Regresso emotivo | Paulo Sousa recorda passagem pelo território

[dropcap style≠‘circle’]F[/dropcap]oi em 2002 que Paulo Sousa tinha estado pela última vez em Macau, na altura no estágio da selecção portuguesa, antes do Mundial desse ano. Passados 16 anos, o agora técnico regressou ao território e sublinhou a parte emotiva do regresso ao local onde fez o último jogo da carreira.

“Há uma parte muito emotiva neste regresso a Macau. Fiz o meu último jogo aqui contra a selecção chinesa (vitória de Portugal por 2-0). Foi aqui que me lesionei no último minuto da primeira parte e que me impediu poder ajudar a selecção no Mundial. Depois como todo esse tempo [durante o Mundial], acabei por decidir acabar a minha carreira no futebol”, recordou Paulo Sousa, ontem no final do encontro. “Tomei essa decisão porque já estava há vários anos sem poder fazer aquilo que eu mais gostava com uma certa performance e uma certa continuidade”, acrescentou.

“Mas este tipo de memórias não é uma coisa que viva sempre comigo. Olhei para o futuro e encarei este desafio de treinador de uma forma muito positiva, como encaro a minha vida. Sinto-me grato ao universo e a Deus por me darem a oportunidade de fazer o que gosto e ser pago”, frisou. “Sou um privilegiado porque há muita gente que trabalha para sobreviver e eu posso fazer o que gosto e sou pago”, realçou.

Em relação ao resultado, Paulo Sousa elogiou a equipa face à superioridade da formação japonesa e recordou que o Kashima Antlers há dois anos estava a medir forças com o Real Madrid, no Mundial de Clubes.

Projecto que desilude

Por outro lado, reconheceu as limitações da sua formação que em Agosto viu sair o meio-campista Axel Witsel e que tem o avançado Anthony Modeste suspenso, depois do francês ter tentado forçar a saída no mercado do Verão.

“Não esperávamos sair nesta fase, mas temos de avaliar o que fizemos, com uma Liga dos Campeões muito acima das expectativas de todos, mas com dois jogadores muito importantes, o Witsel e o Modeste, que já não estão disponíveis”, disse sobre a derrota por 2-0. “Mesmo assim no início estivemos muito bem, tivemos quatro oportunidades de golo, duas por Alexandre Pato, e se tivéssemos marcado poderíamos ter trazido uma dinâmica diferente à equipa”, considerou.

O treinador português revelou ainda alguma frustração face ao projecto, devido ao facto de Witsel e Modeste não terem sido substituídos por atletas com igual qualidade: “As minhas ambições e expectativas, e segundo o que inicialmente foi falado e prometido [com o clube], eram completamente diferentes. Era para haver um investimento elevado para competir quer na Liga dos Campeões Asiáticos quer no campeonato”, confessou. “Mas perdemos dois jogadores fundamentais e não houve investimento. Estou desiludido e triste porque aquilo que me foi oferecido era completamente diferente disto”, explicou.

19 Set 2018

Futebol | Tianjin perde por 3-0 e está fora da Liga dos Campeões

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]assaram dezasseis anos desde que Paulo Sousa tinha estado em Macau. Em 2002, foi com as cores de Portugal e diante da selecção da China, que teve a lesão que o levou a decidir terminar a carreira. Ontem, novamente no Estádio de Macau, terminou o sonho de se apurar para as meias finais da Liga dos Campeões Asiáticos. Um sonho que começou a ruir ao minuto 13

Treze minutos. Foi este o tempo que duraram as esperanças da equipa de Paulo Sousa, no Estádio de Macau, na derrota de ontem diante do Kashima por 3-0. No encontro da segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões Asiáticos, a formação chinesa esperava alcançar a reviravolta que lhe permitisse um apuramento histórico para as ‘meias’, mas acabou derrotada com um resultado acumulado de 5-0, após a derrota na primeira mão por 2-0, no Japão.

Ao contrário do que é habitual, houve ambiente de festa do futebol no Estádio de Macau. Os adeptos chineses estavam em maior número, vestidos de branco, mas foi do Japão que veio o maior apoio. No total marcaram presença no estádio 8.718 espectadores.

A necessitar de uma vitória, o treinador português Paulo Sousa apostou numa equipa com um cariz mais ofensivo, adoptando o esquema táctico de 3-5-2. Na frente, e recuperado de uma intoxicação alimentar, o criativo Alexandre Pato era  estrela da formação. No lado do Kashima Antlers, o técnico Oiwa Go fez a equipa actuar num 4-4-2, com os médios brasileiros Serginho e Leo Silva como os jogadores mais perigosos, não tendo problemas em pedir aos jogadores que queimassem tempo para proteger a vantagem de 2-0.

Com a reviravolta em mente, o Tianjin Quanjian entrou totalmente balanceado para o ataque à procura do golo. Por sua vez, o Antlers entregava o jogo ao adversário, apostando no erro contrário.

Ainda as equipas se estavam a estudar e surgiu o primeiro lance de perigo. Aos três minutos, ataque conduzido na direita pelo Tianjin com a bola a ser bombeada para o lado contrário, onde surge outro cruzamento para a área. Pato tenta fazer o remate acrobático, mas a bola segue em direcção ao guardião Kwoun Suntae. Com o esférico a sair à figura, o guarda-redes limitou-se a defender.

Foi aos 13 minutos, que surgiu o primeiro golo, numa jogada de contra-ataque. Após um passe longo, Zhang Xiuwei tenta dominar a bola na linha. Contudo, mais não fez do que dominar para o adversário, que na jogada de contra-ataque conseguiu ganhar o canto. Na marcação, Serginho surge ao primeiro poste e cabeceia para o 1-0.

A partir desse momento, a formação chinesa pareceu perder a esperança. Apesar de continuar a ser a equipa com mais posse de bola, o futebol praticado deixava muito a desejar. Em vários ocasiões por incapacidade ofensiva, a estratégia parecia limitar-se a bombear a bola para onde estivesse Alexandre Pato, e o brasileiro que resolvesse.

Uchida decisivo

Foi numa destas bolas bombeadas que o TIanjin ia chegando ao golo. Aos 24 minutos, após a cobrança de um livre à entrada da área por Pato, que optou por cruzar, a bola acaba enrolada na defesa e volta a pingar para o brasileiro. Com Suntae fora da baliza, o atacante rematou em direcção à baliza, mas Atsuto Uchida cortou em cima da linha de golo.

Se o Tianjin tinha dificuldades ofensivas, o mesmo não se passou com o Kashima. Bem organizados defensivamente, os japoneses saíam sempre em lances perigosos no contra-ataque.

Foi aos 27 minutos chegou o 2-0. Após um contra-ataque na esquerda de Uchida, que momentos antes tinha sido o salvador japonês, cruza para o bico da pequena da área, onde surgiu Hiroki Abe. O avançado rematou e ainda contou com um desvio num defesa contrário, que não deu qualquer hipótese a Zhang Lu.

Após o segundo tempo o encontro não teve grandes alterações e aos 66 minutos, Shima Doi ainda fez o 3-0. Aos 89, o Tianjin ainda poderia ter feito o tento de honra, mas o remate na área de Zheng Dalun acabou por bateu na barra.

Número:

8718 espectadores

19 Set 2018

LCA | Paulo Sousa encara encontro como se estivesse em casa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Tianjin Quanjian vai utilizar hoje o Estádio de Macau para a segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões Asiáticos e Paulo Sousa quer surpreender o adversário, depois de ter perdido na primeira mão por 2-0.

Em Macau, mas a jogar em casa. É desta forma que Paulo Sousa, treinador do Tianjin Quanjian, encara a partida desta noite, às 19h30, no Estádio de Macau diante do Kashima Antlers. Na primeira-mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões Asiáticos, a formação chinesa perdeu por 2-0, pelo que terá de conseguir um resultado de, pelo menos, 3-0 para se apurar para as meias-finais.

“Estamos a jogar fora, mas sentimos que estamos em casa. Por isso, vamos procurar pressionar o adversário desde o início, mantendo a concentração para não sofrer golos. Mas queremos ter a posse da bola e criar as oportunidades para virar a eliminatória”, disse, ontem, o técnico português, no lançamento da partida.

Uma das condicionantes da partida passa pelo facto dos trabalhos das equipas terem sido afectados pela passagem do tufão Mangkhut, que impediu que subissem ao relvado. Paulo Sousa considera que esta é uma realidade que encara pela primeira vez, mas que não será justificação para um resultado menos conseguido. “A equipa está recuperada [após a derrota por 1-0 do fim-de-semana diante do Dalian Yifang]. Não fomos autorizados a sair do hotel, mas tivemos duas excelentes sessões de recuperação. Para nós há muitas coisas novas que temos de enfrentar e esta é só mais uma. Mesmo assim, estamos confiantes que podemos ter o resultado que procuramos”, explicou.

Ainda em relação ao adversário, o treinador frisou que o futebol japonês está muito mais desenvolvido do que o chinês. “Em termos técnicos, físicos e tácticos o futebol japonês está mais desenvolvido. O jogador japonês tem uma outra forma de ler os jogos. Mas a nível mental somos superiores e podemos ser competitivos. Já mostrámos nos encontros do grupo que podemos vencer equipas japonesas e é isso que temos de repetir”, considerou.

Solidariedade nipónica

Por sua vez, o treinador dos Kashima Antlers, Go Oiwa, começou a conferência de imprensa por recordar os afectados pelo tufão Mangkhut. “Queremos mostrar a nossa solidariedade por todos os afectados pelo tufão, quer em Macau, quer nas jurisdições vizinhas. Nesta altura difícil, os nossos pensamentos estão com eles”, afirmou o técnico japonês. Apesar de nem Macau nem Hong Kong não terem registado vítimas mortais, nas Filipinas e no Interior da China houve quem não resistisse à passagem tufão.

Já sobre a partida, Go Oiwa vincou a vontade da equipa não sofrer qualquer golo e de impor o seu jogo. O técnico japonês alertou também para os perigos da equipa jogar demasiado à defesa e deixar-se surpreender.
O encontro está agendado para esta noite. A Associação de Futebol de Macau distribui, no sábado, cinco mil bilhetes para o encontro, que foram todos levantados por residentes em cerca de duas horas.

18 Set 2018

GP Motos | McGuiness e Jessopp confirmados para Novembro

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Ducati vai tentar revalidar o título do Grande Prémio de Motos de Macau em 2018, tendo confirmado na passada sexta-feira a sua equipa de pilotos que inclui duas caras bem conhecidas da prova.

John McGuinness e Martin Jessopp vão defender as cores do construtor de Borgo Panigale contra, o que se espera, uma armada numerosa de motos da BMW, inscritos pela equipa Be Wiser Ducati Racing Team, que na prática não é mais que a estrutura ganhadora Paul Bird Motorsport com o nome diferente, a mesma formação que venceu a prova de Macau em 2017.

Depois do triunfo na prova do ano passado aos comandos de uma Ducati 1199S, Glenn Irwin decidiu contra um regresso a Macau este ano. O piloto da Irlanda do Norte afirmou ainda não ter ultrapassado o trauma do acidente que vitimou David Hagerty, o que obrigou Paul Bird a encontrar substitutos à altura.

Ao contrário de Irwin, extremamente motivado para regressar ao Oriente está McGuinness, que foi o grande ausente da edição do ano passado por estar a recuperar de um despiste numa sessão de treinos causado por um problema electrónico na sua mota. Recuperado das mazelas desse despiste, o veterano de 46 anos está de volta às lides, tendo triunfado já este ano na Classic TT. McGuinness venceu no Circuito da Guia em 2001, regressando depois ao pódio por diversas ocasiões.

Já Jessopp, que em 2016 partiu da pole-position, quererá quebrar o enguiço e tentar vencer entre nós pela primeira vez. O britânico foi presença no pódio da prova em cinco das sete últimas edições da prova, mas nunca subiu ao degrau mais alto do palanque.

A confirmação de McGuiness e de Jessopp é uma mais valia para 52ª edição da corrida de motociclismo mais antiga do continente asiático, isto após Michael Rutter já ter atestado ao HM que voltaria à RAEM em Novembro.

18 Set 2018

Futebol | Portugal conquista quarto título europeu de sub-19

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] selecção portuguesa de futebol de sub-19 conquistou o título europeu do escalão, pela quarta vez, depois dos triunfos em 1961, 1994 e 1999, ao vencer a Itália, por 4-3, após prolongamento, na Finlândia.

Pedro Correia, aos 109 minutos, marcou o golo do triunfo da equipa das ‘quinas’, que tinha vencido o Torneio Internacional de Juniores em 1961 e os Europeus de sub-18 em 1994 e 1999.
Os comandados de Hélio Sousa, que já tinha levado esta geração ao triunfo no Europeu de sub-17 de 2016, esteve a vencer por 2-0, com golos de João Filipe, aos 45+1, e Francisco Trincão, aos 72, mas permitiu o empate, com o ‘bis’ do suplente Moise Kean, aos 75 e 76. No prolongamento, João Filipe colocou a selecção lusa em vantagem, aos 104, Gianluca Scamacca voltou a empatar, aos 108, um minuto antes de Pedro Correia decidir o encontro.
Portugal sucede no historial da competição à Inglaterra, que tinha batido a equipa das ‘quinas’ na final do torneio de 2017, naquela que foi a sua terceira presença no encontro decisivo, depois dos desaires em 2003 e 2014 numa competição que desde 2002 passou a ser de sub-19.

Saudação de Marcelo
O Presidente da República saudou a vitória de Portugal na final do Europeu de Futebol de Sub-19, considerando-a “um novo ponto alto do futebol português”, dos jovens que “fazem acreditar no futuro”. Na sua mensagem de felicitações aos campeões europeus, divulgada no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa assinala que “a alegria” que os jovens futebolistas “trouxeram a Portugal merece o reconhecimento do Presidente da República” e os “parabéns por esta grande vitória (…), muito sofrida e heroica”. “Um novo ponto alto do futebol português, destes jovens que nos fazem acreditar no futuro”, termina o chefe de Estado.
Também António Costa dirigiu felicitações a equipa. O primeiro-ministro felicitou a selecção portuguesa de futebol de sub-19 pela “grande vitória” na final do europeu, na Finlândia, considerando que foi merecida.
“Parabéns à selecção de Portugal, campeões europeus de sub-19! Que grande percurso, que grande vitória! Merecem este título. Parabéns campeões, por mais esta vitória de Portugal”, escreveu o chefe do Governo na rede social Twitter.

31 Jul 2018

Motociclismo | Prova de Vila Real pode ajudar portugueses no regresso à Guia

[dropcap style=’circle’] M [/dropcap] acau e Vila Real de Trás-os-Montes têm em comum pelo menos uma coisa. Ambas as cidades são conhecidas por organizarem um evento de automobilismo de carácter anual nas suas ruas, fazendo ambas parte do calendário da Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR)

As chamadas “Corridas de Vila Real” são o mais importante cartaz turístico da cidade transmontana, sendo sem dúvida a sua marca distintiva no panorama Nacional e Internacional, um pouco à imagem do que acontece com o Grande Prémio de Macau. Depois de algumas paragens e interregnos, o Circuito de Vila Real tem sido, desde 2014, uma força na promoção do turismo da região e os organizadores do evento querem aumentar o seu alcance nos próximos anos.

Na pretérita edição, os vilarealenses voltaram a realizar mais uma exibição de “duas rodas”, que serviu também de teste à pista para avaliar a possibilidade do regresso das competições de motos a Vila Real, depois das motas terem sido banidas em 1993. “Queremos que isso venha a acontecer, mas queremos ter a garantia de que isso acontecerá com toda a segurança”, salientou à comunicação social o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos.

Se Vila Real se conseguir afirmar no mundo do “Road Racing”, as possibilidades da presença portuguesa no Grande Prémio de Motos de Macau vão aumentar certamente. A Federação de Motociclismo de Portugal recebia da RAEM três convites para pilotos portugueses, mas com a introdução de critérios mais exigentes na escolha dos participantes, por parte do Grande Prémio de Macau, o número de representantes lusitanos tem vindo a diminuir ao longo dos anos.

O motociclismo de velocidade em Portugal baseia-se essencialmente em competições de circuito e muito raramente há a oportunidade, ou ensejo, para os pilotos lusos participarem nas mais prestigiadas provas de estrada, como a conceituada prova da Ilha de Man ou a North West 200. A presença nestas provas é quase obrigatórias para os pilotos que ambicionem um convite para o Grande Prémio de Macau.

Neste momento, André Pires é o único piloto português que reúne as condições para participar na provas de motociclismo da RAEM.

“Sem dúvida que, se Vila Real vier a fazer uma prova e o pilotos portugueses participarem, vai ser uma prova tão boa como Ilha de Man ou o Grande Prémio de Macau”, admitiu Pires ao HM. “Estamos a falar de um circuito citadino, com muita qualidade, onde já se faz provas do mundial de Turismos. Assim já fica mais fácil monetariamente para os pilotos portugueses que gostam das Road Racing poderem participar e claro que dá uma grande experiência.”

Pires que se iniciou no motociclismo em 2005 para receber o seu primeiro convite para o Grande Prémio de Macau em 2013, numa edição em que foi o melhor “rookie”, reconhece que, se o Circuito de Vila Real voltar a acolher competições de motociclismo de gabarito internacional “ficará mais fácil termos mais que um português a participar em Macau”.

 

Pires na expectativa

Apesar de 2017 ter sido uma edição para esquecer para o piloto de Vila Pouca de Aguiar, o actual terceiro classificado no Campeonato Nacional de Superbike espera voltar em Novembro ao Circuito da Guia. O português aguarda pacientemente por receber o convite da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. “A data começa aproximar-se e vontade não falta, mas ainda não sei se tenho o convite”, explicou André Pires. ao HM. “Espero ter, pois reúno as condições para poder voltar. Espero poder dizer algo em breve.”

Na edição de 2017, Pires fez a sua melhor volta na qualificação em 2.32,167 minutos, 9,086 segundos mais lento que o pole-position e vencedor, o irlandês Glen Irwin (Ducati). O piloto de 28 anos acabaria, no entanto, por não alinhar na corrida devido a um problema de motor da sua Kawasaki. Há dois anos, numa edição ganha pelo britânico Peter Hickmann, em BMW, Pires levou uma Bimota, de motor BMW e preparada no Reino Unido, até ao 19º lugar final.

 

 

 

 

 

26 Jul 2018

Futebol | Diego Patriota eleito atleta do ano e Benfica a melhor equipa

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] escolha do onze ideal da Liga de Elite causou polémica. O melhor guarda-redes do ano, Batista, ficou de fora. O Sporting de Macau foi 3.º e o Monte Carlo 6.º, com mais derrotas do que vitórias, mesmo assim os leões não tem atletas no onze ideal e os canarinhos têm dois

A Associação de Futebol de Macau (AFM) revelou na sexta-feira o melhor 11 da temporada da Liga de Elite e o destaque vai para o facto do melhor guarda-redes do ano, Batista (Benfica de Macau), não estar no onze ideal, nem ter sido escolhido qualquer atleta do Sporting de Macau, apesar do 3.º lugar na classificação. No pólo oposto, o Monte Carlo, que não foi além do 6.º lugar na liga, com mais derrotas do que vitórias (9 jogos perdidos contra 8 vitórias e um empate), tem dois atletas escolhidos, nomeadamente Paulo Cheang, capitão da selecção de Macau, e Cheong Hoi San.

Para a eleição do onze da Liga de Elite contribuíram os internautas, com um poder de 10 por cento na votação final, a associação de jornalistas desportivos, que deu início a esta iniciativa há cerca de 9 anos, com 30 por cento, e uma comissão de revisão dos votos, da AFM, com 60 por cento. A comissão de revisão é constituída por representaste da associação, da associação de veteranos e dos clubes.

Segundo os resultados apurados, o onze ideal joga no esquema táctico 3-4-3, com o guardião Leong Chon Kit, do Ching Fung, a ser o escolhido para a baliza ideal. O guarda-redes teve apenas 2 votos dos internautas, 0 dos jornalistas, mas a comissão de revisão deu-lhe 11 pontos, suficiente para ser o seleccionado, enquanto Batista ficou de fora.

Em relação aos 10 jogadores de campo, o campeão Benfica é a equipa mais representada, com 5 atletas, segue-se o Monte Carlo e Ka I, com dois jogadores cada, e Chao Pak Kei, com um.

 

“Parece uma anedota”

Para o treinador do Benfica de Macau, Bernardo Tavares o facto de Batista não estar no onze principal é chocante: “Parece uma anedota. O Batista é o guarda-redes do ano, mas não está no onze. Fico triste com este tratamento ao Batista. É uma prova de que os prémios não são justos”, disse ao HM Bernardo Tavares, treinador das águias.

“Deve-se questionar a AFM sobre os critérios. A ideia que dá é que foi uma votação entre amigos. Só o facto do melhor guarda-redes não fazer parte do onze titular diz tudo”, acrescentou.

Também o facto de Prince, extremo do Sporting de Macau ter ficado de fora levou Bernardo Tavares a mostrar-se incrédulo. “Sinceramente, se eu tivesse de fazer um onze destes, pelo menos nove jogadores seriam do Benfica. Foi a equipa campeã só com um empate, ao mesmo tempo que competia na Taça AFC”, começou por sublinhar. “Mas também é difícil compreender que havendo tantos jogadores de outras equipas que não o Benfica, que o melhor jogador do terceiro classificado [Prince] não esteja no onze… Eles [AFM] é que sabem…”, acrescentou.

Por sua vez, o director técnico do Sporting de Macau, José Reis, não se mostrou surpreendido. “É o normal funcionamento da AFM. Há clubes com um excelente relacionamento com os membros da AFM, que têm visível influência, que depois são premiados no final da época com a inclusão de atletas em onze ideias e distinções para treinadores”, afirmou. “É a única explicação que encontro para os resultados”, vincou.

José Reis informou também que os jogadores já tinham sido avisados para o facto de não serem nomeados. “O Prince não ficou desiludido porque já tinha sido avisado que as hipóteses de ser distinguindo eram extremamente reduzidas. Tivemos de preparar o jogador, até porque ele tinha uma certa expectativa, após o excelente rendimento desportivo reconhecido por todos”, sustentou.

“Se fosse um critério puramente desportivo havia vários jogadores e treinadores que tinham sido distinguidos e não estão lá. Outros não se distinguiram pela positiva ao longo da época e estão no onze…”, referiu.

De acordo com a explicação da AFM, foram distribuídos boletins às equipas para nomearem atletas para serem votados. Contudo, houve equipas que tiveram dificuldades no preenchimento dos papéis porque a documentação só estava em chinês. A AFM também disse que tem ouvido as opiniões dos clubes face aos resultados e vai tentar incorporá-las nas próximas edições das votações.

 

 

Inácio Hui treinador do ano

No que diz respeito aos prémios individuais, William Carlo Gomes foi o melhor marcador, com 38 tiros certeiros. Já na baliza, Batista ficou na frente de Ho Man Fai, do Monte Carlo, e de Lo Weng Hou, do Chao Pak Kei.

No que diz respeito ao melhor atleta sub-23, o prémio foi para Cheong Hoi San, do Monte Carlo, na frente de Lo Weng Hou, do Chao Pak Kei, e de Miguel Noronha, também do Monte Carlo.

Finalmente, ao nível do comando técnico das equipas, Inácio Hui, do C.P.K. foi considerado o melhor treinador, seguido por João da Rosa do Ching Fung. Bernardo Tavares do Benfica, que somou 17 vitórias e 1 empate em 18 jogos, não foi além do terceiro lugar. “Foi a escolha deles, uma pessoa tem que respeitar. Assisti a tanta coisa em Macau, que nem vale a pena estar a pronunciar-me”, frisou.

23 Jul 2018

Ténis | João Sousa segue para os quartos de final do torneio de Antália

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] tenista português João Sousa, sexto cabeça de série, qualificou-se para os quartos de final do torneio de Antália, ao impor-se ao bósnio Mirza Basic em três ‘sets’, em encontro da segunda ronda da prova turca.
Sousa, que ocupa o 47.º lugar do ‘ranking’ mundial, perdeu o primeiro parcial frente ao 78.º classificado da hierarquia, no ‘tie-break’, por 7-6 (7-1), mas venceu os dois seguintes, ambos por 6-4, fechando o encontro após 2h30 horas.
“Estou muito contente pela vitória. Foi um encontro muito duro a nível físico e a nível mental. Foi um encontro muito disputado com algumas quebras de serviço. O primeiro ‘set’ decidiu-se nos detalhes e no segundo consegui entrar muito bem e fiz um ‘break’ logo a abrir e ainda consegui fazer outro e venci a jogar a um bom nível. No terceiro ‘set’ também fui superior, dispus de dois ‘breaks’ e depois servi bem para fechar o encontro”, disse, à sua assessoria de imprensa.
O tenista português, que na ronda inaugural tinha batido o alemão Florian Mayer, vai defrontar nos quartos de final o francês Adrian Mannarino, número 24 do mundo e primeiro pré-designado, que afastou o lituano Ricardas Berankis, por 6-4 e 7-5. “É mais um jogador muito difícil, que gosta deste tipo de superfícies. Vai ser um encontro muito exigente. Agora é descansar e preparar o encontro da melhor forma”, afirmou.

Par ou ímpar
João Sousa jogou ainda em pares, ao lado do espanhol Guillermo García-López, perdendo com o checo Roman Jebavy e o chileno Julio Peralta, por 7-6 (7-5), 3-6, 10-6. “Infelizmente não conseguimos vencer. Tanto eu como o Guillermo notámos algum desgaste físico, mas que não serve de desculpa. Penso que eles jogaram um bom encontro. Conseguimos jogar a um bom nível, mas eles foram melhores”, assumiu.

29 Jun 2018

Liga de Elite | Benfica de Macau ataca ‘penta’ frente ao Monte Carlo

[dropcap style=’circle’] U [/dropcap] m, dois, três, quatro e cinco… Pode ser este o registo do Benfica de Macau ao nível de títulos da Liga de Elite, caso vença o Monte Carlo no Domingo, ou veja o Monte Carlo empatar ou perder frente à Polícia.
O Benfica de Macau defronta o Monte Carlo no domingo às 20h30, no Estádio de Macau, e em caso de vitória confirma a conquista do título da Liga de Elite, o quinto consecutivo. Em declarações ao HM, Bernardo Tavares, treinador das águias, destacou a evolução dos Canarinhos, desde o início da temporada, e admite que os encarnados poderão enfrentar mais dificuldades do que as esperadas.
“O nosso objectivo em qualquer jogo é entrar para ganhar. Mas estamos a falar de uma equipa que evoluiu bastante e tem jogadores locais com bastante qualidade. Nota-se que houve uma grande evolução desde o início do campeonato”, disse o treinador. “Vi o jogo deles frente ao Chao Pak Kei e confesso que esperava um pouco mais, mas no encontro anterior a esse, diante do Ka I apostaram em transições rápidas e criaram lances de perigo, é este tipo de jogo que espero contra nós”, acrescentou.
No entanto, o treinador considera que este encontro se trata de um dérbi e que mesmo que um dos adversários atravesse um período mais complicado, a mentalidade acaba sempre por ser diferente: “É um dérbi de Macau, é um Benfica contra o Monte Carlo e as duas equipas acabam sempre por ter uma mentalidade diferente nestes encontros, mesmo que não esteja ao nível anterior”, justificou.
À entrada desta 16.ª jornada, os encarnados têm sete pontos de vantagem para o C.P.K., que entra em acção no mesmo dia, às 18h30, diante da Polícia. Caso o Chao Pak Kei não ganhe, o Benfica é automaticamente campeão, mesmo antes de defrontar o Monte Carlo.
Contudo, Bernardo Tavares prefere focar-se na tarefa da equipa e garantir que os encarnados fazem o seu trabalho: “Se conseguirmos apontar um golo cedo, a ânsia de sermos campeões desaparece rapidamente e a tarefa torna-se mais fácil. Se o Monte Carlo for adiando o nosso golo, vamos ter uma tarefa mais difícil, porque com o desenrolar da partida a ansiedade vai crescer e é mais difícil tomar as melhores decisões”, constatou.

Sempre no controlo
Para o ataque ao título o Benfica de Macau tem como baixas garantidas Amâncio, por lesão, Titto, por castigo. Alguns jogadores poderão também ter de falhar o encontro devido a compromissos profissionais.
Todavia as alterações forçadas não vão alterar a estratégia da equipa: “Vamos entrar para manter o controlo do jogo. Vai ser essa a nossa postura até porque nesta edição da Liga de Elite não houve uma única equipa que não nos tivesse dado o controlo da posse da bola. Apenas o C.P.K. não o fez, mas só quando já estava a perder no encontro em que empatámos”, considerou.
Sobre uma eventual conquista do título, Bernardo Tavares aponta como principal responsável a equipa e Duarte Alves: “De ano para ano tem tentado sempre valorizar o clube. É o grande responsável, caso o campeonato se confirme”, apontou.

15 Jun 2018

Taça AFC | Benfica de Macau procura regressar às vitórias em Taiwan

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s águias vão à Ilha Formosa procurar mais uma vitória para se manterem no luta pelo segundo lugar do Grupo I da Taça AFC. Em declarações ao HM, Bernardo Tavares admite que a equipa vai ter pela frente um desafio muito difícil.

O Benfica de Macau está em Taiwan e defronta esta tarde, pelas 19h, o Hang Yuen, no quinto jogo do Grupo I da Taça AFC. Ao HM, o treinador Bernardo Tavares previu uma tarefa muito difícil para as águias, mas garante que a motivação dos atletas está em alta, apesar das duas derrotas seguidas frente ao 25 de Abril, por 8-0 e 2-0.
“A atitude da equipa tem sido fantástica e a motivação está nos 200 por cento. Até os jogadores que estão lesionados querem ir para o relvado e participar nos encontros para a Taça AFC. O esforço do atletas tem sido inexcedível”, afirmou o treinador das águias.
No primeiro jogo oficial do Benfica de Macau na Taça AFC, a formação local conseguiu ganhar em Macau diante da equipa de Taiwan por 3-2, após ter estado a perder por 2-0. No entanto, Bernardo Tavares espera agora uma tarefa mais complicada, até porque o Hang Yuen já começou a participação na Liga da Ilha Formosa.
“Vai ser um jogo mais difícil. Apesar de termos vencido por 3-2 em Macau, esta equipa já começou o campeonato e tem um entrosamento maior. Também estão melhor fisicamente e isso ficou demonstrado pelo último jogo, em que só perderam por 1-0, diante do Hwaepul”, explicou.
“É uma equipa muito agressiva que tem jogadores muito físicos como Lin Shih-Kai e Chen Ching-Hsuan. Também no meio-campo têm o Jean-Marc Alexandre, um jogador possante e com experiência da liga norte-americana”, acrescentou o técnico sobre os pontos fortes do Hang Yuen.

Menos de 72 horas
Por outro lado, Bernardo Tavares reconheceu que a tarefa das águias é mais complicada pelo facto da equipa ter tido menos de 72 horas de descanso, após o último encontro para a Liga de Elite. Este foi um jogo em que os encarnados derrotaram o Ka I por expressivos 8-2.
Ao mesmo tempo, o Benfica tem vários jogadores em dúvida, como Cuco, Edgar Teixeira, David Tetteh, Lei Chi Kin e Nicholas Torrão. Confirmadas estão as ausências de Vítor Almeida, Filipe Duarte, por lesões, e Gilchrist Nguema, suspenso por acumulação de amarelos.
“As baixas fazem com que tenhamos de adaptar jogadores a posições em que não estão habituados a jogar. Por isso, será uma partida que vai exigir um grande espírito de sacrifício dos atletas. Também tivemos um descanso inferior a 72 horas com viagens pelo menos, após o último jogo e poderá haver cansaço. Não serve como desculpa, mas é uma situação nova com que temos de lidar”, disse o treinador do Benfica.
Bernardo Tavares faz ainda um balanço positivo da participação na competição, mesmo que os resultados no jogo de hoje e depois frente ao Hwaepul, a 16 de Maio, não sejam os que a equipa deseje.
“Se olharmos para o que se passou nos dois jogos que ganhámos e para o resultados em si, acho que as pessoas em Macau e o Futebol de Macau têm de estar orgulhosos com o que se conseguiu fazer”, considerou.
No outro encontro do grupo, o Hwaepul recebe o já apurado 25 de Abril, às 14h de Macau. As águias e a formação do Hwaepul estão neste momento a lutar pelo segundo lugar do grupo.

2 Mai 2018

Benfica de Macau defronta hoje 25 de Abril

As águias vão ter pela frente o principal favorito a qualificar-se neste Grupo I da Taça AFC. Um empate ou uma vitória colocam o Benfica de Macau definitivamente na luta pelo apuramento para a próxima fase da competição

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau regressa estar tarde aos palcos da Taça AFC, para defrontar o 25 de Abril, às 16h, hora de Macau. No plano teórico, este vai ser o encontro mais complicado para a equipa orientada por Bernardo Tavares, que desde segunda-feira está na Coreia do Norte, onde vai entrar em acção no Estádio 1.º de Maio. Este é o recinto onde habitualmente joga a selecção norte-coreana.

Após duas jornadas, o 25 de Abril e o Benfica de Macau lideram com os mesmo pontos o Grupo I da Taça AFC. No entanto, os norte-coreanos tem a vantagem devido a um maior número de golos apontados, após as vitórias por 1-0 diante do Hwaepul SC e por 5-1 frente ao taiwaneses do Hang Yuen. Já o Benfica chega a esta partida depois da vitória por 3-2 com o Hang Yuen, na primeira jornada do grupo, e por 3-2 com o Hwaepul SC, numa partida que também foi disputada na Coreia do Norte.

No que diz respeito à equipa orientada por Yun Son O, tida como a grande favorita do grupo, o maior perigo surge do jogador An Il-Born, que em dois encontros apontou três golos. O avançado da turma norte-coreana, apontou o tento que derrotou o Hwaepul e, já em Taiwan, ainda fez balançar as redes da baliza do Hang Yuen em duas ocasiões. Ainda em termos dos atacantes, Om Chol-Song será outro dos principais perigos para a baliza do guarda-redes dos encarnados, Batista.

No jogo de hoje a formação do 25 de Abril deverá alinha no 4-4-2, que utilizou nas duas partidas anteriores, tendo ainda como ponto forte o facto dos jogadores se conhecerem muito bem. Além de jogarem juntos na liga do país, o clube forneceu nove atletas à selecção da Coreia do Norte, como aconteceu na última convocatória. Nesse encontro, realizado a 27 de Março, os coreanos derrotaram Hong Kong por 2-0, e cinco jogadores foram titulares, nomeadamente os defesas Kim Chol-Bom e Sim Hyon-Jin, o médio So Kyong-Jin e o atacante Kim Yu-Song. Pak Myong-Song começou no banco, mas acabou por entrar na segunda parte.

Esta é mais uma prova da valia da associação coreana, que ocupa actualmente o 119.º lugar do ranking FIFA, enquanto Macau está na 186ª posição.

 

Aposta em Carlos Leonel

Nas águias, o avançado Carlos Leonel tem-se destacado como a grande referência da equipa, nas partidas já disputadas. Nos dois encontros  do Benfica na competição, o internacional por Macau foi responsável por quatro golos, com dois tentos em cada jogo.

Nesta partida, o Benfica perde um pouco o factor surpresa, uma vez que esta é a segunda partida que vai disputar uma partida em território norte-coreano. No entanto, a motivação está em alta, depois das duas vitórias na estreia nesta fase da competição.

 

 

 

 

Hwaepul esmaga Hang Yuen por 6-1

 

O Hang Yuen, que se estreia na competição, provou mais uma vez que é a equipa em maiores dificuldades no Grupo I da Taça AFC, após ter sido goleada na Coreia do Norte, diante do Hwaepul, por 6-1.

No estádio Kil Il Sung, e diante cerca de 4 mil adeptos, o marcador foi inaugurado aos 19 minutos por Ri Yong-gwon. O mesmo jogador bisaria momentos mais tarde, aos 36 minutos, fazendo o 2-0 com que a partida chegou ao intervalo.

No segundo tempo, o defesa do Hang Yuen, Yen Ting-yuen, apontou um autogolo, aos 50 minutos, mas sua equipa reagiu fazendo o 3-1, ao 55 minutos.

As esperanças de uma recuperação morreram três minutos depois, com o 4-1 por intermédio de Jong Chol-hyok. Até ao final Ri Song e Jong-min apontaram os restantes golos que colocaram o resultado em 6-1.

11 Abr 2018

Liga de Elite | C.P.K isola-se em segundo com vitória por 2-1 frente ao Sporting

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Chao Pak Kei isolou-se no segundo lugar com um golo de Diego Patriota já nos tempos de desconto. Por sua vez, o Benfica de Macau é cada vez mais líder, após vencer a Polícia por 2-0.

Diego Patriota foi o herói do Chao Pak Kei e apontou os dois golos que permitiram à formação orientada por Ignacio Hui vencer o Sporting de Macau, por 2-1. O golo da vitória chegou no último lance da partida e vale o segundo lugar da Liga de Elite isolado ao C.P.K.

Com a luta pelo segundo lugar ao rubro, C.P.K. e Sporting de Macau defrontaram-se no sábado à noite, no Estádio de Macau, naquele que foi o primeiro encontro entre as duas formações esta temporada, em jogos oficiais.

A partir dos minutos iniciais, o C.P.K. assumiu o controlo do encontro, com a equipa instalada no meio-campo defensivo do Sporting. Por sua vez, a formação orientada por Nuno Capela preocupava-se em não dar espaços defensivos, apostando em contra-ataques conduzidos pelos nigerianos Prince e Malachy, jogadores com uma velocidade muito acima da média.

Foi nesta toada que a primeira oportunidade de golo surgiu para o C.P.K., aos 8 minutos, com Bruno Nogueira a rematar no bico da área do Sporting. O remate do brasileiro tomou a direcção da baliza, mas o guardião Rui Oliveira, atento, agarrou sem grandes dificuldades.

Volvidos mais seis minutos, o C.P.K. voltou a ter uma nova oportunidade de golo. Após um livre na esquerda do ataque, marcado à Camacho, ou seja com um toque para a entrada da área, Diego Patriota surgiu na cara do golo. Com todo o tempo do mundo, o brasileiro rematou fraco, permitindo a Rui Oliveira mais uma defesa.

Até ao intervalo a formação o Chao Pak Kei continuou a carregar e aos 34 minutos, Lam Ka Seng teve mesmo o golo nos pés. Contudo, à imagem de Patriota, rematou fraco no momento decisivo.

 

Reviravolta

Logo após o intervalo, a estratégia de Nuno Capela deu frutos. Num contra-ataque rápido, Prince passa por três defesas do C.P.K. e encontra, num misto de cruzamento e remate, Malachy, ao segundo poste. O nigeriano não perdoou e encostou para o 1-0. Um golo que premiou a eficácia leonina, contra o maior caudal ofensivo do adversário.

No entanto, o empate chegou 10 minutos depois. Num lance com uma bola bombeada para a área, Eric Peres toca com um braço o peito de Danilo, que cai na área. O árbitro não tem dúvidas e apita para grande penalidade. Na consequência do lance, Peres teve mesmo de ser substituído devido a lesão no tornozelo.

Na marcação do castigo máximo, Patriota rematou rasteiro para a direita da baliza e enganou o guarda-redes, que se atirou para o lado oposto. Estava feito o empate a 1-1, quando o relógio indicava os 56 minutos.

Com o jogo empatado o C.P.K. continuou mais pressionaste. A vitória poderia ter chegado logo aos 78 minutos, porém, Danilo teve um falhanço incrível, quando se conseguiu isolar.

Finalmente, aos três minutos de desconto, surgiu o momento decisivo. Após um primeiro cruzamento de longe, a defesa do Sporting não consegue aliviar a bola, que sobra para Lam Ka Seng. O jogador do C.P.K. em vez de rematar passa à entrada da área para Patriota, que coloca bola junto ao poste esquerdo e faz o 2-1.

 

Benfica firme na liderança

Já na sexta-feira, o Benfica de Macau tinha ganho à Polícia por 2-0, num jogo mais sofrido do que inicialmente seria espectável. Os golos só surgiram no segundo tempo, primeiro por Pang Chi Hang, aos 49 minutos, e depois por Filipe Duarte, aos 89 minutos.

No jogo dos últimos classificados o Hang Sai venceu os Serviços de Alfândega por 2-1 e o Ka I bateu o Lai Chi por 11-1. À hora de fecho da edição do HM, Monte Carlo e Ching Fung ainda estava a disputar o último jogo da jornada.

9 Abr 2018

Automobilismo | Pilotos locais querem mudanças nas corridas locais

[dropcap=’circle’] O [/dropcap] automobilismo local está a passar por uma fase periclitante. A participação no Grande Prémio está cada vez mais restrito aos pilotos da terra, enquanto que o único campeonato de automóveis sob a égide das entidades do território vive uma fase complicada de transição.

Com três Taças do Mundo FIA, quase inacessíveis para a maioria dos pilotos da RAEM, e uma competição de motociclismo, que por razões de segurança limita a participação apenas àqueles com uma sólida experiência internacional, a presença dos pilotos da casa no Grande Prémio reduz-se nos dias de hoje praticamente à Taça de Carros de Turismo de Macau, mais conhecida por “Taça CTM”.

O actual regulamento técnico do Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa), competição que serve de apuramento para a Taça de Carros de Turismo de Macau do Grande Prémio, é único no mundo, planeando Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC) conservá-lo até ao final de 2019. No entanto, este obriga a uma exigente ginástica financeira aos que lá competem e aos que sonham um dia lá competir.

“Se no passado, não muito distante, os pilotos locais ombreavam com maquinaria muito próxima, hoje em dia não é assim”, explicou ao HM Álvaro Mourato, um ex-campeão do MTCS e vencedor em 2010 da saudosa Corrida Hotel Fortuna do Grande Prémio de Macau. “Hoje em dia competem os carros e não os pilotos. Quem tem mais possibilidades financeiras e possuir os carros mais competitivos ganha. Qualquer dia até um principiante pode ganhar o MTCS ou a ‘Taça CTM’.”

Mourato tem sido um dos pilotos mais vocais no que respeita aos prejuízos que a escalada dos custos da actual regulamentação tem trazido às corridas de carros de Turismo de Macau. Para o piloto macaense, “precisamos de uma corrida competitiva, talvez um troféu monomarca, e não uma corrida onde estão correr carros tão diferentes, como aqueles com motorizações 1950cc atmosféricos (ex-Roadsport) e 1600cc turbo, isto com um regulamento demasiado aberto.”

 

Kevin Tse, um dos pilotos que corre com a bandeira da Flor de Lotus com mais participações fora de portas e participante no MTCS, partilha da mesma opinião de Mourato. “O problema dos actuais campeonatos organizados pela AAMC é que existem demasiados carros “Frankenstein”. Os carros 1600cc Turbo e Roadsport são mal construídos por garagens locais mas mesmo assim não são baratos de construir e de colocar a correr. E se foram colocados à venda, apenas o mercado local tem interesse”, disse ao HM Kevin Tse.

 

 

Soluções existem

Quase todos os intervenientes concordam que para as corridas locais ganharem um novo fôlego é necessário mudar os regulamentos técnicos, mas também voltar a dar espaço aos da casa no grande evento desportivo do mês de Novembro.

Para o veterano Jo Rosa Merszei, um dos primeiros condutores do território a defender as cores da RAEM no estrangeiro, a solução para um futuro melhor passa “por uma mudança do regulamento para os automóveis; mais baratos, talvez especificações Grupo N (mais próximo das versões de estrada), para que não só aqueles com mais posses tenham possibilidades de correr, mas também em que o comum do cidadão possa ter uma oportunidade também.”

Mourato reforça a ideia que para motivar a entrada de novos competidores e preservar a presença dos actuais é preciso “reduzir os custos”, pois presentemente “obrigar os pilotos locais a competir em classes tão altas é difícil de suportar”. Mas também é “a favor de que hajam corridas só para locais ou tipo Interport e não as que temos actualmente”.

Sendo que a aquisição da viatura tem um peso significativo nos orçamentos dos praticantes, Kevin Tse foca outro ponto importante. “Se adoptarmos por padrões internacionais, comprar e vender carros será muito mais fácil e os custos de manutenção mais baixos. Não serão autorizadas modificações e apenas serão autorizados carros construídos pelos departamentos de competição das marcas. Essa é a forma correcta e realmente muito mais económica de tornar o Grande Prémio atraente para os pilotos locais e para uma audiência internacional.”

Há uma década os pilotos da casa tinham uma corrida de carros e uma corrida de scooters só para si no Grande Prémio. Aliás, muito do sucesso construído pelo evento nas últimas seis décadas passou pela proximidade entre a prova e os habitantes de Macau. O desejo dos pilotos locais é voltar a ter a sua própria corrida.

“Falei com vários pilotos sobre o tema e perguntei se houvesse uma corrida de carros Grupo N no Grande Prémio se estavam interessados em participar e todos dizem que sim”, afirma entusiasticamente Merszei.

Em 2018 e 2019 serão dois anos de transição, mas é esperada uma crescente pressão sobre a AAMC por parte dos pilotos que cada vez menos escondem a sua opinião de que o rumo do automobilismo tem que mudar em prol do desporto.

6 Abr 2018

Benfica vence clássico por 2-0 frente ao Monte Carlo

As águias derrotaram ontem os canarinhos mas tiveram de esperar 84 minutos para inaugurar o marcador. No Estádio de Macau, os comandados por Bernardo Tavares acusaram o cansaço da participação nas competições asiáticas.

 

 

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau derrotou ontem o Monte Carlo por 2-0, no Estádio de Macau, com golos de Gilchrist Nguema e Nicholas Torrão. Apesar de terem dominado o encontro a seu bel-prazer, as águias acusaram o cansaço físico da participação nas competições asiáticas e só conseguiram colocar-se na frente do marcador a seis minutos do fim.

Na ressaca da vitória história na Coreia do Norte, na passada Quarta-feira, o Benfica de Macau entrou em campo na sua toada habitual para a Liga de Elite, ou seja, com maior posse de bola e a jogar em ataque organizado. Por sua vez, o Monte Carlo, que esta época aposta numa formação de talentos locais e jovens, mantinha-se na expectativa e apostava em contra-ataques, sem grande sucesso.

Apesar do maior domínio, o Benfica de Macau nunca conseguiu ser muito objectivo na altura de atacar a baliza, aparentando algum cansaço físico. Um aspecto que se pode explicar com o facto da equipa só ter regressado ao território na Quinta-feira à noite.

Para se ter uma ideia, na primeira parte um dos poucos lances dignos de registo do encarnados foi aos 16 minutos, através de um remate de Cuco, que saiu muito por cima da baliza. Destaque ainda para os cruzamentos para as mãos do guarda-redes Ho Man Fai, aos 33 e 42 minutos.

 

Nó górdio

No segundo tempo, a situação não se alterou muito, mas com o passar dos minutos, o Monte Carlo foi recuando mais e mais. No pólo oposto, o Benfica instalava-se por completo no meio-campo ofensivo.
Numa jogada de ataque, aos 77 minutos, a polémica instalou-se no Estádio de Macau. Após um passe longo na direita do ataque do Benfica, Pang Chi Hang entrou na área do Monte Carlo e rodou para driblar um adversário. Nesse momento, o atleta do Benfica caiu e pediu-se penálti. Contudo, o árbitro mandou seguir.

Finalmente, aos 84 minutos, Hugo Reis assistiu Gilchrist Nguema com um passe a pingar para a entrada da área. Mais forte do que a concorrência, o atacante do Benfica ganhou o lance e fez um chapéu a Ho Man Fai, fazendo o 1-0.

Até ao final, o Benfica ainda dilatou o resultado para 2-0, com Hugo Reis novamente em destaque. O meio-campista fez um passe a rasgar para as costas da defesa e isolou Nicholas Torrão. Perante Ho Man Fai, o avançado não facilitou e apontou o golo que confirmou a vitória.

Com este triunfo o Benfica continua na frente da Liga Elite, com seis vitórias em seis jogos disputados.

Nos restantes encontros, o Sporting de Macau derrotou o Lai Chi por 6-0, o Ka I bateu o Hang Sai por 7-1, a Polícia foi esmagada pelo Chao Pak Kei por 7-0 e os Serviços de Alfândega perderam diante do Ching Fung por 3-0.

19 Mar 2018

FC Porto | Filial dos Dragões vai participar no campeonato de veteranos

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] filial azul-e-branca vai marcar o regresso ao desporto local com a participação no campeonato de veteranos. Os projectos para o futuro são comunicados esta noite ao sócios, num jantar de convívio.

O FC Porto em Macau vai apresentar aos sócios, esta noite, o projecto para a participação no campeonato local de veteranos, durante o jantar de celebração do Ano Novo Chinês. O evento está agendado para as 19h30, no Clube Militar, e tem na agenda a apresentação da situação do clube ao sócios, de acordo com Diana Massada, recém-eleita presidente da filial dos dragões no território.

“A nível do futebol temos uma equipa preparada para entrar no campeonato de veteranos, que é futebol de sete. Os treinos da equipa já começaram. Estamos também a trabalhar para ter uma equipa no campeonato Bolinha”, disse Diana Massada, ao HM.

“Na Bolinha vamos ter de começar pela 2.ª divisão. Mas queremos apresentar uma equipa com qualidade que possa dar luta aos adversários e defender as cores e o nome do FC Porto em Macau”, acrescentou.

Já o regresso ao futebol local e à 4.ª divisão só deverá acontecer na temporada de 2019. Eleita em Dezembro, mês em que começam as inscrições para os campeonatos de futebol, Diana Massada reconhece que não houve tempo para montar um projecto.

“O regresso à 4.ª Divisão será em 2019. Pareceu-nos a melhor decisão porque os actuais órgãos sociais tomaram posse quando já se estava na altura das inscrições”, apontou.

Sobre o regresso à Liga de Elite, onde actualmente militam Benfica e Sporting, Diana mostrou-se mais cautelosa: “Se quisermos pensar no futebol e em ir subindo de divisão, no médio prazo, precisamos de outro tipo de apoios e patrocinadores. Temos de ter capacidade para fazer face às despesas inerentes ao futebol e às modalidades”, justificou.

O futebol é um dos pratos principais do jantar de hoje, que vai servir para fazer um ponto da situação e apresentar os órgãos sociais. A presidente do FC Porto Macau admite também o apoio a outras modalidade, nomeadamente ténis, hóquei patins ou vela.

 

Casa-mãe entusiasmada

A reactivação da filial em Macau do FC Porto foi recebida com agrado pela casa-mãe. As duas partes têm estado em contacto e, apesar de ainda não haver nenhuma parceria concreta, no futuro, poderão ser desenvolvidos projectos ao nível da formação.

“Neste momento, estamos a desenhar um processo de formação infanto-juvenil com a casa-mãe. Após a tomada de posse, tivemos reuniões com o responsável das casas do FC Porto em Portugal, Alípio Jorge, que se mostrou entusiasmado com a reactivação da casa do FC Porto em Macau. A casa-mãe mostrou todo o seu apoio à reactivação”, revelou a nova mulher-forte do futebol azul-e-branco no território.

“Também tivemos reuniões com elementos ligados à administração, em que discutimos eventuais parcerias. Mas neste ponto ainda não há nada de muito concreto para apresentar”, admitiu.

A filial do FC Porto em Macau tem cerca de 90 sócios registados, contudo, está a decorrer uma actualização das listas. Também os mecanismos de comunicação com os sócios estão a ser melhorados, através da presença nas redes sociais.

 

9 Mar 2018

Entrevista | José Tavares, presidente do conselho de administração do IACM

A criação de órgãos municipais sem poder político será uma oportunidade para reestruturar o IACM e torná-lo mais compatível com a realidade de Macau, mas não deverão ser introduzidas alterações significativas ao que hoje é feito. José Tavares, presidente do instituto, acredita que, apesar de a casa ser grande, é possível dar conta do recado sem a multiplicação de organismos. Em entrevista, confessa que não estava à espera de dirigir o sucessor do Leal Senado, casa onde começou a trabalhar há mais de 30 anos

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá há mais de um ano na presidência do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Como é que está a ser a experiência?
É uma experiência nova de gestão. Estamos a falar de um serviço público que é o terceiro maior em termos de pessoal, são mais de 2600 funcionários, com 11 departamentos e 33 divisões. Engloba muitas áreas e cada uma com a sua especificidade. É um desafio e, ao mesmo tempo, uma experiência aliciante, apesar de já conhecer a casa – o meu primeiro emprego na Função Pública foi no Leal Senado, num cargo entretanto extinto, o de secretário-dactilógrafo.

Regressou então a casa, mas com uma responsabilidade completamente diferente, o que é um desafio.
Sempre gostei de desafios. Venho do desporto. Estou habituado a desafios.

“Reduzir o número de obras não é uma solução – leva a apenas a uma acumulação de pedidos. A cidade obriga a estas transformações.”

Quais são as áreas que considera prioritárias no IACM?

Para mim, são todas prioritárias, mas posso destacar algumas, como a segurança alimentar. É uma área que temos tratado com maior intensidade nos últimos tempos. Temos acertado alguns parâmetros e índices alimentares para que Macau possa estar de acordo com as práticas internacionais. Em 2016, foram publicados quatro novos índices e normas, incluindo os relativos ao leite em pó, e nove novas orientações. Agora, estão em fase de elaboração várias normas, sobre os limites máximos de metais pesados e de resíduos de pesticidas nos géneros alimentícios, e para a utilização de conservantes e antioxidantes. Isto quer dizer que estamos cada vez mais a elevar os nossos padrões e exigências para os alimentos importados. Macau é uma cidade de turismo e de lazer – temos toda a preocupação de fazer a protecção logo na primeira linha. Tudo isto é uma prevenção para reforçar a nossa segurança alimentar. Depois, há o investimento feito nos nossos laboratórios. Há uma atenção acrescida no que diz respeito a esta área. No início deste ano, foi feita aqui uma conferência internacional sobre aditivos alimentares, com mais de 300 participantes de mais de 50 países. Isso significa alguma coisa. São organizações internacionais que conseguimos trazer, através do apoio da China. É um sinal de que Macau quer elevar os seus padrões ao nível internacional.

A par da segurança alimentar, que outras áreas é que o preocupam?
Muitas áreas. As vias públicas são uma realidade que temos de enfrentar. O crescimento acelerado da cidade obriga a ter valas sempre abertas. É uma consequência da realidade do crescimento da cidade. Reduzir o número de obras não é uma solução – leva a apenas a uma acumulação de pedidos. A cidade obriga a estas transformações. O que pode ser feito é reforçar a coordenação, que tem que ver com os diversos serviços e também com os concessionários. A coordenação poderá ser melhorada. Juntamente com a secretária para a Administração e Justiça e com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, conseguimos melhorar esta coordenação. Antes de tudo, é preciso haver um aviso prévio da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para podermos emitir uma licença. Sem o parecer deles, não há emissão de licença, isto para presumir, logo à partida, que a montagem e o percurso da obra sejam delineados conforme a indicação da DSAT.

“[As duas câmaras] tinham posturas diferentes e isso torna bastante difícil a execução de algumas políticas. Esta fusão faz todo o sentido.”

Para garantir mais fluidez no trânsito?
Sim, e para reduzir ao máximo os distúrbios que possam afectar a cidade durante as obras. Foi uma melhoria conseguida. O assunto foi abordado pelo Comissariado da Auditoria (CA), uma chamada de atenção feita acerca do período 2014-2015. Vimos o relatório. Achamos que há partes em que existe margem para melhorar e estamos a trabalhar nesse sentido. Outra preocupação tem que ver com os mercados e os vendilhões. Queremos alterar as leis sobre esta matéria porque já são muito antigas, vêm ainda da Administração Portuguesa. É um assunto urgente para resolvermos. As duas câmaras – o Leal Senado e a Câmara das Ilhas – tinham posturas diferentes. Nas ilhas fazia-se de uma maneira, aqui fazia-se de outra. Até hoje continua a ser assim porque a lei não foi mudada. Para nós, é muito difícil essa gestão. Depois, há ainda as zonas de lazer, que também foram alvo de um relatório do CA, que apontou algumas deficiências nos jardins e também nos espaços destinados às crianças. Tivemos essa preocupação e tudo foi composto em oito meses, conforme aquele relatório. Só que, durante este tratamento, verificámos outros problemas que não constavam da auditoria. Estamos agora a resolvê-los e espero que, até ao final do ano, o trabalho esteja concluído. Mas é um trabalho constante, porque a casa é grande. Estamos a falar de Macau inteiro.

Em 2001, quando acabaram as Câmaras Municipais Provisórias, o Cotai não existia, era apenas um istmo. Faria algum sentido voltar a ter duas câmaras, atendendo a que hoje a Taipa e o Cotai têm uma dimensão muito maior do que quando foi pensado o IACM? Ou é preferível ter só uma estrutura?
Acho que faz sentido ter só uma estrutura. Outrora, quando existiam duas câmaras, isso trouxe alguns problemas para a Administração, como referi. Tinham posturas diferentes e isso torna bastante difícil a execução de algumas políticas. Esta fusão faz todo o sentido. O IACM tem uma postura para todo o território. A nossa população e a nossa dimensão não justificam ter duas câmaras. Aliás, o IACM já não é uma câmara – a figura da câmara era um poder local que, agora, já não existe.

O IACM precisa de ter maior autonomia, atendendo às funções de proximidade com a população?
O IACM consegue satisfazer todas as necessidades da população com a sua estrutura actual. Temos uma grande proximidade com a população. Temos reuniões regulares com o Conselho Consultivo do IACM, colóquios nas freguesias, com os Conselhos Consultivos de Serviços Comunitários por Zonas, sessões abertas com a Administração, temos Centros de Prestação de Serviços ao Público, Postos de Atendimento e Informação, linhas telefónicas de atendimento ao público, com sistema de gravação de mensagens fora do horário de expediente, contas no Wechat, etc.. Não há outro serviço que tenha uma abertura junto da população como o IACM. Achamos que a actual estrutura do IACM é suficiente para dar resposta à realização de uma relação de proximidade com a população.

Nos últimos tempos, o IACM perdeu competências em duas áreas – no desporto e na cultura. O desporto é uma área que lhe é muito próxima, trabalhou muitos anos neste campo. Que balanço faz destas alterações em termos orgânicos? Atendendo à complexidade de Macau, uma cidade muito densa, fez sentido libertar o IACM destas duas pastas?
Fez e não fez. Fez, em certo sentido, por temos funções amplas e contacto próximo com a população. Mas também por isso os eventos culturais e desportivos podiam servir de elo de ligação com a população. Davam uma margem de manobra para o IACM poder ter um papel mais interventivo nas actividades recreativas, numa ligação mais imediata com a população.

O que é que deverá ser o IACM no futuro?
Acho que o IACM não deverá ser muito diferente do que é agora. O trabalho vai ser sempre feito por alguém. A criação de órgãos municipais sem poder político está prevista pela Lei Básica. São órgãos incumbidos pelo Governo de servir a população, designadamente nos domínios da cultura, recreio e salubridade pública, bem como dar pareceres de carácter consultivo ao Governo da RAEM em relação a essas matérias. Ou seja, o IACM, no futuro, não deverá ser muito diferente daquilo que conhecemos hoje. Julgo que essa mudança não traz grandes alterações em termos de prestação de serviços. Pode mudar o nome, pode mudar internamente alguns aspectos mas, por fora, o trabalho será o mesmo. Haverá um nome diferente, com uma estrutura eventualmente diferente, poderão ser feitos alguns pequenos ajustes, até porque já passaram 15 anos, aproveitando também para se adaptar à nova realidade de Macau.

Com a introdução dessa figura poderemos então esperar que haja um aproveitamento do que é hoje o IACM?
É uma reestruturação do IACM, porque já passaram 15 anos desde a sua criação. É preciso ter-se também em conta a nova realidade de Macau.

“[A criação de um órgão municipal] pode mudar o nome, pode mudar internamente alguns aspectos mas, por fora, o trabalho será o mesmo.”

Voltando ao trabalho que tem estado a desenvolver. Há planos para mais colaborações com entidades de fora de Macau, à semelhança da que estabeleceu com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) de Portugal?
Temos colaborações com várias entidades, quer aqui em Zhuhai, Cantão, Pequim, China e também em Portugal. É uma colaboração estreita, sobretudo na área da segurança alimentar. Isto é muito importante porque esta integração permite a troca de informações, há uma colaboração muito próxima em termos de tecnologias que estão a ser implementadas para a detecção de problemas. Além da segurança alimentar e do CEPA, temos uma colaboração constante com outras organizações internacionais, como na área da importação de animais e plantas em vias de extinção – que é muito importante, porque há muita prática de contrabando nesta área –, e Macau é obrigada a cumprir estas normas porque faz parte dos tratados neste âmbito, e nas áreas de inspecção fitossanitária e sanitária, e de prevenção e controlo de epidemias animais. Isto também está dentro do nosso pelouro. A colaboração com a ASAE está a ser muito frutífera, porque mal a secretária para a Administração e Justiça assinou o protocolo com o ministro, foi logo desencadeada uma série de iniciativas. O inspector-geral da ASAE esteve aqui comigo, traçámos metas, logo a seguir fizeram-se três seminários, para o ano vamos lá para acertar outras coisas, pelo que acho que está a resultar.

Mas há mais ideias deste género para o futuro?
A colaboração não pára aí. Estamos agora a implementar uma plataforma de transacções electrónicas online do Centro de Distribuição de Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa. É muito importante, quer para nós, quer para eles. Vem na linha da política “Uma Faixa, Uma Rota”. Iremos criar um mecanismo permanente, sincronizado e mútuo, de inspecção para produtos lusófonos que passam por Macau. Vai permitir que os produtos sejam colocados à venda no mercado com maior brevidade.

É macaense, presidente do conselho de administração do IACM, um órgão com uma importância grande na cidade. Há uns anos, esperava que isto fosse possível?
Sempre foi possível. O secretário Raimundo do Rosário é macaense. É nomeado pelo Governo Central. Tudo é possível. Só que eu não esperava. Foi uma surpresa para mim – agradeço o convite feito pelo Chefe do Executivo, agradeço à secretária para a Administração e Justiça, pela confiança que me foi depositada, porque nunca pensei que um secretário-dactilógrafo do Leal Senado fosse, um dia, presidente do IACM. Comecei a minha carreira aqui, tenho 33 anos de serviço, tive esta grande oportunidade. Para retribuir, vou dar o meu máximo.

Sente saudades do Instituto do Desporto?
Sou um homem do desporto. Continuo a ser um homem do desporto.

28 Jul 2017

Inquérito | Estudantes falam de poucas infra-estruturas desportivas

Um inquérito realizado pela Associação Geral dos Estudantes Chong Wa mostra que mais de metade dos inquiridos considera insuficientes as infra-estruturas desportivas existentes. Mais de 30 por cento pede variedade de recursos nesta área

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] falta de espaços para a prática desportiva tem sido um problema levantado no panorama político e social, e agora um novo inquérito vem mostrar o que pensam os jovens sobre o assunto.
O questionário levado a cabo pela Associação Geral de Estudantes Chong Wa revela que 55 por cento dos inquiridos consideram que as actuais instalações públicas para a prática do desporto não são suficientes, sendo que 32 por cento dos que responderam querem mais estruturas para a prática de diferentes desportos.
Loi Yi Weng, ligada à direcção da associação, pede ainda que o Executivo melhore as actuais instalações desportivas. Cerca de 27 por cento dos alunos pedem mais pistas para andar de bicicleta, para jogar badminton e para a prática da natação.
O inquérito, feito em parceria com a Associação de Pesquisa sobre a Juventude de Macau, questionou 918 estudantes de 17 escolas secundárias e de instituições do ensino superior.
Só 15 por cento dos alunos utiliza frequentemente as instalações públicas para fazer exercício físico, sendo que 72 por cento só utiliza os espaços de vez em quando.
Loi Yi Weng, ligado à direcção da Associação Geral de Estudantes Chong Wa, conta que 92 por cento dos alunos entrevistados têm o hábito de praticar desporto diariamente, o que, na sua opinião, demonstra a existência de um sentimento de satisfação dos alunos na prática desportiva.
Quanto aos locais mais frequentados por alunos, Loi Yi Weng disse que a maioria prefere fazer desporto na escola ou em casa, o que representa uma fatia de 45 por cento dos inquiridos.
O estudo mostra ainda que 58 por cento dos alunos opta pela corrida ou pelos passeios como actividades físicas habituais. A responsável da associação considera que este resultado mostra que não há conhecimento sobre as outras práticas desportivas, pelo que apela ao Governo um reforço da promoção do desporto.

E o Canídromo?

Lei Sio Chou, presidente da Associação, defende a construção, a curto prazo, de mais pistas para corridas, uma vez que os actuais espaços mais usados pela população não têm as condições ideais, como é o caso do reservatório ou da zona do lago Sai Van.
O presidente espera que o terreno onde está localizado o Canídromo possa ser utilizado para a construção de infra-estruturas desportivas. O inquérito vai ser submetido ao Governo com as respectivas sugestões.

17 Jul 2017

Barcos Dragão | O lado amador de uma competição tradicional

Nas regatas internacionais dos barcos dragão há equipas amadoras a competir ao lado de equipas profissionais. Têm o apoio de empresas locais ou de serviços públicos de Macau e de Hong Kong e os atletas são funcionários que vão ao rio por amor à camisola. Muitos treinam nas horas vagas, sem uma preparação profissional

[dropcap style≠’circle’]À[/dropcap] beira do rio o sol intenso não atrapalha os braços que estão prestes a entrar em mais uma competição. Sentados à sombra, os atletas das equipas que participam nas regatas dos barcos dragão esperam pelo momento em que vão entrar nas embarcações.

Os atletas da equipa da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) envergam as cores verde e amarela. Ao lado os atletas da equipa do MGM gritam as iniciais que dão nome à concessionária de jogo, mas nem isso demove o espírito da equipa treinada por Junrey Daymat, filipino, trabalhador na SJM.

“A última vez que competimos foi em 2015, e o ano passado não nos deixaram competir porque não permitiram uma equipa só com atletas filipinos. Este ano temos uma equipa com atletas novos, que começaram há cerca de três meses, e tentamos o melhor para os ensinar.”

Ser atleta da equipa da SJM nas regatas dos barcos dragão é treinar e competir sem receber nada em troca. Este caso não é único: todos os anos várias empresas apoiam e incentivam a constituição de equipas para participar, sem esquecer alguns serviços públicos de Macau e até de Hong Kong. Há equipas tão diversas como a da “Rede de Serviços Dom Bosco”, “Clube Internacional de Senhoras de Macau” ou a “Associação Desportiva Badas”. Clubes como o Ka I ou o Monte Carlo também têm as suas equipas.

Os atletas são empregados e funcionários destas empresas ou associações e treinam depois do horário de trabalho, nas horas vagas. Ao lado destas equipas amadoras, estão as equipas profissionais, compostas por atletas que treinam durante todo o ano.

Muitos dos que competem nunca pegaram num remo na vida, e começam a treinar sem ter uma formação física própria para este tipo de desporto. É um passatempo, misturado de espírito de equipa e até de diversão.

O treinador da equipa da SJM explicou que não há quaisquer incentivos monetários, mas a empresa garante que a equipa tem tempo para realizar treinos regulares.

“A empresa deu-nos um tempo para treinarmos, sem trabalhar, durante dois meses. Só para que tivéssemos um bom treino. A empresa apenas nos dá apoio para treinar a equipa, para que os atletas fiquem mais fortes. Esta é uma competição muito importante e todos têm de participar todos os anos”, disse.

Junrey Damat já fazia corridas de barcos dragão nas Filipinas e, como ele, são poucos os atletas que já praticavam esta actividade. O treino foi feito aos poucos, com espírito de sacrifício e uma boa gestão do tempo.

Foto: Instituto do Desporto

“Alguns de nós somos profissionais, mas outros não, são só empregados da empresa. A participação é importante, e para a própria companhia é importante estar nas competições dos barcos dragão”, apontou.

“Não é para ganhar”

O lado amador das corridas anuais dos barcos dragão significa correr por gosto e entretenimento. A iniciativa parte, na maioria, das empresas, que querem estar representadas numa das práticas desportivas mais tradicionais de Macau. O chamamento para fazer parte de uma equipa faz-se, muitas vezes, de boca a boca, em que os amigos são convidados para fazer parte do grupo, para que se possa concluir a inscrição no Instituto do Desporto.

A CESL-Ásia é outra das empresas de Macau que todos os anos coloca uma equipa com o seu nome a concorrer no lago Nam Van. António Trindade, CEO da empresa, assume que “não temos uma formação para ganhar, mas sim para desenvolver o espírito de equipa”.

“O processo de competição dura vários meses. Temos de juntar os participantes, que trabalham em grupo durante quase seis ou sete meses, uma equipa de quase 30 pessoas. Há treinos várias vezes por semana e é assim que se desenvolve o trabalho da equipa e o conhecimento das pessoas dentro da empresa. É algo que junta os colegas e até as próprias famílias”, defendeu.

Trindade explica, assim, que participar nas regatas dos barcos dragão visa unir mais os empregados. “Ter esta equipa faz parte das actividades da empresa. As empresas têm uma componente orgânica e social, onde são promovidas as relações entre as pessoas.”

O lado voluntário deste tipo de iniciativas acaba por acarretar alguns riscos ao nível da constituição das equipas. “As pessoas assumem compromissos de vários meses, e há pessoas que, por motivos familiares ou de trabalho, não podem participar em todas as actividades.”

Durante os treinos há sempre um apoio a nível técnico para que os atletas sem experiência possam aprender a remar um barco deste género. “Os organizadores indicam o treinador para que as pessoas conheçam as técnicas para remar e do próprio funcionamento do barco”, referiu António Trindade.

Macaenses de fora

As equipas não profissionais participam em provas específicas para as suas categorias, ao lado daqueles que estão habituados a remar para ganhar. Há provas para todos os gostos, como o open em pequenas embarcações, pequenas embarcações das entidades públicas, regata universitária em pequenas embarcações (categoria open), pequenas embarcações para funcionários públicos de Macau por convites, grandes embarcações (categorias open e senhoras), regata universitária por convite em grandes embarcações (categoria open) ou ainda a regata internacional por convite em grandes embarcações (categorias open e senhoras). As distâncias a percorrer variam consoante a prova, existindo provas de 200 e 500 metros.

O lado amador leva à falta de participantes, o que muitas vezes condiciona a inscrição de uma equipa. Foi o que aconteceu este ano com a Associação dos Jovens Macaenses (AJM), que não inscreveu nenhum grupo no ID, ao contrário do aconteceu no ano passado.

“Várias pessoas já tinham entrado em algumas competições e o ano passado houve essa vontade de participar e fazer uma equipa. Só que este ano houve vários contratempos. Os que mais estavam interessados tinham questões pessoais que não permitiram a sua colaboração. Participar implica que, pelo menos durante dois meses, se comece a treinar todas as semanas. Chega a ser normal treinar três dias por semana”, explicou o presidente da AJM, Jorge Neto Valente.

Já em criança o empresário costumava ver as regatas. “É um evento que não é apenas desportivo, mas tem muita importância em termos dos costumes chineses.”

O lado desportivo conta, mas há muito mais para além disso, assegura. “Os departamentos dentro de um casino têm as suas equipas, quem participa, seja atleta ou espectador, sabe que é uma prova que tem muita piada. A pessoa vai antes e depois da prova, para ver as competições e fazer claque”, concluiu.

As corridas dos barcos dragão terão começado quando o poeta e conselheiro do imperador do reino de Chu, chamado Qu Yuan, decidiu tomar uma decisão radical por não conseguir pôr um fim à corrupção no seio da corte imperial. Acabou por se atirar para um rio. Foi aí que os aldeões foram à procura do corpo dentro de um barco, enquanto batiam nos tambores e atiravam bolos de arroz à água. Isso serviria para impedir os peixes de comerem os restos mortais do poeta.

Amanhã, feriado, é a final da competição, celebrando-se o dia do festival do dragão. Durante o fim-de-semana, foram decorrendo diversas provas no lago Nam Van. A cerimónia da entrega dos prémios será às 16h00.

29 Mai 2017

Os B.P.S.

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ostumava o meu pai dizer que “à mesa não se fala de religião ou política”. Mas de futebol tudo bem, falava-se pelos cotovelos. Na ressaca de mais um “derby”, disputado no último Sábado entre o Benfica e o Porto, resolvi hoje de um mal que afecta os portugueses de um modo geral: a clubite.

Se os benfiquistas são seis milhões (é bem possível, a julgar pela quantidade de gente deprimida no país), os restantes quatro milhões são do Porto e do Sporting. São os BPS (benfiquistas, portistas e sportinguistas), que constituem 99.9% da população portuguesa – os outros 0.1% são uma margem de erro. Mesmo os que se dizem adeptos dos outros clubes, do Guimarães, do Braga, do Belenenses, e mesmo os orgulhosamente insulares da Madeira, são uns enormíssimos BPS camuflados. Basta ver os jogos do tipo Braga-Benfica, ou Penafiel-Porto, se acabam 2-2, metade dos adeptos no Estádio festejam os quatro golos, sendo que a outra metade pertence a um BPS inimigo – os BPS são os expeditores da glória desportiva. Um adepto de Setúbal que garanta a pés juntos que só gosta do seu “Vitórria”, é lá no fundo um BPS recalcado que sofre com um deles todos os fins-de-semana. A Taça de Portugal é um bom exemplo disso. Lembro-me há uns anos um dirigente de um clube dos escalões secundários ter dito em vésperas de receber um dos grandes que “queria vencer para ajudar o Benfica”.
O clubismo é um cancro nacional. Separa os melhores dos amigos, gera discussões bacocas entre colegas, é só do que se fala quando não há nada para falar (e quase sempre não há!). Qualquer BPS mais pacato começa a levantar a voz e o dedo quando fala de futebol com um BPS rival. Ao contrário das religiões, que não se enfrentam todos os fins-de-semana em busca de um troféu (pelo menos não nos mesmos moldes), aqui a rivalidade é renovada a cada jogo, a cada semana, a cada título. Cada um dos BPS é especial na sua maneira de ser.
O benfiquista é o mais orgulhoso. Há benfiquistas de toda a espécie e feitio: ministros, advogados, trolhas, domésticas, beatas, arrumadores, tudo. Há benfiquistas alentejanos, beirãos, portuenses, do Minho até Timor, como dizia o outro. O Benfica é a United Colors of Benetton do clubismo lusitano. Podem ser óptimas pessoas, boazinhas, porreiríssimas, mas passam-se dos carretos quando alguém fala mal do seu clube. Todos sabem de cor os hinos do Benfica, têm em casa um pratinho que diz “quem não é do Benfica não é bom pai de família”, arrepiam-se quando revêm imagens do Eusébio e do Rui Costa a chorar. Produzem resmas de poesia e prosa de casca grossa para definir “o que é ser benfiquista”, que começa quase sempre por “é uma chama imensa”. São tão agressivos quanto os portistas, têm ambos mau perder, e isto porque ambos pensam que existe uma guerra norte-sul, em que a deslocação para cada um dos campos de batalha se faz de carro em pouco mais de duas horas.

Os portistas são gente desconfiada (“este morcone não é do Norte, carago), orgulhosa, que um dia arregaçou as mangas e resolveu pôr um fim ao domínio da capital. São os anti-imperialistas do clubismo. Olham para o Benfica de cima, e riem com tom sarcástico das coisas que os acusam. Para o portista, que ri na cara do perigo, “as contas fazem-se no fim”. E têm sabido fazer bem as contas. Pinto da Costa aparece assim numa aura estranha, de santidade como o Papa, de revolucionário como Che, de padrinho como Vito Corleone com um culto da personalidade a fazer lembrar Mao. Orgulham-se do terreno que foram conquistando nas últimas décadas, e estão convencidos que “até em Lisboa há portistas”. Enganam-se. Haver há, os que emigraram. Os outros são sportinguistas arrependidos, uns BPS à parte, que são anti-Benfica.

Os sportinguistas são, dos três, os mais simpáticos. Têm orgulho de ser do Sporting, consideram-se uma elite. São os tais “netos de visconde” de que o Octávio Machado falava. Quando penso num sportinguista tipo vem-me à ideia um indivíduo calvo, sorridente, técnico de informática, com um autocolante “salvem as baleias” no PC e outro “Bebé a bordo” no Fiat. São os BPS que mais filosoficamente aceitam a derrota, e não entram em grandes euforias quando ganham, porque afinal, “é normal”. São uma malta que sabe estar na vida. Sendo os mais simpáticos, são também os mais permissivos, e talvez por isso nunca ganham, coitados. Simpatizam com o Porto “quando ganha títulos em vez do Benfica”. Para eles ver o Benfica perder é um prazer indiscritível. Dizem com a maior das calmas e com um desportivismo latente que “o Porto é melhor clube português dos últimos 30 anos”, mas secretamente desejam que os BP (Benfica/Porto) se matem, esfolem e auto-destruam. O seu mote é “quem espera sempre alcança”.

Outra palermice que os adeptos gostam de reafirmar é que “são BPS, mas são portugueses e querem que os outros ganhem na Europa”. Mentira. Na hora da verdade o visceral ódio vem logo ao de cima. Basta observar este ano a novela entre Porto e Benfica por um lugar na Liga dos Campeões. Mas nos outros países é assim, porque havia Portugal de ser diferente? Na Espanha os adeptos do Barça ficam furiosos quando o Real Madrid vence um troféu europeu, e vice-versa.

Mesmo na selecção nacional o clubismo dita as suas regras. São os BPS cada um a puxar a brasa à sua sardinha, a achar que devem ter mais jogadores do seu clube na selecção de todos nós. Culpam árbitros, dirigentes, políticos e outros pelas derrotas. Têm uma lista negra de responsáveis pelos seus fracassos, e não se importavam de ver “toda a gente na cadeia” para poder festejar as vitórias para que, afinal, muitos nada contribuíram.

6 Abr 2017

Comité Olímpico | Manuel Silvério entende que Macau ainda não desistiu

O Chefe do Executivo disse ontem que Macau “compreende que, por não ser um país soberano, não poderá integrar” o Comité Olímpico Internacional. Manuel Silvério, antigo presidente do Instituto do Desporto, afirma que não se trata de uma desistência. E diz que o processo não deve ser suspenso

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]orria o ano de 1989 quando Macau escreveu uma carta de intenções a pedir para integrar o Comité Olímpico Internacional (COI), processo que continua pendente por não ser um país, apesar da mudança de estatutos da organização em 1997. Hong Kong faz parte do COI desde 1951.

Ontem, no âmbito de um encontro com Gou Zhongwen, director da Administração Geral do Desporto e presidente do Comité Olímpico da China, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, disse que Macau “compreende que, por não ser um país soberano, não poderá integrar o Comité Internacional, apesar das alterações introduzidas nas regras do COI”.

Ao HM, Manuel Silvério, ex-presidente do Instituto do Desporto (ID) que acompanhou o processo de tentativa de adesão ao COI até 2008, ano em que se reformou, não está em causa uma desistência por parte da RAEM.

“Analiso esta declaração não como uma desistência, mas como uma grande esperança de ser a República Popular da China a apoiar, a levantar e a forçar o processo. Se não tiver vontade política, de certeza que o Chefe do Executivo sabe que não pode forçar, nem trabalhar nesse sentido.”

Manuel Silvério considera que, segundo a Lei Básica, Macau tem direito a pertencer ao COI, se colocar a designação “Macau, China”, “tal como o que aconteceu com Hong Kong”, apontou.

Apesar disso, o impasse persiste. “Todos os dirigentes do COI admitem que o pedido de Macau é diferente dos outros. Não devem castigar Macau por uma decisão tardia e adiada pelo próprio COI [sobre a mudança dos estatutos].”

Manuel Silvério diz não conseguir explicar porque é que este processo ainda não ficou concluído. “Não devo ser eu a responder a isso, e julgo que os actuais dirigentes do Comité Olímpico de Macau também não saberão responder ou nem têm coragem para responder.”

“Como pessoa ligada ao desporto e residente digo que, se Macau desistir, e se as pessoas pensarem em não levar para a frente essa luta, não estamos a fazer as coisas de acordo com a Lei Básica, não estamos a fazer as coisas como Hong Kong fez e somos nós próprios que estamos a recusar um direito que é nosso”, acrescentou.

As tais declarações

Manuel Silvério recorda o passado para ir buscar palavras de Chui Sai On, na Assembleia Legislativa, acerca da adesão da RAEM ao COI. “A única pessoa que disse, publicamente, e na Assembleia, foi o actual Chefe do Executivo, de que Macau não estaria interessado. Para mim ele está a tentar rectificar o que afirmou há uns anos.”

O ex-presidente do ID garante que a China sempre apoiou uma adesão de Macau ao COI. “Pelo que sei, a RPC e o Comité Olímpico da China sempre apoiaram esse desiderato de Macau. Nunca, nem formalmente nem informalmente, a China falou dos inconvenientes dessa afiliação. Nenhum dirigente, nem o actual nem os anteriores, mostraram que a China não quer que Macau participe.”

A adesão esteve prestes a ser uma realidade há dez anos, mas Manuel Silvério não adianta quais foram os entraves que evitaram que isso acontecesse. “Há uns anos, em 2007, faltava apenas um passo para Macau entrar no COI. Nessa altura, o presidente do COI visitou Macau e assistiu à abertura dos Jogos Asiáticos em Recinto Coberto.”

No encontro com Gou Zhongwen, Chui Sai On referiu ainda que o facto de Macau ser membro da direcção do Conselho Olímpico da Ásia (COA) permitiu “desenvolver as modalidades desportivas em alta competição, sendo também um enorme incentivo para os atletas locais”.

7 Mar 2017

Desporto | Projecto Mana Vida associa exercício a solidariedade social

Cíntia e Guilherme Leite Martins há muito que faziam desporto para se manterem em forma, mas decidiram começar um projecto diferente. Parte dos ganhos obtidos com as aulas de fitness será destinada a instituições de solidariedade, sendo que os participantes também podem fazer os seus contributos a troco de aulas. O lançamento oficial é este domingo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mais recente projecto de Cíntia e Guilherme Leite Martins visa a prática do exercício físico a pensar nas necessidades das organizações sem fins lucrativos. Com o Mana Vida, há corridas e caminhadas em grupo, ou aulas de fitness, em que parte dos fundos obtidos em cada sessão será destinada a instituições de solidariedade social. Os participantes também podem contribuir com alguma valência, a troco de aulas. As sessões têm decorrido nos trilhos de Coloane, no empreendimento One Oasis ou ainda no Parque Central da Taipa.

“O lema condutor do Mana Vida é o de encorajar as pessoas a terem uma vida mais saudável e a promoverem um sentimento de solidariedade. As pessoas, ao participarem nas nossas actividades e ao contribuírem para a causa do projecto, estão igualmente a construir uma comunidade mais forte e benevolente”, explicaram os responsáveis do projecto ao HM.

A primeira acção do Mana Vida será a oferta de ténis a crianças residentes da Associação do Berço da Boa Esperança, uma associação sem fins lucrativos que tem à sua responsabilidade dois lares residenciais para menores.

“Traçámos como primeiro objectivo a compra de ténis de desporto para jovens e crianças constituintes de uma organização local, com os recursos obtidos através das actividades fornecidas pelo movimento. Deste modo, o Mana Vida funciona como se fosse uma plataforma que procura fazer a ligação entre aquele que pretende fazer exercício físico e simultaneamente ajudar outras pessoas.”

O lançamento oficial do Mana Vida acontece este domingo, na Pousada de Coloane. O evento começa às 9h e prossegue até às 14h, com a realização de diversas actividades desportivas. Segue-se um pequeno-almoço, sem esquecer algumas “conversas descontraídas” sobre a temática da vida saudável.

Treinar em grupo

Cíntia e Guilherme Leite Martins pretendem atrair pessoas para treinar em conjunto. “Sabemos que não é fácil uma pessoa levantar-se e ir correr ou andar sozinha, portanto, criámos grupos e pontos de encontro para que a pessoa se sinta motivada e encontre alguém para fazer o mesmo. A parte engraçada disto é que nós procuramos sempre maneiras de incentivar um participante a formar um grupo que seja conveniente para ele e para os amigos. Existindo essa adesão, adicionamos a actividade no nosso calendário.”

Uma das opções de treino disponíveis é “You&Me”, cujas aulas têm como princípio “desenvolver a proficiência, social e emocional, a confiança e auto-estima, entre pais e filhos”.

Há ainda as opções de Body Sweat e Kickn TRX, que são “treinos funcionais realizados ao ar livre”. “São treinos que se baseiam em movimentos naturais do ser humano, como pular, correr, puxar, agachar, girar e empurrar. O praticante ganha força, equilíbrio, flexibilidade, condicionamento, resistência e agilidade”, explicam Guilherme e Cíntia.

Já a modalidade “Stroller Mania” é uma forma de exercício que pode ser feita com adultos e os carrinhos de bebé. “É algo que já se faz pelo mundo e tem o objectivo de recuperar a actividade física das mães, sem terem que comprometer o seu tempo com os filhos. As mães são ainda apresentadas a uma comunidade com um estilo de vida semelhante.”

Existe ainda a opção pelas modalidades gratuitas como corridas ou a chamada “power walk” [caminhada], em zonas como a marginal da Taipa e os diversos trilhos existentes. “Estas últimas actividades têm como objectivo incentivar o indivíduo a sair do sofá [ou da cama], conhecer lugares desconhecidos no território, aproveitar a natureza local e reforçar o espírito de comunidade.”

À procura de apoios

Com um plano semanal de aulas a decorrer, e com alguns participantes fixos, Cíntia e Guilherme Leite Martins confessam, no entanto, que tem sido difícil encontrar colaboradores. “O Mana Vida funciona maioritariamente à base da doação de tempo das pessoas e de pessoas que nos têm ajudado ao nível logístico. O processo de cativar colaborações tem-se revelado ligeiramente lento, pois leva tempo para alguém conseguir compreender como este mecanismo de solidariedade funciona.”

Foi daí que surgiu a ideia de implementar a “troca de serviços”. “Alguém que queira colaborar connosco poderá trocar os seus serviços por uma das nossas aulas. Isto capacita a pessoa a dar-se conta de que o seu talento tem importância e que também está a contribuir para a vida dos outros.”

Neste momento, o Mana Vida precisa de “treinadores qualificados, tradutores, agentes de social media, fotógrafos, produtores de som e imagem, patrocinadores e pessoas positivas interessadas em ajudar com novas ideias”.

É certo que o Mana Vida visa estabelecer laços em Macau, mas a ideia é também ir mais além. “A longo prazo, estamos a traçar um plano para lançar este projecto para fora de Macau, pois consideramos que o modelo que estamos a criar é extensível a outros locais do mundo. O querer ajudar não pode ter limites, o importante é manter-se verdadeiro e focado ao propósito deste esforço”, rematam os criadores da iniciativa.

15 Fev 2017

Get Shape, roupa desportiva | “Queremos atingir o público chinês”

A Get Shape é uma marca de roupa desportiva que vem do Brasil e que chegou a Macau pela mão de Cácio Borges Inhaia. Desde há três anos para cá que as roupas fazem sucesso, existindo planos para a expansão em Hong Kong e na China

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]oje em dia não basta fazer desporto, há que fazê-lo também com estilo. Foi a pensar nessa tendência que o brasileiro Cácio Borges Inhaia resolveu trazer a marca brasileira “Get Shape” para Macau há três anos. O negócio tem estado a correr tão bem que há até planos para a sua expansão para além das fronteiras da RAEM.

“Quando a marca chegou a Macau, a ideia era vender as roupas apenas na loja de depilação brasileira ‘We love wax’. Mas como a marca está a registar um grande fluxo de vendas, estamos a pensar em expandir e vender para Hong Kong e China”, contou o importador ao HM.

Cácio Borges Inhaia garante que os clientes sentem de imediato a diferença das roupas. “Ao início não reagem, mas depois o que acontece é que, em vez de levarem uma peça, levam muitas mais. A malha e o corte brasileiro são muito bons. Além de proporcionarem conforto, são peças que ajudam a definir a silhueta, o que faz com que sejam diferentes daquilo que se conhece, não só na Europa, como também em Macau.”

A ideia de trazer a representação da marca para Macau partiu da vontade de mostrar o que de diferente existe no mercado do outro lado do mundo. “Hoje em dia temos uma gama de produtos para tentar atingir o público chinês e os estrangeiros que cá vivem. Achamos necessário trazer algo novo para Macau, para além do que existia, baseado num conceito um pouco retro. Quisemos trazer um design completamente novo, tanto no que respeita ao corte e às malhas de confecção, como aos estampados”, explicou Cácio Borges Inhaia.

“Estamos a fazer uma nova campanha publicitária e a montar o catálogo para este ano, que já contém colecções para o Verão e o Inverno. A ideia é, com isto, entrar de cabeça no mercado chinês. No início vamos à procura de lojas e ginásios para que possamos tentar chegar directamente ao público-alvo, que são as mulheres”, disse ainda o responsável.

Cácio Borges Inhaia garante que os seus produtos prometem aliar o conforto ao lado estético. “Umas calças de ganga não terão o mesmo conforto de umas leggings. As nossas malhas são de elastano que, por serem de elástico, dão muito conforto e são práticas de usar. Como é um design brasileiro, são confortáveis e encaixam bem no corpo, acabando por corrigir algumas imperfeições, como estrias ou celulite.”

O responsável garante que esta junção melhora o estado de espírito de quem usa estas roupas. “Quem veste fica em forma, molda o corpo e também o estado de espírito, porque a pessoa se sente bem vestida, fica mais bem disposta e com uma maior auto-estima.”

A China e o desporto

É certo que a moda há muito que entrou no mundo do desporto, mas só recentemente é que a China aderiu a essa tendência. Para Cácio Borges Inhaia, trata-se de um “mercado pouco misto”, com uma gradual abertura.

“Sinto que vamos lentamente introduzindo e mostrando novos conceitos, e os chineses estão à procura de novidades de outros mercados. É uma coisa boa para um país que esteve tanto tempo fechado ao mundo, e agora está a ter esta oportunidade de aceder a coisas e conceitos novos.”

Apesar de considerar a moda desportiva retro, Cácio Borges Inhaia nota um aumento da prática de desporto. “Os hábitos desportivos estão a crescer cada vez mais. Temos o Crossfit e maratonas também. Este é já um mercado forte no estrangeiro e isso começa a reflectir-se por cá, não apenas para melhorar a saúde, como também a aparência”, rematou.

11 Jan 2017

Mini Education Center: Encaixar o desporto na vida

O Mini Education Center é um estúdio de desporto que aposta em aulas de exercício funcional, um tipo de treino que visa explorar as capacidades básicas pessoais. O criador do projecto, Kid Ng, procura incorporar a nova tendência de exercício físico na vida quotidiana das pessoas de Macau

 

Chama-se exercício funcional e é hoje uma das tendências mais populares no plano de treino físico, mas em Macau a ideia parece ainda não estar a ter muita atenção. Kid Ng, jovem nascido e criado no território, introduziu este recente modelo de treino para Macau com a criação do Mini Education Center, pretendendo disponibilizar aos amantes de desporto – de todas as idades, profissionais ou amadores – cursos de exercício modernos e dinâmicos integrados com exercícios funcionais.

O treino funcional é considerado um método de trabalho mais dinâmico do que os treinos convencionais, caracterizado por conjugar diferentes capacidades físicas num único exercício. Os movimentos no treino trabalham a força muscular, a flexibilidade, o condicionamento cardiorrespiratório, a coordenação motora e o equilíbrio. Assim, o foco passa de um grupo muscular isolado para todo o corpo.

Apesar dos muitos benefícios trazidos pelo treino, há riscos de lesões. “Será melhor contar sempre com a supervisão de um especialista”, explica Kid Ng, referindo que o centro prefere oferecer treinos com turmas pequenas, constituídas, no máximo, por dez alunos, de modo a assegurar a comunicação e a supervisão. “Damos prioridade à qualidade, em vez da quantidade,” diz. “Guiamos os participantes para que sintam a alegria de fazer exercício e assim entenderem, nesta sociedade ocupada, a importância e os benefícios que os exercícios podem trazer, deixando-os coexistir com a vida.”

Kid Ng investiu na decoração do centro, para que esteja em consonância com a filosofia do tipo de treino que ali se disponibiliza. Quando se entra no espaço, nota-se logo que a concepção do local pretende criar a atmosfera de “exercício incorporado com a vida”, diferente dos ginásios ou estúdios de exercício mais comuns. A zona de serviço, junto à entrada, está equipada com um bar, uma televisão, dardos e bebidas, para que os clientes possam ouvir música ligeira, enquanto conversam com os amigos ou trocam dicas e experiências com outros amantes de desporto.

Pagar para suar

Kid Ng acredita que em Macau uma consciência social cada vez maior em relação aos benefícios do exercício: as pessoas procuram formas de diversão mais saudáveis, mas ainda se notam bastantes reticências em relação ao pagamento de aulas deste género.

“Provavelmente deve-se às medidas desportivas ou medidas de aprendizagem oferecidas pelo Governo, que fazem com que os eventos desportivos ou arrendamento das instalações desportivas sejam gratuitos ou a preços muito baixos, o que faz com que as pessoas não queiram pagar para fazer exercício”, refere. Para tentar dar a volta a este problema, o responsável pelo centro pediu a integração dos cursos no Programa de Aperfeiçoamento Contínuo dos Serviços de Educação e Juventude, para que os residentes possam utilizar o subsídio dado pelo Governo.

Além das turmas pequenas, o centro também oferece a possibilidade de se fazerem turmas em cooperação com companhias e organizações, para que os trabalhadores possam, através do exercício, procurar combater o stress. Kid Ng explica que esta modalidade é já uma alternativa às empresas que querem enriquecer o pacote de benefícios dos seus empregados.

Além disso, o Mini Education Center disponibiliza treino gratuito para os atletas profissionais locais, por considerar que, em Macau, são poucos os recursos dados a quem faz desporto de competição. Kid Ng espera poder, deste modo, contribuir para o desenvolvimento do desporto local.

 

Mini Education Center

Rua de Francisco António N. 167, Edf. Tak Yip, R/C D, Macau

 

9 Nov 2016

Desporto | Centro de alto rendimento concluído em três anos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] centro de alto rendimento há muito prometido pelo Governo vai estar concluído, depois de sucessivos atrasos, dentro de três anos, revelou o presidente do Instituto do Desporto (ID), Pun Weng Kun. O centro destina-se a acolher os atletas de alto rendimento que participam no plano de formação e, numa fase posterior, “caso haja condições”, atletas estrangeiros.
“A elaboração do projecto já está na última fase (…). Esperamos que esteja concluído dentro de três anos”, disse Pun Weng Kun à agência Lusa, referindo-se ao Centro Polivalente de Estágio, que deveria ter sido inaugurado no ano passado, à luz das previsões de 2012.
Actualmente, há mais de uma centena de atletas de elite incluídos no programa de apoio financeiro concebido pelo Governo em 2014. Contudo, apenas dez se dedicam em exclusivo a uma modalidade, com formação especializada.
No nível mais elevado do programa – reservado a medalhados com ouro em Mundiais ou Jogos Asiáticos – está apenas Huang Junhua, praticante de Wushu, que recebe 25 mil patacas mensais, segundo dados do ID.
Nas modalidades praticadas pelos restantes nove, incluindo portadores de deficiência, há sobretudo artes marciais – Wushu, Karaté e Taekwondo. Estes encontram-se numa categoria inferior, que também exige a conquista de pódios em competições internacionais, recebendo um financiamento menor.
Os dez atletas de elite treinam pelo menos cinco dias por semana ou um mínimo de 25 horas. O programa divide os atletas em três grandes níveis, subdivididos em diversas categorias, às quais correspondem por conseguinte distintos financiamentos.
O presidente do ID reconheceu que “no passado, o número era maior”, pelo que a ideia passa por “sensibilizar os atletas para que adiram ao programa de modo a passarem para um nível semi-profissional ou profissional”.
Apesar do plano não exigir a prática de uma modalidade específica, admitiu a vontade de “aumentar o nível desportivo”, em particular das artes marciais – com especial destaque para o Wushu –, por permitirem uma “formação mais sistemática”, como disciplinas individuais.
O ID pretende melhorar a formação em outros desportos como ténis de mesa, barcos-dragão ou futebol: “Não é por se ter bons ou maus resultados, é porque são as modalidades favoritas e as mais praticadas pela população”.

Alta competição confusa

Manuel Silvério, presidente do ID de 1996 a 2008, considerou “inconsequentes” os planos ao nível da alta competição. Por um lado, encontra-se centralizada nas associações desportivas – subsidiadas – marcadas por “puro amadorismo” e, por outro, “há um corte entre o desporto escolar e o desporto federado ou associativo”, uma ligação que seria fundamental para “haver um verdadeiro desenvolvimento para se chegar à alta competição”, defendeu o ex-dirigente do ID.
Apesar de reconhecer que “não existe nenhuma fórmula”, considerou que a “falta de hábitos dos técnicos, dos dirigentes, dos atletas, de instalações ou os calendários de competições confusos” impedem o fomento da alta competição.
Em paralelo, a falta de instalações desportivas é um dos grandes entraves à prática de determinadas modalidades em Macau, como o futebol.
Para Manuel Silvério, o “Desporto para Todos”, que promove actividades e eventos com o objectivo de divulgar as vantagens do exercício físico, contribui para agravar o problema, pois entra em conflito com o desporto associativo, apesar de reconhecer que essa política – também vigente enquanto esteve à frente do ID – foi relevante no passado.
“Sei de equipas da I divisão [de futebol] que não conseguem campos para treinar. Muitas vezes é por causa do ‘Desporto para Todos’. Os campeonatos são interrompidos por causa de uma efeméride, para uns joguinhos de idosos, para o festival das mulheres, para as competições dos deficientes. (…) Num espaço tão exíguo, já com tantos atritos entre modalidades, estarmos ainda a insistir nesse tipo de campanha é chover no molhado”, considerou.

Família para sempre

Manuel Silvério defende que a região “deve continuar a batalhar” para integrar a família olímpica, uma ambição que remonta ao final da década de 1980.
“Macau deve continuar a batalhar para filiar-se nesta grande família olímpica. A filiação no COI [Comité Olímpico Internacional] é um direito e até é um dever das gentes de Macau de lutar por ela”, afirmou.
Manuel Silvério, que foi dirigente do ID desde 1996 até 2008 e integrou a direcção do Comité Olímpico de Macau (COM) até 2008, mantém que o território não está a ser tratado “em pé de igualdade” com Hong Kong, que integra o COI e se estreou nos Jogos Olímpicos de Helsínquia, em 1952, então como colónia britânica. Além disso, depois de 1999, “Macau deu mais contributo do que outros comités olímpicos nacionais” para o desenvolvimento do movimento olímpico, mais acentuadamente na Ásia, organizando e participando nos mais diversos eventos sob a égide do olimpismo.
O pedido de adesão “nunca foi recusado formal ou informalmente” e isso “é importante”, sublinhou, destacando ainda que “apesar de Macau não ser membro do COI, continua a ser membro de pleno direito do Conselho Olímpico da Ásia (COA)”.
“É a única janela que Macau ainda tem para participar nessas competições internacionais a nível da Ásia” e permitiu, aliás, a Macau organizar os Jogos da Ásia Oriental (2005), os Jogos da Lusofonia (2006) e os Jogos Asiáticos em Recinto Coberto (2007).
Em 1996, o COI alterou os estatutos, clarificando que apenas os “Estados independentes” podem ser membros do COI, razão pela qual “Macau não reúne condições”.
As dúvidas persistem, no entanto, por, segundo Silvério, nunca ter chegado um “não”, mas também por o pedido de adesão ser anterior às mudanças dos estatutos do COI.
Tanto que, em 1997, aquando de uma visita a Macau, o então presidente do COI, Juan António Samaranch, – que garantiu que Macau teria em si um “advogado de defesa” – afirmou que a participação do então enclave português em provas internacionais e o facto de ter solicitado a sua adesão ainda durante a vigência do artigo que permitia o reconhecimento de territórios poderia “funcionar como um reforço das aspirações de Macau”.

19 Set 2016