Cinemateca Paixão | Ciclo de cinema alemão está de regresso

Já estão à venda os bilhetes para a quarta edição do Festival de Cinema Alemão KINO, que acontece a partir de dia 19 deste mês na Cinemateca Paixão. Em exibição estarão dez filmes recentes e quatro películas de Volker Schlöndorff, o realizador em foco escolhido pela organização

 

[dropcap]O[/dropcap] cinema falado em alemão está de regresso à Cinemateca Paixão, em parceria com o Instituto Goethe de Hong Kong. A quarta edição do Festival de Cinema Alemão KINO apresenta dez obras alemãs recentes, dois filmes na secção “Especiais Macau” e quatro películas do Realizador em Foco, que este ano é Volker Schlöndorff.

O festival arranca com “O Balão”, baseado numa história real, que transporta o telespectador para a Alemanha de há quarenta anos. O filme retrata uma família que planeia escapar da Alemanha Oriental para o ocidente num balão de ar quente. O filme é um hino à esperança e à luta pela liberdade.

Segue-se “Uma Mulher Normal”, filme inserido no grupo de filmes mais actuais do cinema alemão, e que se baseia na história do chocante assassínio dito de “honra”, seguindo a experiência de opressão vivida por uma mulher muçulmana. Gundermann revela-nos a relação entre a polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi, e o cantor e letrista Gerhard Gundermann, tragicamente falecido em 1998.

A película “Estradas” relata a amizade entre dois jovens em busca dos seus entes queridos, numa viagem hilariante e empolgante, enquanto que “O Mais Belo Casal” investiga o desejo escondido através da experiência traumática e negra de um casal de meia-idade.

A Cinemateca Paixão vai também exibir “Sweethearts”, que mostra a amizade entre uma mãe solteira e criminosa, Mel, e a sua refém. O festival revela ainda o documentário “Chris, o Suíço”, que examina a morte misteriosa do jornalista Chris, primo da realizadora.
Por sua vez, “O Caso Collini” expõe um escândalo da Primeira Guerra Mundial e um assassínio.

Analisar Schlöndorff

A quarta edição do festival KINO debruça-se sobre o trabalho de Volker Schlöndorff, considerada uma figura proeminente do movimento do Novo Cinema Alemão. Segundo uma nota oficial da Cinemateca Paixão, a sessão proporciona uma visão dos seus percursos criativos ao longo de vinte anos, trazendo filmes como Baal (1969), O Jovem Törless (1965) e A Lenda de Rita (2000).

Estas obras duras ilustram as excelentes adaptações do cânone literário feitas por Schlöndorff, criticando a opressão social através da figura do anti-herói rebelde. O KINO inclui no seu programa uma palestra sobre o trabalho deste realizador, que será conduzida por Derek Lam.

Na secção “Especiais de Macau”, será exibido o filme “Lotte na Bauhaus”, que retrata a luta de uma mulher para se emancipar e evoluir de forma criativa. Antes da sessão, a autora alemã Theresia Enzensberger conversará sobre as mulheres durante os primeiros anos da Bauhaus, uma escola de arte que surgiu na Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial. O público poderá também assistir a dois episódios de “Babylon Berlin”, uma série alemã que conta a história de Gereon Rath, um inspector policial numa missão secreta na República de Weimar no período a seguir à Grande Guerra. A sessão será seguida por uma conversa com o escritor Arne Jysch, que adaptou o livro original numa novela gráfica. Os bilhetes para o KINO estão à venda, online e na Cinemateca Paixão, desde o passado sábado.

9 Out 2019

Cinemateca Paixão | Ciclo de cinema alemão está de regresso

Já estão à venda os bilhetes para a quarta edição do Festival de Cinema Alemão KINO, que acontece a partir de dia 19 deste mês na Cinemateca Paixão. Em exibição estarão dez filmes recentes e quatro películas de Volker Schlöndorff, o realizador em foco escolhido pela organização

 
[dropcap]O[/dropcap] cinema falado em alemão está de regresso à Cinemateca Paixão, em parceria com o Instituto Goethe de Hong Kong. A quarta edição do Festival de Cinema Alemão KINO apresenta dez obras alemãs recentes, dois filmes na secção “Especiais Macau” e quatro películas do Realizador em Foco, que este ano é Volker Schlöndorff.
O festival arranca com “O Balão”, baseado numa história real, que transporta o telespectador para a Alemanha de há quarenta anos. O filme retrata uma família que planeia escapar da Alemanha Oriental para o ocidente num balão de ar quente. O filme é um hino à esperança e à luta pela liberdade.
Segue-se “Uma Mulher Normal”, filme inserido no grupo de filmes mais actuais do cinema alemão, e que se baseia na história do chocante assassínio dito de “honra”, seguindo a experiência de opressão vivida por uma mulher muçulmana. Gundermann revela-nos a relação entre a polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi, e o cantor e letrista Gerhard Gundermann, tragicamente falecido em 1998.
A película “Estradas” relata a amizade entre dois jovens em busca dos seus entes queridos, numa viagem hilariante e empolgante, enquanto que “O Mais Belo Casal” investiga o desejo escondido através da experiência traumática e negra de um casal de meia-idade.
A Cinemateca Paixão vai também exibir “Sweethearts”, que mostra a amizade entre uma mãe solteira e criminosa, Mel, e a sua refém. O festival revela ainda o documentário “Chris, o Suíço”, que examina a morte misteriosa do jornalista Chris, primo da realizadora.
Por sua vez, “O Caso Collini” expõe um escândalo da Primeira Guerra Mundial e um assassínio.

Analisar Schlöndorff

A quarta edição do festival KINO debruça-se sobre o trabalho de Volker Schlöndorff, considerada uma figura proeminente do movimento do Novo Cinema Alemão. Segundo uma nota oficial da Cinemateca Paixão, a sessão proporciona uma visão dos seus percursos criativos ao longo de vinte anos, trazendo filmes como Baal (1969), O Jovem Törless (1965) e A Lenda de Rita (2000).
Estas obras duras ilustram as excelentes adaptações do cânone literário feitas por Schlöndorff, criticando a opressão social através da figura do anti-herói rebelde. O KINO inclui no seu programa uma palestra sobre o trabalho deste realizador, que será conduzida por Derek Lam.
Na secção “Especiais de Macau”, será exibido o filme “Lotte na Bauhaus”, que retrata a luta de uma mulher para se emancipar e evoluir de forma criativa. Antes da sessão, a autora alemã Theresia Enzensberger conversará sobre as mulheres durante os primeiros anos da Bauhaus, uma escola de arte que surgiu na Alemanha antes da Primeira Guerra Mundial. O público poderá também assistir a dois episódios de “Babylon Berlin”, uma série alemã que conta a história de Gereon Rath, um inspector policial numa missão secreta na República de Weimar no período a seguir à Grande Guerra. A sessão será seguida por uma conversa com o escritor Arne Jysch, que adaptou o livro original numa novela gráfica. Os bilhetes para o KINO estão à venda, online e na Cinemateca Paixão, desde o passado sábado.

9 Out 2019

Animação | Festival exibe 14 filmes de para todas as idades

A crescente influência do cinema de animação, junto de públicos muito diversificados, prova que o género não serve só para contar histórias infantis. Cada vez mais há dramas e enredos para adultos. A Cinemateca Paixão estreia a 21 de Setembro a 3ª edição do Festival Mundial de Animação

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão apresenta, de 21 de Setembro a 6 de Outubro, o Festival Mundial de Animação de Verão, com 14 filmes e 2 workshops para miúdos e graúdos que destacam as mais recentes obras premiadas lá fora deste género cinematográfico.

A sessão de abertura é a oportunidade de conhecer o vencedor do Melhor Filme de Animação dos Prémios César 2019 – “Dilili em Paris” (2018), do realizador Michel Ocelot –, depois de ter estreado na abertura do Festival Internacional de Cinema de Annecy de 2018, ambos em França. Com o “encantador cenário da Belle Époque em Paris” como pano de fundo, a película conta a aventura de Dilili, uma jovem indígena (canaca), e um rapaz de entregas seu amigo, que investigam um surto de raptos de raparigas, encontrando pelo caminho estranhas personagens que vão deixando pistas para os ajudar na busca.

A animação recria o período de ouro nas artes e na cultura do final do século XIX e inícios de XX, uma época que o realizador Michel Ocelot teve dificuldade em adequar ao seu argumento.

“Vi-me confrontado com um pequeno problema relacionado com a representação de Paris durante a Belle Époque: só se via gente branca… Por isso, Dilili é mestiça, membro de um grupo que também sofreu com a rejeição de ambos os lados”, terá comentado. A película é recomendada a maiores de 13, falada em francês (com legendas em inglês e chinês), e duração de 93 minutos.

No final da sessão está prevista uma festa para os mais novos, onde poderão tirar selfies em cenários de animação inspirados nas obras do festival. A entrada é livre e os espectadores estão convidados para o lanche. O filme de abertura passa às 14h30 do dia 21 de Setembro, sábado, e volta a ser exibido no sábado seguinte, a 5 de Outubro, às 17h00.

Também em destaque está o filme de encerramento, “A Torre” (2018), de Mats Grorud, uma co-produção norueguesa e francesa, que conta a história de uma menina de 11 anos que vive com toda a família num campo de refugiados em Beirute, no Líbano, depois da expulsão do seu avô da Palestina em 1948. Baseada em entrevistas feitas com refugiados palestinianos há mais de seis décadas no Líbano, que anseiam até hoje poder regressar à sua verdadeira terra natal, esta é uma história de esperança que mistura técnicas de animação 2D com plasticina, que teve muito boas críticas à passagem pelos festivais de Annecy e Busan. Passa a 28 de Setembro e a 6 de Outubro, sempre às 19h30, para maiores de 13 anos.

Cinema tabu

O programa conta com diversas propostas para diferentes grupos etários, havendo animações para o público infantil, e outras para jovens e adultos. São 14 longas-metragens de animação, que passam pela produção internacional, a animação japonesa, e as sessões pensadas para o divertimento em família.

Para os maiores de 18 está o filme “Tabu de Teerão” (2017), de Ali Soozandeh, “uma sinistra denúncia da repressão no Irão contemporâneo, conseguida com um misto de intimidade e distância através de animação rotoscópica (na qual os actores são redesenhados em computador) criada pela mestria do realizador germano-iraniano”. Falado em persa, com legendas em inglês e chinês, sobre uma sociedade patriarcal, onde são as mulheres que carregam o fardo mais pesado da vida.

Galardoado Melhor Filme Internacional no Festival de Cinema de Jerusalém 2017, passou também pela Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes 2017, pelo Festival de Animação de Annecy 2017 e pelo Festival Internacional de Cinema de Hong Kong 2018. Passa a 25 de Setembro e a 2 de Outubro, duas quartas-feiras às 21h30.

“Ruben Brandt, Coleccionador” (2018), de Milorad Krstić, é um filme húngaro também recomendado a maiores de 18 anos, embora falado parcialmente em inglês, francês e italiano).

Um famoso psicoterapeuta recruta os seus pacientes criminosos num assalto tipo Ocean’s Eleven para roubar as treze pinturas de arte que o assombram. Atrás de si anda um detective contratado pelo cartel de seguradoras para recuperar as valiosas pinturas. O filme passa a 28 se Setembro às 21h30 e a 3 de Outubro às 19h30.

Ainda a destacar o filme “Funan” (2018), de Denis Do, vencedor do Prémio Cristal no Festival de Annecy 2018, sobre a história de uma jovem cujo mundo é subitamente virado de pernas para o ar com a chegada do regime Khmer Vermelho, no Camboja, em Abril de 1975. Esta foi uma “dura e impressionante estreia para o cineasta Denis Do, que recorreu à história da sua própria família para inspirar esta excitante história de amor, perda e esperança inabalável durante o mais terrível dos tempos”. Apesar do tema, a fita está classificada para maiores de 13 anos, com exibições a 22 de Setembro, às 21h30, e a 1 de Outubro às 19h30.

Jovens na onda

Os mais jovens e as crianças têm ainda um sortido de filmes para assistir durante as duas semanas de Festival. “Apanha a tua onda” (2019), de Yuasa Masaaki, sobre uma paixão entre um casal de adolescentes surfistas, ou “A Estalagem de Okko” (2018), de Kitarō Kōsaka, sobre uma menina órfã que vai viver para a estalagem da sua avó no campo, assinada pelo realizador de “A Viagem de Chihiro” (2001) e “Ponyo à Beira-Mar” (2008), são duas propostas japonesas para os adolescentes, entre outras películas interessantes, todas com duas exibições cada durante o evento.

“Os Comedores de Meias Ímpares” (2016), de Galina Miklinova, é um divertido filme checo sobre criaturas invisíveis responsáveis por devorar peúgas, que integra o conjunto de películas dedicadas à família. Outro filme de relevo nesta categoria é “Tito e os Pássaros” (2018), de Gabriel Bitar, Andre Catoto, Gustavo Steinber, uma fita brasileira sobre o medo epidémico e contagioso em São Paulo, a cidade dos muros, onde vivem vinte milhões de pessoas atrás de vedações e portões electrificados.

Há mais por onde escolher entre as sessões assinaladas como “Divertimento em Família”, que na compra de dois bilhetes, oferecem mais dois lugares para a sessão. Todas têm também duas exibições. Todos os bilhetes para o Festival de Animação custam 60 patacas e encontram-se já à venda.

À semelhança do ano passado, estão agendados dois Workshops de Animação para a Família, orientados pela realizadora de animação local, Pudusina. O tema deste ano será a reciclagem e as oficinas realizam-se a 28 e 29 de Setembro, nas galerias do Anim’Arte nos Lagos Nam Van, em cantonense. As inscrições devem ser feitas até 20 de Setembro e custam 100 patacas.

2 Set 2019

Animação | Festival exibe 14 filmes de para todas as idades

A crescente influência do cinema de animação, junto de públicos muito diversificados, prova que o género não serve só para contar histórias infantis. Cada vez mais há dramas e enredos para adultos. A Cinemateca Paixão estreia a 21 de Setembro a 3ª edição do Festival Mundial de Animação

 
[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão apresenta, de 21 de Setembro a 6 de Outubro, o Festival Mundial de Animação de Verão, com 14 filmes e 2 workshops para miúdos e graúdos que destacam as mais recentes obras premiadas lá fora deste género cinematográfico.
A sessão de abertura é a oportunidade de conhecer o vencedor do Melhor Filme de Animação dos Prémios César 2019 – “Dilili em Paris” (2018), do realizador Michel Ocelot –, depois de ter estreado na abertura do Festival Internacional de Cinema de Annecy de 2018, ambos em França. Com o “encantador cenário da Belle Époque em Paris” como pano de fundo, a película conta a aventura de Dilili, uma jovem indígena (canaca), e um rapaz de entregas seu amigo, que investigam um surto de raptos de raparigas, encontrando pelo caminho estranhas personagens que vão deixando pistas para os ajudar na busca.
A animação recria o período de ouro nas artes e na cultura do final do século XIX e inícios de XX, uma época que o realizador Michel Ocelot teve dificuldade em adequar ao seu argumento.
“Vi-me confrontado com um pequeno problema relacionado com a representação de Paris durante a Belle Époque: só se via gente branca… Por isso, Dilili é mestiça, membro de um grupo que também sofreu com a rejeição de ambos os lados”, terá comentado. A película é recomendada a maiores de 13, falada em francês (com legendas em inglês e chinês), e duração de 93 minutos.
No final da sessão está prevista uma festa para os mais novos, onde poderão tirar selfies em cenários de animação inspirados nas obras do festival. A entrada é livre e os espectadores estão convidados para o lanche. O filme de abertura passa às 14h30 do dia 21 de Setembro, sábado, e volta a ser exibido no sábado seguinte, a 5 de Outubro, às 17h00.
Também em destaque está o filme de encerramento, “A Torre” (2018), de Mats Grorud, uma co-produção norueguesa e francesa, que conta a história de uma menina de 11 anos que vive com toda a família num campo de refugiados em Beirute, no Líbano, depois da expulsão do seu avô da Palestina em 1948. Baseada em entrevistas feitas com refugiados palestinianos há mais de seis décadas no Líbano, que anseiam até hoje poder regressar à sua verdadeira terra natal, esta é uma história de esperança que mistura técnicas de animação 2D com plasticina, que teve muito boas críticas à passagem pelos festivais de Annecy e Busan. Passa a 28 de Setembro e a 6 de Outubro, sempre às 19h30, para maiores de 13 anos.

Cinema tabu

O programa conta com diversas propostas para diferentes grupos etários, havendo animações para o público infantil, e outras para jovens e adultos. São 14 longas-metragens de animação, que passam pela produção internacional, a animação japonesa, e as sessões pensadas para o divertimento em família.
Para os maiores de 18 está o filme “Tabu de Teerão” (2017), de Ali Soozandeh, “uma sinistra denúncia da repressão no Irão contemporâneo, conseguida com um misto de intimidade e distância através de animação rotoscópica (na qual os actores são redesenhados em computador) criada pela mestria do realizador germano-iraniano”. Falado em persa, com legendas em inglês e chinês, sobre uma sociedade patriarcal, onde são as mulheres que carregam o fardo mais pesado da vida.
Galardoado Melhor Filme Internacional no Festival de Cinema de Jerusalém 2017, passou também pela Semana da Crítica do Festival de Cinema de Cannes 2017, pelo Festival de Animação de Annecy 2017 e pelo Festival Internacional de Cinema de Hong Kong 2018. Passa a 25 de Setembro e a 2 de Outubro, duas quartas-feiras às 21h30.
“Ruben Brandt, Coleccionador” (2018), de Milorad Krstić, é um filme húngaro também recomendado a maiores de 18 anos, embora falado parcialmente em inglês, francês e italiano).
Um famoso psicoterapeuta recruta os seus pacientes criminosos num assalto tipo Ocean’s Eleven para roubar as treze pinturas de arte que o assombram. Atrás de si anda um detective contratado pelo cartel de seguradoras para recuperar as valiosas pinturas. O filme passa a 28 se Setembro às 21h30 e a 3 de Outubro às 19h30.
Ainda a destacar o filme “Funan” (2018), de Denis Do, vencedor do Prémio Cristal no Festival de Annecy 2018, sobre a história de uma jovem cujo mundo é subitamente virado de pernas para o ar com a chegada do regime Khmer Vermelho, no Camboja, em Abril de 1975. Esta foi uma “dura e impressionante estreia para o cineasta Denis Do, que recorreu à história da sua própria família para inspirar esta excitante história de amor, perda e esperança inabalável durante o mais terrível dos tempos”. Apesar do tema, a fita está classificada para maiores de 13 anos, com exibições a 22 de Setembro, às 21h30, e a 1 de Outubro às 19h30.

Jovens na onda

Os mais jovens e as crianças têm ainda um sortido de filmes para assistir durante as duas semanas de Festival. “Apanha a tua onda” (2019), de Yuasa Masaaki, sobre uma paixão entre um casal de adolescentes surfistas, ou “A Estalagem de Okko” (2018), de Kitarō Kōsaka, sobre uma menina órfã que vai viver para a estalagem da sua avó no campo, assinada pelo realizador de “A Viagem de Chihiro” (2001) e “Ponyo à Beira-Mar” (2008), são duas propostas japonesas para os adolescentes, entre outras películas interessantes, todas com duas exibições cada durante o evento.
“Os Comedores de Meias Ímpares” (2016), de Galina Miklinova, é um divertido filme checo sobre criaturas invisíveis responsáveis por devorar peúgas, que integra o conjunto de películas dedicadas à família. Outro filme de relevo nesta categoria é “Tito e os Pássaros” (2018), de Gabriel Bitar, Andre Catoto, Gustavo Steinber, uma fita brasileira sobre o medo epidémico e contagioso em São Paulo, a cidade dos muros, onde vivem vinte milhões de pessoas atrás de vedações e portões electrificados.
Há mais por onde escolher entre as sessões assinaladas como “Divertimento em Família”, que na compra de dois bilhetes, oferecem mais dois lugares para a sessão. Todas têm também duas exibições. Todos os bilhetes para o Festival de Animação custam 60 patacas e encontram-se já à venda.
À semelhança do ano passado, estão agendados dois Workshops de Animação para a Família, orientados pela realizadora de animação local, Pudusina. O tema deste ano será a reciclagem e as oficinas realizam-se a 28 e 29 de Setembro, nas galerias do Anim’Arte nos Lagos Nam Van, em cantonense. As inscrições devem ser feitas até 20 de Setembro e custam 100 patacas.

2 Set 2019

Cinemateca Paixão | Ciclo de novo cinema chinês no início de Setembro

Entre 1 e 19 de Setembro, o ecrã da Cinemateca Paixão será tomado pelo novo cinema chinês. “Chinese camera, here and now” é o nome do ciclo, composto por quatro filmes, com dois retornos à tela da Travessa da Paixão. Os bilhetes já estão à venda

 

[dropcap]Q[/dropcap]uando fizemos a selecção para o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, reunimos uma lista vasta de filmes, mas não tínhamos tempo para os mostrar todos. Então pensámos que deveríamos mostrar os que ficaram de fora. Foi daí que veio a ideia de exibir um pequeno ciclo dedicado ao novo cinema chinês.” As palavras de Rita Wong, directora da Cinemateca Paixão, revelam a génese do ciclo “Chinese camera, here and now”, que estará em exibição entre os dias 1 e 19 de Setembro.

Ao longo do evento vão ser mostrados quatro filmes. A película que inaugura o ciclo é “An Elephant Sitting Still”, um épico de 2018 com quase quatro horas de duração, realizado por Bo Hu. A narrativa do filme, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Berlim, centra-se em torno da ideia de fuga e num ditado popular chinês sobre uma cidade do norte da China, Manzhouli, onde se diz que existir um elefante sentado que ignora, ostensivamente, o mundo.

A lenda do elefante e a vontade de escapar são os pontos unificadores que juntam num improvável grupo quatro personagens.

Visualmente deslumbrante, “An Elephant Sitting Still” desenrola-se ao longo de um só dia convergindo na linha ferroviária que liga a província de Hebei a Manzhouli. O filme será exibido no domingo, dia 1 de Setembro, às 16h e passado uma semana, a 8 de Setembro às 15h.

Película fêmea

“Girls Always Happy” é outro dos destaques no ciclo de novo cinema chinês e uma recomendação pessoal de Rita Wong. “Quando seleccionámos filmes para o Festival de Cinema entre a China e os Países de Língua Portuguesa, eu e a curadora, a crítica de cinema Joyce Yang, uma coisa saltou à vista: tínhamos muitos filmes de autoria de mulheres. Foi muito interessante ver a forma como trazem um ponto de vista interessante para o cinema, com uma boa execução, tecnicamente muito boas”, explica a directora da Cinemateca Paixão. Rita Wong destaca “Girls Always Happy” por considerar que “mostra o poder do cinema chinês no feminino”.

Realizado pela jovem Yang Mingming, “Girls Always Happy” parte do desespero que é ultrapassado pelo poder do amor. A narrativa gira em torno de duas personagens, mãe e filha, que estão em contantes confrontos, num crescendo de repulsa, ódio e dor. O filme será exibido a 3 de Setembro às 19h30, depois no dia 7 às 21h30 e finalmente no dia 11 de Setembro às 19h30.

“Jinpa” é o outro regresso, além de “An Elephant Sitting Still”, à Cinemateca Paixão. Vencedor do Melhor Argumento (Prémio Horizontes Veneza), 75º Festival de Cinema de Veneza, o filme do realizador tibetano Pema Tseden foi produzido por Wong Kar-wai. Baseado no conto “Atropelei Um Carneiro” e na obra “O Carrasco”, do escritor tibetano Tsering Norbu, esta película conta a história de dois homens chamados igualmente Jinpa e do seu destino entrelaçado. O road film explora a redenção de quem assassinou. “Jinpa” será exibido no dia 4 de Setembro às 19h30, dois dias depois no 6 de Setembro às 21h30 e no domingo dia 8 de Setembro às 19h30.

Finalmente, “Meu Bom Amigo” é o filme restante do ciclo dedicado ao novo cinema chinês. Realizado por Yang Pingdao, o filme conta a história do velho Shuimu que vive com a esposa, Fang, numa aldeia do sul da China. O seu maior amigo, Zhongsheng, é mudo e trabalha como guarda de um reservatório. Quando tinham dez anos, os dois juraram viver e morrer juntos. O velho Zhongsheng sabe que têm os dias contados e recorda uma visita a uma aldeia com Shuimu, onde ouviram o rumor acerca do massacre de uma família e de um rapaz arrastado pelo rio. Vendo a crescente ansiedade do amigo, Shuimu decide levá-lo de volta às suas raízes.

Durante a viagem, os dois homens reencontram as suas infâncias e as suas jovens personalidades. “Meu Bom Amigo” será exibido a 5 de Setembro, às 19h30, no dia 7 às 16h30 e no dia 10 de Setembro às 19h30.

28 Ago 2019

Festival | Documentários em estreia para ver de 10 a 31 de Agosto

São 23 filmes, alguns em estreia absoluta em Macau e Hong Kong, para ver no Festival Internacional de Documentário de Macau, durante o próximo mês. Há ainda uma masterclass, conversas, debates e festas para homenagear o cinema de reflexão sobre temas históricos, biográficos e sociais

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão acaba de apresentar o cartaz de filmes que chegam a Macau em primeira mão na edição do 4º Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM). Durante o mês de Agosto, de 10 a 31, a sala da Travessa Paixão convida o público a perder-se em histórias interessantes e curiosas sobre o que se vai passando no mundo.

“Let’s Get Lost” é o primeiro título que abre o evento, realizado por Bruce Weber em 1988, sobre a trágica vida do lendário trompetista de música jazz Chet Baker. “A música, as drogas e o seu coração romântico” são os ingredientes do documentário de Bruce Weber, “ele próprio fotógrafo de moda de fama mundial”, que “retrata os últimos anos do músico em extraordinárias imagens a preto e branco. O trabalho de câmara é tão poético quanto a música de Baker. No final das filmagens, Baker foi encontrado morto na rua debaixo do seu quarto de hotel em Amesterdão. O incidente adiciona um elemento de mistério ao filme”, lê-se na informação divulgada pela Cinemateca.

A projecção do filme, no dia 10 de Agosto às 14h30, será complementada com uma conversa sobre o tema “A Música, Caso e Legado de Chet Baker”, por Anson Ng, em cantonense com tradução em inglês, às 17h00 com entrada livre. O filme, que foi nomeado para Melhor Documentário na 61ª edição dos Óscares em 1989, volta a ser exibido a 24 de Agosto às 21h30.

A rúbrica “Realizador em Foco” dá este ano destaque ao portefólio do realizador cazaque Sergey Dvortsevoy, que estará em Macau para apresentar seis filmes da sua autoria e partilhar métodos criativos numa masterclass para realizadores locais. O homenageado “foi engenheiro aeronáutico e tornou-se realizador depois de estudar cinema na década de 1990. Apesar de uma escassa formação teórica, Dvortsvoy aplica um estilo narrativo directo, focando-se em personagens socialmente marginalizadas”, revela a nota de imprensa.

A não perder está a sua primeira película ficcional, “Tulpan” (2008), filme que mereceu a Dvortsvoy o prémio “Um Certain Regard” no Festival de Cinema de Cannes, com a história de um jovem que pretende casar com a mulher dos seus sonhos e dedicar-se à vida rural, o que em nada seduz a visada. E “Ayka” (2018), o seu mais recente trabalho, nomeado para a Palma de Ouro, que retrata a vida deprimente de uma mãe em fuga, com a notável interpretação de Samal Yeslyamova, que trouxe para casa os galardões de Melhor Actriz no Festival de Cinema de Cannes e nos Prémios do Cinema Asiático. Ambos os filmes são exibidos duas vezes, dias 10 e 27 e dias 11 e 29, respectivamente.

A retrospectiva do realizador nascido no Cazaquistão inclui ainda os documentários “Auto-estrada” (1998) e “Na Escuridão” (2004), numa sessão única dia 13, e “Paraíso” (1995) e “Dia do Pão” (1998), no dia 21.

Estreias asiáticas

Nas secções do festival dedicadas aos filmes mais recentes, encontram-se estreias absolutas em Macau e Hong Kong, como o filme “Onde Estás, João Gilberto?” (2018), de Georges Gachot, que acompanha o percurso de um escritor alemão que viaja para o Brasil em busca do fundador da Bossa Nova, apaixonado pela música do compositor retirado da cena musical durante mais de três décadas. A estreia, no dia 17 às 19h30, conta com uma festa pré-sessão de música e comida brasileira, das 18h às 19h, para homenagear o artista recém-desaparecido no mês passado. O filme repete no dia 23.

“Presente.Perfeito” (2019), da realizadora chinesa Shengze Zhu, é outra estreia que aborda os milhões de vloggers (video bloggers) por toda a China que mostram as suas vidas online a estranhos, à procura de popularidade, na “mais crua auto-exposição” com que os elementos marginalizados ultrapassam a solidão das suas vidas na actual sociedade chinesa. O filme ganhou o prémio Hivos Tiger no Festival de Roterdão e passa apenas no dia 18.

Outro destaque é a estreia de “Viajante da Meia Noite” (2019), do realizador afegão Hassan Fazili, que documenta a sua própria fuga com a família, depois dos talibãs terem pedido a sua morte. A recusa de exílio pelo Tajiquistão força-os a uma deriva incerta em busca de um destino que lhes reconheça o estatuto de refugiados. Passa na tela nos dias 14 e 25.

“Mais Um Dia de Vida” (2018), do realizador espanhol Raúl de la Fuente e do animador polaco Damian Nenow, é uma interessante animação sobre a Guerra Civil de Angola, a partir do livro do jornalista polaco Ryszard Kapuściński, que se aventurou em 1975 até à linha da frente do conflito armado para fazer reportagens para a agência noticiosa (PAP). A brutalidade das experiências de guerra que reportou, na sua colectânea de textos e mapas, veio a ser uma referência para a classe jornalística mundial, a partir das suas palavras: “A pobreza não tem voz. O meu dever é conseguir que essa voz se ouça”. Esta adaptação ao género de animação é exibida apenas no dia 17.

“Três Estranhos Idênticos” (2018), do realizador britânico Tim Wardle é um curioso documentário sobre o encontro, em 1980 na cidade de Nova Iorque, de três jovens rapazes que descobrem ser trigémeos idênticos separados à nascença. “Após dezanove anos de separação, a sua reunião torna-se notícia e conduz a um sinistro segredo científico”, que valeu ao filme o Prémio Especial do Júri do Festival de Sundance, EUA, em 2018, e uma nomeação para Melhor Documentário nos BAFTA 2019, no Reino Unido. A fita pode ser vista nos dias 10 e 30.

E ainda os clássicos

Entre várias outras propostas presentes neste FIDM, que ao todo projectará mais de duas dezenas de documentários, estão também dois títulos clássicos que importa assinalar. “Recordações de Uma Viagem à Lituânia” (1972) é assinado pelo realizador lituano Jonas Mekas, padrinho do cinema americano de vanguarda, que faleceu em Janeiro passado aos 96 anos de idade. Filmado entre 1950 e 1972, com a sua Bolex de 16mm, este documentário abrange mais de duas décadas, ilustrando o seu percurso em Nova Iorque e o regresso ao país natal para reencontrar os amigos. A exibição única é dia 20.

Outro clássico é o muito premiado “O Acto de Matar” (2012), na versão editada pelo realizador americano Joshua Oppenheimer, que convidou Anwar Congo, o gangster que conduziu o extermínio de comunistas na Indonésia em 1965, a reencenar voluntariamente a matança para a objectiva. “As cenas do massacre ganham um sentido surreal, com Congo no papel de assassino e vítima”, cujo orgulho se vai desfazendo à medida que o sentimento de culpa surge.

Vencedor de Melhor Documentário nos BAFTA e nos Prémios do Cinema Europeu de 2014, e nomeado na mesma categoria à 86ª edição dos Óscares, o filme foi aplaudido pelo mestre do cinema alemão, Werner Herzog, que o considerou “um dos mais importantes filmes vistos nos últimos 25 anos”. As sessões acontecem nos dias 17 e 31, com uma palestra pré-sessão, dia 17 às 14h30, pelo especialista de História da Indonésia, George Young, sobre o genocídio “Gerakan 30 de Setembro” que acorreu naquele país.

O cartaz de excelência do FIDM é mais uma aposta da Cinemateca Paixão, com o apoio da Comuna de Han-Ian – associação de arte e cultura. Os bilhetes custam 60 patacas por sessão e já se encontram à venda.

30 Jul 2019

Cinema | Festival de Documentário arranca com filme sobre Chet Baker

[dropcap]L[/dropcap]et’s Get Lost” (1988), sobre a vida do trompetista e músico de jazz Chet Baker, em versão recém-restaurada, é o filme de Bruce Weber que abre a 4ª edição do Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM), de 10 a 31 de Agosto na Cinemateca Paixão.

O “Realizador em Foco” de 2019 será o cazaque Sergey Dvortsevoy, que apresentará seis das suas obras e dará ainda uma masterclass destinada a cineastas e público local.

Entre muitas propostas de documentários recentes e alguns clássicos, o evento exibirá também filmes como “Presente.Perfeito” (2019) da jovem realizadora chinesa Shengze Zhu, que venceu prémios no IndieLisboa, ou as memórias do recém desaparecido pai da Bossa Nova, com o documentário “Onde Estás, João Gilberto?” (2018) de Georges Gachot, sobre a música e a vida do compositor. Os bilhetes para as sessões do FIDM encontram-se à venda desde sábado.

29 Jul 2019

Cinemateca Paixão | Ciclo de filmes japoneses entre Julho e Agosto

“Japanese Summer Breeze” é o título do ciclo de cinema japonês que traz ao território três filmes recentemente estreados, sobre temas quotidianos, questões familiares, assuntos do coração, dores de crescimento e mais alguns ingredientes

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão estreou ontem o primeiro filme do ciclo de cinema nipónico, que dá pelo título de “Japanese Summer Breeze”. Em cartaz vão estar três recentes longas-metragens, de 2018 e 2019.

A anunciada brisa estival japonesa arrancou ontem ao final da tarde com o filme “Ramen Teh” (2019), do realizador singapurense Eric Khoo, sobre perdas familiares e a cura da alma através do estômago, com múltiplas sessões até ao dia 6 de Agosto.

“Eating Women” (2018), do realizador Jiro Shono, também sobre o poder da culinária e da partilha, estreia amanhã, dia 26 de Julho, e fica até 8 de Agosto. E “And Your Bird Can Sing” (2018), do realizador Sho Miyake, sobre as derivas da juventude, chega à tela no sábado, 27 de Julho, para ficar até 14 de Agosto.

Sopas de fitas

“Ramen Teh” é uma história sobre a busca da família e as memórias dos sabores de infância. Masato é cozinheiro num restaurante de “ramen” na cidade de Takasaki, no Japão. Após a morte súbita do pai, com quem mantinha uma relação emocionalmente distante, o jovem japonês encontra uma antiga mala cheia de objectos de recordação e um caderno vermelho, que pertenciam à sua mãe, falecida quando o rapaz tinha apenas dez anos.

A curiosidade sobre a família materna de Singapura leva Masato a viajar para aquele país, onde conhece uma jovem blogger de gastronomia que o ajuda a investigar as raízes e encontrar um tio materno. Através deste familiar, Masato vai descobrir que a avó ainda está viva, a pessoa certa para lhe explicar o terno, mas atribulado romance entre os pais. A reunião entre avó e neto é também ajudada pelos ingredientes que entram nas receitas de família, em especial na sopa “bak kut teh” singapurense, de que Masato ainda se recorda.

Amizades e Amores

“Eating Women” (2018), ou “Taberu Onna” no original é uma história sobre oito mulheres que se encontram frequentemente com uma ensaísta e alfarrabista, cuja loja de livros usados funciona na sua própria casa. Como gosta de cozinhar, a anfitriã prepara com frequência pratos especiais para experimentar com as amigas, enquanto conversam à mesa, ou no alpendre à luz da lua, partilhando as suas complicadas vidas. E quem são estas amigas? Mulheres com diferentes idades, carreiras, percursos, expectativas, amantes, companheiros, famílias. Mas que têm em comum a paixão pela boa comida e pelo convívio, como forma de aliviar a tensão das rotinas diárias.

25 Jul 2019

Cinema | Filme nomeado para os Césares 2019 em cartaz na Cinemateca Paixão

O que leva as pessoas a resistir e a seguir em frente, perante a adversidade, é eterno e intemporal. “Amanda” é uma história de família sobre as mudanças que ocorrem após um violento ataque terrorista. Nomeado para os Césares 2019, o filme está em exibição até à próxima terça na Cinemateca Paixão

 

[dropcap]A[/dropcap] perda e a dor colectiva causada pelos ataques terroristas islâmicos em cidades europeias é o ponto de partida para este filme francês, realizado por Mikhaël Hers, que também assina o argumento a meias com Maud Ameline. “Amanda” (2018) é um drama contemporâneo sobre valores familiares, que está em exibição na Cinemateca Paixão até ao dia 30 de Julho.

Trata-se de uma história normal sobre pessoas normais num país europeu normal. São os acontecimentos dolorosos que vão obrigar as personagens a amadurecer e a repensar na vida após a tragédia. Toda a gente é forçada a reagir, mas não é a raiva e a impotência que o filme explora, é antes o processo de superação e a humanidade que se manifesta através dos compromissos inevitáveis que se estabelecem entre os protagonistas.

A Amanda do título é uma menina de sete anos que vive em Paris e é criada pela mãe, Sandrine, solteira e professora, com a ajuda irregular do seu irmão mais novo, David, um jovem de 20 anos, que vai trabalhando aqui e ali, a tomar conta de apartamentos e fazer tarefas de manutenção.

Quando é preciso, David faz de baby-sitter à sobrinha, vai buscá-la à escola e toma conta dela. A mãe ausente de David e Sandrine é inglesa e vive em Londres, sem grande relação com os filhos. David tem o sonho de ir assistir a um jogo de ténis em Wimbledon, mas não quer saber sequer da progenitora.

A vida de David muda quando a irmã é assassinada no meio de um ataque terrorista que acontece numa praça pública de Paris. A Amanda vai ter que ficar a seu cargo e ambos vão aprender a adaptar-se à nova situação.

Segundo a crítica internacional, o filme é bem-intencionado, evita o cliché dos confrontos religiosos, não explora as questões políticas contra o islamismo, opta antes pela autenticidade das relações e pelo retrato honesto do quotidiano de quem tem que continuar a viver o dia-a-dia.

Passagem pelo Indie

O filme foi acolhido e reconhecido em diversos festivais internacionais, vencendo o prémio principal e o melhor argumento do Festival Internacional de Tóquio 2018, para Mikhaël Hers e Maud Ameline. “Amanda” foi igualmente nomeado para os Césares 2019, nas categorias de melhor actor, com Vincent Lacoste, e melhor música original, de Anton Sanko; nomeado para os Lumiere Awards 2019, como melhor filme e melhor actor; nomeado para os Laurier du Cinéma 2019 e para a Selecção Orizzonti do 75º Festival de Cinema de Veneza.

O filme esteve ainda presente na competição do IndieLisboa 2019, indigitado para o Prémio Silvestre como melhor filme, que viria a ser atribuído ex-aequo a “I Do Not Care If We Go Down In History As Barbarians”, de Radu Jude, e a “M.”, de Yolande Zauberman. Mikhael Hers é já um nome habitual no Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, por onde passaram os seus três primeiros filmes: “Primrose Hill”, “Memory Lane” e “Ce Sentiment de L’Été”.
Mikhaël Hers nasceu em França em 1975 e estudou produção cinematográfica em La Fémis, em Paris. Formou-se em 2004 e começou então a produzir e realizar os seus próprios filmes. Escreveu e dirigiu as médias-metragens “Charell” (2006), “Primrose Hill” (2007) e “Montparnasse” (2009), todas estreadas no Festival de Cinema de Cannes e, esta última, vencedora do Prémio Jean Vigo.

“Memory Lane” (2010) é a sua primeira longa-metragem. A segunda, “Ce Sentiment de L’Été” (2015), venceu o Grande Prémio do Júri no Festival Internacional de Cinema de Bordéus, em França, e foi apresentado ainda no Festival de Roterdão, na Holanda.

As sessões da Cinemateca Paixão acontecem entre hoje, dia 23, e terça-feira, de 30 de Julho, sempre às 19h30, excepto no sábado, em que a sessão é às 21h30. O filme é exibido na língua original, em francês, com legendas em chinês e inglês. A duração é de 106 minutos e os bilhetes estão disponíveis por 60 patacas na bilheteira ou na página web.

23 Jul 2019

Festival | Cinema premiado da China e dos PLP estreia esta quinta-feira

Vêm aí duas semanas de filmes premiados, em língua chinesa e portuguesa. Dezoito longas-metragens, três curtas e seis pequenas animações, compõem o ciclo de cinema que, de 4 a 17 de Julho, pode ser visto em Macau

 

[dropcap]O[/dropcap] Festival de Cinema entre a China e os PLP está prestes a iniciar a segunda edição, com mais de 20 filmes em cartaz no Centro Cultural de Macau (CCM) e na Cinemateca Paixão (CP), a partir da próxima quinta-feira, de 4 até 17 de Julho. Organizados em três categorias – “Retrospectiva de Clássicos”, “Nova Visão da China e dos Países de Língua Portuguesa” e “Olá Macau” –, os filmes serão complementados por conversas pré ou pós-projecção, com curadores e convidados, que irão contextualizar as obras de acordo com as diferentes épocas, geografias e culturas apresentadas.

Lançado como parte integrante da primeira edição do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa” em 2018, o 2º Festival de Cinema arranca este ano com uma versão digitalmente remasterizada da longa-metragem “Primavera Numa Cidade Pequena”, de 1948, uma obra emblemática do cinema chinês pelo poeta e realizador Fei Mu. A sessão conta com uma palestra final, intitulada “A Paisagem Mutante do Cinema Chinês”, apresentada pela curadora convidada Joyce Yang e pela conhecida crítica de cultura e cinema Dai Jinhua, professora de Literatura Comparada e Cultura da Universidade de Pequim.

Numa pequena cidade do sul da China, a jovem Yuwen atravessa uma realidade depressiva com o marido doente Liyan, mas a sua vida vai ser perturbada pela visita do antigo amante, Zhichen. Na conversa pós-projecção, “a narratividade urbana do cinema chinês será explorada historicamente, desde a fundação da RPC até ao presente”, pode ler-se no programa do Instituto Cultural (IC).

A longa-metragem do realizador chinês Jia Zhangke, “Natureza Morta” (Still Life, 2006), é outro dos destaques do ciclo, vencedor do Leão de Ouro do 63º Festival de Cinema de Veneza. Com o projecto da barragem das Três Gargantas por cenário, no rio Yangtze, o filme segue um mineiro e uma enfermeira de Shanxi, em busca dos respectivos cônjuges na cidade prestes a ser demolida. Thomas Shin, crítico cinematográfico de Hong Kong, falará com o público após a sessão, marcada para 5 de Julho, às 19h30.

“A Caminho de casa” (Getting Home, 2007), do realizador chinês Zhang Yang, foi o vencedor do Prémio do Júri Ecuménico (Panorama) do Festival de Cinema de Berlim 2007 e é um filme que narra uma história de viagem com “gente hilariante e incidentes surpreendentes”, a 11 de Julho.

“Antônio das Mortes” (The Dragon of Evil Against the Saint Warrior”, 1969), do cineasta brasileiro Glauber Rocha, um dos pais do chamado “Cinema Novo”, passa no dia 12. Trata-se de um antigo western que explora o fenómeno da decadência do “coronelismo”, naquela época conturbada do país, tendo Glauber Rocha conseguido o prémio de Melhor Realizador no Festival de Cannes em 1969.

Mais alguns clássicos, incluídos nesta mostra, são “A Ilha dos Amores” (The Island of Love, 1982), de Paulo Rocha (Portugal, Japão), nomeado para a Palma de Ouro do Festival de Cannes nesse ano, sobre o escritor português Venceslau de Moraes; “Chuveiro” (Shower, 1999), de Zhang Yang (China), que foi prémio da Crítica Internacional (FIPRESCI) no Festival Internacional de Cinema de Toronto; e “Mortu Nega” (Death Denied, 1988), de Flora Gomes (Guiné-Bissau), que daria ao realizador duas menções especiais no Festival de Cinema de Veneza. Passam a 6, 7 e 14 de Julho, respectivamente.

Filmes recentes

Entre o conjunto de filmes mais recentes, que dão uma visão do que tem sido feito na China e nos Países de Língua Portuguesa (PLP), encontram-se “Âmbar Azul” (Blue Amber, 2018), de Zhou Jie (China), que ganhou o prémio novo talento asiático no Festival de Cinema de Xangai; e “Jinpa” (2018), de Pema Tseden (Tibete, China), que contou com a produção de Wong Kar-Wai e venceu o Melhor Argumento do 75º Festival de Veneza. Os filmes são exibidos a 6 e 7 de Julho.

Também a 7 de Julho é projectado “Divino Amor” (Divine Love, 2019), de Gabriel Mascaro (Brasil), que foi nomeado para os Festivais de Sundance e de Berlim de 2019. O filme “Serpentário” (Serpentarius, 2019), de Carlos Conceição (Angola, Portugal), foi nomeado para o último Festival de Cinema de Berlim; “Cão Ladrando à Lua” (A Dog Barking at the Moon, 2019), de Xiang Zi, venceu de um Teddy Award, prémio especial do júri do 69º Festival de Berlim; e “Adeus, Meu Filho” (So Long, My Son, 2019), de Wang Xiaoshuai (China), arrebatou dois Ursos de Prata – Melhor Actor e Melhor Actriz – no último Festival de Berlim 2019. Os três filmes passam a 10, 13 e 14 de Julho.

Cinema de Macau

As longas de Macau chegam à tela nos dias 9, 10, 11 e 13 de Julho, dando oportunidade ao público de rever “Irmãs” (Sisterhood, 2016), da realizadora Tracy Choi; “O Amor é Frio” (Love is Cold, 2016), de Fei Ho; “Chuva Passageira” (Passing Rain, 2017), de Ka Keong Chan; e “Hotel Império” (Empire Hotel, 2018), de Ivo M. Ferreira, uma co-produção entre Portugal e Macau. Numa única sessão de curtas locais, a 16 de Julho, vai ser possível assistir aos filmes “Geração Ressaca” (The Age of Hangover, 2017), de Mike Ieong; “Ilegais” (Ilegalist, 2017), de Penny Lam; e “G.D.P.” (Grandma’s Dangerous Project, 2018), de Peeko Wong. A sessão tem 106 minutos.

Filmes de animação também fazem parte deste Festival. No dia 13 de Julho, sábado às 15h, os mais pequenos vão poder ver numa sessão única, de 37 minutos, “O Almoço de Meu Pai” (My Father’s Lunch), de Jason Pun; “O Farol” (The Lighthouse), de Jay Lei; “Céu Estrelado” (Starry Sky), de Zue Ku; “Pundusina”, de Ka Choi Lou; “Delicioso” (Delicious), de Su Kei Lam; e “O Coelho e o Crocodilo” (Rabbit Meets Crocodile), de Kin Hang Sam. As obras, de 2018 e 2019, são assinadas por realizadores locais.

O filme de encerramento é uma recente produção nacional, que fez parte dos nomeados para os Festivais Mar del Plata 2018 e Berlim 2019. “A Portuguesa” (The Portuguese Woman, 2018), de Rita Azevedo Gomes, é uma adaptação do romance do austríaco Robert Musil para um drama de época, passado no século XVI, sobre a história de uma mulher lusa que vive com o marido aristocrata no norte de Itália, até que este decide partir para a guerra. Esta sessão, a 17 de Julho às 19h30, termina o ciclo de duas semanas que passa na Cinemateca Paixão. Os filmes de abertura e de encerramento são exibidos no pequeno auditório do CCM. Os bilhetes custam 60 patacas, com diversos descontos, e já se encontram à venda.

1 Jul 2019

Fitas portuguesas preenchem fim-de-semana da Cinemateca

[dropcap]T[/dropcap]rês dias de filmes portugueses, curtos e longos, chegam esta sexta-feira à Cinemateca Paixão e ficam até domingo. A “Mostra de Cinema Português” traz a Macau, pela quarta vez consecutiva, os principais títulos produzidos e realizados por autores nacionais, que no ano anterior fizeram um percurso relevante em festivais e circuitos de exibição internacionais.

É o caso das fitas seleccionadas para 2019. A iniciativa, organizada pela Fundação Oriente e pela agência de cinema Portugal Film – uma extensão do Festival de Cinema Independente de Lisboa – seleccionou este ano para apresentar no território três longas-metragens e duas sessões de curtas. A primeira longa será o anunciado documentário “A Dama de Chandor” (1998), de Catarina Mourão, dia 21 de Junho às 20h30.

As longas de sábado e domingo, dias 22 e 23, são o documentário “Bostofrio, où le ciel rejoint la terre” (2018), de Paulo Carneiro, no sábado às 19h30, e o filme “Peregrinação” (2018), de João Botelho, no domingo às 20h30. O primeiro narra, em 70 minutos, a tentativa de um jovem realizador quebrar a lei do silêncio e desenterrar a história dos seus avós, que ninguém ousa comentar, numa remota vila de Trás-os-Montes. Os filhos de pai incógnito são uma realidade ainda presente em muitas regiões do país. O segundo é uma ficção sobre a lendária viagem de Fernão Mendes Pinto a terras orientais, a partir do seu livro escrito em 1570 e publicado a título póstumo em 1614. A obra, algo controversa, tem a duração de 105 minutos.

Curtas a meio da tarde

As duas sessões de curtas passam mais cedo, às 17h30 da tarde, no sábado e no domingo. No dia 22, a sessão “Curtas 1 – Amor e Juventude” reúne os primeiros filmes de cinco jovens realizadores, feitos ainda na escola de cinema ou já fora dela, com a duração total de 79 minutos. O destaque vai para os dois últimos, “Miragem Meus Putos”, de Diogo Baldaia, e “Amor, Avenidas Novas”, de Duarte Coimbra, que recolheram grandes elogios em dezenas de festivais europeus por onde passaram.

No dia 23, a sessão “Curtas 2 – Visões do Mundo”, junta quatro fitas de realizadores já à procura do seu lugar no panorama cinematográfico, e dura 84 minutos. O destaque neste grupo é “Farpões Baldios”, de Marta Mateus, que conta histórias alentejanas através dos protagonistas, resistentes da luta da reforma agrária contra os patrões latifundiários. O filme fez também longa carreira em muitos festivais europeus, asiáticos, e norte-e-sul-americanos.

As sessões da Mostra de Cinema Português são gratuitas. O público deverá aparecer à hora dos filmes, garantindo o lugar por ordem de chegada.

20 Jun 2019

Vencedor da Palma de Ouro Cannes na Cinemateca Paixão

[dropcap]O[/dropcap] filme sul-coreano que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes 2019 vai ser exibido durante a próxima semana, em diversos horários, na Cinemateca Paixão. “Parasita” é o título da obra do realizador Bong Joon-ho, que foi considerada pela crítica internacional como “uma sátira social em esteróides” ou mesmo um “épico brilhante dos dias de hoje”.

Trata-se de um drama familiar que retrata bem o tema das desigualdades sociais, com um enfoque intimista e uma alta dose de suspense. O humor negro, em porções por vezes tímidas, outras vezes transbordantes, tornou o filme imprevisível e inteligente, “aplaudido calorosamente” pelo público da 72ª edição de Cannes.

Para não estragar a surpresa, os relatos da imprensa sobre as voltas que o guião dá são enigmáticos. E aconselham até o público a “saborear a preciosidade com um mínimo de informação”. Bong Joon-ho chegou mesmo a escrever uma carta aos críticos internacionais, implorando que não revelassem partes importantes do seu filme, para não arruinar a experiência aos demais espectadores.

O argumento conta a história da família unida de Ki-taek, em que todos os elementos são muito próximos, mas estão desempregados e receiam ter apenas um futuro negro pela frente. Até que o seu filho Ki-woo consegue um emprego, como professor particular de inglês de uma jovem de família rica, os Park. Enquanto os primeiros habitam numa escura e sórdida cave, infestada de baratas, os Park vivem numa sumptuosa casa com jardim e respectivas mordomias.

Ki-woo rapidamente se aproveita da situação, conseguindo através de subterfúgios contratar a irmã, o pai e a mãe para servirem na mansão dos Park, mas a chegada da família de golpistas precipita situações incontroláveis e nem tudo correrá como previsto para os novos parasitas.

“Escrito, realizado e interpretado na perfeição”, segundo a crítica de Cannes, o “argumento é excelente e os actores são globalmente extraordinários”. Bong Joon-ho assina não só a realização do filme, mas também o argumento em parceria com Han Jin-won. Os actores são Song Kang-ho no papel do patriarca, Jang Hye-jin interpreta a mulher deste, Choi Woo-sik e Park So-dam são respectivamente o filho e a filha do casal.

Cineasta sociólogo

O realizador Bong Joon-ho, que nasceu numa família da elite coreana, começou por se formar como Mestre em Sociologia antes de seguir a sua verdadeira vocação, o cinema. Após passar pela Academia Coreana de Artes Cinematográficas, começou a realizar filmes em 1994. Os mais conhecidos títulos da sua carreira eram, até à Palma de Ouro de 2019, os filmes “Cão Que Ladra Não Morde” de 2000 e “Okja” de 2017, um surrealista e o outro fantástico, este último chegando a gerar alguma polémica.

A controvérsia de “Okja” aconteceu também em Cannes, por ser uma fita apresentada na plataforma Netflix, na altura muito criticada sobre se poderia ser considerada um “verdadeiro filme”.

“Parasita” tem a duração de 132 minutos e chega agora à sala da Cinemateca Paixão. As sessões decorrem de 22 de Junho a 7 de Julho, em diferentes horários, e os bilhetes encontram-se à venda no local e na página web oficial.

18 Jun 2019

Ciclo afro-americano na Cinemateca Paixão em Junho

Os últimos filmes de Spike Lee e de Barry Jenkins, dois nomes de destaque do cinema afro-americano, vão estar na mostra “Black is Beautiful” que inaugura sexta-feira na Cinemateca Paixão. Cinema de excelência é no mês de Junho

 

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão inaugura o ciclo de cinema afro-americano “Black is Beautiful”, que decorre de 7 a 20 de Junho em Macau, com festa, filmes e conversas sobre a cultura e a sociedade negra dos Estados Unidos da América. São 10 títulos de excelência que prestam tributo à crescente popularidade do cinema feito por cineastas de etnia africana, com filmes de referência, clássicos e actuais, premiados nos mais importantes festivais da especialidade.

“Já era altura”, explicou a directora da Cinemateca, Rita Wong, “de reunirmos um conjunto de filmes de importantes realizadores afro-americanos, num ciclo temático que representasse a qualidade das produções que têm sido feitas nos últimos anos”. A vontade vem desde há dois anos atrás, quando o filme “Moonlight” (2016), de Barry Jenkins, venceu o Óscar de Melhor Filme da Academia, ao mesmo tempo que o documentário “I’m Not Your Negro” (2016), de Raoul Peck, sobre a vida do escritor e activista James Baldwin, também nomeado para Melhor Documentário aos Óscares da 89ª Cerimónia da Academia de Cinema e vencedor na mesma categoria dos Prémio BAFTA, ambos anteriormente exibidos na Cinemateca.

O projecto “Black is Beautiful” é assinado pelo curador Francisco Lo, “com quem temos trabalhado já em diversas ocasiões, nomeadamente no ciclo que fizemos no ano passado sobre o Novo Cinema Americano, com diversas produções independentes norte-americanas. Ele tem estudado e trabalhado muitos anos como crítico de cinema nos EUA, por isso está bem familiarizado com este cinema de cultura negra, que é hoje uma tendência que desperta enorme interessante, um cinema maduro e experiente, que achámos que merecia uma maior atenção do nosso público em Macau”, sublinhou Rita Wong.

O ciclo é especial e começa logo em clima de festa, com a presença dos DJs convidados de Hong Kong, Kong Matt Force e Fotan Laiki, que são prova de que a cultura pop urbana, como o rap e o hip-hop, evoluíram desde as raízes negras do Bronx até se tornarem num fenómeno global. “Na mostra também vamos conhecer melhor esta cultura, de dentro para fora. Quando escolhemos os filmes, procurámos cobrir diferentes áreas, como a música, os movimentos artísticos, a literatura, a vida em sociedade, todos dirigidos por realizadores afro-americanos, homens e mulheres”, segundo revelou.

O filme de abertura é o mais recente do realizador Spike Lee, “BlacKKKlansman” (2018), que venceu o Grande Prémio de Cannes em 2918 e o Melhor Argumento Adaptado nos Óscares de 2019, baseado na história verídica de um detective policial negro que se infiltra com sucesso, por via telefónica, na Klu Klux Klan. O cineasta volta a bisar nesta mostra com “Do The Right Thing” (1989), sobre o crescendo de tensão e violência, entre negros, brancos, porto-riquenhos e coreanos, num dia demasiado quente em Brooklyn. Exibido três décadas antes, o filme, nomeado em várias categorias aos Óscares e Golden Globes, sairia das passadeiras vermelhas de mãos abanar.

Aos pares

Pela longa e extraordinária carreira de 40 anos, como realizador, produtor, argumentista e actor, Spike Lee tem nesta mostra lugar de destaque, contador por excelência de histórias de conflitos raciais, pesando nas consciências de Hollywood com os temas incómodos do seu país. Os dois filmes, antigo e recente, integram o primeiro dos cinco pares de títulos em que esta mostra está organizada: Um clássico e um Vencedor, Rebelião de L.A., Afro-Futurismo, Estranhos Companheiros de Cama, e Vencidos Pela Lei.

“O curador teve esta ideia interessante, de colocar cada par de filmes numa espécie de confronto, como se fosse um jogo de basquetebol da NBA, muito característico da cultura norte-americana.

Os pares têm, cada um, uma unidade temática, que os relaciona por razões de semelhança ou contraste, em comparações destinadas a criar uma certa química entre eles”, explicou a directora.

Pela ordem acima descrita, o segundo par em confronto é “Killer of Sheep” (1978), de Charles Burnett, sobre os altos e baixos de um trabalhador de matadouro que luta com a família pela sobrevivência num bairro de Los Angeles, e “Daughters of the Dust” (1991), de Julie Dash, sobre uma comunidade descendente de escravos das Sea Islands, na costa da Carolina do Sul, que tenta resistir e preservar a sua cultura e património.

O terceiro par opõe “An Oversimplification of Her Beauty” (2012), de Terence Nance, sobre a sensação de se ficar pendurado num encontro, com a divagação fantasiosa que daí resulta, a “Sorry to Bother You” (2018), de Boots Riley, em que o protagonista, cansado de maus empregos, aprende a usar a sua “voz branca” ao telefone para ascender ao lugar de vendedor de topo.

O quarto par junta “Losing Ground” (1982), de Kathleen Collins, sobre uma mulher negra culta, contadora de histórias de humor e reflexão social, numa interessante comédia cerebral, e “Chameleon Street” (1990), de Wendell Harris Jr, baseado na história de vida de um embusteiro que, entre outras coisas, se fez passar por repórter, cirurgião e advogado, até a lei o apanhar. Foi vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival Sundance de 1990.

O quinto par une os filmes “Fruitvale Station” (2014), de Ryan Coogler, sobre um jovem negro que é abatido por um agente policial numa estação ferroviária de Oakland, um problema de brutalidade e preconceito racial tão comum na América, e “If Beale Street Could Talk” (2018), de Barry Jenkins, a mais recente obra do realizador do oscarizado “Moonlight”, que conta uma história de amor intimista, passada nos anos 70, antes de sofrer uma grande reviravolta em busca do triunfo contra o ódio e a injustiça. O argumento é adaptado do romance homónimo de James Baldwin.

Conversas à parte

Haverá ainda tempo para uma conversa, no dia 15 (sábado) às 16h30, com o curador Francisco Lo e Derek Lam, da Universidade de Hong Kong, que tencionam apresentar o tema “Essa Cena É Minha! – Porque a Arte Negra Importa” e debater com o público sobre o futuro do cinema afro-americano e as implicações sociais, políticas e artísticas na sociedade americana e não só. A entrada da palestra é livre, mas os lugares estão sujeitos a reserva antecipada por telefone.

Quem não pretende perder um fotograma deste festival é a própria directora, Rita Wong, que não elege favoritos, mas confessou que “vou estar muito atenta ao filme do dia 8 de Maio, “If Beale Street Could Talk”, porque gosto muito do realizador e tenho grandes expectativas em relação ao filme, que ainda não vi. Nesse dia vou reservar o melhor lugar da sala para mim…”, gracejou.

Todos os títulos serão exibidos duas vezes durante o festival. Os bilhetes já se encontram à venda, ao preço de 60 patacas.

 

Filmes em Cartaz

“BlacKKKlansman” (O Infiltrado, 2018) de Spike Lee
7 Junho 16H00 | 11 Junho 19h30

“Do The Right Thing” (Não Dês Bronca, 1989) de Spike Lee
7 Junho 19h00 | 16 Junho 21h30

“Losing Ground” (Perdendo Terreno, 1982) de Kathleen Collins
8 Junho 16h30 | 12 Junho 19h30

“If Beale Street Could Talk” (Se Esta Rua Falasse, 2018) de Barry Jenkins
8 Junho 21h30 | 13 Junho 19h30

“Killer of Sheep” (O Matador de Ovelhas, 1978) de Charles Burnett,
9 Junho 16h30 | 15 Junho 19h30

“Daughters of the Dust” (Filhas do Pó, 1991) de Julie Dash
9 Junho 21h30 | 16 Junho 14h30

“Fruitvale Station” (A Última Paragem, 2014) de Ryan Coogler
14 Junho 19h30 | 18 Junho 19h30

“An Oversimplification of Her Beauty” (Uma Simplificação Excessiva da Sua Beleza, 2012), de Terence Nance
15 Junho 14h30 | 20 Junho 21h30

“Chameleon Street” (Street, O Camaleão, 1990) de Wendell Harris Jr
15 Junho 21h30 | 20 Junho 19h30

“Sorry to Bother You” (Desculpe Incomodar, 2018) de Boots Riley
16 Junho 17h00 | 19 Junho 19h30

28 Mai 2019

Cinemateca Paixão | Abertas candidaturas para exibição de filmes locais

[dropcap]E[/dropcap]stão abertas as candidaturas a cineastas locais para apresentação de trabalhos produzidos desde 2017, na Cinemateca Paixão nas rúbricas “Poder do Cinema Independente Local” e “Panorama do Cinema de Macau 2019”. De acordo com um comunicado, as candidaturas estão abertas, até 8 de Março, a longas metragens, documentários e cinema de animação. A exibição dos filmes vencedores vai abrilhantar o cartaz de um festival que vai decorrer entre 18 Maio e 1 de Junho.

As últimas duas edições de “Panorama do Cinema de Macau” contaram com “numerosas e notáveis produções locais, de longas a curtas metragens, que assim foram trazidas ao público de Macau”, refere a organização.

Albert Chu, Director Artístico da Cinemateca, salienta, que “este ano será a terceira edição do ‘Panorama do Cinema de Macau’”, o que representa um sucesso, e que “graças à sessão ‘Poder do Cinema Independente Local’, o público poderá ter um conhecimento mais profundo” do que se faz em cinema em Macau.

O objectivo da iniciativa é “encorajar os cineastas independentes locais a apresentar os seus trabalhos”.

21 Fev 2019

Cinemateca Paixão | Primeiro filme de Ivo Ferreira exibido este fim-de-semana

No próximo sábado e domingo, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”, o primeiro filme de Ivo Ferreira, volta ao ecrã da Cinemateca Paixão, 22 anos depois da estreia

[dropcap]M[/dropcap]acau foi a primeira musa e o cenário que marcou o início da carreira de Ivo Ferreira. Em 1997, o realizador estreava o filme que lançaria a sua carreira, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau”, que viria a vencer o Prémio do Público do VII Encontros Internacionais de Cinema Documental da Malaposta e o Prémio de Documentário Caminhos do Cinema Português.

A obra cinematográfica será exibida na Cinemateca Paixão no sábado e domingo, depois de ter sido exibida também no fim-de-semana passado. As sessões estão marcadas para as 13h.

O filme inaugural do realizador português é um ensaio sobre diversas formas de viver em Macau, formando um mosaico de diversas cenas e pequenas histórias que se interligam entre si de forma harmoniosa. A lente de Ivo Ferreira segue um idoso que para vender jornais tem de percorrer a cidade de bicicleta. Seguindo o quotidiano do protagonista, ao longo de 24 horas, a narrativa fica algures no limbo entre a ficção e o documentário, perfumada pelo exotismo oriental.

O protagonista do filme é um vendedor de jornais e a sua vida mistura-se com a vida de Macau. Ao longo do dia, o quotidiano real do velhote cruza-se com cinco pequenas cenas ficcionadas, com que se depara por acaso.

Gente comum

Em comunicado que apresenta o filme de Ivo Ferreira, a Cinemateca Paixão refere que “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau” parte de uma “perspectiva e sensibilidade únicas de um estrangeiro” e da vida de “um homem de idade avançada percorrendo as ruas e ruelas de Macau” onde se cruza com gente comum como “vendedores de rua, vendedores de peixe nos mercados e prostitutas nas discotecas”.

Além da possibilidade de assistir ao filme de estreia de Ivo Ferreira, “O Homem da Bicicleta, Diário de Macau” é uma forma de revisitação da paisagem urbana da Macau de há 20 anos, algo que constitui uma extraordinária experiência visual.

24 Jan 2019

Cinemateca Paixão apresenta filmes de Pedro Almodóvar

O cineasta espanhol será a figura de destaque do primeiro festival da Cinemateca Paixão deste ano. “Amor Almodóvar” promete trazer os principais filmes do realizador, que serão exibidos entre 16 de Fevereiro e 3 de Março

 

[dropcap]O[/dropcap] universo louco e complexo do cineasta espanhol Pedro Almodóvar vai estar em destaque no primeiro festival do ano organizado pela Cinemateca Paixão. Os principais filmes do realizador, que venceu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro com a película “Tudo sobre a minha mãe”, vão ser exibidos entre os dias 16 de Fevereiro e 3 de Março.

Além desse filme premiado, que data de 1999, o público vai poder ver “Fala com Ela”, de 2002, e “Volver”, protagonizado por Penélope Cruz, uma das musas de Almodóvar, e que data de 2006.

Além de “Julieta”, o último filme do realizador, os espectadores poderão também conhecer os primeiros filmes feitos na década de 80, tal como “A Lei do Desejo”, protagonizado por António Banderas e Eusebio Poncela, “Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos” e “Que Fiz Eu Para Merecer Isto?”, ambos protagonizados por outra das suas musas, Carmen Maura.

Na perspectiva dos gestores da Cinemateca Paixão, este festival “é uma das mais completas retrospectivas da obra de Almodóvar no universo de língua chinesa até ao momento”. Dada a importância do evento, cada filme será exibido em duas sessões.

Emoções fortes

Pedro Almodóvar nunca estudou cinema devido a dificuldades financeiras. As primeiras experiências na área começaram com uma câmara Super 8, e foi com ela que filmou o seu filme de estreia, “Pepe, Luci, Bon e as garotas de montão”, datado de 1980. Seguiu-se “O Labirinto das Paixões”, de 1982, e a partir daí o realizador começou a ser conhecido fora de Espanha.

Os responsáveis pela organização do festival consideram-no “um dos mais importantes realizadores de Espanha e Europa”, sendo que “os seus filmes são marcados pelo uso de cores fortes, radicais alterações emocionais e humor desbragado”.

Os filmes são “variadíssimos, com mulheres inteligentes e sofisticadas até famílias com complexos problemas de vida e morte e apaixonadas amantes lésbicas”. Além disso, “têm sido extraordinariamente bem recebidos pela crítica e pelo público graças aos seus característicos elementos cinemáticos, que incluem um guarda-roupa espampanante e cenários fantásticos, piadas hilariantes, envolvente música espanhola para guitarra e comoventes histórias de mulheres”.

Além da exibição dos filmes o festival conta com uma palestra onde se irá abordar a obra do realizador espanhol, protagonizada por Ka Ming, crítico de cinema de Hong Kong.

“Abram Alas a Pedro Almodóvar: O Génio Heterodoxo do Cinema Espanhol” acontece no dia 17 de Fevereiro entre as 15h00 e 16h30, e a participação do público está sujeita a uma inscrição prévia. No dia anterior acontece uma festa de abertura com música espanhola ao vivo, que se irá centrar “nos fascinantes elementos e temas cinemáticos na obra de Almodóvar” e que “abrirá o apetite do público para a louca magia cinematográfica de Almodóvar antes da película de abertura”.

17 Jan 2019

Personalidades do ano de 2018

PAULO CARDINAL E PAULO TAIPA

[dropcap]O[/dropcap]s dois juristas portugueses da Assembleia Legislativa, agora de saída, desempenharam durante largos anos a sua função com competência, profissionalismo e lealdade. Paulo Cardinal e Paulo Taipa são um excelente exemplo da presença da comunidade portuguesa em Macau, na medida em que souberam resistir à transferência de soberania e foram reconhecidamente fundamentais para os trabalhos jurídicos da nascente RAEM. Neste ano de 2018, o seu anunciado afastamento da Assembleia Legislativa, onde recebiam o apreço da generalidade dos deputados, provocou ondas variadas e levantou muitas questões. A menor das quais não será: estarão as famílias portuguesas a prazo na RAEM, se a sua sobrevivência depender da administração? E outra que a complementa, mais incisiva: não haverá mais lugar para portugueses como consultores do Governo de Macau? Se profissionais do calibre de Paulo Cardinal e Paulo Taipa foram dispensados ao fim de longos anos de dedicação e serviço, durante os quais a sua competência e a sua seriedade nunca foram postas em causa, o que dizer de outros e do futuro? Aos dois juristas e cidadãos, o Hoje Macau agradece o trabalho efectuado, que sempre dignificou o nome da comunidade portuguesa e foi de uma extrema utilidade para a RAEM, com esta singela homenagem.

 

POLÍTICO DO ANO – HO IAT SENG

Quando saiu da reunião em Pequim, Ho Iat Seng não conseguia esconder o facto de ter sido abençoado. E, a partir daí, as suas palavras, os seus actos e as suas decisões ganharam um novo peso. O peso de quem (quase todos acreditam) poderá ser o próximo Chefe do Executivo da RAEM. Sobre ele, enquanto político, pouco haverá para dizer. Não se lhe conhecem convicções, visões, causas, ideologias. O que não é nada de novo na margem Oeste do Rio das Pérolas. 

GOVERNANTE DO ANO – WONG SIO CHAK

É o governante que, com mais facilidade, leva a água ao seu moinho, mói o pão, leva-o ao forno e mastiga-o, ainda quentinho, com prazer. Nota 10 em termos de protecção civil. Já outros aspectos das suas ambições, como tornar Macau numa cidade excessivamente securitária, etc, etc levantam algumas dúvidas e temores entre os que pugnam por uma sociedade mais liberal, onde o segundo sistema realmente funcione em pleno e os cidadãos gozem de todas as garantias proporcionadas pela Lei Básica.

GCS

REVELAÇÃO – SERVIÇOS DE PROTECÇÃO CIVIL

O tufão veio, soprou forte e muitos esperavam o mesmo desastre ocorrido quando da passagem do Hato. Mas os Serviços de Protecção Civil demonstraram ter aprendido a lição e tudo correu surpreendentemente bem. Isto é a prova que, quando as coisas são previstas e preparadas com antecedência e racionalidade, até em Macau podem correr bem, com profissionalismo e dedicação. Nestes dois capítulos, os Serviços de Protecção Civil foram exemplares e com a sua acção proporcionaram à cidade uma sensação de segurança, que se houvera esvaído no ano anterior.

DESILUSÃO DO ANO – ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE MACAU

Não conseguir que o Benfica, campeão de Macau, participe na Taça AFC foi uma verdadeira desilusão. Até porque o clube, liderado por Duarte Alves, realizou um investimento que lhe permitia levar e dignificar o nome de Macau num importante palco. Assim não vai ser por razões que escapam à razão e se devem anichar noutro canto da alma humana. Lamentável.

EVENTO DO ANO – BIENAL FEMININA

Macau abriu um novo capitulo das artes plásticas da Ásia ao fundar esta bienal exclusivamente dedicada a artistas do sexo feminino. E o resultado foi um sucesso, pois proporcionou uma excelente ocasião para conhecer o que se anda a fazer por aí. Ter conseguido o “apadrinhamento” de Paula Rego foi um golpe genial. Estão de parabéns todos os organizadores, nomeadamente os “pais” da ideia: Lina Costa e José Duarte.

INSTITUIÇÃO DO ANO – CINEMATECA PAIXÃO

A nossa cinemateca, recentemente criada, está espectacular. Excelente programação, que nos traz cinema importante, passado e presente, do Ocidente e Oriente, e que assim preenche um vazio, um buraco negro na oferta cultural de Macau porque as salas “normais” não chegam. Alberto Chu e a sua equipa não estão apenas de parabéns. Dão um exemplo fantástico de como as coisas devem ser feitas.

BRONCA DO ANO – ROTA DAS LETRAS

A proibição de entrada em Macau (ou a sua sugestão) de três escritores convidados pela organização do festival literário foi uma péssima surpresa. Jung Chang havia estado em Hong Kong sem que tal tenha causado problemas à “segurança nacional”. Contudo, o pior de tudo isto foi que se tratou de um primeiro caso no que toca a escritores. Esperemos que fique por aí.

FIGURA INTERNACIONAL DO ANO – JAMAL KHASHOGGI

O jornalista árabe foi barbaramente assassinado no consulado do seu país, a Arábia Saudita, em Istambul. O facto mostrou a face bárbara do regime saudita, com o qual é cada vez mais difícil conviver. Mas o que a morte de Jamal Khashoggi demonstrou é que o mundo está cada vez mais nas mãos de governantes que não hesitam em eliminar fisicamente os que não lêem pela sua cartilha. O líder do Ocidente, Donald Trump, nem perante as evidências prestadas pela CIA se atreveu a condenar os responsáveis. Os nossos valores são espezinhados. Money rules.

EXCESSO DO ANO – SEGURANÇA NACIONAL

Numa cidade tão patriótica como Macau parecem excessivos os cuidados com a segurança nacional. A fronteira continua a não deixar entrar alguns compatriotas de Hong Kong e de Taiwan sem que seja dada uma outra explicação além da cabalística “segurança nacional”. Enfim, defender a pátria tudo bem, mas dentro dos limites do segundo sistema que ela mesmo impõe, se faz favor.

LIVRO DO ANO – O SILÊNCIO DOS CÉUS, DE FERNANDO SOBRAL

Fernando Sobral é um escritor e crítico literário sobejamente conhecido em Portugal. Agora tivemos a sorte de ter voltado os seus olhos para Macau, talvez pela mão sempre dedicada de Rogério Beltrão Coelho, e ter produzido um excelente romance que usa esta cidade e a sua história como pano de fundo de uma narrativa que se sorve de um fôlego. A não perder.

EXPOSIÇÃO DO ANO – MARC CHAGALL

É isto. É este tipo de exposições, de grandes artistas internacionais, que Macau também tem a obrigação de proporcionar aos seus cidadãos. Uma cidade com tantos recursos disponíveis tardou em trazer-nos algo desta indiscutível qualidade. A ver vamos o que nos calha para o ano.

ACIDENTE DO ANO – SOPHIA FLOERSCH

O vídeo do acidente da jovem de 17 anos Sophia Floersch deve ter sido um dos mais vistos do ano na internet. Estava praticamente no portal de todos os jornais de circulação mundial. Sophia foi corajosa e comedida nas suas declarações, mostrando vontade de voltar a correr no Circuito da Guia.

 

PRÉMIOS ESPECIAIS 2018

 

PASSA POR MIM NO ROSSIO DO ANO – Ponte HKZM

É a grande obra de um regime por edificar, conhecido por Grande Baía. Aberta sem demasiadas fanfarras, não se tem revelado uma opção pacífica para quem ousa atravessar a maior ponte do… blá blá blá

IMPORTA-SE DE REPETIR? DO ANO – MAK SOI KUN

O deputado espantou o mundo e a Assembleia Legislativa com a sua astuta reivindicação de papel higiénico para as casas de banho públicas. Perante tamanha argúcia, entreabriram-se as bocas de espanto e de admiração.

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO DO ANO – HOTEL 13

Foi anunciado como o hotel mais luxuoso do mundo, para super ricos e outros animais de grande porte. Mas já lá vão uns aninhos que para ali está, aparentemente terminado e mobilado, e não abre nem vem abaixo. O número 13 deu azar?

PEITO ÀS BALAS FEITO DO ANO – PEDRO LEAL E JORGE MENEZES

Quando alguns advogados se apressaram a tirar o cavalinho da chuva, quando contactados para defender o deputado Sulu Sou, estes dois causídicos não hesitaram e subiram à tribuna para o representar. E tiveram a oportunidade (e o descaramento) para pôr alguns pontos nos is.

O VALENTE DO ANO – SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA

Ele teve coragem e tentou, é certo. E só isso merece algum destaque. Contudo, a sua candidatura à presidência da Associação dos Advogados de Macau não chegou a levantar voo. Valores mais altos imediatamente bateram as asas e ocuparam os céus da advocacia local.

DESCULPEM LÁ QUALQUER COISINHA DO ANO – RAIMUNDO DO ROSÁRIO

O secretário para os Transportes e Obras Públicas tem muitas razões para pedir desculpa à população. E foi o que ele fez com todas as letras e mais algumas. Os deputados ouviram, abanaram as cabeçorras e a vida continuou o seu imparável curso.

ISTO NUNCA FOI VISTO DO ANO – VÍTOR SERENO

Pela primeira vez, o Governo da RAEM distinguiu um diplomata português com uma medalha. Vítor Sereno teve a arte de agradar a portugueses e chineses, sobretudo pelo modo como se empenhou na realização do seu trabalho e pela afabilidade a todos demonstrada.

EPURE SE MUOVE DO ANO – HOSPITAL SÃO JANUÁRIO

As queixas são mais que muitas em relação ao hospital público, mas o modo como tratou da acidentada Sophia Floersch reabilitou a imagem de uma instituição que tem sido atacada por várias frentes e que, aos poucos, perdeu a confiança da população.

AINDA SE PODE FALAR? DO ANO – PROGRAMA CONTRAPONTO

É um espaço singular de opinião da nossa TDM e que bravamente desafiou o passar do tempo. Gilberto Lopes consegue fazer variar o painel de comentadores cujas palavras e ideias, dizem, ecoam em Pequim.

2 Jan 2019

Especial 2018 | Cultura: Um oásis no deserto

[dropcap]S[/dropcap]e por um lado há muito a apontar à cultura ou à falta dela no território, por outro é pertinente salientar o que consegue vingar, tratando-se de um lugar que por princípio lhe é hostil. Onde param as demonstrações culturais, sejam elas de que origem forem, num pequeno território governado por casinos e turistas consumidores de cosméticos?

A cultura é uma espécie de oásis que consegue, quase despercebida, emergir, lutando contra as forças de um deserto de gente poderosa que não quer saber dela. Apesar das dificuldades, há áreas que são de destaque e que, gradualmente, assumem um lugar digno, apesar de muitas vezes negado.

Neste ano que chega ao fim, a sétima arte ocupa o pódio no que respeita a cartazes, e mais importante, na sua capacidade de chamar as pessoas às salas da cidade.

Mas vejamos.

Macau conseguiu levar avante um festival internacional de cinema, que mais parecia ter nascido morto. O que parecia impossível, acabou por acontecer. Depois de uma primeira edição que nada tinha de auspicioso, o evento não só se manteve como, dois anos depois, nesta terceira edição, se conseguiu afirmar. Mais: conseguiu mostrar que não era mais um. Conseguiu garantir que podia ser bom. Mike Goodrige e Helena de Senna Fernandes estão de parabéns. O cartaz não desiludiu. Filmes como “Roma”, “Diamantino”, “A favorita” ou “The green book” foram exibidos por cá depois de passarem em ecrãs como Cannes, Berlim ou Veneza e antes de serem nomeados para os melhores dos óscares ou do ano.

Festival com público

Além do que está na tela, parece que o evento está a conquistar o público. Se na estreia, em 2016, as salas estavam tristemente vazias, com o andar das edições os auditórios do Centro Cultural de Macau, da Paixão e da Torre esgotam, ou se isso não acontece, estão pelo menos bem compostos por públicos diversos, reflexo de quem cá mora.

O festival é pontual, mas a cinemateca Paixão é presença permanente e nome a considerar para quem gosta da sétima arte. Apostada e convicta em manter uma programação que nem sempre é para todos os gostos, mas que sem duvida inclui os filmes de referência a nível internacional, a Paixão aqui salta poros fora e mostra-se. O grande ecrã é acarinhado regularmente com uma programação de luxo, não só para Macau, mas que poderia estar em qualquer cartaz de uma cidade internacional. Ali, na Travessa homónima, aquela sala pequenina peca por não ser a dobrar ou a triplicar.

Celebrado o primeiro ano de actividade da Cinemateca em 2018, a dupla de programadores Rita Wong e Albert Chu merece os parabéns. Por ali passaram filmes de animação, documentários, curtas e independentes. Houve espaço para o mundo com ciclos dedicados ao cinema do Estados Unidos ou de Portugal. Deu-se destaque a alguns dos melhores realizadores da praça como David Lynch e Kore-eda. Macau e o seu ainda embrionário cinema também teve direito a uma programação própria. Até a gastronomia fez parte de um cartaz na celebração do primeiro aniversário da cinemateca, e não foi preciso andar por aí a falar de capitais de tudo e de nada para juntar sabores e imagens.

Filmes à parte, as demonstrações culturais continuaram a passar obrigatoriamente pelas iniciativas de matriz portuguesa. Acontecem todos os anos e há mesmo quem diga, com ar aborrecido: “Lusofonia outra vez? São João?”. Pois sim, é isso mesmo e é lá que se junta muito do que é a identidade local.

As casas da Taipa e a zona de São Lázaro voltaram este ano a ser palco de encontros, os do costume e outros, com as comunidades que partilham desta terra. Trazem o sabor da sardinha, trazem música do mundo ou do arraial. Trazem o que Macau é: esta mescla de gentes, que deve ser respeitada e recordada.

Música para si

E como estamos a falar de oásis no deserto, é tempo de falar de música. O festival de música de Macau é uma referência que se mantém, já faz parte do protocolo. É bom, mas não chega.

Apesar das queixas dos vizinhos, a Live Music Association (LMA) continuou a ser a alternativa para quem quer marcar o quotidiano com uma ida a um concerto. Num deserto de opções, o 11º andar da Coronel Mesquita conseguiu, durante mais um ano, abrir portas e arriscar. Entre uma programação semanal, Vincent Cheang consegue ter ali espaço para a diversidade, consegue ter “O gajo” a tocar viola campaniça, os “Re-Tros” com as sonoridades pós-punk de Pequim, as bandas dos países nórdicos europeus com minimalismos tecnológicos, o punk dos “Lonely Leary”, o rock, o jazz e até o cabaret. Bem-haja.

Por outro lado, e com agenda marcada uma vez por ano, o “This is My City” (TIMC) também fez a sua parte nisto de trazer música aos de cá. O evento usou efectivamente o território como um local onde a cultura musical do continente se apresentou a par com sons de Portugal e locais. Sem utilizar a palavra bem-amada dos governantes – plataforma – o TIMC concretiza de alguma forma este objectivo. Não é preciso dizer nada, é preciso fazer. O TIMC fez.

Também sem precisar de etiquetas e chavões, destacou-se mais uma vez o Festival Literário Rota das Letras, um espaço em que convergem as literaturas do mundo e que na edição deste ano acabou por ser assombrado pela impossibilidade da presença de alguns autores “controversos” – Jung Chang, James Church e Suki Kim – o que valeu a demissão do seu director artístico Hélder Beja. Ainda assim, o Rota das Letras foi o evento literário do ano – e único – que junta géneros e autores, e isso ninguém lhe tira.

O teatro, por seu lado, manteve-se escondido nas vicissitudes linguísticas. A culpa não é dele. Não é de ninguém. Mas além do que vem de fora, o que se fez por cá continua a carecer de uma divulgação multilingue capaz de levar outras comunidades a ver as peças do Teatro experimental ou a assistir a uma encenação da Comuna de Pedra.

As faltas são ainda muitas no que respeita a iniciativas culturais neste pequeno território, é um facto. Mas no final de mais um ano em que houve tantos a fazerem o que podiam, é necessário o devido reconhecimento. Não é fácil ser terreno fértil em solo contaminado.

2 Jan 2019

Pun-Leung Kwan é o próximo cineasta residente da Cinemateca Paixão

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão realiza entre 12 e 19 de Janeiro a terceira edição do programa cineasta residente, sendo que desta vez o convidado é Pun-Leung Kwan, de Hong Kong. De acordo com um comunicado da própria cinemateca, esta iniciativa inclui a realização de workshops de cinematografia e palestras com a presença de Pun-Leung Kwan.

O cineasta de Hong Kong colaborou com outros realizadores aclamados da região vizinha como Wong Kar-Wai, Stanley Kwan Kam-Pang e Ann Hui. Kwan trabalha não só em produções cinematográficas premiadas, mas o seu entusiasmo também se estende à fotografia, curtas metragens e realização de documentários.

A palestra de Pun-Leung Kwan acontece a 13 de Janeiro, entre as 15h00 e 17h00, e intitula-se “Os Meus Encontros Cinematográficos”. A ideia é partilhar as inspirações que a aprendizagem da cinematografia lhe proporcionaram em diferentes fases da sua carreira, contando com Nicole Chan como oradora convidada.

Para participar nesta actividade, será necessária a inscrição, gratuita, até ao próximo dia 10 de Janeiro, por email. O workshop, por sua vez, acontece entre os dias 18 e 20 de Janeiro, e também acontece mediante inscrição e pagamento de 600 patacas. Serão aceites apenas cinco pessoas para esta actividade.

Filmes e documentários

O leque de actividades fica completo com a exibição de vários filmes da autoria de Pun-Leung Kwan ou que contaram com a sua colaboração. Incluem-se os documentários premiados como “Solto no Vento”, co-realizado com Hsiu-Chiung Chiang, e “2046”, no qual trabalhou como director de fotografia com Christopher Doyle. Nesta película, ambos ganharam o prémio de melhor cinematografia na 24ª edição dos Prémios de Cinema de Hong Kong. Os filmes “Miao Miao” e “Mais Que Azul”, nos quais Kwan trabalhou como director de fotografia, também serão exibidos na cinemateca.

18 Dez 2018

Cinemateca Paixão | Festival “Fora de Horas” a partir de sexta-feira

 

O “Fora de Horas – Festival de Cinema Fantástico ao Fim da Noite” arranca esta sexta-feira, com a chancela da Cinemateca Paixão. O cartaz promete mostrar “oito filmes bizarros de diversas partes do mundo”, sempre à meia noite

 

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]inema do outro mundo, na calada a noite, atrás das Ruínas de São Paulo? Se a proposta parece tentadora, é melhor apontar na agenda o evento que começa a partir de sexta-feira, com a chancela Cinemateca Paixão. O festival “Fora de Horas – Festival de Cinema Fantástico Ao Fim da Noite” arranca no dia 31 deste mês e promete mostrar ao público “oito filmes bizarros de diversas partes do mundo”, todos os dias até 22 de Setembro.
De acordo com um comunicado da Cinemateca Paixão, este festival acontece “sob a égide do culto e do suspense”. “Desfrutar de um filme com outros à meia noite ou depois da hora normal de ir dormir mergulha-nos numa fantástica dimensão de puro divertimento”, apontam os organizadores.
O primeiro filme a ser transmitido na sala da Cinemateca Paixão intitula-se “Hereditário” e é considerado por alguma parte da crítica como “a melhor película de terror deste ano”. “Os amantes de sangue adorarão Cru, a nova obra da realizadora francesa Julia Ducournau”, acrescenta o comunicado, que fala ainda do filme “Os Rapazes Selvagens”, destinado aos “anti-tradicionalistas”, sendo uma “elegante e pouco habitual abordagem do travestismo misturado com a história de jovens sobreviventes numa ilha deserta”.
O cartaz do “Fora de Horas” inclui ainda a “comédia choque” intitulada “Female Trouble”, de John Waters, conhecido como o “Papa do Lixo”. Na visão dos organizadores deste festival de cinema fantástico, Waters consegue “transformar o chamado ‘mau gosto’ em algo de tão perversamente desfrutável”, que é impossível resistir.

Dude fora de horas

“Miami Connection”, outra das películas que figuram no cartaz do festival, é um “filme culto de acção realizado pelo mestre de taekwondo Y. K. Kim”.
Os organizadores da iniciativa destacam ainda “outra obra de culto a não perder”, com o nome “Uma História de Desgosto e Tristeza”, um “filme erótico sobre uma golfista realizado por Seijun Suzuki”.
O “Fora de Horas” apresenta ainda a comédia “O Grande Lebowski”. O filme estreou há 20 anos mas continua a ser alvo de culto por parte de uma legião de fãs que chega mesmo a organizar uma convenção de “dudes”, o carismático personagem principal, interpretado por Jeff Bridges. A organização considera a exibição deste clássico, realizado pelos irmãos Cohen, como “um outro ponto alto do festival”.
“Teremos também uma oportunidade de ouro para apreciar no grande ecrã “A Montanha Sagrada”, realizada pelo pioneiro de culto Alejandro Jodorowsky”, acrescenta o comunicado.
As sessões, sempre à meia noite, acontecem todas as sextas-feiras e sábados. Os bilhetes estão à venda desde quinta-feira, no balcão ou no website da própria Cinemateca Paixão. Cada bilhete custa 60 patacas.

27 Ago 2018

Cinemateca Paixão | Filmes de animação chegam à tela em Agosto

Um total de 14 filmes de animação compõem o cartaz do “Festival de Animação Mundial de Verão”, que estará em exibição na Cinemateca Paixão. A curadoria está a cargo de Jonathan Hung, de Hong Kong

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois dos filmes portugueses e dos documentários, a Cinemateca Paixão prepara-se para apresentar um novo cartaz a pensar nas férias de Verão dos mais pequenos. O “Festival de Animação Mundial de Verão” acontece entre os dias 11 e 26 de Agosto e apresenta 14 filmes de animação, num trabalho de curadoria de Jonathan Hung, de Hong Kong.

De acordo com um comunicado, este festival “traz 14 notáveis animações com uma grande variedade de temas e estilos, que nos garantirá uma maravilhosa viagem ao mundo da fantasia”. Além disso, “pais e filhos poderão aprender a realizar animações simples no ‘Workshop de Animação para a Família’”, que terá a duração de duas horas e que é destinado a crianças e jovens. O workshop, apenas em língua chinesa, decorre no dia 4 de Agosto entre as 15h e 17h.

Uma vez que o cartaz é composto por películas que receberam nomeações ou que “ganharam prémios importantes em diversos festivais de cinema de relevo”, a Cinemateca Paixão encarregou-se de dar ao festival “quatro destaques diferentes”.

O festival irá realçar ainda um realizador, na categoria “Realizador em Foco”. Nesse âmbito será recordado Satoshi Kon, falecido em 2010, através de quatro filmes de animação: “Azul Perfeito”, “Actriz do Milénio”, “Padrinhos de Tóquio” e “Paprika”. De acordo com os organizadores do festival, a selecção “permitirá um olhar retrospectivo e exaustivo do imaginário deste autor”.

Quatro séries, diferentes filmes

A primeira parte do festival intitula-se “Série Luminosa” e mostra ao público o filme “A Ganha Pão”, que foi nomeado para um Óscar. Este filme conta “a história de uma menina de 11 anos que tem de tomar conta da família e aprender a ser independente depois do pai ser preso”. Será também exibido o filme de Taiwan “Na Estrada da Felicidade”, que mostra “a mudança social em Taiwan através da viagem de crescimento de uma jovem rapariga”.

Ainda nesta categoria, o filme “A Ilha dos Cães”, de Wes Anderson, também faz parte da selecção, tal como “A Rapariga sem Mãos”, “um perturbador olhar sobre o mundo dos Irmãos Grimm, [onde] o realizador recorre a linhas de tinta claras para definir a suavidade e dureza da heroína”.

Na Cinemateca podem ainda ser vistas “duas animações cheias e humor negro para desfrutar, ‘Uma Cidade Chamada Pânico’ e ‘A Minha Escola Inteira a Afundar-se no Mar’”.

Segue-se a categoria “Série Negra”, com duas animações que são “verdadeiramente surreais e surpreendentes”. No filme “A Noite É Curta, Não Pares de Andar” revela-se a história de uma jovem que se lança “numa viagem pela noite de Tóquio cheia de gente embriagada e eventos misteriosos”. Por sua vez, “Anomalisa” versa sobre os estranhos encontros nocturnos de um escritor. Este filme, de Charlie Kaufman, esteve nomeado para um Óscar e venceu o Grande Prémio do Júri no Festival de Cinema de Veneza.

Na série “Sucessos da China” entra o filmes “Tenha um bom dia”, de Lou Jian, que está cheio de “ridículo, imprevisibilidade, humor negro e um poderoso estilo de animação raramente visto em filmes de animação chineses”. Outra película de animação incluída nesta categoria intitula-se “Dahufa” que conta uma história “onde a amizade permite aos personagens repensarem as suas identidades e posições, liberdade e escravatura, mas também as suas ideias feitas”. Os bilhetes começam a ser vendidos este sábado, ao balcão da Cinemateca ou online.

20 Jul 2018

Cinemateca Paixão | 3º Festival do Documentário começa este mês

“Imagina o Mundo” é o tema da terceira edição do Festival Internacional de Documentário de Macau, que começa no próximo dia 14 e termina a 4 de Agosto. O público poderá assistir a um total de 28 documentários, no evento que conta com a parceria com a associação local Comuna de Han-Ian. Hara Kazuo será o “realizador em foco” desta iniciativa

 

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]epois de apresentar uma série de filmes que mostram como a China e os Países de Língua Portuguesa podem andar de mãos dadas, a Cinemateca Paixão prepara-se para apresentar este mês uma programação dedicada ao género documentário.

Em parceria com a associação local Comuna de Han-Ian, o terceiro Festival Internacional de Documentário de Macau (FIDM) começa este mês, com o tema “Imagina o Mundo”. A ideia é que os 28 documentários europeus, americanos ou japoneses, entre outros, mostrem como “não nos sujeitaremos às dificuldades da realidade”, mas sim “deixar que a imaginação se torne numa nova visão do mundo, usando-a como um sólido bloco de construção da nossa cidade”, aponta um comunicado.

Hara Kazuo, realizador japonês independente, será o rosto principal deste evento, sendo considerado o mais importante documentarista asiático contemporâneo. Kazuo irá partilhar as suas experiências com o público, além de que os seus cinco documentários farão também parte do programa, com os nomes “Goodbye CP”, “Eros Extremamente Privado: Canção de Amor 1974”, “O Exército Nu do Imperador Continua a Marchar”, “Uma Vida Dedicada” e “O Desastre de Amianto de Sennan”.

Coreia a abrir

O filme de abertura será o “Dia da Libertação”, que é “uma obra sobre a famosa banda arte rock ex-jugoslava Laibach e a sua viagem a Pyongyang para tocar no concerto de celebração do Dia da Libertação da Coreia do Norte”.

O primeiro dia do festival vai também contar com dois convidados de Hong Kong, de nome Yuen Chi-Chung e Dennis Wong, que irão protagonizar um espectáculo musical e uma conversa sobre a banda Laibach. Este evento começa às 16h30, tendo entrada livre.

O festival conta ainda com outros filmes como “A Vida É Frutada”, “Os Van Goghs da China”, “Kedi”, “Morrer Amanhã”, “Comunhão”, “Light Up”, “Rostos Lugares” e “Ryuichi Sakamoto: CODA”.

“A Vida É Frutada” (realizado por Kenshi Fushihara), é sobre as vidas e filosofia do arquitecto japonês Shuichi Tsubata e sua esposa Hideko e a sua busca de harmonia entre a humanidade e a natureza.

“Os Van Goghs da China” (realizado pela parceria pai-filha de Yu Haibo e Yu Tianqi) retrata a vida de Zhao Xiaoyong, um camponês tornado pintor em Dafen, uma das “aldeias de pintura a óleo” de Shenzhen, que produziu réplicas de Van Gogh durante toda a vida e finalmente realiza o seu sonho de viajar até à Holanda para seguir as pisadas do mestre.

“Light Up” (realizado por Deniece Law, uma conhecida investigadora social de Hong Kong) regista quatro pessoas deficientes que perseguem os seus sonho através do teatro. O realizador encontrar-se-á com o público depois da sessão.

“Rostos Lugares” é um encantador e interessante documentário sobre Agnès Varda, a madrinha da Nova Vaga francesa, que se junta a JR, um artista contemporâneo, para viajar por aldeias francesas numa missão de ligar o público e a comunidade artística através da fotografia. O filme ganhou o Prémio Golden Eye (Melhor Documentário) no Festival de Cinema de Cannes 2017.

“Ryuichi Sakamoto: CODA” é o primeiro documentário sobre Ryuichi Sakamoto, o compositor premiado pela Academia e um dos mais importantes músicos japoneses.

Continuaremos também a contar com a “Secção Portuguesa” este ano e alargamos o horizonte para incluir mais filmes de países lusófonos, tais como o Brasil e Cabo Verde. Vamos olhar mais longe em busca da visão criativa do universo lusófono.

O “Realizador em Foco” HARA Kazuo dará uma master class, passando em revista mais de quatro décadas de prática documental. O próprio mestre explicará o seu método de “documentário de acção” e o seu entendimento da genealogia do “extremamente privado” no cinema documental asiático e mundial.

O festival encerra com um espectáculo musical da banda Cicada, de Taiwan, que vai tocar uma banda sonora ao vivo. De acordo com o mesmo comunicado, os Cicada são conhecidos por “dedicarem a sua música ao retrato da relação entre a humanidade e o ambiente. O concerto decorre dia 4 de Agosto no Teatro D. Pedro V.

Os bilhetes para este festival estão à venda na bilheteira da Cinemateca Paixão e também no website. Cada bilhete custa 60 patacas.

2 Jul 2018

Filmes portugueses regressam à Cinemateca Paixão

Começa hoje mais um ciclo de cinema português na Cinemateca Paixão. A mostra que vai até sexta-feira traz ao ecrã películas que passaram pelo IndieLisboa e que têm sido aclamadas internacionalmente. “Amor, Amor” o filme que abre as hostes, tem no elenco a actriz portuguesa, que reside em Macau, Margarida Vila-Nova

 

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]elo terceiro ano consecutivo, a Portugal Film traz à Cinemateca Paixão uma selecção de filmes portugueses que marcaram o último ano no circuito internacional.

O programa abre hoje, às 20h, com a exibição do filme “Amor Amor”, de Jorge Cramez e que tem como uma das protagonistas Margarida Vila-Nova. “Amor Amor” é uma história que gira em torno das múltiplas relações entre um grupo de amigos e as promessas que se fazem na passagem de ano.

Em “Amor Amor”, as personagens Marta e Jorge namoram há sete anos, naquela que parece aos olhos de todos uma relação “perfeita”. De acordo com a sinopse da película, a relação é “demasiado perfeita, para desespero de todos: de Bruno, muito mais novo que Marta, mas loucamente apaixonado por ela; de Lígia, irmã de Bruno e melhor amiga de Marta, que adoraria ver o irmão feliz; de Carlos, amigo de Jorge, que mantendo um namoro superficial com Lígia, ama secretamente Marta; e de Jorge, ele próprio que, por medo que tal idílio seja a sua prisão, convencido de que o seu amor e o desejo de casamento da sua amada inibam a sua liberdade”. “‘Amor Amor’ é a história deste grupo de amigos que entre a madrugada de 31 de Dezembro e a madrugada de 1 de Janeiro, em Lisboa, vivem os ziguezagues do amor e em que há quem venha a descobrir-se a si próprio e há quem venha mesmo a descobrir o amor”. Há ainda os que vão descobrir o preço limite da liberdade num fim de ano que pode mudar tudo de uma forma completamente inesperada.O filme, que estreou no festival IndieLisboa 2017, participou em competições nacionais e internacionais e é a segunda longa metragem de Jorge Cramez.

Regresso ao passado

Amanhã, a mostra apresenta o documentário de Susana de Sousa Dias, “Luz Obscura”. O filme, que tem sido reconhecido internacionalmente, aponta a organização, é um documento fundamental para reflectir sobre os aspectos mais obscuros do Estado Novo. “Como dar corpo a quem desapareceu sem nunca ter tido existência histórica?” é a questão que se coloca neste documentário que procura revelar como um sistema autoritário opera na intimidade familiar, fazendo emergir, simultaneamente, zonas de recalcamento actuantes no presente.

A mostra termina na sexta-feira, dia 29, com uma sessão de curtas metragens composta por quatro películas. “Limoeiro”, uma animação de Joana Silva realizada em contexto escolar na Royal College of Art de Londres, é um filme que pretende reconstruir uma personagem fictícia, através da fisicalidade de um espaço em ruína.

Segue-se “O Homem de Trás-os-Montes”, de Miguel Moraes Cabral, uma ficção que parte do Guia de Portugal de Raul Proença, uma edição histórica, conhecida pela qualidade literária das descrições do país. Apaixonado por Trás-os-Montes e inspirado pelo guia, Miguel procura histórias para realizar este documentário. O imprevisto marca a produção, sendo que “um dia, a aparição de um homem montado num burro vai mudar o seu destino”, revela a organização.

“Flores”, de Jorge Jácome, um dos filmes portugueses que mais prémios arrecadou no último ano em festivais de cinema, é uma ficção que imagina um cenário de crise natural nos Açores provocada por uma incontrolável praga de hortênsias. Perante um cenário de crise natural, a população açoriana vê-se forçada a abandonar as ilhas. Entretanto, dois jovens soldados, “sequestrados pela beleza da paisagem, guiam-nos pelas narrativas dos que partiram e o inerente desejo de resistirem, ficando”, lê-se em comunicado. Com esta deambulação, “o filme assume uma reflexão nostálgica e política sobre território e identidade, bem como sobre o papel que assumimos nos lugares aos quais pertencemos”.

A sessão termina com “Os Humores Artificiais”, de Gabriel Abrantes, curta que estreou no festival de cinema de Berlim no ano passado, onde ganhou uma nomeação para os European Film Awards. O filme conta a história de uma menina indígena do Estado do Mato Grosso, Brasil, que se apaixona por um robô. “Os Humores Artificiais” foi rodado no Mato Grosso (Canarana e nas aldeias Yawalapiti e Kamayura dentro do Parque Indígena do Xingu) e em São Paulo e mistura uma “certa estética hollywoodiana com abordagens típicas do registo documental”.

27 Jun 2018

Cinema | “San Va Hotel – Os Bastidores” regressa à Cinemateca Paixão

[dropcap style=’circle’] P [/dropcap] ara além da última obra de Ivo Ferreira, intitulada “Hotel Império” e que ainda não chegou aos cinemas, há uma outra película que revela os bastidores das filmagens, enquanto conta a história da hospedaria mais antiga de Macau. “San Va Hotel – Os Bastidores”, de Vanessa Pimentel e Yves Sonolet, volta a ser exibido esta semana.

As pequenas escadas de madeira, o ambiente que nos remete para o início do século XX a Oriente e os quartos onde apenas equipados com uma velha cama e um lavatório já apareceram em muitos filmes de realizadores orientais, sendo o mais conhecido Wong Kar-wai. O Hotel San Va, localizado na Rua da Felicidade, carrega consigo a sua própria história de Macau.
Um dos últimos filmes rodados na histórica pensão foi o de Ivo Ferreira, intitulado “Hotel Império”, que ainda não chegou às salas de cinema. Este foi o mote para Vanessa Pimentel e Yves Sonolet se juntarem e fazerem o projecto “San Va Hotel – Os Bastidores”, exibido pela primeira vez em Dezembro e que esta semana regressa à Cinemateca Paixão, inserido no ciclo Panorama do Cinema de Macau, nos dias 22 e 26.
Apesar de estar catalogado como documentário, a verdade é que Vanessa Pimentel não consegue dar-lhe uma definição concreta. É certo que tudo começou com “Hotel Império”, mas depois a imensa história do hotel acabou por levá-los a explorar um outro lado.
“É uma mistura entre making off e documentário. Mas o lado documental foi uma coisa que fizemos posteriormente, com a dona do hotel e a sua história muito ligada ao início de tudo”, contou ao HM.
Vanessa Pimentel decidiu concorrer a um concurso aberto pelo Instituto Cultural para a atribuição de subsídios, e chamou Yves Sonolet para trabalhar consigo. Se no início do projecto tinham uma ideia vaga do que iam fazer, depressa ela ganhou forma. “Tudo partiu da ideia de fazer o making off do filme do Ivo Ferreira, e coincidiu com a abertura desse concurso. Não sabíamos muito bem como ia ser, mas queríamos apresentar qualquer coisa. Filmámos o making off, o resultado saiu entretanto e ganhamos o subsídio. Fizemos mais filmagens e acabámos por nos centrar no hotel, que é o cenário principal do filme do Ivo.”
À medida que as filmagens de “Hotel Império” foram avançando, ficou claro para Vanessa e Yves que o Hotel San Va seria o protagonista do seu primeiro filme, não só a título individual, como em termos de parceria.
“A equipa do Ivo [Ferreira] passou grande parte da rodagem dentro do edifício. Nessa altura, acabámos por conhecer a dona do hotel, estabelecemos contacto e combinámos depois da rodagem falar com ela mais calmamente, perceber se poderíamos fazer as filmagens ou não. Foi aí que nos pareceu muito óbvio que existia esta ligação com o lado documental, pegando no nosso interesse pelo edifício e o facto do filme do Ivo ser rodado lá.”

Aposta documental
Apesar do Hotel San Van já ter servido de cenário a muitos filmes, a verdade é que são poucos os trabalhos cinematográficos sobre a sua história e singularidade, sobretudo se olharmos para a história que a Rua da Felicidade tem no panorama da cidade.
Vanessa Pimentel explicou ao HM que nunca quis filmar um making off da maneira mais óbvia ou tradicional. “O ponto de partida para ter esta sinergia, para ir filmar para a rua, foi de facto fazer o making off, mas a minha perspectiva sobre isso nunca foi uma coisa de filmar a câmara e ter um realizador a dizer acção, e corta. Sempre quis abordar um tema do ponto de vista documental sobre o acto de filmar, como é que as pessoas filmam, o que escolhem para filmar, por aí.”
Apesar de querer levar o filme para festivais de cinema na China, Hong Kong ou mesmo Portugal, Vanessa Pimentel tem a percepção de que será difícil dar-lhe uma etiqueta fixa.
“Só mesmo vendo o filme é que dá para falar sobre isso, porque sinto que o filme está muito preso ao Hotel Império, no sentido em que a rodagem do Ivo [Ferreira] está muito presente. Não consigo definir o filme como sendo um making off ou um documentário. E acho que ele pode sofrer com isso, até em termos de circulação e de participação em festivais.”
Para a realizadora, “é um bocado difícil fazê-lo circular sem o filme do Ivo, mas, por outro lado, poderá suscitar interesse porque tem um lado muito específico, que é o da rodagem e da abordagem documental. Depois há uma linguagem universal que pode ser difundida em qualquer altura.”
Vanessa Pimentel vive há alguns anos em Macau e trabalha na área do cinema desde o ano 2000. Para este projecto, fez tudo a quatro mãos com Yves, apesar de se ter debruçado de forma individual sobre a montagem final. Já Yves Sonolet é um artista visual que vive em Macau há oito anos, e que se dedica à mistura de comunicação digital utilizando a paisagem urbana enquanto temática e suporte.

21 Mai 2018