”, referiu o CEO da MGM China Holdings Ltd, Grant Bowie, citado pela TDM. O director da operadora referiu que depois de ultrapassados os “desafios” que se devem estender até ao final do ano, é expectável que os resultados da indústria do jogo melhorem em 2020. Apesar dos alertas, Bowie não esclareceu quais os desafios a que se referiu.

“É preciso cuidado, temos de ser diligentes e trabalhar muito para mostrar aos nossos clientes que vale a pena virem a Macau”, acrescentou o CEO da MGM.

Apesar do panorama negro deste ano, Grant Bowie está confiante no futuro. “Mantenho o optimismo em relação a 2020. Acho que quando superarmos todos estes desafios, quando tivermos alguma clarividência e os negócios retomarem a dinâmica, as receitas do jogo de Macau vão voltar a crescer”, projectou o homem forte da MGM.

A descida do número de visitantes até ao final do ano é uma possibilidade que Grant Bowie não afasta, no contexto dos inúmeros eventos oficiais programadas para a segunda metade do ano, como o 20º aniversário da RAEM. “Vão acontecer muitas actividades, mas, ao mesmo tempo, a proliferação de eventos oficiais, numa altura histórica tão importante para Macau, pode resultar na quebra de visitantes”, comentou.

Há cinco anos

Nos primeiros sete meses do ano, entraram no território mais de 23,8 milhões de visitantes, o que representou um crescimento de 20 por cento em relação ao período homólogo do ano passado.

Apesar deste contexto, Bowie traçou uma comparação com o que se passou em 2014, ressalvando que este ano o impacto foi menos severo porque as seis operadoras se precaveram a tempo para a quebra do crescimento das receitas.

Em relação ao impacto da turbulência política vivida em Hong Kong no número de visitantes que chegam a Macau, Grant Bowie entende que é “melhor esperar para ver”.

De acordo com dados oficiais, as receitas da indústria do jogo caíram 1,9 por cento nos primeiros oito meses do ano, em relação ao mesmo período de 2018, para 198,2 mil milhões de patacas. Números que contrastam com o aumento de 20 por cento de visitantes nos primeiros sete meses do ano para 23,8 milhões de pessoas.

12 Set 2019

Chui Sai On assinou despacho para preparar transição de Governo

[dropcap]O[/dropcap] Chefe do Executivo em funções, Chui Sai On, emitiu ontem um comunicado a elogiar Ho Iat Seng e a desejar-lhe os parabéns por ter sido nomeado pelo Conselho de Estado como próximo Chefe do Executivo.

“Desde o retorno de Macau à Pátria, Ho Iat Seng ocupou importantes cargos públicos para benefício do País e de Macau. Serviu-os sempre sob o espírito de ‘amar a Pátria e amar Macau’.

Os seus esforços e contributos estão bem visíveis”, recordou Chui. “O facto de Ho Iat Seng ter sido eleito com um elevado número de votos demonstra a aceitação geral e amplo apoio de que goza junto dos diversos sectores da população”, foi acrescentado.

Na mesma mensagem foi igualmente deixado um voto de confiança ao futuro líder do Executivo: “O Chefe do Executivo, Chui Sai On, e o Governo da RAEM acreditam que, após a sua tomada de posse, Ho Iat Seng certamente conseguirá liderar a nova administração unida com toda a sociedade”, foi dito. “Caminhando firmemente sobre os alicerces construídos durante os vinte anos desde o estabelecimento da RAEM, o responsável será ainda capaz de criar um novo quadro para o desenvolvimento local, acrescentando mais um capítulo à implementação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”, foi acrescentado.

Mudança em curso

Além dos elogios, a mensagem do Gabinete de Chui Sai On revelou ainda que hoje vai ser publicado um despacho que instrui todos os “gabinetes dos secretários, bem como todos os serviços e entidades públicas” a disponibilizarem imediatamente os meios necessários a Ho.

“No sentido de oferecer o seu forte apoio a Ho Iat Seng para a organização da nova equipa governativa, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, emitiu o despacho que orienta os gabinetes dos secretários, bem como todos os serviços e entidades públicas a, no âmbito das suas competências, suprirem as necessidades do Chefe do Executivo do V Governo da RAEM, particularmente no que respeita à disponibilização e dotação temporária de recursos humanos, materiais e logística”, é apontado.

“Os encargos que não corresponderem às competências dos gabinetes dos secretários, serviços e entidades públicas serão assegurados pelo orçamento do Gabinete do Chefe do Executivo ou por quaisquer outras verbas destinadas pela Divisão de Serviços de Finanças para tais efeitos”, foi ainda clarificado.

Ho Iat Seng toma posse a 20 de Dezembro e Chui Sai On deixa o cargo a 19 do mesmo mês, depois de ter cumprido dois mandatos.

12 Set 2019

Metro Ligeiro | Coutinho aponta orçamento excessivo e falta de talentos

Um projecto que foi planeado há mais de 20 anos e mesmo assim não tem talentos locais formados. Esta é uma das críticas do deputado José Pereira Coutinho que pede a construção de passadeiras aéreas nas estações como as que foram feitas em Banguecoque

 
[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho lançou ontem várias críticas ao projecto Metro Ligeiro e quer que o Governo apresente respostas a problemas como o orçamento excessivo, a falta de talentos para o projecto e a questão das passadeiras. O ataque ao projecto do Governo faz parte de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).
O primeiro aspecto está relacionado com a adjudicação do contrato de operação e manutenção da Linha da Taipa à MTR de Hong Kong, no valor 5,9 mil milhões de patacas. Segundo o deputado, para atribuir uma verba tão elevada, que dá uma média de 900 milhões de patacas por ano, deveria ter sido lançado um concurso público internacional. “Por que razão o Governo não recorreu ao concurso público internacional para a referida adjudicação? O Governo adjudicou o contrato de prestação dos serviços de operação da Linha da Taipa do Metro Ligeiro à MTR e não a outras empresas com experiência. Quais foram os fundamentos para esta adjudicação?”, questiona.
Coutinho critica igualmente o facto de se terem gasto 1,4 mil milhões na constituição da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, mas depois o serviço ter sido adjudicado à MTR.

Falta de talentos

Outra critica prende-se com o facto de o serviço ter sido planeado “há quase 20 anos”, mas durante todo este tempo não ter havido capacidade para formar quadros locais qualificados para este meio de transporte. “Já se passaram quase 20 anos desde que o Governo apresentou o projecto de construção do Metro Ligeiro, e até ao momento, o Governo continua a afirmar que não dispõe de pessoa qualificado com experiência na operação do Metro Ligeiro”, aponta. “O Governo deve permitir que seja a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau a responsabilizar-se pela operação e manutenção do Metro Ligeiro, para evitar o contínuo abuso do erário público decorrente das adjudicação. Vai fazê-lo?”, pergunta.
Por outro lado, o deputado compara o metro com o projecto de Banguecoque e questiona se o Governo vai seguir o exemplo tailandês, em que foram criadas passadeiras aéreas com o metro e que podem ser atravessadas, sem que se tenha de entrar na zona paga. “O Governo vai criar vias pedonais semelhantes debaixo dos viadutos do metro ligeiro, com vista a facilitar as deslocações dos residentes e dos turistas e aproveitar os espaços?”, pergunta.

12 Set 2019

Metro Ligeiro | Coutinho aponta orçamento excessivo e falta de talentos

Um projecto que foi planeado há mais de 20 anos e mesmo assim não tem talentos locais formados. Esta é uma das críticas do deputado José Pereira Coutinho que pede a construção de passadeiras aéreas nas estações como as que foram feitas em Banguecoque

 

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho lançou ontem várias críticas ao projecto Metro Ligeiro e quer que o Governo apresente respostas a problemas como o orçamento excessivo, a falta de talentos para o projecto e a questão das passadeiras. O ataque ao projecto do Governo faz parte de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

O primeiro aspecto está relacionado com a adjudicação do contrato de operação e manutenção da Linha da Taipa à MTR de Hong Kong, no valor 5,9 mil milhões de patacas. Segundo o deputado, para atribuir uma verba tão elevada, que dá uma média de 900 milhões de patacas por ano, deveria ter sido lançado um concurso público internacional. “Por que razão o Governo não recorreu ao concurso público internacional para a referida adjudicação? O Governo adjudicou o contrato de prestação dos serviços de operação da Linha da Taipa do Metro Ligeiro à MTR e não a outras empresas com experiência. Quais foram os fundamentos para esta adjudicação?”, questiona.

Coutinho critica igualmente o facto de se terem gasto 1,4 mil milhões na constituição da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, mas depois o serviço ter sido adjudicado à MTR.

Falta de talentos

Outra critica prende-se com o facto de o serviço ter sido planeado “há quase 20 anos”, mas durante todo este tempo não ter havido capacidade para formar quadros locais qualificados para este meio de transporte. “Já se passaram quase 20 anos desde que o Governo apresentou o projecto de construção do Metro Ligeiro, e até ao momento, o Governo continua a afirmar que não dispõe de pessoa qualificado com experiência na operação do Metro Ligeiro”, aponta. “O Governo deve permitir que seja a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau a responsabilizar-se pela operação e manutenção do Metro Ligeiro, para evitar o contínuo abuso do erário público decorrente das adjudicação. Vai fazê-lo?”, pergunta.

Por outro lado, o deputado compara o metro com o projecto de Banguecoque e questiona se o Governo vai seguir o exemplo tailandês, em que foram criadas passadeiras aéreas com o metro e que podem ser atravessadas, sem que se tenha de entrar na zona paga. “O Governo vai criar vias pedonais semelhantes debaixo dos viadutos do metro ligeiro, com vista a facilitar as deslocações dos residentes e dos turistas e aproveitar os espaços?”, pergunta.

12 Set 2019

Economia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional

Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades

 
[dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor.
A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira.
À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne.
O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores.
Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares.
Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings.
Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos.
“O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”.

Futuro sombrio

Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude.
Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte.
Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país.

Estancar a ferida

De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis.
Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína.
Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia.
Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio.

Feriados à porta

Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura.
Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada.
Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan.
No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia.
Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo.
Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times.
Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.

12 Set 2019

Economia | Preço da carne de porco ganha contornos de crise nacional

Entre os incentivos à produção e as recomendações de saúde para reduzir o consumo, o Governo Central tenta contornar a quebra de stock de carne de porco, em véspera de feriados. Sem sinais de controlo da epidemia de peste suína africana, Pequim vê-se a braços com a fraca modernização de uma indústria largamente nas mãos de pequenas suiniculturas onde a higiene e o controlo de qualidade não são prioridades

 

[dropcap]A[/dropcap]s contas de mercearia dos chineses já requeriam alguma ginástica devido aos efeitos da guerra comercial e ao abrandamento económico, mas agora junta-se outro factor à equação: os preços da carne de porco que empurraram a inflação para uma subida de 2,8 por cento no mês passado, de acordo com o índice de preços ao consumidor.

A escassez levou à subida vertiginosa do preço da carne de porco nos últimos meses, fixando-se hoje em dia em quase mais 50 por cento do que há um ano atrás, de acordo com dados oficiais publicados na terça-feira.

À medida que aumentam as frustrações dos consumidores, as autoridades expressam sinais ténues de alarme enquanto tentam conter a doença que está a devastar a população suína chinesa e a causar escassez de carne.

O primeiro-ministro Li Keqiang expressou a necessidade de assumir uma “atitude de emergência” para lidar com o assunto. Outros líderes chineses categorizaram o problema como “uma prioridade nacional” e, do que foi tornado público, pelo menos três governos locais recorreram a reservas estratégicas de carne de porco para assegurar as necessidades dos consumidores.

Apesar destas medidas, os consumidores estão a ser fortemente afectados, numa altura em que os preços ameaçam a estabilidade dos orçamentos familiares.

Citado pelo The New York Times, Gui Fuyi, um reformado de 69 anos, dispara: “Muito caro, muito caro mesmo! Não consigo pagar este preço”, enquanto passa os olhos pela secção da carne num mercado de Pequim. Nos dias que correm, o reformado confessa que só pode comprar carne picada para fazer dumplings.

Os dados oficiais divulgados na passada terça-feira revelam o fardo que os consumidores chineses estão a pagar, com os preços dos produtos alimentares a subirem 10 por cento, em relação ao ano anterior. Os números relevam que as tensões comerciais com os Estados Unidos vieram avolumar o problema, à medida que se sentem os efeitos das tarifas nos produtos agrícolas e nas rações para animais anteriormente importadas dos Estados Unidos.

“O Governo chinês tem repetido várias vezes que a China consegue aguentar as dificuldades e as repercussões do conflito comercial”, refere Victor Shih, professor da Universidade da Califórnia e especialista em economia chinesa, que acrescenta que, porém, “o que não dizem é que são as pessoas que suportam as consequências”.

Futuro sombrio

Em várias ocasiões, as autoridades chinesas disseram publicamente que a guerra comercial não iria afectar a oferta de carne de porco. Porém, face às mais recentes tarifas, que entraram em vigor no passado dia 1 de Setembro, Pequim impôs taxas adicionais a produtos norte-americanos como soja, porco, marisco e crude.

Perante as estimativas que apontam para que o preço da carne de porco no final de 2019 seja o dobro do preço registado no ano passado, Pequim prepara-se para a tempestade que se forma no horizonte.

Há mais de um ano a esta parte que a China tem lutado para conter a epidemia de peste suína, uma doença altamente contagiosa, inofensiva para humanos, mas que mata quase todos os porcos infectados. Em Outubro de 2018, o Governo de Xi Jinping declarou o primeiro foco de epidemia e, desde então, os casos têm-se espalhado por todo o país.

Estancar a ferida

De forma a conter o problema, as autoridades chinesas ordenaram aos criadores de porcos que não alimentassem os animais com restos de comida, um meio frequente de contágio uma vez que o vírus consegue sobreviver durante dias nas fezes e na carne não cozinhada espalhando-se a animais saudáveis.

Foram também impostas restrições ao nível do transporte de animais, necessidade de quarentena nos locais onde a doença foi detectada e foram inclusive detidas pessoas por comercializarem porcos infectados com peste suína.

Apesar dos esforços das autoridades, padrões de higiene e segurança têm sido difíceis de impor aos milhões de pequenas pecuárias que se espalham por todo o país e de onde provém a maioria da carne de porco produzida na China. De acordo com números fornecidos pelo Governo Central, mais de 1,2 milhões de porcos foram abatidos na esperança de conter a epidemia, uma pequena fracção dos 700 milhões de porcos consumidos no ano passado. Uma situação que leva analistas a concluírem que os números oficiais não beliscam sequer a seriedade da epidemia.

Agricultores e investidores do sector da suinicultura referem que a maioria dos casos de peste suína africana não são reportados às autoridades, o que resulta na chegada ao mercado de muitos porcos infectados. O The New York Times refere que em muitos casos, tanto agricultores como autoridades, são lentos na resposta ou mostram relutância em assumir o número de infecções nos seus animais. Importa referir que a doença já passou fronteiras para o Vietname, Mongólia e Coreia do Norte, enquanto outros países asiáticos se encontram em estado de alerta de forma a conter um possível contágio.

Feriados à porta

Numa época em que as famílias chinesas se preparam para a celebração dos feriados do bolo lunar, o preço da carne de porco aumenta ainda mais ajustando-se à expectável procura.

Para responder à ansiedade da população, as autoridades locais lutam para encontrar soluções imaginativas. Na cidade de Wenzhou, no leste da China, o Governo local anunciou ter uma reserva de carne de porco congelada em quantidade suficiente para dar a cada cidadão 50 gramas diariamente ao longo de quatro dias. No sul, em Nanning, foi anunciado aos residentes que podem comprar até um quilo de carne de porco com desconto. Aqui mais perto, na província de Guangdong, os meios de comunicação locais divulgaram o compromisso das autoridades em disponibilizar mais de 3.100 toneladas de carne de porco congelada.

Num espectro mais abrangente, o Governo Central anunciou medidas de encorajamento a agricultores e suinicultores com o intuito de aumentar a produção, ou expandir negócios já existentes. Alguns subsídios chegam quase aos 5 milhões de yuan.

No entanto, à medida que ainda se vão descobrindo focos de peste, o aumento da produção de animais pode, simplesmente, possibilitar o crescimento da epidemia.

Pan Chenjun, analista agrícola da representação de Hong Kong do banco holandês Rabobank, aponta a posição complicada em que Pequim se encontra. “O Governo Central tem em mãos um problema de difícil resolução. Não pode dizer que para controlar a epidemia tem de eliminar a produção.” Independentemente dos incentivos públicos, caberá aos privados a decisão de voltar a apostar na suinicultura, situação complicada uma vez que existe o conhecimento generalizado de que o vírus ainda se encontra activo.

Porém, ao mesmo tempo que tenta repor o stock de porco, o Governo Central divulga mensagens a enfatizar as virtudes de cortar na carne de porco. Prova disso é o artigo de primeira página da revista Life Times do Partido Comunista Chinês intitulado “Comer menos carne de porco faz bem”. A culinária baseada no porco faz parte de uma antiga e enraizada tradição chinesa, porém, as autoridades de saúde têm-se multiplicado em alertas para os riscos de colesterol da ingestão em excesso. “Independentemente do preço da carne de porco, a população deve ter cautela com a dieta, comer um pouco menos de porco e mais de carne branca”, alertou Xu Shufang, oficial das autoridades de saúde citado pelo The New York Times.

Enquanto os efeitos da guerra comercial se fazem sentir e a produção interna está comprometida, Pequim vira-se para o Brasil e Dinamarca. Na passada segunda-feira, a China adicionou à lista de exportadores aprovados 25 empresas de carne brasileira, elevando para um total de 89 companhias, de acordo com informação veiculada pelo Ministério da Agricultura brasileiro. Por outro lado, emissários do Governo dinamarquês estão de visita a Pequim para negociar o aumento das exportações de carne de porco.

12 Set 2019

China confirma que deteve taiwanês por partilhar fotos de polícia paramilitar

[dropcap]A[/dropcap] China confirmou hoje que deteve um homem de Taiwan por alegadamente ter “prejudicado a segurança nacional” ao partilhar fotos da polícia paramilitar chinesa junto à fronteira com Hong Kong no mês passado.

Lee Meng-chu está sob investigação por suspeita de envolvimento em actividades criminosas “prejudiciais à segurança nacional”, revelou Ma Xiaoguang, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, sem avançar mais detalhes.

Lee desapareceu em 20 de Agosto, depois de enviar fotos da polícia paramilitar ao prefeito de Fangliao, uma pequena comunidade de pescadores no sul de Taiwan. O prefeito, Archer Chen, disse que tentou contactar Lee nesse mesmo dia, mas que não conseguiu.

Lee costumava viajar para a China e era consultor voluntário do município para ajudar a promover os seus negócios, disse Chen. A agência noticiosa de Taiwan informou que Lee também partilhou as fotos com o seu irmão.

Veículos do exército e da polícia paramilitar da China estão reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, que há mais de três meses é palco de protestos pró-democracia.

11 Set 2019

APN | Delegados de Macau querem menos burocracia para empresas do Tibete 

Um total de 20 empresas oriundas do Tibete são esperadas na próxima edição da Feira Internacional de Macau, em Outubro. Alguns delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional esperam que sejam facilitados os procedimentos de entrada e saída do território e que haja mais ligações empresariais entre a RAEM e o Tibete

 
[dropcap]O[/dropcap] jornal Ou Mun noticiou ontem que alguns delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) reuniram com membros do comité permanente da APN da região autónoma do Tibete. Si Ka Lon, não só delegado de Macau à APN, mas também deputado à Assembleia Legislativa (AL), disse que cerca de 20 empresas do Tibete são esperadas na próxima edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa). Neste contexto, o deputado alertou para o facto de persistir muita burocracia no que diz respeito aos trâmites de entrada e saída de Macau para pessoas oriundas do Tibete, esperando uma maior facilidade a este nível.
Representantes de empresas referiram que os procedimentos para requerer a entrada e saída de Macau são complicados, uma vez que apenas 30 por cento dos documentos apresentados levaram mais de 20 dias a ser aprovados pelas autoridades. Portanto, Si Ka Lon deseja uma menor burocracia e uma maior facilidade na entrada de empresas, noticiou o Ou Mun.
Além disso, Si Ka Lon espera que Tibete e Macau possam aprofundar a cooperação a nível económico através de mais convites a empresas tibetanas para que participem em exposições no território. O responsável defende também que as autoridades do Tibete possam considerar a possibilidade de realizar mais actividades de promoção de turismo, cultura e investimento na zona da Grande Baía.
Lok Po, delegado de Macau à APN e director do jornal Ou Mun, disse esperar que o Governo do Tibete possa facilitar as condições de acesso das empresas tibetanas ao mercado de Macau, uma vez que isso pode levar a um reforço de ligações entre os dois territórios e a uma maior promoção do Tibete como destino. Além disso, Lok Po acredita tratar-se de um método correcto para mostrar o apoio ao princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Kou Hoi In quer mais turismo

O delegado à APN e presidente da AL, Kou Hoi In, lembrou no encontro que lugares do Tibete como a capital, Lhasa, e Linzhi têm poucos visitantes, tendo sugerido a realização de um planeamento geral para evitar a destruição do ambiente ecológico do Tibete.
Já a advogada Paula Ling, lembrou a dificuldade dos estrangeiros na obtenção de um visto de entrada no Tibete. “Como o Governo tibetano enfatiza a estabilidade social, espero que concedam mais facilidades para que os estrangeiros viajem para o local”, frisou.
Chui Sai Peng, deputado à AL, sugeriu que as autoridades do Tibete deveriam controlar o planeamento de resorts turísticos de grande escala, para não ultrapassar a capacidade de acolhimento da região e para que não haja efeitos negativos a nível ambiental. Chui Sai Peng deseja ainda que as empresas de Macau e do Tibete na área das indústrias criativas aumentem a sua comunicação.
Lai Sai Kei, director da escola Keang Peng, disse estar preocupado com a questão da educação tibetana, uma vez que, na sua óptica, o desenvolvimento de um território está intimamente relacionado com a educação. Lai Sai Kei citou dados estatísticos deste ano que mostram uma taxa de matrícula nas universidades do Tibete de 39 por cento, mais baixa face ao resto do país.
Nesse sentido, o responsável defende que a curto prazo devem ser incentivados mais estudantes tibetanos a frequentar os seus estudos em cidades do Interior da China ou até mesmo em Macau.

11 Set 2019

APN | Delegados de Macau querem menos burocracia para empresas do Tibete 

Um total de 20 empresas oriundas do Tibete são esperadas na próxima edição da Feira Internacional de Macau, em Outubro. Alguns delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional esperam que sejam facilitados os procedimentos de entrada e saída do território e que haja mais ligações empresariais entre a RAEM e o Tibete

 

[dropcap]O[/dropcap] jornal Ou Mun noticiou ontem que alguns delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) reuniram com membros do comité permanente da APN da região autónoma do Tibete. Si Ka Lon, não só delegado de Macau à APN, mas também deputado à Assembleia Legislativa (AL), disse que cerca de 20 empresas do Tibete são esperadas na próxima edição da Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa). Neste contexto, o deputado alertou para o facto de persistir muita burocracia no que diz respeito aos trâmites de entrada e saída de Macau para pessoas oriundas do Tibete, esperando uma maior facilidade a este nível.

Representantes de empresas referiram que os procedimentos para requerer a entrada e saída de Macau são complicados, uma vez que apenas 30 por cento dos documentos apresentados levaram mais de 20 dias a ser aprovados pelas autoridades. Portanto, Si Ka Lon deseja uma menor burocracia e uma maior facilidade na entrada de empresas, noticiou o Ou Mun.

Além disso, Si Ka Lon espera que Tibete e Macau possam aprofundar a cooperação a nível económico através de mais convites a empresas tibetanas para que participem em exposições no território. O responsável defende também que as autoridades do Tibete possam considerar a possibilidade de realizar mais actividades de promoção de turismo, cultura e investimento na zona da Grande Baía.

Lok Po, delegado de Macau à APN e director do jornal Ou Mun, disse esperar que o Governo do Tibete possa facilitar as condições de acesso das empresas tibetanas ao mercado de Macau, uma vez que isso pode levar a um reforço de ligações entre os dois territórios e a uma maior promoção do Tibete como destino. Além disso, Lok Po acredita tratar-se de um método correcto para mostrar o apoio ao princípio “Um País, Dois Sistemas”.

Kou Hoi In quer mais turismo

O delegado à APN e presidente da AL, Kou Hoi In, lembrou no encontro que lugares do Tibete como a capital, Lhasa, e Linzhi têm poucos visitantes, tendo sugerido a realização de um planeamento geral para evitar a destruição do ambiente ecológico do Tibete.

Já a advogada Paula Ling, lembrou a dificuldade dos estrangeiros na obtenção de um visto de entrada no Tibete. “Como o Governo tibetano enfatiza a estabilidade social, espero que concedam mais facilidades para que os estrangeiros viajem para o local”, frisou.

Chui Sai Peng, deputado à AL, sugeriu que as autoridades do Tibete deveriam controlar o planeamento de resorts turísticos de grande escala, para não ultrapassar a capacidade de acolhimento da região e para que não haja efeitos negativos a nível ambiental. Chui Sai Peng deseja ainda que as empresas de Macau e do Tibete na área das indústrias criativas aumentem a sua comunicação.

Lai Sai Kei, director da escola Keang Peng, disse estar preocupado com a questão da educação tibetana, uma vez que, na sua óptica, o desenvolvimento de um território está intimamente relacionado com a educação. Lai Sai Kei citou dados estatísticos deste ano que mostram uma taxa de matrícula nas universidades do Tibete de 39 por cento, mais baixa face ao resto do país.

Nesse sentido, o responsável defende que a curto prazo devem ser incentivados mais estudantes tibetanos a frequentar os seus estudos em cidades do Interior da China ou até mesmo em Macau.

11 Set 2019

GPDP dá parecer favorável à videovigilância com reconhecimento facial

[dropcap]O[/dropcap] Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) emitiu ontem um comunicado a aprovar a instalação do sistema de videovigilância “Olhos no Céu” apetrechado com tecnologia de reconhecimento facial.

Um dos argumentos para dar parecer positivo à tecnologia é a comparação com a vigilância à antiga, ou seja, executada por guardas no reconhecimento de padrões de comportamento e na identificação de suspeitos. “As suas funções principais são apenas melhorar a eficiência do trabalho, economizar recursos humanos, dar indicações, através de análise de software, aos operadores para auxiliar em análises e considerações”, lê-se no comunicado.

Esta vantagem, no entanto, não significa desemprego, porque “a tecnologia não serve para substituir completamente o trabalho dos guardas, nem o julgamento profissional”.

O GPDP vem assim tentar tranquilizar quem se mostrou preocupado com a intensificação da vigilância em Macau, referindo que “a tecnologia de reconhecimento facial no sistema de Olhos no Céu é principalmente para auxiliar a polícia”. Nesse sentido, o organismo liderado por Yang Chongwei, especifica que o sistema localiza indivíduos de quem as autoridades policiais já possuem dados de forma a identificar, por exemplo, um assaltante. A tecnologia pode ser usada também para eliminar dúvidas quanto à identificação do suspeito no caso de a polícia fazer várias detenções.

Podem ainda ser usadas imagens gravadas para identificar alguém que tenha realizado actos preparatórios para um crime, por exemplo, rondar uma loja que mais tarde é assaltada.

Questão semântica

Outro argumento usado pelo GPDP é de natureza linguística. De acordo com o comunicado ontem emitido, o termo “sistema” pode induzir em erro e criar alarme social. Neste caso, o organismo garante que o “sistema de reconhecimento facial, geralmente se refere apenas ao software aplicativo e dispositivos periféricos para identificar indivíduos”, factor que pode criar confusão uma vez que “desempenha funções auxiliares em alguns sistemas estabelecidos para outras finalidades”. O comunicado do GPDP não especifica se esta alusão se refere ao aparato de videovigilância usado no sistema de crédito chinês.

No comunicado é ainda reiterado do compromisso de que o “GPDP continua a ter comunicações com as Forças e Serviços de Segurança para se manter a par do andamento do respectivo trabalho, coordenar e fiscalizar os assuntos relativos à protecção de dados pessoais”.

10 Set 2019

Ensino | Agnes Lam diz que escolas não devem temer crise de Hong Kong

A deputada e professora universitária defende que se deve promover nas escolas de Macau um ensino que promova uma análise independente de questões da actualidade junto dos alunos. Para Agnes Lam, a sociedade de Macau é mais patriótica, pelo que não é necessária uma atitude demasiado temerária face aos acontecimentos de Hong Kong

 
[dropcap]D[/dropcap]epois dos directores de algumas escolas terem referido que os estabelecimentos de ensino não devem ser espaços de debate político, devido aos últimos acontecimentos de Hong Kong, eis que a deputada Agnes Lam, que também preside à Associação Energia Cívica de Macau, veio dizer ao Jornal do Cidadão que as escolas devem promover o ensino da análise independente da actualidade junto dos estudantes.
Agnes Lam disse concordar que os professores não devem levar para dentro da sala de aula as suas posições políticas, por uma questão de princípio profissional, mas defendeu que todos os professores podem ter um posicionamento político, e que tal pode ser independente da carreira docente.
A deputada pensa ainda que as escolas não devem adoptar uma postura demasiado sensível ao que se está a passar em Hong Kong, por não haver o risco de cópia de posturas mais violentas. Agnes Lam disse que o sentimento de “Amar a Pátria e Amar Macau” é muito forte no território e que a sociedade não concorda com a violência que se tem registado nas ruas da antiga colónia britânica. Além disso, os pais dos alunos não estarão dispostos a discutir a situação de Hong Kong com os seus filhos, pelo que não permitir que estes procurem esclarecimento junto dos professores não é adequado.
Na entrevista ao jornal de língua chinesa, Agnes Lam disse ainda que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) deveria permitir que os professores abordassem o assunto, de forma justa, nas aulas de educação cívica.

Com ideias próprias

Agnes Lam apontou que muitos alunos do ensino secundário complementar já formaram as suas próprias ideias face ao que se está a passar em Hong Kong, pelo que as autoridades não têm de se preocupar. Por outo lado, os alunos do ensino primário e do ensino secundário geral ainda apresentam algumas dúvidas, confrontando-se com questões de valor, não sabendo lidar com este assunto.
“É fácil os alunos terem acesso às informações através da Internet, e deve-se dar espaço para que estes possam construir concepções diferentes (sobre o que se passa) e aprendam a fazer auto-análise”, disse.
Questionada sobre a utilização de livros escolares de Hong Kong nas escolas de Macau, Agnes Lam lembrou que, em Macau, isso sempre aconteceu, e que não há necessidade de alterar essa matéria devido aos protestos.
“Acham que os alunos não podem ter contacto com estes assuntos se não forem ensinados na escola? Tal como a questão da educação sexual, acham que eles não têm contacto com a matéria se os professores não os elucidarem?”, questionou.
Nesse sentido, Agnes Lam acredita que os materiais didácticos de Hong Kong podem ajudar os alunos a encontrar as suas respostas, algo que é bom para o seu crescimento e para a própria sociedade. No caso de Macau, a sociedade não aceita comportamentos violentos, sendo que cada pessoa tem a sua forma de lutar pela liberdade democrática, apontou, pelo que não é necessária uma excessiva preocupação dos pais.

10 Set 2019

Ensino | Agnes Lam diz que escolas não devem temer crise de Hong Kong

A deputada e professora universitária defende que se deve promover nas escolas de Macau um ensino que promova uma análise independente de questões da actualidade junto dos alunos. Para Agnes Lam, a sociedade de Macau é mais patriótica, pelo que não é necessária uma atitude demasiado temerária face aos acontecimentos de Hong Kong

 

[dropcap]D[/dropcap]epois dos directores de algumas escolas terem referido que os estabelecimentos de ensino não devem ser espaços de debate político, devido aos últimos acontecimentos de Hong Kong, eis que a deputada Agnes Lam, que também preside à Associação Energia Cívica de Macau, veio dizer ao Jornal do Cidadão que as escolas devem promover o ensino da análise independente da actualidade junto dos estudantes.

Agnes Lam disse concordar que os professores não devem levar para dentro da sala de aula as suas posições políticas, por uma questão de princípio profissional, mas defendeu que todos os professores podem ter um posicionamento político, e que tal pode ser independente da carreira docente.

A deputada pensa ainda que as escolas não devem adoptar uma postura demasiado sensível ao que se está a passar em Hong Kong, por não haver o risco de cópia de posturas mais violentas. Agnes Lam disse que o sentimento de “Amar a Pátria e Amar Macau” é muito forte no território e que a sociedade não concorda com a violência que se tem registado nas ruas da antiga colónia britânica. Além disso, os pais dos alunos não estarão dispostos a discutir a situação de Hong Kong com os seus filhos, pelo que não permitir que estes procurem esclarecimento junto dos professores não é adequado.

Na entrevista ao jornal de língua chinesa, Agnes Lam disse ainda que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) deveria permitir que os professores abordassem o assunto, de forma justa, nas aulas de educação cívica.

Com ideias próprias

Agnes Lam apontou que muitos alunos do ensino secundário complementar já formaram as suas próprias ideias face ao que se está a passar em Hong Kong, pelo que as autoridades não têm de se preocupar. Por outo lado, os alunos do ensino primário e do ensino secundário geral ainda apresentam algumas dúvidas, confrontando-se com questões de valor, não sabendo lidar com este assunto.

“É fácil os alunos terem acesso às informações através da Internet, e deve-se dar espaço para que estes possam construir concepções diferentes (sobre o que se passa) e aprendam a fazer auto-análise”, disse.

Questionada sobre a utilização de livros escolares de Hong Kong nas escolas de Macau, Agnes Lam lembrou que, em Macau, isso sempre aconteceu, e que não há necessidade de alterar essa matéria devido aos protestos.

“Acham que os alunos não podem ter contacto com estes assuntos se não forem ensinados na escola? Tal como a questão da educação sexual, acham que eles não têm contacto com a matéria se os professores não os elucidarem?”, questionou.

Nesse sentido, Agnes Lam acredita que os materiais didácticos de Hong Kong podem ajudar os alunos a encontrar as suas respostas, algo que é bom para o seu crescimento e para a própria sociedade. No caso de Macau, a sociedade não aceita comportamentos violentos, sendo que cada pessoa tem a sua forma de lutar pela liberdade democrática, apontou, pelo que não é necessária uma excessiva preocupação dos pais.

10 Set 2019

Macaenses | Inquérito da Universidade da Califórnia destaca mais jovens na diáspora 

Roy Eric Xavier, director do Projecto de Estudos Portugueses e Macaenses da Universidade da Califórnia, lançou este ano uma nova edição de um inquérito feito à comunidade macaense na Diáspora. Os resultados revelam “um ressurgimento dos jovens na comunidade portuguesa oriunda da Ásia”, quando antes os reformados estavam em maioria. O académico nota também um maior envolvimento destes jovens com as suas origens e mais interesse nas relações comerciais com a China, algo que não está a ser devidamente aproveitado

 

[dropcap]H[/dropcap]á novos dados da comunidade macaense e luso-asiática oriundos do inquérito desenvolvido no âmbito do Projecto de Estudos Portugueses e Macaenses da Universidade da Califórnia, liderado pelo académico Roy Eric Xavier. O professor universitário lançou uma nova edição do inquérito este ano, tendo feito algumas alterações face às questões colocadas em 2013.

Os resultados preliminares deste novo inquérito, disponíveis no website “Far East Currents”, revelam que houve um “ressurgimento dos jovens na comunidade portuguesa oriunda da Ásia”, uma vez que “mais de 66 por cento das respostas chegaram dos adultos empregados (idades entre 19 e 64 anos)”. Por comparação, em 2012 e 2013 “70 por cento dos inquiridos estavam reformados, tendo mais de 65 anos”. Tal “sugere que as gerações mais jovens podem estar mais conscientes da sua cultura e estão agora em maioria”.

Se os primeiros resultados, de 2012, falavam de uma comunidade na diáspora entre 149.240 a 155.764 pessoas, esse número aumentou para 1.687 milhão de macaenses ou luso-asiáticos em 35 países, e a contagem não fica por aqui, como disse Roy Eric Xavier ao HM.

“Devo enfatizar que isto é apenas uma estimativa, mas baseada em dados e corroborada por académicos desta área de estudos, que acreditam que os números são bem mais elevados do que antes”, disse.

De entre os inquiridos, 16,57 por cento dizem ser portugueses, enquanto que 61,14 por cento dizem ser macaenses. Apenas 20 por cento afirma ser euroasiático.

Origem nos bairros

O inquérito de 2019 mostra ainda que 66 por cento dos inquiridos vivem nos Estados Unidos, enquanto que 24 por cento vive no Canadá, Austrália e Europa (muitos deles em Portugal) e os restantes 9 por cento no Japão, Filipinas, Macau e Hong Kong. Além disso, “mais de 72 por cento afirmaram que têm laços familiares com Macau, sendo que 63 por cento têm ligações com Hong Kong”. “Mais de 52 por cento têm antecedentes em Portugal, e mais de 33 por cento com Xangai”, além de que “de forma significativa, em mais de 27 por dos casos os antecessores são oriundos de Goa, Cantão, Japão, Malásia, Singapura e Timor”.

Para Roy Eric Xavier, esta é outra novidade trazida pelo inquérito de 2019: a de que há muitos descendentes de bairros portugueses espalhados pela Ásia.

“Confirmámos que muitas famílias possuem histórias de emigração ligadas a bairros portugueses de Goa, Cantão, Japão, Malásia, Singapura e Timor, sendo que a grande maioria tem laços com Macau, Hong Kong e Xangai, uma vez que a maior parte dessas zonas foram formadas antes e depois da Guerra do Ópio.”

Roy Eric Xavier aponta que “as histórias de emigração das famílias apenas tinham sido teorizadas em 2013, mas agora temos provas de que os luso-asiáticos emigraram durante o período de 500 anos em que houve presença portuguesa na Ásia e Índia”.

Por explorar

Estes jovens, descendentes de famílias macaenses ou luso-asiáticas, “são profissionais, na sua maioria, da área empresarial, tecnológica, medicina, finanças, Direito ou investimentos”, entre outros. Isto faz com que exista um potencial nas relações com a China e Macau que não está a ser devidamente aproveitado, aponta o académico.

“Quero determinar qual é o potencial das relações empresariais na China através de Macau. Em investigações anteriores descobri que muitos jovens na diáspora, entre 19 e 54 anos, têm cargos de topo na área empresarial, tecnologia e finanças, medicina e educação. Este é um ponto fulcral da diáspora que o Conselho das Comunidades Macaenses em Macau tem virtualmente ignorado, ao focar-se apenas nas gerações mais velhas que participam nos Encontros a cada três anos.”

Neste sentido, o inquérito deste ano apresenta uma pergunta sobre o número de familiares que trabalham em empresas com ligações à China. “Cerca de 37 por cento afirmaram que fazem esse trabalho, mas numa outra questão, 59 por cento expressou interesse em saber mais sobre oportunidades internacionais de negócio e culturais relacionados com os portugueses da Ásia”, pode ler-se.

Para Roy Eric Xavier, “o potencial para desenvolver relações comerciais, por exemplo, deveria ser mais clarificado, sobretudo desde que as regiões administrativas especiais continuam a beneficiar de protecção que não estão garantidas em muitas cidades portuárias da China”. “Este potencial tem sido ignorado por muitas das organizações de Macau, mas tem vindo a tornar-se muito reconhecido na diáspora”, frisou.

Além disso, o académico nota um maior interesse não só na preservação da história, mas também na transmissão de valores aos descendentes. Aqui, as redes sociais assumem um importante papel. “Os sítios no Facebook de portugueses da Ásia aumentaram de cinco, em 2013, para 27 em 2019. Muitos dedicam-se a diferentes temáticas, tal como a comida, história, língua, fotografias ou histórias de família”, aponta o inquérito.

“Esta tendência é uma indicação de que a nova geração de luso-asiáticos e macaenses estão agora envolvidos e interessados em passar mais informações para as novas gerações”, frisou Roy Eric Xavier.

O inquérito vai continuar a manter-se online “de forma indefinida”, com os resultados a serem publicados periodicamente “para acompanhar as mais recentes tendências”. Roy Eric Xavier explicou ainda que a edição deste ano do questionário foi desenvolvida “para chegar a gerações mais jovens na Diáspora que estão a tornar-se mais conscientes da sua etnicidade e que estão a tentar obter mais informações”.

“Retirei uma pergunta sobre se a pessoa deixou ou não de viver na Ásia, uma vez que a maioria nasceu noutro lugar. Também eliminei uma questão sobre línguas, e especificamente sobre a capacidade para falar o patuá, mas irei usá-la no futuro. Contudo, mantive as questões relacionadas com a idade e localizações actuais, bem como a dimensão das famílias ou os diferentes lugares no mundo de onde são oriundos os antepassados”, explicou Roy Eric Xavier.

Nestas alterações, “foi feita uma tentativa para ter um panorama mais claro de como são as novas gerações em termos demográficos e culturais”, adiantou.

10 Set 2019

Macaenses | Inquérito da Universidade da Califórnia destaca mais jovens na diáspora 

Roy Eric Xavier, director do Projecto de Estudos Portugueses e Macaenses da Universidade da Califórnia, lançou este ano uma nova edição de um inquérito feito à comunidade macaense na Diáspora. Os resultados revelam “um ressurgimento dos jovens na comunidade portuguesa oriunda da Ásia”, quando antes os reformados estavam em maioria. O académico nota também um maior envolvimento destes jovens com as suas origens e mais interesse nas relações comerciais com a China, algo que não está a ser devidamente aproveitado

 
[dropcap]H[/dropcap]á novos dados da comunidade macaense e luso-asiática oriundos do inquérito desenvolvido no âmbito do Projecto de Estudos Portugueses e Macaenses da Universidade da Califórnia, liderado pelo académico Roy Eric Xavier. O professor universitário lançou uma nova edição do inquérito este ano, tendo feito algumas alterações face às questões colocadas em 2013.
Os resultados preliminares deste novo inquérito, disponíveis no website “Far East Currents”, revelam que houve um “ressurgimento dos jovens na comunidade portuguesa oriunda da Ásia”, uma vez que “mais de 66 por cento das respostas chegaram dos adultos empregados (idades entre 19 e 64 anos)”. Por comparação, em 2012 e 2013 “70 por cento dos inquiridos estavam reformados, tendo mais de 65 anos”. Tal “sugere que as gerações mais jovens podem estar mais conscientes da sua cultura e estão agora em maioria”.
Se os primeiros resultados, de 2012, falavam de uma comunidade na diáspora entre 149.240 a 155.764 pessoas, esse número aumentou para 1.687 milhão de macaenses ou luso-asiáticos em 35 países, e a contagem não fica por aqui, como disse Roy Eric Xavier ao HM.
“Devo enfatizar que isto é apenas uma estimativa, mas baseada em dados e corroborada por académicos desta área de estudos, que acreditam que os números são bem mais elevados do que antes”, disse.
De entre os inquiridos, 16,57 por cento dizem ser portugueses, enquanto que 61,14 por cento dizem ser macaenses. Apenas 20 por cento afirma ser euroasiático.

Origem nos bairros

O inquérito de 2019 mostra ainda que 66 por cento dos inquiridos vivem nos Estados Unidos, enquanto que 24 por cento vive no Canadá, Austrália e Europa (muitos deles em Portugal) e os restantes 9 por cento no Japão, Filipinas, Macau e Hong Kong. Além disso, “mais de 72 por cento afirmaram que têm laços familiares com Macau, sendo que 63 por cento têm ligações com Hong Kong”. “Mais de 52 por cento têm antecedentes em Portugal, e mais de 33 por cento com Xangai”, além de que “de forma significativa, em mais de 27 por dos casos os antecessores são oriundos de Goa, Cantão, Japão, Malásia, Singapura e Timor”.
Para Roy Eric Xavier, esta é outra novidade trazida pelo inquérito de 2019: a de que há muitos descendentes de bairros portugueses espalhados pela Ásia.
“Confirmámos que muitas famílias possuem histórias de emigração ligadas a bairros portugueses de Goa, Cantão, Japão, Malásia, Singapura e Timor, sendo que a grande maioria tem laços com Macau, Hong Kong e Xangai, uma vez que a maior parte dessas zonas foram formadas antes e depois da Guerra do Ópio.”
Roy Eric Xavier aponta que “as histórias de emigração das famílias apenas tinham sido teorizadas em 2013, mas agora temos provas de que os luso-asiáticos emigraram durante o período de 500 anos em que houve presença portuguesa na Ásia e Índia”.

Por explorar

Estes jovens, descendentes de famílias macaenses ou luso-asiáticas, “são profissionais, na sua maioria, da área empresarial, tecnológica, medicina, finanças, Direito ou investimentos”, entre outros. Isto faz com que exista um potencial nas relações com a China e Macau que não está a ser devidamente aproveitado, aponta o académico.
“Quero determinar qual é o potencial das relações empresariais na China através de Macau. Em investigações anteriores descobri que muitos jovens na diáspora, entre 19 e 54 anos, têm cargos de topo na área empresarial, tecnologia e finanças, medicina e educação. Este é um ponto fulcral da diáspora que o Conselho das Comunidades Macaenses em Macau tem virtualmente ignorado, ao focar-se apenas nas gerações mais velhas que participam nos Encontros a cada três anos.”
Neste sentido, o inquérito deste ano apresenta uma pergunta sobre o número de familiares que trabalham em empresas com ligações à China. “Cerca de 37 por cento afirmaram que fazem esse trabalho, mas numa outra questão, 59 por cento expressou interesse em saber mais sobre oportunidades internacionais de negócio e culturais relacionados com os portugueses da Ásia”, pode ler-se.
Para Roy Eric Xavier, “o potencial para desenvolver relações comerciais, por exemplo, deveria ser mais clarificado, sobretudo desde que as regiões administrativas especiais continuam a beneficiar de protecção que não estão garantidas em muitas cidades portuárias da China”. “Este potencial tem sido ignorado por muitas das organizações de Macau, mas tem vindo a tornar-se muito reconhecido na diáspora”, frisou.
Além disso, o académico nota um maior interesse não só na preservação da história, mas também na transmissão de valores aos descendentes. Aqui, as redes sociais assumem um importante papel. “Os sítios no Facebook de portugueses da Ásia aumentaram de cinco, em 2013, para 27 em 2019. Muitos dedicam-se a diferentes temáticas, tal como a comida, história, língua, fotografias ou histórias de família”, aponta o inquérito.
“Esta tendência é uma indicação de que a nova geração de luso-asiáticos e macaenses estão agora envolvidos e interessados em passar mais informações para as novas gerações”, frisou Roy Eric Xavier.
O inquérito vai continuar a manter-se online “de forma indefinida”, com os resultados a serem publicados periodicamente “para acompanhar as mais recentes tendências”. Roy Eric Xavier explicou ainda que a edição deste ano do questionário foi desenvolvida “para chegar a gerações mais jovens na Diáspora que estão a tornar-se mais conscientes da sua etnicidade e que estão a tentar obter mais informações”.
“Retirei uma pergunta sobre se a pessoa deixou ou não de viver na Ásia, uma vez que a maioria nasceu noutro lugar. Também eliminei uma questão sobre línguas, e especificamente sobre a capacidade para falar o patuá, mas irei usá-la no futuro. Contudo, mantive as questões relacionadas com a idade e localizações actuais, bem como a dimensão das famílias ou os diferentes lugares no mundo de onde são oriundos os antepassados”, explicou Roy Eric Xavier.
Nestas alterações, “foi feita uma tentativa para ter um panorama mais claro de como são as novas gerações em termos demográficos e culturais”, adiantou.

10 Set 2019

PJ deteve inspector que passou informações a rede de agiotas

Um inspector da Polícia Judiciária foi detido durante o horário de trabalho, depois de ter fornecido por 23 vezes informações sobre uma investigação a um grupo criminoso. Esta é a segunda detenção dentro da PJ no âmbito da mesma investigação

 

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) deteve um dos seus inspectores na quinta-feira, que alegadamente terá fornecido a uma rede de agiotagem informações sobre as investigações em curso. O caso foi revelado na sexta-feira, durante a realização de uma conferência de imprensa, e o homem de 36 anos foi detido quando se encontrava a trabalhar.

Segundo a versão apresentada pelas autoridades, o homem estava ao serviço da PJ desde 2008 e através de vários equipamentos electrónicos recolhia dados sobre uma investigação a uma rede de agiotagem. No total, o homem terá trocado informação com a rede agiota sobre o andamento dos trabalhos de investigação em 23 ocasiões, entre Outubro de 2017 e Maio de 2018. As informações envolviam detalhes das operações e informações sobre os agentes envolvidos.

Depois de ter sido confrontado com a acusação, o homem admitiu que tinha passado informações em troca do pagamento de refeições ou de contas em locais de divertimento nocturno, nomeadamente discotecas. Segundo o porta-voz da PJ, neste momento desconhece-se se o agente recebeu algum dinheiro, mas o assunto ainda está a ser investigado.

Esta detenção surgiu na sequência de uma outra em Junho, que também envolveu um agente. Por isso, a PJ vai continuar as investigar para perceber se este agente agiu sozinho ou se há outros infiltrados, que abusam da sua posição para fornecerem informações a redes de criminosas em troca de benefícios ilegais.

Um caso, dois agentes

Foi em Junho deste ano que as autoridades tinham anunciado a detenção de um dos seus agentes, com a mesma idade, que estava indiciado pela prática dos crimes de “violação de segredo” e “favorecimento pessoal”, entre outros. As investigações continuaram e permitiram agora registar este segundo caso dentro da força de segurança.

Após ter sido confrontado com a situação, o agente, detido na quinta-feira, mostrou-se arrependido.

Por sua vez, o porta-voz da PJ reforçou que as autoridades não toleram este tipo de comportamentos e que as chefias têm a obrigação de supervisionar os seus subordinados. O mesmo representante da força de segurança prometeu ainda que os trabalhos de responsabilização do agente detido vão ser conduzidos de forma imparcial e que além da investigação criminal vai ser conduzido um processo interno.

O caso foi reencaminhado para o Ministério Público (MP) na sexta-feira e o detido está indiciado pela prática dos crimes de corrupção passiva para acto ilícito, violação de segredo, obtenção, utilização ou disponibilização ilegítima de dados informáticos e do crime de associação criminosa, que são punidos com penas que podem chegar aos oito anos de prisão, três anos, dois anos e 12 anos, respectivamente.

9 Set 2019

Ponte HKZM | Residente de Macau interrogado pela polícia de HK

[dropcap]E[/dropcap]stou a voltar para a minha casa, em Macau”. Esta frase foi repetida várias vezes por um residente da RAEM face às insistentes solicitações da polícia da região vizinha quando o autocarro em que seguia estava prestes a chegar ao posto fronteiriço da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau.

Segundo uma publicação na página de Facebook “Macau Buses and Public Transport Enthusiastic”, quando o transporte público se aproximava do posto fronteiriço foi interceptado pelas autoridades de Hong Kong. Nessa altura, foi exigido ao residente de Macau a apresentação do documento de identificação. Após mostrar o BIR de Macau, os agentes da polícia pediram identificação de Hong Kong, algo que o residente não tinha.

Em vez disso, apresentou a senha do registo de entrada no território vizinho. Foi nessa altura que os agentes da autoridade de Hong Kong perguntaram qual a razão que tinha para se deslocar a Macau. Após a repetida resposta, os agentes autorizaram que o residente regressasse ao interior do autocarro e permitiram que o veículo continuasse o percurso até à RAEM.

É referido ainda na publicação do “Macau Buses and Public Transport Enthusiastic”, um grupo dedicado aos transportes públicos, que os residentes de Macau evitem viagens a Hong Kong, a menos que sejam estritamente necessárias, e que mantenham a calma se forem abordados pela polícia. O grupo alerta ainda para os residentes não perderem a senha do registo de entrada no território vizinho e que podem sempre recorrer aos serviços do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo.

9 Set 2019

Ponte HKZM | Residente de Macau interrogado pela polícia de HK

[dropcap]E[/dropcap]stou a voltar para a minha casa, em Macau”. Esta frase foi repetida várias vezes por um residente da RAEM face às insistentes solicitações da polícia da região vizinha quando o autocarro em que seguia estava prestes a chegar ao posto fronteiriço da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau.
Segundo uma publicação na página de Facebook “Macau Buses and Public Transport Enthusiastic”, quando o transporte público se aproximava do posto fronteiriço foi interceptado pelas autoridades de Hong Kong. Nessa altura, foi exigido ao residente de Macau a apresentação do documento de identificação. Após mostrar o BIR de Macau, os agentes da polícia pediram identificação de Hong Kong, algo que o residente não tinha.
Em vez disso, apresentou a senha do registo de entrada no território vizinho. Foi nessa altura que os agentes da autoridade de Hong Kong perguntaram qual a razão que tinha para se deslocar a Macau. Após a repetida resposta, os agentes autorizaram que o residente regressasse ao interior do autocarro e permitiram que o veículo continuasse o percurso até à RAEM.
É referido ainda na publicação do “Macau Buses and Public Transport Enthusiastic”, um grupo dedicado aos transportes públicos, que os residentes de Macau evitem viagens a Hong Kong, a menos que sejam estritamente necessárias, e que mantenham a calma se forem abordados pela polícia. O grupo alerta ainda para os residentes não perderem a senha do registo de entrada no território vizinho e que podem sempre recorrer aos serviços do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo.

9 Set 2019